25
1 UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS MULTIDISCIPLINARES CEAM/UNB NÚCLEO DE ESTUDOS DE SAÚDE PÚBLICA NESP/UNB Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT no Sistema Único de Saúde Brasília/DF Novembro de 2013

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB CENTRO DE ESTUDOS … · Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT ... A CNDSS, fortemente inspirada pelo

  • Upload
    donhi

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB CENTRO DE ESTUDOS … · Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT ... A CNDSS, fortemente inspirada pelo

1

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UNB

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS MULTIDISCIPLINARES – CEAM/UNB

NÚCLEO DE ESTUDOS DE SAÚDE PÚBLICA – NESP/UNB

Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT

no Sistema Único de Saúde

Brasília/DF

Novembro de 2013

Page 2: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB CENTRO DE ESTUDOS … · Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT ... A CNDSS, fortemente inspirada pelo

2

RESUMO

Trata-se de uma análise do acesso e da qualidade da atenção integral à saúde da

população de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis no Sistema Único de

Saúde. Para tanto, faz-se necessário o mapeamento das dimensões do acesso da

população lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais nos serviços de atenção

básica, média e alta complexidade, na perspectiva dos usuários, profissionais e gestores;

a identificação e apreensão das dimensões da qualidade da atenção integral nos serviços

de atenção básica, média e alta complexidade, na perspectiva dos usuários, profissionais

e gestores; comparação dos elementos das dimensões do acesso e da qualidade

identificados com as ações preconizadas pela Política Nacional de Saúde Integral

LGBT; e a identificação das estratégias e das redes para a atenção à saúde acessadas

pela população LGBT. É uma pesquisa de natureza qualitativa, por entender que a

mesma circulará entre diversos movimentos e processos sócio-politico-histórico entre os

sujeitos do estudo. Será utilizada a triangulação de técnicas de coleta de dados, uma vez

que há diferentes sujeitos envolvidos no estudo e com isso é possível ampliar e

aprofundar as informações referentes ao objeto desta pesquisa, de modo a se ter maior

aproximação da realidade. Serão sujeitos da pesquisa a população LGBT, gestores

locais/municipais, gerentes das Unidades Básicas de Saúde, com foco nas Unidades

Básicas que operam na lógica organizativa da Estratégia Saúde da Família. O estudo

será de abrangência nacional que contemple as cinco regiões: no Norte, Pará: Belém,

Santarém; Amapá: Macapá; Acre: Rio Branco. No Nordeste, Bahia: Salvador, Feira de

Santana, Vitória da Conquista; Pernambuco: Recife; Paraíba: João Pessoa; Ceará:

Fortaleza e Juazeiro do Norte; Piauí: Teresina, Picos. No Centro-Oeste, Mato Grosso do

Sul: Campo Grande. Distrito Federal: Brasília; Ceilândia; Taguatinga; Sobradinho.

Goiás: Goiânia. No Sudeste, Rio de Janeiro: Rio de Janeiro; São Paulo: São Paulo e São

José do Rio Preto; Minas Gerais: Belo Horizonte e Uberlândia; Espírito Santo: Vitória.

No Sul, Paraná: Curitiba e Maringá; Rio Grande do Sul: Porto Alegre. A coleta dos

dados para esta pesquisa será realizada por meio de questionário eletrônico, entrevistas

individuais semiestruturadas, a serem aplicadas com os gestores dos municípios,

gerentes das Unidades Básicas de Saúde, profissionais das equipes de Saúde da Família,

e ainda Grupos Focais com a População LGBT. A análise dos dados será mediada pelo

uso dos softwares NVivo9 e Qualiquantisoftware do Discurso do Sujeito Coletivo.

Page 3: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB CENTRO DE ESTUDOS … · Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT ... A CNDSS, fortemente inspirada pelo

3

Palavras-chave: Política LGBT; Redes Integradas; Acesso; Atenção Básica; Estratégia

Saúde da Família.

Hipótese:

A população de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis não dispõe de ações e

serviços de saúde de qualidade na rede do Sistema Único de Saúde.

Riscos:

Consideramos que a aplicação do questionário não oferece riscos importantes ao

participante, contudo, o você poderá sentir desconforto físico devido ao tempo que será

necessário para preencher o instrumento (aproximadamente 30 minutos) e

constrangimento devido ao teor pessoal de algumas questões.

Benefícios:

Serão beneficiados com este projeto de pesquisa a população de lésbicas, gays,

bissexuais, transexuais e travestis, os trabalhadores da Estratégia Saúde da Família e os

gestores do Sistema Único de Saúde, no âmbito da implantação e institucionalização da

Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e

Travestis. Seu benefício em participar desta pesquisa será de contribuir com a

construção de um melhor entendimento acerca das necessidades e recursos dos alunos

de graduação e pós-graduação das Instituições de Ensino Superior envolvidas, o que

poderá ser utilizado no planejamento e fomento de uma política de assistência

estudantil.

Desfecho primário (uma breve conclusão):

Ao seu final, pesquisa pretende ter identificadas as condições do acesso aos serviços de

saúde pela população de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis, nas

dimensões do acolhimento, da humanização e da qualidade dos serviços prestados a

essa população de forma a assegurar os seus direitos de cidadania no tocante às ações e

serviços de básicos de saúde no âmbito da Atenção Básica por meio da Estratégia Saúde

da Família em redes integradas.

Tamanho da amostra - quantos participantes da pesquisa:

Page 4: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB CENTRO DE ESTUDOS … · Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT ... A CNDSS, fortemente inspirada pelo

4

Serão pesquisados 27 municípios com a seguinte distribuição por região do país: no

Norte quatro; no Nordeste nove; cinco no Centro-Oeste; no Sudeste seis e no Sul, dois.

A estimativa é de 100 pessoas incluindo a população LGBT, profissionais de saúde e

gestores.

Page 5: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB CENTRO DE ESTUDOS … · Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT ... A CNDSS, fortemente inspirada pelo

5

INTRODUÇÃO

A discriminação por orientação sexual e por identidade de gênero incide na

determinação social da saúde ao desencadear processos de sofrimento, adoecimento e

morte prematura decorrentes do preconceito e do estigma social reservado às lésbicas,

gays, bissexuais, travestis e transexuais.

A Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais,

Transexuais e Travestis - LGBT representa os esforços das três esferas de governo e da

sociedade civil organizada na promoção, atenção e no cuidado em saúde, priorizando a

redução das desigualdades por orientação sexual e identidade de gênero, assim como o

combate à homofobia, lesbofobia e transfobia, e à discriminação nas instituições e

serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). É constituída por um conjunto de princípios

éticos e políticos expressos em uma marca que reconhece os efeitos perversos dos

processos de discriminação e de exclusão sobre a saúde. Suas diretrizes e objetivos

estão, portanto, voltados para a promoção da equidade em saúde. Além disso, é uma

política transversal, com gestão e execução compartilhadas entre as três esferas de

governo, que deverá atuar articulada às demais políticas do Ministério da Saúde.

