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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA
UMA ANÁLISE DOS PROCEDIMENTOS DE RESOLUÇÃO
DE ALUNOS DE 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL EM
RELAÇÃO A PROBLEMAS DE ESTRUTURAS
MULTIPLICATIVAS
MARIANA LEMES DE OLIVEIRA ZARAN
Orientadora: Profª. Dra. Cíntia Aparecida Bento dos Santos
Dissertação apresentada ao Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências e Matemática.
SÃO PAULO
2013
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
Z39a
Zaran, Mariana Lemes de Oliveira. Uma análise dos procedimentos de resolução de alunos de 5º
ano do ensino fundamental em relação à problemas de estruturas multiplicativas / Mariana Lemes de Oliveira Zaran. -- São Paulo; SP: [s.n], 2013.
172 p. : il. ; 30 cm. Orientadora: Cíntia Aparecida Bento dos Santos. Dissertação (mestrado) - Programa de Pós-Graduação em
Ensino de Ciências e Matemática, Universidade Cruzeiro do Sul. 1. Educação matemática 2. Matemática - Ensino fundamental
3. Resolução de problemas – Matemática 4. Projeto Brasil de Matemática. I. Santos, Cíntia Aparecida Bento dos. II. Universidade Cruzeiro do Sul. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. III. Título.
CDU: 51:371.3(043.3)
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
UMA ANÁLISE DOS PROCEDIMENTOS DE RESOLUÇÃO
DE ALUNOS DE 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL EM
RELAÇÃO A PROBLEMAS DE ESTRUTURAS
MULTIPLICATIVAS
Mariana Lemes de Oliveira Zaran
Dissertação de mestrado defendida e aprovada
pela Banca Examinadora em 11/03/2013.
BANCA EXAMINADORA:
Profª. Dra. Cíntia Aparecida Bento dos Santos
Universidade Cruzeiro do Sul
Presidente
Profª. Dra. Edda Curi
Universidade Cruzeiro do Sul
Profª. Dra. Adair Mendes Nacarato
Universidade São Francisco
Dedico este trabalho a Deus, aos meus pais, ao meu marido, aos meus amigos,
à minha orientadora e a todos os professores que contribuíram para a minha
formação. Foi com o apoio e dedicação de cada um de vocês que consegui
chegar até aqui.
AGRADECIMENTOS
À Deus, meu alicerce e minha fortaleza, por me guiar e sustentar a cada
dia, permitindo que eu pudesse chegar até aqui. Minha vida pertence ao
Senhor, e sei que todas as bênçãos recebidas fazem parte dos planos que tem
para mim.
Aos meus pais Geraldo e Ana, por todo o incentivo e amor dedicados, e
pela constante, valiosa e indispensável presença em todos os momentos de
minha vida.
Ao meu marido Danilo, pelo amor, compreensão, apoio e por estar ao
meu lado em mais essa etapa.
À minha orientadora pela qual tenho grande respeito e admiração, Profa.
Dra. Cíntia Aparecida Bento dos Santos, pelas contribuições dadas não
somente ao desenvolvimento deste trabalho, mas também a minha formação e
ao meu amadurecimento. Agradeço pelo incentivo, paciência, dedicação e
confiança depositadas a cada momento, e pela amizade construída ao longo
desses dois anos.
À Profa. Dra. Edda Curi, por aceitar participar de minha banca, pelo
apoio, confiança e contribuições dadas para a minha formação. Pela
oportunidade de poder participar do Programa Observatório da Educação,
realizando investigações de grande importância, ampliando minha visão
quanto educadora.
À Profa. Dra Adair Mendes Nacarato, por ter aceitado participar de minha
banca examinadora, e pelas importantes e significativas contribuições dadas
ao meu trabalho.
À Pró-reitoria de Pós-graduação e Pesquisa da Universidade Cruzeiro do
Sul, pelo incentivo demonstrado com grande eficiência ao longo de minha
trajetória, e por tornarem possível a realização de meus estudos por meio da
bolsa integral disponibilizada.
Aos professores do Programa de Mestrado em Ensino de Ciências e
Matemática da Universidade Cruzeiro do Sul, que ao longo das disciplinas,
com tamanha competência contribuíram para minha formação e
desenvolvimento quanto pesquisadora.
À minha amiga Alessandra Carvalho Teixeira, pelo companheirismo em
importantes momentos, pelo incentivo, carinho e amizade dedicados nessa
caminhada.
À todos os colegas e amigos que de algum modo também fizeram parte
dessa caminhada, que me apoiaram e incentivaram em muitos momentos,
contribuindo para a realização desse sonho.
A todos estes, serei sempre grata, e desejo-lhes que Deus possa
abençoar grandemente suas vidas, proporcionando-lhes muitas vitórias.
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua
produção ou a sua construção. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.”
Paulo Freire
ZARAN, M. L. O. Uma análise dos procedimentos de resolução de alunos de 5º ano do ensino fundamental em relação à problemas de estruturas multiplicativas. 2013. 172 f. Dissertação (Mestrado em Ciências e Matemática)–Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2013.
RESUMO
A pesquisa teve por objetivo evidenciar como os alunos de 5° ano do Ensino
Fundamental demonstram seus conhecimentos em relação às operações que
compõem o campo multiplicativo, buscando evidenciar os indícios de compreensão
por eles revelados. O trabalho centrou-se em uma investigação acerca dos
protocolos de alunos de 5° ano de uma escola pública da cidade de São Paulo, com
suas respectivas resoluções quanto a problemas envolvendo as operações de
multiplicação e divisão. A investigação trabalhou dados coletados a partir do Projeto
Prova Brasil de Matemática: revelações e possibilidades de avanços nos saberes de
alunos de 4ª série/5º ano e indicativos para formação de professores no âmbito do
Programa Observatório da Educação, Edital 2010, financiado pela Capes e
desenvolvido na Universidade Cruzeiro do Sul sob a coordenação da Profa Dra
Edda Curi. Para a elaboração dos instrumentos de pesquisa, foi utilizada a
categorização apresentada por Gerárd Vergnaud, nos estudos do Campo Conceitual
das Estruturas Multiplicativas. Para subsidiar as análises foi utilizado um quadro
teórico, a partir de uma revisão bibliográfica sobre alguns autores que abordam os
problemas de multiplicação e divisão nos anos iniciais do Ensino Fundamental. A
organização do trabalho foi baseada em um método de pesquisa qualitativa, com
técnica de análise documental, por meio da reflexão acerca dos protocolos dos
alunos. Foi realizada inicialmente uma categorização generalizada dos
procedimentos de resolução dos alunos por meio de um inventário de dados, e a
análise qualitativa constou de um aprofundamento da observação acerca das
particularidades reveladas nos protocolos. Os resultados colocaram em evidência
um cenário delicado em relação às interpretações dadas pelos alunos desta etapa
de escolarização diante de situações propostas, em que, em alguns grupos de
problemas, os alunos demonstraram fragilidades quanto à apropriação do raciocínio
multiplicativo ou dos algoritmos que permeiam as operações. As considerações
apresentadas ao final dos estudos propiciam uma importante reflexão sobre
intervenções que possam contribuir com o processo de ensino e aprendizagem das
operações investigadas, enfatizando a importância do professor realizar o papel de
pesquisador com seus alunos, buscando e encontrando novos caminhos através da
constante observação dos procedimentos realizados pelos mesmos, e dos indícios
de compreensão revelados por eles, o que possibilitará ao docente diagnosticar as
facilidades e fragilidades, que propiciarão a elaboração de estratégias que envolvam
situações de aprendizagem que possam mobilizar conhecimentos de acordo com o
nível de compreensão observado. Por meio desta investigação, pretende-se trazer
reais contribuições ao cenário da Educação Matemática, no que diz respeito ao
ensino e à aprendizagem dos conceitos que norteiam o campo multiplicativo; de
modo que a pesquisa possa ultrapassar o campo de uma simples constatação, em
que a sala de aula não seja utilizada apenas para coletar dados, mas que os indícios
e sugestões apontados venham a servir como um possível caminho à prática
docente, em que por meio de um trabalho gradual, possam ser ampliados os olhares
investigativos em sala de aula, na busca por oportunidades de intervenções que
venham a auxiliar no processo de aprendizagem do aluno.
Palavras-chave: Educação matemática, Campos conceituais, Estruturas
multiplicativas, Procedimentos de resolução, Indícios de compreensão do raciocínio
multiplicativo.
ZARAN, M. L. O. An analysis of the resolution procedures of 5th grade students of elementary school in relation to problems of multiplicative structures. 2013. 172 f. Dissertação (Mestrado em Ciências e Matemática)–Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2013.
ABSTRACT
The research aims to show how the students of 5th year of elementary school
demonstrate their knowledge concerning operations that compose the multiplicative
field in order to enhance understanding of the evidence revealed by them. The study
focused on an investigation about the protocols of 5th grade students from a public
school in the city of São Paulo, with their resolutions for problems involving
multiplication and division. Research worked data collected from Project Brazil Exam
Mathematics: revelations and possibilities for advances in knowledge of students
from grade 4/5 years and indicative for teacher training under the Programme Centre
for Education, Public Notice 2010, funded by Capes and developed at the University
Cruzeiro do Sul under the coordination of Prof. Dr. Edda Curi. In developing the
research instruments was used categorization presented by Gerárd Vergnaud,
studies in the field of conceptual multiplicative structures. To subsidize analyzes used
a theoretical framework, based on a literature review of some authors that address
the problems of multiplication and division in the early grades of elementary school.
The organization's work was based on a qualitative research method, with technical
analysis of documents, through reflection on the students' protocols. The results have
highlighted a scenario delicate compared to the interpretations given by the
students of this stage of schooling in situations proposed, in which, in some groups of
problems, students showed weaknesses regarding the appropriation of multiplicative
reasoning or algorithms that underlie the operations. The considerations presented at
the end of the studies provide an important reflection on interventions that can
contribute to the process of teaching and learning operations investigated,
emphasizing the importance of the teacher performing the role of researcher and his
students, seeking and finding new paths through constant observation of procedures
performed by them, and the evidence revealed by understanding them, which will
enable the teacher to diagnose the facilities and weaknesses, which will provide the
development of strategies that involve learning situations that can mobilize
knowledge according to the level of understanding observed. Through this research,
we intend to bring real contributions to the scenario of Mathematics Education, with
regard to teaching and learning concepts that guide the field multiplicative, so that
research may exceed the scope of a simple observation, that the classroom is not
only used to collect data, but that the evidence pointed and suggestions may serve
as a possible way of teaching practice, where through a gradual work, looks can be
expanded investigative classroom, the search for opportunities of interventions that
would assist in the process of student learning.
Keywords: Education mathematics, Conceptual fields, Multiplicative structures,
Resolution procedures, Evidence of understanding of multiplicative reasoning.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Divisão como partilha ........................................................................ 36
Figura 2 - Divisão como medida ........................................................................ 36
Figura 3 - Processo longo da divisão ................................................................ 38
Figura 4 - Processo breve da divisão ................................................................ 38
Figura 5 - Categoria não standard e informal ................................................... 39
Figura 6 - Grupos para análise das situações .................................................. 45
Figura 7 - Uma possível forma de efetuar a divisão ......................................... 47
Figura 8 - Exemplo 1 ........................................................................................... 57
Figura 9 - Exemplo 2 ........................................................................................... 58
Figura 10 - Exemplo 3 ........................................................................................... 58
Figura 11 - Exemplo 4 ........................................................................................... 58
Figura 12 - Exemplo 5 ........................................................................................... 59
Figura 13 - Exemplo 6 ........................................................................................... 59
Figura 14 - Exemplo 7 ........................................................................................... 59
Figura 15 - Multiplicação ...................................................................................... 60
Figura 16 – Divisão (busca de uma medida) ........................................................ 61
Figura 17 – Divisão (busca de um escalar) .......................................................... 61
Figura 18 – Exemplo 1 ........................................................................................... 62
Figura 19 – Exemplo 2 ........................................................................................... 62
Figura 20 – Exemplo 3 ........................................................................................... 62
Figura 21 – Exemplo 4 ........................................................................................... 63
Figura 22 – Exemplo 5 ........................................................................................... 63
Figura 23 – Problema 1 do instrumento 1 ............................................................ 72
Figura 24 – Problema 2 do instrumento 1 ............................................................ 72
Figura 25 – Problema 3 do instrumento 1 ............................................................ 73
Figura 26 – Problema 1 do instrumento 2 ............................................................ 74
Figura 27 – Problema 2 do instrumento 2 ............................................................ 75
Figura 28 – Problema 3 do instrumento 2 ............................................................ 76
Figura 29 – Problema 4 do instrumento 2 ............................................................ 77
Figura 30 – Problema 1 do instrumento 3 ............................................................ 78
Figura 31 – Problema 2 do instrumento 3 ............................................................ 79
Figura 32 – Problema 3 do instrumento 3 ............................................................ 80
Figura 33 – Problema 1 do instrumento 4 ............................................................ 81
Figura 34 – Problema 2 do instrumento 4 ............................................................ 82
Figura 35 - Protocolo do A1.................................................................................. 84
Figura 36 - Protocolo do A51................................................................................ 84
Figura 37 - Protocolo do A52................................................................................ 85
Figura 38 - Protocolo do A40................................................................................ 86
Figura 39 - Protocolo do A21................................................................................ 87
Figura 40 - Protocolo do A43................................................................................ 88
Figura 41 - Protocolo do A4.................................................................................. 89
Figura 42 - Protocolo do A12................................................................................ 90
Figura 43 - Protocolo do A17................................................................................ 90
Figura 44 - Ideia de multiplicação ........................................................................ 91
Figura 45 - Protocolo do A4.................................................................................. 91
Figura 46 - Protocolo do A20................................................................................ 92
Figura 47 - Protocolo do A11................................................................................ 93
Figura 48 - Protocolo do A3.................................................................................. 93
Figura 49 - Protocolo do A11................................................................................ 94
Figura 50 - Protocolo do A10................................................................................ 95
Figura 51 - Protocolo do A3.................................................................................. 96
Figura 52 - Protocolo do A16................................................................................ 97
Figura 53 - Protocolo do A36................................................................................ 97
Figura 54 - Protocolo do A51................................................................................ 98
Figura 55 - Protocolo do A2.................................................................................. 99
Figura 56 - Protocolo do A5.................................................................................. 99
Figura 57 - Protocolo do A5................................................................................ 100
Figura 58 - Protocolo do A35.............................................................................. 100
Figura 60 - Protocolo do A44.............................................................................. 102
Figura 61 - Protocolo do A35.............................................................................. 103
Figura 62 - Protocolo do A2................................................................................ 104
Figura 63 - Protocolo do A7................................................................................ 105
Figura 64 - Protocolo do A37.............................................................................. 105
Figura 65 - Protocolo do A51.............................................................................. 106
Figura 66 - Protocolo do A17.............................................................................. 107
Figura 67 - Protocolo do A12.............................................................................. 108
Figura 68 - Protocolo do A4................................................................................ 108
Figura 69 Protocolo do A20............................................................................. 109
Figura 70 - Protocolo do A20.............................................................................. 110
Figura 71 - Protocolo do A31.............................................................................. 111
Figura 72 - Protocolo do A27.............................................................................. 111
Figura 73 - Protocolo do A11.............................................................................. 112
Figura 74 - Protocolo do A19.............................................................................. 113
Figura 75 - Protocolo do A22.............................................................................. 113
Figura 76 - Protocolo do A3................................................................................ 114
Figura 77 - Protocolo do A35.............................................................................. 115
Figura 78 - Protocolo do A37.............................................................................. 116
Figura 79 - Protocolo do A42.............................................................................. 116
Figura 80 - Protocolo do A9................................................................................ 117
Figura 81 - Protocolo do A28.............................................................................. 118
Figura 82 - Protocolo do A56.............................................................................. 118
Figura 83 - Protocolo do A36.............................................................................. 119
Figura 84 - Protocolo do A10.............................................................................. 120
Figura 85 - Protocolo do A45.............................................................................. 121
Figura 87 - Protocolo do A27.............................................................................. 122
Figura 88 - Protocolo do A2................................................................................ 123
Figura 89 - Protocolo do A26.............................................................................. 124
Figura 90 - Protocolo do A2................................................................................ 124
Figura 91 - Protocolo do A22.............................................................................. 125
Figura 92 - Protocolo do A31.............................................................................. 126
Figura 93 - Protocolo do A44.............................................................................. 127
Figura 94 - Protocolo do A2................................................................................ 128
Figura 96 - Protocolo do A33.............................................................................. 129
Figura 97 - Protocolo do A44.............................................................................. 130
Figura 99 - Protocolo do A2................................................................................ 131
Figura 100 - Protocolo do A27.............................................................................. 132
Figura 101 - Protocolo do A22.............................................................................. 132
Figura 102 - Protocolo do A2................................................................................ 133
Figura 103 - Protocolo do A46.............................................................................. 134
Figura 104 - Protocolo do A13.............................................................................. 135
Figura 105 - Protocolo do A22.............................................................................. 135
Figura 106 - Protocolo do A27.............................................................................. 136
Figura 107 - Protocolo do A39.............................................................................. 137
Figura 108 - Protocolo do A56.............................................................................. 137
Figura 109 - Protocolo do A38.............................................................................. 138
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Conteúdos relacionados com o desenvolvimento do sentido
da multiplicação ................................................................................. 33
Tabela 2 – Levantamento dos dados da pesquisa de campo ........................... 71
Tabela 3 – Resultados do problema 1 ................................................................ 72
Tabela 4 - Resultados do problema 2 ................................................................ 73
Tabela 5 - Resultados do problema 3 ................................................................ 74
Tabela 6 – Resultados do problema 1 ................................................................ 75
Tabela 7 - Resultados do problema 2 ................................................................ 76
Tabela 8 - Resultados do problema 3 ................................................................ 77
Tabela 9 - Resultados do problema 4 ................................................................ 78
Tabela 10 - Resultados do problema 1 ................................................................ 79
Tabela 11 - Resultados do problema 2 ................................................................ 80
Tabela 12 - Resultados do problema 3 ................................................................ 81
Tabela 13 - Resultados do problema 1 ................................................................ 82
Tabela 14 - Resultados do problema 2 ................................................................ 83
Tabela 15 – Inventário de dados do instrumento 1 ........................................... 139
Tabela 16 – Inventário de dados do instrumento 2 ........................................... 142
Tabela 17 – Inventário de dados do instrumento 3 ........................................... 145
Tabela 18 – Inventário de dados do instrumento 4 ........................................... 147
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – CONTEXTO DA PESQUISA, PROBLEMÁTICA E
METODOLOGIA ............................................................................ 19
1.1 Sobre a escolha do tema ........................................................................... 19
1.2 Sobre o Projeto Prova Brasil de Matemática: revelações e
possibilidades de avanços nos saberes de alunos de 4ª série/5º
ano e indicativos para formação de professores e suas
contribuições para o estudo ...................................................................... 21
1.3 Problemática da Pesquisa ......................................................................... 24
1.4 Metodologia de Pesquisa ........................................................................... 25
CAPÍTULO 2 – O ENSINO DAS OPERAÇÕES DE MULTIPLICAÇÃO E
DIVISÃO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL ........................................................................... 31
2.1 Alguns autores que discutem as operações de multiplicação e
divisão nos anos iniciais do Ensino Fundamental .................................. 31
2.2 As operações de multiplicação e divisão e os Parâmetros
Curriculares Nacionais ............................................................................... 43
2.3 Algumas considerações sobre o capítulo ................................................ 48
CAPÍTULO 3 – A TEORIA DOS CAMPOS CONCEITUAIS E O CAMPO
CONCEITUAL DAS ESTRUTURAS MULTIPLICATIVAS ............ 51
3.1 Uma abordagem sobre a Teoria dos Campos Conceituais .................... 51
3.2 Campo Conceitual das Estruturas Multiplicativas ................................... 56
3.2.1 Isomorfismo de Medidas ............................................................................ 57
3.2.2 Produto de Medidas ................................................................................... 62
3.3 Algumas considerações sobre o capítulo ................................................ 63
CAPÍTULO 4 – A PESQUISA DE CAMPO ............................................................ 67
4.1 Sobre a realização da pesquisa de campo ............................................... 67
4.2 As categorias de análise ............................................................................ 68
4.3 Os instrumentos de pesquisa ................................................................... 70
4.3.1 O primeiro grupo de problemas: Isomorfismo de Medidas .................... 71
4.3.1.1 Primeiro instrumento: problemas de correspondência um a muitos .... 71
4.3.1.2 Segundo instrumento: problemas de correspondência muitos a
muitos .......................................................................................................... 74
4.3.2 O segundo grupo de problemas: Produto de Medidas ........................... 78
4.3.2.1 Terceiro instrumento: problemas de configuração retangular............... 78
4.3.2.2 Quarto instrumento: problemas de combinatória ................................... 81
4.4 Análise dos instrumentos por categoria .................................................. 83
4.4.1 Categoria 1 – Identificam a ideia da operação que resolve o
problema e acertam os procedimentos .................................................... 83
4.4.2 Categoria 2 – Identificam a ideia da operação que resolve o
problema, mas não utilizam os procedimentos corretamente ............. 104
4.4.3 Categoria 3 - Identificam a operação que resolve o problema, mas
apenas indicam a operação, e não a desenvolvem ............................... 110
4.4.4 Categoria 4 - Não identificam a operação e acertam os
procedimentos/algoritmos utilizados ..................................................... 112
4.4.5 Categoria 5 - Não identificam a operação e erram os
procedimentos .......................................................................................... 120
4.4.6 Categoria 6 - Não identificam a operação que resolve o problema,
apenas indicam uma operação, e não a desenvolvem .......................... 136
4.4.7 Categoria 7 - Indicam apenas o resultado e acertam ............................ 136
4.5 Considerações sobre análise do primeiro instrumento ........................ 138
4.7 Considerações sobre a análise do terceiro instrumento ...................... 145
4.8 Considerações sobre a análise do quarto instrumento ........................ 147
4.9 Algumas considerações sobre o capítulo .............................................. 148
CAPÍTULO 5 – CONSIDERAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES SOBRE O ENSINO
E A APRENDIZAGEM DAS OPERAÇÕES DO CAMPO
MULTIPLICATIVO ....................................................................... 151
5.1 Caminhos da investigação: do desenvolvimento da pesquisa aos
resultados encontrados ........................................................................... 151
5.2 Considerações finais: indicativos e contribuições para o cenário
da pesquisa ............................................................................................... 154
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 159
ANEXOS ................................................................................................................. 162
19
CAPÍTULO 1 – CONTEXTO DA PESQUISA, PROBLEMÁTICA E
METODOLOGIA
Neste capítulo apresentaremos nossos motivos pela escolha do tema, bem
como o contexto em que esta pesquisa está inserida. Explicitaremos nossa
problemática de pesquisa e a metodologia empregada a fim de realizar nossa
investigação.
1.1 Sobre a escolha do tema
Neste tópico, em especial, escreverei na primeira pessoa do singular por
tratar-se de minha trajetória profissional e de constatações pessoais que tenho feito
durante minha atuação como docente.
A presente pesquisa evidencia em seu contexto o trabalho com as
operações de multiplicação e divisão de números naturais, tendo como enfoque as
aprendizagens e dificuldades reveladas por alunos do 5º ano do Ensino
Fundamental de uma escola pública da cidade de São Paulo.
A escolha do tema gerador da pesquisa justifica-se a partir de minha prática
profissional como docente da disciplina de Matemática no Ensino Fundamental, em
que tenho observado que muitos alunos de 6º a 9º ano apresentam dificuldades para
resolver situações que requerem a utilização da operação de divisão e não
reconhecem esta como uma operação inversa da multiplicação. Na convivência com
outros professores e colegas de trabalho, percebi também que alguns acreditam que
ao chegarem ao 6º ano os alunos já possuem construído completamente o sentido
dessa operação, e inclusive do trabalho procedimental dos algoritmos1 que a
envolvem.
Em 2009, fui contratada pela rede estadual de ensino da cidade de
Caraguatatuba, litoral norte de São Paulo, e iniciei minha atuação docente
1 Algoritmos: consideramos como algoritmo a disposição formal de uma operação. Também podemos nos apoiar
em MENDONÇA (1996), ao definir algoritmos como sendo uma sequência de passos pré-estabelecidos, que, se
seguidos, podem levar ao sucesso de uma tarefa.
20
ministrando aulas para o 6º ano do Ensino Fundamental. A partir deste momento as
dificuldades reveladas pelos alunos em relação ao trabalho com a operação de
divisão passaram a chamar minha atenção.
Em 2010 e durante o 1º semestre de 2011 ministrei aulas do Projeto
Recuperação Paralela na rede estadual de ensino da cidade de Caraguatatuba, e os
próprios alunos relatavam que a operação a qual possuíam mais dúvidas era a
divisão. Esta constatação ficou evidente ao longo das aulas ao observar como os
alunos desenvolviam as tarefas propostas.
No 2º semestre de 2011, ingressei como professora efetiva da rede pública
municipal de ensino de Caraguatatuba, em que tive a oportunidade de trabalhar com
alunos de 4º ao 7º ano no Projeto Recuperação, e também pude observar que
dentre as operações matemáticas fundamentais, as maiores dificuldades de
aprendizagem encontravam-se durante a realização da operação de divisão.
É interessante ressaltar que, indiferentemente da série observada, as
dificuldades de aprendizagem eram semelhantes, em que os alunos demonstravam
não compreender o procedimento para a realização desta operação em que
tratamos em nosso estudo.
Com base nas constatações realizadas em minha trajetória como docente, a
questão da dificuldade dos alunos em relação à operação de divisão passou a ser
uma preocupação para mim enquanto professora de Matemática; e por isso busquei
aprofundar meus conhecimentos para poder entender as questões que envolvem o
trabalho com essa operação. Em busca de respostas, iniciei em 2011 meus estudos
no Programa de Pós Graduação da Universidade Cruzeiro do Sul, no curso de
Mestrado Profissionalizante em Ensino de Ciências e Matemática.
No decorrer de meus estudos no Mestrado e por intermédio de minha
orientadora passei a participar do Projeto Prova Brasil de Matemática: revelações e
possibilidades de avanços nos saberes de alunos de 4ª série/5º ano e indicativos
para formação de professores, que possui financiamento da Capes2 e tem
coordenação da Profa Dra Edda Curi. Embora não seja bolsista do projeto, ressalto
que este me proporcionou um novo olhar acerca do ensino da Matemática, trazendo
2 Capes: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
21
novas inquietações quanto a minha preocupação em relação aos problemas de
aprendizagem de meus alunos.
Para melhor compreensão desta pesquisa passamos na sequencia a
explicitar o contexto em que ocorre o Projeto de Pesquisa acima mencionado, uma
vez que, o entendimento deste contexto é indispensável ao leitor, pois nossa
pesquisa de campo se desenvolve a partir das ações realizadas pelo grupo em sala
de aula.
1.2 Sobre o Projeto Prova Brasil de Matemática: revelações e possibilidades
de avanços nos saberes de alunos de 4ª série/5º ano e indicativos para
formação de professores e suas contribuições para o estudo
O Projeto Prova Brasil de Matemática: revelações e possibilidades de
avanços nos saberes de alunos de 4ª série/5º ano e indicativos para formação de
professores é desenvolvido no âmbito do Projeto Observatório da Educação e como
mencionamos anteriormente tem financiamento da Capes. Este Projeto de Pesquisa
tem sido desenvolvido na Universidade Cruzeiro do Sul, e como mencionamos
anteriormente sob a coordenação da Profa Dra. Edda Curi. Na instituição ele está
alocado na linha de pesquisa de Elementos e Metodologia do Ensino da Matemática
do Programa de Pós Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. Este projeto
é oriundo dos trabalhos desenvolvidos pelo grupo de pesquisa CCPPM
(Conhecimentos, Crenças e Práticas de Professores que ensinam Matemática) da
mesma universidade, e também liderado pela pesquisadora Dra Edda Curi, docente
e coordenadora do Programa de Pós Graduação em Ensino de Ciências e
Matemática.
O grupo que está envolvido no projeto é constituído por atores de segmentos
distintos sendo 6 professoras da rede pública de ensino de São Paulo que atuam
nos anos iniciais do Ensino Fundamental, 6 alunos do curso de Pedagogia da
Universidade, 3 mestrandos e 3 doutorandos do Programa de Pós Graduação em
Ensino de Ciências e Matemática. Faz-se necessário destacar sobre essa
constituição que, desde o início do projeto, houve a ampliação do número de
participantes no presente grupo colaborativo.
22
Segundo Curi (2010) o objetivo do Projeto de Pesquisa é utilizar a base de
dados existentes no Inep3 sobre aprendizagem matemática, revelada na Prova
Brasil, pelos alunos de 4ª série/5º ano das escolas envolvidas, buscando indícios
para melhoria da qualidade do ensino de Matemática nos anos iniciais do Ensino
Fundamental e indicativos para a formação de professores que atuam nesse
segmento.
O desenvolvimento deste Projeto de Pesquisa visa fortalecer as relações
entre pesquisas acadêmicas e a prática em sala de aula na educação básica,
relações essas que sabemos não serem comuns no cotidiano das escolas.
Ao fazer a leitura do projeto na integra é possível perceber que a proposta
de Curi (2010) para a postura assumida pelo grupo no Projeto de Pesquisa é a de
um professor como sujeito competente e ativo e não apenas a de um aplicador de
currículos formulados e prontos, em que o professor é considerado um pesquisador
em educação, desenvolvendo conhecimentos na ação e protagonizando sua própria
prática. Para isto, consideramos relevantes alguns aspectos da pesquisa que
favorecem o desenvolvimento profissional do professor, destacando o trabalho
colaborativo e coletivo entre pesquisadores e professores vinculados às escolas
públicas; a articulação entre a pesquisa, a formação docente e a prática pedagógica,
a busca de novas experiências didáticas, na universidade, na escola, durante a
participação do processo coletivo de criação e análise de atividades, bem como por
meio de uma reflexão destas experiências.
