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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A INTERVEÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO LILIAN DE SANTANA GUEDES Orientadora CARLY BARBOZA MACHADO Rio de Janeiro 2010

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

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Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

POacuteS-GRADUACcedilAtildeO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A INTERVECcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAtildeO

LILIAN DE SANTANA GUEDES

Orientadora

CARLY BARBOZA MACHADO

Rio de Janeiro

2010

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

POacuteS-GRADUACcedilAtildeO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAtildeO

Apresentaccedilatildeo de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre ndash Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenccedilatildeo do grau de

especialista em Psicopedagogia

Por Liacutelian de Santana Guedes

3

AGRADECIMENTOS

A Deus por me proporcionar sauacutede e

sabedoria meus pais e principalmente

meu esposo Alexandre

4

DEDICATOacuteRIA

Dedico este trabalho exclusivamente ao

meu esposo Alexandre que tanto amo

5

RESUMO

Trata-se de uma pesquisa descritiva que tem o objetivo fomentar reflexatildeo

sobre a intervenccedilatildeo do psicopedagogo de forma preventiva como uma ciecircncia

que contem em seu bojo teoacuterico um conjunto de referenciais que possibilitar

repensar e analisar as inter - relaccedilotildees dos sujeitos em seus espaccedilos reais e

simboacutelicos a partir da constituiccedilatildeo do ser no processo de cogniccedilatildeo social

Atuando na Instituiccedilatildeo Escolar pode promover a reflexatildeo sobre a natureza dos

condicionamentos e dos sistema de crenccedilas que sustentam o imaginaacuterio

impliacutecito na relaccedilatildeo professor ndash aluno e assim potencializar e ressignificar a

aprendizagem dos sujeitos pertencentes ao coletivo de seres que apreende

novas realidades

6

METODOLOGIA

A presente pesquisa surgiu da preocupaccedilatildeo existente com nossa praacutetica como

educadora e de nossa crenccedila de que cada um constroacutei seus proacuteprios

conhecimentos por meio de estiacutemulos tem justamente o objetivo de fazer uma

abordagem sobre a intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo dentro da instituiccedilatildeo escolar

Este trabalho trata de uma pesquisa bibliograacutefica Os principais autores

utilizados na realizaccedilatildeo desta pesquisa foram

Alicia Fernandez com as ideacuteias e propostas na psicopedagogia da atualidade

Oliacutevia Porto que proporcionou uma analisar a instituiccedilatildeo escolar e suas

relaccedilotildees com uma abordagem reflexiva e criacutetica buscando construir um

espaccedilo que contribua para a reduccedilatildeo do fracasso escolar em nosso paiacutes

Jean Piaget nos indica a construccedilatildeo do saber partindo do conhecimento

menos elaborado para o mais elaboradordquoo conhecimento resulta de uma

interaccedilatildeo entre o sujeito que conhece e o objeto a ser conhecidordquo

Joatildeo Beauclair de forma clara e objetiva colaborou para a construccedilatildeo de uma

visatildeo ampla sobre o que vem a ser a psicopedagogia e seus desdobramentos

conceituais propondo-se a servir como um elemento de novas buscas e

conhecimentos

Levi Vygotsky o sujeito do conhecimento natildeo eacute passivo regulado por forccedilas

externas que o vatildeo moldando natildeo eacute somente ativo e sim interativordquoo

aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e

potildee em movimento vaacuterios processos de desenvolvimento que de outra forma

seriam impossiacutevel de acontecerrdquo

Maria Irene Maluf e Quezia Bombonatto compartilhou experiecircncias de forma

significativa para o desenvolvimento de um olhar voltado para os processos

7que cercam o aprender e o natildeo aprender e artigos para a historia da

psicopedagogia e da ABPp no Brasil

Nadia Aparecida Bossa conhecimentos que se faz necessaacuterio para uma

praacutetica consistente na forma como eacute concebida a psicipedagogia no presente

trabalho

A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em

domiacutenio publico

wwwabppcombr A Regulamentaccedilatildeo e o exerciacutecio da atividade em

psicopedagogia no Brasil Pesquisa sobre a Psicopedagogia noRrio deJjaneiro

Diretrizes Baacutesicas da Formaccedilacirco de Psicopedagogos no Brasil e Eixos

Temaacuteticos para Cursos de Formaccedilatildeo em Psicopedagogia

wwwforumeducacaohpgigcombr Aprendizagens Atraveacutes da Avaliaccedilatildeo

Formativa Utilizando a intervenccedilatildeo na busca de melhores resultados

wwwmecgovbrRelativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensuem

psicopedagogia

wwwpsicopedagogiaonlinecomb Psicopedagogia accedilatildeo e parceria Jogar

Aprendendo Contribuiccedilotildees dos Jogos no Processo de Letramento

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica no processo

de alfabetizaccedilatildeo ganha atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

8

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 09

CAPIacuteTULO I - HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO

DE ALFABETIZACcedilAgraveO 46

CONCLUSAtildeO 54

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

INDICE 65

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 67

9

INTRODUCcedilAtildeO

A Psicopedagogia no Brasil vemcontinuamente discutindo seus fundamentos

e construindo suas ferramentas Como uma aacuterea relativamente nova de

conhecimento traz em si as origens e as diversidades de uma atuaccedilatildeo

interdisciplinar e transdisciplinar possibilitando o desenvolvimento de um

quadro teoacuterico proacuteprio como uma atitude diante do conhecimento que permite

ultrapassar paradigmas

A presente pesquisa que se apresenta com o tema A intervenccedilatildeo do

psicopedagogo no processo de alfabetizaccedilatildeo tem como questatildeo central eacute de

ateacute que ponto o psicopedagogo interveacutem no processo de ensino

aprendizagem de forma preventiva pois o tema sugerido eacute de fundamental

relevacircncia pois tem como finalidade defender a necessidade de adaptar

instrumentos de intervenccedilatildeo teacutecnicas de trabalhos que possam satisfazer a

complexidade das situaccedilotildees que por sua vez mostrem o professor que foge

da sua aacuterea de atuaccedilatildeo e o que pode ser realmente realizado junto com o

psicopedagogo no que se refere a prevenccedilatildeo e o acompanhamento das

dificuldades no processo de ensino aprendizagem partindo da potencialidade

do individuo em sua especificidade e singularidade

Satildeo por tanto os objetivos gerais desta pesquisa eacute de analisar a situaccedilatildeo do

aluno com dificuldade no processo de ensino aprendizagem verificando dentro

do contexto educacional o que interfere nesse processo e o que natildeo contribui

para o avanccedilo do desenvolvimento do aluno com a finalidade de proporcionar

orientaccedilatildeo e instrumentos que permitam modificar o conflito manifestado

10A pesquisa tambeacutem apresenta objetivos especiacuteficos verificar a intervenccedilatildeo

como fator de mediaccedilatildeo entre o processo com o objeto conceituar as diversas

causas do natildeo aprender analisar o erro do aluno como um indicador de como

ele estaacute pensando e como compreende o que foi ensinado refletir sobre

praacutetica pedagoacutegica e analisar o curriacuteculo e a metodologia

A sistematizaccedilatildeo da pesquisa parte da de uma fundamentaccedilatildeo bibliograacutefica

que se embasa em teoacutericos como Beauclair Bossa Fernandez Maluf e

Bombonatto Oliacutevia Piaget Vygostsk entre outros

A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em

domiacutenio publico

O primeiro capitulo apresenta uma breve histoacuterico da psicopedagogia no Rio

de Janeiro a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo no

Brasila formaccedilatildeotitulaccedilatildeo e o reconhecimento

O segundo capitulo discorre sobre o psicopedagogo e a escolar a instituiccedilatildeo

escolar a aprendizagem e sua construccedilatildeo avaliaccedilatildeo e a praacutetica pedagoacutegica

O terceiro capitulo eacute discorrido a importacircncia da intervenccedilatildeo do psicopedagogo

no processo de alfabetizaccedilatildeo o jogo segundo alguns autores o jogo no

contexto psicopedagogico e a intervenccedilatildeo do psicopedagogo junto a famiacutelia

11Com a conclusatildeo da pesquisa espera-se que esta sirva como fonte de estudos

e praacuteticas futuras proporcionando o incentivo de discussotildees quanto aos

desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO

Zenicila ( 2007) discorre que na deacutecada de 70 jaacute se via claramente a

separaccedilatildeo de cursos estudos e publicaccedilotildees para educadores em geral

interessados em problemas dos escolares e para profissionais que se

aperfeiccediloavam em educaccedilatildeo especial

Segundo Zenicila (2007) No final dos anos 70 inicia-se uma mudanccedila na visatildeo

teoacutericas e praacuteticas das dificuldades de aprendizagem as atividades realizadas

com crianccedilas especiais durante os anos de 1976 a 1977 os educadores da

Escola Movimentos convidaram a psiquiatra e a psicanalista Dra Ameacutelia

Thereza de Moura Vasconcellos para assessorar e supervisionar o trabalho do

grupo

Ampliado esse trabalho em 1998 a Dra Ameacutelia Vasconcellos convidou a

psicanalista Argentina Rachel Soifer para colaborar com a equipe da Escola

Movimento Esta profissional aproximou este grupo da linha teoacuterico-pratico

12desenvolvida pelo professor e psicoacutelogo social argentino Jorge Visca que

passou entatildeo a coordenar grupos de estudos na Escola Movimento abertos

tanto para os professores daquela instituiccedilatildeo quanto para outros profissionais

interessados em se aprofundar nesta aacuterea de conhecimento

Em 1980 realizou-se o primeiro congresso brasileiro piagetiano sob os

auspiacutecios do centro experimental Jean Piaget Este vento foi um marco

importante na historia da psicipedagogia por ter cito um momento privilegiado

de encontro e trocas entre estudiosos da teoria piagetiana inseridos em

diferentes aacutereas de saber e oriundos de diferentes regiotildees do mundo Jorge

Visca tambeacutem este presente e foi grande a sua contribuiccedilatildeo alargando o

conceito de aprendizagem do sujeito

Em 1982 Jorge Visca ministrou o primeiro o curso de teoria e teacutecnica

psicopedagogica a convite da sub-reitoria da Associaccedilatildeo dos Diplomados da

Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em

parceria com a Faculdade de Educaccedilatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica

A Epistemologia convergente passa ser referencial teoacuterico da pratica

psicopedagoacutegica as psicopedagogas Maria Lucia Lemme Weiss e Tacircnia

Coelho iniciaram e supervisionaram um Grupo de Atendimento

Psicopedagogico na UERJ formando por estagiaacuterios do curso de psicologia e

voltado para crianccedilas da comunidade

Zinicola (2007) discorre que ao passa alguns anos o professor Jorge Visca

propocircs a criaccedilatildeo de um centro fundamentado na epstomologia convergente em

nosso Estado Assim surgiu o Centro de Estudos Psicopedagoacutegicos do Estado

13do Rio de Janeiro ndash CEPERJ vinculado ao Buenos Aires - CEP coordenado

por Jorge Visca

O CEPERJ veio a ser o primeiro curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia

no Rio de Janeiro dentro desta nova abordagem

A psicopedagogia desde entatildeo vem se assumindo como disciplina fortalecendo

a identidade profissional do psicopedagogo e se abrindo para novos

conhecimentos

A psicopedagoga Sara Pain e autores como Jan Marie Dolle e Leandro

Lajonquiegravere ampliam a visatildeo teoacuterica da psicopedagogia enfatizando o sujeito

psicopedagogico que aprende

Essa nova compreesatildeo influencia a clinica psicopedagogica e abre espaccedilo

para psicopedagogia na instituiccedilatildeo escolar

Nessa fase tambeacutem a psicopedagogia no Rio de Janeiro foi influenciada pelas

pesquisas de Emilia Ferreiro a respeito da psicogecircnese da liacutengua escrita

possibilitando um maior dialogo dos psicopedagogos com os profissionais da

escola

Na deacutecada de noventa a psicopedagoga Argentina Alicia Fernandez reforccedila a

importacircncia da psicanaacutelise para o sujeito que aprende desmistificando a

proacutepria compreensatildeo da psicanaacutelise e introduzindo a abordagem da dinacircmica

familiar no entendimento dos problemas de aprendizagem

14

Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo

era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico

Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo

Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os

profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e

discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando

o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro

A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em

Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a

ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas

accedilotildees

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea

cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No

Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia

Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento

propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e

enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as

alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que

determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado

individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma

experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que

protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia

15

Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia

deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua

proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada

pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como

processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade

profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por

muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos

diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo

significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional

11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo

da psicopedagogia no Brasil

Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto

projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho

Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia

(wwwabppcombr acessado dia 270809)

O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos

problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar

com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-

repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social

Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da

articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que

considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem

16

Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os

portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em

Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou

instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da

legislaccedilatildeo pertinente

Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo

Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de

alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia

Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia

instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir

profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo

atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como

oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde

encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua

historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando

sua identidade profissional

A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de

um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os

problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista

de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional

1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do

psicopedagogo

17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)

como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado

por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores

entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios

oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando

trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na

clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de

aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas

ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da

profissatildeo

Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da

Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha

sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo

latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo

CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de

2004 do MECSESUdiz que

Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por

instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente

credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(

wwwmecgovbr acessado 270809)

Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas

e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado

em aacutereas profissionais de interesse social

Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para

cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200

horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para

atividades natildeo presenciais

18

Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute

a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos

processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e

tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes

desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp

entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do

psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo

de estudo

Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm

939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado

assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao

Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto

em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do

trabalho

Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a

proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em

psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada

Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave

nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do

projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees

O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda

forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo

Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de

diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por

escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas

nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto

19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia

(wwwABPpcombr acessado dia 200809)

O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a

graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos

de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor

inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior

Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)

em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de

360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de

Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e

outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma

grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em

diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e

institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de

atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial

No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em

niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente

autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente

1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo

O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e

terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das

aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se

20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que

O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem

utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos

didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional

com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis

problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture

(PORTO 2009 p 109)

Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica

docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar

dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo

detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da

dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo

de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo

educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em

grupo

Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de

aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas

orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais

das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais

dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu

tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo

indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia

O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu

saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da

mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de

aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo

hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos

21

No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou

seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos

indiviacuteduos que trabalham na empresa

1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR

A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias

ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se

defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou

esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que

natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em

relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e

amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais

de aprendizagem natildeo satildeo atendidas

De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista

espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos

assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo

escolar

Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade

poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute

o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da

necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem

humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo

prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo

processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos

22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores

nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de

aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme

RUBENSTEIN (1999 ) diz que

Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade

de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando

todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo

(RUBENSTEIN 1999 p 103)

A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a

forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no

processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis

devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no

processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem

Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de

aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na

proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso

Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de

aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar

que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da

psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar

como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de

aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o

desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando

a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece

o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada

momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem

23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem

como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao

psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de

aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a

integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando

processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa

de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua

docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da

proacutepria ensinagem

Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade

escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento

dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico

metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades

ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o

desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de

aprendizagem que estatildeo compatilhando

Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte

() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de

aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas

crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento

mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais

especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes

modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo

de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da

escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as

24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos

na escola

1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA

A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras

alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola

O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave

aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que

desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola

que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou

excluam-se a si mesmos do sistema educacional

O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por

uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma

testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente

agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia

Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta

interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute

fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma

forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o

psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com

profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e

quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido

Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o

seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila

O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma

caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo

25

Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as

quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de

respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus

sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo

expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )

Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre

caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que

se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida

deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que

existe e vive

Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar

as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para

mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar

encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves

2003p 27)

O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove

um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e

aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada

para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado

particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as

coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa

que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo

novos conhecimentos

O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem

julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui

26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para

que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica

1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo

desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua

formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade

A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute

interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo

oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o

tempo de hospitalizaccedilatildeo

Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e

sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de

aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a

outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo

eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as

especialidades

De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem

ser classificadas em

- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas

feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa

de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta

primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e

internaccedilotildees gerais

- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas

27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de

membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das

articulaccedilotildees do quadril miopatias etc

-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de

crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite

tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)

As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras

auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas

ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos

Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam

elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias

Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de

uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada

indiviacuteduo hospitalizado

A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a

idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais

A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente

aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir

entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee

mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa

intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro

quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta

de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o

sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)

Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem

de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir

depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no

niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009

65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

POacuteS-GRADUACcedilAtildeO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAtildeO

Apresentaccedilatildeo de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre ndash Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenccedilatildeo do grau de

especialista em Psicopedagogia

Por Liacutelian de Santana Guedes

3

AGRADECIMENTOS

A Deus por me proporcionar sauacutede e

sabedoria meus pais e principalmente

meu esposo Alexandre

4

DEDICATOacuteRIA

Dedico este trabalho exclusivamente ao

meu esposo Alexandre que tanto amo

5

RESUMO

Trata-se de uma pesquisa descritiva que tem o objetivo fomentar reflexatildeo

sobre a intervenccedilatildeo do psicopedagogo de forma preventiva como uma ciecircncia

que contem em seu bojo teoacuterico um conjunto de referenciais que possibilitar

repensar e analisar as inter - relaccedilotildees dos sujeitos em seus espaccedilos reais e

simboacutelicos a partir da constituiccedilatildeo do ser no processo de cogniccedilatildeo social

Atuando na Instituiccedilatildeo Escolar pode promover a reflexatildeo sobre a natureza dos

condicionamentos e dos sistema de crenccedilas que sustentam o imaginaacuterio

impliacutecito na relaccedilatildeo professor ndash aluno e assim potencializar e ressignificar a

aprendizagem dos sujeitos pertencentes ao coletivo de seres que apreende

novas realidades

6

METODOLOGIA

A presente pesquisa surgiu da preocupaccedilatildeo existente com nossa praacutetica como

educadora e de nossa crenccedila de que cada um constroacutei seus proacuteprios

conhecimentos por meio de estiacutemulos tem justamente o objetivo de fazer uma

abordagem sobre a intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo dentro da instituiccedilatildeo escolar

Este trabalho trata de uma pesquisa bibliograacutefica Os principais autores

utilizados na realizaccedilatildeo desta pesquisa foram

Alicia Fernandez com as ideacuteias e propostas na psicopedagogia da atualidade

Oliacutevia Porto que proporcionou uma analisar a instituiccedilatildeo escolar e suas

relaccedilotildees com uma abordagem reflexiva e criacutetica buscando construir um

espaccedilo que contribua para a reduccedilatildeo do fracasso escolar em nosso paiacutes

Jean Piaget nos indica a construccedilatildeo do saber partindo do conhecimento

menos elaborado para o mais elaboradordquoo conhecimento resulta de uma

interaccedilatildeo entre o sujeito que conhece e o objeto a ser conhecidordquo

Joatildeo Beauclair de forma clara e objetiva colaborou para a construccedilatildeo de uma

visatildeo ampla sobre o que vem a ser a psicopedagogia e seus desdobramentos

conceituais propondo-se a servir como um elemento de novas buscas e

conhecimentos

Levi Vygotsky o sujeito do conhecimento natildeo eacute passivo regulado por forccedilas

externas que o vatildeo moldando natildeo eacute somente ativo e sim interativordquoo

aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e

potildee em movimento vaacuterios processos de desenvolvimento que de outra forma

seriam impossiacutevel de acontecerrdquo

Maria Irene Maluf e Quezia Bombonatto compartilhou experiecircncias de forma

significativa para o desenvolvimento de um olhar voltado para os processos

7que cercam o aprender e o natildeo aprender e artigos para a historia da

psicopedagogia e da ABPp no Brasil

Nadia Aparecida Bossa conhecimentos que se faz necessaacuterio para uma

praacutetica consistente na forma como eacute concebida a psicipedagogia no presente

trabalho

A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em

domiacutenio publico

wwwabppcombr A Regulamentaccedilatildeo e o exerciacutecio da atividade em

psicopedagogia no Brasil Pesquisa sobre a Psicopedagogia noRrio deJjaneiro

Diretrizes Baacutesicas da Formaccedilacirco de Psicopedagogos no Brasil e Eixos

Temaacuteticos para Cursos de Formaccedilatildeo em Psicopedagogia

wwwforumeducacaohpgigcombr Aprendizagens Atraveacutes da Avaliaccedilatildeo

Formativa Utilizando a intervenccedilatildeo na busca de melhores resultados

wwwmecgovbrRelativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensuem

psicopedagogia

wwwpsicopedagogiaonlinecomb Psicopedagogia accedilatildeo e parceria Jogar

Aprendendo Contribuiccedilotildees dos Jogos no Processo de Letramento

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica no processo

de alfabetizaccedilatildeo ganha atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

8

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 09

CAPIacuteTULO I - HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO

DE ALFABETIZACcedilAgraveO 46

CONCLUSAtildeO 54

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

INDICE 65

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 67

9

INTRODUCcedilAtildeO

A Psicopedagogia no Brasil vemcontinuamente discutindo seus fundamentos

e construindo suas ferramentas Como uma aacuterea relativamente nova de

conhecimento traz em si as origens e as diversidades de uma atuaccedilatildeo

interdisciplinar e transdisciplinar possibilitando o desenvolvimento de um

quadro teoacuterico proacuteprio como uma atitude diante do conhecimento que permite

ultrapassar paradigmas

A presente pesquisa que se apresenta com o tema A intervenccedilatildeo do

psicopedagogo no processo de alfabetizaccedilatildeo tem como questatildeo central eacute de

ateacute que ponto o psicopedagogo interveacutem no processo de ensino

aprendizagem de forma preventiva pois o tema sugerido eacute de fundamental

relevacircncia pois tem como finalidade defender a necessidade de adaptar

instrumentos de intervenccedilatildeo teacutecnicas de trabalhos que possam satisfazer a

complexidade das situaccedilotildees que por sua vez mostrem o professor que foge

da sua aacuterea de atuaccedilatildeo e o que pode ser realmente realizado junto com o

psicopedagogo no que se refere a prevenccedilatildeo e o acompanhamento das

dificuldades no processo de ensino aprendizagem partindo da potencialidade

do individuo em sua especificidade e singularidade

Satildeo por tanto os objetivos gerais desta pesquisa eacute de analisar a situaccedilatildeo do

aluno com dificuldade no processo de ensino aprendizagem verificando dentro

do contexto educacional o que interfere nesse processo e o que natildeo contribui

para o avanccedilo do desenvolvimento do aluno com a finalidade de proporcionar

orientaccedilatildeo e instrumentos que permitam modificar o conflito manifestado

10A pesquisa tambeacutem apresenta objetivos especiacuteficos verificar a intervenccedilatildeo

como fator de mediaccedilatildeo entre o processo com o objeto conceituar as diversas

causas do natildeo aprender analisar o erro do aluno como um indicador de como

ele estaacute pensando e como compreende o que foi ensinado refletir sobre

praacutetica pedagoacutegica e analisar o curriacuteculo e a metodologia

A sistematizaccedilatildeo da pesquisa parte da de uma fundamentaccedilatildeo bibliograacutefica

que se embasa em teoacutericos como Beauclair Bossa Fernandez Maluf e

Bombonatto Oliacutevia Piaget Vygostsk entre outros

A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em

domiacutenio publico

O primeiro capitulo apresenta uma breve histoacuterico da psicopedagogia no Rio

de Janeiro a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo no

Brasila formaccedilatildeotitulaccedilatildeo e o reconhecimento

O segundo capitulo discorre sobre o psicopedagogo e a escolar a instituiccedilatildeo

escolar a aprendizagem e sua construccedilatildeo avaliaccedilatildeo e a praacutetica pedagoacutegica

O terceiro capitulo eacute discorrido a importacircncia da intervenccedilatildeo do psicopedagogo

no processo de alfabetizaccedilatildeo o jogo segundo alguns autores o jogo no

contexto psicopedagogico e a intervenccedilatildeo do psicopedagogo junto a famiacutelia

11Com a conclusatildeo da pesquisa espera-se que esta sirva como fonte de estudos

e praacuteticas futuras proporcionando o incentivo de discussotildees quanto aos

desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO

Zenicila ( 2007) discorre que na deacutecada de 70 jaacute se via claramente a

separaccedilatildeo de cursos estudos e publicaccedilotildees para educadores em geral

interessados em problemas dos escolares e para profissionais que se

aperfeiccediloavam em educaccedilatildeo especial

Segundo Zenicila (2007) No final dos anos 70 inicia-se uma mudanccedila na visatildeo

teoacutericas e praacuteticas das dificuldades de aprendizagem as atividades realizadas

com crianccedilas especiais durante os anos de 1976 a 1977 os educadores da

Escola Movimentos convidaram a psiquiatra e a psicanalista Dra Ameacutelia

Thereza de Moura Vasconcellos para assessorar e supervisionar o trabalho do

grupo

Ampliado esse trabalho em 1998 a Dra Ameacutelia Vasconcellos convidou a

psicanalista Argentina Rachel Soifer para colaborar com a equipe da Escola

Movimento Esta profissional aproximou este grupo da linha teoacuterico-pratico

12desenvolvida pelo professor e psicoacutelogo social argentino Jorge Visca que

passou entatildeo a coordenar grupos de estudos na Escola Movimento abertos

tanto para os professores daquela instituiccedilatildeo quanto para outros profissionais

interessados em se aprofundar nesta aacuterea de conhecimento

Em 1980 realizou-se o primeiro congresso brasileiro piagetiano sob os

auspiacutecios do centro experimental Jean Piaget Este vento foi um marco

importante na historia da psicipedagogia por ter cito um momento privilegiado

de encontro e trocas entre estudiosos da teoria piagetiana inseridos em

diferentes aacutereas de saber e oriundos de diferentes regiotildees do mundo Jorge

Visca tambeacutem este presente e foi grande a sua contribuiccedilatildeo alargando o

conceito de aprendizagem do sujeito

Em 1982 Jorge Visca ministrou o primeiro o curso de teoria e teacutecnica

psicopedagogica a convite da sub-reitoria da Associaccedilatildeo dos Diplomados da

Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em

parceria com a Faculdade de Educaccedilatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica

A Epistemologia convergente passa ser referencial teoacuterico da pratica

psicopedagoacutegica as psicopedagogas Maria Lucia Lemme Weiss e Tacircnia

Coelho iniciaram e supervisionaram um Grupo de Atendimento

Psicopedagogico na UERJ formando por estagiaacuterios do curso de psicologia e

voltado para crianccedilas da comunidade

Zinicola (2007) discorre que ao passa alguns anos o professor Jorge Visca

propocircs a criaccedilatildeo de um centro fundamentado na epstomologia convergente em

nosso Estado Assim surgiu o Centro de Estudos Psicopedagoacutegicos do Estado

13do Rio de Janeiro ndash CEPERJ vinculado ao Buenos Aires - CEP coordenado

por Jorge Visca

O CEPERJ veio a ser o primeiro curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia

no Rio de Janeiro dentro desta nova abordagem

A psicopedagogia desde entatildeo vem se assumindo como disciplina fortalecendo

a identidade profissional do psicopedagogo e se abrindo para novos

conhecimentos

A psicopedagoga Sara Pain e autores como Jan Marie Dolle e Leandro

Lajonquiegravere ampliam a visatildeo teoacuterica da psicopedagogia enfatizando o sujeito

psicopedagogico que aprende

Essa nova compreesatildeo influencia a clinica psicopedagogica e abre espaccedilo

para psicopedagogia na instituiccedilatildeo escolar

Nessa fase tambeacutem a psicopedagogia no Rio de Janeiro foi influenciada pelas

pesquisas de Emilia Ferreiro a respeito da psicogecircnese da liacutengua escrita

possibilitando um maior dialogo dos psicopedagogos com os profissionais da

escola

Na deacutecada de noventa a psicopedagoga Argentina Alicia Fernandez reforccedila a

importacircncia da psicanaacutelise para o sujeito que aprende desmistificando a

proacutepria compreensatildeo da psicanaacutelise e introduzindo a abordagem da dinacircmica

familiar no entendimento dos problemas de aprendizagem

14

Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo

era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico

Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo

Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os

profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e

discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando

o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro

A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em

Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a

ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas

accedilotildees

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea

cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No

Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia

Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento

propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e

enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as

alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que

determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado

individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma

experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que

protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia

15

Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia

deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua

proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada

pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como

processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade

profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por

muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos

diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo

significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional

11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo

da psicopedagogia no Brasil

Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto

projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho

Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia

(wwwabppcombr acessado dia 270809)

O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos

problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar

com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-

repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social

Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da

articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que

considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem

16

Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os

portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em

Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou

instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da

legislaccedilatildeo pertinente

Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo

Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de

alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia

Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia

instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir

profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo

atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como

oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde

encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua

historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando

sua identidade profissional

A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de

um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os

problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista

de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional

1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do

psicopedagogo

17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)

como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado

por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores

entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios

oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando

trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na

clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de

aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas

ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da

profissatildeo

Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da

Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha

sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo

latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo

CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de

2004 do MECSESUdiz que

Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por

instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente

credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(

wwwmecgovbr acessado 270809)

Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas

e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado

em aacutereas profissionais de interesse social

Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para

cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200

horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para

atividades natildeo presenciais

18

Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute

a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos

processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e

tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes

desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp

entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do

psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo

de estudo

Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm

939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado

assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao

Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto

em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do

trabalho

Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a

proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em

psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada

Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave

nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do

projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees

O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda

forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo

Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de

diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por

escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas

nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto

19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia

(wwwABPpcombr acessado dia 200809)

O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a

graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos

de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor

inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior

Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)

em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de

360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de

Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e

outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma

grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em

diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e

institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de

atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial

No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em

niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente

autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente

1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo

O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e

terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das

aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se

20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que

O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem

utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos

didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional

com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis

problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture

(PORTO 2009 p 109)

Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica

docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar

dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo

detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da

dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo

de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo

educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em

grupo

Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de

aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas

orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais

das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais

dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu

tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo

indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia

O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu

saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da

mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de

aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo

hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos

21

No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou

seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos

indiviacuteduos que trabalham na empresa

1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR

A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias

ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se

defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou

esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que

natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em

relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e

amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais

de aprendizagem natildeo satildeo atendidas

De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista

espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos

assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo

escolar

Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade

poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute

o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da

necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem

humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo

prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo

processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos

22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores

nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de

aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme

RUBENSTEIN (1999 ) diz que

Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade

de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando

todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo

(RUBENSTEIN 1999 p 103)

A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a

forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no

processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis

devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no

processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem

Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de

aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na

proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso

Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de

aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar

que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da

psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar

como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de

aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o

desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando

a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece

o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada

momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem

23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem

como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao

psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de

aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a

integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando

processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa

de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua

docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da

proacutepria ensinagem

Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade

escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento

dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico

metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades

ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o

desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de

aprendizagem que estatildeo compatilhando

Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte

() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de

aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas

crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento

mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais

especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes

modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo

de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da

escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as

24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos

na escola

1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA

A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras

alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola

O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave

aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que

desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola

que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou

excluam-se a si mesmos do sistema educacional

O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por

uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma

testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente

agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia

Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta

interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute

fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma

forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o

psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com

profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e

quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido

Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o

seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila

O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma

caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo

25

Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as

quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de

respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus

sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo

expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )

Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre

caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que

se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida

deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que

existe e vive

Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar

as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para

mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar

encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves

2003p 27)

O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove

um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e

aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada

para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado

particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as

coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa

que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo

novos conhecimentos

O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem

julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui

26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para

que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica

1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo

desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua

formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade

A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute

interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo

oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o

tempo de hospitalizaccedilatildeo

Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e

sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de

aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a

outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo

eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as

especialidades

De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem

ser classificadas em

- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas

feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa

de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta

primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e

internaccedilotildees gerais

- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas

27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de

membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das

articulaccedilotildees do quadril miopatias etc

-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de

crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite

tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)

As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras

auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas

ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos

Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam

elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias

Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de

uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada

indiviacuteduo hospitalizado

A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a

idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais

A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente

aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir

entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee

mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa

intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro

quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta

de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o

sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)

Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem

de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir

depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no

niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

3

AGRADECIMENTOS

A Deus por me proporcionar sauacutede e

sabedoria meus pais e principalmente

meu esposo Alexandre

4

DEDICATOacuteRIA

Dedico este trabalho exclusivamente ao

meu esposo Alexandre que tanto amo

5

RESUMO

Trata-se de uma pesquisa descritiva que tem o objetivo fomentar reflexatildeo

sobre a intervenccedilatildeo do psicopedagogo de forma preventiva como uma ciecircncia

que contem em seu bojo teoacuterico um conjunto de referenciais que possibilitar

repensar e analisar as inter - relaccedilotildees dos sujeitos em seus espaccedilos reais e

simboacutelicos a partir da constituiccedilatildeo do ser no processo de cogniccedilatildeo social

Atuando na Instituiccedilatildeo Escolar pode promover a reflexatildeo sobre a natureza dos

condicionamentos e dos sistema de crenccedilas que sustentam o imaginaacuterio

impliacutecito na relaccedilatildeo professor ndash aluno e assim potencializar e ressignificar a

aprendizagem dos sujeitos pertencentes ao coletivo de seres que apreende

novas realidades

6

METODOLOGIA

A presente pesquisa surgiu da preocupaccedilatildeo existente com nossa praacutetica como

educadora e de nossa crenccedila de que cada um constroacutei seus proacuteprios

conhecimentos por meio de estiacutemulos tem justamente o objetivo de fazer uma

abordagem sobre a intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo dentro da instituiccedilatildeo escolar

Este trabalho trata de uma pesquisa bibliograacutefica Os principais autores

utilizados na realizaccedilatildeo desta pesquisa foram

Alicia Fernandez com as ideacuteias e propostas na psicopedagogia da atualidade

Oliacutevia Porto que proporcionou uma analisar a instituiccedilatildeo escolar e suas

relaccedilotildees com uma abordagem reflexiva e criacutetica buscando construir um

espaccedilo que contribua para a reduccedilatildeo do fracasso escolar em nosso paiacutes

Jean Piaget nos indica a construccedilatildeo do saber partindo do conhecimento

menos elaborado para o mais elaboradordquoo conhecimento resulta de uma

interaccedilatildeo entre o sujeito que conhece e o objeto a ser conhecidordquo

Joatildeo Beauclair de forma clara e objetiva colaborou para a construccedilatildeo de uma

visatildeo ampla sobre o que vem a ser a psicopedagogia e seus desdobramentos

conceituais propondo-se a servir como um elemento de novas buscas e

conhecimentos

Levi Vygotsky o sujeito do conhecimento natildeo eacute passivo regulado por forccedilas

externas que o vatildeo moldando natildeo eacute somente ativo e sim interativordquoo

aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e

potildee em movimento vaacuterios processos de desenvolvimento que de outra forma

seriam impossiacutevel de acontecerrdquo

Maria Irene Maluf e Quezia Bombonatto compartilhou experiecircncias de forma

significativa para o desenvolvimento de um olhar voltado para os processos

7que cercam o aprender e o natildeo aprender e artigos para a historia da

psicopedagogia e da ABPp no Brasil

Nadia Aparecida Bossa conhecimentos que se faz necessaacuterio para uma

praacutetica consistente na forma como eacute concebida a psicipedagogia no presente

trabalho

A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em

domiacutenio publico

wwwabppcombr A Regulamentaccedilatildeo e o exerciacutecio da atividade em

psicopedagogia no Brasil Pesquisa sobre a Psicopedagogia noRrio deJjaneiro

Diretrizes Baacutesicas da Formaccedilacirco de Psicopedagogos no Brasil e Eixos

Temaacuteticos para Cursos de Formaccedilatildeo em Psicopedagogia

wwwforumeducacaohpgigcombr Aprendizagens Atraveacutes da Avaliaccedilatildeo

Formativa Utilizando a intervenccedilatildeo na busca de melhores resultados

wwwmecgovbrRelativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensuem

psicopedagogia

wwwpsicopedagogiaonlinecomb Psicopedagogia accedilatildeo e parceria Jogar

Aprendendo Contribuiccedilotildees dos Jogos no Processo de Letramento

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica no processo

de alfabetizaccedilatildeo ganha atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

8

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 09

CAPIacuteTULO I - HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO

DE ALFABETIZACcedilAgraveO 46

CONCLUSAtildeO 54

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

INDICE 65

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 67

9

INTRODUCcedilAtildeO

A Psicopedagogia no Brasil vemcontinuamente discutindo seus fundamentos

e construindo suas ferramentas Como uma aacuterea relativamente nova de

conhecimento traz em si as origens e as diversidades de uma atuaccedilatildeo

interdisciplinar e transdisciplinar possibilitando o desenvolvimento de um

quadro teoacuterico proacuteprio como uma atitude diante do conhecimento que permite

ultrapassar paradigmas

A presente pesquisa que se apresenta com o tema A intervenccedilatildeo do

psicopedagogo no processo de alfabetizaccedilatildeo tem como questatildeo central eacute de

ateacute que ponto o psicopedagogo interveacutem no processo de ensino

aprendizagem de forma preventiva pois o tema sugerido eacute de fundamental

relevacircncia pois tem como finalidade defender a necessidade de adaptar

instrumentos de intervenccedilatildeo teacutecnicas de trabalhos que possam satisfazer a

complexidade das situaccedilotildees que por sua vez mostrem o professor que foge

da sua aacuterea de atuaccedilatildeo e o que pode ser realmente realizado junto com o

psicopedagogo no que se refere a prevenccedilatildeo e o acompanhamento das

dificuldades no processo de ensino aprendizagem partindo da potencialidade

do individuo em sua especificidade e singularidade

Satildeo por tanto os objetivos gerais desta pesquisa eacute de analisar a situaccedilatildeo do

aluno com dificuldade no processo de ensino aprendizagem verificando dentro

do contexto educacional o que interfere nesse processo e o que natildeo contribui

para o avanccedilo do desenvolvimento do aluno com a finalidade de proporcionar

orientaccedilatildeo e instrumentos que permitam modificar o conflito manifestado

10A pesquisa tambeacutem apresenta objetivos especiacuteficos verificar a intervenccedilatildeo

como fator de mediaccedilatildeo entre o processo com o objeto conceituar as diversas

causas do natildeo aprender analisar o erro do aluno como um indicador de como

ele estaacute pensando e como compreende o que foi ensinado refletir sobre

praacutetica pedagoacutegica e analisar o curriacuteculo e a metodologia

A sistematizaccedilatildeo da pesquisa parte da de uma fundamentaccedilatildeo bibliograacutefica

que se embasa em teoacutericos como Beauclair Bossa Fernandez Maluf e

Bombonatto Oliacutevia Piaget Vygostsk entre outros

A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em

domiacutenio publico

O primeiro capitulo apresenta uma breve histoacuterico da psicopedagogia no Rio

de Janeiro a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo no

Brasila formaccedilatildeotitulaccedilatildeo e o reconhecimento

O segundo capitulo discorre sobre o psicopedagogo e a escolar a instituiccedilatildeo

escolar a aprendizagem e sua construccedilatildeo avaliaccedilatildeo e a praacutetica pedagoacutegica

O terceiro capitulo eacute discorrido a importacircncia da intervenccedilatildeo do psicopedagogo

no processo de alfabetizaccedilatildeo o jogo segundo alguns autores o jogo no

contexto psicopedagogico e a intervenccedilatildeo do psicopedagogo junto a famiacutelia

11Com a conclusatildeo da pesquisa espera-se que esta sirva como fonte de estudos

e praacuteticas futuras proporcionando o incentivo de discussotildees quanto aos

desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO

Zenicila ( 2007) discorre que na deacutecada de 70 jaacute se via claramente a

separaccedilatildeo de cursos estudos e publicaccedilotildees para educadores em geral

interessados em problemas dos escolares e para profissionais que se

aperfeiccediloavam em educaccedilatildeo especial

Segundo Zenicila (2007) No final dos anos 70 inicia-se uma mudanccedila na visatildeo

teoacutericas e praacuteticas das dificuldades de aprendizagem as atividades realizadas

com crianccedilas especiais durante os anos de 1976 a 1977 os educadores da

Escola Movimentos convidaram a psiquiatra e a psicanalista Dra Ameacutelia

Thereza de Moura Vasconcellos para assessorar e supervisionar o trabalho do

grupo

Ampliado esse trabalho em 1998 a Dra Ameacutelia Vasconcellos convidou a

psicanalista Argentina Rachel Soifer para colaborar com a equipe da Escola

Movimento Esta profissional aproximou este grupo da linha teoacuterico-pratico

12desenvolvida pelo professor e psicoacutelogo social argentino Jorge Visca que

passou entatildeo a coordenar grupos de estudos na Escola Movimento abertos

tanto para os professores daquela instituiccedilatildeo quanto para outros profissionais

interessados em se aprofundar nesta aacuterea de conhecimento

Em 1980 realizou-se o primeiro congresso brasileiro piagetiano sob os

auspiacutecios do centro experimental Jean Piaget Este vento foi um marco

importante na historia da psicipedagogia por ter cito um momento privilegiado

de encontro e trocas entre estudiosos da teoria piagetiana inseridos em

diferentes aacutereas de saber e oriundos de diferentes regiotildees do mundo Jorge

Visca tambeacutem este presente e foi grande a sua contribuiccedilatildeo alargando o

conceito de aprendizagem do sujeito

Em 1982 Jorge Visca ministrou o primeiro o curso de teoria e teacutecnica

psicopedagogica a convite da sub-reitoria da Associaccedilatildeo dos Diplomados da

Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em

parceria com a Faculdade de Educaccedilatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica

A Epistemologia convergente passa ser referencial teoacuterico da pratica

psicopedagoacutegica as psicopedagogas Maria Lucia Lemme Weiss e Tacircnia

Coelho iniciaram e supervisionaram um Grupo de Atendimento

Psicopedagogico na UERJ formando por estagiaacuterios do curso de psicologia e

voltado para crianccedilas da comunidade

Zinicola (2007) discorre que ao passa alguns anos o professor Jorge Visca

propocircs a criaccedilatildeo de um centro fundamentado na epstomologia convergente em

nosso Estado Assim surgiu o Centro de Estudos Psicopedagoacutegicos do Estado

13do Rio de Janeiro ndash CEPERJ vinculado ao Buenos Aires - CEP coordenado

por Jorge Visca

O CEPERJ veio a ser o primeiro curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia

no Rio de Janeiro dentro desta nova abordagem

A psicopedagogia desde entatildeo vem se assumindo como disciplina fortalecendo

a identidade profissional do psicopedagogo e se abrindo para novos

conhecimentos

A psicopedagoga Sara Pain e autores como Jan Marie Dolle e Leandro

Lajonquiegravere ampliam a visatildeo teoacuterica da psicopedagogia enfatizando o sujeito

psicopedagogico que aprende

Essa nova compreesatildeo influencia a clinica psicopedagogica e abre espaccedilo

para psicopedagogia na instituiccedilatildeo escolar

Nessa fase tambeacutem a psicopedagogia no Rio de Janeiro foi influenciada pelas

pesquisas de Emilia Ferreiro a respeito da psicogecircnese da liacutengua escrita

possibilitando um maior dialogo dos psicopedagogos com os profissionais da

escola

Na deacutecada de noventa a psicopedagoga Argentina Alicia Fernandez reforccedila a

importacircncia da psicanaacutelise para o sujeito que aprende desmistificando a

proacutepria compreensatildeo da psicanaacutelise e introduzindo a abordagem da dinacircmica

familiar no entendimento dos problemas de aprendizagem

14

Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo

era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico

Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo

Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os

profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e

discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando

o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro

A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em

Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a

ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas

accedilotildees

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea

cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No

Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia

Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento

propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e

enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as

alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que

determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado

individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma

experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que

protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia

15

Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia

deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua

proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada

pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como

processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade

profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por

muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos

diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo

significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional

11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo

da psicopedagogia no Brasil

Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto

projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho

Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia

(wwwabppcombr acessado dia 270809)

O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos

problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar

com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-

repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social

Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da

articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que

considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem

16

Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os

portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em

Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou

instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da

legislaccedilatildeo pertinente

Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo

Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de

alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia

Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia

instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir

profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo

atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como

oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde

encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua

historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando

sua identidade profissional

A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de

um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os

problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista

de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional

1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do

psicopedagogo

17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)

como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado

por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores

entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios

oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando

trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na

clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de

aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas

ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da

profissatildeo

Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da

Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha

sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo

latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo

CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de

2004 do MECSESUdiz que

Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por

instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente

credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(

wwwmecgovbr acessado 270809)

Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas

e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado

em aacutereas profissionais de interesse social

Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para

cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200

horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para

atividades natildeo presenciais

18

Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute

a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos

processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e

tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes

desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp

entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do

psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo

de estudo

Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm

939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado

assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao

Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto

em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do

trabalho

Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a

proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em

psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada

Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave

nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do

projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees

O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda

forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo

Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de

diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por

escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas

nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto

19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia

(wwwABPpcombr acessado dia 200809)

O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a

graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos

de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor

inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior

Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)

em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de

360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de

Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e

outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma

grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em

diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e

institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de

atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial

No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em

niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente

autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente

1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo

O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e

terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das

aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se

20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que

O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem

utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos

didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional

com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis

problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture

(PORTO 2009 p 109)

Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica

docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar

dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo

detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da

dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo

de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo

educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em

grupo

Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de

aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas

orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais

das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais

dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu

tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo

indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia

O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu

saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da

mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de

aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo

hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos

21

No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou

seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos

indiviacuteduos que trabalham na empresa

1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR

A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias

ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se

defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou

esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que

natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em

relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e

amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais

de aprendizagem natildeo satildeo atendidas

De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista

espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos

assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo

escolar

Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade

poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute

o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da

necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem

humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo

prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo

processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos

22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores

nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de

aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme

RUBENSTEIN (1999 ) diz que

Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade

de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando

todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo

(RUBENSTEIN 1999 p 103)

A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a

forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no

processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis

devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no

processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem

Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de

aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na

proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso

Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de

aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar

que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da

psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar

como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de

aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o

desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando

a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece

o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada

momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem

23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem

como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao

psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de

aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a

integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando

processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa

de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua

docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da

proacutepria ensinagem

Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade

escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento

dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico

metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades

ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o

desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de

aprendizagem que estatildeo compatilhando

Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte

() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de

aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas

crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento

mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais

especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes

modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo

de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da

escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as

24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos

na escola

1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA

A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras

alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola

O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave

aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que

desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola

que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou

excluam-se a si mesmos do sistema educacional

O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por

uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma

testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente

agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia

Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta

interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute

fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma

forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o

psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com

profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e

quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido

Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o

seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila

O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma

caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo

25

Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as

quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de

respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus

sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo

expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )

Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre

caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que

se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida

deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que

existe e vive

Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar

as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para

mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar

encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves

2003p 27)

O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove

um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e

aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada

para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado

particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as

coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa

que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo

novos conhecimentos

O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem

julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui

26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para

que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica

1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo

desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua

formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade

A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute

interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo

oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o

tempo de hospitalizaccedilatildeo

Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e

sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de

aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a

outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo

eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as

especialidades

De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem

ser classificadas em

- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas

feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa

de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta

primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e

internaccedilotildees gerais

- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas

27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de

membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das

articulaccedilotildees do quadril miopatias etc

-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de

crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite

tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)

As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras

auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas

ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos

Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam

elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias

Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de

uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada

indiviacuteduo hospitalizado

A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a

idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais

A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente

aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir

entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee

mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa

intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro

quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta

de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o

sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)

Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem

de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir

depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no

niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009

wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009

65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

4

DEDICATOacuteRIA

Dedico este trabalho exclusivamente ao

meu esposo Alexandre que tanto amo

5

RESUMO

Trata-se de uma pesquisa descritiva que tem o objetivo fomentar reflexatildeo

sobre a intervenccedilatildeo do psicopedagogo de forma preventiva como uma ciecircncia

que contem em seu bojo teoacuterico um conjunto de referenciais que possibilitar

repensar e analisar as inter - relaccedilotildees dos sujeitos em seus espaccedilos reais e

simboacutelicos a partir da constituiccedilatildeo do ser no processo de cogniccedilatildeo social

Atuando na Instituiccedilatildeo Escolar pode promover a reflexatildeo sobre a natureza dos

condicionamentos e dos sistema de crenccedilas que sustentam o imaginaacuterio

impliacutecito na relaccedilatildeo professor ndash aluno e assim potencializar e ressignificar a

aprendizagem dos sujeitos pertencentes ao coletivo de seres que apreende

novas realidades

6

METODOLOGIA

A presente pesquisa surgiu da preocupaccedilatildeo existente com nossa praacutetica como

educadora e de nossa crenccedila de que cada um constroacutei seus proacuteprios

conhecimentos por meio de estiacutemulos tem justamente o objetivo de fazer uma

abordagem sobre a intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo dentro da instituiccedilatildeo escolar

Este trabalho trata de uma pesquisa bibliograacutefica Os principais autores

utilizados na realizaccedilatildeo desta pesquisa foram

Alicia Fernandez com as ideacuteias e propostas na psicopedagogia da atualidade

Oliacutevia Porto que proporcionou uma analisar a instituiccedilatildeo escolar e suas

relaccedilotildees com uma abordagem reflexiva e criacutetica buscando construir um

espaccedilo que contribua para a reduccedilatildeo do fracasso escolar em nosso paiacutes

Jean Piaget nos indica a construccedilatildeo do saber partindo do conhecimento

menos elaborado para o mais elaboradordquoo conhecimento resulta de uma

interaccedilatildeo entre o sujeito que conhece e o objeto a ser conhecidordquo

Joatildeo Beauclair de forma clara e objetiva colaborou para a construccedilatildeo de uma

visatildeo ampla sobre o que vem a ser a psicopedagogia e seus desdobramentos

conceituais propondo-se a servir como um elemento de novas buscas e

conhecimentos

Levi Vygotsky o sujeito do conhecimento natildeo eacute passivo regulado por forccedilas

externas que o vatildeo moldando natildeo eacute somente ativo e sim interativordquoo

aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e

potildee em movimento vaacuterios processos de desenvolvimento que de outra forma

seriam impossiacutevel de acontecerrdquo

Maria Irene Maluf e Quezia Bombonatto compartilhou experiecircncias de forma

significativa para o desenvolvimento de um olhar voltado para os processos

7que cercam o aprender e o natildeo aprender e artigos para a historia da

psicopedagogia e da ABPp no Brasil

Nadia Aparecida Bossa conhecimentos que se faz necessaacuterio para uma

praacutetica consistente na forma como eacute concebida a psicipedagogia no presente

trabalho

A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em

domiacutenio publico

wwwabppcombr A Regulamentaccedilatildeo e o exerciacutecio da atividade em

psicopedagogia no Brasil Pesquisa sobre a Psicopedagogia noRrio deJjaneiro

Diretrizes Baacutesicas da Formaccedilacirco de Psicopedagogos no Brasil e Eixos

Temaacuteticos para Cursos de Formaccedilatildeo em Psicopedagogia

wwwforumeducacaohpgigcombr Aprendizagens Atraveacutes da Avaliaccedilatildeo

Formativa Utilizando a intervenccedilatildeo na busca de melhores resultados

wwwmecgovbrRelativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensuem

psicopedagogia

wwwpsicopedagogiaonlinecomb Psicopedagogia accedilatildeo e parceria Jogar

Aprendendo Contribuiccedilotildees dos Jogos no Processo de Letramento

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica no processo

de alfabetizaccedilatildeo ganha atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

8

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 09

CAPIacuteTULO I - HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO

DE ALFABETIZACcedilAgraveO 46

CONCLUSAtildeO 54

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

INDICE 65

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 67

9

INTRODUCcedilAtildeO

A Psicopedagogia no Brasil vemcontinuamente discutindo seus fundamentos

e construindo suas ferramentas Como uma aacuterea relativamente nova de

conhecimento traz em si as origens e as diversidades de uma atuaccedilatildeo

interdisciplinar e transdisciplinar possibilitando o desenvolvimento de um

quadro teoacuterico proacuteprio como uma atitude diante do conhecimento que permite

ultrapassar paradigmas

A presente pesquisa que se apresenta com o tema A intervenccedilatildeo do

psicopedagogo no processo de alfabetizaccedilatildeo tem como questatildeo central eacute de

ateacute que ponto o psicopedagogo interveacutem no processo de ensino

aprendizagem de forma preventiva pois o tema sugerido eacute de fundamental

relevacircncia pois tem como finalidade defender a necessidade de adaptar

instrumentos de intervenccedilatildeo teacutecnicas de trabalhos que possam satisfazer a

complexidade das situaccedilotildees que por sua vez mostrem o professor que foge

da sua aacuterea de atuaccedilatildeo e o que pode ser realmente realizado junto com o

psicopedagogo no que se refere a prevenccedilatildeo e o acompanhamento das

dificuldades no processo de ensino aprendizagem partindo da potencialidade

do individuo em sua especificidade e singularidade

Satildeo por tanto os objetivos gerais desta pesquisa eacute de analisar a situaccedilatildeo do

aluno com dificuldade no processo de ensino aprendizagem verificando dentro

do contexto educacional o que interfere nesse processo e o que natildeo contribui

para o avanccedilo do desenvolvimento do aluno com a finalidade de proporcionar

orientaccedilatildeo e instrumentos que permitam modificar o conflito manifestado

10A pesquisa tambeacutem apresenta objetivos especiacuteficos verificar a intervenccedilatildeo

como fator de mediaccedilatildeo entre o processo com o objeto conceituar as diversas

causas do natildeo aprender analisar o erro do aluno como um indicador de como

ele estaacute pensando e como compreende o que foi ensinado refletir sobre

praacutetica pedagoacutegica e analisar o curriacuteculo e a metodologia

A sistematizaccedilatildeo da pesquisa parte da de uma fundamentaccedilatildeo bibliograacutefica

que se embasa em teoacutericos como Beauclair Bossa Fernandez Maluf e

Bombonatto Oliacutevia Piaget Vygostsk entre outros

A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em

domiacutenio publico

O primeiro capitulo apresenta uma breve histoacuterico da psicopedagogia no Rio

de Janeiro a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo no

Brasila formaccedilatildeotitulaccedilatildeo e o reconhecimento

O segundo capitulo discorre sobre o psicopedagogo e a escolar a instituiccedilatildeo

escolar a aprendizagem e sua construccedilatildeo avaliaccedilatildeo e a praacutetica pedagoacutegica

O terceiro capitulo eacute discorrido a importacircncia da intervenccedilatildeo do psicopedagogo

no processo de alfabetizaccedilatildeo o jogo segundo alguns autores o jogo no

contexto psicopedagogico e a intervenccedilatildeo do psicopedagogo junto a famiacutelia

11Com a conclusatildeo da pesquisa espera-se que esta sirva como fonte de estudos

e praacuteticas futuras proporcionando o incentivo de discussotildees quanto aos

desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO

Zenicila ( 2007) discorre que na deacutecada de 70 jaacute se via claramente a

separaccedilatildeo de cursos estudos e publicaccedilotildees para educadores em geral

interessados em problemas dos escolares e para profissionais que se

aperfeiccediloavam em educaccedilatildeo especial

Segundo Zenicila (2007) No final dos anos 70 inicia-se uma mudanccedila na visatildeo

teoacutericas e praacuteticas das dificuldades de aprendizagem as atividades realizadas

com crianccedilas especiais durante os anos de 1976 a 1977 os educadores da

Escola Movimentos convidaram a psiquiatra e a psicanalista Dra Ameacutelia

Thereza de Moura Vasconcellos para assessorar e supervisionar o trabalho do

grupo

Ampliado esse trabalho em 1998 a Dra Ameacutelia Vasconcellos convidou a

psicanalista Argentina Rachel Soifer para colaborar com a equipe da Escola

Movimento Esta profissional aproximou este grupo da linha teoacuterico-pratico

12desenvolvida pelo professor e psicoacutelogo social argentino Jorge Visca que

passou entatildeo a coordenar grupos de estudos na Escola Movimento abertos

tanto para os professores daquela instituiccedilatildeo quanto para outros profissionais

interessados em se aprofundar nesta aacuterea de conhecimento

Em 1980 realizou-se o primeiro congresso brasileiro piagetiano sob os

auspiacutecios do centro experimental Jean Piaget Este vento foi um marco

importante na historia da psicipedagogia por ter cito um momento privilegiado

de encontro e trocas entre estudiosos da teoria piagetiana inseridos em

diferentes aacutereas de saber e oriundos de diferentes regiotildees do mundo Jorge

Visca tambeacutem este presente e foi grande a sua contribuiccedilatildeo alargando o

conceito de aprendizagem do sujeito

Em 1982 Jorge Visca ministrou o primeiro o curso de teoria e teacutecnica

psicopedagogica a convite da sub-reitoria da Associaccedilatildeo dos Diplomados da

Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em

parceria com a Faculdade de Educaccedilatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica

A Epistemologia convergente passa ser referencial teoacuterico da pratica

psicopedagoacutegica as psicopedagogas Maria Lucia Lemme Weiss e Tacircnia

Coelho iniciaram e supervisionaram um Grupo de Atendimento

Psicopedagogico na UERJ formando por estagiaacuterios do curso de psicologia e

voltado para crianccedilas da comunidade

Zinicola (2007) discorre que ao passa alguns anos o professor Jorge Visca

propocircs a criaccedilatildeo de um centro fundamentado na epstomologia convergente em

nosso Estado Assim surgiu o Centro de Estudos Psicopedagoacutegicos do Estado

13do Rio de Janeiro ndash CEPERJ vinculado ao Buenos Aires - CEP coordenado

por Jorge Visca

O CEPERJ veio a ser o primeiro curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia

no Rio de Janeiro dentro desta nova abordagem

A psicopedagogia desde entatildeo vem se assumindo como disciplina fortalecendo

a identidade profissional do psicopedagogo e se abrindo para novos

conhecimentos

A psicopedagoga Sara Pain e autores como Jan Marie Dolle e Leandro

Lajonquiegravere ampliam a visatildeo teoacuterica da psicopedagogia enfatizando o sujeito

psicopedagogico que aprende

Essa nova compreesatildeo influencia a clinica psicopedagogica e abre espaccedilo

para psicopedagogia na instituiccedilatildeo escolar

Nessa fase tambeacutem a psicopedagogia no Rio de Janeiro foi influenciada pelas

pesquisas de Emilia Ferreiro a respeito da psicogecircnese da liacutengua escrita

possibilitando um maior dialogo dos psicopedagogos com os profissionais da

escola

Na deacutecada de noventa a psicopedagoga Argentina Alicia Fernandez reforccedila a

importacircncia da psicanaacutelise para o sujeito que aprende desmistificando a

proacutepria compreensatildeo da psicanaacutelise e introduzindo a abordagem da dinacircmica

familiar no entendimento dos problemas de aprendizagem

14

Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo

era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico

Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo

Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os

profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e

discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando

o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro

A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em

Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a

ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas

accedilotildees

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea

cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No

Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia

Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento

propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e

enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as

alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que

determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado

individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma

experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que

protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia

15

Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia

deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua

proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada

pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como

processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade

profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por

muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos

diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo

significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional

11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo

da psicopedagogia no Brasil

Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto

projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho

Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia

(wwwabppcombr acessado dia 270809)

O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos

problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar

com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-

repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social

Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da

articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que

considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem

16

Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os

portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em

Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou

instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da

legislaccedilatildeo pertinente

Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo

Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de

alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia

Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia

instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir

profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo

atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como

oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde

encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua

historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando

sua identidade profissional

A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de

um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os

problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista

de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional

1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do

psicopedagogo

17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)

como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado

por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores

entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios

oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando

trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na

clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de

aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas

ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da

profissatildeo

Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da

Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha

sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo

latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo

CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de

2004 do MECSESUdiz que

Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por

instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente

credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(

wwwmecgovbr acessado 270809)

Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas

e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado

em aacutereas profissionais de interesse social

Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para

cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200

horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para

atividades natildeo presenciais

18

Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute

a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos

processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e

tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes

desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp

entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do

psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo

de estudo

Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm

939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado

assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao

Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto

em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do

trabalho

Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a

proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em

psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada

Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave

nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do

projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees

O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda

forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo

Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de

diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por

escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas

nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto

19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia

(wwwABPpcombr acessado dia 200809)

O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a

graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos

de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor

inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior

Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)

em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de

360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de

Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e

outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma

grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em

diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e

institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de

atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial

No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em

niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente

autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente

1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo

O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e

terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das

aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se

20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que

O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem

utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos

didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional

com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis

problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture

(PORTO 2009 p 109)

Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica

docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar

dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo

detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da

dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo

de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo

educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em

grupo

Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de

aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas

orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais

das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais

dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu

tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo

indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia

O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu

saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da

mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de

aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo

hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos

21

No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou

seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos

indiviacuteduos que trabalham na empresa

1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR

A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias

ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se

defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou

esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que

natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em

relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e

amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais

de aprendizagem natildeo satildeo atendidas

De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista

espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos

assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo

escolar

Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade

poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute

o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da

necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem

humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo

prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo

processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos

22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores

nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de

aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme

RUBENSTEIN (1999 ) diz que

Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade

de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando

todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo

(RUBENSTEIN 1999 p 103)

A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a

forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no

processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis

devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no

processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem

Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de

aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na

proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso

Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de

aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar

que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da

psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar

como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de

aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o

desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando

a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece

o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada

momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem

23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem

como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao

psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de

aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a

integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando

processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa

de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua

docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da

proacutepria ensinagem

Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade

escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento

dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico

metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades

ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o

desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de

aprendizagem que estatildeo compatilhando

Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte

() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de

aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas

crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento

mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais

especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes

modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo

de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da

escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as

24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos

na escola

1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA

A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras

alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola

O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave

aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que

desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola

que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou

excluam-se a si mesmos do sistema educacional

O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por

uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma

testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente

agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia

Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta

interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute

fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma

forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o

psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com

profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e

quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido

Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o

seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila

O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma

caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo

25

Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as

quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de

respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus

sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo

expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )

Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre

caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que

se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida

deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que

existe e vive

Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar

as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para

mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar

encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves

2003p 27)

O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove

um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e

aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada

para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado

particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as

coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa

que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo

novos conhecimentos

O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem

julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui

26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para

que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica

1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo

desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua

formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade

A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute

interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo

oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o

tempo de hospitalizaccedilatildeo

Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e

sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de

aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a

outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo

eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as

especialidades

De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem

ser classificadas em

- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas

feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa

de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta

primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e

internaccedilotildees gerais

- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas

27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de

membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das

articulaccedilotildees do quadril miopatias etc

-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de

crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite

tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)

As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras

auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas

ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos

Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam

elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias

Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de

uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada

indiviacuteduo hospitalizado

A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a

idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais

A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente

aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir

entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee

mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa

intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro

quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta

de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o

sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)

Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem

de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir

depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no

niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

5

RESUMO

Trata-se de uma pesquisa descritiva que tem o objetivo fomentar reflexatildeo

sobre a intervenccedilatildeo do psicopedagogo de forma preventiva como uma ciecircncia

que contem em seu bojo teoacuterico um conjunto de referenciais que possibilitar

repensar e analisar as inter - relaccedilotildees dos sujeitos em seus espaccedilos reais e

simboacutelicos a partir da constituiccedilatildeo do ser no processo de cogniccedilatildeo social

Atuando na Instituiccedilatildeo Escolar pode promover a reflexatildeo sobre a natureza dos

condicionamentos e dos sistema de crenccedilas que sustentam o imaginaacuterio

impliacutecito na relaccedilatildeo professor ndash aluno e assim potencializar e ressignificar a

aprendizagem dos sujeitos pertencentes ao coletivo de seres que apreende

novas realidades

6

METODOLOGIA

A presente pesquisa surgiu da preocupaccedilatildeo existente com nossa praacutetica como

educadora e de nossa crenccedila de que cada um constroacutei seus proacuteprios

conhecimentos por meio de estiacutemulos tem justamente o objetivo de fazer uma

abordagem sobre a intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo dentro da instituiccedilatildeo escolar

