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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” RISCOS BANCÁRIOS E ANÁLISE CRÍTICA DAS AGÊNCIAS DE RATING COMO PARTE INTEGRANTE DO MODELO DE GESTÃO DO RISCO. Por: Marcelo de Santana Silva Orientador Prof. Sérgio Majerowicz Rio de Janeiro 2011

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO …mercados de bens e serviços, a queda de renda e o desemprego. O impacto de uma crise torna-se devastador. Contribui para a falência

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

RISCOS BANCÁRIOS E ANÁLISE CRÍTICA DAS AGÊNCIAS DE RATING COMO PARTE INTEGRANTE DO MODELO DE GESTÃO DO

RISCO.

Por: Marcelo de Santana Silva

Orientador Prof. Sérgio Majerowicz

Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

RISCOS BANCÁRIOS E ANÁLISE CRÍTICA DAS AGÊNCIAS DE RATING COMO PARTE INTEGRANTE DO MODELO DE GESTÃO DO

RISCO. OBJETIVOS:

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como condição prévia para a Conclusão do Curso de Pós Graduação “Lato Sensu” em Auditoria e Controladoria.

Por: Marcelo de Santana Silva.

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AGRADECIMENTO

A Deus e aos meus pais, por terem sido tão generosos para comigo.

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DEDICATÓRIA À minha esposa. Penha eu te amo.

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RESUMO

O presente trabalho de revisão tem como objetivo conceituar os riscos inerentes ao

sistema bancário, estudar as suas variáveis, e o processo de classificação dos

mesmos. Risco é qualquer ocorrência que possa levar a perdas, prejuízo ou danos.

Dentre os riscos do sistema financeiro, temos os de liquidez, de mercado, de crédito,

operacional, legal, moral e ainda os riscos de conjuntura e o risco sistêmico. A

identificação e análise dos riscos deve ser parte integrante do modelo de gestão

bancário, e entendida como oportunidade para crescimento e diferenciação. Como

não há possibilidade de extinguir os riscos, devemos saber administrá-los. No

processo de globalização, o rating (avaliação do risco) é um instrumento relevante

para o mercado, pois aborda a segurança financeira, uma vez que fornece aos

potenciais credores uma opinião independente a respeito do risco de crédito do

objeto analisado. As Agências de Rating são empresas de notação de risco,

contratadas para avaliarem determinada empresa, município ou país, acerca de sua

capacidade de amortização da dívida. Apesar do trabalho dessas empresas ser

importante para o processo decisório no mercado financeiro, atualmente, questiona-

se cada vez mais a capacidade de avaliação e a independência dessas empresas.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO I

RISCO DOS BANCOS 10

CAPÍTULO II

RATING 28

CAPÍTULO III

AGÊNCIAS DE RATING 32

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA 39 ÍNDICE 41

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INTRODUÇÃO

“Se você conhece o inimigo e conhece a si

mesmo, não precisa temer o resultado de cem

batalhas. Se você se conhece, mas não conhece

o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá uma

derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem

a si mesmo, perderá todas as batalhas”.

(Sun Tzu, A Arte da Guerra, 760 DC)

Os bancos como qualquer outra empresa, precisam aplicar seus recursos em

ativos produtivos, para obterem a rentabilidade demandada pelos seus acionistas.

Deve-se considerar que os bancos constituem um tipo de empresa muito especial,

na qual as decisões relativas à aplicação dos recursos podem ter repercussões

sociais negativas muito fortes, caso os riscos que cercam tais operações não forem

adequadamente reconhecidos e controlados.

Segundo o Banco do Brasil (2010), a chave para a manutenção da integridade

financeira de um banco e preservação de sua confiabilidade, é que ele possa

garantir que todas as suas operações, tais como as de crédito, possam ser

conduzidas dentro de padrões elevados de análise, gestão e controle de riscos; já

que os riscos estarão sempre presentes. Uma gestão de riscos eficaz é fator

preponderante para uma boa posição no mercado e a tranquilidade dos acionistas.

No Brasil e no mundo, a história dos bancos está repleta de colapsos, que

trouxeram dolorosas conseqüências para os investidores, para a economia e para a

sociedade em geral, dentre os quais, os casos Barings, Marka, FonteCindam e

Socité Générale.

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Como a experiência histórica ensina, a perda generalizada de confiança no

sistema bancário, faz com que os indivíduos e as empresas busquem uma retirada

rápida de seus depósitos para mantê-los líquidos ou aplicados em ativos reais.

Com o declínio da atividade financeira, toda a economia pode ficar paralisada

causando imensos danos, tais como: a retração dos negócios, o colapso dos

mercados de bens e serviços, a queda de renda e o desemprego.

O impacto de uma crise torna-se devastador. Contribui para a falência de

grandes bancos e empresas do setor financeiro, causa a perda da riqueza dos

consumidores, força os governos dos países a assumirem compromissos de resgate

de números incalculáveis, e provoca sérios impactos recessionistas nas economias

de países industrializados e emergentes.

O risco tem cada vez maior importância na indústria das finanças. O rating é

uma notação que avalia o nível de risco de uma determinada operação ou de um

determinado devedor, seja ele um estado, uma região, um município, uma empresa,

um grupo empresarial, um banco, um indivíduo ou um agregado familiar.

Conforme Maryse Farhi e Marcos A. M. Cintra (2002), o acesso dos

investidores às informações relevantes para suas tomadas de decisões, inicialmente

enfoca o papel dos sistemas de classificação de risco de crédito concedidos por

agências de classificação de risco denominadas de Agências de Rating. Diante

disso, diversos mecanismos foram sendo estabelecidos para garantir que

informações pertinentes fossem concomitantemente, de conhecimento geral. A

criação dessas empresas foi um clássico exemplo da evolução de instituições de

mercado para lidar com a assimetria de informações, na ausência de

regulamentação especifica do governo ou das instituições de supervisão dos

mercados.

Essas empresas (agências de rating) passaram a fornecer classificações de

riscos de crédito, destinadas a facilitar o processo de decisão operacional dos

agentes. Isso porque as agências ao quantificar os riscos de crédito, facilitam a

precificação dos ativos e estima suas taxas de retornos. A função das agências de

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risco é, portanto, montar parâmetros para classificação de riscos de diferentes

agentes econômicos, mediante a avaliação da capacidade creditícia desses

demandantes de recursos.

Entretanto, a crise financeira deflagrada em setembro de 2008, com a quebra

do banco de investimento Lehman Brothers, foi muitas vezes comparada a um

furacão. Um dos problemas enfrentados pelos órgãos reguladores, quando deflagrou

a crise do crédito no último trimestre de 2008, foi lidar com os grandes bancos.

Constatou-se que alguns deles tinham ativos financeiros e volumes concedidos de

empréstimos tão desmesurados, que sua falência poderia arruinar o sistema

financeiro em sua totalidade.

Em artigo publicado pela Associação Keynesiana Brasileira, O Dossiê da Crise

(2008), foi atribuído como causa direta da crise, a concessão de empréstimos

hipotecários de forma irresponsável, para credores que não tinham capacidade de

pagar ou que não teriam a partir do momento em que a taxa de juro começasse a

subir, como de fato aconteceu. Era sabido que esse fato não teria sido tão grave se

os agentes financeiros não houvessem recorrido a irresponsáveis “inovações

financeiras” para securitizar os títulos podres, transformando-os em títulos “AAA” (de

menor risco), por agências classificadoras de risco interessadas em agradar seus

clientes.

A Fitch Ratings, uma das três grandes agências de rating norte americana fez

uma avaliação positiva do Lehman Brothers, praticamente um mês antes da falência

deste. Curiosamente, em 2009, dois dias depois da Standard & Poor’s ter

classificado a Islândia com o rating de menor risco “AAA+”, o governo islandês

anuncia a falência do país.