O grupo reúne-se a cada quinze dias na Universidade Cruzeiro do Sul e
baseia-se fundamentalmente no “ouvir” a prática das professoras, bem como suas
experiências e dificuldades encontradas no âmbito pedagógico, onde a partir disso
realiza-se uma reflexão coletiva, partilhada em uma dimensão colaborativa,
buscando solucionar problemas complexos que visivelmente são de difícil solução.
Nos encontros do grupo são utilizados como recursos para organização dos
dados de pesquisa os cadernos de registros das professoras, as atas de memórias
do grupo e as anotações individuais realizadas pelos pesquisadores. Para a
organização das discussões colaborativas e aprofundamento dos temas do ensino
3 Inep: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais.
23
de Matemática são utilizados subsídios, como leitura de textos e apresentações de
pesquisas e embasamentos teóricos.
No primeiro encontro realizado ocorreu a apresentação do projeto aos
integrantes do grupo, e sobre quais são os procedimentos para realizar uma análise
de dados coletados na pesquisa. A intenção é aproximar o meio acadêmico ao
cenário escolar, evidenciando que pesquisas também podem ser desenvolvidas por
professores em sala de aula.
Em relação às análises realizadas pelo grupo de pesquisa, estas tiveram
início a partir do confronto dos descritores de avaliação da Matriz de Avaliação da
Prova Brasil com os documentos curriculares oficiais da rede municipal e estadual
de São Paulo.
O Sistema de Numeração Decimal foi o primeiro conteúdo trabalhado pelo
grupo de pesquisa, em que durante os encontros as professoras contavam como
desenvolviam o trabalho com seus alunos sobre este conteúdo. Alguns encontros
foram destinados ao trabalho por meio de atividades com a utilização da calculadora
e a decomposição de números.
Posteriormente ao trabalho com o Sistema de Numeração Decimal, realizou-
se no grupo um estudo das Expectativas de Aprendizagem do 1° ao 5° ano, em que
foi possível realizar uma reflexão acerca do ensino deste conteúdo nos anos iniciais,
verificando o que se espera a partir das orientações contidas no documento
analisado e como isso vem se concretizando ou não em sala de aula.
Após essa reflexão, o grupo realizou um trabalho focando os descritores do
Sistema de Numeração Decimal do SAEB4, em que ocorreu a verificação de
algumas questões em relação aos prováveis erros cometidos pelos alunos,
provocando deste modo uma nova reflexão, desta vez acerca das ideias contidas
nessas questões, que poderiam estar implicando nos erros observados em sala de
aula pelas professoras.
Em um segundo momento, o grupo iniciou o estudo das operações com
base na abordagem de Gerárd Vergnaud (1983, 1987, 1994, 1991, 1996, 1998,
4 SAEB: Sistema de Avaliação da Educação Básica.
24
2009, 2012) sobre a Teoria dos Campos Conceituais. Primeiramente foi realizada
uma apresentação sobre as questões que norteiam o campo aditivo, no qual estão
inseridas as operações de adição e subtração.
Após uma análise das categorias elaboradas por Vergnaud (1983, 1987,
1994, 1991, 1996, 1998, 2009, 2012) sobre este campo conceitual, o grupo elaborou
problemas conforme as categorias verificadas e com isso as professoras da rede
pública de São Paulo puderam realizar as aplicações das atividades com seus
alunos. Os protocolos das atividades realizadas foram trazidos para o grupo, e a
partir das análises puderam ser verificadas as dificuldades e aprendizagens dos
alunos acerca destas operações, o que nos possibilitou a reflexão sobre algumas
estratégias que possam vir a auxiliar o ensino e a aprendizagem de tais operações.
Posteriormente ao trabalho com o campo aditivo, o grupo passou aos
estudos do campo multiplicativo, também fundamentado por Gerárd Vergnaud
(1983,1991, 1994). O campo multiplicativo envolve as operações de multiplicação e
divisão. É nesta etapa do projeto que se dá o desenvolvimento de nossa pesquisa.
1.3 Problemática da Pesquisa
Diante de minhas observações pessoais acerca das dificuldades reveladas
pelos alunos para a resolução de problemas que contemplam a ideia da operação
de divisão e motivada pelas reflexões realizadas no grupo de pesquisa, procurei a
partir deste estudo, analisar como os alunos de 5° ano do Ensino Fundamental
demonstram seus conhecimentos em relação às operações que compõem o campo
multiplicativo, buscando evidenciar os indícios de compreensão por eles revelados.
Dificuldades estas que por nossa prática docente percebemos que estão se
estendendo e se agravando pelos demais anos de escolarização; e que acabam por
prejudicar o processo de aprendizagem de alunos em relação a outros conteúdos
matemáticos que requerem a apropriação das operações de multiplicação e divisão
para que possam ser entendidos pelos alunos.
Dentre os aportes teóricos utilizados em nosso trabalho, apoiamos nos
estudos de Gerárd Vergnaud (1983, 1987, 1991, 1994, 1996, 1998, 2009, 2012)
sobre os Campos Conceituais no que se refere às estruturas multiplicativas.Este
25
referencial teórico foi escolhido porque possibilita uma visão articulada em relação
ao ensino das operações de multiplicação e divisão, e também devido à construção
de conceitos em relação às operações.
Optamos por enfatizar como foco de pesquisa esta visão articulada entre as
duas operações pelo fato de que muitas vezes, para a resolução de um problema
que envolve a ideia da operação de divisão, o aluno pode realizar um procedimento
de raciocínio em que seja utilizada a ideia de multiplicação para se chegar à
resposta, o que torna necessário também o aprofundamento de uma investigação
sobre como os alunos tem se apropriado das ideias pertencentes a esta operação, a
partir do momento em que priorizaremos um trabalho em que cada operação não
seja abordada de forma estanque, mas sim articulada com outra operação que
possa ampliar e contribuir para a aprendizagem dos alunos.
Com base no que foi exposto até o momento, elaboramos as seguintes
questões de pesquisa:
Quais as interpretações demonstradas por alunos do 5° ano ao
resolverem problemas do Campo Multiplicativo?
Quais os indícios de compreensão revelados por alunos do 5° ano em
relação às estruturas multiplicativas?
Para responder nossas questões de pesquisa, centraremos este trabalho em
uma investigação acerca dos protocolos de alunos de 5° ano com suas respectivas
resoluções quanto a problemas envolvendo questões pertencentes ao Campo
Conceitual das Estruturas Multiplicativas de Gerárd Vergnaud, buscando revelar
facilidades e dificuldades percebidas quanto à identificação destas operações;
buscando também verificar como alunos nesta fase de escolarização têm
institucionalizado estas operações.
1.4 Metodologia de Pesquisa
Utilizaremos para esta investigação uma organização de trabalho baseada
em um método de pesquisa qualitativa. De acordo com Goldenberg (2007), os
26
métodos qualitativos de pesquisa permitem enfatizar as particularidades de um
fenômeno em termos de seu significado para o grupo pesquisado. Ainda segundo a
autora, esse tipo de pesquisa pode possibilitar uma melhor compreensão do
significado e uma descrição densa dos fenômenos estudados em seus contextos e
não à sua expressividade numérica.
Creswell (2010) define alguns procedimentos que podem auxiliar a
caracterizar uma pesquisa qualitativa, dentre os quais encontramos os
procedimentos a serem utilizados em nosso estudo:
A amostragem intencional, a coleta de dados abertos, a análise de textos ou de imagens, a representação de informações em figuras e em quadros e a interpretação pessoal dos achados informam procedimentos qualitativos. (CRESWELL, 2010, p.21)
O autor afirma que esse tipo de investigação utiliza a análise dos dados
construída de modo indutivo, por meio das particularidades e das interpretações
feitas pelo pesquisador sobre o significado dos dados.
Nossa investigação será feita a partir da análise de uma única escola
participante do grupo de pesquisa já mencionado anteriormente. Nossa análise
constará de duas turmas de 5° ano do Ensino Fundamental, com um efetivo de
participação de 57 alunos.
Para a realização de nossa análise, elaboramos juntamente ao grupo quatro
instrumentos, e obtivemos um total de 206 protocolos, resultando em um total de
722 problemas a serem analisados.
Sobre os dados apresentados referentes à investigação, faz-se necessário
destacarmos que os mesmos foram organizados em inventários por nós elaborados,
no intuito de apresentar previamente um panorama sintetizado referente à
quantidade de dados coletados por meio de cada instrumento dentro de nosso
cenário de pesquisa.
Nossa escolha pelo método qualitativo de pesquisa justifica-se pelo fato de
que os dados coletados serão inicialmente categorizados de acordo com os
procedimentos de resolução utilizados pelos alunos, seguidos de uma análise
qualitativa, em que aprofundaremos dentro de cada categoria nossa observação
27
acerca das particularidades observadas nos protocolos no que se refere à resolução
dos problemas que compõem os instrumentos utilizados em nosso estudo.
Com a utilização da análise qualitativa, pretendemos realizar um minucioso
olhar sobre o material coletado, em que segundo Goldenberg (2007), essa
metodologia permite enxergar a questão sob várias perspectivas, o que nos
possibilitará uma melhor análise e reflexão ao longo da investigação.
Em Flick (2009) também é possível visualizar algumas características
consideradas pelo autor como aspectos essenciais da pesquisa qualitativa:
[...] consistem na escolha adequada de métodos e teorias convenientes; no reconhecimento e na análise de diferentes perspectivas; nas reflexões dos pesquisadores a respeito de suas pesquisas como parte do processo de produção de conhecimento; e na variedade de abordagens e métodos. (FLICK, 2009, p.23)
Tais aspetos ajudam a reforçar nossa escolha pela metodologia qualitativa,
na qual utilizaremos como técnica de investigação a análise documental, definidos
por Lüdke e André (1986), como uma técnica valiosa de abordagem de dados
qualitativos. As autoras afirmam que os documentos são uma fonte de em que
podem ser retiradas evidências que possam fundamentar as afirmações e
declarações do pesquisador, defendendo também que a análise documental indica
problemas que devem ser mais bem explorados por meio de outros métodos.
Ainda referindo-se ao procedimento de pesquisa documental, ressaltamos a
abordagem feita por Sá-Silva, Almeida e Guindani (2009), onde defendem que:
Quando um pesquisador utiliza documentos objetivando extrair informações, ele o faz investigando, examinando, usando técnicas apropriadas para seu manuseio e análise; segue etapas e procedimentos; organiza informações a serem categorizadas e posteriormente analisadas; por fim, elabora sínteses, ou seja, na realidade, as ações dos investigadores – cujos objetos são documentos – estão impregnadas de aspectos metodológicos, técnicos e analíticos (SÁ-SILVA; ALMEIDA; GUINDANI, 2009, p. 4).
A partir dessa citação, é possível perceber que nosso tipo de investigação
também tem suas origens fundamentadas na pesquisa documental, onde
realizaremos uma análise acerca dos procedimentos e resultados desenvolvidos
pelos alunos, sendo estes considerados documentos, que são definidos segundo
Philips (1974) como “quaisquer materiais escritos que possam ser usados como
fonte de informação sobre o comportamento humano” (PHILIPS, 1974, p. 187).
28
É importante ressaltar acerca dessa definição, que um documento não se
define apenas por materiais escritos. Em Appolinário (2009), podemos encontrar
uma definição mais ampla de documento:
Qualquer suporte que contenha informação registrada, formando uma unidade, que possa servir para consulta, estudo ou prova. Incluem-se nesse universo os impressos, os manuscritos, os registros audiovisuais e sonoros, as imagens, entre outros. (APPOLINÁRIO, 2009, p. 67)
Diante dessas considerações, podemos então classificar como técnica
metodológica complementar de nossa investigação a pesquisa documental, em que
se caracteriza como um subsídio essencial para a concretização do presente estudo,
possibilitando-nos uma riqueza de informações que auxiliarão em nossa análise.
Como já mencionado anteriormente, para a realização de nossa coleta de
dados, elaboramos conjuntamente ao grupo colaborativo quatro instrumentos de
investigação, abordando diferentes grupos de problemas de acordo com a
categorização de Gerárd Vergnaud, em relação ao campo conceitual das estruturas
multiplicativas.
O primeiro instrumento (anexo A) é composto por três problemas que
contemplam a ideia “um a muitos”, pertencentes à classe de problemas isomorfismo
de medidas.
O segundo instrumento (anexo B) é composto por quatro problemas,
contemplando a ideia “muitos a muitos”, também pertencentes à classe de
problemas isomorfismo de medidas.
O terceiro instrumento (anexo C) é composto por três problemas, que
contemplam a ideia de “configuração retangular”, pertencentes à classe de
problemas produto de medidas.
O quarto e último instrumento (anexo D) de nossa investigação é composto
por dois problemas que contemplam a ideia de “combinatória”, também pertencentes
à classe de problemas produto de medidas.
O objetivo desses instrumentos foi o de verificar os procedimentos utilizados
pelos alunos para solucionar problemas referentes às estruturas multiplicativas,
29
analisando se eles identificam ou não a ideia envolvida e como demonstram suas
resoluções em cada um deles.
Para a estruturação da pesquisa, dividimos nosso trabalho em cinco
capítulos, sobre os quais apresentamos resumidamente a seguir as abordagens
enfatizadas em cada um deles.
No capítulo 1, intitulado “Contexto da pesquisa, problemática e metodologia”,
relatamos sobre nossa escolha pelo tema, bem como situamos o contexto em que
se insere a nossa pesquisa e como foram coletados nossos dados. Apresentamos
também nossas questões de pesquisa, e a metodologia utilizada para nossa
investigação.
No capítulo 2, apresentamos um quadro teórico, a partir de uma revisão
bibliográfica em que destacamos alguns autores que abordam os problemas de
multiplicação e divisão nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Este capítulo tem
por objetivo enfatizar o que tem sido discutido sobre esta temática no meio
acadêmico, além de subsidiar e fundamentar nossas análises.
No capítulo 3, realizamos uma abordagem sobre a Teoria dos Campos
Conceituais, do psicólogo francês Gerárd Vergnaud, onde aprofundamos nossos
estudos especificamente no Campo Conceitual das Estruturas Multiplicativas, ao
qual pertencem os problemas que envolvem uma operação de multiplicação ou
divisão, fundamentando a elaboração de nossos instrumentos de pesquisa e
também nossa análise.
No capítulo 4, fazemos uma abordagem sobre nossa pesquisa de campo,
que foi realizada a partir das atividades dos alunos realizadas em sala de aula pelas
professoras participantes do projeto. Estas atividades são constituídas por
problemas referentes às ideias associadas ao Campo Multiplicativo, elaborados no
âmbito do projeto pelos participantes. Apresentamos também nesse capítulo as
análises dos instrumentos pesquisados, a partir dos protocolos com os
procedimentos de resolução registrados pelos alunos, enfatizando as possíveis
facilidades e dificuldades encontradas pelos alunos durante a realização das
atividades.
30
No capítulo 5, último de nossa pesquisa, apontamos algumas contribuições
para o trabalho com as estruturas multiplicativas paralelamente às nossas
considerações finais sobre o estudo, em que apresentamos os resultados
encontrados a partir da análise, bem como nossas reflexões quanto às questões de
pesquisa que nos propusemos inicialmente a responder.
31
CAPÍTULO 2 – O ENSINO DAS OPERAÇÕES DE MULTIPLICAÇÃO
E DIVISÃO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Neste capítulo apresentamos um quadro teórico composto por diferentes
concepções de autores que abordam as operações de multiplicação e divisão,
buscando relevar o que se tem discutido em relação a estas operações em se
tratando do processo de ensino e aprendizagem, no intuito de subsidiar nossas
análises. Este levantamento nos motiva a realizar nossos estudos sobre o tema
objetivando ampliar as contribuições nesta área. Paralelamente a essa abordagem,
realizamos um enfoque sobre algumas discussões existentes sobre os
procedimentos de resolução utilizados pelos alunos. Também apresentamos as
indicações curriculares oficiais para o ensino das operações de multiplicação e
divisão, por meio dos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997).
2.1 Alguns autores que discutem as operações de multiplicação e divisão
nos anos iniciais do Ensino Fundamental
Nunes et al. (2009) atentam para o fato de que comumente a operação de
multiplicação é vista e ensinada como uma adição repetida de parcelas iguais,
conceito este que, segundo os autores, pode ser questionado quando analisamos as
operações do ponto de vista conceitual, em que nota-se uma diferença relevante
entre o raciocínio aditivo e o raciocínio multiplicativo.
Com base nos estudos de Nunes et al. (2009), podemos afirmar que, ao
raciocínio aditivo pertencem as situações em que predominam a ideia onde o todo é
igual à soma das partes. Já ao raciocínio multiplicativo, pertencem as situações
onde existe uma relação fixa entre duas grandezas, variáveis ou quantidades:
Quando resolvemos um problema de raciocínio aditivo, estamos sempre deduzindo algo que está baseado na relação parte-todo. Ao resolver problemas de raciocínio multiplicativo, estamos buscando um valor numa variável que corresponda a um valor dado na outra variável. A relação constante entre as duas variáveis é que possibilita a dedução na resolução de problemas de raciocínio multiplicativo. (NUNES, et al., 2009, p. 85)
32
A partir da ideia sobre as distinções apontadas pelos autores, é possível
percebermos claramente a diferença significativa entre os dois raciocínios aqui
abordados, o que torna necessário a realização de uma proposta de ensino onde
sejam explicitadas as diferenças existentes entre essas operações, a fim de
proporcionar uma real compreensão de todas as ideias que compõem essas
operações, onde poderão ser notadas relações existentes, por exemplo, entre as
operações de multiplicação e divisão.
Outra importante observação apontada por Nunes et al. (2009) sobre o
ensino das operações de multiplicação e também de divisão é a de que o ensino
destas operações se inicia de forma tardia, por volta da segunda ou terceira série (
atual 3° e 4° ano do Ensino Fundamental ), sendo que seu desenvolvimento já
poderia ter início na primeira série ( atual 2° ano do Ensino Fundamental ), em que o
raciocínio multiplicativo já poderia ser aproveitado a partir de problemas em que os
alunos consigam resolver de modo prático, utilizando esquemas de ação por meio
da correspondência um a muitos, quando o problema é de multiplicação, ou por
meio do esquema da distribuição equitativa, em problemas que envolvem a
operação de divisão.
Mendes e Delgado (2008) apoiam-se nas ideias de Treffers e Buys (2001) e
Fosnot e Dolk (2001) ao afirmarem que os alunos desenvolvem o conceito de
multiplicação por meio de situações cotidianas, a partir do momento em que estas
situações dão sentido às suas ações, construindo a ideia do significado da
multiplicação e suas diferentes formas de resolução.
Treffers e Buys (2001) e Fosnot e Dolk (2001) (apud MENDES; DELGADO,
2008, p. 161) apresentam a seguinte tabela acerca dos conteúdos principais que
possuem relação com o desenvolvimento do sentido da multiplicação.
33
Tabela 1 – Conteúdos relacionados com o desenvolvimento do sentido da multiplicação
Fonte: Mendes; Delgado, 2008, p. 161
A tabela apresentada possibilita uma clara visualização dos conteúdos de
situações cotidianas bem como o sentido associado à multiplicação que este
contexto está contemplando. Também é possível a partir da leitura da tabela
observarmos quais os procedimentos de cálculo que envolvem cada sentido, as
propriedades utilizadas durante o cálculo, seguidas de sugestões de modelos para
sua estruturação e esquematização.
34
Com base nos estudos de Treffers e Buys (2001) e Fosnot e Dolk (2001),
Mendes e Delgado (2008) acreditam na existência de três níveis de aprendizagem
na multiplicação: cálculo por contagem, cálculo estruturado e cálculo formal.
No cálculo por contagem, considerado pelas autoras o primeiro nível da
multiplicação, o uso da multiplicação como operação não é explícito. Nesse nível o
aluno adiciona para multiplicar, utilizando de estratégias e procedimentos como as
adições repetidas.
No cálculo estruturado, o uso da multiplicação como operação está explícito,
o aluno utiliza estruturas adequadas para multiplicar, utilizando-se ainda de modelos
de apoio ao cálculo.
No cálculo formal, é explícito o uso da multiplicação como operação, em que
o aluno realiza o cálculo do produto entre dois números e recorre às relações entre a
multiplicação e as outras operações, utilizando propriedades adequadas da
multiplicação. Esse nível não corresponde ao trabalho com o algoritmo, mas os
alunos já se apropriam das propriedades e utilizam de valores conhecidos das
tabuadas para a realização de outros produtos, pensando em um nível puramente
numérico.
Outra situação enriquecedora para a aprendizagem da multiplicação
apresentada por Treffers e Buys (2001, apud MENDES; DELGADO, 2008, p. 166)
refere-se à contextualização dos conteúdos, em que os autores defendem a
necessidade da exploração de contextos adequados.
Para Fosnot e Dolk (2001, apud MENDES; DELGADO, 2008, p. 166) os
contextos devem ser compostos por três componentes, sendo eles:
- Permitir o uso de modelos: as tarefas podem conter imagens ou situações que
propiciem aos alunos a utilização de um modelo, em que os autores defendem que
utilizar um mesmo modelo em situações diferentes permite a generalização do
mesmo, e isto pode facilitar seu uso.
- Fazer sentido: o contexto deve possibilitar sua análise e razoabilidade, em que o
aluno possa compreender as ações realizadas, estruturando seu raciocínio e
estabelecendo relações que façam sentido a ele.
35
- Criarem surpresa e suscitarem questões: o contexto deve permitir questões como
‘Por que isto acontece?’ ‘E o que acontece se?’. Segundo os autores esses
contextos podem originar outros bons problemas matemáticos, permitindo a
explicação do que está acontecendo.
Com base nos componentes apresentados, Mendes e Delgado (2008)
apontam algumas sugestões para a escolha dos contextos a serem explorados:
Considerando as ideias e razões apresentadas o professor deverá, ao construir ou selecionar problemas, diversificar os contextos, de modo a permitir que os alunos vão construindo gradualmente as bases conceptuais da multiplicação. Estas relacionam-se com a compreensão da ineficácia da contagem um a um e da passagem para a contagem por ‘grupos’, assim como das propriedades distributiva, associativa e comutativa desta operação. Em síntese, o professor deverá construir/ seleccionar contextos que incluam situações que possam ser matematizadas pelos alunos.(MENDES; DELGADO,2008, p.167)
Diante do exposto nesta citação, é possível percebermos a importância da
escolha de um bom contexto para a elaboração de um problema matemático,
contexto este que deverá permitir ao aluno “visualizar” e compreender a situação
inserida. Esta seria uma sugestão bastante eficaz para auxiliar na compreensão das
propriedades contempladas pela operação de multiplicação.
Rocha e Menino (2008) fazem uma interessante abordagem sobre a
operação de divisão e sua aprendizagem, em que também se apoiam nos estudos
de Treffers e Buys (2001) e Fosnot e Dolk (2001), afirmando que a resolução de
problemas que envolvem a ideia de divisão pode ser feita pela utilização de
conhecimentos relacionados à multiplicação, onde a aprendizagem das duas
operações ocorre em uma estreita relação. Os autores também defendem que, por
meio da utilização de problemas que contemplam a disposição retangular, esta
relação fica clara, mostrando a divisão como operação inversa da multiplicação.
Para Rocha e Menino (2008), os problemas que envolvem situações de
divisão podem ser classificados em divisão como partilha e divisão como medida.
Na primeira situação (divisão como partilha) uma quantidade deve ser
repartida igualmente por um dado número de receptores a fim de determinar a
quantidade que ficará em cada receptor.
36
Queremos distribuir igualmente 24 pessoas por 6 mesas. Quantas pessoas ficam em
cada mesa?
Figura 1 - Divisão como partilha Fonte: Rocha e Menino, 2008, p. 184
Na segunda situação (divisão como medida) são dados o número total de
objetos a repartir e o número de objetos em cada grupo a fim de determinar o
número de grupos a serem formados.
Queremos distribuir 24 pessoas, sendo que em cada mesa, sendo que em cada
mesa ficam 6 pessoas. Quantas mesas são necessárias?
Figura 2 - Divisão como medida Fonte: Rocha e Menino, 2008, p. 184
Segundo os autores, normalmente o estudo da divisão é iniciado pelos
professores a partir de situações de partilha, por entenderem que a partilha envolve
ideias cotidianas e por esse motivo é familiar ao aluno; mas é necessário que os
alunos percebam que a ideia de divisão não está relacionada unicamente a esta
situação, já que nesta situação os alunos costumam distribuir um a um, e esta
estratégia não é adequada para números grandes. Os autores também defendem
que o professor deve criar um ambiente de aprendizagem que propicie aos alunos o
desenvolvimento da predisposição para a Matemática, por meio da valorização de
estratégias informais de resolução de problemas até que seja possível a realização
de um cálculo formal. Nesse âmbito, espera-se também que o aluno perceba as
relações e propriedades da divisão, propiciando estratégias de cálculo mental5.
Sobre a operação de divisão, Saiz (1996) destaca a ideia de que os métodos
utilizados por antepassados para realizá-la eram numerosos, longos e confusos;
características estas que classificavam a divisão durante a antiguidade como uma
5 Cálculo mental: não é objetivo dessa pesquisa realizar uma discussão acerca do conceito de cálculo mental,
porém há de se tomar cuidado ao definir este procedimento. Tratam-se de estratégias pessoais que requerem
registro. Muitas vezes ocorre um equívoco entre a definição de cálculo mental e a de cálculo automatizado
(automático). PARRA (1996) define cálculo mental por um conjunto de procedimentos em que, uma vez
analisados os dados a serem tratados, estes se articulam, sem recorrer a um algoritmo pré-estabelecido para obter
resultados exatos ou aproximados. A autora esclarece também que a concepção de cálculo mental não exclui a
utilização de papel e lápis.
37
operação onde só os homens sábios sabiam dividir, já que para tal processo era
necessário um “talento especial”, inalcançável por homens comuns.
O conceito essencial de divisão partia de um divisor inteiro que estaria
contido um número inteiro de vezes em um dividendo inteiro, resultando em um
quociente inteiro que poderia ter como resto um número inteiro ou não; e quando
este não era inteiro suas implicações eram suprimidas, fato que contribuiu para a
idealização da divisão como uma operação complexa e muitas vezes abstrata.
O processo de divisão comumente utilizado nas nossas escolas é conhecido
por algoritmo da divisão pelo processo breve, método que comparado aos
algoritmos anteriormente utilizados (como por exemplo o algoritmo da divisão pelo
processo longo), é considerado um método eficaz e rápido, que pode ser utilizado
para todos os números.
Dentre os algoritmos das operações matemáticas fundamentais, o algoritmo
da divisão pelo processo breve; apesar de muito preciso, possui grandes chances de
resultar em dificuldades durante o processo de assimilação e aprendizagem do
aluno.
Um importante fator a ser evidenciado no registro do algoritmo da divisão
pelo processo breve, deve-se ao fato de que, como a subtração registrada “pula”
etapas (o subtraendo não é registrado na operação), é necessário que o educando
compreenda o processo de tal forma que a significação do algoritmo não seja
perdida e seja possível operar mentalmente com o termo implícito; pois quando um
algoritmo é trabalhado mecanicamente, certamente o aluno não sentirá a
necessidade de encontrar novos procedimentos para uma melhor compreensão de
todas as etapas que envolvem uma determinada operação.
As figuras 3 e 4 exemplificam o processo longo e o processo breve de
divisão segundo Toledo e Toledo (2009).
38
Figura 3 - Processo longo da divisão Fonte: Toledo; Toledo, 2009, p. 150
Figura 4 - Processo breve da divisão Fonte: Toledo; Toledo, 2009, p. 150
Ao analisarmos as figuras 3 e 4, podemos perceber as diferenças de
representação entre os dois processos, em que no processo longo visualizamos a
subtração completa e o produto do quociente pelo divisor e no processo breve
somente é representado o resultado da subtração entre o dividendo e o produto do
quociente pelo divisor.
Sobre o ensino dos algoritmos, Toledo e Toledo (2009) afirmam que não há
diferença que o aluno utilize um algoritmo ou outro, mas é necessário que
compreenda o que está fazendo. Os autores completam que:
Do ponto de vista pedagógico, talvez seja melhor iniciar o trabalho com divisão pelo processo longo, que permite aos alunos conhecerem, passo a passo, os procedimentos que se apresentam resumidos no processo breve. Obviamente, o cálculo por aproximação, que caracteriza este último, é muito eficiente, mas é importante que os alunos o tenham incorporado de maneira consistente. (TOLEDO; TOLEDO, 2009, p.150)
Esta abordagem ajuda a reforçar a ideia de que, para que um algoritmo
resumido seja favorável ao aprendizado, é necessário que este seja aplicado
somente após o aluno compreender significativamente cada procedimento envolvido
no calculo em questão ou certamente esta representação poderá trazer obstáculos
durante a aprendizagem do educando. A este respeito Charnay (1996) esclarece
que:
[...] um dos desafios essenciais (e ao mesmo tempo uma das dificuldades principais) do ensino da matemática, é precisamente que o que se ensine esteja carregado de significado, tenha sentido para o aluno ... a construção da significação de um conhecimento deve ser considerada em dois níveis:
39
um nível “externo”, qual é o campo de utilização deste conhecimento, e quais são os limites desse campo? ... um nível “interno”, como e por que funciona tal ferramenta? [...] (CHARNAY,1996, p. 37-38)
Com base nas considerações de Charnay (1996), podemos constatar que,
para facilitar a aprendizagem da Matemática, faz-se necessário um ensino que vise
a articulação dos saberes a serem ensinados aos saberes presentes na estrutura
cognitiva do aluno, onde este então passe a estabelecer uma relação de
significação, que auxiliará em seu processo de compreensão do novo conhecimento.