Estão voltados, ainda, para mudanças na determinação social da saúde, com

vistas à redução das desigualdades relacionadas à saúde destes grupos sociais. A

Política reafirma o compromisso do SUS com a universalidade, a integralidade e com a

efetiva participação da comunidade e, por isso, contempla ações voltadas para a

promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, além do incentivo à

produção de conhecimentos e o fortalecimento da representação do segmento nas

instâncias de participação popular.

Um dos cenários fundamentais para as ações da Política é a rede de serviços do

SUS, organizada no sentido de materializar o disposto nos princípios do Sistema, no

geral, e no particular, da Estratégia Saúde da Família/Atenção Básica. Entretanto, os

desafios na reestruturação de serviços, rotinas e procedimentos na rede do SUS sob a

perspectiva de superação do preconceito e da discriminação requer, de cada sujeito, dos

coletivos sociais e das instituições, mudanças de valores baseadas no respeito às

diferenças, o que ainda se constitui uma lacuna.

Na perspectiva de identificar quais as possibilidades de implantar na rede SUS

uma nova lógica para a organização de ações e serviços na direção de valores como a

Page 6: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB CENTRO DE ESTUDOS … · Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT ... A CNDSS, fortemente inspirada pelo

6

inclusão e a integralidade do cuidado, proporcionando acesso e qualidade na relação do

usuário/cidadão/cidadão com o sistema, apresenta-se este Projeto de Pesquisa, que se

caracteriza como dispositivo com capacidade para analisar as estratégias utilizadas para

enfrentar estes determinantes (preconceito e discriminação) do ponto de vista dos

sujeitos envolvidos, isto é, a população LGBT, trabalhadores e gestores do SUS.

ANTECEDENTES

A inclusão social como tema da agenda política nas democracias modernas,

principalmente de países latino-americanos, onde as desigualdades se fazem presentes

de forma veemente no cotidiano das pessoas, tem suscitado movimentos, tanto de

instituições governamentais, como da sociedade civil, no sentido da formulação

participativa de políticas afirmativas.

O Art. 196 da Constituição Federal de 1988 define que “saúde é direito de

todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à

redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às

ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.

No Brasil, com o amadurecimento da democracia, vem se constituindo canais

de interlocução entre governo e os movimentos da sociedade civil, nos quais se incluem

os grupos social e historicamente excluídos como a população negra, do campo e da

floresta e grupos que emergem no processo de significação da cidadania, como o grupo

LGBT, ciganos e outros.

Foram instituídos órgãos como a Secretaria de Igualdade Racial, de Políticas

para Mulheres, de Direitos Humanos, como resposta institucional à plataforma

levantada no novo governo. No SUS, a Secretaria de Gestão Estratégia e Participativa

(SGEP) tem como responsabilidade a promoção da equidade em saúde de populações

socialmente vulneráveis.

Em 2003, o SUS promoveu a inclusão das lésbicas e mulheres bissexuais na

área técnica de Saúde da Mulher, com o objetivo de enfrentar as vulnerabilidades desses

segmentos, marcados pela invisibilidade em decorrência no que se refere aos serviços e

práticas de promoção e atenção à saúde.

Em 2004, foi instituído o Comitê Técnico de Saúde da População de Lésbicas,

Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis (LGTB), coordenado pelo Departamento de

Page 7: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB CENTRO DE ESTUDOS … · Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT ... A CNDSS, fortemente inspirada pelo

7

Apoio à Gestão Participativa (DAGEP), da SGEP, composto por representantes dos

coletivos LGBT e áreas técnicas do Ministério da Saúde, com a finalidade de promover

a equidade em saúde para LGBT, enfrentando as iniquidades em relação à

universalidade do acesso na oferta de ações e serviços de saúde no SUS e a

integralidade da atenção.

A instituição do “Brasil sem Homofobia – Programa de Combate à Violência e

à Discriminação contra GLTB e de Promoção da Cidadania Homossexual”, pela

Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, em 2004, com o

objetivo de combater todas as formas de preconceito e discriminação, por meio da

consolidação de políticas públicas para a promoção da cidadania da população GLBT,

foi considerado avanço impar na história dos direitos dos cidadãos e cidadãs

brasileiro(a)s.

Em março de 2006, o Presidente da República criou a Comissão Nacional sobre

Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS), seguindo recomendação da OMS, que

estabeleceu uma Comissão Global, um ano antes, em março de 2005.

A CNDSS, fortemente inspirada pelo Art. 196 da Constituição Federal, visa a

mobilizar a sociedade brasileira e o próprio Governo para entender e enfrentar de forma

mais efetiva as causas sociais das doenças e mortes que acometem a população, e

reforçar o que é socialmente benéfico para a saúde individual e coletiva.

Os Determinantes Sociais de Saúde são entendidos como fatores sociais,

econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam

a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população. Foram

priorizadas três linhas de pesquisa:

1) desigualdades sociais, regionais, étnico-raciais e de gênero da

morbimortalidade e dos fatores de risco;

2) desigualdade no acesso e qualidade dos serviços de saúde e intervenções

sociais; e

3) aspectos metodológicos dos estudos sobre os determinantes sociais da

saúde.

Nesse mesmo ano os coletivos LGBT tiveram assento no Conselho Nacional de

Saúde (CNS) como representação desse segmento, consolidando um importante avanço

no processo de democratização da saúde pública brasileira e no controle social no SUS.

Page 8: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB CENTRO DE ESTUDOS … · Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT ... A CNDSS, fortemente inspirada pelo

8

No plano institucional a publicação da Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde

reitera o direito ao atendimento humanizado e livre de discriminação por orientação

sexual e identidade de gênero, considerado importante instrumento legal na luta pela

efetivação do direito à saúde de LGBT.

A 13ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em novembro de 2007,

deliberou a inclusão das necessidades e especificidades decorrentes da orientação sexual

e identidade de gênero, por meio da implementação de uma política nacional de saúde

integral voltada para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, que

contemple: a garantia dos direitos sexuais e reprodutivos; o respeito ao direito à

intimidade e à individualidade; práticas de educação permanente em saúde e revisão dos

currículos escolares; incentivo à produção de pesquisas científicas, inovações

tecnológicas e compartilhamento dos avanços terapêuticos; protocolo de atenção contra

a violência; regulação não discriminatória da doação de sangue; e modificação nos

formulários, prontuários e sistemas de informação em saúde.