O nosso trabalho tem como objetivo estudar as variáveis relacionadas ao risco

bancário, e traçar um panorama da atuação das agências de rating como parte

integrante do modelo de gestão do risco bancário.

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CAPÍTULO I

RISCO DOS BANCOS

1.1 – FUNDAMENTOS

Etimologicamente, a palavra “risco” tem sua origem no italiano antigo, risicare,

e significa ousar. Em uma concepção primária, risco significa “perigo ou

possibilidade de perigo” (FERREIRA, 1999), ou ainda “a chance de ocorrer um

evento desfavorável” (BRIGHAM, 1999). Em ambas as definições a idéia de risco

está associada a certo grau de incerteza, ou seja, corre-se o risco quando existe um

desconhecimento de resultados futuros de algum evento (acontecimento ou

ocorrência).

Risco, portanto é qualquer ocorrência que possa levar a perdas, prejuízo ou

danos.

O risco permeia a atividade humana. Tudo que fazemos ou dizemos tem a

possibilidade de gerar consequência diferente daquela que imaginamos. Atravessar

uma rua pode ter como resultado um acidente.

A atitude frente ao risco é diferente para cada pessoa. Ela é inerente à

personalidade e mutável com o tempo. Assim, explica-se o fato de uma pessoa

aplicar suas economias em bolsa de valores enquanto outra prefere a segurança da

caderneta de poupança.

Não podemos, entretanto confundir risco com incerteza. Exemplificando,

poderíamos dizer que risco ocorre quando um piloto profissional dirige um carro de

competição em alta velocidade, na pista apropriada. Ele conhece a situação e os

riscos a que está sujeito. A incerteza ocorre quando um motorista comum tenta

substituir o piloto profissional na direção do carro de competição, pois não conhece

adequadamente a situação.

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Em finanças, também são utilizados conceitos distintos para risco e para

incerteza. Resumidamente, podemos dizer que: Risco – existe quando o tomador da

decisão pode embasar-se em probabilidades para estimar o resultado, de modo que

sua expectativa se fundamente em dados históricos, isto é, a decisão é tomada a

partir de estimativas julgadas aceitáveis.

Incerteza ocorre quando o tomador não dispõe de dados históricos acerca de

um fato, o que poderá exigir que a decisão se faça de forma subjetiva, isto é, apenas

através de sua sensibilidade pessoal.

No risco de crédito ficam caracterizados os diversos fatores que poderão

contribuir para que aquele que concedeu o crédito não receba do devedor o

pagamento na época acordada. Dessa forma, necessitamos de dados históricos

para fazer uma distribuição probabilística, ou seja, identificar a probabilidade

percentual de acontecer uma perda.

A análise destes riscos é muito importante para os bancos, que são instituições

que negociam dinheiro e fornecem outros serviços financeiros. Os bancos aceitam

depósitos e fazem empréstimos, obtendo lucro através da diferença entre as taxas

de juros pagas e cobradas.

Em síntese, deve-se eliminar a incerteza. Como, entretanto, não há

possibilidade de extinção do risco, devemos saber como administrá-lo.

Segundo o dicionário Aurélio, emprestar significa “confiar a alguém (certa soma

de dinheiro ou certa coisa), para que faça uso dela durante certo tempo, restituindo

depois ao dono”. Confiança, portanto, é a palavra chave do negócio. Da mesma

forma que só emprestamos (confiamos) nossos bens particulares às pessoas que

conhecemos e em quem confiamos, assim procede aos empréstimos bancários.

A política de aplicação de recursos financeiros deve definir critérios que levem

em conta o binômio risco e retorno. Aspectos como agressividade desejada,

direcionamento a ser dado em relação a segmentos ou setores específicos, e nível

de risco admitido pela instituição financeira são fatores importantes a serem

ponderados na distribuição de recursos.

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Através dos percentuais de perdas ocorridas por faixa de risco, pode-se avaliar

a qualidade das análises, deferimento e acompanhamento do crédito. Percentual

elevado de perda em faixa de risco baixa evidencia falta de acompanhamento ou

critério inadequado na classificação dos clientes quanto ao risco.

1.2 – RISCOS DO SISTEMA FINANCEIRO

Podemos dizer que risco bancário é todo evento que pode ocorrer entre o

intervalo de tempo: desde o depósito efetuado pelo investidor até a sua restituição

ao depositante. No decorrer desse tempo ocorre à aplicação dos recursos pela

instituição que, em princípio, depende do recebimento dos recursos aplicados para

restituí-los ao depositante ou aplicador inicial.

O sistema financeiro tem especificidades operacionais que o diferem dos

demais setores, como a função de intermediar recursos entre os agentes

superavitários, denominados investidores, e os agentes deficitários, denominados

tomadores de recursos. A magnitude dessas intermediações é permeada por riscos

que exigem controle adequado e capacitação gerencial. Somente com o adequado

gerenciamento de riscos, as instituições financeiras são capazes de oferecer

menores custos e maior eficiência.

Segundo o Banco do Brasil (2010), os riscos bancários mais identificados são:

1.2.1 - Risco de Liquidez

É o tipo mais comum de risco, relaciona-se com a possibilidade de perdas

decorrentes da falta de recursos necessários ao cumprimento de uma ou mais

obrigações, em função dos descasamentos de fluxo financeiro e da capacidade da

instituição de obter ativos, desfazendo-se rapidamente de uma posição, a um preço

razoável, ou obter funding para honrar suas obrigações.

1.2.2 - Risco de Mercado

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Possibilidade de prejuízos potenciais decorrentes de mudanças no

comportamento das taxas de juros e de câmbio, no descasamento entre índices e

preços de ações e commodities, prazos e moedas. Trata-se de um risco ligado com

a internacionalização e o aumento de complexidade dos mercados, já que tais

fatores aumentam a sua volatilidade e potencializam possíveis desequilíbrios.

1.2.3 - Risco de Crédito

Retratado pela probabilidade de perdas resultantes da incerteza quanto ao

recebimento de um valor tomado por um devedor inadimplente, contraparte de um

contrato ou emissor de um título. A concessão do crédito se dá na disponibilização

de um valor mediante a uma promessa de pagamento desse mesmo valor

(acrescido dos encargos) no futuro, pressupondo a solvabilidade do devedor.

1.2.4 - Risco Legal

É Caracterizado pela possibilidade de perdas causadas por mudanças na

legislação, regulamentação ou pela inobservância de dispositivos legais ou

regulamentares, da mudança da legislação ou de alterações na jurisprudência

aplicáveis às transações da organização, e está diretamente ligado ao Banco

Central e ao Conselho Monetário Nacional, que devem se precaver de todas as

formas antes de promoverem alterações na política do Sistema Financeiro Nacional.

1.2.5 - Risco Moral

O conceito de risco moral configura-se na possibilidade de que um agente

econômico mude seu conceito ou comportamento ao assumir mais riscos, tanto

quanto maior for o aparato de proteção. Recentemente o FED (Federal Reserve,

Banco Central Norte Americano, injetou alguns milhões de dólares nas instituições

financeiras com o objetivo de evitar a quebra de alguns bancos que apresentavam

risco de liquidez

1.2.6 - Risco de Conjuntura

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Decorre da possibilidade de perdas decorrentes de mudanças verificadas nas

condições políticas, culturais, sociais, econômicas ou financeiras do próprio país ou

de outros países.

1.2.7 - Risco Sistêmico

É caracterizado quando uma instituição financeira não tem recursos suficientes

para pagar a outra instituição financeira, causando o chamado efeito dominó,

levando ao colapso todo o sistema financeiro.

