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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE COMUNICAÇÃO ESTÉTICA E CULTURA DE MASSA 2012

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE … · A monstruosidade (ou o monstro) é a metáfora que usamos para referir o mal transposto para o reino estético, das sensibilidades e

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE COMUNICAÇÃO

ESTÉTICA E CULTURA DE MASSA

2012

Estética da Monstruosidade:

Pretendemosentender por qual motivo os monstros, representados

por nós e para nós, interferem em nossa cultura. Dualidade (e) X

Dualismo (ou);

• Viajamos ao passado cultural das maiores civilizações da

antiguidade ;

• Entender de onde veio o fascínio pelo horrendo, e que

acontecimentos deram vazão ao que estava escondido em nosso

inconsciente;

• Egito: lugar de seres híbridos; monstros antigos são idolatrados

como divindades, bons e maus simultaneamente;

• Mesopotâmia: rica cultura e seus intrigantes mitos reutilizados por

outras culturas, como a greco-romana;

• Grécia: pensaremos uma “Teratogonia” para demonstrar que os

monstros não surgem por acaso. Se os deuses são espelhos dos

homens; suas imagens e semelhanças, os monstros são criados para

explicar o desvirtuamento do caráter social.

Foco: a relação cultura,

mitologia e imaginário como formação da

monstruosidade.

Saber a razão que leva a cultura contemporânea a

reproduzir figuras monstruosas com novas

contextualizações e novas roupagens;

Em vista do retorno de figuras monstruosas que

assomam a mídia, surge a necessidade de análise e

comparação do contexto atual do tema com

representações anteriores.

Definir as características recorrentes entre uma civilização e outra para conceber um estudo da monstruosidade através de culturas midiáticas contemporâneas.

Investigar as representações da monstruosidade a partir de dois âmbitos: estético e mitológico, buscando problematizar a construção das imagens monstruosas que promovam a desconstrução de fronteiras entre sagrado e profano, o belo e o feio, o bem e o mal, a ordem e a desordem.

A reunião dos vestígios, histórias e teorias (do imaginário,

da mídia, da estética e da complexidade) costuram o que

pretendemos como organização teórico-metodológica para

entendermos como nos representamos em vários meios

midiáticos (fotografia, televisão, cinema, revistas, sistemas

eletrônicos interativos e aparelhos para produção de

realidade e relacionamento virtual).

Convite à Monstruosidade

“Só se pode estudar aquilo com que primeiro se

sonhou”. (Gaston Bachelard)

O que é o monstro?

Monstros são aqueles seres que pretendem provocar a sensação de

desconforto, medo, sentimento que proporciona um estado de alerta,

“uma relação de estranheza entre nós e o mundo que nos cerca” (JEHA,

2007, p. 07).

Simbolizam nossos “ritos de passagem”, símbolo de ressurreição. “O

monstro está presente para provocar ao esforço, à dominação do medo,

ao heroísmo” (CHEVALIER, GHEERBRANT, 2007, p. 615). O monstro

como a imagem de um certo eu que é preciso ser vencido para

desenvolver um eu superior.

Para José Gil, em “Monstros”(2006) etimologia da palavra “monstro”

tem uma relação com o olhar. Para o lingüista estruturalista francês

Émile Beneviste (1902-1976) a etimologia de monstrum tem a ver com o

sentido de moneo (advertir). O monstro é um conselho, uma

“advertência” divina dada pelos deuses (1969, p. 257 apud GIL, 2006,

p.73).

O que é o monstro?

Assim, em geral, qualquer coisa estranha, incomum, extraordinário,

singular, maravilhosa, um prodígio maravilhoso, é nomeado

“monstro/monstruosidade”. Os monstros são raramente vistos e isso

os torna seres extraordinários. Mas quando alguém diz ver um

monstro, este se torna um “laço de comunicação social particular”

(GIL, 2006, p.74), uma diferença feita carne. A monstruosidade (ou o monstro) é a metáfora que usamos para referir

o mal transposto para o reino estético, das sensibilidades e emoções.

Os homens precisam de monstros para se tornarem mais humanos,

para pensar sua própria humanidade.

Os monstros são as representações dos nossos medos e perigos

presentes na experiência humana.

Nosso medo noturno de monstros, provavelmente tem suas origens nos

princípios da evolução de nossos ancestrais primatas, cujas tribos foram

desbastadas por horrores cujas sombras continuam a elicitar nossos

gritos de macacos em teatros escuros. (SHEPARD, 1997, p. 275 apud

QUAMMEN, 2007, p. 238).

Demônio PAZUZU, 2007

(Fonte: http://www.louvre.fr/oeuvre-notices/statuette-inscrite-du-demon-pazuzu) ).

“O Exorcista” (The Exorcist, William Friedkin,

1973, Estados Unidos, 122 mim, 00:10:00)

A onipresença do monstro na Antiguidade Clássica

“eu sou um enigma para a esfinge e, no entanto não a devorei. Decifra-me, disse eu à

esfinge. E esta ficou muda” (Clarice Lispector). Enfrentar monstros é superar medos. É

enfrentar a esfinge e deixá-la muda. Os medos representados em todos os tempos e em

todas as culturas são arquetípicos, “são experiências universais básicas que determinam

a vivência e o comportamento do indivíduo, tanto no presente como no futuro”.

3.1 De daemons e raças

Os daemons (daemonae) gregos eram os invisíveis seres divinos que foram distribuídos

por Zeus, para cada deus e todo ser humano importante, tornando-se uma espécie de

criatura guardiã responsável por dar bons conselhos e guiá-los (deuses e humanos)

adequadamente. “Os daemons poderiam aparecer como um belo rapaz ou uma sábia

serpente” (MASON, 1999, p.19, tradução nossa). Era por meio do daemon que a

comunicação entre deuses e mortais era possível. “É o daemon quem conduz as preces

humanas até os deuses e a vontade dos deuses até os mortais” (natureza mercurial do

daemon) (MACK, 2010, p.32).

1) Raça de Ouro- Homens virtuosos que morrem e viram daímones (gênios bons). 2)

Raça de prata- Hybris, seres impuros, daímones hipctônicos. 3) Raça de bronze-

bélicos, mortos anônimos. 4 )Raça de heróis- semideuses. 5 )Raça de ferro- recebem de

Pandora o bem misturado ao mal.

William-Adolphe BOUGUEREAU (1825-1905): O remorso de Orestes, 1862. (Fonte: http://www.chrysler.orgonte: http://www.chrysler.org)

ALETO: castiga delitos morais. Não

deixa dormir em paz. Espalha pestes

e maldições

MEGERA: grita as faltas cometidas

initerruptamente.

TISÍFONE:vingadora

dos assassinatos

(matricídio). Açoita os

culpados,

enlouquecendo-os

3.2 De feios e de monstros a Grécia antiga está repleta..............................54 ANEXO 5- Junito BRANDÃO (1924-1995): A primeira geração divina, 1996 (Fonte: Mitologia Grega, 1996, p. 21).

William BLAKE (1757–1827) : Cerberus, 1824-1827

(Fonte: http://www.ngv.vic.gov.au/col/work/26889).

Tenham uma ótima tarde...