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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
POacuteS-GRADUACcedilAtildeO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A INTERVECcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAtildeO
LILIAN DE SANTANA GUEDES
Orientadora
CARLY BARBOZA MACHADO
Rio de Janeiro
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
POacuteS-GRADUACcedilAtildeO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAtildeO
Apresentaccedilatildeo de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre ndash Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenccedilatildeo do grau de
especialista em Psicopedagogia
Por Liacutelian de Santana Guedes
3
AGRADECIMENTOS
A Deus por me proporcionar sauacutede e
sabedoria meus pais e principalmente
meu esposo Alexandre
4
DEDICATOacuteRIA
Dedico este trabalho exclusivamente ao
meu esposo Alexandre que tanto amo
5
RESUMO
Trata-se de uma pesquisa descritiva que tem o objetivo fomentar reflexatildeo
sobre a intervenccedilatildeo do psicopedagogo de forma preventiva como uma ciecircncia
que contem em seu bojo teoacuterico um conjunto de referenciais que possibilitar
repensar e analisar as inter - relaccedilotildees dos sujeitos em seus espaccedilos reais e
simboacutelicos a partir da constituiccedilatildeo do ser no processo de cogniccedilatildeo social
Atuando na Instituiccedilatildeo Escolar pode promover a reflexatildeo sobre a natureza dos
condicionamentos e dos sistema de crenccedilas que sustentam o imaginaacuterio
impliacutecito na relaccedilatildeo professor ndash aluno e assim potencializar e ressignificar a
aprendizagem dos sujeitos pertencentes ao coletivo de seres que apreende
novas realidades
6
METODOLOGIA
A presente pesquisa surgiu da preocupaccedilatildeo existente com nossa praacutetica como
educadora e de nossa crenccedila de que cada um constroacutei seus proacuteprios
conhecimentos por meio de estiacutemulos tem justamente o objetivo de fazer uma
abordagem sobre a intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo dentro da instituiccedilatildeo escolar
Este trabalho trata de uma pesquisa bibliograacutefica Os principais autores
utilizados na realizaccedilatildeo desta pesquisa foram
Alicia Fernandez com as ideacuteias e propostas na psicopedagogia da atualidade
Oliacutevia Porto que proporcionou uma analisar a instituiccedilatildeo escolar e suas
relaccedilotildees com uma abordagem reflexiva e criacutetica buscando construir um
espaccedilo que contribua para a reduccedilatildeo do fracasso escolar em nosso paiacutes
Jean Piaget nos indica a construccedilatildeo do saber partindo do conhecimento
menos elaborado para o mais elaboradordquoo conhecimento resulta de uma
interaccedilatildeo entre o sujeito que conhece e o objeto a ser conhecidordquo
Joatildeo Beauclair de forma clara e objetiva colaborou para a construccedilatildeo de uma
visatildeo ampla sobre o que vem a ser a psicopedagogia e seus desdobramentos
conceituais propondo-se a servir como um elemento de novas buscas e
conhecimentos
Levi Vygotsky o sujeito do conhecimento natildeo eacute passivo regulado por forccedilas
externas que o vatildeo moldando natildeo eacute somente ativo e sim interativordquoo
aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e
potildee em movimento vaacuterios processos de desenvolvimento que de outra forma
seriam impossiacutevel de acontecerrdquo
Maria Irene Maluf e Quezia Bombonatto compartilhou experiecircncias de forma
significativa para o desenvolvimento de um olhar voltado para os processos
7que cercam o aprender e o natildeo aprender e artigos para a historia da
psicopedagogia e da ABPp no Brasil
Nadia Aparecida Bossa conhecimentos que se faz necessaacuterio para uma
praacutetica consistente na forma como eacute concebida a psicipedagogia no presente
trabalho
A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em
domiacutenio publico
wwwabppcombr A Regulamentaccedilatildeo e o exerciacutecio da atividade em
psicopedagogia no Brasil Pesquisa sobre a Psicopedagogia noRrio deJjaneiro
Diretrizes Baacutesicas da Formaccedilacirco de Psicopedagogos no Brasil e Eixos
Temaacuteticos para Cursos de Formaccedilatildeo em Psicopedagogia
wwwforumeducacaohpgigcombr Aprendizagens Atraveacutes da Avaliaccedilatildeo
Formativa Utilizando a intervenccedilatildeo na busca de melhores resultados
wwwmecgovbrRelativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensuem
psicopedagogia
wwwpsicopedagogiaonlinecomb Psicopedagogia accedilatildeo e parceria Jogar
Aprendendo Contribuiccedilotildees dos Jogos no Processo de Letramento
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica no processo
de alfabetizaccedilatildeo ganha atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
8
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 09
CAPIacuteTULO I - HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO
DE ALFABETIZACcedilAgraveO 46
CONCLUSAtildeO 54
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
INDICE 65
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 67
9
INTRODUCcedilAtildeO
A Psicopedagogia no Brasil vemcontinuamente discutindo seus fundamentos
e construindo suas ferramentas Como uma aacuterea relativamente nova de
conhecimento traz em si as origens e as diversidades de uma atuaccedilatildeo
interdisciplinar e transdisciplinar possibilitando o desenvolvimento de um
quadro teoacuterico proacuteprio como uma atitude diante do conhecimento que permite
ultrapassar paradigmas
A presente pesquisa que se apresenta com o tema A intervenccedilatildeo do
psicopedagogo no processo de alfabetizaccedilatildeo tem como questatildeo central eacute de
ateacute que ponto o psicopedagogo interveacutem no processo de ensino
aprendizagem de forma preventiva pois o tema sugerido eacute de fundamental
relevacircncia pois tem como finalidade defender a necessidade de adaptar
instrumentos de intervenccedilatildeo teacutecnicas de trabalhos que possam satisfazer a
complexidade das situaccedilotildees que por sua vez mostrem o professor que foge
da sua aacuterea de atuaccedilatildeo e o que pode ser realmente realizado junto com o
psicopedagogo no que se refere a prevenccedilatildeo e o acompanhamento das
dificuldades no processo de ensino aprendizagem partindo da potencialidade
do individuo em sua especificidade e singularidade
Satildeo por tanto os objetivos gerais desta pesquisa eacute de analisar a situaccedilatildeo do
aluno com dificuldade no processo de ensino aprendizagem verificando dentro
do contexto educacional o que interfere nesse processo e o que natildeo contribui
para o avanccedilo do desenvolvimento do aluno com a finalidade de proporcionar
orientaccedilatildeo e instrumentos que permitam modificar o conflito manifestado
10A pesquisa tambeacutem apresenta objetivos especiacuteficos verificar a intervenccedilatildeo
como fator de mediaccedilatildeo entre o processo com o objeto conceituar as diversas
causas do natildeo aprender analisar o erro do aluno como um indicador de como
ele estaacute pensando e como compreende o que foi ensinado refletir sobre
praacutetica pedagoacutegica e analisar o curriacuteculo e a metodologia
A sistematizaccedilatildeo da pesquisa parte da de uma fundamentaccedilatildeo bibliograacutefica
que se embasa em teoacutericos como Beauclair Bossa Fernandez Maluf e
Bombonatto Oliacutevia Piaget Vygostsk entre outros
A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em
domiacutenio publico
O primeiro capitulo apresenta uma breve histoacuterico da psicopedagogia no Rio
de Janeiro a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo no
Brasila formaccedilatildeotitulaccedilatildeo e o reconhecimento
O segundo capitulo discorre sobre o psicopedagogo e a escolar a instituiccedilatildeo
escolar a aprendizagem e sua construccedilatildeo avaliaccedilatildeo e a praacutetica pedagoacutegica
O terceiro capitulo eacute discorrido a importacircncia da intervenccedilatildeo do psicopedagogo
no processo de alfabetizaccedilatildeo o jogo segundo alguns autores o jogo no
contexto psicopedagogico e a intervenccedilatildeo do psicopedagogo junto a famiacutelia
11Com a conclusatildeo da pesquisa espera-se que esta sirva como fonte de estudos
e praacuteticas futuras proporcionando o incentivo de discussotildees quanto aos
desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO
Zenicila ( 2007) discorre que na deacutecada de 70 jaacute se via claramente a
separaccedilatildeo de cursos estudos e publicaccedilotildees para educadores em geral
interessados em problemas dos escolares e para profissionais que se
aperfeiccediloavam em educaccedilatildeo especial
Segundo Zenicila (2007) No final dos anos 70 inicia-se uma mudanccedila na visatildeo
teoacutericas e praacuteticas das dificuldades de aprendizagem as atividades realizadas
com crianccedilas especiais durante os anos de 1976 a 1977 os educadores da
Escola Movimentos convidaram a psiquiatra e a psicanalista Dra Ameacutelia
Thereza de Moura Vasconcellos para assessorar e supervisionar o trabalho do
grupo
Ampliado esse trabalho em 1998 a Dra Ameacutelia Vasconcellos convidou a
psicanalista Argentina Rachel Soifer para colaborar com a equipe da Escola
Movimento Esta profissional aproximou este grupo da linha teoacuterico-pratico
12desenvolvida pelo professor e psicoacutelogo social argentino Jorge Visca que
passou entatildeo a coordenar grupos de estudos na Escola Movimento abertos
tanto para os professores daquela instituiccedilatildeo quanto para outros profissionais
interessados em se aprofundar nesta aacuterea de conhecimento
Em 1980 realizou-se o primeiro congresso brasileiro piagetiano sob os
auspiacutecios do centro experimental Jean Piaget Este vento foi um marco
importante na historia da psicipedagogia por ter cito um momento privilegiado
de encontro e trocas entre estudiosos da teoria piagetiana inseridos em
diferentes aacutereas de saber e oriundos de diferentes regiotildees do mundo Jorge
Visca tambeacutem este presente e foi grande a sua contribuiccedilatildeo alargando o
conceito de aprendizagem do sujeito
Em 1982 Jorge Visca ministrou o primeiro o curso de teoria e teacutecnica
psicopedagogica a convite da sub-reitoria da Associaccedilatildeo dos Diplomados da
Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em
parceria com a Faculdade de Educaccedilatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica
A Epistemologia convergente passa ser referencial teoacuterico da pratica
psicopedagoacutegica as psicopedagogas Maria Lucia Lemme Weiss e Tacircnia
Coelho iniciaram e supervisionaram um Grupo de Atendimento
Psicopedagogico na UERJ formando por estagiaacuterios do curso de psicologia e
voltado para crianccedilas da comunidade
Zinicola (2007) discorre que ao passa alguns anos o professor Jorge Visca
propocircs a criaccedilatildeo de um centro fundamentado na epstomologia convergente em
nosso Estado Assim surgiu o Centro de Estudos Psicopedagoacutegicos do Estado
13do Rio de Janeiro ndash CEPERJ vinculado ao Buenos Aires - CEP coordenado
por Jorge Visca
O CEPERJ veio a ser o primeiro curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia
no Rio de Janeiro dentro desta nova abordagem
A psicopedagogia desde entatildeo vem se assumindo como disciplina fortalecendo
a identidade profissional do psicopedagogo e se abrindo para novos
conhecimentos
A psicopedagoga Sara Pain e autores como Jan Marie Dolle e Leandro
Lajonquiegravere ampliam a visatildeo teoacuterica da psicopedagogia enfatizando o sujeito
psicopedagogico que aprende
Essa nova compreesatildeo influencia a clinica psicopedagogica e abre espaccedilo
para psicopedagogia na instituiccedilatildeo escolar
Nessa fase tambeacutem a psicopedagogia no Rio de Janeiro foi influenciada pelas
pesquisas de Emilia Ferreiro a respeito da psicogecircnese da liacutengua escrita
possibilitando um maior dialogo dos psicopedagogos com os profissionais da
escola
Na deacutecada de noventa a psicopedagoga Argentina Alicia Fernandez reforccedila a
importacircncia da psicanaacutelise para o sujeito que aprende desmistificando a
proacutepria compreensatildeo da psicanaacutelise e introduzindo a abordagem da dinacircmica
familiar no entendimento dos problemas de aprendizagem
14
Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo
era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico
Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo
Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os
profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e
discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando
o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro
A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em
Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a
ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas
accedilotildees
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea
cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No
Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia
Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento
propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e
enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as
alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que
determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado
individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma
experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que
protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia
15
Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia
deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua
proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada
pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como
processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade
profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por
muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos
diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo
significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional
11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo
da psicopedagogia no Brasil
Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto
projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho
Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia
(wwwabppcombr acessado dia 270809)
O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos
problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar
com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-
repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social
Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da
articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que
considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem
16
Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os
portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em
Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou
instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da
legislaccedilatildeo pertinente
Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo
Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de
alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia
Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia
instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir
profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo
atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como
oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde
encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua
historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando
sua identidade profissional
A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de
um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os
problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista
de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional
1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do
psicopedagogo
17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)
como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado
por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores
entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios
oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando
trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na
clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de
aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas
ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da
profissatildeo
Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da
Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha
sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo
latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo
CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de
2004 do MECSESUdiz que
Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por
instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente
credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(
wwwmecgovbr acessado 270809)
Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas
e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado
em aacutereas profissionais de interesse social
Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para
cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200
horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para
atividades natildeo presenciais
18
Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute
a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos
processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e
tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp
entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do
psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo
de estudo
Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm
939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado
assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao
Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto
em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do
trabalho
Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a
proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em
psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada
Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave
nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do
projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees
O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda
forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo
Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de
diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por
escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas
nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto
19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia
(wwwABPpcombr acessado dia 200809)
O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a
graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos
de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor
inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior
Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)
em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de
360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de
Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e
outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma
grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em
diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e
institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de
atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial
No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em
niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente
autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente
1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo
O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e
terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das
aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se
20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que
O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem
utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos
didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional
com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis
problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture
(PORTO 2009 p 109)
Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica
docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar
dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo
detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da
dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo
de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo
educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em
grupo
Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de
aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas
orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais
das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais
dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu
tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo
indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia
O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu
saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da
mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de
aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo
hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos
21
No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou
seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos
indiviacuteduos que trabalham na empresa
1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR
A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias
ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se
defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou
esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que
natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em
relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e
amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais
de aprendizagem natildeo satildeo atendidas
De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista
espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos
assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo
escolar
Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade
poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute
o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da
necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem
humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo
prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo
processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos
22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores
nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de
aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme
RUBENSTEIN (1999 ) diz que
Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade
de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando
todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo
(RUBENSTEIN 1999 p 103)
A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a
forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no
processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis
devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no
processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem
Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de
aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na
proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso
Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de
aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar
que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da
psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar
como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de
aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o
desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando
a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece
o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada
momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem
23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem
como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao
psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de
aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a
integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando
processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa
de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua
docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da
proacutepria ensinagem
Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade
escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento
dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico
metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades
ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o
desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de
aprendizagem que estatildeo compatilhando
Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte
() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de
aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas
crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento
mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais
especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes
modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo
de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da
escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as
24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos
na escola
1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA
A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras
alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola
O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave
aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que
desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola
que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou
excluam-se a si mesmos do sistema educacional
O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por
uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma
testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente
agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia
Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta
interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute
fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma
forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o
psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com
profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e
quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido
Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o
seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila
O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma
caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo
25
Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as
quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de
respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus
sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo
expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )
Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre
caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que
se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida
deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que
existe e vive
Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar
as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para
mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar
encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves
2003p 27)
O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove
um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e
aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada
para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado
particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as
coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa
que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo
novos conhecimentos
O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem
julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui
26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para
que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica
1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo
desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua
formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade
A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute
interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo
oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o
tempo de hospitalizaccedilatildeo
Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e
sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de
aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a
outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo
eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as
especialidades
De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem
ser classificadas em
- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas
feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa
de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta
primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e
internaccedilotildees gerais
- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas
27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de
membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das
articulaccedilotildees do quadril miopatias etc
-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de
crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite
tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)
As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras
auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas
ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos
Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam
elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias
Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de
uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada
indiviacuteduo hospitalizado
A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a
idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais
A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente
aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir
entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee
mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa
intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro
quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta
de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir
depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no
niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
POacuteS-GRADUACcedilAtildeO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAtildeO
Apresentaccedilatildeo de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre ndash Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenccedilatildeo do grau de
especialista em Psicopedagogia
Por Liacutelian de Santana Guedes
3
AGRADECIMENTOS
A Deus por me proporcionar sauacutede e
sabedoria meus pais e principalmente
meu esposo Alexandre
4
DEDICATOacuteRIA
Dedico este trabalho exclusivamente ao
meu esposo Alexandre que tanto amo
5
RESUMO
Trata-se de uma pesquisa descritiva que tem o objetivo fomentar reflexatildeo
sobre a intervenccedilatildeo do psicopedagogo de forma preventiva como uma ciecircncia
que contem em seu bojo teoacuterico um conjunto de referenciais que possibilitar
repensar e analisar as inter - relaccedilotildees dos sujeitos em seus espaccedilos reais e
simboacutelicos a partir da constituiccedilatildeo do ser no processo de cogniccedilatildeo social
Atuando na Instituiccedilatildeo Escolar pode promover a reflexatildeo sobre a natureza dos
condicionamentos e dos sistema de crenccedilas que sustentam o imaginaacuterio
impliacutecito na relaccedilatildeo professor ndash aluno e assim potencializar e ressignificar a
aprendizagem dos sujeitos pertencentes ao coletivo de seres que apreende
novas realidades
6
METODOLOGIA
A presente pesquisa surgiu da preocupaccedilatildeo existente com nossa praacutetica como
educadora e de nossa crenccedila de que cada um constroacutei seus proacuteprios
conhecimentos por meio de estiacutemulos tem justamente o objetivo de fazer uma
abordagem sobre a intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo dentro da instituiccedilatildeo escolar
Este trabalho trata de uma pesquisa bibliograacutefica Os principais autores
utilizados na realizaccedilatildeo desta pesquisa foram
Alicia Fernandez com as ideacuteias e propostas na psicopedagogia da atualidade
Oliacutevia Porto que proporcionou uma analisar a instituiccedilatildeo escolar e suas
relaccedilotildees com uma abordagem reflexiva e criacutetica buscando construir um
espaccedilo que contribua para a reduccedilatildeo do fracasso escolar em nosso paiacutes
Jean Piaget nos indica a construccedilatildeo do saber partindo do conhecimento
menos elaborado para o mais elaboradordquoo conhecimento resulta de uma
interaccedilatildeo entre o sujeito que conhece e o objeto a ser conhecidordquo
Joatildeo Beauclair de forma clara e objetiva colaborou para a construccedilatildeo de uma
visatildeo ampla sobre o que vem a ser a psicopedagogia e seus desdobramentos
conceituais propondo-se a servir como um elemento de novas buscas e
conhecimentos
Levi Vygotsky o sujeito do conhecimento natildeo eacute passivo regulado por forccedilas
externas que o vatildeo moldando natildeo eacute somente ativo e sim interativordquoo
aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e
potildee em movimento vaacuterios processos de desenvolvimento que de outra forma
seriam impossiacutevel de acontecerrdquo
Maria Irene Maluf e Quezia Bombonatto compartilhou experiecircncias de forma
significativa para o desenvolvimento de um olhar voltado para os processos
7que cercam o aprender e o natildeo aprender e artigos para a historia da
psicopedagogia e da ABPp no Brasil
Nadia Aparecida Bossa conhecimentos que se faz necessaacuterio para uma
praacutetica consistente na forma como eacute concebida a psicipedagogia no presente
trabalho
A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em
domiacutenio publico
wwwabppcombr A Regulamentaccedilatildeo e o exerciacutecio da atividade em
psicopedagogia no Brasil Pesquisa sobre a Psicopedagogia noRrio deJjaneiro
Diretrizes Baacutesicas da Formaccedilacirco de Psicopedagogos no Brasil e Eixos
Temaacuteticos para Cursos de Formaccedilatildeo em Psicopedagogia
wwwforumeducacaohpgigcombr Aprendizagens Atraveacutes da Avaliaccedilatildeo
Formativa Utilizando a intervenccedilatildeo na busca de melhores resultados
wwwmecgovbrRelativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensuem
psicopedagogia
wwwpsicopedagogiaonlinecomb Psicopedagogia accedilatildeo e parceria Jogar
Aprendendo Contribuiccedilotildees dos Jogos no Processo de Letramento
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica no processo
de alfabetizaccedilatildeo ganha atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
8
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 09
CAPIacuteTULO I - HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO
DE ALFABETIZACcedilAgraveO 46
CONCLUSAtildeO 54
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
INDICE 65
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 67
9
INTRODUCcedilAtildeO
A Psicopedagogia no Brasil vemcontinuamente discutindo seus fundamentos
e construindo suas ferramentas Como uma aacuterea relativamente nova de
conhecimento traz em si as origens e as diversidades de uma atuaccedilatildeo
interdisciplinar e transdisciplinar possibilitando o desenvolvimento de um
quadro teoacuterico proacuteprio como uma atitude diante do conhecimento que permite
ultrapassar paradigmas
A presente pesquisa que se apresenta com o tema A intervenccedilatildeo do
psicopedagogo no processo de alfabetizaccedilatildeo tem como questatildeo central eacute de
ateacute que ponto o psicopedagogo interveacutem no processo de ensino
aprendizagem de forma preventiva pois o tema sugerido eacute de fundamental
relevacircncia pois tem como finalidade defender a necessidade de adaptar
instrumentos de intervenccedilatildeo teacutecnicas de trabalhos que possam satisfazer a
complexidade das situaccedilotildees que por sua vez mostrem o professor que foge
da sua aacuterea de atuaccedilatildeo e o que pode ser realmente realizado junto com o
psicopedagogo no que se refere a prevenccedilatildeo e o acompanhamento das
dificuldades no processo de ensino aprendizagem partindo da potencialidade
do individuo em sua especificidade e singularidade
Satildeo por tanto os objetivos gerais desta pesquisa eacute de analisar a situaccedilatildeo do
aluno com dificuldade no processo de ensino aprendizagem verificando dentro
do contexto educacional o que interfere nesse processo e o que natildeo contribui
para o avanccedilo do desenvolvimento do aluno com a finalidade de proporcionar
orientaccedilatildeo e instrumentos que permitam modificar o conflito manifestado
10A pesquisa tambeacutem apresenta objetivos especiacuteficos verificar a intervenccedilatildeo
como fator de mediaccedilatildeo entre o processo com o objeto conceituar as diversas
causas do natildeo aprender analisar o erro do aluno como um indicador de como
ele estaacute pensando e como compreende o que foi ensinado refletir sobre
praacutetica pedagoacutegica e analisar o curriacuteculo e a metodologia
A sistematizaccedilatildeo da pesquisa parte da de uma fundamentaccedilatildeo bibliograacutefica
que se embasa em teoacutericos como Beauclair Bossa Fernandez Maluf e
Bombonatto Oliacutevia Piaget Vygostsk entre outros
A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em
domiacutenio publico
O primeiro capitulo apresenta uma breve histoacuterico da psicopedagogia no Rio
de Janeiro a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo no
Brasila formaccedilatildeotitulaccedilatildeo e o reconhecimento
O segundo capitulo discorre sobre o psicopedagogo e a escolar a instituiccedilatildeo
escolar a aprendizagem e sua construccedilatildeo avaliaccedilatildeo e a praacutetica pedagoacutegica
O terceiro capitulo eacute discorrido a importacircncia da intervenccedilatildeo do psicopedagogo
no processo de alfabetizaccedilatildeo o jogo segundo alguns autores o jogo no
contexto psicopedagogico e a intervenccedilatildeo do psicopedagogo junto a famiacutelia
11Com a conclusatildeo da pesquisa espera-se que esta sirva como fonte de estudos
e praacuteticas futuras proporcionando o incentivo de discussotildees quanto aos
desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO
Zenicila ( 2007) discorre que na deacutecada de 70 jaacute se via claramente a
separaccedilatildeo de cursos estudos e publicaccedilotildees para educadores em geral
interessados em problemas dos escolares e para profissionais que se
aperfeiccediloavam em educaccedilatildeo especial
Segundo Zenicila (2007) No final dos anos 70 inicia-se uma mudanccedila na visatildeo
teoacutericas e praacuteticas das dificuldades de aprendizagem as atividades realizadas
com crianccedilas especiais durante os anos de 1976 a 1977 os educadores da
Escola Movimentos convidaram a psiquiatra e a psicanalista Dra Ameacutelia
Thereza de Moura Vasconcellos para assessorar e supervisionar o trabalho do
grupo
Ampliado esse trabalho em 1998 a Dra Ameacutelia Vasconcellos convidou a
psicanalista Argentina Rachel Soifer para colaborar com a equipe da Escola
Movimento Esta profissional aproximou este grupo da linha teoacuterico-pratico
12desenvolvida pelo professor e psicoacutelogo social argentino Jorge Visca que
passou entatildeo a coordenar grupos de estudos na Escola Movimento abertos
tanto para os professores daquela instituiccedilatildeo quanto para outros profissionais
interessados em se aprofundar nesta aacuterea de conhecimento
Em 1980 realizou-se o primeiro congresso brasileiro piagetiano sob os
auspiacutecios do centro experimental Jean Piaget Este vento foi um marco
importante na historia da psicipedagogia por ter cito um momento privilegiado
de encontro e trocas entre estudiosos da teoria piagetiana inseridos em
diferentes aacutereas de saber e oriundos de diferentes regiotildees do mundo Jorge
Visca tambeacutem este presente e foi grande a sua contribuiccedilatildeo alargando o
conceito de aprendizagem do sujeito
Em 1982 Jorge Visca ministrou o primeiro o curso de teoria e teacutecnica
psicopedagogica a convite da sub-reitoria da Associaccedilatildeo dos Diplomados da
Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em
parceria com a Faculdade de Educaccedilatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica
A Epistemologia convergente passa ser referencial teoacuterico da pratica
psicopedagoacutegica as psicopedagogas Maria Lucia Lemme Weiss e Tacircnia
Coelho iniciaram e supervisionaram um Grupo de Atendimento
Psicopedagogico na UERJ formando por estagiaacuterios do curso de psicologia e
voltado para crianccedilas da comunidade
Zinicola (2007) discorre que ao passa alguns anos o professor Jorge Visca
propocircs a criaccedilatildeo de um centro fundamentado na epstomologia convergente em
nosso Estado Assim surgiu o Centro de Estudos Psicopedagoacutegicos do Estado
13do Rio de Janeiro ndash CEPERJ vinculado ao Buenos Aires - CEP coordenado
por Jorge Visca
O CEPERJ veio a ser o primeiro curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia
no Rio de Janeiro dentro desta nova abordagem
A psicopedagogia desde entatildeo vem se assumindo como disciplina fortalecendo
a identidade profissional do psicopedagogo e se abrindo para novos
conhecimentos
A psicopedagoga Sara Pain e autores como Jan Marie Dolle e Leandro
Lajonquiegravere ampliam a visatildeo teoacuterica da psicopedagogia enfatizando o sujeito
psicopedagogico que aprende
Essa nova compreesatildeo influencia a clinica psicopedagogica e abre espaccedilo
para psicopedagogia na instituiccedilatildeo escolar
Nessa fase tambeacutem a psicopedagogia no Rio de Janeiro foi influenciada pelas
pesquisas de Emilia Ferreiro a respeito da psicogecircnese da liacutengua escrita
possibilitando um maior dialogo dos psicopedagogos com os profissionais da
escola
Na deacutecada de noventa a psicopedagoga Argentina Alicia Fernandez reforccedila a
importacircncia da psicanaacutelise para o sujeito que aprende desmistificando a
proacutepria compreensatildeo da psicanaacutelise e introduzindo a abordagem da dinacircmica
familiar no entendimento dos problemas de aprendizagem
14
Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo
era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico
Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo
Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os
profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e
discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando
o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro
A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em
Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a
ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas
accedilotildees
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea
cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No
Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia
Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento
propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e
enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as
alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que
determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado
individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma
experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que
protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia
15
Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia
deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua
proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada
pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como
processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade
profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por
muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos
diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo
significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional
11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo
da psicopedagogia no Brasil
Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto
projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho
Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia
(wwwabppcombr acessado dia 270809)
O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos
problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar
com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-
repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social
Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da
articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que
considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem
16
Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os
portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em
Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou
instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da
legislaccedilatildeo pertinente
Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo
Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de
alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia
Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia
instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir
profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo
atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como
oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde
encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua
historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando
sua identidade profissional
A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de
um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os
problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista
de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional
1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do
psicopedagogo
17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)
como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado
por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores
entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios
oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando
trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na
clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de
aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas
ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da
profissatildeo
Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da
Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha
sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo
latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo
CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de
2004 do MECSESUdiz que
Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por
instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente
credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(
wwwmecgovbr acessado 270809)
Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas
e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado
em aacutereas profissionais de interesse social
Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para
cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200
horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para
atividades natildeo presenciais
18
Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute
a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos
processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e
tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp
entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do
psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo
de estudo
Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm
939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado
assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao
Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto
em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do
trabalho
Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a
proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em
psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada
Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave
nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do
projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees
O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda
forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo
Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de
diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por
escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas
nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto
19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia
(wwwABPpcombr acessado dia 200809)
O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a
graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos
de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor
inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior
Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)
em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de
360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de
Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e
outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma
grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em
diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e
institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de
atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial
No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em
niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente
autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente
1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo
O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e
terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das
aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se
20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que
O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem
utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos
didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional
com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis
problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture
(PORTO 2009 p 109)
Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica
docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar
dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo
detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da
dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo
de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo
educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em
grupo
Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de
aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas
orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais
das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais
dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu
tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo
indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia
O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu
saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da
mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de
aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo
hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos
21
No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou
seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos
indiviacuteduos que trabalham na empresa
1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR
A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias
ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se
defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou
esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que
natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em
relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e
amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais
de aprendizagem natildeo satildeo atendidas
De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista
espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos
assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo
escolar
Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade
poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute
o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da
necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem
humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo
prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo
processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos
22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores
nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de
aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme
RUBENSTEIN (1999 ) diz que
Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade
de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando
todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo
(RUBENSTEIN 1999 p 103)
A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a
forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no
processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis
devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no
processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem
Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de
aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na
proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso
Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de
aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar
que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da
psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar
como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de
aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o
desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando
a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece
o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada
momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem
23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem
como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao
psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de
aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a
integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando
processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa
de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua
docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da
proacutepria ensinagem
Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade
escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento
dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico
metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades
ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o
desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de
aprendizagem que estatildeo compatilhando
Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte
() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de
aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas
crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento
mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais
especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes
modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo
de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da
escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as
24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos
na escola
1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA
A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras
alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola
O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave
aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que
desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola
que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou
excluam-se a si mesmos do sistema educacional
O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por
uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma
testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente
agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia
Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta
interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute
fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma
forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o
psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com
profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e
quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido
Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o
seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila
O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma
caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo
25
Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as
quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de
respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus
sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo
expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )
Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre
caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que
se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida
deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que
existe e vive
Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar
as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para
mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar
encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves
2003p 27)
O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove
um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e
aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada
para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado
particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as
coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa
que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo
novos conhecimentos
O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem
julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui
26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para
que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica
1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo
desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua
formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade
A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute
interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo
oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o
tempo de hospitalizaccedilatildeo
Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e
sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de
aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a
outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo
eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as
especialidades
De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem
ser classificadas em
- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas
feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa
de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta
primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e
internaccedilotildees gerais
- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas
27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de
membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das
articulaccedilotildees do quadril miopatias etc
-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de
crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite
tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)
As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras
auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas
ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos
Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam
elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias
Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de
uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada
indiviacuteduo hospitalizado
A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a
idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais
A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente
aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir
entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee
mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa
intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro
quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta
de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir
depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no
niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009
wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
3
AGRADECIMENTOS
A Deus por me proporcionar sauacutede e
sabedoria meus pais e principalmente
meu esposo Alexandre
4
DEDICATOacuteRIA
Dedico este trabalho exclusivamente ao
meu esposo Alexandre que tanto amo
5
RESUMO
Trata-se de uma pesquisa descritiva que tem o objetivo fomentar reflexatildeo
sobre a intervenccedilatildeo do psicopedagogo de forma preventiva como uma ciecircncia
que contem em seu bojo teoacuterico um conjunto de referenciais que possibilitar
repensar e analisar as inter - relaccedilotildees dos sujeitos em seus espaccedilos reais e
simboacutelicos a partir da constituiccedilatildeo do ser no processo de cogniccedilatildeo social
Atuando na Instituiccedilatildeo Escolar pode promover a reflexatildeo sobre a natureza dos
condicionamentos e dos sistema de crenccedilas que sustentam o imaginaacuterio
impliacutecito na relaccedilatildeo professor ndash aluno e assim potencializar e ressignificar a
aprendizagem dos sujeitos pertencentes ao coletivo de seres que apreende
novas realidades
6
METODOLOGIA
A presente pesquisa surgiu da preocupaccedilatildeo existente com nossa praacutetica como
educadora e de nossa crenccedila de que cada um constroacutei seus proacuteprios
conhecimentos por meio de estiacutemulos tem justamente o objetivo de fazer uma
abordagem sobre a intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo dentro da instituiccedilatildeo escolar
Este trabalho trata de uma pesquisa bibliograacutefica Os principais autores
utilizados na realizaccedilatildeo desta pesquisa foram
Alicia Fernandez com as ideacuteias e propostas na psicopedagogia da atualidade
Oliacutevia Porto que proporcionou uma analisar a instituiccedilatildeo escolar e suas
relaccedilotildees com uma abordagem reflexiva e criacutetica buscando construir um
espaccedilo que contribua para a reduccedilatildeo do fracasso escolar em nosso paiacutes
Jean Piaget nos indica a construccedilatildeo do saber partindo do conhecimento
menos elaborado para o mais elaboradordquoo conhecimento resulta de uma
interaccedilatildeo entre o sujeito que conhece e o objeto a ser conhecidordquo
Joatildeo Beauclair de forma clara e objetiva colaborou para a construccedilatildeo de uma
visatildeo ampla sobre o que vem a ser a psicopedagogia e seus desdobramentos
conceituais propondo-se a servir como um elemento de novas buscas e
conhecimentos
Levi Vygotsky o sujeito do conhecimento natildeo eacute passivo regulado por forccedilas
externas que o vatildeo moldando natildeo eacute somente ativo e sim interativordquoo
aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e
potildee em movimento vaacuterios processos de desenvolvimento que de outra forma
seriam impossiacutevel de acontecerrdquo
Maria Irene Maluf e Quezia Bombonatto compartilhou experiecircncias de forma
significativa para o desenvolvimento de um olhar voltado para os processos
7que cercam o aprender e o natildeo aprender e artigos para a historia da
psicopedagogia e da ABPp no Brasil
Nadia Aparecida Bossa conhecimentos que se faz necessaacuterio para uma
praacutetica consistente na forma como eacute concebida a psicipedagogia no presente
trabalho
A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em
domiacutenio publico
wwwabppcombr A Regulamentaccedilatildeo e o exerciacutecio da atividade em
psicopedagogia no Brasil Pesquisa sobre a Psicopedagogia noRrio deJjaneiro
Diretrizes Baacutesicas da Formaccedilacirco de Psicopedagogos no Brasil e Eixos
Temaacuteticos para Cursos de Formaccedilatildeo em Psicopedagogia
wwwforumeducacaohpgigcombr Aprendizagens Atraveacutes da Avaliaccedilatildeo
Formativa Utilizando a intervenccedilatildeo na busca de melhores resultados
wwwmecgovbrRelativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensuem
psicopedagogia
wwwpsicopedagogiaonlinecomb Psicopedagogia accedilatildeo e parceria Jogar
Aprendendo Contribuiccedilotildees dos Jogos no Processo de Letramento
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica no processo
de alfabetizaccedilatildeo ganha atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
8
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 09
CAPIacuteTULO I - HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO
DE ALFABETIZACcedilAgraveO 46
CONCLUSAtildeO 54
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
INDICE 65
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 67
9
INTRODUCcedilAtildeO
A Psicopedagogia no Brasil vemcontinuamente discutindo seus fundamentos
e construindo suas ferramentas Como uma aacuterea relativamente nova de
conhecimento traz em si as origens e as diversidades de uma atuaccedilatildeo
interdisciplinar e transdisciplinar possibilitando o desenvolvimento de um
quadro teoacuterico proacuteprio como uma atitude diante do conhecimento que permite
ultrapassar paradigmas
A presente pesquisa que se apresenta com o tema A intervenccedilatildeo do
psicopedagogo no processo de alfabetizaccedilatildeo tem como questatildeo central eacute de
ateacute que ponto o psicopedagogo interveacutem no processo de ensino
aprendizagem de forma preventiva pois o tema sugerido eacute de fundamental
relevacircncia pois tem como finalidade defender a necessidade de adaptar
instrumentos de intervenccedilatildeo teacutecnicas de trabalhos que possam satisfazer a
complexidade das situaccedilotildees que por sua vez mostrem o professor que foge
da sua aacuterea de atuaccedilatildeo e o que pode ser realmente realizado junto com o
psicopedagogo no que se refere a prevenccedilatildeo e o acompanhamento das
dificuldades no processo de ensino aprendizagem partindo da potencialidade
do individuo em sua especificidade e singularidade
Satildeo por tanto os objetivos gerais desta pesquisa eacute de analisar a situaccedilatildeo do
aluno com dificuldade no processo de ensino aprendizagem verificando dentro
do contexto educacional o que interfere nesse processo e o que natildeo contribui
para o avanccedilo do desenvolvimento do aluno com a finalidade de proporcionar
orientaccedilatildeo e instrumentos que permitam modificar o conflito manifestado
10A pesquisa tambeacutem apresenta objetivos especiacuteficos verificar a intervenccedilatildeo
como fator de mediaccedilatildeo entre o processo com o objeto conceituar as diversas
causas do natildeo aprender analisar o erro do aluno como um indicador de como
ele estaacute pensando e como compreende o que foi ensinado refletir sobre
praacutetica pedagoacutegica e analisar o curriacuteculo e a metodologia
A sistematizaccedilatildeo da pesquisa parte da de uma fundamentaccedilatildeo bibliograacutefica
que se embasa em teoacutericos como Beauclair Bossa Fernandez Maluf e
Bombonatto Oliacutevia Piaget Vygostsk entre outros
A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em
domiacutenio publico
O primeiro capitulo apresenta uma breve histoacuterico da psicopedagogia no Rio
de Janeiro a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo no
Brasila formaccedilatildeotitulaccedilatildeo e o reconhecimento
O segundo capitulo discorre sobre o psicopedagogo e a escolar a instituiccedilatildeo
escolar a aprendizagem e sua construccedilatildeo avaliaccedilatildeo e a praacutetica pedagoacutegica
O terceiro capitulo eacute discorrido a importacircncia da intervenccedilatildeo do psicopedagogo
no processo de alfabetizaccedilatildeo o jogo segundo alguns autores o jogo no
contexto psicopedagogico e a intervenccedilatildeo do psicopedagogo junto a famiacutelia
11Com a conclusatildeo da pesquisa espera-se que esta sirva como fonte de estudos
e praacuteticas futuras proporcionando o incentivo de discussotildees quanto aos
desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO
Zenicila ( 2007) discorre que na deacutecada de 70 jaacute se via claramente a
separaccedilatildeo de cursos estudos e publicaccedilotildees para educadores em geral
interessados em problemas dos escolares e para profissionais que se
aperfeiccediloavam em educaccedilatildeo especial
Segundo Zenicila (2007) No final dos anos 70 inicia-se uma mudanccedila na visatildeo
teoacutericas e praacuteticas das dificuldades de aprendizagem as atividades realizadas
com crianccedilas especiais durante os anos de 1976 a 1977 os educadores da
Escola Movimentos convidaram a psiquiatra e a psicanalista Dra Ameacutelia
Thereza de Moura Vasconcellos para assessorar e supervisionar o trabalho do
grupo
Ampliado esse trabalho em 1998 a Dra Ameacutelia Vasconcellos convidou a
psicanalista Argentina Rachel Soifer para colaborar com a equipe da Escola
Movimento Esta profissional aproximou este grupo da linha teoacuterico-pratico
12desenvolvida pelo professor e psicoacutelogo social argentino Jorge Visca que
passou entatildeo a coordenar grupos de estudos na Escola Movimento abertos
tanto para os professores daquela instituiccedilatildeo quanto para outros profissionais
interessados em se aprofundar nesta aacuterea de conhecimento
Em 1980 realizou-se o primeiro congresso brasileiro piagetiano sob os
auspiacutecios do centro experimental Jean Piaget Este vento foi um marco
importante na historia da psicipedagogia por ter cito um momento privilegiado
de encontro e trocas entre estudiosos da teoria piagetiana inseridos em
diferentes aacutereas de saber e oriundos de diferentes regiotildees do mundo Jorge
Visca tambeacutem este presente e foi grande a sua contribuiccedilatildeo alargando o
conceito de aprendizagem do sujeito
Em 1982 Jorge Visca ministrou o primeiro o curso de teoria e teacutecnica
psicopedagogica a convite da sub-reitoria da Associaccedilatildeo dos Diplomados da
Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em
parceria com a Faculdade de Educaccedilatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica
A Epistemologia convergente passa ser referencial teoacuterico da pratica
psicopedagoacutegica as psicopedagogas Maria Lucia Lemme Weiss e Tacircnia
Coelho iniciaram e supervisionaram um Grupo de Atendimento
Psicopedagogico na UERJ formando por estagiaacuterios do curso de psicologia e
voltado para crianccedilas da comunidade
Zinicola (2007) discorre que ao passa alguns anos o professor Jorge Visca
propocircs a criaccedilatildeo de um centro fundamentado na epstomologia convergente em
nosso Estado Assim surgiu o Centro de Estudos Psicopedagoacutegicos do Estado
13do Rio de Janeiro ndash CEPERJ vinculado ao Buenos Aires - CEP coordenado
por Jorge Visca
O CEPERJ veio a ser o primeiro curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia
no Rio de Janeiro dentro desta nova abordagem
A psicopedagogia desde entatildeo vem se assumindo como disciplina fortalecendo
a identidade profissional do psicopedagogo e se abrindo para novos
conhecimentos
A psicopedagoga Sara Pain e autores como Jan Marie Dolle e Leandro
Lajonquiegravere ampliam a visatildeo teoacuterica da psicopedagogia enfatizando o sujeito
psicopedagogico que aprende
Essa nova compreesatildeo influencia a clinica psicopedagogica e abre espaccedilo
para psicopedagogia na instituiccedilatildeo escolar
Nessa fase tambeacutem a psicopedagogia no Rio de Janeiro foi influenciada pelas
pesquisas de Emilia Ferreiro a respeito da psicogecircnese da liacutengua escrita
possibilitando um maior dialogo dos psicopedagogos com os profissionais da
escola
Na deacutecada de noventa a psicopedagoga Argentina Alicia Fernandez reforccedila a
importacircncia da psicanaacutelise para o sujeito que aprende desmistificando a
proacutepria compreensatildeo da psicanaacutelise e introduzindo a abordagem da dinacircmica
familiar no entendimento dos problemas de aprendizagem
14
Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo
era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico
Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo
Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os
profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e
discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando
o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro
A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em
Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a
ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas
accedilotildees
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea
cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No
Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia
Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento
propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e
enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as
alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que
determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado
individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma
experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que
protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia
15
Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia
deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua
proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada
pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como
processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade
profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por
muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos
diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo
significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional
11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo
da psicopedagogia no Brasil
Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto
projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho
Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia
(wwwabppcombr acessado dia 270809)
O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos
problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar
com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-
repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social
Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da
articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que
considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem
16
Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os
portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em
Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou
instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da
legislaccedilatildeo pertinente
Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo
Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de
alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia
Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia
instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir
profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo
atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como
oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde
encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua
historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando
sua identidade profissional
A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de
um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os
problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista
de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional
1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do
psicopedagogo
17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)
como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado
por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores
entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios
oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando
trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na
clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de
aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas
ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da
profissatildeo
Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da
Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha
sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo
latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo
CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de
2004 do MECSESUdiz que
Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por
instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente
credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(
wwwmecgovbr acessado 270809)
Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas
e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado
em aacutereas profissionais de interesse social
Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para
cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200
horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para
atividades natildeo presenciais
18
Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute
a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos
processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e
tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp
entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do
psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo
de estudo
Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm
939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado
assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao
Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto
em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do
trabalho
Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a
proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em
psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada
Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave
nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do
projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees
O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda
forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo
Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de
diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por
escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas
nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto
19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia
(wwwABPpcombr acessado dia 200809)
O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a
graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos
de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor
inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior
Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)
em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de
360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de
Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e
outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma
grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em
diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e
institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de
atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial
No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em
niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente
autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente
1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo
O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e
terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das
aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se
20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que
O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem
utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos
didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional
com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis
problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture
(PORTO 2009 p 109)
Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica
docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar
dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo
detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da
dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo
de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo
educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em
grupo
Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de
aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas
orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais
das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais
dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu
tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo
indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia
O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu
saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da
mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de
aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo
hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos
21
No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou
seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos
indiviacuteduos que trabalham na empresa
1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR
A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias
ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se
defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou
esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que
natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em
relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e
amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais
de aprendizagem natildeo satildeo atendidas
De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista
espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos
assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo
escolar
Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade
poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute
o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da
necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem
humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo
prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo
processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos
22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores
nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de
aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme
RUBENSTEIN (1999 ) diz que
Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade
de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando
todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo
(RUBENSTEIN 1999 p 103)
A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a
forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no
processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis
devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no
processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem
Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de
aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na
proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso
Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de
aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar
que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da
psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar
como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de
aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o
desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando
a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece
o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada
momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem
23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem
como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao
psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de
aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a
integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando
processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa
de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua
docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da
proacutepria ensinagem
Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade
escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento
dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico
metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades
ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o
desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de
aprendizagem que estatildeo compatilhando
Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte
() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de
aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas
crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento
mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais
especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes
modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo
de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da
escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as
24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos
na escola
1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA
A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras
alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola
O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave
aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que
desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola
que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou
excluam-se a si mesmos do sistema educacional
O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por
uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma
testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente
agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia
Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta
interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute
fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma
forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o
psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com
profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e
quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido
Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o
seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila
O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma
caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo
25
Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as
quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de
respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus
sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo
expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )
Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre
caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que
se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida
deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que
existe e vive
Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar
as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para
mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar
encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves
2003p 27)
O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove
um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e
aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada
para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado
particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as
coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa
que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo
novos conhecimentos
O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem
julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui
26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para
que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica
1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo
desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua
formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade
A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute
interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo
oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o
tempo de hospitalizaccedilatildeo
Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e
sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de
aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a
outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo
eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as
especialidades
De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem
ser classificadas em
- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas
feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa
de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta
primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e
internaccedilotildees gerais
- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas
27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de
membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das
articulaccedilotildees do quadril miopatias etc
-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de
crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite
tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)
As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras
auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas
ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos
Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam
elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias
Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de
uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada
indiviacuteduo hospitalizado
A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a
idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais
A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente
aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir
entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee
mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa
intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro
quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta
de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir
depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no
niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009
wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009
wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009
wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
4
DEDICATOacuteRIA
Dedico este trabalho exclusivamente ao
meu esposo Alexandre que tanto amo
5
RESUMO
Trata-se de uma pesquisa descritiva que tem o objetivo fomentar reflexatildeo
sobre a intervenccedilatildeo do psicopedagogo de forma preventiva como uma ciecircncia
que contem em seu bojo teoacuterico um conjunto de referenciais que possibilitar
repensar e analisar as inter - relaccedilotildees dos sujeitos em seus espaccedilos reais e
simboacutelicos a partir da constituiccedilatildeo do ser no processo de cogniccedilatildeo social
Atuando na Instituiccedilatildeo Escolar pode promover a reflexatildeo sobre a natureza dos
condicionamentos e dos sistema de crenccedilas que sustentam o imaginaacuterio
impliacutecito na relaccedilatildeo professor ndash aluno e assim potencializar e ressignificar a
aprendizagem dos sujeitos pertencentes ao coletivo de seres que apreende
novas realidades
6
METODOLOGIA
A presente pesquisa surgiu da preocupaccedilatildeo existente com nossa praacutetica como
educadora e de nossa crenccedila de que cada um constroacutei seus proacuteprios
conhecimentos por meio de estiacutemulos tem justamente o objetivo de fazer uma
abordagem sobre a intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo dentro da instituiccedilatildeo escolar
Este trabalho trata de uma pesquisa bibliograacutefica Os principais autores
utilizados na realizaccedilatildeo desta pesquisa foram
Alicia Fernandez com as ideacuteias e propostas na psicopedagogia da atualidade
Oliacutevia Porto que proporcionou uma analisar a instituiccedilatildeo escolar e suas
relaccedilotildees com uma abordagem reflexiva e criacutetica buscando construir um
espaccedilo que contribua para a reduccedilatildeo do fracasso escolar em nosso paiacutes
Jean Piaget nos indica a construccedilatildeo do saber partindo do conhecimento
menos elaborado para o mais elaboradordquoo conhecimento resulta de uma
interaccedilatildeo entre o sujeito que conhece e o objeto a ser conhecidordquo
Joatildeo Beauclair de forma clara e objetiva colaborou para a construccedilatildeo de uma
visatildeo ampla sobre o que vem a ser a psicopedagogia e seus desdobramentos
conceituais propondo-se a servir como um elemento de novas buscas e
conhecimentos
Levi Vygotsky o sujeito do conhecimento natildeo eacute passivo regulado por forccedilas
externas que o vatildeo moldando natildeo eacute somente ativo e sim interativordquoo
aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e
potildee em movimento vaacuterios processos de desenvolvimento que de outra forma
seriam impossiacutevel de acontecerrdquo
Maria Irene Maluf e Quezia Bombonatto compartilhou experiecircncias de forma
significativa para o desenvolvimento de um olhar voltado para os processos
7que cercam o aprender e o natildeo aprender e artigos para a historia da
psicopedagogia e da ABPp no Brasil
Nadia Aparecida Bossa conhecimentos que se faz necessaacuterio para uma
praacutetica consistente na forma como eacute concebida a psicipedagogia no presente
trabalho
A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em
domiacutenio publico
wwwabppcombr A Regulamentaccedilatildeo e o exerciacutecio da atividade em
psicopedagogia no Brasil Pesquisa sobre a Psicopedagogia noRrio deJjaneiro
Diretrizes Baacutesicas da Formaccedilacirco de Psicopedagogos no Brasil e Eixos
Temaacuteticos para Cursos de Formaccedilatildeo em Psicopedagogia
wwwforumeducacaohpgigcombr Aprendizagens Atraveacutes da Avaliaccedilatildeo
Formativa Utilizando a intervenccedilatildeo na busca de melhores resultados
wwwmecgovbrRelativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensuem
psicopedagogia
wwwpsicopedagogiaonlinecomb Psicopedagogia accedilatildeo e parceria Jogar
Aprendendo Contribuiccedilotildees dos Jogos no Processo de Letramento
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica no processo
de alfabetizaccedilatildeo ganha atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
8
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 09
CAPIacuteTULO I - HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO
DE ALFABETIZACcedilAgraveO 46
CONCLUSAtildeO 54
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
INDICE 65
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 67
9
INTRODUCcedilAtildeO
A Psicopedagogia no Brasil vemcontinuamente discutindo seus fundamentos
e construindo suas ferramentas Como uma aacuterea relativamente nova de
conhecimento traz em si as origens e as diversidades de uma atuaccedilatildeo
interdisciplinar e transdisciplinar possibilitando o desenvolvimento de um
quadro teoacuterico proacuteprio como uma atitude diante do conhecimento que permite
ultrapassar paradigmas
A presente pesquisa que se apresenta com o tema A intervenccedilatildeo do
psicopedagogo no processo de alfabetizaccedilatildeo tem como questatildeo central eacute de
ateacute que ponto o psicopedagogo interveacutem no processo de ensino
aprendizagem de forma preventiva pois o tema sugerido eacute de fundamental
relevacircncia pois tem como finalidade defender a necessidade de adaptar
instrumentos de intervenccedilatildeo teacutecnicas de trabalhos que possam satisfazer a
complexidade das situaccedilotildees que por sua vez mostrem o professor que foge
da sua aacuterea de atuaccedilatildeo e o que pode ser realmente realizado junto com o
psicopedagogo no que se refere a prevenccedilatildeo e o acompanhamento das
dificuldades no processo de ensino aprendizagem partindo da potencialidade
do individuo em sua especificidade e singularidade
Satildeo por tanto os objetivos gerais desta pesquisa eacute de analisar a situaccedilatildeo do
aluno com dificuldade no processo de ensino aprendizagem verificando dentro
do contexto educacional o que interfere nesse processo e o que natildeo contribui
para o avanccedilo do desenvolvimento do aluno com a finalidade de proporcionar
orientaccedilatildeo e instrumentos que permitam modificar o conflito manifestado
10A pesquisa tambeacutem apresenta objetivos especiacuteficos verificar a intervenccedilatildeo
como fator de mediaccedilatildeo entre o processo com o objeto conceituar as diversas
causas do natildeo aprender analisar o erro do aluno como um indicador de como
ele estaacute pensando e como compreende o que foi ensinado refletir sobre
praacutetica pedagoacutegica e analisar o curriacuteculo e a metodologia
A sistematizaccedilatildeo da pesquisa parte da de uma fundamentaccedilatildeo bibliograacutefica
que se embasa em teoacutericos como Beauclair Bossa Fernandez Maluf e
Bombonatto Oliacutevia Piaget Vygostsk entre outros
A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em
domiacutenio publico
O primeiro capitulo apresenta uma breve histoacuterico da psicopedagogia no Rio
de Janeiro a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo no
Brasila formaccedilatildeotitulaccedilatildeo e o reconhecimento
O segundo capitulo discorre sobre o psicopedagogo e a escolar a instituiccedilatildeo
escolar a aprendizagem e sua construccedilatildeo avaliaccedilatildeo e a praacutetica pedagoacutegica
O terceiro capitulo eacute discorrido a importacircncia da intervenccedilatildeo do psicopedagogo
no processo de alfabetizaccedilatildeo o jogo segundo alguns autores o jogo no
contexto psicopedagogico e a intervenccedilatildeo do psicopedagogo junto a famiacutelia
11Com a conclusatildeo da pesquisa espera-se que esta sirva como fonte de estudos
e praacuteticas futuras proporcionando o incentivo de discussotildees quanto aos
desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO
Zenicila ( 2007) discorre que na deacutecada de 70 jaacute se via claramente a
separaccedilatildeo de cursos estudos e publicaccedilotildees para educadores em geral
interessados em problemas dos escolares e para profissionais que se
aperfeiccediloavam em educaccedilatildeo especial
Segundo Zenicila (2007) No final dos anos 70 inicia-se uma mudanccedila na visatildeo
teoacutericas e praacuteticas das dificuldades de aprendizagem as atividades realizadas
com crianccedilas especiais durante os anos de 1976 a 1977 os educadores da
Escola Movimentos convidaram a psiquiatra e a psicanalista Dra Ameacutelia
Thereza de Moura Vasconcellos para assessorar e supervisionar o trabalho do
grupo
Ampliado esse trabalho em 1998 a Dra Ameacutelia Vasconcellos convidou a
psicanalista Argentina Rachel Soifer para colaborar com a equipe da Escola
Movimento Esta profissional aproximou este grupo da linha teoacuterico-pratico
12desenvolvida pelo professor e psicoacutelogo social argentino Jorge Visca que
passou entatildeo a coordenar grupos de estudos na Escola Movimento abertos
tanto para os professores daquela instituiccedilatildeo quanto para outros profissionais
interessados em se aprofundar nesta aacuterea de conhecimento
Em 1980 realizou-se o primeiro congresso brasileiro piagetiano sob os
auspiacutecios do centro experimental Jean Piaget Este vento foi um marco
importante na historia da psicipedagogia por ter cito um momento privilegiado
de encontro e trocas entre estudiosos da teoria piagetiana inseridos em
diferentes aacutereas de saber e oriundos de diferentes regiotildees do mundo Jorge
Visca tambeacutem este presente e foi grande a sua contribuiccedilatildeo alargando o
conceito de aprendizagem do sujeito
Em 1982 Jorge Visca ministrou o primeiro o curso de teoria e teacutecnica
psicopedagogica a convite da sub-reitoria da Associaccedilatildeo dos Diplomados da
Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em
parceria com a Faculdade de Educaccedilatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica
A Epistemologia convergente passa ser referencial teoacuterico da pratica
psicopedagoacutegica as psicopedagogas Maria Lucia Lemme Weiss e Tacircnia
Coelho iniciaram e supervisionaram um Grupo de Atendimento
Psicopedagogico na UERJ formando por estagiaacuterios do curso de psicologia e
voltado para crianccedilas da comunidade
Zinicola (2007) discorre que ao passa alguns anos o professor Jorge Visca
propocircs a criaccedilatildeo de um centro fundamentado na epstomologia convergente em
nosso Estado Assim surgiu o Centro de Estudos Psicopedagoacutegicos do Estado
13do Rio de Janeiro ndash CEPERJ vinculado ao Buenos Aires - CEP coordenado
por Jorge Visca
O CEPERJ veio a ser o primeiro curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia
no Rio de Janeiro dentro desta nova abordagem
A psicopedagogia desde entatildeo vem se assumindo como disciplina fortalecendo
a identidade profissional do psicopedagogo e se abrindo para novos
conhecimentos
A psicopedagoga Sara Pain e autores como Jan Marie Dolle e Leandro
Lajonquiegravere ampliam a visatildeo teoacuterica da psicopedagogia enfatizando o sujeito
psicopedagogico que aprende
Essa nova compreesatildeo influencia a clinica psicopedagogica e abre espaccedilo
para psicopedagogia na instituiccedilatildeo escolar
Nessa fase tambeacutem a psicopedagogia no Rio de Janeiro foi influenciada pelas
pesquisas de Emilia Ferreiro a respeito da psicogecircnese da liacutengua escrita
possibilitando um maior dialogo dos psicopedagogos com os profissionais da
escola
Na deacutecada de noventa a psicopedagoga Argentina Alicia Fernandez reforccedila a
importacircncia da psicanaacutelise para o sujeito que aprende desmistificando a
proacutepria compreensatildeo da psicanaacutelise e introduzindo a abordagem da dinacircmica
familiar no entendimento dos problemas de aprendizagem
14
Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo
era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico
Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo
Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os
profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e
discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando
o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro
A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em
Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a
ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas
accedilotildees
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea
cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No
Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia
Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento
propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e
enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as
alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que
determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado
individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma
experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que
protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia
15
Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia
deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua
proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada
pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como
processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade
profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por
muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos
diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo
significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional
11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo
da psicopedagogia no Brasil
Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto
projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho
Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia
(wwwabppcombr acessado dia 270809)
O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos
problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar
com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-
repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social
Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da
articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que
considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem
16
Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os
portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em
Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou
instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da
legislaccedilatildeo pertinente
Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo
Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de
alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia
Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia
instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir
profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo
atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como
oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde
encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua
historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando
sua identidade profissional
A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de
um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os
problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista
de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional
1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do
psicopedagogo
17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)
como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado
por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores
entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios
oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando
trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na
clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de
aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas
ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da
profissatildeo
Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da
Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha
sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo
latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo
CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de
2004 do MECSESUdiz que
Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por
instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente
credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(
wwwmecgovbr acessado 270809)
Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas
e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado
em aacutereas profissionais de interesse social
Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para
cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200
horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para
atividades natildeo presenciais
18
Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute
a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos
processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e
tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp
entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do
psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo
de estudo
Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm
939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado
assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao
Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto
em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do
trabalho
Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a
proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em
psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada
Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave
nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do
projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees
O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda
forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo
Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de
diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por
escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas
nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto
19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia
(wwwABPpcombr acessado dia 200809)
O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a
graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos
de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor
inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior
Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)
em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de
360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de
Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e
outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma
grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em
diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e
institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de
atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial
No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em
niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente
autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente
1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo
O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e
terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das
aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se
20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que
O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem
utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos
didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional
com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis
problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture
(PORTO 2009 p 109)
Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica
docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar
dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo
detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da
dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo
de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo
educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em
grupo
Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de
aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas
orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais
das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais
dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu
tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo
indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia
O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu
saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da
mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de
aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo
hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos
21
No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou
seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos
indiviacuteduos que trabalham na empresa
1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR
A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias
ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se
defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou
esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que
natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em
relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e
amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais
de aprendizagem natildeo satildeo atendidas
De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista
espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos
assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo
escolar
Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade
poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute
o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da
necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem
humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo
prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo
processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos
22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores
nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de
aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme
RUBENSTEIN (1999 ) diz que
Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade
de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando
todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo
(RUBENSTEIN 1999 p 103)
A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a
forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no
processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis
devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no
processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem
Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de
aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na
proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso
Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de
aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar
que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da
psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar
como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de
aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o
desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando
a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece
o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada
momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem
23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem
como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao
psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de
aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a
integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando
processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa
de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua
docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da
proacutepria ensinagem
Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade
escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento
dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico
metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades
ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o
desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de
aprendizagem que estatildeo compatilhando
Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte
() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de
aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas
crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento
mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais
especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes
modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo
de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da
escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as
24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos
na escola
1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA
A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras
alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola
O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave
aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que
desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola
que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou
excluam-se a si mesmos do sistema educacional
O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por
uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma
testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente
agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia
Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta
interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute
fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma
forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o
psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com
profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e
quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido
Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o
seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila
O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma
caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo
25
Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as
quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de
respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus
sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo
expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )
Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre
caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que
se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida
deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que
existe e vive
Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar
as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para
mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar
encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves
2003p 27)
O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove
um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e
aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada
para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado
particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as
coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa
que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo
novos conhecimentos
O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem
julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui
26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para
que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica
1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo
desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua
formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade
A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute
interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo
oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o
tempo de hospitalizaccedilatildeo
Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e
sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de
aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a
outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo
eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as
especialidades
De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem
ser classificadas em
- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas
feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa
de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta
primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e
internaccedilotildees gerais
- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas
27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de
membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das
articulaccedilotildees do quadril miopatias etc
-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de
crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite
tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)
As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras
auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas
ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos
Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam
elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias
Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de
uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada
indiviacuteduo hospitalizado
A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a
idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais
A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente
aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir
entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee
mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa
intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro
quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta
de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir
depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no
niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
5
RESUMO
Trata-se de uma pesquisa descritiva que tem o objetivo fomentar reflexatildeo
sobre a intervenccedilatildeo do psicopedagogo de forma preventiva como uma ciecircncia
que contem em seu bojo teoacuterico um conjunto de referenciais que possibilitar
repensar e analisar as inter - relaccedilotildees dos sujeitos em seus espaccedilos reais e
simboacutelicos a partir da constituiccedilatildeo do ser no processo de cogniccedilatildeo social
Atuando na Instituiccedilatildeo Escolar pode promover a reflexatildeo sobre a natureza dos
condicionamentos e dos sistema de crenccedilas que sustentam o imaginaacuterio
impliacutecito na relaccedilatildeo professor ndash aluno e assim potencializar e ressignificar a
aprendizagem dos sujeitos pertencentes ao coletivo de seres que apreende
novas realidades
6
METODOLOGIA
A presente pesquisa surgiu da preocupaccedilatildeo existente com nossa praacutetica como
educadora e de nossa crenccedila de que cada um constroacutei seus proacuteprios
conhecimentos por meio de estiacutemulos tem justamente o objetivo de fazer uma
abordagem sobre a intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo dentro da instituiccedilatildeo escolar
Este trabalho trata de uma pesquisa bibliograacutefica Os principais autores
utilizados na realizaccedilatildeo desta pesquisa foram
Alicia Fernandez com as ideacuteias e propostas na psicopedagogia da atualidade
Oliacutevia Porto que proporcionou uma analisar a instituiccedilatildeo escolar e suas
relaccedilotildees com uma abordagem reflexiva e criacutetica buscando construir um
espaccedilo que contribua para a reduccedilatildeo do fracasso escolar em nosso paiacutes
Jean Piaget nos indica a construccedilatildeo do saber partindo do conhecimento
menos elaborado para o mais elaboradordquoo conhecimento resulta de uma
interaccedilatildeo entre o sujeito que conhece e o objeto a ser conhecidordquo
Joatildeo Beauclair de forma clara e objetiva colaborou para a construccedilatildeo de uma
visatildeo ampla sobre o que vem a ser a psicopedagogia e seus desdobramentos
conceituais propondo-se a servir como um elemento de novas buscas e
conhecimentos
Levi Vygotsky o sujeito do conhecimento natildeo eacute passivo regulado por forccedilas
externas que o vatildeo moldando natildeo eacute somente ativo e sim interativordquoo
aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e
potildee em movimento vaacuterios processos de desenvolvimento que de outra forma
seriam impossiacutevel de acontecerrdquo
Maria Irene Maluf e Quezia Bombonatto compartilhou experiecircncias de forma
significativa para o desenvolvimento de um olhar voltado para os processos
7que cercam o aprender e o natildeo aprender e artigos para a historia da
psicopedagogia e da ABPp no Brasil
Nadia Aparecida Bossa conhecimentos que se faz necessaacuterio para uma
praacutetica consistente na forma como eacute concebida a psicipedagogia no presente
trabalho
A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em
domiacutenio publico
wwwabppcombr A Regulamentaccedilatildeo e o exerciacutecio da atividade em
psicopedagogia no Brasil Pesquisa sobre a Psicopedagogia noRrio deJjaneiro
Diretrizes Baacutesicas da Formaccedilacirco de Psicopedagogos no Brasil e Eixos
Temaacuteticos para Cursos de Formaccedilatildeo em Psicopedagogia
wwwforumeducacaohpgigcombr Aprendizagens Atraveacutes da Avaliaccedilatildeo
Formativa Utilizando a intervenccedilatildeo na busca de melhores resultados
wwwmecgovbrRelativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensuem
psicopedagogia
wwwpsicopedagogiaonlinecomb Psicopedagogia accedilatildeo e parceria Jogar
Aprendendo Contribuiccedilotildees dos Jogos no Processo de Letramento
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica no processo
de alfabetizaccedilatildeo ganha atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
8
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 09
CAPIacuteTULO I - HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO
DE ALFABETIZACcedilAgraveO 46
CONCLUSAtildeO 54
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
INDICE 65
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 67
9
INTRODUCcedilAtildeO
A Psicopedagogia no Brasil vemcontinuamente discutindo seus fundamentos
e construindo suas ferramentas Como uma aacuterea relativamente nova de
conhecimento traz em si as origens e as diversidades de uma atuaccedilatildeo
interdisciplinar e transdisciplinar possibilitando o desenvolvimento de um
quadro teoacuterico proacuteprio como uma atitude diante do conhecimento que permite
ultrapassar paradigmas
A presente pesquisa que se apresenta com o tema A intervenccedilatildeo do
psicopedagogo no processo de alfabetizaccedilatildeo tem como questatildeo central eacute de
ateacute que ponto o psicopedagogo interveacutem no processo de ensino
aprendizagem de forma preventiva pois o tema sugerido eacute de fundamental
relevacircncia pois tem como finalidade defender a necessidade de adaptar
instrumentos de intervenccedilatildeo teacutecnicas de trabalhos que possam satisfazer a
complexidade das situaccedilotildees que por sua vez mostrem o professor que foge
da sua aacuterea de atuaccedilatildeo e o que pode ser realmente realizado junto com o
psicopedagogo no que se refere a prevenccedilatildeo e o acompanhamento das
dificuldades no processo de ensino aprendizagem partindo da potencialidade
do individuo em sua especificidade e singularidade
Satildeo por tanto os objetivos gerais desta pesquisa eacute de analisar a situaccedilatildeo do
aluno com dificuldade no processo de ensino aprendizagem verificando dentro
do contexto educacional o que interfere nesse processo e o que natildeo contribui
para o avanccedilo do desenvolvimento do aluno com a finalidade de proporcionar
orientaccedilatildeo e instrumentos que permitam modificar o conflito manifestado
10A pesquisa tambeacutem apresenta objetivos especiacuteficos verificar a intervenccedilatildeo
como fator de mediaccedilatildeo entre o processo com o objeto conceituar as diversas
causas do natildeo aprender analisar o erro do aluno como um indicador de como
ele estaacute pensando e como compreende o que foi ensinado refletir sobre
praacutetica pedagoacutegica e analisar o curriacuteculo e a metodologia
A sistematizaccedilatildeo da pesquisa parte da de uma fundamentaccedilatildeo bibliograacutefica
que se embasa em teoacutericos como Beauclair Bossa Fernandez Maluf e
Bombonatto Oliacutevia Piaget Vygostsk entre outros
A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em
domiacutenio publico
O primeiro capitulo apresenta uma breve histoacuterico da psicopedagogia no Rio
de Janeiro a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo no
Brasila formaccedilatildeotitulaccedilatildeo e o reconhecimento
O segundo capitulo discorre sobre o psicopedagogo e a escolar a instituiccedilatildeo
escolar a aprendizagem e sua construccedilatildeo avaliaccedilatildeo e a praacutetica pedagoacutegica
O terceiro capitulo eacute discorrido a importacircncia da intervenccedilatildeo do psicopedagogo
no processo de alfabetizaccedilatildeo o jogo segundo alguns autores o jogo no
contexto psicopedagogico e a intervenccedilatildeo do psicopedagogo junto a famiacutelia
11Com a conclusatildeo da pesquisa espera-se que esta sirva como fonte de estudos
e praacuteticas futuras proporcionando o incentivo de discussotildees quanto aos
desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO
Zenicila ( 2007) discorre que na deacutecada de 70 jaacute se via claramente a
separaccedilatildeo de cursos estudos e publicaccedilotildees para educadores em geral
interessados em problemas dos escolares e para profissionais que se
aperfeiccediloavam em educaccedilatildeo especial
Segundo Zenicila (2007) No final dos anos 70 inicia-se uma mudanccedila na visatildeo
teoacutericas e praacuteticas das dificuldades de aprendizagem as atividades realizadas
com crianccedilas especiais durante os anos de 1976 a 1977 os educadores da
Escola Movimentos convidaram a psiquiatra e a psicanalista Dra Ameacutelia
Thereza de Moura Vasconcellos para assessorar e supervisionar o trabalho do
grupo
Ampliado esse trabalho em 1998 a Dra Ameacutelia Vasconcellos convidou a
psicanalista Argentina Rachel Soifer para colaborar com a equipe da Escola
Movimento Esta profissional aproximou este grupo da linha teoacuterico-pratico
12desenvolvida pelo professor e psicoacutelogo social argentino Jorge Visca que
passou entatildeo a coordenar grupos de estudos na Escola Movimento abertos
tanto para os professores daquela instituiccedilatildeo quanto para outros profissionais
interessados em se aprofundar nesta aacuterea de conhecimento
Em 1980 realizou-se o primeiro congresso brasileiro piagetiano sob os
auspiacutecios do centro experimental Jean Piaget Este vento foi um marco
importante na historia da psicipedagogia por ter cito um momento privilegiado
de encontro e trocas entre estudiosos da teoria piagetiana inseridos em
diferentes aacutereas de saber e oriundos de diferentes regiotildees do mundo Jorge
Visca tambeacutem este presente e foi grande a sua contribuiccedilatildeo alargando o
conceito de aprendizagem do sujeito
Em 1982 Jorge Visca ministrou o primeiro o curso de teoria e teacutecnica
psicopedagogica a convite da sub-reitoria da Associaccedilatildeo dos Diplomados da
Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em
parceria com a Faculdade de Educaccedilatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica
A Epistemologia convergente passa ser referencial teoacuterico da pratica
psicopedagoacutegica as psicopedagogas Maria Lucia Lemme Weiss e Tacircnia
Coelho iniciaram e supervisionaram um Grupo de Atendimento
Psicopedagogico na UERJ formando por estagiaacuterios do curso de psicologia e
voltado para crianccedilas da comunidade
Zinicola (2007) discorre que ao passa alguns anos o professor Jorge Visca
propocircs a criaccedilatildeo de um centro fundamentado na epstomologia convergente em
nosso Estado Assim surgiu o Centro de Estudos Psicopedagoacutegicos do Estado
13do Rio de Janeiro ndash CEPERJ vinculado ao Buenos Aires - CEP coordenado
por Jorge Visca
O CEPERJ veio a ser o primeiro curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia
no Rio de Janeiro dentro desta nova abordagem
A psicopedagogia desde entatildeo vem se assumindo como disciplina fortalecendo
a identidade profissional do psicopedagogo e se abrindo para novos
conhecimentos
A psicopedagoga Sara Pain e autores como Jan Marie Dolle e Leandro
Lajonquiegravere ampliam a visatildeo teoacuterica da psicopedagogia enfatizando o sujeito
psicopedagogico que aprende
Essa nova compreesatildeo influencia a clinica psicopedagogica e abre espaccedilo
para psicopedagogia na instituiccedilatildeo escolar
Nessa fase tambeacutem a psicopedagogia no Rio de Janeiro foi influenciada pelas
pesquisas de Emilia Ferreiro a respeito da psicogecircnese da liacutengua escrita
possibilitando um maior dialogo dos psicopedagogos com os profissionais da
escola
Na deacutecada de noventa a psicopedagoga Argentina Alicia Fernandez reforccedila a
importacircncia da psicanaacutelise para o sujeito que aprende desmistificando a
proacutepria compreensatildeo da psicanaacutelise e introduzindo a abordagem da dinacircmica
familiar no entendimento dos problemas de aprendizagem
14
Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo
era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico
Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo
Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os
profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e
discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando
o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro
A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em
Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a
ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas
accedilotildees
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea
cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No
Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia
Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento
propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e
enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as
alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que
determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado
individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma
experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que
protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia
15
Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia
deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua
proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada
pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como
processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade
profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por
muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos
diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo
significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional
11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo
da psicopedagogia no Brasil
Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto
projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho
Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia
(wwwabppcombr acessado dia 270809)
O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos
problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar
com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-
repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social
Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da
articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que
considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem
16
Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os
portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em
Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou
instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da
legislaccedilatildeo pertinente
Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo
Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de
alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia
Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia
instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir
profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo
atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como
oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde
encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua
historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando
sua identidade profissional
A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de
um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os
problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista
de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional
1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do
psicopedagogo
17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)
como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado
por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores
entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios
oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando
trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na
clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de
aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas
ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da
profissatildeo
Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da
Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha
sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo
latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo
CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de
2004 do MECSESUdiz que
Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por
instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente
credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(
wwwmecgovbr acessado 270809)
Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas
e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado
em aacutereas profissionais de interesse social
Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para
cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200
horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para
atividades natildeo presenciais
18
Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute
a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos
processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e
tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp
entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do
psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo
de estudo
Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm
939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado
assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao
Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto
em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do
trabalho
Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a
proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em
psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada
Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave
nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do
projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees
O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda
forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo
Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de
diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por
escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas
nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto
19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia
(wwwABPpcombr acessado dia 200809)
O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a
graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos
de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor
inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior
Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)
em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de
360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de
Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e
outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma
grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em
diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e
institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de
atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial
No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em
niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente
autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente
1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo
O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e
terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das
aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se
20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que
O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem
utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos
didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional
com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis
problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture
(PORTO 2009 p 109)
Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica
docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar
dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo
detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da
dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo
de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo
educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em
grupo
Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de
aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas
orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais
das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais
dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu
tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo
indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia
O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu
saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da
mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de
aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo
hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos
21
No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou
seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos
indiviacuteduos que trabalham na empresa
1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR
A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias
ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se
defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou
esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que
natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em
relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e
amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais
de aprendizagem natildeo satildeo atendidas
De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista
espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos
assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo
escolar
Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade
poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute
o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da
necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem
humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo
prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo
processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos
22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores
nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de
aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme
RUBENSTEIN (1999 ) diz que
Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade
de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando
todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo
(RUBENSTEIN 1999 p 103)
A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a
forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no
processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis
devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no
processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem
Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de
aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na
proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso
Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de
aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar
que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da
psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar
como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de
aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o
desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando
a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece
o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada
momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem
23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem
como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao
psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de
aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a
integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando
processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa
de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua
docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da
proacutepria ensinagem
Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade
escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento
dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico
metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades
ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o
desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de
aprendizagem que estatildeo compatilhando
Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte
() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de
aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas
crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento
mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais
especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes
modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo
de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da
escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as
24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos
na escola
1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA
A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras
alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola
O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave
aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que
desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola
que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou
excluam-se a si mesmos do sistema educacional
O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por
uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma
testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente
agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia
Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta
interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute
fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma
forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o
psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com
profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e
quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido
Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o
seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila
O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma
caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo
25
Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as
quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de
respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus
sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo
expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )
Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre
caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que
se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida
deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que
existe e vive
Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar
as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para
mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar
encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves
2003p 27)
O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove
um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e
aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada
para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado
particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as
coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa
que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo
novos conhecimentos
O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem
julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui
26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para
que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica
1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo
desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua
formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade
A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute
interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo
oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o
tempo de hospitalizaccedilatildeo
Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e
sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de
aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a
outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo
eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as
especialidades
De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem
ser classificadas em
- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas
feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa
de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta
primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e
internaccedilotildees gerais
- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas
27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de
membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das
articulaccedilotildees do quadril miopatias etc
-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de
crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite
tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)
As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras
auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas
ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos
Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam
elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias
Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de
uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada
indiviacuteduo hospitalizado
A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a
idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais
A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente
aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir
entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee
mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa
intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro
quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta
de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir
depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no
niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
6
METODOLOGIA
A presente pesquisa surgiu da preocupaccedilatildeo existente com nossa praacutetica como
educadora e de nossa crenccedila de que cada um constroacutei seus proacuteprios
conhecimentos por meio de estiacutemulos tem justamente o objetivo de fazer uma
abordagem sobre a intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo dentro da instituiccedilatildeo escolar
Este trabalho trata de uma pesquisa bibliograacutefica Os principais autores
utilizados na realizaccedilatildeo desta pesquisa foram
Alicia Fernandez com as ideacuteias e propostas na psicopedagogia da atualidade
Oliacutevia Porto que proporcionou uma analisar a instituiccedilatildeo escolar e suas
relaccedilotildees com uma abordagem reflexiva e criacutetica buscando construir um
espaccedilo que contribua para a reduccedilatildeo do fracasso escolar em nosso paiacutes
Jean Piaget nos indica a construccedilatildeo do saber partindo do conhecimento
menos elaborado para o mais elaboradordquoo conhecimento resulta de uma
interaccedilatildeo entre o sujeito que conhece e o objeto a ser conhecidordquo
Joatildeo Beauclair de forma clara e objetiva colaborou para a construccedilatildeo de uma
visatildeo ampla sobre o que vem a ser a psicopedagogia e seus desdobramentos
conceituais propondo-se a servir como um elemento de novas buscas e
conhecimentos
Levi Vygotsky o sujeito do conhecimento natildeo eacute passivo regulado por forccedilas
externas que o vatildeo moldando natildeo eacute somente ativo e sim interativordquoo
aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e
potildee em movimento vaacuterios processos de desenvolvimento que de outra forma
seriam impossiacutevel de acontecerrdquo
Maria Irene Maluf e Quezia Bombonatto compartilhou experiecircncias de forma
significativa para o desenvolvimento de um olhar voltado para os processos
7que cercam o aprender e o natildeo aprender e artigos para a historia da
psicopedagogia e da ABPp no Brasil
Nadia Aparecida Bossa conhecimentos que se faz necessaacuterio para uma
praacutetica consistente na forma como eacute concebida a psicipedagogia no presente
trabalho
A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em
domiacutenio publico
wwwabppcombr A Regulamentaccedilatildeo e o exerciacutecio da atividade em
psicopedagogia no Brasil Pesquisa sobre a Psicopedagogia noRrio deJjaneiro
Diretrizes Baacutesicas da Formaccedilacirco de Psicopedagogos no Brasil e Eixos
Temaacuteticos para Cursos de Formaccedilatildeo em Psicopedagogia
wwwforumeducacaohpgigcombr Aprendizagens Atraveacutes da Avaliaccedilatildeo
Formativa Utilizando a intervenccedilatildeo na busca de melhores resultados
wwwmecgovbrRelativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensuem
psicopedagogia
wwwpsicopedagogiaonlinecomb Psicopedagogia accedilatildeo e parceria Jogar
Aprendendo Contribuiccedilotildees dos Jogos no Processo de Letramento
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica no processo
de alfabetizaccedilatildeo ganha atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
8
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 09
CAPIacuteTULO I - HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO
DE ALFABETIZACcedilAgraveO 46
CONCLUSAtildeO 54
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
INDICE 65
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 67
9
INTRODUCcedilAtildeO
A Psicopedagogia no Brasil vemcontinuamente discutindo seus fundamentos
e construindo suas ferramentas Como uma aacuterea relativamente nova de
conhecimento traz em si as origens e as diversidades de uma atuaccedilatildeo
interdisciplinar e transdisciplinar possibilitando o desenvolvimento de um
quadro teoacuterico proacuteprio como uma atitude diante do conhecimento que permite
ultrapassar paradigmas
A presente pesquisa que se apresenta com o tema A intervenccedilatildeo do
psicopedagogo no processo de alfabetizaccedilatildeo tem como questatildeo central eacute de
ateacute que ponto o psicopedagogo interveacutem no processo de ensino
aprendizagem de forma preventiva pois o tema sugerido eacute de fundamental
relevacircncia pois tem como finalidade defender a necessidade de adaptar
instrumentos de intervenccedilatildeo teacutecnicas de trabalhos que possam satisfazer a
complexidade das situaccedilotildees que por sua vez mostrem o professor que foge
da sua aacuterea de atuaccedilatildeo e o que pode ser realmente realizado junto com o
psicopedagogo no que se refere a prevenccedilatildeo e o acompanhamento das
dificuldades no processo de ensino aprendizagem partindo da potencialidade
do individuo em sua especificidade e singularidade
Satildeo por tanto os objetivos gerais desta pesquisa eacute de analisar a situaccedilatildeo do
aluno com dificuldade no processo de ensino aprendizagem verificando dentro
do contexto educacional o que interfere nesse processo e o que natildeo contribui
para o avanccedilo do desenvolvimento do aluno com a finalidade de proporcionar
orientaccedilatildeo e instrumentos que permitam modificar o conflito manifestado
10A pesquisa tambeacutem apresenta objetivos especiacuteficos verificar a intervenccedilatildeo
como fator de mediaccedilatildeo entre o processo com o objeto conceituar as diversas
causas do natildeo aprender analisar o erro do aluno como um indicador de como
ele estaacute pensando e como compreende o que foi ensinado refletir sobre
praacutetica pedagoacutegica e analisar o curriacuteculo e a metodologia
A sistematizaccedilatildeo da pesquisa parte da de uma fundamentaccedilatildeo bibliograacutefica
que se embasa em teoacutericos como Beauclair Bossa Fernandez Maluf e
Bombonatto Oliacutevia Piaget Vygostsk entre outros
A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em
domiacutenio publico
O primeiro capitulo apresenta uma breve histoacuterico da psicopedagogia no Rio
de Janeiro a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo no
Brasila formaccedilatildeotitulaccedilatildeo e o reconhecimento
O segundo capitulo discorre sobre o psicopedagogo e a escolar a instituiccedilatildeo
escolar a aprendizagem e sua construccedilatildeo avaliaccedilatildeo e a praacutetica pedagoacutegica
O terceiro capitulo eacute discorrido a importacircncia da intervenccedilatildeo do psicopedagogo
no processo de alfabetizaccedilatildeo o jogo segundo alguns autores o jogo no
contexto psicopedagogico e a intervenccedilatildeo do psicopedagogo junto a famiacutelia
11Com a conclusatildeo da pesquisa espera-se que esta sirva como fonte de estudos
e praacuteticas futuras proporcionando o incentivo de discussotildees quanto aos
desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO
Zenicila ( 2007) discorre que na deacutecada de 70 jaacute se via claramente a
separaccedilatildeo de cursos estudos e publicaccedilotildees para educadores em geral
interessados em problemas dos escolares e para profissionais que se
aperfeiccediloavam em educaccedilatildeo especial
Segundo Zenicila (2007) No final dos anos 70 inicia-se uma mudanccedila na visatildeo
teoacutericas e praacuteticas das dificuldades de aprendizagem as atividades realizadas
com crianccedilas especiais durante os anos de 1976 a 1977 os educadores da
Escola Movimentos convidaram a psiquiatra e a psicanalista Dra Ameacutelia
Thereza de Moura Vasconcellos para assessorar e supervisionar o trabalho do
grupo
Ampliado esse trabalho em 1998 a Dra Ameacutelia Vasconcellos convidou a
psicanalista Argentina Rachel Soifer para colaborar com a equipe da Escola
Movimento Esta profissional aproximou este grupo da linha teoacuterico-pratico
12desenvolvida pelo professor e psicoacutelogo social argentino Jorge Visca que
passou entatildeo a coordenar grupos de estudos na Escola Movimento abertos
tanto para os professores daquela instituiccedilatildeo quanto para outros profissionais
interessados em se aprofundar nesta aacuterea de conhecimento
Em 1980 realizou-se o primeiro congresso brasileiro piagetiano sob os
auspiacutecios do centro experimental Jean Piaget Este vento foi um marco
importante na historia da psicipedagogia por ter cito um momento privilegiado
de encontro e trocas entre estudiosos da teoria piagetiana inseridos em
diferentes aacutereas de saber e oriundos de diferentes regiotildees do mundo Jorge
Visca tambeacutem este presente e foi grande a sua contribuiccedilatildeo alargando o
conceito de aprendizagem do sujeito
Em 1982 Jorge Visca ministrou o primeiro o curso de teoria e teacutecnica
psicopedagogica a convite da sub-reitoria da Associaccedilatildeo dos Diplomados da
Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em
parceria com a Faculdade de Educaccedilatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica
A Epistemologia convergente passa ser referencial teoacuterico da pratica
psicopedagoacutegica as psicopedagogas Maria Lucia Lemme Weiss e Tacircnia
Coelho iniciaram e supervisionaram um Grupo de Atendimento
Psicopedagogico na UERJ formando por estagiaacuterios do curso de psicologia e
voltado para crianccedilas da comunidade
Zinicola (2007) discorre que ao passa alguns anos o professor Jorge Visca
propocircs a criaccedilatildeo de um centro fundamentado na epstomologia convergente em
nosso Estado Assim surgiu o Centro de Estudos Psicopedagoacutegicos do Estado
13do Rio de Janeiro ndash CEPERJ vinculado ao Buenos Aires - CEP coordenado
por Jorge Visca
O CEPERJ veio a ser o primeiro curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia
no Rio de Janeiro dentro desta nova abordagem
A psicopedagogia desde entatildeo vem se assumindo como disciplina fortalecendo
a identidade profissional do psicopedagogo e se abrindo para novos
conhecimentos
A psicopedagoga Sara Pain e autores como Jan Marie Dolle e Leandro
Lajonquiegravere ampliam a visatildeo teoacuterica da psicopedagogia enfatizando o sujeito
psicopedagogico que aprende
Essa nova compreesatildeo influencia a clinica psicopedagogica e abre espaccedilo
para psicopedagogia na instituiccedilatildeo escolar
Nessa fase tambeacutem a psicopedagogia no Rio de Janeiro foi influenciada pelas
pesquisas de Emilia Ferreiro a respeito da psicogecircnese da liacutengua escrita
possibilitando um maior dialogo dos psicopedagogos com os profissionais da
escola
Na deacutecada de noventa a psicopedagoga Argentina Alicia Fernandez reforccedila a
importacircncia da psicanaacutelise para o sujeito que aprende desmistificando a
proacutepria compreensatildeo da psicanaacutelise e introduzindo a abordagem da dinacircmica
familiar no entendimento dos problemas de aprendizagem
14
Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo
era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico
Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo
Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os
profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e
discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando
o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro
A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em
Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a
ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas
accedilotildees
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea
cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No
Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia
Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento
propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e
enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as
alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que
determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado
individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma
experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que
protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia
15
Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia
deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua
proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada
pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como
processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade
profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por
muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos
diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo
significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional
11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo
da psicopedagogia no Brasil
Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto
projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho
Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia
(wwwabppcombr acessado dia 270809)
O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos
problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar
com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-
repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social
Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da
articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que
considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem
16
Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os
portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em
Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou
instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da
legislaccedilatildeo pertinente
Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo
Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de
alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia
Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia
instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir
profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo
atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como
oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde
encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua
historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando
sua identidade profissional
A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de
um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os
problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista
de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional
1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do
psicopedagogo
17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)
como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado
por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores
entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios
oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando
trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na
clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de
aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas
ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da
profissatildeo
Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da
Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha
sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo
latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo
CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de
2004 do MECSESUdiz que
Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por
instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente
credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(
wwwmecgovbr acessado 270809)
Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas
e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado
em aacutereas profissionais de interesse social
Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para
cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200
horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para
atividades natildeo presenciais
18
Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute
a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos
processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e
tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp
entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do
psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo
de estudo
Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm
939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado
assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao
Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto
em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do
trabalho
Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a
proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em
psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada
Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave
nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do
projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees
O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda
forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo
Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de
diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por
escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas
nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto
19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia
(wwwABPpcombr acessado dia 200809)
O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a
graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos
de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor
inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior
Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)
em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de
360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de
Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e
outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma
grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em
diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e
institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de
atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial
No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em
niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente
autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente
1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo
O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e
terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das
aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se
20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que
O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem
utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos
didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional
com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis
problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture
(PORTO 2009 p 109)
Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica
docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar
dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo
detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da
dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo
de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo
educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em
grupo
Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de
aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas
orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais
das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais
dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu
tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo
indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia
O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu
saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da
mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de
aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo
hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos
21
No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou
seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos
indiviacuteduos que trabalham na empresa
1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR
A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias
ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se
defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou
esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que
natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em
relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e
amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais
de aprendizagem natildeo satildeo atendidas
De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista
espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos
assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo
escolar
Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade
poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute
o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da
necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem
humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo
prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo
processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos
22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores
nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de
aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme
RUBENSTEIN (1999 ) diz que
Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade
de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando
todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo
(RUBENSTEIN 1999 p 103)
A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a
forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no
processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis
devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no
processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem
Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de
aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na
proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso
Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de
aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar
que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da
psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar
como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de
aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o
desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando
a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece
o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada
momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem
23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem
como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao
psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de
aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a
integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando
processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa
de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua
docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da
proacutepria ensinagem
Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade
escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento
dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico
metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades
ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o
desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de
aprendizagem que estatildeo compatilhando
Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte
() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de
aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas
crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento
mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais
especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes
modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo
de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da
escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as
24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos
na escola
1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA
A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras
alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola
O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave
aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que
desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola
que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou
excluam-se a si mesmos do sistema educacional
O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por
uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma
testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente
agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia
Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta
interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute
fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma
forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o
psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com
profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e
quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido
Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o
seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila
O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma
caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo
25
Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as
quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de
respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus
sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo
expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )
Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre
caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que
se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida
deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que
existe e vive
Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar
as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para
mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar
encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves
2003p 27)
O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove
um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e
aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada
para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado
particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as
coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa
que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo
novos conhecimentos
O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem
julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui
26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para
que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica
1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo
desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua
formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade
A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute
interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo
oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o
tempo de hospitalizaccedilatildeo
Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e
sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de
aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a
outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo
eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as
especialidades
De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem
ser classificadas em
- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas
feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa
de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta
primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e
internaccedilotildees gerais
- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas
27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de
membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das
articulaccedilotildees do quadril miopatias etc
-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de
crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite
tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)
As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras
auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas
ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos
Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam
elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias
Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de
uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada
indiviacuteduo hospitalizado
A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a
idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais
A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente
aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir
entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee
mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa
intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro
quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta
de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir
depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no
niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
7que cercam o aprender e o natildeo aprender e artigos para a historia da
psicopedagogia e da ABPp no Brasil
Nadia Aparecida Bossa conhecimentos que se faz necessaacuterio para uma
praacutetica consistente na forma como eacute concebida a psicipedagogia no presente
trabalho
A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em
domiacutenio publico
wwwabppcombr A Regulamentaccedilatildeo e o exerciacutecio da atividade em
psicopedagogia no Brasil Pesquisa sobre a Psicopedagogia noRrio deJjaneiro
Diretrizes Baacutesicas da Formaccedilacirco de Psicopedagogos no Brasil e Eixos
Temaacuteticos para Cursos de Formaccedilatildeo em Psicopedagogia
wwwforumeducacaohpgigcombr Aprendizagens Atraveacutes da Avaliaccedilatildeo
Formativa Utilizando a intervenccedilatildeo na busca de melhores resultados
wwwmecgovbrRelativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensuem
psicopedagogia
wwwpsicopedagogiaonlinecomb Psicopedagogia accedilatildeo e parceria Jogar
Aprendendo Contribuiccedilotildees dos Jogos no Processo de Letramento
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica no processo
de alfabetizaccedilatildeo ganha atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
8
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 09
CAPIacuteTULO I - HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO
DE ALFABETIZACcedilAgraveO 46
CONCLUSAtildeO 54
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
INDICE 65
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 67
9
INTRODUCcedilAtildeO
A Psicopedagogia no Brasil vemcontinuamente discutindo seus fundamentos
e construindo suas ferramentas Como uma aacuterea relativamente nova de
conhecimento traz em si as origens e as diversidades de uma atuaccedilatildeo
interdisciplinar e transdisciplinar possibilitando o desenvolvimento de um
quadro teoacuterico proacuteprio como uma atitude diante do conhecimento que permite
ultrapassar paradigmas
A presente pesquisa que se apresenta com o tema A intervenccedilatildeo do
psicopedagogo no processo de alfabetizaccedilatildeo tem como questatildeo central eacute de
ateacute que ponto o psicopedagogo interveacutem no processo de ensino
aprendizagem de forma preventiva pois o tema sugerido eacute de fundamental
relevacircncia pois tem como finalidade defender a necessidade de adaptar
instrumentos de intervenccedilatildeo teacutecnicas de trabalhos que possam satisfazer a
complexidade das situaccedilotildees que por sua vez mostrem o professor que foge
da sua aacuterea de atuaccedilatildeo e o que pode ser realmente realizado junto com o
psicopedagogo no que se refere a prevenccedilatildeo e o acompanhamento das
dificuldades no processo de ensino aprendizagem partindo da potencialidade
do individuo em sua especificidade e singularidade
Satildeo por tanto os objetivos gerais desta pesquisa eacute de analisar a situaccedilatildeo do
aluno com dificuldade no processo de ensino aprendizagem verificando dentro
do contexto educacional o que interfere nesse processo e o que natildeo contribui
para o avanccedilo do desenvolvimento do aluno com a finalidade de proporcionar
orientaccedilatildeo e instrumentos que permitam modificar o conflito manifestado
10A pesquisa tambeacutem apresenta objetivos especiacuteficos verificar a intervenccedilatildeo
como fator de mediaccedilatildeo entre o processo com o objeto conceituar as diversas
causas do natildeo aprender analisar o erro do aluno como um indicador de como
ele estaacute pensando e como compreende o que foi ensinado refletir sobre
praacutetica pedagoacutegica e analisar o curriacuteculo e a metodologia
A sistematizaccedilatildeo da pesquisa parte da de uma fundamentaccedilatildeo bibliograacutefica
que se embasa em teoacutericos como Beauclair Bossa Fernandez Maluf e
Bombonatto Oliacutevia Piaget Vygostsk entre outros
A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em
domiacutenio publico
O primeiro capitulo apresenta uma breve histoacuterico da psicopedagogia no Rio
de Janeiro a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo no
Brasila formaccedilatildeotitulaccedilatildeo e o reconhecimento
O segundo capitulo discorre sobre o psicopedagogo e a escolar a instituiccedilatildeo
escolar a aprendizagem e sua construccedilatildeo avaliaccedilatildeo e a praacutetica pedagoacutegica
O terceiro capitulo eacute discorrido a importacircncia da intervenccedilatildeo do psicopedagogo
no processo de alfabetizaccedilatildeo o jogo segundo alguns autores o jogo no
contexto psicopedagogico e a intervenccedilatildeo do psicopedagogo junto a famiacutelia
11Com a conclusatildeo da pesquisa espera-se que esta sirva como fonte de estudos
e praacuteticas futuras proporcionando o incentivo de discussotildees quanto aos
desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO
Zenicila ( 2007) discorre que na deacutecada de 70 jaacute se via claramente a
separaccedilatildeo de cursos estudos e publicaccedilotildees para educadores em geral
interessados em problemas dos escolares e para profissionais que se
aperfeiccediloavam em educaccedilatildeo especial
Segundo Zenicila (2007) No final dos anos 70 inicia-se uma mudanccedila na visatildeo
teoacutericas e praacuteticas das dificuldades de aprendizagem as atividades realizadas
com crianccedilas especiais durante os anos de 1976 a 1977 os educadores da
Escola Movimentos convidaram a psiquiatra e a psicanalista Dra Ameacutelia
Thereza de Moura Vasconcellos para assessorar e supervisionar o trabalho do
grupo
Ampliado esse trabalho em 1998 a Dra Ameacutelia Vasconcellos convidou a
psicanalista Argentina Rachel Soifer para colaborar com a equipe da Escola
Movimento Esta profissional aproximou este grupo da linha teoacuterico-pratico
12desenvolvida pelo professor e psicoacutelogo social argentino Jorge Visca que
passou entatildeo a coordenar grupos de estudos na Escola Movimento abertos
tanto para os professores daquela instituiccedilatildeo quanto para outros profissionais
interessados em se aprofundar nesta aacuterea de conhecimento
Em 1980 realizou-se o primeiro congresso brasileiro piagetiano sob os
auspiacutecios do centro experimental Jean Piaget Este vento foi um marco
importante na historia da psicipedagogia por ter cito um momento privilegiado
de encontro e trocas entre estudiosos da teoria piagetiana inseridos em
diferentes aacutereas de saber e oriundos de diferentes regiotildees do mundo Jorge
Visca tambeacutem este presente e foi grande a sua contribuiccedilatildeo alargando o
conceito de aprendizagem do sujeito
Em 1982 Jorge Visca ministrou o primeiro o curso de teoria e teacutecnica
psicopedagogica a convite da sub-reitoria da Associaccedilatildeo dos Diplomados da
Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em
parceria com a Faculdade de Educaccedilatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica
A Epistemologia convergente passa ser referencial teoacuterico da pratica
psicopedagoacutegica as psicopedagogas Maria Lucia Lemme Weiss e Tacircnia
Coelho iniciaram e supervisionaram um Grupo de Atendimento
Psicopedagogico na UERJ formando por estagiaacuterios do curso de psicologia e
voltado para crianccedilas da comunidade
Zinicola (2007) discorre que ao passa alguns anos o professor Jorge Visca
propocircs a criaccedilatildeo de um centro fundamentado na epstomologia convergente em
nosso Estado Assim surgiu o Centro de Estudos Psicopedagoacutegicos do Estado
13do Rio de Janeiro ndash CEPERJ vinculado ao Buenos Aires - CEP coordenado
por Jorge Visca
O CEPERJ veio a ser o primeiro curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia
no Rio de Janeiro dentro desta nova abordagem
A psicopedagogia desde entatildeo vem se assumindo como disciplina fortalecendo
a identidade profissional do psicopedagogo e se abrindo para novos
conhecimentos
A psicopedagoga Sara Pain e autores como Jan Marie Dolle e Leandro
Lajonquiegravere ampliam a visatildeo teoacuterica da psicopedagogia enfatizando o sujeito
psicopedagogico que aprende
Essa nova compreesatildeo influencia a clinica psicopedagogica e abre espaccedilo
para psicopedagogia na instituiccedilatildeo escolar
Nessa fase tambeacutem a psicopedagogia no Rio de Janeiro foi influenciada pelas
pesquisas de Emilia Ferreiro a respeito da psicogecircnese da liacutengua escrita
possibilitando um maior dialogo dos psicopedagogos com os profissionais da
escola
Na deacutecada de noventa a psicopedagoga Argentina Alicia Fernandez reforccedila a
importacircncia da psicanaacutelise para o sujeito que aprende desmistificando a
proacutepria compreensatildeo da psicanaacutelise e introduzindo a abordagem da dinacircmica
familiar no entendimento dos problemas de aprendizagem
14
Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo
era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico
Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo
Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os
profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e
discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando
o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro
A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em
Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a
ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas
accedilotildees
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea
cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No
Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia
Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento
propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e
enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as
alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que
determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado
individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma
experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que
protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia
15
Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia
deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua
proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada
pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como
processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade
profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por
muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos
diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo
significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional
11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo
da psicopedagogia no Brasil
Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto
projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho
Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia
(wwwabppcombr acessado dia 270809)
O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos
problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar
com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-
repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social
Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da
articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que
considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem
16
Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os
portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em
Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou
instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da
legislaccedilatildeo pertinente
Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo
Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de
alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia
Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia
instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir
profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo
atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como
oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde
encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua
historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando
sua identidade profissional
A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de
um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os
problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista
de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional
1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do
psicopedagogo
17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)
como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado
por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores
entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios
oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando
trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na
clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de
aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas
ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da
profissatildeo
Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da
Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha
sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo
latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo
CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de
2004 do MECSESUdiz que
Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por
instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente
credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(
wwwmecgovbr acessado 270809)
Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas
e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado
em aacutereas profissionais de interesse social
Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para
cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200
horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para
atividades natildeo presenciais
18
Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute
a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos
processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e
tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp
entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do
psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo
de estudo
Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm
939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado
assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao
Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto
em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do
trabalho
Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a
proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em
psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada
Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave
nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do
projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees
O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda
forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo
Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de
diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por
escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas
nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto
19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia
(wwwABPpcombr acessado dia 200809)
O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a
graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos
de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor
inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior
Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)
em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de
360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de
Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e
outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma
grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em
diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e
institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de
atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial
No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em
niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente
autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente
1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo
O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e
terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das
aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se
20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que
O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem
utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos
didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional
com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis
problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture
(PORTO 2009 p 109)
Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica
docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar
dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo
detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da
dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo
de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo
educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em
grupo
Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de
aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas
orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais
das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais
dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu
tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo
indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia
O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu
saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da
mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de
aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo
hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos
21
No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou
seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos
indiviacuteduos que trabalham na empresa
1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR
A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias
ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se
defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou
esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que
natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em
relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e
amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais
de aprendizagem natildeo satildeo atendidas
De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista
espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos
assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo
escolar
Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade
poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute
o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da
necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem
humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo
prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo
processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos
22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores
nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de
aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme
RUBENSTEIN (1999 ) diz que
Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade
de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando
todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo
(RUBENSTEIN 1999 p 103)
A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a
forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no
processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis
devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no
processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem
Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de
aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na
proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso
Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de
aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar
que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da
psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar
como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de
aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o
desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando
a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece
o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada
momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem
23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem
como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao
psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de
aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a
integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando
processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa
de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua
docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da
proacutepria ensinagem
Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade
escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento
dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico
metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades
ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o
desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de
aprendizagem que estatildeo compatilhando
Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte
() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de
aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas
crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento
mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais
especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes
modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo
de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da
escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as
24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos
na escola
1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA
A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras
alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola
O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave
aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que
desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola
que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou
excluam-se a si mesmos do sistema educacional
O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por
uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma
testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente
agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia
Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta
interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute
fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma
forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o
psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com
profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e
quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido
Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o
seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila
O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma
caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo
25
Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as
quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de
respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus
sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo
expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )
Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre
caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que
se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida
deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que
existe e vive
Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar
as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para
mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar
encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves
2003p 27)
O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove
um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e
aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada
para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado
particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as
coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa
que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo
novos conhecimentos
O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem
julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui
26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para
que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica
1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo
desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua
formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade
A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute
interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo
oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o
tempo de hospitalizaccedilatildeo
Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e
sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de
aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a
outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo
eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as
especialidades
De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem
ser classificadas em
- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas
feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa
de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta
primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e
internaccedilotildees gerais
- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas
27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de
membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das
articulaccedilotildees do quadril miopatias etc
-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de
crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite
tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)
As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras
auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas
ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos
Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam
elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias
Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de
uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada
indiviacuteduo hospitalizado
A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a
idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais
A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente
aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir
entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee
mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa
intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro
quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta
de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir
depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no
niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
8
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 09
CAPIacuteTULO I - HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
CAPIacuteTULO II - PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
CAPIacuteTULO III - A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO
DE ALFABETIZACcedilAgraveO 46
CONCLUSAtildeO 54
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
INDICE 65
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 67
9
INTRODUCcedilAtildeO
A Psicopedagogia no Brasil vemcontinuamente discutindo seus fundamentos
e construindo suas ferramentas Como uma aacuterea relativamente nova de
conhecimento traz em si as origens e as diversidades de uma atuaccedilatildeo
interdisciplinar e transdisciplinar possibilitando o desenvolvimento de um
quadro teoacuterico proacuteprio como uma atitude diante do conhecimento que permite
ultrapassar paradigmas
A presente pesquisa que se apresenta com o tema A intervenccedilatildeo do
psicopedagogo no processo de alfabetizaccedilatildeo tem como questatildeo central eacute de
ateacute que ponto o psicopedagogo interveacutem no processo de ensino
aprendizagem de forma preventiva pois o tema sugerido eacute de fundamental
relevacircncia pois tem como finalidade defender a necessidade de adaptar
instrumentos de intervenccedilatildeo teacutecnicas de trabalhos que possam satisfazer a
complexidade das situaccedilotildees que por sua vez mostrem o professor que foge
da sua aacuterea de atuaccedilatildeo e o que pode ser realmente realizado junto com o
psicopedagogo no que se refere a prevenccedilatildeo e o acompanhamento das
dificuldades no processo de ensino aprendizagem partindo da potencialidade
do individuo em sua especificidade e singularidade
Satildeo por tanto os objetivos gerais desta pesquisa eacute de analisar a situaccedilatildeo do
aluno com dificuldade no processo de ensino aprendizagem verificando dentro
do contexto educacional o que interfere nesse processo e o que natildeo contribui
para o avanccedilo do desenvolvimento do aluno com a finalidade de proporcionar
orientaccedilatildeo e instrumentos que permitam modificar o conflito manifestado
10A pesquisa tambeacutem apresenta objetivos especiacuteficos verificar a intervenccedilatildeo
como fator de mediaccedilatildeo entre o processo com o objeto conceituar as diversas
causas do natildeo aprender analisar o erro do aluno como um indicador de como
ele estaacute pensando e como compreende o que foi ensinado refletir sobre
praacutetica pedagoacutegica e analisar o curriacuteculo e a metodologia
A sistematizaccedilatildeo da pesquisa parte da de uma fundamentaccedilatildeo bibliograacutefica
que se embasa em teoacutericos como Beauclair Bossa Fernandez Maluf e
Bombonatto Oliacutevia Piaget Vygostsk entre outros
A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em
domiacutenio publico
O primeiro capitulo apresenta uma breve histoacuterico da psicopedagogia no Rio
de Janeiro a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo no
Brasila formaccedilatildeotitulaccedilatildeo e o reconhecimento
O segundo capitulo discorre sobre o psicopedagogo e a escolar a instituiccedilatildeo
escolar a aprendizagem e sua construccedilatildeo avaliaccedilatildeo e a praacutetica pedagoacutegica
O terceiro capitulo eacute discorrido a importacircncia da intervenccedilatildeo do psicopedagogo
no processo de alfabetizaccedilatildeo o jogo segundo alguns autores o jogo no
contexto psicopedagogico e a intervenccedilatildeo do psicopedagogo junto a famiacutelia
11Com a conclusatildeo da pesquisa espera-se que esta sirva como fonte de estudos
e praacuteticas futuras proporcionando o incentivo de discussotildees quanto aos
desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO
Zenicila ( 2007) discorre que na deacutecada de 70 jaacute se via claramente a
separaccedilatildeo de cursos estudos e publicaccedilotildees para educadores em geral
interessados em problemas dos escolares e para profissionais que se
aperfeiccediloavam em educaccedilatildeo especial
Segundo Zenicila (2007) No final dos anos 70 inicia-se uma mudanccedila na visatildeo
teoacutericas e praacuteticas das dificuldades de aprendizagem as atividades realizadas
com crianccedilas especiais durante os anos de 1976 a 1977 os educadores da
Escola Movimentos convidaram a psiquiatra e a psicanalista Dra Ameacutelia
Thereza de Moura Vasconcellos para assessorar e supervisionar o trabalho do
grupo
Ampliado esse trabalho em 1998 a Dra Ameacutelia Vasconcellos convidou a
psicanalista Argentina Rachel Soifer para colaborar com a equipe da Escola
Movimento Esta profissional aproximou este grupo da linha teoacuterico-pratico
12desenvolvida pelo professor e psicoacutelogo social argentino Jorge Visca que
passou entatildeo a coordenar grupos de estudos na Escola Movimento abertos
tanto para os professores daquela instituiccedilatildeo quanto para outros profissionais
interessados em se aprofundar nesta aacuterea de conhecimento
Em 1980 realizou-se o primeiro congresso brasileiro piagetiano sob os
auspiacutecios do centro experimental Jean Piaget Este vento foi um marco
importante na historia da psicipedagogia por ter cito um momento privilegiado
de encontro e trocas entre estudiosos da teoria piagetiana inseridos em
diferentes aacutereas de saber e oriundos de diferentes regiotildees do mundo Jorge
Visca tambeacutem este presente e foi grande a sua contribuiccedilatildeo alargando o
conceito de aprendizagem do sujeito
Em 1982 Jorge Visca ministrou o primeiro o curso de teoria e teacutecnica
psicopedagogica a convite da sub-reitoria da Associaccedilatildeo dos Diplomados da
Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em
parceria com a Faculdade de Educaccedilatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica
A Epistemologia convergente passa ser referencial teoacuterico da pratica
psicopedagoacutegica as psicopedagogas Maria Lucia Lemme Weiss e Tacircnia
Coelho iniciaram e supervisionaram um Grupo de Atendimento
Psicopedagogico na UERJ formando por estagiaacuterios do curso de psicologia e
voltado para crianccedilas da comunidade
Zinicola (2007) discorre que ao passa alguns anos o professor Jorge Visca
propocircs a criaccedilatildeo de um centro fundamentado na epstomologia convergente em
nosso Estado Assim surgiu o Centro de Estudos Psicopedagoacutegicos do Estado
13do Rio de Janeiro ndash CEPERJ vinculado ao Buenos Aires - CEP coordenado
por Jorge Visca
O CEPERJ veio a ser o primeiro curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia
no Rio de Janeiro dentro desta nova abordagem
A psicopedagogia desde entatildeo vem se assumindo como disciplina fortalecendo
a identidade profissional do psicopedagogo e se abrindo para novos
conhecimentos
A psicopedagoga Sara Pain e autores como Jan Marie Dolle e Leandro
Lajonquiegravere ampliam a visatildeo teoacuterica da psicopedagogia enfatizando o sujeito
psicopedagogico que aprende
Essa nova compreesatildeo influencia a clinica psicopedagogica e abre espaccedilo
para psicopedagogia na instituiccedilatildeo escolar
Nessa fase tambeacutem a psicopedagogia no Rio de Janeiro foi influenciada pelas
pesquisas de Emilia Ferreiro a respeito da psicogecircnese da liacutengua escrita
possibilitando um maior dialogo dos psicopedagogos com os profissionais da
escola
Na deacutecada de noventa a psicopedagoga Argentina Alicia Fernandez reforccedila a
importacircncia da psicanaacutelise para o sujeito que aprende desmistificando a
proacutepria compreensatildeo da psicanaacutelise e introduzindo a abordagem da dinacircmica
familiar no entendimento dos problemas de aprendizagem
14
Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo
era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico
Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo
Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os
profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e
discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando
o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro
A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em
Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a
ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas
accedilotildees
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea
cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No
Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia
Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento
propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e
enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as
alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que
determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado
individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma
experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que
protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia
15
Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia
deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua
proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada
pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como
processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade
profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por
muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos
diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo
significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional
11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo
da psicopedagogia no Brasil
Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto
projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho
Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia
(wwwabppcombr acessado dia 270809)
O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos
problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar
com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-
repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social
Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da
articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que
considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem
16
Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os
portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em
Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou
instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da
legislaccedilatildeo pertinente
Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo
Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de
alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia
Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia
instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir
profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo
atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como
oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde
encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua
historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando
sua identidade profissional
A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de
um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os
problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista
de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional
1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do
psicopedagogo
17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)
como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado
por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores
entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios
oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando
trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na
clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de
aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas
ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da
profissatildeo
Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da
Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha
sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo
latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo
CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de
2004 do MECSESUdiz que
Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por
instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente
credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(
wwwmecgovbr acessado 270809)
Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas
e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado
em aacutereas profissionais de interesse social
Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para
cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200
horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para
atividades natildeo presenciais
18
Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute
a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos
processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e
tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp
entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do
psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo
de estudo
Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm
939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado
assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao
Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto
em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do
trabalho
Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a
proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em
psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada
Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave
nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do
projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees
O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda
forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo
Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de
diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por
escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas
nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto
19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia
(wwwABPpcombr acessado dia 200809)
O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a
graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos
de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor
inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior
Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)
em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de
360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de
Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e
outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma
grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em
diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e
institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de
atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial
No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em
niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente
autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente
1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo
O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e
terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das
aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se
20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que
O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem
utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos
didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional
com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis
problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture
(PORTO 2009 p 109)
Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica
docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar
dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo
detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da
dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo
de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo
educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em
grupo
Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de
aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas
orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais
das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais
dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu
tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo
indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia
O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu
saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da
mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de
aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo
hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos
21
No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou
seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos
indiviacuteduos que trabalham na empresa
1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR
A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias
ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se
defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou
esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que
natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em
relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e
amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais
de aprendizagem natildeo satildeo atendidas
De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista
espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos
assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo
escolar
Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade
poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute
o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da
necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem
humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo
prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo
processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos
22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores
nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de
aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme
RUBENSTEIN (1999 ) diz que
Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade
de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando
todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo
(RUBENSTEIN 1999 p 103)
A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a
forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no
processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis
devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no
processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem
Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de
aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na
proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso
Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de
aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar
que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da
psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar
como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de
aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o
desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando
a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece
o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada
momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem
23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem
como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao
psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de
aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a
integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando
processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa
de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua
docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da
proacutepria ensinagem
Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade
escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento
dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico
metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades
ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o
desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de
aprendizagem que estatildeo compatilhando
Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte
() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de
aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas
crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento
mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais
especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes
modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo
de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da
escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as
24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos
na escola
1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA
A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras
alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola
O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave
aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que
desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola
que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou
excluam-se a si mesmos do sistema educacional
O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por
uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma
testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente
agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia
Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta
interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute
fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma
forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o
psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com
profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e
quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido
Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o
seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila
O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma
caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo
25
Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as
quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de
respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus
sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo
expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )
Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre
caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que
se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida
deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que
existe e vive
Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar
as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para
mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar
encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves
2003p 27)
O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove
um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e
aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada
para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado
particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as
coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa
que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo
novos conhecimentos
O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem
julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui
26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para
que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica
1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo
desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua
formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade
A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute
interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo
oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o
tempo de hospitalizaccedilatildeo
Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e
sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de
aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a
outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo
eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as
especialidades
De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem
ser classificadas em
- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas
feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa
de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta
primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e
internaccedilotildees gerais
- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas
27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de
membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das
articulaccedilotildees do quadril miopatias etc
-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de
crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite
tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)
As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras
auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas
ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos
Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam
elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias
Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de
uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada
indiviacuteduo hospitalizado
A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a
idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais
A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente
aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir
entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee
mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa
intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro
quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta
de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir
depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no
niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
9
INTRODUCcedilAtildeO
A Psicopedagogia no Brasil vemcontinuamente discutindo seus fundamentos
e construindo suas ferramentas Como uma aacuterea relativamente nova de
conhecimento traz em si as origens e as diversidades de uma atuaccedilatildeo
interdisciplinar e transdisciplinar possibilitando o desenvolvimento de um
quadro teoacuterico proacuteprio como uma atitude diante do conhecimento que permite
ultrapassar paradigmas
A presente pesquisa que se apresenta com o tema A intervenccedilatildeo do
psicopedagogo no processo de alfabetizaccedilatildeo tem como questatildeo central eacute de
ateacute que ponto o psicopedagogo interveacutem no processo de ensino
aprendizagem de forma preventiva pois o tema sugerido eacute de fundamental
relevacircncia pois tem como finalidade defender a necessidade de adaptar
instrumentos de intervenccedilatildeo teacutecnicas de trabalhos que possam satisfazer a
complexidade das situaccedilotildees que por sua vez mostrem o professor que foge
da sua aacuterea de atuaccedilatildeo e o que pode ser realmente realizado junto com o
psicopedagogo no que se refere a prevenccedilatildeo e o acompanhamento das
dificuldades no processo de ensino aprendizagem partindo da potencialidade
do individuo em sua especificidade e singularidade
Satildeo por tanto os objetivos gerais desta pesquisa eacute de analisar a situaccedilatildeo do
aluno com dificuldade no processo de ensino aprendizagem verificando dentro
do contexto educacional o que interfere nesse processo e o que natildeo contribui
para o avanccedilo do desenvolvimento do aluno com a finalidade de proporcionar
orientaccedilatildeo e instrumentos que permitam modificar o conflito manifestado
10A pesquisa tambeacutem apresenta objetivos especiacuteficos verificar a intervenccedilatildeo
como fator de mediaccedilatildeo entre o processo com o objeto conceituar as diversas
causas do natildeo aprender analisar o erro do aluno como um indicador de como
ele estaacute pensando e como compreende o que foi ensinado refletir sobre
praacutetica pedagoacutegica e analisar o curriacuteculo e a metodologia
A sistematizaccedilatildeo da pesquisa parte da de uma fundamentaccedilatildeo bibliograacutefica
que se embasa em teoacutericos como Beauclair Bossa Fernandez Maluf e
Bombonatto Oliacutevia Piaget Vygostsk entre outros
A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em
domiacutenio publico
O primeiro capitulo apresenta uma breve histoacuterico da psicopedagogia no Rio
de Janeiro a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo no
Brasila formaccedilatildeotitulaccedilatildeo e o reconhecimento
O segundo capitulo discorre sobre o psicopedagogo e a escolar a instituiccedilatildeo
escolar a aprendizagem e sua construccedilatildeo avaliaccedilatildeo e a praacutetica pedagoacutegica
O terceiro capitulo eacute discorrido a importacircncia da intervenccedilatildeo do psicopedagogo
no processo de alfabetizaccedilatildeo o jogo segundo alguns autores o jogo no
contexto psicopedagogico e a intervenccedilatildeo do psicopedagogo junto a famiacutelia
11Com a conclusatildeo da pesquisa espera-se que esta sirva como fonte de estudos
e praacuteticas futuras proporcionando o incentivo de discussotildees quanto aos
desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO
Zenicila ( 2007) discorre que na deacutecada de 70 jaacute se via claramente a
separaccedilatildeo de cursos estudos e publicaccedilotildees para educadores em geral
interessados em problemas dos escolares e para profissionais que se
aperfeiccediloavam em educaccedilatildeo especial
Segundo Zenicila (2007) No final dos anos 70 inicia-se uma mudanccedila na visatildeo
teoacutericas e praacuteticas das dificuldades de aprendizagem as atividades realizadas
com crianccedilas especiais durante os anos de 1976 a 1977 os educadores da
Escola Movimentos convidaram a psiquiatra e a psicanalista Dra Ameacutelia
Thereza de Moura Vasconcellos para assessorar e supervisionar o trabalho do
grupo
Ampliado esse trabalho em 1998 a Dra Ameacutelia Vasconcellos convidou a
psicanalista Argentina Rachel Soifer para colaborar com a equipe da Escola
Movimento Esta profissional aproximou este grupo da linha teoacuterico-pratico
12desenvolvida pelo professor e psicoacutelogo social argentino Jorge Visca que
passou entatildeo a coordenar grupos de estudos na Escola Movimento abertos
tanto para os professores daquela instituiccedilatildeo quanto para outros profissionais
interessados em se aprofundar nesta aacuterea de conhecimento
Em 1980 realizou-se o primeiro congresso brasileiro piagetiano sob os
auspiacutecios do centro experimental Jean Piaget Este vento foi um marco
importante na historia da psicipedagogia por ter cito um momento privilegiado
de encontro e trocas entre estudiosos da teoria piagetiana inseridos em
diferentes aacutereas de saber e oriundos de diferentes regiotildees do mundo Jorge
Visca tambeacutem este presente e foi grande a sua contribuiccedilatildeo alargando o
conceito de aprendizagem do sujeito
Em 1982 Jorge Visca ministrou o primeiro o curso de teoria e teacutecnica
psicopedagogica a convite da sub-reitoria da Associaccedilatildeo dos Diplomados da
Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em
parceria com a Faculdade de Educaccedilatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica
A Epistemologia convergente passa ser referencial teoacuterico da pratica
psicopedagoacutegica as psicopedagogas Maria Lucia Lemme Weiss e Tacircnia
Coelho iniciaram e supervisionaram um Grupo de Atendimento
Psicopedagogico na UERJ formando por estagiaacuterios do curso de psicologia e
voltado para crianccedilas da comunidade
Zinicola (2007) discorre que ao passa alguns anos o professor Jorge Visca
propocircs a criaccedilatildeo de um centro fundamentado na epstomologia convergente em
nosso Estado Assim surgiu o Centro de Estudos Psicopedagoacutegicos do Estado
13do Rio de Janeiro ndash CEPERJ vinculado ao Buenos Aires - CEP coordenado
por Jorge Visca
O CEPERJ veio a ser o primeiro curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia
no Rio de Janeiro dentro desta nova abordagem
A psicopedagogia desde entatildeo vem se assumindo como disciplina fortalecendo
a identidade profissional do psicopedagogo e se abrindo para novos
conhecimentos
A psicopedagoga Sara Pain e autores como Jan Marie Dolle e Leandro
Lajonquiegravere ampliam a visatildeo teoacuterica da psicopedagogia enfatizando o sujeito
psicopedagogico que aprende
Essa nova compreesatildeo influencia a clinica psicopedagogica e abre espaccedilo
para psicopedagogia na instituiccedilatildeo escolar
Nessa fase tambeacutem a psicopedagogia no Rio de Janeiro foi influenciada pelas
pesquisas de Emilia Ferreiro a respeito da psicogecircnese da liacutengua escrita
possibilitando um maior dialogo dos psicopedagogos com os profissionais da
escola
Na deacutecada de noventa a psicopedagoga Argentina Alicia Fernandez reforccedila a
importacircncia da psicanaacutelise para o sujeito que aprende desmistificando a
proacutepria compreensatildeo da psicanaacutelise e introduzindo a abordagem da dinacircmica
familiar no entendimento dos problemas de aprendizagem
14
Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo
era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico
Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo
Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os
profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e
discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando
o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro
A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em
Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a
ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas
accedilotildees
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea
cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No
Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia
Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento
propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e
enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as
alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que
determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado
individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma
experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que
protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia
15
Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia
deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua
proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada
pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como
processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade
profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por
muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos
diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo
significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional
11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo
da psicopedagogia no Brasil
Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto
projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho
Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia
(wwwabppcombr acessado dia 270809)
O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos
problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar
com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-
repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social
Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da
articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que
considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem
16
Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os
portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em
Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou
instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da
legislaccedilatildeo pertinente
Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo
Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de
alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia
Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia
instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir
profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo
atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como
oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde
encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua
historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando
sua identidade profissional
A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de
um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os
problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista
de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional
1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do
psicopedagogo
17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)
como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado
por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores
entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios
oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando
trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na
clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de
aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas
ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da
profissatildeo
Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da
Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha
sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo
latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo
CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de
2004 do MECSESUdiz que
Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por
instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente
credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(
wwwmecgovbr acessado 270809)
Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas
e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado
em aacutereas profissionais de interesse social
Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para
cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200
horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para
atividades natildeo presenciais
18
Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute
a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos
processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e
tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp
entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do
psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo
de estudo
Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm
939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado
assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao
Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto
em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do
trabalho
Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a
proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em
psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada
Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave
nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do
projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees
O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda
forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo
Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de
diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por
escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas
nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto
19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia
(wwwABPpcombr acessado dia 200809)
O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a
graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos
de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor
inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior
Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)
em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de
360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de
Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e
outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma
grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em
diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e
institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de
atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial
No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em
niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente
autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente
1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo
O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e
terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das
aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se
20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que
O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem
utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos
didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional
com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis
problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture
(PORTO 2009 p 109)
Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica
docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar
dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo
detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da
dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo
de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo
educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em
grupo
Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de
aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas
orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais
das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais
dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu
tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo
indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia
O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu
saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da
mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de
aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo
hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos
21
No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou
seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos
indiviacuteduos que trabalham na empresa
1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR
A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias
ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se
defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou
esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que
natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em
relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e
amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais
de aprendizagem natildeo satildeo atendidas
De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista
espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos
assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo
escolar
Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade
poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute
o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da
necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem
humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo
prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo
processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos
22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores
nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de
aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme
RUBENSTEIN (1999 ) diz que
Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade
de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando
todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo
(RUBENSTEIN 1999 p 103)
A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a
forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no
processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis
devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no
processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem
Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de
aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na
proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso
Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de
aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar
que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da
psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar
como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de
aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o
desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando
a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece
o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada
momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem
23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem
como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao
psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de
aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a
integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando
processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa
de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua
docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da
proacutepria ensinagem
Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade
escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento
dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico
metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades
ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o
desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de
aprendizagem que estatildeo compatilhando
Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte
() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de
aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas
crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento
mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais
especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes
modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo
de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da
escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as
24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos
na escola
1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA
A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras
alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola
O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave
aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que
desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola
que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou
excluam-se a si mesmos do sistema educacional
O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por
uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma
testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente
agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia
Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta
interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute
fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma
forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o
psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com
profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e
quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido
Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o
seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila
O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma
caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo
25
Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as
quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de
respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus
sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo
expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )
Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre
caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que
se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida
deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que
existe e vive
Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar
as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para
mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar
encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves
2003p 27)
O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove
um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e
aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada
para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado
particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as
coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa
que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo
novos conhecimentos
O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem
julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui
26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para
que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica
1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo
desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua
formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade
A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute
interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo
oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o
tempo de hospitalizaccedilatildeo
Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e
sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de
aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a
outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo
eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as
especialidades
De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem
ser classificadas em
- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas
feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa
de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta
primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e
internaccedilotildees gerais
- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas
27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de
membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das
articulaccedilotildees do quadril miopatias etc
-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de
crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite
tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)
As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras
auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas
ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos
Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam
elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias
Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de
uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada
indiviacuteduo hospitalizado
A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a
idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais
A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente
aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir
entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee
mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa
intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro
quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta
de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir
depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no
niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
10A pesquisa tambeacutem apresenta objetivos especiacuteficos verificar a intervenccedilatildeo
como fator de mediaccedilatildeo entre o processo com o objeto conceituar as diversas
causas do natildeo aprender analisar o erro do aluno como um indicador de como
ele estaacute pensando e como compreende o que foi ensinado refletir sobre
praacutetica pedagoacutegica e analisar o curriacuteculo e a metodologia
A sistematizaccedilatildeo da pesquisa parte da de uma fundamentaccedilatildeo bibliograacutefica
que se embasa em teoacutericos como Beauclair Bossa Fernandez Maluf e
Bombonatto Oliacutevia Piaget Vygostsk entre outros
A metodologia da pesquisa tambeacutem contou com a realizaccedilatildeo de pesquisa em
domiacutenio publico
O primeiro capitulo apresenta uma breve histoacuterico da psicopedagogia no Rio
de Janeiro a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo no
Brasila formaccedilatildeotitulaccedilatildeo e o reconhecimento
O segundo capitulo discorre sobre o psicopedagogo e a escolar a instituiccedilatildeo
escolar a aprendizagem e sua construccedilatildeo avaliaccedilatildeo e a praacutetica pedagoacutegica
O terceiro capitulo eacute discorrido a importacircncia da intervenccedilatildeo do psicopedagogo
no processo de alfabetizaccedilatildeo o jogo segundo alguns autores o jogo no
contexto psicopedagogico e a intervenccedilatildeo do psicopedagogo junto a famiacutelia
11Com a conclusatildeo da pesquisa espera-se que esta sirva como fonte de estudos
e praacuteticas futuras proporcionando o incentivo de discussotildees quanto aos
desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO
Zenicila ( 2007) discorre que na deacutecada de 70 jaacute se via claramente a
separaccedilatildeo de cursos estudos e publicaccedilotildees para educadores em geral
interessados em problemas dos escolares e para profissionais que se
aperfeiccediloavam em educaccedilatildeo especial
Segundo Zenicila (2007) No final dos anos 70 inicia-se uma mudanccedila na visatildeo
teoacutericas e praacuteticas das dificuldades de aprendizagem as atividades realizadas
com crianccedilas especiais durante os anos de 1976 a 1977 os educadores da
Escola Movimentos convidaram a psiquiatra e a psicanalista Dra Ameacutelia
Thereza de Moura Vasconcellos para assessorar e supervisionar o trabalho do
grupo
Ampliado esse trabalho em 1998 a Dra Ameacutelia Vasconcellos convidou a
psicanalista Argentina Rachel Soifer para colaborar com a equipe da Escola
Movimento Esta profissional aproximou este grupo da linha teoacuterico-pratico
12desenvolvida pelo professor e psicoacutelogo social argentino Jorge Visca que
passou entatildeo a coordenar grupos de estudos na Escola Movimento abertos
tanto para os professores daquela instituiccedilatildeo quanto para outros profissionais
interessados em se aprofundar nesta aacuterea de conhecimento
Em 1980 realizou-se o primeiro congresso brasileiro piagetiano sob os
auspiacutecios do centro experimental Jean Piaget Este vento foi um marco
importante na historia da psicipedagogia por ter cito um momento privilegiado
de encontro e trocas entre estudiosos da teoria piagetiana inseridos em
diferentes aacutereas de saber e oriundos de diferentes regiotildees do mundo Jorge
Visca tambeacutem este presente e foi grande a sua contribuiccedilatildeo alargando o
conceito de aprendizagem do sujeito
Em 1982 Jorge Visca ministrou o primeiro o curso de teoria e teacutecnica
psicopedagogica a convite da sub-reitoria da Associaccedilatildeo dos Diplomados da
Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em
parceria com a Faculdade de Educaccedilatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica
A Epistemologia convergente passa ser referencial teoacuterico da pratica
psicopedagoacutegica as psicopedagogas Maria Lucia Lemme Weiss e Tacircnia
Coelho iniciaram e supervisionaram um Grupo de Atendimento
Psicopedagogico na UERJ formando por estagiaacuterios do curso de psicologia e
voltado para crianccedilas da comunidade
Zinicola (2007) discorre que ao passa alguns anos o professor Jorge Visca
propocircs a criaccedilatildeo de um centro fundamentado na epstomologia convergente em
nosso Estado Assim surgiu o Centro de Estudos Psicopedagoacutegicos do Estado
13do Rio de Janeiro ndash CEPERJ vinculado ao Buenos Aires - CEP coordenado
por Jorge Visca
O CEPERJ veio a ser o primeiro curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia
no Rio de Janeiro dentro desta nova abordagem
A psicopedagogia desde entatildeo vem se assumindo como disciplina fortalecendo
a identidade profissional do psicopedagogo e se abrindo para novos
conhecimentos
A psicopedagoga Sara Pain e autores como Jan Marie Dolle e Leandro
Lajonquiegravere ampliam a visatildeo teoacuterica da psicopedagogia enfatizando o sujeito
psicopedagogico que aprende
Essa nova compreesatildeo influencia a clinica psicopedagogica e abre espaccedilo
para psicopedagogia na instituiccedilatildeo escolar
Nessa fase tambeacutem a psicopedagogia no Rio de Janeiro foi influenciada pelas
pesquisas de Emilia Ferreiro a respeito da psicogecircnese da liacutengua escrita
possibilitando um maior dialogo dos psicopedagogos com os profissionais da
escola
Na deacutecada de noventa a psicopedagoga Argentina Alicia Fernandez reforccedila a
importacircncia da psicanaacutelise para o sujeito que aprende desmistificando a
proacutepria compreensatildeo da psicanaacutelise e introduzindo a abordagem da dinacircmica
familiar no entendimento dos problemas de aprendizagem
14
Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo
era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico
Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo
Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os
profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e
discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando
o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro
A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em
Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a
ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas
accedilotildees
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea
cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No
Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia
Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento
propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e
enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as
alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que
determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado
individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma
experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que
protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia
15
Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia
deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua
proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada
pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como
processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade
profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por
muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos
diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo
significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional
11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo
da psicopedagogia no Brasil
Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto
projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho
Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia
(wwwabppcombr acessado dia 270809)
O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos
problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar
com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-
repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social
Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da
articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que
considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem
16
Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os
portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em
Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou
instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da
legislaccedilatildeo pertinente
Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo
Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de
alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia
Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia
instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir
profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo
atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como
oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde
encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua
historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando
sua identidade profissional
A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de
um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os
problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista
de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional
1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do
psicopedagogo
17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)
como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado
por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores
entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios
oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando
trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na
clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de
aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas
ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da
profissatildeo
Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da
Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha
sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo
latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo
CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de
2004 do MECSESUdiz que
Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por
instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente
credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(
wwwmecgovbr acessado 270809)
Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas
e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado
em aacutereas profissionais de interesse social
Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para
cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200
horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para
atividades natildeo presenciais
18
Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute
a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos
processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e
tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp
entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do
psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo
de estudo
Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm
939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado
assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao
Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto
em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do
trabalho
Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a
proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em
psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada
Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave
nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do
projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees
O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda
forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo
Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de
diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por
escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas
nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto
19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia
(wwwABPpcombr acessado dia 200809)
O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a
graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos
de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor
inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior
Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)
em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de
360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de
Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e
outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma
grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em
diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e
institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de
atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial
No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em
niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente
autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente
1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo
O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e
terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das
aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se
20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que
O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem
utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos
didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional
com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis
problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture
(PORTO 2009 p 109)
Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica
docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar
dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo
detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da
dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo
de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo
educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em
grupo
Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de
aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas
orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais
das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais
dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu
tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo
indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia
O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu
saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da
mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de
aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo
hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos
21
No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou
seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos
indiviacuteduos que trabalham na empresa
1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR
A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias
ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se
defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou
esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que
natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em
relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e
amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais
de aprendizagem natildeo satildeo atendidas
De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista
espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos
assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo
escolar
Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade
poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute
o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da
necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem
humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo
prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo
processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos
22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores
nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de
aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme
RUBENSTEIN (1999 ) diz que
Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade
de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando
todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo
(RUBENSTEIN 1999 p 103)
A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a
forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no
processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis
devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no
processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem
Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de
aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na
proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso
Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de
aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar
que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da
psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar
como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de
aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o
desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando
a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece
o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada
momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem
23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem
como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao
psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de
aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a
integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando
processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa
de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua
docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da
proacutepria ensinagem
Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade
escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento
dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico
metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades
ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o
desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de
aprendizagem que estatildeo compatilhando
Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte
() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de
aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas
crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento
mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais
especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes
modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo
de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da
escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as
24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos
na escola
1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA
A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras
alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola
O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave
aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que
desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola
que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou
excluam-se a si mesmos do sistema educacional
O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por
uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma
testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente
agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia
Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta
interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute
fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma
forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o
psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com
profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e
quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido
Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o
seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila
O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma
caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo
25
Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as
quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de
respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus
sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo
expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )
Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre
caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que
se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida
deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que
existe e vive
Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar
as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para
mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar
encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves
2003p 27)
O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove
um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e
aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada
para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado
particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as
coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa
que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo
novos conhecimentos
O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem
julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui
26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para
que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica
1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo
desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua
formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade
A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute
interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo
oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o
tempo de hospitalizaccedilatildeo
Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e
sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de
aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a
outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo
eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as
especialidades
De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem
ser classificadas em
- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas
feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa
de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta
primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e
internaccedilotildees gerais
- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas
27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de
membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das
articulaccedilotildees do quadril miopatias etc
-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de
crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite
tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)
As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras
auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas
ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos
Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam
elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias
Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de
uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada
indiviacuteduo hospitalizado
A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a
idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais
A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente
aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir
entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee
mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa
intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro
quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta
de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir
depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no
niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
11Com a conclusatildeo da pesquisa espera-se que esta sirva como fonte de estudos
e praacuteticas futuras proporcionando o incentivo de discussotildees quanto aos
desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO
Zenicila ( 2007) discorre que na deacutecada de 70 jaacute se via claramente a
separaccedilatildeo de cursos estudos e publicaccedilotildees para educadores em geral
interessados em problemas dos escolares e para profissionais que se
aperfeiccediloavam em educaccedilatildeo especial
Segundo Zenicila (2007) No final dos anos 70 inicia-se uma mudanccedila na visatildeo
teoacutericas e praacuteticas das dificuldades de aprendizagem as atividades realizadas
com crianccedilas especiais durante os anos de 1976 a 1977 os educadores da
Escola Movimentos convidaram a psiquiatra e a psicanalista Dra Ameacutelia
Thereza de Moura Vasconcellos para assessorar e supervisionar o trabalho do
grupo
Ampliado esse trabalho em 1998 a Dra Ameacutelia Vasconcellos convidou a
psicanalista Argentina Rachel Soifer para colaborar com a equipe da Escola
Movimento Esta profissional aproximou este grupo da linha teoacuterico-pratico
12desenvolvida pelo professor e psicoacutelogo social argentino Jorge Visca que
passou entatildeo a coordenar grupos de estudos na Escola Movimento abertos
tanto para os professores daquela instituiccedilatildeo quanto para outros profissionais
interessados em se aprofundar nesta aacuterea de conhecimento
Em 1980 realizou-se o primeiro congresso brasileiro piagetiano sob os
auspiacutecios do centro experimental Jean Piaget Este vento foi um marco
importante na historia da psicipedagogia por ter cito um momento privilegiado
de encontro e trocas entre estudiosos da teoria piagetiana inseridos em
diferentes aacutereas de saber e oriundos de diferentes regiotildees do mundo Jorge
Visca tambeacutem este presente e foi grande a sua contribuiccedilatildeo alargando o
conceito de aprendizagem do sujeito
Em 1982 Jorge Visca ministrou o primeiro o curso de teoria e teacutecnica
psicopedagogica a convite da sub-reitoria da Associaccedilatildeo dos Diplomados da
Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em
parceria com a Faculdade de Educaccedilatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica
A Epistemologia convergente passa ser referencial teoacuterico da pratica
psicopedagoacutegica as psicopedagogas Maria Lucia Lemme Weiss e Tacircnia
Coelho iniciaram e supervisionaram um Grupo de Atendimento
Psicopedagogico na UERJ formando por estagiaacuterios do curso de psicologia e
voltado para crianccedilas da comunidade
Zinicola (2007) discorre que ao passa alguns anos o professor Jorge Visca
propocircs a criaccedilatildeo de um centro fundamentado na epstomologia convergente em
nosso Estado Assim surgiu o Centro de Estudos Psicopedagoacutegicos do Estado
13do Rio de Janeiro ndash CEPERJ vinculado ao Buenos Aires - CEP coordenado
por Jorge Visca
O CEPERJ veio a ser o primeiro curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia
no Rio de Janeiro dentro desta nova abordagem
A psicopedagogia desde entatildeo vem se assumindo como disciplina fortalecendo
a identidade profissional do psicopedagogo e se abrindo para novos
conhecimentos
A psicopedagoga Sara Pain e autores como Jan Marie Dolle e Leandro
Lajonquiegravere ampliam a visatildeo teoacuterica da psicopedagogia enfatizando o sujeito
psicopedagogico que aprende
Essa nova compreesatildeo influencia a clinica psicopedagogica e abre espaccedilo
para psicopedagogia na instituiccedilatildeo escolar
Nessa fase tambeacutem a psicopedagogia no Rio de Janeiro foi influenciada pelas
pesquisas de Emilia Ferreiro a respeito da psicogecircnese da liacutengua escrita
possibilitando um maior dialogo dos psicopedagogos com os profissionais da
escola
Na deacutecada de noventa a psicopedagoga Argentina Alicia Fernandez reforccedila a
importacircncia da psicanaacutelise para o sujeito que aprende desmistificando a
proacutepria compreensatildeo da psicanaacutelise e introduzindo a abordagem da dinacircmica
familiar no entendimento dos problemas de aprendizagem
14
Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo
era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico
Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo
Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os
profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e
discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando
o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro
A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em
Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a
ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas
accedilotildees
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea
cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No
Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia
Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento
propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e
enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as
alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que
determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado
individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma
experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que
protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia
15
Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia
deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua
proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada
pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como
processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade
profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por
muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos
diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo
significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional
11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo
da psicopedagogia no Brasil
Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto
projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho
Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia
(wwwabppcombr acessado dia 270809)
O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos
problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar
com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-
repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social
Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da
articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que
considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem
16
Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os
portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em
Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou
instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da
legislaccedilatildeo pertinente
Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo
Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de
alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia
Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia
instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir
profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo
atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como
oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde
encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua
historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando
sua identidade profissional
A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de
um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os
problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista
de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional
1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do
psicopedagogo
17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)
como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado
por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores
entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios
oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando
trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na
clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de
aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas
ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da
profissatildeo
Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da
Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha
sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo
latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo
CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de
2004 do MECSESUdiz que
Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por
instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente
credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(
wwwmecgovbr acessado 270809)
Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas
e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado
em aacutereas profissionais de interesse social
Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para
cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200
horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para
atividades natildeo presenciais
18
Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute
a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos
processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e
tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp
entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do
psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo
de estudo
Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm
939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado
assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao
Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto
em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do
trabalho
Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a
proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em
psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada
Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave
nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do
projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees
O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda
forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo
Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de
diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por
escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas
nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto
19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia
(wwwABPpcombr acessado dia 200809)
O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a
graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos
de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor
inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior
Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)
em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de
360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de
Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e
outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma
grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em
diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e
institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de
atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial
No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em
niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente
autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente
1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo
O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e
terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das
aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se
20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que
O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem
utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos
didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional
com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis
problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture
(PORTO 2009 p 109)
Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica
docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar
dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo
detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da
dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo
de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo
educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em
grupo
Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de
aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas
orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais
das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais
dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu
tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo
indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia
O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu
saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da
mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de
aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo
hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos
21
No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou
seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos
indiviacuteduos que trabalham na empresa
1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR
A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias
ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se
defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou
esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que
natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em
relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e
amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais
de aprendizagem natildeo satildeo atendidas
De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista
espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos
assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo
escolar
Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade
poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute
o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da
necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem
humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo
prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo
processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos
22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores
nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de
aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme
RUBENSTEIN (1999 ) diz que
Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade
de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando
todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo
(RUBENSTEIN 1999 p 103)
A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a
forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no
processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis
devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no
processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem
Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de
aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na
proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso
Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de
aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar
que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da
psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar
como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de
aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o
desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando
a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece
o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada
momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem
23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem
como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao
psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de
aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a
integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando
processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa
de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua
docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da
proacutepria ensinagem
Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade
escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento
dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico
metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades
ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o
desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de
aprendizagem que estatildeo compatilhando
Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte
() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de
aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas
crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento
mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais
especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes
modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo
de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da
escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as
24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos
na escola
1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA
A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras
alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola
O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave
aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que
desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola
que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou
excluam-se a si mesmos do sistema educacional
O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por
uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma
testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente
agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia
Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta
interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute
fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma
forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o
psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com
profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e
quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido
Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o
seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila
O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma
caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo
25
Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as
quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de
respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus
sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo
expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )
Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre
caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que
se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida
deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que
existe e vive
Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar
as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para
mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar
encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves
2003p 27)
O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove
um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e
aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada
para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado
particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as
coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa
que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo
novos conhecimentos
O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem
julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui
26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para
que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica
1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo
desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua
formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade
A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute
interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo
oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o
tempo de hospitalizaccedilatildeo
Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e
sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de
aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a
outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo
eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as
especialidades
De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem
ser classificadas em
- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas
feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa
de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta
primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e
internaccedilotildees gerais
- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas
27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de
membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das
articulaccedilotildees do quadril miopatias etc
-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de
crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite
tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)
As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras
auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas
ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos
Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam
elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias
Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de
uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada
indiviacuteduo hospitalizado
A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a
idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais
A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente
aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir
entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee
mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa
intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro
quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta
de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir
depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no
niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
12desenvolvida pelo professor e psicoacutelogo social argentino Jorge Visca que
passou entatildeo a coordenar grupos de estudos na Escola Movimento abertos
tanto para os professores daquela instituiccedilatildeo quanto para outros profissionais
interessados em se aprofundar nesta aacuterea de conhecimento
Em 1980 realizou-se o primeiro congresso brasileiro piagetiano sob os
auspiacutecios do centro experimental Jean Piaget Este vento foi um marco
importante na historia da psicipedagogia por ter cito um momento privilegiado
de encontro e trocas entre estudiosos da teoria piagetiana inseridos em
diferentes aacutereas de saber e oriundos de diferentes regiotildees do mundo Jorge
Visca tambeacutem este presente e foi grande a sua contribuiccedilatildeo alargando o
conceito de aprendizagem do sujeito
Em 1982 Jorge Visca ministrou o primeiro o curso de teoria e teacutecnica
psicopedagogica a convite da sub-reitoria da Associaccedilatildeo dos Diplomados da
Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em
parceria com a Faculdade de Educaccedilatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica
A Epistemologia convergente passa ser referencial teoacuterico da pratica
psicopedagoacutegica as psicopedagogas Maria Lucia Lemme Weiss e Tacircnia
Coelho iniciaram e supervisionaram um Grupo de Atendimento
Psicopedagogico na UERJ formando por estagiaacuterios do curso de psicologia e
voltado para crianccedilas da comunidade
Zinicola (2007) discorre que ao passa alguns anos o professor Jorge Visca
propocircs a criaccedilatildeo de um centro fundamentado na epstomologia convergente em
nosso Estado Assim surgiu o Centro de Estudos Psicopedagoacutegicos do Estado
13do Rio de Janeiro ndash CEPERJ vinculado ao Buenos Aires - CEP coordenado
por Jorge Visca
O CEPERJ veio a ser o primeiro curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia
no Rio de Janeiro dentro desta nova abordagem
A psicopedagogia desde entatildeo vem se assumindo como disciplina fortalecendo
a identidade profissional do psicopedagogo e se abrindo para novos
conhecimentos
A psicopedagoga Sara Pain e autores como Jan Marie Dolle e Leandro
Lajonquiegravere ampliam a visatildeo teoacuterica da psicopedagogia enfatizando o sujeito
psicopedagogico que aprende
Essa nova compreesatildeo influencia a clinica psicopedagogica e abre espaccedilo
para psicopedagogia na instituiccedilatildeo escolar
Nessa fase tambeacutem a psicopedagogia no Rio de Janeiro foi influenciada pelas
pesquisas de Emilia Ferreiro a respeito da psicogecircnese da liacutengua escrita
possibilitando um maior dialogo dos psicopedagogos com os profissionais da
escola
Na deacutecada de noventa a psicopedagoga Argentina Alicia Fernandez reforccedila a
importacircncia da psicanaacutelise para o sujeito que aprende desmistificando a
proacutepria compreensatildeo da psicanaacutelise e introduzindo a abordagem da dinacircmica
familiar no entendimento dos problemas de aprendizagem
14
Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo
era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico
Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo
Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os
profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e
discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando
o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro
A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em
Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a
ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas
accedilotildees
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea
cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No
Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia
Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento
propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e
enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as
alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que
determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado
individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma
experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que
protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia
15
Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia
deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua
proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada
pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como
processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade
profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por
muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos
diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo
significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional
11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo
da psicopedagogia no Brasil
Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto
projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho
Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia
(wwwabppcombr acessado dia 270809)
O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos
problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar
com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-
repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social
Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da
articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que
considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem
16
Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os
portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em
Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou
instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da
legislaccedilatildeo pertinente
Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo
Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de
alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia
Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia
instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir
profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo
atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como
oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde
encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua
historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando
sua identidade profissional
A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de
um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os
problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista
de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional
1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do
psicopedagogo
17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)
como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado
por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores
entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios
oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando
trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na
clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de
aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas
ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da
profissatildeo
Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da
Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha
sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo
latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo
CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de
2004 do MECSESUdiz que
Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por
instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente
credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(
wwwmecgovbr acessado 270809)
Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas
e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado
em aacutereas profissionais de interesse social
Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para
cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200
horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para
atividades natildeo presenciais
18
Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute
a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos
processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e
tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp
entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do
psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo
de estudo
Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm
939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado
assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao
Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto
em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do
trabalho
Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a
proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em
psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada
Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave
nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do
projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees
O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda
forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo
Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de
diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por
escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas
nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto
19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia
(wwwABPpcombr acessado dia 200809)
O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a
graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos
de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor
inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior
Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)
em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de
360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de
Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e
outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma
grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em
diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e
institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de
atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial
No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em
niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente
autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente
1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo
O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e
terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das
aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se
20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que
O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem
utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos
didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional
com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis
problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture
(PORTO 2009 p 109)
Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica
docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar
dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo
detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da
dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo
de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo
educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em
grupo
Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de
aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas
orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais
das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais
dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu
tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo
indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia
O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu
saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da
mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de
aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo
hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos
21
No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou
seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos
indiviacuteduos que trabalham na empresa
1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR
A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias
ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se
defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou
esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que
natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em
relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e
amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais
de aprendizagem natildeo satildeo atendidas
De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista
espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos
assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo
escolar
Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade
poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute
o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da
necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem
humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo
prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo
processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos
22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores
nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de
aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme
RUBENSTEIN (1999 ) diz que
Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade
de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando
todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo
(RUBENSTEIN 1999 p 103)
A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a
forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no
processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis
devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no
processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem
Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de
aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na
proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso
Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de
aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar
que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da
psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar
como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de
aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o
desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando
a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece
o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada
momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem
23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem
como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao
psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de
aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a
integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando
processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa
de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua
docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da
proacutepria ensinagem
Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade
escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento
dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico
metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades
ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o
desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de
aprendizagem que estatildeo compatilhando
Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte
() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de
aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas
crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento
mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais
especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes
modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo
de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da
escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as
24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos
na escola
1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA
A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras
alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola
O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave
aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que
desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola
que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou
excluam-se a si mesmos do sistema educacional
O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por
uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma
testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente
agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia
Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta
interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute
fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma
forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o
psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com
profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e
quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido
Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o
seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila
O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma
caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo
25
Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as
quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de
respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus
sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo
expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )
Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre
caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que
se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida
deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que
existe e vive
Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar
as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para
mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar
encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves
2003p 27)
O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove
um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e
aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada
para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado
particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as
coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa
que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo
novos conhecimentos
O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem
julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui
26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para
que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica
1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo
desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua
formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade
A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute
interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo
oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o
tempo de hospitalizaccedilatildeo
Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e
sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de
aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a
outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo
eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as
especialidades
De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem
ser classificadas em
- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas
feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa
de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta
primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e
internaccedilotildees gerais
- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas
27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de
membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das
articulaccedilotildees do quadril miopatias etc
-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de
crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite
tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)
As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras
auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas
ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos
Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam
elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias
Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de
uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada
indiviacuteduo hospitalizado
A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a
idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais
A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente
aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir
entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee
mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa
intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro
quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta
de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir
depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no
niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
13do Rio de Janeiro ndash CEPERJ vinculado ao Buenos Aires - CEP coordenado
por Jorge Visca
O CEPERJ veio a ser o primeiro curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia
no Rio de Janeiro dentro desta nova abordagem
A psicopedagogia desde entatildeo vem se assumindo como disciplina fortalecendo
a identidade profissional do psicopedagogo e se abrindo para novos
conhecimentos
A psicopedagoga Sara Pain e autores como Jan Marie Dolle e Leandro
Lajonquiegravere ampliam a visatildeo teoacuterica da psicopedagogia enfatizando o sujeito
psicopedagogico que aprende
Essa nova compreesatildeo influencia a clinica psicopedagogica e abre espaccedilo
para psicopedagogia na instituiccedilatildeo escolar
Nessa fase tambeacutem a psicopedagogia no Rio de Janeiro foi influenciada pelas
pesquisas de Emilia Ferreiro a respeito da psicogecircnese da liacutengua escrita
possibilitando um maior dialogo dos psicopedagogos com os profissionais da
escola
Na deacutecada de noventa a psicopedagoga Argentina Alicia Fernandez reforccedila a
importacircncia da psicanaacutelise para o sujeito que aprende desmistificando a
proacutepria compreensatildeo da psicanaacutelise e introduzindo a abordagem da dinacircmica
familiar no entendimento dos problemas de aprendizagem
14
Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo
era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico
Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo
Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os
profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e
discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando
o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro
A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em
Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a
ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas
accedilotildees
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea
cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No
Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia
Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento
propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e
enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as
alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que
determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado
individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma
experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que
protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia
15
Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia
deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua
proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada
pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como
processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade
profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por
muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos
diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo
significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional
11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo
da psicopedagogia no Brasil
Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto
projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho
Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia
(wwwabppcombr acessado dia 270809)
O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos
problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar
com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-
repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social
Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da
articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que
considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem
16
Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os
portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em
Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou
instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da
legislaccedilatildeo pertinente
Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo
Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de
alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia
Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia
instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir
profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo
atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como
oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde
encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua
historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando
sua identidade profissional
A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de
um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os
problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista
de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional
1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do
psicopedagogo
17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)
como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado
por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores
entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios
oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando
trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na
clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de
aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas
ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da
profissatildeo
Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da
Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha
sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo
latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo
CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de
2004 do MECSESUdiz que
Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por
instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente
credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(
wwwmecgovbr acessado 270809)
Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas
e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado
em aacutereas profissionais de interesse social
Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para
cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200
horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para
atividades natildeo presenciais
18
Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute
a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos
processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e
tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp
entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do
psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo
de estudo
Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm
939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado
assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao
Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto
em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do
trabalho
Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a
proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em
psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada
Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave
nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do
projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees
O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda
forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo
Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de
diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por
escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas
nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto
19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia
(wwwABPpcombr acessado dia 200809)
O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a
graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos
de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor
inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior
Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)
em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de
360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de
Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e
outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma
grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em
diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e
institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de
atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial
No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em
niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente
autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente
1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo
O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e
terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das
aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se
20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que
O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem
utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos
didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional
com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis
problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture
(PORTO 2009 p 109)
Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica
docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar
dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo
detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da
dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo
de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo
educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em
grupo
Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de
aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas
orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais
das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais
dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu
tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo
indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia
O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu
saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da
mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de
aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo
hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos
21
No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou
seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos
indiviacuteduos que trabalham na empresa
1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR
A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias
ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se
defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou
esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que
natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em
relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e
amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais
de aprendizagem natildeo satildeo atendidas
De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista
espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos
assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo
escolar
Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade
poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute
o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da
necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem
humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo
prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo
processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos
22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores
nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de
aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme
RUBENSTEIN (1999 ) diz que
Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade
de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando
todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo
(RUBENSTEIN 1999 p 103)
A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a
forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no
processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis
devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no
processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem
Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de
aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na
proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso
Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de
aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar
que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da
psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar
como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de
aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o
desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando
a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece
o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada
momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem
23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem
como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao
psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de
aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a
integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando
processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa
de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua
docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da
proacutepria ensinagem
Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade
escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento
dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico
metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades
ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o
desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de
aprendizagem que estatildeo compatilhando
Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte
() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de
aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas
crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento
mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais
especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes
modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo
de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da
escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as
24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos
na escola
1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA
A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras
alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola
O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave
aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que
desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola
que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou
excluam-se a si mesmos do sistema educacional
O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por
uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma
testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente
agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia
Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta
interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute
fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma
forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o
psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com
profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e
quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido
Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o
seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila
O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma
caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo
25
Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as
quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de
respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus
sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo
expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )
Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre
caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que
se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida
deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que
existe e vive
Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar
as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para
mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar
encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves
2003p 27)
O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove
um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e
aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada
para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado
particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as
coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa
que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo
novos conhecimentos
O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem
julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui
26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para
que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica
1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo
desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua
formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade
A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute
interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo
oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o
tempo de hospitalizaccedilatildeo
Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e
sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de
aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a
outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo
eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as
especialidades
De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem
ser classificadas em
- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas
feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa
de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta
primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e
internaccedilotildees gerais
- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas
27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de
membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das
articulaccedilotildees do quadril miopatias etc
-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de
crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite
tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)
As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras
auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas
ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos
Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam
elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias
Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de
uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada
indiviacuteduo hospitalizado
A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a
idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais
A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente
aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir
entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee
mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa
intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro
quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta
de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir
depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no
niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
14
Alicia Fernandez inovou pela proposta dos grupos de tratamento cujo objetivo
era revisatildeo do processo de aprendizagem do proacuteprio terapecircutico
Em 1996 a temaacutetica do III Congresso Brasileiro de psicopedagogia de Satildeo
Paulo a pedagogia em direccedilatildeo ao Espaccedilo Transdisciplinar levou os
profissionais do Rio de Janeiro a promoverem encontros para estudos e
discussotildees das bases teoacutericas da psicopedagogia a luz da filosofia ampliando
o corpo teoacuterico da psicopedagogia no Rio de Janeiro
A psicopedagogia no Estado do Rio de Janeiro vem se desenvolvendo em
Universidades Escolas Hospitais Igrejas ampliando seu campo de accedilatildeo e a
ABPp-RJ busca sempre que possiacutevel estar articulada com essas diversas
accedilotildees
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na aacuterea
cliacutenica e institucional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial No
Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia
Como aacuterea de estudos cujo foco eacute o ser que conhece e produz conhecimento
propotildee a superaccedilatildeo da visatildeo que separa o sujeito do objeto e do meio e
enfatiza o processo de formaccedilatildeo de haacutebitos que lhe possa atribuir padrotildees as
alternativas de conduta favorecendo a institucionalizaccedilatildeo o que significa que
determinada instituiccedilatildeo pressupotildee certas accedilotildees em relaccedilatildeo a determinado
individuo A tipificaccedilatildeo reciacuteproca das accedilotildees acontece no decorrer de uma
experiecircncia compartilhada como eacute o caso destes profissionais que
protagonizam a histoacuteria da psicopedagogia
15
Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia
deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua
proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada
pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como
processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade
profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por
muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos
diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo
significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional
11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo
da psicopedagogia no Brasil
Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto
projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho
Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia
(wwwabppcombr acessado dia 270809)
O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos
problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar
com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-
repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social
Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da
articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que
considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem
16
Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os
portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em
Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou
instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da
legislaccedilatildeo pertinente
Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo
Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de
alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia
Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia
instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir
profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo
atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como
oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde
encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua
historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando
sua identidade profissional
A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de
um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os
problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista
de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional
1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do
psicopedagogo
17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)
como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado
por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores
entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios
oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando
trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na
clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de
aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas
ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da
profissatildeo
Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da
Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha
sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo
latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo
CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de
2004 do MECSESUdiz que
Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por
instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente
credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(
wwwmecgovbr acessado 270809)
Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas
e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado
em aacutereas profissionais de interesse social
Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para
cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200
horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para
atividades natildeo presenciais
18
Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute
a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos
processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e
tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp
entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do
psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo
de estudo
Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm
939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado
assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao
Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto
em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do
trabalho
Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a
proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em
psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada
Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave
nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do
projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees
O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda
forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo
Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de
diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por
escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas
nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto
19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia
(wwwABPpcombr acessado dia 200809)
O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a
graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos
de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor
inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior
Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)
em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de
360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de
Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e
outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma
grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em
diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e
institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de
atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial
No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em
niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente
autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente
1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo
O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e
terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das
aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se
20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que
O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem
utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos
didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional
com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis
problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture
(PORTO 2009 p 109)
Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica
docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar
dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo
detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da
dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo
de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo
educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em
grupo
Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de
aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas
orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais
das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais
dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu
tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo
indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia
O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu
saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da
mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de
aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo
hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos
21
No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou
seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos
indiviacuteduos que trabalham na empresa
1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR
A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias
ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se
defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou
esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que
natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em
relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e
amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais
de aprendizagem natildeo satildeo atendidas
De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista
espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos
assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo
escolar
Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade
poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute
o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da
necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem
humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo
prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo
processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos
22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores
nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de
aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme
RUBENSTEIN (1999 ) diz que
Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade
de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando
todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo
(RUBENSTEIN 1999 p 103)
A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a
forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no
processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis
devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no
processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem
Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de
aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na
proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso
Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de
aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar
que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da
psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar
como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de
aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o
desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando
a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece
o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada
momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem
23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem
como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao
psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de
aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a
integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando
processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa
de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua
docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da
proacutepria ensinagem
Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade
escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento
dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico
metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades
ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o
desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de
aprendizagem que estatildeo compatilhando
Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte
() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de
aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas
crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento
mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais
especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes
modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo
de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da
escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as
24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos
na escola
1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA
A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras
alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola
O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave
aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que
desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola
que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou
excluam-se a si mesmos do sistema educacional
O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por
uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma
testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente
agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia
Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta
interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute
fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma
forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o
psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com
profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e
quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido
Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o
seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila
O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma
caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo
25
Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as
quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de
respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus
sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo
expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )
Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre
caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que
se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida
deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que
existe e vive
Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar
as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para
mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar
encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves
2003p 27)
O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove
um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e
aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada
para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado
particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as
coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa
que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo
novos conhecimentos
O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem
julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui
26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para
que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica
1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo
desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua
formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade
A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute
interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo
oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o
tempo de hospitalizaccedilatildeo
Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e
sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de
aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a
outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo
eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as
especialidades
De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem
ser classificadas em
- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas
feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa
de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta
primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e
internaccedilotildees gerais
- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas
27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de
membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das
articulaccedilotildees do quadril miopatias etc
-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de
crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite
tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)
As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras
auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas
ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos
Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam
elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias
Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de
uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada
indiviacuteduo hospitalizado
A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a
idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais
A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente
aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir
entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee
mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa
intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro
quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta
de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir
depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no
niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
15
Bombonatto (20052007) Ao percorrer a trajetoacuteria da psicopedagogia
deparamo-nos com os personagens dessa histoacuteria construindo natildeo soacute sua
proacutepria identidade profissional mais tambeacutem uma identidade coletiva formada
pelo conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar como
processos interdependente que satildeo Assim entendemos que a identidade
profissional do psicopedagogo eacute um complexo de significados partilhados por
muitas pessoas a despeito de poder estarem e serem mais ou menos
diferenciadas entre si em funccedilatildeo de muacuteltiplos fatores que interferem de modo
significativos na formaccedilatildeo pessoal de cada profissional
11 A associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia e a constituiccedilatildeo
da psicopedagogia no Brasil
Siacutentese do Projeto de Lei no 312497 do Deputado Barbosa Neto
projeto regulamenta a profissatildeo do Psicopedagogo e cria o Conselho
Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia
(wwwabppcombr acessado dia 270809)
O Psicopedagogo eacute o profissional que auxilia na identificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos
problemas no processo de aprender O Psicopedagogo estaacute capacitado a lidar
com as dificuldades de aprendizagem um dos fatores que leva a multi-
repetecircncia e a evasatildeo escolar conduzindo agrave marginalizaccedilatildeo social
Este profissional detecircm um corpo de conhecimentos cientiacuteficos oriundos da
articulaccedilatildeo de vaacuterias aacutereas aliada a uma praacutetica cliacutenica e ou institucional que
considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem
16
Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os
portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em
Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou
instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da
legislaccedilatildeo pertinente
Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo
Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de
alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia
Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia
instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir
profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo
atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como
oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde
encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua
historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando
sua identidade profissional
A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de
um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os
problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista
de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional
1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do
psicopedagogo
17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)
como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado
por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores
entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios
oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando
trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na
clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de
aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas
ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da
profissatildeo
Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da
Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha
sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo
latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo
CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de
2004 do MECSESUdiz que
Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por
instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente
credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(
wwwmecgovbr acessado 270809)
Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas
e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado
em aacutereas profissionais de interesse social
Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para
cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200
horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para
atividades natildeo presenciais
18
Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute
a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos
processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e
tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp
entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do
psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo
de estudo
Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm
939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado
assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao
Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto
em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do
trabalho
Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a
proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em
psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada
Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave
nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do
projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees
O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda
forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo
Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de
diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por
escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas
nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto
19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia
(wwwABPpcombr acessado dia 200809)
O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a
graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos
de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor
inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior
Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)
em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de
360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de
Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e
outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma
grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em
diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e
institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de
atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial
No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em
niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente
autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente
1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo
O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e
terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das
aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se
20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que
O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem
utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos
didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional
com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis
problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture
(PORTO 2009 p 109)
Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica
docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar
dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo
detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da
dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo
de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo
educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em
grupo
Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de
aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas
orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais
das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais
dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu
tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo
indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia
O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu
saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da
mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de
aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo
hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos
21
No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou
seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos
indiviacuteduos que trabalham na empresa
1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR
A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias
ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se
defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou
esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que
natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em
relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e
amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais
de aprendizagem natildeo satildeo atendidas
De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista
espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos
assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo
escolar
Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade
poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute
o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da
necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem
humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo
prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo
processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos
22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores
nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de
aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme
RUBENSTEIN (1999 ) diz que
Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade
de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando
todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo
(RUBENSTEIN 1999 p 103)
A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a
forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no
processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis
devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no
processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem
Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de
aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na
proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso
Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de
aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar
que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da
psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar
como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de
aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o
desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando
a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece
o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada
momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem
23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem
como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao
psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de
aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a
integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando
processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa
de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua
docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da
proacutepria ensinagem
Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade
escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento
dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico
metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades
ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o
desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de
aprendizagem que estatildeo compatilhando
Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte
() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de
aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas
crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento
mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais
especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes
modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo
de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da
escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as
24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos
na escola
1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA
A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras
alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola
O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave
aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que
desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola
que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou
excluam-se a si mesmos do sistema educacional
O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por
uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma
testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente
agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia
Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta
interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute
fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma
forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o
psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com
profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e
quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido
Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o
seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila
O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma
caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo
25
Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as
quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de
respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus
sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo
expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )
Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre
caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que
se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida
deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que
existe e vive
Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar
as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para
mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar
encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves
2003p 27)
O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove
um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e
aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada
para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado
particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as
coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa
que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo
novos conhecimentos
O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem
julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui
26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para
que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica
1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo
desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua
formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade
A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute
interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo
oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o
tempo de hospitalizaccedilatildeo
Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e
sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de
aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a
outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo
eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as
especialidades
De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem
ser classificadas em
- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas
feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa
de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta
primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e
internaccedilotildees gerais
- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas
27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de
membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das
articulaccedilotildees do quadril miopatias etc
-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de
crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite
tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)
As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras
auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas
ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos
Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam
elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias
Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de
uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada
indiviacuteduo hospitalizado
A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a
idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais
A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente
aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir
entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee
mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa
intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro
quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta
de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir
depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no
niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
16
Segundo a ABPp Poderatildeo exercer a profissatildeo de Psicopedagogo no Brasil os
portadores de certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em
Psicopedagogia em niacutevel de poacutes-graduaccedilatildeo expedido por escolas ou
instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da
legislaccedilatildeo pertinente
Scoz (2007) a associaccedilatildeo brasileira de psicopedagogia surgiu da Associaccedilatildeo
Estadual de Psicopedagogia de Satildeo Paulo fundada em 1980 por grupos de
alunado curso de Reeducaccedilatildeo psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientia
Bombonatto (20052007) discorre que a Associaccedilatildeo da psicopedagogia
instaura-se portanto como uma instituiccedilatildeo que tem por objetivo reunir
profissionais da aacuterea proporcionando-lhes um espaccedilo de discussatildeo reflexatildeo
atualizaccedilatildeo e representatividade de seus anseios e ideacuteias A ABPp como
oacutergatildeo representativo da institucionalizaccedilatildeo da psicopedagogia eacute o local onde
encontram psicopedagogos vindos de diferentes formaccedilotildees cada um com sua
historias e seus valores construindo e ampliando suas trajetoacuterias e buscando
sua identidade profissional
A ABPp (Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia) teve seu iniacutecio atraveacutes de
um grupo de estudos formados por profissionais preocupados com os
problemas de aprendizagem Este grupo tornou-se a APp (Associaccedilatildeo Paulista
de Psicopedagogia) para a partir de 1980 conquistar acircmbito nacional
1-2 A Formaccedilatildeo reconhecimento e titulaccedilatildeo do
psicopedagogo
17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)
como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado
por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores
entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios
oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando
trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na
clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de
aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas
ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da
profissatildeo
Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da
Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha
sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo
latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo
CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de
2004 do MECSESUdiz que
Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por
instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente
credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(
wwwmecgovbr acessado 270809)
Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas
e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado
em aacutereas profissionais de interesse social
Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para
cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200
horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para
atividades natildeo presenciais
18
Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute
a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos
processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e
tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp
entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do
psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo
de estudo
Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm
939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado
assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao
Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto
em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do
trabalho
Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a
proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em
psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada
Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave
nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do
projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees
O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda
forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo
Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de
diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por
escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas
nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto
19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia
(wwwABPpcombr acessado dia 200809)
O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a
graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos
de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor
inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior
Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)
em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de
360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de
Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e
outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma
grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em
diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e
institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de
atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial
No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em
niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente
autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente
1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo
O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e
terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das
aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se
20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que
O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem
utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos
didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional
com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis
problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture
(PORTO 2009 p 109)
Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica
docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar
dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo
detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da
dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo
de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo
educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em
grupo
Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de
aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas
orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais
das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais
dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu
tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo
indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia
O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu
saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da
mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de
aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo
hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos
21
No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou
seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos
indiviacuteduos que trabalham na empresa
1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR
A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias
ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se
defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou
esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que
natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em
relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e
amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais
de aprendizagem natildeo satildeo atendidas
De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista
espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos
assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo
escolar
Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade
poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute
o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da
necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem
humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo
prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo
processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos
22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores
nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de
aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme
RUBENSTEIN (1999 ) diz que
Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade
de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando
todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo
(RUBENSTEIN 1999 p 103)
A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a
forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no
processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis
devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no
processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem
Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de
aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na
proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso
Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de
aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar
que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da
psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar
como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de
aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o
desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando
a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece
o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada
momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem
23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem
como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao
psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de
aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a
integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando
processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa
de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua
docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da
proacutepria ensinagem
Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade
escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento
dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico
metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades
ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o
desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de
aprendizagem que estatildeo compatilhando
Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte
() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de
aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas
crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento
mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais
especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes
modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo
de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da
escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as
24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos
na escola
1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA
A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras
alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola
O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave
aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que
desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola
que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou
excluam-se a si mesmos do sistema educacional
O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por
uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma
testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente
agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia
Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta
interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute
fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma
forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o
psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com
profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e
quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido
Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o
seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila
O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma
caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo
25
Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as
quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de
respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus
sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo
expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )
Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre
caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que
se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida
deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que
existe e vive
Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar
as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para
mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar
encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves
2003p 27)
O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove
um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e
aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada
para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado
particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as
coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa
que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo
novos conhecimentos
O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem
julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui
26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para
que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica
1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo
desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua
formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade
A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute
interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo
oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o
tempo de hospitalizaccedilatildeo
Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e
sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de
aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a
outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo
eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as
especialidades
De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem
ser classificadas em
- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas
feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa
de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta
primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e
internaccedilotildees gerais
- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas
27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de
membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das
articulaccedilotildees do quadril miopatias etc
-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de
crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite
tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)
As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras
auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas
ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos
Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam
elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias
Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de
uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada
indiviacuteduo hospitalizado
A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a
idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais
A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente
aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir
entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee
mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa
intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro
quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta
de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir
depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no
niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
17O psicopedagogo possui a Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)
como elo de interlocuccedilatildeo A ABPp iniciou com um grupo de estudos formado
por profissionais como psicoacutelogos pedagogos fonoaudiologos professores
entre outros educadores que vinham concluindo haacute tempo que os subsiacutedios
oriundos das diferentes disciplinas mostravam-se insuficiente quando
trabalhados isoladamente nas questotildees de aprendizagem que pareciam na
clinica e na instituiccedilatildeo escolar preocupados com os problemas de
aprendizagem participaram ativamente da construccedilatildeo e organizaccedilatildeo destas
ideacuteias como praacutetica e teoria sendo que tambeacutem busca o reconhecimento da
profissatildeo
Considerando a especificidade e complexidade do exerciacutecio da
Psicopedagogia bem como o Projeto Lei 312497 a formaccedilatildeo que vinha
sendo recomendada pela ABPp eacute a que se daacute em cursos de especializaccedilatildeo
latu sensu Este se orienta pelas disposiccedilotildees estabelecidas na Resoluccedilatildeo
CESCNE nordm 1 de 3 de abril de 2001 e na Portaria nordm180 de 6 de maio de
2004 do MECSESUdiz que
Relativas aos cursos de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu oferecidos por
instituiccedilotildees de ensino superior ou por instituiccedilotildees especialmente
credenciadas para atuarem nesse niacutevel educacional(
wwwmecgovbr acessado 270809)
Entretanto a ABPp estabelece a carga horaacuteria miacutenima de 600 horas
e tem como objetivo formar um pesquisador cujo conhecimento seja utilizado
em aacutereas profissionais de interesse social
Assim sendo partir destes estudos preliminares a ABPp recomendava para
cursos de Graduaccedilatildeo em Psicopedagogia a carga horaacuteria miacutenima de 3200
horas sendo possiacutevel prever no maacuteximo 20 da carga horaacuteria total para
atividades natildeo presenciais
18
Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute
a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos
processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e
tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp
entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do
psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo
de estudo
Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm
939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado
assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao
Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto
em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do
trabalho
Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a
proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em
psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada
Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave
nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do
projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees
O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda
forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo
Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de
diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por
escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas
nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto
19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia
(wwwABPpcombr acessado dia 200809)
O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a
graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos
de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor
inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior
Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)
em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de
360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de
Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e
outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma
grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em
diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e
institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de
atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial
No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em
niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente
autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente
1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo
O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e
terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das
aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se
20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que
O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem
utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos
didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional
com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis
problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture
(PORTO 2009 p 109)
Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica
docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar
dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo
detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da
dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo
de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo
educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em
grupo
Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de
aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas
orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais
das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais
dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu
tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo
indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia
O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu
saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da
mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de
aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo
hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos
21
No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou
seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos
indiviacuteduos que trabalham na empresa
1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR
A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias
ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se
defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou
esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que
natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em
relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e
amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais
de aprendizagem natildeo satildeo atendidas
De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista
espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos
assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo
escolar
Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade
poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute
o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da
necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem
humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo
prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo
processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos
22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores
nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de
aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme
RUBENSTEIN (1999 ) diz que
Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade
de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando
todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo
(RUBENSTEIN 1999 p 103)
A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a
forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no
processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis
devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no
processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem
Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de
aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na
proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso
Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de
aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar
que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da
psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar
como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de
aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o
desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando
a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece
o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada
momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem
23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem
como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao
psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de
aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a
integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando
processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa
de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua
docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da
proacutepria ensinagem
Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade
escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento
dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico
metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades
ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o
desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de
aprendizagem que estatildeo compatilhando
Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte
() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de
aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas
crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento
mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais
especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes
modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo
de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da
escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as
24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos
na escola
1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA
A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras
alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola
O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave
aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que
desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola
que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou
excluam-se a si mesmos do sistema educacional
O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por
uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma
testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente
agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia
Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta
interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute
fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma
forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o
psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com
profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e
quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido
Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o
seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila
O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma
caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo
25
Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as
quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de
respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus
sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo
expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )
Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre
caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que
se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida
deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que
existe e vive
Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar
as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para
mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar
encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves
2003p 27)
O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove
um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e
aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada
para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado
particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as
coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa
que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo
novos conhecimentos
O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem
julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui
26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para
que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica
1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo
desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua
formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade
A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute
interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo
oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o
tempo de hospitalizaccedilatildeo
Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e
sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de
aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a
outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo
eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as
especialidades
De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem
ser classificadas em
- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas
feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa
de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta
primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e
internaccedilotildees gerais
- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas
27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de
membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das
articulaccedilotildees do quadril miopatias etc
-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de
crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite
tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)
As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras
auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas
ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos
Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam
elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias
Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de
uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada
indiviacuteduo hospitalizado
A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a
idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais
A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente
aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir
entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee
mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa
intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro
quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta
de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir
depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no
niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
18
Os Cursos a Distacircncia orientam-se pelo Decreto 5 622 de 19122005 EAD eacute
a modalidade educacional na qual a mediaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica dos
processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizaccedilatildeo de meios e
tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo com professores e estudantes
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos A ABPp
entende que tendo em vista a especificidade e complexidade da formaccedilatildeo do
psicopedagogo a modalidade a distacircncia deveraacute ainda permanecer como alvo
de estudo
Logo apoacutes a aprovaccedilatildeo da nova Lei de Diretrizes e Bases da educaccedilatildeo de nordm
939496 eacute que os Psicopedagogos que jaacute tinham seu trabalho legitimado
assumem o desafio de propor a regulamentaccedilatildeo de sua profissatildeo junto ao
Congresso nacional sob a orientaccedilatildeo parlamentar do deputado Barbosa neto
em 1997 Recebemos parecer positivo na comissatildeo de educaccedilatildeo e do
trabalho
Em 2007 por encerramento da legislatura do Deputado Barbosa Neto a
proposta da regulamentaccedilatildeo da ampliaccedilatildeo do curso de pos graduaccedilatildeo em
psicopedagogia em curso de graduaccedilatildeo em psicopedagogia foi arquivada
Poreacutem em 2008 a deputada federal por Goiaacutes Profordf Raquel Teixeira adepta agrave
nossa causa desde o iniacutecio do movimento propocircs a ABPp a reapresentaccedilatildeo do
projeto no Congresso Nacional com as devidas atualizaccedilotildees
O Projeto em 04062008 recebe o nordm 351208 e eacute reapresentado com toda
forccedila vigor e entusiasmo pela Deputada Raquel naquela ldquocasardquo
Poderatildeo exercer a atividade de Psicopedagogo os portadores de
diploma em curso de graduaccedilatildeo em Psicopedagogia expedido por
escolas ou Instituiccedilotildees devidamente autorizadas ou credenciadas
nos termos da legislaccedilatildeo pertinenterdquo ampliando assim nosso projeto
19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia
(wwwABPpcombr acessado dia 200809)
O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a
graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos
de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor
inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior
Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)
em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de
360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de
Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e
outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma
grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em
diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e
institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de
atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial
No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em
niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente
autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente
1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo
O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e
terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das
aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se
20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que
O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem
utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos
didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional
com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis
problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture
(PORTO 2009 p 109)
Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica
docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar
dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo
detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da
dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo
de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo
educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em
grupo
Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de
aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas
orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais
das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais
dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu
tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo
indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia
O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu
saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da
mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de
aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo
hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos
21
No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou
seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos
indiviacuteduos que trabalham na empresa
1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR
A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias
ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se
defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou
esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que
natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em
relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e
amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais
de aprendizagem natildeo satildeo atendidas
De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista
espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos
assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo
escolar
Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade
poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute
o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da
necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem
humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo
prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo
processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos
22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores
nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de
aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme
RUBENSTEIN (1999 ) diz que
Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade
de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando
todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo
(RUBENSTEIN 1999 p 103)
A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a
forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no
processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis
devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no
processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem
Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de
aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na
proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso
Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de
aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar
que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da
psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar
como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de
aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o
desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando
a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece
o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada
momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem
23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem
como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao
psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de
aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a
integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando
processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa
de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua
docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da
proacutepria ensinagem
Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade
escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento
dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico
metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades
ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o
desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de
aprendizagem que estatildeo compatilhando
Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte
() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de
aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas
crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento
mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais
especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes
modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo
de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da
escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as
24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos
na escola
1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA
A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras
alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola
O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave
aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que
desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola
que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou
excluam-se a si mesmos do sistema educacional
O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por
uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma
testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente
agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia
Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta
interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute
fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma
forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o
psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com
profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e
quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido
Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o
seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila
O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma
caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo
25
Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as
quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de
respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus
sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo
expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )
Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre
caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que
se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida
deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que
existe e vive
Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar
as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para
mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar
encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves
2003p 27)
O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove
um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e
aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada
para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado
particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as
coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa
que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo
novos conhecimentos
O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem
julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui
26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para
que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica
1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo
desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua
formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade
A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute
interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo
oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o
tempo de hospitalizaccedilatildeo
Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e
sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de
aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a
outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo
eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as
especialidades
De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem
ser classificadas em
- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas
feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa
de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta
primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e
internaccedilotildees gerais
- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas
27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de
membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das
articulaccedilotildees do quadril miopatias etc
-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de
crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite
tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)
As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras
auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas
ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos
Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam
elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias
Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de
uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada
indiviacuteduo hospitalizado
A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a
idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais
A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente
aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir
entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee
mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa
intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro
quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta
de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir
depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no
niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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Vasconcellos C S (2000) Avaliaccedilatildeo Concepccedilatildeo Dialeacutetica-Libertadora do Processo de Avaliaccedilatildeo Escolar Satildeo Paulo Cadernos Pedagoacutegicos do Libertad V 3
VISCA Jorge Tecnicas Proyectivas 3ordf ed 1997 Buenos Aires VYGOTSKY Lev S A Formaccedilatildeo Social da Mente Satildeo Paulo Martins
Fontes ____________ Pensamento e Linguagem Satildeo Paulo Martins Fontes 1998
WALLON H Evoluccedilatildeo psicoloacutegica da crianccedila Andes Rio de Janeiro
1941
64
WEBGRAFIA
wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009
wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009
wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009
wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
19anteriormente era soacute de poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia
(wwwABPpcombr acessado dia 200809)
O Projeto por ser reapresentado pode contar com uma nova conquista ndash a
graduaccedilatildeo em Psicopedagogia esta conquista soacute foi possiacutevel porque cursos
de formaccedilatildeo acadecircmica assumiram os desafios de qualificar e propor
inovaccedilotildees agraves graduaccedilotildees de niacutevel Superior
Esta formaccedilatildeo foi regulamentada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)
em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo e especializaccedilatildeo com carga horaacuteria miacutenima de
360h O curso deve atender agraves exigecircncias miacutenimas do Conselho Federal de
Educaccedilatildeo quanto agrave carga horaacuteria criteacuterios de avaliaccedilatildeo corpo docente e
outras Natildeo haacute normas e criteacuterios para a estrutura curricular o que leva a uma
grande diversificaccedilatildeo na formaccedilatildeo
Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos para atuar em
diferentes espaccedilos formais e natildeo formais nas dimensotildees cliacutenica e
institucional considerando a interdependecircncia das mesmas e a unidade de
atuaccedilatildeo profissional que pode ser a escolar a hospitalar e a empresarial
No Brasil soacute poderatildeo exercer a profissatildeo de psicopedagogo os portadores de
certificado de conclusatildeo em curso de especializaccedilatildeo em psicopedagogia em
niacutevel de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo expedido por instituiccedilotildees devidamente
autorizadas ou credenciadas nos termos da lei vigente
1- 3 Aacutereas de Atuaccedilatildeo do Psicopedagogo
O psicopedagogo pode atuar em diversas aacutereas de forma preventiva e
terapecircutica para compreender os processos de desenvolvimento e das
aprendizagens humanas recorrendo a vaacuterias estrateacutegias objetivando se
20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que
O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem
utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos
didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional
com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis
problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture
(PORTO 2009 p 109)
Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica
docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar
dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo
detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da
dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo
de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo
educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em
grupo
Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de
aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas
orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais
das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais
dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu
tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo
indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia
O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu
saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da
mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de
aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo
hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos
21
No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou
seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos
indiviacuteduos que trabalham na empresa
1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR
A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias
ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se
defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou
esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que
natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em
relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e
amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais
de aprendizagem natildeo satildeo atendidas
De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista
espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos
assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo
escolar
Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade
poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute
o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da
necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem
humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo
prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo
processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos
22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores
nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de
aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme
RUBENSTEIN (1999 ) diz que
Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade
de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando
todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo
(RUBENSTEIN 1999 p 103)
A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a
forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no
processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis
devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no
processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem
Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de
aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na
proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso
Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de
aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar
que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da
psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar
como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de
aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o
desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando
a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece
o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada
momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem
23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem
como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao
psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de
aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a
integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando
processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa
de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua
docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da
proacutepria ensinagem
Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade
escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento
dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico
metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades
ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o
desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de
aprendizagem que estatildeo compatilhando
Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte
() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de
aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas
crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento
mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais
especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes
modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo
de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da
escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as
24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos
na escola
1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA
A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras
alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola
O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave
aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que
desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola
que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou
excluam-se a si mesmos do sistema educacional
O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por
uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma
testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente
agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia
Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta
interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute
fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma
forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o
psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com
profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e
quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido
Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o
seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila
O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma
caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo
25
Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as
quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de
respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus
sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo
expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )
Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre
caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que
se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida
deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que
existe e vive
Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar
as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para
mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar
encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves
2003p 27)
O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove
um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e
aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada
para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado
particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as
coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa
que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo
novos conhecimentos
O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem
julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui
26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para
que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica
1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo
desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua
formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade
A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute
interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo
oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o
tempo de hospitalizaccedilatildeo
Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e
sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de
aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a
outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo
eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as
especialidades
De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem
ser classificadas em
- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas
feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa
de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta
primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e
internaccedilotildees gerais
- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas
27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de
membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das
articulaccedilotildees do quadril miopatias etc
-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de
crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite
tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)
As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras
auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas
ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos
Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam
elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias
Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de
uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada
indiviacuteduo hospitalizado
A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a
idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais
A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente
aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir
entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee
mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa
intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro
quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta
de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir
depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no
niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
20ocupar dos problemas que podem surgir conforme Porto(2009) diz que
O trabalho preventivo pretende evitar os problemas de aprendizagem
utilizando-se da investigaccedilatildeo da instituiccedilatildeo escolar de seus processos
didaacuteticos e metodoloacutegico enfim analisa a dinacircmica institucional
com todos os profissionais nela inseridos detectando os possiacuteveis
problemas e intervindo para que a instituiccedilatildeo se reestruture
(PORTO 2009 p 109)
Numa linha preventiva o psicopedagogo pode desempenhar uma praacutetica
docente envolvendo a preparaccedilatildeo de profissionais da educaccedilatildeo ou atuar
dentro da proacutepria escola Na sua funccedilatildeo preventiva cabe ao psicopedagogo
detectar possiacuteveis perturbaccedilotildees no processo de aprendizagem participar da
dinacircmica das relaccedilotildees da comunidade educativa a fim de favorecer o processo
de integraccedilatildeo e troca promover orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas dos indiviacuteduos e grupos realizar processo de orientaccedilatildeo
educacional vocacional e ocupacional tanto na forma individual quanto em
grupo
Numa linha terapecircutica o psicopedagogo trata das dificuldades de
aprendizagem diagnosticando desenvolvendo teacutecnicas remediativas
orientando pais e professores estabelecendo contato com outros profissionais
das aacutereas psicoloacutegica psicomotora fonoaudioloacutegica e educacional pois tais
dificuldades satildeo multifatoriais em sua origem e muitas vezes no seu
tratamento Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo
indo aleacutem da simples junccedilatildeo dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia
O psicopedagogo pode atuar tanto na Sauacutede como na Educaccedilatildeo jaacute que o seu
saber visa compreender as variadas dimensotildees da aprendizagem humana Da
mesma forma pode trabalhar com crianccedilas hospitalizadas e seu processo de
aprendizagem em parceria com a equipe multidisciplinar da instituiccedilatildeo
hospitalar tais como psicoacutelogos assistentes sociais enfermeiros e meacutedicos
21
No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou
seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos
indiviacuteduos que trabalham na empresa
1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR
A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias
ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se
defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou
esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que
natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em
relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e
amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais
de aprendizagem natildeo satildeo atendidas
De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista
espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos
assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo
escolar
Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade
poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute
o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da
necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem
humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo
prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo
processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos
22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores
nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de
aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme
RUBENSTEIN (1999 ) diz que
Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade
de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando
todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo
(RUBENSTEIN 1999 p 103)
A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a
forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no
processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis
devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no
processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem
Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de
aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na
proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso
Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de
aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar
que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da
psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar
como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de
aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o
desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando
a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece
o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada
momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem
23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem
como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao
psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de
aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a
integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando
processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa
de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua
docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da
proacutepria ensinagem
Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade
escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento
dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico
metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades
ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o
desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de
aprendizagem que estatildeo compatilhando
Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte
() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de
aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas
crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento
mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais
especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes
modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo
de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da
escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as
24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos
na escola
1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA
A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras
alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola
O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave
aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que
desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola
que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou
excluam-se a si mesmos do sistema educacional
O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por
uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma
testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente
agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia
Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta
interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute
fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma
forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o
psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com
profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e
quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido
Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o
seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila
O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma
caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo
25
Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as
quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de
respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus
sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo
expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )
Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre
caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que
se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida
deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que
existe e vive
Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar
as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para
mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar
encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves
2003p 27)
O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove
um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e
aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada
para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado
particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as
coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa
que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo
novos conhecimentos
O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem
julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui
26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para
que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica
1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo
desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua
formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade
A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute
interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo
oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o
tempo de hospitalizaccedilatildeo
Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e
sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de
aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a
outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo
eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as
especialidades
De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem
ser classificadas em
- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas
feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa
de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta
primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e
internaccedilotildees gerais
- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas
27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de
membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das
articulaccedilotildees do quadril miopatias etc
-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de
crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite
tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)
As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras
auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas
ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos
Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam
elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias
Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de
uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada
indiviacuteduo hospitalizado
A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a
idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais
A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente
aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir
entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee
mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa
intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro
quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta
de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir
depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no
niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
21
No campo empresarial o psicopedagogo pode contribuir com as relaccedilotildees ou
seja com a melhoria da qualidade das relaccedilotildees inter e intra pessoal dos
indiviacuteduos que trabalham na empresa
1-3-1 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR
A escola mudou com o passar dos tempos novas tecnologias e metodologias
ingressaram no cotidiano escolar Professores e planos de curso tornam-se
defasados necessitando de atualizaccedilatildeo Paradigmas ultrapassados ou
esgotados perdem espaccedilo para paradigmas emergentes ou inovadores - o que
natildeo diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em
relaccedilatildeo agrave realidade de cada educando Muitas vezes desmotivado e
amedrontado pela reprovaccedilatildeo num local em que as necessidades individuais
de aprendizagem natildeo satildeo atendidas
De acordo com Cesaris eacute neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista
espaccedilo numa observaccedilatildeo minuciosa e uma escuta atenta sem preacute conceitos
assinalada pela imparcialidade pode detectar a real problemaacutetica da instituiccedilatildeo
escolar
Ceacutesaris (2001) discorre ldquoolhar em detalhe numa relaccedilatildeo de proximidade
poreacutem natildeo de cumplicidade facilitando o processo de aprendizagemrdquo Esse eacute
o papel do psicopedagogo nas instituiccedilotildees afinal a Psicopedagogia nasceu da
necessidade de uma melhor compreensatildeo do processo da aprendizagem
humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma ou mesmo
prevenindo-as visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo
processo de ensinar e aprender garantindo o sucesso escolar para todos
22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores
nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de
aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme
RUBENSTEIN (1999 ) diz que
Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade
de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando
todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo
(RUBENSTEIN 1999 p 103)
A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a
forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no
processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis
devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no
processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem
Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de
aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na
proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso
Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de
aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar
que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da
psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar
como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de
aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o
desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando
a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece
o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada
momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem
23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem
como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao
psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de
aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a
integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando
processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa
de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua
docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da
proacutepria ensinagem
Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade
escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento
dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico
metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades
ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o
desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de
aprendizagem que estatildeo compatilhando
Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte
() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de
aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas
crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento
mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais
especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes
modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo
de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da
escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as
24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos
na escola
1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA
A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras
alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola
O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave
aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que
desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola
que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou
excluam-se a si mesmos do sistema educacional
O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por
uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma
testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente
agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia
Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta
interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute
fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma
forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o
psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com
profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e
quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido
Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o
seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila
O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma
caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo
25
Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as
quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de
respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus
sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo
expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )
Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre
caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que
se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida
deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que
existe e vive
Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar
as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para
mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar
encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves
2003p 27)
O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove
um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e
aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada
para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado
particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as
coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa
que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo
novos conhecimentos
O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem
julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui
26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para
que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica
1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo
desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua
formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade
A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute
interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo
oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o
tempo de hospitalizaccedilatildeo
Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e
sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de
aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a
outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo
eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as
especialidades
De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem
ser classificadas em
- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas
feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa
de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta
primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e
internaccedilotildees gerais
- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas
27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de
membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das
articulaccedilotildees do quadril miopatias etc
-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de
crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite
tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)
As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras
auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas
ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos
Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam
elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias
Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de
uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada
indiviacuteduo hospitalizado
A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a
idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais
A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente
aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir
entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee
mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa
intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro
quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta
de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir
depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no
niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
22Com vasto cabedal teoacuterico a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores
nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de
aprendizagem passando a assumir um papel mais abrangente conforme
RUBENSTEIN (1999 ) diz que
Cujo principal objetivo eacute a investigaccedilatildeo sobre a origem da dificuldade
de bem como a compreensatildeo de seu processamento considerando
todas as variaacuteveis que intervecircm neste processo
(RUBENSTEIN 1999 p 103)
A linha de trabalho definida pelo psicopedagogo RUBENSTEIN (1992) eacute a
forma de accedilatildeo e investigaccedilatildeo para identificar as possiacuteveis defasagens no
processo de aprender Tamanha a complexidade deste ato todas as variaacuteveis
devem ser consideradas desde uma disfunccedilatildeo orgacircnica ou uma falha no
processo de compreensatildeo que pode estar comprometendo a aprendizagem
Segundo RUBENSTEIN (999) assim as necessidades individuais de
aprendizagem natildeo podem ser definidas por apenas um fator estando ele na
proacutepria crianccedila no meio familiar ou no ambiente escolar Exatamente por isso
Ferreira (2002) ressalta que devido a complexidade dos problemas de
aprendizagem a Psicopedagogia se apresenta com um caraacuteter multidisciplinar
que busca conhecimento em diversas outras aacutereas de conhecimento aleacutem da
psicologia e da pedagogia Eacute necessaacuterio ter noccedilotildees de linguumliacutestica para explicar
como se daacute o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de
aquisiccedilatildeo da linguagem oral e escrita Tambeacutem de conhecimentos sobre o
desenvolvimento neuroloacutegico sobre suas disfunccedilotildees que acabam dificultando
a aprendizagem de conhecimentos filosoacuteficos e socioloacutegicos que nos oferece
o entendimento sobre a visatildeo de homem seus relacionamentos a cada
momento histoacuterico e sua correspondente concepccedilatildeo de aprendizagem
23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem
como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao
psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de
aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a
integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando
processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa
de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua
docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da
proacutepria ensinagem
Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade
escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento
dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico
metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades
ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o
desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de
aprendizagem que estatildeo compatilhando
Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte
() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de
aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas
crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento
mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais
especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes
modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo
de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da
escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as
24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos
na escola
1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA
A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras
alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola
O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave
aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que
desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola
que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou
excluam-se a si mesmos do sistema educacional
O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por
uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma
testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente
agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia
Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta
interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute
fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma
forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o
psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com
profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e
quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido
Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o
seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila
O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma
caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo
25
Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as
quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de
respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus
sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo
expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )
Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre
caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que
se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida
deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que
existe e vive
Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar
as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para
mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar
encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves
2003p 27)
O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove
um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e
aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada
para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado
particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as
coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa
que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo
novos conhecimentos
O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem
julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui
26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para
que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica
1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo
desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua
formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade
A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute
interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo
oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o
tempo de hospitalizaccedilatildeo
Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e
sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de
aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a
outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo
eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as
especialidades
De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem
ser classificadas em
- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas
feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa
de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta
primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e
internaccedilotildees gerais
- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas
27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de
membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das
articulaccedilotildees do quadril miopatias etc
-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de
crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite
tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)
As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras
auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas
ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos
Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam
elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias
Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de
uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada
indiviacuteduo hospitalizado
A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a
idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais
A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente
aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir
entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee
mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa
intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro
quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta
de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir
depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no
niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
23A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caraacuteter preventivo bem
como assistencial Na funccedilatildeo preventiva segundo BOSSA (2000) cabe ao
psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no processo de
aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade educativa favorecendo a
integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees metodoloacutegicas de acordo com as
caracteriacutesticas e particularidades dos indiviacuteduos do grupo realizando
processos de orientaccedilatildeo Jaacute no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa
de equipes responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacuterico praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua
docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da crianccedila ou da
proacutepria ensinagem
Participando da rotina escolar o psicopedagogo interage com a comunidade
escolar participando das reuniotildees de pais - esclarecendo o desenvolvimento
dos filhos dos conselhos de classe - avaliando o processo didaacutetico
metodoloacutegico acompanhando a relaccedilatildeo professor-aluno - sugerindo atividades
ou oferecendo apoio emocional e finalmente acompanhando o
desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de
aprendizagem que estatildeo compatilhando
Apesar desta dinacircmica Ferreira (2002) adverte
() rdquoMesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de
aprendizagem nunca conseguiria abarcaacute-los na sua totalidaderdquo algumas
crianccedilas com problemas escolares apresentam um padratildeo de comportamento
mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagoacutegico mais
especializado em cliacutenicas Sendo assim surge a necessidade de diferentes
modalidades de atuaccedilatildeo psicopedagoacutegica uma mais preventiva com o objetivo
de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da
escola e outra a cliacutenico-terapecircutica onde seriam encaminhadas apenas as
24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos
na escola
1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA
A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras
alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola
O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave
aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que
desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola
que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou
excluam-se a si mesmos do sistema educacional
O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por
uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma
testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente
agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia
Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta
interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute
fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma
forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o
psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com
profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e
quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido
Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o
seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila
O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma
caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo
25
Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as
quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de
respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus
sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo
expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )
Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre
caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que
se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida
deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que
existe e vive
Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar
as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para
mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar
encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves
2003p 27)
O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove
um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e
aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada
para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado
particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as
coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa
que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo
novos conhecimentos
O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem
julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui
26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para
que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica
1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo
desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua
formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade
A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute
interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo
oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o
tempo de hospitalizaccedilatildeo
Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e
sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de
aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a
outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo
eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as
especialidades
De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem
ser classificadas em
- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas
feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa
de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta
primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e
internaccedilotildees gerais
- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas
27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de
membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das
articulaccedilotildees do quadril miopatias etc
-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de
crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite
tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)
As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras
auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas
ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos
Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam
elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias
Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de
uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada
indiviacuteduo hospitalizado
A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a
idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais
A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente
aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir
entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee
mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa
intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro
quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta
de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir
depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no
niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
24crianccedilas com maiores comprometimentos que natildeo pudessem ser resolvidos
na escola
1-3-2 PSICOPEDAGOGIA CLIacuteNICA
A procura de um profissional fora do espaccedilo escolar apresenta outras
alternativas agraves propostas e condiccedilotildees existentes na escola
O atendimento diferenciado pode ir aleacutem das questotildees-problema vinculadas agrave
aprendizagem podendo trazer agrave tona mais facilmente as razotildees que
desencadeiam as necessidades individuais - agraves vezes alheias ao fator escola
que fazem com que as crianccedilas e adolescentes sintam-se excluiacutedos ou
excluam-se a si mesmos do sistema educacional
O papel do profissional estaacute caracterizado conforme FERNANDEZ (1991) por
uma atitude que envolve o escutar e o traduzir transformando-se em uma
testemunha atenta que valida a palavra do paciente completamente inerente
agraves relaccedilotildees entre ele e sua famiacutelia
Nesta perspectiva a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta
interpretaccedilatildeo reflexatildeo e intervenccedilatildeo criando e recriando espaccedilos eacute
fundamental Podendo assim a psicopedagogia ser considerada como uma
forma de terapia Eacute importante ressaltar que nessa modalidade cliacutenica o
psicopedagogo tambeacutem natildeo trabalha sozinho dependendo de parcerias com
profissionais de outras aacutereas como a Psicologia a Neurologia a Medicina e
quais outras se fizerem necessaacuterias pra o caso a ser atendido
Se terapeuta eacute aquele que natildeo cura mas cuida do outro tentando amenizar o
seu sofrimento esta ideacuteia ganha forccedila
O psicopedagogo eacute um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem uma
caracteriacutestica humana Gonccedilalves defende esta afirmaccedilatildeo
25
Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as
quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de
respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus
sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo
expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )
Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre
caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que
se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida
deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que
existe e vive
Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar
as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para
mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar
encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves
2003p 27)
O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove
um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e
aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada
para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado
particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as
coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa
que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo
novos conhecimentos
O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem
julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui
26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para
que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica
1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo
desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua
formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade
A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute
interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo
oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o
tempo de hospitalizaccedilatildeo
Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e
sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de
aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a
outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo
eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as
especialidades
De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem
ser classificadas em
- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas
feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa
de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta
primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e
internaccedilotildees gerais
- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas
27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de
membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das
articulaccedilotildees do quadril miopatias etc
-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de
crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite
tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)
As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras
auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas
ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos
Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam
elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias
Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de
uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada
indiviacuteduo hospitalizado
A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a
idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais
A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente
aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir
entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee
mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa
intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro
quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta
de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir
depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no
niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
25
Todo trabalho psi eacute cliacutenico seja realizado numa instituiccedilatildeo ou entre as
quatro paredes de um consultoacuterio Cliacutenica eacute a nossa atitude de
respeito pelas vivecircncias do outro de disponibilidade perante seus
sofrimentos de olhar e de escuta aleacutem das aparecircncias que nos satildeo
expostas (Gonccedilalves 2003p 27 )
Vai aleacutem quando sobre os cuidados do corpo GONCcedilALVES (2003) discorre
caberaacute ao terapeuta a funccedilatildeo de dialogar com o corpo desatando os noacutes que
se colocam como impelidos agrave vida e agrave inteligecircncia criativa E a esta vida
deve-se dar atenccedilatildeo cuidando do ser Afinal natildeo eacute somente o problema que
existe e vive
Olhar para aquilo que vai bem para o ponto de luz que pode dissipar
as trevas aquilo que escapa ao homem abrindo espaccedilos para
mudanccedilas um espaccedilo onde o homem possa se recolher e descansar
encontrando seus proacuteprios caminhos para aprender(Gonccedilalves
2003p 27)
O que natildeo eacute ensinar mas possibilitar aprendizagens Essa relaccedilatildeo promove
um processo de crescimento para ambas as partes criando ensinantes e
aprendentes numa interaccedilatildeo sem papeacuteis fixos e independentes direcionada
para o interior ou exterior de cada envolvido Deixando de lado
particularidades o proacuteprio ponto de vista e seus condicionamentos para ver as
coisas a partir delas mesmas como satildeo Isso cria uma interdependecircncia ativa
que faz com que um complemente o outro e ambos cresccedilam construindo
novos conhecimentos
O olhar do psicopedagogo aleacutem de luacutecido deve ser esclarecedor sem
julgamentos ou depreciaccedilotildees Diante de um olhar assim a aceitaccedilatildeo flui
26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para
que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica
1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo
desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua
formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade
A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute
interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo
oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o
tempo de hospitalizaccedilatildeo
Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e
sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de
aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a
outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo
eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as
especialidades
De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem
ser classificadas em
- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas
feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa
de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta
primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e
internaccedilotildees gerais
- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas
27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de
membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das
articulaccedilotildees do quadril miopatias etc
-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de
crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite
tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)
As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras
auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas
ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos
Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam
elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias
Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de
uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada
indiviacuteduo hospitalizado
A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a
idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais
A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente
aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir
entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee
mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa
intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro
quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta
de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir
depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no
niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
26naturalmente E esta aceitaccedilatildeo eacute a condiccedilatildeo primeira a mais necessaacuteria para
que se inicie o caminho de cura aliando a teoria agrave praacutetica
1-3-3 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR
A educaccedilatildeo hospitalar da crianccedila e do adolescente representa um novo
desafio agrave educaccedilatildeo especificamente ao psicopedagogo que devido sua
formaccedilatildeo interdisciplinar eacute um dos profissionais mais aptos a esta modalidade
A alternativa de apoio educacional psicopedagoacutegico ao paciente interno eacute
interessante para assegurar-lhe uma boa recuperaccedilatildeo em meio agrave inquietaccedilatildeo
oriunda da preocupaccedilatildeo sobre o tratamento recomendado agrave recuperaccedilatildeo e o
tempo de hospitalizaccedilatildeo
Em suma o ambiente hospitalar eacute um local que emana diversos sentimentos e
sensaccedilotildee ora de doenccedila ou sauacutede de imensa tensatildeo ou anguacutestia ou entatildeo de
aliacutevio cura ou consolo Extremamente teacutecnico aos poucos o local se abriu a
outros profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede No caso do psicopedagogo
eacute necessaacuterio conectar-se com a equipe criando um elo de ligaccedilatildeo entre as
especialidades
De acordo com Vasconcelos (2000) as doenccedilas tratadas no hospital podem
ser classificadas em
- Acidentes sejam acidentes domeacutesticos (queimaduras quedas
feridas) ou acidentes externos Para esta categoria junte-se tentativa
de suiciacutedio estupros e espancamentos (casos de maus-tratos) Esta
primeira classificaccedilatildeo constitui o que se chama traumatologia e
internaccedilotildees gerais
- Enfermidades de maacute formaccedilatildeo congecircnita como afecccedilotildees oacutesseas
27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de
membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das
articulaccedilotildees do quadril miopatias etc
-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de
crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite
tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)
As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras
auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas
ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos
Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam
elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias
Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de
uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada
indiviacuteduo hospitalizado
A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a
idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais
A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente
aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir
entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee
mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa
intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro
quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta
de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir
depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no
niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
27nefroloacutegicas hepaacuteticas neuroloacutegicas ou musculares maacute-formaccedilatildeo de
membros ou do esqueleto escolioses luxaccedilotildees congecircnitas das
articulaccedilotildees do quadril miopatias etc
-Finalmente enfermidades adquiridas ao nascimento ou de
crescimento debilidade motora cerebral poliartrite poliomielite
tumores musculares ou oacutesseos cacircnceres (Vasconcelos 2000p 47)
As equipes meacutedicas agrupam cirurgiotildees meacutedicos anestesistas enfermeiras
auxiliares de enfermagem nutricionistas fisioterapeutas terapeutas
ocupacionais psicoacutelogos assistentes sociais bem como psicopedagogos
Ainda pode-se contar com visitas voluntaacuterias com intenccedilotildees diversas sejam
elas recreativas religiosas ou humanitaacuterias
Toda esta equipe acompanha direta ou indiretamente todas as etapas de
uma internaccedilatildeo que em geral satildeo enfrentadas de forma diferente por cada
indiviacuteduo hospitalizado
A sensaccedilatildeo de dor por exemplo eacute sentida diferentemente de acordo com a
idade do paciente e de acordo com diferenccedilas individuais
A intervenccedilatildeo ganha uma razatildeo de ser mas natildeo eacute ainda necessariamente
aquilo que traz a cura logo natildeo eacute essencial Ainda natildeo eacute faacutecil de distinguir
entre a dor e outras agressotildees de que a crianccedila eacute a viacutetima (separaccedilatildeo da matildee
mudanccedila de quadro rostos e procedimentos desconhecidos) () Nossa
intervenccedilatildeo leva em conta o estado emocional da crianccedila que pede socorro
quando se nega a uma atividade ou quando eacute agressiva () Em nossa escuta
de Psicopedagogo devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de anguacutestia de solidatildeo - Vasconcelos (2000)
Mesmo assim muitas vezes as crianccedilas natildeo satildeo capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer desenvolvendo anguacutestias fazendo surgir
depressatildeo revolta ou desespero ou ainda a possibilidade de regressatildeo no
niacutevel de desenvolvimento Mais uma vez o psicopedagogo eacute aquele que faz
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
28diferenccedila trazendo o sentimento de valorizaccedilatildeo da vida amor proacuteprio auto-
estima aceitaccedilatildeo e seguranccedila - recuperar estes prazeres e garantir a
construccedilatildeo dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente
escolar eacute funccedilatildeo do trabalho psicopedagoacutegico que se insere na esfera
hospitalar Afinal a aprendizagem eacute um processo tatildeo amplo e grandioso que
ocorre atraveacutes de interaccedilotildees em qualquer lugar
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA
A escola de hoje depara-se com a expectativa de dar conta com uma
serie de tarefas que vatildeo desde a socializaccedilatildeo da crianccedila pequena ateacute a
formaccedilatildeo de cidadatildeoNesta aventura eacute preciso estar atento a leitura a escrita
ao calculo bem como ao conhecimento das tecnologias dos avanccedilos
cientiacuteficos da construccedilatildeo das habilidades afetivas cognitivas e sociais
enfimFREUD jaacute dizia a Educaccedilatildeo eacute algo quase impossiacutevel Nesse contexto
pode ocorre o fracasso escolar que de acordo com PERRENOUD(2001) pode
ser causado pela escolha de curriacuteculo pela ajuda que proporciona a cada
individuo pelo modo e momento de avaliaccedilatildeo das escolas Afirma que o
principal foco de trabalho da equipe pedagoacutegica deve ser o professor que ao
oferecer espaccedilo de estudo e reflexatildeo favoreceraacute uma mudanccedila significativa
Assim o psicopedagogo pode contribuir para a qualificaccedilatildeo do trabalho
docente oferecendo novas perspectivas para pensar e compreender as
dificuldades e o fracasso escolar De acordo com Barbosa( in congresso
brasileiro de psicopedagogia 2000) ldquoalgueacutem que se encontra na posiccedilatildeo de
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
29ensinar precisa aleacutem dos conhecimento necessaacuterio para o referido
ensinoconhecer mas a fundo a sua constituiccedilatildeo como ser cognoscente e o
seu proacuteprio processo de aprenderrdquo
Considerando a escola responsaacutevel por grande parte da formaccedilatildeo do ser
humano o trabalho do Psicopedagogo na instituiccedilatildeo escolar tem um caraacuteter
preventivo no sentido de procurar criar competecircncias e habilidades para
soluccedilatildeo dos problemas Com esta finalidade e em decorrecircncia do grande
nuacutemero de crianccedilas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios
que englobam a famiacutelia e a escola a intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica ganha
atualmente espaccedilo nas instituiccedilotildees de ensino
2-1 A Instituiccedilatildeo Escolar
Para BEAUCLAIR (2006) a escola deve estabelecer o compromisso com um
trabalho que vise o estabelecimento de novas formas de saberes articuladores
de uma nova concepccedilatildeo de mundo pois com metodologias ativas e com a
construccedilatildeo de grupos operativos o que podemos observar eacute a caracterizaccedilatildeo
de um espaccedilo onde emoccedilatildeo prazer subjetividade e ampliaccedilatildeo de horizontes
colaboram para o surgimento de novas racionalidades mais abertas
proveitosas e onde a dialogicidade seja uma constante possibilidade
integradora
Segundo o autor acredita que a escola eacute uma instituiccedilatildeo que natildeo eacute um espaccedilo
para transmissatildeo e agendamendo de conhecimento mas um espaccedilo de vida
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
30Viver eacute aprender e eacute por meio da aprendizagem que envolve emoccedilatildeo e
sentimento Se somos movidos a vivencias emocionais somos sujeito do
desejo toda parte emocional seja ela positiva ou negativa eacute ligada
diretamente a nossa aprendizagem conforme FREIRE(2000)diz que
Escola eacute lugar onde se faz amigosNatildeo se trata soacute de preacutedios
salas quadros programas horaacuteriosEscola eacute sobretudo gente
gente que trabalha gente que estuda gente que se alegra se
conhece se estima O diretor eacute gente o professor eacute gente
O aluno eacute gente cada funcionaacuterio eacute gente E a escola seraacute cada
vez melhor na medida em que cada ser comporta como colega
como amigo Nada de ilha cercada de gente de gente por todo os
lados Nada de ser como tijolo que forma parede indiferente frio
soacute Importante na escola natildeo eacute soacute estudar eacute tambeacutem criar laccedilos de
amizades eacute criar ambiente de camaradagem eacute conviver eacute se
amarrar nela Ora loacutegico em uma assim vai ser estudar
crescer fazer amigos educar e ser feliz (FREIRE2000
apud PORTO2009 p 20)
Pode-se dizer que eacute por meio da escola que a humanidade comeccedila a
desenvolver uma teoria da educaccedilatildeo ou seja uma pedagogia a qual o ato de
educar deve estar no sujeitoEacute possiacutevel afirmar assim que com a chegada da
pedagogia e da chamada educaccedilatildeo formal vieram as regras a organizaccedilatildeo do
conhecimento as divisotildees do saber e os meacutetodos tradicionais de ensino
entretanto eacute discutiacutevel tambeacutem que por meio da mesma a educaccedilAtildeo passou a
ser como nunca antes na histoacuteria da humanidade objeto de estudo e reflexatildeo
Desse modo a escola foi criada com a promessa de sistematizar o ensino e
favorecer a transmissatildeo cultural O antagonismo que a acompanha desde o
seu acompanhamento no entanto eacute o de constituir-se de um lado ldquoem um
espaccedilo de democratizaccedilatildeo e formaccedilatildeo individual e ao mesmo tempo de
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
31transmissatildeo de valores coletivos e consciecircncia socialrdquo PUIGGROS (1998 )
Todavia apenas ampliou a necessidade de que a educaccedilatildeo escolarizada fosse
encarada como um direito universal
Segundo PORTO (2009) a anaacutelise da escola sede da educaccedilatildeo formal natildeo
apenas enquanto um espaccedilo de produccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de saber mas
tambeacutem enquanto um espaccedilo de troca e intercambio de relaccedilatildeo isto eacute de
aprendizagem social Embora a face relacional da escola seja um tanto
esquecida priorizar um lado em relaccedilatildeo ao outro A valorizaccedilatildeo das relaccedilotildees
inter-pessoais e de um clima emocional positivo em termos de respeito e
liberdade satildeo fundamentais quanto os conteuacutedos trabalhados em sala de
aula para o desenvolvimento do educando
Com o mundo globalizado e o acesso faacutecil as informaccedilotildees a escola ganha um
novo sentido ao deixar de ser um espaccedilo privilegiado em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeo
e sua transmissatildeo devendo ser capaz de apresentar os conhecimento que a
humanidade vem construindo ao longo do tempo e auxiliar a formaccedilatildeo de
crianccedilas e adolescentes de forma que se tornem capazes de selecionar o que
eacute significativo nesse excesso e rapidez com que as informaccedilotildees satildeo
produzidas
Outra demanda da escola refere-se agrave inclusatildeo de crianccedilas com necessidades
especiais Para que isso ocorra de fato eacute necessaacuterio ofertar formaccedilatildeo
especializada especifica aos docentes estrutura fiacutesica adequada projetos
educacionais e formas de avaliaccedilatildeo que contemplem as diferenccedilas
Acrescente-se tambeacutem o imperativo de preparar os jovens para viver em uma
sociedade competitiva que faz imensas exigecircncias para inseri-los no mercado
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
32de trabalho A escola pode favorecer o desenvolvimento de sujeitos dinacircmicos
criativos empreendedores e com habilidades para trabalhar em equipe de
acordo com PIAGET ( 1973) diz que
O principal objetivo da educaccedilatildeo eacute criar os que sejam capazes de
fazer coisas novas e natildeo simplesmente repetir o que outras geraccedilotildees
jaacute fizeram homens que sejam criativos inovadores e descobridores
O segundo objetivo da educaccedilatildeo eacute formar mentes que possam ser
criticas possam verificar e natildeo aceitar o que lhes eacute oferecido
(BERLIM 2007apud PIAGET1973p119)
A maior dificuldade reside em pensar no coletivo sem perder de vista o
individuo reconhecendo suas caracteriacutesticas seu estilo de aprendizagem o
individual administrar a progressatildeo das aprendizagens e a heterogenidade dos
alunos eacute um grande desafio
Antunes(2002) apresenta uma conceitualizaccedilatildeo de capacidades competecircncias
ou inteligecircncia que nos ajuda a refletir sobre a escola e suas possibilidades
Considera querdquocapacidade eacute o poder do ser humano de receber aceitar se
apossarrdquo Assim diz o autor que
Nenhum professor pode ensinar o aluno a ser capaz mas pode ajuda
o a se descobrir capaz A escola natildeo pode mais fixar-se apenas
como centro epistemoloacutegico Precisa urgentemente propiciar aos
alunos a recepccedilatildeo plena de suas capacidades motoras cognoscitivas
e emocionais Aleacutem disso eacute preciso que a escola ensine a crianccedila a
aprender pensar refletir pesquisar estudar auto-avalia-se em
nenhum momento perca a oportunidade de tornaacute-la conhecedora de
si mesmo autora de suas proacuteprias mentes e meios um individuo que
sabia conviver interagir e relacionar-se com os outros (ANTUNES
2002 p47)
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
33
Partir dessas colocaccedilotildees percebemos que a missatildeo da equipe que atua na
escola natildeo eacute faacutecil Construir um curriacuteculo que proponha uma serie de
competecircncias que possibilite o reconhecimento das conquistas tecnoloacutegicas
culturais sociais e histoacutericas que privilegie o processo de aprendizagem que
seja significativo para os alunos e ainda de ser ligado ao dia-dia eacute uma tarefa
difiacutecil e complexa
2 - 2 Aprendizagem
A aprendizagem eacute um processo vincular ou seja que se daacute no vinculo entre
ensinante e aprendente ocorre portanto entre subjetividades conforme
FERNANDEZ (2001) diz que
Para aprender o ser humano coloca em seu organismo
herdado seu corpo e sua inteligecircncia construiacutedos em
interaccedilatildeo e dimensatildeo inconsciente A aprendizagem tem um
caraacuteter subjetivo pois o aprender implica desejo que deve ser
reconhecido pelo aprendente O desejar eacute o terreno onde se nutre a
aprendizagem (FERNAacuteNDEZ2001apud PORTO 2009 p 39)
Aprender passa pela observaccedilatildeo do objeto pela accedilatildeo sobre ele pelo desejo A
aprendizagem eacute a articulaccedilatildeo entre o saber conhecimento e informaccedilatildeo Esta
uacuteltima eacute o conhecimento objetivado que pode ser transmitido o conhecimento
eacute o resultado de uma construccedilatildeo do sujeito na interaccedilatildeo com o objeto
para PIAGET e o saber eacute a apropriaccedilatildeo desses conhecimento pelo sujeito de
forma particular proacutepria dele pois implica inconsciente
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
34
A partir disso pode-se definir aprendizagem como uma construccedilatildeo singular
que o sujeito vai fazendo seu saber e assim ele vai transformando as
informaccedilotildees em conhecimento deixando sua marca como autor e vivenciando
a alegria que acompanha a aprendizagem
Para PIAGET e seus seguidores FERREIRO e TEBERSKY a aprendizagem eacute
algo intriacutenseco que se passa no interior do indiviacuteduo levando em conta suas
capacidades suas aptidotildees seu desenvolvimento neuropsicoloacutegico seus
interesses e suas necessidades Por isso mesmo de nada serve ao professor
desenvolver suas aulas interessantes e bem planejadas se elas natildeo
atenderem ao estado do aluno E natildeo havendo aprendizagem natildeo houve
ensino por maiores e melhores que tenham sido os esforccedilos do professor
Conhecer eacute pensar inventar descobrir e conectar a
qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a minha
capacidade criadora o real externo de minha mente Este eacute o
significado do aprender ( SALTINI2002p 58)
Para SALTINI estabelece-se desse modo uma relaccedilatildeo particular do sujeito
com o conhecimento e o significado do aprender A transmissatildeo do
conhecimento natildeo se faz diretamente mas sim transmitem - se sinais dele
que a pessoa transforma e reproduz em funccedilatildeo dos seus recursos proacuteprios
Eacute portanto fundamental que o processo educativo busque o aluno como
centro de suas atividades tendo em vista o desenvolvimento de sua
personalidades integral
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
35
Aacutes condiccedilotildees interiores do aluno necessaacuterias para efetivaccedilatildeo de uma
aprendizagem chama-se prontidatildeo Toda a aprendizagem enriquece natildeo soacute a
aacuterea intelectual mas as diferentes aacutereas da personalidade humana Uma
nova aprendizagem sempre dependeraacute de outras anteriores que constituem
sua base Assim sendo haacute todo um movimento de continuidade e
encadeamento fazendo com que a aprendizagem se realize em etapas Por
esta razatildeo a aprendizagem constitui um processo global porque desenvolve
as vaacuterias aacutereas aacutes personalidade do individuo e cumulativo porque se
desenvolve em etapas encadeadas e continuas
Aacute medida que o individuo efetiva uma nova aprendizagem aumenta sua rdquo
bagagemrdquo modifica sua maneira de perceber adquire outro comportamento Eacute
esta mudanccedila de comportamento que comprova a realizaccedilatildeo de uma
aprendizagem Naturalmente tal modificaccedilatildeo se faz atraveacutes da participaccedilatildeo e
da atuaccedilatildeo do individuo E ele quem chega agrave aprendizagem por sua
experiecircncia direta fazendo com que realmente qualquer aprendizagem seja
uma auto-aprendizagem
Para VIGOTSKYsendo cada individuo um ser uacutenico com caracteriacutesticas
proacuteprias ndash necessidades interesses capacidades tendecircncias ndash o tempo para
realizar uma aprendizagem vai variar de pessoa para pessoa de acordo com o
ritmo de cada um Em consequumlecircncia importa considerar que as oportunidades
de aprendizagem oferecidas pelo professor devem atender aacutes diferenccedilas
individuais
Eacute fato para VIGOTSKY que a aprendizagem se realiza de maneira mais
soacutelida quando alcanccedilada por pequenas etapas Da mesma forma concorrem
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
36para melhor efetivaccedilatildeo da aprendizagem por um lado a possibilidade que se
oferece ao aluno de verificar sua resposta imediatamente e por outro a
oportunidade de repetir a mesma aprendizagem em diferentes momentos e em
situaccedilotildees variadas
O ato de aprender estaacute presente incondicionalmente ao longo da vida desde
do nascimento POZO (2002) ldquoPodemos dizer que a nossa cultura a
necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincotildees da atividade
social eacute a aprendizagem que natildeo cessardquo Esta linha de pensamento nos leva
a fazer uma prospecccedilatildeo do que se esperaraacute da escola nos proacuteximos anos
Assim temos a grande tarefa de conhecer a forma e os processos com que os
alunos aprendem de favorecer o tempo de processar a informaccedilatildeo e o acesso
agraves novas tecnologias de desenvolver a auto-estima a afetivaccedilatildeo a
cooperaccedilatildeo e a solidariedade de valorizar o trabalho em equipe de buscar a
complementaridade favorecendo o conviacutevio com a diversidade sem nivelar as
diferenccedilas desenvolver a duacutevida a pergunta criar novas linguagens de
comunicaccedilatildeo formar alunos cidadatildeos inovadores e empreendedores
2 -3 AVALIACcedilAtildeO
Segundo a Constituiccedilatildeo Brasileira a educaccedilatildeo eacute um direito de todos os
cidadatildeos assegurando-se a igualdade de oportunidades Inseridas neste
contexto ao estudarem as pessoas passam muitas e muitas vezes pela
avaliaccedilatildeo cujos aspectos legais norteiam o processo educacional atraveacutes dos
regimentos escolares Assim as avaliaccedilotildees satildeo tidas como obrigatoacuterias e
atraveacutes delas eacute expresso o feedback pelo qual se define o caminho para
atingir os objetivos pessoais e sociais
Atualmente muito se tem discutido sobre a avaliaccedilatildeo no contexto escolar
Busca-se uma verdadeira definiccedilatildeo para o seu significado justamente porque
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
37esse tem sido um dos aspectos mais problemaacuteticos na praacutetica pedagoacutegica
Apesar de ser a avaliaccedilatildeo uma praacutetica social ampla pela proacutepria capacidade
que o ser humano tem de observar refletir e julgar na escola sua dimensatildeo
natildeo tem sido muito clara Ela vem sendo utilizada ao longo das deacutecadas como
atribuiccedilatildeo de notas visando a promoccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno
Hoje a avaliaccedilatildeo conforme define LUCKESI (1996) eacute como um julgamento
de valor sobre manifestaccedilotildees relevantes da realidade tendo em vista uma
tomada de decisatildeo Ou seja ela implica um juiacutezo valorativo que expressa
qualidade do objeto obrigando consequumlentemente a um posicionamento
efetivo sobre o mesmo
A avaliaccedilatildeo no contexto educativo quer se dirija ao sistema em seu conjunto
quer a qualquer de seus componentes corresponde a uma finalidade que na
maioria das vezes implica tomar uma seacuterie de decisotildees relativas ao objeto
avaliado
A finalidade da avaliaccedilatildeo eacute um aspecto crucial jaacute que determina em grande
parte o tipo de informaccedilotildees consideradas pertinentes para analisar os criteacuterios
tomados como pontos de referecircncia os instrumentos utilizados no cotidiano da
atividade avaliativa
Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcanccedilar com seus
alunos Nesse sentido a avaliaccedilatildeo muitas vezes tem sido utilizada mais como
instrumento de poder nas matildeos do professor do que como feedback para os
seus alunos e para o seu
proacuteprio trabalho Conforme SantAnna (1995) diz que
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
38Haacute professores radicais em suas opiniotildees soacute eles sabem o aluno eacute
imbecil cuja presenccedila soacute serve para garantir o miseraacutevel salaacuterio
detentor do pode SantAnna (1995 p 27)
A televisatildeo videocassete computador e aquele em contrapartida na sala de
aula tem o quadro negro e o giz Natildeo seria pertinente pensar na questatildeo da
utilizaccedilatildeo dos recursos no dia-a-dia explorando mais o que o aluno tem fora
em casa natildeo soacute para as suas aulas mas tambeacutem para o processo de
avaliaccedilatildeo EZPELETA e ROCKWELL (1986) declaram que
O conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um
grupo de crianccedila incorpora necessariamente elementos de outros
domiacutenios de sua vida Ezpeleta amp Rockwell (1986 p 25)
Na realidade muitos professores fazem uso da avaliaccedilatildeo cobrando conteuacutedos
aprendidos de formas mecacircnicas sem muito significado para o aluno
Chegam ateacute mesmo a utilizar a ameaccedila vangloriam-se de reprovar a classe
toda e ou realizar vinganccedila contra os alunos inquietos desinteressados
desrespeitosos levando estes e seus familiares ao desespero
Enfatiza HOFFMANN (1993) que geralmente os professores se utilizam da
avaliaccedilatildeo para verificar o rendimento dos alunos classificando-os como bons
ruins aprovados e reprovados Na avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo simplesmente
classificatoacuteria todos os instrumentos satildeo utilizados para aprovar ou reprovar o
aluno revelando um lado ruim da escola a exclusatildeo Segundo a autora isso
acontece pela falta de compreensatildeo de alguns professores sobre o sentido da
avaliaccedilatildeo reflexo de sua histoacuteria de vida como aluno e professor
De acordo com MORETTO (1996) a avaliaccedilatildeo tem sido um processo
angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
39recurso de repressatildeo e alunos que identificam a avaliaccedilatildeo como o momento
de acertos de contas a hora da verdade a hora da tortura
Percebe-se que a avaliaccedilatildeo tem sido utilizada de forma equivocada pelos
professores Estes datildeo sua sentenccedila final de acordo com o desempenho do
aluno
Para LUCKESI (1996) alerta que a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo classificatoacuteria natildeo
auxilia em nada o avanccedilo e o crescimento do aluno e do professor pois
constitui-se num instrumento estaacutetico e frenador de todo o processo educativo
Segundo o autor a avaliaccedilatildeo com funccedilatildeo diagnoacutestica ao contraacuterio da
classificatoacuteria constitui-se num momento dialeacutetico do processo de avanccedilar no
desenvolvimento da accedilatildeo e do crescimento da autonomia
Essa problemaacutetica em torno da avaliaccedilatildeo ocorre natildeo soacute na educaccedilatildeo infantil
mas no ensino regular meacutedio e superior E a exigecircncia de um processo formal
de avaliaccedilatildeo surge por pressotildees das famiacutelias
Exercendo a funccedilatildeo de avaliador deve-se ter claro o desenvolvimento integral
do aluno pois segundo esforccedilo destinado a ajudar os alunos a se
compreenderem e forjar neles atitudes sadias discorre SantAnna (1995) a
auto compreensatildeo e a auto aceitaccedilatildeo do professor constituem o requisito mais
importante em todo o auto-aceitaccedilatildeo O professor deve ver seu aluno como
um ser social e poliacutetico construtor do seu proacuteprio conhecimento Deve
percebecirc-lo como algueacutem capaz de estabelecer uma relaccedilatildeo cognitiva e afetiva
com o seu meio mantendo uma accedilatildeo interativa capaz de uma transformaccedilatildeo
libertadora e propiciando uma vivecircncia harmoniosa com a realidade pessoal e
social que o envolve O professor deveraacute ainda ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados
Assim nessa visatildeo o professor deixa de ser considerado o dono do saber e
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
40o aluno um mero receptor de informaccedilotildees
O ato de avaliar natildeo pode ser entendido como um momento final do processo
em que se verifica o que o aluno alcanccedilou A questatildeo natildeo estaacute portanto em
tentar uniformizar o comportamento do aluno mas em criar condiccedilotildees de
aprendizagem que permitam
a ele qualquer que seja seu niacutevel evoluir na construccedilatildeo de seu conhecimento
A avaliaccedilatildeo tem um significado muito profundo agrave medida que oportuniza a
todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexatildeo sobre a
proacutepria praacutetica Atraveacutes dela direciona o trabalho privilegiando o aluno como
um todo como um ser social com suas necessidades proacuteprias e tambeacutem
possuidor de experiecircncias que devem ser valorizadas na escola Devem ser
oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade
Nesse sentido faz-se necessaacuterio redimensionar a praacutetica de avaliaccedilatildeo no
contexto escolar Entatildeo natildeo soacute o aluno mas o professor e todos os envolvidos
na praacutetica pedagoacutegica podem atraveacutes dela refletir sobre sua proacutepria evoluccedilatildeo
na construccedilatildeo do conhecimento
O educador deve ter portanto um conhecimento mais aprofundado da
realidade na qual vai atuar para que o seu trabalho seja dinacircmico criativo
inovador Assim colabora para um sistema de avaliaccedilatildeo mais justo que natildeo
exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem mas o inclua como um
ser criacutetico ativo e participante dos momentos de transformaccedilatildeo da sociedade
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
412-4 A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussotildees e
apontamentos que motivaram sua evoluccedilatildeo em vaacuterios aspectos
principalmente no que tange a conduccedilatildeo de metodologias de ensino por
nossos educadores e a valorizaccedilatildeo do contexto escolar formador para nossos
alunos Nesse aspecto GADOTTI (2000) pesquisador desse processo afirma
que
Enraizada na sociedade de classes escravista da Idade Antiga
destinada a uma pequena minoria a educaccedilatildeo tradicional iniciou seu
decliacutenio jaacute no movimento renascentista mas ela sobrevive ateacute hoje
apesar da extensatildeo meacutedia da escolaridade trazida pela educaccedilatildeo
burguesa A educaccedilatildeo nova que surge de forma mais clara a partir
da obra de Rousseau desenvolveu-se nesses uacuteltimos dois seacuteculos e
trouxe consigo numerosas conquistas sobretudo no campo das
ciecircncias da educaccedilatildeo e das metodologias de ensino O conceito de
ldquoaprender fazendordquo de John Dewey e as teacutecnicas Freinet por
exemplo satildeo aquisiccedilotildees definitivas na histoacuteria da pedagogia Tanto a
concepccedilatildeo tradicional de educaccedilatildeo quanto a nova amplamente
consolidadas teratildeo um lugar garantido na educaccedilatildeo do futuro
(GADOTTI 2000 p 4)
Diante de enumeras transformaccedilotildees sociais onde informaccedilotildees e descobertas
acontecem em fraccedilotildees de segundo o processo de desenvolvimento da escola
entra na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos
neste processo pois eacute nela que satildeo promovidas as mais importantes
formulaccedilotildees teoacutericas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as
naccedilotildees dessa forma a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central
na busca de perspectivas que possibilitem uma nova praacutetica educacional
envolvendo principalmente os agentes que conduzem o ambiente escolar
transformando o ensino em parte integrante ou principal na motivaccedilatildeo dessas
transformaccedilotildees
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009
wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
42
Com as constantes modificaccedilotildees sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de
um modo de pensar menos autoritaacuterio e menos regrado os agentes
educacionais e a escola de uma maneira geral vecircm vivenciando um processo
de mudanccedila que tem refletido principalmente nas accedilotildees de seus alunos e na
materializaccedilatildeo destas no contexto escolar fato que tem se tornado ponto de
dificuldade e inseguranccedila entre professores e agentes escolares de forma
geral configurando em forma de comprometimento do processo ensino-
aprendizagem sobre isso GADOTTI (2000) afirma que
Neste comeccedilo de um novo milecircnio a educaccedilatildeo apresenta- se numa
dupla encruzilhada de um lado o desempenho do sistema escolar
natildeo tem dado conta da universalizaccedilatildeo da educaccedilatildeo baacutesica de
qualidade de outro as novas matrizes teoacutericas natildeo apresentam ainda
a consistecircncia global necessaacuteria para indicar caminhos realmente
seguros numa eacutepoca de profundas e raacutepidas
transformaccedilotildees(GADOTTI 2000 p 6)
A escola contemporacircnea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a
sua volta onde as informaccedilotildees satildeo atualizadas em fraccedilotildees de segundos
ocasionando de certa forma o desgaste e o comprometimento das accedilotildees
voltadas para o aprimoramento do ensino fazendo com que a sala de aula se
torne um ambiente de pouca relevacircncia para a consolidaccedilatildeo do conhecimento
tornando a vivecircncia social o requisito primordial para a busca de aprendizado
sobre essa escola HAMZE (2004) afirma que
Como educadores natildeo devemos identificar o termo informaccedilatildeo como
conhecimento pois embora andem juntos natildeo satildeo palavras
sinocircnimas Informaccedilotildees satildeo fatos expressatildeo opiniatildeo que chegam
as pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que
acarretam Conhecimento eacute a compreensatildeo da procedecircncia da
informaccedilatildeo da sua dinacircmica proacutepria e das consequumlecircncias que dela
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
43adveacutem exigindo para isso um certo grau de racionalidade A
apropriaccedilatildeo do conhecimento eacute feita atraveacutes da construccedilatildeo de
conceitos que possibilitam a leitura critica da informaccedilatildeo processo
necessaacuterio para absorccedilatildeo da liberdade e autonomia mental(HAMZE
2004 p1)
Eacute perceptiacutevel que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento tem fugido
do interesse da sociedade em geral pois a atualizaccedilatildeo das informaccedilotildees tem
ocorrido de forma acessiacutevel a todos os segmentos satisfazendo de uma forma
geral aos interesses daqueles que as buscam A escola nesse contexto tem
por opccedilatildeo repensar suas accedilotildees e o seu papel no aprimoramento do saber e
para isso uma reflexatildeo sobre seus conceitos didaacutetico-metodoloacutegicos precisa
ser feita de forma a adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se
na postura de organizaccedilatildeo principal e mais importante na evoluccedilatildeo dos
princiacutepios fundamentais de uma sociedade DOWBOR (1998) sobre essa
temaacutetica diz que
seraacute preciso trabalhar em dois tempos o tempo do passado e o
tempo do futuro Fazer tudo hoje para superar as condiccedilotildees do atraso
e ao mesmo tempo criar as condiccedilotildees para aproveitar amanhatilde as
possibilidades das novas tecnologias(DOWBOR 1998 p 259)
GADOTTI (2000) sobre o assunto afirma que seja qual for agrave perspectiva que a
educaccedilatildeo contemporacircnea tomar uma educaccedilatildeo voltada para o futuro seraacute
sempre uma educaccedilatildeo contestadora superadora dos limites impostos pelo
Estado e pelo mercado portanto uma educaccedilatildeo muito mais voltada para a
transformaccedilatildeo social do que para a transmissatildeo cultural
Dessa Forma a praacutetica pedagoacutegica dos agentes educacionais no momento
atual bem como a conduccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporacircnea precisa ter como primiacutecia a necessidade de uma reformulaccedilatildeo
pedagoacutegica que priorize uma praacutetica formadora para o desenvolvimento onde
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
44a escola deixe de ser vista como uma obrigaccedilatildeo a ser cumprida pelo aluno e
se torne uma fonte de efetivaccedilatildeo de seu conhecimento intelectual que o
motivaraacute a participar do processo de desenvolvimento social natildeo como mero
receptor de informaccedilotildees mas como idealizador de praacuteticas que favoreccedilam
esse processo
na sociedade da informaccedilatildeo a escola deve servir de buacutessola para navegar
nesse mar do conhecimento superando a visatildeo utilitarista de soacute oferecer
informaccedilotildees ldquouacuteteisrdquo para a competitividade para obter resultados Deve
oferecer uma formaccedilatildeo geral na direccedilatildeo de uma educaccedilatildeo integral O que
significa servir de buacutessola Significa orientar criticamente sobretudo as
crianccedilas e jovens na busca de uma informaccedilatildeo que os faccedila crescer e natildeo
embrutecerGADOTTE (2000)
Segundo DOWBOR (1998) a escola deixaraacute de ser ldquolecionadorardquo para ser
ldquogestora do conhecimentordquo Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educaccedilatildeo tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento A
educaccedilatildeo tornou-se estrateacutegica para o desenvolvimento mas para isso natildeo
basta ldquomodernizaacute-lardquo como querem alguns Seraacute preciso transformaacute-la
profundamente
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar
em uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem levando em
consideraccedilatildeo que sua praacutetica pedagoacutegica em sala de aula tem papel
fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno podendo ele ser o
foco de crescimento ou de introspecccedilatildeo do mesmo quando da sua aplicaccedilatildeo
metodoloacutegica na conduccedilatildeo da aprendizagem Sobre essa praacutetica GADOTTI
(2000) afirma que
Nesse contexto o educador eacute um mediador do conhecimento diante
do aluno que eacute o sujeito da sua proacutepria formaccedilatildeo Ele precisa
construir conhecimento a partir do que faz e para isso tambeacutem
precisa ser curioso buscar sentido para o que faz e apontar novos
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