Vislumbramos ser a partir dessa articulação o que leva o aluno a utilizar os
conhecimentos aprendidos até mesmo em situações distintas daquelas trabalhadas
em sala de aula.
Thompson (1999) (apud BROCARDO; SERRAZINA, 2008, p. 102) considera
três categorias de algoritmos escritos: standard e formal, não standard e formal, e
não standard e informal.
Na categoria standard e formal, encontram-se os algoritmos tradicionais das
operações, em que a representação é escrita na forma vertical.
Na categoria não standard e formal, são encontrados procedimentos com
representações verticais em que as operações são realizadas sobre as
decomposições, dos números.
À categoria não standard e informal, pertencem um amplo conjunto de
procedimentos não convencionais. Podemos observar o exemplo de alguns desses
procedimentos em Brocardo e Serrazina (2008), como ilustra a figura a seguir.
Figura 5 - Categoria não standard e informal Fonte: Brocardo e Serrazina, 2008, p. 103
40
Brocardo e Serrazina (2008) afirmam que os algoritmos devem ser resultado
de um trabalho focado no desenvolvimento do sentido do número:
É importante acompanhar a tendência natural de desenvolvimento de procedimentos de cálculo e ligar estruturalmente o desenvolvimento de métodos e de técnicas de cálculo à construção dos números, da sua estruturação e à reconstrução do nosso sistema de numeração de posição. Finalmente, é fundamental que a aprendizagem dos algoritmos possa surgir deste processo dando a possibilidade aos alunos de aperfeiçoar o seu sentido do número no contexto do cálculo algorítmico. (BROCARDO; SERRAZINA, 2008, p. 106)
Treffers, Noteboom e Goeij (2001) (apud BROCARDO; SERRAZINA, 2008,
p. 103) consideram o algoritmo uma extensão natural e a fase final do cálculo em
coluna e do cálculo mental e afirmam também que quando as crianças automatizam
esses procedimentos, desenvolvem formas standard de calcular, que podem não ser
um algoritmo.
Brousseau (1987) afirma que os professores em sua prática escolar acabam
por realizar uma distinção entre as atividades que apontam à aquisição dos saberes
institucionalizados, como algoritmos, definições canônicas ou as propriedades
fundamentais, e as que apontam à compreensão e ao uso desses saberes.
Refletindo acerca dessa afirmação podemos chegar à conclusão de que muitas
vezes essa distinção acaba por prejudicar o processo de aprendizagem do aluno,
em que não há uma preocupação de um ensino de saberes institucionalizados
relacionada à compreensão significativa da operação evidenciada.
Ainda sobre o ensino dos algoritmos, Saiz (1996) afirma que o ensino de
conhecimentos como algoritmos, propriedades ou definições são fáceis de identificar
e organizar em sala de aula, podendo ser descritos e avaliados claramente, onde
são formuladas contas e verifica-se o resultado para avaliar se os alunos “sabem
dividir”. Porém há outro importante fato destacado pela autora que merece atenção,
referente ao reconhecimento de situações de divisão e de significados de conceitos,
onde não é necessário apenas o conhecimento de saberes institucionais, mas
primordialmente a compreensão pelo aluno, para que a aprendizagem dos
algoritmos não elimine a busca da compreensão:
Em geral, o ensino das operações matemáticas está baseado na comunicação de um procedimento de cálculo associado posteriormente a um pequeno universo de problemas que, supõe-se, “darão conta” do significado do conceito. Porém, isolados de seu contexto, os algoritmos se
41
convertem em respostas adquiridas para perguntas futuras a respeito das quais não se sabe muito. Os algoritmos são aprendidos sabendo-se que vão servir para resolver problemas, porém se desconhece de que problemas se trata. (SAIZ, 1996, p. 162)
Com base nessas considerações podemos vislumbrar que, apesar de ser
possível verificar a aprendizagem de um conteúdo por meio dos algoritmos, muitas
vezes essa verificação pode não refletir a realidade, em que duas situações podem
estar ocorrendo:
- O aluno pode realizar corretamente o algoritmo, mas não consegue contextualizar
o seu conhecimento acerca da operação, em que não consegue identificar em uma
determinada situação a ideia requerida para sua resolução, pois está realizando
apenas procedimentos;
- O aluno não consegue realizar o algoritmo convencional, mas realiza um esquema
pessoal que representa corretamente a ideia subentendida na operação, chegando
deste modo ao resultado correto.
Diante dessas situações, podemos constatar que não existe um único
método de verificação das operações, sendo necessário uma analise e reflexão
acerca dos diferentes procedimentos de resolução revelados pelos alunos, já que
por meio do algoritmo podemos verificar que o aluno resolve a operação, mas não
necessariamente verificar se ele atribui e conhece o significado de tal operação.
Nos estudos realizados por Saiz (1996), a autora faz em suas considerações
um levantamento de situações observadas acerca do ensino e aprendizagem do
conteúdo da divisão, às quais consideramos relevantes para observarmos e
verificarmos durante nossas análises:
- Os alunos não atribuem significado aos algoritmos que aplicam, portanto não podem interpretar o que obtiveram nas diferentes etapas do cálculo, em termos do problema formulado; - O algoritmo ensinado aparece como um puro trabalho sobre os números, independente dos dados da situação enunciada; - Eles mostram uma relação superficial com o conhecimento. Colocam distância entre si e a situação formulada, desembocando em ações estereotipadas, puramente didáticas, quer dizer, centradas na situação escolar da aprendizagem, sem mobilização dos esquemas intelectuais próprios que, no entanto, têm a sua disposição; - As crianças carecem de recursos para reconhecer se sua solução é errada ou não. Na realidade não chegam a analisar se o número obtido é o resultado do problema. O quociente obtido pela aplicação do algoritmo nem
42
sempre coincide com o número procurado: a partir dele é necessário proceder a uma escolha levando em conta o problema concreto por resolver; - Tudo isso é provocado por um ensino de resolução de problemas reduzido a “adivinhar” qual é a operação adequada e a aplicar o algoritmo correspondente; - Frequentemente, a partir do discurso do professor – “Que operação fizeram? ou “Você lembra que já fizemos problemas como este...” – se impõe a busca do “método” que se aprendeu e que é necessário aplicar, “método” que se converte em: que operação se tem de fazer ou, qual é a operação se tem de fazer ou, qual é a operação que acabamos de aprender? - A representação da divisão não pode reduzir-se ao conhecimento de uma estratégia de solução acompanhada de um suposto “sentido” ou significado da operação que permita aplicá-la, porém, implica a capacidade de controlar várias estratégias, passando de uma a outra, segundo as circunstâncias; - A resolução dos problemas e, em particular, a utilização de tal procedimento no lugar de outro, dependem do significado que o aluno atribui à situação que lhe é proposta. (SAIZ, 1996, p. 170)
A partir das considerações apresentadas por Saiz (1996), podemos
vislumbrar a importância de um trabalho que priorize o significado não somente da
divisão, mas também das demais operações matemáticas, em que o aluno possa
participar do processo de construção do conhecimento, apoiando-se nas estratégias
adequadas para sua compreensão, que não precisará ser necessariamente um
algoritmo formal. Nesse sentido, entendemos também caber ao professor propiciar
esse ambiente de aprendizagem, onde sejam valorizadas as estratégias pessoais
reveladas pelos alunos.
Ao tratar da utilização de algoritmos em sua pesquisa, Ferreira (2011) apóia-
se nos estudos de Vergnaud para fundamentar sua abordagem, fazendo uma
importante verificação a partir de sua análise:
Vergnaud apud Bittar e Muniz (2009, p. 21) ressalta que “[...] atividade é ao mesmo tempo, repetição e variação”, explicando que mesmo em uma repetição de uma atividade, há um sistema e regras definidas, que são estabelecidas anteriormente através do pensamento. Podemos então pensar que há alunos que utilizam algoritmos matemáticos porque já estabeleceram condições de generalizar um determinado processo e podem se utilizar do mesmo, por causa de sua praticidade. Porém existem outros sujeitos que utilizam um algoritmo matemático sem saber o porquê de cada etapa realizada, uma vez que foram ensinados a somente aplicá-lo sem preocupação com os conceitos embutidos ali (FERREIRA, 2011, p.6).
Com base nos estudos realizados até aqui, partiremos em nosso estudo, de
uma concepção em que os algoritmos não sejam a única forma de representação
dos procedimentos realizados pelos alunos, pois consideramos importante a forma
como estes apresentam seus registros para um determinado problema, mesmo que
43
estes não sejam classificados entre os tradicionais algoritmos matemáticos, que
muitas vezes podem não ser compreendidos pelo aluno dependendo do nível de
aprendizagem em que este se encontra.
Cury (2008) afirma que a análise das produções dos alunos possibilita o
entendimento de como se dá a apropriação do saber pelos mesmos, onde se deve
partir dos erros detectados, utilizando-os como “trampolim para a aprendizagem”, a
partir do momento em que os alunos passam a construir conhecimento por meio dos
questionamentos de suas respostas.
Saiz (1996) também faz uma importante menção sobre algumas estratégias
a serem priorizadas durante o processo de ensino e aprendizagem da divisão,
estratégias estas de suma importância para contribuir com nosso estudo:
Seria necessário conceber situações que permitam dar apoio sobre o que cada aluno sabe realizar no momento em que se inicia a aprendizagem da divisão, e fazer evoluir progressivamente os procedimentos iniciais até outros mais complexos. Temos que permitir que as crianças comprovem seus próprios procedimentos, suas próprias soluções, antes de conhecer os algoritmos tradicionais (SAIZ, 1996, p. 182).
Nesse caso, a autora evidencia uma interessante metodologia de ensino que
pode auxiliar na aprendizagem do aluno. Trata-se da utilização de procedimentos
próprios do aluno, em que o mesmo consiga, previamente ao contato com um
algoritmo, construir a sua própria ideia/referência sobre a operação, facilitando
dessa forma uma real compreensão da ideia que a permeia.
2.2 As operações de multiplicação e divisão e os Parâmetros Curriculares
Nacionais
Neste tópico apresentamos o tratamento dado pelos Parâmetros
Curriculares Nacionais às operações de multiplicação e divisão, operações estas
que são abordadas de forma paralela, em que o documento salienta a importância
de trabalha-las juntamente por meio de problemas. Para tal, realizamos nesse
momento da pesquisa uma abordagem sobre a proposta de ensino apresentada no
documento para o ensino das operações que constituem o Campo Multiplicativo.
A abordagem realizada traz um enfoque em três eixos que compõem o
processo de ensino e aprendizagem, sendo eles: aluno, professor e saber
44
matemático, apontando que estes possuem importantes relações entre si, e que
devem ser priorizadas para auxiliar na construção do conhecimento matemático
(BRASIL, 1997).
Ao abordar as operações matemáticas fundamentais, o documento sugere
um trabalho embasado na análise dos procedimentos para a realização das
operações e na compreensão de seus significados, contemplando os diferentes tipos
de cálculos que o aluno poderá desenvolver (exato, aproximado, mental e escrito).
Um importante procedimento priorizado na realização das operações refere-
se à análise do erro, considerada uma ferramenta essencial para buscar o acerto por
meio de tentativas, em que o aluno poderá construir um procedimento próprio para a
resolução, e o professor por sua vez é capaz de identificar a causa do erro,
analisando o procedimento realizado e propondo as intervenções necessárias.
Ainda relacionado ao ensino das operações fundamentais, o documento
ressalta que estas compõem a maior parte dos conteúdos matemáticos, sendo
necessária uma abordagem mais profunda de tais operações, preferencialmente a
partir de problemas contextualizados, o que muitas vezes não acontece, onde as
operações são introduzidas por meio de técnicas operatórias tradicionais, de modo a
obter resultados básicos, ou com a aplicação de problemas-modelo, que não
exploram todos os procedimentos possíveis para a resolução de uma determinada
operação (BRASIL, 1997).
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), no primeiro ciclo6 do
Ensino Fundamental (1ª série / 2° ano e 2ª série / 3° ano), os cálculos de
multiplicação e divisão devem ser realizados por meio de estratégias pessoais,
explorando os significados das operações. O segundo ciclo do Ensino Fundamental
(3ª série / 4° ano e 4ª série / 5° ano), por sua vez, deve ter seu foco na resolução de
problemas, e na consolidação e construção de novos significados a partir de um
trabalho contínuo.
6 Primeiro ciclo do Ensino Fundamental: em 1997, época de publicação dos PCN, as fases de escolarização eram
divididas em quatro ciclos, quando o ensino fundamental era composto por oito anos. Havia uma divisão de ciclo
I (1ª e 2ª série) e ciclo II (3ª e 4ª série). Atualmente não se usa mais essa divisão por ciclos, apenas a
nomenclatura anos iniciais, para designar 1°, 2°, 3°, 4° e 5° ano do Ensino Fundamental.
45
Ainda apoiando-se nessa ideia, o documento aponta a necessidade da
realização de um trabalho em um campo mais amplo de significados, destacando as
relações existentes entre as duas operações.
A partir dessas relações, são relevados quatro grupos para análise de
situações que devem ser exploradas nos anos iniciais, conforme apresentado na
figura 6.
GRUPO EXEMPLOS
Multiplicação Comparativa
- Pedro tem R$ 5,00 e Lia tem o dobro dessa quantia. Quanto tem Lia?
- Marta tem 4 selos e João tem 5 vezes mais selos que ela. Quantos selos tem João?
- Lia tem R$ 10,00. Sabendo que ela tem o dobro da quantia de Pedro, quanto tem Pedro?
Proporcionalidade
- Marta vai comprar três pacotes de chocolate. Cada pacote custa R$ 8,00. Quanto ela vai pagar pelos três pacotes?
- Dois abacaxis custam R$ 2,50. Quanto pagarei por 4 desses abacaxis?
- Marta pagou R$ 24,00 por 3 pacotes de chocolate. Quanto custou cada pacote?
- Marta gastou R$ 24,00 na compra de pacotes de chocolate que custavam R$ 3,00 cada um. Quantos pacotes de chocolate ela comprou?
Configuração Retangular
- Num pequeno auditório, as cadeiras estão dispostas em 7 fileiras e 8 colunas. Quantas cadeiras há no auditório?
- Qual é a área de um retângulo cujos lados medem 6 cm por 9 cm?
- As 56 cadeiras de um auditório estão dispostas em fileiras e colunas. Se são 7 as fileiras, quantas são as colunas?
- A área de uma figura retangular é de 54 cm2. Se um dos lados mede 6 cm, quanto mede o outro lado?
Combinatória
- Tendo duas saias – uma preta e uma branca – e três blusas – uma rosa, uma azul e uma cinza -, de quantas maneiras diferentes posso me vestir?
- Numa festa, foi possível formar 12 casais diferentes para dançar. Se havia 3 moças e todos os presentes dançaram, quantos eram os rapazes?
Figura 6 - Grupos para análise das situações Fonte: Brasil, 1997, p. 109 a 112
46
O primeiro grupo de situações é denominado multiplicação comparativa, em
que também são formuladas situações que contém a operação da divisão.
O segundo grupo de situações aborda a ideia de proporcionalidade, onde o
documento aponta que os problemas que envolvem essa ideia são mais frequentes
no cotidiano dos alunos e por isso são compreendidos com maior facilidade. Nesse
grupo também são formuladas situações que estão associadas a ações “repartir
(igualmente)” e “determinar quanto cabe”:
O terceiro grupo aborda situações referentes à configuração retangular,
onde é realizada a associação entre a multiplicação e a divisão.
O quarto grupo possui situações associadas às ideias de combinatória,
também relacionadas às situações que envolvem a divisão.
A partir desses grupos, o documento enfatiza que os problemas exercem um
importante papel, pois propiciam às crianças oportunidades de interagirem com os
diversos significados das operações, possibilitando uma visão mais ampla, de que
um mesmo problema seja resolvido por outras operações, e também uma
determinada operação poderá ser associada a problemas distintos.
Em relação à aprendizagem dos cálculos, o documento destaca que esta
não acontece apenas pela memorização da operação, mas por meio da construção
e organização, onde a memorização acontece de forma natural e significativa.
Para uma melhor compreensão dos procedimentos que compõem a divisão,
sugere-se a análise das relações existentes com a multiplicação, buscando as
semelhanças presentes em seus cálculos, auxiliando na construção de um repertorio
para o seu desenvolvimento, a partir de análises e comparações.
Recomenda-se que nos dois primeiros ciclos seja desenvolvido um trabalho
que explore todos os tipos de cálculos já citados anteriormente (mental, escrito,
aproximado e exato) e suas respectivas relações, onde a partir delas os alunos
desenvolvam conhecimentos a fim de utilizar diferentes formas de resolução, mesmo
que estas não sejam procedimentais, para solucionar situações-problema,
47
aprimorando seus procedimentos pessoais de modo a aproximá-los das técnicas
operatórias normalmente utilizadas.
Para auxiliar na compreensão das técnicas operatórias, o documento aponta
alguns recursos, dentre os quais destacaremos a obtenção de quocientes parciais
que depois são adicionados, como forma de realizar a operação de divisão. É
possível observar os exemplos na figura 7.
Figura 7 - Uma possível forma de efetuar a divisão Fonte: Brasil, 1997, p. 122
Ao fazermos uma breve análise da Figura 6, podemos perceber que o
recurso de obtenção de quocientes parciais pode auxiliar no entendimento dos
procedimentos que envolvem a operação de divisão, em que o aluno realiza
gradativamente a operação através das estimativas realizadas para posteriormente
ter autonomia de realizá-la utilizando de recursos mais práticos de resolução.
A abordagem realizada nos Parâmetros Curriculares Nacionais traz
interessantes contribuições para o ensino da operação da divisão nos anos iniciais
48
do Ensino Fundamental, destacando a importância de incentivar o trabalho com o
cálculo nas diversas situações de aprendizagem, utilizando de recursos que possam
auxiliar nesse processo, de modo a favorecer a apreensão do conhecimento
verdadeiramente significativo que compreende tal operação.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, a este respeito ressaltam que:
A aprendizagem em matemática está ligada à compreensão, isto é, à apreensão do significado; apreender o significado de um objeto ou acontecimento pressupõe vê-lo em suas relações com outros objetos e acontecimentos. Assim, o tratamento dos conteúdos em compartimentos estanques e numa rígida sucessão linear deve dar lugar a uma abordagem em que as conexões sejam favorecidas e destacadas. O significado da matemática para o aluno resulta das conexões que ele estabelece entre os diferentes temas matemáticos. (BRASIL,1997,p.19)
Nesta citação é possível perceber a preocupação com um ensino que
favoreça o estabelecimento de relações entre os conteúdos a serem abordados,
onde o aluno consiga criar conexões que contribuam significativamente para sua
compreensão. A partir do momento em que o aluno consegue estabelecer estas
relações, o novo conhecimento então passa a fazer sentido para ele, facilitando
assim sua aprendizagem.
2.3 Algumas considerações sobre o capítulo
Neste capítulo realizamos uma abordagem sobre algumas discussões
acerca das operações de multiplicação e divisão, onde pudemos observar a
concepção de alguns autores sobre o ensino e a aprendizagem das mesmas, bem
como a forma como esta operação é tratada nos Parâmetros Curriculares Nacionais.
Verificamos a partir deste levantamento a existência de uma real
preocupação acerca de como realizar a abordagem dessas operações de modo a
auxiliar na compreensão dos procedimentos que a envolvem. Pudemos perceber
também que um dos possíveis fatores que podem estar implicando nessa dificuldade
de aprendizagem quanto ao ensino da divisão está atrelado a uma metodologia
onde a operação é tratada isoladamente, sem conexões que favoreçam seu ensino.
Pudemos observar inclusive uma importante discussão sobre os saberes
institucionalizados, em que foi possível constatarmos a necessidade de que o aluno,
previamente ao contato com esses saberes, seja capaz de elaborar seus próprios
49
esquemas mentais e com isso estabelecer relações significativas com o conteúdo,
obtendo desse modo autonomia suficiente para compreendê-lo e utilizá-lo em
situações distintas.
No caso dos algoritmos, verificamos também que estes só devem ser
conhecidos pelo aluno após ele ter criado suas formas particulares de
representação, além de conseguir associar as ideias à operação, de modo que seja
possível identificar em um problema a operação requerida para sua resolução. Por
este motivo, é interessante que somente após o domínio da ideia que envolve a
operação o aluno se familiarize com este procedimento mais formal de
representação.
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais fica evidente a importância de um
trabalho com a operação de divisão paralela à operação de multiplicação, além de
sua associação com as demais operações, onde é estabelecida uma relação de
significação com o conteúdo.
Esse capítulo trouxe-nos como contribuição a ampliação de nossos olhares
no que se refere ao ensino das operações de multiplicação e divisão, além de
evidenciar a preocupação sobre quais as metodologias adequadas para auxiliar no
ensino dessas operações, em que é frisada a importância da associação das
mesmas a situações familiares ao aluno, bem como um enfoque à realização de um
trabalho em que estas sejam abordadas paralelamente, possibilitando ao mesmo a
compreensão da relação existente entre elas.
A partir das leituras e aprofundamentos sobre algumas abordagens dadas
ao ensino destas operações, optamos por utilizar também como nosso aporte teórico
a Teoria dos Campos Conceituais, de Gerárd Vergnaud (1983, 1987, 1991, 1994,
1996, 1998, 2009, 2012), em que pudemos perceber a existência de um amplo
campo de investigação para nossa pesquisa, em que o autor possibilita por meio do
Campo Conceitual das Estruturas Multiplicativas, interessantes categorizações que
permitem a identificação e análise das diferentes dificuldades e aprendizagens que
podem ocorrer ao longo do ensino das operações de multiplicação e divisão.
51
CAPÍTULO 3 – A TEORIA DOS CAMPOS CONCEITUAIS E O
CAMPO CONCEITUAL DAS ESTRUTURAS MULTIPLICATIVAS
Este capítulo é destinado a apresentar o embasamento teórico utilizado para
elaboração de nossos instrumentos de pesquisa, a Teoria dos Campos Conceituais
de Gerárd Vergnaud. Nele aprofundaremos nossos estudos sobre o Campo
Conceitual das estruturas Multiplicativas. Este campo nos é de interesse, porque é
nele que se concentram os estudos em relação às operações de multiplicação e
divisão, operações estas que são os conteúdos matemáticos foco de nossa
pesquisa.
3.1 Uma abordagem sobre a Teoria dos Campos Conceituais
A Teoria dos Campos Conceituais tem como autor o pesquisador e
psicólogo francês Gerárd Vergnaud, reconhecido especialista na Didática da
Matemática, sendo diretor de pesquisas didáticas do Centro Nacional de Pesquisa
Científica do Instituto Nacional de Investigação Pedagógica, em Paris. Esta teoria
traz em seu contexto importantes estudos que contribuem para o ensino das
operações matemáticas, em que são estudadas as estruturas aditivas e
multiplicativas para a investigação das dificuldades que os alunos encontram em tais
operações. Conforme mencionamos anteriormente, em nossa pesquisa,
centraremos nossos estudos nas estruturas multiplicativas.
A escolha por esta teoria para fundamentar a elaboração de nossos
instrumentos de pesquisa se deu porque para Vergnaud (2012) parte de nosso
conhecimento é resultante de habilidades e a utilização da linguagem é
especialmente importante para realizar a simbolização e a conceitualização. Outro
ponto que nos chama atenção na teoria dos campos conceituais é que para
Vergnaud (2012) o desenvolvimento do conhecimento de matemática não pode se
reduzir ao desenvolvimento das operações lógicas. Esta última consideração nos faz
vislumbrar que não basta apenas que alunos operem com êxito mecanicamente
algoritmos das operações de divisão e multiplicação, é necessário também que
façam uso do conceito destas operações em meio a atividades distintas.
52
Vergnaud (2012) faz um importante questionamento: se na educação não
confrontarmos as crianças a novas situações, como elas irão aprender? O
pesquisador conclui ainda que, enquanto educadores não damos oportunidades as
crianças nesse sentido. Isso nos leva a crer que um trabalho voltado a problemas do
campo multiplicativo funciona como um motor propulsor para que as crianças
investiguem situações e coloquem em jogo seus conhecimentos, desenvolvendo
autonomia para trabalhar com os conhecimentos matemáticos aprendidos em
situações distintas daquelas que são típicas da sala de aula.
Segundo Vergnaud (1996), a principal finalidade da teoria dos campos
conceituais é fornecer um quadro que permita a compreensão das filiações e
rupturas entre conhecimentos novos e antigos nas crianças e nos adolescentes.
Em sua teoria Vergnaud (1987, 1994, 1996, 1998, 2009, 2012) se refere a
campos conceituais porque para ele um conceito depende de várias situações e
uma situação depende de um conjunto de conceitos, pois uma situação não se
forma a partir de um único conceito.
O autor considera que essa teoria não é específica da matemática, mas foi
inicialmente elaborada com o intuito de desvendar o processo de conceitualização
progressiva das estruturas aditivas e multiplicativas, além das relações número-
espaço, pertencentes à álgebra.
Para Vergnaud (2009), aprendemos e nos desenvolvemos em qualquer
idade, em que um indivíduo é capaz de se adaptar às situações por meio de uma
evolução da organização de sua atividade. Sobre a atividade em situação realizada
pelo indivíduo, Vergnaud (2009) defende que:
[...] a análise da atividade em situação é um meio essencial para compreender os processos de aprendizagem, por mais delicada e difícil que ela seja. Ela passa notadamente pela análise dos erros, das hesitações e dos desfuncionamentos, assim como pela identificação das diferentes etapas pelas quais se constrói uma forma nova de organização da atividade. (VERGNAUD, 2009, p. 14)
Com base na citação anterior, e aproximando-a do contexto de nossa
pesquisa, podemos compreender que, quando analisamos a atividade em situação,
ou seja, os procedimentos, ações e representações realizadas pelo aluno,
conseguimos verificar em que etapa se dá a aprendizagem deste, onde devemos
53
observar e analisar os erros, os acertos e também as dificuldades demonstradas. A
partir dessa análise é possível perceber como o aluno organiza sua atividade por
meio dos esquemas, e isso pode ajudar professores a elaborar estratégias de ensino
mais efetivas para a aprendizagem de seus alunos.
Vergnaud (1996) define como esquema a organização invariante da conduta
para uma dada classe de situações, onde o autor afirma ser nos esquemas que se
deve procurar os elementos cognitivos que permitem à ação do sujeito ser
operatória, ou seja, cada esquema tem a ver com um variedade de situações
(VERGNAUD, 2012).
Em outras palavras, Vergnaud (1998) afirma ser esquema o conceito
atribuído por Piaget para abordar as formas de organização de habilidades sensório
motoras e habilidades intelectuais. O pesquisador se apoia nas ideias de Piaget de
que se queremos entender o conhecimento, precisamos conhecer seu
desenvolvimento (VERGNAUD, 2012).
Para Vergnaud (1996) os algoritmos são esquemas, frequentemente
eficazes, e nem sempre efetivos. Porém Vergnaud (2012) considera ainda que
apesar de os algoritmos serem esquemas, determinados esquemas não são
algoritmos. O pesquisador define algoritmo como um conjunto de regras que
permitem embutir a resolução de um problema, mas ressalta que não existe um
algoritmo que traduz um problema em uma equação (VERGNAUD, 2012).
Ao definir os conhecimentos contidos nos esquemas, Vergnaud (1996) utiliza
as expressões conceito-em-ação e teorema-em-ação, ou mais globalmente
designando, a expressão “invariantes operatórios”.
Os invariantes operatórios realizam a articulação entre teoria e prática, onde
a percepção, a busca e a seleção das informações estão baseadas no sistema de
conceitos em ação que o aluno possui, sendo eles objetos, atributos, relações,
condições e circunstâncias; e nos teoremas em ação, em que o aluno se apropria a
partir da escolha da operação ou sequência que utilizará para resolver o problema.
Vergnaud (2012) considera que os esquemas pessoais dos alunos são
substituídos pelos algoritmos ensinados, mas alerta que devemos respeitar as
54
formas de raciocínio que não foram institucionalizadas, pois a forma operacional do
conhecimento precisa se dar de formas distintas.
Sobre a utilização de esquemas na resolução de problemas, Vergnaud
(1996) aponta que:
Na resolução dos problemas da aritmética dita elementar, as crianças deparam com numerosas dificuldades conceptuais. É em termos de esquemas que devemos analisar a escolha das operações e dos dados adequados à resolução de um problema para o qual existem diversas possibilidades de escolha. A recolha de informação na leitura do enunciado, a recolha de informações físicas (medidas, por exemplo), a procura de informações em documentação (num livro escolar, em quadros estatísticos, etc.), a combinação adequada dessas informações através das operações de adição, de subtração, de multiplicação e de divisão, obedecem em geral a esquemas, nomeadamente entre os alunos que dominam estas situações. (VERGNAUD, 1996, p. 162)
Com base nas considerações do autor, podemos perceber a importância de
que os conceitos matemáticos possam ser trabalhados de modo que seja possível
estabelecer uma forma adequada de organização do conhecimento, estruturando
desse modo os esquemas que permitam aos alunos atuar em diversas situações, ou
seja, terem disponíveis os conhecimentos aprendidos.
Vergnaud (1996) considera também que um conceito não pode ser reduzido
à sua definição, pois é por meio das situações e dos problemas a resolver que um
conceito ganha sentido diante dos alunos. O pesquisador considera um importante
ponto o paradoxo que há na ideia de ruptura entre conhecimentos anteriores e os
novos conhecimentos aprendidos (VERGNAUD, 2012).