Este trabalho trata de uma pesquisa bibliograacutefica Os principais autores

utilizados na realizaccedilatildeo desta pesquisa foram

Alicia Fernandez com as ideacuteias e propostas na psicopedagogia da atualidade

Oliacutevia Porto que proporcionou uma analisar a instituiccedilatildeo escolar e suas

relaccedilotildees com uma abordagem reflexiva e criacutetica buscando construir um

espaccedilo que contribua para a reduccedilatildeo do fracasso escolar em nosso paiacutes

Jean Piaget nos indica a construccedilatildeo do saber partindo do conhecimento

menos elaborado para o mais elaboradordquoo conhecimento resulta de uma

interaccedilatildeo entre o sujeito que conhece e o objeto a ser conhecidordquo

Joatildeo Beauclair de forma clara e objetiva colaborou para a construccedilatildeo de uma

visatildeo ampla sobre o que vem a ser a psicopedagogia e seus desdobramentos

conceituais propondo-se a servir como um elemento de novas buscas e

conhecimentos

Levi Vygotsky o sujeito do conhecimento natildeo eacute passivo regulado por forccedilas

externas que o vatildeo moldando natildeo eacute somente ativo e sim interativordquoo

aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e

potildee em movimento vaacuterios processos de desenvolvimento que de outra forma

seriam impossiacutevel de acontecerrdquo

Maria Irene Maluf e Quezia Bombonatto compartilhou experiecircncias de forma

significativa para o desenvolvimento de um olhar voltado para os processos

7que cercam o aprender e o natildeo aprender e artigos para a historia da

psicopedagogia e da ABPp no Brasil

Nadia Aparecida Bossa conhecimentos que se faz necessaacuterio para uma

praacutetica consistente na forma como eacute concebida a psicipedagogia no presente

trabalho

A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em

domiacutenio publico

wwwabppcombr A Regulamentaccedilatildeo e o exerciacutecio da atividade em

psicopedagogia no Brasil Pesquisa sobre a Psicopedagogia noRrio deJjaneiro

Diretrizes Baacutesicas da Formaccedilacirco de Psicopedagogos no Brasil e Eixos

Temaacuteticos para Cursos de Formaccedilatildeo em Psicopedagogia

wwwforumeducacaohpgigcombr Aprendizagens Atraveacutes da Avaliaccedilatildeo

Formativa Utilizando a intervenccedilatildeo na busca de melhores resultados

wwwmecgovbrRelativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensuem

psicopedagogia

wwwpsicopedagogiaonlinecomb Psicopedagogia accedilatildeo e parceria Jogar

Aprendendo Contribuiccedilotildees dos Jogos no Processo de Letramento

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica no processo

de alfabetizaccedilatildeo ganha atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

8

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 09

CAPIacuteTULO I - HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO

DE ALFABETIZACcedilAgraveO 46

CONCLUSAtildeO 54

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

INDICE 65

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 67

9

INTRODUCcedilAtildeO

A Psicopedagogia no Brasil vemcontinuamente discutindo seus fundamentos

e construindo suas ferramentas Como uma aacuterea relativamente nova de

conhecimento traz em si as origens e as diversidades de uma atuaccedilatildeo

interdisciplinar e transdisciplinar possibilitando o desenvolvimento de um

quadro teoacuterico proacuteprio como uma atitude diante do conhecimento que permite

ultrapassar paradigmas

A presente pesquisa que se apresenta com o tema A intervenccedilatildeo do

psicopedagogo no processo de alfabetizaccedilatildeo tem como questatildeo central eacute de

ateacute que ponto o psicopedagogo interveacutem no processo de ensino

aprendizagem de forma preventiva pois o tema sugerido eacute de fundamental

relevacircncia pois tem como finalidade defender a necessidade de adaptar

instrumentos de intervenccedilatildeo teacutecnicas de trabalhos que possam satisfazer a

complexidade das situaccedilotildees que por sua vez mostrem o professor que foge

da sua aacuterea de atuaccedilatildeo e o que pode ser realmente realizado junto com o

psicopedagogo no que se refere a prevenccedilatildeo e o acompanhamento das

dificuldades no processo de ensino aprendizagem partindo da potencialidade

do individuo em sua especificidade e singularidade

Satildeo por tanto os objetivos gerais desta pesquisa eacute de analisar a situaccedilatildeo do

aluno com dificuldade no processo de ensino aprendizagem verificando dentro

do contexto educacional o que interfere nesse processo e o que natildeo contribui

para o avanccedilo do desenvolvimento do aluno com a finalidade de proporcionar

orientaccedilatildeo e instrumentos que permitam modificar o conflito manifestado

10A pesquisa tambeacutem apresenta objetivos especiacuteficos verificar a intervenccedilatildeo

como fator de mediaccedilatildeo entre o processo com o objeto conceituar as diversas

causas do natildeo aprender analisar o erro do aluno como um indicador de como

ele estaacute pensando e como compreende o que foi ensinado refletir sobre

praacutetica pedagoacutegica e analisar o curriacuteculo e a metodologia

A sistematizaccedilatildeo da pesquisa parte da de uma fundamentaccedilatildeo bibliograacutefica

que se embasa em teoacutericos como Beauclair Bossa Fernandez Maluf e

Bombonatto Oliacutevia Piaget Vygostsk entre outros

A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em

domiacutenio publico

O primeiro capitulo apresenta uma breve histoacuterico da psicopedagogia no Rio

de Janeiro a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo no

Brasila formaccedilatildeotitulaccedilatildeo e o reconhecimento

O segundo capitulo discorre sobre o psicopedagogo e a escolar a instituiccedilatildeo

escolar a aprendizagem e sua construccedilatildeo avaliaccedilatildeo e a praacutetica pedagoacutegica

O terceiro capitulo eacute discorrido a importacircncia da intervenccedilatildeo do psicopedagogo

no processo de alfabetizaccedilatildeo o jogo segundo alguns autores o jogo no

contexto psicopedagogico e a intervenccedilatildeo do psicopedagogo junto a famiacutelia

11Com a conclusatildeo da pesquisa espera-se que esta sirva como fonte de estudos

e praacuteticas futuras proporcionando o incentivo de discussotildees quanto aos

desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO

Zenicila ( 2007) discorre que na deacutecada de 70 jaacute se via claramente a

separaccedilatildeo de cursos estudos e publicaccedilotildees para educadores em geral

interessados em problemas dos escolares e para profissionais que se

aperfeiccediloavam em educaccedilatildeo especial

Segundo Zenicila (2007) No final dos anos 70 inicia-se uma mudanccedila na visatildeo

teoacutericas e praacuteticas das dificuldades de aprendizagem as atividades realizadas

com crianccedilas especiais durante os anos de 1976 a 1977 os educadores da

Escola Movimentos convidaram a psiquiatra e a psicanalista Dra Ameacutelia

Thereza de Moura Vasconcellos para assessorar e supervisionar o trabalho do

grupo

Ampliado esse trabalho em 1998 a Dra Ameacutelia Vasconcellos convidou a

psicanalista Argentina Rachel Soifer para colaborar com a equipe da Escola

Movimento Esta profissional aproximou este grupo da linha teoacuterico-pratico

12desenvolvida pelo professor e psicoacutelogo social argentino Jorge Visca que

passou entatildeo a coordenar grupos de estudos na Escola Movimento abertos

tanto para os professores daquela instituiccedilatildeo quanto para outros profissionais

interessados em se aprofundar nesta aacuterea de conhecimento

Em 1980 realizou-se o primeiro congresso brasileiro piagetiano sob os

auspiacutecios do centro experimental Jean Piaget Este vento foi um marco

importante na historia da psicipedagogia por ter cito um momento privilegiado

de encontro e trocas entre estudiosos da teoria piagetiana inseridos em

diferentes aacutereas de saber e oriundos de diferentes regiotildees do mundo Jorge

Visca tambeacutem este presente e foi grande a sua contribuiccedilatildeo alargando o

conceito de aprendizagem do sujeito

Em 1982 Jorge Visca ministrou o primeiro o curso de teoria e teacutecnica

psicopedagogica a convite da sub-reitoria da Associaccedilatildeo dos Diplomados da

Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em

parceria com a Faculdade de Educaccedilatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica

A Epistemologia convergente passa ser referencial teoacuterico da pratica

psicopedagoacutegica as psicopedagogas Maria Lucia Lemme Weiss e Tacircnia

Coelho iniciaram e supervisionaram um Grupo de Atendimento

Psicopedagogico na UERJ formando por estagiaacuterios do curso de psicologia e

voltado para crianccedilas da comunidade

Zinicola (2007) discorre que ao passa alguns anos o professor Jorge Visca

propocircs a criaccedilatildeo de um centro fundamentado na epstomologia convergente em

nosso Estado Assim surgiu o Centro de Estudos Psicopedagoacutegicos do Estado

13do Rio de Janeiro ndash CEPERJ vinculado ao Buenos Aires - CEP coordenado

por Jorge Visca

O CEPERJ veio a ser o primeiro curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia

no Rio de Janeiro dentro desta nova abordagem

A psicopedagogia desde entatildeo vem se assumindo como disciplina fortalecendo

a identidade profissional do psicopedagogo e se abrindo para novos

conhecimentos

A psicopedagoga Sara Pain e autores como Jan Marie Dolle e Leandro

Lajonquiegravere ampliam a visatildeo teoacuterica da psicopedagogia enfatizando o sujeito

psicopedagogico que aprende

Essa nova compreesatildeo influencia a clinica psicopedagogica e abre espaccedilo

para psicopedagogia na instituiccedilatildeo escolar

Nessa fase tambeacutem a psicopedagogia no Rio de Janeiro foi influenciada pelas

pesquisas de Emilia Ferreiro a respeito da psicogecircnese da liacutengua escrita

possibilitando um maior dialogo dos psicopedagogos com os profissionais da

escola

Na deacutecada de noventa a psicopedagoga Argentina Alicia Fernandez reforccedila a

importacircncia da psicanaacutelise para o sujeito que aprende desmistificando a

proacutepria compreensatildeo da psicanaacutelise e introduzindo a abordagem da dinacircmica

familiar no entendimento dos problemas de aprendizagem

14

Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo

era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico

Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo

Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os

profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e

discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando

o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro

A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em

Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a

ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas

accedilotildees

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea

cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No

Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia

Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento

propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e

enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as

alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que

determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado

individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma

experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que

protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia

15

Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia

deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua

proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada

pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como

processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade

profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por

muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos

diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo

significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional

11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo

da psicopedagogia no Brasil

Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto

projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho

Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia

(wwwabppcombr acessado dia 270809)

O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos

problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar

com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-

repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social

Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da

articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que

considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem

16

Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os

portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em

Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou

instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da

legislaccedilatildeo pertinente

Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo

Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de

alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia

Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia

instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir

profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo

atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como

oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde

encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua

historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando

sua identidade profissional

A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de

um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os

problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista

de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional

1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do

psicopedagogo

17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)

como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado

por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores

entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios

oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando

trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na

clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de

aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas

ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da

profissatildeo

Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da

Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha

sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo

latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo

CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de

2004 do MECSESUdiz que

Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por

instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente

credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(

wwwmecgovbr acessado 270809)

Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas

e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado

em aacutereas profissionais de interesse social

Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para

cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200

horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para

atividades natildeo presenciais

18

Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute

a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos

processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e

tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes

desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp

entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do

psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo

de estudo

Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm

939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado

assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao

Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto

em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do

trabalho

Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a

proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em

psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada

Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave

nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do

projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees

O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda

forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo

Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de

diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por

escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas

nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto

19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia

(wwwABPpcombr acessado dia 200809)

O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a

graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos

de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor

inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior

Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)

em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de

360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de

Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e

outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma

grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em

diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e

institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de

atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial

No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em

niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente

autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente

1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo

O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e

terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das

aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se

20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que

O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem

utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos

didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional

com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis

problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture

(PORTO 2009 p 109)

Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica

docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar

dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo

detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da

dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo

de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo

educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em

grupo

Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de

aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas

orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais

das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais

dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu

tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo

indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia

O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu

saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da

mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de

aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo

hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos

21

No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou

seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos

indiviacuteduos que trabalham na empresa

1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR

A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias

ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se

defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou

esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que

natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em

relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e

amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais

de aprendizagem natildeo satildeo atendidas

De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista

espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos

assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo

escolar

Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade

poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute

o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da

necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem

humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo

prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo

processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos

22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores

nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de

aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme

RUBENSTEIN (1999 ) diz que

Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade

de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando

todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo

(RUBENSTEIN 1999 p 103)

A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a

forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no

processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis

devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no

processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem

Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de

aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na

proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso

Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de

aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar

que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da

psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar

como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de

aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o

desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando

a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece

o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada

momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem

23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem

como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao

psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de

aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a

integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando

processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa

de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua

docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da

proacutepria ensinagem

Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade

escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento

dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico

metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades

ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o

desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de

aprendizagem que estatildeo compatilhando

Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte

() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de

aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas

crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento

mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais

especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes

modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo

de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da

escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as

24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos

na escola

1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA

A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras

alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola

O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave

aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que

desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola

que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou

excluam-se a si mesmos do sistema educacional

O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por

uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma

testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente

agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia

Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta

interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute

fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma

forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o

psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com

profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e

quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido

Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o

seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila

O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma

caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo

25

Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as

quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de

respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus

sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo

expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )

Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre

caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que

se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida

deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que

existe e vive

Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar

as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para

mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar

encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves

2003p 27)

O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove

um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e

aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada

para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado

particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as

coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa

que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo

novos conhecimentos

O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem

julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui

26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para

que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica

1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo

desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua

formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade

A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute

interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo

oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o

tempo de hospitalizaccedilatildeo

Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e

sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de

aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a

outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo

eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as

especialidades

De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem

ser classificadas em

- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas

feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa

de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta

primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e

internaccedilotildees gerais

- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas

27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de

membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das

articulaccedilotildees do quadril miopatias etc

-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de

crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite

tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)

As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras

auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas

ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos

Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam

elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias

Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de

uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada

indiviacuteduo hospitalizado

A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a

idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais

A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente

aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir

entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee

mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa

intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro

quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta

de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o

sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)

Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem

de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir

depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no

niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

6

METODOLOGIA

A presente pesquisa surgiu da preocupaccedilatildeo existente com nossa praacutetica como

educadora e de nossa crenccedila de que cada um constroacutei seus proacuteprios

conhecimentos por meio de estiacutemulos tem justamente o objetivo de fazer uma

abordagem sobre a intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo dentro da instituiccedilatildeo escolar

Este trabalho trata de uma pesquisa bibliograacutefica Os principais autores

utilizados na realizaccedilatildeo desta pesquisa foram

Alicia Fernandez com as ideacuteias e propostas na psicopedagogia da atualidade

Oliacutevia Porto que proporcionou uma analisar a instituiccedilatildeo escolar e suas

relaccedilotildees com uma abordagem reflexiva e criacutetica buscando construir um

espaccedilo que contribua para a reduccedilatildeo do fracasso escolar em nosso paiacutes

Jean Piaget nos indica a construccedilatildeo do saber partindo do conhecimento

menos elaborado para o mais elaboradordquoo conhecimento resulta de uma

interaccedilatildeo entre o sujeito que conhece e o objeto a ser conhecidordquo

Joatildeo Beauclair de forma clara e objetiva colaborou para a construccedilatildeo de uma

visatildeo ampla sobre o que vem a ser a psicopedagogia e seus desdobramentos

conceituais propondo-se a servir como um elemento de novas buscas e

conhecimentos

Levi Vygotsky o sujeito do conhecimento natildeo eacute passivo regulado por forccedilas

externas que o vatildeo moldando natildeo eacute somente ativo e sim interativordquoo

aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e

potildee em movimento vaacuterios processos de desenvolvimento que de outra forma

seriam impossiacutevel de acontecerrdquo

Maria Irene Maluf e Quezia Bombonatto compartilhou experiecircncias de forma

significativa para o desenvolvimento de um olhar voltado para os processos

7que cercam o aprender e o natildeo aprender e artigos para a historia da

psicopedagogia e da ABPp no Brasil

Nadia Aparecida Bossa conhecimentos que se faz necessaacuterio para uma

praacutetica consistente na forma como eacute concebida a psicipedagogia no presente

trabalho

A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em

domiacutenio publico

wwwabppcombr A Regulamentaccedilatildeo e o exerciacutecio da atividade em

psicopedagogia no Brasil Pesquisa sobre a Psicopedagogia noRrio deJjaneiro

Diretrizes Baacutesicas da Formaccedilacirco de Psicopedagogos no Brasil e Eixos

Temaacuteticos para Cursos de Formaccedilatildeo em Psicopedagogia

wwwforumeducacaohpgigcombr Aprendizagens Atraveacutes da Avaliaccedilatildeo

Formativa Utilizando a intervenccedilatildeo na busca de melhores resultados

wwwmecgovbrRelativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensuem

psicopedagogia

wwwpsicopedagogiaonlinecomb Psicopedagogia accedilatildeo e parceria Jogar

Aprendendo Contribuiccedilotildees dos Jogos no Processo de Letramento

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica no processo

de alfabetizaccedilatildeo ganha atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

8

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 09

CAPIacuteTULO I - HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO

DE ALFABETIZACcedilAgraveO 46

CONCLUSAtildeO 54

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

INDICE 65

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 67

9

INTRODUCcedilAtildeO

A Psicopedagogia no Brasil vemcontinuamente discutindo seus fundamentos

e construindo suas ferramentas Como uma aacuterea relativamente nova de

conhecimento traz em si as origens e as diversidades de uma atuaccedilatildeo

interdisciplinar e transdisciplinar possibilitando o desenvolvimento de um

quadro teoacuterico proacuteprio como uma atitude diante do conhecimento que permite

ultrapassar paradigmas

A presente pesquisa que se apresenta com o tema A intervenccedilatildeo do

psicopedagogo no processo de alfabetizaccedilatildeo tem como questatildeo central eacute de

ateacute que ponto o psicopedagogo interveacutem no processo de ensino

aprendizagem de forma preventiva pois o tema sugerido eacute de fundamental

relevacircncia pois tem como finalidade defender a necessidade de adaptar

instrumentos de intervenccedilatildeo teacutecnicas de trabalhos que possam satisfazer a

complexidade das situaccedilotildees que por sua vez mostrem o professor que foge

da sua aacuterea de atuaccedilatildeo e o que pode ser realmente realizado junto com o

psicopedagogo no que se refere a prevenccedilatildeo e o acompanhamento das

dificuldades no processo de ensino aprendizagem partindo da potencialidade

do individuo em sua especificidade e singularidade

Satildeo por tanto os objetivos gerais desta pesquisa eacute de analisar a situaccedilatildeo do

aluno com dificuldade no processo de ensino aprendizagem verificando dentro

do contexto educacional o que interfere nesse processo e o que natildeo contribui

para o avanccedilo do desenvolvimento do aluno com a finalidade de proporcionar

orientaccedilatildeo e instrumentos que permitam modificar o conflito manifestado

10A pesquisa tambeacutem apresenta objetivos especiacuteficos verificar a intervenccedilatildeo

como fator de mediaccedilatildeo entre o processo com o objeto conceituar as diversas

causas do natildeo aprender analisar o erro do aluno como um indicador de como

ele estaacute pensando e como compreende o que foi ensinado refletir sobre

praacutetica pedagoacutegica e analisar o curriacuteculo e a metodologia

A sistematizaccedilatildeo da pesquisa parte da de uma fundamentaccedilatildeo bibliograacutefica

que se embasa em teoacutericos como Beauclair Bossa Fernandez Maluf e

Bombonatto Oliacutevia Piaget Vygostsk entre outros

A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em

domiacutenio publico

O primeiro capitulo apresenta uma breve histoacuterico da psicopedagogia no Rio

de Janeiro a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo no

Brasila formaccedilatildeotitulaccedilatildeo e o reconhecimento

O segundo capitulo discorre sobre o psicopedagogo e a escolar a instituiccedilatildeo

escolar a aprendizagem e sua construccedilatildeo avaliaccedilatildeo e a praacutetica pedagoacutegica

O terceiro capitulo eacute discorrido a importacircncia da intervenccedilatildeo do psicopedagogo

no processo de alfabetizaccedilatildeo o jogo segundo alguns autores o jogo no

contexto psicopedagogico e a intervenccedilatildeo do psicopedagogo junto a famiacutelia

11Com a conclusatildeo da pesquisa espera-se que esta sirva como fonte de estudos

e praacuteticas futuras proporcionando o incentivo de discussotildees quanto aos

desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO

Zenicila ( 2007) discorre que na deacutecada de 70 jaacute se via claramente a

separaccedilatildeo de cursos estudos e publicaccedilotildees para educadores em geral

interessados em problemas dos escolares e para profissionais que se

aperfeiccediloavam em educaccedilatildeo especial

Segundo Zenicila (2007) No final dos anos 70 inicia-se uma mudanccedila na visatildeo

teoacutericas e praacuteticas das dificuldades de aprendizagem as atividades realizadas

com crianccedilas especiais durante os anos de 1976 a 1977 os educadores da

Escola Movimentos convidaram a psiquiatra e a psicanalista Dra Ameacutelia

Thereza de Moura Vasconcellos para assessorar e supervisionar o trabalho do

grupo

Ampliado esse trabalho em 1998 a Dra Ameacutelia Vasconcellos convidou a

psicanalista Argentina Rachel Soifer para colaborar com a equipe da Escola

Movimento Esta profissional aproximou este grupo da linha teoacuterico-pratico

12desenvolvida pelo professor e psicoacutelogo social argentino Jorge Visca que

passou entatildeo a coordenar grupos de estudos na Escola Movimento abertos

tanto para os professores daquela instituiccedilatildeo quanto para outros profissionais

interessados em se aprofundar nesta aacuterea de conhecimento

Em 1980 realizou-se o primeiro congresso brasileiro piagetiano sob os

auspiacutecios do centro experimental Jean Piaget Este vento foi um marco

importante na historia da psicipedagogia por ter cito um momento privilegiado

de encontro e trocas entre estudiosos da teoria piagetiana inseridos em

diferentes aacutereas de saber e oriundos de diferentes regiotildees do mundo Jorge

Visca tambeacutem este presente e foi grande a sua contribuiccedilatildeo alargando o

conceito de aprendizagem do sujeito

Em 1982 Jorge Visca ministrou o primeiro o curso de teoria e teacutecnica

psicopedagogica a convite da sub-reitoria da Associaccedilatildeo dos Diplomados da

Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em

parceria com a Faculdade de Educaccedilatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica

A Epistemologia convergente passa ser referencial teoacuterico da pratica

psicopedagoacutegica as psicopedagogas Maria Lucia Lemme Weiss e Tacircnia

Coelho iniciaram e supervisionaram um Grupo de Atendimento

Psicopedagogico na UERJ formando por estagiaacuterios do curso de psicologia e

voltado para crianccedilas da comunidade

Zinicola (2007) discorre que ao passa alguns anos o professor Jorge Visca

propocircs a criaccedilatildeo de um centro fundamentado na epstomologia convergente em

nosso Estado Assim surgiu o Centro de Estudos Psicopedagoacutegicos do Estado

13do Rio de Janeiro ndash CEPERJ vinculado ao Buenos Aires - CEP coordenado

por Jorge Visca

O CEPERJ veio a ser o primeiro curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia

no Rio de Janeiro dentro desta nova abordagem

A psicopedagogia desde entatildeo vem se assumindo como disciplina fortalecendo

a identidade profissional do psicopedagogo e se abrindo para novos

conhecimentos

A psicopedagoga Sara Pain e autores como Jan Marie Dolle e Leandro

Lajonquiegravere ampliam a visatildeo teoacuterica da psicopedagogia enfatizando o sujeito

psicopedagogico que aprende

Essa nova compreesatildeo influencia a clinica psicopedagogica e abre espaccedilo

para psicopedagogia na instituiccedilatildeo escolar

Nessa fase tambeacutem a psicopedagogia no Rio de Janeiro foi influenciada pelas

pesquisas de Emilia Ferreiro a respeito da psicogecircnese da liacutengua escrita

possibilitando um maior dialogo dos psicopedagogos com os profissionais da

escola

Na deacutecada de noventa a psicopedagoga Argentina Alicia Fernandez reforccedila a

importacircncia da psicanaacutelise para o sujeito que aprende desmistificando a

proacutepria compreensatildeo da psicanaacutelise e introduzindo a abordagem da dinacircmica

familiar no entendimento dos problemas de aprendizagem

14

Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo

era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico

Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo

Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os

profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e

discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando

o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro

A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em

Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a

ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas

accedilotildees

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea

cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No

Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia

Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento

propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e

enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as

alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que

determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado

individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma

experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que

protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia

15

Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia

deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua

proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada

pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como

processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade

profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por

muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos

diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo

significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional

11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo

da psicopedagogia no Brasil

Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto

projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho

Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia

(wwwabppcombr acessado dia 270809)

O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos

problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar

com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-

repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social

Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da

articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que

considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem

16

Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os

portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em

Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou

instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da

legislaccedilatildeo pertinente

Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo

Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de

alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia

Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia

instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir

profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo

atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como

oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde

encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua

historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando

sua identidade profissional

A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de

um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os

problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista

de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional

1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do

psicopedagogo

17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)

como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado

por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores

entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios

oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando

trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na

clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de

aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas

ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da

profissatildeo

Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da

Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha

sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo

latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo

CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de

2004 do MECSESUdiz que

Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por

instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente

credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(

wwwmecgovbr acessado 270809)

Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas

e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado

em aacutereas profissionais de interesse social

Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para

cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200

horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para

atividades natildeo presenciais

18

Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute

a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos

processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e

tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes

desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp

entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do

psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo

de estudo

Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm

939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado

assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao

Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto

em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do

trabalho

Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a

proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em

psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada

Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave

nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do

projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees

O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda

forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo

Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de

diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por

escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas

nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto

19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia

(wwwABPpcombr acessado dia 200809)

O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a

graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos

de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor

inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior

Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)

em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de

360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de

Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e

outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma

grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em

diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e

institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de

atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial

No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em

niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente

autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente

1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo

O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e

terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das

aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se

20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que

O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem

utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos

didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional

com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis

problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture

(PORTO 2009 p 109)

Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica

docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar

dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo

detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da

dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo

de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo

educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em

grupo

Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de

aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas

orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais

das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais

dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu

tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo

indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia

O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu

saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da

mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de

aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo

hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos

21

No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou

seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos

indiviacuteduos que trabalham na empresa

1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR

A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias

ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se

defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou

esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que

natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em

relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e

amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais

de aprendizagem natildeo satildeo atendidas

De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista

espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos

assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo

escolar

Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade

poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute

o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da

necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem

humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo

prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo

processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos

22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores

nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de

aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme

RUBENSTEIN (1999 ) diz que

Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade

de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando

todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo

(RUBENSTEIN 1999 p 103)

A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a

forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no

processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis

devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no

processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem

Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de

aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na

proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso

Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de

aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar

que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da

psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar

como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de

aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o

desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando

a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece

o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada

momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem

23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem

como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao

psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de

aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a

integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando

processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa

de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua

docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da

proacutepria ensinagem

Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade

escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento

dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico

metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades

ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o

desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de

aprendizagem que estatildeo compatilhando

Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte

() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de

aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas

crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento

mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais

especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes

modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo

de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da

escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as

24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos

na escola

1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA

A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras

alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola

O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave

aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que

desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola

que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou

excluam-se a si mesmos do sistema educacional

O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por

uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma

testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente

agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia

Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta

interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute

fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma

forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o

psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com

profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e

quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido

Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o

seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila

O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma

caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo

25

Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as

quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de

respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus

sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo

expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )

Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre

caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que

se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida

deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que

existe e vive

Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar

as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para

mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar

encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves

2003p 27)

O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove

um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e

aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada

para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado

particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as

coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa

que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo

novos conhecimentos

O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem

julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui

26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para

que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica

1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo

desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua

formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade

A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute

interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo

oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o

tempo de hospitalizaccedilatildeo

Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e

sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de

aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a

outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo

eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as

especialidades

De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem

ser classificadas em

- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas

feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa

de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta

primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e

internaccedilotildees gerais

- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas

27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de

membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das

articulaccedilotildees do quadril miopatias etc

-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de

crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite

tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)

As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras

auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas

ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos

Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam

elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias

Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de

uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada

indiviacuteduo hospitalizado

A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a

idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais

A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente

aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir

entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee

mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa

intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro

quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta

de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o

sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)

Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem

de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir

depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no

niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

BIBLIOGRAFIA

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wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009

65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

7que cercam o aprender e o natildeo aprender e artigos para a historia da

psicopedagogia e da ABPp no Brasil

Nadia Aparecida Bossa conhecimentos que se faz necessaacuterio para uma

praacutetica consistente na forma como eacute concebida a psicipedagogia no presente

trabalho

A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em

domiacutenio publico

wwwabppcombr A Regulamentaccedilatildeo e o exerciacutecio da atividade em

psicopedagogia no Brasil Pesquisa sobre a Psicopedagogia noRrio deJjaneiro

Diretrizes Baacutesicas da Formaccedilacirco de Psicopedagogos no Brasil e Eixos

Temaacuteticos para Cursos de Formaccedilatildeo em Psicopedagogia

wwwforumeducacaohpgigcombr Aprendizagens Atraveacutes da Avaliaccedilatildeo

Formativa Utilizando a intervenccedilatildeo na busca de melhores resultados

wwwmecgovbrRelativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensuem

psicopedagogia

wwwpsicopedagogiaonlinecomb Psicopedagogia accedilatildeo e parceria Jogar

Aprendendo Contribuiccedilotildees dos Jogos no Processo de Letramento

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica no processo

de alfabetizaccedilatildeo ganha atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

8

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 09

CAPIacuteTULO I - HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO

DE ALFABETIZACcedilAgraveO 46

CONCLUSAtildeO 54

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

INDICE 65

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 67

9

INTRODUCcedilAtildeO

A Psicopedagogia no Brasil vemcontinuamente discutindo seus fundamentos

e construindo suas ferramentas Como uma aacuterea relativamente nova de

conhecimento traz em si as origens e as diversidades de uma atuaccedilatildeo

interdisciplinar e transdisciplinar possibilitando o desenvolvimento de um

quadro teoacuterico proacuteprio como uma atitude diante do conhecimento que permite

ultrapassar paradigmas

A presente pesquisa que se apresenta com o tema A intervenccedilatildeo do

psicopedagogo no processo de alfabetizaccedilatildeo tem como questatildeo central eacute de

ateacute que ponto o psicopedagogo interveacutem no processo de ensino

aprendizagem de forma preventiva pois o tema sugerido eacute de fundamental

relevacircncia pois tem como finalidade defender a necessidade de adaptar

instrumentos de intervenccedilatildeo teacutecnicas de trabalhos que possam satisfazer a

complexidade das situaccedilotildees que por sua vez mostrem o professor que foge

da sua aacuterea de atuaccedilatildeo e o que pode ser realmente realizado junto com o

psicopedagogo no que se refere a prevenccedilatildeo e o acompanhamento das

dificuldades no processo de ensino aprendizagem partindo da potencialidade

do individuo em sua especificidade e singularidade

Satildeo por tanto os objetivos gerais desta pesquisa eacute de analisar a situaccedilatildeo do

aluno com dificuldade no processo de ensino aprendizagem verificando dentro

do contexto educacional o que interfere nesse processo e o que natildeo contribui

para o avanccedilo do desenvolvimento do aluno com a finalidade de proporcionar

orientaccedilatildeo e instrumentos que permitam modificar o conflito manifestado