45sentidos para o que fazer dos seus alunos ( GADOTTI 2000p 9)
Ele afirma ainda que
Os educadores numa visatildeo emancipadora natildeo soacute transformam a informaccedilatildeo
em conhecimento e em consciecircncia criacutetica mas tambeacutem formam pessoas
Diante dos falsos pregadores da palavra dos marketeiros eles satildeo os
verdadeiros ldquoamantes da sabedoriardquo os filoacutesofos de que nos falava Soacutecrates
Eles fazem fluir o saber (natildeo o dado a informaccedilatildeo e o puro conhecimento)
porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e
buscam juntos um mundo mais justo mas produtivo e mais saudaacutevel para
todos Por isso eles satildeo imprescindiacuteveisGADOTTI (2000)
HAMZE (2004) em seu artigo ldquoO Professor e o Mundo Contemporacircneordquo
considera os novos tempos exigem um padratildeo educacional que esteja voltado
para o desenvolvimento de um conjunto de competecircncias e de habilidades
essenciais a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade participando e agindo no contexto de uma sociedade
comprometida com o futuro
Assim faz-se necessaacuterio agrave busca de uma nova reflexatildeo no processo
educativo onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformaccedilotildees de
forma a beneficiar suas accedilotildees podendo buscar novas formas didaacuteticas e
metodoloacutegicas de promoccedilatildeo do processo ensino-aprendizagem com seu aluno
sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanccedilos estruturais de
nossa sociedade mas um instrumento de enfoque motivador desse processo
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
46
CAPITULO III
A INTERVENCcedilAtildeO DO PSICIPEDAGOGO DE FORMA
PREVENTIVA NO PROCESSO DE ALFABETIZACcedilAtildeO
Neste contexto o psicopedagogo institucional como um profissional
qualificado estaacute apto a trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos
professores e a outros profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das
condiccedilotildees do processo ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos
problemas de aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
47aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo DEMBO (apud FERMINO 1994 ) Evidecircncias sugerem que um
grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
48apoio Segundo Bossa (1994) diz que
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto teoacuterico
praacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os professores
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente
a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de aprendizagem da
crianccedila ou da proacutepria ensinagem (Bossa 1994 p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
3 ndash 1 O Jogo segundo alguns autores
Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no iniacutecio do seacuteculo
XX e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingecircncias poliacuteticas
e sociais de cada eacutepoca o ressurgimento dos estudos psicoloacutegicos sobre o
jogo infantil nos anos 70 foi em grande parte estimulado por Jean Piaget
(1971)
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
49PIAGET elaborou uma diferenciaccedilatildeo dos jogos usando os seguintes
procedimentos observaccedilatildeo e registro dos jogos praticados pelas crianccedilas em
casa nas escolas e na rua - na tentativa de relacionar o maior nuacutemero de
jogos infantis e anaacutelise das categorias jaacute existentes e aplicaccedilotildees conhecidas
dos jogos coletados Assim ao estudar com observaccedilatildeo e meacutetodo a praacutetica de
jogos Piaget propocircs uma possiacutevel classificaccedilatildeo na qual trecircs tipos de estruturas
caracterizam os jogos o exerciacutecio (para crianccedilas de 0 a 2 anos) o siacutembolo (de
2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7 anos)
Estas categorias estatildeo dispostas por ordem de complexidade abrangendo
desde o jogo sensoacuterio-motor elementar ateacute o jogo social superior os exerciacutecios
motores consistem na repeticcedilatildeo de gestos e movimentos simples com valor
exploratoacuterio e o jogo simboacutelico desenvolve-se a partir dos esquemas sensoacuterio-
motores (corridas jogos de bola de gude etc) ou intelectuais (de carta
xadrez) regulamentados por um conjunto sistemaacutetico de leis que satildeo as
regras
BEUCLAIR (2004) observa que para Piaget o jogo de regras eacute a atividade
luacutedica do
Ser sofisticado e comeccedila a ser praticado por volta dos sete anos de
idade quando a crianccedila abandona o jogo egocecircntrico das crianccedilas
menores em proveito de uma explicaccedilatildeo efetiva de regras e do
espiacuterito de regras entre os jogadores (BEUCLAUR
2004apudWALLON1941 p 30)
De acordo com KISHIMOTO (1996) - com certa semelhanccedila a Piaget
classifica os jogos em quatro tipos funcionais de ficccedilatildeo de aquisiccedilatildeo e de
construccedilatildeo
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
50As atividades luacutedicas funcionais representam os movimentos simples como
encolher os braccedilos e pernas agitar dedos balanccedilar objetosAs atividades
luacutedicas de ficccedilatildeo satildeo as brincadeiras de faz-de-conta com bonecas Nas
atividades de aquisiccedilatildeo a crianccedila aprende vendo e ouvindo Faz esforccedilos para
compreender coisas seres cenas imagens e nos jogos de construccedilatildeo reuacutene
combina objetos entre si modifica e criasegundo KISHIMOTO
Outra grande influecircncia nas pesquisas sobre o jogo vem da psicologia russa
com VYGOTSKY 1982 (apud KISHIMOTO 1994 p43) Para o autor haacute dois
elementos importantes nos jogos infantis a situaccedilatildeo imaginaacuteria e as regras
VYGOTSKY deixa claro que nos primeiros anos de vida a brincadeira eacute a
atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de
desenvolvimento proximal Ao prover uma situaccedilatildeo imaginativa por meio da
atividade livre a crianccedila desenvolve a iniciativa expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais
KISHIMOTO (op cit p44) considera a imitaccedilatildeo como a origem de toda
representaccedilatildeo mental e base para o aparecimento do jogo infantil segundo as
teorias de Piaget WALLON e VYGOTSKY Poreacutem a autora destaca em
BRUNER 1976 (apud KISHIMOTO 1994 p45) uma diferente interpretaccedilatildeo do
desenvolvimento da atividade simboacutelica
Insiste nas trocas interativas entre a crianccedila e a matildee como fonte de
desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significado aos objetos
ou aos fenocircmenos( BRUNER1976 apud KISHIMOTO 1994 p45)
Jaacute a visatildeo de WINNICOTT (1975 apud Weiss 2004 p72) possibilita uma
compreensatildeo mais integradora do jogar na aprendizagem
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
BIBLIOGRAFIA
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65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
51
ldquoEacute no brincar e somente no brincar que o indiviacuteduo crianccedila ou
adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e eacute
somente sendo criativo que o indiviacuteduo descobre o eu (self)rdquo
WINNICOTT(1975 apud Weiss 2004 p72)
Weiss complementa afirmando que eacute nesse espaccedilo transacional crianccedila-outro-
indiviacuteduo-meio que daacute-se a aprendizagem (e daiacute a importacircncia do jogo no
trabalho pedagoacutegico eou psicopedagoacutegico)
Satildeo estes os principais autores ndash entre os teoacutericos mais relevantes estudiosos
das representaccedilotildees mentais ndash que mostram a importacircncia do jogo para o
desenvolvimento infantil ao propiciar a aquisiccedilatildeo de regras a expressatildeo do
imaginaacuterio e a apropriaccedilatildeo do conhecimento
3 ndash 2 O JOGO NO CONTEXTO PSICOPEDAGOacuteGICO
O uso de jogos em psicopedagogia eacute um recurso tanto para avaliaccedilatildeo como
para intervenccedilatildeo em processos de aprendizagem
De acordo com CAMPOS (2005) dependendo de como eacute conduzido o jogo
ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento aqueles que colaboraratildeo
na aprendizagem de qualquer novo conhecimento como observar e identificar
comparar e classificar conceituar relacionar e inferir Tambeacutem satildeo esquemas
de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento a
previsatildeo a antecipaccedilatildeo o meacutetodo de registro e contagem
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
BIBLIOGRAFIA
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wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
52Atraveacutes de jogos eacute possiacutevel apreender aspectos importantes da constituiccedilatildeo
psiacutequica de uma crianccedila assim como seu niacutevel de desenvolvimento social e
cognitivo Nesse sentido o jogo pode ser utilizado tanto no diagnoacutestico
psicopedagoacutegico quanto recurso para posterior intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica o
jogo favorece a anaacutelise de processos de pensamento utilizados pelo aluno
(crianccedila ou mesmo adulto) e das relaccedilotildees que ele estabelece com o parceiro
com as regras a serem estabelecidas
WEISS (opcit p77) aponta alguns aspectos que podem ser claramente
percebidos atraveacutes do jogo no aprendente o conhecimento que jaacute possui o
funcionamento cognitivo e das relaccedilotildees vinculares e significaccedilotildees existentes
no aprender o caminho utilizado para aprender ou natildeo-aprender o que pode
revelar o que precisa esconder e como o faz
Ainda numa visatildeo psicopedagoacutegica (que procura integrar os fatores cognitivos
e afetivos que atuam nos niacuteveis conscientes e inconscientes da conduta)
quaisquer jogos mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal
datildeo espaccedilo para a imaginaccedilatildeo a fantasia e a projeccedilatildeo de conteuacutedos afetivos
aleacutem da organizaccedilatildeo loacutegica impliacutecita Para CAMPOS (2005) o psicopedagogo
ldquonatildeo interpreta mas deve poder compreender as manifestaccedilotildees simboacutelicas e
procurar adequar as atividades luacutedicas agraves necessidades do alunordquo
Segundo TEZANI (2004) o jogo eacute essencial como recurso pedagoacutegico e ou
psicopedagoacutegico pois no brincar a crianccedila articula teoria e praacutetica formula
hipoacuteteses e experiecircncias tornando a aprendizagem atrativa e interessante
Deste modo a construccedilatildeo de um espaccedilo de jogo de interaccedilatildeo e de
criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado no qual o
gostar e querer estariam presentes
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
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suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
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intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
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Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
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enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
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aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
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dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
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teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
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valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
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Lisboa Editorial Notiacutecias 1977
MORETTO Vasco Avaliaccedilatildeo da aprendizagem uma relaccedilatildeo eacutetica In VI
CONGRESSO PEDAGOacuteGICO DA ANEB Brasiacutelia
1996 ( Palestra)
62MRECH Leny M Uma breve discussatildeo a respeito da concretude do
material pedagoacutegico ln Boletim da Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia
Ano 6 n 13 jun
PERRENOUD Philippe A Pedagogia na Escola das Diferenccedilas Porto
Alegre Artmed Editora2001
PIAGET J A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila imitaccedilatildeo jogo e sonho
imagem e representaccedilatildeo Zahar Rio de Janeiro 1971
Para onde vai a educaccedilatildeoRio de Janeiro Joseacute Olympio1973
PORTOOliveiraBases da psicopedagogia ndash Diagnostico e intervenccedilatildeo nos
problemas de AprendizagemRio de Janeiro Wak Editora 2009
POZOJIAprendiz e mestresa nova cultura da aprendizagem Trad Ernani
Rosa Porto Alegre Artmed2002
RUBINSTEIN Edith (Org) Psicopedagogia uma praacutetica diferentes estilos Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1999
SANTANNA Ilza Martins Por que avaliar Como Avaliar criteacuterios e
instrumentos Petroacutepolis Vozes 1995
SCOZ Beatriz Psicopedagogia e realidade escolar problema escolar de aprendizagem Petroacutepolis Vozes 1994 Psicopedagogia um portal para a inserccedilatildeo social Petroacutepolis R J VozesSatildeo Paulo ABPp 2003
SHOR Ira FREIRE Paulo Medo e ousadia - o cotidiano do professor Rio de
JaneiroPaz e Terra 1986
SOARES M B Letramento um tema em trecircs gecircneros Autecircntica Belo
Horizonte 1998
63
SOUZA Audrey Setton Lopes Pensando a inibiccedilatildeo intelectualperspectiva
psicanaliacutetica e proposta diagnoacutestica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1995
Vasconcellos C S (2000) Avaliaccedilatildeo Concepccedilatildeo Dialeacutetica-Libertadora do Processo de Avaliaccedilatildeo Escolar Satildeo Paulo Cadernos Pedagoacutegicos do Libertad V 3
VISCA Jorge Tecnicas Proyectivas 3ordf ed 1997 Buenos Aires VYGOTSKY Lev S A Formaccedilatildeo Social da Mente Satildeo Paulo Martins
Fontes ____________ Pensamento e Linguagem Satildeo Paulo Martins Fontes 1998
WALLON H Evoluccedilatildeo psicoloacutegica da crianccedila Andes Rio de Janeiro
1941
64
WEBGRAFIA
wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009
wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009
wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009
wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
53Jaacute BERTOLDI (2003) ressalta que a crianccedila que tem seus primeiros contatos
com a aprendizagem de forma luacutedica provavelmente teraacute chances de
desenvolver um viacutenculo mais positivo com a educaccedilatildeo formal e estaraacute mais
fortalecida para lidar com os medos e frustraccedilotildees inerentes ao processo do
aprender
Eacute necessaacuterio ainda salientar que as aquisiccedilotildees relativas a novos
conhecimentos e conteuacutedos escolares natildeo estatildeo nos jogos em si mas nas
intervenccedilotildees realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades
seja ele o professor ou o psicopedagogo
3 ndash 3 A Intervenccedilatildeo do Psicopedagogo Junto agrave Famiacutelia
O conhecimento e o aprendizado natildeo satildeo adquiridos somente na escola mas
tambeacutem satildeo construiacutedos pela crianccedila em contato com o social dentro da
famiacutelia e no mundo que a cerca A famiacutelia eacute o primeiro viacutenculo da crianccedila e eacute
responsaacutevel por grande parte da sua educaccedilatildeo e da sua aprendizagem
Eacute por meio dessa aprendizagem que a crianccedila eacute inserida no mundo cultural
simboacutelico e comeccedila a construir seus conhecimentos seus saberes Contudo
na realidade o que temos observado eacute que as famiacutelias estatildeo perdidas natildeo
estatildeo sabendo lidar com situaccedilotildees novas pais trabalhando fora o dia inteiro
pais desempregados brigas drogas pais analfabetos pais separados e matildees
solteiras Essas famiacutelias acabam transferindo suas responsabilidades para a
escola sendo que em decorrecircncia disso presenciamos geraccedilotildees cada vez
mais dependentes e a escola tendo que desviar de suas funccedilotildees para suprir
essas necessidades
A escola como observa SARRAMONA (apud IGEA 2005 p 19) veio ocupar
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
BIBLIOGRAFIA
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1996 ( Palestra)
62MRECH Leny M Uma breve discussatildeo a respeito da concretude do
material pedagoacutegico ln Boletim da Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia
Ano 6 n 13 jun
PERRENOUD Philippe A Pedagogia na Escola das Diferenccedilas Porto
Alegre Artmed Editora2001
PIAGET J A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila imitaccedilatildeo jogo e sonho
imagem e representaccedilatildeo Zahar Rio de Janeiro 1971
Para onde vai a educaccedilatildeoRio de Janeiro Joseacute Olympio1973
PORTOOliveiraBases da psicopedagogia ndash Diagnostico e intervenccedilatildeo nos
problemas de AprendizagemRio de Janeiro Wak Editora 2009
POZOJIAprendiz e mestresa nova cultura da aprendizagem Trad Ernani
Rosa Porto Alegre Artmed2002
RUBINSTEIN Edith (Org) Psicopedagogia uma praacutetica diferentes estilos Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1999
SANTANNA Ilza Martins Por que avaliar Como Avaliar criteacuterios e
instrumentos Petroacutepolis Vozes 1995
SCOZ Beatriz Psicopedagogia e realidade escolar problema escolar de aprendizagem Petroacutepolis Vozes 1994 Psicopedagogia um portal para a inserccedilatildeo social Petroacutepolis R J VozesSatildeo Paulo ABPp 2003
SHOR Ira FREIRE Paulo Medo e ousadia - o cotidiano do professor Rio de
JaneiroPaz e Terra 1986
SOARES M B Letramento um tema em trecircs gecircneros Autecircntica Belo
Horizonte 1998
63
SOUZA Audrey Setton Lopes Pensando a inibiccedilatildeo intelectualperspectiva
psicanaliacutetica e proposta diagnoacutestica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1995
Vasconcellos C S (2000) Avaliaccedilatildeo Concepccedilatildeo Dialeacutetica-Libertadora do Processo de Avaliaccedilatildeo Escolar Satildeo Paulo Cadernos Pedagoacutegicos do Libertad V 3
VISCA Jorge Tecnicas Proyectivas 3ordf ed 1997 Buenos Aires VYGOTSKY Lev S A Formaccedilatildeo Social da Mente Satildeo Paulo Martins
Fontes ____________ Pensamento e Linguagem Satildeo Paulo Martins Fontes 1998
WALLON H Evoluccedilatildeo psicoloacutegica da crianccedila Andes Rio de Janeiro
1941
64
WEBGRAFIA
wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009
wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009
wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009
wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
54uma das funccedilotildees claacutessicas da famiacutelia que eacute a socializaccedilatildeo A escola se
converteu na principal instituiccedilatildeo socializadora no uacutenico lugar em que os
meninos e as meninas tecircm a possibilidade de interagir com iguais e onde se
devem submeter continuamente a uma norma de convivecircncia coletiva
Considerando o exposto cabe ao psicopedagogo intervir junto agrave famiacutelia das
crianccedilas que apresentam dificuldades na aprendizagem por meio por
exemplo de uma entrevista e de uma anamnese com essa famiacutelia para tomar
conhecimento de informaccedilotildees sobre a sua vida orgacircnica cognitiva emocional
e social
O que a famiacutelia pensa seus anseios seus objetivos e expectativas com
relaccedilatildeo ao desenvolvimento de seu filho tambeacutem satildeo de grande importacircncia
para o psicopedagogo chegar a um diagnoacutestico
Vale lembrar o que diz BOSSA (1994) sobre o diagnoacutestico
O diagnoacutestico psicopedagoacutegico eacute um processo um contiacutenuo sempre
revisaacutevel onde a intervenccedilatildeo do psicopedagogo inicia segundo vimos
afirmando numa atitude investigadora ateacute a intervenccedilatildeo Eacute preciso
observar que esta atitude investigadora de fato prossegue durante
todo o trabalho na proacutepria intervenccedilatildeo com o objetivo de observaccedilatildeo
ou acompanhamento da evoluccedilatildeo do sujeito (Bossa 1994 p74)
Na maioria das vezes quando o fracasso escolar natildeo estaacute associado agraves
desordens neuroloacutegicas o ambiente familiar tem grande participaccedilatildeo nesse
fracasso Boa parte dos problemas encontrados satildeo lentidatildeo de raciociacutenio
falta de atenccedilatildeo e desinteresse Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhor rendimento intelectual Lembramos que a escola e o meio
social tambeacutem tecircm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar
A famiacutelia desempenha um papel decisivo na conduccedilatildeo e evoluccedilatildeo do problema
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
BIBLIOGRAFIA
ANGELONI M T Organizaccedilotildees do conhecimento infra-estrutura pessoas e tecnologias Satildeo Paulo Saraiva 2003 ANTUNESC Novas maneiras de ensinar novas maneias de aprenderPorto Alegre Artmed2002 ASTOLFI Jean-Pierre A didaacutetica das ciecircncias Campinas Papiros 1990
BARBOSA Laura Monte Serrat A Psicopedagogia no Acircmbito da Instituiccedilatildeo
Escolar Curitiba Expoente 2001
BARTHES Roland O rumor da liacutengua Lisboa Ediccedilotildees 70 1987
BEAUCLAIRJoatildeoPsicopedagogia trabalhando competecircncias criando
habilidades Coleccedilatildeo Olhar Psicopedagogico Rio de JaneiroWAK2004
BOSSA Naacutedia A Psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da
praacutetica Porto Alegre Artes Meacutedicas Sul 1994
A Psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da
praacutetica 2ordf ed Porto Alegre Artes Meacutedicas Sul 2000
BOURDIEU Pierre O poder simboacutelico Lisboa Dlfel 1989
BRASIL Constituiccedilatildeo Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil
1988 Satildeo Paulo Saraiva 1988
60CASTRO A H O professor e o mundo contemporacircneoJornal O Diaacuterio
Barretos opiniatildeo aberta 08 jul 2004
DOWBOR L A reproduccedilatildeo Social Satildeo Paulo Vozes 1998
EZPELETA Justa ROCKWELL Elsie Pesquisa participante Satildeo Paulo
Cortez 1986
DEMO P Conhecimento moderno Petroacutepolis RJ Vozes 1997
FAGALI Eloiacutesa Quadros RIO DO VALLE Zeacutelia Rio Psicopedagogia
institucional aplicada a aprendizagem escolar dinacircmica e a
construccedilatildeo na sala de aula Vozes Petroacutepolis 1993 p 9-11
FERMINO Fernandes Sisto BORUCHOVITH Evely DIEHL Tolaine Lucila
Fin Dificuldades de aprendizagem no contexto psicopedagoacutegico
Petroacutepolis RJ Vozes 2001
FERNAacuteNDEZ Aliacutecia A inteligecircncia aprisionada - abordagem
psicopedagoacutegica cliacutenica da crianccedila e sua famiacutelia 2ordf reed Porto Alegre Artes
Meacutedicas Sul 1991
A inteligecircncia aprisionada Porto Alegre Artes
Meacutedicas 1991
FREIRE PauloUma escola chamada vidaSPAacutetica 2000
GARDNER Howard As estruturas da mente - a teoria das inteligecircncias
muacuteltiplas Porto Alegre Artes Meacutedicas 1994
61GADOTTI M Perspectivas atuais da educaccedilatildeo Porto Alegre Ed Artes
Meacutedicas 2000
GONCcedilALVESJulia EugeniaCom vocecircs a psicopedagogiainPINTOMaria
Alice(org) psicopedagogia diversas faces muacuteltiplos olharesSatildeo Paulo
Editora Olho Dagravegua2003
HOFFMANN Jussara ML Avaliaccedilatildeo mito e desafio-uma perspectiva
construtivistaEducaccedilatildeo e Realidade Porto Alegre 1991
Avaliaccedilatildeo mito amp desafio uma perspectiva
construtiva 11 ed Porto Alegre Educaccedilatildeo amp Realidade 1993
IGEA Benito del Rincoacuten e colaboradores Presente e futuro do trabalho
psicopedagoacutegico Porto Alegre Artmed 2005
KISHIMOTO T M O jogo e a educaccedilatildeo infantil Satildeo Paulo Cortez Editora
1996
KOHL Marta Vygotsky - aprendizado e desenvolvimento um processo
soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 1993
LUCKESI C C Avaliaccedilatildeo da aprendizagem escolar 4 ed Satildeo Paulo
Cortez 1996
MALUF e BOMBONATTO Historia da Psicopedagogia e da ABPp no
BrasilRio de Janeiro 2007
MERANI Alberto L Psicologia e pedagogia - as ideacuteias de Henri Wallon
Lisboa Editorial Notiacutecias 1977
MORETTO Vasco Avaliaccedilatildeo da aprendizagem uma relaccedilatildeo eacutetica In VI
CONGRESSO PEDAGOacuteGICO DA ANEB Brasiacutelia
1996 ( Palestra)
62MRECH Leny M Uma breve discussatildeo a respeito da concretude do
material pedagoacutegico ln Boletim da Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia
Ano 6 n 13 jun
PERRENOUD Philippe A Pedagogia na Escola das Diferenccedilas Porto
Alegre Artmed Editora2001
PIAGET J A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila imitaccedilatildeo jogo e sonho
imagem e representaccedilatildeo Zahar Rio de Janeiro 1971
Para onde vai a educaccedilatildeoRio de Janeiro Joseacute Olympio1973
PORTOOliveiraBases da psicopedagogia ndash Diagnostico e intervenccedilatildeo nos
problemas de AprendizagemRio de Janeiro Wak Editora 2009
POZOJIAprendiz e mestresa nova cultura da aprendizagem Trad Ernani
Rosa Porto Alegre Artmed2002
RUBINSTEIN Edith (Org) Psicopedagogia uma praacutetica diferentes estilos Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1999
SANTANNA Ilza Martins Por que avaliar Como Avaliar criteacuterios e
instrumentos Petroacutepolis Vozes 1995
SCOZ Beatriz Psicopedagogia e realidade escolar problema escolar de aprendizagem Petroacutepolis Vozes 1994 Psicopedagogia um portal para a inserccedilatildeo social Petroacutepolis R J VozesSatildeo Paulo ABPp 2003
SHOR Ira FREIRE Paulo Medo e ousadia - o cotidiano do professor Rio de
JaneiroPaz e Terra 1986
SOARES M B Letramento um tema em trecircs gecircneros Autecircntica Belo
Horizonte 1998
63
SOUZA Audrey Setton Lopes Pensando a inibiccedilatildeo intelectualperspectiva
psicanaliacutetica e proposta diagnoacutestica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1995
Vasconcellos C S (2000) Avaliaccedilatildeo Concepccedilatildeo Dialeacutetica-Libertadora do Processo de Avaliaccedilatildeo Escolar Satildeo Paulo Cadernos Pedagoacutegicos do Libertad V 3
VISCA Jorge Tecnicas Proyectivas 3ordf ed 1997 Buenos Aires VYGOTSKY Lev S A Formaccedilatildeo Social da Mente Satildeo Paulo Martins
Fontes ____________ Pensamento e Linguagem Satildeo Paulo Martins Fontes 1998
WALLON H Evoluccedilatildeo psicoloacutegica da crianccedila Andes Rio de Janeiro
1941
64
WEBGRAFIA
wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009
wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009
wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009
wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
55acima mencionado pois muitas vezes natildeo quer enxergar essa crianccedila com
dificuldades essa crianccedila que muitas vezes estaacute pedindo socorro pedindo
um abraccedilo um carinho um beijo e que natildeo produz na escola para chamar a
atenccedilatildeo para o seu pedido a sua carecircncia Esse viacutenculo afetivo eacute primordial
para o bom desenvolvimento da crianccedila
Segundo Souza (1995) quando diz que
Fatores da vida psiacutequica da crianccedila podem atrapalhar o bom
desenvolvimento dos processos cognitivos e sua relaccedilatildeo com a
aquisiccedilatildeo de conhecimentos e com a famiacutelia na medida em que
atitudes parentais influenciam sobremaneira a relaccedilatildeo da crianccedila com
o conhecimento (Souza 1995 p58)
Sabemos que uma crianccedila soacute aprende se ela tem o desejo de aprender E
para isso eacute importante que os pais contribuam para que ela tenha esse desejo
Existe um desejo por parte da famiacutelia quando a crianccedila eacute colocada na escola
pois da crianccedila eacute cobrado que seja bem-sucedida Poreacutem quando esse
desejo natildeo se realiza como esperado surgem a frustraccedilatildeo e a raiva que
acabam colocando a crianccedila num plano de menos valia surgindo daiacute as
dificuldades na aprendizagem
Para BOSZOMENY (apud Polity 2000)
Uma crianccedila pode desistir da escola porque aceita uma
responsabilidade emocional encarregando-se do cuidado de algum
membro da famiacutelia Isso se produz em resposta agrave depressatildeo da matildee
e da falta de disponibilidade emocional do pai que de maneira
inconsciente ratifica a necessidade que tem a esposa que seu filho a
cuide BOSZOMENY (apud Polity 2000)
A intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica tambeacutem se propotildee a incluir os pais no
processo por intermeacutedio de reuniotildees possibilitando o acompanhamento do
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
BIBLIOGRAFIA
ANGELONI M T Organizaccedilotildees do conhecimento infra-estrutura pessoas e tecnologias Satildeo Paulo Saraiva 2003 ANTUNESC Novas maneiras de ensinar novas maneias de aprenderPorto Alegre Artmed2002 ASTOLFI Jean-Pierre A didaacutetica das ciecircncias Campinas Papiros 1990
BARBOSA Laura Monte Serrat A Psicopedagogia no Acircmbito da Instituiccedilatildeo
Escolar Curitiba Expoente 2001
BARTHES Roland O rumor da liacutengua Lisboa Ediccedilotildees 70 1987
BEAUCLAIRJoatildeoPsicopedagogia trabalhando competecircncias criando
habilidades Coleccedilatildeo Olhar Psicopedagogico Rio de JaneiroWAK2004
BOSSA Naacutedia A Psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da
praacutetica Porto Alegre Artes Meacutedicas Sul 1994
A Psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da
praacutetica 2ordf ed Porto Alegre Artes Meacutedicas Sul 2000
BOURDIEU Pierre O poder simboacutelico Lisboa Dlfel 1989
BRASIL Constituiccedilatildeo Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil
1988 Satildeo Paulo Saraiva 1988
60CASTRO A H O professor e o mundo contemporacircneoJornal O Diaacuterio
Barretos opiniatildeo aberta 08 jul 2004
DOWBOR L A reproduccedilatildeo Social Satildeo Paulo Vozes 1998
EZPELETA Justa ROCKWELL Elsie Pesquisa participante Satildeo Paulo
Cortez 1986
DEMO P Conhecimento moderno Petroacutepolis RJ Vozes 1997
FAGALI Eloiacutesa Quadros RIO DO VALLE Zeacutelia Rio Psicopedagogia
institucional aplicada a aprendizagem escolar dinacircmica e a
construccedilatildeo na sala de aula Vozes Petroacutepolis 1993 p 9-11
FERMINO Fernandes Sisto BORUCHOVITH Evely DIEHL Tolaine Lucila
Fin Dificuldades de aprendizagem no contexto psicopedagoacutegico
Petroacutepolis RJ Vozes 2001
FERNAacuteNDEZ Aliacutecia A inteligecircncia aprisionada - abordagem
psicopedagoacutegica cliacutenica da crianccedila e sua famiacutelia 2ordf reed Porto Alegre Artes
Meacutedicas Sul 1991
A inteligecircncia aprisionada Porto Alegre Artes
Meacutedicas 1991
FREIRE PauloUma escola chamada vidaSPAacutetica 2000
GARDNER Howard As estruturas da mente - a teoria das inteligecircncias
muacuteltiplas Porto Alegre Artes Meacutedicas 1994
61GADOTTI M Perspectivas atuais da educaccedilatildeo Porto Alegre Ed Artes
Meacutedicas 2000
GONCcedilALVESJulia EugeniaCom vocecircs a psicopedagogiainPINTOMaria
Alice(org) psicopedagogia diversas faces muacuteltiplos olharesSatildeo Paulo
Editora Olho Dagravegua2003
HOFFMANN Jussara ML Avaliaccedilatildeo mito e desafio-uma perspectiva
construtivistaEducaccedilatildeo e Realidade Porto Alegre 1991
Avaliaccedilatildeo mito amp desafio uma perspectiva
construtiva 11 ed Porto Alegre Educaccedilatildeo amp Realidade 1993
IGEA Benito del Rincoacuten e colaboradores Presente e futuro do trabalho
psicopedagoacutegico Porto Alegre Artmed 2005
KISHIMOTO T M O jogo e a educaccedilatildeo infantil Satildeo Paulo Cortez Editora
1996
KOHL Marta Vygotsky - aprendizado e desenvolvimento um processo
soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 1993
LUCKESI C C Avaliaccedilatildeo da aprendizagem escolar 4 ed Satildeo Paulo
Cortez 1996
MALUF e BOMBONATTO Historia da Psicopedagogia e da ABPp no
BrasilRio de Janeiro 2007
MERANI Alberto L Psicologia e pedagogia - as ideacuteias de Henri Wallon
Lisboa Editorial Notiacutecias 1977
MORETTO Vasco Avaliaccedilatildeo da aprendizagem uma relaccedilatildeo eacutetica In VI
CONGRESSO PEDAGOacuteGICO DA ANEB Brasiacutelia
1996 ( Palestra)
62MRECH Leny M Uma breve discussatildeo a respeito da concretude do
material pedagoacutegico ln Boletim da Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia
Ano 6 n 13 jun
PERRENOUD Philippe A Pedagogia na Escola das Diferenccedilas Porto
Alegre Artmed Editora2001
PIAGET J A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila imitaccedilatildeo jogo e sonho
imagem e representaccedilatildeo Zahar Rio de Janeiro 1971
Para onde vai a educaccedilatildeoRio de Janeiro Joseacute Olympio1973
PORTOOliveiraBases da psicopedagogia ndash Diagnostico e intervenccedilatildeo nos
problemas de AprendizagemRio de Janeiro Wak Editora 2009
POZOJIAprendiz e mestresa nova cultura da aprendizagem Trad Ernani
Rosa Porto Alegre Artmed2002
RUBINSTEIN Edith (Org) Psicopedagogia uma praacutetica diferentes estilos Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1999
SANTANNA Ilza Martins Por que avaliar Como Avaliar criteacuterios e
instrumentos Petroacutepolis Vozes 1995
SCOZ Beatriz Psicopedagogia e realidade escolar problema escolar de aprendizagem Petroacutepolis Vozes 1994 Psicopedagogia um portal para a inserccedilatildeo social Petroacutepolis R J VozesSatildeo Paulo ABPp 2003
SHOR Ira FREIRE Paulo Medo e ousadia - o cotidiano do professor Rio de
JaneiroPaz e Terra 1986
SOARES M B Letramento um tema em trecircs gecircneros Autecircntica Belo
Horizonte 1998
63
SOUZA Audrey Setton Lopes Pensando a inibiccedilatildeo intelectualperspectiva
psicanaliacutetica e proposta diagnoacutestica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1995
Vasconcellos C S (2000) Avaliaccedilatildeo Concepccedilatildeo Dialeacutetica-Libertadora do Processo de Avaliaccedilatildeo Escolar Satildeo Paulo Cadernos Pedagoacutegicos do Libertad V 3
VISCA Jorge Tecnicas Proyectivas 3ordf ed 1997 Buenos Aires VYGOTSKY Lev S A Formaccedilatildeo Social da Mente Satildeo Paulo Martins
Fontes ____________ Pensamento e Linguagem Satildeo Paulo Martins Fontes 1998
WALLON H Evoluccedilatildeo psicoloacutegica da crianccedila Andes Rio de Janeiro
1941
64
WEBGRAFIA
wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009
wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009
wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009
wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
56trabalho realizado junto aos professores Assegurada uma maior
compreensatildeo os pais ocupam um novo espaccedilo no contexto do trabalho
abandonando o papel de meros espectadores assumindo a posiccedilatildeo de
parceiros participando e opinando
CONCLUSAtildeO
O psicopedagogo institucional como um profissional qualificado estaacute apto a
trabalhar na aacuterea da educaccedilatildeo dando assistecircncia aos professores e a outros
profissionais da instituiccedilatildeo escolar para melhoria das condiccedilotildees do processo
ensino-aprendizagem bem como para prevenccedilatildeo dos problemas de
aprendizagem
Por meio de teacutecnicas e meacutetodos proacuteprios o psicopedagogo possibilita uma
intervenccedilatildeo psicopedagoacutegica visando agrave soluccedilatildeo de problemas de
aprendizagem em espaccedilos institucionais Juntamente com toda a equipe
escolar estaacute mobilizado na construccedilatildeo de um espaccedilo adequado agraves condiccedilotildees
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos Elege a metodologia e
ou a forma de intervenccedilatildeo com o objetivo de facilitar e ou desobstruir tal
processo
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituiccedilatildeo escolar
relacionam-se de modo significativo A sua formaccedilatildeo pessoal e profissional
implicam a configuraccedilatildeo de uma identidade proacutepria e singular que seja capaz
de reunir qualidades habilidades e competecircncias de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
escolar
A psicopedagogia eacute uma aacuterea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes Acreditamos que se
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
BIBLIOGRAFIA
ANGELONI M T Organizaccedilotildees do conhecimento infra-estrutura pessoas e tecnologias Satildeo Paulo Saraiva 2003 ANTUNESC Novas maneiras de ensinar novas maneias de aprenderPorto Alegre Artmed2002 ASTOLFI Jean-Pierre A didaacutetica das ciecircncias Campinas Papiros 1990
BARBOSA Laura Monte Serrat A Psicopedagogia no Acircmbito da Instituiccedilatildeo
Escolar Curitiba Expoente 2001
BARTHES Roland O rumor da liacutengua Lisboa Ediccedilotildees 70 1987
BEAUCLAIRJoatildeoPsicopedagogia trabalhando competecircncias criando
habilidades Coleccedilatildeo Olhar Psicopedagogico Rio de JaneiroWAK2004
BOSSA Naacutedia A Psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da
praacutetica Porto Alegre Artes Meacutedicas Sul 1994
A Psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da
praacutetica 2ordf ed Porto Alegre Artes Meacutedicas Sul 2000
BOURDIEU Pierre O poder simboacutelico Lisboa Dlfel 1989
BRASIL Constituiccedilatildeo Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil
1988 Satildeo Paulo Saraiva 1988
60CASTRO A H O professor e o mundo contemporacircneoJornal O Diaacuterio
Barretos opiniatildeo aberta 08 jul 2004
DOWBOR L A reproduccedilatildeo Social Satildeo Paulo Vozes 1998
EZPELETA Justa ROCKWELL Elsie Pesquisa participante Satildeo Paulo
Cortez 1986
DEMO P Conhecimento moderno Petroacutepolis RJ Vozes 1997
FAGALI Eloiacutesa Quadros RIO DO VALLE Zeacutelia Rio Psicopedagogia
institucional aplicada a aprendizagem escolar dinacircmica e a
construccedilatildeo na sala de aula Vozes Petroacutepolis 1993 p 9-11
FERMINO Fernandes Sisto BORUCHOVITH Evely DIEHL Tolaine Lucila
Fin Dificuldades de aprendizagem no contexto psicopedagoacutegico
Petroacutepolis RJ Vozes 2001
FERNAacuteNDEZ Aliacutecia A inteligecircncia aprisionada - abordagem
psicopedagoacutegica cliacutenica da crianccedila e sua famiacutelia 2ordf reed Porto Alegre Artes
Meacutedicas Sul 1991
A inteligecircncia aprisionada Porto Alegre Artes
Meacutedicas 1991
FREIRE PauloUma escola chamada vidaSPAacutetica 2000
GARDNER Howard As estruturas da mente - a teoria das inteligecircncias
muacuteltiplas Porto Alegre Artes Meacutedicas 1994
61GADOTTI M Perspectivas atuais da educaccedilatildeo Porto Alegre Ed Artes
Meacutedicas 2000
GONCcedilALVESJulia EugeniaCom vocecircs a psicopedagogiainPINTOMaria
Alice(org) psicopedagogia diversas faces muacuteltiplos olharesSatildeo Paulo
Editora Olho Dagravegua2003
HOFFMANN Jussara ML Avaliaccedilatildeo mito e desafio-uma perspectiva
construtivistaEducaccedilatildeo e Realidade Porto Alegre 1991
Avaliaccedilatildeo mito amp desafio uma perspectiva
construtiva 11 ed Porto Alegre Educaccedilatildeo amp Realidade 1993
IGEA Benito del Rincoacuten e colaboradores Presente e futuro do trabalho
psicopedagoacutegico Porto Alegre Artmed 2005
KISHIMOTO T M O jogo e a educaccedilatildeo infantil Satildeo Paulo Cortez Editora
1996
KOHL Marta Vygotsky - aprendizado e desenvolvimento um processo
soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 1993
LUCKESI C C Avaliaccedilatildeo da aprendizagem escolar 4 ed Satildeo Paulo
Cortez 1996
MALUF e BOMBONATTO Historia da Psicopedagogia e da ABPp no
BrasilRio de Janeiro 2007
MERANI Alberto L Psicologia e pedagogia - as ideacuteias de Henri Wallon
Lisboa Editorial Notiacutecias 1977
MORETTO Vasco Avaliaccedilatildeo da aprendizagem uma relaccedilatildeo eacutetica In VI
CONGRESSO PEDAGOacuteGICO DA ANEB Brasiacutelia
1996 ( Palestra)
62MRECH Leny M Uma breve discussatildeo a respeito da concretude do
material pedagoacutegico ln Boletim da Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia
Ano 6 n 13 jun
PERRENOUD Philippe A Pedagogia na Escola das Diferenccedilas Porto
Alegre Artmed Editora2001
PIAGET J A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila imitaccedilatildeo jogo e sonho
imagem e representaccedilatildeo Zahar Rio de Janeiro 1971
Para onde vai a educaccedilatildeoRio de Janeiro Joseacute Olympio1973
PORTOOliveiraBases da psicopedagogia ndash Diagnostico e intervenccedilatildeo nos
problemas de AprendizagemRio de Janeiro Wak Editora 2009
POZOJIAprendiz e mestresa nova cultura da aprendizagem Trad Ernani
Rosa Porto Alegre Artmed2002
RUBINSTEIN Edith (Org) Psicopedagogia uma praacutetica diferentes estilos Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1999
SANTANNA Ilza Martins Por que avaliar Como Avaliar criteacuterios e
instrumentos Petroacutepolis Vozes 1995
SCOZ Beatriz Psicopedagogia e realidade escolar problema escolar de aprendizagem Petroacutepolis Vozes 1994 Psicopedagogia um portal para a inserccedilatildeo social Petroacutepolis R J VozesSatildeo Paulo ABPp 2003
SHOR Ira FREIRE Paulo Medo e ousadia - o cotidiano do professor Rio de
JaneiroPaz e Terra 1986
SOARES M B Letramento um tema em trecircs gecircneros Autecircntica Belo
Horizonte 1998
63
SOUZA Audrey Setton Lopes Pensando a inibiccedilatildeo intelectualperspectiva
psicanaliacutetica e proposta diagnoacutestica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1995
Vasconcellos C S (2000) Avaliaccedilatildeo Concepccedilatildeo Dialeacutetica-Libertadora do Processo de Avaliaccedilatildeo Escolar Satildeo Paulo Cadernos Pedagoacutegicos do Libertad V 3
VISCA Jorge Tecnicas Proyectivas 3ordf ed 1997 Buenos Aires VYGOTSKY Lev S A Formaccedilatildeo Social da Mente Satildeo Paulo Martins
Fontes ____________ Pensamento e Linguagem Satildeo Paulo Martins Fontes 1998
WALLON H Evoluccedilatildeo psicoloacutegica da crianccedila Andes Rio de Janeiro
1941
64
WEBGRAFIA
wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009
wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009
wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009
wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
57existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades o
nuacutemero de crianccedilas com problemas seria bem menor
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de
aprendizagem buscando conhececirc-lo em seus potenciais construtivos e em
suas dificuldades encaminhando-o por meio de um relatoacuterio quando
necessaacuterio para outros profissionais - psicoacutelogo fonoaudioacutelogo neurologista
etc que realizam diagnoacutestico especializado e exames complementares com o
intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializaccedilatildeo humana no
processo de aquisiccedilatildeo do saber
Segundo Dembo (apud FERMINO et al 1994 p57) Evidecircncias sugerem que
um grande nuacutemero de alunos possui caracteriacutesticas que requerem atenccedilatildeo
educacional diferenciada Neste sentido um trabalho psicopedagoacutegico pode
contribuir muito auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos
sobre as teorias do ensino-aprendizagem e as recentes contribuiccedilotildees de
diversas aacutereas do conhecimento redefinindo-as e sintetizando-as numa accedilatildeo
educativa Esse trabalho permite que o educador se olhe como aprendente e
como ensinante
Aleacutem do jaacute mencionado o psicopedagogo estaacute preparado para auxiliar os
educadores realizando atendimentos pedagoacutegicos individualizados
contribuindo para a compreensatildeo de problemas na sala de aula permitindo ao
professor ver alternativas de accedilatildeo e ver como as demais teacutecnicas podem
intervir bem como participando do diagnoacutestico dos distuacuterbios de aprendizagem
e do atendimento a um pequeno grupo de alunos
Para o psicopedagogo a experiecircncia de intervenccedilatildeo junto ao professor num
processo de parceria possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas Natildeo soacute a sua intervenccedilatildeo junto ao professor eacute positiva Tambeacutem o
eacute a sua participaccedilatildeo em reuniotildees de pais esclarecendo o desenvolvimento dos
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
BIBLIOGRAFIA
ANGELONI M T Organizaccedilotildees do conhecimento infra-estrutura pessoas e tecnologias Satildeo Paulo Saraiva 2003 ANTUNESC Novas maneiras de ensinar novas maneias de aprenderPorto Alegre Artmed2002 ASTOLFI Jean-Pierre A didaacutetica das ciecircncias Campinas Papiros 1990
BARBOSA Laura Monte Serrat A Psicopedagogia no Acircmbito da Instituiccedilatildeo
Escolar Curitiba Expoente 2001
BARTHES Roland O rumor da liacutengua Lisboa Ediccedilotildees 70 1987
BEAUCLAIRJoatildeoPsicopedagogia trabalhando competecircncias criando
habilidades Coleccedilatildeo Olhar Psicopedagogico Rio de JaneiroWAK2004
BOSSA Naacutedia A Psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da
praacutetica Porto Alegre Artes Meacutedicas Sul 1994
A Psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da
praacutetica 2ordf ed Porto Alegre Artes Meacutedicas Sul 2000
BOURDIEU Pierre O poder simboacutelico Lisboa Dlfel 1989
BRASIL Constituiccedilatildeo Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil
1988 Satildeo Paulo Saraiva 1988
60CASTRO A H O professor e o mundo contemporacircneoJornal O Diaacuterio
Barretos opiniatildeo aberta 08 jul 2004
DOWBOR L A reproduccedilatildeo Social Satildeo Paulo Vozes 1998
EZPELETA Justa ROCKWELL Elsie Pesquisa participante Satildeo Paulo
Cortez 1986
DEMO P Conhecimento moderno Petroacutepolis RJ Vozes 1997
FAGALI Eloiacutesa Quadros RIO DO VALLE Zeacutelia Rio Psicopedagogia
institucional aplicada a aprendizagem escolar dinacircmica e a
construccedilatildeo na sala de aula Vozes Petroacutepolis 1993 p 9-11
FERMINO Fernandes Sisto BORUCHOVITH Evely DIEHL Tolaine Lucila
Fin Dificuldades de aprendizagem no contexto psicopedagoacutegico
Petroacutepolis RJ Vozes 2001
FERNAacuteNDEZ Aliacutecia A inteligecircncia aprisionada - abordagem
psicopedagoacutegica cliacutenica da crianccedila e sua famiacutelia 2ordf reed Porto Alegre Artes
Meacutedicas Sul 1991
A inteligecircncia aprisionada Porto Alegre Artes
Meacutedicas 1991
FREIRE PauloUma escola chamada vidaSPAacutetica 2000
GARDNER Howard As estruturas da mente - a teoria das inteligecircncias
muacuteltiplas Porto Alegre Artes Meacutedicas 1994
61GADOTTI M Perspectivas atuais da educaccedilatildeo Porto Alegre Ed Artes
Meacutedicas 2000
GONCcedilALVESJulia EugeniaCom vocecircs a psicopedagogiainPINTOMaria
Alice(org) psicopedagogia diversas faces muacuteltiplos olharesSatildeo Paulo
Editora Olho Dagravegua2003
HOFFMANN Jussara ML Avaliaccedilatildeo mito e desafio-uma perspectiva
construtivistaEducaccedilatildeo e Realidade Porto Alegre 1991
Avaliaccedilatildeo mito amp desafio uma perspectiva
construtiva 11 ed Porto Alegre Educaccedilatildeo amp Realidade 1993
IGEA Benito del Rincoacuten e colaboradores Presente e futuro do trabalho
psicopedagoacutegico Porto Alegre Artmed 2005
KISHIMOTO T M O jogo e a educaccedilatildeo infantil Satildeo Paulo Cortez Editora
1996
KOHL Marta Vygotsky - aprendizado e desenvolvimento um processo
soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 1993
LUCKESI C C Avaliaccedilatildeo da aprendizagem escolar 4 ed Satildeo Paulo
Cortez 1996
MALUF e BOMBONATTO Historia da Psicopedagogia e da ABPp no
BrasilRio de Janeiro 2007
MERANI Alberto L Psicologia e pedagogia - as ideacuteias de Henri Wallon
Lisboa Editorial Notiacutecias 1977
MORETTO Vasco Avaliaccedilatildeo da aprendizagem uma relaccedilatildeo eacutetica In VI
CONGRESSO PEDAGOacuteGICO DA ANEB Brasiacutelia
1996 ( Palestra)
62MRECH Leny M Uma breve discussatildeo a respeito da concretude do
material pedagoacutegico ln Boletim da Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia
Ano 6 n 13 jun
PERRENOUD Philippe A Pedagogia na Escola das Diferenccedilas Porto
Alegre Artmed Editora2001
PIAGET J A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila imitaccedilatildeo jogo e sonho
imagem e representaccedilatildeo Zahar Rio de Janeiro 1971
Para onde vai a educaccedilatildeoRio de Janeiro Joseacute Olympio1973
PORTOOliveiraBases da psicopedagogia ndash Diagnostico e intervenccedilatildeo nos
problemas de AprendizagemRio de Janeiro Wak Editora 2009
POZOJIAprendiz e mestresa nova cultura da aprendizagem Trad Ernani
Rosa Porto Alegre Artmed2002
RUBINSTEIN Edith (Org) Psicopedagogia uma praacutetica diferentes estilos Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1999
SANTANNA Ilza Martins Por que avaliar Como Avaliar criteacuterios e
instrumentos Petroacutepolis Vozes 1995
SCOZ Beatriz Psicopedagogia e realidade escolar problema escolar de aprendizagem Petroacutepolis Vozes 1994 Psicopedagogia um portal para a inserccedilatildeo social Petroacutepolis R J VozesSatildeo Paulo ABPp 2003
SHOR Ira FREIRE Paulo Medo e ousadia - o cotidiano do professor Rio de
JaneiroPaz e Terra 1986
SOARES M B Letramento um tema em trecircs gecircneros Autecircntica Belo
Horizonte 1998
63
SOUZA Audrey Setton Lopes Pensando a inibiccedilatildeo intelectualperspectiva
psicanaliacutetica e proposta diagnoacutestica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1995
Vasconcellos C S (2000) Avaliaccedilatildeo Concepccedilatildeo Dialeacutetica-Libertadora do Processo de Avaliaccedilatildeo Escolar Satildeo Paulo Cadernos Pedagoacutegicos do Libertad V 3
VISCA Jorge Tecnicas Proyectivas 3ordf ed 1997 Buenos Aires VYGOTSKY Lev S A Formaccedilatildeo Social da Mente Satildeo Paulo Martins
Fontes ____________ Pensamento e Linguagem Satildeo Paulo Martins Fontes 1998
WALLON H Evoluccedilatildeo psicoloacutegica da crianccedila Andes Rio de Janeiro
1941
64
WEBGRAFIA
wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009
wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009
wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009
wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
58filhos em conselhos de classe avaliando o processo metodoloacutegico na escola
como um todo acompanhando a relaccedilatildeo professor e aluno aluno e aluno
aluno que vem de outra escola sugerindo atividades buscando estrateacutegias e
apoioDiscorre Bossa (1994)
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbaccedilotildees no
processo aprendizagem participar da dinacircmica da comunidade
educativa favorecendo a integraccedilatildeo promovendo orientaccedilotildees
metodoloacutegicas de acordo com as caracteriacutesticas e particularidades
dos indiviacuteduos do grupo realizando processos de orientaccedilatildeo Jaacute que
no caraacuteter assistencial o psicopedagogo participa de equipes
responsaacuteveis pela elaboraccedilatildeo de planos e projetos no contexto
teoacutericopraacutetico das poliacuteticas educacionais fazendo com que os
professores diretores e coordenadores possam repensar o papel da
escola frente a sua docecircncia e agraves necessidades individuais de
aprendizagem da crianccedila ou da proacutepria ensinagem
Bossa (1994p23)
O estudo psicopedagoacutegico atinge seus objetivos quando ampliando a
compreensatildeo sobre as caracteriacutesticas e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno abre espaccedilo para que a escola viabilize recursos para
atender agraves necessidades de aprendizagem Para isso deve analisar o Projeto
Poliacutetico-Pedagoacutegico sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que eacute
valorizado como aprendizagem Desta forma o fazer psicopedagoacutegico se
transforma podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxiacutelio de
aprendizagem
Eacute preciso entretanto enfatizar a necessidade de continuidade deste estudo
que natildeo deve ser encarado como uma receita infaliacutevel para o sucesso escolar
jaacute que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado ndash ele se
constroacutei e reconstroacutei
59
BIBLIOGRAFIA
ANGELONI M T Organizaccedilotildees do conhecimento infra-estrutura pessoas e tecnologias Satildeo Paulo Saraiva 2003 ANTUNESC Novas maneiras de ensinar novas maneias de aprenderPorto Alegre Artmed2002 ASTOLFI Jean-Pierre A didaacutetica das ciecircncias Campinas Papiros 1990
BARBOSA Laura Monte Serrat A Psicopedagogia no Acircmbito da Instituiccedilatildeo
Escolar Curitiba Expoente 2001
BARTHES Roland O rumor da liacutengua Lisboa Ediccedilotildees 70 1987
BEAUCLAIRJoatildeoPsicopedagogia trabalhando competecircncias criando
habilidades Coleccedilatildeo Olhar Psicopedagogico Rio de JaneiroWAK2004
BOSSA Naacutedia A Psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da
praacutetica Porto Alegre Artes Meacutedicas Sul 1994
A Psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da
praacutetica 2ordf ed Porto Alegre Artes Meacutedicas Sul 2000
BOURDIEU Pierre O poder simboacutelico Lisboa Dlfel 1989
BRASIL Constituiccedilatildeo Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil
1988 Satildeo Paulo Saraiva 1988
60CASTRO A H O professor e o mundo contemporacircneoJornal O Diaacuterio
Barretos opiniatildeo aberta 08 jul 2004
DOWBOR L A reproduccedilatildeo Social Satildeo Paulo Vozes 1998
EZPELETA Justa ROCKWELL Elsie Pesquisa participante Satildeo Paulo
Cortez 1986
DEMO P Conhecimento moderno Petroacutepolis RJ Vozes 1997
FAGALI Eloiacutesa Quadros RIO DO VALLE Zeacutelia Rio Psicopedagogia
institucional aplicada a aprendizagem escolar dinacircmica e a
construccedilatildeo na sala de aula Vozes Petroacutepolis 1993 p 9-11
FERMINO Fernandes Sisto BORUCHOVITH Evely DIEHL Tolaine Lucila
Fin Dificuldades de aprendizagem no contexto psicopedagoacutegico
Petroacutepolis RJ Vozes 2001
FERNAacuteNDEZ Aliacutecia A inteligecircncia aprisionada - abordagem
psicopedagoacutegica cliacutenica da crianccedila e sua famiacutelia 2ordf reed Porto Alegre Artes
Meacutedicas Sul 1991
A inteligecircncia aprisionada Porto Alegre Artes
Meacutedicas 1991
FREIRE PauloUma escola chamada vidaSPAacutetica 2000
GARDNER Howard As estruturas da mente - a teoria das inteligecircncias
muacuteltiplas Porto Alegre Artes Meacutedicas 1994
61GADOTTI M Perspectivas atuais da educaccedilatildeo Porto Alegre Ed Artes
Meacutedicas 2000
GONCcedilALVESJulia EugeniaCom vocecircs a psicopedagogiainPINTOMaria
Alice(org) psicopedagogia diversas faces muacuteltiplos olharesSatildeo Paulo
Editora Olho Dagravegua2003
HOFFMANN Jussara ML Avaliaccedilatildeo mito e desafio-uma perspectiva
construtivistaEducaccedilatildeo e Realidade Porto Alegre 1991
Avaliaccedilatildeo mito amp desafio uma perspectiva
construtiva 11 ed Porto Alegre Educaccedilatildeo amp Realidade 1993
IGEA Benito del Rincoacuten e colaboradores Presente e futuro do trabalho
psicopedagoacutegico Porto Alegre Artmed 2005
KISHIMOTO T M O jogo e a educaccedilatildeo infantil Satildeo Paulo Cortez Editora
1996
KOHL Marta Vygotsky - aprendizado e desenvolvimento um processo
soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 1993
LUCKESI C C Avaliaccedilatildeo da aprendizagem escolar 4 ed Satildeo Paulo
Cortez 1996
MALUF e BOMBONATTO Historia da Psicopedagogia e da ABPp no
BrasilRio de Janeiro 2007
MERANI Alberto L Psicologia e pedagogia - as ideacuteias de Henri Wallon
Lisboa Editorial Notiacutecias 1977
MORETTO Vasco Avaliaccedilatildeo da aprendizagem uma relaccedilatildeo eacutetica In VI
CONGRESSO PEDAGOacuteGICO DA ANEB Brasiacutelia
1996 ( Palestra)
62MRECH Leny M Uma breve discussatildeo a respeito da concretude do
material pedagoacutegico ln Boletim da Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia
Ano 6 n 13 jun
PERRENOUD Philippe A Pedagogia na Escola das Diferenccedilas Porto
Alegre Artmed Editora2001
PIAGET J A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila imitaccedilatildeo jogo e sonho
imagem e representaccedilatildeo Zahar Rio de Janeiro 1971
Para onde vai a educaccedilatildeoRio de Janeiro Joseacute Olympio1973
PORTOOliveiraBases da psicopedagogia ndash Diagnostico e intervenccedilatildeo nos
problemas de AprendizagemRio de Janeiro Wak Editora 2009
POZOJIAprendiz e mestresa nova cultura da aprendizagem Trad Ernani
Rosa Porto Alegre Artmed2002
RUBINSTEIN Edith (Org) Psicopedagogia uma praacutetica diferentes estilos Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1999
SANTANNA Ilza Martins Por que avaliar Como Avaliar criteacuterios e
instrumentos Petroacutepolis Vozes 1995
SCOZ Beatriz Psicopedagogia e realidade escolar problema escolar de aprendizagem Petroacutepolis Vozes 1994 Psicopedagogia um portal para a inserccedilatildeo social Petroacutepolis R J VozesSatildeo Paulo ABPp 2003
SHOR Ira FREIRE Paulo Medo e ousadia - o cotidiano do professor Rio de
JaneiroPaz e Terra 1986
SOARES M B Letramento um tema em trecircs gecircneros Autecircntica Belo
Horizonte 1998
63
SOUZA Audrey Setton Lopes Pensando a inibiccedilatildeo intelectualperspectiva
psicanaliacutetica e proposta diagnoacutestica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1995
Vasconcellos C S (2000) Avaliaccedilatildeo Concepccedilatildeo Dialeacutetica-Libertadora do Processo de Avaliaccedilatildeo Escolar Satildeo Paulo Cadernos Pedagoacutegicos do Libertad V 3
VISCA Jorge Tecnicas Proyectivas 3ordf ed 1997 Buenos Aires VYGOTSKY Lev S A Formaccedilatildeo Social da Mente Satildeo Paulo Martins
Fontes ____________ Pensamento e Linguagem Satildeo Paulo Martins Fontes 1998
WALLON H Evoluccedilatildeo psicoloacutegica da crianccedila Andes Rio de Janeiro
1941
64
WEBGRAFIA
wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009
wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009
wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009
wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
59
BIBLIOGRAFIA
ANGELONI M T Organizaccedilotildees do conhecimento infra-estrutura pessoas e tecnologias Satildeo Paulo Saraiva 2003 ANTUNESC Novas maneiras de ensinar novas maneias de aprenderPorto Alegre Artmed2002 ASTOLFI Jean-Pierre A didaacutetica das ciecircncias Campinas Papiros 1990
BARBOSA Laura Monte Serrat A Psicopedagogia no Acircmbito da Instituiccedilatildeo
Escolar Curitiba Expoente 2001
BARTHES Roland O rumor da liacutengua Lisboa Ediccedilotildees 70 1987
BEAUCLAIRJoatildeoPsicopedagogia trabalhando competecircncias criando
habilidades Coleccedilatildeo Olhar Psicopedagogico Rio de JaneiroWAK2004
BOSSA Naacutedia A Psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da
praacutetica Porto Alegre Artes Meacutedicas Sul 1994
A Psicopedagogia no Brasil contribuiccedilotildees a partir da
praacutetica 2ordf ed Porto Alegre Artes Meacutedicas Sul 2000
BOURDIEU Pierre O poder simboacutelico Lisboa Dlfel 1989
BRASIL Constituiccedilatildeo Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil
1988 Satildeo Paulo Saraiva 1988
60CASTRO A H O professor e o mundo contemporacircneoJornal O Diaacuterio
Barretos opiniatildeo aberta 08 jul 2004
DOWBOR L A reproduccedilatildeo Social Satildeo Paulo Vozes 1998
EZPELETA Justa ROCKWELL Elsie Pesquisa participante Satildeo Paulo
Cortez 1986
DEMO P Conhecimento moderno Petroacutepolis RJ Vozes 1997
FAGALI Eloiacutesa Quadros RIO DO VALLE Zeacutelia Rio Psicopedagogia
institucional aplicada a aprendizagem escolar dinacircmica e a
construccedilatildeo na sala de aula Vozes Petroacutepolis 1993 p 9-11
FERMINO Fernandes Sisto BORUCHOVITH Evely DIEHL Tolaine Lucila
Fin Dificuldades de aprendizagem no contexto psicopedagoacutegico
Petroacutepolis RJ Vozes 2001
FERNAacuteNDEZ Aliacutecia A inteligecircncia aprisionada - abordagem
psicopedagoacutegica cliacutenica da crianccedila e sua famiacutelia 2ordf reed Porto Alegre Artes
Meacutedicas Sul 1991
A inteligecircncia aprisionada Porto Alegre Artes
Meacutedicas 1991
FREIRE PauloUma escola chamada vidaSPAacutetica 2000
GARDNER Howard As estruturas da mente - a teoria das inteligecircncias
muacuteltiplas Porto Alegre Artes Meacutedicas 1994
61GADOTTI M Perspectivas atuais da educaccedilatildeo Porto Alegre Ed Artes
Meacutedicas 2000
GONCcedilALVESJulia EugeniaCom vocecircs a psicopedagogiainPINTOMaria
Alice(org) psicopedagogia diversas faces muacuteltiplos olharesSatildeo Paulo
Editora Olho Dagravegua2003
HOFFMANN Jussara ML Avaliaccedilatildeo mito e desafio-uma perspectiva
construtivistaEducaccedilatildeo e Realidade Porto Alegre 1991
Avaliaccedilatildeo mito amp desafio uma perspectiva
construtiva 11 ed Porto Alegre Educaccedilatildeo amp Realidade 1993
IGEA Benito del Rincoacuten e colaboradores Presente e futuro do trabalho
psicopedagoacutegico Porto Alegre Artmed 2005
KISHIMOTO T M O jogo e a educaccedilatildeo infantil Satildeo Paulo Cortez Editora
1996
KOHL Marta Vygotsky - aprendizado e desenvolvimento um processo
soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 1993
LUCKESI C C Avaliaccedilatildeo da aprendizagem escolar 4 ed Satildeo Paulo
Cortez 1996
MALUF e BOMBONATTO Historia da Psicopedagogia e da ABPp no
BrasilRio de Janeiro 2007
MERANI Alberto L Psicologia e pedagogia - as ideacuteias de Henri Wallon
Lisboa Editorial Notiacutecias 1977
MORETTO Vasco Avaliaccedilatildeo da aprendizagem uma relaccedilatildeo eacutetica In VI
CONGRESSO PEDAGOacuteGICO DA ANEB Brasiacutelia
1996 ( Palestra)
62MRECH Leny M Uma breve discussatildeo a respeito da concretude do
material pedagoacutegico ln Boletim da Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia
Ano 6 n 13 jun
PERRENOUD Philippe A Pedagogia na Escola das Diferenccedilas Porto
Alegre Artmed Editora2001
PIAGET J A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila imitaccedilatildeo jogo e sonho
imagem e representaccedilatildeo Zahar Rio de Janeiro 1971
Para onde vai a educaccedilatildeoRio de Janeiro Joseacute Olympio1973
PORTOOliveiraBases da psicopedagogia ndash Diagnostico e intervenccedilatildeo nos
problemas de AprendizagemRio de Janeiro Wak Editora 2009
POZOJIAprendiz e mestresa nova cultura da aprendizagem Trad Ernani
Rosa Porto Alegre Artmed2002
RUBINSTEIN Edith (Org) Psicopedagogia uma praacutetica diferentes estilos Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1999
SANTANNA Ilza Martins Por que avaliar Como Avaliar criteacuterios e
instrumentos Petroacutepolis Vozes 1995
SCOZ Beatriz Psicopedagogia e realidade escolar problema escolar de aprendizagem Petroacutepolis Vozes 1994 Psicopedagogia um portal para a inserccedilatildeo social Petroacutepolis R J VozesSatildeo Paulo ABPp 2003
SHOR Ira FREIRE Paulo Medo e ousadia - o cotidiano do professor Rio de
JaneiroPaz e Terra 1986
SOARES M B Letramento um tema em trecircs gecircneros Autecircntica Belo
Horizonte 1998
63
SOUZA Audrey Setton Lopes Pensando a inibiccedilatildeo intelectualperspectiva
psicanaliacutetica e proposta diagnoacutestica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1995
Vasconcellos C S (2000) Avaliaccedilatildeo Concepccedilatildeo Dialeacutetica-Libertadora do Processo de Avaliaccedilatildeo Escolar Satildeo Paulo Cadernos Pedagoacutegicos do Libertad V 3
VISCA Jorge Tecnicas Proyectivas 3ordf ed 1997 Buenos Aires VYGOTSKY Lev S A Formaccedilatildeo Social da Mente Satildeo Paulo Martins
Fontes ____________ Pensamento e Linguagem Satildeo Paulo Martins Fontes 1998
WALLON H Evoluccedilatildeo psicoloacutegica da crianccedila Andes Rio de Janeiro
1941
64
WEBGRAFIA
wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009
wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009
wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009
wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
60CASTRO A H O professor e o mundo contemporacircneoJornal O Diaacuterio
Barretos opiniatildeo aberta 08 jul 2004
DOWBOR L A reproduccedilatildeo Social Satildeo Paulo Vozes 1998
EZPELETA Justa ROCKWELL Elsie Pesquisa participante Satildeo Paulo
Cortez 1986
DEMO P Conhecimento moderno Petroacutepolis RJ Vozes 1997
FAGALI Eloiacutesa Quadros RIO DO VALLE Zeacutelia Rio Psicopedagogia
institucional aplicada a aprendizagem escolar dinacircmica e a
construccedilatildeo na sala de aula Vozes Petroacutepolis 1993 p 9-11
FERMINO Fernandes Sisto BORUCHOVITH Evely DIEHL Tolaine Lucila
Fin Dificuldades de aprendizagem no contexto psicopedagoacutegico
Petroacutepolis RJ Vozes 2001
FERNAacuteNDEZ Aliacutecia A inteligecircncia aprisionada - abordagem
psicopedagoacutegica cliacutenica da crianccedila e sua famiacutelia 2ordf reed Porto Alegre Artes
Meacutedicas Sul 1991
A inteligecircncia aprisionada Porto Alegre Artes
Meacutedicas 1991
FREIRE PauloUma escola chamada vidaSPAacutetica 2000
GARDNER Howard As estruturas da mente - a teoria das inteligecircncias
muacuteltiplas Porto Alegre Artes Meacutedicas 1994
61GADOTTI M Perspectivas atuais da educaccedilatildeo Porto Alegre Ed Artes
Meacutedicas 2000
GONCcedilALVESJulia EugeniaCom vocecircs a psicopedagogiainPINTOMaria
Alice(org) psicopedagogia diversas faces muacuteltiplos olharesSatildeo Paulo
Editora Olho Dagravegua2003
HOFFMANN Jussara ML Avaliaccedilatildeo mito e desafio-uma perspectiva
construtivistaEducaccedilatildeo e Realidade Porto Alegre 1991
Avaliaccedilatildeo mito amp desafio uma perspectiva
construtiva 11 ed Porto Alegre Educaccedilatildeo amp Realidade 1993
IGEA Benito del Rincoacuten e colaboradores Presente e futuro do trabalho
psicopedagoacutegico Porto Alegre Artmed 2005
KISHIMOTO T M O jogo e a educaccedilatildeo infantil Satildeo Paulo Cortez Editora
1996
KOHL Marta Vygotsky - aprendizado e desenvolvimento um processo
soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 1993
LUCKESI C C Avaliaccedilatildeo da aprendizagem escolar 4 ed Satildeo Paulo
Cortez 1996
MALUF e BOMBONATTO Historia da Psicopedagogia e da ABPp no
BrasilRio de Janeiro 2007
MERANI Alberto L Psicologia e pedagogia - as ideacuteias de Henri Wallon
Lisboa Editorial Notiacutecias 1977
MORETTO Vasco Avaliaccedilatildeo da aprendizagem uma relaccedilatildeo eacutetica In VI
CONGRESSO PEDAGOacuteGICO DA ANEB Brasiacutelia
1996 ( Palestra)
62MRECH Leny M Uma breve discussatildeo a respeito da concretude do
material pedagoacutegico ln Boletim da Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia
Ano 6 n 13 jun
PERRENOUD Philippe A Pedagogia na Escola das Diferenccedilas Porto
Alegre Artmed Editora2001
PIAGET J A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila imitaccedilatildeo jogo e sonho
imagem e representaccedilatildeo Zahar Rio de Janeiro 1971
Para onde vai a educaccedilatildeoRio de Janeiro Joseacute Olympio1973
PORTOOliveiraBases da psicopedagogia ndash Diagnostico e intervenccedilatildeo nos
problemas de AprendizagemRio de Janeiro Wak Editora 2009
POZOJIAprendiz e mestresa nova cultura da aprendizagem Trad Ernani
Rosa Porto Alegre Artmed2002
RUBINSTEIN Edith (Org) Psicopedagogia uma praacutetica diferentes estilos Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1999
SANTANNA Ilza Martins Por que avaliar Como Avaliar criteacuterios e
instrumentos Petroacutepolis Vozes 1995
SCOZ Beatriz Psicopedagogia e realidade escolar problema escolar de aprendizagem Petroacutepolis Vozes 1994 Psicopedagogia um portal para a inserccedilatildeo social Petroacutepolis R J VozesSatildeo Paulo ABPp 2003
SHOR Ira FREIRE Paulo Medo e ousadia - o cotidiano do professor Rio de
JaneiroPaz e Terra 1986
SOARES M B Letramento um tema em trecircs gecircneros Autecircntica Belo
Horizonte 1998
63
SOUZA Audrey Setton Lopes Pensando a inibiccedilatildeo intelectualperspectiva
psicanaliacutetica e proposta diagnoacutestica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1995
Vasconcellos C S (2000) Avaliaccedilatildeo Concepccedilatildeo Dialeacutetica-Libertadora do Processo de Avaliaccedilatildeo Escolar Satildeo Paulo Cadernos Pedagoacutegicos do Libertad V 3
VISCA Jorge Tecnicas Proyectivas 3ordf ed 1997 Buenos Aires VYGOTSKY Lev S A Formaccedilatildeo Social da Mente Satildeo Paulo Martins
Fontes ____________ Pensamento e Linguagem Satildeo Paulo Martins Fontes 1998
WALLON H Evoluccedilatildeo psicoloacutegica da crianccedila Andes Rio de Janeiro
1941
64
WEBGRAFIA
wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009
wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009
wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009
wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
61GADOTTI M Perspectivas atuais da educaccedilatildeo Porto Alegre Ed Artes
Meacutedicas 2000
GONCcedilALVESJulia EugeniaCom vocecircs a psicopedagogiainPINTOMaria
Alice(org) psicopedagogia diversas faces muacuteltiplos olharesSatildeo Paulo
Editora Olho Dagravegua2003
HOFFMANN Jussara ML Avaliaccedilatildeo mito e desafio-uma perspectiva
construtivistaEducaccedilatildeo e Realidade Porto Alegre 1991
Avaliaccedilatildeo mito amp desafio uma perspectiva
construtiva 11 ed Porto Alegre Educaccedilatildeo amp Realidade 1993
IGEA Benito del Rincoacuten e colaboradores Presente e futuro do trabalho
psicopedagoacutegico Porto Alegre Artmed 2005
KISHIMOTO T M O jogo e a educaccedilatildeo infantil Satildeo Paulo Cortez Editora
1996
KOHL Marta Vygotsky - aprendizado e desenvolvimento um processo
soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 1993
LUCKESI C C Avaliaccedilatildeo da aprendizagem escolar 4 ed Satildeo Paulo
Cortez 1996
MALUF e BOMBONATTO Historia da Psicopedagogia e da ABPp no
BrasilRio de Janeiro 2007
MERANI Alberto L Psicologia e pedagogia - as ideacuteias de Henri Wallon
Lisboa Editorial Notiacutecias 1977
MORETTO Vasco Avaliaccedilatildeo da aprendizagem uma relaccedilatildeo eacutetica In VI
CONGRESSO PEDAGOacuteGICO DA ANEB Brasiacutelia
1996 ( Palestra)
62MRECH Leny M Uma breve discussatildeo a respeito da concretude do
material pedagoacutegico ln Boletim da Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia
Ano 6 n 13 jun
PERRENOUD Philippe A Pedagogia na Escola das Diferenccedilas Porto
Alegre Artmed Editora2001
PIAGET J A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila imitaccedilatildeo jogo e sonho
imagem e representaccedilatildeo Zahar Rio de Janeiro 1971
Para onde vai a educaccedilatildeoRio de Janeiro Joseacute Olympio1973
PORTOOliveiraBases da psicopedagogia ndash Diagnostico e intervenccedilatildeo nos
problemas de AprendizagemRio de Janeiro Wak Editora 2009
POZOJIAprendiz e mestresa nova cultura da aprendizagem Trad Ernani
Rosa Porto Alegre Artmed2002
RUBINSTEIN Edith (Org) Psicopedagogia uma praacutetica diferentes estilos Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1999
SANTANNA Ilza Martins Por que avaliar Como Avaliar criteacuterios e
instrumentos Petroacutepolis Vozes 1995
SCOZ Beatriz Psicopedagogia e realidade escolar problema escolar de aprendizagem Petroacutepolis Vozes 1994 Psicopedagogia um portal para a inserccedilatildeo social Petroacutepolis R J VozesSatildeo Paulo ABPp 2003
SHOR Ira FREIRE Paulo Medo e ousadia - o cotidiano do professor Rio de
JaneiroPaz e Terra 1986
SOARES M B Letramento um tema em trecircs gecircneros Autecircntica Belo
Horizonte 1998
63
SOUZA Audrey Setton Lopes Pensando a inibiccedilatildeo intelectualperspectiva
psicanaliacutetica e proposta diagnoacutestica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1995
Vasconcellos C S (2000) Avaliaccedilatildeo Concepccedilatildeo Dialeacutetica-Libertadora do Processo de Avaliaccedilatildeo Escolar Satildeo Paulo Cadernos Pedagoacutegicos do Libertad V 3
VISCA Jorge Tecnicas Proyectivas 3ordf ed 1997 Buenos Aires VYGOTSKY Lev S A Formaccedilatildeo Social da Mente Satildeo Paulo Martins
Fontes ____________ Pensamento e Linguagem Satildeo Paulo Martins Fontes 1998
WALLON H Evoluccedilatildeo psicoloacutegica da crianccedila Andes Rio de Janeiro
1941
64
WEBGRAFIA
wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009
wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009
wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009
wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
62MRECH Leny M Uma breve discussatildeo a respeito da concretude do
material pedagoacutegico ln Boletim da Associaccedilatildeo Brasileira de Psicopedagogia
Ano 6 n 13 jun
PERRENOUD Philippe A Pedagogia na Escola das Diferenccedilas Porto
Alegre Artmed Editora2001
PIAGET J A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila imitaccedilatildeo jogo e sonho
imagem e representaccedilatildeo Zahar Rio de Janeiro 1971
Para onde vai a educaccedilatildeoRio de Janeiro Joseacute Olympio1973
PORTOOliveiraBases da psicopedagogia ndash Diagnostico e intervenccedilatildeo nos
problemas de AprendizagemRio de Janeiro Wak Editora 2009
POZOJIAprendiz e mestresa nova cultura da aprendizagem Trad Ernani
Rosa Porto Alegre Artmed2002
RUBINSTEIN Edith (Org) Psicopedagogia uma praacutetica diferentes estilos Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1999
SANTANNA Ilza Martins Por que avaliar Como Avaliar criteacuterios e
instrumentos Petroacutepolis Vozes 1995
SCOZ Beatriz Psicopedagogia e realidade escolar problema escolar de aprendizagem Petroacutepolis Vozes 1994 Psicopedagogia um portal para a inserccedilatildeo social Petroacutepolis R J VozesSatildeo Paulo ABPp 2003
SHOR Ira FREIRE Paulo Medo e ousadia - o cotidiano do professor Rio de
JaneiroPaz e Terra 1986
SOARES M B Letramento um tema em trecircs gecircneros Autecircntica Belo
Horizonte 1998
63
SOUZA Audrey Setton Lopes Pensando a inibiccedilatildeo intelectualperspectiva
psicanaliacutetica e proposta diagnoacutestica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1995
Vasconcellos C S (2000) Avaliaccedilatildeo Concepccedilatildeo Dialeacutetica-Libertadora do Processo de Avaliaccedilatildeo Escolar Satildeo Paulo Cadernos Pedagoacutegicos do Libertad V 3
VISCA Jorge Tecnicas Proyectivas 3ordf ed 1997 Buenos Aires VYGOTSKY Lev S A Formaccedilatildeo Social da Mente Satildeo Paulo Martins
Fontes ____________ Pensamento e Linguagem Satildeo Paulo Martins Fontes 1998
WALLON H Evoluccedilatildeo psicoloacutegica da crianccedila Andes Rio de Janeiro
1941
64
WEBGRAFIA
wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009
wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009
wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009
wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
63
SOUZA Audrey Setton Lopes Pensando a inibiccedilatildeo intelectualperspectiva
psicanaliacutetica e proposta diagnoacutestica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo 1995
Vasconcellos C S (2000) Avaliaccedilatildeo Concepccedilatildeo Dialeacutetica-Libertadora do Processo de Avaliaccedilatildeo Escolar Satildeo Paulo Cadernos Pedagoacutegicos do Libertad V 3
VISCA Jorge Tecnicas Proyectivas 3ordf ed 1997 Buenos Aires VYGOTSKY Lev S A Formaccedilatildeo Social da Mente Satildeo Paulo Martins
Fontes ____________ Pensamento e Linguagem Satildeo Paulo Martins Fontes 1998
WALLON H Evoluccedilatildeo psicoloacutegica da crianccedila Andes Rio de Janeiro
1941
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WEBGRAFIA
wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009
wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009
wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009
wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
64
WEBGRAFIA
wwwabppcombr Acesso em 27 de Agosto de 2009
wwwforumeducacaohpgigcombr Acessado em 30 de Agosto de 2009
wwwmecgovbr acessado 27de Agosto de 2009
wwwpsicopedagogiaonlinecomb acessado 08 Setembro 2009
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 8
INTRODUCcedilAtildeO 9
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA PSICOPEDAGOGIA NO RIO DE JANEIRO 11
11 -A ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA E A
CONSTITUICcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL 15
12 - FORMACcedilAgraveO RECONHECIMENTO E TITULACcedilAgraveO DO
PSICOPEDAGOGO 16
13 - AREAS DE ATUACcedilAtildeO DO PSICOPEDAGOGO 19
1-3-1 PSICOPEDAGOGO ESCOLAR 21
1-3-2 PSICOPEDAGOGO CLINICO 24
1-3-3 PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR 26
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
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FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
66
CAPIacuteTULO II
PSICOPEDAGOGO E A ESCOLA 28
21 - INSTITUICcedilAtildeO ESCOLAR 29
22 - APRENDIZAGEM 33
23 - AVALIACcedilAtildeO 36
24 - A PRATICA PEDAGOGICA 41
CAPIacuteTULO III
A INTERVENCcedilAgraveO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ALFABETIZACcedilAgraveO 46
3 1 - O JOGO SEGUNDO ALGUNS AUTORES 48
32 - O JOGO E O CONTEXTO PSICOPEDAGOGICO 51
33 -A INTERVENCcedilAtildeO DO PSIGOPEDAGOGO JUNTO Agrave FAMIacuteLIA 53
CONCLUSAtildeO 56
BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 64
IacuteNDICE 65
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo Instituto Vez do Mestre ndash Universidade Candido
Mendes
Tiacutetulo da Monografia A intervenccedilatildeo do psicopedagogo no processo de
alfabetizaccedilatildeo
Autor Liacutelian de Santana Guedes
Data da entrega
Avaliado por Carly Barbosa Machado Conceito