Com base nas considerações realizadas até o momento entendemos a
importância de que os conceitos não podem ser trabalhados isoladamente, fazendo-
se necessário que estes sejam apresentados por meio de situações que favoreçam
a aprendizagem do aluno, situações estas que precisam estabelecer uma relação de
significado ao educando, onde este naturalmente irá conseguir articular o conceito
aos seus conhecimentos anteriores, e aos novos conhecimentos que são
aprendidos.
Vergnaud (1987) defende que o desenvolvimento do processo de
aprendizagem no sujeito requer definições que nos permitam lidar com situações
nas quais um conceito seja significante.
55
O autor define conceito como um conjunto de invariantes utilizadas na ação
do sujeito, sendo os conceitos constituídos no campo conceitual formados por uma
terna de três conjuntos distintos e interligados entre si:
S conjunto das situações que são sentido ao conceito (a referência);
I conjunto das invariantes nas quais assenta a operacionalidade dos esquemas ( o
significado);
s conjunto das formas pertencentes e não pertencentes à linguagem que permitem
representar simbolicamente o conceito, as suas propriedades, as situações e os
procedimentos de tratamento (o significante).
Sobre esses conjuntos, Vergnaud (1987) ressalta que estes devem ser
devidamente considerados ao mesmo tempo para se estudar o desenvolvimento e o
funcionamento de um determinado conceito, seja durante a aprendizagem ou em
sua utilização.
Para Vergnaud (1996) o conhecimento organiza-se a partir de Campos
Conceituais, definindo como Campo Conceitual um conjunto informal e heterogêneo
de problemas, situações, conceitos, relações, estruturas, conteúdos e operações de
pensamento, conectados uns aos outros e, provavelmente, entrelaçados durante o
processo de aquisição, sendo solucionados por conceitos, procedimentos e
representações. Segundo Vergnaud (2009), o domínio de um campo conceitual leva
anos, e a organização de seus conceitos é progressiva e jamais acabada.
Vergnaud (1994) considera que todo e qualquer conceito deve ser estudado
dentro de campos conceituais, porém tem centrado sua atenção em dois deles: os
das estruturas aditivas e das estruturas multiplicativas que ocupam posição
privilegiada, sendo consideradas como conceito pivô no Ensino da Matemática e na
construção das estruturas cognitivas do pensamento. O pesquisador defende ainda
que o trabalho com problemas não deve se restringir a um meio de se trabalhar
apenas números (VERGNAUD, 2012).
56
3.2 Campo Conceitual das Estruturas Multiplicativas
Para embasar a elaboração de nossos instrumentos de pesquisa, bem como
a análise realizada, aprofundaremos nosso estudo no Campo Conceitual das
Estruturas Multiplicativas como mencionamos anteriormente. Vergnaud (1983, 1991,
1994) define este campo como um conjunto do qual pertencem todas as situações
que podem ser analisadas como problemas de proporções simples e múltiplas, nas
quais podem ser necessárias para sua resolução uma multiplicação, uma divisão ou
uma combinação de ambas.
Outra possível definição para esse campo segundo Vergnaud (1983) é a de
um conjunto de situações, cujo tratamento envolve uma ou várias divisões ou
multiplicações, e o conjunto de conceitos e teoremas que permitem a análise dessas
situações matemáticas.
As Estruturas Multiplicativas possuem uma dimensão de conceitos muito
mais ampla do que os conceitos que compõem as Estruturas Aditivas. A este campo
pertencem os conceitos de proporção, fração, semelhança entre figuras
geométricas, razão, números racionais, função linear e o raciocínio combinatório,
além de conceitos relacionados à Física. Faz-se necessário destacar previamente à
nossa abordagem que, dentre os conceitos mencionados anteriormente, realizamos
nesse estudo uma abordagem apenas dos que são adequados para o trabalho nos
anos iniciais do Ensino Fundamental, pois este é o foco de nossa pesquisa.
Vergnaud (1994) afirma que a análise das relações multiplicativas mostra
vários tipos de multiplicação e várias classes de problemas, onde é importante
distinguir tais classes de problemas e analisá-las cuidadosamente, ajudando deste
modo a criança a reconhecer as diferentes estruturas de problemas, encontrando
assim procedimentos apropriados para sua solução.
Vergnaud (1996) aponta que as relações de base mais simples existentes na
estrutura multiplicativa não são ternárias (relações que ligam três elementos entre
si), e sim quaternárias (relações que ligam quatro elementos entre si), onde os
problemas mais simples de multiplicação e de divisão implicam a proporção simples
57
de duas variáveis, uma em relação à outra. O autor também afirma que as relações
quaternárias são utilizadas para introduzir a multiplicação no ensino básico.
Para Vergnaud (1991) pertencem à este campo conceitual um conjunto de
problemas que envolvem duas grandes categorias de relações multiplicativas:
isomorfismo de medidas e produto de medidas.
Para uma melhor compreensão sobre essas categorias, passaremos na
sequencia a explicitar as ideias e exemplificar problemas que pertencem às
categorias mencionadas anteriormente. Neste momento, faz-se necessário destacar
que são essas categorias que fundamentarão a elaboração de nossos instrumentos
de pesquisa.
3.2.1 Isomorfismo de Medidas
Neste grupo pertencem problemas elementares, que estabelecem relações
proporcionais simples, entre conjuntos de mesma cardinalidade (objetos do mundo
real), preço constante (mercadorias e relações comerciais das mesmas), velocidade
média constante (duração e distância), entre outras situações.
Vergnaud (1994) descreve nesse grupo um grande número de situações de
vida cotidiana e algorítmica, dentre as quais se encontram os problemas de
multiplicação, divisão e regra de três simples.
Para exemplificar o grupo de problemas pertencentes ao isomorfismo de
medidas utilizamos os próprios exemplos presentes em Vergnaud (1991) e que são
apresentados na sequência:
“Tenho 3 pacotes de iogurte. Há 4 iogurtes em cada pacote. Quantos iogurtes eu
tenho?”
Figura 8 - Exemplo 1 Fonte: Vergnaud, 1991 (adaptado por nós)
58
“Minha mãe quer comprar tecido a R$24,80 o metro para fazer um vestido e um
paletó. Ela necessita de 3,50 metros de tecido. Quanto ela deverá gastar?”
Figura 9 - Exemplo 2 Fonte: Vergnaud, 1991 (adaptado por nós)
Podemos perceber a partir dos exemplos 1 e 2, representados nas figuras 8
e 9, respectivamente, que estes problemas podem ser resolvidos por meio de uma
multiplicação.
“Paguei R$12,00 por 3 garrafas de vinho. Quanto custa cada garrafa?”
Figura 10 - Exemplo 3 Fonte: Vergnaud, 1991 (adaptado por nós)
“Pedro tem R$12,00 e quer comprar pacotes de bala a R$4,00 o pacote. Quantos
pacotes ele pode comprar?”
Figura 11 - Exemplo 4 Fonte: Vergnaud, 1991 (adaptado por nós)
Nos exemplos 3 e 4, representados nas figuras 10 e 11, respectivamente,
podemos perceber que estes problemas podem ser resolvidos por meio de uma
divisão.
59
“Uma corrida de automóveis tem 247,760 km de percurso. Um carro consome 6,785
litros a cada 100 quilômetros. Quanto ele consumirá durante essa corrida?”
Figura 12 - Exemplo 5 Fonte: Vergnaud, 1991 (adaptado por nós)
“Vou comprar 12 garrafas de vinho a R$12,50 por três garrafas. Quanto vou
gastar?”
Figura 13 - Exemplo 6 Fonte: Vergnaud, 1991 (adaptado por nós)
“3 novelos de lã pesam 200 gramas. São necessários 8 para fazer um pulôver. Qual
vai ser o peso do pulôver?”
Figura 14 - Exemplo 7 Fonte: Vergnaud, 1991 (adaptado por nós)
A partir dos exemplos 5, 6 e 7, representados nas figuras 12, 13 e 14,
respectivamente, podemos verificar que estes problemas podem ser resolvidos por
meio do pensamento proporcional e da utilização do algoritmo da regra de três
simples, para alunos em escolarização mais avançada.
60
Por meio dos exemplos apresentados também podemos perceber que
alguns exemplos requerem explicações suplementares para auxiliar a criança na
compreensão da ideia envolvida.
Vergnaud (1991) defende que estes exemplos não trazem dificuldades para
os alunos, e afirma que todos podem ser representados por um esquema que
explicita a relação quaternária existente em cada uma deles, em que, nos problemas
mais simples uma dessas quantidades é igual a um, conforme pudemos visualizar
nos exemplos apresentados anteriormente. É o que temos chamado de relação “um
a muitos”, com base em Nunes et al. (2009).
Ainda nesta categoria, podemos encontrar outra subclasse de problemas,
que contemplam as expressões do tipo “três vezes mais”, “três vezes menos” no
enunciado, desde que explicitando-se o papel dos operadores escalares, conforme
exemplificamos na sequência por meio de problemas apresentados por Vergnaud
(1991).
“São necessários 2 metros de tecido para fazer uma saia; são necessárias três
vezes mais para fazer um conjunto. Quanto de tecido é necessário para fazer um
conjunto?”
Figura 15 - Multiplicação Fonte: Vergnaud, 1991 (adaptado por nós)
61
“São necessárias três vezes mais de tecido para fazer um conjunto do que uma
saia. São necessários 6 metros para um conjunto. Quanto de tecido é necessário
para fazer uma saia?”
Figura 16 – Divisão (busca de uma medida) Fonte: Vergnaud, 1991 (adaptado por nós)
“São necessários 2 metros de tecido para fazer uma saia, 6 metros para um
conjunto. Quantas vezes mais são necessárias para fazer um conjunto (em relação
a uma saia)?
Figura 17 – Divisão (busca de um escalar) Fonte: Vergnaud, 1991 (adaptado por nós)
O autor defende que as expressões em destaque nos problemas diferenciam
as noções de medida e a de escalar, em que os alunos, para essa solução de
problemas, devem ser levados a descobrir e explicitar não apenas as medidas, mas
também os operadores.
Em um breve comparativo às situações apresentadas nos Parâmetros
Curriculares Nacionais, podemos observar que os exemplos de problemas ilustrados
nas figuras 8, 9, 10, 11, 12, 13 e 14, são indicados nos documentos por situações de
“proporcionalidade”; e os problemas ilustrados nas figuras 15, 16 e 17 indicam-se
pelo grupo de “multiplicação comparativa”.
62
3.2.2 Produto de Medidas
Neste grupo de problemas, pertencem as situações que requerem a
utilização do raciocínio combinatório, em que todos os elementos de um dos grupos
são relacionados com todos os elementos do outro grupo.
Para Vergnaud (1991), a essa categoria pertence uma relação ternária entre
três quantidades, em que uma consiste no produto das outras duas ao mesmo
tempo.
Na sequência apresentamos alguns exemplos presentes em Vergnaud
(1991) para esta categoria.
“3 rapazes e 4 moças querem dançar. Cada rapaz quer dançar com cada moça e
cada moça, com cada rapaz. Quantos seriam os casais possíveis?”
Figura 18 – Exemplo 1 Fonte: Vergnaud, 1991, p. 253
“Quer-se fabricar bandeirolas com tecido de duas cores diferentes (vermelho e
azul). Fabricando-se bandeirolas de três faixas como a que está abaixo, quantas
bandeirolas diferentes podem ser fabricadas?”
Figura 19 – Exemplo 2 Fonte: Vergnaud, 1991, p. 253
“Uma sala retangular tem 4 m de comprimento e 3 m de largura. Qual é a sua
área?”
Figura 20 – Exemplo 3 Fonte: Vergnaud, 1991, p. 254
63
“Trocando somente de pulôver e de cachecol, Ana pode ter 15 trajes diferentes. Ela
tem três pulôveres; quantos cachecóis ela tem?”
Figura 21 – Exemplo 4 Fonte: Vergnaud, 1991, p. 254
“Uma piscina tem uma superfície de 250 metros quadrados e são necessários 625
metros cúbicos de água para enchê-la. Qual é a profundidade média dela?”
Figura 22 – Exemplo 5 Fonte: Vergnaud, 1991, p. 254
Sobre esses problemas, Vergnaud afirma que “o esquema mais natural para
representar essa forma de relação é aquela da tabela cartesiana, porque, de fato, é
a noção de produto cartesiano de conjuntos que explica a estrutura do produto de
medidas” (VERGNAUD, 1991, p. 254). A representação dos problemas a partir da
tabela cartesiana permite ao aluno visualizar as situações apresentadas, auxiliando
na compreensão das mesmas por meio da estruturação de estratégias pessoais.
Realizando um breve comparativo às situações apresentadas nos
Parâmetros Curriculares Nacionais, é possível observar que os exemplos de
problemas ilustrados nas figuras 18 e 19, são indicados nos documentos por
“combinatória”; e os problemas ilustrados nas figuras 20, 21 e 22 indicam-se pelo
grupo de “configuração retangular”.
3.3 Algumas considerações sobre o capítulo
Neste capítulo buscamos apresentar alguns esclarecimentos sobre a Teoria
dos Campos Conceituais, evidenciando a categorização feita por Vergnaud
(1983,1991) sobre os problemas pertencentes ao Campo Conceitual das Estruturas
Multiplicativas.
Com base em nosso aprofundamento teórico ficou evidente que a Teoria dos
Campos Conceituais nos permite explorar os procedimentos e representações
realizados pelos alunos diante de um determinado problema, possibilitando a
identificação de suas dificuldades e facilidades. O trabalho com esta teoria evidencia
que problemas devem ser utilizados nas aulas de Matemática não como um meio de
64
fazer alunos exercitar procedimentos numéricos, mas principalmente como forma de
construir conhecimentos e fazer com que alunos articulem seus conhecimentos
novos e antigos em meio a situações distintas.
Faz-se necessário também evidenciar sobre essa teoria a importância de um
trabalho em que o aluno participe do processo de construção do conhecimento, em
que ele possa compreender o significado de um determinado conceito. Nesse
momento de aprendizagem, é proporcionada ao aluno a oportunidade de
estabelecer conexões significativas entre os conceitos já vistos por ele e os novos
conceitos apresentados. Também é por meio dessas conexões que o aluno pode
reestruturar sua organização de pensamento, os esquemas, podendo surgir novas
formas de raciocínio, que permitirão a evolução de seu pensamento dentro de um
campo conceitual.
Pudemos perceber duas grandes categorias dentre as quais se classificam
os problemas de multiplicação e divisão: isomorfismo de medidas e produto de
medidas. Com base nestas categorias que elaboramos nossos instrumentos de
pesquisa, categorias estas que possibilitam o trabalho com os conceitos das
operações de multiplicação e divisão já nos primeiros anos no Ensino Fundamental,
trabalho este que pode auxiliar no desenvolvimento e na consolidação do raciocínio
multiplicativo com os alunos.
Sobre os problemas pertencentes a este campo, Vergnaud (1996) afirma
que os problemas mais simples do Campo Multiplicativo implicam a proporção
simples de duas variáveis, uma em relação à outra, onde, de acordo com o valor
numérico e o domínio da experiência, os problemas apresentam dificuldades
diferentes de um em relação ao outro.
Ao realizarmos uma breve associação entre as categorias definidas por
Vergnaud e os grupos de situações presentes nos Parâmetros Curriculares
Nacionais, já apresentados no capítulo anterior, pudemos enfatizar algumas
considerações ao longo desse capítulo. A categoria isomorfismo de medidas indica-
se nos documentos oficiais pelos grupos de multiplicação comparativa e
proporcionalidade. Já a categoria produto de medidas é indicada pelos grupos de
configuração retangular e combinatória.
65
A partir da utilização das categorias de problemas definidas no Campo
Conceitual das Estruturas Multiplicativas, pretendemos revelar como os alunos
demonstram seus conhecimentos em relação ao raciocínio multiplicativo, buscando
deste modo responder às nossas questões de pesquisa, e contribuir com o ensino
da Matemática.
67
CAPÍTULO 4 – A PESQUISA DE CAMPO
Neste capítulo realizamos a descrição de como foi elaborada nossa
pesquisa de campo, bem como a constituição de nossos instrumentos de pesquisa.
Este capítulo se destina também a análise dos instrumentos realizados por meio dos
protocolos dos alunos, em que temos como objetivo verificar as interpretações
demonstradas pelos alunos, e os indícios de compreensão por eles revelados em
relação às estruturas multiplicativas.
4.1 Sobre a realização da pesquisa de campo
Nossos instrumentos de pesquisa foram elaborados ao longo dos encontros
no âmbito do Projeto Observatório da Educação, durante o estudo sobre o Campo
Conceitual das Estruturas Multiplicativas de Gerárd Vergnaud, em que o grupo
elaborou problemas norteados pela categorização presente na teoria estudada.
Para a elaboração dos problemas, formaram-se grupos de acordo com o ano
atuante das professoras participantes do projeto, para que os mesmos pudessem
ser realizados em sala de aula e posteriormente trazidos para análise no grupo, a
fim de verificar os conhecimentos revelados pelos alunos em se tratando do trabalho
com as estruturas multiplicativas.
Por meio desses grupos, a elaboração dos problemas ocorreu de forma
coletiva, em que houve a preocupação em adaptá-los a contextos e situações
próximas ao cotidiano do aluno, por acreditarmos que esta pode ser uma forma de
dar significado e ajudar na compreensão dos alunos. Imaginamos que se um
contexto faz sentido para o aluno, este poderá visualizar melhor a situação,
analisando e levantando hipóteses, facilitando a generalização do conteúdo, o que
poderá facilitar sua aprendizagem. Faz-se importante destacar que, a elaboração
coletiva dos problemas auxiliou nessa escolha, em que as professoras puderam
indicar quais contextos se aproximavam da realidade de seus alunos.
A pesquisa ocorreu em duas salas de 5° ano do Ensino Fundamental de
uma escola pública do município de São Paulo que participa do projeto, em que o
68
efetivo de pesquisa conta com um total de 57 alunos. Para a realização da pesquisa,
as professoras aplicaram em sala de aula os instrumentos elaborados coletivamente
no grupo, para que os alunos pudessem desenvolver procedimentos de resolução
em relação aos problemas pertencentes a cada instrumento. Sobre a aplicação
realizada, faz-se importante destacar que não ocorreram intervenções por parte das
professoras enquanto os alunos desenvolviam seus procedimentos, o que nos
possibilitou observar claramente como os alunos demonstram seus conhecimentos
em relação às ideias norteadoras de cada grupo de problemas.
Sobre o nosso efetivo de pesquisa é importante destacar que apesar de
contarmos com um total de 57 alunos, em algumas categorias de problemas não
apresentamos essa mesma quantidade de protocolos, justificando como motivo o
fato de que a aplicação dos instrumentos ocorreu em dias diferentes, implicando na
falta de alguns alunos, ocasionando discrepâncias numéricas dos protocolos obtidos
de cada instrumento.
Nossa escolha por salas de 5º ano justifica-se pelo fato de querermos
observar como o aluno apresenta as noções do campo multiplicativo nesta etapa de
escolarização, que marca a transição entre os anos iniciais e os anos finais do
Ensino Fundamental, visto que já pudemos observar em alunos de 6º ano que estas
noções muitas vezes parecem não terem sido claramente construídas pelos alunos
nos anos anteriores.
4.2 As categorias de análise
Após observarmos minuciosamente os protocolos dos alunos, elaboramos
as categorias de análise, e com base nessas categorias, realizamos uma análise
qualitativa, com a finalidade de abranger todas as situações e peculiaridades
apresentadas nos procedimentos de resolução utilizados pelos alunos.
Apresentamos a seguir as categorias elaboradas, seguidas de suas
respectivas descrições.
1. Identificam a ideia da operação que resolve o problema e acertam os
procedimentos
69
Nesta categoria, encontram-se os protocolos de alunos que identificam a ideia
da operação que resolve o problema e os resolvem corretamente, seja por
meio de um algoritmo ou de procedimentos não convencionais, chegando ao
resultado esperado.
2. Identificam a ideia da operação que resolve o problema, mas não
utilizam os procedimentos corretamente.
Nesta categoria, encontram-se os protocolos dos alunos que identificam a
ideia da operação que resolve o problema, mas erram nos procedimentos de
cálculo, seja por meio de um algoritmo ou de procedimentos não
convencionais, não chegando ao resultado esperado.
3. Identificam a operação que resolve o problema, mas apenas indicam a
operação, e não a desenvolvem.
Nesta categoria, encontram-se os protocolos dos alunos que identificam a
operação que resolve o problema, representam qual é essa operação, mas
não desenvolvem a operação representada.
4. Não identificam a operação e acertam os procedimentos/algoritmos
utilizados.
Nesta categoria, encontram-se os protocolos dos alunos que não indicam a
operação de multiplicação ou divisão, mas conseguem resolver o problema
por meio de uma ideia aditiva, fazendo adições sucessivas, seja por meio de
um algoritmo ou de um procedimento não convencional, acertando os
procedimentos utilizados e chegando ao resultado esperado.
5. Não identificam a operação e erram os procedimentos
Nesta categoria, encontram-se os protocolos dos alunos que não identificam
a operação que resolve o problema e ainda erram os procedimentos de
resolução e não chegam ao resultado esperado.
6. Não identificam a operação que resolve o problema, apenas indicam
uma operação, e não a desenvolvem.
70
Nesta categoria, encontram-se os protocolos dos alunos que não identificam
a operação que resolve o problema, representam outra operação, mas não a
desenvolvem.
7. Indicam apenas o resultado e acertam.
Nesta categoria, encontram-se os protocolos dos alunos que não realizaram
registro de representação do procedimento para a resolução, apenas
indicando o resultado do problema. Nesse caso, observamos que os alunos
conseguem chegar ao resultado correto.
8. Não resolvem.
Nesta categoria, encontram-se os protocolos dos alunos que não resolveram
o problema, e nem mesmo levantaram hipóteses para resolução do mesmo,
deixando o exercício “em branco”.
No próximo tópico apresentamos a descrição dos instrumentos utilizados em
nossa investigação e elaborados coletivamente no grupo.
4.3 Os instrumentos de pesquisa
Conforme já mencionado, foram elaborados quatro instrumentos, em que
cada um deles abordou um determinado grupo de problemas referente às operações
e ideias pertencentes ao campo multiplicativo, segundo a categorização apresentada
por Gerárd Vergnaud. Acreditamos que, ao verificarmos isoladamente cada grupo de
problemas, podemos realizar uma análise mais aprofundada que nos permitirá
identificar em qual deles os alunos apresentam maiores dificuldades e facilidades,
servindo-nos como um indicativo para responder às nossas questões de pesquisa,
contribuindo, assim, com o ensino de Matemática. Considerando todos os
instrumentos, obtivemos 12 problemas elaborados e 206 protocolos, resultando em
722 problemas analisados, dos quais apresentamos na tabela 2 o efetivo de
pesquisa obtido em cada instrumento, seguidos da quantidade de problemas
analisados em cada um deles.
71
Tabela 2 – Levantamento dos dados da pesquisa de campo
Efetivo de Pesquisa Problemas Analisados
Instrumento 1 54 alunos 162
Instrumento 2 53 alunos 212
Instrumento 3 50 alunos 150
Instrumento 4 49 alunos 198
Total de Problemas Analisados 722
A tabela 2 apresenta um panorama geral em relação à participação dos
alunos em cada instrumento realizado, considerando as duas salas de 5° ano do
ensino fundamental que foram nosso objeto de pesquisa.
No próximo tópico passamos a apresentar nossos instrumentos de pesquisa,
iniciando pelo primeiro grupo de problemas, o Isomorfismo de Medidas.
4.3.1 O primeiro grupo de problemas: Isomorfismo de Medidas
Como mencionamos anteriormente, nesta categoria de problemas
denominada por Vergnaud (1991) como Isomorfismo de Medidas, destacam-se os
problemas que estabelecem relações proporcionais entre conjuntos de mesma
cardinalidade. Para a elaboração deste grupo de problemas, optamos em dividi-los
em duas etapas: problemas envolvendo a correspondência um a muitos, e
problemas que trabalham a correspondência muitos a muitos, a fim de verificarmos
mais detalhadamente os procedimentos de resolução apresentados pelos alunos em
cada etapa, bem como se estruturam os conhecimentos destes alunos em cada uma
destas relações. Para cada problema levantamos hipóteses quanto à identificação
ou não da operação que resolve o problema e aos procedimentos dos alunos
utilizados para sua resolução.
4.3.1.1 Primeiro instrumento: problemas de correspondência um a muitos
Apresentamos agora o primeiro instrumento de nossa investigação,
composto por três problemas que contemplam a ideia “um a muitos”, pertencentes à
72
classe de problemas isomorfismo de medidas, já citada em nossa fundamentação
teórica.
Problema 1. Numa festa de aniversário na sala de aula, cada aluno levou 2
garrafas de refrigerante. Ao todo, compareceram 25 alunos. Considerando que
todos levaram os refrigerantes, quantas garrafas havia?
Figura 23 – Problema 1 do instrumento 1 Fonte: Elaborado pelo grupo.
Neste problema, esperávamos que os alunos utilizassem a estrutura
multiplicativa, realizando um procedimento que envolvesse a operação de
multiplicação entre a quantidade de alunos e o número de garrafas, resultando em
um total de 50 garrafas na festa.
As análises realizadas foram compatibilizadas na tabela a seguir.
Tabela 3 – Resultados do problema 1
Categorias encontradas Número de protocolos
Identificam a ideia da operação que resolve o problema e
acertam os procedimentos
51
Identificam a ideia operação que resolve o problema, mas
não utilizam os procedimentos corretamente
2
Não identificam a operação e acertam os procedimentos/
algoritmos utilizados
1
Fonte: elaboração das pesquisadoras
Problema 2. Para uma festa de aniversário, 31 pessoas levaram 93 garrafas de
refrigerante. Se todos levaram a mesma quantidade, quantas garrafas levou
cada pessoa?
Figura 24 – Problema 2 do instrumento 1 Fonte: Elaborado pelo grupo.
Neste problema, esperávamos que os alunos utilizassem a estrutura
multiplicativa, realizando um procedimento que envolvesse a operação de divisão
73
entre o número de garrafas e o número de pessoas, resultando em 3 garrafas
levadas por pessoa. Após a análise encontramos o resultado apresentado na tabela
a seguir.
Tabela 4 - Resultados do problema 2
Categorias encontradas Número de
protocolos
Identificam a ideia da operação que resolve o problema e
acertam os procedimentos
24
Identificam a ideia da operação que resolve o problema,
mas não utilizam os procedimentos corretamente
6
Identificam a operação que resolve o problema, mas
apenas indicam a operação, e não a desenvolvem
2
Não identificam a operação e acertam o
procedimento/algoritmo utilizado.
6
Não identificam a operação e erram os procedimentos 16
Fonte: elaboração das pesquisadoras
Problema 3. Para uma festa foram levadas 72 garrafas de refrigerante.
Considerando que cada convidado levou 3 garrafas, quantas pessoas foram
convidadas?
Figura 25 – Problema 3 do instrumento 1 Fonte: Elaborado pelo grupo.
Neste problema, esperávamos que os alunos utilizassem a estrutura
multiplicativa, realizando um procedimento que envolvesse a operação de divisão
entre o número de garrafas que havia na festa e o número de garrafas levadas por
convidado, resultando em 24 pessoas presentes na festa. A tabela a seguir
apresenta os resultados da análise.
74
Tabela 5 - Resultados do problema 3
Categorias encontradas Número de
protocolos
Identificam a ideia da operação que resolve o problema e
acertam os procedimentos
31
Identificam a ideia da operação que resolve o problema,
mas não utilizam os procedimentos corretamente
9
Identificam a operação que resolve o problema, mas
apenas indicam a operação, e não a desenvolvem
1
Não identificam a operação e erram os procedimentos 13
Fonte: elaboração das pesquisadoras
4.3.1.2 Segundo instrumento: problemas de correspondência muitos a
muitos
Apresentamos agora os quatro problemas analisados em nossa segunda
etapa da investigação, envolvendo a correspondência muitos a muitos, também
pertencentes à classe de problemas isomorfismo de medidas.
Problema 1. Um grupo de 12 meninos coleciona carrinhos. Juntos eles têm 48
carrinhos. Considerando que todos tem a mesma quantidade, quantos
carrinhos haveria se 21 meninos colecionassem carrinhos?
Figura 26 – Problema 1 do instrumento 2 Fonte: Elaborado pelo grupo.
Para a realização desse problema a partir da estrutura multiplicativa,
esperávamos que o aluno realizasse a divisão entre o número de carrinhos e o
número de meninos, descobrindo a quantidade de carrinhos pertencentes a cada
menino. Em seguida, o aluno deveria realizar a multiplicação entre o número de
carrinhos pertencentes a cada menino e o novo número de meninos requerido no
problema, chegando desse modo à solução do mesmo, 84 carrinhos. Outra forma de
75
resolução desse problema a partir da estrutura multiplicativa seria também a partir
da utilização do raciocínio proporcional. Na tabela a seguir, apresentamos o
resultado observado.
Tabela 6 – Resultados do problema 1
Categorias encontradas Número de
protocolos
Identificam a ideia da operação que resolve o problema
e acertam os procedimentos
24
Não identificam a operação e acertam os
procedimentos/algoritmos usados.
1
Não identificam a operação e erram os procedimentos 25
Não identificam a operação que resolve o problema,
apenas indicam uma operação, e não a desenvolvem
2
Não resolvem 1
Fonte: elaboração das pesquisadoras
Problema 2. Sabe-se que 15 meninos colecionam chaveiros e que juntos têm
75 chaveiros. Considerando que todos tenham a mesma quantidade, quantos
meninos colecionariam chaveiros se juntos tivessem 90 chaveiros?
Figura 27 – Problema 2 do instrumento 2 Fonte: Elaborado pelo grupo.
Esperávamos que a solução desse problema se desse a partir da estrutura
multiplicativa, inicialmente a partir da realização da operação de divisão entre a
quantidade de chaveiros e a quantidade de meninos, a fim de descobrir o número de
chaveiros pertencentes a cada aluno; e posteriormente a realização da divisão entre
o número total de chaveiros e o número de chaveiros que cada aluno possui,
chegando assim ao resultado de 18 meninos. Outro caminho de resolução desse
problema seria a partir da estrutura multiplicativa, por meio da utilização do
raciocínio proporcional. Compatibilizamos as análises na tabela a seguir.
76
Tabela 7 - Resultados do problema 2
Categorias encontradas Número de
protocolos
Identificam a ideia da operação que resolve o problema e
acertam os procedimentos
16
Identificam a ideia da operação que resolve o problema,
mas não utilizam os procedimentos corretamente
8
Não identificam a operação e erram os procedimentos 27
Não resolvem 2
Fonte: elaboração das pesquisadoras
Problema 3. Um grupo de 16 meninos tem ao todo 64 bolinhas de gude.
Considerando que todos têm a mesma quantidade, quantas bolinhas haveria
se 12 meninos estivessem neste grupo?
Figura 28 – Problema 3 do instrumento 2 Fonte: Elaborado pelo grupo.
Focando na estrutura multiplicativa, esperávamos que os alunos realizassem
inicialmente a divisão entre o número de bolinhas de gude e o número de meninos;
e, posteriormente, realizassem a multiplicação entre o número de bolinhas de gude
pertencentes a cada menino e o número de meninos do grupo, chegando ao total de
48 bolinhas de gude. Outro caminho de resolução desse problema com a utilização
da estrutura multiplicativa seria por meio da utilização do raciocínio proporcional. A
tabela a seguir ilustra os resultados verificados.
77
Tabela 8 - Resultados do problema 3
Categorias encontradas Número de
protocolos
Identificam a ideia da operação que resolve o problema e
acertam os procedimentos
22
Identificam a ideia da operação que resolve o problema,
mas não utilizam os procedimentos corretamente
2
Não identificam a operação e erram os procedimentos 27
Não resolvem 2
Fonte: elaboração das pesquisadoras
Problema 4. As meninas do clube “Cola e Decora” têm a mesma quantidade de
adesivos. Se 24 meninas têm juntas 72 adesivos, quantas meninas seriam
sócias do clube se tivessem 42 adesivos?
Figura 29 – Problema 4 do instrumento 2 Fonte: Elaborado pelo grupo.
Nesse problema esperávamos que os alunos realizassem-no a partir das
estruturas multiplicativas, inicialmente dividindo o número total de adesivos pelo
número de meninas para descobrir a quantidade de adesivos pertencentes a cada
menina; e, posteriormente realizando a divisão entre o novo número de adesivos
estipulado e o número de adesivos pertencente a cada menina, chegando ao total
de 14 meninas. Os resultados observados compõem a tabela a seguir.
78
Tabela 9 - Resultados do problema 4
Categorias encontradas Número de
protocolos
Identificam a ideia da operação que resolve o problema e
acertam os procedimentos
14
Identificam a ideia da operação que resolve o problema,
mas não utilizam os procedimentos corretamente
8
Não identificam a operação e erram os procedimentos 27
Não resolvem 4
Fonte: elaboração das pesquisadoras
4.3.2 O segundo grupo de problemas: Produto de Medidas
Como mencionamos anteriormente, nesta categoria de problemas
denominada por Vergnaud (1991) como Produto de Medidas, destacam-se os
problemas que requerem a utilização do raciocínio combinatório, em que todos os
elementos de um dos grupos são relacionados com todos os elementos do outro
grupo. Para a elaboração deste grupo de problemas, optamos em dividi-los em duas
etapas: problemas envolvendo a configuração retangular, e posteriormente
problemas que envolvem a ideia de combinatória.
4.3.2.1 Terceiro instrumento: problemas de configuração retangular
Apresentamos agora os três problemas aplicados nesse instrumento,
envolvendo a ideia de configuração retangular, pertencentes à classe de problemas
produto de medidas.
Problema 1. Em uma caixa com formato retangular cabem 96 maçãs. Sabendo
que as maçãs estão organizadas em fileiras e que em cada fileira cabem 12
maçãs, quantas fileiras de maçãs há nessa caixa?
Figura 30 – Problema 1 do instrumento 3 Fonte: Elaborado pelo grupo.
79
Neste problema, esperávamos que os alunos solucionassem-no realizando a
divisão entre o número total de maçãs que cabem na caixa e o número de maçãs
que cabem em cada fileira, chegando ao total de 8 fileiras.
Na tabela a seguir, é possível visualizar os resultados encontrados.
Tabela 10 - Resultados do problema 1
Categorias encontradas Número de
protocolos
Identificam a ideia da operação que resolve o problema e
acertam os procedimentos
20
Identificam a ideia da operação que resolve o problema,
mas não utilizam os procedimentos corretamente
7
Não identificam a operação e acertam os
procedimentos/algoritmos utilizados.
8
Não identificam a operação e erram os procedimentos 15
Fonte: elaboração das pesquisadoras
Problema 2. Uma caixa de ovos tem formato retangular. Os ovos estão
organizados em 6 fileiras com 8 ovos em cada fileira. Quantos ovos há nessa
caixa?
Figura 31 – Problema 2 do instrumento 3 Fonte: Elaborado pelo grupo.
Para solucionar este problema por meio da estrutura multiplicativa,
esperávamos que os alunos realizassem a multiplicação entre o número de fileiras e
o número de ovos contidos em cada fileira, chegando ao total de 48 ovos. A tabela a
seguir apresenta os resultados da análise.
80
Tabela 11 - Resultados do problema 2
Categorias encontradas Número de
protocolos
Identificam a ideia da operação que resolve o problema e
acertam os procedimentos
39
Identificam a ideia da operação que resolve o problema,
mas não utilizam os procedimentos corretamente
5
Não identificam a operação e erram os procedimentos 3
Indicam apenas o resultado e acertam 3
Fonte: elaboração das pesquisadoras
Problema 3. Numa fábrica de chocolates, os bombons estão organizados em
diferentes tipos de caixas retangulares. Cada caixa é organizada em fileiras e
colunas. Todas as fileiras têm a mesma quantidade de bombons e todas as
colunas também.
Organize esses bombons em diferentes tipos de caixas.
Figura 32 – Problema 3 do instrumento 3 Fonte: Elaborado pelo grupo.
Neste problema, procuramos ampliar as possibilidades de resolução, em que
os alunos poderiam indicar diferentes disposições de fileiras e colunas das caixas de
bombons. Por meio do raciocínio multiplicativo, o aluno poderia associar esta ideia
às tabuadas já conhecidas, apoiando-se nestas multiplicações para organizar os
bombons. A partir dessa organização podemos levantar a hipótese de que o aluno já
possua dentro do campo multiplicativo a ideia de produto de medidas. Os resultados
observados encontram-se na tabela a seguir.
81
Tabela 12 - Resultados do problema 3
Categorias encontradas Número de
protocolos
Identificam a ideia da operação que resolve o problema e
acertam os procedimentos
31
Não identificam a operação e erram os procedimentos 18
Não resolvem 1
Fonte: elaboração das pesquisadoras
4.3.2.2 Quarto instrumento: problemas de combinatória
Apresentamos agora os dois problemas aplicados na última etapa de nossa
investigação, envolvendo a ideia de combinatória, também pertencentes à classe de
problemas produto de medidas.
Figura 33 – Problema 1 do instrumento 4 Fonte: Elaborado pelo grupo.
Para solucionar este problema utilizando a estrutura multiplicativa,
esperávamos que os alunos multiplicassem a quantidade de opções de sucos pela
quantidade de opções de lanches, chegando ao total de 12 combinações possíveis.
Na tabela a seguir são apresentados os resultados observados.
82
Tabela 13 - Resultados do problema 1
Categorias encontradas Número de
protocolos
Identificam a ideia da operação que resolve o problema e
acertam os procedimentos
12
Não identificam a operação e acertam os
procedimentos/algoritmos utilizados.
20
Não identificam a operação e erram os procedimentos
11
Indicam apenas o resultado e acertam
5
Não resolvem
1
Fonte: elaboração das pesquisadoras
Problema 2. João vai passar alguns dias na praia e levou 6 camisetas e 3
bermudas. Quais são as diferentes combinações que ele poderá fazer?
Figura 34 – Problema 2 do instrumento 4 Fonte: Elaborado pelo grupo.
Neste problema, esperávamos que os alunos, por meio da estrutura
multiplicativa, realizassem a multiplicação entre o número de camisetas e o número
de bermudas, chegando ao total de 18 combinações possíveis. Os resultados
verificados foram compatibilizados na tabela a seguir.
83
Tabela 14 - Resultados do problema 2
Categorias encontradas Número de
protocolos
Identificam a ideia da operação que resolve o problema e
acertam os procedimentos
21
Não identificam a operação e acertam os
procedimentos/algoritmos utilizados.
10
Não identificam a operação e erram os procedimentos
16
Indicam apenas o resultado e acertam
1
Não resolvem
1
Fonte: elaboração das pesquisadoras
4.4 Análise dos instrumentos por categoria
Neste item, passamos a apresentar nossas análises, realizadas à luz do
referencial teórico já apresentado. Utilizamos os protocolos dos alunos para ilustrar
as categorias encontradas na resolução dos instrumentos elaborados.
4.4.1 Categoria 1 – Identificam a ideia da operação que resolve o problema e
acertam os procedimentos
Podemos verificar no problema 1, do instrumento 1, que a maioria dos
alunos identificou a ideia da operação envolvida e acertou o procedimento, conforme
evidenciamos no protocolo do aluno A1 representado na figura 35.
84
Figura 35 - Protocolo do A1 Fonte: arquivo da pesquisadora
No protocolo do aluno A1, apresentado na figura 35, podemos verificar que o
aluno compreende a ideia da correspondência um a muitos, elabora adequadamente
o algoritmo da operação de multiplicação e chega ao resultado correto. Porém, este
aluno não se preocupou em apresentar um registro de resposta por extenso.
O aluno A51, conforme apresentado na figura 36, também acertou o
problema, assim como o aluno anterior.
Figura 36 - Protocolo do A51 Fonte: arquivo da pesquisadora
Porém, podemos verificar no protocolo do aluno A51, que ele resolve a
operação de multiplicação realizando a troca de 10 unidades por 1 dezena,
85
diferentemente do aluno A1 que provavelmente fez mentalmente esta passagem.
Verificamos ainda no protocolo deste aluno, que o mesmo teve a preocupação em
apresentar o registro de resposta.
O aluno A52, também como os anteriores compreende a ideia da
correspondência um a muitos e elabora adequadamente o algoritmo da operação,
chegando ao resultado correto, conforme apresentamos na figura 37.
Figura 37 - Protocolo do A52 Fonte: arquivo da pesquisadora
No protocolo do aluno A52, apresentado na figura 37, nos chama atenção a
observação realizada no registro de resposta do aluno em que ele menciona a forma
como pensou para resolver o exercício. Este aluno, igualmente ao aluno A51, realiza
a troca de 10 unidades por 1 dezena para realizar a operação.
Observando os protocolos apresentados anteriormente, podemos considerar
segundo os níveis de aprendizagem da multiplicação descritos por Mendes e
Delgado (2008) que estes alunos já se encontram em um nível superior ao cálculo
formal, em que é possível perceber não somente o uso da multiplicação como
operação e o domínio de suas propriedades, mas também evidenciamos a
apropriação do trabalho com o algoritmo.
86
No problema 2 também verificamos um significativo número de alunos que
identificou a ideia da operação que resolve o problema e acertou os procedimentos,
como podemos exemplificar com o protocolo do aluno A40 apresentado na figura 38.
Figura 38 - Protocolo do A40 Fonte: arquivo da pesquisadora
Neste protocolo do aluno A40, representado na figura 38, podemos perceber
que o aluno compreende a ideia e dentro do raciocínio multiplicativo já se apropriou
do algoritmo da divisão, chegando ao resultado esperado e registrando formalmente
a resposta final.
No protocolo do aluno A21, assim como no protocolo do aluno A40,
podemos verificar que o aluno também identificou a operação que resolve o
problema 2.
87
Figura 39 - Protocolo do A21 Fonte: arquivo da pesquisadora
No protocolo do aluno A21, representado na figura 39, podemos perceber
que o aluno já se apropriou do algoritmo da divisão, chegando ao resultado
esperado, registrando formalmente a resposta final. Percebemos também que o
aluno utilizou como estratégia a adição repetida de parcelas para verificar quantos
grupos de 31 cabem em 93.
Diante do fato observado no protocolo do aluno A21, devemos nos atentar
para a abordagem realizada por Rocha e Menino (2008), em que afirmam que a
resolução de problemas envolvendo a ideia de divisão pode ser feita utilizando
procedimentos de multiplicação. Nesse caso a aprendizagem das duas operações
ocorre em uma estreita relação. Sobre o protocolo do aluno A21 podemos levantar a
hipótese de que ele ainda não estabelece relação entre as operações de divisão e
multiplicação ou entre seus algoritmos.
O protocolo do aluno A43, assim como nos protocolos anteriores, demonstra
que o aluno identifica a operação que resolve o problema e acerta o resultado,
conforme podemos verificar na figura 40.
88
Figura 40 - Protocolo do A43 Fonte: arquivo da pesquisadora
No protocolo do aluno A43, representado na figura 40, podemos encontrar
uma diferença em relação aos protocolos anteriores: o aluno identifica a operação
que resolve o problema, demonstra que possivelmente já tem estruturado o
raciocínio multiplicativo, compreende a ideia e acerta o resultado. Porém, o aluno
inverte o valor posicional da ordem do número de pessoas (31 para 13), e mesmo
assim consegue realizar o procedimento corretamente, chegando ao resultado
esperado e formalizando a resposta em seu registro. Podemos perceber que este
aluno utiliza o procedimento de prova real utilizando a operação de multiplicação,
ainda com o valor posicional invertido, mas acerta o resultado. Podemos levantar
como hipótese que o aluno realizou o procedimento de cálculo mental, mas se
preocupou em utilizar um registro, o que muitas vezes pode ser influenciado por
práticas docentes que conduzem o aluno a realizar o algoritmo e sua respectiva
prova real.
Outra hipótese sobre o procedimento é que este aluno já compreende a
relação existente entre as duas operações (já mencionada em Rocha e Menino,
2008), percebendo que a divisão é um processo inverso à multiplicação, e já tem
mais estruturada a ideia do campo multiplicativo.
O protocolo do aluno A4, representado na figura 41, evidencia um
procedimento de registro inverso para a montagem da operação.
89
Figura 41 - Protocolo do A4 Fonte: arquivo da pesquisadora
No protocolo deste aluno podemos perceber que ele utilizou a adição
repetida de parcelas para encontrar quantos grupos de 31 cabem em 93, o que
indica que ele compreende a ideia que norteia a divisão. Quanto ao algoritmo
representado, podemos levantar como hipótese que este aluno não se apropria de
todos os procedimentos necessários para realizar uma divisão por dois algarismos, e
realizou-o apenas para atender um procedimento exigido de resolução. Mais uma
vez podemos estar diante de um caso em que o algoritmo não exerce uma relação
de significado ao conteúdo, em que, segundo Saiz (1996), é necessário que os
alunos comprovem seus próprios procedimentos de resolução antes de conhecer os
algoritmos tradicionais, para poder compreender as ideias que permeiam uma
determinada uma operação.
Já os alunos A12 e A17, conforme ilustram as figuras 42 e 43, também
inverteram divisor e dividendo, mas diferem do aluno A4 por não utilizarem a adição
repetida de parcelas.
90
Figura 42 - Protocolo do A12 Fonte: arquivo da pesquisadora
Figura 43 - Protocolo do A17 Fonte: arquivo da pesquisadora
Nos protocolos dos alunos A12 e A17, respectivamente representados pelas
figuras 42 e 43, podemos considerar também que os alunos identificaram a
operação que resolve o problema, e acertaram o resultado. A diferença desses
protocolos para o registro dos demais alunos que elaboram o algoritmo dessa forma,
é que estes alunos conseguiram realizar a operação. Uma possível hipótese é a de
que os alunos utilizam a operação invertida como uma ideia de multiplicação, como
ilustra a figura 44.
91
Figura 44 - Ideia de multiplicação
Observando os procedimentos realizados no problema 3 podemos constatar
também que um grande número de alunos consegue compreender a ideia do
problema, conforme mostraremos na sequência.
Figura 45 - Protocolo do A4 Fonte: arquivo da pesquisadora
O protocolo do aluno A4, representado na figura 45, indica que ele identifica
a operação que resolve o problema e compreende a ideia do mesmo. O aluno acerta
os procedimentos, registra formalmente a resposta e chega ao resultado esperado,
demonstrando que possivelmente já se apropria das ideias que norteiam o raciocínio
multiplicativo. Podemos aprofundar nossas observações acerca desse aluno, visto
que anteriormente já apresentamos um protocolo realizado pelo mesmo, e que este
apresentou uma regularidade em seu raciocínio. A comparação dos protocolos nos
permite levantar a hipótese de que o aluno, apesar de identificar a ideia dos
92
problemas, ainda não se apropria dos procedimentos que envolvem uma divisão
com dois algarismos, e por isso utilizou de outros recursos no protocolo anterior
(figura 41).
No protocolo do aluno A20, também é perceptível que ele identifica a
operação que resolve o problema, acertando os procedimentos.
Figura 46 - Protocolo do A20 Fonte: arquivo da pesquisadora
Ao observarmos o protocolo do aluno A20, representado na figura 46,
podemos verificar que ele registra formalmente a resposta e chega ao resultado
esperado, o que pode demonstrar que já se tem desenvolvido o raciocínio
multiplicativo. Além disso, o aluno realiza a confirmação de seu resultado, por meio
do procedimento de prova real utilizando a operação de multiplicação. Isso quer
dizer que este aluno compreende divisão e multiplicação como operações inversas.
Podemos considerar que, a compreensão das relações existentes entre as
operações de multiplicação e divisão pode auxiliar o aluno a solucionar problemas
pertencentes ao campo multiplicativo. De acordo com os Parâmetros Curriculares
Nacionais (BRASIL, 1997), quando o aluno compreende essas relações, passa a
perceber as semelhanças nos cálculos, auxiliando na construção de um repertório
para o desenvolvimento das operações.
93
No problema 1, do instrumento 2, o protocolo do aluno A11 ilustra um dos
procedimentos de resolução.
Figura 47 - Protocolo do A11 Fonte: arquivo da pesquisadora
Ao analisarmos o protocolo do aluno A11, apresentado na figura 47,
podemos afirmar que o aluno identifica as operações necessárias para a resolução
do problema, elaborando corretamente o algoritmo das operações e chegando ao
resultado correto. Uma característica observada é que o aluno realizou o
procedimento de adição repetida de parcelas como estratégia para a verificação do
quociente encontrado na operação.
O protocolo do aluno A3 reproduz os procedimentos que alguns alunos
adotaram no problema 2, do instrumento 2.
Figura 48 - Protocolo do A3 Fonte: arquivo da pesquisadora
94
Ao observarmos o protocolo do aluno A3, apresentado na figura 48,
percebemos que o aluno identificou as operações requeridas no problema,
chegando ao resultado correto.
Percebemos também no protocolo que o aluno recorre ao procedimento de
adição repetida de parcelas para encontrar o quociente da primeira divisão, o que
indica a possibilidade que ele ainda desconheça, nesta etapa de escolarização, os
procedimentos que envolvem a realização da divisão entre números de maiores
grandezas.
Podemos observar no protocolo do aluno A11 outro procedimento revelado
em nossas análises.
Figura 49 - Protocolo do A11 Fonte: arquivo da pesquisadora
No protocolo no aluno A11, apresentado na figura 49, podemos observar
que ele também identifica a ideia da operação, elaborando o algoritmo, resolvendo-o
pelo processo longo, e chegando ao resultado esperado. É possível verificar que
este aluno realizou o procedimento de adição repetida de parcelas, possivelmente
para encontrar o quociente da segunda divisão realizada. Percebemos também que
o aluno se confundiu ao registrar esse quociente no algoritmo da divisão (75:15), o
que não o impediu de encontrar a solução do problema, já que foi possível perceber
que o mesmo encontrou o quociente adequado por meio do procedimento utilizado
anteriormente e utilizou-o para descobrir a quantidade correta de meninos. Este
aluno também se preocupou em registrar por extenso o resultado encontrado para o
problema. Mais uma vez consideramos interessante ressaltar a regularidade de
95
pensamento demonstrada por esse aluno em diferentes problemas, visto que este já
foi mencionado nesta categoria.
Verificando os procedimentos de resolução dos alunos quanto ao problema
3, do instrumento 2, podemos verificar a categoria em que os alunos compreendem
a ideia, chegando ao resultado correto, como podemos observar no protocolo do
aluno A10.
Figura 50 - Protocolo do A10 Fonte: arquivo da pesquisadora
No protocolo do aluno A10, apresentado na figura 50, podemos perceber
que ele compreende a ideia das operações envolvidas no problema, chegando ao
resultado correto. Também é possível observar que o aluno ainda se apoia no
procedimento de adição repetida de parcelas para verificar seu resultado. Outra
característica observada é que o aluno não se preocupou em apresentar o registro
por extenso da resposta do problema.
No protocolo do aluno A3, referente ao problema 4, do instrumento 2,
podemos visualizar nos procedimentos que ele identificou as operações e
compreende a ideia envolvida no problema, chegando à solução correta.
96
Figura 51 - Protocolo do A3 Fonte: arquivo da pesquisadora
Observando o protocolo do aluno A3, apresentado na figura 51, podemos
constatar que ele compreende a ideia muitos a muitos, e ainda se apoia em
procedimentos intermediários. É possível perceber na primeira operação de divisão
representada que ele utiliza a adição repetida de parcelas para encontrar o
quociente e verificar quantos grupos de 24 cabem em 72. Possivelmente o aluno
possui dificuldades em realizar o algoritmo da divisão com dois algarismos e devido
a isso buscou esse recurso. Já na segunda operação de divisão representada, o
aluno não utiliza de procedimentos intermediários e consegue chegar à solução,
porém é possível perceber que ele se confunde ao realizar a subtração “12 – 12” e
utiliza procedimentos aditivos para a resolução. Podemos perceber que o aluno
conhece os procedimentos envolvidos na operação de divisão, e não se preocupou
em apresentar um registro por extenso de sua resposta. Um importante fato a ser
mencionado é o de que anteriormente já foi apresentado um protocolo deste aluno,
em que foi possível observar uma perceptível semelhança em seus procedimentos.
Podemos observar no protocolo do aluno A16 outro caso em que a ideia da
operação que resolve o problema foi identificada.
97
Figura 52 - Protocolo do A16 Fonte: arquivo da pesquisadora
No protocolo do aluno A16, apresentado na figura 52, é possível
percebermos que ele também já se apropriou dos procedimentos do campo
multiplicativo, e, diferentemente do aluno A3, não recorre a outras operações,
limitando-se apenas à operação de divisão. O aluno acerta o resultado do problema,
e apresenta o registro por extenso da resposta encontrada.
Nos protocolos dos alunos A36 e A51, referentes ao problema 1 do
instrumento 3, podemos constatar que a ideia de configuração retangular foi
compreendida, em que os alunos conseguem chegar ao resultado esperado.
Figura 53 - Protocolo do A36 Fonte: arquivo da pesquisadora
98
Figura 54 - Protocolo do A51 Fonte: arquivo da pesquisadora
Os procedimentos encontrados nos protocolos dos alunos A36 e A51,
apresentados nas figuras 53 e 54 evidenciam que já há a apropriação das ideias
referentes à configuração retangular, em que os alunos também conseguem realizar
corretamente o procedimento da operação de divisão, além de registrarem por
extenso a resposta encontrada. Quanto ao protocolo do aluno A51, podemos
observar também que este utilizou o procedimento de adição repetida de parcelas
para verificar quantos grupos de 12 cabem em 96, e desse modo encontrar o
quociente da divisão. Anteriormente já apresentamos um protocolo deste aluno, em
uma situação envolvendo a operação de multiplicação, o que nos permite levantar a
hipótese de que este aluno ainda não estabelece relação entre a multiplicação e a
divisão como operações inversas, e por isso recorreu à adição repetida de parcelas
neste caso, mesmo sabendo realizar o procedimento envolvido na multiplicação.
Os protocolos dos alunos A2 e A5, referentes ao problema 2, do instrumento
3, indicam que eles provavelmente compreenderam a ideia de configuração
retangular, realizando a multiplicação entre a quantidade de fileiras e a quantidade
de ovos por fileira.
99
Figura 55 - Protocolo do A2 Fonte: arquivo da pesquisadora
Figura 56 - Protocolo do A5 Fonte: arquivo da pesquisadora
Ao analisarmos os protocolos dos alunos A2 e A5, apresentados nas figuras
55 e 56, podemos perceber que ambos identificaram a operação envolvida no
problema, chegam ao resultado esperado, e possivelmente já se apropriaram do
raciocínio multiplicativo. Algumas características diferenciam os procedimentos
desses alunos, em que o aluno A2 não se preocupa em realizar o registro da
resposta por extenso, enquanto o aluno A5 realiza esse registro. Outra diferença
observada é que o aluno A5 representou a estrutura da configuração retangular por
meio de desenho, além de representar o algoritmo da operação de multiplicação.
Uma hipótese seria a de que esse aluno se apoiou na contagem de sua
representação para obter o resultado da multiplicação, enquanto que o aluno A2 não
recorre a outros procedimentos. Segundo os níveis de aprendizagem da
100
multiplicação descritos por Mendes e Delgado (2008), o aluno A2 já se encontra em
um nível superior ao cálculo formal, pois percebemos não só o uso da multiplicação
como operação e o domínio de suas propriedades, mas também evidenciamos a
apropriação do trabalho com o algoritmo.
Os alunos A5 e A35 possivelmente conseguiram compreenderam a ideia do
problema 3, do instrumento 3, e conseguiram levantar hipóteses para a resolução do
problema.
Figura 57 - Protocolo do A5 Fonte: arquivo da pesquisadora
Figura 58 - Protocolo do A35 Fonte: arquivo da pesquisadora
101
Podemos perceber ao observar os protocolos dos alunos A5 e A35,
apresentados nas figuras 57 e 58, duas diferentes representações de disposições de
fileiras e colunas das caixas de bombons, a partir da operação de multiplicação. Os
alunos realizam corretamente a multiplicação, representando também por meio de
desenhos, que podem ter sido utilizados como recursos para a contagem. É
perceptível a partir destes algoritmos que já há a apropriação da ideia envolvida na
operação, e segundo os níveis de aprendizagem da multiplicação descritos por
Mendes e Delgado (2008), encontram-se no nível de cálculo formal. Novamente
podemos perceber a semelhança de procedimentos utilizada pelo aluno A5 em
diferentes problemas, o que demonstra uma regularidade em seu raciocínio.
O protocolo do aluno A11 revela um procedimento comum encontrado no
problema 1 do instrumento 4, em que a ideia do problema foi compreendida, e o
aluno utiliza procedimentos multiplicativos para a resolução.
Figura 59 - Protocolo do A11 Fonte: arquivo da pesquisadora
102
No protocolo do aluno A11, apresentado na figura 59, podemos perceber
que ele compreendeu a operação utilizada para a resolução do problema,
elaborando adequadamente o algoritmo da multiplicação entre a quantidade de
opções de sucos pela quantidade de opções de lanches para encontrar a quantidade
de combinações possíveis. É perceptível que o aluno também realizou uma
representação em seu protocolo, associando as combinações de sucos e lanches,
possivelmente para verificar se o resultado encontrado por meio da multiplicação
estava correto. Outro protocolo do aluno A11 já foi apresentado nessa categoria, o
que reforça nossas considerações realizadas sobre o mesmo.
Também é possível observarmos no protocolo do aluno A44 que a ideia
requerida para a solução do problema foi compreendida.
Figura 60 - Protocolo do A44 Fonte: arquivo da pesquisadora
Para categorizarmos o caso do aluno A44, apresentado na figura 60,
consideramos o registro de sua resposta, em que apesar de realizar o cálculo
103
mental, o aluno distingue que para tal utilizou a operação de multiplicação, o que nos
indica que ele compreende a ideia a partir do raciocínio multiplicativo, acertando o
procedimento.
No protocolo do aluno A35, referente ao problema 2, do instrumento 4,
podemos perceber uma situação comum nesse problema, em que a ideia de
combinatória foi compreendida a partir do raciocínio multiplicativo.
Figura 61 - Protocolo do A35 Fonte: arquivo da pesquisadora
O aluno A35, cujo protocolo é apresentado na figura 61, revela que ele
conseguiu identificar a operação necessária para a resolução do problema,
acertando o resultado. Ele elabora adequadamente o algoritmo da multiplicação e
registra a resposta encontrada por extenso. Podemos verificar neste protocolo que
provavelmente o aluno já tem apropriação da ideia de combinatória, e, segundo os
níveis de aprendizagem descritos por Mendes e Delgado (2008), encontra-se em um
nível de cálculo formal, em que, provavelmente, já há a apropriação dos
procedimentos envolvidos na operação, fato que também foi possível observar em
seu outro protocolo, também apresentado nesta categoria.
104
4.4.2 Categoria 2 – Identificam a ideia da operação que resolve o problema,
mas não utilizam os procedimentos corretamente
No protocolo do aluno A2, referente ao problema 1, do instrumento 1, é
perceptível que a operação foi identificada, e possivelmente ele compreende a ideia
da correspondência um a muitos, porém erra ao realizar a operação, conforme
podemos observar na figura 62.
Figura 62 - Protocolo do A2 Fonte: arquivo da pesquisadora
Ao observamos o protocolo do aluno A2 na figura 62, podemos perceber que
o aluno identifica a operação envolvida no problema, mas erra os procedimentos de
cálculo, em que realiza um procedimento aditivo para a resolução da operação entre
os algarismos 5 e 2 na ordem da unidade. Isto pode indicar que este aluno aprendeu
a indicar o algoritmo da operação de multiplicação, mas não se apropriou dos
procedimentos que a compõem, e devido a isso ocorre um erro conceitual. Este
aluno opera a multiplicação, como se esta fosse uma adição.
Podemos discutir sobre esse protocolo reportando-nos às considerações
apresentadas em Ferreira (2011), em que a autora menciona o fato da utilização do
algoritmo sem a compreensão das etapas que a compõem, o que pode evidenciar
que o aluno foi ensinado apenas a aplicá-lo, sem a preocupação do entendimento
dos conceitos envolvidos.
105
Também como o aluno A2, podemos sugerir que o aluno A7 identifica a
operação envolvida no problema, mas erra os procedimentos de cálculo.
Figura 63 - Protocolo do A7 Fonte: arquivo da pesquisadora
No protocolo do aluno A7 apresentado na figura 63, podemos verificar que
ele identificou a operação envolvida, apesar de elaborar de forma não convencional
o algoritmo da operação de multiplicação. Porém, ele erra durante a contagem na
ordem de dezenas. Neste caso verificamos um erro procedimental e não conceitual.
Outro caso observado no problema 3, do instrumento 1, revela que o aluno
A37 identifica a ideia da operação, mas erra o procedimento.
Figura 64 - Protocolo do A37 Fonte: arquivo da pesquisadora
106
Ao observarmos o protocolo do aluno A37, apresentado na figura 64,
podemos perceber que ele tem a ideia de divisão, porém ainda não se apropriou de
uma representação formal da matemática, utilizando como recurso a divisão por
agrupamento, o que indica que ele compreende a ideia, mas erra no momento de
formar os grupos, formando um grupo a mais, e não chegando ao resultado
esperado.
Apesar de o aluno ter compreendido a ideia envolvida no problema,
podemos verificar que esse tipo de procedimento utilizado para a resolução torna-se
preocupante nessa fase de escolarização que marca a transição dos anos iniciais
para os anos finais do Ensino Fundamental, em que os alunos irão se deparar com
problemas que envolverão números de maiores grandezas, e, esse tipo de
procedimento não será adequado para sua resolução. Podemos verificar nos
Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997) que, no segundo ciclo (3ª série /
4° ano e 4ª série / 5° ano), os alunos já deveriam estar consolidando e construindo
novas estratégias para a resolução dos problemas matemáticos.
O protocolo do aluno A51 também revela uma característica que pode
indicar que o aluno ainda não se apropriou dos procedimentos que envolvem as
operações do campo multiplicativo, mas já apresenta noções quanto à ideia e
identificação delas.
Figura 65 - Protocolo do A51 Fonte: arquivo da pesquisadora
107
Observando o protocolo do aluno A51, representado na figura 65, podemos
verificar um procedimento semelhante ao do aluno A37, em que o aluno possui a
ideia de divisão, mas utiliza um recurso que não pertence ao campo multiplicativo
para chegar à solução. Nesse caso o aluno utiliza a adição repetida de parcelas até
chegar ao total de garrafas, porém se confunde ao adicionar “63 + 3”, e acaba
“pulando” uma repetição, o que o faz chegar ao resultado 23 pessoas, ao invés de
24 pessoas.
Segundo os níveis descritos por Mendes e Delgado (2008), esse aluno
encontra-se em um nível de cálculo por contagem, em que o uso da multiplicação
ainda não é explícito. O procedimento utilizado pelo aluno pode nos indicar que ele
ainda não compreendeu a relação existente entre as operações de multiplicação e
divisão, e também não se apropriou dos procedimentos que envolvem o algoritmo
dessas operações. Percebemos que ele representa o algoritmo da divisão,
provavelmente por conseguir identificar a ideia de divisão presente no problema,
mas não desenvolve a operação, utilizando a adição repetida de parcelas para
verificar quantos grupos de 3 cabem em 72.
Podemos perceber essa categoria também ao observarmos os protocolos
dos alunos A17 e A12, referente ao problema 2 do instrumento 2, em que o
resultado não é encontrado devido a erros procedimentais.
Figura 66 - Protocolo do A17 Fonte: arquivo da pesquisadora
108
Figura 67 - Protocolo do A12 Fonte: arquivo da pesquisadora
Observando os protocolos dos alunos A17 e A12, representados nas figuras
66 e 67, respectivamente, podemos perceber que os alunos identificam a ideia das
operações envolvidas no problema, mas erram durante a resolução do algoritmo da
operação de divisão, trocando o número do problema e não chegando ao resultado
correto.
No protocolo do aluno A4, referente ao problema 3, do instrumento 2,
podemos verificar que ele identifica as operações requeridas para a solução do
problema, mas erra durante a realização dos procedimentos da operação de divisão,
acarretando no erro de sua solução.
Figura 68 - Protocolo do A4 Fonte: arquivo da pesquisadora
Podemos observar no protocolo do aluno A4, apresentado na figura 68, que
ele compreendeu a ideia do problema, mas não conseguiu desenvolver os
procedimentos da operação de divisão e por isso tentou resolver pela adição
109
repetida de parcelas. Porém ele se confunde ao realizar a adição repetida de
parcelas para encontrar o quociente, em que erra ao adicionar o algarismo 6 na
ordem da unidade, levando ao erro do resultado final.
Ao observarmos o protocolo do aluno A20, referente ao problema 1, do
instrumento 3, verificamos que ele compreende a ideia das operações envolvidas no
problema, mas erra nos procedimentos de resolução realizados.
Figura 69 Protocolo do A20 Fonte: arquivo da pesquisadora
No protocolo do aluno A20, apresentado na figura 69, podemos perceber
que o erro ocorre durante o procedimento realizado na operação de divisão, em que
o aluno A20 erra ao realizar a adição repetida de parcelas para encontrar o
quociente. É perceptível que o aluno conseguiu identificar a operação a ser utilizada,
mas não conseguiu acertar o resultado do problema devido ao erro na operação de
adição. Também podemos perceber a partir do procedimento de adição repetida de
parcelas a não compreensão da relação existente entre as operações de
multiplicação e divisão. Rocha e Menino (2008) afirmam que a resolução de
problemas que envolvem a ideia de divisão pode ser feita a partir da utilização de
conhecimentos relacionados à multiplicação, para que a aprendizagem das duas
operações ocorra em estreita relação.
110
O protocolo do mesmo aluno A20, referente ao problema 2, do instrumento
4, indica um outro erro procedimental, em que ele identifica a operação, mas erra
durante a realização dos procedimentos envolvidos.
Figura 70 - Protocolo do A20 Fonte: arquivo da pesquisadora
No protocolo do aluno A20, apresentado na figura 70, podemos perceber
que o aluno conseguiu compreender a ideia de configuração retangular,
representando a multiplicação entre a quantidade de fileiras e a quantidade de ovos
por fileira. Porém erra na realização da multiplicação, não chegando ao resultado
correto. Podemos levantar como hipótese a de que muitas vezes os alunos se
preocupam em “decorar” a tabuada, e com isso não raciocinam no sentido da
multiplicação que estão realizando. Provavelmente esse aluno se confundiu com o
produto de 7 e 6, que realmente seria 42.
Segundo os níveis de aprendizagem da multiplicação descritos por Mendes
e Delgado (2008), este aluno provavelmente encontra-se no nível de cálculo formal,
em que demonstra utilizar de valores conhecidos das tabuadas para a realização do
produto, pensando em um nível puramente numérico.
4.4.3 Categoria 3 - Identificam a operação que resolve o problema, mas
apenas indicam a operação, e não a desenvolvem
No problema 2, do instrumento 1, podemos observar essa categoria, em que
é perceptível que o aluno conseguiu identificar a operação, mas não consegue
desenvolvê-la.
111
Figura 71 - Protocolo do A31 Fonte: arquivo da pesquisadora
No protocolo do aluno A31, podemos dizer que o aluno identificou a
operação envolvida no problema, porém elabora o algoritmo com base na ordem em
que os números são apresentados no enunciado, o que pode indicar que ele não
tem propriedade quanto às variáveis envolvidas no problema. Podemos levantar
como hipótese que este aluno não tenha desenvolvido a operação porque acabou
elaborando uma operação em que o dividendo é menor que o divisor.
O caso apresentado no protocolo do aluno A27, referente ao problema 3, do
instrumento 1, revela que ele possivelmente ainda não se apropriou dos
procedimentos envolvidos no algoritmo da divisão.
Figura 72 - Protocolo do A27 Fonte: arquivo da pesquisadora
112
No protocolo do aluno A27, apresentado na figura 72, podemos verificar que
o aluno compreende a ideia, mas não desenvolve a operação, o que pode indicar
que o aluno ainda não tenha compreendido os procedimentos que envolvem a
operação de divisão.
Sobre esse caso, podemos nos apoiar em Saiz (1996) quando afirma que,
para a aprendizagem da divisão, é necessário proporcionar situações que permitam
estabelecer relações ao que o aluno já sabe, fazendo evoluir os procedimentos
iniciais até outros mais complexos. Podemos perceber que o aluno possivelmente
não conseguiu estabelecer relações entre seus procedimentos pessoais e o
algoritmo tradicional, não conseguindo desenvolver a operação.
4.4.4 Categoria 4 - Não identificam a operação e acertam os
procedimentos/algoritmos utilizados
Pudemos observar um número relevante de ocorrências dessa categoria no
problema 2, do instrumento 1, em que os alunos não conseguem identificar a
operação de multiplicação (ou divisão), e mesmo assim acertam os procedimentos
utilizados, dentre as quais destacamos os protocolos dos alunos A11, A19 e A22.
Figura 73 - Protocolo do A11 Fonte: arquivo da pesquisadora
113
Figura 74 - Protocolo do A19 Fonte: arquivo da pesquisadora
Figura 75 - Protocolo do A22 Fonte: arquivo da pesquisadora
Nos protocolos dos alunos A11, A19 e A22, apresentados nas figuras 73, 74
e 75, podemos observar uma mesma característica, em percebemos que os alunos
não identificam a operação de divisão (ou multiplicação), porém acertam a resolução
ao resolverem o problema a partir de um procedimento de adição repetida de
parcelas. Diante desses protocolos, podemos levantar a hipótese de que os alunos
possuem dificuldade de dividir por dois algarismos, e buscam outro recurso para a
resolução, neste caso, a adição repetida de parcelas para descobrir quantos grupos
de 31 cabem em 93.
114
Podemos considerar segundo os níveis de aprendizagem da multiplicação
descritos por Mendes e Delgado (2008) que estes alunos se encontram em um
primeiro nível, o cálculo por contagem. Podemos considerar que este nível não é
adequado para esta fase de escolarização, em que segundo os Parâmetros
Curriculares Nacionais (1997) o aluno já deveria estar consolidando e construindo o
significado das operações, aprimorando seus procedimentos pessoais,
aproximando-os das técnicas operatórias.
Esses protocolos podem indicar a forma como a multiplicação vem sendo
ensinada aos alunos. Segundo Nunes et al (2009), o conceito de multiplicação
ensinado como sendo uma adição repetida de parcelas pode ser questionado no
ponto de vista conceitual, existindo diferenças entre o raciocínio aditivo e
multiplicativo, conforme já mencionamos anteriormente.
No problema 1, do instrumento 2, o registro do aluno A3 indica um
procedimento de resolução semelhante ao do aluno anterior.
Figura 76 - Protocolo do A3 Fonte: arquivo da pesquisadora
No protocolo do aluno A3, representado na figura 76, podemos perceber que
ele ainda não identifica todas as operações do campo multiplicativo que resolvem o
problema, em que ao invés de realizar a divisão, recorre ao procedimento da adição
repetida de parcelas. Percebemos também que o aluno consegue realizar a
operação de multiplicação.
Possivelmente o aluno A3 ainda não se apropriou dos algoritmos formais
que envolvem a operação de divisão e por isso recorreu ao procedimento de adição
repetida de parcelas para encontrar o resultado. Considerando esse procedimento,
115
apesar de podermos perceber que o aluno consegue solucionar o problema, é
necessário atentarmo-nos para o fato de que, a não apropriação do algoritmo da
operação de divisão nessa fase de escolarização torna-se preocupante, à medida
que este aluno irá se deparar com problemas que utilizam números de maiores
grandezas nos anos finais do Ensino Fundamental, o que irá requerer que o aluno
compreenda as noções que contemplam a operação de divisão para solucioná-los
mais facilmente.
Neste momento reportamo-nos à Nunes et al. (2009), quando defendem que
o ensino das operações de multiplicação e divisão é iniciada de forma tardia, em que
suas ideias já poderiam ser trabalhadas no início do Ensino Fundamental. Deste
modo, o aluno já poderia conhecer essas ideias, a partir da elaboração de
estratégias pessoais e procedimentos próprios de resolução, para que, chegando ao
5° ano, esteja apto ao trabalho com procedimentos formais, como é o caso dos
algoritmos.
Os alunos A35 e A37, no problema 1, do instrumento 3, revelam em seus
protocolos que não identificaram a ideia das operações do campo multiplicativo na
configuração retangular, mas conseguem chegar ao resultado correto.
Figura 77 - Protocolo do A35 Fonte: arquivo da pesquisadora
116
Figura 78 - Protocolo do A37 Fonte: arquivo da pesquisadora
Nos protocolos dos alunos A35 e A37, apresentados nas figuras 77 e 78,
podemos verificar que eles não conseguiram identificar as operações pertencentes
ao campo multiplicativo para realizar o problema, e utilizam o procedimento de
adição repetida de parcelas, conseguindo encontrar a solução do problema.
Assim como os alunos A35 e A37, o aluno A42 também resolve o problema
por meio de procedimentos que não pertencem ao campo multiplicativo.
Figura 79 - Protocolo do A42 Fonte: arquivo da pesquisadora
Observando o protocolo do aluno A42, apresentado na figura 79,
percebemos que o ele realiza o procedimento inverso ao utilizado pelos alunos A35
117
e A37, por meio de subtrações sucessivas para encontrar o número de fileiras. O
protocolo do aluno pode revelar que ele ainda não se apropriou dos procedimentos
pertencentes aos algoritmos das operações do campo multiplicativo.
Sobre os alunos que não utilizaram procedimentos pertencentes ao campo
multiplicativo para a resolução do problema, podemos verificar em Vergnaud (2012)
que devemos respeitar as diversas formas de raciocínio demonstradas pelos alunos.
Porém, devemos também alertamo-nos para o fato de que os procedimentos
utilizados posteriormente poderão não ser “adequados”, já que os alunos poderão se
deparar com números de maiores grandezas, o que dificultará sua resolução por
meio desse procedimento.
Nos protocolos dos alunos A9, A28 e A56, referentes ao problema 1, do
instrumento 4, podemos perceber que eles não identificaram a ideia de combinatória
a partir do raciocínio multiplicativo, mas conseguiram encontrar a solução do
problema por meio de outros procedimentos de resolução.
Figura 80 - Protocolo do A9 Fonte: arquivo da pesquisadora
118
Figura 81 - Protocolo do A28 Fonte: arquivo da pesquisadora
Figura 82 - Protocolo do A56 Fonte: arquivo da pesquisadora
119
Observando os protocolos dos alunos A9, A28 e A56, apresentados nas
figuras 80, 81 e 82 respectivamente, percebemos a utilização de procedimentos de
distribuição um a um, relacionando os dados fornecidos, ou até mesmo descrevem
todas as possibilidades de combinações, conseguindo encontrar a solução a partir
da contagem dessas representações. Analisando esses tipos de procedimentos
podemos afirmar que os alunos ainda não conseguem identificar a operação
necessária para solucionar o problema, o que pode indicar que provavelmente ainda
não se estabeleceu a relação existente entre o raciocínio multiplicativo e a ideia de
combinatória. Diante dos procedimentos utilizados pelos alunos A9, A28 e A56,
percebemos que podem se tornar “inadequados” em problemas que envolvem
números de maiores grandezas.
Nos protocolos dos alunos A36 e A10, referentes ao problema 2, do
instrumento 4, podemos perceber que a operação associada ao raciocínio
multiplicativo que permeia a ideia de combinatória não foi identificada, porém os
alunos utilizam de outros recursos para a resolução.
Figura 83 - Protocolo do A36 Fonte: arquivo da pesquisadora
120
Figura 84 - Protocolo do A10 Fonte: arquivo da pesquisadora
A partir da análise dos protocolos dos alunos A36 e A10, apresentados nas
figuras 83 e 84, podemos perceber a utilização de procedimentos de distribuição um
a um, por meio da árvore de possibilidades, em que os alunos provavelmente
utilizaram os procedimentos de contagem para encontrar o resultado do problema.
Observamos que, possivelmente os alunos ainda não se apropriam dos
procedimentos multiplicativos na ideia de combinatória, e, como já mencionamos
anteriormente, essa situação torna-se preocupante nesta fase de escolarização.
4.4.5 Categoria 5 - Não identificam a operação e erram os procedimentos
O protocolo do aluno A45, referente ao problema 1, do instrumento 1,
evidencia que a ideia da operação que resolve o problema não foi identificada.
121
Figura 85 - Protocolo do A45 Fonte: arquivo da pesquisadora
Podemos observar no protocolo do aluno A45, apresentado na figura 85, que
ele não conseguiu identificar a operação necessária para a resolução do problema, e
acabou dividindo o número de alunos pelo número de garrafas. Uma hipótese não
seria a de que o aluno não desenvolveu o raciocínio multiplicativo, pelo contrário,
soube realizar corretamente a operação de divisão. Possivelmente o aluno não
soube interpretar a ideia contida no enunciado do problema, acarretando assim o
erro em sua resolução.
Diante do que foi observado neste protocolo, podemos ressaltar a
abordagem feita por Vergnaud (2012), em que o pesquisador defende a importância
de um trabalho com problemas que não se restrinja a um trabalho puramente
numérico. Percebemos que, quando o trabalho com problemas é realizado dessa
forma, muitas vezes os alunos não conseguem interpretar a ideia contida nele, o que
não contribui para uma aprendizagem significativa do conteúdo.
Referindo-nos ao problema 2, do mesmo instrumento, obtivemos um número
significativo de alunos que não identificaram a ideia e erraram os procedimentos,
dentre os quais podemos destacar algumas características, conforme mostraremos
nos protocolos do aluno A9 apresentado na figura 86.
122
Figura 86 - Protocolo do A9 Fonte: arquivo da pesquisadora
Fica evidente com base em seu protocolo que esse aluno não conseguiu
compreender a ideia envolvida no problema, onde realiza a operação de subtração
entre o número de garrafas e o número de pessoas, não chegando ao resultado
esperado. Ele sabe que precisa utilizar os dados numéricos do enunciado, mas não
sabe como operar com eles diante da ideia apresentada.
Podemos observar no protocolo do aluno A27 outra característica que indica
a não identificação da ideia e do raciocínio multiplicativo presente no problema.
Figura 87 - Protocolo do A27 Fonte: arquivo da pesquisadora
Este aluno, assim como o aluno A9, trabalha no campo aditivo. Ele realiza a
adição do número de garrafas e do número de pessoas, o que também indica que o
123
mesmo não conseguiu compreender a ideia envolvida no problema, não chegando
ao resultado esperado.
A partir das observações feitas sobre os protocolos dos alunos A9 e A27,
faz-se necessário reportarmo-nos novamente à Vergnaud (2012), quando considera
que os problemas não são apenas para trabalhar numericamente sim para construir
conhecimento em relação à atividade matemática, o que parece não estar ocorrendo
nos exemplos apresentados anteriormente.
Como categoria verificada no problema 3, do instrumento 1, observamos o
protocolo do aluno A2.
Figura 88 - Protocolo do A2 Fonte: arquivo da pesquisadora
O protocolo do aluno A2, representado na figura 88, evidencia que este
aluno possivelmente ainda não desenvolveu o raciocínio multiplicativo, não
compreendendo a ideia e errando os procedimentos de resolução. Podemos
observar também que o aluno ainda não tem consolidado o raciocínio aditivo, em
que representa a operação como uma subtração e a resolve pelo procedimento da
adição.
Outro caso pode ser observado no protocolo do aluno A26, referente ao
problema 1, do instrumento 2.
124
Figura 89 - Protocolo do A26 Fonte: arquivo da pesquisadora
No protocolo do aluno A26, representado na figura 89, podemos perceber
que ele não compreendeu a ideia do problema, representando apenas a operação
de multiplicação entre o número de meninos e de carrinhos. Uma característica que
observamos é a de que o aluno representa uma multiplicação, mas opera os
números por meio da operação de adição, o que pode nos indicar que ele ainda não
se apropriou dos procedimentos que envolvem a operação de multiplicação.
Percebemos nos registro desses alunos que ambos realizaram um trabalho apenas
no campo numérico, sem levar em conta o significado envolvido no problema. Tal
fato é prejudicial à medida que, deste modo, os alunos acabam por tentar “adivinhar”
a operação a ser realizada. Com isso, não se atribui significado ao problema, e os
alunos não desenvolvem autonomia para levantarem estratégias de resolução diante
de diferentes situações.
Em outro protocolo do aluno A2, é possível verificar novamente que a ideia
do problema não é compreendida.
Figura 90 - Protocolo do A2 Fonte: arquivo da pesquisadora
125
No protocolo do aluno A2, apresentado na figura 90, podemos observar uma
regularidade quanto ao seu outro protocolo já apresentado, em que ele não
compreende a ideia requerida para solucionar o problema, e possivelmente ainda
não tem estruturado os procedimentos que envolvem o raciocínio multiplicativo.
Percebemos também que o aluno pode não ter compreendido o objetivo do
enunciado do problema, em que acaba “unindo” os valores 15 e 75 (1575) para
dividi-lo por 90.
Saiz (1996) alerta para o fato de que muitas vezes os alunos não atribuem
significados ao algoritmo que aplicam, em que o algoritmo aparece apenas como um
trabalho sobre os números, independendo dos dados e da situação enunciada, não
mobilizando seus esquemas intelectuais para solucionar os problemas. Neste
problema esse fato parece estar se refletindo, em que pudemos perceber que, além
de o aluno não ter interpretado o objetivo do problema, revela em seu registro a não
apropriação dos procedimentos envolvidos na operação de divisão.
Também é possível observar a partir do protocolo do aluno A22 uma
característica encontrada no procedimento de resolução do problema 2, do
instrumento 2 em que a operação necessária não é identificada.
Figura 91 - Protocolo do A22 Fonte: arquivo da pesquisadora
Percebemos no protocolo do aluno A22, apresentado na figura 91, que o
aluno não identifica a ideia presente no problema, em que representa uma
multiplicação entre o número de meninos e o número de chaveiros, e resolve o
algoritmo por meio de procedimentos aditivos. Ainda assim, podemos verificar que o
126
aluno realiza esse procedimento erroneamente, invertendo a ordem das casas
decimais durante a representação da adição “5+5”.
Sobre este protocolo podemos verificar que o algoritmo aplicado mais uma
vez não exerce uma função de significado ao aluno, em que seus procedimentos
são desconhecidos e o aluno acaba utilizando procedimentos da operação de
adição, demonstrando também não se apropriar plenamente de alguns
procedimentos aditivos, o que é preocupante para essa fase de escolarização, em
que, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), o aluno já deveria estar
consolidando e construindo novos significados a partir da resolução de problemas.
O protocolo do aluno A31, referente ao problema 2, do instrumento 2,
também apresenta um procedimento em que não é identificada a ideia requerida no
problema.
Figura 92 - Protocolo do A31 Fonte: arquivo da pesquisadora
Ao observarmos o protocolo do aluno A31, representado na figura 92,
podemos perceber que ele não consegue chegar à solução correta do problema, em
que a ideia requerida para sua resolução não foi completamente compreendida.
Podemos afirmar que o aluno realiza apenas um procedimento necessário para a
resolução, por meio da divisão entre o número de chaveiros e o número de meninos.
Percebemos também no procedimento da divisão que o aluno ainda se apoia em um
procedimento de contagem por “palitos”, realizando agrupamentos para chegar ao
resultado.
127
A partir do protocolo do aluno A31, percebemos que o mesmo ainda não
compreendeu a relação existente entre as operações de multiplicação e divisão, em
que o aluno utiliza o procedimento de contagem para encontrar o quociente da
divisão realizada. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) sugerem que, para a
melhor compreensão dos procedimentos envolvidos na operação de divisão, sejam
analisadas suas relações existentes com a multiplicação, a fim de que o aluno possa
construir um repertório para o desenvolvimento das operações, por meio de análises
e comparações.
O protocolo do aluno A44 também indica um procedimento semelhante ao
do aluno A31.
Figura 93 - Protocolo do A44 Fonte: arquivo da pesquisadora
Podemos perceber ao analisar o registro do aluno A44, apresentado na
figura 93, que a ideia do problema também não foi compreendida completamente,
em que o aluno apenas realiza apenas a divisão de 75 chaveiros por 15 meninos,
provavelmente por não identificar todas as variáveis envolvidas no problema. É
perceptível que o aluno compreende a ideia que envolve a operação de divisão.
Uma hipótese acerca do registro do aluno é a de que a operação foi realizada
mentalmente, porém ele não consegue chegar ao resultado correto da divisão.
Outro protocolo do aluno A2 apresenta o mesmo procedimento já
demonstrado por ele anteriormente, em que a ideia do problema não é
compreendida.
128
Figura 94 - Protocolo do A2 Fonte: arquivo da pesquisadora
Podemos observar novamente no protocolo do aluno A2, apresentado na
figura 94, que o aluno não compreendeu a ideia do problema, errando os
procedimentos de resolução da operação. Possivelmente o aluno entende o
problema como um meio de trabalhar as operações aprendidas em sala de aula, o
que pode ser fruto das aulas em que o professor evidencia os números e o aluno
acaba por acreditar que deve utilizá-los de qualquer forma. Com isso, o trabalho
acaba no campo numérico, sem levar em conta o significado envolvido no problema.
No protocolo do aluno A31, referente ao problema 3, do instrumento 2,
verificamos outro procedimento de resolução
Figura 95 - Protocolo do A31 Fonte: arquivo da pesquisadora
129
Observando o protocolo do aluno A31, apresentado na figura 95, podemos
perceber que o aluno não compreendeu completamente a ideia requerida para a
resolução do problema, realizando apenas o procedimento da operação de divisão
entre o número de bolinhas de gude e o número de meninos. Isso pode indicar que
provavelmente este aluno está habituado a trabalhar problemas que envolvem
apenas dois dados e devido a isso não sabe o que fazer com o terceiro dado
envolvido. Verificamos também que o aluno utilizou o recurso de contagem, assim
como em seu protocolo anterior já apresentado nessa categoria, por agrupamentos
como procedimento de confirmação do quociente da divisão realizada, o que não é
adequado para esta fase de escolarização.
No protocolo do aluno A33, referente ao problema 3, do instrumento 2,
podemos observar outro tipo de recurso utilizado para a resolução da operação de
divisão.
Figura 96 - Protocolo do A33 Fonte: arquivo da pesquisadora
O protocolo do aluno A33, apresentado na figura 96, demonstra que o aluno
não compreendeu completamente a ideia requerida para solucionar o problema,
realizando apenas um procedimento próprio para dividir o número de bolinhas de
gude e o número de meninos, o que pode indicar, assim como o aluno A31, que ele
está habituado a trabalhar problemas que envolvem apenas dois dados. Podemos
observar no registro do aluno que a representação da divisão não é feita por um
algoritmo convencional, e sim por uma representação não convencional, por meio da
distribuição um a um.
130
Em outro protocolo do aluno A44, referente ao problema 3, do instrumento 2,
podemos observar o mesmo procedimento verificado na resolução.
Figura 97 - Protocolo do A44 Fonte: arquivo da pesquisadora
Percebemos ao analisarmos o protocolo do aluno A44, apresentado na
figura 97, que ele erra o procedimento porque elabora parcialmente a resolução,
pelo fato de não compreender a ideia muitos a muitos. Porém, é possível perceber
que ele tem a apropriação da relação que envolve a operação de divisão, apenas
não se apropriou dos procedimentos formais de representação da mesma, errando
na própria contagem, e não encontrando o resultado correto da operação.
Os procedimentos encontrados no protocolo do aluno A48 indica que ele não
conseguiu compreender a ideia envolvida no problema 3, do instrumento 2.
Figura 98 - Protocolo do A48 Fonte: arquivo da pesquisadora
Observando o protocolo do aluno A48, apresentado na figura 98, podemos
verificar que ele não identificou as operações necessárias para a resolução do
problema, em que adicionou todos os valores presentes no enunciado, não
131
conseguindo chegar à solução. Mais uma vez podemos perceber que o aluno deve
estar habituado a realizar um trabalho que acaba no campo numérico, o que
Vergnaud (2012) considera inadequado, onde deveria ser levado em consideração o
significado envolvido no problema, possibilitando a construção de relações
significativas que favoreçam a aprendizagem.
No protocolo do aluno A2, referente ao problema 4, do instrumento 2,
podemos perceber que a ideia que norteia o problema não foi identificada.
Figura 99 - Protocolo do A2 Fonte: arquivo da pesquisadora
O protocolo do aluno A2, apresentado na figura 99, revela que ele não
compreendeu a ideia da operação envolvida no problema, onde o aluno utiliza os
valores na ordem em que aparecem no enunciado, representando com o sinal de
uma divisão e solucionando a partir de uma adição. O aluno não identificou as
operações necessárias para a resolução do problema, adicionando todos os valores
presentes no enunciado. Podemos perceber que o aluno acaba por realizar um
trabalho que acaba no campo numérico, em que, segundo Saiz (1996) não é levado
em conta o significado envolvido no problema. Fica evidente neste protocolo que o
aluno não se apropriou das ideias pertencentes ao campo multiplicativo.
Os alunos A27 e A22 demonstram em seus protocolos não terem
compreendido a ideia norteadora do problema 2, do instrumento 3.
132
Figura 100 - Protocolo do A27 Fonte: arquivo da pesquisadora
Figura 101 - Protocolo do A22 Fonte: arquivo da pesquisadora
Nos protocolos dos alunos A27 e A22, apresentados nas figuras 100 e 101,
podemos observar que ainda não há apropriação da ideia de configuração
retangular. Os alunos elaboram uma operação de adição com os dados numéricos
fornecidos no enunciado, e devido a isso não conseguem encontrar a solução
correta. Provavelmente os alunos não conseguiram identificar a operação
necessária para a resolução por realizarem um trabalho apenas no campo numérico,
sem levar em conta o significado da ideia envolvida no problema.
Ao observarmos o protocolo do aluno A2, referente ao problema 1, do
instrumento 4, podemos verificar que, neste caso, a operação não foi identificada.
133
Figura 102 - Protocolo do A2 Fonte: arquivo da pesquisadora
O protocolo do aluno A2, apresentado na figura 102, evidencia que o aluno
não conseguiu identificar os procedimentos adequados para a resolução do
problema, não encontrando a solução do mesmo. O aluno primeiramente adiciona a
quantidade de sucos à quantidade de lanches, sem fazer as combinações, e
posteriormente realiza um procedimento de multiplicação em que provavelmente
utiliza apenas a quantidade de opções de lanches (3 x 3), não chegando ao
resultado correto.
Ao analisarmos o protocolo do aluno A46, podemos observar que a ideia de
combinatória referente ao raciocínio multiplicativo também não foi compreendida.
134
Figura 103 - Protocolo do A46 Fonte: arquivo da pesquisadora
Observando o protocolo do aluno A46, apresentado na figura 103, podemos
perceber que ele ainda não se apropria da ideia de combinatória pertencente ao
raciocínio multiplicativo, e por isso descreve as possibilidades de combinações de
sucos e lanches. Porém, a partir dessa descrição, o aluno não consegue descobrir
todas as combinações possíveis, errando o resultado.
Os alunos A13 e A22 demonstram em seus protocolos, no problema 2, do
instrumento 4, não perceberem a relação entre o raciocínio multiplicativo e a ideia de
combinatória.
135
Figura 104 - Protocolo do A13 Fonte: arquivo da pesquisadora
Figura 105 - Protocolo do A22 Fonte: arquivo da pesquisadora
Observando o protocolo dos alunos A13 e A22, apresentados nas figuras
104 e 105, acreditamos que eles não compreenderam a ideia da operação envolvida
no problema, em que realizam o procedimento de distribuição um a um, não
conseguindo descobrir todas as combinações possíveis e errando o resultado.
136
4.4.6 Categoria 6 - Não identificam a operação que resolve o problema,
apenas indicam uma operação, e não a desenvolvem
No protocolo do aluno A27, referente ao problema 1, do instrumento 2,
podemos observar a categoria em que a operação não é desenvolvida.
Figura 106 - Protocolo do A27 Fonte: arquivo da pesquisadora
Ao analisarmos o protocolo do aluno A27, apresentado na figura 106,
podemos verificar que o aluno possivelmente compreendeu a ideia da operação
inicial do problema, representando o algoritmo da operação de divisão. Porém, o
aluno não dá continuidade aos demais procedimentos necessários e não desenvolve
a operação, o que pode indicar que ele ainda não se apropriou dos procedimentos
requeridos para a resolução.
Sobre a situação observada nesse protocolo, atentamo-nos para a ressalva
feita por Saiz (1996), ao afirmar que previamente ao ensino dos algoritmos é
necessário que os alunos consigam comprovar seus procedimentos próprios de
resolução. Possivelmente o aluno não conseguiu desenvolver a operação por não
conseguir atribuir uma relação de significado entre seus procedimentos próprios
comumente utilizados e os procedimentos que envolvem o algoritmo da divisão, e,
por isso o aluno talvez não tenha conseguido elaborar estratégias de resolução.
4.4.7 Categoria 7 - Indicam apenas o resultado e acertam
Os protocolos dos alunos A39 e A56, referentes ao problema 2, do
instrumento 4, indicam a realização do problema a partir do procedimento de cálculo
mental.
137
Figura 107 - Protocolo do A39 Fonte: arquivo da pesquisadora
Figura 108 - Protocolo do A56 Fonte: arquivo da pesquisadora
Observando os protocolos dos alunos A39 e A56, apresentados nas figuras
107 e 108, podemos identificar por meio dos registros dos próprios alunos que
houve a utilização do cálculo mental para a resolução do problema. Porém, como já
dito anteriormente, este procedimento não nos permite em nossa análise verificar a
partir do protocolo se estes alunos realizaram-no a partir de estruturas aditivas,
adicionando a quantidade de ovos de cada fileira ou a partir de estruturas
multiplicativas, multiplicando a quantidade de fileiras, pela quantidade ovos contidos
em cada fileira, o que indicaria que o aluno já se apropria de um procedimento de
cálculo automatizado.
138
O aluno A38, no problema 1, do instrumento 4, apresenta em seu protocolo
o resultado correto, e indica em seu registro que realizou o procedimento de cálculo
mental.
Figura 109 - Protocolo do A38 Fonte: arquivo da pesquisadora
É possível perceber no protocolo do aluno A38, apresentado na figura 109,
que ele conseguiu encontrar a solução do problema por meio do cálculo mental.
Porém não é possível identificarmos qual foi o raciocínio utilizado pelo aluno ao
resolvê-lo, e se ele compreende a ideia por meio das estruturas multiplicativas;
portanto consideramos dentro das categorias por nós estabelecidas que este aluno
indica apenas o resultado, chegando à resposta esperada.
4.5 Considerações sobre análise do primeiro instrumento
Para a realização da análise apresentada, elaboramos previamente um
inventário de dados no intuito de organizá-los de acordo com as categorias, para
que pudéssemos visualizar amplamente o desempenho dos alunos na resolução de
cada instrumento. A seguir, apresentamos o inventário de dados de nosso primeiro
instrumento.
139
Tabela 15 – Inventário de dados do instrumento 1
ISOMORFISMO DE MEDIDAS – UM
A MUITOS
PROBLEMA 1
TOTAL
PROBLEMA 2
TOTAL
PROBLEMA 3
TOTAL
IDENTIFICAM A IDEIA DA
OPERAÇÃO
QUE RESOLVE O PROBLEMA
ACERTAM OS PROCEDIMENTOS
A1, A3, A4, A5,
A6, A8, A9, A10, A11, A12, A13,
A14, A15, A16,
A17, A18, A19, A20, A21, A22,
A23, A24, A25,
A26, A27, A28, A29, A30, A31,
A32, A33, A34,
A35, A36, A37, A38, A39, A40,
A41, A42, A43,
A44, A46, A47, A48, A49, A50,
A51, A52, A53,
A54
51
A4, A5, A7, A8,
A12, A13, A14, A16, A17, A18,
A20, A21, A28,
A29, A30, A36, A39, A40, A42,
A43, A44, A45,
A47, A51
24
A3, A4, A5, A6,
A8, A9, A10, A11, A12, A14,
A15, A16, A17,
A18, A19, A20, A21, A24, A28,
A29, A30, A31,
A34, A36, A39, A40, A42, A43,
A44, A45, A47
31
NÃO UTILIZAM
PROCEDIMENTOS CORRETAMENTE
A2, A7
2
A1, A10, A15,
A33, A38, A52
6
A1, A7, A22,
A26, A33, A35,
A37, A51, A52
9
NÃO A
DESENVOLVEM
_
0
A31, A34
2
A27
1
NÃO
IDENTIFICAM A OPERAÇÃO
ACERTAM OS
PROCEDIMENTOS / ALGORITMOS
UTILIZADOS
_
0
A3, A11, A19,
A22, A26, A37
6
_
0
ERRAM OS PROCEDIMENTOS
A45
1
A2, A6, A9,
A23, A24, A25, A27, A32, A35,
A41, A46, A48,
A49, A50, A53,
A54
16
A2, A13, A23,
A25, A32, A38, A41, A46, A48,
A49, A50, A53,
A54
13
NÃO A DESENVOLVEM
_
0
_
0
_
0
INDICAM APENAS O RESULTADO E ACERTAM
_ 0 _ 0 _ 0
NÃO RESOLVEM
_
0
_
0
_
0
Fonte: elaboração das pesquisadoras
Ao analisarmos nosso primeiro instrumento, pertencente ao grupo de
problemas descrito por Vergnaud (1991) como Isomorfismo de Medidas, pudemos
verificar que, apesar de nem todos os alunos já demonstrarem identificar a operação
do campo multiplicativo, grande parte dos alunos conseguiu chegar ao resultado
esperado.
Ao longo de nossas análises acerca dos procedimentos de resolução
utilizados pelos alunos, pudemos observar algumas características semelhantes
reveladas nos registros. Na sequência apresentamos essas características por meio
140
de categorias elaboradas a partir de nossas observações acerca dos registros
apresentados pelos alunos nos problemas pertencentes a este instrumento.
Problema 1:
- Elaboram o algoritmo e utilizam o cálculo mental para a ordem de dezena;
- Elaboram o algoritmo e utilizam o procedimento de troca de 10 unidades por 1
dezena;
- Elaboram o algoritmo da multiplicação, mas trabalham no campo aditivo;
- Elaboram de forma inversa o algoritmo da operação e erram na contagem da
ordem de dezena;
- Identificam a ideia apresentada no problema como uma operação de divisão e não
de multiplicação.
Problema 2:
- Elaboram adequadamente o algoritmo e o resolvem pelo processo longo;
- Elaboram adequadamente o algoritmo, resolvem pelo processo longo, e realizam a
adição repetida de parcelas para encontrar o quociente;
- Elaboram o algoritmo da divisão invertendo a ordem correta do dividendo e divisor;
- Resolvem o problema utilizando o procedimento de parcelas repetidas por meio da
adição;
- Elaboram uma operação de adição ou subtração com os dados numéricos
fornecidos no enunciado.
Problema 3:
- Elaboram adequadamente o algoritmo da divisão e resolvem pelo processo longo;
141
- Utilizam processos distintos de agrupamento por meio de representações
“pictóricas”;
- Elaboram o algoritmo da operação de divisão, mas não o resolvem;
- Resolvem o problema utilizando o procedimento de parcelas repetidas por meio da
adição;
- Elaboram uma operação de adição ou subtração com os dados numéricos
fornecidos no enunciado.
Observamos nesse instrumento que a maior parte dos alunos utilizou para a
resolução dos problemas, procedimentos pertencentes ao campo multiplicativo, por
meio das operações de multiplicação e divisão. Ainda sobre esse instrumento,
pudemos verificar que os alunos obtiveram maiores êxitos no problema 1, que
envolvia a operação de multiplicação, e menores êxitos na resolução dos problemas
2 e 3, que envolviam a operação de divisão.
4.6 Considerações sobre a análise do segundo instrumento
Para que pudéssemos visualizar amplamente o desempenho dos alunos na
resolução do segundo instrumento, organizamos os dados coletados no inventário a
seguir.
142
Tabela 16 – Inventário de dados do instrumento 2
ISOMORFISMO DE MEDIDAS –
MUITOS A MUITOS
PROBLEMA
1
TOTAL
PROBLEMA
2
TOTAL
PROBLEMA
3
TOTAL
PROBLEMA
4
TOTAL
IDENTIFICAM A IDEIA DA
OPERAÇÃO
QUE RESOLVE O
PROBLEMA
ACERTAM OS PROCEDIMENTOS
A4, A7, A8,
A9, A10, A11, A12, A14,
A15, A16,
A17, A18, A19, A20,
A21, A28,
A35, A36, A39, A41,
A43, A45,
A47, A51
24
A3, A4, A7,
A11, A15, A16, A19,
A20, A21,
A28, A35, A36, A39,
A40, A45,
A51
16
A7, A9, A10,
A11, A14, A15, A16,
A17, A18,
A19, A20, A21, A24,
A28, A30,
A36, A39, A40, A43,
A45, A47,
A51
22
A3, A4, A9,
A10, A15, A16, A17,
A19, A20,
A21, A28, A36, A40,
A45
14
NÃO UTILIZAM
PROCEDIMENTOS CORRETAMENTE
_
0
A9, A10, A12,
A14, A17, A18, A24,
A41
8
A4, A35
2
A7, A11, A12,
A14, A18, A24, A43,
A47
8
NÃO A DESENVOLVEM
_
0
_
0
_
0
_
0
NÃO
IDENTIFICAM A OPERAÇÃO
ACERTAM OS
PROCEDIMENTOS / ALGORITMOS
UTILIZADOS
A3
1
_
0
_
0
_
0
ERRAM OS
PROCEDIMENTOS
A1, A2, A13, A22, A23,
A24, A25,
A26, A29, A30, A31,
A32, A33,
A34, A37, A38, A40,
A42, A44,
A46, A48, A49, A50,
A52, A55
25
A2, A5, A8, A13, A22,
A23, A25,
A26, A27, A29, A30,
A31, A32,
A33, A34, A37, A38,
A42, A43,
A44, A46, A47, A48,
A49, A50,
A52, A55
27
A1, A2, A3, A8, A12, A13,
A22, A23,
A25, A26, A27, A29,
A31, A32,
A33, A34, A37, A38,
A41, A42,
A44, A46, A48, A49,
A50, A52,
A55
27
A2, A8, A13, A23, A25,
A26, A27,
A29, A30, A31, A32,
A33, A34,
A35, A37, A38, A39,
A41, A42,
A44, A46, A48, A49,
A50, A51,
A52, A55
27
NÃO A
DESENVOLVEM
A5, A27
2
_
0
_
0
_ 0
INDICAM APENAS O RESULTADO
E ACERTAM
_
0
_
0
_
0
_
0
NÃO RESOLVEM
A6
1
A1, A6
2
A5, A6
2
A1, A5, A6,
A22
4
Fonte: elaboração das pesquisadoras
Analisando o segundo instrumento, ainda pertencente ao grupo de
problemas descrito por Vergnaud (1991) como Isomorfismo de Medidas,
evidenciamos que a maioria dos alunos demonstrou não compreender a ideia
envolvida no problema, errando seus procedimentos, em que grande parte dos
alunos não conseguiu chegar ao resultado esperado.
Apresentamos na sequência algumas categorias elaboradas com base nos
registros apresentados pelos alunos nos problemas pertencentes a este instrumento.
143
Problema 1:
- Elaboram adequadamente o algoritmo, resolvem pelo processo longo e realizam a
confirmação do resultado encontrado por meio da adição repetida de parcelas;
- Resolvem o problema utilizando o procedimento de parcelas repetidas por meio da
adição;
- Elaboram uma operação de adição ou subtração com os dados numéricos
fornecidos no enunciado;
- Elaboram uma operação de multiplicação com os dados numéricos fornecidos no
enunciado e realizam a operação por meio da operação de adição;
- Elaboram a operação de divisão e não resolvem.
Problema 2:
- Elaboram adequadamente o algoritmo da divisão, resolvem pelo processo longo e
se apoiam na adição repetida de parcelas para encontrar o quociente;
- Elaboram adequadamente o algoritmo, resolvem pelo processo longo e realizam a
confirmação do resultado encontrado por meio do procedimento de adição repetida
de parcelas;
- Unem os valores numéricos fornecidos no enunciado para representar o algoritmo
da divisão, não conseguindo solucionar o problema;
- Elaboram o algoritmo da multiplicação, resolvem por procedimentos aditivos,
invertendo a ordem das casas decimais durante a realização da adição;
- Não identificam a relação entre as variáveis envolvidas no problema, realizando
uma adição com os dados numéricos fornecidos no enunciado;
- Não realizam todos os procedimentos necessários para chegar à solução, e se
apoiam em representações pictóricas.
144
Problema 3:
- Elaboram adequadamente o algoritmo, realizam o procedimento da adição repetida
de parcelas para encontrar o quociente;
- Elaboram o algoritmo da divisão, tentam resolver por meio da adição repetida de
parcelas, mas erram os procedimentos de contagem na ordem de unidade;
- Unem os valores numéricos fornecidos no enunciado, representam o algoritmo da
divisão, não efetuando corretamente a operação;
- Elaboram uma operação de adição ou subtração com os dados numéricos
fornecidos no enunciado;
- Utilizam procedimentos próprios de resolução por meio de representações
pictóricas (distribuição um a um).
Problema 4:
- Elaboram adequadamente o algoritmo e o resolvem pelo processo longo;
- Elaboram o algoritmo e utilizam a adição repetida de parcelas para encontrar o
quociente;
- Elaboram uma operação de adição ou subtração com os dados numéricos
fornecidos no enunciado.
Pudemos verificar sobre o desempenho dos alunos nos problemas
envolvendo a ideia muitos a muitos que, em todos os problemas, a maior parte dos
alunos não compreendeu a ideia envolvida, não identificando para a resolução dos
problemas os procedimentos pertencentes ao campo multiplicativo, por meio das
operações de multiplicação e divisão. Faz-se importante destacar sobre esse grupo
de problemas que todos eles requeriam a apropriação do pensamento proporcional,
por meio das operações de multiplicação e divisão para sua resolução, em que
também pudemos identificar as maiores dificuldades nos procedimentos de divisão.
145
4.7 Considerações sobre a análise do terceiro instrumento
Para auxiliar na visualização do desempenho dos alunos na resolução do
terceiro instrumento, organizamos os dados coletados no inventário a seguir.
Tabela 17 – Inventário de dados do instrumento 3
CONFIGURAÇÃO RETANGULAR
PROBLEMA
1
TOTAL
PROBLEMA 2
TOTAL
PROBLEMA 3
TOTAL
IDENTIFICAM
A IDEIA DA OPERAÇÃO
QUE RESOLVE
O PROBLEMA
ACERTAM OS
PROCEDIMENTOS
A3, A4, A5, A6, A7, A9,
A12, A13, A14, A18, A21, A28,
A36, A39, A40,
A45, A46, A47, A51, A56
20
A1, A2, A3, A4, A5, A6, A7, A8,
A9, A11, A12, A14, A17, A18,
A23, A24, A25,
A26, A28, A29, A30, A31, A34,
A35, A36, A37,
A38, A40, A41, A42, A44, A45,
A47, A48, A50,
A51, A52, A54, A55
39
A3, A5, A7, A9, A11, A12, A14,
A18, A20, A21, A26, A28, A29,
A30, A31, A35,
A36, A37, A38, A39, A40, A41,
A42, A44, A45,
A46, A47, A51, A54, A55, A56
31
NÃO UTILIZAM
PROCEDIMENTOS CORRETAMENTE
A1, A11, A19,
A20, A24, A26,
A27
7
A10, A19, A20,
A21, A57
5
_
0
NÃO A DESENVOLVEM
_
0
_
0
_
0
NÃO
IDENTIFICAM
A OPERAÇÃO
ACERTAM OS
PROCEDIMENTOS
/ ALGORITMOS UTILIZADOS
A8, A34, A35, A37, A38, A41,
A42, A54
8
_
0
_
0
ERRAM OS PROCEDIMENTOS
A2, A10, A17,
A22, A23, A25, A29, A30, A31,
A44, A48, A50,
A52, A55, A57
15
A13, A22, A27
3
A1, A2, A4, A6,
A8, A10, A13, A17, A19, A22,
A23, A24, A25,
A27, A34, A50, A52, A57
18
NÃO A DESENVOLVEM
_
0
_
0
_
0
INDICAM APENAS O RESULTADO E
ACERTAM
_
0
A39, A46, A56
3
_
0
NÃO RESOLVEM
_
0
_
0
A48
1
Fonte: elaboração das pesquisadoras
Analisando o terceiro instrumento, pertencente ao grupo de problemas
descrito por Vergnaud (1991) como Produto de Medidas, evidenciamos que a
maioria dos alunos demonstrou compreender a ideia envolvida no problema por
meio do raciocínio multiplicativo, chegando ao resultado esperado.
Apresentamos na sequência algumas categorias elaboradas acerca dos
registros apresentados pelos alunos nos problemas pertencentes a este instrumento.
146
Problema 1:
- Elaboram adequadamente o algoritmo e o resolvem pelo processo longo;
- Elaboram adequadamente o algoritmo, resolvem pelo processo longo e realizam a
confirmação do resultado encontrado por meio do procedimento de adição repetida
de parcelas;
- Elaboram o algoritmo, realizam o procedimento de adição repetida de parcelas
para encontrar o quociente, erram na adição e não chegam ao resultado correto;
- Resolvem o problema por meio da adição repetida de parcelas;
- Resolvem o problema por meio da subtração repetida de parcelas;
- Elaboram uma operação de adição ou subtração com os dados numéricos
fornecidos no enunciado, errando na adição da ordem das dezenas.
Problema 2:
- Elaboram adequadamente o algoritmo e realizam uma representação pictórica do
problema;
- Elaboram adequadamente o algoritmo e erram na realização da operação de
multiplicação;
- Elaboram uma operação de adição ou subtração com os dados numéricos
fornecidos no enunciado;
- Utilizam o cálculo mental para resolver o problema.
Problema 3:
- Elaboram adequadamente o algoritmo e realizam uma representação pictórica do
problema;
- Não conseguem levantar hipóteses de resolução do problema.
147
Pudemos observar sobre o desempenho dos alunos nos problemas
envolvendo a ideia de configuração retangular que, em todos os problemas, a maior
parte dos alunos compreendeu a ideia envolvida, identificando para a resolução dos
problemas os procedimentos pertencentes ao campo multiplicativo. Evidenciamos
também que os menores êxitos obtidos estão relacionados ao problema 1, o que
pode indicar a não apropriação de procedimentos requeridos nas operação de
divisão.
4.8 Considerações sobre a análise do quarto instrumento
Os dados coletados e as categorizações referentes ao quarto instrumento
podem ser observados no inventário a seguir.
Tabela 18 – Inventário de dados do instrumento 4
COMBINATÓRIA
PROBLEMA 1
TOTAL
PROBLEMA 2
TOTAL
IDENTIFICAM A
IDEIA DA OPERAÇÃO
QUE RESOLVE O PROBLEMA
ACERTAM OS
PROCEDIMENTOS
A5, A11, A12, A14, A20,
A21, A29, A31, A44, A45,
A50, A55
12
A3, A11, A12, A20, A21,
A29, A31, A35, A37, A38,
A40, A41, A44, A45, A46, A47, A50, A51, A52, A55,
A56
21
NÃO UTILIZAM PROCEDIMENTOS
CORRETAMENTE
_
0
_
0
NÃO A DESENVOLVEM
_
0
_
0
NÃO IDENTIFICAM A OPERAÇÃO
ACERTAM OS PROCEDIMENTOS /
ALGORITMOS
UTILIZADOS
A3, A4, A7, A9, A13, A19, A26, A28, A30, A34, A35,
A36, A37, A39, A40, A41,
A42, A47, A51, A56
20
A1, A4, A7, A10, A18, A28, A34, A36, A42, A54
10
ERRAM OS
PROCEDIMENTOS
A2, A6, A8, A17, A22,
A23, A24, A25, A46, A52, A57
11
A2, A5, A6, A8, A9, A13,
A14, A17, A19, A22, A23, A24, A25, A26, A30, A57
16
NÃO A DESENVOLVEM
_
0
_
0
INDICAM APENAS O RESULTADO E ACERTAM
A1, A10, A18, A38, A54
5
A39
1
NÃO RESOLVEM
A27
1
A27
1
Fonte: elaboração das pesquisadoras
Analisando o quarto e último instrumento, pertencente ao grupo de
problemas descrito por Vergnaud (1991) como Produto de Medidas, evidenciamos
que grande parte dos alunos conseguiu chegar ao resultado esperado, em que, para
148
tal pudemos observar não somente a utilização de procedimentos multiplicativos
para a resolução dos problemas, mas também verificamos a utilização de
procedimentos próprios de resolução.
Apresentamos na sequência algumas categorias elaboradas a partir dos
registros apresentados pelos alunos nos problemas pertencentes a este instrumento.
Faz-se necessário destacar que, neste instrumento, identificamos as mesmas
categorias nos dois problemas que o compõem.
Problemas 1 e 2:
- Elaboram adequadamente o algoritmo da multiplicação, chegando ao resultado do
correto;
- Utilizam o cálculo mental para resolver o problema;
- Utilizam procedimentos próprios por meio de representação pictórica, por meio da
árvore de possibilidades;
- Elaboram uma operação de adição ou subtração com os dados fornecidos no
enunciado;
- Utilizam o procedimento de cálculo mental para resolver o problema.
Podemos observar sobre o desempenho dos alunos nos problemas
envolvendo a ideia de combinatória que a maior parte dos alunos conseguiu
encontrar a solução correta para a resolução dos mesmos. É importante verificarmos
que nos dois problemas encontramos uma quantidade significativa de alunos que
não utilizaram os procedimentos pertencentes ao campo multiplicativo, em que no
problema 1 esse número ultrapassa a quantidade de alunos que utiliza a estrutura
multiplicativa.
4.9 Algumas considerações sobre o capítulo
Após analisarmos os dois grupos de problemas descritos por Vergnaud
(1983, 1991), isomorfismo de medidas e produto de medidas, pudemos verificar que,
apesar de nem todos os alunos já demonstrarem compreender a ideia por meio do
149
raciocínio multiplicativo, no geral, grande parte dos alunos conseguiu encontrar a
solução dos problemas.
Em alguns casos percebemos que os alunos utilizam para a resolução dos
problemas representações não convencionais e algoritmos intermediários. Na
operação de divisão, encontramos a realização de procedimentos de contagem por
agrupamento e até mesmo de subtrações sucessivas para encontrar o quociente. Já
na operação de multiplicação pudemos encontrar procedimentos de adição repetida
de parcelas iguais e de representações de distribuições um a um.
Observando os protocolos dos alunos segundo os níveis de aprendizagem
na multiplicação descritos por Treffers e Buys (2001) e Fosnot e Dolk (2001),
pudemos identificar que é possível encontrarmos em nossa investigação os três
níveis: cálculo por contagem, cálculo estruturado e cálculo formal.
Pudemos perceber em alguns protocolos que os alunos utilizam os dados do
enunciado do problema sem identificar o procedimento adequado para a resolução,
o que pode indicar que alguns alunos demonstram dificuldades em encontrar a
operação correta a ser utilizada, muitas vezes por não atribuir significado às
situações problemas que lhes são apresentadas. Acerca desse fato, podemos nos
apoiar na análise realizada por Saiz (1996), ao defender que a identificação dos
procedimentos a serem realizados depende do significado atribuído pelo aluno à
situação, em que muitas vezes podemos perceber que o aluno se preocupa em
realizar um puro trabalho sobre números contidos no problema, abstendo-se pouco
a sua compreensão.
Um número significativo de alunos demonstrou dificuldades para resolver
problemas envolvendo a operação de divisão, em que não identificam a operação
envolvida no problema, demonstram não se apropriar dos procedimentos envolvidos,
não desenvolvendo a operação. Em alguns casos, os alunos representam
erroneamente dividendo e divisor, invertendo suas posições, não conseguindo
desenvolver o algoritmo representado. Neste caso, podemos estar diante de uma
característica descrita nos estudos realizados por Saiz (1996) e Brousseau (1987)
sobre os algoritmos e saberes institucionalizados, em que muitas vezes essa forma
150
de representação não indica que o aluno saiba utiliza-la, não atribuindo significado
ao algoritmo elaborado.
Percebemos também em alguns casos evidenciados em nossa análise que,
quando o aluno utiliza recursos de contagem, como no caso de agrupamentos, da
adição repetida de parcelas e da distribuição um a um, os alunos podem acabar se
confundindo durante esse procedimento com números de maiores grandezas,
dificultando sua contagem.
Sobre os procedimentos próprios de resolução observados, consideramos
importante que os alunos consigam levantar hipóteses e estratégias de resolução
para um determinado problema, mas acreditamos também que alguns tipos de
representações verificados não são adequados para esta fase de escolarização em
que, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) o aluno já deveria estar
consolidando e construindo o significado das operações, aprimorando seus
procedimentos pessoais, aproximando-os das técnicas operatórias. Percebemos em
alguns casos também que os alunos não compreendem a relação existente entre as
operações de multiplicação e divisão, em que estas podem estar sendo trabalhadas
isoladamente, fato que não auxilia no entendimento dos procedimentos que as
envolvem.
Diante dessas observações, nossa preocupação torna-se relevante a partir
do momento em que evidenciamos que esses alunos encontram-se no período de
transição para os anos finais do Ensino Fundamental, e que, a não apropriação do
raciocínio multiplicativo, seja por meio de procedimentos informais ou algoritmos
pode resultar em futuras dificuldades de aprendizagem em relação a outros
conteúdos matemáticos que irão requerer sua utilização. Sabemos que no 6° ano
essas operações serão novamente abordadas nas aulas, porém seria adequado que
estes alunos já se apropriassem dos conceitos, ideias, representações e relações
existentes nas operações de multiplicação e divisão, para que essas dificuldades
não se estendam e se agravem pelos demais anos de escolarização, em que os
procedimentos pessoais utilizados poderão se tornar ineficazes diante de problemas
que contenham um maior nível de complexidade.
151
CAPÍTULO 5 – CONSIDERAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES SOBRE O
ENSINO E A APRENDIZAGEM DAS OPERAÇÕES DO CAMPO
MULTIPLICATIVO
Neste capítulo apresentamos de forma sintética a trajetória de nosso estudo,
articulada a algumas reflexões realizadas com base nos resultados observados ao
longo de nossa investigação. A partir dessas reflexões, procuramos retomar nossas
questões de pesquisa, buscando respondê-las de modo a tecer indicativos e trazer
contribuições para esta temática, no que se refere ao ensino e a aprendizagem das
operações do campo multiplicativo.
5.1 Caminhos da investigação: do desenvolvimento da pesquisa aos
resultados encontrados
Nossa pesquisa foi desenvolvida objetivando compreender como os alunos,
delimitando nesse estudo a fase de escolarização do 5° ano, demonstram seus
conhecimentos em situações que envolvem as operações pertencentes ao campo
multiplicativo.
Para tal, norteamo-nos em duas questões de pesquisa, as quais
retomaremos nesse momento, seguidas de reflexões com embasamento em nossa
investigação que nos possibilitaram respondê-las.
Nossa primeira questão de pesquisa foi estruturada da seguinte forma:
“Quais as interpretações demonstradas por alunos do 5° ano ao resolverem
problemas do Campo Multiplicativo?”.
Procuramos responder essa questão de pesquisa ao longo de nossas
análises, demonstrando os diferentes procedimentos utilizados pelos alunos diante
de cada problema. Retomando brevemente nossas análises, podemos destacar
algumas observações sobre essas interpretações.
Percebemos quanto às interpretações demonstradas pelos alunos que, os
mesmos conseguiram identificar a ideia de uma multiplicação ou divisão mais
152
facilmente em problemas simples, como os que contemplavam as ideias um a
muitos e configuração retangular.
Nos problemas que contemplavam a ideia muitos a muitos, ficou evidente
em nossas análises as diversas interpretações equivocadas, em que a maior parte
dos alunos utilizou operações e procedimentos ineficazes para a resolução dos
problemas, demonstrando não compreender o significado dos mesmos.
Constatamos nessa etapa da análise fragilidades quanto à interpretação do
raciocínio proporcional, dificultando a resolução das situações apresentadas.
Quanto aos problemas que envolviam a ideia de combinatória, pudemos
encontrar interpretações distintas, em que os alunos muitas vezes utilizaram
procedimentos e esquemas pessoais para a resolução dos problemas.
Essas observações nos dão indícios de que a interpretação dada pelos
alunos a estes problemas por muitas vezes não revelou a percepção da relação
entre as operações, e por algumas vezes demonstraram realizar um trabalho
puramente numérico, sem levar em conta o significado do contexto, o que pode ter
dificultado a compreensão de algumas situações apresentadas.
Nossa segunda questão de pesquisa buscava compreender “Quais os
indícios de compreensão revelados por alunos de 5° ano em relação às
estruturas multiplicativas?”.
Acerca dessa questão, percebemos em nossos estudos que grande parte
dos alunos investigados demonstram compreender a ideia que norteia cada uma
dessas operações; fato este que pode ser considerado favorável ao ensino e a
aprendizagem das mesmas. Porém, também ficou evidente que, além de
compreender a ideia norteadora de cada operação, é necessário que os alunos
saibam identificá-las diante das mais variadas situações, como as apresentadas em
nossos instrumentos; necessidade esta que por muitas vezes percebemos não
ocorrer em nosso cenário de investigação, em que, os mesmos alunos que em um
determinado instrumento demonstraram identificar a ideia envolvida, em outros
instrumentos não conseguiam elaborar procedimentos de resolução.
153
Por outro lado, pudemos perceber também casos em que um mesmo aluno
apresentou o mesmo tipo de raciocínio nos diferentes problemas, em que é possível
perceber claramente em nosso inventário de dados (anexo VI), que nos permite
acompanhar melhor o desempenho do aluno. Esses tipos de casos demonstram
uma regularidade de pensamento, em que os alunos que utilizam os mesmos
procedimentos, podem também contribuir para a validação de nossas observações e
hipóteses levantadas por meio das análises dos protocolos.
Outro indício que pudemos perceber refere-se à quando o aluno elabora o
algoritmo formal e por sua vez não consegue ou erra os procedimentos envolvidos
neste. Diante dessa situação, é possível levantarmos a hipótese de que o algoritmo
formal foi determinado ao aluno, sem que seja estabelecida uma relação de
compreensão dos procedimentos envolvidos em suas etapas de resolução. Com
isso, o aluno não atribui significado aos procedimentos realizados, muitas vezes
operando “mecanicamente”, como algo que lhe parece necessário.
Cabe ressaltar nesse momento que a metodologia adotada para a realização
das análises contribuiu para esse estudo, e primordialmente para que pudéssemos
responder nossas questões de pesquisa, de modo que a observação qualitativa dos
dados coletados possibilitou-nos descobrir e perceber as diferentes interpretações
demonstradas e também as fragilidades quanto ao desenvolvimento de
procedimentos que envolvem estas operações.
Sobre os aportes teóricos utilizados, podemos evidenciar suas contribuições
à medida que nos permitiram a percepção de um panorama acerca das concepções
atribuídas tanto ao ensino quanto a aprendizagem das operações de multiplicação e
divisão, em que foi possível ao longo de nossas análises retomarmos essas
concepções, articulando-as às nossas observações e reflexões no que se refere aos
procedimentos demonstrados pelos alunos.
Evidenciando a Teoria dos Campos Conceituais, podemos apontar sua
contribuição também para a elaboração de nossos instrumentos de pesquisa, em
que, como já abordado anteriormente, estes foram elaborados com base nas
categorias de problemas descritas por Vergnaud. As categorias descritas por
Vergnaud (1991) possibilitaram-nos a elaboração de instrumentos que contemplam
154
diferentes estruturas de problemas multiplicativos, que nos propiciaram uma análise
aprofundada a fim de identificarmos as características reveladas pelos alunos em
seus procedimentos de resolução. A utilização desses instrumentos foi de grande
importância para que pudéssemos visualizar claramente como os alunos
demonstram seus conhecimentos em relação a cada grupo de problemas abordado,
possibilitando-nos identificar as fragilidades e facilidades em cada um deles.
5.2 Considerações finais: indicativos e contribuições para o cenário da
pesquisa
Nossa investigação colocou em evidência um cenário delicado em relação
às interpretações dadas aos alunos diante de situações que requerem a utilização
de procedimentos multiplicativos, interpretações estas que muitas vezes podem
desencadear em dificuldades já abordadas em estudos para a resolução de
situações que envolvem estas operações.
Ao realizarmos uma observação geral em relação ao desempenho dos
alunos quanto aos instrumentos utilizados em nossa pesquisa, pudemos constatar
que existem dificuldades quanto à compreensão do raciocínio multiplicativo, em
maior parte delas nos problemas que contemplam a operação de divisão ou que
requerem a utilização do pensamento proporcional. Quanto aos procedimentos que
envolvem a operação de multiplicação, apesar de encontrarmos um número
significativo de êxitos, podemos destacar que esses êxitos por muitas vezes não
foram obtidos por meio da utilização explícita do raciocínio multiplicativo.
Queremos evidenciar novamente que consideramos importante a utilização
de procedimentos próprios e intermediários para a resolução dos problemas, em
que, por meio destes, o aluno poderá estabelecer conhecimentos que poderão
facilitar a aprendizagem dos procedimentos formais que envolvem as operações de
multiplicação e divisão. A partir dessa situação, podemos sugerir aos docentes uma
reflexão, em que nestes momentos onde o aluno demonstra seus esquemas
pessoais para o desenvolvimento da operação, possam ser aproveitados para
estabelecer a relação entre esses esquemas e os algoritmos comumente utilizados,
não como algo pré-estabelecido e determinado, mas como uma alternativa para
155
facilitar e auxiliar o desenvolvimento da operação, em que o aluno poderá perceber
as etapas envolvidas nesses procedimentos e evoluir em suas aprendizagens.
Uma possível implicação para a continuidade de nosso estudo refere-se à
importância de uma discussão acerca de como se encontra a aprendizagem dos
alunos de 5° ano ao chegarem à próxima etapa de escolarização, no 6° ano do
Ensino Fundamental. Percebemos por nossa prática docente que as dificuldades
são evidenciadas com mais frequência entre a transição dessa fase entre o 5° e o 6°
ano do Ensino Fundamental, transição esta que por muitas vezes pode propiciar
uma “lacuna” entre o que o aluno já sabe e o que virá a aprender; pois em muitos
casos não há uma interação entre o trabalho realizado pelo professor polivalente dos
anos iniciais e o trabalho a ser realizado pelo professor especialista do 6° ano.
Com essa situação, é comum que estes profissionais acabem culpando um
ao outro pelas fragilidades demonstradas pelos alunos, fato este que não contribui
para a resolução dessa situação. A expectativa atribuída ao aluno que chega ao 6°
ano pode ser a de que este já tenha se apropriado dos procedimentos formais que
envolvem as operações; porém não é sempre que essa situação se concretiza, por
vários os motivos, e dentre eles os diferentes tipos de propostas pedagógicas
adotadas em sala de aula. Quando o aluno chega ao 6° ano sem essa apropriação,
mas com esses procedimentos próprios estabelecidos, surge o momento propício às
intervenções que poderão ser feitas pelo professor especialista, no intuito de auxiliar
na compreensão e aprendizagem do aluno, estabelecendo as devidas relações e
conexões entre os conhecimentos revelados pelo aluno e os novos conhecimentos a
serem aprendidos. Cabe ao professor polivalente também explorar esta sugestão,
que poderá auxiliar na dissolução dessas fragilidades.
Ao longo da realização de nosso estudo, ocorreu também durante os
encontros do grupo colaborativo a interação com a professora das classes
investigadas na pesquisa de campo, em que esta acompanhou parte de nossas
observações e constatações acerca dos protocolos dos alunos. Por meio desse
acompanhamento, conseguiu realizar intervenções durante sua prática, observando
os procedimentos demonstrados pelos alunos e a partir destes elaborando
estratégias que pudessem contribuir para uma melhor compreensão das situações
trabalhadas em sala de aula.
156
Algumas situações e intervenções podem facilitar a prática do professor, das
quais procuramos, a nosso ver, apontar algumas sugestões como contribuições
desse trabalho.
Podemos iniciar abordando a sugestão dos contextos utilizados nos
enunciados dos problemas, fator este que nos preocupou e norteou-nos para a
elaboração de nossos instrumentos de pesquisa. Constatamos por meio da
interação com a professora da sala que estes contextos pertenciam a realidades dos
alunos, e isso contribuiu para o interesse dos alunos em solucioná-los, além de
facilitar a compreensão das situações envolvidas, que tratavam de condições reais.
O professor também pode auxiliar na compreensão dos enunciados e das situações
apresentadas por meio de um trabalho que não permita ao aluno trabalhar apenas
no campo numérico, como pudemos visualizar em alguns protocolos, mas levar
sempre em consideração a situação que lhes é apresentada. A leitura compartilhada
e o detalhamento das etapas de um determinado problema podem contribuir com
esse trabalho.
Um grande facilitador em relação ao ensino destas operações se refere a um
trabalho que possa ser realizado de forma articulada entre as mesmas, para que
possam ser estabelecidas as devidas relações entre ambas, o que também poderá
contribuir com a diminuição das dificuldades quanto aos procedimentos da divisão,
em que, a partir do momento em que o aluno o perceber sua relação com a
multiplicação, esses procedimentos poderão ser compreendidos mais claramente.
Consideramos importante também destacar a necessidade de trabalhar as
diversas possibilidades de problemas que contemplam o campo multiplicativo,
abordando os diversos grupos de problemas e ideias multiplicativas, onde o aluno
possa se deparar com diferentes situações e ter a autonomia de posteriormente
identificá-las e articulá-las diante de problemas que envolvam cada grupo de ideias
pertencente a este campo, como por exemplo, os descritos em nossos instrumentos
de investigação, elaborados com base na categorização apresentada nos estudos
de Gerárd Vergnaud.
Outro fator pode ser determinante para contribuir com o processo de ensino
e aprendizagem. Nesse fator caberá a cada professor realizar o papel de
157
pesquisador com seus alunos, buscando e encontrando novos caminhos através da
constante observação dos procedimentos realizados pelos alunos, e dos indícios de
compreensão revelados por eles, o que possibilitará ao docente diagnosticar as
facilidades e fragilidades, que propiciarão a elaboração de estratégias que envolvam
situações de aprendizagem que possam mobilizar conhecimentos de acordo com o
nível de compreensão observado.
Nossos estudos podem não vir inicialmente a sanar todas as dificuldades
encontradas nesse cenário, mas desejamos que estes sejam eficazes no sentido de
instigar o leitor em relação a esse tema, levando a uma reflexão sobre as
metodologias e práticas docentes adotadas no ensino deste e também de outros
conteúdos.
Esperamos que esta investigação possa trazer reais contribuições ao
cenário da Educação Matemática, no que diz respeito ao ensino e à aprendizagem
dos conceitos que norteiam o campo multiplicativo; de modo que nossa pesquisa
possa ultrapassar o campo de uma simples constatação, em que a sala de aula não
seja utilizada apenas para coletar dados, mas sim que os indícios e sugestões aqui
apontados venham a servir como um possível caminho à prática docente, em que
por meio de um trabalho gradual, possam ser ampliados os olhares investigativos
em sala de aula, na busca por oportunidades de intervenções que venham a auxiliar
no processo de aprendizagem do aluno.
159
REFERÊNCIAS
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163
ANEXOS
ANEXO A – INSTRUMENTO 1 – PROBLEMAS DE RELAÇÃO UM A MUITOS
PROJETO OBSERVATÓRIO DA EDUCAÇÃO – MATEMÁTICA/2012
ALUNO:_________________________________________________
ESCOLA:_________________________________________________5° ANO ___
1. NUMA FESTA DE ANIVERSÁRIO NA SALA DE AULA, CADA ALUNO
LEVOU 2 GARRAFAS DE REGRIGERANTE. AO TODO COMPARECERAM 25
ALUNOS. CONSIDERANDO QUE TODOS LEVARAM OS REFRIGERANTES,
QUANTAS GARRAFAS HAVIAM?
2. PARA UMA FESTA DE ANIVERSÁRIO, 31 PESSOAS LEVARAM 93
GARRAFAS DE REFRIGERANTE. SE TODOS LEVARAM A MESMA
QUANTIDADE, QUANTAS GARRAFAS LEVOU CADA PESSOA?
3. PARA UMA FESTA FORAM LEVADAS 72 GARRAFAS DE REFRIGERANTE.
CONSIDERANDO QUE CADA CONVIDADO LEVOU 3 GARRAFAS,
QUANTAS PESSOAS FORAM CONVIDADAS?
164
ANEXO B – INSTRUMENTO 2 – PROBLEMAS DE RELAÇÃO MUITOS A MUITOS
PROJETO OBSERVATÓRIO DA EDUCAÇÃO – MATEMÁTICA/2012
4. UM GRUPO DE 12 MENINOS COLECIONA CARRINHOS. JUNTOS ELES
TÊM 48 CARRINHOS. CONSIDERANDO QUE TODOS TEM A MESMA
QUANTIDADE, QUANTOS CARRINHOS HAVERIA SE 21 MENINOS
COLECIONAREM CARRINHOS?
5. SABE-SE QUE 15 MENINOS COLECIONAM CHAVEIROS E QUE JUNTOS
TÊM 75 CHAVEIROS. CONSIDERANDO QUE TODOS TENHAM A MESMA
QUANTIDADE, QUANTOS MENINOS COLECIONARIAM CHAVEIROS SE
JUNTOS TIVESSEM 90 CHAVEIROS?
6. UM GRUPO DE 16 MENINOS TEM AO TODO 64 BOLINHAS DE GUDE.
CONSIDERANDO QUE TODOS TEM A MESMA QUANTIDADE, QUANTAS
BOLINHAS HAVERIA SE 12 MENINOS ESTIVESSEM NESTE GRUPO?
7. AS MENINAS DO CLUBE COLA E DECORA TÊM A MESMA QUANTIDADE
DE ADESIVOS, SE 24 MENINAS TÊM JUNTAS 72 ADESIVOS, QUANTAS
MENINAS SERIAM SÓCIAS DO CLUBE SE TIVESSEM 42 ADESIVOS?
165
ANEXO C – INSTRUMENTO 3 – PROBLEMAS DE CONFIGURAÇÃO
RETANGULAR
PROJETO OBSERVATÓRIO DA EDUCAÇÃO – PROVA BRASIL DE
MATEMÁTICA ESCOLA ESTADUAL PROFª REGIANE DO CARMO MONTEIRO – 5° ANO ___
1. EM UMA CAIXA COM FORMATO RETANGULAR CABEM 96 MAÇÃS.
SABENDO QUE AS MAÇÃS ESTÃO ORGANIZADAS EM FILEIRAS E
QUE EM CADA FILEIRA CABEM 12 MAÇÃS, QUANTAS FILEIRAS DE
MAÇÃS HÁ NESSA CAIXA?
2. UMA CAIXA DE OVOS TEM FORMATO RETANGULAR. OS OVOS
ESTÃO ORGANIZADOS EM 6 FILEIRAS COM 8 OVOS EM CADA
FILEIRA. QUANTOS OVOS HÁ NESSA CAIXA?
3. NUMA FÁBRICA DE CHOCOLATES, OS BOMBONS SÃO
ORGANIZADOS EM DIFERENTES TIPOS DE CAIXAS
RETANGULARES. CADA CAIXA É ORGANIZADA EM FILEIRAS E
COLUNAS. TODAS AS FILEIRAS TÊM A MESMA QUANTIDADE DE
BOMBONS E TODAS AS COLUNAS TAMBÉM.
ORGANIZE ESSES BOMBONS EM DIFERENTES TIPOS DE CAIXAS.
166
ANEXO D – INSTRUMENTO 4 – PROBLEMAS DE COMBINATÓRIA
PROJETO OBSERVATÓRIO DA EDUCAÇÃO – PROVA BRASIL DE MATEMÁTICA
ESCOLA ESTADUAL PROFª REGIANE DO CARMO MONTEIRO – 5° ANO ___ 1. UMA LANCHONETE OFERECE OPÇÕES DE SUCOS E LANCHES,
SENDO:
SUCOS LANCHES
LARANJA
UVA
ABACAXI
MORANGO
MISTO QUENTE
X-SALADA
BAURU
QUANTAS DIFERENTES COMBINAÇÕES DE SUCOS E LANCHES SÃO POSSÍVEIS?
2. JOÃO VAI PASSAR ALGUNS DIAS NA PRAIA E LEVOU 6
CAMISETAS E 3 BERMUDAS. QUAIS SÃO AS DIFERENTES
COMBINAÇÕES QUE ELE PODERÁ FAZER?
167
ANEXO E – CATEGORIAS DE ANÁLISE
1. Identificam a ideia da operação que resolve o problema e acertam os
procedimentos
Nesta categoria, encontram-se os protocolos de alunos que identificam a ideia
da operação que resolve o problema e os resolvem corretamente, seja por
meio de um algoritmo ou de procedimentos não convencionais, chegando ao
resultado esperado.
2. Identificam a ideia da operação que resolve o problema, mas não
utilizam os procedimentos corretamente
Nesta categoria, encontram-se os protocolos dos alunos que identificam a
ideia da operação que resolve o problema, mas erram nos procedimentos de
cálculo, seja por meio de um algoritmo ou de procedimentos não
convencionais, não chegando ao resultado esperado.
3. Identificam a operação que resolve o problema, mas apenas indicam a
operação, e não a desenvolvem
Nesta categoria, encontram-se os protocolos dos alunos que identificam a
operação que resolve o problema, representam qual é essa operação, mas
não desenvolvem a operação representada.
4. Não identificam a operação e acertam os procedimentos/algoritmos
utilizados.
Nesta categoria, encontram-se os protocolos dos alunos que não indicam a
operação de multiplicação ou divisão, mas conseguem resolver o problema
por meio de uma ideia aditiva, fazendo adições sucessivas, seja por meio de
um algoritmo ou de um procedimento não convencional, acertando os
procedimentos utilizados e chegando ao resultado esperado.
5. Não identificam a operação e erram os procedimentos
Nesta categoria, encontram-se os protocolos dos alunos que não identificam
a operação que resolve o problema e ainda erram os procedimentos de
resolução e não chegam ao resultado esperado.
168
6. Não identificam a operação que resolve o problema, apenas indicam
uma operação, e não a desenvolvem
Nesta categoria, encontram-se os protocolos dos alunos que não identificam
a operação que resolve o problema, representa outra operação, mas não a
desenvolvem.
7. Indicam apenas o resultado e acertam
Nesta categoria, encontram-se os protocolos dos alunos que não realizaram
registro de representação do procedimento para a resolução, apenas
indicando o resultado do problema. Nesse caso, observamos que os alunos
conseguem chegar ao resultado correto.
8. Não resolvem
Nesta categoria, encontram-se os protocolos dos alunos que não resolveram
o problema, e nem mesmo levantaram hipóteses para resolução do mesmo,
deixando o exercício “em branco”.
169
ANEXO F – INVENTÁRIO DE DADOS
ISOMORFISMO DE MEDIDAS – UM
A MUITOS
PROBLEMA 1
TOTAL
PROBLEMA 2
TOTAL
PROBLEMA 3
TOTAL
IDENTIFICAM A IDEIA DA
OPERAÇÃO
QUE RESOLVE O PROBLEMA
ACERTAM OS PROCEDIMENTOS
A1, A3, A4, A5,
A6, A8, A9, A10, A11, A12, A13,
A14, A15, A16,
A17, A18, A19, A20, A21, A22,
A23, A24, A25,
A26, A27, A28, A29, A30, A31,
A32, A33, A34,
A35, A36, A37, A38, A39, A40,
A41, A42, A43,
A44, A46, A47, A48, A49, A50,
A51, A52, A53,
A54
51
A4, A5, A7,
A8, A12, A13, A14, A16, A17,
A18, A20, A21,
A28, A29, A30, A36, A39, A40,
A42, A43, A44,
A45, A47, A51
24
A3, A4, A5, A6,
A8, A9, A10, A11, A12, A14,
A15, A16, A17,
A18, A19, A20, A21, A24, A28,
A29, A30, A31,
A34, A36, A39, A40, A42, A43,
A44, A45, A47
31
NÃO UTILIZAM
PROCEDIMENTOS CORRETAMENTE
A2, A7
2
A1, A10, A15,
A33, A38, A52
6
A1, A7, A22,
A26, A33, A35,
A37, A51, A52
9
NÃO A
DESENVOLVEM
_
0
A31, A34
2
A27
1
NÃO
IDENTIFICAM A OPERAÇÃO
ACERTAM OS
PROCEDIMENTOS / ALGORITMOS
UTILIZADOS
_
0
A3, A11, A19,
A22, A26, A37
6
_
0
ERRAM OS PROCEDIMENTOS
A45
1
A2, A6, A9,
A23, A24, A25, A27, A32, A35,
A41, A46, A48,
A49, A50, A53,
A54
16
A2, A13, A23,
A25, A32, A38, A41, A46, A48,
A49, A50, A53,
A54
13
NÃO A DESENVOLVEM
_
0
_
0
_
0
INDICAM APENAS O RESULTADO E ACERTAM
_ 0 _ 0 _ 0
NÃO RESOLVEM
_
0
_
0
_
0
170
ISOMORFISMO DE MEDIDAS –
MUITOS A MUITOS
PROBLEMA
1
TOTAL
PROBLEMA
2
TOTAL
PROBLEMA
3
TOTAL
PROBLEMA
4
TOTAL
IDENTIFICAM A IDEIA DA
OPERAÇÃO
QUE RESOLVE O
PROBLEMA
ACERTAM OS PROCEDIMENTOS
A4, A7, A8,
A9, A10, A11, A12,
A14, A15,
A16, A17, A18, A19,
A20, A21,
A28, A35, A36, A39,
A41, A43,
A45, A47, A51
24
A3, A4, A7,
A11, A15, A16, A19,
A20, A21,
A28, A35, A36, A39,
A40, A45,
A51
16
A7, A9, A10,
A11, A14, A15, A16,
A17, A18,
A19, A20, A21, A24,
A28, A30,
A36, A39, A40, A43,
A45, A47,
A51
22
A3, A4, A9,
A10, A15, A16, A17,
A19, A20,
A21, A28, A36, A40,
A45
14
NÃO UTILIZAM PROCEDIMENTOS
CORRETAMENTE
_
0
A9, A10, A12, A14,
A17, A18,
A24, A41
8
A4, A35
2
A7, A11, A12, A14,
A18, A24,
A43, A47
8
NÃO A
DESENVOLVEM
_
0
_
0
_
0
_
0
NÃO
IDENTIFICAM A OPERAÇÃO
ACERTAM OS
PROCEDIMENTOS / ALGORITMOS
UTILIZADOS
A3
1
_
0
_
0
_
0
ERRAM OS PROCEDIMENTOS
A1, A2, A13,
A22, A23, A24, A25,
A26, A29,
A30, A31, A32, A33,
A34, A37,
A38, A40, A42, A44,
A46, A48,
A49, A50, A52, A55
25
A2, A5, A8,
A13, A22, A23, A25,
A26, A27,
A29, A30, A31, A32,
A33, A34,
A37, A38, A42, A43,
A44, A46,
A47, A48, A49, A50,
A52, A55
27
A1, A2, A3,
A8, A12, A13, A22,
A23, A25,
A26, A27, A29, A31,
A32, A33,
A34, A37, A38, A41,
A42, A44,
A46, A48, A49, A50,
A52, A55
27
A2, A8, A13,
A23, A25, A26, A27,
A29, A30,
A31, A32, A33, A34,
A35, A37,
A38, A39, A41, A42,
A44, A46,
A48, A49, A50, A51,
A52, A55
27
NÃO A
DESENVOLVEM
A5, A27
2
_
0
_
0
_ 0
INDICAM APENAS O RESULTADO
E ACERTAM
_
0
_
0
_
0
_
0
NÃO RESOLVEM
A6
1
A1, A6
2
A5, A6
2
A1, A5, A6,
A22
4
171
CONFIGURAÇÃO RETANGULAR
PROBLEMA
1
TOTAL
PROBLEMA 2
TOTAL
PROBLEMA 3
TOTAL
IDENTIFICAM A IDEIA DA
OPERAÇÃO
QUE RESOLVE O PROBLEMA
ACERTAM OS PROCEDIMENTOS
A3, A4, A5,
A6, A7, A9, A12, A13, A14,
A18, A21, A28,
A36, A39, A40, A45, A46, A47,
A51, A56
20
A1, A2, A3, A4,
A5, A6, A7, A8, A9, A11, A12,
A14, A17, A18,
A23, A24, A25, A26, A28, A29,
A30, A31, A34,
A35, A36, A37, A38, A40, A41,
A42, A44, A45,
A47, A48, A50, A51, A52, A54,
A55
39
A3, A5, A7, A9,
A11, A12, A14, A18, A20, A21,
A26, A28, A29,
A30, A31, A35, A36, A37, A38,
A39, A40, A41,
A42, A44, A45, A46, A47, A51,
A54, A55, A56
31
NÃO UTILIZAM
PROCEDIMENTOS
CORRETAMENTE
A1, A11, A19, A20, A24, A26,
A27
7
A10, A19, A20, A21, A57
5
_
0
NÃO A
DESENVOLVEM
_
0
_
0
_
0
NÃO IDENTIFICAM
A OPERAÇÃO
ACERTAM OS PROCEDIMENTOS
/ ALGORITMOS
UTILIZADOS
A8, A34, A35,
A37, A38, A41, A42, A54
8
_
0
_
0
ERRAM OS
PROCEDIMENTOS
A2, A10, A17, A22, A23, A25,
A29, A30, A31,
A44, A48, A50, A52, A55, A57
15
A13, A22, A27 3
A1, A2, A4, A6, A8, A10, A13,
A17, A19, A22,
A23, A24, A25, A27, A34, A50,
A52, A57
18
NÃO A
DESENVOLVEM
_
0
_
0
_
0
INDICAM APENAS O RESULTADO E ACERTAM
_
0
A39, A46, A56
3
_
0
NÃO RESOLVEM
_
0
_
0
A48
1
172
COMBINATÓRIA
PROBLEMA 1
TOTAL
PROBLEMA 2
TOTAL
IDENTIFICAM A
IDEIA DA OPERAÇÃO
QUE RESOLVE O PROBLEMA
ACERTAM OS
PROCEDIMENTOS
A5, A11, A12, A14, A20,
A21, A29, A31, A44, A45,
A50, A55
12
A3, A11, A12, A20, A21,
A29, A31, A35, A37, A38,
A40, A41, A44, A45, A46, A47, A50, A51, A52, A55,
A56
21
NÃO UTILIZAM PROCEDIMENTOS
CORRETAMENTE
_
0
_
0
NÃO A DESENVOLVEM
_
0
_
0
NÃO IDENTIFICAM A
OPERAÇÃO
ACERTAM OS
PROCEDIMENTOS / ALGORITMOS
UTILIZADOS
A3, A4, A7, A9, A13, A19,
A26, A28, A30, A34, A35, A36, A37, A39, A40, A41,
A42, A47, A51, A56
20
A1, A4, A7, A10, A18, A28,
A34, A36, A42, A54
10
ERRAM OS PROCEDIMENTOS
A2, A6, A8, A17, A22, A23, A24, A25, A46, A52,
A57
11
A2, A5, A6, A8, A9, A13, A14, A17, A19, A22, A23,
A24, A25, A26, A30, A57
16
NÃO A DESENVOLVEM
_
0
_
0
INDICAM APENAS O RESULTADO E ACERTAM
A1, A10, A18, A38, A54
5
A39
1
NÃO RESOLVEM
A27
1
A27
1