1.2.8 - Risco Operacional

Consiste na possibilidade de perdas causadas por falhas internas do sistema

(informação ou suporte), de funcionários (fraude ou erro humano), controles

defeituosos ou inadequados, e de um evento externo (assaltos, catástrofes). A

preocupação com esta espécie de risco bancário aumentou consideravelmente nos

últimos anos e foi destaque em face do acordo de Basiléia e, adicionalmente, pela

emissão da Resolução 3.380 do Banco Central, em razão do uso de tecnologias

cada vez mais sofisticadas, das fusões e aquisições de grande porte, do crescente

uso da terceirização pelas instituições financeiras e pelo uso de técnicas de

financiamento que embora reduzam risco de mercado e de crédito, aumentam os

riscos operacionais.

1.3 – REFLEXOS DO RISCO OPERACIONAL

Em 1973, o mercado financeiro mundial viveu intenso momento de volatilidade

com o fim do Sistema Monetário Internacional baseado em taxas de câmbio fixas. O

momento exigia que medidas fossem tomadas para minimizar o risco do sistema

financeiro, com a liberação das taxas de câmbio.

Em 1974, a fragilidade no mercado financeiro alcançou nível crítico. A

insolvência do Bankhaus Herstatt, da Alemanha, ocasionou distúrbios (Efeito

Herstatt) nos mercados internacionais tais como falha na liquidação de contratos de

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câmbio. No final do mesmo ano, os responsáveis pela supervisão bancária nos

países do G-10 decidiram então criar o Comitê de Regulamentação Bancária e

Práticas de Supervisão, sediado no Banco de Compensações Internacionais – BIS,

em Basiléia, na Suíça. Daí a denominação Comitê de Basiléia.

Com o objetivo de melhorar a qualidade da supervisão bancária e fortalecer a

segurança do sistema bancário internacional, o Comitê é constituído por

representantes dos bancos centrais e por autoridades com responsabilidade formal

sobre a supervisão bancária dos países membros do G-10. Nesse Comitê, são

discutidas questões relacionadas à indústria bancária, visando melhorar a qualidade

da supervisão bancária e fortalecer a segurança do sistema bancário internacional.

O Comitê também visa induzir o comportamento nos países não-membros do

G-10, porém, o Comitê não possui autoridade formal para supervisão supranacional.

Estes países, não membros, ao seguirem as orientações, estarão contribuindo para

a melhoria das práticas bancárias no mercado financeiro internacional.

1.4 - BASILÉIA I

O acordo de Basiléia I estabeleceu a exigência de capital mínimo para suportar

riscos e também estabeleceu os mecanismos para mensuração do risco de crédito.

O Acordo teve o objetivo de criar exigências mínimas de capital que deveriam ser

respeitadas por bancos comerciais, para se precaverem contra os riscos inerentes

ao crédito, e assim, reforçar a solidez e a estabilidade do sistema bancário

internacional.

Segundo o Banco do Brasil (2010), o Acordo de Basiléia de 1988 definiu três

conceitos:

a) Capital Regulatório – montante de capital próprio alocado para a cobertura de

riscos, considerando os parâmetros definidos pelo regulador;

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b) Fatores de Ponderação de Risco dos Ativos – a exposição a Risco de Crédito dos

ativos (dentro e fora do balanço) é ponderada por diferentes pesos estabelecidos,

considerando, principalmente, o perfil do tomador; e

c) Índice Mínimo de Capital para Cobertura do Risco de Crédito (Índice de Basiléia

ou Razão BIS) – quociente entre o capital regulatório e os ativos (dentro e fora do

balanço) ponderados pelo risco. Se o valor apurado for igual ou superior a 8%, o

nível de capital do banco está adequado para a cobertura de risco de crédito.

O avanço obtido com Basiléia I, em termos de marco regulatório foi inegável.

Entretanto, algumas críticas surgiram, tornando necessário o aprimoramento

daquele documento. Entre os ajustes destacou-se a necessidade de alocação de

Capital para cobertura de Riscos de Mercado.

Em 1996, foi publicado um adendo ao Basiléia I, chamado de Emenda de Risco

de Mercado, cujos aspectos relevantes são: possibilidade de utilização de modelos

internos na mensuração de riscos, desde que aprovados pelo regulador local;

ampliação dos controles sobre riscos incorridos pelos bancos; extensão dos

requisitos, incorporando o Risco de Mercado, para a definição de capital mínimo (ou

regulatório). Fica clara a preocupação dos reguladores com os dois principais riscos,

aos quais as instituições financeiras estavam expostas: risco de crédito e risco de

mercado.

Com o advento de Basiléia e recentemente as mudanças no ambiente

financeiro mundial, surgem novas transações e produtos. A sofisticação tecnológica

e as novas regulamentações tornam as atividades e os processos financeiros cada

vez mais complexos.

Há ainda a preocupação com um terceiro risco, o risco operacional. A

preocupação de banqueiros e outros executivos de finanças e as lições originadas

dos desastres financeiros contribuíram para evidenciar a importância da gestão do

risco operacional na indústria bancária. Ficou definido pelo Comitê de Basiléia como

risco operacional: “o risco de perda direta ou indireta, resultante de inadequações ou

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falhas de processos internos, pessoas e sistemas, ou de eventos externos”. (Banco

do Brasil, Programa de Certificação em Controle Interno e Compliance, 2009)

Fischer (2002) argumenta que o Acordo de Basiléia I produziu progressos

importantes ao atingir seus objetivos, instituindo um processo de concorrência em

base mais justa e um grande reforço as normas de capital, tanto dentro como fora

dos países do G10.

Uma das razões para a eficácia do Acordo de Basiléia é a sua simplicidade,

permitindo, comparar instituições financeiras de diferentes tamanhos e

complexidade, utilizando-se cálculos semelhantes para determinar se eles têm

capital suficiente para se protegerem contra determinados riscos.

Por outro lado, Fischer (2002) salienta as deficiências significativas do 1º

Acordo de Basiléia. A mais importante delas foi a sua sensibilidade muito limitada ao

risco. Embora a classificação dos devedores em algumas categorias de riscos tenha

sido certamente uma inovação, o 1º Acordo também deu origem a uma diferença

significativa entre a mensuração de risco regulada de uma determinada operação e

os seus riscos econômicos reais.

1.5 - BASILÉIA II

De acordo com Kaufman (2003), diversas críticas foram atribuídas ao 1º

Acordo de Basiléia. Dentre elas, a fórmula utilizada para o cálculo do capital

regulado, levando-se em conta o risco de crédito, e tratando todos os bancos da

mesma forma, como se fossem um "tamanho único". Além disto, a comunidade

científica destacou que a adequação de capital, feita dessa forma, é tão somente um

cálculo financeiro. O capital é mensurado como se fosse reservado principalmente

para a proteção contra riscos financeiros (de crédito e de mercado), no entanto, o

Acordo reconhece explicitamente a proposição de que outros riscos devem ser

considerados pelos supervisores na avaliação da adequação do capital.

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Por razões levantadas por diversos autores, sentiu-se a necessidade de se

atualizar o 1º Acordo de Basiléia. Além das críticas dirigidas ao Basiléia I, a principal

motivação para melhorar o 1º Acordo foi o aparecimento de novos riscos e

oportunidades, decorrentes da nova complexidade do sistema bancário.

O Acordo de Capital de Basiléia II, também conhecido como Basiléia II, foi um

acordo assinado no âmbito do Comitê da Basiléia em 2004 para substituir o acordo

de Basiléia I. O Basiléia II fixa-se em três pilares e 25 princípios básicos sobre

contabilidade e supervisão bancária com os seguintes objetivos: promover a

estabilidade financeira; fortalecer a estrutura de capital das instituições; favorecer a

adoção das melhores práticas de gestão de riscos, e; estimar maior transparência e

disciplina ao mercado.

Os três pilares são:

Pilar I - Capital (guardar), fortalecimento da estrutura de capitais das

instituições que visa aumentar a sensibilidade dos requisitos mínimos de fundos

próprios aos riscos de crédito, e cobrir pela primeira vez, o risco operacional. Define

o tratamento a ser dado para fins de determinação da exigência de capital frente aos

riscos incorridos nas atividades desenvolvidas pelas instituições financeiras. Em

relação ao Acordo de 1988, Basiléia II introduz a exigência de capital para risco

operacional e aprimora a discussão acerca do risco de crédito.