10A pesquisa tambeacutem apresenta objetivos especiacuteficos verificar a intervenccedilatildeo

como fator de mediaccedilatildeo entre o processo com o objeto conceituar as diversas

causas do natildeo aprender analisar o erro do aluno como um indicador de como

ele estaacute pensando e como compreende o que foi ensinado refletir sobre

praacutetica pedagoacutegica e analisar o curriacuteculo e a metodologia

A sistematizaccedilatildeo da pesquisa parte da de uma fundamentaccedilatildeo bibliograacutefica

que se embasa em teoacutericos como Beauclair Bossa Fernandez Maluf e

Bombonatto Oliacutevia Piaget Vygostsk entre outros

A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em

domiacutenio publico

O primeiro capitulo apresenta uma breve histoacuterico da psicopedagogia no Rio

de Janeiro a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo no

Brasila formaccedilatildeotitulaccedilatildeo e o reconhecimento

O segundo capitulo discorre sobre o psicopedagogo e a escolar a instituiccedilatildeo

escolar a aprendizagem e sua construccedilatildeo avaliaccedilatildeo e a praacutetica pedagoacutegica

O terceiro capitulo eacute discorrido a importacircncia da intervenccedilatildeo do psicopedagogo

no processo de alfabetizaccedilatildeo o jogo segundo alguns autores o jogo no

contexto psicopedagogico e a intervenccedilatildeo do psicopedagogo junto a famiacutelia

11Com a conclusatildeo da pesquisa espera-se que esta sirva como fonte de estudos

e praacuteticas futuras proporcionando o incentivo de discussotildees quanto aos

desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO

Zenicila ( 2007) discorre que na deacutecada de 70 jaacute se via claramente a

separaccedilatildeo de cursos estudos e publicaccedilotildees para educadores em geral

interessados em problemas dos escolares e para profissionais que se

aperfeiccediloavam em educaccedilatildeo especial

Segundo Zenicila (2007) No final dos anos 70 inicia-se uma mudanccedila na visatildeo

teoacutericas e praacuteticas das dificuldades de aprendizagem as atividades realizadas

com crianccedilas especiais durante os anos de 1976 a 1977 os educadores da

Escola Movimentos convidaram a psiquiatra e a psicanalista Dra Ameacutelia

Thereza de Moura Vasconcellos para assessorar e supervisionar o trabalho do

grupo

Ampliado esse trabalho em 1998 a Dra Ameacutelia Vasconcellos convidou a

psicanalista Argentina Rachel Soifer para colaborar com a equipe da Escola

Movimento Esta profissional aproximou este grupo da linha teoacuterico-pratico

12desenvolvida pelo professor e psicoacutelogo social argentino Jorge Visca que

passou entatildeo a coordenar grupos de estudos na Escola Movimento abertos

tanto para os professores daquela instituiccedilatildeo quanto para outros profissionais

interessados em se aprofundar nesta aacuterea de conhecimento

Em 1980 realizou-se o primeiro congresso brasileiro piagetiano sob os

auspiacutecios do centro experimental Jean Piaget Este vento foi um marco

importante na historia da psicipedagogia por ter cito um momento privilegiado

de encontro e trocas entre estudiosos da teoria piagetiana inseridos em

diferentes aacutereas de saber e oriundos de diferentes regiotildees do mundo Jorge

Visca tambeacutem este presente e foi grande a sua contribuiccedilatildeo alargando o

conceito de aprendizagem do sujeito

Em 1982 Jorge Visca ministrou o primeiro o curso de teoria e teacutecnica

psicopedagogica a convite da sub-reitoria da Associaccedilatildeo dos Diplomados da

Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em

parceria com a Faculdade de Educaccedilatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica

A Epistemologia convergente passa ser referencial teoacuterico da pratica

psicopedagoacutegica as psicopedagogas Maria Lucia Lemme Weiss e Tacircnia

Coelho iniciaram e supervisionaram um Grupo de Atendimento

Psicopedagogico na UERJ formando por estagiaacuterios do curso de psicologia e

voltado para crianccedilas da comunidade

Zinicola (2007) discorre que ao passa alguns anos o professor Jorge Visca

propocircs a criaccedilatildeo de um centro fundamentado na epstomologia convergente em

nosso Estado Assim surgiu o Centro de Estudos Psicopedagoacutegicos do Estado

13do Rio de Janeiro ndash CEPERJ vinculado ao Buenos Aires - CEP coordenado

por Jorge Visca

O CEPERJ veio a ser o primeiro curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia

no Rio de Janeiro dentro desta nova abordagem

A psicopedagogia desde entatildeo vem se assumindo como disciplina fortalecendo

a identidade profissional do psicopedagogo e se abrindo para novos

conhecimentos

A psicopedagoga Sara Pain e autores como Jan Marie Dolle e Leandro

Lajonquiegravere ampliam a visatildeo teoacuterica da psicopedagogia enfatizando o sujeito

psicopedagogico que aprende

Essa nova compreesatildeo influencia a clinica psicopedagogica e abre espaccedilo

para psicopedagogia na instituiccedilatildeo escolar

Nessa fase tambeacutem a psicopedagogia no Rio de Janeiro foi influenciada pelas

pesquisas de Emilia Ferreiro a respeito da psicogecircnese da liacutengua escrita

possibilitando um maior dialogo dos psicopedagogos com os profissionais da

escola

Na deacutecada de noventa a psicopedagoga Argentina Alicia Fernandez reforccedila a

importacircncia da psicanaacutelise para o sujeito que aprende desmistificando a

proacutepria compreensatildeo da psicanaacutelise e introduzindo a abordagem da dinacircmica

familiar no entendimento dos problemas de aprendizagem

14

Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo

era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico

Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo

Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os

profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e

discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando

o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro

A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em

Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a

ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas

accedilotildees

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea

cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No

Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia

Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento

propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e

enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as

alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que

determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado

individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma

experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que

protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia

15

Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia

deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua

proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada

pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como

processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade

profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por

muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos

diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo

significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional

11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo

da psicopedagogia no Brasil

Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto

projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho

Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia

(wwwabppcombr acessado dia 270809)

O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos

problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar

com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-

repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social

Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da

articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que

considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem

16

Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os

portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em

Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou

instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da

legislaccedilatildeo pertinente

Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo

Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de

alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia

Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia

instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir

profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo

atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como

oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde

encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua

historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando

sua identidade profissional

A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de

um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os

problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista

de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional

1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do

psicopedagogo

17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)

como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado

por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores

entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios

oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando

trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na

clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de

aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas

ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da

profissatildeo

Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da

Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha

sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo

latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo

CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de

2004 do MECSESUdiz que

Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por

instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente

credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(

wwwmecgovbr acessado 270809)

Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas

e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado

em aacutereas profissionais de interesse social

Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para

cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200

horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para

atividades natildeo presenciais

18

Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute

a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos

processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e

tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes

desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp

entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do

psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo

de estudo

Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm

939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado

assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao

Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto

em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do

trabalho

Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a

proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em

psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada

Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave

nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do

projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees

O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda

forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo

Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de

diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por

escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas

nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto

19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia

(wwwABPpcombr acessado dia 200809)

O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a

graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos

de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor

inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior

Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)

em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de

360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de

Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e

outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma

grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em

diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e

institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de

atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial

No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em

niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente

autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente

1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo

O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e

terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das

aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se

20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que

O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem

utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos

didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional

com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis

problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture

(PORTO 2009 p 109)

Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica

docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar

dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo

detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da

dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo

de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo

educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em

grupo

Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de

aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas

orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais

das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais

dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu

tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo

indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia

O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu

saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da

mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de

aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo

hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos

21

No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou

seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos

indiviacuteduos que trabalham na empresa

1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR

A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias

ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se

defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou

esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que

natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em

relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e

amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais

de aprendizagem natildeo satildeo atendidas

De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista

espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos

assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo

escolar

Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade

poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute

o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da

necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem

humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo

prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo

processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos

22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores

nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de

aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme

RUBENSTEIN (1999 ) diz que

Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade

de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando

todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo

(RUBENSTEIN 1999 p 103)

A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a

forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no

processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis

devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no

processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem

Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de

aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na

proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso

Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de

aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar

que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da

psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar

como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de

aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o

desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando

a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece

o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada

momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem

23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem

como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao

psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de

aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a

integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando

processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa

de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua

docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da

proacutepria ensinagem

Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade

escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento

dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico

metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades

ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o

desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de

aprendizagem que estatildeo compatilhando

Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte

() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de

aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas

crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento

mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais

especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes

modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo

de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da

escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as

24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos

na escola

1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA

A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras

alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola

O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave

aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que

desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola

que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou

excluam-se a si mesmos do sistema educacional

O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por

uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma

testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente

agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia

Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta

interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute

fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma

forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o

psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com

profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e

quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido

Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o

seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila

O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma

caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo

25

Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as

quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de

respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus

sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo

expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )

Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre

caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que

se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida

deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que

existe e vive

Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar

as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para

mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar

encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves

2003p 27)

O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove

um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e

aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada

para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado

particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as

coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa

que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo

novos conhecimentos

O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem

julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui

26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para

que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica

1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo

desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua

formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade

A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute

interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo

oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o

tempo de hospitalizaccedilatildeo

Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e

sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de

aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a

outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo

eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as

especialidades

De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem

ser classificadas em

- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas

feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa

de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta

primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e

internaccedilotildees gerais

- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas

27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de

membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das

articulaccedilotildees do quadril miopatias etc

-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de

crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite

tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)

As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras

auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas

ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos

Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam

elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias

Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de

uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada

indiviacuteduo hospitalizado

A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a

idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais

A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente

aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir

entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee

mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa

intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro

quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta

de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o

sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)

Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem

de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir

depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no

niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

8

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 09

CAPIacuteTULO I - HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO

DE ALFABETIZACcedilAgraveO 46

CONCLUSAtildeO 54

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

INDICE 65

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 67

9

INTRODUCcedilAtildeO

A Psicopedagogia no Brasil vemcontinuamente discutindo seus fundamentos

e construindo suas ferramentas Como uma aacuterea relativamente nova de

conhecimento traz em si as origens e as diversidades de uma atuaccedilatildeo

interdisciplinar e transdisciplinar possibilitando o desenvolvimento de um

quadro teoacuterico proacuteprio como uma atitude diante do conhecimento que permite

ultrapassar paradigmas

A presente pesquisa que se apresenta com o tema A intervenccedilatildeo do

psicopedagogo no processo de alfabetizaccedilatildeo tem como questatildeo central eacute de

ateacute que ponto o psicopedagogo interveacutem no processo de ensino

aprendizagem de forma preventiva pois o tema sugerido eacute de fundamental

relevacircncia pois tem como finalidade defender a necessidade de adaptar

instrumentos de intervenccedilatildeo teacutecnicas de trabalhos que possam satisfazer a

complexidade das situaccedilotildees que por sua vez mostrem o professor que foge

da sua aacuterea de atuaccedilatildeo e o que pode ser realmente realizado junto com o

psicopedagogo no que se refere a prevenccedilatildeo e o acompanhamento das

dificuldades no processo de ensino aprendizagem partindo da potencialidade

do individuo em sua especificidade e singularidade

Satildeo por tanto os objetivos gerais desta pesquisa eacute de analisar a situaccedilatildeo do

aluno com dificuldade no processo de ensino aprendizagem verificando dentro

do contexto educacional o que interfere nesse processo e o que natildeo contribui

para o avanccedilo do desenvolvimento do aluno com a finalidade de proporcionar

orientaccedilatildeo e instrumentos que permitam modificar o conflito manifestado

10A pesquisa tambeacutem apresenta objetivos especiacuteficos verificar a intervenccedilatildeo

como fator de mediaccedilatildeo entre o processo com o objeto conceituar as diversas

causas do natildeo aprender analisar o erro do aluno como um indicador de como

ele estaacute pensando e como compreende o que foi ensinado refletir sobre

praacutetica pedagoacutegica e analisar o curriacuteculo e a metodologia

A sistematizaccedilatildeo da pesquisa parte da de uma fundamentaccedilatildeo bibliograacutefica

que se embasa em teoacutericos como Beauclair Bossa Fernandez Maluf e

Bombonatto Oliacutevia Piaget Vygostsk entre outros

A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em

domiacutenio publico

O primeiro capitulo apresenta uma breve histoacuterico da psicopedagogia no Rio

de Janeiro a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo no

Brasila formaccedilatildeotitulaccedilatildeo e o reconhecimento

O segundo capitulo discorre sobre o psicopedagogo e a escolar a instituiccedilatildeo

escolar a aprendizagem e sua construccedilatildeo avaliaccedilatildeo e a praacutetica pedagoacutegica

O terceiro capitulo eacute discorrido a importacircncia da intervenccedilatildeo do psicopedagogo

no processo de alfabetizaccedilatildeo o jogo segundo alguns autores o jogo no

contexto psicopedagogico e a intervenccedilatildeo do psicopedagogo junto a famiacutelia

11Com a conclusatildeo da pesquisa espera-se que esta sirva como fonte de estudos

e praacuteticas futuras proporcionando o incentivo de discussotildees quanto aos

desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO

Zenicila ( 2007) discorre que na deacutecada de 70 jaacute se via claramente a

separaccedilatildeo de cursos estudos e publicaccedilotildees para educadores em geral

interessados em problemas dos escolares e para profissionais que se

aperfeiccediloavam em educaccedilatildeo especial

Segundo Zenicila (2007) No final dos anos 70 inicia-se uma mudanccedila na visatildeo

teoacutericas e praacuteticas das dificuldades de aprendizagem as atividades realizadas

com crianccedilas especiais durante os anos de 1976 a 1977 os educadores da

Escola Movimentos convidaram a psiquiatra e a psicanalista Dra Ameacutelia

Thereza de Moura Vasconcellos para assessorar e supervisionar o trabalho do

grupo

Ampliado esse trabalho em 1998 a Dra Ameacutelia Vasconcellos convidou a

psicanalista Argentina Rachel Soifer para colaborar com a equipe da Escola

Movimento Esta profissional aproximou este grupo da linha teoacuterico-pratico

12desenvolvida pelo professor e psicoacutelogo social argentino Jorge Visca que

passou entatildeo a coordenar grupos de estudos na Escola Movimento abertos

tanto para os professores daquela instituiccedilatildeo quanto para outros profissionais

interessados em se aprofundar nesta aacuterea de conhecimento

Em 1980 realizou-se o primeiro congresso brasileiro piagetiano sob os

auspiacutecios do centro experimental Jean Piaget Este vento foi um marco

importante na historia da psicipedagogia por ter cito um momento privilegiado

de encontro e trocas entre estudiosos da teoria piagetiana inseridos em

diferentes aacutereas de saber e oriundos de diferentes regiotildees do mundo Jorge

Visca tambeacutem este presente e foi grande a sua contribuiccedilatildeo alargando o

conceito de aprendizagem do sujeito

Em 1982 Jorge Visca ministrou o primeiro o curso de teoria e teacutecnica

psicopedagogica a convite da sub-reitoria da Associaccedilatildeo dos Diplomados da

Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em

parceria com a Faculdade de Educaccedilatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica

A Epistemologia convergente passa ser referencial teoacuterico da pratica

psicopedagoacutegica as psicopedagogas Maria Lucia Lemme Weiss e Tacircnia

Coelho iniciaram e supervisionaram um Grupo de Atendimento

Psicopedagogico na UERJ formando por estagiaacuterios do curso de psicologia e

voltado para crianccedilas da comunidade

Zinicola (2007) discorre que ao passa alguns anos o professor Jorge Visca

propocircs a criaccedilatildeo de um centro fundamentado na epstomologia convergente em

nosso Estado Assim surgiu o Centro de Estudos Psicopedagoacutegicos do Estado

13do Rio de Janeiro ndash CEPERJ vinculado ao Buenos Aires - CEP coordenado

por Jorge Visca

O CEPERJ veio a ser o primeiro curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia

no Rio de Janeiro dentro desta nova abordagem

A psicopedagogia desde entatildeo vem se assumindo como disciplina fortalecendo

a identidade profissional do psicopedagogo e se abrindo para novos

conhecimentos

A psicopedagoga Sara Pain e autores como Jan Marie Dolle e Leandro

Lajonquiegravere ampliam a visatildeo teoacuterica da psicopedagogia enfatizando o sujeito

psicopedagogico que aprende

Essa nova compreesatildeo influencia a clinica psicopedagogica e abre espaccedilo

para psicopedagogia na instituiccedilatildeo escolar

Nessa fase tambeacutem a psicopedagogia no Rio de Janeiro foi influenciada pelas

pesquisas de Emilia Ferreiro a respeito da psicogecircnese da liacutengua escrita

possibilitando um maior dialogo dos psicopedagogos com os profissionais da

escola

Na deacutecada de noventa a psicopedagoga Argentina Alicia Fernandez reforccedila a

importacircncia da psicanaacutelise para o sujeito que aprende desmistificando a

proacutepria compreensatildeo da psicanaacutelise e introduzindo a abordagem da dinacircmica

familiar no entendimento dos problemas de aprendizagem

14

Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo

era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico

Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo

Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os

profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e

discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando

o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro

A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em

Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a

ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas

accedilotildees

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea

cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No

Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia

Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento

propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e

enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as

alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que

determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado

individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma

experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que

protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia

15

Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia

deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua

proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada

pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como

processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade

profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por

muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos

diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo

significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional

11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo

da psicopedagogia no Brasil

Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto

projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho

Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia

(wwwabppcombr acessado dia 270809)

O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos

problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar

com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-

repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social

Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da

articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que

considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem

16

Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os

portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em

Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou

instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da

legislaccedilatildeo pertinente

Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo

Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de

alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia

Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia

instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir

profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo

atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como

oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde

encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua

historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando

sua identidade profissional

A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de

um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os

problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista

de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional

1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do

psicopedagogo

17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)

como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado

por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores

entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios

oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando

trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na

clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de

aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas

ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da

profissatildeo

Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da

Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha

sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo

latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo

CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de

2004 do MECSESUdiz que

Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por

instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente

credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(

wwwmecgovbr acessado 270809)

Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas

e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado

em aacutereas profissionais de interesse social

Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para

cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200

horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para

atividades natildeo presenciais

18

Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute

a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos

processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e

tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes

desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp

entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do

psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo

de estudo

Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm

939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado

assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao

Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto

em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do

trabalho

Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a

proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em

psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada

Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave

nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do

projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees

O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda

forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo

Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de

diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por

escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas

nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto

19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia

(wwwABPpcombr acessado dia 200809)

O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a

graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos

de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor

inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior

Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)

em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de

360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de

Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e

outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma

grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em

diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e

institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de

atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial

No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em

niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente

autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente

1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo

O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e

terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das

aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se

20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que

O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem

utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos

didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional

com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis

problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture

(PORTO 2009 p 109)

Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica

docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar

dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo

detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da

dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo

de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo

educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em

grupo

Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de

aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas

orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais

das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais

dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu

tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo

indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia

O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu

saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da

mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de

aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo

hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos

21

No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou

seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos

indiviacuteduos que trabalham na empresa

1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR

A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias

ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se

defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou

esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que

natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em

relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e

amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais

de aprendizagem natildeo satildeo atendidas

De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista

espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos

assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo

escolar

Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade

poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute

o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da

necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem

humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo

prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo

processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos

22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores

nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de

aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme

RUBENSTEIN (1999 ) diz que

Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade

de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando

todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo

(RUBENSTEIN 1999 p 103)

A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a

forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no

processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis

devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no

processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem

Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de

aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na

proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso

Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de

aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar

que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da

psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar

como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de

aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o

desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando

a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece

o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada

momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem

23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem

como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao

psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de

aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a

integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando

processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa

de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua

docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da

proacutepria ensinagem

Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade

escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento

dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico

metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades

ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o

desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de

aprendizagem que estatildeo compatilhando

Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte

() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de

aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas

crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento

mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais

especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes

modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo

de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da

escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as

24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos

na escola

1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA

A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras

alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola

O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave

aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que

desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola

que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou

excluam-se a si mesmos do sistema educacional

O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por

uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma

testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente

agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia

Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta

interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute

fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma

forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o

psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com

profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e

quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido

Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o

seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila

O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma

caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo

25

Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as

quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de

respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus

sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo

expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )

Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre

caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que

se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida

deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que

existe e vive

Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar

as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para

mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar

encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves

2003p 27)

O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove

um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e

aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada

para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado

particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as

coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa

que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo

novos conhecimentos

O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem

julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui

26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para

que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica

1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo

desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua

formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade

A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute

interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo

oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o

tempo de hospitalizaccedilatildeo

Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e

sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de

aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a

outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo

eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as

especialidades

De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem

ser classificadas em

- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas

feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa

de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta

primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e

internaccedilotildees gerais

- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas

27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de

membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das

articulaccedilotildees do quadril miopatias etc

-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de

crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite

tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)

As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras

auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas

ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos

Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam

elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias

Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de

uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada

indiviacuteduo hospitalizado

A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a

idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais

A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente

aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir

entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee

mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa

intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro

quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta

de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o

sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)

Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem

de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir

depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no

niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

9

INTRODUCcedilAtildeO

A Psicopedagogia no Brasil vemcontinuamente discutindo seus fundamentos

e construindo suas ferramentas Como uma aacuterea relativamente nova de

conhecimento traz em si as origens e as diversidades de uma atuaccedilatildeo

interdisciplinar e transdisciplinar possibilitando o desenvolvimento de um

quadro teoacuterico proacuteprio como uma atitude diante do conhecimento que permite

ultrapassar paradigmas

A presente pesquisa que se apresenta com o tema A intervenccedilatildeo do

psicopedagogo no processo de alfabetizaccedilatildeo tem como questatildeo central eacute de

ateacute que ponto o psicopedagogo interveacutem no processo de ensino

aprendizagem de forma preventiva pois o tema sugerido eacute de fundamental

relevacircncia pois tem como finalidade defender a necessidade de adaptar

instrumentos de intervenccedilatildeo teacutecnicas de trabalhos que possam satisfazer a

complexidade das situaccedilotildees que por sua vez mostrem o professor que foge

da sua aacuterea de atuaccedilatildeo e o que pode ser realmente realizado junto com o

psicopedagogo no que se refere a prevenccedilatildeo e o acompanhamento das

dificuldades no processo de ensino aprendizagem partindo da potencialidade

do individuo em sua especificidade e singularidade

Satildeo por tanto os objetivos gerais desta pesquisa eacute de analisar a situaccedilatildeo do

aluno com dificuldade no processo de ensino aprendizagem verificando dentro

do contexto educacional o que interfere nesse processo e o que natildeo contribui

para o avanccedilo do desenvolvimento do aluno com a finalidade de proporcionar

orientaccedilatildeo e instrumentos que permitam modificar o conflito manifestado

10A pesquisa tambeacutem apresenta objetivos especiacuteficos verificar a intervenccedilatildeo

como fator de mediaccedilatildeo entre o processo com o objeto conceituar as diversas

causas do natildeo aprender analisar o erro do aluno como um indicador de como

ele estaacute pensando e como compreende o que foi ensinado refletir sobre

praacutetica pedagoacutegica e analisar o curriacuteculo e a metodologia

A sistematizaccedilatildeo da pesquisa parte da de uma fundamentaccedilatildeo bibliograacutefica

que se embasa em teoacutericos como Beauclair Bossa Fernandez Maluf e

Bombonatto Oliacutevia Piaget Vygostsk entre outros

A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em

domiacutenio publico

O primeiro capitulo apresenta uma breve histoacuterico da psicopedagogia no Rio

de Janeiro a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo no

Brasila formaccedilatildeotitulaccedilatildeo e o reconhecimento

O segundo capitulo discorre sobre o psicopedagogo e a escolar a instituiccedilatildeo

escolar a aprendizagem e sua construccedilatildeo avaliaccedilatildeo e a praacutetica pedagoacutegica

O terceiro capitulo eacute discorrido a importacircncia da intervenccedilatildeo do psicopedagogo

no processo de alfabetizaccedilatildeo o jogo segundo alguns autores o jogo no

contexto psicopedagogico e a intervenccedilatildeo do psicopedagogo junto a famiacutelia

11Com a conclusatildeo da pesquisa espera-se que esta sirva como fonte de estudos

e praacuteticas futuras proporcionando o incentivo de discussotildees quanto aos

desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO

Zenicila ( 2007) discorre que na deacutecada de 70 jaacute se via claramente a

separaccedilatildeo de cursos estudos e publicaccedilotildees para educadores em geral

interessados em problemas dos escolares e para profissionais que se

aperfeiccediloavam em educaccedilatildeo especial

Segundo Zenicila (2007) No final dos anos 70 inicia-se uma mudanccedila na visatildeo

teoacutericas e praacuteticas das dificuldades de aprendizagem as atividades realizadas

com crianccedilas especiais durante os anos de 1976 a 1977 os educadores da

Escola Movimentos convidaram a psiquiatra e a psicanalista Dra Ameacutelia

Thereza de Moura Vasconcellos para assessorar e supervisionar o trabalho do

grupo

Ampliado esse trabalho em 1998 a Dra Ameacutelia Vasconcellos convidou a

psicanalista Argentina Rachel Soifer para colaborar com a equipe da Escola

Movimento Esta profissional aproximou este grupo da linha teoacuterico-pratico

12desenvolvida pelo professor e psicoacutelogo social argentino Jorge Visca que

passou entatildeo a coordenar grupos de estudos na Escola Movimento abertos

tanto para os professores daquela instituiccedilatildeo quanto para outros profissionais

interessados em se aprofundar nesta aacuterea de conhecimento

Em 1980 realizou-se o primeiro congresso brasileiro piagetiano sob os

auspiacutecios do centro experimental Jean Piaget Este vento foi um marco

importante na historia da psicipedagogia por ter cito um momento privilegiado

de encontro e trocas entre estudiosos da teoria piagetiana inseridos em

diferentes aacutereas de saber e oriundos de diferentes regiotildees do mundo Jorge

Visca tambeacutem este presente e foi grande a sua contribuiccedilatildeo alargando o

conceito de aprendizagem do sujeito

Em 1982 Jorge Visca ministrou o primeiro o curso de teoria e teacutecnica

psicopedagogica a convite da sub-reitoria da Associaccedilatildeo dos Diplomados da

Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em

parceria com a Faculdade de Educaccedilatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica

A Epistemologia convergente passa ser referencial teoacuterico da pratica

psicopedagoacutegica as psicopedagogas Maria Lucia Lemme Weiss e Tacircnia

Coelho iniciaram e supervisionaram um Grupo de Atendimento

Psicopedagogico na UERJ formando por estagiaacuterios do curso de psicologia e

voltado para crianccedilas da comunidade

Zinicola (2007) discorre que ao passa alguns anos o professor Jorge Visca

propocircs a criaccedilatildeo de um centro fundamentado na epstomologia convergente em

nosso Estado Assim surgiu o Centro de Estudos Psicopedagoacutegicos do Estado

13do Rio de Janeiro ndash CEPERJ vinculado ao Buenos Aires - CEP coordenado

por Jorge Visca

O CEPERJ veio a ser o primeiro curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia

no Rio de Janeiro dentro desta nova abordagem

A psicopedagogia desde entatildeo vem se assumindo como disciplina fortalecendo

a identidade profissional do psicopedagogo e se abrindo para novos

conhecimentos

A psicopedagoga Sara Pain e autores como Jan Marie Dolle e Leandro

Lajonquiegravere ampliam a visatildeo teoacuterica da psicopedagogia enfatizando o sujeito

psicopedagogico que aprende

Essa nova compreesatildeo influencia a clinica psicopedagogica e abre espaccedilo

para psicopedagogia na instituiccedilatildeo escolar

Nessa fase tambeacutem a psicopedagogia no Rio de Janeiro foi influenciada pelas

pesquisas de Emilia Ferreiro a respeito da psicogecircnese da liacutengua escrita

possibilitando um maior dialogo dos psicopedagogos com os profissionais da

escola

Na deacutecada de noventa a psicopedagoga Argentina Alicia Fernandez reforccedila a

importacircncia da psicanaacutelise para o sujeito que aprende desmistificando a

proacutepria compreensatildeo da psicanaacutelise e introduzindo a abordagem da dinacircmica

familiar no entendimento dos problemas de aprendizagem

14

Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo

era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico

Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo

Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os

profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e

discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando

o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro

A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em

Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a

ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas

accedilotildees

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea

cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No

Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia

Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento

propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e

enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as

alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que

determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado

individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma

experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que

protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia

15

Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia

deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua

proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada

pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como

processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade

profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por

muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos

diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo

significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional

11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo

da psicopedagogia no Brasil

Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto

projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho

Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia

(wwwabppcombr acessado dia 270809)

O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos

problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar

com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-

repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social

Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da

articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que

considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem

16

Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os

portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em

Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou

instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da

legislaccedilatildeo pertinente

Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo

Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de

alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia

Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia

instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir

profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo

atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como

oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde

encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua

historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando

sua identidade profissional

A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de

um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os

problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista

de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional

1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do

psicopedagogo

17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)

como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado

por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores

entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios

oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando

trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na

clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de

aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas

ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da

profissatildeo

Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da

Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha

sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo

latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo

CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de

2004 do MECSESUdiz que

Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por

instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente

credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(

wwwmecgovbr acessado 270809)

Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas

e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado

em aacutereas profissionais de interesse social

Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para

cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200

horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para

atividades natildeo presenciais

18

Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute

a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos

processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e

tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes

desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp

entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do

psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo

de estudo

Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm

939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado

assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao

Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto

em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do

trabalho

Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a

proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em

psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada

Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave

nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do

projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees

O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda

forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo

Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de

diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por

escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas

nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto

19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia

(wwwABPpcombr acessado dia 200809)

O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a

graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos

de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor

inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior

Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)

em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de

360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de

Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e

outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma

grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em

diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e

institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de

atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial

No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em

niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente

autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente

1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo

O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e

terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das

aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se

20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que

O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem

utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos

didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional

com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis

problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture

(PORTO 2009 p 109)

Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica

docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar

dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo

detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da

dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo

de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo

educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em

grupo

Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de

aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas

orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais

das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais

dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu

tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo

indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia

O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu

saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da

mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de

aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo

hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos

21

No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou

seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos

indiviacuteduos que trabalham na empresa

1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR

A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias

ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se

defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou

esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que

natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em

relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e

amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais

de aprendizagem natildeo satildeo atendidas

De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista

espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos

assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo

escolar

Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade

poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute

o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da

necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem

humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo

prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo

processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos

22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores

nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de

aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme

RUBENSTEIN (1999 ) diz que

Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade

de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando

todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo

(RUBENSTEIN 1999 p 103)

A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a

forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no

processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis

devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no

processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem

Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de

aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na

proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso

Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de

aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar

que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da

psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar

como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de

aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o

desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando

a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece

o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada

momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem

23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem

como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao

psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de

aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a

integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando

processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa

de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua

docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da

proacutepria ensinagem

Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade

escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento

dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico

metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades

ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o

desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de

aprendizagem que estatildeo compatilhando

Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte

() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de

aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas

crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento

mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais

especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes

modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo

de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da

escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as

24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos

na escola

1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA

A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras

alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola

O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave

aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que

desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola

que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou

excluam-se a si mesmos do sistema educacional

O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por

uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma

testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente

agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia

Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta

interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute

fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma

forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o

psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com

profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e

quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido

Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o

seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila

O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma

caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo

25

Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as

quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de

respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus

sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo

expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )

Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre

caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que

se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida

deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que

existe e vive

Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar

as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para

mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar

encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves

2003p 27)

O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove

um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e

aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada

para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado

particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as

coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa

que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo

novos conhecimentos

O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem

julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui

26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para

que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica

1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo

desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua

formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade

A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute

interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo

oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o

tempo de hospitalizaccedilatildeo

Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e

sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de

aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a

outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo

eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as

especialidades

De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem

ser classificadas em

- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas

feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa

de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta

primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e

internaccedilotildees gerais

- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas

27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de

membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das

articulaccedilotildees do quadril miopatias etc

-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de

crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite

tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)

As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras

auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas

ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos

Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam

elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias

Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de

uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada

indiviacuteduo hospitalizado

A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a

idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais

A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente

aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir

entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee

mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa

intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro

quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta

de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o

sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)

Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem

de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir

depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no

niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009

65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

10A pesquisa tambeacutem apresenta objetivos especiacuteficos verificar a intervenccedilatildeo

como fator de mediaccedilatildeo entre o processo com o objeto conceituar as diversas

causas do natildeo aprender analisar o erro do aluno como um indicador de como

ele estaacute pensando e como compreende o que foi ensinado refletir sobre

praacutetica pedagoacutegica e analisar o curriacuteculo e a metodologia

A sistematizaccedilatildeo da pesquisa parte da de uma fundamentaccedilatildeo bibliograacutefica

que se embasa em teoacutericos como Beauclair Bossa Fernandez Maluf e

Bombonatto Oliacutevia Piaget Vygostsk entre outros

A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em

domiacutenio publico

O primeiro capitulo apresenta uma breve histoacuterico da psicopedagogia no Rio

de Janeiro a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo no

Brasila formaccedilatildeotitulaccedilatildeo e o reconhecimento

O segundo capitulo discorre sobre o psicopedagogo e a escolar a instituiccedilatildeo

escolar a aprendizagem e sua construccedilatildeo avaliaccedilatildeo e a praacutetica pedagoacutegica

O terceiro capitulo eacute discorrido a importacircncia da intervenccedilatildeo do psicopedagogo

no processo de alfabetizaccedilatildeo o jogo segundo alguns autores o jogo no

contexto psicopedagogico e a intervenccedilatildeo do psicopedagogo junto a famiacutelia

11Com a conclusatildeo da pesquisa espera-se que esta sirva como fonte de estudos

e praacuteticas futuras proporcionando o incentivo de discussotildees quanto aos

desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO

Zenicila ( 2007) discorre que na deacutecada de 70 jaacute se via claramente a

separaccedilatildeo de cursos estudos e publicaccedilotildees para educadores em geral

interessados em problemas dos escolares e para profissionais que se

aperfeiccediloavam em educaccedilatildeo especial

Segundo Zenicila (2007) No final dos anos 70 inicia-se uma mudanccedila na visatildeo

teoacutericas e praacuteticas das dificuldades de aprendizagem as atividades realizadas

com crianccedilas especiais durante os anos de 1976 a 1977 os educadores da

Escola Movimentos convidaram a psiquiatra e a psicanalista Dra Ameacutelia

Thereza de Moura Vasconcellos para assessorar e supervisionar o trabalho do

grupo

Ampliado esse trabalho em 1998 a Dra Ameacutelia Vasconcellos convidou a

psicanalista Argentina Rachel Soifer para colaborar com a equipe da Escola

Movimento Esta profissional aproximou este grupo da linha teoacuterico-pratico

12desenvolvida pelo professor e psicoacutelogo social argentino Jorge Visca que

passou entatildeo a coordenar grupos de estudos na Escola Movimento abertos

tanto para os professores daquela instituiccedilatildeo quanto para outros profissionais

interessados em se aprofundar nesta aacuterea de conhecimento

Em 1980 realizou-se o primeiro congresso brasileiro piagetiano sob os

auspiacutecios do centro experimental Jean Piaget Este vento foi um marco

importante na historia da psicipedagogia por ter cito um momento privilegiado

de encontro e trocas entre estudiosos da teoria piagetiana inseridos em

diferentes aacutereas de saber e oriundos de diferentes regiotildees do mundo Jorge

Visca tambeacutem este presente e foi grande a sua contribuiccedilatildeo alargando o

conceito de aprendizagem do sujeito

Em 1982 Jorge Visca ministrou o primeiro o curso de teoria e teacutecnica

psicopedagogica a convite da sub-reitoria da Associaccedilatildeo dos Diplomados da

Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em

parceria com a Faculdade de Educaccedilatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica

A Epistemologia convergente passa ser referencial teoacuterico da pratica

psicopedagoacutegica as psicopedagogas Maria Lucia Lemme Weiss e Tacircnia

Coelho iniciaram e supervisionaram um Grupo de Atendimento

Psicopedagogico na UERJ formando por estagiaacuterios do curso de psicologia e

voltado para crianccedilas da comunidade

Zinicola (2007) discorre que ao passa alguns anos o professor Jorge Visca

propocircs a criaccedilatildeo de um centro fundamentado na epstomologia convergente em

nosso Estado Assim surgiu o Centro de Estudos Psicopedagoacutegicos do Estado

13do Rio de Janeiro ndash CEPERJ vinculado ao Buenos Aires - CEP coordenado

por Jorge Visca

O CEPERJ veio a ser o primeiro curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia

no Rio de Janeiro dentro desta nova abordagem

A psicopedagogia desde entatildeo vem se assumindo como disciplina fortalecendo

a identidade profissional do psicopedagogo e se abrindo para novos

conhecimentos

A psicopedagoga Sara Pain e autores como Jan Marie Dolle e Leandro

Lajonquiegravere ampliam a visatildeo teoacuterica da psicopedagogia enfatizando o sujeito

psicopedagogico que aprende

Essa nova compreesatildeo influencia a clinica psicopedagogica e abre espaccedilo

para psicopedagogia na instituiccedilatildeo escolar

Nessa fase tambeacutem a psicopedagogia no Rio de Janeiro foi influenciada pelas

pesquisas de Emilia Ferreiro a respeito da psicogecircnese da liacutengua escrita

possibilitando um maior dialogo dos psicopedagogos com os profissionais da

escola

Na deacutecada de noventa a psicopedagoga Argentina Alicia Fernandez reforccedila a

importacircncia da psicanaacutelise para o sujeito que aprende desmistificando a

proacutepria compreensatildeo da psicanaacutelise e introduzindo a abordagem da dinacircmica

familiar no entendimento dos problemas de aprendizagem

14

Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo

era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico

Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo

Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os

profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e

discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando

o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro

A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em

Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a

ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas

accedilotildees

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea

cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No

Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia

Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento

propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e

enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as

alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que

determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado

individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma

experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que

protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia

15

Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia

deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua

proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada

pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como

processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade

profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por

muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos

diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo

significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional

11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo

da psicopedagogia no Brasil

Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto

projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho

Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia

(wwwabppcombr acessado dia 270809)

O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos

problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar

com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-

repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social

Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da

articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que

considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem

16

Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os

portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em

Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou

instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da

legislaccedilatildeo pertinente

Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo

Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de

alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia

Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia

instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir

profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo

atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como

oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde

encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua

historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando

sua identidade profissional

A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de

um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os

problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista

de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional

1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do

psicopedagogo

17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)

como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado

por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores

entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios

oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando

trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na

clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de

aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas

ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da

profissatildeo

Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da

Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha

sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo

latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo

CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de

2004 do MECSESUdiz que

Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por

instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente

credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(

wwwmecgovbr acessado 270809)

Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas

e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado

em aacutereas profissionais de interesse social

Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para

cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200

horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para

atividades natildeo presenciais

18

Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute

a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos

processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e

tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes

desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp

entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do

psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo

de estudo

Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm

939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado

assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao

Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto

em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do

trabalho

Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a

proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em

psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada

Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave

nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do

projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees

O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda

forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo

Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de

diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por

escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas

nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto

19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia

(wwwABPpcombr acessado dia 200809)

O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a

graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos

de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor

inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior

Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)

em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de

360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de

Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e

outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma

grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em

diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e

institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de

atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial

No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em

niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente

autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente

1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo

O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e

terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das

aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se

20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que

O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem

utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos

didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional

com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis

problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture

(PORTO 2009 p 109)

Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica

docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar

dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo

detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da

dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo

de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo

educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em

grupo

Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de

aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas

orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais

das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais

dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu

tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo

indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia

O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu

saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da

mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de

aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo

hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos

21

No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou

seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos

indiviacuteduos que trabalham na empresa

1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR

A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias

ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se

defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou

esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que

natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em

relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e

amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais

de aprendizagem natildeo satildeo atendidas

De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista

espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos

assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo

escolar

Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade

poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute

o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da

necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem

humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo

prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo

processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos

22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores

nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de

aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme

RUBENSTEIN (1999 ) diz que

Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade

de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando

todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo

(RUBENSTEIN 1999 p 103)

A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a

forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no

processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis

devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no

processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem

Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de

aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na

proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso

Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de

aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar

que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da

psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar

como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de

aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o

desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando

a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece

o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada

momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem

23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem

como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao

psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de

aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a

integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando

processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa

de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua

docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da

proacutepria ensinagem

Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade

escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento

dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico

metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades

ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o

desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de

aprendizagem que estatildeo compatilhando

Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte

() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de

aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas

crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento

mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais

especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes

modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo

de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da

escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as

24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos

na escola

1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA

A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras

alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola

O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave

aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que

desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola

que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou

excluam-se a si mesmos do sistema educacional

O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por

uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma

testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente

agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia

Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta

interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute

fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma

forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o

psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com

profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e

quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido

Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o

seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila

O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma

caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo

25

Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as

quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de

respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus

sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo

expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )

Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre

caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que

se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida

deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que

existe e vive

Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar

as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para

mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar

encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves

2003p 27)

O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove

um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e

aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada

para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado

particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as

coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa

que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo

novos conhecimentos

O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem

julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui

26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para

que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica

1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo

desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua

formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade

A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute

interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo

oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o

tempo de hospitalizaccedilatildeo

Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e

sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de

aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a

outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo

eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as

especialidades

De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem

ser classificadas em

- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas

feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa

de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta

primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e

internaccedilotildees gerais

- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas

27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de

membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das

articulaccedilotildees do quadril miopatias etc

-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de

crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite

tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)

As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras

auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas

ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos

Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam

elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias

Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de

uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada

indiviacuteduo hospitalizado

A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a

idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais

A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente

aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir

entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee

mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa

intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro

quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta

de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o

sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)

Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem

de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir

depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no

niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

11Com a conclusatildeo da pesquisa espera-se que esta sirva como fonte de estudos

e praacuteticas futuras proporcionando o incentivo de discussotildees quanto aos

desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO

Zenicila ( 2007) discorre que na deacutecada de 70 jaacute se via claramente a

separaccedilatildeo de cursos estudos e publicaccedilotildees para educadores em geral

interessados em problemas dos escolares e para profissionais que se

aperfeiccediloavam em educaccedilatildeo especial

Segundo Zenicila (2007) No final dos anos 70 inicia-se uma mudanccedila na visatildeo

teoacutericas e praacuteticas das dificuldades de aprendizagem as atividades realizadas

com crianccedilas especiais durante os anos de 1976 a 1977 os educadores da

Escola Movimentos convidaram a psiquiatra e a psicanalista Dra Ameacutelia

Thereza de Moura Vasconcellos para assessorar e supervisionar o trabalho do

grupo

Ampliado esse trabalho em 1998 a Dra Ameacutelia Vasconcellos convidou a

psicanalista Argentina Rachel Soifer para colaborar com a equipe da Escola

Movimento Esta profissional aproximou este grupo da linha teoacuterico-pratico

12desenvolvida pelo professor e psicoacutelogo social argentino Jorge Visca que

passou entatildeo a coordenar grupos de estudos na Escola Movimento abertos

tanto para os professores daquela instituiccedilatildeo quanto para outros profissionais

interessados em se aprofundar nesta aacuterea de conhecimento

Em 1980 realizou-se o primeiro congresso brasileiro piagetiano sob os

auspiacutecios do centro experimental Jean Piaget Este vento foi um marco

importante na historia da psicipedagogia por ter cito um momento privilegiado

de encontro e trocas entre estudiosos da teoria piagetiana inseridos em

diferentes aacutereas de saber e oriundos de diferentes regiotildees do mundo Jorge

Visca tambeacutem este presente e foi grande a sua contribuiccedilatildeo alargando o

conceito de aprendizagem do sujeito

Em 1982 Jorge Visca ministrou o primeiro o curso de teoria e teacutecnica

psicopedagogica a convite da sub-reitoria da Associaccedilatildeo dos Diplomados da

Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em

parceria com a Faculdade de Educaccedilatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica

A Epistemologia convergente passa ser referencial teoacuterico da pratica

psicopedagoacutegica as psicopedagogas Maria Lucia Lemme Weiss e Tacircnia

Coelho iniciaram e supervisionaram um Grupo de Atendimento

Psicopedagogico na UERJ formando por estagiaacuterios do curso de psicologia e

voltado para crianccedilas da comunidade

Zinicola (2007) discorre que ao passa alguns anos o professor Jorge Visca

propocircs a criaccedilatildeo de um centro fundamentado na epstomologia convergente em

nosso Estado Assim surgiu o Centro de Estudos Psicopedagoacutegicos do Estado

13do Rio de Janeiro ndash CEPERJ vinculado ao Buenos Aires - CEP coordenado

por Jorge Visca

O CEPERJ veio a ser o primeiro curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia

no Rio de Janeiro dentro desta nova abordagem

A psicopedagogia desde entatildeo vem se assumindo como disciplina fortalecendo

a identidade profissional do psicopedagogo e se abrindo para novos

conhecimentos

A psicopedagoga Sara Pain e autores como Jan Marie Dolle e Leandro

Lajonquiegravere ampliam a visatildeo teoacuterica da psicopedagogia enfatizando o sujeito

psicopedagogico que aprende

Essa nova compreesatildeo influencia a clinica psicopedagogica e abre espaccedilo

para psicopedagogia na instituiccedilatildeo escolar

Nessa fase tambeacutem a psicopedagogia no Rio de Janeiro foi influenciada pelas

pesquisas de Emilia Ferreiro a respeito da psicogecircnese da liacutengua escrita

possibilitando um maior dialogo dos psicopedagogos com os profissionais da

escola

Na deacutecada de noventa a psicopedagoga Argentina Alicia Fernandez reforccedila a

importacircncia da psicanaacutelise para o sujeito que aprende desmistificando a

proacutepria compreensatildeo da psicanaacutelise e introduzindo a abordagem da dinacircmica

familiar no entendimento dos problemas de aprendizagem

14

Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo

era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico

Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo

Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os

profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e

discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando

o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro

A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em

Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a

ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas

accedilotildees

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea

cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No

Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia

Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento

propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e

enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as

alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que

determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado

individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma

experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que

protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia

15

Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia

deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua

proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada

pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como

processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade

profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por

muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos

diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo

significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional

11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo

da psicopedagogia no Brasil

Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto

projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho

Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia

(wwwabppcombr acessado dia 270809)

O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos

problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar

com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-

repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social

Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da

articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que

considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem

16

Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os

portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em

Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou

instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da

legislaccedilatildeo pertinente

Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo

Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de

alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia

Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia

instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir

profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo

atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como

oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde

encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua

historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando

sua identidade profissional

A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de

um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os

problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista

de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional

1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do

psicopedagogo

17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)

como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado

por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores

entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios

oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando

trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na

clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de

aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas

ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da

profissatildeo

Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da

Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha

sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo

latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo

CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de

2004 do MECSESUdiz que

Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por

instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente

credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(

wwwmecgovbr acessado 270809)

Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas

e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado

em aacutereas profissionais de interesse social

Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para

cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200

horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para

atividades natildeo presenciais

18

Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute

a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos

processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e

tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes

desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp

entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do

psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo

de estudo

Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm

939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado

assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao

Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto

em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do

trabalho

Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a

proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em

psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada

Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave

nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do

projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees

O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda

forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo

Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de

diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por

escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas

nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto

19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia

(wwwABPpcombr acessado dia 200809)

O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a

graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos

de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor

inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior

Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)

em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de

360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de

Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e

outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma

grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em

diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e

institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de

atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial

No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em

niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente

autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente

1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo

O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e

terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das

aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se

20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que

O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem

utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos

didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional

com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis

problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture

(PORTO 2009 p 109)

Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica

docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar

dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo

detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da

dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo

de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo

educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em

grupo

Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de

aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas

orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais

das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais

dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu

tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo

indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia

O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu

saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da

mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de

aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo

hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos

21

No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou

seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos

indiviacuteduos que trabalham na empresa

1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR

A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias

ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se

defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou

esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que

natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em

relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e

amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais

de aprendizagem natildeo satildeo atendidas

De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista

espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos

assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo

escolar

Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade

poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute

o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da

necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem

humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo

prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo

processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos

22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores

nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de

aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme

RUBENSTEIN (1999 ) diz que

Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade

de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando

todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo

(RUBENSTEIN 1999 p 103)

A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a

forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no

processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis

devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no

processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem

Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de

aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na

proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso

Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de

aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar

que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da

psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar

como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de

aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o

desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando

a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece

o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada

momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem

23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem

como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao

psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de

aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a

integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando

processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa

de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua

docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da

proacutepria ensinagem

Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade

escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento

dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico

metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades

ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o

desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de

aprendizagem que estatildeo compatilhando

Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte

() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de

aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas

crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento

mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais

especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes

modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo

de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da

escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as

24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos

na escola

1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA

A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras

alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola

O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave

aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que

desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola

que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou

excluam-se a si mesmos do sistema educacional

O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por

uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma

testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente

agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia

Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta

interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute

fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma

forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o

psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com

profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e

quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido

Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o

seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila

O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma

caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo

25

Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as

quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de

respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus

sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo

expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )

Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre

caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que

se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida

deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que

existe e vive

Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar

as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para

mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar

encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves

2003p 27)

O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove

um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e

aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada

para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado

particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as

coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa

que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo

novos conhecimentos

O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem

julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui

26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para

que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica

1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo

desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua

formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade

A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute

interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo

oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o

tempo de hospitalizaccedilatildeo

Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e

sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de

aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a

outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo

eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as

especialidades

De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem

ser classificadas em

- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas

feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa

de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta

primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e

internaccedilotildees gerais

- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas

27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de

membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das

articulaccedilotildees do quadril miopatias etc

-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de

crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite

tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)

As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras

auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas

ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos

Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam

elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias

Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de

uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada

indiviacuteduo hospitalizado

A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a

idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais

A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente

aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir

entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee

mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa

intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro

quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta

de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o

sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)

Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem

de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir

depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no

niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

12desenvolvida pelo professor e psicoacutelogo social argentino Jorge Visca que

passou entatildeo a coordenar grupos de estudos na Escola Movimento abertos

tanto para os professores daquela instituiccedilatildeo quanto para outros profissionais

interessados em se aprofundar nesta aacuterea de conhecimento

Em 1980 realizou-se o primeiro congresso brasileiro piagetiano sob os

auspiacutecios do centro experimental Jean Piaget Este vento foi um marco

importante na historia da psicipedagogia por ter cito um momento privilegiado

de encontro e trocas entre estudiosos da teoria piagetiana inseridos em

diferentes aacutereas de saber e oriundos de diferentes regiotildees do mundo Jorge

Visca tambeacutem este presente e foi grande a sua contribuiccedilatildeo alargando o

conceito de aprendizagem do sujeito

Em 1982 Jorge Visca ministrou o primeiro o curso de teoria e teacutecnica

psicopedagogica a convite da sub-reitoria da Associaccedilatildeo dos Diplomados da

Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em

parceria com a Faculdade de Educaccedilatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica

A Epistemologia convergente passa ser referencial teoacuterico da pratica

psicopedagoacutegica as psicopedagogas Maria Lucia Lemme Weiss e Tacircnia

Coelho iniciaram e supervisionaram um Grupo de Atendimento

Psicopedagogico na UERJ formando por estagiaacuterios do curso de psicologia e

voltado para crianccedilas da comunidade

Zinicola (2007) discorre que ao passa alguns anos o professor Jorge Visca

propocircs a criaccedilatildeo de um centro fundamentado na epstomologia convergente em

nosso Estado Assim surgiu o Centro de Estudos Psicopedagoacutegicos do Estado

13do Rio de Janeiro ndash CEPERJ vinculado ao Buenos Aires - CEP coordenado

por Jorge Visca

O CEPERJ veio a ser o primeiro curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia

no Rio de Janeiro dentro desta nova abordagem

A psicopedagogia desde entatildeo vem se assumindo como disciplina fortalecendo

a identidade profissional do psicopedagogo e se abrindo para novos

conhecimentos

A psicopedagoga Sara Pain e autores como Jan Marie Dolle e Leandro

Lajonquiegravere ampliam a visatildeo teoacuterica da psicopedagogia enfatizando o sujeito

psicopedagogico que aprende

Essa nova compreesatildeo influencia a clinica psicopedagogica e abre espaccedilo

para psicopedagogia na instituiccedilatildeo escolar

Nessa fase tambeacutem a psicopedagogia no Rio de Janeiro foi influenciada pelas

pesquisas de Emilia Ferreiro a respeito da psicogecircnese da liacutengua escrita

possibilitando um maior dialogo dos psicopedagogos com os profissionais da

escola

Na deacutecada de noventa a psicopedagoga Argentina Alicia Fernandez reforccedila a

importacircncia da psicanaacutelise para o sujeito que aprende desmistificando a

proacutepria compreensatildeo da psicanaacutelise e introduzindo a abordagem da dinacircmica

familiar no entendimento dos problemas de aprendizagem

14

Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo

era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico

Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo

Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os

profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e

discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando

o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro

A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em

Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a

ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas

accedilotildees

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea

cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No

Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia

Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento

propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e

enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as

alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que

determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado

individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma

experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que

protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia

15

Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia

deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua

proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada

pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como

processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade

profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por

muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos

diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo

significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional

11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo

da psicopedagogia no Brasil

Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto

projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho

Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia

(wwwabppcombr acessado dia 270809)

O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos

problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar

com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-

repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social

Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da

articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que

considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem

16

Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os

portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em

Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou

instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da

legislaccedilatildeo pertinente

Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo

Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de

alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia

Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia

instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir

profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo

atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como

oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde

encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua

historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando

sua identidade profissional

A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de

um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os

problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista

de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional

1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do

psicopedagogo

17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)

como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado

por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores

entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios

oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando

trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na

clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de

aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas

ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da

profissatildeo

Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da

Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha

sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo

latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo

CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de

2004 do MECSESUdiz que

Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por

instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente

credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(

wwwmecgovbr acessado 270809)

Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas

e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado

em aacutereas profissionais de interesse social

Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para

cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200

horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para

atividades natildeo presenciais

18

Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute

a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos

processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e

tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes

desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp

entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do

psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo

de estudo

Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm

939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado

assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao

Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto

em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do

trabalho

Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a

proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em

psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada

Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave

nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do

projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees

O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda

forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo

Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de

diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por

escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas

nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto

19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia

(wwwABPpcombr acessado dia 200809)

O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a

graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos

de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor

inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior

Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)

em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de

360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de

Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e

outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma

grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em

diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e

institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de

atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial

No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em

niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente

autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente

1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo

O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e

terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das

aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se

20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que

O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem

utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos

didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional

com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis

problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture

(PORTO 2009 p 109)

Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica

docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar

dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo

detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da

dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo

de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo

educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em

grupo

Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de

aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas

orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais

das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais

dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu

tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo

indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia

O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu

saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da

mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de

aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo

hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos

21

No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou

seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos

indiviacuteduos que trabalham na empresa

1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR

A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias

ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se

defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou

esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que

natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em

relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e

amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais

de aprendizagem natildeo satildeo atendidas

De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista

espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos

assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo

escolar

Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade

poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute

o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da

necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem

humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo

prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo

processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos

22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores

nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de

aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme

RUBENSTEIN (1999 ) diz que

Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade

de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando

todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo

(RUBENSTEIN 1999 p 103)

A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a

forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no

processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis

devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no

processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem

Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de

aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na

proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso

Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de

aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar

que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da

psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar

como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de

aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o

desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando

a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece

o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada

momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem

23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem

como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao

psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de

aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a

integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando

processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa

de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua

docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da

proacutepria ensinagem

Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade

escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento

dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico

metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades

ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o

desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de

aprendizagem que estatildeo compatilhando

Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte

() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de

aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas

crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento

mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais

especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes

modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo

de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da

escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as

24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos

na escola

1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA

A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras

alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola

O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave

aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que

desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola

que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou

excluam-se a si mesmos do sistema educacional

O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por

uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma

testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente

agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia

Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta

interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute

fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma

forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o

psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com

profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e

quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido

Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o

seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila

O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma

caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo

25

Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as

quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de

respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus

sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo

expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )

Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre

caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que

se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida

deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que

existe e vive

Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar

as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para

mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar

encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves

2003p 27)

O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove

um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e

aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada

para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado

particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as

coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa

que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo

novos conhecimentos

O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem

julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui

26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para

que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica

1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo

desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua

formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade

A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute

interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo

oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o

tempo de hospitalizaccedilatildeo

Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e

sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de

aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a

outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo

eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as

especialidades

De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem

ser classificadas em

- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas

feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa

de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta

primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e

internaccedilotildees gerais

- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas

27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de

membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das

articulaccedilotildees do quadril miopatias etc

-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de

crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite

tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)

As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras

auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas

ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos

Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam

elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias

Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de

uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada

indiviacuteduo hospitalizado

A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a

idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais

A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente

aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir

entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee

mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa

intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro

quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta

de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o

sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)

Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem

de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir

depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no

niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

13do Rio de Janeiro ndash CEPERJ vinculado ao Buenos Aires - CEP coordenado

por Jorge Visca

O CEPERJ veio a ser o primeiro curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia

no Rio de Janeiro dentro desta nova abordagem

A psicopedagogia desde entatildeo vem se assumindo como disciplina fortalecendo

a identidade profissional do psicopedagogo e se abrindo para novos

conhecimentos

A psicopedagoga Sara Pain e autores como Jan Marie Dolle e Leandro

Lajonquiegravere ampliam a visatildeo teoacuterica da psicopedagogia enfatizando o sujeito

psicopedagogico que aprende

Essa nova compreesatildeo influencia a clinica psicopedagogica e abre espaccedilo

para psicopedagogia na instituiccedilatildeo escolar

Nessa fase tambeacutem a psicopedagogia no Rio de Janeiro foi influenciada pelas

pesquisas de Emilia Ferreiro a respeito da psicogecircnese da liacutengua escrita

possibilitando um maior dialogo dos psicopedagogos com os profissionais da

escola

Na deacutecada de noventa a psicopedagoga Argentina Alicia Fernandez reforccedila a

importacircncia da psicanaacutelise para o sujeito que aprende desmistificando a

proacutepria compreensatildeo da psicanaacutelise e introduzindo a abordagem da dinacircmica

familiar no entendimento dos problemas de aprendizagem

14

Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo

era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico

Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo

Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os

profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e

discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando

o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro

A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em

Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a

ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas

accedilotildees

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea

cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No

Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia

Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento

propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e

enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as

alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que

determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado

individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma

experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que

protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia

15

Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia

deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua

proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada

pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como

processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade

profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por

muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos

diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo

significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional

11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo

da psicopedagogia no Brasil

Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto

projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho

Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia

(wwwabppcombr acessado dia 270809)

O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos

problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar

com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-

repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social

Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da

articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que

considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem

16

Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os

portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em

Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou

instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da

legislaccedilatildeo pertinente

Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo

Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de

alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia

Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia

instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir

profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo

atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como

oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde

encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua

historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando

sua identidade profissional

A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de

um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os

problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista

de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional

1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do

psicopedagogo

17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)

como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado

por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores

entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios

oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando

trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na

clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de

aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas

ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da

profissatildeo

Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da

Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha

sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo

latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo

CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de

2004 do MECSESUdiz que

Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por

instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente

credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(

wwwmecgovbr acessado 270809)

Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas

e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado

em aacutereas profissionais de interesse social

Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para

cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200

horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para

atividades natildeo presenciais

18

Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute

a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos

processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e

tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes

desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp

entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do

psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo

de estudo

Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm

939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado

assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao

Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto

em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do

trabalho

Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a

proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em

psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada

Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave

nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do

projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees

O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda

forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo

Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de

diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por

escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas

nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto

19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia

(wwwABPpcombr acessado dia 200809)

O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a

graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos

de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor

inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior

Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)

em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de

360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de

Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e

outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma

grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em

diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e

institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de

atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial

No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em

niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente

autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente

1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo

O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e

terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das

aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se

20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que

O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem

utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos

didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional

com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis

problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture

(PORTO 2009 p 109)

Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica

docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar

dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo

detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da

dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo

de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo

educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em

grupo

Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de

aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas

orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais

das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais

dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu

tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo

indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia

O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu

saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da

mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de

aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo

hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos

21

No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou

seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos

indiviacuteduos que trabalham na empresa

1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR

A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias

ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se

defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou

esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que

natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em

relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e

amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais

de aprendizagem natildeo satildeo atendidas

De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista

espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos

assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo

escolar

Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade

poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute

o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da

necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem

humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo

prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo

processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos

22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores

nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de

aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme

RUBENSTEIN (1999 ) diz que

Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade

de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando

todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo

(RUBENSTEIN 1999 p 103)

A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a

forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no

processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis

devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no

processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem

Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de

aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na

proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso

Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de

aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar

que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da

psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar

como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de

aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o

desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando

a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece

o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada

momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem

23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem

como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao

psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de

aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a

integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando

processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa

de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua

docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da

proacutepria ensinagem

Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade

escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento

dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico

metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades

ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o

desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de

aprendizagem que estatildeo compatilhando

Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte

() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de

aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas

crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento

mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais

especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes

modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo

de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da

escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as

24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos

na escola

1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA

A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras

alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola

O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave

aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que

desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola

que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou

excluam-se a si mesmos do sistema educacional

O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por

uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma

testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente

agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia

Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta

interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute

fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma

forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o

psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com

profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e

quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido

Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o

seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila

O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma

caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo

25

Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as

quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de

respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus

sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo

expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )

Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre

caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que

se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida

deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que

existe e vive

Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar

as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para

mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar

encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves

2003p 27)

O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove

um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e

aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada

para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado

particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as

coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa

que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo

novos conhecimentos

O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem

julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui

26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para

que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica

1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo

desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua

formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade

A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute

interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo

oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o

tempo de hospitalizaccedilatildeo

Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e

sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de

aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a

outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo

eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as

especialidades

De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem

ser classificadas em

- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas

feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa

de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta

primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e

internaccedilotildees gerais

- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas

27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de

membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das

articulaccedilotildees do quadril miopatias etc

-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de

crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite

tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)

As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras

auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas

ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos

Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam

elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias

Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de

uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada

indiviacuteduo hospitalizado

A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a

idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais

A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente

aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir

entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee

mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa

intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro

quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta

de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o

sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)

Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem

de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir

depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no

niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

14

Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo

era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico

Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo

Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os

profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e

discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando

o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro

A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em

Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a

ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas

accedilotildees

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea

cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No

Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia

Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento

propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e

enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as

alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que

determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado

individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma

experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que

protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia

15

Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia

deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua

proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada

pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como

processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade

profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por

muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos

diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo

significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional

11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo

da psicopedagogia no Brasil

Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto

projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho

Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia

(wwwabppcombr acessado dia 270809)

O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos

problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar

com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-

repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social

Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da

articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que

considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem

16

Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os

portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em

Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou

instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da

legislaccedilatildeo pertinente

Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo

Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de

alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia

Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia

instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir

profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo

atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como

oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde

encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua

historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando

sua identidade profissional

A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de

um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os

problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista

de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional

1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do

psicopedagogo

17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)

como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado

por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores

entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios

oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando

trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na

clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de

aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas

ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da

profissatildeo

Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da

Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha

sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo

latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo

CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de

2004 do MECSESUdiz que

Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por

instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente

credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(

wwwmecgovbr acessado 270809)

Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas

e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado

em aacutereas profissionais de interesse social

Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para

cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200

horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para

atividades natildeo presenciais

18

Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute

a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos

processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e

tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes

desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp

entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do

psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo

de estudo

Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm

939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado

assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao

Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto

em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do

trabalho

Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a

proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em

psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada

Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave

nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do

projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees

O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda

forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo

Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de

diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por

escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas

nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto

19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia

(wwwABPpcombr acessado dia 200809)

O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a

graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos

de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor

inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior

Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)

em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de

360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de

Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e

outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma

grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em

diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e

institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de

atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial

No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em

niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente

autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente

1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo

O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e

terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das

aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se

20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que

O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem

utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos

didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional

com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis

problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture

(PORTO 2009 p 109)

Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica

docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar

dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo

detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da

dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo

de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo

educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em

grupo

Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de

aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas

orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais

das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais

dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu

tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo

indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia

O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu

saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da

mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de

aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo

hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos

21

No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou

seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos

indiviacuteduos que trabalham na empresa

1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR

A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias

ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se

defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou

esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que

natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em

relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e

amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais

de aprendizagem natildeo satildeo atendidas

De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista

espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos

assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo

escolar

Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade

poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute

o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da

necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem

humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo

prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo

processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos

22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores

nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de

aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme

RUBENSTEIN (1999 ) diz que

Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade

de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando

todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo

(RUBENSTEIN 1999 p 103)

A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a

forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no

processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis

devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no

processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem

Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de

aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na

proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso

Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de

aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar

que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da

psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar

como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de

aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o

desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando

a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece

o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada

momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem

23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem

como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao

psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de

aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a

integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando

processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa

de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua

docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da

proacutepria ensinagem

Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade

escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento

dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico

metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades

ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o

desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de

aprendizagem que estatildeo compatilhando

Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte

() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de

aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas

crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento

mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais

especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes

modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo

de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da

escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as

24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos

na escola

1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA

A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras

alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola

O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave

aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que

desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola

que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou

excluam-se a si mesmos do sistema educacional

O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por

uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma

testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente

agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia

Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta

interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute

fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma

forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o

psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com

profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e

quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido

Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o

seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila

O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma

caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo

25

Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as

quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de

respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus

sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo

expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )

Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre

caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que

se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida

deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que

existe e vive

Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar

as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para

mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar

encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves

2003p 27)

O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove

um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e

aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada

para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado

particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as

coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa

que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo

novos conhecimentos

O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem

julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui

26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para

que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica

1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo

desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua

formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade

A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute

interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo

oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o

tempo de hospitalizaccedilatildeo

Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e

sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de

aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a

outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo

eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as

especialidades

De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem

ser classificadas em

- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas

feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa

de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta

primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e

internaccedilotildees gerais

- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas

27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de

membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das

articulaccedilotildees do quadril miopatias etc

-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de

crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite

tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)

As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras

auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas

ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos

Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam

elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias

Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de

uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada

indiviacuteduo hospitalizado

A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a

idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais

A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente

aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir

entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee

mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa

intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro

quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta

de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o

sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)

Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem

de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir

depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no

niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

15

Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia

deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua

proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada

pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como

processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade

profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por

muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos

diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo

significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional

11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo

da psicopedagogia no Brasil

Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto

projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho

Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia

(wwwabppcombr acessado dia 270809)

O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos

problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar

com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-

repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social

Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da

articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que

considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem

16

Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os

portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em

Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou

instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da

legislaccedilatildeo pertinente

Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo

Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de

alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia

Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia

instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir

profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo

atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como

oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde

encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua

historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando

sua identidade profissional

A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de

um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os

problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista

de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional

1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do

psicopedagogo

17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)

como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado

por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores

entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios

oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando

trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na

clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de

aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas

ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da

profissatildeo

Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da

Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha

sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo

latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo

CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de

2004 do MECSESUdiz que

Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por

instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente

credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(

wwwmecgovbr acessado 270809)

Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas

e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado

em aacutereas profissionais de interesse social

Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para

cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200

horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para

atividades natildeo presenciais

18

Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute

a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos

processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e

tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes

desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp

entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do

psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo

de estudo

Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm

939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado

assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao

Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto

em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do

trabalho

Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a

proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em

psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada

Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave

nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do

projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees

O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda

forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo

Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de

diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por

escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas

nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto

19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia

(wwwABPpcombr acessado dia 200809)

O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a

graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos

de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor

inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior

Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)

em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de

360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de

Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e

outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma

grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em

diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e

institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de

atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial

No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em

niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente

autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente

1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo

O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e

terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das

aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se

20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que

O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem

utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos

didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional

com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis

problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture

(PORTO 2009 p 109)

Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica

docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar

dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo

detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da

dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo

de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo

educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em

grupo

Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de

aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas

orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais

das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais

dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu

tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo

indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia

O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu

saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da

mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de

aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo

hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos

21

No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou

seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos

indiviacuteduos que trabalham na empresa

1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR

A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias

ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se

defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou

esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que

natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em

relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e

amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais

de aprendizagem natildeo satildeo atendidas

De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista

espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos

assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo

escolar

Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade

poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute

o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da

necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem

humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo

prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo

processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos

22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores

nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de

aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme

RUBENSTEIN (1999 ) diz que

Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade

de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando

todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo

(RUBENSTEIN 1999 p 103)

A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a

forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no

processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis

devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no

processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem

Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de

aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na

proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso

Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de

aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar

que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da

psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar

como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de

aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o

desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando

a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece

o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada

momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem

23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem

como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao

psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de

aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a

integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando

processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa

de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua

docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da

proacutepria ensinagem

Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade

escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento

dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico

metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades

ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o

desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de

aprendizagem que estatildeo compatilhando

Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte

() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de

aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas

crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento

mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais

especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes

modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo

de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da

escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as

24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos

na escola

1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA

A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras

alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola

O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave

aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que

desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola

que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou

excluam-se a si mesmos do sistema educacional

O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por

uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma

testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente

agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia

Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta

interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute

fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma

forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o

psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com

profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e

quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido

Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o

seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila

O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma

caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo

25

Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as

quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de

respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus

sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo

expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )

Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre

caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que

se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida

deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que

existe e vive

Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar

as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para

mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar

encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves

2003p 27)

O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove

um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e

aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada

para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado

particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as

coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa

que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo

novos conhecimentos

O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem

julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui

26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para

que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica

1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo

desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua

formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade

A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute

interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo

oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o

tempo de hospitalizaccedilatildeo

Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e

sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de

aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a

outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo

eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as

especialidades

De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem

ser classificadas em

- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas

feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa

de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta

primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e

internaccedilotildees gerais

- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas

27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de

membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das

articulaccedilotildees do quadril miopatias etc

-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de

crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite

tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)

As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras

auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas

ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos

Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam

elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias

Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de

uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada

indiviacuteduo hospitalizado

A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a

idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais

A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente

aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir

entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee

mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa

intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro

quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta

de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o

sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)

Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem

de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir

depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no

niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

16

Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os

portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em

Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou

instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da

legislaccedilatildeo pertinente

Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo

Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de

alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia

Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia

instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir

profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo

atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como

oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde

encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua

historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando

sua identidade profissional

A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de

um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os

problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista

de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional

1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do

psicopedagogo

17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)

como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado

por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores

entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios

oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando

trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na

clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de

aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas

ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da

profissatildeo

Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da

Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha

sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo

latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo

CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de

2004 do MECSESUdiz que

Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por

instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente

credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(

wwwmecgovbr acessado 270809)

Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas

e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado

em aacutereas profissionais de interesse social

Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para

cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200

horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para

atividades natildeo presenciais

18

Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute

a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos

processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e

tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes

desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp

entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do

psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo

de estudo

Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm

939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado

assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao

Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto

em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do

trabalho

Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a

proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em

psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada

Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave

nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do

projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees

O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda

forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo

Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de

diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por

escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas

nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto

19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia

(wwwABPpcombr acessado dia 200809)

O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a

graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos

de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor

inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior

Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)

em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de

360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de

Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e

outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma

grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em

diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e

institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de

atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial

No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em

niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente

autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente

1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo

O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e

terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das

aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se

20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que

O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem

utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos

didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional

com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis

problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture

(PORTO 2009 p 109)

Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica

docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar

dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo

detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da

dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo

de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo

educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em

grupo

Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de

aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas

orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais

das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais

dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu

tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo

indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia

O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu

saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da

mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de

aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo

hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos

21

No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou

seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos

indiviacuteduos que trabalham na empresa

1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR

A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias

ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se

defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou

esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que

natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em

relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e

amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais

de aprendizagem natildeo satildeo atendidas

De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista

espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos

assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo

escolar

Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade

poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute

o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da

necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem

humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo

prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo

processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos

22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores

nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de

aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme

RUBENSTEIN (1999 ) diz que

Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade

de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando

todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo

(RUBENSTEIN 1999 p 103)

A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a

forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no

processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis

devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no

processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem

Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de

aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na

proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso

Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de

aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar

que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da

psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar

como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de

aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o

desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando

a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece

o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada

momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem

23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem

como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao

psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de

aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a

integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando

processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa

de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua

docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da

proacutepria ensinagem

Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade

escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento

dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico

metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades

ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o

desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de

aprendizagem que estatildeo compatilhando

Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte

() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de

aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas

crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento

mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais

especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes

modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo

de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da

escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as

24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos

na escola

1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA

A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras

alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola

O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave

aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que

desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola

que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou

excluam-se a si mesmos do sistema educacional

O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por

uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma

testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente

agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia

Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta

interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute

fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma

forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o

psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com

profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e

quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido

Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o

seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila

O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma

caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo

25

Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as

quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de

respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus

sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo

expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )

Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre

caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que

se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida

deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que

existe e vive

Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar

as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para

mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar

encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves

2003p 27)

O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove

um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e

aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada

para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado

particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as

coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa

que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo

novos conhecimentos

O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem

julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui

26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para

que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica

1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo

desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua

formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade

A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute

interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo

oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o

tempo de hospitalizaccedilatildeo

Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e

sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de

aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a

outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo

eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as

especialidades

De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem

ser classificadas em

- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas

feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa

de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta

primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e

internaccedilotildees gerais

- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas

27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de

membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das

articulaccedilotildees do quadril miopatias etc

-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de

crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite

tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)

As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras

auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas

ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos

Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam

elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias

Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de

uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada

indiviacuteduo hospitalizado

A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a

idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais

A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente

aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir

entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee

mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa

intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro

quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta

de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o

sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)

Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem

de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir

depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no

niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)

como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado

por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores

entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios

oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando

trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na

clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de

aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas

ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da

profissatildeo

Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da

Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha

sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo

latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo

CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de

2004 do MECSESUdiz que

Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por

instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente

credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(

wwwmecgovbr acessado 270809)

Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas

e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado

em aacutereas profissionais de interesse social

Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para

cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200

horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para

atividades natildeo presenciais

18

Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute

a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos

processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e

tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes

desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp

entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do

psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo

de estudo

Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm

939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado

assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao

Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto

em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do

trabalho

Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a

proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em

psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada

Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave

nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do

projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees

O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda

forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo

Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de

diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por

escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas

nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto

19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia

(wwwABPpcombr acessado dia 200809)

O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a

graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos

de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor

inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior

Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)

em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de

360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de

Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e

outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma

grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em

diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e

institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de

atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial

No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em

niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente

autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente

1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo

O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e

terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das

aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se

20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que

O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem

utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos

didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional

com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis

problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture

(PORTO 2009 p 109)

Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica

docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar

dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo

detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da

dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo

de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo

educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em

grupo

Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de

aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas

orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais

das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais

dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu

tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo

indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia

O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu

saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da

mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de

aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo

hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos

21

No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou

seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos

indiviacuteduos que trabalham na empresa

1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR

A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias

ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se

defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou

esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que

natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em

relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e

amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais

de aprendizagem natildeo satildeo atendidas

De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista

espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos

assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo

escolar

Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade

poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute

o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da

necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem

humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo

prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo

processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos

22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores

nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de

aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme

RUBENSTEIN (1999 ) diz que

Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade

de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando

todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo

(RUBENSTEIN 1999 p 103)

A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a

forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no

processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis

devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no

processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem

Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de

aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na

proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso

Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de

aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar

que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da

psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar

como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de

aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o

desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando

a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece

o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada

momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem

23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem

como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao

psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de

aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a

integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando

processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa

de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua

docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da

proacutepria ensinagem

Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade

escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento

dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico

metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades

ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o

desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de

aprendizagem que estatildeo compatilhando

Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte

() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de

aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas

crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento

mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais

especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes

modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo

de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da

escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as

24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos

na escola

1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA

A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras

alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola

O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave

aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que

desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola

que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou

excluam-se a si mesmos do sistema educacional

O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por

uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma

testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente

agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia

Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta

interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute

fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma

forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o

psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com

profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e

quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido

Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o

seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila

O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma

caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo

25

Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as

quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de

respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus

sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo

expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )

Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre

caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que

se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida

deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que

existe e vive

Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar

as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para

mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar

encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves

2003p 27)

O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove

um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e

aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada

para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado

particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as

coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa

que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo

novos conhecimentos

O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem

julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui

26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para

que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica

1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo

desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua

formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade

A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute

interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo

oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o

tempo de hospitalizaccedilatildeo

Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e

sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de

aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a

outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo

eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as

especialidades

De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem

ser classificadas em

- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas

feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa

de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta

primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e

internaccedilotildees gerais

- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas

27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de

membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das

articulaccedilotildees do quadril miopatias etc

-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de

crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite

tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)

As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras

auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas

ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos

Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam

elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias

Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de

uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada

indiviacuteduo hospitalizado

A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a

idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais

A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente

aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir

entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee

mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa

intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro

quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta

de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o

sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)

Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem

de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir

depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no

niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

18

Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute

a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos

processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e

tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes

desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp

entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do

psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo

de estudo

Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm

939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado

assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao

Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto

em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do

trabalho

Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a

proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em

psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada

Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave

nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do

projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees

O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda

forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo

Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de

diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por

escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas

nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto

19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia

(wwwABPpcombr acessado dia 200809)

O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a

graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos

de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor

inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior

Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)

em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de

360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de

Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e

outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma

grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em

diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e

institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de

atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial

No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em

niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente

autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente

1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo

O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e

terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das

aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se

20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que

O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem

utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos

didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional

com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis

problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture

(PORTO 2009 p 109)

Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica

docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar

dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo

detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da

dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo

de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo

educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em

grupo

Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de

aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas

orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais

das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais

dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu

tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo

indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia

O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu

saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da

mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de

aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo

hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos

21

No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou

seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos

indiviacuteduos que trabalham na empresa

1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR

A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias

ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se

defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou

esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que

natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em

relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e

amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais

de aprendizagem natildeo satildeo atendidas

De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista

espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos

assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo

escolar

Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade

poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute

o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da

necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem

humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo

prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo

processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos

22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores

nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de

aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme

RUBENSTEIN (1999 ) diz que

Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade

de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando

todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo

(RUBENSTEIN 1999 p 103)

A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a

forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no

processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis

devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no

processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem

Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de

aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na

proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso

Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de

aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar

que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da

psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar

como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de

aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o

desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando

a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece

o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada

momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem

23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem

como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao

psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de

aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a

integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando

processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa

de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua

docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da

proacutepria ensinagem

Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade

escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento

dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico

metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades

ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o

desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de

aprendizagem que estatildeo compatilhando

Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte

() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de

aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas

crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento

mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais

especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes

modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo

de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da

escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as

24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos

na escola

1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA

A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras

alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola

O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave

aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que

desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola

que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou

excluam-se a si mesmos do sistema educacional

O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por

uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma

testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente

agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia

Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta

interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute

fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma

forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o

psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com

profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e

quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido

Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o

seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila

O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma

caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo

25

Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as

quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de

respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus

sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo

expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )

Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre

caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que

se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida

deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que

existe e vive

Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar

as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para

mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar

encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves

2003p 27)

O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove

um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e

aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada

para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado

particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as

coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa

que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo

novos conhecimentos

O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem

julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui

26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para

que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica

1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo

desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua

formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade

A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute

interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo

oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o

tempo de hospitalizaccedilatildeo

Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e

sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de

aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a

outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo

eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as

especialidades

De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem

ser classificadas em

- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas

feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa

de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta

primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e

internaccedilotildees gerais

- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas

27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de

membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das

articulaccedilotildees do quadril miopatias etc

-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de

crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite

tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)

As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras

auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas

ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos

Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam

elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias

Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de

uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada

indiviacuteduo hospitalizado

A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a

idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais

A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente

aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir

entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee

mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa

intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro

quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta

de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o

sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)

Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem

de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir

depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no

niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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Vasconcellos C S (2000) Avaliaccedilatildeo Concepccedilatildeo Dialeacutetica-Libertadora do Processo de Avaliaccedilatildeo Escolar Satildeo Paulo Cadernos Pedagoacutegicos do Libertad V 3

VISCA Jorge Tecnicas Proyectivas 3ordf ed 1997 Buenos Aires VYGOTSKY Lev S A Formaccedilatildeo Social da Mente Satildeo Paulo Martins

Fontes ____________ Pensamento e Linguagem Satildeo Paulo Martins Fontes 1998

WALLON H Evoluccedilatildeo psicoloacutegica da crianccedila Andes Rio de Janeiro

1941

64

WEBGRAFIA

wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009

wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009

wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009

wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009

65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia

(wwwABPpcombr acessado dia 200809)

O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a

graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos

de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor

inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior

Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)

em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de

360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de

Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e

outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma

grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em

diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e

institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de

atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial

No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em

niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente

autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente

1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo

O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e

terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das

aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se

20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que

O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem

utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos

didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional

com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis

problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture

(PORTO 2009 p 109)

Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica

docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar

dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo

detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da

dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo

de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo

educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em

grupo

Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de

aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas

orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais

das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais

dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu

tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo

indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia

O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu

saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da

mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de

aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo

hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos

21

No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou

seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos

indiviacuteduos que trabalham na empresa

1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR

A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias

ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se

defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou

esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que

natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em

relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e

amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais

de aprendizagem natildeo satildeo atendidas

De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista

espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos

assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo

escolar

Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade

poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute

o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da

necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem

humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo

prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo

processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos

22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores

nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de

aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme

RUBENSTEIN (1999 ) diz que

Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade

de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando

todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo

(RUBENSTEIN 1999 p 103)

A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a

forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no

processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis

devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no

processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem

Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de

aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na

proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso

Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de

aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar

que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da

psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar

como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de

aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o

desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando

a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece

o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada

momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem

23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem

como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao

psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de

aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a

integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando

processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa

de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua

docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da

proacutepria ensinagem

Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade

escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento

dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico

metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades

ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o

desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de

aprendizagem que estatildeo compatilhando

Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte

() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de

aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas

crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento

mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais

especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes

modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo

de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da

escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as

24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos

na escola

1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA

A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras

alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola

O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave

aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que

desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola

que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou

excluam-se a si mesmos do sistema educacional

O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por

uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma

testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente

agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia

Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta

interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute

fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma

forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o

psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com

profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e

quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido

Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o

seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila

O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma

caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo

25

Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as

quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de

respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus

sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo

expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )

Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre

caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que

se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida

deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que

existe e vive

Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar

as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para

mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar

encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves

2003p 27)

O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove

um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e

aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada

para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado

particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as

coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa

que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo

novos conhecimentos

O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem

julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui

26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para

que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica

1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo

desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua

formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade

A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute

interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo

oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o

tempo de hospitalizaccedilatildeo

Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e

sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de

aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a

outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo

eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as

especialidades

De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem

ser classificadas em

- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas

feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa

de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta

primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e

internaccedilotildees gerais

- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas

27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de

membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das

articulaccedilotildees do quadril miopatias etc

-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de

crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite

tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)

As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras

auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas

ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos

Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam

elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias

Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de

uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada

indiviacuteduo hospitalizado

A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a

idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais

A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente

aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir

entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee

mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa

intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro

quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta

de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o

sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)

Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem

de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir

depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no

niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que

O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem

utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos

didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional

com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis

problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture

(PORTO 2009 p 109)

Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica

docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar

dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo

detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da

dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo

de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo

educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em

grupo

Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de

aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas

orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais

das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais

dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu

tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo

indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia

O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu

saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da

mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de

aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo

hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos

21

No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou

seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos

indiviacuteduos que trabalham na empresa

1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR

A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias

ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se

defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou

esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que

natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em

relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e

amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais

de aprendizagem natildeo satildeo atendidas

De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista

espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos

assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo

escolar

Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade

poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute

o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da

necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem

humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo

prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo

processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos

22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores

nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de

aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme

RUBENSTEIN (1999 ) diz que

Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade

de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando

todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo

(RUBENSTEIN 1999 p 103)

A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a

forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no

processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis

devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no

processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem

Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de

aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na

proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso

Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de

aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar

que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da

psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar

como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de

aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o

desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando

a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece

o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada

momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem

23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem

como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao

psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de

aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a

integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando

processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa

de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua

docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da

proacutepria ensinagem

Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade

escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento

dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico

metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades

ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o

desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de

aprendizagem que estatildeo compatilhando

Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte

() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de

aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas

crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento

mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais

especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes

modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo

de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da

escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as

24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos

na escola

1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA

A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras

alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola

O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave

aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que

desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola

que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou

excluam-se a si mesmos do sistema educacional

O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por

uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma

testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente

agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia

Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta

interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute

fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma

forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o

psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com

profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e

quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido

Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o

seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila

O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma

caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo

25

Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as

quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de

respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus

sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo

expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )

Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre

caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que

se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida

deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que

existe e vive

Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar

as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para

mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar

encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves

2003p 27)

O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove

um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e

aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada

para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado

particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as

coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa

que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo

novos conhecimentos

O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem

julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui

26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para

que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica

1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo

desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua

formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade

A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute

interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo

oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o

tempo de hospitalizaccedilatildeo

Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e

sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de

aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a

outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo

eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as

especialidades

De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem

ser classificadas em

- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas

feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa

de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta

primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e

internaccedilotildees gerais

- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas

27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de

membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das

articulaccedilotildees do quadril miopatias etc

-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de

crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite

tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)

As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras

auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas

ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos

Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam

elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias

Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de

uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada

indiviacuteduo hospitalizado

A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a

idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais

A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente

aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir

entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee

mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa

intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro

quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta

de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o

sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)

Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem

de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir

depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no

niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

21

No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou

seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos

indiviacuteduos que trabalham na empresa

1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR

A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias

ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se

defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou

esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que

natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em

relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e

amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais

de aprendizagem natildeo satildeo atendidas

De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista

espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos

assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo

escolar

Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade

poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute

o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da

necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem

humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo

prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo

processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos

22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores

nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de

aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme

RUBENSTEIN (1999 ) diz que

Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade

de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando

todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo

(RUBENSTEIN 1999 p 103)

A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a

forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no

processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis

devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no

processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem

Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de

aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na

proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso

Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de

aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar

que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da

psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar

como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de

aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o

desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando

a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece

o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada

momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem

23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem

como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao

psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de

aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a

integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando

processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa

de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua

docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da

proacutepria ensinagem

Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade

escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento

dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico

metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades

ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o

desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de

aprendizagem que estatildeo compatilhando

Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte

() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de

aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas

crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento

mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais

especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes

modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo

de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da

escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as

24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos

na escola

1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA

A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras

alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola

O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave

aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que

desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola

que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou

excluam-se a si mesmos do sistema educacional

O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por

uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma

testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente

agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia

Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta

interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute

fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma

forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o

psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com

profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e

quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido

Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o

seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila

O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma

caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo

25

Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as

quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de

respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus

sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo

expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )

Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre

caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que

se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida

deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que

existe e vive

Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar

as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para

mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar

encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves

2003p 27)

O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove

um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e

aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada

para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado

particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as

coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa

que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo

novos conhecimentos

O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem

julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui

26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para

que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica

1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo

desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua

formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade

A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute

interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo

oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o

tempo de hospitalizaccedilatildeo

Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e

sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de

aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a

outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo

eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as

especialidades

De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem

ser classificadas em

- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas

feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa

de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta

primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e

internaccedilotildees gerais

- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas

27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de

membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das

articulaccedilotildees do quadril miopatias etc

-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de

crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite

tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)

As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras

auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas

ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos

Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam

elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias

Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de

uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada

indiviacuteduo hospitalizado

A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a

idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais

A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente

aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir

entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee

mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa

intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro

quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta

de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o

sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)

Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem

de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir

depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no

niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores

nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de

aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme

RUBENSTEIN (1999 ) diz que

Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade

de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando

todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo

(RUBENSTEIN 1999 p 103)

A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a

forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no

processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis

devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no

processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem

Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de

aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na

proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso

Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de

aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar

que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da

psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar

como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de

aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o

desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando

a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece

o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada

momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem

23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem

como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao

psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de

aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a

integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando

processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa

de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua

docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da

proacutepria ensinagem

Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade

escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento

dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico

metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades

ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o

desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de

aprendizagem que estatildeo compatilhando

Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte

() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de

aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas

crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento

mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais

especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes

modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo

de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da

escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as

24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos

na escola

1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA

A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras

alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola

O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave

aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que

desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola

que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou

excluam-se a si mesmos do sistema educacional

O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por

uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma

testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente

agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia

Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta

interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute

fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma

forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o

psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com

profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e

quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido

Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o

seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila

O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma

caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo

25

Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as

quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de

respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus

sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo

expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )

Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre

caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que

se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida

deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que

existe e vive

Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar

as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para

mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar

encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves

2003p 27)

O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove

um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e

aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada

para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado

particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as

coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa

que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo

novos conhecimentos

O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem

julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui

26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para

que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica

1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo

desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua

formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade

A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute

interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo

oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o

tempo de hospitalizaccedilatildeo

Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e

sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de

aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a

outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo

eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as

especialidades

De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem

ser classificadas em

- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas

feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa

de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta

primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e

internaccedilotildees gerais

- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas

27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de

membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das

articulaccedilotildees do quadril miopatias etc

-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de

crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite

tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)

As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras

auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas

ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos

Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam

elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias

Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de

uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada

indiviacuteduo hospitalizado

A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a

idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais

A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente

aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir

entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee

mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa

intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro

quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta

de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o

sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)

Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem

de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir

depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no

niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem

como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao

psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de

aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a

integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as

caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando

processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa

de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua

docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da

proacutepria ensinagem

Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade

escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento

dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico

metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades

ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o

desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de

aprendizagem que estatildeo compatilhando

Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte

() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de

aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas

crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento

mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais

especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes

modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo

de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da

escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as

24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos

na escola

1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA

A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras

alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola

O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave

aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que

desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola

que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou

excluam-se a si mesmos do sistema educacional

O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por

uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma

testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente

agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia

Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta

interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute

fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma

forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o

psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com

profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e

quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido

Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o

seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila

O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma

caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo

25

Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as

quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de

respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus

sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo

expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )

Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre

caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que

se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida

deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que

existe e vive

Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar

as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para

mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar

encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves

2003p 27)

O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove

um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e

aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada

para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado

particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as

coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa

que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo

novos conhecimentos

O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem

julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui

26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para

que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica

1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo

desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua

formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade

A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute

interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo

oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o

tempo de hospitalizaccedilatildeo

Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e

sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de

aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a

outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo

eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as

especialidades

De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem

ser classificadas em

- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas

feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa

de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta

primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e

internaccedilotildees gerais

- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas

27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de

membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das

articulaccedilotildees do quadril miopatias etc

-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de

crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite

tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)

As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras

auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas

ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos

Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam

elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias

Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de

uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada

indiviacuteduo hospitalizado

A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a

idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais

A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente

aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir

entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee

mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa

intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro

quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta

de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o

sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)

Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem

de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir

depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no

niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos

na escola

1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA

A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras

alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola

O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave

aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que

desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola

que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou

excluam-se a si mesmos do sistema educacional

O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por

uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma

testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente

agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia

Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta

interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute

fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma

forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o

psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com

profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e

quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido

Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o

seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila

O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma

caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo

25

Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as

quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de

respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus

sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo

expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )

Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre

caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que

se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida

deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que

existe e vive

Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar

as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para

mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar

encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves

2003p 27)

O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove

um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e

aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada

para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado

particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as

coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa

que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo

novos conhecimentos

O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem

julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui

26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para

que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica

1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo

desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua

formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade

A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute

interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo

oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o

tempo de hospitalizaccedilatildeo

Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e

sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de

aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a

outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo

eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as

especialidades

De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem

ser classificadas em

- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas

feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa

de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta

primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e

internaccedilotildees gerais

- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas

27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de

membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das

articulaccedilotildees do quadril miopatias etc

-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de

crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite

tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)

As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras

auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas

ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos

Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam

elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias

Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de

uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada

indiviacuteduo hospitalizado

A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a

idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais

A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente

aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir

entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee

mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa

intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro

quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta

de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o

sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)

Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem

de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir

depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no

niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

25

Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as

quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de

respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus

sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo

expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )

Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre

caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que

se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida

deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que

existe e vive

Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar

as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para

mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar

encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves

2003p 27)

O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove

um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e

aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada

para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado

particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as

coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa

que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo

novos conhecimentos

O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem

julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui

26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para

que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica

1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo

desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua

formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade

A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute

interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo

oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o

tempo de hospitalizaccedilatildeo

Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e

sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de

aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a

outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo

eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as

especialidades

De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem

ser classificadas em

- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas

feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa

de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta

primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e

internaccedilotildees gerais

- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas

27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de

membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das

articulaccedilotildees do quadril miopatias etc

-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de

crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite

tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)

As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras

auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas

ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos

Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam

elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias

Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de

uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada

indiviacuteduo hospitalizado

A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a

idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais

A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente

aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir

entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee

mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa

intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro

quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta

de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o

sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)

Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem

de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir

depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no

niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para

que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica

1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo

desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua

formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade

A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute

interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo

oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o

tempo de hospitalizaccedilatildeo

Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e

sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de

aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a

outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo

eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as

especialidades

De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem

ser classificadas em

- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas

feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa

de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta

primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e

internaccedilotildees gerais

- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas

27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de

membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das

articulaccedilotildees do quadril miopatias etc

-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de

crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite

tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)

As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras

auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas

ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos

Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam

elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias

Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de

uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada

indiviacuteduo hospitalizado

A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a

idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais

A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente

aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir

entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee

mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa

intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro

quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta

de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o

sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)

Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem

de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir

depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no

niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de

membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das

articulaccedilotildees do quadril miopatias etc

-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de

crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite

tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)

As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras

auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas

ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos

Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam

elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias

Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de

uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada

indiviacuteduo hospitalizado

A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a

idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais

A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente

aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir

entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee

mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa

intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro

quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta

de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o

sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)

Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem

de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir

depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no

niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-

estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a

construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente

escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera

hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que

ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA

A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma

serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a

formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita

ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos

cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais

enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto

pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode

ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada

individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o

principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao

oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa

Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho

docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as

dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso

brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido

ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o

seu proacuteprio processo de aprenderrdquo

Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser

humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter

preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para

soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande

nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha

atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino

2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar

Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um

trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores

de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a

construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo

de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes

colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas

proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade

integradora

Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo

para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e

sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do

desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada

diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que

Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios

salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente

gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se

conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente

O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada

vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega

como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os

lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio

soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de

amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se

amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar

crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000

apud PORTO2009 p 20)

Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a

desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de

educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da

pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do

conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino

entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a

ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo

Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e

favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o

seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um

espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )

Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse

encarada como um direito universal

Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo

apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas

tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de

aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto

esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees

inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e

liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de

aula para o desenvolvimento do educando

Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um

novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo

e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a

humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de

crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que

eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo

produzidas

Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades

especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo

especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos

educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas

Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma

sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos

criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de

acordo com PIAGET ( 1973) diz que

O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de

fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees

jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores

O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser

criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido

(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)

A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o

individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o

individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos

alunos eacute um grande desafio

Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias

ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades

Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se

apossarrdquo Assim diz o autor que

Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda

o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas

como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos

alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas

e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a

aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em

nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de

si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que

sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES

2002 p47)

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

33

Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na

escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de

competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas

culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que

seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa

difiacutecil e complexa

2 - 2 Aprendizagem

A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre

ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme

FERNANDEZ (2001) diz que

Para aprender o ser humano coloca em seu organismo

herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em

interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um

caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser

reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a

aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)

Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A

aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta

uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento

eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto

para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de

forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

34

A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular

que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as

informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando

a alegria que acompanha a aprendizagem

Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute

algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas

capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus

interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor

desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo

atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve

ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor

Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha

capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o

significado do aprender ( SALTINI2002p 58)

Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito

com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do

conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele

que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios

Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como

centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua

personalidades integral

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

35

Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma

aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a

aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma

nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem

sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e

encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por

esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve

as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se

desenvolve em etapas encadeadas e continuas

Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo

bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute

esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma

aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e

da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua

experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja

uma auto-aprendizagem

Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas

proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para

realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o

ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades

de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas

individuais

Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais

soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se

oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a

oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em

situaccedilotildees variadas

O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde

do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a

necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade

social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva

a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos

Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os

alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso

agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a

cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a

complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as

diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de

comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores

2 -3 AVALIACcedilAtildeO

Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os

cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste

contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela

avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos

regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e

atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para

atingir os objetivos pessoais e sociais

Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar

Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica

Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade

que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo

natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como

atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno

Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento

de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma

tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa

qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento

efetivo sobre o mesmo

A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto

quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na

maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto

avaliado

A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande

parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios

tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da

atividade avaliativa

Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus

alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como

instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os

seus alunos e para o seu

proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute

imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio

detentor do pode SantAnna (1995 p 27)

A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de

aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da

utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora

em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de

avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que

O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um

grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros

domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)

Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos

aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno

Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe

toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados

desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero

Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons

ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente

classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o

aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso

acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da

avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor

De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo

angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento

de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura

Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos

professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do

aluno

Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo

auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois

constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo

Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da

classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no

desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia

Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil

mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal

de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias

Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral

do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se

compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a

auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais

importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como

um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve

percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva

com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo

libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e

social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno

e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados

Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

BIBLIOGRAFIA

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees

O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo

em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em

tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de

aprendizagem que permitam

a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento

A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a

proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como

um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem

possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser

oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela

humanidade

Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no

contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos

na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo

na construccedilatildeo do conhecimento

O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo

inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo

exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um

ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e

apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos

principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por

nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos

alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma

que

Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga

destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu

decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje

apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo

burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir

da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e

trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das

ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de

ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por

exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a

concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente

consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro

(GADOTTI 2000 p 4)

Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas

acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola

entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos

neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes

formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as

naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central

na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional

envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar

transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas

transformaccedilotildees

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

BIBLIOGRAFIA

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 42: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

42

Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do

tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de

um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes

educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo

de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na

materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de

dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma

geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-

aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que

Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa

dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar

natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de

qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda

a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente

seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas

transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)

A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a

sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos

ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees

voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se

torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento

tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado

sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que

Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como

conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras

sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam

as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que

acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da

informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 43: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A

apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de

conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo

necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE

2004 p1)

Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido

do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem

ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma

geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem

por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e

para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa

ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se

na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos

princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa

temaacutetica diz que

seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o

tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso

e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as

possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)

GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a

educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute

sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo

Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a

transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural

Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento

atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade

contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo

pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009

wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009

wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009

65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 44: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e

se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o

motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero

receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam

esse processo

na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar

nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer

informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve

oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que

significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as

crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo

embrutecerGADOTTE (2000)

Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser

ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a

educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A

educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo

basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la

profundamente

O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar

em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em

consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel

fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o

foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo

metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI

(2000) afirma que

Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante

do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa

construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem

precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 45: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)

Ele afirma ainda que

Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo

em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas

Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os

verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates

Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)

porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e

buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para

todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)

HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo

considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado

para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades

essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e

refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade

comprometida com o futuro

Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo

educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de

forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e

metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno

sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de

nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

BIBLIOGRAFIA

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 46: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

46

CAPITULO III

A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA

PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO

Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional

qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos

professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das

condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos

problemas de aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

BIBLIOGRAFIA

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 47: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um

grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 48: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

48apoio Segundo Bossa (1994) diz que

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico

praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores

diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente

a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da

crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo

XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas

e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o

jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget

(1971)

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 49: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes

procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em

casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de

jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas

dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de

jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas

caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de

2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)

Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo

desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios

motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor

exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-

motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta

xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as

regras

BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade

luacutedica do

Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de

idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas

menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do

espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR

2004apudWALLON1941 p 30)

De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget

classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de

construccedilatildeo

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 50: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como

encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades

luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas

atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para

compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene

combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO

Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa

com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois

elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras

VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a

atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de

desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da

atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e

internaliza as regras sociais

KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda

representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as

teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em

BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do

desenvolvimento da atividade simboacutelica

Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de

desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos

ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)

Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma

compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

BIBLIOGRAFIA

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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 51: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

51

ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou

adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute

somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo

WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)

Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-

indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no

trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)

Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos

das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o

desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do

imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento

3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO

O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como

para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem

De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo

ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo

na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar

comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas

de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a

previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

BIBLIOGRAFIA

ANGELONI M T Organizaccedilotildees do conhecimento infra-estrutura pessoas e tecnologias Satildeo Paulo Saraiva 2003 ANTUNESC Novas maneiras de ensinar novas maneias de aprenderPorto Alegre Artmed2002 ASTOLFI Jean-Pierre A didaacutetica das ciecircncias Campinas Papiros 1990

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institucional aplicada a aprendizagem escolar dinacircmica e a

construccedilatildeo na sala de aula Vozes Petroacutepolis 1993 p 9-11

FERMINO Fernandes Sisto BORUCHOVITH Evely DIEHL Tolaine Lucila

Fin Dificuldades de aprendizagem no contexto psicopedagoacutegico

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FERNAacuteNDEZ Aliacutecia A inteligecircncia aprisionada - abordagem

psicopedagoacutegica cliacutenica da crianccedila e sua famiacutelia 2ordf reed Porto Alegre Artes

Meacutedicas Sul 1991

A inteligecircncia aprisionada Porto Alegre Artes

Meacutedicas 1991

FREIRE PauloUma escola chamada vidaSPAacutetica 2000

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61GADOTTI M Perspectivas atuais da educaccedilatildeo Porto Alegre Ed Artes

Meacutedicas 2000

GONCcedilALVESJulia EugeniaCom vocecircs a psicopedagogiainPINTOMaria

Alice(org) psicopedagogia diversas faces muacuteltiplos olharesSatildeo Paulo

Editora Olho Dagravegua2003

HOFFMANN Jussara ML Avaliaccedilatildeo mito e desafio-uma perspectiva

construtivistaEducaccedilatildeo e Realidade Porto Alegre 1991

Avaliaccedilatildeo mito amp desafio uma perspectiva

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IGEA Benito del Rincoacuten e colaboradores Presente e futuro do trabalho

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1996 ( Palestra)

62MRECH Leny M Uma breve discussatildeo a respeito da concretude do

material pedagoacutegico ln Boletim da Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia

Ano 6 n 13 jun

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PIAGET J A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila imitaccedilatildeo jogo e sonho

imagem e representaccedilatildeo Zahar Rio de Janeiro 1971

Para onde vai a educaccedilatildeoRio de Janeiro Joseacute Olympio1973

PORTOOliveiraBases da psicopedagogia ndash Diagnostico e intervenccedilatildeo nos

problemas de AprendizagemRio de Janeiro Wak Editora 2009

POZOJIAprendiz e mestresa nova cultura da aprendizagem Trad Ernani

Rosa Porto Alegre Artmed2002

RUBINSTEIN Edith (Org) Psicopedagogia uma praacutetica diferentes estilos Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1999

SANTANNA Ilza Martins Por que avaliar Como Avaliar criteacuterios e

instrumentos Petroacutepolis Vozes 1995

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JaneiroPaz e Terra 1986

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63

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wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009

wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009

65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 52: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo

psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e

cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico

psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o

jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno

(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro

com as regras a serem estabelecidas

WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente

percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o

funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes

no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode

revelar o que precisa esconder e como o faz

Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos

e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)

quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal

datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos

aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo

ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e

procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo

Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou

psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula

hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante

Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de

criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o

gostar e querer estariam presentes

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

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A Psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da

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psicopedagoacutegica cliacutenica da crianccedila e sua famiacutelia 2ordf reed Porto Alegre Artes

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Meacutedicas 1991

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Avaliaccedilatildeo mito amp desafio uma perspectiva

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BrasilRio de Janeiro 2007

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Lisboa Editorial Notiacutecias 1977

MORETTO Vasco Avaliaccedilatildeo da aprendizagem uma relaccedilatildeo eacutetica In VI

CONGRESSO PEDAGOacuteGICO DA ANEB Brasiacutelia

1996 ( Palestra)

62MRECH Leny M Uma breve discussatildeo a respeito da concretude do

material pedagoacutegico ln Boletim da Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia

Ano 6 n 13 jun

PERRENOUD Philippe A Pedagogia na Escola das Diferenccedilas Porto

Alegre Artmed Editora2001

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Para onde vai a educaccedilatildeoRio de Janeiro Joseacute Olympio1973

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problemas de AprendizagemRio de Janeiro Wak Editora 2009

POZOJIAprendiz e mestresa nova cultura da aprendizagem Trad Ernani

Rosa Porto Alegre Artmed2002

RUBINSTEIN Edith (Org) Psicopedagogia uma praacutetica diferentes estilos Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1999

SANTANNA Ilza Martins Por que avaliar Como Avaliar criteacuterios e

instrumentos Petroacutepolis Vozes 1995

SCOZ Beatriz Psicopedagogia e realidade escolar problema escolar de aprendizagem Petroacutepolis Vozes 1994 Psicopedagogia um portal para a inserccedilatildeo social Petroacutepolis R J VozesSatildeo Paulo ABPp 2003

SHOR Ira FREIRE Paulo Medo e ousadia - o cotidiano do professor Rio de

JaneiroPaz e Terra 1986

SOARES M B Letramento um tema em trecircs gecircneros Autecircntica Belo

Horizonte 1998

63

SOUZA Audrey Setton Lopes Pensando a inibiccedilatildeo intelectualperspectiva

psicanaliacutetica e proposta diagnoacutestica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1995

Vasconcellos C S (2000) Avaliaccedilatildeo Concepccedilatildeo Dialeacutetica-Libertadora do Processo de Avaliaccedilatildeo Escolar Satildeo Paulo Cadernos Pedagoacutegicos do Libertad V 3

VISCA Jorge Tecnicas Proyectivas 3ordf ed 1997 Buenos Aires VYGOTSKY Lev S A Formaccedilatildeo Social da Mente Satildeo Paulo Martins

Fontes ____________ Pensamento e Linguagem Satildeo Paulo Martins Fontes 1998

WALLON H Evoluccedilatildeo psicoloacutegica da crianccedila Andes Rio de Janeiro

1941

64

WEBGRAFIA

wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009

wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009

wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009

wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009

65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 53: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos

com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de

desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais

fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do

aprender

Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos

conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas

intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades

seja ele o professor ou o psicopedagogo

3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia

O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas

tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da

famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute

responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem

Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural

simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo

na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo

estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro

pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees

solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a

escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez

mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir

essas necessidades

A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

BIBLIOGRAFIA

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SANTANNA Ilza Martins Por que avaliar Como Avaliar criteacuterios e

instrumentos Petroacutepolis Vozes 1995

SCOZ Beatriz Psicopedagogia e realidade escolar problema escolar de aprendizagem Petroacutepolis Vozes 1994 Psicopedagogia um portal para a inserccedilatildeo social Petroacutepolis R J VozesSatildeo Paulo ABPp 2003

SHOR Ira FREIRE Paulo Medo e ousadia - o cotidiano do professor Rio de

JaneiroPaz e Terra 1986

SOARES M B Letramento um tema em trecircs gecircneros Autecircntica Belo

Horizonte 1998

63

SOUZA Audrey Setton Lopes Pensando a inibiccedilatildeo intelectualperspectiva

psicanaliacutetica e proposta diagnoacutestica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1995

Vasconcellos C S (2000) Avaliaccedilatildeo Concepccedilatildeo Dialeacutetica-Libertadora do Processo de Avaliaccedilatildeo Escolar Satildeo Paulo Cadernos Pedagoacutegicos do Libertad V 3

VISCA Jorge Tecnicas Proyectivas 3ordf ed 1997 Buenos Aires VYGOTSKY Lev S A Formaccedilatildeo Social da Mente Satildeo Paulo Martins

Fontes ____________ Pensamento e Linguagem Satildeo Paulo Martins Fontes 1998

WALLON H Evoluccedilatildeo psicoloacutegica da crianccedila Andes Rio de Janeiro

1941

64

WEBGRAFIA

wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009

wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009

wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009

wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009

65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 54: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se

converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os

meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se

devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva

Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das

crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por

exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar

conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional

e social

O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com

relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia

para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico

Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico

O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre

revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos

afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso

observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante

todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo

ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)

Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves

desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse

fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio

falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para

se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio

social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso

escolar

A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

BIBLIOGRAFIA

ANGELONI M T Organizaccedilotildees do conhecimento infra-estrutura pessoas e tecnologias Satildeo Paulo Saraiva 2003 ANTUNESC Novas maneiras de ensinar novas maneias de aprenderPorto Alegre Artmed2002 ASTOLFI Jean-Pierre A didaacutetica das ciecircncias Campinas Papiros 1990

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Escolar Curitiba Expoente 2001

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habilidades Coleccedilatildeo Olhar Psicopedagogico Rio de JaneiroWAK2004

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praacutetica Porto Alegre Artes Meacutedicas Sul 1994

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1988 Satildeo Paulo Saraiva 1988

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Barretos opiniatildeo aberta 08 jul 2004

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Cortez 1986

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FAGALI Eloiacutesa Quadros RIO DO VALLE Zeacutelia Rio Psicopedagogia

institucional aplicada a aprendizagem escolar dinacircmica e a

construccedilatildeo na sala de aula Vozes Petroacutepolis 1993 p 9-11

FERMINO Fernandes Sisto BORUCHOVITH Evely DIEHL Tolaine Lucila

Fin Dificuldades de aprendizagem no contexto psicopedagoacutegico

Petroacutepolis RJ Vozes 2001

FERNAacuteNDEZ Aliacutecia A inteligecircncia aprisionada - abordagem

psicopedagoacutegica cliacutenica da crianccedila e sua famiacutelia 2ordf reed Porto Alegre Artes

Meacutedicas Sul 1991

A inteligecircncia aprisionada Porto Alegre Artes

Meacutedicas 1991

FREIRE PauloUma escola chamada vidaSPAacutetica 2000

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muacuteltiplas Porto Alegre Artes Meacutedicas 1994

61GADOTTI M Perspectivas atuais da educaccedilatildeo Porto Alegre Ed Artes

Meacutedicas 2000

GONCcedilALVESJulia EugeniaCom vocecircs a psicopedagogiainPINTOMaria

Alice(org) psicopedagogia diversas faces muacuteltiplos olharesSatildeo Paulo

Editora Olho Dagravegua2003

HOFFMANN Jussara ML Avaliaccedilatildeo mito e desafio-uma perspectiva

construtivistaEducaccedilatildeo e Realidade Porto Alegre 1991

Avaliaccedilatildeo mito amp desafio uma perspectiva

construtiva 11 ed Porto Alegre Educaccedilatildeo amp Realidade 1993

IGEA Benito del Rincoacuten e colaboradores Presente e futuro do trabalho

psicopedagoacutegico Porto Alegre Artmed 2005

KISHIMOTO T M O jogo e a educaccedilatildeo infantil Satildeo Paulo Cortez Editora

1996

KOHL Marta Vygotsky - aprendizado e desenvolvimento um processo

soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 1993

LUCKESI C C Avaliaccedilatildeo da aprendizagem escolar 4 ed Satildeo Paulo

Cortez 1996

MALUF e BOMBONATTO Historia da Psicopedagogia e da ABPp no

BrasilRio de Janeiro 2007

MERANI Alberto L Psicologia e pedagogia - as ideacuteias de Henri Wallon

Lisboa Editorial Notiacutecias 1977

MORETTO Vasco Avaliaccedilatildeo da aprendizagem uma relaccedilatildeo eacutetica In VI

CONGRESSO PEDAGOacuteGICO DA ANEB Brasiacutelia

1996 ( Palestra)

62MRECH Leny M Uma breve discussatildeo a respeito da concretude do

material pedagoacutegico ln Boletim da Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia

Ano 6 n 13 jun

PERRENOUD Philippe A Pedagogia na Escola das Diferenccedilas Porto

Alegre Artmed Editora2001

PIAGET J A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila imitaccedilatildeo jogo e sonho

imagem e representaccedilatildeo Zahar Rio de Janeiro 1971

Para onde vai a educaccedilatildeoRio de Janeiro Joseacute Olympio1973

PORTOOliveiraBases da psicopedagogia ndash Diagnostico e intervenccedilatildeo nos

problemas de AprendizagemRio de Janeiro Wak Editora 2009

POZOJIAprendiz e mestresa nova cultura da aprendizagem Trad Ernani

Rosa Porto Alegre Artmed2002

RUBINSTEIN Edith (Org) Psicopedagogia uma praacutetica diferentes estilos Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1999

SANTANNA Ilza Martins Por que avaliar Como Avaliar criteacuterios e

instrumentos Petroacutepolis Vozes 1995

SCOZ Beatriz Psicopedagogia e realidade escolar problema escolar de aprendizagem Petroacutepolis Vozes 1994 Psicopedagogia um portal para a inserccedilatildeo social Petroacutepolis R J VozesSatildeo Paulo ABPp 2003

SHOR Ira FREIRE Paulo Medo e ousadia - o cotidiano do professor Rio de

JaneiroPaz e Terra 1986

SOARES M B Letramento um tema em trecircs gecircneros Autecircntica Belo

Horizonte 1998

63

SOUZA Audrey Setton Lopes Pensando a inibiccedilatildeo intelectualperspectiva

psicanaliacutetica e proposta diagnoacutestica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1995

Vasconcellos C S (2000) Avaliaccedilatildeo Concepccedilatildeo Dialeacutetica-Libertadora do Processo de Avaliaccedilatildeo Escolar Satildeo Paulo Cadernos Pedagoacutegicos do Libertad V 3

VISCA Jorge Tecnicas Proyectivas 3ordf ed 1997 Buenos Aires VYGOTSKY Lev S A Formaccedilatildeo Social da Mente Satildeo Paulo Martins

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1941

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WEBGRAFIA

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wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009

wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009

wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009

65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 55: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com

dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo

um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a

atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial

para o bom desenvolvimento da crianccedila

Segundo Souza (1995) quando diz que

Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom

desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a

aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que

atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com

o conhecimento (Souza 1995 p58)

Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E

para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo

Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola

pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse

desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que

acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as

dificuldades na aprendizagem

Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)

Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma

responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum

membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee

e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira

inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a

cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)

A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no

processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

BIBLIOGRAFIA

ANGELONI M T Organizaccedilotildees do conhecimento infra-estrutura pessoas e tecnologias Satildeo Paulo Saraiva 2003 ANTUNESC Novas maneiras de ensinar novas maneias de aprenderPorto Alegre Artmed2002 ASTOLFI Jean-Pierre A didaacutetica das ciecircncias Campinas Papiros 1990

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institucional aplicada a aprendizagem escolar dinacircmica e a

construccedilatildeo na sala de aula Vozes Petroacutepolis 1993 p 9-11

FERMINO Fernandes Sisto BORUCHOVITH Evely DIEHL Tolaine Lucila

Fin Dificuldades de aprendizagem no contexto psicopedagoacutegico

Petroacutepolis RJ Vozes 2001

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psicopedagoacutegica cliacutenica da crianccedila e sua famiacutelia 2ordf reed Porto Alegre Artes

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A inteligecircncia aprisionada Porto Alegre Artes

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61GADOTTI M Perspectivas atuais da educaccedilatildeo Porto Alegre Ed Artes

Meacutedicas 2000

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Alice(org) psicopedagogia diversas faces muacuteltiplos olharesSatildeo Paulo

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MORETTO Vasco Avaliaccedilatildeo da aprendizagem uma relaccedilatildeo eacutetica In VI

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1996 ( Palestra)

62MRECH Leny M Uma breve discussatildeo a respeito da concretude do

material pedagoacutegico ln Boletim da Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia

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64

WEBGRAFIA

wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009

wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009

wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009

wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009

65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 56: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior

compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho

abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de

parceiros participando e opinando

CONCLUSAtildeO

O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a

trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros

profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo

ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de

aprendizagem

Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma

intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de

aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe

escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e

ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal

processo

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar

relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional

implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz

de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo

escolar

A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

BIBLIOGRAFIA

ANGELONI M T Organizaccedilotildees do conhecimento infra-estrutura pessoas e tecnologias Satildeo Paulo Saraiva 2003 ANTUNESC Novas maneiras de ensinar novas maneias de aprenderPorto Alegre Artmed2002 ASTOLFI Jean-Pierre A didaacutetica das ciecircncias Campinas Papiros 1990

BARBOSA Laura Monte Serrat A Psicopedagogia no Acircmbito da Instituiccedilatildeo

Escolar Curitiba Expoente 2001

BARTHES Roland O rumor da liacutengua Lisboa Ediccedilotildees 70 1987

BEAUCLAIRJoatildeoPsicopedagogia trabalhando competecircncias criando

habilidades Coleccedilatildeo Olhar Psicopedagogico Rio de JaneiroWAK2004

BOSSA Naacutedia A Psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da

praacutetica Porto Alegre Artes Meacutedicas Sul 1994

A Psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da

praacutetica 2ordf ed Porto Alegre Artes Meacutedicas Sul 2000

BOURDIEU Pierre O poder simboacutelico Lisboa Dlfel 1989

BRASIL Constituiccedilatildeo Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil

1988 Satildeo Paulo Saraiva 1988

60CASTRO A H O professor e o mundo contemporacircneoJornal O Diaacuterio

Barretos opiniatildeo aberta 08 jul 2004

DOWBOR L A reproduccedilatildeo Social Satildeo Paulo Vozes 1998

EZPELETA Justa ROCKWELL Elsie Pesquisa participante Satildeo Paulo

Cortez 1986

DEMO P Conhecimento moderno Petroacutepolis RJ Vozes 1997

FAGALI Eloiacutesa Quadros RIO DO VALLE Zeacutelia Rio Psicopedagogia

institucional aplicada a aprendizagem escolar dinacircmica e a

construccedilatildeo na sala de aula Vozes Petroacutepolis 1993 p 9-11

FERMINO Fernandes Sisto BORUCHOVITH Evely DIEHL Tolaine Lucila

Fin Dificuldades de aprendizagem no contexto psicopedagoacutegico

Petroacutepolis RJ Vozes 2001

FERNAacuteNDEZ Aliacutecia A inteligecircncia aprisionada - abordagem

psicopedagoacutegica cliacutenica da crianccedila e sua famiacutelia 2ordf reed Porto Alegre Artes

Meacutedicas Sul 1991

A inteligecircncia aprisionada Porto Alegre Artes

Meacutedicas 1991

FREIRE PauloUma escola chamada vidaSPAacutetica 2000

GARDNER Howard As estruturas da mente - a teoria das inteligecircncias

muacuteltiplas Porto Alegre Artes Meacutedicas 1994

61GADOTTI M Perspectivas atuais da educaccedilatildeo Porto Alegre Ed Artes

Meacutedicas 2000

GONCcedilALVESJulia EugeniaCom vocecircs a psicopedagogiainPINTOMaria

Alice(org) psicopedagogia diversas faces muacuteltiplos olharesSatildeo Paulo

Editora Olho Dagravegua2003

HOFFMANN Jussara ML Avaliaccedilatildeo mito e desafio-uma perspectiva

construtivistaEducaccedilatildeo e Realidade Porto Alegre 1991

Avaliaccedilatildeo mito amp desafio uma perspectiva

construtiva 11 ed Porto Alegre Educaccedilatildeo amp Realidade 1993

IGEA Benito del Rincoacuten e colaboradores Presente e futuro do trabalho

psicopedagoacutegico Porto Alegre Artmed 2005

KISHIMOTO T M O jogo e a educaccedilatildeo infantil Satildeo Paulo Cortez Editora

1996

KOHL Marta Vygotsky - aprendizado e desenvolvimento um processo

soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 1993

LUCKESI C C Avaliaccedilatildeo da aprendizagem escolar 4 ed Satildeo Paulo

Cortez 1996

MALUF e BOMBONATTO Historia da Psicopedagogia e da ABPp no

BrasilRio de Janeiro 2007

MERANI Alberto L Psicologia e pedagogia - as ideacuteias de Henri Wallon

Lisboa Editorial Notiacutecias 1977

MORETTO Vasco Avaliaccedilatildeo da aprendizagem uma relaccedilatildeo eacutetica In VI

CONGRESSO PEDAGOacuteGICO DA ANEB Brasiacutelia

1996 ( Palestra)

62MRECH Leny M Uma breve discussatildeo a respeito da concretude do

material pedagoacutegico ln Boletim da Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia

Ano 6 n 13 jun

PERRENOUD Philippe A Pedagogia na Escola das Diferenccedilas Porto

Alegre Artmed Editora2001

PIAGET J A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila imitaccedilatildeo jogo e sonho

imagem e representaccedilatildeo Zahar Rio de Janeiro 1971

Para onde vai a educaccedilatildeoRio de Janeiro Joseacute Olympio1973

PORTOOliveiraBases da psicopedagogia ndash Diagnostico e intervenccedilatildeo nos

problemas de AprendizagemRio de Janeiro Wak Editora 2009

POZOJIAprendiz e mestresa nova cultura da aprendizagem Trad Ernani

Rosa Porto Alegre Artmed2002

RUBINSTEIN Edith (Org) Psicopedagogia uma praacutetica diferentes estilos Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1999

SANTANNA Ilza Martins Por que avaliar Como Avaliar criteacuterios e

instrumentos Petroacutepolis Vozes 1995

SCOZ Beatriz Psicopedagogia e realidade escolar problema escolar de aprendizagem Petroacutepolis Vozes 1994 Psicopedagogia um portal para a inserccedilatildeo social Petroacutepolis R J VozesSatildeo Paulo ABPp 2003

SHOR Ira FREIRE Paulo Medo e ousadia - o cotidiano do professor Rio de

JaneiroPaz e Terra 1986

SOARES M B Letramento um tema em trecircs gecircneros Autecircntica Belo

Horizonte 1998

63

SOUZA Audrey Setton Lopes Pensando a inibiccedilatildeo intelectualperspectiva

psicanaliacutetica e proposta diagnoacutestica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1995

Vasconcellos C S (2000) Avaliaccedilatildeo Concepccedilatildeo Dialeacutetica-Libertadora do Processo de Avaliaccedilatildeo Escolar Satildeo Paulo Cadernos Pedagoacutegicos do Libertad V 3

VISCA Jorge Tecnicas Proyectivas 3ordf ed 1997 Buenos Aires VYGOTSKY Lev S A Formaccedilatildeo Social da Mente Satildeo Paulo Martins

Fontes ____________ Pensamento e Linguagem Satildeo Paulo Martins Fontes 1998

WALLON H Evoluccedilatildeo psicoloacutegica da crianccedila Andes Rio de Janeiro

1941

64

WEBGRAFIA

wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009

wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009

wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009

wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009

65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 57: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o

nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor

Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de

aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em

suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando

necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista

etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o

intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no

processo de aquisiccedilatildeo do saber

Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que

um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo

educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode

contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos

sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de

diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo

educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e

como ensinante

Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os

educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados

contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao

professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem

intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem

e do atendimento a um pequeno grupo de alunos

Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num

processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas

disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o

eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

BIBLIOGRAFIA

ANGELONI M T Organizaccedilotildees do conhecimento infra-estrutura pessoas e tecnologias Satildeo Paulo Saraiva 2003 ANTUNESC Novas maneiras de ensinar novas maneias de aprenderPorto Alegre Artmed2002 ASTOLFI Jean-Pierre A didaacutetica das ciecircncias Campinas Papiros 1990

BARBOSA Laura Monte Serrat A Psicopedagogia no Acircmbito da Instituiccedilatildeo

Escolar Curitiba Expoente 2001

BARTHES Roland O rumor da liacutengua Lisboa Ediccedilotildees 70 1987

BEAUCLAIRJoatildeoPsicopedagogia trabalhando competecircncias criando

habilidades Coleccedilatildeo Olhar Psicopedagogico Rio de JaneiroWAK2004

BOSSA Naacutedia A Psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da

praacutetica Porto Alegre Artes Meacutedicas Sul 1994

A Psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da

praacutetica 2ordf ed Porto Alegre Artes Meacutedicas Sul 2000

BOURDIEU Pierre O poder simboacutelico Lisboa Dlfel 1989

BRASIL Constituiccedilatildeo Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil

1988 Satildeo Paulo Saraiva 1988

60CASTRO A H O professor e o mundo contemporacircneoJornal O Diaacuterio

Barretos opiniatildeo aberta 08 jul 2004

DOWBOR L A reproduccedilatildeo Social Satildeo Paulo Vozes 1998

EZPELETA Justa ROCKWELL Elsie Pesquisa participante Satildeo Paulo

Cortez 1986

DEMO P Conhecimento moderno Petroacutepolis RJ Vozes 1997

FAGALI Eloiacutesa Quadros RIO DO VALLE Zeacutelia Rio Psicopedagogia

institucional aplicada a aprendizagem escolar dinacircmica e a

construccedilatildeo na sala de aula Vozes Petroacutepolis 1993 p 9-11

FERMINO Fernandes Sisto BORUCHOVITH Evely DIEHL Tolaine Lucila

Fin Dificuldades de aprendizagem no contexto psicopedagoacutegico

Petroacutepolis RJ Vozes 2001

FERNAacuteNDEZ Aliacutecia A inteligecircncia aprisionada - abordagem

psicopedagoacutegica cliacutenica da crianccedila e sua famiacutelia 2ordf reed Porto Alegre Artes