A partir destes marcos novos processos políticos e arranjos organizacionais

foram sendo introduzidos no SUS como a implementação do Plano Integrado de

Enfrentamento da Feminização da Epidemia de Aids e outras DST, contemplando ações

voltadas para as lésbicas, mulheres bissexuais e transexuais, o Plano Nacional de

Enfrentamento da Epidemia de Aids e das DST entre gays, outros Homens que fazem

Sexo com Homens (HSH) e Travestis e promoção da atenção à saúde das mulheres

lésbicas, bissexuais e transexuais como ação integrante da Política Nacional de Atenção

Integral à Saúde da Mulher.

Em 2008, o Ministério da Saúde lançou o Programa Mais Saúde: Direito de

Todos, considerado o PAC da Saúde, define diretrizes estratégicas que norteiam os

eixos de Intervenção, as medidas adotadas, as metas-síntese e os investimentos. O Eixo

I – Promoção da Saúde, apresenta a medida “1.11. Promover ações de enfrentamento

das iniqüidades e desigualdades em saúde (para grupos populacionais de negros,

quilombolas, GLBTT, ciganos, prostitutas, população em situação de rua, entre

outros)”, tendo como meta “Formar 5.000 lideranças de movimentos sociais sobre os

determinantes e o direito à saúde e implantar e apoiar 27 equipes estaduais em todos

municípios acima de 100 mil habitantes para o planejamento e a execução de ações de

enfrentamento de iniquidades”

Page 9: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB CENTRO DE ESTUDOS … · Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT ... A CNDSS, fortemente inspirada pelo

9

No processo preparatório para a I Conferência Nacional de Gays, Lésbicas,

Bissexuais, Travestis e Transexuais – GLBT – Direitos Humanos e Políticas Públicas: O

Caminho para Garantir a Cidadania de GLBT, realizada em junho de 2008, o Ministério

da Saúde apresentou um texto básico que esboçava os princípios da Política Nacional de

Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – LGBT. Em

seguida ocorre a publicação das Portarias GM nº 1707, de 18 de agosto de 2008, que

institui o Processo Transexualizador no âmbito do SUS a da Portaria SAS nº 457, de 19

de agosto de 2008, que aprova a regulamentação desse processo no âmbito do SUS.

Construído de forma compartilhada entre Ministério da Saúde e coletivos LGBT

o documento da Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais,

Travestis e Transexuais – LGBT e finalizado e encaminhado para consulta pública, no

período de 26 de junho a 30 de julho de 2008, hospedado na ferramenta de consulta do

DATASUS, publicizado no DOU por meio da Portaria nº GM 1279, de 25 de junho de

2008.

Em 2009, ocorre o I Seminário Nacional Diversidade de Sujeitos e Igualdade de

Direitos no SUS realizado pelo Ministério da Saúde, por meio do Departamento de

Apoio à Gestão Participativa, com a participação de gestores e trabalhadores da saúde e

movimentos sociais (Negros, Ciganos, População em Situação de Rua, População do

Campo e da Floresta, População de Religiões de Matriz Africana e LGBT). O objetivo

deste seminário foi promover redes de diálogos entre os movimentos, gestores da saúde,

dos direitos humanos e de promoção de igualdade racial e representantes de governos

federal, estaduais e municipais, para o fortalecimento da ética da solidariedade entre os

setores e atores sociais presentes com o fim de construir uma ação política estratégica

que reconheça a diversidade dos sujeitos, suas necessidades em saúde e a

responsabilização compartilhada entre governo e sociedade por ações de promoção da

equidade.

Validada pelas bases sociais a Política Nacional de Saúde Integral LGBT, é

aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde em 2009 e publicada por meio da Portaria

nº 2.836, de 01 de dezembro de 2011, foi assinada durante a 14ª Conferência Nacional

de Saúde. Nesse mesmo dia também foi assinada a Resolução CIT nº 02, de 06 de

dezembro de 2011, que aprova seu Plano Operativo junto à Comissão Intergestores

Tripartite (CIT). Este Plano, pactuado na CIT, em novembro de 2011, apresenta

estratégias para as gestões federal, estadual e municipal, no processo de enfrentamento

Page 10: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB CENTRO DE ESTUDOS … · Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT ... A CNDSS, fortemente inspirada pelo

10

das iniquidades e desigualdades em saúde desta população. Sua operacionalização se

norteia pela articulação intra e intersetorial e uma das ações previstas no Plano

Operativo, no Eixo 3 – Educação permanente e educação popular em saúde com

foco na população LGBT é o fomento ao desenvolvimento de pesquisas com foco nas

prioridades em saúde da população LGBT.

Diante deste contexto, nos dias 17 e 18 de setembro de 2012, o Departamento de

Apoio à Gestão Participativa/SGEP/MS, em parceria com o Departamento de Ciência e

Tecnologia/SCTIE/MS, realizou a Oficina de Pesquisas em Saúde da população

LGBT e das populações do Campo e da Floresta. Esta Oficina teve como objetivo a

elaboração de linhas de pesquisa para projetos de pesquisa referentes ao tema da saúde

da população LGBT e das populações do campo e da floresta. Contou com a

participação de pesquisadores/as, gestores/as, lideranças dos movimentos sociais e

representantes do Comitê Técnico de Saúde Integral LGBT e Grupo da Terra.

Ao final da Oficina, foi definida a seguinte linha de pesquisa, no que se refere à

população LGBT: análise do acesso e da qualidade da atenção integral à saúde da

população LGBT no SUS.

À linha de pesquisa, foram incorporadas as seguintes recomendações: realizar

estudo multicêntrico de abrangência nacional que contemple as cinco regiões (PA, AP,

BA,PE, PB,CE, MS,DF, GO, PR, RS, RJ, SP E MG); a pesquisa deve englobar

unidades básicas de saúde, ambulatórios e serviços habilitados e serviços de urgência e

emergência; perfil que contemple informações de gênero, orientação sexual, identidade

de gênero, raça/cor, geração, classe, religião, deficiência e origem; a pesquisa deve

abranger profissionais de saúde, usuários e usuárias do SUS; acompanhamento da

pesquisa e realização de seminário final para a devolutiva dos resultados com

participação de gestores (as), representantes de movimento social, representantes de

comitês nacional e estaduais da política LGBT e Conselhos de Saúde; publicação

(cartilha, relatório, etc.) para divulgação dos resultados da pesquisa.

JUSTIFICATIVA

Em países de dimensões continentais como o Brasil que apresenta diferenças e

desigualdades regionais, culturais, econômicas e sociais promover a equidade mostra-se

um constante desafio em decorrência da existência de grupos sociais invisíveis às ações

Page 11: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB CENTRO DE ESTUDOS … · Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT ... A CNDSS, fortemente inspirada pelo

11

das políticas sociais, que permanecem excluídos em função de sua condição sócio-

geográfica, étnica, orientação sexual e identidade de gênero.

A promoção da equidade em saúde como política pública introduz a diferença no

interior da igualdade e universalidade conquistadas pela cidadania, implica o

compromisso com uma terceira geração de direitos, direitos culturais que se

caracterizam por serem direitos de definição difusa, de base coletiva e grupal,

apresentam a solidariedade, a tolerância e a confiança como princípios fundamentais e

necessitam serem discutidos e compreendidos pela sociedade para serem reconhecidos

como direitos.

A complexidade da situação de saúde do grupo LGBT e, especialmente, diante

das evidências que a orientação sexual e a identidade de gênero têm na determinação

social da saúde, impõe a construção de interfaces nas quais pode ocorrer ações

integradas para a promoção da inclusão social nas quais o acesso e a qualidade dos

serviços de saúde contribuem para o enfrentamento das iniquidades.

A condição de LGBT incorre em modos de viver construídos, às vezes como

estratégia de sobrevivência, às vezes como resistência e afirmação do ser, que se

caracterizam como práticas corporais, comportamentais e sexuais que possuem alguma

relação com o grau de vulnerabilidade destas pessoas, incluindo desde uso

indiscriminado de silicone, hormônios, artefatos eróticos contaminados, passando por

drogadição e mortes por causas externas.

Esta pesquisa procura identificar elementos se fazem presentes no maior e mais

profundo sofrimento que é decorrente da discriminação e preconceito a respeito desses

modos de viver construídos à margem. Como essas pessoas, cidadãos e cidadãs

promovem e produzem sua saúde e como os serviços de saúde da rede SUS integram

este processo. Interessa aqui não somente compreender o acesso como a entrada do

indivíduo no sistema, mas como estes modos de viver são percebidos, acolhidos pelos

profissionais de saúde e se expressam em práticas de saúde dialogadas, respeitosas e

singulares.

Conhecer por um lado as estratégias que essa população elabora e por outro lado

as possibilidades de respostas dos serviços justificam-se, no contexto de

operacionalização de uma política no âmbito da saúde, por contribuir com elementos

fundamentais para a construção dos Mapas de Saúde, tal como enunciado no Decreto

7508 de 2011 e da viabilidade de ações que sejam incorporadas ao cotidiano dos

Page 12: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB CENTRO DE ESTUDOS … · Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT ... A CNDSS, fortemente inspirada pelo

12

serviços de saúde, assumidos pela gestão como dever do Estado e validados pela

sociedade civil como direitos culturais legítimos numa sociedade democrata.

Este estudo também contribui para que a Política de Saúde Integral LGBT

articule um conjunto de ações e programas, produzindo medidas concretas a serem

implementadas, em todas as esferas de gestão do SUS, particularmente nas Secretarias

Estaduais e Municipais de Saúde, gerando informações para que a gestão fundamente as

ações a serem implementadas na forma de políticas e programas e para o exercício do

controle social pelas instâncias institucionalizadas e pela sociedade.

OBJETIVO GERAL

Analisar o acesso e da qualidade da atenção integral à saúde da população de Lésbicas,

Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis (LGBT) no Sistema Único de Saúde (SUS).

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Mapear as dimensões do acesso da população lésbicas, gays, bissexuais,

travestis e transexuais-LGBT nos serviços de atenção básica, média e alta

complexidade, na perspectiva dos usuários, profissionais e gestores.

2. Identificar e apreender as dimensões da qualidade da atenção integral nos

serviços de atenção básica, média e alta complexidade, na perspectiva dos

usuários, profissionais e gestores.

3. Comparar os elementos das dimensões do acesso e da qualidade

identificados com as ações preconizadas pela Política Nacional de Saúde

Integral LGBT.

4. Identificar as estratégias e as redes para a atenção à saúde acessadas pela

população LGBT.

METODOLOGIA

Esta pesquisa tem por objeto o acesso e a qualidade da atenção integral prestada

a população Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), no âmbito do

Sistema Único de Saúde (SUS). Assume-se que esta é uma pesquisa de natureza

Page 13: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB CENTRO DE ESTUDOS … · Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT ... A CNDSS, fortemente inspirada pelo

13

qualitativa, por entender que a mesma circulará entre diversos movimentos e processos

sócio-politico-histórico entre os sujeitos do estudo. Ou seja, os sujeitos dão significado

a suas ações e construções, dentro de uma racionalidade presente nas ações humanas, no

caso, as relacionadas ao processo saúde-doença-cuidado. Para Minayo (2013), na

pesquisa social existe uma identidade entre sujeito e objeto, revelando um substrato

comum de identidade com o investigador, tornando sujeitos e pesquisador imbricados e

comprometidos numa mesma ciência. Além disso, assume-se a não neutralidade diante

da implicação da visão de mundo do pesquisador em todo processo de conhecimento.

Diante da realidade social observada a abordagem qualitativa permite uma aproximação

à existência humana, ainda que de forma incompleta, por meio de instrumentos e teorias

que demonstrem o desafio do conhecimento.

No tocante as escolhas de técnicas e instrumentos de coleta dos dados será

utilizada a triangulação de técnicas de coleta de dados, uma vez que há diferentes

sujeitos envolvidos no estudo e com isso é possível ampliar e aprofundar as informações

referentes ao objeto desta pesquisa, de modo a se ter maior aproximação da realidade.

Segundo Minayo (1993), a abordagem qualitativa realiza uma aproximação fundamental

e de intimidade entre sujeito e objeto, uma vez que ambos são de naturezas próximas.

Esta pesquisa busca estudar em diferentes municípios brasileiros a população

LGBT, considerando o objetivo de análise do acesso e da qualidade da atenção integral

à saúde da população LGBT no SUS. Neste sentido, compreender o acesso aos serviços

de saúde e sua qualidade segundo Sousa (2007) é uma “tarefa” de dimensões

complexas, sobretudo quando se colocam questões de natureza subjetiva do tipo

“afetivo”, em ambiência culturalmente instituída por uma outra racionalidade técnico-

organizativo. A principal razão é que cada um destes processos corresponde a um

modelo explicativo distinto, portanto o(s) conceito(s) tomam diversos sentidos, logo a

dimensão de análise de entrada nos serviços de saúde (porta de entrada), e uso desses

serviços podem ser uma medida de acesso, mas não se explica apenas por eles mesmos.

Nesse sentido, o pesquisador tem pouco controle sobre os acontecimentos,

focando-se em fenômenos contemporâneos que estão inseridos em algum contexto da

vida real. A pesquisa qualitativa permite ao pesquisador lidar com uma ampla variedade

de evidências, colhidas por diversas técnicas e instrumentos tais como questionário,

entrevistas e Grupos Focais, com os dados precisando convergir em um formato de

triângulo, beneficiando-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para

Page 14: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB CENTRO DE ESTUDOS … · Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT ... A CNDSS, fortemente inspirada pelo

14

conduzir a coleta e a análise dos dados, optou-se por utilizar este desenho metodológico

para abordar o objeto desta pesquisa.

Serão sujeitos da pesquisa: a população LGBT, gestores locais/municipais,

gerentes das Unidades Básicas de Saúde, com foco nas Unidades Básicas que operam na

lógica organizativa da Estratégia Saúde da Família.

Os critérios de seleção dos estados/municípios foram os seguintes: (a)

municípios que tenham a política de LGBT implementada; (b) municípios acima de 50

mil habitantes; (c) equipe das Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF) completa

com cadastro atualizado no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Saúde – SCNES; (d) equipe da UBSF que há pelo menos um ano conta com a mesma

composição de trabalhadores.

O estudo será de abrangência nacional que contemple as cinco regiões: no Norte,

Pará: Belém, Santarém; Amapá: Macapá; Acre: Rio Branco. No Nordeste, Bahia:

Salvador, Feira de Santana, Vitória da Conquista; Pernambuco: Recife; Paraíba: João

Pessoa; Ceará: Fortaleza e Juazeiro do Norte; Piauí: Teresina, Picos. No Centro-Oeste,

Mato Grosso do Sul: Campo Grande. Distrito Federal: Brasília; Ceilândia; Taguatinga;

Sobradinho. Goiás: Goiânia. No Sudeste, Rio de Janeiro: Rio de Janeiro; São Paulo: São

Paulo, e São José do Rio Preto; Minas Gerais: Belo Horizonte, Uberlândia; Espírito

Santo: Vitória. No Sul, Paraná: Curitiba e Maringá; Rio Grande do Sul: Porto Alegre.

A coleta dos dados para esta pesquisa será realizada por meio de questionário

eletrônico a ser desenvolvido pelo Centro de Tecnologias Educacionais Interativas em

Saúde (CENTEIAS), com questões dirigidas aos gestores do SUS (vide Apêndice I).

Complementarão o estudo de campo com o uso

Entrevistas individuais semiestruturadas, a serem aplicadas com os gestores dos

municípios, gerentes das Unidades Básicas de Saúde, profissionais das equipes de

Saúde da Família (vide Apêndice II). A pesquisa deve englobar unidades básicas de

saúde, ambulatórios e serviços habilitados/credenciados (Hospital de Clínicas de Porto

Alegre – Porto Alegre/RS; HUPE Hospital Universitário Pedro Ernesto – Rio de

Janeiro/RJ; Fundação Faculdade de Medicina HCFMUSP Inst. de Psiquiatria –

Fundação Faculdade de Medicina MECPAS – São Paulo/SP; Hospital das Clínicas da

Universidade Federal de Goiás – Goiânia/GO) e de referência (Ambulatório para

Travestis e Transexuais da Universidade Federal de Uberlândia – UFU/MG e

Ambulatório para Travestis e Transexuais do CRT DST/Aids de São Paulo/SP). A

Page 15: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB CENTRO DE ESTUDOS … · Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT ... A CNDSS, fortemente inspirada pelo

15

pesquisa deve também considerar ambientes de convivência social da população LGBT:

Centros de referência LGBT e espaços sociais. Perfil que contemple informações de

gênero, orientação sexual, identidade de gênero, raça/cor, geração, classe, religião,

deficiência, origem, escolaridade, renda e ocupação. A pesquisa deve abranger

profissionais de saúde (equipe multiprofissional e ACS/ESF), usuários e usuárias do

SUS (incluindo municípios do interior e da capital)

Serão realizados ainda Grupos Focais (GF) com a População LGBT (Apêndice

III) com roteiro próprio por grupo de população, onde as discussões devem ser

registradas em meio eletrônico e, posteriormente, transcritas. Cada grupo contará com

uma participação média de seis sujeitos. As sessões do GF serão realizadas nos

municípios a serem pesquisados, moderadas e observadas pelos pesquisadores e/ou

auxiliares de pesquisa, num tempo médio de duas horas duração. A análise dos dados

será mediada pelo uso dos softwares NVivo9 e Qualiquantisoftware do Discurso do

Sujeito Coletivo (DSC). Todos os instrumentos serão submetidos ao Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). (Apêndice IV).

MARCO TEÓRICO

ATENÇÃO BÁSICA/ESTRATEGIA SAÚDE DA FAMILIA

Para distinguir a concepção seletiva da Atenção Primaria à Saúde, o Brasil

passou a utilizar o termo “Atenção Básica de Saúde”, definida como ações individuais e

coletivas, situadas no primeiro nível de atenção, para promover e proteger a saúde,

prevenir doenças e agravos, efetuar tratamento e reabilitação de acordo com as

necessidades da família e da comunidade (BRASIL, 2011).

O Programa Saúde da Família (PSF) surge como uma potencial estratégia á

mudanças do Modelo de Atenção á Saúde, contribuindo nos processos de reestruturação

e reorganização das ações e serviços de saúde, no âmbito do SUS, ampliando as

possibilidades dos sujeitos serem mais participativos e autônomos. Com isso, almejando

fortalecer os papéis e as práticas dos gestores, trabalhadores e usuários no cotidiano dos

seus processos de trabalho, instituindo vínculos entre os profissionais/equipes e os

indivíduos, família e comunidade.

Page 16: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB CENTRO DE ESTUDOS … · Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT ... A CNDSS, fortemente inspirada pelo

16

A respectiva dinâmica constrói-se a partir de problemas identificados na

população mais vulnerável ao risco de adoecer e morrer, e, sobretudo, num determinado

espaço político e geográfico, onde as relações cotidianas entre os atores sociais

estabelecem verdadeiros pactos para intervir na realidade e desenvolver projetos e ações

estratégicas e integradas à promoção do acesso à saúde, no seu sentido mais amplo.

Starfield (2002) sugere novas formas de organização da Atenção Primária à

Saúde (APS) com pactos entre diversos setores da sociedade na operacionalização das

ações intersetoriais com vistas à promoção da saúde, sublinhando a necessidade dos

esforços que vão além da atuação específica dos profissionais de saúde e gestores, com

responsabilização do autocuidado pelas próprias pessoas, famílias e comunidade na

construção da saúde, bem-estar e qualidade de vida. Portanto, o desenvolvimento da

Atenção Primária à Saúde está interrelacionado às discussões e à assimilação do

conceito ampliado de saúde entre os vários atores e setores do campo da saúde pública.

A Estratégia Saúde da Família alia os princípios do SUS aos pressupostos da

Atenção Primária à Saúde, definidos por Starfield (2002) como o primeiro contato,

longitudinalidade, abrangência do cuidado, coordenação e orientação à família e

comunidade. Consideradas as necessidades e complexidades desses sujeitos, a

Estratégia enfatiza a promoção de atenção à saúde que, para Connil et al (2007), busca

romper a ideia de uma atenção simplificada e de baixo custo.

Além disso, Sousa (2001), com relação às diretrizes organizativas da Estratégia

Saúde da Família (ESF), identifica que estas têm potencialidade de promoção da

equidade, da justiça social e diminuição das iniquidades e, por isso, atuam como um dos

princípios do SUS, e que a integralidade “significa articulação, integração e

planejamento unificados e de atuação intersetorial, ideias que subsidiam o modelo do

PSF”.

ACESSO E ACESSIBILIDADE

Segundo Sousa (2007) 0s termos acesso e acessibilidade são usados por alguns

autores de forma indistintas e geralmente imprecisa. Entre eles Millman (1993) definiu

acesso como “o uso oportuno de serviços pessoais de saúde para alcançar os melhores

resultados possíveis em saúde”. Enquanto que Starfield (2002) diferencia o acesso de

acessibilidade. Acessibilidade segundo a autora refere-se a características da oferta, e o

Page 17: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB CENTRO DE ESTUDOS … · Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT ... A CNDSS, fortemente inspirada pelo

17

acesso é a forma como as pessoas percebem a acessibilidade. Por outro lado

Donabedian (2003) acrescenta ao conceito de acesso a ideia de não o restringir à entrada

nos serviços de saúde, trabalhando assim com acessibilidade na dimensão da oferta de

serviços relativo à capacidade de produzir serviços e de responder às necessidades de

saúde de uma determinada população.

Ainda segundo a autora, estes e outros autores, como Travassos e Martins (2004,

p.2), nos fazem ver que a terminologia usada para definir acesso é muito complexa, às

vezes confusa e imprecisa, indicando que seus referencias variam no tempo, espaço,

contextos e nos objetivos dirigidos por diferentes estudos. Por isto chamam atenção para

a importância das distinções entre acesso e uso de serviços de saúde, acesso e

continuidade do cuidado e acesso de efetividade dos cuidados prestados. A principal

razão é que cada um destes processos corresponde a um modelo explicativo distinto. O

uso de serviços pode ser uma medida de acesso, mas não se explica apenas por ele. A

despeito de o acesso ser um importante determinante do uso, o uso efetivo dos serviços

de saúde resulta de uma multiplicidade de fatores. Fatores individuais predisponentes,

fatores contextuais e relativos à qualidade do cuidado influenciam o uso e a efetividade

do cuidado.

Com isso, reconstrói o conceito de acesso como a inter-relação estabelecida

entre os indivíduos, famílias e comunidades, gestores e equipes do PSF permeada pelo

vínculo e pela corresponsabilidade, num exercício permanente de geração de

oportunidades e capacidades entre os sujeitos nos processos de cuidar da saúde-doença-

morte como expressões de respeito, autonomia e participação. (SOUSA, 2007, p. 35).

O conceito de acessibilidade surge a partir dos anos 60 em plena época do auge

do planejamento normativo e a tecnoburocracia sanitária e como conceito não possui

uma profundidade teórica importante já que sua utilização limitou-se preferentemente

aos cenários das práticas e com objetivo de medi-la. Os autores que se manifestaram

sobre a acessibilidade não expressam diferenças em suas definições, mais bem cada um

agrega matizes específicos a suas considerações.

Para começar a definir, temos um clássico, que é Barbara Starfield. Ela fala

sobre a diferença entre acesso e acessibilidade. Define acesso como a utilização

oportuna e adequada de serviços de saúde com o fim de chegar a melhores resultados na

própria saúde. (STARFIELD, 2004). Define acessibilidade como o que faz possível o

contato com os serviços de saúde. (STARFIELD, 2004). Então a acessibilidade é uma

Page 18: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB CENTRO DE ESTUDOS … · Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT ... A CNDSS, fortemente inspirada pelo

18

possibilidade de contato que se faz efetiva com o acesso mas que pode não se efetivar

pela presença de obstáculos.

Ela diz que os serviços tem que ter disponibilidade (sem isso o problema não

seria do acesso senão de injustiça ou inequidade), mas tendo disponibilidade não

teríamos que ter obstáculos. Starfield (2004) pega de Donabedian os diferentes

obstáculos possíveis e ele expressa principalmente dois: um que chama sócio-

organizativo e outro de acesso geográfico. Com o obstáculo sócio-organizativo refere-se

aos aspectos e caraterísticas dos recursos dos centros assistenciais que obstaculizam ou

facilitam o acesso à atenção. Ele incorpora dentro desta categoria os obstáculos

organizativos, o cobro das prestações dentro do serviço e os prejuízos sociais baseados

na idade, raça ou classe social. O acesso geográfico refere-se ao tempo para chegar aos

serviços e a distância requerida (DONABEDIAN, 1973).

Fica então com claridade que no conceito de acessibilidade articulam-se dois

atores: os cidadãos e os serviços de saúde e dentro deles os profissionais e os gestores

que gerando a disponibilidade, do que se trata é de aceder aos serviços e resolver os

problemas de saúde. A acessibilidade se constrói entre a oferta de serviços (que tem de

estar) e a população que os utiliza baseados em seu direito à saúde. Neste sentido trata-

se de uma definição relacional.

Outros autores tem definições (COMES et al, 2007) mas chegam a conclusões

similares. O problema são os obstáculos que, muitos deles chamam de barreiras e que

têm uma categorização diversa. Já vimos que Starfield, pegando a Donabedian, chama

de sócio-organizativos e de aceso geográfico, Comes et al, chama de barreiras

económicas, geográficas, simbólicas e administrativas, a OMS em um documento

refere-se as barreiras como: a discriminação, a acessibilidade física, a económica e o

aceso à informação (ONU, 2000).

Existe certo consenso então, em categorizar as barreiras como:

1. Acessibilidade econômica que implica a liberação de obstáculos de pagos por

atenção, medicamentos, estudos e gastos de transporte

2. Acessibilidade geográfica que se refere à possibilidade do acesso saltando as

barreiras que tem a ver com os tempos para chegar ao serviço e a disponibilidade

de meios de transporte ou a possibilidade de chegar sem barreiras geográficas no

meio.

Page 19: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB CENTRO DE ESTUDOS … · Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT ... A CNDSS, fortemente inspirada pelo

19

3. Acessibilidade organizativa: Tem que ver com a facilitação de horários para a

atenção e os recorridos dentro do sistema de saúde.

4. Acessibilidade simbólica: implica a possibilidade de uso dos serviços derivada

de atitudes originadas em construções simbólicas particulares dos sujeitos

(COMES et al, 2007).

QUALIDADE NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Em acordo com Nogueira (1994), a noção de serviço de saúde sustenta-se no

conceito mais amplo de serviço no capitalismo em geral e, cujo domínio relaciona-se a

utilidade imediata de consumo que um indivíduo queira usufruir, seja como

exterioridade (ao perceber a limpeza de um hospital) ou como usufruto pessoal (num

spa). Nesse contexto dos serviços em geral situa-se a prestação de serviços de saúde,

que se organiza como um ramo de atividade e que absorve grande parte de força de

trabalho no capitalismo.

O referido autor, aponta que dentre as transformações sofridas pela noção de

serviços, no capitalismo, os serviços de saúde, por um lado, podem ser observados

como atos tecnicamente orientados, que fazem uso de instrumentos e absorvem

materiais diversos. Atos empregados para uma transformação útil, mas como utilidade

mediatizada por atos parciais e por expectativas que nem sempre se realizam. Para ele,

"cada ato técnico [nos serviços de saúde] tem seu fim parcial e pode ter sua particular

transformação útil … mas a utilidade final (como expectativa do usuário) está separada

deles [dos atos parciais] pelo tempo e por um muro de subjetividades … o indivíduo

aparece como consumidor de cada um desses atos isolados" (NOGUEIRA, 1994. p. 77).

Por outro lado, o autor considera que a prestação de serviços de saúde tem como

marca registrada a cooperação no trabalho, cuja ótica organizacional impele à produção

(pelo menos aos moldes flexnerianos taylorista-fordista) uma multiplicidade incontida

de hierarquias funcionais e de categorias de agentes envolvidos no trabalho em saúde,

para se indagar em seguida o que acontecerá se os serviços de saúde abarcarem

definitivamente o compromisso com a qualidade? (NOGUEIRA, 1994, p. 79).

Mas então qual a natureza da qualidade requerida nos serviços de saúde que

sejam capazes de satisfazer o consumidor em geral e especificamente a população

usuária LGBT?

Page 20: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB CENTRO DE ESTUDOS … · Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT ... A CNDSS, fortemente inspirada pelo

20

Observando os atos do Ministério da Saúde, segundo exposição do segundo

seminário internacional sobre qualidade em saúde e segurança do paciente, realizado em

agosto de 2013, verifica-se a existência de várias iniciativas em direção a produção de

ações e serviços de saúde com qualidade e segurança para o usuário. No Brasil, segundo

dados apresentados, os anos 50-70 foram marcados pelas auditorias médicas, normas de

licenciamento de unidades de saúde, controle de infecções, etc. (http://proqualis.net,

2013).

Os 80-90, a questão da qualidade ganha outra relevância, mais voltada para a

produtividade e enxugamento de processos e formas de terceirização de atividades. São

criados dispositivos, tais como, a comissão nacional de qualidade e produtividade em

saúde, além de se estabelecerem diretrizes da estratégia de garantia de qualidade, na

medida da criação de indicadores de resultado, de programa de acreditação hospitalar,

etc. A ênfase se deu em torno da noção de qualidade total e melhoria contínua da

qualidade, da criação de diretrizes clínicas por sociedades médicas, do controle

comunitário. Estabeleceu-se um prêmio de qualidade e a acreditação pela ONA visando

a regulação da qualidade do cuidado e a segurança do paciente (http://proqualis.net,

2013).

Nos anos 2000 em diante, surgem iniciativas mais ousadas sob o ponto de vista

do olhar para as relações humanas nos processos de trabalho em saúde. Propostas como

o de humanização no SUS e da rede sentinela são exemplos. Mais recentemente o

PROQUALIS, o IDSUS, o PMAQ-AB, o Qualisus Rede, o Portal Saúde Baseada em

Evidências, a Rede Cegonha, o SOS Emergências, o Qualiss (divulgação e indicadores),

o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) etc, iniciativas pelas quais

pretende-se ampliar as forças em direção a qualidade do cuidado e segurança do

paciente no SUS (http://proqualis.net, 2013).

A princípio são políticas e programas do Governo Federal, de forma negocial,

mais ou menos articulados e amplos em termos de concepção técnica, ética e estética

sobre os sentidos de qualidade e os modos de funcionamento de sistemas de gestão da

qualidade nos sistemas e serviços de saúde e no SUS (http://proqualis.net, 2013).

Em que pese também, numa caracterização geral de programas universais, as

cegueiras institucionais em suas singularidades e particularidades, na realização e

desejos de qualidade expressos pelas formas de culturas locais, tais iniciativas do

Ministério da Saúde visam, de modo geral, dentre outros aspectos objetivos tais como:

Page 21: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB CENTRO DE ESTUDOS … · Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT ... A CNDSS, fortemente inspirada pelo

21

fortalecer o envolvimento do paciente e familiares nas ações de segurança nos serviços

de saúde. Ampliar o acesso da sociedade às informações relativas à segurança do

paciente. Produzir e difundir de forma sistematizada conhecimentos sobre segurança do

paciente. Fomentar a inclusão do tema segurança do paciente na formação de ensino

técnico, graduação e pós-graduação na área da saúde. Elaborar e apoiar a

implementação de protocolos, guias e manuais de segurança do paciente

(http://proqualis.net, 2013).

Continuando na linha de Nogueira (1994) e ampliando com noções sobre o

cuidado de si na filosofia de Foucault, compreende-se que para encontrar-se com uma

situação de qualidade nos serviços de saúde e com a população LGBT em especial, é

preciso revelar-se na heterogeneidade do processo de trabalho em saúde e nas diferenças

e diversidade entre trabalhadores e usuários no encontro das ações e serviços de saúde.

Neste sentido, pode-se apontar que:

O trabalho em serviços de saúde destaca-se por seu ato nos encontros,

envolvido em processos complexos, com raízes sociais concretas,

mediante o emprego das energias, destrezas, saberes, poderes e

pragmáticas de si de diversos trabalhadores e de usuários dos serviços e

cidadãs e cidadãos em situação de existência por mais e melhores

condições de vida e saúde, e especificamente na relação com a população

LGBT.

A noção de qualidade inscreve-se num conjunto de condições técnicas,

éticas e estéticas de gestão, de pedagogia e de infraestrutura do ato de

trabalho em saúde para atender a demandas sujeito-distinguidas.

Demandas como condição de realização da ação e mobilização de

recursos no enfrentamento de problemas de saúde da população LGBT.

Com isso explicita-se o modo de condução da ação, a distinção existente

e a marca da qualidade impressa. Resultado dos atos de saúde úteis para

seus beneficiários, seja individual e/ou coletivo, interno e externo a

organização do trabalho em serviços de saúde.

Reconhecer a natureza e o funcionamento das variadas formas de

processos de trabalho que se entrecruzam no espaço de um serviço de

saúde, mediado por expectativas de origem no saber, no poder e nas

práticas de si com o outro, entre grupos de trabalho em equipe, na

Page 22: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB CENTRO DE ESTUDOS … · Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT ... A CNDSS, fortemente inspirada pelo

22

colaboração, na relação singular de envolvimento entre usuário e

trabalhador de saúde.

Por fim, compreender a noção de qualidade pelos padrões e seu significados

adotados, de uso contido da ação e serviço público de saúde, na relação justa entre o

trabalhador do serviço, a gestão, os movimentos sociais e LGBT, usuários do SUS.

Acostado em Nogueira (1994), acredita-se que compreender as formas pelas quais o

juízo do justo é manejado, pelas normas pactuadas, as formas de respeito à diversidade e

intolerância ao preconceito, em meio às circunstâncias do particular ao cotidiano, é o

que valoriza o cidadão e o exercício apropriado para o desempenho contínuo da

qualidade.

Page 23: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB CENTRO DE ESTUDOS … · Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT ... A CNDSS, fortemente inspirada pelo

23

CRONOGRAMA

ATIVIDADES MÊS/ANO

Realização de oficina de trabalho para

alinhamento da pesquisa. Janeiro de 2014

Pesquisa formativa para ajuste dos

instrumentos: Formosa/GO 20 a 24 de Janeiro de 2014

I Oficina de Comunicação Científica: pacto

de autorias e estruturação do artigo

metodológico

Janeiro de 2014

Trabalho de campo (coleta de dados) em

João Pessoa/PB a partir do dia 10 de maio de 2014

Trabalho de campo (coleta de dados) demais

Estados Maio a Setembro de 2014

Análise de dados coletiva (construção de

uma matriz analítica e esqueleto do relatório) setembro/outubro de 2014

Análise dos dados outubro/novembro de 2014

Construção do Relatório (pacto da estrutura

do relatório) Dezembro de 2014

II Oficina de Comunicação Científica Janeiro de 2015

Comunicação dos resultados da pesquisa

(Video, livro, pôsteres, comunicação oral, 2015

Realização de Seminário para apresentação

dos resultados parciais e final do estudo. Abril de 2015

Page 24: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB CENTRO DE ESTUDOS … · Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT ... A CNDSS, fortemente inspirada pelo

24

REFERÊNCIAS

ADAY, L.A; ANDERSEN, R. A framework for the study of access to medical care.

Health Serv Res, [S.l. : s.n.] v.9, p.208-220, 1974.

ANDERSEN, R. Revisiting the behavioral model and access to medical care: does it

matter? J Health Soc Behav, v.36, p.1-10, 1995.

ASSIS, M.M. A. et al. Acesso aos serviços de saúde: uma possibilidade a ser construída

na prática. Ciência e Saúde Coletiva, v. 8, n.3, p. 815-823, 2003.

BRASIL. Ministério da Saúde. Aprova as normas e diretrizes do Programa de Agentes

Comunitários de Saúde e do Programa Saúde da Família. Portaria nº 1886, de 22 de

dezembro de 1997. Lex: Diário Oficial da União. 1997.

__________. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de

Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica. Ministério da Saúde, 2011.

__________. Portaria n. 2.836, de 01 de dezembro de 2011. Institui, no âmbito do

Sistema Único de Saúde (SUS), a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas,

Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (Política Nacional de Saúde Integral LGBT).

__________. Resolução nº 2, de 6 de dezembro de 2011. Estabelece estratégias e

ações que orientam o Plano Operativo da Política Nacional de Saúde Integral de

Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, no âmbito do Sistema Único de

Saúde (SUS).

COMES, Y. et al. El concepto de accesibilidad: La perspectiva relacional entre

población y servicios. XIV Anuario de investigaciones de la facultad de Psicología -

Agosto de 2007, Buenos Aires, agosto de 2007.

DONABEDIAN, A. An introduction to quality assurance in health care. Oxford

University Press. New York, 2003.

__________. Aspects of medical care administration. Harvard University Press.

Boston, 1973.

__________. Aspects of medicalcare administration, sepcifyng requieriments for

health care. Cambridge, MA, Harvard University Press 1973 pp. 419-473

MINAYO, M.C.S. e SANCHES, O. Quantitativo-qualitativo: oposição ou

complementaridade? Cad. Saúde Pública [online]. 1993, vol.9, n.3, p. 237-248.

Page 25: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB CENTRO DE ESTUDOS … · Análise do acesso e da qualidade da Atenção Integral à Saúde da população LGBT ... A CNDSS, fortemente inspirada pelo

25

MINAYO, M.C.S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 13. ed.

São Paulo: Hucitec, 2013.

NOVAES, H. M. D. Pesquisa em, sobre e para os serviços de saúde: panorama

internacional e questões para a pesquisa em saúde no Brasil. Caderno Saúde Pública,

2004, v.20 s.2, p.147-157.

__________. Avaliação de programas, serviços e tecnologias em saúde. Revista de

Saúde Pública, vol. 34, n. 5, 2000.

SOUSA, M. F. Saúde da Família e os Conceitos Necessários. In: Programa Saúde da

Família no Brasil. Análise da desigualdade no acesso à atenção básica.

Brasília, Editora do Departamento de Ciências da Informação e Documentação da

Universidade de Brasília, v.1, 2007. 250p.

STARFIELD, B. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços

e tecnologia. Brasília: UNESCO/MS, 2002.

STARFIELD, B: Accesibilidad y primer contacto: El “filtro”. Atención Primaria:

equilibrio entre necesidades de salud, servicios y tecnología. MASSON S.A.

Barcelona. 2004.

ONU. E/C. 12/2000/4 General Coments, Ginebra, 25 de abril al 12 de mayo de

2000. El derecho al disfrute del mas alto nivel posible de salud. Observación general

14/00. Disponível em: http://www.unhchr.ch/tbs/doc.nsf/(symbol)/E.C.12.2000.4.sp

Acessado em: 14/11/2013