Pilar II - Supervisão (fiscalizar), estímulo à adoção de melhores práticas de

gestão de riscos. Reafirma e vem reforçar o processo de supervisão quanto à

suficiência de montante de capital nos bancos, gerando a participação e o papel do

regulador no processo de supervisão bancária e de avaliação da governança de

risco das instituições e como estas gerenciam o capital para fazer frente aos riscos

incorridos.

Pilar III - Transparência e Disciplina de Mercado (divulgação de dados),

redução da assimetria de informação para favorecer a disciplina de mercado.

Recomenda a criação de instrumentos que estimulem e favoreçam uma disciplina de

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mercado, contribuindo para a transparência de informações e para práticas

bancárias mais saudáveis, seguras e em condições de redução do risco sistêmico.

É na combinação dos três grandes pilares que se assenta toda a filosofia de

Basiléia II, que resumidamente, pode ser definida como a busca pelo aprimoramento

das práticas de controle e gestão dos riscos.

O objetivo do acordo não é aumentar os fundos próprios regulamentares,

atualmente detidos pela globalidade do sistema financeiro, mas redistribuir os

requisitos entre as instituições, premiando as que utilizem as metodologias de

medição mais sensíveis ao risco (Pilar I) e que divulguem, em detalhe, a gestão de

risco e os processos de controle adotados. Basiléia II estimula a adoção de modelos

proprietários para mensuração dos riscos (crédito, mercado e operacional), com

graus diferenciados de complexidade, sujeitos à aprovação do regulador, e

possibilidade de benefícios de redução de requerimento de capital por conta da

adoção de abordagens internas.

As principais mudanças estão no fim da padronização generalizada por um

enfoque mais flexível, que dê ênfase nas metodologias de gerenciamento do risco

dos bancos. Na supervisão das autoridades bancárias e no fortalecimento da

disciplina de mercado. A nova estrutura pretende alinhar a avaliação da adequação

de capital mais intimamente aos principais elementos dos riscos bancários e

fornecer incentivos aos bancos para aumentar suas capacidades de mensuração e

administração dos riscos. Basiléia II propõe um enfoque mais flexível para exigência

de capital e mais abrangente com relação ao fortalecimento da supervisão bancária

e ao estímulo para maior transparência na divulgação das informações ao mercado,

baseados nos três grandes pilares. (www.riskbank.com.br/anexo/basileia2).

Fica evidenciado, também, que o Banco Central do Brasil na observância ao

acordo de Basiléia II, passou a inserir no mercado financeiro brasileiro, o contexto da

preocupação crescente com a gestão dos riscos e as premissas descritas naquele

acordo, notadamente no tocante ao risco operacional. No Brasil, o aprimoramento

verificado nos últimos anos em nosso Sistema Bancário facilitou a adoção destes

novos conceitos, colocando os bancos em linha com as exigências da globalização.

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Por meio da Resolução 3.380, o Banco Central do Brasil definiu risco

operacional com o seguinte texto:

“Risco operacional é a possibilidade de ocorrência

de perdas resultantes de falha, deficiência ou

inadequação de processos internos, pessoas e

sistemas, ou de eventos externos, incluindo o risco

legal associado à inadequação ou deficiência em

contratos firmados pela instituição, bem como a

sanções em razão de descumprimento de

dispositivos legais e a indenizações por danos a

terceiros decorrentes das atividades desenvolvidas

pela instituição”.

A resolução relaciona os eventos que devem ser abrangidos pela definição de

risco operacional: fraudes internas; fraudes externas; demandas trabalhistas;

segurança deficiente do local de trabalho; práticas inadequadas relativas a clientes e

a produtos e serviços; danos a ativos físicos próprios ou em uso pela instituição;

problemas que acarretem na interrupção das atividades da instituição; falhas em

sistemas de tecnologia da informação; falhas na execução, cumprimento de prazos

e gerenciamento das atividades na instituição.

Não há dúvidas que a Nova Proposta de Capital da Basiléia contribuirá em

todos os aspectos para redução dos riscos dos sistemas bancários de todo o

mundo. São mudanças radicais, porém importantes.

1.6 – FASES DO GERENCIAMENTO DO RISCO

O Banco Central do Brasil, inicialmente comunicou os procedimentos para

implementação da nova estrutura de capital (Basiléia II) e, posteriormente através da

Resolução 3.380, definiu como deve ser a estrutura de gerenciamento do risco

operacional e estabeleceu as seguintes fases: Identificação, Avaliação/Mensuração,

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Mitigação, Controle e Monitoramento. Essas fases são Interligadas, independentes e

dinâmicas e revelam a complexidade da gestão dos riscos.

1.7 – IDENTIFICAÇÃO DO RISCO

A definição de Risco Operacional, conforme o artigo 2º da Resolução 3.380

no processo de gestão é a possibilidade de ocorrência de perdas resultantes de

falha, deficiência ou inadequação de processos internos, pessoas e sistemas, ou de

eventos externos, incluindo o risco legal associado à inadequação ou deficiência em

contratos firmados pela instituição, bem como a sanções em razão de

descumprimento de dispositivos legais e a indenizações por danos a terceiros

decorrentes das atividades desenvolvidas pela instituição. Para tanto, torna-se

necessária a adoção de práticas que possibilitem o diagnóstico das ocorrências e o

levantamento das causas que podem levar a organização a não atingir um ou mais

de seus objetivos e a incorrer em perdas operacionais.

Segundo o Banco do Brasil (2010), os bancos vêm desenvolvendo

metodologias para análise de processos internos que possibilitem a detecção de

suas fragilidades. Essas metodologias baseiam-se no sensoriamento do processo

do ambiente de negócios, isto é, na detecção, no andamento rotineiro do processo

operacional, de ocorrências ou fragilidades capazes de potencializar os riscos

inerentes às atividades e que não possuam mecanismos de controles ou cujos

mecanismos de controle sejam deficientes, inadequados ou insuficientes.

Umas das ferramentas utilizadas pelo mercado para identificação e

sensoriamento dos riscos são os Indicadores Chave de Risco (ICR). Tais

indicadores consideram uma ou mais variáveis de um processo operacional e sua

oscilação frente a um comportamento esperado, segundo regras pré-definidas. A

intensidade da oscilação das variáveis indica maior ou menor exposição ao risco

operacional. (Banco do Brasil, Programa de Certificação em Controle Interna e

Compliance, 2009)

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Nessa etapa estão expostas: a identificação, a freqüência e a severidade com

que ocorrem os eventos que levam o banco a perda operacional. Com a

identificação das fragilidades é possível estabelecer uma base que possibilite aos

bancos a tomada de ações de mitigação visando melhorar seus processos internos.

1.8 – AVALIAÇÃO E MENSURAÇÃO DO RISCO

Segundo McGraw (2007) a regulamentação e gestão, que concentram cada

vez mais atenção para o risco operacional não são prescritivas. Isto significa que as

organizações são livres na escolha da solução para o problema. A estrutura

requerida por Basiléia II estimula as instituições financeiras a aumentarem suas

capacidades de avaliação e de mensuração dos riscos. Após identificar as causas

das fragilidades, os eventos de perda operacional a que a instituição está exposta e

os processos internos considerados críticos, são avaliados os impactos que essas

fragilidades, eventos e processos causam a instituição.

A mensuração do risco operacional é um importante desafio para a indústria

bancária e cada instituição financeira tem buscado adaptar e desenvolver seus

modelos de mensuração.

Na avaliação e mensuração do risco, é necessária, também, a mensuração

do capital mínimo exigido para cobertura do risco operacional. Para isso, Basiléia II

propõe as seguintes abordagens: identificador básico, padronizada, padronizada

alternativa, padronizada alternativa simplificada e avançada. As quatro primeiras

abordagens são definidas pelo regulador e a quinta consiste no desenvolvimento de

modelo interno pelas instituições financeiras e depende de aprovação do regulador.

As abordagens do indicador básico, padronizada alternativa e padronizada

alternativa simplificada são caracterizadas como sintéticas, uma vez que a exigência

de capital mínimo é estimada com base em dados agregados, sem que haja

identificação dos eventos de perdas de forma individualizada, bem como de suas

causa. A abordagem avançada é caracterizada como analítica, pois proporciona

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maior conhecimento do perfil de risco da instituição e maior adequação à qualidade

dos controles.

A probabilidade de ocorrência da perda depende da probabilidade de causas

subjacentes, bem como da eficácia dos controles, e antes de ter a última figura da

provável perda, a eficácia das medidas de mitigação que deve ser considerada.

Em abril de 2008, o regulador brasileiro, o Banco Central do Brasil, definiu

metodologia para cálculo da parcela de risco operacional, com base na utilização de

uma das seguintes abordagens: Indicador Básico, Padronizada Alternativa e

Padronizada Alternativa Simplificada. O processo de autorização para uso de

modelos internos (abordagem avançada) se dará até o final de 2012. O

detalhamento da composição do indicador de exposição ao risco operacional foi

definido em aderência à Carta Circular do Banco Central do Brasil 3.316, de

30.04.2008.

1.9 – MITIGAÇÃO DO RISCO

Depois de avaliados e mensurados os riscos, cabe a instituição financeira a

decisão de escolher a melhor alternativa de ação, que pode ser a considerada de

melhor relação custo benefício.

De acordo com Doerig (2000), a redução dos Riscos Operacionais terá que

encontrar os seus limites para que os custos de redução de riscos não sejam

superiores aos seus potenciais benefícios. A consciência de custo-benefício também

é importante para minimização do Risco Operacional, e para o apoio e não

contradição das estratégias do banco e de sua posição competitiva. A mitigação de

riscos tem custos, que podem ser o custo do desenvolvimento ou aquisição de um

sistema (software), a absorção do risco pela própria instituição financeira ou ainda o

repasse à empresa dedicada à atividade de gestão de riscos (seguradora, por

exemplo).

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Conforme o Banco do Brasil (2009), a mitigação de riscos corresponde à

redução (ou adequação) do risco a níveis aceitáveis ou admitidos pelas instituições.

Quando se fala em mitigação o que se deseja evitar não é necessariamente a

ocorrência do fator gerador do risco, mas as conseqüências do risco. Os riscos

podem ser reduzidos ou adequados por meio da implementação de ações para

instituição ou correção de controles.

Para que tais riscos possam ser mitigados, o artigo 3º da Resolução 3.380

apresenta o que deve estar previsto na estrutura de gerenciamento do Risco

Operacional. Exemplos de ações para mitigação de riscos em processos, produtos e

serviços do mercado bancário:

a) Identificação, avaliação, monitoramento, controle e mitigação do risco

operacional;

b) Documentação e armazenamento de informações referentes às perdas

associadas ao risco operacional;

c) Elaboração, com periodicidade mínima anual, de relatórios que

permitam a identificação e correção tempestiva das deficiências de controle e de

gerenciamento do risco operacional;

d) Realização, com periodicidade mínima anual, de testes de avaliação

dos sistemas de controle de riscos operacionais implementados;

e) Elaboração e disseminação da política de gerenciamento de risco

operacional ao pessoal da instituição, em seus diversos níveis, estabelecendo

papéis e responsabilidades, bem como, as dos prestadores de serviços

terceirizados;

f) Existência de plano de contingência contendo as estratégias a serem

adotadas para assegurar condições de continuidade das atividades e para limitar

graves perdas decorrentes de risco operacional;

g) Implementação, manutenção e divulgação de processo estruturado de

comunicação e informação.

Como não é possível eliminar completamente os riscos, as organizações

buscam constantemente sua mitigação por meio das atividades de controle.

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1.10 – CONTROLE

Segundo Migliavacca (2002) Controles Internos refere-se a um planejamento

organizacional e todos os métodos e procedimentos adotados dentro de uma

empresa, a fim de salvaguardar seus ativos, verificar a adequação e o suporte dos

dados contábeis, promoverem a eficiência operacional e encorajar a aderências às

políticas definidas pela direção.

Um controle interno efetivo tem por objetivo ajudar a instituição financeira a

atingir seus objetivos. Trata-se de um processo que foi desenvolvido para garantir

com segurança razoável quanto ao atingimento dos seguintes objetivos: eficácia e

eficiência das operações, confiabilidade de relatórios financeiros, da confiança nos

registros contábeis e do enquadramento correto dos registros de suas transações, e

o cumprimento de leis e regulamentos aplicáveis. São tomadas de ações que tratam

da execução de planos e medidas de correção e adequação, quando verificados

desvios das práticas e processos em relação ao arcabouço normativo e

organizacional que rege a gestão do risco operacional. É a fase de implementação

das estratégias de melhoria dos processos visando à diminuição dos riscos

operacionais.

As atividades de controle ocorrem em toda a instituição financeira para que a

gerência de riscos operacionais tenha sucesso em todos os níveis e em todas as

funções, prevenindo assim de ameaças os objetivos da empresa. A eficiência de um

sistema de controles internos depende da competência e da integridade de todos os

funcionários, desde a alta administração até os subordinados, é necessário que

todos participem da execução do controle. Incluem diversas atividades tais como

aprovações, autorizações, verificações, reconciliações, análises de desempenho

operacional, segurança dos ativos e segregação de funções.

Conforme Bergamini Júnior (2005) para que a gerência de riscos operacionais

tenha sucesso, alguns pré-requisitos organizacionais são essenciais: uma cultura de

riscos bem definida, um ambiente de controle robusto, ambos conduzidos por um

adequado nível de envolvimento da alta administração.

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Para Manoel Salgado e Claudelina Careta (2010) a gestão de riscos em um

banco sob a perspectiva dos controles internos consiste em ajustar os objetivos

operacionais aos organizacionais, onde o processo de controle interno garante que

os objetivos e políticas do banco sejam executados, que o compliance com os

limites de exposição aos riscos estejam sendo monitorados, e que os desvios sejam

corrigidos de acordo com as diretrizes definidas.

Fayol (apud ANTUNES, 1998, P.61) tal qual Taylor, também se expressou

para a função administrativa de controlar, que consistia em verificar se tudo corre de

conformidade com o plano adotado, as instruções emitidas e os princípios

estabelecidos, Tem por objetivo apontar as falhas e os erros para retificá-los e evitar

sua reincidência. Aplica-se a tudo: coisas, pessoas atos.

O comitê de Basiléia percebeu a necessidade de padronizar os

procedimentos de avaliação dos sistemas de controles internos, elaborando 13

princípios, divididos em cinco blocos, que abrangem: a supervisão da diretoria da

própria instituição, a criação de uma “cultura de controle”, a identificação e a

avaliação de fisco, as atividades de controle e segregação de responsabilidades, a

informação e a comunicação, e as atividades de monitoração e correção de

deficiências.

No Brasil, esses procedimentos foram editados pelo Banco Central do Brasil,

através da Resolução 2.554, de 24.09.98. Essa resolução dispõe que as instituições

financeiras devem organizar e implementar sistemas de controles internos voltados

para suas atividade, seus sistemas de informações financeiras, operacionais e

gerenciais e o cumprimento das normas legais aplicáveis.

1.11 – MONITORAMENTO

O monitoramento é a avaliação dos controles internos ao longo do tempo. È

feito tanto por meio do acompanhamento contínuo das atividades quanto por

avaliações pontuais, tais como autoavaliação, revisões eventuais, compliance e

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auditoria interna do qual resulta a avaliação permanente da qualidade do

desempenho da gestão e a garantia de que as deficiências identificadas sejam

prontamente solucionadas.

O monitoramento tem a função de verificar se os controles internos são

adequados e efetivos. Controles adequados são aqueles em que seus elementos

(ambiente, avaliação de riscos, atividade de controle, informação e comunicação e

monitoramento) estão presentes e funcionando conforme planejado.

Segundo Juliane Candido (2007) os controles são efetivos quando a alta

administração tem a razoável certeza do grau de atingimento dos objetivos

operacionais propostos. Estando a administração certa de que as informações

fornecidas pelos relatórios e sistemas corporativos são confiáveis e que as leis,

regulamentos e normas pertinentes estão sendo realizadas e cumpridas.

Tornando-se uma efetiva ferramenta de gestão e monitoração, que busca

identificar os problemas não somente nas pessoas, mas também em processos

ineficientes e falhos, e onde a manutenção de controles internos efetivos, e “estar

em compliance” com as regulamentações são condições intrínsecas a atividade

bancária atual. A estrutura organizacional deve estar pautada nesses princípios e o

comportamento de todos os funcionários em conhecer os procedimentos adequados

e as normas, e executá-las corretamente, é fator preponderante para o sucesso da

gestão dos riscos operacionais e do atingimento dos resultados que a instituição

bancária planeja.

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CAPÍTULO II RATING

Rating significa: nota de risco, classificação de risco, avaliação de risco,

notação de risco ou notação financeira de risco são notas representadas sob letras e

sinais aritméticos, dadas a um país, pessoa ou empresa, por agências de

classificação de risco, sobre a possibilidade de este país saldar suas dívidas, seus

compromissos.

O objetivo de um rating é dar aos credores uma avaliação da qualidade do

devedor no momento de lhe emprestar dinheiro, pois o nível de risco é importante

para definir a taxa de juro exigida. Do ponto de vista econômico, é bastante

vantajoso, pois uma vez feito, pode ser utilizado para vários objetivos e por diversas

instituições. Com a globalização, o rating se apresenta como uma linguagem

universal que aborda o grau de risco de qualquer título de dívida.

O rating é um instrumento relevante para o mercado, uma vez que fornece aos

potenciais credores uma opinião independente a respeito do risco de crédito do

objeto analisado. O rating também mede a capacidade de empresas seguradoras e

garantidoras de honrar suas obrigações.

O rating de uma instituição financeira resume-se na sua qualidade creditícia e é

fator essencial para a tomada de decisão de investimentos. No entanto, para ela

cumprir seu papel com eficiência, deve atender a uma série de exigências. Assim, a

agência emissora do rating deve contar com uma metodologia eficiente, testada e

aperfeiçoada ao longo de anos de experiência.

2.1 – CLASSIFICAÇÕES DO RISCO DE CRÉDITO

Para realizar uma classificação de risco de crédito, as agências de rating

recorrem tanto a técnicas quantitativas, como análise de balanço, fluxo de caixa e

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projeções estatísticas, quanto a análises de elementos qualitativos, como ambiente

externo, questões jurídicas e percepções sobre o emissor e seus processos. Além

de a classificação envolver avaliação de garantias e proteções (hedge) contra riscos

levantados, ela também incorpora o fator tempo. Este último influencia a definição do

rating, pois maiores horizontes implicam em maior imprevisibilidade. Desta forma,

uma mesma empresa pode apresentar títulos de dívida com diferentes notas, de

acordo com as garantias oferecidas, prazos estabelecidos, dentre outras

características.

O resultado final de um rating é expresso por uma nota, geralmente

representada por uma letra ou um conjunto de letras e números. A existência deste

tipo de análise nos mercados desenvolvidos expressa estas notas atribuídas na

análise pelas primeiras letras do alfabeto. As notas de classificação de risco dadas

pelas agências variam de D (pior qualidade possível) a AAA (melhor qualidade

possível). As quatro melhores notas, AAA, AA, A, e BBB-, recebem a denominação

de “grau de investimento”.

2.2 – CLASSIFICAÇÕES DE RATING DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

Com o objetivo de diferenciar as empresas que apresentam diferenças

sensíveis dentro do mesmo segmento de rating, Acrescentam-se sinais de + ou - ao

lado de cada nota entre AA e C.

As instituições financeiras classificadas nesta faixa oferecem a mais alta segurança para honrar compromissos financeiros regulares. O rating desta faixa indica instituições com fortes bases patrimoniais, excelente política de crédito e histórico de resultados acima da média da indústria financeira. Sua capacidade de geração de caixa é diferenciada e não é seriamente afetada por mudanças nas condições econômicas e regulatórias possíveis de serem previstas.

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As instituições financeiras classificadas nesta faixa oferecem alta segurança para honrar compromissos financeiros regulares. O rating desta faixa indica instituições com saudável política de crédito e sem problemas significativos. As instituições classificadas nesta faixa, no entanto, estão mais vulneráveis a mudanças adversas das condições econômicas e regulatórias do que aquelas da faixa superior.

As instituições financeiras classificadas nesta faixa oferecem boa segurança para honrar compromissos financeiros regulares. O rating desta faixa indica instituições com adequada política de crédito, mas que possuem uma ou mais áreas com fragilidades, com condições, no entanto, de superá-las no curto prazo. As instituições classificadas nesta faixa estão mais vulneráveis a mudanças adversas das condições econômicas e regulatórias do que aquelas das faixas superiores.

As instituições financeiras classificadas nesta faixa oferecem moderada segurança para honrar compromissos financeiros regulares. O rating desta faixa indica instituições que possuem algumas áreas importantes apresentando fragilidades. Estas instituições, no entanto, são consideradas capazes de superar tais problemas no curto prazo, embora mudanças adversas nas condições econômicas e regulatórias podem prejudicar sua capacidade de honrar compromissos financeiros.

As instituições financeiras classificadas nesta faixa apresentam perda de alguns fatores de proteção financeira que podem resultar em inadequado nível de segurança para honrar compromissos financeiros regulares. O rating desta faixa indica instituições que dependem de mudanças favoráveis no ambiente econômico e regulatório que lhes permita honrar compromissos de maneira periódica.

As instituições financeiras classificadas nesta faixa apresentam baixa capacidade para honrar compromissos financeiros regulares. A capacidade de gerar caixa está seriamente afetada por vários problemas em várias áreas. Ainda que estas instituições possam estar honrando os compromissos nas datas pactuadas, a continuidade deste procedimento depende grandemente de mudanças favoráveis nas condições econômicas e regulatórias, além de algum suporte externo.

As instituições financeiras classificadas nesta faixa apresentam elevado risco de não honrarem compromissos financeiros. O rating desta faixa indica instituições com muitos sérios problemas e, a menos que algum suporte externo seja providenciado, elas não terão capacidade de honrar os compromissos financeiros assumidos.

As instituições financeiras classificadas nesta faixa estão inadimplentes ou muito próximas de não honrarem compromissos financeiros. O rating desta faixa indica instituições com graves problemas de geração de caixa, exigindo imediato suporte externo de grande capacidade financeira.

Fonte: www.lfrating.com, em 13/12/2010.

2.3 – TIPOS DE RATING

Por Paulo Rubem (2008), existem duas escalas diferenciadas para o rating:

internacional e nacional. Um rating em escala internacional pode ser tanto em

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moeda local como em moeda estrangeira e representa uma medida absoluta da

capacidade de pagamento das dívidas denominadas, respectivamente, em moeda

local ou estrangeira. O rating em “escala internacional” seja em moeda local ou

estrangeira, são comparáveis entre países. Já o rating em “escala nacional” não é

comparável em escala internacional. Por exemplo, um rating com classificação AAA

na escala brasileira não é comparável com uma classificação na escala (AAA)

chilena ou venezuelana respectivamente.

O rating em moeda local é comparável internacionalmente. Rating em moeda

local mede a probabilidade de pagamento na moeda do país e na jurisdição em

questão. Eles excluem o efeito do risco-país e o risco de transferência, não refletindo

a possibilidade de os investidores virem a ter dificuldades para repatriar o

recebimento de principal e juros. Entre outros, o objetivo deste rating é permitir ao

investidor comparar o risco de emissor de diferentes países, ou até mesmo de um

mesmo país, isolado de riscos de transferência.

As agências também diferenciam o rating de acordo com prazo. O rating de

curto prazo refere-se à capacidade de pagamento de uma obrigação financeira de

até 12 meses. Já obrigações com prazo superior a 12 meses passam a receber

classificação de longo prazo.

É importante destacar que os conceitos de risco país e de rating soberano são

bastante diferentes. Enquanto um se refere a uma medida de rentabilidade calculada

pelo banco norte-americano JP Morgan, o rating mede a capacidade de pagamento.

Muitas vezes, no entanto, países com rating elevado apresentam risco país mais

baixo, e vice-versa, indicando uma relação entre os dois indicadores. (Fonte:

www.fitch.com.br)

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CAPÍTULO III AGÊNCIAS DE RATING

São empresas de notação de risco, ou seja, são contratadas pelas instituições

financeiras para avaliarem o risco de outra empresa, país ou município acerca de

sua capacidade de amortização de dívida. Estabelecendo dessa forma o spread a

aplicar no financiamento.

As agências de rating se apresentam como empresas independentes de

quaisquer interesses, sejam por parte de governos, ou de empresas privadas. Essa

característica lhes permite ter alguns princípios como: independência, objetividade,

credibilidade e liberdade de divulgação das avaliações. Em virtude das

recomendações da Securities and Exchange Commission (SEC), o rating dos

emitentes de dívida é importante e necessário para sua inserção no mercado

internacional pelo motivo da resistência de muitos investidores e credores em

financiarem empresas ou operações sem conhecimento do seu rating. Muitas

empresas pagam para ter as suas dívidas classificadas em termos de risco de

crédito.

As três principais organizações que prestam esse serviço em escala global

são as norte-americanas MoodyŽs, Standard & PoorsŽs (S&P) e Fitch.

3.1 – O CÓDIGO DE CONDUTA

Os dispositivos do código de conduta para as empresa classificadoras de

riscos estão contidos no “Código de Premissas de Conduta para as Agências de

Classificação de Risco de Crédito da IOSCO (Código IOSCO) publicado em

dezembro de 2004 – e emendado em maio de 2008 – pela Organização

Internacional de Comissões de Valores (IOSCO/OICV).

3.2 - OBJETIVOS E PRINCÍPIOS PARA REGULAÇÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS

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• PROTEGER INVESTIDORES;

• ASSEGURAR MERCADOS JUSTOS, EFICIENTES E TRANSPARENTES;

• REDUZIR O RISCO SISTEMICO.

3.2.1 - PRINCÍPIOS DO REGULADOR

1. As responsabilidades do regulador devem ser estabelecidas de forma

clara e objetiva.

2. O regulador deve ser operacionalmente independente e imputável pelo

exercício de suas funções e poderes.

3. O regulador deve ter poderes adequados, recursos apropriados e a

capacidade de desempenhar suas funções e exercer seus poderes.

4. O regulador deve adotar processos regulatórios claros e consistentes.

5. O staff do regulador deve observar os mais elevados padrões

profissionais, inclusive de confidencialidade.

3.2.2 - PRINCÍPIOS DE AUTO-REGULAÇÃO 1. O regime regulatório deve fazer uso apropriado de entidades auto-

reguladoras que exerçam acompanhamento direto de suas respectivas áreas de

competência, na medida apropriada ao tamanho e à complexidade dos mercados.

2. As entidades auto-reguladoras devem ser sujeitas ao

acompanhamento do regulador e devem observar padrões de justiça e

confidencialidade, quando exercendo poderes e responsabilidades delegadas.

3.2.3 - PRINCÍPIOS PARA IMPLEMENTAÇÃO DA REGULAÇÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS.

1. O regulador deve ter poderes amplos de inspeção, de investigação e

de acompanhamento.

2. O regulador deve ter amplos poderes para assegurar a implementação

das regras.

3. O sistema regulatório deve assegurar um uso efetivo e com

credibilidade dos poderes de inspeção, investigação, acompanhamento e de

implementação, e implementar um efetivo programa de compliance.

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3.2.4 - PRINCÍPIOS PARA COOPERAÇÃO EM REGULAÇÃO 1. O regulador deve ter autoridade para compartilhar informações

públicas ou não com outros reguladores domésticos e estrangeiros.

2. Reguladores devem estabelecer mecanismos de intercâmbio de

informações que estipulem quando e como serão compartilhadas informações

públicas ou não com seus parceiros domésticos e estrangeiros.

3. O sistema regulatório deve permitir o provimento de assistência a

reguladores estrangeiros que precisem conduzir investigações no ofício de suas

funções e no exercício seus poderes.

3.2.5 - PRINCÍPIOS PARA EMISSORES

1. Deve haver plena, oportuna e acurada divulgação de resultados

financeiros e outras informações essenciais para as decisões dos investidores.

2. Os detentores de valores mobiliários em uma companhia devem ser

tratados de forma justa e eqüitativa.

3. Padrões contábeis e de auditoria devem ser de elevada e

internacionalmente aceitável qualidade.

3.2.6 - PRINCÍPIOS PARA ESQUEMAS COLETIVOS DE INVESTIMENTOS (FUNDOS)

1. O sistema regulatório deve fixar padrões para elegibilidade e a

regulação daqueles que desejem comercializar ou operar esquemas coletivos de

investimento.

2. O sistema regulatório deve prover regras que governem a forma legal e

a estrutura dos esquemas coletivos de investimento e a segregação e a proteção de

ativos de clientes.

3. A regulação deve requerer a divulgação da informação, como

estabelecido nos princípios para emissores, que seja necessária para avaliar a

adequação de um esquema coletivo de investimento a um investidor em particular e

o valor de sua participação no esquema.

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4. A regulação deve assegurar que exista uma base apropriada e

divulgada para avaliação de ativos e para precificação e resgate de quotas em um

esquema coletivo de investimento.

3.2.7 - PRINCÍPIOS PARA INTERMEDIÁRIOS DE MERCADO 1. A regulação deve fixar padrões mínimos de ingresso aos intermediários

de mercado.

2. Deve haver exigências de capital inicial e de funcionamento e outros

requisitos prudenciais para intermediários de mercado, os quais reflitam os riscos em

que incorram os intermediários.

3. Intermediários de mercado devem ser exigidos a cumprir com padrões

de organização interna e de conduta operacional que visem proteger os interesses

dos clientes, assegurarem a administração apropriada de riscos, de tal forma que o

intermediário assuma a responsabilidade primária por tais matérias.

4. Deve haver procedimentos para lidar com quebra de um intermediário

de mercado de modo a minimizar danos e perdas para investidores e conter o risco

sistêmico.

3.2.8 - PRINCÍPIOS PARA O MERCADO SECUNDARIO

1. O estabelecimento de sistemas de negociação, inclusive bolsas, deve

ser sujeito à autorização e ao acompanhamento do regulador.

2. Deve haver uma contínua supervisão de bolsas e sistemas de

negociação visando assegurar que a integridade das transações seja mantida

através de regras justas e eqüitativas, que atinjam um equilíbrio apropriado entre as

demandas dos diferentes participantes do mercado.

3. A regulação deve promover a transparência de negociação.

4. A regulação deve ser projetada para identificar e deter manipulação e

outras práticas injustas.

5. A regulação deve visar assegurar a adequada administração de

extensas exposições, risco de default e quebra de mercado.

6. Sistemas para compensação e liquidação de transações com valores

mobiliários devem ser sujeitos ao acompanhamento do regulador supervisão

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reguladora e projetados para assegurar que sejam justos efetivos e eficientes e que

reduzam o risco sistêmico.

3.3 – CONSIDERAÇÕES DA NOTAÇÃO DE RISCO

Conforme Ferri, Liu e Stiglitz (1999), muitas críticas foram dirigidas às

agências de rating, após as últimas crises financeiras internacionais, com o

propósito de saber quais as verdadeiras variáveis relevantes no processo de

classificação. Isso porque o processo tem sido obscuro para o mercado. Em outras

palavras, as agências têm alongado as crises e pouco previsto as mesmas, o que é

sinal de fragilidade informacional. Mais especificamente, vários analistas afirmam

que as mudanças ocorrem às avessas à tendência observada nos fundamentos

macroeconômicos e à situação financeira das empresas.

Para a Companhia Portuguesa de Rating (CPR), Os ratings atribuídos devem

ter as seguintes considerações:

• São solicitados pela entidade cujos compromissos financeiros são sujeitos a

rating, podendo esta entidade optar por não tornar público o rating atribuído;

• Baseiam-se em um conjunto de fontes de informação, com destaque para a

entidade contratadora, cujos compromissos financeiros são sujeitos a rating,

incluindo informações confidenciais;

• Cabem as empresas de rating os cuidados na obtenção, cruzamento e

tratamento da informação para efeitos da notação de rating, bem como, pela sua

veracidade, sendo exigível um nível mínimo de qualidade da informação para que se

proceda à atribuição das notações de rating;

• Podem ser de curto prazo, incluindo, neste caso, compromissos financeiros

com prazo inicial de vencimento até um ano, ou de médio e longo prazo, incluindo

neste caso compromissos financeiros com prazo inicial de vencimento superior a um

ano;

• Incluem a opção por um cenário de evolução futura, o qual, embora

procurando ser conservador, envolve sempre risco e incerteza;

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• Podem existir, eventos no momento a decorrer ou com forte probabilidade de

acontecerem e cujos eventuais desfechos podem ter influência nas notações de

rating atribuídos; a tendência das notações é utilizada para indicar o sentido dessa

influência;

• Não constituem recomendações de compra ou venda, sendo apenas um dos

elementos a ponderar pelos investidores;

• Não consideram o risco de taxa de juro, de taxa de câmbio e outros riscos de

mercado incorridos pelo investidor com o compromisso financeiro sujeito a rating;

• Desde que se encontre em vigor são válidos até o vencimento do

compromisso financeiro sujeito a rating, incluindo eventuais renovações.

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CONCLUSÃO

A pesquisa bibliográfica demonstrou o quanto o sistema financeiro está exposto ao risco. É importante para a economia globalizada que os bancos proporcionem um mecanismo seguro e confiável, e que aumentem a eficácia de suas informações, tendo em vista que uma crise financeira afeta diretamente a vida das empresas e das pessoas.

Vivemos em uma época de grandes mudanças, a tecnologia cresce a um ritmo vertiginoso e com uma amplitude nunca presenciada. Estas mudanças criaram interligações entre os países, abrindo o caminho para as atividades humanas em escala mundial. Hoje é facilmente perceptível entender porque os quadros executivos das corporações mundiais busquem incansavelmente respostas para a pergunta: Como mitigar os riscos e melhorar o retorno sobre os investimentos?

A função do rating é a de emitir uma opinião sobre a capacidade de pagamento de um devedor, ou seja, é a opinião sobre a probabilidade de um devedor entrar em um “default”, isto é, de não pagar sua dívida.

As questões éticas e as regras para o funcionamento das Agências de Classificação de Rating vêm sendo discutidas em todo mundo, como conseqüência de escândalos contábeis em instituições bancárias e em empresas multinacionais. A última crise financeira americana se notabilizou mundialmente, atingindo todo o planeta. As agências de rating necessitam ser monitoradas, e suas atividades ligadas à classificação do risco deveriam ser reguladas legalmente.

Muito se tem falado ultimamente sobre as notas atribuídas por essas agências, e como elas afetam decisivamente a capacidade de financiamento de estados e empresas. Marcos Palácio (2005) argumenta que os analistas e as agências de ratings muitas vezes falham ao não perceberem evidentes dificuldades financeiras de empresas, até o instante em que a própria companhia divulga esta dificuldade. Em alguns escândalos financeiros como na Parmalat, e no Banco Santos, muitos analistas foram acusados de ignorar os problemas. Existe portanto, a necessidade de regulação específica para essas agências, de forma que as torne mais independentes nas suas avaliações.

De um modo geral, podemos afirmar que os objetivos e a metodologia da supervisão bancária devem estar ajustados ao processo de inovação, e de expansão dos mercados financeiros.

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KNIGHT, Frank H. Risco, Incerteza e Lucro, Rio de Janeiro: Editora Expressão e Cultura, 1972. MELLO, Pedro C. de e SPOLADOR, Humberto. Crises Financeiras: quebras, medos e especulações do mercado, São Paulo: Saint Paul Editora, 2010. MIGLIAVACCA, Paulo Norberto. Controles Internos nas Organizações, Editora Edicta, 1ª Ed. 2002. PROGRAMA DE CERTIFICAÇÃO INTERNA EM CONHECIMENTOS DE GESTÃO DE SEGURANÇA. Brasília: BANCO DO BRASIL S.A., 2008. PROGRAMA DE CERTIFICAÇÃO INTERNA EM CONHECIMENTOS DE CONTROLES INTERNOS E COMPLIANCE, Brasília: BANCO DO BRASIL S.A., 2009. SALGADO, Manuel Henrique e CARETA, Claudelina Barbosa, Análise da Gestão de Riscos Operacionais – Caso de uma Instituição Bancária. www.excelenciaemgestao.org/Portals/2/documents/cneg6/anais/T10_0249_1157.pdf, acessado em 01/12/2010. SECURATO, José Roberto. Decisões Financeiras em Condições de Risco. São Paulo: Atlas, 1996. TORRES, Cláudio de O. Manual de Gerenciamento de Risco de Crédito, São Paulo: IBCB, 1993.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 7 CAPÍTULO I 10 RISCO DOS BANCOS 10 1.1 Fundamentos 10 1.2 Riscos do Sistema Financeiro 12

1.2.1 Risco de Liquidez 12 1.2.2 Risco de Mercado 12

1.2.3 Risco de Crédito 13 1.2.4 Risco Legal 13 1.2.5 Risco Moral 13 1.2.6 Risco de Conjuntura 13 1.2.7 Risco Sistêmico 14

1.2.8 Risco Operacional 14 1.3 Reflexos do Risco Operacional 14 1.4 Basiléia I 15 1.5 Basiléia II 17 1.6 Identificação do Risco 21 1.8 Avaliação e Mensuração do Risco 22 1.9 Mitigação do Risco 23 1.10 Controle 25 1.11 Monitoramento 26

CAPÍTULO II 28 RATING 28 2.1 Classificações do Risco de Crédito 28 2.2 Classificações do Rating de Instituições Financeiras 29 2.3 Tipos de Rating 30 CAPÍTULO III 32 AGÊNCIAS DE RATING 32 3.1 O Código de Conduta 32 3.2 Objetivos e Princípios para Regulação de Valores Mobiliários 32 3.2.1 Princípios do Regulador 33 3.2.2 Princípios de Auto Regulação 33 3.2.3 Princípios Para Implementação da Regulação de Valores Mobiliários 33 3.2.4 Princípios para Cooperação em Regulação 34

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3.2.5 Princípios para Emissores 34 3.2.6 Princípios para Esquemas Coletivos de Investimentos (Fundos) 34 3.2.7 Princípios para Intermediários do Mercado 35 3.2.8 Princípios para o Mercado Secundário 35 3.3 Considerações da Notação de Risco 36 CONCLUSÃO 38 BIBLIOGRAFIA 39 ÍNDICE 41