Meacutedicas Sul 1991

A inteligecircncia aprisionada Porto Alegre Artes

Meacutedicas 1991

FREIRE PauloUma escola chamada vidaSPAacutetica 2000

GARDNER Howard As estruturas da mente - a teoria das inteligecircncias

muacuteltiplas Porto Alegre Artes Meacutedicas 1994

61GADOTTI M Perspectivas atuais da educaccedilatildeo Porto Alegre Ed Artes

Meacutedicas 2000

GONCcedilALVESJulia EugeniaCom vocecircs a psicopedagogiainPINTOMaria

Alice(org) psicopedagogia diversas faces muacuteltiplos olharesSatildeo Paulo

Editora Olho Dagravegua2003

HOFFMANN Jussara ML Avaliaccedilatildeo mito e desafio-uma perspectiva

construtivistaEducaccedilatildeo e Realidade Porto Alegre 1991

Avaliaccedilatildeo mito amp desafio uma perspectiva

construtiva 11 ed Porto Alegre Educaccedilatildeo amp Realidade 1993

IGEA Benito del Rincoacuten e colaboradores Presente e futuro do trabalho

psicopedagoacutegico Porto Alegre Artmed 2005

KISHIMOTO T M O jogo e a educaccedilatildeo infantil Satildeo Paulo Cortez Editora

1996

KOHL Marta Vygotsky - aprendizado e desenvolvimento um processo

soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 1993

LUCKESI C C Avaliaccedilatildeo da aprendizagem escolar 4 ed Satildeo Paulo

Cortez 1996

MALUF e BOMBONATTO Historia da Psicopedagogia e da ABPp no

BrasilRio de Janeiro 2007

MERANI Alberto L Psicologia e pedagogia - as ideacuteias de Henri Wallon

Lisboa Editorial Notiacutecias 1977

MORETTO Vasco Avaliaccedilatildeo da aprendizagem uma relaccedilatildeo eacutetica In VI

CONGRESSO PEDAGOacuteGICO DA ANEB Brasiacutelia

1996 ( Palestra)

62MRECH Leny M Uma breve discussatildeo a respeito da concretude do

material pedagoacutegico ln Boletim da Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia

Ano 6 n 13 jun

PERRENOUD Philippe A Pedagogia na Escola das Diferenccedilas Porto

Alegre Artmed Editora2001

PIAGET J A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila imitaccedilatildeo jogo e sonho

imagem e representaccedilatildeo Zahar Rio de Janeiro 1971

Para onde vai a educaccedilatildeoRio de Janeiro Joseacute Olympio1973

PORTOOliveiraBases da psicopedagogia ndash Diagnostico e intervenccedilatildeo nos

problemas de AprendizagemRio de Janeiro Wak Editora 2009

POZOJIAprendiz e mestresa nova cultura da aprendizagem Trad Ernani

Rosa Porto Alegre Artmed2002

RUBINSTEIN Edith (Org) Psicopedagogia uma praacutetica diferentes estilos Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1999

SANTANNA Ilza Martins Por que avaliar Como Avaliar criteacuterios e

instrumentos Petroacutepolis Vozes 1995

SCOZ Beatriz Psicopedagogia e realidade escolar problema escolar de aprendizagem Petroacutepolis Vozes 1994 Psicopedagogia um portal para a inserccedilatildeo social Petroacutepolis R J VozesSatildeo Paulo ABPp 2003

SHOR Ira FREIRE Paulo Medo e ousadia - o cotidiano do professor Rio de

JaneiroPaz e Terra 1986

SOARES M B Letramento um tema em trecircs gecircneros Autecircntica Belo

Horizonte 1998

63

SOUZA Audrey Setton Lopes Pensando a inibiccedilatildeo intelectualperspectiva

psicanaliacutetica e proposta diagnoacutestica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1995

Vasconcellos C S (2000) Avaliaccedilatildeo Concepccedilatildeo Dialeacutetica-Libertadora do Processo de Avaliaccedilatildeo Escolar Satildeo Paulo Cadernos Pedagoacutegicos do Libertad V 3

VISCA Jorge Tecnicas Proyectivas 3ordf ed 1997 Buenos Aires VYGOTSKY Lev S A Formaccedilatildeo Social da Mente Satildeo Paulo Martins

Fontes ____________ Pensamento e Linguagem Satildeo Paulo Martins Fontes 1998

WALLON H Evoluccedilatildeo psicoloacutegica da crianccedila Andes Rio de Janeiro

1941

64

WEBGRAFIA

wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009

wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009

wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009

wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009

65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 58: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola

como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno

aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e

apoioDiscorre Bossa (1994)

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no

processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade

educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees

metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades

dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que

no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes

responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto

teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os

professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da

escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de

aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem

Bossa (1994p23)

O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a

compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de

determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para

atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto

Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute

valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se

transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de

aprendizagem

Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo

que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar

jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se

constroacutei e reconstroacutei

59

BIBLIOGRAFIA

ANGELONI M T Organizaccedilotildees do conhecimento infra-estrutura pessoas e tecnologias Satildeo Paulo Saraiva 2003 ANTUNESC Novas maneiras de ensinar novas maneias de aprenderPorto Alegre Artmed2002 ASTOLFI Jean-Pierre A didaacutetica das ciecircncias Campinas Papiros 1990

BARBOSA Laura Monte Serrat A Psicopedagogia no Acircmbito da Instituiccedilatildeo

Escolar Curitiba Expoente 2001

BARTHES Roland O rumor da liacutengua Lisboa Ediccedilotildees 70 1987

BEAUCLAIRJoatildeoPsicopedagogia trabalhando competecircncias criando

habilidades Coleccedilatildeo Olhar Psicopedagogico Rio de JaneiroWAK2004

BOSSA Naacutedia A Psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da

praacutetica Porto Alegre Artes Meacutedicas Sul 1994

A Psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da

praacutetica 2ordf ed Porto Alegre Artes Meacutedicas Sul 2000

BOURDIEU Pierre O poder simboacutelico Lisboa Dlfel 1989

BRASIL Constituiccedilatildeo Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil

1988 Satildeo Paulo Saraiva 1988

60CASTRO A H O professor e o mundo contemporacircneoJornal O Diaacuterio

Barretos opiniatildeo aberta 08 jul 2004

DOWBOR L A reproduccedilatildeo Social Satildeo Paulo Vozes 1998

EZPELETA Justa ROCKWELL Elsie Pesquisa participante Satildeo Paulo

Cortez 1986

DEMO P Conhecimento moderno Petroacutepolis RJ Vozes 1997

FAGALI Eloiacutesa Quadros RIO DO VALLE Zeacutelia Rio Psicopedagogia

institucional aplicada a aprendizagem escolar dinacircmica e a

construccedilatildeo na sala de aula Vozes Petroacutepolis 1993 p 9-11

FERMINO Fernandes Sisto BORUCHOVITH Evely DIEHL Tolaine Lucila

Fin Dificuldades de aprendizagem no contexto psicopedagoacutegico

Petroacutepolis RJ Vozes 2001

FERNAacuteNDEZ Aliacutecia A inteligecircncia aprisionada - abordagem

psicopedagoacutegica cliacutenica da crianccedila e sua famiacutelia 2ordf reed Porto Alegre Artes

Meacutedicas Sul 1991

A inteligecircncia aprisionada Porto Alegre Artes

Meacutedicas 1991

FREIRE PauloUma escola chamada vidaSPAacutetica 2000

GARDNER Howard As estruturas da mente - a teoria das inteligecircncias

muacuteltiplas Porto Alegre Artes Meacutedicas 1994

61GADOTTI M Perspectivas atuais da educaccedilatildeo Porto Alegre Ed Artes

Meacutedicas 2000

GONCcedilALVESJulia EugeniaCom vocecircs a psicopedagogiainPINTOMaria

Alice(org) psicopedagogia diversas faces muacuteltiplos olharesSatildeo Paulo

Editora Olho Dagravegua2003

HOFFMANN Jussara ML Avaliaccedilatildeo mito e desafio-uma perspectiva

construtivistaEducaccedilatildeo e Realidade Porto Alegre 1991

Avaliaccedilatildeo mito amp desafio uma perspectiva

construtiva 11 ed Porto Alegre Educaccedilatildeo amp Realidade 1993

IGEA Benito del Rincoacuten e colaboradores Presente e futuro do trabalho

psicopedagoacutegico Porto Alegre Artmed 2005

KISHIMOTO T M O jogo e a educaccedilatildeo infantil Satildeo Paulo Cortez Editora

1996

KOHL Marta Vygotsky - aprendizado e desenvolvimento um processo

soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 1993

LUCKESI C C Avaliaccedilatildeo da aprendizagem escolar 4 ed Satildeo Paulo

Cortez 1996

MALUF e BOMBONATTO Historia da Psicopedagogia e da ABPp no

BrasilRio de Janeiro 2007

MERANI Alberto L Psicologia e pedagogia - as ideacuteias de Henri Wallon

Lisboa Editorial Notiacutecias 1977

MORETTO Vasco Avaliaccedilatildeo da aprendizagem uma relaccedilatildeo eacutetica In VI

CONGRESSO PEDAGOacuteGICO DA ANEB Brasiacutelia

1996 ( Palestra)

62MRECH Leny M Uma breve discussatildeo a respeito da concretude do

material pedagoacutegico ln Boletim da Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia

Ano 6 n 13 jun

PERRENOUD Philippe A Pedagogia na Escola das Diferenccedilas Porto

Alegre Artmed Editora2001

PIAGET J A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila imitaccedilatildeo jogo e sonho

imagem e representaccedilatildeo Zahar Rio de Janeiro 1971

Para onde vai a educaccedilatildeoRio de Janeiro Joseacute Olympio1973

PORTOOliveiraBases da psicopedagogia ndash Diagnostico e intervenccedilatildeo nos

problemas de AprendizagemRio de Janeiro Wak Editora 2009

POZOJIAprendiz e mestresa nova cultura da aprendizagem Trad Ernani

Rosa Porto Alegre Artmed2002

RUBINSTEIN Edith (Org) Psicopedagogia uma praacutetica diferentes estilos Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1999

SANTANNA Ilza Martins Por que avaliar Como Avaliar criteacuterios e

instrumentos Petroacutepolis Vozes 1995

SCOZ Beatriz Psicopedagogia e realidade escolar problema escolar de aprendizagem Petroacutepolis Vozes 1994 Psicopedagogia um portal para a inserccedilatildeo social Petroacutepolis R J VozesSatildeo Paulo ABPp 2003

SHOR Ira FREIRE Paulo Medo e ousadia - o cotidiano do professor Rio de

JaneiroPaz e Terra 1986

SOARES M B Letramento um tema em trecircs gecircneros Autecircntica Belo

Horizonte 1998

63

SOUZA Audrey Setton Lopes Pensando a inibiccedilatildeo intelectualperspectiva

psicanaliacutetica e proposta diagnoacutestica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1995

Vasconcellos C S (2000) Avaliaccedilatildeo Concepccedilatildeo Dialeacutetica-Libertadora do Processo de Avaliaccedilatildeo Escolar Satildeo Paulo Cadernos Pedagoacutegicos do Libertad V 3

VISCA Jorge Tecnicas Proyectivas 3ordf ed 1997 Buenos Aires VYGOTSKY Lev S A Formaccedilatildeo Social da Mente Satildeo Paulo Martins

Fontes ____________ Pensamento e Linguagem Satildeo Paulo Martins Fontes 1998

WALLON H Evoluccedilatildeo psicoloacutegica da crianccedila Andes Rio de Janeiro

1941

64

WEBGRAFIA

wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009

wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009

wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009

wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009

65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 59: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

59

BIBLIOGRAFIA

ANGELONI M T Organizaccedilotildees do conhecimento infra-estrutura pessoas e tecnologias Satildeo Paulo Saraiva 2003 ANTUNESC Novas maneiras de ensinar novas maneias de aprenderPorto Alegre Artmed2002 ASTOLFI Jean-Pierre A didaacutetica das ciecircncias Campinas Papiros 1990

BARBOSA Laura Monte Serrat A Psicopedagogia no Acircmbito da Instituiccedilatildeo

Escolar Curitiba Expoente 2001

BARTHES Roland O rumor da liacutengua Lisboa Ediccedilotildees 70 1987

BEAUCLAIRJoatildeoPsicopedagogia trabalhando competecircncias criando

habilidades Coleccedilatildeo Olhar Psicopedagogico Rio de JaneiroWAK2004

BOSSA Naacutedia A Psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da

praacutetica Porto Alegre Artes Meacutedicas Sul 1994

A Psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da

praacutetica 2ordf ed Porto Alegre Artes Meacutedicas Sul 2000

BOURDIEU Pierre O poder simboacutelico Lisboa Dlfel 1989

BRASIL Constituiccedilatildeo Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil

1988 Satildeo Paulo Saraiva 1988

60CASTRO A H O professor e o mundo contemporacircneoJornal O Diaacuterio

Barretos opiniatildeo aberta 08 jul 2004

DOWBOR L A reproduccedilatildeo Social Satildeo Paulo Vozes 1998

EZPELETA Justa ROCKWELL Elsie Pesquisa participante Satildeo Paulo

Cortez 1986

DEMO P Conhecimento moderno Petroacutepolis RJ Vozes 1997

FAGALI Eloiacutesa Quadros RIO DO VALLE Zeacutelia Rio Psicopedagogia

institucional aplicada a aprendizagem escolar dinacircmica e a

construccedilatildeo na sala de aula Vozes Petroacutepolis 1993 p 9-11

FERMINO Fernandes Sisto BORUCHOVITH Evely DIEHL Tolaine Lucila

Fin Dificuldades de aprendizagem no contexto psicopedagoacutegico

Petroacutepolis RJ Vozes 2001

FERNAacuteNDEZ Aliacutecia A inteligecircncia aprisionada - abordagem

psicopedagoacutegica cliacutenica da crianccedila e sua famiacutelia 2ordf reed Porto Alegre Artes

Meacutedicas Sul 1991

A inteligecircncia aprisionada Porto Alegre Artes

Meacutedicas 1991

FREIRE PauloUma escola chamada vidaSPAacutetica 2000

GARDNER Howard As estruturas da mente - a teoria das inteligecircncias

muacuteltiplas Porto Alegre Artes Meacutedicas 1994

61GADOTTI M Perspectivas atuais da educaccedilatildeo Porto Alegre Ed Artes

Meacutedicas 2000

GONCcedilALVESJulia EugeniaCom vocecircs a psicopedagogiainPINTOMaria

Alice(org) psicopedagogia diversas faces muacuteltiplos olharesSatildeo Paulo

Editora Olho Dagravegua2003

HOFFMANN Jussara ML Avaliaccedilatildeo mito e desafio-uma perspectiva

construtivistaEducaccedilatildeo e Realidade Porto Alegre 1991

Avaliaccedilatildeo mito amp desafio uma perspectiva

construtiva 11 ed Porto Alegre Educaccedilatildeo amp Realidade 1993

IGEA Benito del Rincoacuten e colaboradores Presente e futuro do trabalho

psicopedagoacutegico Porto Alegre Artmed 2005

KISHIMOTO T M O jogo e a educaccedilatildeo infantil Satildeo Paulo Cortez Editora

1996

KOHL Marta Vygotsky - aprendizado e desenvolvimento um processo

soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 1993

LUCKESI C C Avaliaccedilatildeo da aprendizagem escolar 4 ed Satildeo Paulo

Cortez 1996

MALUF e BOMBONATTO Historia da Psicopedagogia e da ABPp no

BrasilRio de Janeiro 2007

MERANI Alberto L Psicologia e pedagogia - as ideacuteias de Henri Wallon

Lisboa Editorial Notiacutecias 1977

MORETTO Vasco Avaliaccedilatildeo da aprendizagem uma relaccedilatildeo eacutetica In VI

CONGRESSO PEDAGOacuteGICO DA ANEB Brasiacutelia

1996 ( Palestra)

62MRECH Leny M Uma breve discussatildeo a respeito da concretude do

material pedagoacutegico ln Boletim da Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia

Ano 6 n 13 jun

PERRENOUD Philippe A Pedagogia na Escola das Diferenccedilas Porto

Alegre Artmed Editora2001

PIAGET J A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila imitaccedilatildeo jogo e sonho

imagem e representaccedilatildeo Zahar Rio de Janeiro 1971

Para onde vai a educaccedilatildeoRio de Janeiro Joseacute Olympio1973

PORTOOliveiraBases da psicopedagogia ndash Diagnostico e intervenccedilatildeo nos

problemas de AprendizagemRio de Janeiro Wak Editora 2009

POZOJIAprendiz e mestresa nova cultura da aprendizagem Trad Ernani

Rosa Porto Alegre Artmed2002

RUBINSTEIN Edith (Org) Psicopedagogia uma praacutetica diferentes estilos Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1999

SANTANNA Ilza Martins Por que avaliar Como Avaliar criteacuterios e

instrumentos Petroacutepolis Vozes 1995

SCOZ Beatriz Psicopedagogia e realidade escolar problema escolar de aprendizagem Petroacutepolis Vozes 1994 Psicopedagogia um portal para a inserccedilatildeo social Petroacutepolis R J VozesSatildeo Paulo ABPp 2003

SHOR Ira FREIRE Paulo Medo e ousadia - o cotidiano do professor Rio de

JaneiroPaz e Terra 1986

SOARES M B Letramento um tema em trecircs gecircneros Autecircntica Belo

Horizonte 1998

63

SOUZA Audrey Setton Lopes Pensando a inibiccedilatildeo intelectualperspectiva

psicanaliacutetica e proposta diagnoacutestica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1995

Vasconcellos C S (2000) Avaliaccedilatildeo Concepccedilatildeo Dialeacutetica-Libertadora do Processo de Avaliaccedilatildeo Escolar Satildeo Paulo Cadernos Pedagoacutegicos do Libertad V 3

VISCA Jorge Tecnicas Proyectivas 3ordf ed 1997 Buenos Aires VYGOTSKY Lev S A Formaccedilatildeo Social da Mente Satildeo Paulo Martins

Fontes ____________ Pensamento e Linguagem Satildeo Paulo Martins Fontes 1998

WALLON H Evoluccedilatildeo psicoloacutegica da crianccedila Andes Rio de Janeiro

1941

64

WEBGRAFIA

wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009

wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009

wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009

wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009

65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 60: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

60CASTRO A H O professor e o mundo contemporacircneoJornal O Diaacuterio

Barretos opiniatildeo aberta 08 jul 2004

DOWBOR L A reproduccedilatildeo Social Satildeo Paulo Vozes 1998

EZPELETA Justa ROCKWELL Elsie Pesquisa participante Satildeo Paulo

Cortez 1986

DEMO P Conhecimento moderno Petroacutepolis RJ Vozes 1997

FAGALI Eloiacutesa Quadros RIO DO VALLE Zeacutelia Rio Psicopedagogia

institucional aplicada a aprendizagem escolar dinacircmica e a

construccedilatildeo na sala de aula Vozes Petroacutepolis 1993 p 9-11

FERMINO Fernandes Sisto BORUCHOVITH Evely DIEHL Tolaine Lucila

Fin Dificuldades de aprendizagem no contexto psicopedagoacutegico

Petroacutepolis RJ Vozes 2001

FERNAacuteNDEZ Aliacutecia A inteligecircncia aprisionada - abordagem

psicopedagoacutegica cliacutenica da crianccedila e sua famiacutelia 2ordf reed Porto Alegre Artes

Meacutedicas Sul 1991

A inteligecircncia aprisionada Porto Alegre Artes

Meacutedicas 1991

FREIRE PauloUma escola chamada vidaSPAacutetica 2000

GARDNER Howard As estruturas da mente - a teoria das inteligecircncias

muacuteltiplas Porto Alegre Artes Meacutedicas 1994

61GADOTTI M Perspectivas atuais da educaccedilatildeo Porto Alegre Ed Artes

Meacutedicas 2000

GONCcedilALVESJulia EugeniaCom vocecircs a psicopedagogiainPINTOMaria

Alice(org) psicopedagogia diversas faces muacuteltiplos olharesSatildeo Paulo

Editora Olho Dagravegua2003

HOFFMANN Jussara ML Avaliaccedilatildeo mito e desafio-uma perspectiva

construtivistaEducaccedilatildeo e Realidade Porto Alegre 1991

Avaliaccedilatildeo mito amp desafio uma perspectiva

construtiva 11 ed Porto Alegre Educaccedilatildeo amp Realidade 1993

IGEA Benito del Rincoacuten e colaboradores Presente e futuro do trabalho

psicopedagoacutegico Porto Alegre Artmed 2005

KISHIMOTO T M O jogo e a educaccedilatildeo infantil Satildeo Paulo Cortez Editora

1996

KOHL Marta Vygotsky - aprendizado e desenvolvimento um processo

soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 1993

LUCKESI C C Avaliaccedilatildeo da aprendizagem escolar 4 ed Satildeo Paulo

Cortez 1996

MALUF e BOMBONATTO Historia da Psicopedagogia e da ABPp no

BrasilRio de Janeiro 2007

MERANI Alberto L Psicologia e pedagogia - as ideacuteias de Henri Wallon

Lisboa Editorial Notiacutecias 1977

MORETTO Vasco Avaliaccedilatildeo da aprendizagem uma relaccedilatildeo eacutetica In VI

CONGRESSO PEDAGOacuteGICO DA ANEB Brasiacutelia

1996 ( Palestra)

62MRECH Leny M Uma breve discussatildeo a respeito da concretude do

material pedagoacutegico ln Boletim da Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia

Ano 6 n 13 jun

PERRENOUD Philippe A Pedagogia na Escola das Diferenccedilas Porto

Alegre Artmed Editora2001

PIAGET J A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila imitaccedilatildeo jogo e sonho

imagem e representaccedilatildeo Zahar Rio de Janeiro 1971

Para onde vai a educaccedilatildeoRio de Janeiro Joseacute Olympio1973

PORTOOliveiraBases da psicopedagogia ndash Diagnostico e intervenccedilatildeo nos

problemas de AprendizagemRio de Janeiro Wak Editora 2009

POZOJIAprendiz e mestresa nova cultura da aprendizagem Trad Ernani

Rosa Porto Alegre Artmed2002

RUBINSTEIN Edith (Org) Psicopedagogia uma praacutetica diferentes estilos Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1999

SANTANNA Ilza Martins Por que avaliar Como Avaliar criteacuterios e

instrumentos Petroacutepolis Vozes 1995

SCOZ Beatriz Psicopedagogia e realidade escolar problema escolar de aprendizagem Petroacutepolis Vozes 1994 Psicopedagogia um portal para a inserccedilatildeo social Petroacutepolis R J VozesSatildeo Paulo ABPp 2003

SHOR Ira FREIRE Paulo Medo e ousadia - o cotidiano do professor Rio de

JaneiroPaz e Terra 1986

SOARES M B Letramento um tema em trecircs gecircneros Autecircntica Belo

Horizonte 1998

63

SOUZA Audrey Setton Lopes Pensando a inibiccedilatildeo intelectualperspectiva

psicanaliacutetica e proposta diagnoacutestica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1995

Vasconcellos C S (2000) Avaliaccedilatildeo Concepccedilatildeo Dialeacutetica-Libertadora do Processo de Avaliaccedilatildeo Escolar Satildeo Paulo Cadernos Pedagoacutegicos do Libertad V 3

VISCA Jorge Tecnicas Proyectivas 3ordf ed 1997 Buenos Aires VYGOTSKY Lev S A Formaccedilatildeo Social da Mente Satildeo Paulo Martins

Fontes ____________ Pensamento e Linguagem Satildeo Paulo Martins Fontes 1998

WALLON H Evoluccedilatildeo psicoloacutegica da crianccedila Andes Rio de Janeiro

1941

64

WEBGRAFIA

wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009

wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009

wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009

wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009

65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 61: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

61GADOTTI M Perspectivas atuais da educaccedilatildeo Porto Alegre Ed Artes

Meacutedicas 2000

GONCcedilALVESJulia EugeniaCom vocecircs a psicopedagogiainPINTOMaria

Alice(org) psicopedagogia diversas faces muacuteltiplos olharesSatildeo Paulo

Editora Olho Dagravegua2003

HOFFMANN Jussara ML Avaliaccedilatildeo mito e desafio-uma perspectiva

construtivistaEducaccedilatildeo e Realidade Porto Alegre 1991

Avaliaccedilatildeo mito amp desafio uma perspectiva

construtiva 11 ed Porto Alegre Educaccedilatildeo amp Realidade 1993

IGEA Benito del Rincoacuten e colaboradores Presente e futuro do trabalho

psicopedagoacutegico Porto Alegre Artmed 2005

KISHIMOTO T M O jogo e a educaccedilatildeo infantil Satildeo Paulo Cortez Editora

1996

KOHL Marta Vygotsky - aprendizado e desenvolvimento um processo

soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 1993

LUCKESI C C Avaliaccedilatildeo da aprendizagem escolar 4 ed Satildeo Paulo

Cortez 1996

MALUF e BOMBONATTO Historia da Psicopedagogia e da ABPp no

BrasilRio de Janeiro 2007

MERANI Alberto L Psicologia e pedagogia - as ideacuteias de Henri Wallon

Lisboa Editorial Notiacutecias 1977

MORETTO Vasco Avaliaccedilatildeo da aprendizagem uma relaccedilatildeo eacutetica In VI

CONGRESSO PEDAGOacuteGICO DA ANEB Brasiacutelia

1996 ( Palestra)

62MRECH Leny M Uma breve discussatildeo a respeito da concretude do

material pedagoacutegico ln Boletim da Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia

Ano 6 n 13 jun

PERRENOUD Philippe A Pedagogia na Escola das Diferenccedilas Porto

Alegre Artmed Editora2001

PIAGET J A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila imitaccedilatildeo jogo e sonho

imagem e representaccedilatildeo Zahar Rio de Janeiro 1971

Para onde vai a educaccedilatildeoRio de Janeiro Joseacute Olympio1973

PORTOOliveiraBases da psicopedagogia ndash Diagnostico e intervenccedilatildeo nos

problemas de AprendizagemRio de Janeiro Wak Editora 2009

POZOJIAprendiz e mestresa nova cultura da aprendizagem Trad Ernani

Rosa Porto Alegre Artmed2002

RUBINSTEIN Edith (Org) Psicopedagogia uma praacutetica diferentes estilos Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1999

SANTANNA Ilza Martins Por que avaliar Como Avaliar criteacuterios e

instrumentos Petroacutepolis Vozes 1995

SCOZ Beatriz Psicopedagogia e realidade escolar problema escolar de aprendizagem Petroacutepolis Vozes 1994 Psicopedagogia um portal para a inserccedilatildeo social Petroacutepolis R J VozesSatildeo Paulo ABPp 2003

SHOR Ira FREIRE Paulo Medo e ousadia - o cotidiano do professor Rio de

JaneiroPaz e Terra 1986

SOARES M B Letramento um tema em trecircs gecircneros Autecircntica Belo

Horizonte 1998

63

SOUZA Audrey Setton Lopes Pensando a inibiccedilatildeo intelectualperspectiva

psicanaliacutetica e proposta diagnoacutestica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1995

Vasconcellos C S (2000) Avaliaccedilatildeo Concepccedilatildeo Dialeacutetica-Libertadora do Processo de Avaliaccedilatildeo Escolar Satildeo Paulo Cadernos Pedagoacutegicos do Libertad V 3

VISCA Jorge Tecnicas Proyectivas 3ordf ed 1997 Buenos Aires VYGOTSKY Lev S A Formaccedilatildeo Social da Mente Satildeo Paulo Martins

Fontes ____________ Pensamento e Linguagem Satildeo Paulo Martins Fontes 1998

WALLON H Evoluccedilatildeo psicoloacutegica da crianccedila Andes Rio de Janeiro

1941

64

WEBGRAFIA

wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009

wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009

wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009

wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009

65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 62: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

62MRECH Leny M Uma breve discussatildeo a respeito da concretude do

material pedagoacutegico ln Boletim da Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia

Ano 6 n 13 jun

PERRENOUD Philippe A Pedagogia na Escola das Diferenccedilas Porto

Alegre Artmed Editora2001

PIAGET J A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila imitaccedilatildeo jogo e sonho

imagem e representaccedilatildeo Zahar Rio de Janeiro 1971

Para onde vai a educaccedilatildeoRio de Janeiro Joseacute Olympio1973

PORTOOliveiraBases da psicopedagogia ndash Diagnostico e intervenccedilatildeo nos

problemas de AprendizagemRio de Janeiro Wak Editora 2009

POZOJIAprendiz e mestresa nova cultura da aprendizagem Trad Ernani

Rosa Porto Alegre Artmed2002

RUBINSTEIN Edith (Org) Psicopedagogia uma praacutetica diferentes estilos Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1999

SANTANNA Ilza Martins Por que avaliar Como Avaliar criteacuterios e

instrumentos Petroacutepolis Vozes 1995

SCOZ Beatriz Psicopedagogia e realidade escolar problema escolar de aprendizagem Petroacutepolis Vozes 1994 Psicopedagogia um portal para a inserccedilatildeo social Petroacutepolis R J VozesSatildeo Paulo ABPp 2003

SHOR Ira FREIRE Paulo Medo e ousadia - o cotidiano do professor Rio de

JaneiroPaz e Terra 1986

SOARES M B Letramento um tema em trecircs gecircneros Autecircntica Belo

Horizonte 1998

63

SOUZA Audrey Setton Lopes Pensando a inibiccedilatildeo intelectualperspectiva

psicanaliacutetica e proposta diagnoacutestica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1995

Vasconcellos C S (2000) Avaliaccedilatildeo Concepccedilatildeo Dialeacutetica-Libertadora do Processo de Avaliaccedilatildeo Escolar Satildeo Paulo Cadernos Pedagoacutegicos do Libertad V 3

VISCA Jorge Tecnicas Proyectivas 3ordf ed 1997 Buenos Aires VYGOTSKY Lev S A Formaccedilatildeo Social da Mente Satildeo Paulo Martins

Fontes ____________ Pensamento e Linguagem Satildeo Paulo Martins Fontes 1998

WALLON H Evoluccedilatildeo psicoloacutegica da crianccedila Andes Rio de Janeiro

1941

64

WEBGRAFIA

wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009

wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009

wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009

wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009

65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 63: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

63

SOUZA Audrey Setton Lopes Pensando a inibiccedilatildeo intelectualperspectiva

psicanaliacutetica e proposta diagnoacutestica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1995

Vasconcellos C S (2000) Avaliaccedilatildeo Concepccedilatildeo Dialeacutetica-Libertadora do Processo de Avaliaccedilatildeo Escolar Satildeo Paulo Cadernos Pedagoacutegicos do Libertad V 3

VISCA Jorge Tecnicas Proyectivas 3ordf ed 1997 Buenos Aires VYGOTSKY Lev S A Formaccedilatildeo Social da Mente Satildeo Paulo Martins

Fontes ____________ Pensamento e Linguagem Satildeo Paulo Martins Fontes 1998

WALLON H Evoluccedilatildeo psicoloacutegica da crianccedila Andes Rio de Janeiro

1941

64

WEBGRAFIA

wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009

wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009

wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009

wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009

65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 64: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na área clínica e institucional, que pode ser a escolar,

64

WEBGRAFIA

wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009

wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009

wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009

wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009

65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
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65

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 8

INTRODUCcedilAtildeO 9

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11

11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A

CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15

12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO

PSICOPEDAGOGO 16

13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19

1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21

1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24

1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26

66

CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
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CAPIacuteTULO II

PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28

21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29

22 - APRENDIZAGEM 33

23 - AVALIACcedilAtildeO 36

24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41

CAPIacuteTULO III

A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE

ALFABETIZACcedilAgraveO 46

3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48

32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51

33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53

CONCLUSAtildeO 56

BIBLIOGRAFIA 59

WEBGRAFIA 64

IacuteNDICE 65

67

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
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FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido

Mendes

Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de

alfabetizaccedilatildeo

Autor Liacutelian de Santana Guedes

Data da entrega

Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito

  • AGRADECIMENTOS
  • CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
    • CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
    • CONCLUSAtildeO 54
      • BIBLIOGRAFIA 59
      • WEBGRAFIA 64
      • FOLHA DE ROSTO 2
      • AGRADECIMENTO 3
      • 12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO
      • 13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
        • CAPIacuteTULO II
        • PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
        • CAPIacuteTULO III
        • A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAgraveO
          • 33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
          • CONCLUSAtildeO 56
          • BIBLIOGRAFIA 59
            • IacuteNDICE 65FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO