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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA COMUNICAÇÃO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO JORNALISMO MAICON PAN WEBJORNALISMO ESPORTIVO E AS ESPECIFICIDADES DETERMINANTES DE SUA QUALIDADE: UM ESTUDO DE CASO DO BLOG PICCOLO ESPORTIVO CAXIAS DO SUL 2014

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA COMUNICAÇÃO

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO JORNALISMO

MAICON PAN

WEBJORNALISMO ESPORTIVO E AS ESPECIFICIDADES DETERMINANTES DE

SUA QUALIDADE: UM ESTUDO DE CASO DO BLOG PICCOLO ESPORTIVO

CAXIAS DO SUL

2014

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2

MAICON PAN

WEBJORNALISMO ESPORTIVO E AS ESPECIFICIDADES DETERMINANTES DE

SUA QUALIDADE: UM ESTUDO DE CASO DO BLOG PICCOLO ESPORTIVO

Trabalho de Conclusão do Curso de

Comunicação Social – Habilitação em

Jornalismo da Universidade de Caxias do Sul,

apresentado como requisito parcial para a

obtenção do título de Bacharel.

Orientadora: Profª. Dra. Marlene Branca Sólio

CAXIAS DO SUL

2014

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MAICON PAN

WEBJORNALISMO ESPORTIVO E AS ESPECIFICIDADES DETERMINANTES DE

SUA QUALIDADE: UM ESTUDO DE CASO DO BLOG PICCOLO ESPORTIVO

Trabalho de Conclusão do Curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo – da Universidade de Caxias do Sul, apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel.

Orientadora: Profª. Dra. Marlene Branca Sólio

Aprovado em ____ de _____ de 2014

Banca Examinadora _______________________________ Profª. Dra. Marlene Branca Sólio Universidade de Caxias do Sul – UCS _______________________________ Profª. Mestre Ana Laura Paraginski Universidade de Caxias do Sul – UCS _______________________________ Prof. Mestre Edson Luiz Corrêa Universidade de Caxias do Sul – UCS

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4

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus por ter me dado sabedoria e força para que

eu conseguisse terminar o curso de Jornalismo.

Agradeço aos meus pais, José e Élgide, que me apoiaram em todos os

momentos de dificuldade ao longo desta caminhada. Agradeço de modo especial a

minha mãe. Se não fosse pelo seu gesto de amor, hoje, eu não estaria aqui

finalizando esta longa etapa da minha vida.

Meus pais e meus irmãos Joel e Letícia estiveram sempre comigo. Com

palavras de incentivo me fortaleceram na hora mais difícil da minha vida. Tiveram

paciência, carinho, compreensão e muito amor.

Lembro com muita saudade da minha avó Santina, que rezou durante toda a

minha enfermidade. Ao lado de Deus me iluminou durante a minha caminhada

acadêmica e, principalmente, na construção desta monografia.

Agradeço à professora e orientadora Marlene Branca Sólio, que tanto me

apoiou durante todo esse processo. Agradeço a ela que, com muita paciência e

atenção, dedicou valioso tempo para me orientar neste trabalho. Quero expressar

meu reconhecimento e minha admiração pela sua competência profissional e minha

gratidão pela sua amizade, por ser uma profissional extremamente qualificada e pela

forma humana com que conduziu minha orientação.

Agradeço ao coordenador do curso de Jornalismo, professor Álvaro

Benevenuto Jr., e aos demais docentes do curso pelo convívio, pelo apoio e pela

compreensão.

Peço a Deus que abençoe a todas as pessoas que contribuíram para que eu

pudesse chegar até aqui, preenchendo seus caminhos com muita paz, amor, saúde

e prosperidade.

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5

A mudança começa na própria formação dos novos profissionais do jornalismo,

que passará pela capacidade multimídia: A verdadeira especialidade dos futuros

profissionais da informação será a capacidade de trabalho em todos eles,

selecionando e interpretando informação com a suficiente criatividade para dispor

agradavelmente essa informação.

Arturo Merayo Pérez

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6

RESUMO

Esta monografia se propõe a responder a seguinte questão norteadora: Que

especificidades determinam a qualidade no webjornalismo esportivo? O objetivo

geral deste trabalho é estudar as características específicas do webjornalismo

esportivo. Os objetivos específicos são: estudar os conceitos de jornalismo e

webjornalismo, buscando semelhanças e especificidades; estudar as características

norteadoras da narrativa na web; analisar o blog Piccolo Esportivo e o blog do

Nando, estudando suas narrativas, os modos de construção e cobertura esportiva.

As hipóteses que surgiram com a construção desta pesquisa foram: o webjornalismo

exige uma nova postura do jornalista; o jornalismo na web inaugura uma nova forma

de narrativa; e o webjornalismo permite explorar aspectos impensáveis na imprensa

tradicional para sua produção da informação. Para a construção desta monografia

desenvolvemos inicialmente uma pesquisa bibliográfica e, em seguida, com amparo

na pesquisa qualitativo-explicativa, usamos a análise de conteúdo para desenvolver

a técnica metodológica do estudo de caso do blog Piccolo Esportivo.

Palavras-chave: Jornalismo. Jornalismo Esportivo. Webjornalismo. Interfaces. Blog.

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7

ABSTRACT

The monographic study proposes to answer the following guiding question: what are

the specificities that determine the quality in the web journalism? The general

objective of this project is studying the specifics characteristics of the sporting online

journalism. The specifics objectives are: studying the concepts of journalism and web

journalism, searching for similarities and specificities; studying the guiding

characteristics of the narrative in the web; analyzing the blog Piccolo Esportivo and

the blog do Nando, studying their narratives and ways of construction and sports

coverage. The hypotheses that came over with the construction of this research

were: the web journalism requires a new narrative way, the online journalism starts a

new narrative way, the web journalism allows to explore unthinkable aspects of the

traditional media to produce information. To be able to develop this thesis, we start

with a bibliographic research and, after that, it is developed a quality and explanation

research. Also, it is used a content analysis to develop the methodology technic,

responsible to the study developed about the blog Piccolo Esportivo.

Keywords: Journalism. Sporting Journalism. Web journalism. Interface. Blog

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Print Screen do site LANCENET .............................................................. 51

Figura 2 – Print Screen das estatísticas do blog Piccolo Esportivo ........................... 82

Figura 3 – Print Screen da Fan Page do blog Piccolo Esportivo no Facebook ......... 83

Figura 4 – Print Screen da página inicial do blog do Nando ...................................... 84

Figura 5 – Print Screen da Coluna Toque de Bola do jornal Pioneiro ....................... 95

Figura 6 – Print Screen do YouTube com a participação no Frispit .......................... 98

Figura 7 – Print Screen da Coluna Show de Informações jornal O Florense ............ 99

Figura 8 – Print Screen dos 100 mil acessos ao blog Piccolo Esportivo ................. 102

Figura 9 – Print Screen da postagem com vídeo no blog do Nando ....................... 104

Figura 10 – Print Screen da postagem com pensamentos no blog do Nando ........ 105

Figura 11 – Print Screen dos comentários da matéria na Fan Page do Nando ...... 107

Figura 12 – Print Screen dos comentários da matéria publicada na Fan Page do

diretor do blog Piccolo Esportivo ............................................................................. 107

Figura 13 – Print Screen da Fan Page do Nando Gross ......................................... 108

Figura 14 – Print Screen dos comentários da matéria do blog do Nando ............... 113

Quadro 1 – Classificação dos blogs .......................................................................... 59

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9

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11

2 O CENÁRIO ONDE TUDO ACONTECE................................................................ 18

2.1 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO ........................................................................ 18

3 JORNALISMO ....................................................................................................... 23

3.1 A NARRATIVA NAS MÍDIAS TRADICIONAIS .................................................... 24

3.2 O QUE MUDA DE FATO NA NARRATIVA DA WEB? ........................................ 33

4 WEBJORNALISMO ............................................................................................... 37

4.1 HIPERTEXTUALIDADE ...................................................................................... 38

4.2 MULTIMIDIALIDADE ........................................................................................... 42

4.3 INTERATIVIDADE ............................................................................................... 43

4.4 INSTANTANEIDADE ........................................................................................... 43

4.5 MEMÓRIA ........................................................................................................... 44

4.6 ATUALIZAÇÃO CONTÍNUA ................................................................................ 45

4.7 PERSONALIZAÇÃO ........................................................................................... 46

4.8 JORNALISMO ESPORTIVO E A WEB ............................................................... 47

4.9 JORNALISMO ESPORTIVO NA WEB ................................................................ 49

5 SOBRE A INTERFACE.......................................................................................... 53

5.1 PORTAL .............................................................................................................. 55

5.2 SITE .................................................................................................................... 55

5.3 BLOG .................................................................................................................. 56

5.4 USABILIDADE ..................................................................................................... 60

5.4.1 Avaliação da usabilidade ............................................................................... 62

5.4.2 Teste da usabilidade ...................................................................................... 64

5.4.3 Objetivos dos testes da usabilidade............................................................. 64

5.4.4 Conclusões da usabilidade ........................................................................... 65

5.5 FUNCIONALIDADE ............................................................................................. 66

5.6 ACESSIBILIDADE ............................................................................................... 66

5.7 INTERATIVIDADE ............................................................................................... 68

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5.8 NAVEGABILIDADE ............................................................................................. 69

5.9 BANCO DE DADOS ............................................................................................ 69

6 METODOLOGIA .................................................................................................... 71

6.1 CIÊNCIA .............................................................................................................. 71

6.2 PARADIGMA ....................................................................................................... 72

6.3 PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................................... 73

6.3.1 Abordagem do problema ............................................................................... 74

6.3.2 Método analítico ............................................................................................. 77

6.3.3 Quanto ao objeto ............................................................................................ 78

6.4 MÉTODO ............................................................................................................. 79

6.4.1 Pesquisa bibliográfica ................................................................................... 79

6.5 TÉCNICAS METODOLÓGICAS .......................................................................... 80

6.5.1 Estudo de caso ............................................................................................... 80

6.5.2 Análise de conteúdo ...................................................................................... 85

7 ANÁLISE ................................................................................................................ 93

7.1 ANÁLISE DOS BLOGS SELECIONADOS ........................................................ 103

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 116

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 121

ANEXO 1 – Mapa geográfico de Nova Pádua......................................................... 129

ANEXO 2 – Site de procura Google ........................................................................ 130

ANEXO 3 – Plataformas para acessar o blog Piccolo Esportivo ............................. 131

ANEXO 4 – Twitter do diretor do blog Piccolo Esportivo ......................................... 132

ANEXO 5 – Projeto ................................................................................................. 133

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1 INTRODUÇÃO

Vivemos numa sociedade abarrotada de informações, em que as mudanças

tecnológicas são visíveis a cada dia e nos diferentes setores. Em maio de 2013, o

Brasil tinha 102 milhões de internautas.

Em junho de 2013, a revista Exame online fez um ranking das 20 empresas

mais valiosas, e o Google apareceu em segundo lugar com um faturamento de US$

113,7 bilhões. O crescimento do Google em relação a 2012 foi de 2%.

As pessoas enfrentam dificuldades para acompanhar as transformações e,

muitas vezes, este processo passa despercebido. Podemos chamar essa evolução

de sociedade da informação. (CASTELLS, 1999).

Uma dessas mudanças na vida do ser humano é a internet. A mesma surgiu

na Guerra Fria,1 e sua função era liderar as pesquisas de ciência e tecnologia que

seriam aplicadas às forças armadas. O principal objetivo era desenvolver projetos

em conjunto, sem enfrentar problemas com a distância física, nem o risco de se

perderem dados e informações de uma base destruída nos combates.

A internet foi concebida em 1969, quando o Advanced Research Projects Agency (Arpa – Agência de Pesquisa e Projetos Avançados), uma organização do Departamento de Defesa norte-americano focada na pesquisa de informações para o serviço militar, criou a Arpanet, rede nacional de computadores, que servia para garantir comunicação emergencial caso os Estados Unidos fossem atacados por outro país – principalmente a União Soviética. (FERRARI, 2003, p. 15).

Após permanecer duas décadas limitada ao meio acadêmico e científico, a

(Word Wide Web)2 passou a ser utilizada comercialmente nos Estados Unidos, em

1987. No Brasil, a exploração comercial da web iniciou em 1995.

No primeiro capítulo, procuramos descrever o cenário em que tudo acontece,

ou seja, a sociedade da informação, conforme os autores Gouveia e Gaio (2004);

Straubhaar e LaRose (2004) e Castells (2000).

1 A Guerra Fria foi uma disputa entre os dois países mais ricos do mundo, após o término da Segunda Guerra Mundial: Estados Unidos e a extinta União Soviética. É chamada assim, pois não houve um conflito direto, mas sim uma grande disputa armamentista. Além disso, os países "competiam" para ver qual deles possuía mais influência sobre as outras nações. A Guerra Fria terminou em 1991, quando a União Soviética se desintegrou. Disponível em: <http://guerrafria.info/>. Acesso em: 22 ago. 2013

2 Criada por um grupo de pesquisadores chefiados por Tim Berners Lee do CERN (Centre Européen

pour Recherche Nucleaire), a World Wide Web “WWW" permitia tirar e introduzir informação de e em qualquer computador ligado através da internet. A ideia era organizar os sítios da Internet por informação. (CASTELLS, 1999, p. 88).

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Para pesquisar o webjornalismo, é indispensável falar sobre os avanços da

internet e, por que não, da dependência que as pessoas criaram em relação à

mesma. Hoje, a internet possibilita navegar com facilidade e basta um clique para se

conectar com o mundo. Se, no início, ela era desconhecida, hoje não saberíamos

viver sem ela.

Achar o endereço de um restaurante sem ter que perguntar para ninguém, usar o telefone ou folhear a lista telefônica. Pesquisar o roteiro das próximas férias. Mandar flores para alguém a centenas de quilômetros de distância. Ficar feliz ao descobrir que sua restituição do imposto de renda já está disponível para saque na agência bancária. Ou, ainda, achar namorado ou namorada, bater papo e encontrar companhia para noites de insônia. Enfim, a abrangência de serviços oferecidos num portal consegue preencher e resolver grande parte das necessidades do homem moderno. (FERRARI, 2003, p. 78).

A web é uma maneira de acessar e compartilhar informação por meio da

internet. A web usa o protocolo HTTP,3 que é apenas uma das linguagens utilizadas

para transmitir informações, e serve-se de browsers,4 como a Internet Explorer, para

acessar as chamadas (home pages),5 que estão ligadas umas às outras, por meio

de hyperlinks.6 Os textos da web podem conter gráficos, sons, textos e vídeos.

Antes de entrarmos no webjornalismo propriamente dito, iniciaremos o

segundo capítulo conceituando jornalismo, com base nos autores Rüdiger (2003),

Lage (2002), Palácios (2003) e Traquina (2005).

Hoje, o jornalismo vive uma revolução devida à Era da Informação e do

Conhecimento, que exige uma série de novas transformações e adaptações aos

antigos meios de comunicação, ao mesmo tempo em que abre novas perspectivas

com o webjornalismo.

3 HTTP (Hyper Text Transfer Protocol): Protocolo de comunicação baseado no TCP/IP, desenvolvido para ser utilizado na WWW, o HTTP define como os clientes e servidores se comunicarão com a Web. (FERRARI, 2003, p. 99).

4 Browser: Programa utilizado para visualizar páginas da web. Em março de 2013, o Google Chrome, a Internet Explorer e o Firefox eram os três navegadores mais utilizados no mundo. Disponível em: <http://royal.pingdom.com/2013/03/21/browser-wars-2013/>. Acesso em: 8 fev. 2014.

5 Home pages: É a página incial. Está página precisa ser muito bem-planejada, pois – em alguns casos – cabe a ela encantar o usuário e atraí-lo a navegar pelas páginas internas do seu site. Disponível em: <http://www.intermidias.com.br/seo-otimizacao-de-sites/o-que-e-home-page-landing-pages/>. Acesso em: 23 ago. 2013.

6 Hiperlinks: Elementos básicos de hipertexto que oferecem um método de passar de um ponto do documento para outro ponto no mesmo documento ou em outro documento. (FERRARI, 2003, p. 99).

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No terceiro capítulo, conceituaremos webjornalismo e apresentaremos suas

características, de acordo com Ferrari (2003), Canavilhas (2001), Lévi (1999) e

Pinho (2003).

O webjornalismo,7 objeto de estudo desta monografia, despontou em meados

dos anos 70, com a criação da versão online8 do jornal The New York Times. Foi em

1994, com o San Jose Mercury News, que o acesso a conteúdos noticiosos tornou-

se mais frequente.

O primeiro site9 jornalístico brasileiro foi o do Jornal do Brasil, criado em maio

de 1995. O segundo foi a versão eletrônica do jornal O Globo. Já no ano 2000, a

inserção de Último Segundo na rede simbolizou a primeira produção digital

genuinamente brasileira.

Hoje, o webjornalismo é um dos modos de comunicação mais utilizados,

devido à sua rapidez e interatividade com os leitores. Todos os grandes jornais

dispõem de uma página na internet, mesmo que mantenham a publicação da

tradicional versão em papel.

“Como forma de jornalismo mais recente, o webjornalismo é a modalidade na

qual as novas tecnologias já não são consideradas apenas ferramentas, mas

elementos constitutivos dessa nova prática jornalística.” (BARBOSA; GRANADO,

2004, p. 2).

Um dos objetivos desta monografia é mostrar que o jornalista precisa ter uma

nova postura para trabalhar com webjornalismo.

O jornalismo on-line deve ser encarado pelo jornalista profissional como apenas mais um meio de comunicação, que, evidentemente, possui características próprias e, como consequência, implicações novas [...] Saber simplesmente “apertar botões” ou dar “cliques certos no mouse” não necessariamente produzirá um bom jornalismo. É o conhecimento que o viabilizará, embora não se possa descartar a informação técnica e a atualização permanente do profissional. (MIRANDA, 2004, p. 23).

7 Webjornalismo: O conceito de webjornalismo será discutido na página 38 desta monografia.

8 Online: Por oposição a off-line, online significa “estar em linha”, estar ligado em determinado momento à rede ou a outro computador. Para uma pessoa, na internet, “estar online”, é necessário que nesse momento esteja usando a internet e que ela tenha, portanto, efetuado o login em determinado computador da rede. (PINHO, 2003, p. 257).

9 Site: No mundo virtual, é um endereço cuja porta de entrada é sempre sua home page. (PINHO, 2003, p. 266).

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14

Uma das exigências e transformações do webjornalismo é a construção de

uma nova narrativa que, segundo Miranda (2004), produz informação online e em

tempo real, fornecendo notícias muito curtas cujo valor é a atualidade e não

necessariamente a precisão.10

Em sua coluna no site online Journalism Review, o jornalista Jerry Lanson

afirma que, na web, os visitantes controlam praticamente tudo. Como internauta,

cada leitor vai se consagrar como produtor de conteúdo e passa a ser o próprio

narrador. As histórias não começam e terminam simplesmente. Elas começam onde

o usuário quer começar e acabam onde ele termina de ler. (FERRARI, 2003, p. 75).

Neste contexto perde força a narrativa linear.

Ainda no terceiro capítulo, traremos o jornalismo esportivo na web,

fundamentado nos autores Machado (2003), Ward (2004) e Moherdaui (2007). A

linguagem do jornalismo tem sofrido grandes mudanças devido ao avanço

tecnológico. O jornalismo esportivo foi o segmento que mais sentiu de perto essa

brusca transformação.

Para Machado (2003), captar notícias para a web envolve questões similares

às de outras mídias, como ter em mente qual é o público-alvo, o alcance e o foco do

veículo (local, nacional, internacional).

No quarto capitulo, abordaremos a interface e suas características, uma vez

que plataformas com custo de execução e operacional, cada vez mais acessíveis,

computadores cada vez mais sofisticados e a disseminação do uso de tecnologias

permitem que haja sempre uma interface que media a interação. Além disso,

possibilitam a conexão das necessidades dos homens às funcionalidades das

máquinas.

Agner (2009) destaca a importância de organizar as informações de um site,

website, portal ou blog, de modo que os usuários possam encontrar o que querem e

atingir os seus objetivos com facilidade. Desse modo, ficarão satisfeitos e voltarão a

visitar a plataforma.

O quinto capítulo desta monografia é reservado à metodologia na qual

buscamos embasamento em Paviani (2009), Yin (2001) e Kuhn (2003). Para a

10

Quando se referem notícias curtas no webjornalismo, não se está falando da qualidade ou quantidade de informações, mas do processo de compartimentação das mesmas, em vários links que ficam dispostos em “camadas”, que podem dar a ilusão de tamanho reduzido. Sobre a questão da precisão, vamos discorrer na p. 42, quando abordaremos a evolução do webjornalismo nos últimos anos.

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construção deste trabalho, desenvolvemos inicialmente uma pesquisa bibliográfica e,

em seguida, com amparo na pesquisa qualitativa explicativa, usamos a análise de

conteúdo para desenvolver a técnica metodológica do estudo de caso. O método

está detalhado no quinto capítulo, a partir da página 73.

Por fim, no sexto capitulo, elaboramos o estudo sobre o tema webjornalismo,

com a análise dos blogs, e elaboramos um relato da história desta plataforma que

vem conquistando sua importância na internet.

O primeiro blog surgiu aproximadamente na segunda metade da década de

90, com Tim Berners-Lee – What’ s New?, que em português quer dizer: O que há

de novo? Em 1997, o termo weblog,11 foi definido como uma página da web, visto

que qualquer pessoa tinha a liberdade de colocar mensagens expondo outras

páginas interessantes encontradas na internet.

Os weblogs são ainda organizados em função do tempo, ou seja, com as últimas atualizações na parte superior do sítio e as mais antigas logo abaixo, organizadas de acordo com a data de publicação do bloco de texto, privilegiando a atualização mais recente, permitindo que o visitante saiba quando ou se o sítio fora atualizado. (SILVA, 2003, p. 21).

O termo foi alterado por Peter Merholz, que decidiu pronunciar wee-blog, o

que tornou inevitável o encurtamento para o termo definitivo blog. Em 1999, poucas

pessoas utilizavam essa ferramenta. A empresa blogger.com facilitou a publicação

de artigos com uma ligação muito simples, em que as pessoas podiam aprender e

desvendar todas as suas ferramentas.

Os blogs mais antigos não trabalhavam com longos textos. A principal característica dos primeiros blogs era a apresentação de apenas uma lista de links misturada com comentários. Depois, começaram a aparecer os textos de gosto pessoal, com aproximadamente quatro linhas de conteúdo. (ALETA, 2004, p. 16).

Os blogs eram atualizados várias vezes ao dia, com reflexões do próprio autor

sobre desporto, música, humor, política, animais, entre outros assuntos. Para

Santaella e Lemos (2010), ninguém pode mais duvidar de que estamos vivendo em

plena efervescência de um novo paradigma de formação sociocultural, que vem

recebendo tanto o nome de cultura digital quanto de cibercultura.

11

Weblog: Espécie de diário virtual via internet, denominação composta dos termos ingleses web = teia e log = relatório ou registro. Tão logo os weblogs se tornaram populares, começaram a ser utilizados como veículo noticioso. (PINHO, 2003, p. 257).

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16

Essa ferramenta chamada blog oferece a seus usuários a possibilidade de

comunicação imediata e de resposta em tempo real. Desse modo, os jornalistas

devem debruçar-se sobre esse novo canal de comunicação.

Nos últimos anos, observa-se uma enorme evolução na utilização dos blogs.

As empresas estão aderindo ao seu uso como ferramenta de comunicação,

relacionamento e fidelização dos seus clientes, à medida que postam notícias,

novidades, artigos e promoções, com o objetivo de deixar o público cada vez mais

atualizado e a empresa mais transparente.

Estudar as novas narrativas que começaram a surgir a partir dos blogs é um

dos objetivos desta pesquisa, que pretende mostrar como os blogs, com sua

vocação interativa, permitiram uma maior interação entre jornalistas/leitores, os

produtores de conteúdo. Realizar uma pesquisa sobre blogs, como forma de

contribuir com a construção e o aperfeiçoamento do blog Piccolo Esportivo é outro

dos objetivos traçados nesta monografia.

Os blogs proporcionam a discussão e o debate, bem como a troca de

informações entre autores e leitores, modificando a postura do jornalista, diferente

daquela presenciada em outros veículos de comunicação de massa, com os quais o

público acostumou-se a ver, ouvir e ler.

De acordo com Orduña (2007), os blogs são um novo meio que chegou para

cobrir algumas funções melhor do que outros meios tradicionais, o que, por sua vez,

gera novas funcionalidades. Assim, é objetivo desta pesquisa, também, estudar as

características específicas do webjornalismo no esporte e mostrar que o blog tem

importância destacada e vem ganhando espaço com os leitores.

Segundo o site Technorati, especializado em buscas em blogs, em abril de

2013 o Brasil contava com 35,3 milhões de blogs. A cada dia são criados, em média,

75 mil blogs. Em média, a cada segundo um novo blog é criado.

Em virtude da correria do dia a dia, as pessoas buscam informação na web. A

procura fica mais rápida quando encontram blogs que tratam de conteúdos

específicos. Assim acontece com o jornalismo esportivo. As pessoas acompanham

jogos, resultados do seu time por meio da web. Com o passar dos anos, as rádios,

TVs e os jornais impressos colocaram sua versão online na web, e o conteúdo

esportivo passou a ser acessado nos sites, em blogs, portais e aplicativos criados

pelos profissionais que trabalham na área esportiva.

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17

Assim, a partir dessas reflexões, fica a certeza de que o webjornalismo, tema

escolhido para esta monografia, é atual, relevante e indispensável, e a pesquisa está

fundamentada em questões que merecem ser aprofundadas.

A experiência desenvolvida com o Blog Piccolo Esportivo confirma o que

levantam alguns autores sobre o fato de os blogs servirem de espaço e vitrina para a

projeção de fatos, eventos e notícias locais que, de outra forma, não seriam

destacados pela imprensa tradicional. (CANAVILHAS, 2001).

As práticas do jornalismo feito na web modificam-se e se adaptam aos novos

modelos de narrativa da notícia, proporcionados pelo desenvolvimento tecnológico

trazido, principalmente, pelos softwares12 e por novas plataformas.13

Como veremos adiante, a Sociedade da Informação desenvolveu um cenário

que propiciou a criação de um novo modelo de fazer jornalismo. Esse novo modo,

cujas características e formas de operacionalidade vamos estudar adiante, traz para

o palco um novo ator: o blog, que, dada sua importância, justifica o estudo proposto.

12

Softwares: É a sequência de instruções escritas para serem interpretadas por um computador, com o objetivo de executar tarefas específicas. Disponível em: <http://www.significados.com.br/software/>. Acesso em: 11 set. 2013.

13

Plataforma: O hardware e o software do sistema que constituem a fundação básica de um sistema de computador. (PINHO, 2003, p. 259).

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18

2 O CENÁRIO ONDE TUDO ACONTECE

O mundo vive em constante evolução. Fatores, tais como: economia, política,

educação, ciência, tecnologia, dentre outros, influenciam essa evolução. Cada um

exerce influência sobre o outro. Basta analisar a História.

Para Vieira (2003), a web é o cenário em que as empresas, por meio de sites,

blogs, portais e aplicativos expõem a sua imagem à procura de clientes,

colaboradores, anunciantes e investidores. Ela é uma verdadeira vitrina para os

diversos segmentos de público.

A web brasileira acompanhou com atenção o surgimento de provedores de

acesso à rede. Os jornais, as revistas e demais meios de comunicação também

acompanharam o fenômeno de perto, inaugurando suas versões digitais. A prova

definitiva de que a internet havia chegado foi o início da interatividade que os

internautas passaram a ter com sites, blogs, portais e aplicativos, em busca das

informações desejadas.

Com a familiarização das pessoas com a internet, seu crescimento tanto no

Brasil quanto no Exterior tomou proporções cada vez maiores, a ponto de estar

disponível em celulares e com a possibilidade de navegar por meio da tecnologia 3G

e wi-fi, mesmo nos lugares mais distantes do planeta.

Os programas foram adaptados para o formato da internet, justamente para

"abraçar" toda a população, que está cada vez mais carente de informação e

entretenimento. Com a chegada da tecnologia 4G,14 que promete uma velocidade de

navegação maior, a tendência é que as pessoas acessem cada vez mais a internet

por meio de celulares, iPad, iPod e iPhone e tablets.

2.1 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

Nos dias de hoje, a sociedade está repleta de informação, e em constante

transformação. Muitas vezes, nem nos damos conta do processo de mudança, mas

percebemos as transformações no dia a dia.

14

4G: A tecnologia permite conexões à internet, por meio de dispositivos móveis, com velocidade superior às redes atuais. O 4G permitirá melhor acesso aos conteúdos multimídia, suportando vídeos em alta definição e videoconferências, por exemplo. Até o final de abril, seis das cidades-sede da Copa do Mundo 2014 já estavam com a tecnologia 4G implantada. Pelo cronograma da Anatel, até o final deste ano, todas as cidades-sede da copa já estarão com a tecnologia disponível. Estima-se que, até o final de 2017, todas as cidades com mais de 30 mil habitantes já tenham acesso ao 4G. Disponível em: <http://www.telebras.com.br/inst/?p=4734>. Acesso em: 6 jun. 2013.

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19

Como refere Gouveia (2004), o conceito de sociedade da informação surgiu

nos trabalhos de Alain Touraine (apud GOUVEIA; GAIO, 2004) e Daniel Bell (apud

GOUVEIA; GAIO, 2004) sobre as influências dos avanços tecnológicos nas relações

de poder, identificando a informação como ponto central da sociedade

contemporânea.

Para Gouveia e Gaio (2004), a sociedade da informação está baseada nas

tecnologias da informação e comunicação, que envolvem a aquisição, o

armazenamento, processamento e a distribuição da informação por meios

eletrônicos, tais como: rádio, televisão, telefone, computador, entre outros. Essas

tecnologias não transformam a sociedade por si, mas são utilizadas pelas pessoas

em seus contextos sociais, econômicos e políticos, criando uma nova comunidade

local e global, ou seja, a Sociedade da Informação.

A expressão sociedade da informação surgiu no final do século XX para

designar a nova sociedade que se formou com a globalização, e que está em

processo de expansão. A sociedade da informação se apoia nas novas tecnologias

e na comunicação mediada por computadores.

Para Straubhaar e LaRose (2004), a sociedade como conhecemos hoje

surgiu no século XVI, com a chegada da imprensa de Gutenberg. Naquela época, a

sociedade passava por uma transformação, deixando de ser exclusivamente rural, e

começando a industrializar-se.

Do ponto de vista tecnológico, a sociedade da informação constitui um

aprofundamento das tecnologias eletrônicas e da revolução digital da 3ª Revolução

Industrial, com maior importância do ponto de vista socioeconômico.

É provável que o fato da constituição desse paradigma ter ocorrido nos EUA e, em certa medida, na Califórnia e nos anos 70, tenha tido grandes consequências para as formas e a evolução das novas tecnologias da informação. Por exemplo, apesar do papel decisivo do financiamento militar e dos mercados nos primeiros estágios da indústria eletrônica, da década de 40 a de 60, o grande progresso tecnológico que se deu no início dos anos 70 pode, de certa forma, ser relacionado à cultura da liberdade, inovação individual e iniciativa empreendedora oriunda da cultura dos campi norte-americanos da década de 60... Meio inconscientemente, a revolução da tecnologia da informação difundiu pela cultura mais significativa de nossas sociedades o espírito libertário dos movimentos dos anos 60. (CASTELLS, 2000, p. 25).

Segundo Acores (2008), a sociedade da informação e a sociedade do

conhecimento são, por vezes, usadas com a mesma conotação. No entanto, há

quem considere que a sociedade do conhecimento possa estar mais relacionada

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com a vertente econômica, enquanto a sociedade da informação diz respeito às

complexas redes de comunicação que viabilizam a troca de informações.

A tecnologia da informação e comunicação preocupa-se centralmente com a

mediação, conexão, bem como com a ampliação e multiplicação de conteúdos,

recursos e textos. Além disso, está interessada nos produtores e consumidores

dessa informação. Já o conceito de “sociedade da informação” enfatiza um problema

diferente: o desenvolvimento de relações socioculturais em conexão com a

informação como um fator de aquisição do mundo.

A sociedade da informação faz uso das tecnologias de informação e

comunicação (TICs), para que a informação, cada vez mais abundante, chegue até

as pessoas com rapidez. Hoje, existe a possibilidade de testemunhar os

acontecimentos que se passam do outro lado do mundo.

Para Castells (2004), a sociedade da informação consiste na forma como a

informação é exposta à sociedade por meio das tecnologias de informação e

comunicação, no sentido de lidar com a informação, que se torna elemento central

de toda atividade humana.

Ainda segundo Castells (2004), o avanço das tecnologias de informação fez

surgir novas formas de interação humana, simples e econômicas. A tecnologia digital

permitiu agrupar todos os tipos de mensagens, incluindo som, imagens e informação

numa única plataforma chamada web que, hoje, traz uma nova revolução, se

considerarmos seu poder relativamente recente de mobilidade e ubiquidade.

Essa evolução eliminou algumas barreiras como a distância e o tempo na

comunicação entre as pessoas. Embora a forma virtual15 de comunicar-se tenda a

reduzir o contato físico entre as pessoas, facilita o diálogo entre amigos e familiares,

isso sem considerar seu papel na realização de negócios.

Para Burns (1975), a Revolução Industrial é um marco na história da

sociedade da informação. A mesma começou no Reino Unido em meados do século

XVIII, e se alastrou pelo mundo a partir do século XIX. Assim, para entendermos a

sociedade da informação é fundamental compreendermos sua evolução histórica.

Foi a partir da Revolução Industrial que as máquinas superaram o trabalho

humano; que novas relações entre as nações foram estabelecidas, e surgiu o

15

Virtual: Vem do latim medieval virtualis, derivado por sua vez de virtus, força, potência. (LÉVI, 1996, p. 15).

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fenômeno da cultura de massa. Também foi a partir da Revolução Industrial que o

capitalismo tornou-se o sistema econômico vigente, e que ainda perdura.

A invenção de novas máquinas de tear impulsionou a indústria do algodão. Logo, foram inventadas máquinas que teciam mais fios de uma única vez. Porém, as máquinas ficavam cada vez maiores, não podendo ficar na casa do artesão. Assim, foram surgindo as primeiras indústrias. (BURNS; LERNER; MEACHAM, 2001, p. 517).

Para Straubhaar e LaRose (2004), as indústrias passaram a se concentrar

nos centros urbanos, e muitas pessoas migraram do interior para trabalhar nas

indústrias. Simultaneamente, as pessoas estavam ansiosas para obter informações

que as ajudassem a avançar em sua vida pessoal.

O processo de globalização, que iniciou na primeira metade do século XX,

está centrado na sociedade da informação. A globalização é tida como um processo

de integração econômica, social, cultural e política entre os países e todas as

pessoas. Surgiu em virtude do mercado capitalista, que precisava ampliar as vendas

das grandes nações, visto que o mercado interno já estava saturado.

Para alguns, "globalização" é o que devemos fazer se quisermos ser felizes; para outros, é a causa da nossa infelicidade. Para todos, porém, "globalização" é o destino irremediável do mundo, um processo irreversível; é também um processo que nos afeta a todos na mesma medida e da mesma maneira. Estamos todos sendo "globalizados" – e isso significa basicamente o mesmo para todos. (BAUMAN, 1999, p. 7).

A globalização é algo que atingiu todo mundo, e proporcionou maior

integração a toda a sociedade. Praticamente tornou o globo sem fronteiras e unificou

todos os países. Para Ianni (1999), ela enfraquece as economias locais e o

sentimento de cidadania dos indivíduos, gerando um abismo entre países pobres e

ricos.

A sociedade da informação engloba todas as pessoas, mesmo aquelas que

ainda não se integraram e não aderiram às novas tecnologias, tendo em vista que

estão inseridas em seu contexto. A sociedade da informação não é algo de que

podemos nos afastar, tendo em vista que ela instalou-se na vida das pessoas e é

impossível estar imune a ela.

Nos dias de hoje, a sociedade da informação é importante, uma vez que

torna-se impossível imaginar o mundo sem todos os mecanismos de informação de

que dispomos. É praticamente impossível viver sem contato com as pessoas que

estão longe, ou sem saber o que se passa em todos os cantos do mundo. Ela é o

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22

significado do desenvolvimento e progresso dos quais as sociedades inseridas no

modelo capitalista16 necessitam.

Essa sociedade centrada nos processos tecnológicos e de informação muda

a forma como os indivíduos se relacionam – um exemplo muito claro desse processo

é o Facebook – e muda, principalmente, a forma como os indivíduos “leem” o mundo

e produzem conteúdo.

Esses são os aspectos que, nesta pesquisa, mais preocupam. Assim, a partir

daqui voltamos o olhar para o estudo do jornalismo e de suas novas formas de

existir.

No estudo que segue, veremos também o “efeito colateral” dos processos

tecnológicos da informação, que tende a acentuar, principalmente no jornalismo, o

fenômeno da localidade, uma quase ambiguidade quando pensamos em

globalização.

16

Modelo Capitalista: É o sistema econômico no qual os seres humanos levam adiante a produção e o intercâmbio dos bens e serviços. Capitalismo é também um regime econômico em que a titularidade, ou a propriedade dos meios de produção é privada. É um tipo de ordem econômica na qual predomina o capital sobre o trabalho, como elemento de produção e criação de riqueza. Disponível em: <http://queconceito.com.br/capitalismo/>. Acesso em: 9 fev. 2014.

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23

3 JORNALISMO

A história da imprensa é um tema discutido por jornalistas, sociólogos e

historiadores, pois seu estudo implica a discussão da evolução da comunicação

social.

A expansão do jornalismo começou no século XIX, juntamente com o

crescimento industrial da imprensa, mas conquistou maior espaço no século XX, a

partir do surgimento de novos meios de comunicação social, como o rádio e a TV.

Hoje, o jornalismo vive uma revolução devida à Era da Informação e do

Conhecimento, que exige uma série de novas transformações e adaptações dos

antigos meios de comunicação, ao mesmo tempo em que abre novas perspectivas

com o webjornalismo.

Para Traquina (2005), o jornalismo tem suas raízes no século XIX. Foi

durante esse século que se verificou o desenvolvimento do primeiro mass media,17 a

imprensa.

Para Silva (1991), o fato de o jornalismo fornecer informação e não

propaganda transformou a notícia em produto baseado nos fatos, não mais apenas

em opiniões. A partir desse momento, a informação passou a ser tratada como

mercadoria, e essa mudança ficou visível com o aparecimento de uma imprensa

mais sensacionalista no final do século XIX.

Segundo Traquina (2005), o jornalismo se expandiu transformando-se em um

negócio lucrativo e rentável, conseguindo sua independência econômica em relação

aos subsídios políticos que dominavam a imprensa em seus primórdios. Assim, no

final do século XIX, o jornalismo se tornou cada vez mais vital como veículo para a

publicidade.

Além da independência política e econômica, os avanços tecnológicos

também transformaram o jornalismo. Para Traquina (2005), as melhorias na

reprodução da imagem, sobretudo com a fotogravura em 1851, e a invenção da

máquina fotográfica inspiraram o jornalismo no seu objetivo de ser as “lentes” da

sociedade e reproduzir a realidade.

17

A expressão mass media é formado pela palavra latina media (meios), plural de medium (meio), e

pela palavra inglesa mass (massa). Em sentido literal, os mass media seriam os meios de comunicação de massa (televisão, rádio, imprensa, etc.). Disponível em: <http://www.infopedia.pt/$mass-media:jsessionid=91ca3YchpXdJV5zlwGq+8A/>. Acesso em: 10 out. 2013.

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24

Ainda conforme Traquina (2005), o impacto tecnológico marcou o jornalismo

do século XIX e vem marcando a história do jornalismo ao longo do século XX, tendo

em vista que os avanços tecnológicos das últimas décadas tornaram possível atingir

o imediatismo, ou seja, a transmissão direta do acontecimento.

Segundo Bourdieu (1997), a atividade jornalística acaba construindo uma

representação instantânea e descontinuada da realidade e do mundo por ser

realizada sob pressão do tempo e pelo “furo” de reportagem.

3.1 A NARRATIVA NAS MÍDIAS TRADICIONAIS

A palavra narrativa é originária do latim e quer dizer conhecer e transmitir

informações. A narrativa cerca as pessoas desde o momento em que elas

conseguem compreender a fala e fornecer aos indivíduos uma ferramenta em que

possam aprender e ensinar uns aos outros. Estamos constantemente narrando

acontecimentos, contando eventos que assistimos, dos quais participamos e sobre

os quais ouvimos falar.

Fala-se que o jornalismo é feito de histórias, então as narrativas são

fundamentais para o desenvolvimento dessa atividade. Machado e Palácios (2007)

trazem alguns conceitos para a palavra narrativa:

Nos manuais de literatura, a narrativa aparece definida como 1) exposição detalhada de uma sequência de fatos e 2) representação artística de um evento ou história. Em qualquer destes conceitos, formulados para definir a narrativa em outros meios como a voz, o livro, o jornal, o rádio, o cinema ou a televisão, produtos elaborados para interagir com ouvintes, leitores ou telespectadores, fica patente a dificuldade de incorporar as ações performadas. (MACHADO; PALÁCIOS, 2007, p. 113).

Para Sodré e Ferrari (1986), a narrativa é todo e qualquer discurso capaz de

evocar um mundo concebido como real, material e espiritual, situado em um espaço

determinado. O desdobramento das clássicas perguntas, às quais a notícia pretende

responder (quem, o quê, como, quando, onde e por quê), constituirá de pleno direito

uma narrativa.

Para Genette (1995), narrativa designa:

– o enunciado narrativo, o discurso oral ou escrito que assume a relação de

um acontecimento ou de uma série de acontecimentos;

– a sucessão de acontecimentos, reais ou fictícios, que constituem as suas

diversas relações de encadeamento, de oposição, de repetição;

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– um acontecimento que consiste em que alguém conte alguma coisa: o ato

de narrar tomado em si mesmo.

Ainda segundo o autor, na narrativa jornalística, a forma autoritária de narrar

histórias se mantém, e, de certa forma, com mais agravantes por apresentar-se

escondida. Envolto no real e na verdade, além de trazer a imparcialidade e a

objetividade como elementos que operam sentidos, o discurso jornalístico tradicional

encontra a legitimidade epistemológica, para que o jornalista possa narrar os fatos

do cotidiano.

Para Miège (1992), as narrativas jornalísticas são lidas e compreendidas

como histórias que geram outras. O fato não se encerra nelas, mas gera um

significado. Nos dias de hoje, o lugar dessas narrativas pode tornar-se espaço de

troca de saberes e visões de mundo.

As notícias podem ser consideradas narrativas, ou seja, histórias que relatam

fatos extraordinários, como tsunamis, erupções vulcânicas e quedas de aviões,

assim como histórias esperadas pelos jornalistas e pelo público, como concursos

vestibulares e apresentações artístico-culturais.

Como afirma Schudson (1994), a narrativa jornalística é composta de um

conjunto de “convenções” ligadas à linguagem jornalística e aos demais recursos

utilizados para contar histórias. Os recursos narrativos agregam, basicamente, o

texto, o som e a imagem.

Diante do grande número de plataformas, as histórias começaram a ser

contadas de modo a oferecer ao público a compreensão dos fatos. Com isso, o

público passou a ter uma experiência da narrativa jornalística em diferentes mídias,

com a possibilidade de fazer a leitura, fazer conexões e ainda participar ativamente

de alguma parte do processo noticioso, como a apuração, a produção e a circulação.

Para Lage (2002), nas mídias impressas, a narrativa combina elementos

linguísticos e icônicos, como a fotografia, o infográfico e o design da página. No

rádio, a narrativa é composta apenas de som, presente nas falas de locutores,

repórteres e entrevistados; na trilha musical; nas vinhetas; no som ambiente e, até

mesmo, no silêncio. Na televisão e no ciberespaço, a narrativa pode combinar texto,

imagem e som.

O jornalismo é atividade e serviço público que se adapta a diferentes meios tecnológicos e convive com os usos econômicos e culturais desses meios. No entanto, há diferentes mecanismos perceptivos de quem lê, contempla ou ouve; e as circunstâncias da percepção variam do segundo plano de

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quem dirige automóvel com o rádio sintonizado, até o primeiríssimo plano de quem imerge no ambiente de um programa de TV em tela ampla. (LAGE, 2002, p. 162).

Cada mídia apresenta recursos particulares que agregam diferentes

possibilidades de condução de uma narrativa. Com o tempo, cada mídia tradicional

ocupou o seu espaço na web, em que a narrativa se modifica quando passa de uma

mídia a outra, mas sem perder a sua essência.

O rádio, por exemplo, começou a se inserir neste processo de convergência

tecnológica na década de 90, com o uso do telefone celular, como estratégia de

apuração e com a incorporação da internet nas redações.

Belau (2001) destaca que as mudanças geradas por este contexto refletem-se

principalmente na construção da narrativa jornalística do rádio, mudando a

configuração do papel dos meios de comunicação na sociedade contemporânea.

Sem dúvida, o momento radiofônico atual é complexo como poucos na história do meio e requer uma abnegada atenção. E se a circunstância merece dedicação, reflexão e observação é porque a situação é muito mais perigosa do que a gerada pela chegada da televisão. Possivelmente este seja o conflito mais complexo vivido pelo rádio até hoje, porque afeta sua própria raiz. (BELAU, 2001, p. 16).

Para Ferraretto e Klökner (2009), no passado, as regras do jogo estavam

claras: ao impresso cabia a interpretação, ao rádio o imediatismo e à televisão o

entretenimento. Hoje, essa realidade está sendo revista. Um dos reflexos

observados atinge o rádio, que passa a ser mais valorizado pela análise dos fatos.

Ele informa, sim, mas essa informação vem sempre acompanhada de uma releitura

dos fatos, pela contextualização e análise.

A partir do desenvolvimento das tecnologias da informação e da

comunicação, os processos de construção da notícia se tornaram mais complexos.

Essa mudança trouxe para o debate as consequências da tecnologia e a reflexão

sobre o jornalismo e suas técnicas.

O uso das tecnologias da informação e da comunicação obrigou o rádio a

passar por mais uma mudança em sua concepção e em suas rotinas, principalmente

na produção radiofônica de maneira geral e, de maneira pontual, no radiojornalismo.

O rádio tem características marcantes em relação aos demais meios de

comunicação de massa. Possui também especificidades marcantes em suas

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diversas formas e estilos. Essas características exigem novas formas e

metodologias para pensar e analisar o meio e o campo de atuação.

Para Ferraretto (2001), cada dia mais as pessoas se informam pelo rádio,

aproveitando suas características centrais, como o imediatismo, a proximidade e a

mobilidade. O radiojornalismo atual tem passado por mudanças e reconfigurações,

muitas derivadas das demandas criadas pela era digital.

Ainda segundo Ferraretto (2001), pensar em jornalismo de rádio é, também,

pensar nas rotinas produtivas e técnicas de apuração adotadas pelas emissoras. As

alterações no fazer jornalístico radiofônico se apresentam, no contexto da era digital,

de maneira mais explícita. A apuração de informações através do telefone, prática já

utilizada pelo rádio há anos, é potencializada. Hoje, algumas emissoras optam pela

apuração sem a utilização de repórteres de rua.

A apuração é o mais importante para a notícia, da mesma forma como a notícia é o mais importante para o jornalismo. Elemento essencial no processo da informação, a apuração em jornalismo quer dizer o completo levantamento dos dados de um acontecimento para se escrever a notícia. É o processo que antecede a notícia e que leva à formulação final do texto. (BAHIA apud FERRARETTO, 2001, p. 103).

Segundo Zuchi (2004), a presença das unidades móveis nas ruas; o uso dos

telefones fixos, como uma forma de ampliar os espaços alcançados na transmissão

da informação e, por último, o uso do telefone celular e do telefone de transmissão

via satélite, para chegar aos locais antes inacessíveis, tornaram a figura do repórter

imprescindível no fazer jornalístico de rádio.

De acordo com Ortriwano (1985), quando pensamos na proximidade com o

público e a presença no palco dos acontecimentos, como essência do

radiojornalismo, observamos uma deturpação gerada pelas facilidades da internet,

que passa a ser usada como fonte principal das informações e dos acontecimentos.

Os fatos podem ser transmitidos no instante em que ocorrem. O aparato técnico para a transmissão é menos complexo do que o da televisão e não exige a elaboração necessária aos impressos para que a mensagem possa ser divulgada. O rádio permite “trazer” o mundo ao ouvinte enquanto os acontecimentos estão se desenrolando. (ORTRIWANO, 1985, p. 80).

No radiojornalismo, a velocidade é vista como pressuposto, em que as

notícias precisam ser apresentadas aos ouvintes no momento em que ocorrem,

analisadas e discutidas. Entretanto, devem ser breves e pontuais para o consumo

rápido.

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Hoje, para discutir e compreender o radiojornalismo, é preciso entender de

que maneira as alterações geradas pelo avanço tecnológico modificaram e

reconfiguraram o jornalismo no rádio. A reportagem assistida por computador, o uso

da internet como fonte, a intensificação e facilitação do uso do material de

assessorias de comunicação, além do aumento na quantidade de informações

disponíveis nas redações facilitaram o trabalho do jornalista que atua no rádio.

Entre as características centrais do rádio, como meio de comunicação, está o

imediatismo. Por conta disso, observou-se, por muito tempo, uma predominância do

gênero informativo nas grades de programação das emissoras.

Para Barbeiro e Lima (2009), a análise e instantaneidade devem conviver e se

complementar, apresentando ao ouvinte uma perspectiva crítica e não defasada da

informação. O rádio tem a possibilidade de acompanhar os fatos no momento em

que estão acontecendo e noticiá-los.

Barbeiro e Lima (2009) continuam afirmando que o radiojornalismo tem que

estar sempre à frente dos jornais, nunca a reboque. O rádio repercute hoje as

notícias que o jornal vai publicar amanhã. As fontes de notícias têm que ser

dinâmicas e ter credibilidade.

A aproximação da informação com o ouvinte se dá por meio da mediação

narrativa dos fatos. A escolha da estratégia narrativa e o gênero adotado para

transmitir um acontecimento levam à criação de uma identificação e a uma

fidelização do ouvinte. Na narrativa das rádios, os ouvintes reconhecem, aceitam ou

rechaçam o diferencial de quem narra os acontecimentos.

O Jornalismo informativo retrata o fato com o mínimo de detalhes necessários à sua compreensão como notícia. Por se adaptar às necessidades de concisão do texto radiofônico, é o gênero preponderante no noticiário. Aparece, também, na maioria dos boletins, embora estes tendam, pela adição da impressão pessoal do repórter, a invadir o terreno do jornalismo interpretativo. (FERRARETTO, 2001, p. 201).

No rádio, toda a informação é transmitida pela fala, que apresenta

implicações que vão além do texto escrito. A entonação, os silêncios, as demais

ferramentas informativas sonoras, como os efeitos, as trilhas ou o som ambiente

podem alterar o sentido do que se informa.

Para Lopes (1998), os meios de comunicação estão sempre comentando,

reproduzindo e substituindo uns aos outros, e esse processo é natural para a mídia.

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Os meios de comunicação precisam uns dos outros, a fim de funcionar como mídia

em si.

Para Machado (2003), o uso da web, como fonte para o jornalismo, é levado

ao extremo e faz com que o rádio, veículo supostamente imediato, seja pautado por

outras mídias.

Nas plataformas da web, o MP318 é o principal formato de áudio utilizado na

internet e é sustentado por todos os reprodutores de música.

Outro formato utilizado na web corresponde ao WAV. Criado pela Microsoft, o

formato também é compatível com o Macintosh. Apesar de ter boa qualidade, esse

formato é menos utilizado por ser mais pesado, se comparando a outros.

Na televisão, o discurso dos personagens é uma forma de quebrar a

narrativa, de humanização e aproximação da realidade. Na televisão, a imagem se

faz presente, com cor e movimento, sem que a descrição precise apresentá-la. Ela é

responsável pela exposição do cenário e, muitas vezes, dos detalhes.

A televisão tem modos próprios de contar história, que nos permitem afirmar a

existência de uma narrativa particular, mas por uma questão teórica privilegia, as

formas comunicacionais e o gesto do telespectador constroem as particularidades

dessa narrativa.

Para Ricoeur (1994), a narrativa da TV particulariza objetivos, causas e

acasos reunidos numa unidade temporal de uma ação total e completa. Para ele,

qualquer narrativa coloca em cena o novo, o inédito, as peripécias, os acasos,

articulando a ação humana no tempo.

Ainda segundo Ricoeur (1994), a narrativa audiovisual é um processo de

exteriorização, uma atitude objetiva e baseada na sucessividade. No caso particular

da narrativa audiovisual, a mesma se subentende como uma gramática própria e

adequada, especialmente apoiada na combinação de uma aparência visual e

sonora.

18

MP3: O nome da categoria de MP players é utilizado para tocadores e armazenadores de som que

podem suportar arquivos de música em vários formatos. O formato MP3 tem uma frequência de amostragem entre 16 a 48 kHz e um bitrate de 224-320 kbps ou 192 kbps e uma qualidade praticamente igual aos arquivos dos CD(s). O bitrate mede quantidade de informação contida num determinado tempo em kbps. Quanto maior o bitrate, maior a qualidade do arquivo de som, e, por consequência, maior também será o seu tamanho. Disponível em: <http://olhardigital.uol.com.br/noticia/mp1-mp2-mp3%E2%80%A6-mp-o-que/6667>. Acesso em: 22 abr. 2014.

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O conceito de estrutura narrativa na TV permite que os telespectadores

entendam a mensagem, ideias e situações que ocorrem nos diferentes programas

da televisão. Na linguagem audiovisual, toda a informação deve ser visível ou

audível.

Na televisão, o som e a imagem são elementos fundamentais para sua

diferenciação do meio impresso. Enquanto as reportagens mais literárias produzidas

para a mídia impressa precisam utilizar palavras para descrever o ambiente, o

figurino, posições, gestos e expressões, a televisão consegue captar parte desses

acontecimentos pela lente das câmeras.

Para Rezende (2000), o meio audiovisual se apropria da narrativa literária,

pois agrupa mais elementos, detalhes e conteúdos que fazem parte da mesma

construção. Essa proposta é o oposto do que o jornalismo tradicional trabalha hoje

com a indústria cultural, em que tudo é descartável e a busca incessante é pelo

novo.

Ora a imagem impõe-se em sua plenitude, ora basta a palavra para a transmissão de uma notícia televisiva. Entre esses pólos, desponta uma grande variedade de alternativas, todas elas se constituindo como expressões legítimas do telejornalismo. Em vez de se proclamar o império do icônico no discurso televisivo, parece mais factível a hipótese de que a construção da mensagem da TV reflete a complexa intervenção de signos de natureza diversa e em contínua interação. (REZENDE, 2000, p. 45).

Ao ser veiculada em alguma estação de tevê, a produção audiovisual é

geralmente encaixada em algum programa. Isso ocorre porque a televisão ainda

está muito ligada aos gêneros e programas, à identificação por meio de

nomenclaturas.

Para Machado (2000), o enredo das narrativas audiovisuais é geralmente

construído sob a forma de capítulos ou episódios, tendo um horário na grade de

programação do canal de tevê para ser veiculado. A periodicidade do programa vai

depender da emissora e da própria produção, podendo ser diária, semanal ou

apresentada em séries, com data para entrar e sair do ar.

Um produto adequado aos modelos correntes de difusão não pode assumir uma forma linear, progressiva, com efeitos de continuidade rigidamente amarrados como no cinema, senão o telespectador perderá o fio da meada cada vez que a sua atenção se desviar da tela. (MACHADO, 2000, p. 87).

Machado (2000) mostra o desafio constante de se produzir um conteúdo de

qualidade para a televisão, tamanhos os cuidados que precisam ser tomados. Talvez

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31

essa cobrança exagerada sobre a consumação de uma produção pelo público seja,

de certa forma, responsável pelo apelo que as empresas midiáticas fazem ao

sensacionalismo.

Com a necessidade de se aumentar as ofertas de serviços de banda larga

para os internautas brasileiros, uma das tendências beneficiadas de forma positiva é

a do telejornalismo online.

A criação de novos espaços, que podem abraçar este perfil de conteúdo mais

reflexivo e menos apelativo, pode surgir com a TV digital, que possui uma grade de

programação ampliada. Para Tourinho (2009), na TV digital, a narrativa se constrói

também de forma diferente, pois quem produz as imagens é a mesma pessoa que

interage com os personagens e conta a história.

Na web, temos um novo modo de fazer jornalismo, principalmente no que se

refere à mudança do padrão Globo de qualidade. Com o surgimento de novas

tecnologias como o celular, iPhone, iPad, SmartPhone, entre outros, os internautas

passaram a ter participação direta no processo de construção da informação com

muito mais liberdade, espontaneidade e uma linguagem não linear.

Essa mudança surgiu com mais força a partir da chegada da mídia ninja,19

responsável pela produção de conteúdo em tempo real e sua reprodução na web.

No exemplo referido acima, nota-se a diferença entre a estrutura da mídia

tradicional, que possui incremento financeiro para oferecer melhor qualidade de

imagem; remunerar bons profissionais e desenvolver novos produtos. Por outro lado,

há claramente um movimento formado por um coletivo de pessoas que dispõe de

equipamentos de baixa tecnologia, mas que produz vídeos, reportagens e matérias

que o internauta passou a conhecer e valorizar.

O site da AllTV20 (www.alltv.com), criado em 26 de abril de 2002, foi a

primeira emissora de TV do mundo voltada exclusivamente para a internet. É a única

do país a transmitir ao vivo, por 24 horas ininterruptas, programas jornalísticos de

qualidade.

19

Mídia Ninja: Em junho, a mídia ninja cobriu os protestos nas ruas de todo o Brasil e, ao contrário das grandes mídias, mostrou a revolta do povo ao vivo, sem cortes, edição, mesmo sem a mesma qualidade da TV. O conteúdo da Mídia Ninja pode ser encontrato na Fan Page do Facebook disponível em: <https://www.facebook.com/midiaNINJA?fref=ts> e também no Twitter, disponível em: <https://twitter.com/MidiaNINJA>. Acesso em: 22 abr. 2014.

20

AllTV: Canal exclusivo da internet disponível 24 horas por dia online, com conteúdo variado que tem notícias, esportes e cultura. Disponível em: <http://www.alltv.com.br>. Acesso em: 26 jan. 2014.

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O primeiro formato de vídeo para a web foi o RM. O pioneiro nos vídeos do

tipo stream, o Real Media perdeu espaço devido à grande evolução dos outros

codec’s.21 O Windows Media (WMV) é o formato de vídeo gerado com o codec da

Microsoft que exige que o navegador seja compatível com o Windows media player.

O Silverlight foi introduzido no mercado em 2007 e exige que o usuário tenha o plug-

in do silverlight instalado no seu sistema.

Por fim, o formato Flash vídeo (FLV) tem a vantagem de rodar muito bem em

várias plataformas, uma vez que o plug-in do flash player está contido em mais de

90% dos computadores de hoje em dia, fazendo com que seu vídeo seja visto sem

problemas por qualquer pessoa.

Apostando na plena utilização de toda a capacidade de comunicação e

interatividade da grande rede, o site aplica ao máximo o conceito de convergência

de mídia, sem crer que todas as formas de comunicação tendam a se fundir em uma

só, mas sim tentando utilizar, adequar e aprimorar cada uma delas para este

moderno e global veículo de informação.

No jornalismo impresso, segundo Sims (1999), o jornalista pode ser um

narrador que conta uma história em detalhes, sem interferir no conteúdo, como

também alguém que usa seus próprios filtros para contá-la, porém sempre com a

preocupação de evitar distorções.

A narrativa do jornalismo impresso mantém fiel compromisso com as

características do jornalismo, como factualidade e veracidade. Sendo assim, não

cabe ao repórter abordar, isto é, inventar cenas, personagens e declarações. O

repórter escreve aquilo que viu e ouviu e, às vezes, sentiu (mesmo de forma

subjetiva, mas como emissão de um ponto de vista, permitido nesse gênero

jornalístico).

A precisão das informações dá credibilidade ao jornalista. Para Sims (1999),

os dados e as informações devem ser usados com cuidado, não somente pela

responsabilidade e compromisso do repórter com o leitor, mas consigo mesmo.

Ainda segundo Sims (1999), as narrativas do impresso procuram

compreender o mundo e, portanto, as pessoas, mas de maneira profunda, para que

21

Codec: É a entidade que determina as normas para compressão áudio e vídeo, assim como a sua codificação e transmissão. Em 1993, apareceu o primeiro codec áudio-vídeo, sendo denominado por MPEG-1, sendo ainda um codec muito limitado, era utilizado para as transmissões de televisão por cabo e por satélite. Disponível em: <http://web.ist.utl.pt/~ist165929/cmul/codecs.html>. Acesso em: 24 abr. 2014.

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a compreensão da realidade pelo público-alvo seja algo definitivo. Não deve buscar

apenas um relato frio e distante, mental, mas levar a vida das pessoas para as

páginas de jornais e revistas.

Para Sodré e Ferrari (1986), quando o jornal diário noticia um fato qualquer,

como um atropelamento, já traz em si uma narrativa. O desdobramento das

perguntas clássicas a que a notícia pretende responder constituirá de pleno direito

uma narrativa, não mais regida pelo imaginário, como na literatura de ficção, mas

pela realidade factual do dia a dia que, pelos pontos rítmicos do cotidiano

discursivamente trabalhados torna-se reportagem.

Para Lustosa (1996), a notícia do jornal contará, obrigatoriamente, com bons

elementos para permitir ao seu leitor uma reflexão e uma análise dos

acontecimentos, explicando como tudo aconteceu e indicando no que poderá

resultar o fato narrado.

Por circular no dia seguinte aos fatos, o jornal concorre com os veículos que

já informaram o que aconteceu, como o rádio, que anda com o cidadão por todo o

lado, ou como a televisão, a principal fonte de lazer e informação da população.

Então, segundo Lustosa (1996), o jornal tem de oferecer uma “refeição” completa, já

que o “prato feito” saiu no rádio e na televisão.

Já, na web, a narrativa rompe com a linearidade e com as limitações de

tempo e espaço, questões determinantes das formas de contar histórias nas demais

plataformas. A web vai buscar e aprimorar a narrativa de todas as mídias, desde o

impresso até a infografia.

3.2 O QUE MUDA DE FATO NA NARRATIVA DA WEB?

Na esfera digital, a narrativa jornalística é constituída da combinação em

grande escala de hipertextualidade, multimidialidade e interatividade.

A escrita para a web é feita com maior liberdade e tem algumas

particularidades que devem ser observadas. Quem escreve textos para blogs,

portais, e/ou sites deve seguir algumas normas, para evitar ser mal-interpretado e

para alcançar um maior número de leitores.

O texto da web se caracteriza por seguir o modelo da pirâmide invertida e

apresentar primeiro os fatos mais importantes e depois os menos importantes com o

objetivo de despertar de imediato a atenção do leitor e satisfazer de forma mais

rápida suas necessidades, já que as informações essenciais encontram-se logo no

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início do texto. De acordo com Franco (2002), compõem a estrutura da pirâmide

invertida o lead, o material que explica e amplifica o lead, parágrafos de

contextualização, material secundário ou menos importante.

O texto da internet deve ser apurado, completo e deve ter o máximo possível

de informações, embora a leitura da web não permita grandes blocos de informação

compactada. Por isso, o pacote de notícias e o próprio texto da internet são

distribuídos em links e camadas nas quais o processo é chamado de arquitetura da

informação e auxilia na fidelização do internauta no processo não linear de leitura.

A convergência jornalística introduz a mentalidade multimídia, isto é, a

alteração do modo de pensar e produzir notícias, dando lugar à elaboração de

reportagens com recursos multimidiáticos, como galerias de fotos, vídeos,

infográficos e animações.

A narrativa dos meios de comunicação foi intensamente modificada com a

chegada da internet e a formação do ciberespaço. Machado e Palácios (2007)

dividem a história da narrativa em duas eras: a moderna e a do ciberespaço. Na

narrativa moderna, o ouvinte, leitor ou telespectador acompanha a narração

(ouvindo, lendo, vendo) interferindo na lógica interna das ações. No ciberespaço, o

receptor pode interagir com a narrativa apresentada.

Para Bertocchi (2006), definir o que é narrativa jornalística digital significa,

primeiramente, reconhecer as possibilidades de contar histórias, com base nas

diferentes linguagens multimídia.

Ricouer (2007) evidencia a transformação da relação com o leitor e a

diminuição do controle da narrativa por parte dos produtores. Diferentemente da

narrativa apresentada, por exemplo, no jornal, no rádio e na televisão, que é

totalmente controlada pelo produtor, a narrativa na web oportuniza diversas

possibilidades de controle pelo usuário, seja por meio da escolha dos percursos de

leitura, da manipulação de um recurso narrativo (animação, vídeo) ou da

possibilidade de participar ativamente (comentário e colaboração).

A narrativa digital criou uma mudança de paradigma na narrativa tradicional, que era controlada pelo responsável pelo desenvolvimento de conteúdo, para uma narrativa que conta com a contribuição do usuário. A chave para entender essa mudança e utilizar com sucesso o ambiente digital como um novo espaço de narrativa é conhecer a própria audiência. É necessário um entendimento mais aprofundado sobre que tipo de narrativa melhor servirá a audiência, usando todo o leque de técnicas da narrativa digital, e quando as narrativas “analógicas” podem ser utilizadas. (RICOUER, 2007, p. 138).

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Ainda conforme Ricouer (2007), a narrativa jornalística digital é uma forma

mais aberto do que as demais maneiras de contar histórias. Mais do que exigências,

a narrativa jornalística digital se configura como um conjunto de possibilidades.

Para Barthes (2001), a narrativa está presente em todos os tempos, em todos

os lugares, em todas as sociedades. A narrativa começa com a própria história da

humanidade. Nunca houve povo sem narrativa. Todas as classes, todos os grupos

humanos têm as suas narrativas, muitas vezes apreciadas em comum por homens

de culturas diferentes, até mesmo opostas.

A capacidade de narrar é um aspecto imanente dos seres humanos. Estamos freqüentemente narrando acontecimentos ou contando eventos de que participamos, assistimos ou sobre os quais ouvimos falar. Uma narrativa representa uma sequência de acontecimentos interligados, que são transmitidos em uma estória. As estórias sempre reúnem aqueles que as narram e aqueles que as ouvem, lêem ou assistem. Quem narra, por sua vez, “escolhe o momento em que uma informação é dada e por meio de que canal isso é feito”. (PELLEGRINI, 2003, p. 64).

A convergência está presente no cotidiano de todos. Hoje, é impossível não

conviver com ela e com suas consequências. Para Jenkins (2008), trata-se de uma

transformação cultural. Ele acredita que neste ambiente o consumo de informações

por meio de múltiplos dispositivos se intensifica.

Uma característica que a web vai aprimorar do impresso é a infografia, que

tem a função de facilitar a comunicação, ampliar o potencial de compreensão pelos

leitores, permitir uma visão geral dos acontecimentos e detalhar informações menos

familiares ao público. Percebe-se que os grandes acontecimentos, como guerras,

catástrofes e descobertas da ciência, têm merecido um tratamento infográfico maior

nos meios de comunicação.

Para Pablos (1999), o jornalista deve utilizar uma infografia quando não há

fotografia, ou ela diz pouco sobre a cena; quando a notícia encontra-se rodeada de

mistério, para dar uma explicação mais minuciosa; apresentar uma sinopse, etc.

Para Alonso (1998), em um infográfico, o texto é um elemento complementar,

pois serve para situar e explicar o conteúdo do desenho. Assim como o desenho não

pode reduzir-se à mera ilustração, já que o informativo deve sempre primar sobre o

estético, pensa-se que tampouco o texto pode ser tratado como um simples recurso

decorativo, de recheio ou adorno. Ser complementar não implica que seja acessório.

Nas publicações analisadas, ambos os blogs deixam muito a desejar na

utilização da infografia. Essa característica é muito utilizada por sites, blogs e

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portais. Mesmo no esporte, os infográficos podem contribuir para melhor explicar as

matérias juntamente com o texto.

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37

4 WEBJORNALISMO

O jornalismo vive um momento ímpar em sua escala evolutiva, principalmente

em decorrência das inovações de ordem tecnológica e social. Por conta dessa

evolução, o volume de informação é cada vez maior, bem como as velocidades de

veiculação e circulação dessas informações.

Prado (2002) lembra de quando as páginas dos jornais tinham de ser

montadas palavra por palavra, em um processo fundamentalmente artesanal, ainda

que com matrizes industriais. Os tempos agora são outros, e a notícia assume cada

vez mais contornos de consumo rápido, tal como um fast food.

O objetivo principal ainda é informar; o que muda é a velocidade com que as

notícias são disponibilizadas. Ao mesmo tempo em que a rapidez representa o

aumento de produtividade, coloca em xeque alguns dos principais conceitos do

jornalismo, como é o caso da objetividade e da precisão, construídos paralelamente

ao surgimento das inovações tecnológicas.

Para Marcondes Filho (2000), no Brasil, a produção dos webjornais com

caráter comercial iniciou em 1990, momento em que o jornalismo enfrentava sua

terceira grande revolução.

Canavilhas (2001) define como webjornalismo o fazer jornalismo na web,

destacando a aplicação da linguagem de hipertexto (HTML), que torna a interface

mais usual a pessoas sem nenhum conhecimento específico de códigos e outros

comandos de informática.

Para Barbosa (2005), webjornalismo é a modalidade na qual as novas

tecnologias já não são consideradas apenas ferramentas, mas, sim, essenciais na

prática jornalística na web.

Ainda segundo Barbosa (2005), no webjornalismo o uso das novas

tecnologias configura-se como base, tanto para o emissor (site, websites, portais,

blogs) como para o receptor (webleitor). Segundo Castells (2004), consideram-se

informação webjornalística relatos descritivos, interpretativos e opinativos da

realidade contemporânea.

A introdução de diferentes elementos multimídia altera o processo de

produção noticiosa e a forma de ler. Perante um obstáculo evidente, o hábito de uma

prática de leitura linear, o jornalista precisa encontrar a melhor forma de levar o leitor

até a informação. O grande desafio do webjornalismo é a procura de uma linguagem

que ofereça informações adaptadas e com maior objetividade.

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Segundo Mielniczuk (2003), o webjornalismo enquadra-se em três gerações:

– primeira geração: num primeiro momento, as informações e notícias

oferecidas eram reproduções de parte dos jornais impressos, com destaque para

algumas editorias. Parte do material era atualizado a cada 24 horas, acompanhando

o fechamento do jornal impresso. A produção da notícia postada na web era

totalmente atrelada ao modelo estabelecido nos jornais impressos. Não se tinha a

preocupação com relação a uma possível forma inovadora de apresentação das

narrativas no novo meio;

– segunda geração: com uma internet melhor estruturada, a publicação de

jornais online é favorecida. Apesar de continuarem atreladas ao jornal impresso,

começam a ser lançadas na rede mundial de computadores novas experiências, na

tentativa de explorar as características específicas oferecidas pela web.

Os links são utilizados para conduzir o leitor até informações, notícias e fatos

que acontecem no período entre as edições do impresso. A elaboração das notícias

começa a usar os recursos do hipertexto. O e-mail passa a ser utilizado como

possibilidade de comunicação entre jornalista e leitor ou entre leitores, além do que

os fóruns passam a ser opção de interatividade;

– terceira geração: o cenário se transforma com o surgimento de iniciativas

empresariais e editoriais destinadas exclusivamente à internet. De acordo com

Mielniczuk (2003), os sites jornalísticos extrapolam a simples ideia de serem uma

versão do impresso na web e tentam explorar, de forma sensata, os recursos

multimídia, como som e animações, que enriquecem a narrativa jornalística.

O webjornalismo apresenta algumas características específicas em relação

aos aspectos que quase sempre existiram nas diversas mídias, principalmente em

relação à construção dos textos. Segundo Palácios (2003), para se entender a

produção da webnotícia, é necessário conhecer as características da interatividade,

hipertextualidade, multimidialidade, convergência, memória e atualização contínua.

4.1 HIPERTEXTUALIDADE

A hipertextualidade pode ser entendida como base que proporciona as

relações entre jornalista/máquina/leitor/jornalista, possibilitando perfeito

encadeamento entre emissor e receptor. As relações de hipertextualidade se

intensificaram com a tecnologia, sendo utilizada desde 1990 com os Compact-Disc

Read Only Memory, os CD-ROM.

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De acordo com Leão (2001), a estruturação da notícia na web é feita por

hipertextos, utilizando-se da pirâmide invertida enquanto uma técnica de

apresentação de matérias. O hipertexto, em geral, é composto por blocos curtos de

informações e muitos links, que conduzem o internauta a páginas que revelam

conteúdos correlacionados. Esses blocos de informação são denominados lexias.

Os blocos de informações costumam ser denominados lexias. O termo lexia foi empregado anteriormente por Barthes para designar blocos de textos significativos. Esse vocábulo foi retomado por Landow (1992:3-4,40 e 52) como sendo o ponto onde se está antes de seguir um link. Outros autores preferem a denominação de nó. De qualquer forma, ambos os termos correspondem às unidades básicas da informação. (LEÃO, 2001, p. 27).

Lévy (1999) destaca que, independentemente do conteúdo das mídias, quem

navega pelas informações passa de uma página-tela indicando com um clique os

temas de interesse ou as linhas de leitura que deseja seguir.

Essa facilidade de navegar pelas páginas da web pode ser explicada pelo

hipertexto. Essa terminologia foi criada nos anos 60 por Theodor H. Nelson, e se

refere a uma modalidade textual nova, a eletrônica. Trata-se de uma série de blocos

de textos conectados entre si por links, que formam diferentes itinerários para o

usuário.

Lévy (1999) esclarece que os hipertextos podem ser encontrados também

fora do ambiente das tecnologias da informação, como em uma biblioteca. Nesse

caso, a ligação entre os volumes é mantida pelas remissões, as notas de pé de

página, as citações e a bibliografia. O conceito de hipertexto enquanto forma de

escrita não linear se amplia conforme as características apresentadas por Landow:

– intertextualidade: para Mielniczuck (2001) e Palácios (2001), o hipertexto

seria, essencialmente, um sistema intertextual que fica limitado nos textos em livros.

As referências feitas a outros textos são potencializadas no hipertexto por meio dos

links, que realizam as conexões entres os blocos de textos;

– descentralização: esta característica refere-se ao fato de que, ao contrário

dos textos impressos que propõem um centro, oferecendo uma ordem para a leitura,

o hipertexto oferece blocos de textos interconectados e oferece a possibilidade de

movimentos por parte do internauta. É o leitor, por meio dos seus caminhos de

leitura, quem vai elegendo temporariamente os sucessivos centros;

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– intratextualidade: esta característica é citada por Mielniczuck (2001) e

Palácios (2001) e refere-se às ligações internas estabelecidas dentro do mesmo

sistema ou site.

Cabe esclarecer que tradicionalmente o texto jornalístico é construído com a

coleta de informações sobre um tema específico, linear, hierarquizado, que leva em

consideração a veracidade dos fatos e os valores da notícia.

O leitor assume, portanto, a postura participativa ao escolher o

direcionamento de sua leitura. Ao participar da estruturação de um texto, não

apenas irá escolher quais links preexistentes serão usados, como irá criar novos

links, que terão um sentido para ele e que não terão sido pensados pelo criador do

hiperdocumento.

Os leitores podem não apenas modificar os links, mas também acrescentar ou modificar (textos, imagens, etc.), conectar um hiperdocumento a outro e dessa forma transformar em um único documento dois hipertextos que antes eram separados ou, de acordo com o ponto de vista, traçar links hipertextuais entre um grande número de documentos. (LÉVY, 1999, p. 57).

Ainda segundo Lévy (1999), o hipertexto atribui ao texto a característica de

constante produção, um ciclo produtivo de forma ininterrupta, que proporciona a

leitura não linear, fator que dimensiona o texto digital. A construção e a recepção

das notícias na internet ficam a critério do leitor.

Para Johnson (2001), a tecnologia e a cultura estão cada vez mais

interconectadas, resultado de um processo global conhecido como convergência

tecnocultural, que forma o cenário em que as mudanças no webjornalismo ocorrem.

Segundo Jenkins (2008), a convergência refere-se ao fluxo de conteúdos

através de múltiplos suportes midiáticos; a cooperação entre vários mercados

midiáticos e o comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação,

que vão quase a qualquer parte em busca de entretenimento.

Jenkins (2008) continua afirmando que a convergência não deve ser

compreendida como um processo meramente tecnológico que une várias funções

em um mesmo aparelho. Ao contrário, o termo representa uma transformação

cultural, à medida que consumidores são incentivados a procurar novas informações

e fazer conexões em meio a conteúdos midiáticos dispersos.

Para a construção de um hipertexto, é essencial o planejamento, tendo em

vista que o mesmo vai viabilizar a colocação de textos pequenos e independentes

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entre si, porém com elementos comuns, os quais possibilitam a complementação da

informação. Marcar palavras do texto que possam dar ligação a outros textos

favorece o consumo das mensagens por parte do internauta.

O hipertexto pode suscitar incontáveis combinações para o leitor e demandar um trabalho de exaustiva pesquisa para o seu criador. Por essas razões, Radfaher (1999:15) enumera cinco regras curtas que facilitam a construção de modelos simples de hipertexto: escreva pequenos textos, independentes entre si, mas com elementos em comum; marque todas as palavras de cada texto que possam servir de conexão com outros textos; crie tabelas de conexão, marcando, para cada texto, quais são os elementos que levam a ele e quais são os que saem dele; organize as ligações, evitando “afunilamentos”: textos com muitos pontos de entrada ou de saída; e estruture esses textos em uma hiper-retórcia, dando ao visitante a falsa impressão de controle sobre os links, enquanto o leva para o ponto desejado. A notícia produzida para a Web com estrutura narrativa não-linear deve ser planejada por uma equipe de profissionais [...] como uso de ferramentas que facilitem a navegação, evitando confundir o leitor com excesso de links. (PINHO, 2003, p. 186).

O hipertexto pode conduzir a páginas com fotos, arquivos de som, vídeo,

animações, material de arquivos de jornais, publicidade, etc. De acordo com

Johnson (2001), os links trouxeram uma mudança no nível da linguagem. Na web, o

internauta pode “surfar” em busca de conteúdos desejados.

O hipertexto sugere toda uma nova gramática de possibilidades, uma nova

maneira de escrever e narrar. De acordo com Johnson (2001), essa ferramenta

possibilita organizar informação de forma mais intuitiva. Ainda segundo o autor, a

imagem é outro componente linguístico importante da interface contemporânea, com

potencial para superar a utilização do texto, embora em muitos sites jornalísticos

continue visível o enorme papel desempenhado pelas palavras escritas. Daí a

relevância do jornalista multimídia preparado para questionar e deslocar o texto

dessa supremacia informativa.

Para Rodrigues (2000), a integração desses elementos multimídia na notícia

obriga a uma leitura não linear. Se por um lado a leitura de um texto implica um

trabalho específico de imaginação, por outro lado, a percepção das imagens não

prescinde da capacidade de elaboração de um discurso.

Ao disponibilizar um complemento informativo, o mesmo permite ao indivíduo

recorrer a ele sem que isso provoque alterações no esquema da notícia. Essa

narrativa exige maior interação do leitor, uma vez que o webjornalismo se

caracteriza pela interatividade entre emissor e receptor, completa Rodrigues (2000).

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Os usuários têm o poder de ir aonde quiserem, coletando informações. Eles podem, a partir de um bloco de informações, acessar um arquivo de áudio, um banco de dados, um gráfico, um resumo, um vídeo, um arquivo e, em seguida, acessar um link externo para outro site. Isso não significa que todos os usuários agem dessa forma, mas eles podem se assim quiserem. Esse padrão de consumo de informações é um ziguezague aleatório, não uma linha, e cada trajetória criada pelos usuários pode ser diferente. (WARD, 2007, p. 125).

Para Ward, a web é baseada no consumo não linear, uma vez que os leitores

não precisam ir da informação um (1) para a dois (2), da dois (2) para a três (3).

Quando escolhem a reportagem que lhes interessa, podem ir da informação quatro

(4) para a 30 e da 30 para a 50 e assim por diante.

O padrão de consumo é controlado pelo público, não pelo provedor. E é consumo não linear. Isso sugere necessidade de repensar o processo da narrativa tradicional; analisar um texto e reconstruí-lo para um público online e seus padrões de consumo não-linear. (WARD, 2006, p. 24).

Para Pinho (2003), a diferença entre uma notícia visualizada em um jornal

impresso e aquela visualizada em um computador está na forma como o material é

organizado. No papel (que é linear), o leitor deve seguir a notícia do começo ao fim.

Já na internet, o leitor tem a possibilidade de ler em blocos, através do recurso de

hipertexto. A sequência de escolhas desses ocorre de acordo com a vontade do

usuário. Um bloco de notícias é complementar aos demais; porém, caso o internauta

não escolha algum deles, não deixará de estar minimamente informado sobre o

assunto.

4.2 MULTIMIDIALIDADE

Seguindo a tendência de leitura não linear do webjornalismo, os recursos de

áudio, vídeo e imagens compõem o que passou a ser chamado de multimídia. Para

Lévy (1999), o termo multimídia significa aquilo que emprega diversos suportes de

comunicação.

Para Mielniczuk (2001) multimidialidade é a convergência dos formatos das

mídias tradicionais (imagem, texto e som) na narração do fato jornalístico. Esses

recursos permitem ao leitor uma forma de leitura diferenciada, típica do universo da

web.

Lévy (1999) destaca que quando uma informação é apresentada em mais de

um suporte, como textos, imagens e áudio, temos uma informação multimídia, uma

vez que afeta a visão, a audição, o tato, as sensações proprioceptivas.

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43

4.3 INTERATIVIDADE

Essa é uma das características mais discutidas atualmente, já que permite ao

leitor uma participação significativamente maior no processo de produção e

veiculação de notícias. Entretanto, existem diferentes graus de interatividade, que

podem dar um espaço maior ou menor para os internautas.

Segundo Mielniczuk (2003), a interatividade está relacionada à interação

entre o jornalista e o usuário, fazendo desse parte integrante do texto, já que muitas

vezes ele serve de fonte ou ponte entre o jornalista e a fonte. Dessa maneira, é

possível que o webjornalista construa um texto cujo fato jornalístico transforma-se

em uma narrativa multisequencial.

Ferrari (2003) destaca que é necessário entender seus leitores e investir em

interatividade, visto que as ferramentas de interação são os melhores métodos de

conhecer o público-alvo, pois não o distanciam do portal com questionários

cansativos, do tipo “queremos conhecer você”.

Para Primo (2009), o termo interatividade não surgiu com a internet. Nas

mídias tradicionais é possível perceber facilmente exemplos de relação jornalista

versus receptor, quando o jornal publica as cartas de leitor, ou quando o ouvinte

pede a sua música favorita ao locutor, ou ainda quando se escolhe o filme que

passará na TV durante a programação da madrugada.

A interatividade é vista, por Primo (2009), como uma conversa entre leitores e

os produtores de uma publicação. Caracteriza um diálogo que gera mudanças nos

próprios interlocutores e também no contexto em que eles estão inseridos. Ao

oferecer ao interagente a possibilidade de produzir conteúdo na rede, abre-se a ele

espaço para dialogar mais amplamente com seus integrantes.

Com a participação do público na escrita do conteúdo noticioso presente na

web, tomada como realidade possível e existente em diversos sites, pode-se afirmar

que uma das mudanças decorrentes da potencialização da interatividade na rede

passa a ser a maior interferência no produto jornalístico, incluindo, até mesmo, a sua

produção e edição.

4.4 INSTANTANEIDADE

De acordo com Pinho (2003), o rádio e a TV são veículos da mídia tradicional

que procuram realizar a cobertura instantânea dos acontecimentos. Estão sempre

apostos. Já, a instantaneidade da internet não ocorre apenas na cobertura do fato,

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44

mas refere-se, também, à produção e publicação da notícia, que poderá conter

áudio, vídeo e texto.

A instantaneidade no webjornalismo é percebida principalmente no lado da

produção. A notícia produzida não precisa mais obedecer a horários rígidos para a

veiculação, podendo agora ser disponibilizada simultaneamente. Para que um

webjornal seja atualizado, basta que o jornalista redija a notícia e tenha acesso à

internet, independentemente de onde ele esteja e de que horas sejam.

Enquanto nos veículos de comunicação tradicionais, muitas vezes, temos que

esperar pela apresentação do telejornal ou do radiojornal, na internet temos a

possibilidade de acessar as informações em questão de segundos, no momento em

que desejarmos, possibilidade ampliada ainda mais na última década, com a

mobilidade das tecnologias.

Para Pinho (2003), o noticiário em tempo real não deve ser considerado uma

conquista única da internet, pois o rádio e a TV introduziram as coberturas ao vivo.

A instantaneidade é a característica mais marcante do webjornalismo e faz a

web se destacar em relação aos outros meios de comunicação. A possibilidade de

acrescentar informações a qualquer momento torna a cobertura jornalística na

internet mais ágil.

A agilidade na atualização de conteúdos possibilitou o surgimento de uma

categoria de informação na web, as breaking news, ou últimas notícias, que se

tornaram uma característica lançada pelos sites, portais e blogs, adotada pela

maioria das versões digitais dos jornais impressos.

A diferença que caracteriza a internet, nesse contexto, não é simplesmente a

instantaneidade da informação, mas a disponibilidade de pesquisa dessa informação

após os acontecimentos, o que não ocorre no rádio e na TV.

4.5 MEMÓRIA

Entende-se que o armazenamento das informações é mais viável na web do

que em outras mídias. Para Palácios (2003), na web a memória dos internautas

torna-se mais coletiva, por meio do processo de hiperligação. Assim, o volume de

informação produzida está diretamente disponível ao usuário e ao produtor da

notícia.

A memória é altamente potencializada na web, visto estar agora diante de um

meio de comunicação que, a princípio, não apresenta limites de armazenamento. As

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ferramentas de busca também auxiliam o webleitor a encontrar todo tipo de

informação sobre um determinado assunto. A maioria dos webjornais mantém seus

arquivos de notícias anteriores à disposição dos usuários.

Palácios (2002) destaca que o ganho do jornalismo com os arquivos online é

percebido tanto do lado do emissor quanto do receptor. Não somente os leitores têm

à sua disposição de maneira imediata uma enorme quantidade de informação, como

também os jornalistas podem utilizar-se desse mesmo benefício em auxílio às suas

reportagens futuras. Dessa forma, a memória na web beneficia não somente o

webjornalismo, mas também os formatos anteriores.

Na web, a memória é potencializada, devido à facilidade, ao barateamento e à

simultaneidade da veiculação do conteúdo com o armazenamento. Além disso,

existe a possibilidade de rápida inter-relação, através de links ou mesmo de uma

republicação, bem como da procura por meio de sistemas de buscas e tags.22

Pela facilidade de resgatar a memória da web, segundo Canavilhas (2001), é

importante pensar como a mesma valoriza o jornalismo através da contextualização.

Ribas (apud PALÁCIOS, 2002) observa que a memória vem sendo incorporada ao

fazer jornalístico na web, seja como recurso de contextualização/ampliação do

material noticioso diário, seja em reportagens com mais profundidade.

4.6 ATUALIZAÇÃO CONTÍNUA

O fato de a internet ter como principal característica a rapidez, permite

extrema agilidade na atualização do material nos jornais da web. Isso possibilita um

acompanhamento contínuo em torno do desenvolvimento dos assuntos jornalísticos.

Porém, uma ressalva deve ser feita nesse ponto, pois mais importante do que

instantaneidade e atualização contínua é a publicação de informações verídicas.

Para Moherdaui (2007), a redação de um texto para web deve ser baseada

nas características do webjornalismo. O planejamento da redação da notícia deve

ser efetuado, para que possamos usar os recursos mais adequados a cada situação,

sem confundir o usuário. De acordo com a autora, o internauta que navega na web

se orienta pelo planejamento jornalístico do espaço virtual. O que mais chama a

atenção em uma notícia na web são os títulos das matérias, as fotos e chamadas. O

22

Tags: São palavras-chave nas quais o usuário pode encontrar todas as matérias referentes aos temas específicos. É por meio das tags que o usuário pode encontrar outros materiais disponibilizados pelo portal sobre aquele assunto de seu interesse. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/pages/glossario/tags.htm>. Acesso em: 28 jan. 2014.

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46

tempo que o usuário destina para ler as notícias na internet é curto, por isso, a

importância de uma notícia bem-elaborada.

Na atualização contínua, destaca-se a importância das tags. Elas são linhas

de código HTML ou etiquetas que descrevem o conteúdo do seu site, blog, portal ou

aplicativo para os buscadores. Nas tags, os blogueiros inserem as palavras-chave

que facilitarão a busca na hora de encontrar a informação desejada.

Nas tags, o blogueiro deve incluir uma quantidade de palavras que se refere

ao conteúdo da matéria postada. Caso não utilize as mesmas palavras, devem ser

usados sinônimos. As palavras-chave devem ser separadas com vírgula e em letras

minúsculas.

Um título coerente, as tags bem definidas e um texto de qualidade fazem com

que o internauta encontre o que deseja e consequentemente volte a visitar o site,

blog portal ou aplicativo.

4.7 PERSONALIZAÇÃO

O internauta deve ter a possibilidade de percorrer seus próprios caminhos na

internet, construindo uma linearidade com narrativa particular. A personalização de

webjornais já é praticada desde meados da década de 90, com o uso de

ferramentas que permitiam ao usuário filtrar as notícias a que queria ter acesso, para

reduzir o tempo perdido envolvendo a sobrecarga de informações.

A navegação por hipertextos é uma forma de personalização da webnotícia.

Ao fazer o seu percurso individualizado de leitura, o usuário está customizando a

sua notícia. Dessa forma, é apresentado para si um produto único que não será

apresentado para nenhuma outra pessoa, salvo coincidências de trajetos de

navegação.

De acordo com Mielniczuk (2003), a personalização torna-se importante à

medida que possibilita maior aproximação do veículo com o internauta, em uma

espécie de interação pessoal entre eles. A personalização ajuda o usuário a

aprender a construir seus próprios caminhos na rede mundial de computadores, para

que assim ele construa sua própria narrativa.

Depois de estudarmos todas as características do webjornalismo, fica

comprovada mais uma hipótese dessa monografia, em que o jornalismo da web

muda o perfil do jornalista. Diante de uma nova realidade profissional, as

competências exigidas do jornalista também mudam. De acordo com Pérez (1997),

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47

essa mudança passa pela capacidade multimídia, em que os futuros profissionais

deverão ter a capacidade para trabalhar com todas as mídias, selecionando e

interpretando a informação com a criatividade para dispor agradavelmente dessa

informação.

Para Millison (apud MIELNICZUK, 2003), os jornalistas online devem

aprender algumas ferramentas básicas da web como usar a internet para pesquisar

informação, programação básica de HTML para construir páginas na web, produção

digital de áudio e vídeo e técnicas de programação na web, para adicionar

elementos multimídia ao texto jornalístico.

Comprova-se que, cada vez mais, o webjornalismo cobra do profissional ser

completo. Saiba um pouco do jornalismo impresso, do rádio, da TV e,

consequentemente, de web, para produzir matérias mais completas e atraentes ao

leitor.

4.8 JORNALISMO ESPORTIVO E A WEB

Os esportes começaram a ganhar espaço nas páginas dos jornais no século

XIX. Alguns estudiosos apontam que o primeiro jornal voltado para essa editoria foi o

francês Journal des Haras. A primeira edição saiu no dia 4 de maio de 1828. O

primeiro jornal totalmente esportivo foi o inglês Bell’s Life, fundado em 1838 e que

mais tarde foi rebatizado como Sporting Life. Em 1854, surge o jornal francês Le

Sport.

O esporte é considerado um fenômeno sócio-cultural, de dimensão social incontestável e, através dos meios de comunicação, pode-se constatar que o esporte tem ocupado, mundialmente, uma posição bastante destacada. Os canais internacionais, especialmente os que se dedicam exclusivamente ao esporte, mostram que a área está organizada e, deste modo, tem merecido um enfoque informativo altamente especializado. (TAMBUCCI et al., 1997, p. 11).

Segundo Silveira (apud SOARES, 1994), no Brasil, as primeiras publicações

surgem no século XIX estampadas no jornal O Atleta e, mais tarde, aparecem nos

jornais o Sport e o Sportman.

De acordo com Soares (1994), no início, a imprensa esportiva oferecia

informações e explicações sobre como praticar os mais variados esportes. Assim

que o esporte começou a tornar-se importante, as colunas esportivas começaram a

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ganhar novo status. Ocorre que essas colunas acabavam sendo lugar de privilégio

pessoal de autores e conhecidos, relegando o esporte a um segundo plano.

Para Soares (1994), a imprensa esportiva que surge no início do século XIX,

tanto em colunas de jornais diários, quanto em publicações exclusivas, pouco

informava sobre o futebol nos clubes de colônia. Em 1902, o Brasil Esportivo

publicava as primeiras matérias sobre esporte, mas o futebol ainda não se

encontrava entre as primeiras escolhas das camadas sociais superiores, a quem o

jornal era dirigido.

Ainda segundo o autor, no ano de 1940, surge, em São Paulo, o semanário

Mundo Esportivo, que ficou nas bancas de 1946 até 1956 e teve uma edição em

1959. A primeira edição chegou às bancas no dia 23 de agosto de 1946 e o jornal

trazia notícias do futebol, em especial dos times paulistas, do turfe, do atletismo, do

tênis e do boxe. Trazia os resultados dos jogos e abria espaço para a crônica

esportiva.

Depois das páginas dos jornais, o rádio surgiu no Brasil em 1920. Esse meio

possibilitava que o torcedor se sentisse mais próximo da partida, mesmo aquele que

estivesse no estádio – um hábito visto até os dias de hoje. O rádio deu uma

importante contribuição para a popularização do esporte. Não era preciso o torcedor

ler. Ele até poderia estar longe do campo, ginásio ou pista para acompanhar jogos e

corridas.

O rádio esportivo foi essencial para a transformação do futebol em esporte de massa e um importante complemento na definição do rádio como meio de comunicação de massa. O ponto de partida desse processo é a primeira narração detalhada de um jogo de futebol. A transmissão coube ao locutor Nicolau Tuma, da Rádio Sociedade Educadora Paulista (primeira emissora de São Paulo, fundada em 1923), durante o VIII Campeonato Brasileiro de Futebol, em 1931. (SOARES, 1994, p.17).

Para Savenhago (2011), as emissoras tiveram que reformular a programação

e criar formas para atrair mais ouvintes. Com essa reformulação, a transmissão

esportiva surgiu como um bom apelo para conquistar a audiência, ainda mais porque

o aumento da divulgação do futebol no rádio coincidiu com o início da

profissionalização do futebol no Brasil em 1933, e o consequente crescimento do

interesse da população pelo esporte. O futebol, naquele momento, passava a

representar uma fonte de receita para o rádio.

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49

Savenhago (2011) mostra que a televisão chega ao País nos anos 50 e já

naquele período começam as transmissões esportivas. Como ocorreu com o rádio, a

mídia aproveitou a popularização do esporte, e o resultado foi o crescimento dela

mesma. O sucesso da primeira transmissão interestadual de um jogo de futebol e o

aumento na venda de aparelhos estimularam as emissoras a investir em tecnologia.

A televisão trouxe uma relevante contribuição para que a cobertura esportiva

se projetasse como espetáculo. Ao oferecer imagens e transmissões ao vivo, a TV

cria um imaginário, cria uma sensação de proximidade entre as modalidades

esportivas em disputa e os telespectadores.

Se assistirmos a uma partida diretamente do estádio, levarmos uma televisão para acompanhar o jogo e também ouvirmos a transmissão pelas ondas do rádio, teremos a nítida sensação de estar participando de três eventos completamente distintos. Além disso, não só na transmissão do locutor, em sua forma de narrar, mas também no jogo de imagens. Percebe-se o quanto a imagem é controlada por uma equipe de profissionais preocupados em mostrar somente o que lhes interessa, como se eliminasse a capacidade crítica do sujeito. (BEZERRA, 2008, p. 64).

Betti (2004) reafirma a importância para os eventos esportivos. Sem a TV,

não há patrocinadores, e a falta de parceiros comerciais inviabiliza os eventos. Com

a televisão, o esporte tornou-se um espetáculo.

4.9 JORNALISMO ESPORTIVO NA WEB

A linguagem do jornalismo tem sofrido grandes mudanças devido ao avanço

tecnológico. O jornalismo esportivo foi o segmento que mais sentiu de perto essa

brusca transformação.

Para Machado (2003) e Ward (2007), captar notícias para a web envolve

questões similares às de outras mídias, como ter em mente qual é o público-alvo, o

alcance e o foco do veículo (local, nacional, internacional). Mas a internet oferece

novas formas de coletar e reportar a informação. O desenvolvimento de ferramentas

de busca online permitiu aos repórteres realizar de forma muito mais ágil o que

anteriormente era feito por bibliotecários ou em arquivos públicos. Isso adquire

importância especial na produção de matérias esportivas, tendo em vista a facilidade

de encontrar conteúdo já divulgado em outras plataformas da web.

Salaverría (2005) afirma que os novos jornalistas são obrigados a realizar um

esforço de criatividade para não repetir velhos formatos e perpetuar rotinas antigas.

A principal função desse profissional é desenvolver produtos multimídia e não editar

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e redigir textos. Para isso, é preciso elevado conhecimento dos códigos escrito e

audiovisual. O jornalista precisa contar histórias com palavras, imagens e sons.

Para Ward (2007), a apresentação dos dados pode motivar ou desestimular

os leitores; portanto, cabe ao jornalista pensar não somente nos números e nas

informações levantados na web, mas também em como publicá-los de modo a

facilitar a leitura e parecer atraente aos internautas.

O que muda é a forma pela qual as matérias são editadas – a notícia (ou qualquer outro gênero jornalístico) pode ser mais bem contextualizada na Internet. É possível explorar relações com o passado oferecendo informações de fundo ou links com reportagens sobre o mesmo tema. (MOHERDAUI, 2007, p. 197).

De acordo com Salaverría (2005), a audiência se transformou e está exigindo

maleabilidade das empresas e jornalistas para fazer o mesmo. O público de hoje

possui aparatos tecnológicos e acesso a multiplataformas, o que possibilita que o

leitor tenha papel ativo no processo de construção da informação. Por isso, para a

integração dar certo, além de infraestrutura é preciso cooperação dos jornalistas

responsáveis pela divulgação da informação.

Em outubro de 1997, começa a era do jornalismo esportivo brasileiro na web.

Naquele mês, o grupo Lance publicou na rede o Lancenet.23 A intenção da criação

do diário, no entanto, era “marcar território” e sair na frente dos demais veículos

quando a internet realmente se popularizasse.

Ainda hoje, o Lancenet é uma das grandes referências no País, quando

falamos em jornalismo esportivo na web. No entanto, ele vem perdendo espaço, ao

longo dos anos, para sites com maiores investimentos, como o Terra Esportes (do

portal Terra.com), UOL Esportes (do portal Uol.com) e GloboEsporte.com (do portal

Globo.com).

Em 2000, o site de jornalismo esportivo PSN (Pan American Sports Network)

surgiu no Brasil com muita força. Canal de TV por assinatura, o PSN “tirou”

profissionais dos mais diversos veículos esportivos, desde o impresso até o

23 O jornal Lancenet circulou pela primeira vez em 26 de outubro de 1997, mas o site Lancenet

<http://www.lancenet.com.br> já estava disponível na internet uma semana antes. O jornal começou com uma equipe de 100 funcionários.

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51

radiofônico. Foi um passo importante na história do webjornalismo esportivo, em

relação à concorrência pelo espaço com os demais veículos jornalísticos.

Após o site da PSN, surgiram mais interessados no webjornalismo esportivo.

IG, Pele.net e Sportsya eram os principais concorrentes ao site do grupo norte-

americano. No entanto, como já abordamos acima, o Lance queria e saiu na frente.

Com o crescimento da internet no Brasil, o diário virou referência e rapidamente

passou a atrair diversos investidores.

O tema futebol é o grande destaque do jornalismo esportivo, seja no

impresso, na TV, no rádio ou na internet. Obviamente, o esporte foi preponderante

na popularização e no crescimento do jornalismo esportivo no Brasil. O problema se

dá, no entanto, quando se resume esporte a futebol. Essa característica do

jornalismo esportivo brasileiro, que se originou no século passado, é chamada

“monocultura esportiva”.

Na internet, o jornalismo esportivo deve oferecer um leque de opções para

que o leitor/usuário/internauta escolha o conteúdo desejado. Com a facilidade de se

produzir conteúdo, criar sites, blogs e expor opiniões, o webjornalismo é mais do que

apenas uma ferramenta. Por meio dele, as diversas modalidades esportivas são

divulgadas e mantidas ao alcance do público.

Figura 1 – Print Screen do site Lancenet

Fonte: Página do site LANCENET. Acesso em: 19 nov. 2013.

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52

O webjornalismo é um instrumento poderoso na democratização esportiva do

País, colaborando na desconstrução da monocultura esportiva vigente, há mais de

um século.

Muitos atletas profissionais e praticantes do esporte passaram a escrever

sobre futebol, natação, vôlei, atletismo, basquete, automobilismo, entre outros, por

meio de sites, blogs, portais e aplicativos que se destacavam pelo número de

acessos.

A revolução é consequência da mudança tecnológica: a web investiu em

novos recursos para transmitir e repercutir jogos e campeonatos. Num primeiro

momento, as transmissões foram realizadas por veículos do centro do País. Com o

passar do tempo, as mesmas começaram a ganhar destaque nos estados

brasileiros.

Os principais veículos do Brasil já migraram para a web e já superaram essa

fase. Um exemplo muito claro fica por conta do jornal Gazeta Esportiva, que definiu

seu plano de negócios exclusivamente pela e para a web, abandonando a tradicional

publicação impressa.

Na internet, os internautas encontram informação em muitas plataformas

como veremos no capítulo que segue.

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53

5 SOBRE A INTERFACE

Baixo custo de execução e operacional, facilidade de operação e modismo

fazem com que meios de comunicação de massa, como rádio, jornal, TV e web,

divulguem volumes cada vez maiores de dados e de informações irrelevantes, com

velocidade estonteante, o que tende a gerar um desinteresse por parte do ouvinte,

leitor, telespectador e internauta.

Para Silva (1997), plataformas cada vez mais “amigáveis”, computadores

cada vez mais sofisticados e a disseminação do uso de tecnologias permitem que

haja sempre uma interface que medeia a interação. Além disso, possibilitam a

conexão das necessidades dos homens às funcionalidades das máquinas.

Agner (2009) destaca a importância de organizar as informações de um site,

website, portal ou blog, de modo que os usuários possam encontrar o que querem e

atingir os seus objetivos com facilidade. Desse modo, ficarão satisfeitos e voltarão a

visitar a plataforma.

Segundo Johnson (2001), os designers de interface de hoje se defrontam com

uma tarefa muito mais assustadora com os gigabytes24 de dados armazenados nos

discos rígidos e na infinita épica da Word Wide Web.

Os princípios da interface podem ser aplicados em um site, website, portal ou

blog. Os mesmos visam a aumentar a satisfação das pessoas durante a interação

com os computadores, e seria bom que fossem conhecidos e respeitados por todos

os envolvidos com o projeto de sistemas. Para Agner (2009), a interface tem nove

regras que podem aumentar a competência humana sobre os sistemas

informatizados que facilitam o seu aprendizado:

– consistência: tem relação com a repetição de certos padrões. O layout25 de cores,

letra, menus, diagramação, entre outros, devem ser os mesmos em todas as

páginas;

24

Gigabytes: Uma medida de memória e armazenamento. Em média, um gigabyte corresponde a 1.000.000.000 bytes (tecnicamente, o número 2 elevado à 30ª potência ou 1.073.741.824 bytes) Disponível em: <http://br.norton.com/security_response/glossary/define.jsp?letter=g&word=gigabyte>. Acesso em: 27 jan. 2014.

24

Layout: Desenho da aparência de um site, website, portal ou blog criado em algum software de criação vetorial ou de edição de imagens. Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/leitao-aline-novos-modos-de-fazer-jornalismo.pdf>. Acesso em: 27 jan. 2014.

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– atalhos: com a utilização frequente dos sites e sistemas interativos, os

usuários vão se tornando experientes e querem diminuir o número de cliques para

aumentar a velocidade. As interfaces devem fornecer atalhos para diminuir o tempo

na busca de informações;

– retroalimentação: é a questão da comunicação. Para cada ação realizada

pelo usuário, deve haver um feedback26 adequado vindo do computador;

– diálogos: é a sequência de cliques que dá ao usuário a sensação de alívio e

que percorreu o caminho correto até chegar à informação desejada;

– prevenção de erros: o sistema deve ser capaz de recusar erros cometidos

pelo usuário. Ações erradas devem fazer o sistema permanecer inalterado e

oferecer uma forma mais simples e construtiva para recuperar-se;

– meia-volta volver: é a possibilidade de reversão para o estado inicial. O

sistema deve sempre encorajar a exploração de áreas não conhecidas, mas as

ações devem ser reversíveis;

– o controle é do usuário: nesta regra, os usuários precisam ter a sensação

de que controlam o sistema e de que o mesmo responde as suas ações;

– na cabeça: os seres humanos têm a memória de curto prazo muito ruim.

Essa limitação da capacidade de processar informações na memória deve ser

respeitada pelos profissionais que fazem a programação dos sites, websites, blogs

ou portais;

– conheça o usuário: uma interface só é bem-sucedida se ela der o suporte

adequado aos objetivos e ao comportamento do usuário.

Para que o internauta que visita determinado site, website, portal e/ou blog

tenha uma experiência com qualidade, é preciso que os conceitos de usabilidade,

funcionalidade, interatividade, navegabilidade e banco de dados ofereçam garantias

para que o usuário chegue até a informação desejada com rapidez.

Na Segunda Guerra Mundial, os cientistas da Força Aérea Inglesa

descobriram que as falhas ocorridas, durante a operação de equipamentos militares

não eram ocasionadas exclusivamente por falha humana, mas pela não adequação

dos equipamentos às características físicas, psíquicas e cognitivas humanas.

26

Feedback: Significa realimentar ou dar o retorno, e tem a capacidade de dar e receber opiniões, críticas e sugestões sobre algo pessoal ou profissional. Disponível em: <http://www.santanderempreendedor.com.br/glossario?id=47>. Acesso em: 27 jan. 2014.

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55

O estudo científico da relação entre o homem e seus meios, métodos e espaços de trabalho, tendo por objetivo elaborar conhecimentos que devem resultar numa melhor adaptação ao homem dos meios tecnológicos e dos ambientes de trabalho e de vida. (STORCHI, 2004, p. 14).

Para reduzir os custos de produção e manutenção, foram criadas novas

metodologias que identificassem reais problemas relativos ao contexto do uso dos

sistemas. Esse conjunto de métodos e técnicas estruturadas passou a ser conhecido

como usabilidade.

5.1 PORTAL

Para uma página da internet ser chamada de portal, deve conter algumas

características e conteúdos específicos tais como: ferramenta de busca,

comunidades, comércio eletrônico, horóscopo, previsão do tempo, notícias, cotações

financeiras, coluna social, e-mail gratuito, entretenimento e esportes, notícias,

previsão do tempo, chats, homepages pessoais, jogos online, cotações financeiras,

entre outros.

Para Ferrari (2003), um portal é um site que funciona como centro

aglomerador e distribuidor de conteúdo para uma série de outros sites ou subsites

dentro e fora do domínio do portal. Todo esse conteúdo pode ser organizado na

forma de canais.

Nos últimos anos, esses tópicos têm sido de extrema importância aos portais,

para que o internauta navegue com facilidade. Na verdade, tem sido uma fórmula

bem-sucedida para captar e fidelizar conteúdo.

De acordo com Ferrari (2003), o portal é um instrumento essencial para o

jornalista contemporâneo e, por ser tão gigantesco, está começando a moldar

produtos editoriais interativos com qualidade atraente, a baixo custo em relação às

mídias tradicionais e a imprensa mainstream mostra que, em vários momentos, já

expôs fragilidade em coberturas que exigiam transmissões em tempo real, como os

movimentos sociais de protesto que marcaram o País em junho de 2013, por

exemplo.

5.2 SITE

É um conjunto de páginas abrigadas sob um mesmo endereço (URL), e

organizadas seguindo determinada hierarquia. Uma página inicial (home) oferece a

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“porta de entrada”, embora o internauta possa ter acesso por diferentes páginas,

dependendo da forma como desenvolve sua pesquisa de conteúdo.

Hoje, segundo Cozza,27 o site é o principal canal de comunicação entre a

empresa e seus clientes. O aumento e a disseminação das mídias sociais, como

blogs, Facebook, Twitter, entre outros, além da flexibilização trazida pela mobilidade,

provocaram duas alterações importantes nos sites: de um lado, eles passaram de

divulgação oficial de empresas e instituições e, de outro, os sites tendem a se tornar

mais dinâmicos, embora sua atualização não seja constante e, em muitos casos,

nem necessária.

Os sites são mais utilizados como ferramentas institucionais e comerciais com

foco estreito e bem-definido.

Para Barbosa e Castro (2008), a convergência no jornalismo é mais do que

uma palavra da moda ou justificativa para a sobrecarga de trabalho. A convergência

jornalística é uma oportunidade para renovar o jornalismo e atualizá-lo frente às

demandas do público do século XXI.

Segundo Jenkins (2008), existem três tipos de convergência midiática: de

formato, de terminal/dispositivo e de conteúdo. A convergência de formato é

entendida como sinônimo de multimídia, isto é, a integração de diversos formatos

midiáticos, tais como: vídeo, áudio, imagem, infográfico, animação e texto.

No estilo de terminal, se reúnem especificidades de diversas mídias em só um

dispositivo. Por fim, a convergência de conteúdo tem relação com a transposição

dos materiais de um dispositivo para outro.

Na concepção de Barbosa e Castro (2008), para o jornalismo, a convergência

significa integração entre meios distintos, produção de conteúdos combinando

multiplataformas para publicação e distribuição, convergência estrutural com a

reorganização das redações e a introdução de novas funções para os jornalistas.

5.3 BLOG

Anteriormente ao surgimento dos blogs, para publicar algum tipo de

informação ou página pessoal na internet, o internauta deveria ter conhecimento

27

André Cozza é um profissional da web, tendo desenvolvido vários trabalhos que podem ser

encontrados no site disponível em: <http://www.andrecozza.com.br>. Acesso em: 5 nov. 2013.

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técnico, paciência, tempo e disposição para criar um site. Hoje, basta usar um blog

para expor a sua opinião na web.

Esse novo fenômeno causa uma revolução: amplia a possibilidade de as

informações serem jogadas na rede mundial de computadores a qualquer instante,

sobre todo e qualquer assunto.

No ato de escrita, o escritor torna externos seus pensamentos. O escritor envolve-se numa relação reflexiva e refletida na página escrita, na qual os pensamentos tomam corpo publicamente. Torna-se difícil dizer onde o pensamento termina e a escrita começa, onde a mente termina e o espaço de escrita começa. Com qualquer técnica de escrita – na pedra, no barro, no papiro ou no papel e, particularmente, na tela do computador – o escritor chega a considerar a própria mente como um espaço de escrita. (SILVA, 2003, p. 8).

Com essa abertura indiscriminada da escrita na rede mundial de

computadores, parte considerável dos blogs pode ser intitulada como diários

pessoais. Porém, há condições para que esse instrumento online tenha suas

funções ampliadas e canalizadas à transmissão de informações de interesse social.

Os blogs exibem, em primeiro lugar, os textos postados em ordem de data

mais recente. Nesse universo usa-se a palavra “postar”, para indicar a colocação da

informação na rede. Um post,28 como é chamado o ato de postar, é uma atualização

ou a alimentação de alguma informação no blog.

As publicações podem ser feitas a qualquer momento e de acordo com a

vontade do blogueiro, que tanto pode postar várias vezes ao dia quanto ficar dias,

semanas ou meses sem disponibilizar conteúdo novo, o que não se recomenda, na

medida em que fidelizar leitores na web é sinônimo de oferecer sempre novos

conteúdos.

Os blogs jornalísticos são aqueles que podem ser acessados por qualquer

pessoa, via internet. Para Escobar (2009), na grande maioria, os blogs se destinam

a divulgar acontecimentos reais dotados de atualidade, novidade, universalidade e

interesse.

Os blogs são construídos a partir de um servidor ou de uma plataforma que

disponibilize o serviço. No Brasil, as plataformas mais conhecidas são o Blogger,

Weblogger, Blig, Wordpress, Tumbler. Nem todos os usuários que possuem blogs

28

Post: Significa qualquer tipo de publicação realizada nas redes sociais, seja no Facebook, Twitter, YouTube, blogs, entre outras. Disponível em: <http://agenciast.com.br/glossario/postpostagem>. Acesso: 26 jan. 2014.

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usam essas ferramentas. Internautas mais experientes e com domínio de

programação na internet podem optar por criar a sua própria ferramenta de blog.

Os weblogs são baseados em mecanismos que facilitam a colocação de um website no ar. Geralmente possuem layouts prontos e dispensam a necessidade de que o blogueiro saiba a linguagem HTML, principal problema para a colocação de conteúdo na Web. A maioria dos weblogs é baseada também nos princípios de microconteúdo (textos curtos, com as informações relevantes, colocados de modo padrão – em blocos – no site, denominados posts), e atualização freqüente (geralmente, diária. Em alguns casos, os weblogs são atualizados várias vezes ao dia). (RECUERO, 2003, p. 1).

Entre as características marcantes dos blogs, estão os links e os espaços

para comentários dos visitantes. Boa parte dos blogs contém links para outros blogs,

que, em sua maioria, publicam assuntos relacionados, formando uma espécie de

corrente.

O primeiro blog surgiu aproximadamente na segunda metade da década de

90 e foi de Tim Berners-Lee, com o nome de “What’s New”? O segundo blog era a

página de Marc Andreessen, também com o nome “What’s New?”, no National

Center for Supercomputing.

Os blogs mais antigos não trabalhavam com longos textos, apresentavam

apenas uma lista de links misturada com comentários. Depois, começaram a

aparecer os textos de gosto pessoal, com aproximadamente quatro linhas de

conteúdo. Segundo Silva (2003), no Brasil, os primeiros registros foram dos

seguintes blogs:

– criado no ano 2000 por Marcos Zamorim, o blog com formato de publicação

pode ser acessado pelo endereço <www.zamorin.eti.br>;

– com a primeira postagem registrada em 1998, o blog da gaúcha Viviane

Menezes, com formato HTML, e pode ser acessado no endereço

<www.wiredkitsune.net/weblog11>. De acordo com Silva (2003), somente em 1999

foram criadas ferramentas de auxílio aos usuários.

O blog Piccolo Esportivo, estudo de caso desta pesquisa, é produzido na

ferramenta blogger (<www.blogger.com.br>) extensão do servidor criado pela Pyra

Labs, São Francisco, Califórnia, em 1999. Segundo Silva (2003), o blogger é

visivelmente a ferramenta mais usada no mundo inteiro.

Silva (2003) cria uma tipologia, classificando os blogs em:

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Quadro 1 – Classificação dos blogs

Fonte: Adaptado de Silva (2003).

O blog Piccolo Esportivo classifica-se como blog individual, uma vez que

somente o autor do blog pode postar conteúdo, tendo toda a autonomia sobre ele.

Nas categorias primárias, o blog Piccolo Esportivo classifica-se como blog

temático que, segundo Silva (2003), é produzido individualmente ou em grupos, este

tipo de blog é concebido com base em um tema específico ou numa área com

interesse comum.

Quanto ao conteúdo, de acordo com Recuero (2003), o blog Piccolo Esportivo

é um blog misto por misturar posts pessoais e posts informativos, principalmente

sobre esporte.

Questionamos a tipologia de Silva (2003) sugerindo que os “blogs diários”

fizessem parte de uma classificação que indicasse a periodicidade junto com os

blogs semanais, quinzenais e mensais.

Classificação dos BLOGS

Classificações Primárias

Blogs Individuais Somente o autor do blog pode postar conteúdo, tendo toda a autonomia sobre o blog.

Blogs Coletivos Vários autores têm acesso à ferramenta para postar conteúdo. O criador do blog determina a autonomia dos usuários.

Classificações Secundárias

Blogs Temáticos Produzido individualmente ou em grupo, este tipo de blog é criado com base em um tema específico ou numa área de interesse em comum.

Blogs Livres

Procuram não se deter em um único tema e podem incluir criação literária, comentários do próprio autor, críticas, fofocas, atualização de notícias, diários, entre outros.

Quanto ao Conteúdo

Blogs Diários Referem-se principalmente à vida pessoal do autor. O seu objetivo é relatar fatos cotidianos, como um diário pessoal.

Blogs Publicações

Trazem informação de modo opinativo. Buscam o debate e o comentário. Alguns possuem um tema central, outros tratam de generalidades.

Blogs Literários

Contam uma história ficcional ou, simplesmente, um conjunto de crônicas ou poesias com ambições literárias.

Blogs Clippings

Destinam-se a ser um apanhado de links ou recortes de outras publicações, com o objetivo de filtrar a informação publicada em outros lugares.

Blogs Clippings

Misturam posts pessoais e posts informativos, com notícias, dicas e comentários, de acordo com o gosto e a opinião pessoal do autor.

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Essa classificação refere-se ao conteúdo, ao modo como o blog é produzido.

Nesse caso específico, os blogs diários contam a vida particular do autor e o nome

Diário nada tem a ver com o conteúdo postado.

Outra sugestão poderia ser a criação de uma classificação quanto ao número

médio de acessos, o que daria ao blogueiro condições mais efetivas de mesurar sua

visibilidade.

O blog se configurou num espaço de renovação da prática jornalística. A

estrutura oferecida por ele provoca transformações no fazer jornalístico e, mais

especificamente, na configuração da cobertura esportiva.

Para Escobar (2009), no blog, “não se tem mais capas, manchetes,

chamadas”, o que deixa o blogueiro livre para postar sua opinião e fazer suas

críticas, sem a preocupação com a hierarquização da informação. A liberdade é uma

característica do jornalismo dos blogs. Outra característica importante é a

multimidialidade, tendo em vista que aceita texto, imagens, áudios, vídeos e

infográficos. O texto não é apenas a mensagem divulgada por signos verbais.

O blog transformou-se numa plataforma adequada para a veiculação de

conteúdos e trouxe as características intrínsecas à prática do jornalismo, conforme

vimos no segundo capítulo desse trabalho.

5.4 USABILIDADE

Na internet, é cada vez maior a quantidade de domínio para

programação/criação/gerenciamento de sistemas, sejam eles desenvolvidos por

especialistas ou por amadores.

Dessa forma, é necessário desenvolver competências para projetar e avaliar

interfaces que estejam adequadas não somente ao usuário, mas também à tarefa a

que se destina, tendo em vista a satisfação do usuário no desempenho e na

produtividade.

Usabilidade é o sistema que habilita o ser humano a realizar suas tarefas

mais rapidamente, com menos erros, com maior qualidade e satisfação.

Jokela (apud NIELSEN, 2002) descreve os termos que constroem a definição

de usabilidade:

– efetividade: permite que o usuário chegue até os objetivos iniciais de

interação. A efetividade é geralmente observada em termos de finalização de uma

tarefa e também em termos de qualidade do resultado obtido.

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– eficiência: refere-se à quantidade de esforço necessário para se chegar a

uma informação disponível na web;

– satisfação: refere-se ao nível de conforto que o usuário sente ao utilizar a

interface e qual a aceitação como maneira de alcançar as informações disponíveis

na web.

Apesar de serem consideradas subjetivas, a efetividade, eficiência e

satisfação são as medidas de usabilidade utilizadas como parâmetro para alcançar

melhorias.

Para Padovani (apud NIELSEN, 2002), a interação humano-computador é um

campo de estudo interdisciplinar que tem como objetivo geral entender como as

pessoas utilizam, ou não utilizam, a tecnologia da informação.

Para avaliar a usabilidade de um sistema, podemos fazer uso de um conjunto

de critérios como: tempo para concluir uma tarefa, razão de acertos e erros, tempo

gasto com erros, número de comandos utilizados e quantidade de vezes que o

usuário expressa satisfação ou frustração.

Com a crescente popularidade da web, a quantidade e diversidade de

usuários acentuou-se drasticamente. Por conta disso, tornou-se indispensável

aumentar a usabilidade e garantir que o conteúdo seja compatível com a capacidade

de compreensão dos usuários.

É importante considerar que o conteúdo da web deve levar em consideração

tanto a impaciência dos usuários quanto as possíveis metas do público-alvo,

oferecendo-lhe conteúdo útil com respostas rápidas. Do contrário, perdem-se

usuários, perdem-se clientes e perdem-se leitores.

Segundo Nielsen (2002), existem dez princípios fundamentais da usabilidade,

designados heurísticas de Nielsen:

– visibilidade do status do sistema: o sistema deve manter usuários sempre

informados sobre o que está acontecendo e fornecer feedback adequado, num

intervalo de tempo razoável;

– compatibilidade do sistema com o mundo real: o sistema deve falar a língua

do usuário com palavras e conceitos familiares a este, em vez de termos voltados

para o sistema;

– controle do usuário e liberdade: os usuários escolhem funções do sistema

por engano e precisarão de uma “saída de emergência”, para deixar aquela situação

indesejável sem ter que passar por um extenso diálogo;

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– consistência e padrões: usuários não devem temer que diferentes palavras,

situações ou ações signifiquem a mesma coisa;

– prevenção de erro: além de pensar na redação e na apresentação de

mensagens de erro adequadas, deve-se projetar a interação, de modo que

acionamentos indevidos sejam evitados;

– reconhecimento em vez de memorização: minimizar a sobrecarga da

memória do usuário, ao tornar visíveis objetos, ações e opções;

– flexibilidade e eficiência no uso: teclas ou outros recursos de atalho podem

acelerar a interação do usuário experiente com o sistema;

– estética e design minimalista: os diálogos não devem conter informações

irrelevantes;

– ajudar o usuário a reconhecer, diagnosticar e corrigir erros: as mensagens

de erro devem ser redigidas em linguagem clara, e não codificada. As mensagens

devem indicar o problema e sugerir uma solução;

– ajuda e documentação: toda a informação deve ser facilmente localizada e

direcionada à tarefa do usuário, além de apresentar uma lista, objetiva e concisa, de

passos ou procedimentos a serem executados.

5.4.1 Avaliação da usabilidade

Os métodos e as técnicas de avaliação da usabilidade permitem determinar o

ponto de equilíbrio entre os objetivos de um site, website, portal, blog e as

necessidades dos usuários, por meio da identificação de problemas com relação à

usabilidade.

Esses métodos podem ser aplicados num período de tempo relativamente

pequeno, a um custo baixo, possibilitando resultados satisfatórios, desde que

adequados ao contexto do uso. Os mesmos podem ser trabalhados sob três óticas:

– a visão dos gestores: a análise do contexto de uso não proporciona

somente recursos oportunos e eficazes para a tomada de decisões, mas o

aprimoramento das interfaces melhorando a qualidade e a produtividade dos

serviços virtuais;

– a visão dos desenvolvedores: trabalha com a inspeção ergonômica por

meio de listas de verificação, guia de recomendações e critérios heurísticos;

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– a visão dos usuários: são testes que permitem a coleta de dados

quantitativos ou qualitativos, a partir da observação de como o usuário realiza uma

tarefa em seu ambiente operacional.

Os testes podem ser utilizados em qualquer fase do desenvolvimento do sistema e sua preparação requer um trabalho detalhado de reconhecimento do usuário alvo e de sua tarefa típica para a composição dos cenários que serão aplicados durante a realização dos testes. (STORCHI, 2004, p. 58).

Ainda em relação à avaliação da usabilidade, Hansen (apud NIELSEN, 2002)

enumera os primeiros princípios para o design de sistemas interativos:

– conhecer os usuários;

– reduzir a necessidade de memorização;

– otimizar as operações por meio da rápida execução, organizando e

reorganizando a estrutura da informação, com base na observação do sistema

utilizado;

– elaborar boas mensagens de erro e projetar a interação, de modo a evitar

erros e a possibilitar que os usuários possam desfazer ações realizadas, garantindo

a integridade do sistema, no caso de uma falha de software.29

Bastien e Scapin (apud NIELSEN, 2002) destacam os critérios que podem

aprimorar o conhecimento sobre o método de inspeção baseado em listas de

verificação, guia de recordação e critérios heurísticos:

– condução: critério que possibilita ao usuário se localizar durante a execução

de uma tarefa, podendo ser avaliado pelo feedback imediato;

– carga de trabalho: está diretamente ligada à dinâmica do trabalho, pois

quanto menor for a carga de trabalho cognitiva do usuário, menor será a

probabilidade de cometer erros durante a realização da tarefa;

– controle explícito: avalia qual o nível de controle que o usuário tem sobre o

sistema;

– adaptabilidade: analisa a adaptação de um sistema ao ambiente no qual se

realizam as tarefas;

– gestão de erros: analisa todos os mecanismos do sistema que evitam,

previnem e corrigem erros;

29

Software: Programa geralmente armazenado pelo computador, utilizado para operar ou executar uma tarefa. Disponível em: <http//www.bocc.ubi.pt/pag/leitão-aline-novos-modos-de-fazer-jornalismo.pdf>. Acesso em: 28 jan. 2014.

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– coerência: relação entre os elementos de uma interface para proporcionar

excelente identificação visual para o usuário;

– significado dos códigos e das denominações: relação entre a informação

solicitada e a sua menção;

– compatibilidade: acordo que existe entre as características do usuário e as

tarefas elaboradas num determinado sistema.

5.4.2 Teste da usabilidade

Segundo Travis (apud NIELSEN, 2002), os testes de usabilidade têm raízes

na psicologia experimental. Com eles, se pede que os participantes executem uma

ou mais tarefas bem-determinadas, e se faz uma análise estatística dos resultados.

O teste de usabilidade é um método empregado na ergonomia e na interação

humano-computador, com o objetivo de testar e avaliar a usabilidade de produtos e

sistemas, a partir da observação dos usuários durante a interação.

De acordo com Rodrigues (apud NIELSEN 2002), foram os testes de

usabilidade os responsáveis por dar ao design de interface na web a credibilidade

que lhes faltava, colocando fim ao “achismo” dos primeiros anos.

Nesta monografia, a usabilidade foi testada no blog do Nando e no blog

Piccolo Esportivo, como veremos adiante.

5.4.3 Objetivos dos testes de usabilidade

O objetivo principal de um teste de usabilidade é facilitar o uso de um produto.

Com a utilização dos testes de usabilidade, a equipe de desenvolvimento saberá

imediatamente se as pessoas compreendem o design como realmente deveriam

entender.

De acordo com Marcus (apud NIELSEN; LORANGER, 2010), a observação

de poucos usuários lidando com o produto tem um impacto muito maior sobre as

atitudes dos desenvolvedores do que muitas horas de discussão sobre a importância

da usabilidade ou sobre como compreender o usuário.

Para Dumas e Redish (apud NIELSEN; LORANGER, 2010), o emprego do

teste de usabilidade é apropriado desde a fase de pré-design até o desenvolvimento.

Embora o teste possa certamente gerar novas ideias para uma próxima revisão do

sistema, a técnica é melhor utilizada durante o ciclo de desenvolvimento interativo,

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tanto para testar a usabilidade de aspectos específicos quanto para investigar novas

ideias.

A partir dos testes de usabilidade, avalia-se o desempenho dos usuários

típicos na realização de tarefas cuidadosamente preparadas, por sua vez típicas

daqueles para os quais o sistema foi projetado. O desempenho dos usuários é

geralmente avaliado no que diz respeito ao número de erros e ao tempo para

completar a tarefa.

Embora possam ocorrer amplas variações sobre como e onde um teste de

usabilidade deva ser conduzido, todos os testes compartilham cinco características:

– objetivo principal;

– os participantes representam usuários reais;

– os participantes executam tarefas reais;

– observa-se e registra-se o que os participantes fazem e dizem;

– analisam-se os dados, diagnosticam-se os problemas e, então,

recomendam-se alterações para consertar os mesmos.

De acordo com Badre (apud NIELSEN; LORANGER, 2010), o processo de

condução do teste segue as seguintes etapas: planejamento do teste, organização

dos materiais, preparação do local, teste-piloto, recrutamento dos usuários,

condução do teste, análise dos resultados e correção do site.

Para Kuniavsky (apud NIELSEN; LORANGER, 2010), são necessários quatro

semanas e cinco dias para concluir o planejamento do teste de usabilidade. O

primeiro passo é determinar o público-alvo e começar o recrutamento até apresentar

ao grupo de desenvolvimento, discutir e anotar as diretrizes para a próxima

pesquisa.

Os testes são estruturados dessa maneira para simular o que acontece

quando os usuários individuais utilizam os produtos no seu escritório ou em sua

casa.

5.4.4 Conclusões sobre a usabilidade

As observações do teste de usabilidade, aliadas às respostas das entrevistas

com os participantes, são transformadas em um relatório com a descrição e

metodologia do roteiro do teste; análise do comportamento dos participantes;

resumo das entrevistas pós-teste; problemas de usabilidade; principais críticas;

plano de correção e exemplos de testes de usabilidade.

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Como recurso de navegação, os grandes sites devem promover um mapa

que apresente os principais links que podem ser percorridos pelo usuário. Esse

mapa deve conter informações sobre o caminho a ser percorrido pelo usuário, para

evitar desorientação. As plataformas devem primar pela consistência, além de

promover uma forma de feedback consistente ao longo do processo de navegação.

A partir de agora, estudaremos a importância das principais características da

usabilidade na web.

5.5 FUNCIONALIDADE

A funcionalidade da interface na web ajuda a verificar se o site, website, blog,

portal ou aplicativo facilita aos usuários realizarem seus objetivos ao visitá-lo. A

funcionalidade da interface se refere à clareza dos links, à facilidade no

deslocamento entre as páginas da web, à facilidade de encontrar informações; à

apresentação adequada do conteúdo e à realização de tarefas pelos usuários.

Helander (apud NIELSEN; LORANGER, 2010) salienta que a funcionalidade

tem o desafio de garantir a qualidade no uso dos sites com diversas finalidades, uma

vez que o desenvolvimento das aplicações não pode ocorrer simplesmente por

intuição.

Muitos usuários não conseguem completar as tarefas a que se propõem,

quando visitam sites, blogs, portais, aplicativos, entre outras plataformas. Tanto os

elementos concretos como os abstratos da funcionalidade da interface são indicados

para gerar um quadro abrangente sobre a adesão ao site e seus objetivos

estratégicos.

5.6 ACESSIBILIDADE

O Decreto 5.296, de 2 de dezembro de 2004, destaca a acessibilidade da

comunicação como a possibilidade de expressão ou recebimento de mensagens,

por meio dos meios ou sistemas de comunicação.

Segundo Dias (2007), a acessibilidade digital é definida pela capacidade de

um determinado produto ser flexível o suficiente para atender às necessidades e

preferências do maior número possível de usuários.

Queiroz (2008) aconselha que os métodos de validação da acessibilidade

sejam utilizados já nas fases iniciais do desenvolvimento, e que passem também

pela avaliação humana para garantir a clareza da linguagem e facilitar a navegação.

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Ainda segundo Queiroz (2008), a metodologia para se oferecer uma boa

acessibilidade numa página depende da aprovação dos validadores automáticos,

ferramentas que fazem uma pesquisa no código de uma página, emitindo relatórios

nos quais indicam os erros de acessibilidade, segundo as prioridades para garantir a

clareza da linguagem, a boa utilização dos equivalentes textuais e a facilidade na

navegação.

Eles são referência para se chegar a uma acessibilidade de excelência, para

descobrir erros muitas vezes imperceptíveis numa avaliação manual.

Acessibilidade é fazer algo o mais universal possível, para todos os

internautas, para todos os tipos de acesso (rápidos ou lentos, banda larga ou

discado) e para todos os tipos de dispositivos (computadores, laptops, notebooks,

celulares, entre outras tecnologias.

Se a deficiência é física, mental, sensorial, múltipla ou resultante da

vulnerabilidade etária, ela deve ser medida pelo grau de impossibilidade da pessoa

de interagir com o meio da forma mais autônoma possível.

Os internautas com deficiências auditivas deveriam aumentar a sua interação

com as páginas da web com a utilização de informação virtual com plugin que

reunirá imagem em 3D, vídeos, legendas, dicionário e outros recursos para

beneficiar surdos.

Os usuários com deficientes visuais enfrentam dificuldades em obter

informações apresentadas visualmente, interagir usando um dispositivo diferente do

teclado, distinguir rapidamente os links num documento, navegar através de

conceitos espaciais e distinguir entre outros sons uma voz produzida por síntese.

Os deficientes visuais podem ter acesso a documentos e textos utilizando

sintetizadores de voz. Entretanto, os deficientes enfrentam problemas quando os

documentos possuem outros tipos de elementos, como links, tabelas, formulários e

imagens.

Esses internautas deveriam ter acesso a um browser que possibilite a

interatividade e permita navegar entre documentos através de links, retroceder e

avançar entre páginas, gravar, imprimir, copiar, destacar títulos, negritos,

sublinhados etc.

Para Nielsen (2000), os sites acessíveis à deficientes são três vezes mais

fáceis de serem utilizados por usuários sem deficiência. Tendo em vista que

permitem inclusão social e digital de pessoas com deficiência, os sites acessíveis

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tornam-se um veículo de transposição de barreiras e promovem independência e

melhoria na qualidade de vida.

De acordo com Nielsen (2000), os problemas de acessibilidade mais sérios

relacionam-se a usuários com deficiências visuais, posto que a web é altamente

visual. Os principais tipos de deficiências visuais são a cegueira, a baixa visão e o

daltonismo.

Para Dias (2007), as principais tecnologias assistivas para deficientes visuais

são:

– software leitor de tela;

– monitor braille;

– tradutor de texto em voz ou sintetizador de voz;

– navegador web textual;

– ampliador de tela.

Em relação ao conteúdo da web para pessoas surdas, é preciso que os sites,

websites, portais, blogs ou aplicativos utilizem browser em braille, dispositivos que

lhes permitem o acesso de todos os conteúdos textuais da página web, incluindo

texto alternativo para imagens.

A forma de tornar acessíveis os conteúdos de áudio para os internautas

surdos é fornecer legendas ou transcrições de videoclipes.

Para os internautas com deficiência física, que não podem fazer uso do

mouse ou do teclado, os softwares devem apresentar ativação por voz, que pode

conduzir o movimento do internauta de maneira eficiente, para que todas as funções

estejam disponíveis no teclado.

5.7 INTERATIVIDADE

A interatividade é a forma como o internauta interage com o site, blog, portal

ou aplicativo, de forma a criar uma experiência enriquecedora e na direção de seus

objetivos.

A interatividade é a forma como o visitante se relaciona com as páginas e

vice-versa. Se o visitante não consegue ler o texto porque o fundo não tem contraste

suficiente com a cor das letras, ele não poderá interagir com o site.

Steuer (apud PRIMO, 2009) sugere três fatores fundamentais para que a

interatividade aconteça de forma eficaz:

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– velocidade: é o tempo em que o sistema leva para dar a resposta do

comando sugerido pelo usuário. O nível de interatividade a que o usuário tem

acesso vai depender da velocidade oferecida pelo sistema e é um fator determinante

para que a comunicação ocorra em tempo real;

– amplitude: é um fator que diz respeito às possibilidades que o sistema

oferece para que o usuário interfira no ambiente. Ele determina o grau de intimidade

e abertura que o usuário tem com o aplicativo. São as inúmeras opções dadas para

que ele navegue e manipule o ambiente interativo;

– mapeamento: é o elemento que vai determinar o acesso fácil do usuário aos

comandos dos aplicativos. O mapeamento possibilita a relação homem/computador.

Devem ser criados ícones, cujas opções levem a um fácil entendimento e relação do

usuário com a função.

5.8 NAVEGABILIDADE

A navegabilidade é a forma como se navega de uma página para outra em

um site. De uma forma geral, se o internauta pode ir de uma página para qualquer

outra de um determinado site, com apenas dois cliques, é porque o mesmo tem boa

navegação.

Se existe a necessidade de clicar em um botão ou link, para voltar sempre

que o visitante quer visitar outra página, está faltando navegabilidade, e podemos

dizer que o site está travado. A navegabilidade também proporciona maior rapidez

entre uma página e outra do site.

5.9 BANCO DE DADOS

Ter um site com dados relacionados aos produtos ou serviços era tudo do que

as empresas precisavam. Com a evolução da tecnologia e a entrada de novas

demandas em diversos mercados, as empresas ganharam espaço nas páginas na

web, com uma estruturação maior para o mundo dos negócios.

Com essa mudança de cenário também se iniciou a demanda por novos

recursos; afinal, não se poderia contar somente com uma página estática que não

conseguisse salvar nenhum tipo de informação, para se consultar posteriormente, e

foi aí que os bancos de dados ganharam espaço.

O banco de dados tem a tarefa de armazenar e manter a integridade dos

dados. Essa aplicação por si é uma interface amigável para salvar e atualizar os

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dados. As empresas que desenvolvem banco de dados têm plena consciência da

facilidade para se criar um backup30 e ações de contingência.

O banco de dados pode ser considerado o cérebro de um site, website, portal,

blog, entre outras plataformas, tendo em vista que são armazenadas todas as

informações importantes e também é realizado o processamento de determinadas

informações quando necessário.

É importante escolher bem o banco de dados que melhor se adaptará a sua

página na internet. Por conta disso, é indispensável levantar todos os requisitos e

fazer uma boa pesquisa antes de iniciar as implementações.

O blog Piccolo Esportivo e o blog do Nando utilizam como banco de dados o

site da FIFA que representa o futebol mundial. O site da CBF, que representa o

futebol brasileiro, também é utilizado como banco de dados. Na esfera regional, o

site da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) é usado para a construção de

conteúdo, principalmente pelo blog do Nando, que faz a cobertura de Grêmio e

Internacional. Os sites das confederações dos países e dos próprios clubes são

acessados para encontrar as informações necessárias para produzir novas matérias

para os blogs.

O banco de dados é fundamental para algo que é a espinha dorsal do

jornalismo hoje: o jornalismo assistido por computador, que reflete as inovações

provocadas pelo acesso dos profissionais de comunicação social ao computador,

que teve a característica principal de não apenas agilizar o processo de criação

narrativa, como também a forma como se arquivam os trabalhos profissionais.

30

Backup: Significa fazer uma cópia de segurança dos dados de segurança dos dados armazenados em seu computador ou seu site. As cópias podem ser simples como o armazenamento de arquivos em CD ROM ou em Pen Drives, ou até mesmo em um outro disco rígido. Disponível em: <http://www.redehost.com.br/glossario/backup--293/>. Acesso em: 28 jan. 2014.

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71

6 METODOLOGIA

A metodologia orienta a pesquisa para uma concreta adequação entre teoria,

problematização, objeto e método. Para construir esta monografia, trouxemos o

conceito de ciência, paradigma e problema de pesquisa.

Neste trabalho, desenvolvemos inicialmente a pesquisa bibliográfica e, em

seguida, com amparo na pesquisa qualitativo-explicativa, usamos a análise de

conteúdo para desenvolver a técnica metodológica do estudo de caso.

Para comprovar as especificidades que determinam a qualidade do

webjornalismo esportivo, utilizamos o estudo de caso e a análise de conteúdo do

blog Piccolo Esportivo.

6.1 CIÊNCIA

Embora alguns autores considerem o início da história da ciência a partir dos

gregos, outros entendem que ela iniciou a partir de Descartes, com a criação de um

método científico.

Segundo Paviani (2009), os homens pré-históricos fizeram descobertas de

novas tecnologias como o arco e a flecha, com o intuito de melhorar as condições de

suas habitações. Além disso, produziram o fogo, criaram instrumentos de pedra,

trabalharam o metal através do fogo e difundiram essas descobertas. Era uma

ciência primitiva, baseada no conhecimento empírico, mas não deixa de ser

produção de conhecimento.

No século XIX, a ciência passou a ter uma importância fundamental. Parecia

que tudo só tinha explicação através dela, como se o que não fosse científico não

correspondesse à verdade. Se Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Giordano Bruno,

entre outros, foram perseguidos pela Igreja nos séculos anteriores, em função de

suas ideias sobre os fenômenos do mundo, o século XIX serviu como referência de

desenvolvimento do conhecimento científico em todas as áreas, esclarece Paviani

(2009).

Para Duarte e Barros (2009), a ciência empírica é um discurso abstraído e

construído a partir da complexidade do mundo fenomenal, que envolve a

constituição de um objeto científico, uma ruptura com o mundo vivido.

Diemer (apud PAVIANI, 2009) propõe que se aproxime a ciência sob três

enfoques: o lógico, como conjunto de enunciados denotativos a respeito de um

determinado domínio; o antropológico, como instituição que envolve pessoas,

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recursos físicos e financeiros, políticas e realidades sociais; o histórico, como

desenvolvimento histórico do conhecimento relativamente ao processo interno de

investigação ligado com os elementos externos.

Para Paviani (2009), as concepções tradicionais consideram a ciência como

um conjunto de resultados. Hoje, ela é vista como um processo. A tese de Peirce, de

James e de Montagne, de que a ciência consiste num método de examinar e superar

crenças é reafirmada por Bachelard (1996).

Assim, podemos dizer que a ciência combate as crenças, mas para não ser

mais uma delas, precisa amparar a pesquisa em um método.

A pesquisa desenvolvida aqui está no escopo das Ciências Sociais Aplicadas,

que abriga a Ciência da Comunicação, cujos limites e o próprio objeto sofrem, ainda,

adequação em muitos aspectos como ciência.

6.2 PARADIGMA

O termo paradigma é originário do grego e significa modelo, exemplo e

padrão. O mesmo vem sendo utilizado de diferentes maneiras,

gerando uma complexidade conceitual.

Para Kuhn (2003), o paradigma é visto cientificamente e se define como teoria

ou sistema dominante, por um tempo, numa área científica em particular. É uma

concepção que está ligada à evolução das ciências, caracterizada pela

especialização. Segundo ele, a ênfase se dá no conhecimento.

Para Duarte e Barros (2009), nas últimas décadas, a palavra paradigma

expandiu-se com grande capacidade reprodutiva, e o termo passou a ser aplicado

indiscriminadamente.

Para Santos (1987), por volta dos séculos XVI e XVII, devido aos imensos

avanços na física e na astronomia, a concepção de um paradigma “espiritual” deu

espaço a uma concepção de mundo mais exata e científica, na qual o mundo e a

natureza passam a ser vistos como uma grande máquina, criando o paradigma da

racionalidade.

Para Kuhn (2003), paradigma refere-se a uma constelação de crenças,

valores e técnicas partilhadas pelos membros de uma comunidade científica.

Paradigma refere-se a modelos, padrões para a explicação da realidade.

Kuhn (2003) esclarece que usa o termo paradigma em dois sentidos:

– indicando toda a constelação de crenças, valores técnicas, etc.;

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– denotando um tipo de elemento dessa constelação: as soluções concretas

de quebra-cabeças que, empregadas como modelos ou exemplos, podem substituir

regras explícitas, como base para a solução dos restantes quebra-cabeças da

ciência normal.

Durante muitos séculos, o processo de evolução do pensamento e da própria

humanidade contribuiu para a transformação dos paradigmas que predominam em

nossa sociedade. Nosso projeto de pesquisa estará orientado no paradigma

analítico, com abordagem qualitativa e indutiva.

O projeto que deu origem a essa monografia contemplou a linha de pesquisa

do Centro de Ciências da Comunicação (CECC), que destaca a comunicação e

cultura por ser um estudo das apropriações teóricas e dos dispositivos da

comunicação social, pelos processos constituintes das relações contemporâneas: os

impactos da comunicação humana e da produção midiática, por meio de seus

distintos e variados suportes, como elementos catalisadores de ações, interações e

manifestações culturais.

6.3 PROBLEMA DE PESQUISA

Para Paviani (2009), no sentido amplo, entende-se por problema dificuldades, mal-

estar, sofrimento das pessoas e necessidades sociais ou técnicas, que devem ser

atendidas. O problema científico surge da descoberta de que o nosso conhecimento

não é suficiente para descrever e explicar certas situações.

No sentido específico, o conceito de problema científico aponta para algo ainda não resolvido na pesquisa científica. Desse modo, as características de um problema científico são variáveis e dependem, em cada circunstância, da natureza do processo de investigação instaurado. (PAVIANI, 2009, p. 30).

De acordo com Gil (1991), nem todo problema é passível de tratamento

científico. É preciso distinguir o que é científico daquilo que não é. Um problema é de

natureza científica quando envolver variáveis que podem ser testadas, observadas,

manipuladas.

Para Paviani (2009), uma das primeiras providências da pesquisa consiste em

caracterizar e formular o problema científico, o que não pode ser feito sem levar em

conta o quadro teórico disponível para sua solução e o método adequado.

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Paviani (2009) acrescenta que a delimitação do problema serve para pôr

limites a um âmbito de indagações e escolher o enfoque dentro de um contexto, a

fim de tomar decisões sobre o que será pesquisado. No caso desta pesquisa, a

delimitação refere-se ao jornalismo esportivo na web: um estudo de caso do blog

Piccolo Esportivo.

É necessário que o problema estruturado identifique a dimensão a ser

pesquisada, traduzindo um universo delimitado e devidamente caracterizado, fato

que possibilita melhor percepção acerca dos problemas, bem como possibilita clara

relação dos meios de investigação a serem utilizados.

Uma característica do problema científico reside na possibilidade de o mesmo

ser submetido aos métodos de investigação aprovados pela comunidade científica.

Os problemas científicos dependem do modo como são formulados, da conjectura

que os sustenta e das variáveis que entram em sua composição.

A questão norteadora desta pesquisa é: Que especificidades determinam a

qualidade no webjornalismo esportivo?

6.3.1 Abordagem do problema

Em relação à abordagem do tema webjornalismo e o recorte jornalismo

esportivo na web, a metodologia foi constituída da pesquisa qualitativa devido às

análises interpretativas do objeto investigado.

O termo “métodos qualitativos” não tem sentido preciso nas ciências sociais. No melhor dos casos, esse vocábulo geral designa uma variedade de técnicas interpretativas, tendo por objetivos descrever, decodificar, traduzir alguns fenômenos sociais que se produzem mais ou menos naturalmente. Essas técnicas dão mais atenção ao significado desses fenômenos do que à sua frequência. (VAN MAANEN apud YIN, 2001, p. 89).

Segundo Poupart et al. (2008), a pesquisa qualitativa retornou com força no

final dos anos 60, mas principalmente na metade dos anos 70, quando seus

partidários pretendiam que ela apresentasse características particulares. Na opinião

de seus idealistas mais zelosos, a pesquisa qualitativa recorria a técnicas que a

diferenciavam radicalmente da pesquisa quantitativa.

Para Poupart et al. (2008), o método qualitativo é apropriado quando o

fenômeno em estudo é complexo, de natureza social e não tende à quantificação.

Esse método é usado quando o entendimento do contexto social e cultural é um

elemento importante para a pesquisa. Para aprender o método qualitativo, é preciso

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aprender a observar, registrar e analisar interações reais entre pessoas, e entre

pessoas e sistemas.

Godoy (1995) aponta a existência de, pelo menos, três possibilidades

oferecidas pela abordagem qualitativa: a pesquisa documental,31 o estudo de caso e

a etnografia.32

Hine (2000) define o papel da netnografia33 como uma metodologia para

estudos na web e como um método interpretativo e investigativo para o

comportamento cultural e de comunidades on-line. O termo netnografia tem sido

mais utilizado pelos pesquisadores da área do marketing e da administração

enquanto o termo etnografia virtual é mais utilizado pelos pesquisadores da área da

antropologia e das ciências sociais.

Nessa monografia, a opção foi pelo Estudo de Caso que, para Yin (2001), é

uma inquirição empírica que investiga um fenômeno contemporâneo, dentro de um

contexto de vida real, em que múltiplas fontes de evidência são utilizadas.

Marshall e Rossman (1989) enfatizam a utilidade e a superioridade

metodológica da pesquisa qualitativa em determinadas situações, principalmente

quando:

– a pesquisa não pode ser realizada de modo experimental, por razões

práticas ou éticas;

– a pesquisa tem por objetivo aprofundar processos ou fenômenos

complexos;

– a pesquisa comporta variáveis pertinentes, que não tenham ainda sido

delimitadas;

31

Pesquisa Documental: Para Godoy (1995), a pesquisa documental é constituída pelo exame de

materiais que ainda não receberam um tratamento analítico ou que podem ser reexaminados com vistas a uma interpretação nova ou complementar. Esse tipo de pesquisa permite o estudo de pessoas a que não temos acesso físico (distantes ou mortas). Além disso, os documentos são uma fonte propícia para o estudo de longos períodos de tempo.

32

Etnografia: segundo Duarte e Barros (2009), a etnografia envolve longo período de estudo em que

o pesquisador fixa residência em uma comunidade e passa a usar técnicas de observação, contato direto e participação em atividades. A etnografia é o método por excelência dos estudos antropológicos.

33

Netnografia: O neologismo “netnografia” (nethnography = net + ethnography) foi originalmente

cunhado por um grupo de pesquisadores/as norte americanos/as, Bishop, Star, Neumann, Ignacio, Sandusky e Schatz, em 1995, para descrever um desafio metodológico: preservar os detalhes ricos da observação em campo etnográfico usando o meio eletrônico para “seguir os atores” (BRAGA, 2001).

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– a pesquisa se refere a sociedades desconhecidas ou estruturas inovadoras;

– a pesquisa se refere aos processos organizacionais, suas ligações informais

e não estruturadas;

– a pesquisa se refere aos objetos organizacionais reais, por oposição

àqueles que são pretendidos.

Nos estudos qualitativos em geral, o objetivo muitas vezes está mais relacionado à aprendizagem por meio de identificação da riqueza e diversidade, pela integração das informações e síntese das descobertas do que ao estabelecimento de conclusões precisas e definitivas. (DUARTE; BARROS, 2009, p. 63).

Na pesquisa qualitativa, a amostragem é flexível e constrói seus objetivos à

medida que a pesquisa progride. Consequentemente, a amostra34 pode, às vezes,

modificar-se consideravelmente, no decorrer do processo, em relação ao

delineamento da pesquisa.

Para Bauer e Gaskell (2002), a abordagem qualitativa do funcionamento

organizacional continua sendo um dos meios mais eficazes para evidenciar e

compreender os problemas de gestão, e para propor mudanças que sejam

apropriadas à dinâmica organizacional.

Ainda em relação à abordagem do tema, a mesma será indutiva, uma vez que

tem como princípio a verificação de um caso particular para formalizar uma

conclusão geral, ou considerações que podem ser aplicadas em outros

estudos/situações.

O método indutivo demonstra as conclusões por meio da coleta e análise dos

dados particulares e, somente a partir da experiência e da observação, se pode

constatar um fato real. Nesse método, o conhecimento não é aceito como verdade

ou premissa, para se chegar a uma verdade universal ou particular, mas é a partir da

comparação das constatações particulares que se evidencia uma verdade universal.

O método indutivo é proposto pelos empiristas: Bacon, Hobbes, Locke e

Hume, para os quais o conhecimento é fundamentado exclusivamente na

34 Amostra: A amostragem é um campo da estatística bastante sofisticado, que estuda técnicas de

planejamento de pesquisa para possibilitar inferências sobre um universo, a partir do estudo de uma pequena parte de seus componentes, uma amostra. Disponível em: <http://www.lee.dante.br/pesquisa/amostragem/que_amostragem.html>. Acesso em: 20 fev. 2014.

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experiência, não levando em conta princípios preestabelecidos. No raciocínio

indutivo, a generalização deriva de observações de casos da realidade concreta.

O método leva a conclusões prováveis, porém mais gerais do que o conteúdo

das hipóteses. Já o método dedutivo leva a conclusões inquestionáveis, porém já

contidas nas hipóteses.

Para Bacon (1561-1626), o método indutivo passou a ser o método das

ciências naturais. Os positivistas passaram a adotar esse método e elevaram sua

importância. O mesmo influenciou expressivamente o pensamento científico, em que

se parte da observação dos fatos e do empirismo para se chegar a conclusões.

6.3.2 Método analítico

O método analítico defende que os seguidores do método começam a

trabalhar a partir de unidades completas de linguagem para, depois, dividí-las em

partes menores.

As pesquisas analíticas envolvem o estudo e a avaliação aprofundados de

informações disponíveis, na tentativa de explicar o contexto de um fenômeno. Elas

podem ser categorizadas em histórica, filosófica, revisão e meta-análise.

No case desta pesquisa, a investigação é analítica e de revisão, tendo em

vista que a mesma procura avaliar criticamente a produção recente num tópico

particular. O pesquisador deve estar bastante informado sobre a literatura

considerada, bem como dominar os tópicos e procedimentos.

Segundo Duarte e Barros (2009), o método analítico estrutura a

transformação do discurso imediato, derivado e expresso em linguagem do senso

comum.

Os procedimentos analíticos são essenciais tanto nas ciências da natureza, como nas ciências humanas ou sociais. As diferentes orientações epistemológicas podem abrigar procedimentos distintos, às vezes com o mesmo nome, mas nestes casos, efetuados com técnicas diferenciadas em cada uma das orientações. (DUARTE; BARROS, 2009, p. 25).

Para Duarte e Barros (2009), o método analítico é como uma caixa de

ferramentas que contém uma grande variedade de instrumentos. Cabe ao

pesquisador ter um amplo conhecimento das possibilidades e limitações de cada um

desses instrumentos, para saber quais os mais adequados para atingir seus

objetivos.

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Segundo Paviani (2009), o método analítico analisa os enunciados ou as

proposições compostas de sujeito, predicado e cópula.

O processo analítico foi desenvolvido especialmente por Aristóteles, e Kant, mas ele também se encontra em Platão e Hangel, considerados dialéticos. Isso significa que não existe um processo de análise totalmente puro. Por isso, falar em processo analítico, dialético e hermenêutico é apenas apontar para um núcleo básico definidor que não exclui as possíveis combinações entre eles. (PAVIANI, 2009, p. 75).

Como a escolha do método é importante para a execução de uma pesquisa, o

conhecimento de cada método é valioso para o desenvolvimento desta pesquisa.

6.3.3 Quanto ao objetivo

Quanto ao objetivo, a pesquisa enquadra-se na modalidade explicativa. Como

o próprio nome diz, esse tipo de pesquisa visa explicar a razão e o porquê de

comportamentos, regras e cânones adotados.

A pesquisa explicativa registra fatos, analisa-os, interpreta-os e identifica suas

causas. Essa prática visa a ampliar generalizações, definir leis mais amplas,

estruturar e definir modelos teóricos, relacionar hipóteses em uma visão mais

unitária do universo e gerar hipóteses ou ideias por força de dedução lógica.

A pesquisa explicativa exige maior investimento em síntese, teorização e

reflexão, a partir do objeto de estudo. Visa a identificar os fatores que contribuem

para a ocorrência dos fenômenos ou das variáveis que afetam o processo.

Nas áreas tecnológicas, existe a necessidade da utilização de métodos

experimentais de modelagem e simulação, para que os fenômenos físicos sejam

identificados e posteriormente explicados.

Para Vergara (apud PAVIANI, 2009), o método explicativo tem como principal

objetivo tornar algo inteligível e justificar os motivos. Visa esclarecer quais fatores

contribuem, de alguma forma, para a ocorrência de determinado fenômeno.

Para Gil (1991), a pesquisa explicativa identifica os fatores que determinam

ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos. É o tipo que mais aprofunda o

conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas. Por isso, é

o tipo mais complexo e delicado.

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6.4 MÉTODO

Definir a metodologia de trabalho é, talvez, a parte mais importante de uma

pesquisa científica. De acordo com Lago e Benetti (2007), a metodologia orienta a

pesquisa para uma concreta adequação entre teoria, problematização, objeto e

método.

“Neste difícil arranjo, é preciso ter sensibilidade para encontrar o método mais

adequado àquela investigação em particular, respeitando os critérios que a ciência

estabelece para validar o trabalho acadêmico.” (LAGO; BENETTI, 2007, p. 17).

O pesquisador precisa ter, ao mesmo tempo, uma profunda percepção sobre

a singularidade de seu objeto e um indiscutível compromisso com a legitimidade dos

resultados da pesquisa.

6.4.1 Pesquisa bibliográfica

Realizar uma pesquisa bibliográfica faz parte do cotidiano de estudantes e

pesquisadores. É uma das tarefas que mais impulsionam o aprendizado e

amadurecimento na área do estudo. Atualmente, as bibliotecas digitais têm facilitado

e simplificado muito essa tarefa, pois trazem recursos de busca e cruzamento de

informações que facilita a vida de quem realiza uma pesquisa científica.

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir do material já elaborado,

constituído principalmente de livros e artigos científicos. Estudos sobre ideologias,

análise de diversas posições acerca de um problema são pesquisas que costumam

ser realizadas, quase que exclusivamente, a partir de fontes bibliográficas.

Para Duarte e Barros (2009), no sentido amplo, a pesquisa bibliográfica é o

planejamento global inicial de um trabalho de pesquisa, que vai desde a

identificação, localização e obtenção da bibliografia pertinente sobre o assunto. No

sentido restrito, é um conjunto de procedimentos que visa a selecionar os

documentos relacionados ao tema estudado e fazer anotações a serem utilizadas no

trabalho acadêmico.

Para Lakatos e Marconi (1995), a pesquisa bibliográfica é o levantamento de

toda a bibliografia já publicada, com o objetivo de colocar o pesquisador em contato

direto com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto.

Hoje, como forma de substituir as fichas, os pesquisadores utilizam seus computadores pessoais que permitem guardar as informações em arquivos. Neles, é possível ampliar, corrigir, ordenar, remover ou substituir as

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anotações sem grandes esforços. Há, inclusive, programas especiais para esta finalidade. (DUARTE; BARROS, 2009, p. 60).

Nesta monografia, estudamos os conceitos de jornalismo com base nos

autores Rüdiger (2003), Lage (2002) e Traquina (2005). Estudamos de forma mais

aprofundada, o conceito e as características do webjornalismo, bem como a

interatividade dos sites, blogs e portais, com base em Ferrari (2003), Palácios

(2003), Canavilhas (2001), Lévi (1999), Machado (2003) e Pinho (2003).

Fundamentamos o jornalismo esportivo nos autores Coelho (2009) e Vilas Boas

(2005).

Para responder ao problema de pesquisa, foi necessário estudar, também, o

processo de consolidação das tecnologias da informação (TICs) e o fenômeno da

convergência, delas decorrente. Para isso, utilizamos autores como Gouveia e Gaio

(2004), Jenkins (2008) e Castells (1999).

Por sua vez, o estudo dos métodos de pesquisa, que auxiliaram no estudo de

caso do blog Piccolo Esportivo, embasou-se nos autores Duarte e Barros (2009),

Paviani (2009), Poupart et al. (2008), Yin (2005), Bauer e Gaskell (2002).

Encarar a pesquisa bibliográfica, com objetivo bem-definido e com método é

fundamental. Os resultados que se pode alcançar, e os benefícios que se pode

extrair disso fazem dessa uma das mais prazerosas e motivadoras atividades da

pesquisa.

6.5 TÉCNICAS METODOLÓGICAS

Na pesquisa a opção foi por duas técnicas metodológicas: o Estudo de Caso

do blog Piccolo Esportivo e pela análise de conteúdo baseada na autora Laurence

Bardin.

6.5.1 Estudo de caso

Em relação aos métodos utilizados para o desenvolvimento desta pesquisa,

fizemos um estudo de caso do blog Piccolo Esportivo. O Estudo de Caso se

caracteriza pelo estudo profundo de um ou de poucos objetos, de maneira que

permita o seu amplo e detalhado conhecimento.

Para Goode e Hart (1969), o estudo de caso é um modo de olhar para a

realidade social. É um meio de organizar dados sociais preservando o caráter

unitário do objeto social estudado.

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Já para Stake (apud YIN, 2005), o estudo de caso não é uma escolha

metodológica, mas uma escolha do objeto a ser estudado. Para ele, o objeto deve

ser algo específico e não uma generalidade.

Duarte (apud YIN, 2005) define o estudo de caso como “análise intensiva,

empreendida numa única ou em algumas organizações reais”. Para o autor, o

estudo de caso reúne, tanto quanto possível, informações numerosas e detalhadas

para apreender a totalidade de uma situação.

Lüdke e André (1988) apontam três fases para o desenvolvimento do estudo

de caso:

– aberta ou exploratória, quando se deve especificar as questões ou pontos

críticos; estabelecer os contatos iniciais para iniciar o trabalho de campo; localizar

informantes e as fontes de dados para o estudo;

– a coleta sistemática de dados, com base nas características próprias do

objeto estudado;

– a análise e interpretação sistemática dos dados e a elaboração do relatório.

O estudo de caso é recomendável nas fases iniciais de uma investigação

sobre temas complexos, para a construção de hipóteses ou reformulação do

problema. Também se aplica nas situações em que o objeto de estudo já é

suficientemente conhecido a ponto de ser enquadrado em determinado tipo ideal.

Para Schramm (1970), a essência de um estudo de caso é que ele tenta

esclarecer uma decisão ou um conjunto de decisões: o motivo pelo qual foram

tomadas, como foram implementadas e com quais resultados.

A investigação de estudo de caso: – enfrenta uma situação tecnicamente única em que haverá muito mais variáveis de interesse do que pontos de dados, e, como resultado. – baseia-se em várias fontes de evidências, como os dados precisando convergir em um formato de triângulo, e, como outro resultado, – beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e a análise de dados. (YIN, 2005, p. 33).

Segundo Yin (2005), um bom pesquisador de estudo de caso deve se

esforçar para desenvolver essa estrutura teórica, não importando se o estudo tenha

que ser exploratório, descritivo ou exploratório. A utilização da teoria, ao realizar

estudos de caso, não apenas representa uma ajuda imensa na definição do projeto

de pesquisa e na coleta de dados adequados, como também se torna o veículo

principal para a generalização dos resultados do estudo de caso.

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Como referido anteriormente, o estudo de caso desta pesquisa foi o blog

Piccolo Esportivo35. A primeira postagem deste blog foi realizada no dia 3 de agosto

de 2011. Com o passar do tempo, foram criadas as categorias bisca, bocha, craque

da rodada, diversos, futebol, futsal, handebol, na mídia e papo de profissional, como

forma de facilitar o acesso dos internautas.

Em dois anos e um mês, o blog alcançou noventa mil acessos, ou seja, uma

média de 3.600 acessos por mês.

No mês de julho de 2013, o blog teve 6.936 acessos. A justificativa prende-se

ao fato de, nos meses de junho e julho, ter sido realizada a 14ª Copa Libertadores

do Nordeste Gaúcho, da qual participaram equipes de Nova Pádua, Flores da

Cunha, Caxias do Sul, Bento Gonçalves, São Marcos, Antônio Prado, Nova

Petrópolis, entre outras. Durante esses dois meses, os jornais e rádios dessas

cidades visitavam o blog buscando informações sobre essa competição.

Outro fato determinante, que contribuiu para esse número de acessos, foi a

equipe do Esporte Clube Ferroviário, de Nova Pádua, ser formada por atletas de

vários municípios do Rio Grande do Sul. Assim, quando era postada a matéria da

rodada do final de semana, os jogadores acessavam para ver a postagem e as fotos

do jogo.

Figura 2 – Print Screen da ferramenta Blogger que mostra as estatísticas do blog Piccolo Esportivo

Fonte: Estatística do mês em que o blog teve o maior número de acessos. Acesso em: 14 jan. 2014.

35

O blog tem esse nome pela relação da palavra pequeno, que, em italiano, quer dizer Piccolo.

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Era difícil acreditar que esse número mensal de acessos seria superado, mas,

em novembro de 2013, o blog atingiu 9.869 acessos, uma média de 329 acessos por

dia. Durante o mês de novembro, foram realizadas as fases eliminatórias do 21º

Municipal de Futebol de Campo de Nova Pádua.

Sendo um campeonato de muita tradição, as famílias que hoje moram em

cidades vizinhas têm ligação com o município de origem, e os filhos e amigos ainda

atuam em clubes de Nova Pádua, e o blog tornou-se o único veículo de

comunicação que leva as notícias do esporte até essas pessoas.

Por outro lado, o mês com menor número de acessos foi registrado no mês

fevereiro de 2013, com apenas 536 visualizações. Essa queda deve-se ao fato de

não serem realizadas competições em janeiro e fevereiro.

De acordo com o calendário esportivo montado pela Secretaria de Esporte e

Lazer, a primeira competição é disputada no mês de março de cada ano. Sendo

assim, o blog poderia realizar uma retrospectiva dos principais momentos esportivos

que ocorreram no ano anterior.

Hoje, as pessoas procuram acessar o blog por meio de três principais

endereços:

– pela página pessoal do Facebook do diretor do blog, pela Fan Page do blog

no Facebook ou ainda pelo Twitter do diretor do blog;

Figura 3 – Print Screen da Fan Page do blog Piccolo Esportivo no Facebook

Fonte: Fan Page do blog no Facebook. Acesso em 29 nov. 2013.

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– pelo site da Prefeitura Municipal de Nova Pádua, uma vez que tem o link do

blog na página inicial do mesmo. As pessoas que encontram dificuldade para

acessar o endereço procuram pelo site do Poder Executivo paduense.

– pelo site de procura Google, uma vez que oferece maior rapidez aos

internautas que procuram o link para acessar o blog Piccolo Esportivo. No resultado

da pesquisa, o blog aparece quase sempre no topo da lista.

Até hoje, foram postadas 480 matérias. Em média, o blog é atualizado entre

duas a três vezes por semana. De acordo com o blogger.com, serviço de criação de

weblog, o blog teve acessos de países como Estados Unidos, Rússia, Alemanha e

França, entre outros.

Para a pesquisa desenvolvida, comparamos o blog Piccolo Esportivo com o

blog do Nando, que também traz notícias sobre diferentes modalidades esportivas

do Estado, do País e do mundo. O mesmo está disponível no site da Rádio Gaúcha

e pode ser acessado no endereço eletrônico que segue:

<http://wp.clicrbs.com.br/nandogross/?topo=52,1,1,,171,e171>.

O blog do Nando foi criado em 2005 e podia ser acessado no endereço

eletrônico: <www.nandogross.com.br>. Com o passar do tempo, Nando foi

convidado a hospedar o blog no portal "Comunique-se", onde permaneceu por dois

anos. Depois, o blog do Nando foi transferido para o site <www.finasports.com.br>.

Quando a RBS decidiu investir na plataforma online, definiu que seus colaboradores

teriam de manter seus blogs dentro do clic. Sendo assim, o blog do Nando passou a

ser hospedado no clicrbs. Hoje, o blog tem em torno de 200 mil acessos por mês.

Figura 4 – Print Screen do blog do Nando

Fonte: Página inicial do blog do Nando. Acesso em 7 jan. 2014.

O blog é escrito pelo jornalista Luis Fernando Moretti Gross. Hoje, Nando é

comentarista e apresentador da Rádio Guaíba. Nasceu no dia 20 de maio de 1962

em Porto Alegre/RS.

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Nando iniciou a carreira na Rádio Difusora, em 1º de setembro de 1985, como

produtor de esportes. Passou para repórter em outubro de 1989, permanecendo na

função até 1990. Em 1995, voltou para a Bandeirantes (novo nome da Difusora AM),

onde criou o programa “Atualidades Esportivas”, um marco no rádio esportivo

gaúcho. O programa tinha a apresentação de um âncora e a introdução de algumas

músicas de sucesso do momento.

Em 2001, voltou a trabalhar na Rádio Gaúcha na função de repórter. Aos

poucos foi ganhando seu espaço e, com a confiança do grupo, passou a ser

apresentador. Com o passar dos anos, Nando assumiu como comentarista. A partir

deste momento, o jornalista decidiu se aperfeiçoar na área. Estudou futebol, fez

vários cursos e inclusive obteve a carteira profissional de treinador. Na Rádio

Gaúcha, Luis Fernando Moretti Gross apresentou, por muitos anos, os programas

Hoje nos Esportes e o Sala de Domingo. No início de abril, Nando Gross deixou a

Rádio Gaúcha e poucos dias depois assumiu o departamento de esportes da Rádio

Guaíba do Grupo Record. Na nova emissora, o jornalista apresenta os programas

Repórter Esportivo, Guaíba Esportes e Ganhando o Jogo.

6.5.2 Análise de conteúdo

A Análise de Conteúdo, em concepção ampla, se refere a um método das

ciências humanas e sociais destinado à investigação de fenômenos simbólicos por

meio de várias técnicas de pesquisa.

Nos anos 90, a possibilidade de acesso a arquivos online de jornais,

programas de rádio e de televisão levou a um renovado interesse pelas técnicas de

análise de conteúdo, em particular daquelas elaboradas com o auxílio do

computador. (BAUER, 2002, p. 189-190).

Para Augusto Comte (1798-1857), a principal característica da análise de

conteúdo é a valorização das ciências exatas, como paradigma de cientificidade e

como referência do espírito humano em seu estágio mais elevado.

Entre 1900 e 1920, o número de estudos realizados com a utilização da

análise de conteúdo era, em média, de apenas 2,5 ao ano; entre 1920 e 1930, esse

número passou para 13,3 trabalhos anuais; entre 1930 e 1940 subiu para 22,8,

chegando a 43,3 na década seguinte. Nos anos 50, já eram produzidos mais de cem

estudos anuais.

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Para Bardin (1988), o grande impulso recebido pela análise de conteúdo

ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial. Naquela época, 25% das pesquisas

com esse método estiveram a serviço do governo americano, dedicando-se a

desmascarar periódicos e agências de notícias suspeitos de propaganda subversiva.

Vergara (apud BARDIN, 2009) considera a análise de conteúdo uma técnica

para o tratamento de dados que visa a identificar o que está sendo dito a respeito de

um determinado tema.

Segundo Bardin (2009), a análise de conteúdo consiste num conjunto de

técnicas para análise da comunicação contidas em documentos. Seu objetivo é

compreender criticamente o sentido das comunicações, seu conteúdo manifesto ou

latente e os significados explícitos ou ocultos da comunicação. Esse procedimento

pode privilegiar um ou mais aspectos do processo de análise, no intuito de passar da

mera descrição à interpretação do conteúdo das comunicações.

Desde a publicação do primeiro manual sobre análise de conteúdo, elaborado

por Berelson e Lazarsfeld em 1948, os fundamentos conceituais desse método vêm

sofrendo revisões. Apesar da diversidade de abordagens ou até mesmo em função

delas, é possível construir um referencial básico sobre os principais fundamentos da

análise de conteúdo.

Descrever a história da “análise de conteúdo” é essencialmente referenciar as diligências que nos Estados Unidos marcaram o desenvolvimento de um instrumento de análise de comunicações é seguir passo a passo o crescimento quantitativo e a diversificação qualitativa dos estudos empíricos apoiados na utilização de uma das técnicas classificadas sob a designação genérica de análise de conteúdo; é observar a posteriori os aperfeiçoamentos materiais e as aplicações abusivas de uma prática que funciona há mais de meio século. (BARDIN, 2009, p.15).

A análise de conteúdo possui atualmente três características fundamentais:

– orientação empírica, exploratória, vinculada a fenômenos reais e de

finalidade preditiva;

– transcendência das noções normais de conteúdo, envolvendo as ideias das

mensagens;

– metodologia própria que permite ao investigador programar, comunicar e

avaliar criticamente um projeto de pesquisa com independência de resultados.

O desenvolvimento do método de análise de conteúdo é o resultado da

contribuição de diversos autores. Entre as tendências metodológicas existentes,

encontra-se a proposta da pesquisadora francesa Laurence Bardin. Em sua

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concepção original, a autora estruturou o método de análise de conteúdo em cinco

etapas: organização da análise, codificação, categorização, inferência e o

tratamento informático.

Na organização da análise de conteúdo, Bardin (1988) estabelece três fases

cronológicas:

– a pré-análise: consiste no planejamento do trabalho a ser elaborado. Nesta

fase da análise do conteúdo, organizamos o material analisado no blog Piccolo

Esportivo e blog do Nando. Delimitamos o corpus da pesquisa ao analisarmos as

matérias dos blogs publicadas no mês de novembro de 2013;

No blog do Nando, iniciamos a análise a partir da postagem “As opções de

Renato para virar o jogo contra o Atlético-PR”, do dia 1º de novembro de 2013. A

matéria refere-se ao jogo do Grêmio contra a equipe paranaense válida pela

semifinal da Copa do Brasil. Durante o período de análise, o blog do jornalista Luis

Fernando Moretti Gross teve 35 matérias postadas.

No blog Piccolo Esportivo, também foram analisadas as postagens feitas

durante o mesmo período. No dia 1º de novembro, o diretor postou a matéria “Em

busca da liderança” referente à última rodada da fase de classificação do 21º

Municipal de Nova Pádua. Durante o mês analisado, o blog publicou 21 matérias.

– exploração do material: é a análise propriamente dita, envolvendo

operações de codificação em função de regras previamente formuladas. Nessa fase,

foram analisadas as características do webjornalismo no blog Piccolo Esportivo e

blog do Nando. As duas plataformas também tiveram as características da interface

analisadas, como veremos mais adiante;

– tratamento dos resultados obtidos e interpretação; os resultados brutos são

tratados de maneira a serem significativos e válidos. Após a análise das

características do webjornalismo, comprovamos que o blog Piccolo Esportivo se

destaca em relação à personalização, memória e instantaneidade. Por outro lado, a

característica da interatividade precisa de algumas alterações para interagir melhor

com o público.

O blog do Nando destaca-se pelo bom funcionamento das características da

multimidialidade, interatividade e memória. A hipertextualidade e a personalização

deixam a desejar e precisam ser melhor utilizadas.

Da mesma forma, essa análise foi feita com relação às características da

interface. O blog Piccolo Esportivo e blog do Nando utilizam de forma satisfatória as

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características da usabilidade, navegabilidade e memória. O blog Piccolo Esportivo

precisa encontrar alternativas para aumentar a interatividade, uma vez que o público

interage com mais frequência nas redes sociais. O blog do Nando deve melhorar a

navegabilidade, acessibilidade e funcionalidade.

De todas as fases da análise de conteúdo, a pré-análise é considerada uma

das mais importantes, por se tratar da organização da análise, que serve de alicerce

para as fases seguintes.

Bardin (1988) acredita que a primeira iniciativa é estabelecer algum objetivo

de pesquisa, embora reconheça que muitos pesquisadores partam dos dados

disponíveis para deles extrair alguma ideia interessante sobre o que pesquisar.

Ainda segundo Bardin (1988), a primeira atividade da análise de conteúdo,

que deve ser feita, é uma leitura flutuante, ou seja, um contato com os documentos a

serem analisado, visando a conhecer o texto e deixando-se invadir por impressões e

orientações.

As diversas aplicações da análise de conteúdo, já relacionadas por Berelson

em 1950 e agrupadas por Janis em 1965, foram organizadas por Krippendorff

(1990):

a) sistemas: é uma construção mental que descreve uma porção da realidade,

constituída por um conjunto de elementos interdependentes;

b) normas: a análise de conteúdo permite saber em que medida as

mensagens estão de acordo com normas preestabelecidas;

c) índices e sintomas: o índice é uma variável cuja importância numa

investigação depende do grau em que se possa considerá-lo correlato de outros

fenômenos;

d) representações linguísticas: qualquer discurso possui como principal

característica a intervenção da linguagem, mediante a exposição e a argumentação

sistemática;

e) comunicações: o intercâmbio de mensagens ocorre dentro de um

determinado contexto e modifica as relações estabelecidas entre duas ou mais

pessoas;

f) processos institucionais: as mensagens também podem desempenhar

funções dentro das organizações e das instituições sociais.

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Após a realização da leitura flutuante, o próximo passo é o corpus, ou seja, a

definição do conjunto de documentos a serem submetidos à análise. Segundo

Bardin (1988), as principais regras para a constituição do corpus são as seguintes:

– regra da exaustividade: todos os documentos relativos ao assunto

pesquisado, no período escolhido, devem ser considerados, sem deixar de fora

nenhum deles por qualquer razão;

– regra da representatividade: as pesquisas sociais, de forma geral,

abrangem um universo de elementos tão grande que se torna impossível considerá-

los em sua totalidade, sendo necessário trabalhar com uma amostra;

– regra da homogeneidade: os documentos obtidos devem ser da mesma

natureza, do mesmo gênero ou se reportarem ao mesmo assunto;

– regra de pertinência: os documentos devem ser adequados aos objetivos da

pesquisa em todos os aspectos.

Nesta monografia, foi utilizada a regra de exaustividade, porque buscamos

todas as matérias do blog Piccolo Esportivo e blog do Nando publicadas no mês de

novembro de 2013. Todas as 56 matérias postadas foram analisadas. Por mais

simples que sejam, todas as matérias devem ser consideradas.

Para a construção desta monografia, também utilizamos a regra da

homogeneidade, uma vez que os dois blogs analisados trazem conteúdo esportivo.

A codificação é o processo de transformação dos dados brutos, de forma a

enumerá-los, agregá-los e classificá-los, visando esclarecer as características do

material selecionado.

Sua principal função é servir de elo entre o material escolhido para análise e a teoria do pesquisado, pois, embora os documentos estejam abertos a uma multidão de possíveis questões, a análise de conteúdo os interpreta apenas à luz do referencial de codificação. (BAUER; GASKELL, 2002, p. 199).

Conforme Bauer e Gaskell (2002), na prática a codificação pode ser feita com

papel e lápis, ou diretamente no computador. No formato de papel e lápis, o

codificador receberá instruções na forma de um livro. Uma etapa importante desse

processo é a orientação e o treinamento dos codificadores, de forma a preservar a

fidedignidade, ou seja, a concordância entre os intérpretes.

Nenhum analista de conteúdo espera perfeita fidedignidade quando estão

implicados julgamentos humanos e, desse modo, a questão de um nível aceitável de

fidedignidade vem à tona, acrescenta Bauer.

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A categorização consiste no trabalho de classificação e reagrupamento das

unidades de registro, em número reduzido de categorias, com o objetivo de tornar

inteligível a massa de dados e sua diversidade.

Uma boa categorização, na opinião de Bardin (1988), deve possuir as

seguintes características:

– exclusão mútua: um elemento incluído numa determinada categoria não

pode ser incluído em outra categoria;

– homogeneidade: só podem ser incluídas na mesma categoria unidades de

registro da mesma natureza;

– pertinência: o sistema de categorias deve refletir as intenções da

investigação;

– objetividade e fidelidade: os procedimentos classificatórios devem ser

objetivos, de forma a garantir a fidelidade dos resultados, caso alguém queira repeti-

los;

– produtividade: um conjunto de categorias deve fornecer resultados férteis

em índice de inferências, dados e novas hipóteses.

A inferência é o momento mais importante da análise de conteúdo, centrando-

se nos aspectos implícitos da mensagem analisada. Existem diversos processos e

variáveis de inferência, que podem ser agrupados em duas modalidades: a)

inferências específicas: quando vinculadas à situação específica do problema

investigado; b) inferências gerais: quando extrapolam a situação específica do

problema analisado.

Outros tipos de inferências importantes são: as concepções ideológicas de uma sociedade, imagens clichês e arquéticos culturais, sistema de crenças, estereótipos sociais, representação de tipos e papéis sociais (homem, mulher, rico, pobre, negro, branco, jovem, adulto, idoso, etc.) (BARDIN, 1988, p. 299).

O tratamento informático destaca-se pelo interesse de utilizar o computador

na análise de conteúdo, que pode ser verificado desde o final da década de 50,

quando a evolução dos suportes lógicos (softwares) transformou o computador em

instrumento cada vez mais eficaz no processamento de dados alfabéticos.

De acordo com Bardin (1988), a análise de conteúdo se utiliza de sete

técnicas principais:

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– análise categorial: é a mais antiga e a mais utilizada e funciona por

desmembramento do texto em unidades. Nessa análise, estudaremos as

características da usabilidade, funcionalidade, acessibilidade, interatividade,

navegabilidade e banco de dados, como analisado no capítulo 4 desta monografia;

– análise de avaliação: sua principal finalidade é medir as atitudes do locutor

quanto aos objetivos de que ela fala. Fundamenta-se, ainda, nos conhecimentos da

psicologia social, em que uma atitude é uma predisposição para reagir sob a forma

de opiniões ou atos;

– análise da enunciação: a principal característica é apoiar-se numa

concepção de discurso como palavra em ato. Enquanto a análise de conteúdo

considera o material de estudo como um dado, a análise da enunciação considera a

produção da palavra um processo;

– análise de expressão: parte do princípio de que existe ligação entre o tipo

de discurso e as características do locutor e seu meio. O estado do locutor ou sua

reação a uma situação modificam o discurso, tanto na forma como no conteúdo;

Nesse tipo de análise estudaremos as características do webjornalismo, que

envolve a hipertextualidade, multimidialidade, interatividade, instantaneidade,

memória, atualização contínua e personalização, como se expõe no terceiro capítulo

e posteriormente no sexto capítulo.

– análise de contingência: considera que o mais importante não é o número

de vezes que certas palavras, temas ou tipos de personagens aparecem numa

mensagem, mas como eles estão organizados entre si;

– análise estrutural: parte do pressuposto de que todo o texto é uma realidade

estruturada, que não se revela pelo conteúdo manifesto, uma vez que se encontra

implícito. A estrutura é entendida como uma realidade oculta do funcionamento da

mensagem a ser desvendada pelo analista;

– análise do discurso: procura estabelecer ligações entre as condições de

produção do discurso e sua estrutura. Sua hipótese geral considera que um discurso

é determinado pelas suas condições de produção e por um sistema linguístico.

Nessa análise abordaremos a característica da localidade que se destaca, de

forma muito forte no blog Piccolo Esportivo, pelo fato de focar exclusivamente no

esporte de Nova Pádua. Essa característica será abordada com maior profundidade

no sexto capítulo, o da análise dos blogs selecionados.

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Para concluir a técnica metodológica pela análise de conteúdo, Bardin (2009)

afirma que a análise de conteúdo se faz pela prática.

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7 ANÁLISE

Embora a web apresente muitas plataformas, este trabalho de pesquisa tem

foco no blog Piccolo Esportivo, sobre o qual faremos uma análise minuciosa,

identificando objetivos, estudando características, mapeando problemas, buscando

soluções para deficiências encontradas, com base em toda a fundamentação teórica

estudada.

O blog prima pela liberdade que permite ao blogueiro criar a própria

identidade, cuidando pessoalmente de todo o processo de construção da notícia,

desde a apuração até a postagem, com possibilidade muito facilitada de analisar e

“medir” sua repercussão.

Os comentários são o “termômetro” do blog, então respondê-los é sinal de

credibilidade, além de manter e estabelecer uma maior interação. A possibilidade de

publicação de comentários aos textos exibidos em um blog modifica a própria

dinâmica de produção dos textos. O autor deixa de estar distanciado de seus leitores

e passa a conviver cotidianamente, e de forma muito próxima, com o que é dito

sobre sua produção.

A publicação dos comentários provoca uma mudança de perspectiva, no

sentido de levar em conta não apenas que reações seus textos podem provocar nos

leitores, mas também como as opiniões deles podem modificar ou ponderar sua

linha de pensamento.

Em dois anos na web, o blog Piccolo Esportivo teve 70 comentários, sendo

que a maioria deles em postagens referentes à disputa da Copa Libertadores do

Nordeste Gaúcho, onde o Esporte Clube Ferroviário, de Nova Pádua, sagrou-se

bicampeão dessa competição. Muitos desses comentários destacam o trabalho

realizado pelo blog e aproveitam para elogiar a iniciativa, graças à qual o município

passou a ter um canal para acompanhar o que acontece no esporte de Nova Pádua.

Se levarmos em conta a postagem de 515 matérias, o número de 70

comentários pode ser considerado baixo, mas a interatividade aumentou, a partir do

momento em que os leitores do blog passaram a comentar as fotos postadas nas

redes sociais.

No facebook, o blogueiro costuma fazer as chamadas para o blog, sempre

com uma foto. Sendo assim, os usuários comentam a foto e posteriormente

acessam o endereço do Piccolo Esportivo por meio do link.

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Para a construção das matérias, levamos em conta as tags usadas para

agrupar diversas mensagens que tratam do mesmo assunto. Pelo fato de serem

competições realizadas todos os anos, precisamos ter o cuidado de não repetir as

palavras dos títulos e, ao mesmo tempo, criar títulos que garantam a pescagem na

pesquisa.

O blog se utiliza da ferramenta gratuita do Google Analytics, que oferece

métricas e análises para sites, blogs, portais e aplicativos. Com ele, é possível saber

o número de acessos, visitantes e outros dados das páginas do seu site, blog, portal

ou aplicativo, conhecendo mais a respeito do seu desempenho e da perfomance.

Para usá-lo, primeiro o internauta deve criar uma conta no Google Analytics,

que pode ser acessada com a conta Google padrão. Já dentro da ferramenta, é só

clicar em "adicionar novo perfil" e informar o endereço da plataforma.

Decorridos seis meses de sua criação, o blog passou a publicar suas matérias

no Facebook e no Twitter. Com isso, seus seguidores passaram a compartilhar e

comentar as fotos na Fan Page do blog disponível no endereço

<www.facebook.com/pages/Piccolo-Esportivo/429867930387011?ref=hl>, ou então

na página pessoal do diretor do blog no endereço

<http://www.facebook.com/maicon.pan>, além de “retuitarem” as chamadas do

Twitter pessoal do diretor do blog <https://twitter.com/maiconpann>, em que onde as

matérias têm o link para o blog Piccolo Esportivo.

A Fan Page do blog Piccolo Esportivo no Facebook é curtida por 138

pessoas. O Facebook do Diretor do blog tem 1012 amigos e 90 fotos publicadas. O

Twitter do diretor do blog publicou 630 tweets, segue 158 amigos e tem 86

seguidores. O blog tem contador de visitas que até 1º de março marca mais de 112

mil acessos.

O blog Piccolo Esportivo tem 45 participantes matriculados, que se

cadastraram para acompanhar as matérias postadas. Esse cadastramento é uma

forma de fidelidade dos leitores com a ferramenta.

Os acessos aumentaram a partir do momento em que Piccolo Esportivo foi

divulgado no jornal Pioneiro de Caxias do Sul, na edição 11.171, do dia 22 de

setembro de 2011 e na edição 11.200, do dia 25 de outubro de 2011. O blog foi

divulgado na coluna do jornalista Eliseu Evangelista, por conta de entrevistas com

ex-jogadores da dupla Ca-Ju, na categoria Papo de Profissional.

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Figura 5 – Print Screen da Coluna Toque de Bola do Jornal Pioneiro

Fonte: Divulgação do blog na coluna do jornalista Elizeu Evangelista. Acesso em: 20 nov. 2013.

Em março de 2012, quando o blog registrou 32,7 mil acessos, foi divulgado na

página 15 do jornal O Florense, de Flores da Cunha, na coluna colagem da jornalista

Mirian Spuldaro com o título: O esporte de Nova Pádua também está na rede. A

divulgação na edição 1.205, do dia 16 de março de 2012, ajudou o blog a conquistar

novos seguidores no município vizinho.

A divulgação nos jornais O Florense e Pioneiro, com alcance regional

contribuiu para que as pessoas tivessem conhecimento do blog que, mesmo tendo

enfoque local, começou a ser visitado por internautas de outros municípios e ganhou

espaço na região.

Os blogs são divididos em editorias que auxiliam o internauta a buscar a

matéria desejada. Quando acessam a página principal do Piccolo Esportivo, os

apreciadores podem escolher as seguintes categorias:

– Bisca: essa categoria, a última a ser criada entre as nove do blog, traz a

cobertura de apenas uma competição. Trata do Campeonato Municipal de Bisca Trio

de Nova Pádua, disputado durante seis meses do ano. O jogo de baralho é

disputado entre dois trios e vence quem somar antes cinco pontos. Inicialmente,

cada comunidade disputa a sua etapa eliminatória e, no final de cada ano, é

realizada a final entre os trios classificados;

– Bocha: essa foi uma categoria que contribuiu para o aumento significativo

de acessos por ter conquistado um público diferenciado. Disputado por um público

adulto e até mesmo por idosos, os “bochófilos” visitam o blog para saber os

resultados dos jogos da rodada;

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Em Nova Pádua, são duas competições nessa modalidade. O municipal de

bochas, que é realizado anualmente entre equipes de Nova Pádua, e o Integração

de Bochas, disputado entre agremiações dos municípios de Nova Pádua e Flores da

Cunha.

Essa modalidade trouxe um novo público que, muitas vezes, não tem

conhecimento para acessar a internet, mas pede aos filhos ou netos que visitem o

blog, para conferir os resultados e a classificação atualizada dos certames.

– Craque da rodada: a primeira postagem desta categoria foi efetuada no dia

14 de setembro de 2011. A mesma foi criada com o objetivo de entrevistar um

jogador com atuação destacada durante o final de semana. Durante a semana, um

dos colaboradores entrava em contato com o atleta para fazer uma entrevista com o

jogador;

Essa categoria deixou de ser atualizada tendo em vista a dificuldade de

manter contato com os atletas, para fazer a entrevista. Essa é uma grande falha do

blog, que em tempos de tecnologia precisa encontrar novas alternativas para realizar

essas entrevistas com os jogadores. Uma possibilidade é que as conversas sejam

feitas ainda no campo de jogo, através de contato telefônico para retomar essa

categoria.

Na verdade, faltou discutir melhor essa categoria antes da sua criação. Uma

alternativa é fazer uma entrevista mais breve, logo após o término dos jogos, ainda

no campo de jogo. Na prática, decidir pela suspensão da categoria é uma iniciativa

difícil, mas a teoria do webjornalismo nos mostra que a qualidade da plataforma

depende de fatores como: atualidade e atualização.

– Diversos: quando a categoria foi criada, o blog trazia informações dos

esportes mais conhecidos. Com isso, os adeptos de outras modalidades, tais como:

kart, rafting e MotoCross, solicitaram que o Piccolo Esportivo também destacasse

esses três esportes, uma vez que participavam de competições em outros

municípios e até mesmo fora do estado. Essa interação entre usuários e blog mostra

a efetiva penetração do veículo no seu público;

A equipe Anthas Anfíbius participa anualmente do Campeonato Brasileiro de

Rafting na cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná. Nos anos de 2012 e 2013, a equipe

ficou na 3ª colocação.

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Já o piloto paduense Douglas Balardin participa do Campeonato Serrano de

Kart, cujas corridas são realizadas durante o ano no Kartódromo Internacional César

Francischini, na cidade de Farroupilha.

As matérias referentes a esses esportes não se destacam pelo alto número

de acessos, mas é justo que o blog contemple essas modalidades, que têm a

participação de munícipes paduenses. Esse comportamento contempla duas

exigências do webjornalismo: a localidade e a interação com seus usuários.

– Futebol: essa é a categoria responsável pelo maior número de acessos ao

blog Piccolo Esportivo. O futebol é a principal competição esportiva de Nova Pádua.

Durante o ano, é realizado o campeonato municipal com a participação de sete a

dez equipes e com duração de quatro meses;

Nesse período do ano, é visível o aumento do número de acessos,

principalmente aos domingos e às segundas-feiras, quando é postada a matéria com

os resultados, a classificação e a tabela com os jogos da rodada seguinte.

Nas terças-feiras, a mesma matéria é atualizada com o nome dos jogadores

que marcaram os gols; que receberam cartões amarelos ou foram expulsos,

conforme relato feito pela arbitragem na súmula oficial dos jogos. Essas informações

são buscadas na Secretaria de Esportes do município.

Outra competição importante, que rendeu divulgação e muitos acessos ao

blog foi a Libertadores do Nordeste Gaúcho, disputada entre equipes da Região

Nordeste do Estado. Em 2012 e 2013, a equipe do Esporte Clube Ferroviário venceu

a competição e tornou-se bicampeã.

A equipe de Nova Pádua é formada por atletas e comissão técnica de vários

municípios do Rio Grande do Sul. Sendo assim, os atletas buscam informações e

resultados de outras equipes por meio do blog.

Conforme já foi mencionado anteriormente, no processo de descoberta os

veículos de comunicação da região visitam o blog e muitos entravam em contato

com o diretor do blog solicitando informações sobre a equipe do Ferroviário.

No mês de julho, quando a equipe paduense conquistou o bicampeonato da

Copa Libertadores do Nordeste, o blog atingiu 6.936 acessos.

– Handebol: em 2011, quando o blog foi criado, as postagens sobre essa

modalidade eram publicadas junto com as do futsal, pelo fato de esta competição ser

realizada simultaneamente com os certames do futebol de salão. Por conta disso,

decidiu-se criar essa nova categoria, o que facilitou a pesquisa para os internautas;

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O handebol é disputado apenas pelas equipes femininas e tem duração de

um mês. A categoria handebol teve a primeira postagem no dia 7 de outubro de

2011, e a última no dia 22 de outubro de 2012. Posteriormente, nenhuma outra

matéria foi postada, uma vez que a competição não foi realizada em 2012 e nem em

2013, por falta de equipes suficientes para a elaboração da competição.

– Na Mídia: foi criada para destacar as publicações e os veículos de

comunicação nos quais o blog foi destaque desde a sua criação. Além dos jornais

Pioneiro e O Florense anteriormente citados, no mês de abril de 2012 o blog foi

destaque no Frispit – Portal da Comunicação Social da Universidade de Caxias do

Sul – UCS;

Figura 6 – Print Screen do YouTube com a participação no Frispit

Fonte: Entrevista do diretor do blog no Frispit Notícias da UCS. Acesso em: 29 jan. 2014.

O Portal abre espaço para que os estudantes de Fotografia, Jornalismo,

Publicidade e Propaganda e Relações Públicas possam ter seus trabalhos

divulgados. Naquela oportunidade, o diretor do blog falou sobre o surgimento do

mesmo e deixou dicas para quem quisesse se aventurar com o jornalismo na

internet.

No dia 9 de julho de 2012, o diretor do Piccolo Esportivo participou do

Programa Rede de Olhares da UCS TV. O programa, que tem duração de 50

minutos, abre uma janela diária, ao vivo, para a diversidade de olhares na região.

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Destaca-se por ser um espaço para múltiplos conteúdos e linguagens no âmbito do

jornalismo.

Abordando um tema atual e motivador, o programa diário concentra

reportagens, entrevistas, análises, opiniões e participação de professores, alunos,

pesquisadores e do público em geral.

Naquela oportunidade, o Programa Rede de Olhares foi apresentado pela

jornalista Larissa Pierres e destacou o tema blogs. No dia 06 de julho, a repórter

Claudia Alessi e o cinegrafista Juares Franco estiveram em Nova Pádua para

conhecer um pouco mais do trabalho do blog Piccolo Esportivo, inclusive

entrevistando um dos colaboradores e um visitante assíduo do blog.

Com o uso das redes sociais, o blog ganhou visibilidade e, em diversas

oportunidades, foi notícia em outras mídias, assim como a integração dele com o

público via Facebook e Twitter oportunizou um saldo de projeção, que confirma o

que diz Jenkins (2008) sobre a convergência, que, segundo ele, refere-se ao fluxo

de conteúdos através de múltiplos suportes midiáticos, a cooperação entre vários

mercados midiáticos e o comportamento migratório dos públicos dos meios de

comunicação.

Em outras duas oportunidades, o blog Piccolo Esportivo foi divulgado na

edição impressa do jornal O Florense, na coluna Show de Informações.

Figura 7 – Print Screen da Coluna Show de Informações do jornal O Florense

Fonte: Destaque do blog na coluna Show de Informações. Acesso em: 22 dez. 2014.

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100

Na edição do dia 25 de setembro de 2011, um mês depois da criação, o

colunista destacou o endereço eletrônico do blog em um dos títulos da coluna, como

mostra a figura abaixo.

Na edição 1.290, do dia 1º de novembro de 2013, Oscar afirmou que

acompanha o futebol de Nova Pádua através do blog. Embora não tenha

mencionado o nome do blog, lembrou o nome do diretor do mesmo.

– Papo de Profissional: essa categoria foi criada com o objetivo de entrevistar

jogadores profissionais da dupla Ca-Ju e Gre-Nal. As entrevistas publicadas

mensalmente eram feitas por e-mail ou por meio das redes sociais. Conhecendo

vários atletas profissionais, principalmente da base desses clubes, as perguntas

eram encaminhadas aos atletas e depois postadas no blog.

Aqui há mais um erro do blog, tendo em vista que alguns programas, como

Ustream e Livestream,36 bem como o Skype, possibilitam que as entrevistas sejam

realizadas ao vivo ou através de vídeo. Esse modo de fazer jornalismo estaria muito

mais em sintonia com o webjornalismo e aproximaria mais os leitores da mídia.

No período, foram publicadas entrevistas com os jogadores Alex Telles, ex-

Juventude, Grêmio e contratado pelo Galatasaray da Turquia, no início de 2014. O

blog publicou entrevista com o lateral Sueliton ex-São José de Porto Alegre e hoje

no Criciúma; com o meia Diego de Lima Barcelos, que começou a carreira no

Internacional de Porto Alegre e hoje atua em Portugal. Também foi realizada uma

entrevista com o atacante Pedro Henrique Konzen Medina da Silva, que atuou no

Caxias em 2011.

Em outubro de 2011, o blog publicou uma entrevista com o meia Gustavo

Campagnaro, que começou na base do Juventude, jogou na Itália e retornou para o

futebol gaúcho.

A mais recente entrevista foi realizada com o volante Fabrício Lusa, que tem

estreita ligação com Nova Pádua. Na metade de 2013, o jogador se transferiu para o

Bahia, onde se destacou na disputa do Campeonato Brasileiro da Série A. Como o

36

Livestream e Ustream: são dois serviços de transmissão de vídeo pela web. Usando uma câmera

de vídeo e um microfone conectados ao computador, é possível transmitir vídeos pela internet. Esses serviços oferecem salas de bate-papo e ferramentas sociais que permitem que os visitantes interajam enquanto assistem sua transmissão. O Ustream tem uma sala de bate-papo que mostra postagens feitas via Twitter, que mencionam o canal. O Livestream tem ferramentas similares, mas também oferece um aplicativo de Facebook, que deixa pessoas assistirem e comentarem sua transmissão de vídeo no Facebook. Disponível em: <http://www.ehow.com.br/comparacao-live-stream-ustream-info_14128/>. Acesso em: 28 fev. 2014.

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time não teve condições financeiras de efetuar a compra do jogador, o volante

Fabrício voltou a defender o Juventude em 2014.

Conforme já mencionamos, o Piccolo Esportivo poderia trazer entrevistas com

esses atletas via Skype, inclusive possibilitando que seus assinantes promovessem

um bate-papo com o atleta.

Outra boa alternativa é divulgar a entrevista ao vivo, antes de ocorrer, e deixá-

la gravada no arquivo. Posteriormente, o blog pode fornecer o link da entrevista no

Facebook e no Twitter.

Nessa categoria, também identificamos o mesmo erro que aconteceu na

categoria craque da rodada, uma vez que ficou difícil manter as entrevistas com

jogadores profissionais, na medida em que os atletas mais conhecidos não

concedem entrevistas para veículos menores.

Assim, o Piccolo Esportivo continua promovendo entrevistas com atletas que

se projetam agora no futebol. Explorar o valor-notícia local é importante estratégia do

webjornalismo, como mostrou o estudo teórico promovido.

Até o dia 30 de novembro de 2013, foram postadas 515 matérias, sendo 125

em 2011, 238 matérias em 2012 e mais 152 matérias em 2013. A queda do número

de matérias deve-se ao fato de algumas competições não terem sido realizadas em

2013, a exemplo do handebol, do municipal feminino de bochas e do municipal

feminino de futsal.

Deste total, foram postadas 42 matérias na categoria bisca, 122 (bocha), seis

(craque da rodada), 11 (diversos), 208 (futebol), 104 (futsal), nove (handebol), oito

(na mídia) e seis (papo de profissional).

No ano de 2012, percebemos que houve um acréscimo no número de

matérias publicadas, tendo em vista que todas as competições previstas no

calendário esportivo do Município de Nova Pádua foram realizadas. Já em 2013, os

certames de handebol feminino, futsal feminino e municipal feminino de bochas não

foram realizados pelo baixo número de equipes inscritas.

No dia 17 de novembro de 2013, o blog comemorou uma marca histórica.

Ultrapassou os cem mil acessos. Para uma comunidade como Nova Pádua,37 esse

37

De acordo com os dados do IBGE, o Censo Demográfico de 2010 mostrava que o Município de Nova Pádua tinha uma população de 2.450 habitantes. Deste total, 1.254 eram homens, ou seja, 51,34% da população do município da Serra Gaúcha. O referido gráfico está disponível em: <http://cidades.ibge.gov.br/xtras/temas.php?lang=&codmun=431308&idtema=16&search=riogrande-do-sul|nova-padua|sintese-das-informacoes>. Acesso em: 25 abr. 2014.

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102

número é expressivo e merece ser comemorado, tendo em vista que o blog tem

apenas dois anos e cinco meses. Um momento único para quem criou o blog, com o

objetivo de pôr em prática os ensinamentos adquiridos em sala de aula.

De acordo com os dados do IBGE, o Censo Demográfico de 2010 mostrava

que o Município de Nova Pádua tinha uma população de 2.450 habitantes, sendo

1258 homens, ou seja, 51,34% da população.

No mês de novembro, foram realizadas as semifinais do futebol de campo.

Por conta disso, a comunidade acompanha as informações sobre a grande final do

campeonato. Durante os dias 17 e 18 de novembro, domingo e segunda-feira, o blog

teve 1.200 acessos, um recorde para o Piccolo Esportivo.

Os mais de 100 mil acessos são resultado do trabalho realizado sempre com

respeito, credibilidade e ética. Com o aprendizado obtido nesta monografia e com o

estudo da teoria do webjornalismo, foi possível verificar erros importantes e, até

determinado ponto graves, que até então não eram notados pela falta deste estudo.

Figura 8 – Print Screen postagem do blog que ultrapassou os 100 mil acessos

Fonte: Os 100 mil acessos na matéria do futebol. Acesso em: 20 nov. 2013

A análise de conteúdo do blog, como especificado no referencial teórico, está

pautada na pesquisadora francesa Laurence Bardin e com base em alguns aspectos

levantados na teoria do webjornalismo. Com o objetivo de buscarmos um parâmetro

Page 103: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS … · Figura 1 – Print Screen do site LANCENET ... Figura 14 – Print Screen dos comentários da matéria do blog do Nando

103

para algumas referências, desenvolvemos, em alguns aspectos, um estudo

comparativo com o blog do Nando, com alcance principalmente estadual, mas, em

diversos momentos, também nacional.

O blog do Nando se destaca por trazer matérias sobre futebol e,

principalmente, sobre as equipes do Grêmio e do Internacional, que são da grande

Porto Alegre. Faremos uma análise deste blog, no que se refere às características

do webjornalismo.

Apesar de fazer uma cobertura destacada das equipes de Porto Alegre, o

blog do Nando também destaca equipes de outros estados como é o caso de São

Paulo, quando traz assuntos relevantes do futebol paulista. Citamos aqui a cobertura

feita durante a campanha do Atlético Mineiro, que culminou com o título sul-

americano. Foram três meses dando destaque ao Estado de Minas Gerais, mesmo

tendo enfoque na capital gaúcha.

O jornalismo na web e, principalmente, os blogs, são uma vitrina para os

acontecimentos locais para o mundo. Antes, as informações globais eram

direcionadas para o local. Hoje, esse panorama inverteu-se, e a web se caracteriza

pela divulgação do conteúdo local, no qual está inserido o blog Piccolo Esportivo,

para o global.

7.1 ANÁLISE DOS BLOGS SELECIONADOS

A partir de agora, faremos uma comparação entre o blog Piccolo Esportivo e o

blog do Nando, com o objetivo de mostrar os pontos positivos e negativos de cada

um.

Neste capítulo serão analisadas as postagens desses blogs, durante o mês

de novembro de 2013. Nesse período, o blog Piccolo Esportivo publicou 21

matérias, sendo 13 na categoria futebol, cinco na categoria bocha, uma na bisca,

uma na mídia e a matéria que destacou os 100 mil acesos no dia 19 de novembro.

Por sua vez, no mesmo período, o blog do Nando publicou 35 matérias,

sendo 21 sobre futebol, uma postagem sobre automobilismo, uma referente ao

Prêmio Press de Jornalismo, oito vídeos sobre o pré-jogo da dupla Gre-Nal e mais

quatro postagens com pensamentos e foto de uma modelo internacional como

veremos mais adiante.

Primeiramente, faremos uma comparação entre cada uma das características

do webjornalismo e, posteriormente, as características da interface, sempre

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considerando a cobertura local do blog Piccolo Esportivo e a cobertura estadual e

até mesmo nacional do blog do Nando, hospedado no site da Rádio Gaúcha, que

pertence ao Grupo RBS.

– Quanto à multimidialidade: em relação à multimidialidade e convergência, o

blog do Nando utiliza textos e vídeos que são gravados para os programas

esportivos da Rádio Gaúcha e que o jornalista divulga em seu blog, em dias que

antecedem os jogos da dupla Gre-Nal, com o título “pré-jogo”. Nesses vídeos, Nando

faz uma análise dos adversários da dupla e da provável escalação das equipes.

Os vídeos do blog do Nando são gravados por Renan Jardim, responsável

pelo site da Rádio Gaúcha. Os vídeos sofrem uma edição somente para ajustes de

imagem, colocação de vinheta e créditos. O conteúdo em si não é editado. Caso o

erro seja percebido em um momento em que não seja possível gravar novamente, é

feita uma edição, mas somente para ajustar erros de datas e horários.

Vemos, portanto, exploradas as possibilidades de uso de banco de dados e

de memória, evidenciadas na fundamentação teórica, conforme Palácios (2003) e

Canavilhas (2001).

Figura 9 – Print Screen do blog do Nando com a postagem de um vídeo

Fonte: Blog do Nando com o vídeo do pré-jogo. Acesso em: 27 mar. 2014.

Além de vídeos para o blog, Nando também publica vídeos na Fan Page do

Facebook, onde mostra bastidores que antecedem o seu programa, mas esses são

publicados somente e diretamente no Facebook. Esses não sofrem edição, nem

mesmo de vinheta ou colocação de créditos.

A Fan Page do Nando Gross tem quase 7.500 curtidas e traz as informações

das coberturas jornalísticas da Rádio Gaúcha com fotos, vídeos, enquetes,

Page 105: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS … · Figura 1 – Print Screen do site LANCENET ... Figura 14 – Print Screen dos comentários da matéria do blog do Nando

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entrevistas, promoções, entre outras formas de entretenimento com ouvintes e

internautas.

O blog do Nando é a plataforma de conteúdo esportivo de maior audiência do

site da Rádio Gaúcha. Em média, o blog tem 90 mil acessos/mês. Cada postagem

com vídeo tem entre mil e mil e quinhentos acessos.

Os vídeos ficam armazenados no servidor geral da Rádio Gaúcha. Os vídeos

não lineares têm duração média entre dois e três minutos. A imagem dos mesmos

tem boa qualidade e mostra distância razoável de uma edição específica para a

televisão. Os mesmos não têm a participação do repórter. O blogueiro faz a abertura

e expõe sua opinião em relação a determinados assuntos. Embora os vídeos

tenham um grande número de visualizações, a média de comentários é baixa:

apenas cinco comentários.

Nando sempre se mantém conectado com os seguidores pelo Twitter, que

são 58.700; por conta disso costuma escrever quando o assunto é bem discutido e

acaba dando sua opinião nos vídeos.

O blog destaca-se por utilizar sempre uma foto em cada postagem publicada,

o que atrai a leitura da matéria. O que chama a atenção no blog do Nando são as

postagens com uma frase de grandes pensadores, sempre acompanhadas da foto

de uma modelo internacional.

Figura 10 – Print Screen do blog do Nando, que destaca o uso dos pensamentos com uma foto de uma modelo internacional

Fonte: Postagem do blog do Nando que foge um pouco do campo esportivo. Acesso em: 16 mar. 2013.

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106

Podemos considerar que as postagens são uma forma de valorizar a

inteligência, a beleza e o esporte, normalmente mostrados separadamente, como se

não pudessem conviver em harmonia. É a evidência de que jornalistas esportivos

não entendem apenas de esportes, mas têm conhecimento para atuar em qualquer

editoria, seja no jornal, no rádio, na TV ou na web. Outra possibilidade é mostrar que

quem é bonito ou “coquete” também se interessa por futebol.

Com relação aos vídeos, o Piccolo Esportivo os usa eventualmente. Em 2012

e 2013, foram entrevistados atletas e dirigentes do E. C. Ferroviário, por ocasião da

conquista dos títulos da Copa Libertadores.

Em média, os vídeos do blog Piccolo Esportivo têm entre dois e três minutos

de duração. O repórter faz as perguntas sem aparecer no vídeo. Por se tratar de

vídeos para a web, a imagem deixa a desejar em virtude da distância do

entrevistado. Os mesmos não recebem edição de imagem, apenas uma edição em

relação ao tempo, para que não fiquem cansativos e demorados. Após a publicação

no blog, os vídeos ficam disponíveis no canal do blog no YouTube.

Em outras ocasiões, as equipes enviam os vídeos motivacionais que são

mostrados aos atletas antes das finais das competições, a fim de que o blog faça a

publicação. Esses vídeos são mais acessados por despertarem curiosidade no

torcedor. Os bastidores que antecedem uma final sempre rendem um bom número

de acessos, tendo em vista que a vitória pode ter passado por aquele vídeo

motivacional. Em média, os vídeos do blog Piccolo Esportivo têm 30 visualizações.

– Quanto à interatividade: a interatividade está presente nos sites, portais e

blogs. Seu objetivo principal é propiciar contato ao usuário. Nos blogs, a mesma é

notada principalmente por meio dos comentários.

No blog do Nando, muitas matérias chegam a ter mais de 30 comentários, o

que sinaliza a interatividade entre o blogueiro, internautas e torcedores, bem como

mostra que Nando Gross tem leitores consolidados. Evidentemente, o nível maior de

interatividade estaria no fato de os comentários renderem novas pautas no blog.

O blog do Nando também se destaca pela interatividade nas redes sociais.

Todas as postagens da Fan Page tem um link para as matérias do blog. A

interatividade com os leitores e ouvintes é maior no Twitter, quando o blogueiro tem

longas conversas com seus seguidores.

Page 107: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS … · Figura 1 – Print Screen do site LANCENET ... Figura 14 – Print Screen dos comentários da matéria do blog do Nando

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Figura 11 – Print Screen da Fan Page do blog do Nando

Fonte: Fan Page do blog do Nando mostra a interatividade do blogueiro. Acesso em: 16 mar. 2014.

O blog do Nando também se destaca pela interatividade nas redes sociais.

Todas as postagens da Fan Page tem um link para as matérias do blog. A

interatividade com os leitores e ouvintes é maior no Twitter, quando o blogueiro tem

longas conversas com seus seguidores.

Em relação ao Piccolo Esportivo, a interatividade é maior nas redes sociais do

que no próprio blog. Quando a foto do jogo é postada no Facebook, as pessoas

aproveitam para comentar e compartilhar as fotos.

Figura 12 – Print Screen da página pessoal do Facebook do diretor do blog

Fonte: Comentários no Facebook do diretor do Piccolo Esportivo. Acesso em: 30 nov. 2014.

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As postagens que mais recebem comentários no blog são as matérias que

envolvem o final das competições. Em média, cada postagem na rede social recebe

entre cinco e dez comentários.

Para Primo (2009), interatividade é uma conversa entre leitores e produtores

de uma publicação. Sendo assim, devemos dizer que o Piccolo Esportivo mantém

essa interatividade com os internautas nas redes sociais.

– Quanto à hipertextualidade: essa característica do webjornalismo permite a

interconexão entre textos, fotos, vídeos, animações e infográficos através de links. O

blog do Nando deixa a desejar, uma vez que eventualmente usa links para matérias

do seu blog ou veículos de comunicação da web.

No lado direito do blog do Nando, ficam os links das últimas cinco matérias

postadas. Também no lado direito superior, o internauta encontra links para sites

esportivos, mas também para endereços sem nenhuma relação com esporte, como

por exemplo: bandas gaúchas, Blog do Carpinejar, Blog do Cecconi, Gravadora Acit,

Moda e Estilo.

Na parte superior da página, o blog do Nando oferece quatro links: Twitter da

Rádio Gaúcha (@RdGaucha), Twitter do Nando Gross (@realnandogross), site da

rádio Gaúcha (www.gaucha.clicrbs.com.br/rs/) e, por fim, a página do Nando Gross

no Facebook (Fan Page Nando Gross no Facebook), como se pode ver abaixo.

Figura 13 – Print Screen da Fan Page do blog do Nando

Fonte: Fan Page do jornalista Nando Gross no Facebook. Acesso em: 11 jan. 2014.

O aumento do número de blogs é uma recorrente ilustração da Web 2.0.

Muito embora a imprensa insista em descrevê-los como meros diários online,

reduzindo-os a uma ferramenta de publicação individual e de celebração do ego, os

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109

blogs transformaram-se em um importante espaço de conversação. (PRIMO;

SMANIOTTO, 2006).

Os blogs tampouco podem ser analisados a partir de uma perspectiva

massiva. Poucos são aqueles que possuem milhares ou até mesmo milhões de

leitores. Entretanto, não se pode concluir que trata-se de uma ferramenta de pouca

importância no cenário midiático. Através dos blogs, pequenas redes de amigos ou

de grupos de interessados em nichos muito específicos podem interagir. Já a

interconexão entre esses grupos pode gerar significativos efeitos em rede.

No Twitter, o blogueiro costuma ter longas conversas com os internautas

sobre temas atuais, que marcam os noticiários esportivos da Rádio Gaúcha. Se o

assunto é relevante, Nando acaba escrevendo sobre o tema para que os seguidores

deixem suas opiniões no blog. Nando não costuma publicar textos, fotos e vídeos

enviados pelos leitores e seguidores das redes sociais.

Não é comum encontrarmos pesquisas e consultas aos leitores tanto no blog

como no Facebook e no Twitter do Nando. Esse entretenimento acontece na Fan

Page do Futebol da Gaúcha, em que são realizadas enquetes, votação do melhor

jogador da partida, eleição dos melhores jogadores do campeonato, entre outras

formas de interação com os torcedores.

Nesta característica, o blog Piccolo Esportivo também deixa a desejar no que

se refere ao uso de links e hiperlinks. Os mesmos são usados apenas nas matérias

que foram publicadas por outros veículos de comunicação ou, ainda, nas

reportagens e nos programas nos quais o blog ganhou destaque desde a sua

criação. Essas matérias podem ser encontradas na categoria “Na Mídia”.

O blog Piccolo Esportivo utiliza links nas legendas das fotos enviadas por

seus colaboradores. Nessas ocasiões, a foto é devidamente creditada com o link

para a página pessoal do Facebook.

Do lado direito da página inicial, o blog apresenta o link dos jornais O

Florense, Pioneiro e Zero Hora, além dos sites de esportes ClicRBS, Globo Esporte

e UOL Esportes. Logo abaixo, aparece o link de todas as matérias postadas durante

o mês, bem como o link para encontrar as matérias de cada ano.

Do lado esquerdo da página inicial, o blog apresenta o link da empresa

patrocinadora. O internauta que clicar no logo pode visitar o site da Empresa Vêneto

Transporte Ltda., até hoje o único patrocinador.

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– Quanto à personalização: o blog do Nando não disponibiliza a opção de o

usuário configurar as matérias, de acordo com seus interesses individuais. O blog

não é divido por categorias, o que dificulta ao internauta fazer a seleção de matérias

para leitura imediata.

Uma característica de sites, blogs, portais ou aplicativos de grandes

empresas de comunicação é não oferecer ao seu leitor links de fora, ou seja, de

outros veículos concorrentes (diretos ou não). Isso não ocorre com veículos

menores, como o Piccolo Esportivo, por exemplo, o que representa uma oferta muito

mais ampla e democrática de conteúdo ao leitor/assinante/usuário. O risco de que o

leitor não volte precisa ser compensado pela aposta na qualidade do material, que o

assinante está acostumado a receber do veículo de saída.

Com relação à circulação interna, o blog Piccolo Esportivo oferece muita

facilidade aos internautas que o visitam, uma vez que as matérias são classificadas

em nove categorias ou tags, como já abordamos anteriormente, oportunidade em

que cada uma delas foi devidamente explicada e exemplificada.

– Quanto à memória: essa característica é uma das grandes vantagens da

internet, tendo em vista a possibilidade de arquivar documentos. Além da economia

de espaço a memória oferece uma economia financeira e conservação ambiental,

visto que os arquivos podem ser recuperados a qualquer momento e consultados

diretamente pelo computador.

Assim como acontece com a hipertextualidade, a multimidialidade, a

interatividade, a personalização, a memória é um recurso da mídia tradicional, que,

ao ser adaptada ao ambiente virtual, ganha novas nuanças, gerando novos efeitos

nos receptores da informação.

Para Palácios (2002), no webjornalismo, a memória pode ser recuperada

tanto pelo produtor da informação, quanto pelo internauta, através de arquivos

online, providos com software de busca, que permitem múltiplos cruzamentos de

palavras-chave e datas.

O blog do Nando oferece uma grande quantidade de informação relacionada

aos campeonatos que já tiveram seu término. O conteúdo, acessível através do

banco de dados, pode ser utilizado pelos jornalistas ou leitores, para resgatar

placares de jogos, últimos campeões, artilheiros, tabelas de classificação, entre

outras comparações, que podem ser feitas a partir do banco de dados do blog.

Page 111: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS … · Figura 1 – Print Screen do site LANCENET ... Figura 14 – Print Screen dos comentários da matéria do blog do Nando

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Em toda a sua trajetória, o blog Piccolo Esportivo já publicou 541 matérias,

que oferecem uma grande quantidade de informação, que fica armazenada no blog

e pode ser explorada pelos internautas e veículos de comunicação para a produção

de novas matérias ou reportagens.

O banco de dados é projetado, construído e povoado por dados atendendo a

uma proposta específica, ou seja, segundo a necessidade do usuário. Possui alguns

níveis de interação com o mundo real e um público efetivamente interessado em seu

conteúdo.

O banco de dados exige investimento em arquitetura da informação e

programação, além de servir como base para armazenamento. Atualmente, porém,

excelentes bancos de dados podem ser acessados gratuitamente ou por assinatura.

Para a produção de novas matérias, basta acessar os dados registrados em

banco de dados, tendo em vista que o mesmo é compacto, rápido e tem

disponibilidade de acesso às informações corretas e atualizadas a qualquer

momento.

Com o passar do tempo, o blog passa a ser utilizado como banco de dados

para resgatar a história das competições e, no caso do Piccolo Esportivo, resgatar e

guardar a história do esporte de Nova Pádua.

A web tem se tornado uma grande aliada dos produtores e consumidores de

informação, uma vez que pode ser compreendida como um enorme galpão de

estocagem de matéria-prima.

– Quanto à instantaneidade: podemos dizer que o blog do Nando poderia ter

maior rapidez na postagem das matérias. As matérias sobre os jogos que ocorrem

aos domingos são postadas na segunda-feira. Nos jogos que acontecem nas

quartas-feiras, as matérias são postadas nas quintas à tarde ou até mesmo na

sexta-feira. Vale lembrar que quando se fala em webjornalismo, cada vez mais,

frente às plataformas móveis principalmente, se está falando em tempo real.

No blog Piccolo Esportivo, as matérias são postadas no domingo à noite,

após conseguir o resultado de todos os jogos da rodada: futebol, futsal, bocha, entre

outras modalidades. O Facebook foi uma ferramenta que deu maior agilidade na

busca pelos resultados dos jogos, tendo em vista que os jogadores enviam o placar

final por meio dos celulares.

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A instantaneidade é uma das características que explica o grande número de

acessos. O público quer rapidez na divulgação das matérias, e o blog procura essa

rapidez na publicação de resultados e classificação dos certames.

– Quanto à usabilidade: é o fator que assegura ao usuário a facilidade de uso.

Segundo Nielsen e Loranger (2010), uma boa usabilidade oferece condições

eficazes de trabalho e qualidade na execução das tarefas. Além disso, a satisfação

do usuário pode determinar o nível de usabilidade, a partir de interações agradáveis

e da satisfação do usuário em realizar as tarefas.

Neste quesito, os dois blogs analisados se destacam por oferecerem ao

internauta ferramentas e condições para encontrar as informações desejadas. Essa

facilidade de acessar as informações confirma a boa usabilidade dos blogs, além de

contribuir para uma fidelização entre blog e internauta.

– Quanto à funcionalidade: se pensarmos em algum fato que tenha chamado

a atenção das mídias, é impossível pensar numa matéria divulgada na internet, que

não tenha links para vídeos, entrevistas, infográficos e outras matérias.

Na cobertura de uma final de campeonato, que ocorre no domingo, é possível

fazer a leitura de notícias durante toda a semana, mas sempre com links e hiperlinks

para as matérias mais importantes publicadas anteriormente.

É irritante para o internauta clicar num link e o mesmo levar a páginas que

não correspondem ao assunto desejado ou, então, que trazem a mensagem “não foi

possível acessar a página desejada”. Para o site, blog, portal ou aplicativo, isso é

constrangedor e perde credibilidade diante dos internautas.

Em relação à funcionalidade, o blog do Nando pouco utiliza os links. São

poucas as oportunidades em que o blogueiro escreve as matérias com links para

outros blogs, sites ou portais. Já o blog Piccolo Esportivo, embora use poucos links,

os mesmos são utilizados com clareza, o que facilita o deslocamento entre as

páginas.

– Quanto à acessibilidade: caracteriza-se por oferecer uma acessibilidade de

qualidade para todos os internautas, para todos os tipos de acesso (rápido ou lento,

banda larga ou discado) e para todos os tipos de dispositivos (computadores,

laptops, notebooks, celulares, entre outras tecnologias.

Por estar locado no site da Rádio Gaúcha, o blog do Nando oferece maior

dificuldade de acessibilidade. Muitos profissionais que fazem toda a parte de layout

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da plataforma, por vezes não imaginam que alguns erros podem ser percebidos

apenas pelos internautas que acessam a plataforma no dia a dia.

A acessibilidade na web diz respeito a viabilizar que qualquer pessoa, usando

a tecnologia adequada à navegação web esteja apta a visitar qualquer site; obtenha

a informação oferecida e interaja com a plataforma visitada.

O blog Piccolo Esportivo deixa a desejar nesta questão da acessibilidade,

uma vez que os vídeos não têm a transcrição por escrito e não dispõem de uma

leitura em Braille, por exemplo.

– Quanto à interatividade: por ser essa uma característica indispensável no

que se refere à internet, o Blog do Nando destaca seu uso. Por ter essa

característica muito forte, os internautas deixam seus comentários em grande

número nas matérias postadas no blog.

Figura 14 – Print Screen da postagem no do blog do Nando

Fonte: Blog do Nando Gross teve 17 comentários. Acesso em: 14 jan. 2014.

No blog do Nando, a interatividade está presente em praticamente todas as

matérias, confirmando a teoria da interatividade, que, segundo Primo (2009), se

traduz pela construção de uma obra coletiva e não mais centrada na figura do

emissor, mas também com a participação do receptor/usuário.

A partir dessa perspectiva, a interatividade representa a possibilidade de

rompimento com uma concepção linear na construção de matérias, colocando-a

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diante de uma aprendizagem colaborativa, atualizada numa prática de construção de

um percurso hipertextual.

A interatividade também é feita através das redes sociais, tendo em vista que,

durante os programas esportivos da Rádio Gaúcha, os ouvintes participam através

do Twitter, Facebook ou Whatsapp, opinando, fazendo perguntas a repórteres ou A

comentaristas da emissora.

Por sua vez, o Piccolo Esportivo tem maior interatividade com os internautas

nas redes sociais quando é postada uma foto com a chamada para o endereço do

blog Piccolo Esportivo. O blog pretende aumentar essa interatividade fazendo com

que os torcedores participem diretamente, no campo, conversando com os

jogadores; fazendo enquetes e promovendo pautas a partir da indicação dos

leitores.

– Quanto à navegabilidade: como já mencionamos na característica anterior,

a navegação do blog Piccolo Esportivo tem a ação facilitada, uma vez que as

matérias estão disponibilizadas em categorias. Sendo assim, o internauta pode fazer

a leitura de uma matéria e, posteriormente, buscar outra categoria para continuar

lendo.

O link das matérias fica disponibilizado no lado direito da página inicial do

blog, o que acaba facilitando a localização para o internauta.

No blog do Nando, os internautas terão que rolar a barra entre três a quatro

páginas, para encontrar a matéria desejada. Essa dificuldade cansa o internauta,

que deixa de buscar a informação desejada por falta de tempo ou paciência.

Às vezes, um blog com qualidade pode perder sua credibilidade devido à

dificuldade de navegabilidade, que pode fazer com que o internauta procure a

informação em outro site da internet.

– Quanto ao banco de dados: em relação ao banco de dados, notamos que

os dois blogs têm um banco de dados com muito conteúdo, que poderá ser utilizado

por outros veículos e por jornalistas, que, a partir das matérias destes blogs,

construirão novas reportagens e matérias.

O blog do Nando dispõe do banco de dados do jornal Zero Hora, do ClicRBS,

da Rádio Gaúcha, RBS TV, entre outros veículos de comunicação.

O banco de dados pode ser considerado o “cérebro” de um site, blog, portal

ou aplicativo, uma vez que são armazenadas as informações mais importantes do

mesmo, como forma de serem utilizadas a qualquer momento.

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No rigor do conceito, o blog Piccolo Esportivo não tem um banco de dados, e

sim memória. O desafio do blog é aperfeiçoar as suas capacidades como banco de

dados, desenvolvendo bases de dados e interfaces de pesquisa que se aproximem

dos modelos já utilizados pelos principais veículos de comunicação e se aproximar

dessa realidade.

Cada site, website, blog, portal ou aplicativo tem características que se

destacam. Feita a análise do blog Piccolo Esportivo e do blog do Nando,

percebemos que os dois têm pontos positivos, mas por outro lado precisam melhorar

em outros aspectos.

No blog Piccolo Esportivo, algumas alterações são indispensáveis e têm

como objetivo oferecer maior qualidade e facilidade, para que os internautas

continuem visitando o blog.

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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A questão norteadora desta pesquisa era: “Que especificidades determinam a

qualidade do webjornalismo esportivo?” Com a fundamentação teórica, a questão foi

respondida quando estudamos as características do webjornalismo. A

hipertextualidade, multimidialidade, interatividade, instantaneidade, memória,

atualização contínua e personalização determinam a qualidade do webjornalismo,

desde que devidamente observadas durante a construção da informação. Essas

características são primordiais para que os leitores, usuários e internautas se sintam

parte do processo.

As características do jornalismo desenvolvido na web refletem as

potencialidades oferecidas pela internet. No webjornalismo, as noções de tempo e

de espaço são diferentes das utilizadas no jornal impresso, na TV e no rádio. Na

web, a situação muda, a atualização das notícias pode ocorrer ininterruptamente.

Em qualquer momento, os internautas podem acessar um webjornal e ler as notícias

de seu interesse.

O objetivo geral desta pesquisa era estudar as características específicas do

webjornalismo esportivo. Com esta pesquisa, confirmamos que o esporte é

considerado um fenômeno sociocultural, de dimensão social incontestável e, através

dos meios de comunicação, constatamos que o esporte tem ocupado,

mundialmente, uma posição bastante destacada. Os canais internacionais,

especialmente os que se dedicam exclusivamente ao esporte, mostram que a área

está organizada e, desse modo, tem merecido um enfoque informativo altamente

especializado.

Na web, o jornalismo esportivo passou a oferecer um leque de opções para

que o internauta possa acompanhar a modalidade esportiva desejada. A web

investiu em novos recursos para transmitir e repercutir jogos e campeonatos. Com a

facilidade de fazer transmissões ao vivo, os esportes passaram a ser divulgados e

mantidos ao alcance do público, situação anteriormente monopolizada pela televisão

e a custos muito altos.

O estudo confirmou que as características do webjornalismo também são

indispensáveis quando se trata de esporte. A multimidialidade oferece muitas

ferramentas de convergência. Além do texto, o leitor tem acesso a fotos, vídeos,

tabelas, entre outros aspectos sobre o evento esportivo e, o que é muito importante,

o banco de dados.

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Na instantaneidade, é possível ler as matérias a todo o momento. É comum

encontrarmos nos sites, blogs, portais e aplicativos o recurso últimas notícias. Na

interatividade, o leitor é convidado a participar, por meio das ferramentas eletrônicas

e da construção das notícias. A hipertextualidade proporciona mais informações para

o internauta, que pode navegar por ferramentas relacionadas e se aprofundar no

conteúdo, ou nas modalidades esportivas que desejar.

Traçamos como objetivos específicos: estudar os conceitos de jornalismo e

webjornalismo, buscando semelhanças e especificidades; estudar as características

norteadoras da narrativa na web; analisar os blogs Piccolo Esportivo e blog do

Nando, estudando suas narrativas e os modos de construção e a cobertura

esportiva.

O jornalismo vive uma revolução devido à Era da Informação e do

Conhecimento, que exige uma série de novas transformações e adaptações dos

antigos meios de comunicação, ao mesmo tempo em que abre novas perspectivas

com a chegada do webjornalismo.

Na web, o intervalo entre o acontecimento e a publicação do mesmo se reduz

imensamente. Mesmo com esse tempo mais curto, deve-se prezar pela qualidade e

profissionalismo, a fim de não perder credibilidade com o internauta.

O jornalismo da web é um modo cada vez mais utilizado, devido à sua rapidez

e interatividade com os leitores. Todos os grandes jornais dispõem de uma página

na internet, mesmo que mantenham a publicação da tradicional versão em papel.

Os jornalistas devem aprender algumas ferramentas básicas da web, como

construir páginas, fazer uma produção digital de áudio e vídeo e técnicas de

programação, com o objetivo de adicionar elementos multimídia e produzir uma nova

forma de narrativa para os internautas.

Na construção desta monografia, levantamos algumas hipóteses: o

webjornalismo exige uma nova postura do jornalista. Com o avanço das tecnologias

e o surgimento da web, a mudança começa na própria formação dos jornalistas.

Diante da nova realidade, exigem-se profissionais multimídia.

Considerando que todos os meios de comunicação passaram a ser

multimídia, a verdadeira especialidade dos futuros profissionais da informação será a

capacidade de trabalho com todos eles, selecionando e interpretando a informação

com a suficiente criatividade para dispor a mesma ao público.

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O jornalismo multimídia exige que o jornalista, como fornecedor de conteúdos,

escreva a notícia, tanto para jornais, como para rádio, televisão e internet, com as

devidas peculiaridades e com a narrativa de cada mídia.

O jornalista não deve ser o profissional de um só meio de comunicação, mas

deve adaptar-se às necessidades da audiência, explorando todas as ferramentas da

internet, para disponibilizar a informação aos leitores, que deverão contar com

suficientes critérios para apurar a veracidade das informações na rede.

Outra hipótese é a de que o jornalismo na web inaugura uma nova forma de

narrativa. Quando estudamos a nova narrativa da web, vimos que a escrita para a

web é feita com maior liberdade e se caracteriza por seguir o modelo da pirâmide

invertida, com o objetivo de despertar de imediato a atenção do leitor.

O texto da internet deve ser completo e deve ter o máximo possível de

informações. Embora a leitura da web não permita grandes blocos de informação

compactados, ela auxilia na fidelização do internauta ao processo não linear de

leitura.

E, por fim, a última hipótese confirmada é que o webjornalismo permite

explorar aspectos impensáveis na imprensa tradicional para sua produção da

informação. Na web, há convergência dos formatos das mídias tradicionais em que

podem ser usadas imagens, textos, vídeos e infográficos, de forma simultânea na

narração do fato jornalístico.

O jornalismo da web é diferente do jornal, do rádio e da TV, e traz a

possibilidade de conectar os textos através de links, além do leitor/usuário fazer

parte do processo de construção da informação.

No final deste trabalho de pesquisa, confirmamos a importância de um blog

como fonte de informação para os internautas. Diante das novas tecnologias e do

“novo mundo virtual”, surgiram os blogs que vêm crescendo e mudando paradigmas,

nos quais os internautas expressam opiniões sobre assuntos da atualidade. Esta

pesquisa mostrou, também, a importância do blog, como lugar de produção efetiva

do jornalismo online.

O método utilizado se mostrou eficaz durante todo o processo de construção

desta manografia. Primeiramente, foi desenvolvida uma pesquisa bibliográfica em

que estudamos os conceitos de jornalismo e webjornalismo. Em seguida, com

amparo na pesquisa qualitativa explicativa, usamos a análise de conteúdo, para

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desenvolver a técnica metodológica do estudo de caso do blog Piccolo Esportivo,

que, na análise, foi comparado com o blog do Nando.

O problema científico surgiu da descoberta de que o nosso conhecimento não

era suficiente para descrever e explicar as especificidades de webjornalismo. Para

Paviani (2009), a delimitação do problema serve para escolher o enfoque dentro de

um contexto, a fim de serem tomadas decisões sobre o que seria pesquisado.

Em relação à abordagem do tema webjornalismo e ao recorte jornalismo

esportivo na web, a metodologia foi constituída da pesquisa qualitativa, por conta

das análises interpretativas do objeto investigado.

Utilizamos o método qualitativo, para entender o contexto social e cultural,

elemento importante desta monografia. O entendimento do método qualitativo foi

possível por meio da observação, do registro e da análise das interações reais entre

pessoas, e entre pessoas e sistemas.

Quando se tratou do objetivo, a pesquisa utilizada foi a modalidade

explicativa, para explicar a razão e o porquê dos comportamentos e das regras

adotados.

O Estudo de Caso se caracterizou pelo estudo abrangente do blog Piccolo

Esportivo, de maneira que permitiu o seu amplo e detalhado conhecimento. Por fim,

a análise de conteúdo ajudou a compreender criticamente o sentido das

publicações, de modo especial na comparação do blog Piccolo Esportivo e blog do

Nando.

As deficiências encontradas no blog Piccolo Esportivo foram: pouco espaço

disponível no provedor blogger; falta de um banco de dados eficiente; limitação para

transmissões ao vivo e produção de áudios e vídeos. Elas mostram o limite entre o

investimento amador e um investimento profissional, o que, sob certo aspecto,

acende um alerta sobre o “mito” do baixo custo da internet, no que diz respeito à

produção jornalística.

A produção de conteúdos na web é relativamente fácil e possível, mas

demandará investimento em registro de marca; espaço em um provedor confiável,

próprio ou locado; softwares e equipamentos profissionais robustos.

É evidente a necessidade de desenvolvimento em programação e tecnologia

da informação, associada ou não à aquisição de templates com amplos recursos,

entre outras medidas que garantirão a permanência do blog no ar e poderão avalizar

a fidelização dos leitores.

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A análise, aliada à fundamentação teórica desenvolvida, mostrou a

importância do respaldo que o blog do Nando recebe, por ser filiado a um tradicional

grupo de comunicação. Evidencia-se, também, de parte do blog Piccolo Esportivo, a

necessidade de tomar uma decisão que o encaminhe de modo mais adequado para

a profissionalização. Ela se mostrou viável, por ser o único modo para a qualificação

do blog, que começou como um exercício de sala de aula, abriu fronteiras e tem

boas possibilidades de crescer mais, desde que se qualifique estruturalmente.

Essa monografia ampliou o nosso conhecimento sobre o fazer jornalístico na

web; propiciou contato com uma nova área do saber, até então explorada

empiricamente. A monografia possibilitou a criação de uma pesquisa que, estando

ao alcance de alunos do curso de Jornalismo, pode servir como fonte de estudo,

além do que propiciou ao autor ampliar seu conhecimento sobre a produção de uma

pesquisa científica e acadêmica.

Os mais de 125 mil acessos são prova do trabalho e reconhecimento, a ponto

de as pessoas não mais chamarem o diretor do blog pelo nome, mas simplesmente

por “piccolo esportivo”.

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Anexo 1 – Print Screen do mapa geográfico do município de Nova Pádua

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Anexo 2 – Print Screen do site de procura Google, quando digitada a designação do blog

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Anexo 3 – Print Screen do blogger – plataformas pelas quais os internautas acessam o blog

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Anexo 4 – Print Screen do Twitter do diretor do blog Piccolo Esportivo

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Projeto da Monografia

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

MAICON PAN

WEBJORNALISMO ESPORTIVO E AS ESPECIFICIDADES DETERMINANTES DE

SUA QUALIDADE: UM ESTUDO DE CASO DO BLOG PICCOLO ESPORTIVO

Caxias do Sul 2013

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

MAICON PAN

WEBJORNALISMO ESPORTIVO E AS ESPECIFICIDADES DETERMINANTES DE

SUA QUALIDADE: UM ESTUDO DE CASO DO BLOG PICCOLO ESPORTIVO

Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para aprovação na disciplina de Monografia I. Orientador(a): Branca Sólio

Caxias do Sul 2013

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9. ROTEIRO DOS CAPÍTULOS

1. Introdução

2. Método

2.1 Problema de pesquisa

2.2 Ciência

2.3 Paradigma

2.4 Método e Técnica Metodológica

2.5 Pesquisa Bibliográfica

2.6 Método analítico

2.7 Abordagem do problema

2.8 Quanto ao objetivo

2.9 Técnica Metodológica

2.10 Estudo de caso

2.11 Análise de conteúdo

3. Sociedade da Informação

4. Jornalismo

4.1 Webjornalismo

4.1.1 Hipertextualidade

4.1.2 Multimidialidade

4.1.3 Interatividade

4.1.4 Instantaneidade

4.1.5 Memória

4.1.6 Atualização Continua

4.1.7 Personalização

4.1.8 Leitura não Linear

4.1.9 Hipertexto

4.2 Jornalismo Esportivo

4.2.1 Jornalismo Esportivo na Web

5. Sobre o Suporte

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5.1Usabilidade

5.2 Funcionalidade

5.3 Interatividade

5.4 Navegabilidade

5.5 Banco de Dados

6. Análise

7. Considerações Finais

8. Referencias

9. Anexos

4 Jornalismo

A história é construída através do tempo por ações sociais e agentes

históricos e a imprensa certamente tem uma grande atuação nesse cenário. A

história da imprensa é um tema discutido por jornalistas, sociólogos e historiadores,

pois seu estudo implica na discussão da evolução da comunicação social.

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A expansão do jornalismo começou no século XIX juntamente com o

crescimento da imprensa, mas conquistou maior espaço no século XX a partir do

surgimento de novos meios de comunicação social, como o rádio e a televisão.

Hoje, o jornalismo vive uma revolução devida à Era da Informação e do

Conhecimento, que exige uma série de novas transformações e adaptações dos

antigos meios de comunicação ao mesmo tempo em que abre novas perspectivas

com o webjornalismo.

Para Traquina (2005), o jornalismo tem suas raízes no século XIX. Foi

durante este século que se verificou o desenvolvimento do primeiro mass media38, a

imprensa. A expansão dos jornais permitiu a criação de novos empregos na

redação. Um grande número de pessoas dedica-se integralmente a uma atividade

que, durante as décadas do século XIX, passou a ter o objetivo de fornecer

informação e não propaganda.

Para Silva (1991), o conceito de que o jornalismo fornece informação e não

propaganda transformou a notícia como um produto baseado em fatos e não

opiniões. A partir desse momento, a informação passou a ser tratada como

mercadoria e essa mudança ficou visível com o aparecimento de uma imprensa mais

sensacionalista no final do século XIX.

Segundo Traquina (2005), quando o jornalismo se expandiu transformando-se

em um negócio lucrativo e rentável conseguindo sua independência econômica em

relação aos subsídios políticos que dominava a imprensa em seus primórdios.

Assim, no final do século XIX, o jornalismo se tornou cada vez mais vital como

veículo para a publicidade.

Além da independência política e econômica, os avanços tecnológicos

também transformaram o jornalismo. Para Traquina (2005), as melhorias na

reprodução de imagem, sobretudo com a fotogravura em 1851 e a invenção da

máquina fotográfica inspiraram o jornalismo no seu objetivo de ser as “lentes” da

sociedade e reproduzir a realidade.

Segundo Traquina (2005) o impacto tecnológico marcou o jornalismo do

século XIX e vem marcando a história do jornalismo ao longo do século XX tendo em

38

O termo mass media é formado pela palavra latina media (meios), plural de medium (meio), e pela

palavra inglesa mass (massa). Em sentido literal, os mass media seriam os meios de comunicação de massa (televisão, rádio, imprensa, etc.). Disponível em http://www.infopedia.pt/$mass-media;jsessionid=91ca3YchpXdJV5zIwGq+8A. Acesso em 10 out. 2013.

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vista quem os avanços tecnológicos das últimas décadas tornaram possível atingir o

cúmulo do imediatismo, ou seja, a transmissão direta do acontecimento.

Segundo Bourdieu (1997), a atividade jornalística acaba construindo uma

representação instantânea e descontinuada da realidade e do mundo por ser

realizada sob pressão do tempo, do imediatismo e pelo “furo” de reportagem.

Nos primórdios do jornalismo, as notícias resultavam de antigas formas de se

contar histórias. Com o tempo, isso foi mudando e inúmeras questões passaram a

interferir na definição do que pode ou não ser considerado notícia.

De acordo com Darnton (1995), a partir dos anos 60 os jornalistas começaram

a se especializar em determinadas editorias de acordo com afinidades com temas

que habitualmente costumavam cobrir ou que abordavam com maior facilidade. A

tendência de especialização incentiva os repórteres a escrever para públicos

específicos.

Darnton (1995) acredita que a especialização em áreas traz alguns problemas

como a intimidade com as fontes, o que acaba ocasionando certa autocensura

devida ao estreitamento de um relacionamento de amizade que muitas vezes se

estabelece. Já um repórter que cobre diversas áreas não tem esse problema, pois

não sofre retaliações antecipadas justamente porque não criar relações com suas

fontes.

O jornalismo deve se adaptar às evoluções sociais, sobretudo em relação às

inovações tecnológicas, práticas culturais e padrões de comportamento. Nesse

contexto, podemos concluir que o modelo de jornalismo que temos hoje tenta

atender as características atuais de nossa sociedade.

Para Sodré e Ferrari (1986), a narrativa é todo e qualquer discurso capaz de

evocar um mundo concebido como real, material e espiritual, situado em um espaço

determinado. O desdobramento das clássicas perguntas a que a notícia pretende

responder (quem, o quê, como, quando, onde, por quê) constituirá de pleno direito

uma narrativa.

Na opinião de Benjamin (1985), a arte de narrar está em vias de extinção.

Além das experiências pessoais vividas pelo filósofo, todo o processo de

modernização sociocultural que perpassava o mundo como um todo, são fatores que

contribuíram para sua análise. A arte de narrar que se destacava nas histórias

contadas por quem as havia “experienciado”, de fato se perde com as mudanças

que dão sentido ao mundo moderno.

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Para Genette (1995), narrativa designa:

– o enunciado narrativo, o discurso oral ou escrito que assume a relação de

um acontecimento ou de uma série de acontecimentos;

– a sucessão de acontecimentos, reais ou fictícios, que constituem as suas

diversas relações de encadeamento, de oposição, de repetição;

– um acontecimento que consiste em que alguém conte alguma coisa: o ato

de narrar tomado em si mesmo.

Na narrativa jornalística, a forma autoritária de narrar histórias se mantém, e,

de certa forma, com mais agravantes por apresentar-se escondida. Envolto no real e

na verdade, além de trazer a imparcialidade e a objetividade como elementos que

operam sentidos, o discurso jornalístico tradicional encontra a legitimidade epis-

temológica para que o jornalista possa narrar os fatos do cotidiano.

De acordo com França (2004), compreender a narrativa como lugar de

produção de conhecimento significa dar ênfase à ideia de jornalismo como atividade

própria de um espaço dinâmico em que se articulam estratégias de poder e como

parte de um processo no qual representações e mediações são indissociáveis.

Para Miège (1992), as narrativas jornalísticas são lidas e compreendidas

como histórias que geram outras. O fato não se encerra nelas, mas gera um

significado. Nos dias de hoje, o lugar dessas narrativas pode tornar-se espaço de

trocas de saberes e visões de mundo.

Para Appadurai (2003), as narrativas jornalísticas levam as pessoas a

fazerem uma indagação acerca da representação e o conhecimento das instâncias

enunciativas, além de ser fundamental na compreensão dos modos de configurar,

no jornalismo, as relações de poder.

As notícias podem ser consideradas narrativas, ou seja, histórias que relatam

fatos extraordinários, como tsunamis, erupções vulcânicas e quedas de aviões,

assim como histórias esperadas pelos jornalistas e pelo público, como concursos

vestibulares e apresentações artístico-culturais.

Como afirma Schudson (1994), a narrativa jornalística é composta de um

conjunto de “convenções” ligadas à linguagem jornalística e aos demais recursos

utilizados para contar histórias. Os recursos narrativos agregam, basicamente, o

texto, o som e a imagem. Portanto, a narrativa jornalística difere a cada plataforma.

Por exemplo, na esfera digital, a narrativa jornalística é constituída da combinação

em grande escala de hipertextualidade, multimidialidade e interatividade.

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A convergência jornalística introduz a mentalidade multimídia, isto é, a

alteração do modo de pensar e produzir notícias dando lugar a elaboração da

reportagem com recursos multimidiáticos, como galerias de fotos, vídeos,

infográficos e animações.

Diante do grande número de plataformas, as histórias começaram a ser

contadas de modo a oferecer ao público a compreensão e ampliação do

entendimento dos fatos. Com isso, o público passou a ter uma experiência da

narrativa jornalística em diferentes mídias, com a possibilidade de lê-la, fazer as

conexões e ainda participar ativamente em alguma parte do processo noticioso

como a apuração, produção e circulação.

Traquina (2005) descreve que a concepção das notícias como narrativa pode

ser entendida a partir do saber de reconhecimento, saber de procedimento e saber

de narração:

– o saber de reconhecimento diz respeito à identificação do que pode se

tornar notícia, ou seja, como critérios de noticiabilidade. O saber de reconhecimento

pode ser entendido como a habilidade jornalística para encontrar e selecionar as

notícias.

– o saber de procedimento compreende as atitudes tomadas pelo jornalista

para obter e checar informações, que fontes são adequadas para serem

consultadas, como abordar as fontes em cada situação, que perguntas devem ser

feitas e que tratamento dar para cada matéria.

– o saber de narração consiste na capacidade de compilar todas as

informações e empacotá-las numa narrativa noticiosa, em tempo útil e de forma

interessante. O saber de narração é um aprendizado construído com base na

quantidade e na diversidade de histórias contadas, e, também, nas formas de contá-

las.

Para Schudson (1994), as convenções narrativas agilizam a redação, ao levar

em conta a exigência de imediatismo no jornalismo, e tornam a mensagem legível e

compreensível pelo público. As narrativas, a exemplo das normas e regras de uma

sociedade ou de um tempo, modificam-se, como constata.

Para Lage (2002), nas mídias impressas, a narrativa combina elementos

linguísticos e icônicos, como a fotografia, o infográfico e o design da página. No

rádio, a narrativa é composta apenas de som, presente nas falas dos locutores,

repórteres e entrevistados, na trilha musical, nas vinhetas, no som ambiente e, até

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mesmo, no silêncio. Na televisão e no ciberespaço, a narrativa pode combinar texto,

imagem e som. Já na web, a narrativa rompe com a linearidade e com limitações de

tempo e espaço, questões determinantes das formas de contar nas demais

plataformas.

O jornalismo é atividade e serviço público que se adapta a diferentes meios tecnológicos e convive com os usos econômicos e culturais desses meios. No entanto, há diferentes mecanismos perceptivos de quem lê, contempla ou ouve; e as circunstâncias da percepção variam do segundo plano de quem dirige automóvel com o rádio sintonizado, até o primeiríssimo plano de quem imerge no ambiente de um programa de TV em tela ampla. (LAGE, 2002, p. 162).

De acordo com Lustosa (1996), existem quatro elementos essenciais para a

produção de um bom texto de notícia:

– objetividade: o redator deve narrar o fato principal. A matéria não deve ter

supervalorização de detalhes que terminam confundindo o leitor. O lide39 deve fazer

abertura da noticia com a enunciação dos elementos fundamentais que determinam

a decisão de fazer

– clareza: o jornalista só deve falar sobre o que ele sabe, caso contrário fala

tolices. O fundamental é ter elucidado toda a matéria-prima da informação e checá-

la, para produzir um material de boa qualidade. O melhor para o redator é escrever

sobre temas de amplo conhecimento, evitando os equívocos e as imprecisões.

– concisão: o redator não deve dizer em dez palavras o que pode dizer em

duas. É preciso evitar mostrar-se envolvido e íntimo dos fatos e dizer mil coisas que

todo mundo sabe e que nunca tornam a notícia mais completa e mais clara.

– precisão: o jornalista precisa informar com precisão e de fundamental

importância para não confundir o leitor. Com erros na precisão, a informação perde

em credibilidade, o que é mau para o profissional e para a empresa.

Para Sólio (2010), as organizações ligadas à produção de conteúdo de

comunicação são, antes de tudo, organizações, ou seja, têm compromissos

ideológicos, visam ao lucro e olham para a notícia/informação como um produto, o

que remete a interesse mercadológico.

39

No esquema mais clássico de jornalismo, o lide é a parte da matéria que apresenta as clássicas perguntas: o que, quem, quando, onde, como e por quê. Corresponde à abertura do texto, por isso possui fundamental importância pois deve trazer as principais informações além de instigar o leitor a prosseguir na leitura. Disponível em http://dicionariodejornalismo.blogspot.com.br/2012/01/lead-ou-lide.html Acesso em 23 ago. 2013.

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Assim, organização, comunicação, cultura organizacional, ideologia e poder são categorias fundantes quando se trata da análise de aspectos jornalísticos de um veículo de comunicação. É prudente que se olhe para uma empresa jornalística como uma organização na qual a comunicação será resultado complexo do embate e da disputa permanente de poder e, simultaneamente, palco onde essa disputa se renova/revigora. (BARBOSA e CASTRO, 2008, p. 61).

Segundo Barbosa Filho e Castro (2008), cada vez mais a exigência de

valores significativos leva a alianças estratégicas, mesmo entre concorrentes. Essas

alianças que normalmente reúnem parceiros múltiplos estabelecem base

internacional, o que significa acesso à tecnologia de ponta e a novos mercados.

É importante conhecer a quem pertence cada veículo de comunicação e quais as relações entre uma empresa de TV aberta analógica ou digital, rádio AM ou FM, provedor de internet, agência de notícias, só para citar algumas mídias, e as informações que disponibilizam às audiências. Esses dados também são importantes para entender por que determinado veículo escolheu uma ou outra fonte para entrevistar, ou por que construiu uma notícia dessa ou de outra maneira. (BARBOSA e CASTRO, 2008, p. 96).

Para

Barbosa Filho e Castro (2008), lembram que na Região Nordeste, 68 políticos locais

são proprietários de veículos de rádio e TV. Os casos mais gritantes são do senador

Garibaldi Alves Filho (DEM/RN), que possui dez concessões distribuídas entre

rádios AM, FM e TV, seguido do senador José Sarney (PMDB/MA), com nove

concessões de rádio AM, FM e TV.

Para Bertocchi (2006), definir o que é narrativa jornalística digital significa,

primeiramente, reconhecer as possibilidades de contar histórias com base nas

diferentes linguagens multimídias.

Ricouer (2007) evidencia a transformação da relação com o leitor e a

diminuição do controle da narrativa por parte dos produtores. Diferentemente da

narrativa apresentada, por exemplo, no jornal, no rádio e na televisão, que é

totalmente controlada pelo produtor, a narrativa na web oportuniza diversas

possibilidades de controle pelo usuário, seja por meio da escolha dos percursos de

leitura, da manipulação de um recurso narrativo (animação, vídeo) ou da

possibilidade de participar ativamente (comentário e colaboração)

A narrativa digital criou uma mudança de paradigma na narrativa tradicional, que era controlada pelo responsável pelo desenvolvimento de conteúdo, para uma narrativa que conta com a contribuição do usuário. A chave para entender essa mudança e utilizar com sucesso o ambiente digital como um novo espaço de narrativa é conhecer a própria audiência. É necessário um

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entendimento mais aprofundado sobre que tipo de narrativa melhor servirá a audiência, usando todo o leque de técnicas da narrativa digital, e quando as narrativas “analógicas” podem ser utilizadas. (RICOUER, 2007, p. 138).

Ainda conforme Ricouer (2007), a narrativa jornalística digital é uma forma

mais aberta que as demais maneiras de contar histórias. Mais do que exigências, a

narrativa jornalística digital se configura como um conjunto de possibilidades.

Contudo, é importante reforçar a necessidade e o avanço da narratividade,

principalmente nas plataformas digitais.

Para Barthes (2001), a narrativa está presente em todos os tempos, em todos

os lugares, em todas as sociedades; a narrativa começa com a própria história da

humanidade; não há, nunca houve em lugar nenhum povo algum sem narrativa;

todas as classes, todos os grupos humanos têm as suas narrativas, muitas vezes

essas narrativas são apreciadas em comum por homens de culturas diferentes, até

mesmo opostas.

A capacidade de narrar é um aspecto imanente dos seres humanos. Estamos freqüentemente narrando acontecimentos ou contando eventos de que participamos, assistimos ou sobre os quais ouvimos falar. Uma narrativa representa uma sequência de acontecimentos interligados, que são transmitidos em uma estória. As estórias sempre reúnem aqueles que as narram e aqueles que as ouvem, lêem ou assistem. Quem narra, por sua vez, “escolhe o momento em que uma informação é dada e por meio de que canal isso é feito”. (PELLEGRINI, 2003, p. 64).

A convergência está presente no cotidiano de todos. Hoje é impossível não

conviver com ela e com suas consequências. Para Jenkins (2008) trata-se de uma

transformação cultural. Ele acredita que neste ambiente o consumo de informações

através de múltiplos dispositivos se intensifica.

Para Ferraretto (2007), o rádio, por exemplo, começou a se inserir neste

processo de convergência tecnológica na década de 1990, com o uso do telefone

celular como estratégia de apuração e com a incorporação da internet nas redações.

A partir do desenvolvimento das tecnologias da informação e da

comunicação, os processos de construção da notícia se tornaram mais complexos.

Essa mudança também foi percebida no rádio, que trouxe para o debate as

consequências da tecnologia e a reflexão sobre o jornalismo e suas técnicas.

Sem dúvida, o momento radiofônico atual é complexo como poucos na história do meio e requer uma abnegada atenção. E se a circunstância merece dedicação, reflexão e observação é porque a situação é muito mais perigosa do que a gerada pela chegada da televisão. Possivelmente este

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seja o conflito mais complexo vivido pelo rádio até hoje, porque afeta sua própria raiz. (FAUS BELAU, 2001, p. 16)

Faus Belau (2001) destaca que as mudanças geradas por este contexto

refletem-se principalmente na construção da narrativa jornalística do rádio, mudando

a configuração do papel dos meios de comunicação na sociedade contemporânea.

Conforme Ferraretto (2009), no passado, as regras do jogo estavam claras:

ao impresso cabia a interpretação, ao rádio o imediatismo e a televisão o

entretenimento. Hoje esta realidade está sendo revista. Um dos reflexos observados

atinge o rádio, que passa a ser mais valorizado pela análise dos fatos. Ele informa,

sim, mas esta informação vem sempre acompanhada de uma releitura dos fatos,

pela contextualização e análise.

O uso das tecnologias da informação e da comunicação obrigou o rádio a

passar por mais uma mudança em sua concepção e em suas rotinas, principalmente

na produção radiofônica de maneira geral e, de maneira pontual, no radiojornalismo.

O radio tem características marcantes em relação aos demais meios de

comunicação de massa. Possui também especificidades marcantes em suas

diversas formas e estilos. Essas características exigem novas formas e

metodologias para pensar e analisar o meio e o campo de atuação.

Para Ferraretto (2001), cada dia mais as pessoas se informam pelo rádio,

aproveitando suas características centrais, como o imediatismo, a proximidade e a

mobilidade. O radiojornalismo atual tem passado por mudanças e reconfigurações,

muitas derivadas das demandas criadas pela era digital.

Segundo Zuchi (2004), a presença das Unidades Móveis nas ruas, o uso dos

telefones fixos como uma forma de ampliar os espaços alcançados na transmissão

da informação e por último o uso do telefone celular e do telefone de transmissão via

satélite para chegar aos locais antes inacessíveis tornaram a figura do repórter

imprescindível no fazer jornalístico de rádio.

A apuração é o mais importante para a notícia, da mesma forma como a notícia é o mais importante para o jornalismo. Elemento essencial no processo da informação, a apuração em jornalismo quer dizer o completo levantamento dos dados de um acontecimento para se escrever a notícia. É o processo que antecede a notícia e que leva à formulação final do texto. (BAHIA apud PEREIRA, 2004, p. 103).

Para Ferraretto (2001), pensar em jornalismo de rádio é, também, pensar nas

rotinas produtivas e técnicas de apuração adotadas pelas emissoras. As alterações

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no fazer jornalístico radiofônico se apresentam, no contexto da era digital, de

maneira mais explícita. A apuração de informações através do telefone, prática já

utilizada pelo rádio há anos, é potencializada. Hoje, algumas emissoras optam pela

apuração sem a utilização de repórteres de rua.

De acordo com Ortriwano (1985), quando pensamos na proximidade com o

público e a presença no palco dos acontecimentos como essência do

radiojornalismo, observa-se uma deturpação gerada pelas facilidades da internet

que passa a ser usada como fonte principal das informações e acontecimentos.

Para Machado (2003), o uso da web como fonte para o jornalismo é levado ao

extremo e faz com que o rádio, veículo supostamente imediato seja pautado por

outras mídias.

No radiojornalismo, a velocidade é vista como pressuposto onde as notícias

precisam ser apresentadas aos ouvintes no momento em que ocorrem, analisadas e

discutidas. Entretanto, devem ser breves e pontuais para o consumo rápido.

Hoje, para discutir e compreender o radiojornalismo, é preciso entender de

que maneira as alterações geradas pelo avanço tecnológico modificaram e

reconfiguraram o jornalismo no rádio. A reportagem assistida por computador, o uso

da internet como fonte, a intensificação e facilitação do uso do material de

assessorias de comunicação, além do aumento na quantidade de informações

disponíveis nas redações facilitaram o trabalho do jornalista que atua no rádio.

Entre as características centrais do rádio como meio de comunicação está o

imediatismo. Por conta disso, observou-se, por muito tempo, uma predominância do

gênero informativo nas grades de programação das emissoras.

Para Barbeiro (2009), a análise e instantaneidade devem conviver e se

complementar, apresentando ao ouvinte uma perspectiva crítica e não defasada da

informação. O rádio tem a possibilidade de acompanhar os fatos no momento em

que estão acontecendo e noticiá-los

Os fatos podem ser transmitidos no instante em que ocorrem. O aparato técnico para a transmissão é menos complexo do que o da televisão e não exige a elaboração necessária aos impressos para que a mensagem possa ser divulgada. O rádio permite “trazer” o mundo ao ouvinte enquanto os acontecimentos estão se desenrolando. (ORTRIWANO, 1985, p. 80).

A aproximação da informação com o ouvinte se dá por meio da mediação narrativa

dos fatos. A escolha da estratégia narrativa e o gênero adotado para transmitir um

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acontecimento levam à criação de uma identificação e a uma fidelização do ouvinte.

Na narrativa das rádios, os ouvintes reconhecem, aceitam ou rechaçam o diferencial

de quem narra os acontecimentos.

O Jornalismo informativo retrata o fato com o mínimo de detalhes necessários à sua compreensão como notícia. Por se adaptar às necessidades de concisão do texto radiofônico, é o gênero preponderante no noticiário. Aparece, também, na maioria dos boletins, embora estes tendam, pela adição da impressão pessoal do repórter, a invadir o terreno do jornalismo interpretativo. (FERRARETTO, 2001, p. 201).

No rádio, toda a informação é transmitida pela fala e que a fala apresenta

implicações que vão além do texto escrito. A entonação, os silêncios, as demais

ferramentas informativas sonoras, como os efeitos, trilhas ou som ambiente podem

alterar o sentido do que se informa.

O radiojornalismo tem que estar sempre à frente dos jornais. Nunca a reboque. O rádio repercute hoje as notícias que o jornal vai publicar amanhã. As fontes de notícias têm que ser dinâmicas e de credibilidade. (BARBEIRO, 1989, p. 10).

Para Lopes (2000), os meios de comunicação estão sempre comentando,

reproduzindo e substituindo uns aos outros, e esse processo é natural para a mídia.

Os meios de comunicação precisam uns dos outros, a fim de funcionar como mídia

em si.

Na televisão, o discurso dos personagens é uma forma de quebra à narrativa,

de humanização e aproximação da realidade. Na televisão, a imagem se faz

presente, com cor e movimento, sem que a descrição precise apresentá-la. Ela é

responsável pela exposição do cenário e, muitas vezes, dos detalhes.

A televisão tem modos próprios de contar história que nos permite afirmar a

existência de uma narrativa particular, mas por uma questão teórica privilegia as

formas comunicacionais e o gesto do telespectador que constroem as

particularidades dessa narrativa.

Para Ricoeur (1994), a narrativa da TV particulariza objetivos, causas e

acasos reunidos numa unidade temporal de uma ação total e completa. Para ele,

qualquer narrativa coloca em cena o novo, o inédito, as peripécias, os acasos,

articulando a ação humana no tempo.

De acordo com Reis (1995), a narrativa audiovisual é um processo de

exteriorização, uma atitude objetiva e baseada na sucessividade. No caso particular

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da narrativa audiovisual, a mesma se subentende como uma gramática própria e

adequada, especialmente apoiada na combinação de uma aparência visual e

sonora.

Para Champagne (1999), o fazer jornalismo é uma forma de contar os fatos.

As notícias se apresentam como crônicas do real, do cotidiano. Um acontecimento é

o resultado da mobilização dos meios de comunicação em torno de um tema que os

mesmos definam como digno de registro durante um determinado tempo.

De acordo com Contursi e Ferro (2000), os conteúdos da comunicação

podem ser organizados como: – Discursos: descrições de um conteúdo sem

personagens e de maneira não narrativa. – Histórias: narrações nas quais os fatos

são organizados segundo uma ordem cronológica ou casual e atribuídos a

personagens.

Como produto cultural, as noticias narram não apenas os fatos historicamente localizados, mas constroem a realidade social mediante elementos presentes no universo cultural. O jornalismo também opera como elementos sedimentados de conceitos em suspensão no tecido social e se articula com interesses que nem sempre correspondem à finalidade principal da informação. O mundo do jornalismo é um microcosmo que tem leis próprias e que é definido por sua posição no mundo global e pelas atrações e repulsões que sofre da parte dos outros microorganismos. (BOURDIEU, 1997, p. 53).

O conceito de estrutura narrativa na TV permite que os telespectadores

entendam a mensagem, ideias e situações que ocorrem nos diferentes programas

da televisão. Na linguagem audiovisual toda a informação deve ser visível ou

audível.

Na televisão, o som e a imagem são elementos fundamentais para sua

diferenciação do meio impresso. Enquanto as reportagens mais literárias produzidas

para a mídia impressa precisam utilizar palavras para descrever o ambiente, o

figurino, posições, gestos e expressões, a televisão consegue captar parte desses

acontecimentos pela lente das câmeras.

Para Rezende (2000), o meio audiovisual se apropria da narrativa literária,

pois agrupa mais elementos, detalhes e conteúdos que fazem parte da mesma

construção. Essa proposta é o oposto do que o jornalismo tradicional trabalha hoje

com a indústria cultural, onde tudo é descartável e a busca incessante é pelo novo.

Ora a imagem impõe-se em sua plenitude, ora basta a palavra para a transmissão de uma notícia televisiva. Entre esses pólos, desponta uma grande variedade de alternativas, todas elas se constituindo como

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expressões legítimas do telejornalismo. Em vez de se proclamar o império do icônico no discurso televisivo, parece mais factível a hipótese de que a construção da mensagem da TV reflete uma complexa intervenção de signos de natureza diversa e em contínua interação. (REZENDE, 2000, p. 45).

Ao ser veiculado em alguma estação de tevê, a produção audiovisual é

geralmente encaixada dentro de algum programa. Isso acorre porque a televisão

ainda está muito ligada aos gêneros e programas, à identificação por meio de

nomenclaturas.

Para Machado (2000), o enredo das narrativas audiovisuais é geralmente

construído sob forma de capítulos ou episódios, tendo um horário dentro da grade

de programação do canal de tevê para ser veiculado. A periodicidade do programa

vai depender da emissora e da própria produção, podendo ser diária, semanal ou

apresentada em séries, com data para entrar e sair do ar.

Machado (2000) define programa como qualquer série sintagmática que

possa ser tomada como uma singularidade distintiva, com relação às outras séries

sintagmáticas da televisão. São geralmente estruturados também com intervalos,

que podem ser uma demanda empresarial para a inserção de publicidades ou uma

forma de não tornar o conteúdo maçante.

Um produto adequado aos modelos correntes de difusão não pode assumir uma forma linear, progressiva, com efeitos de continuidade rigidamente amarrados como no cinema, senão o telespectador perderá o fio da meada cada vez que a sua atenção se desviar da tela pequena. (MACHADO, 2000, p. 87).

A afirmação de Machado mostra o desafio constante de se produzir um

conteúdo de qualidade para a televisão, tamanho os cuidados que precisam ser

tomados. Talvez essa cobrança exagerada sobre a consumação de uma produção

pelo público é, de certa forma, responsável pelo apelo que as empresas midiáticas

fazem ao sensacionalismo.

Com a necessidade de se aumentar as ofertas de serviços de banda larga

para os internautas brasileiros, uma das tendências que foi beneficiada de forma

positiva é a do telejornalismo online.

A criação de novos espaços que podem abraçar este perfil de conteúdo mais

reflexivo e menos apelativo pode surgir com a TV digital, que possui uma grade de

programação ampliada. Para Tourinho (2009), na TV digital, a narrativa se constrói

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também de uma forma diferente, pois quem produz as imagens é a mesma pessoa

que interage com os personagens e conta a história.

O site da AllTV (www.alltv.com), criado em 26 de abril de 2002, foi a primeira

emissora de TV do mundo voltada exclusivamente para internet. É a única do país a

transmitir ao vivo, por 24 horas ininterruptas, programas jornalísticos de qualidade.

Apostando na plena utilização de toda a capacidade de comunicação e

interatividade da grande rede, o site aplica ao máximo o conceito de convergência

de mídia, sem crer que todas as formas de comunicação tendam a se fundir em uma

só, mas sim tentando utilizar, adequar e aprimorar cada uma delas para este

moderno e global veículo de informação.

No jornalismo impresso, segundo Sims (1999), o jornalista pode ser um

narrador que conta uma história em detalhes, sem interferir no conteúdo, como

também alguém que usa seus próprios filtros para contá-la, porém sempre com a

preocupação de evitar distorções.

A narrativa do jornalismo impresso mantém fiel compromisso com as

características do jornalismo como factualidade e veracidade. Sendo assim, não

cabe ao repórter abordar, isto é, inventar cenas, personagens e declarações. O

repórter escreve aquilo que viu e ouviu e, às vezes, sentiu (mesmo de forma

subjetiva, mas como emissão de um ponto de vista, permitido nesse gênero

jornalístico).

A precisão das informações dá credibilidade ao jornalista. Para Sims (1999),

os dados e informações devem ser usados com cuidado, não só pela

responsabilidade e compromisso do repórter com o leitor, mas consigo mesmo.

Ainda segundo Sims (1999), as narrativas do impresso procuram

compreender o mundo e, portanto, as pessoas, mas de maneira profunda, para que

a compreensão da realidade pelo público-alvo seja algo definitivo. Não deve buscar

apenas um relato frio e distante, mental, mas levar a vida das pessoas para as

páginas dos jornais e revistas.

Para Sodré e Ferrari (1986), quando o jornal diário noticia um fato qualquer,

como um atropelamento, já traz em si, uma narrativa. O desdobramento das

perguntas clássicas a que a noticia pretende responder constituirá de pleno direito

uma narrativa, não mais regida pelo imaginário, como na literatura de ficção, mas

pela realidade factual doa dia a dia que pelos pontos rítmicos do cotidiano que,

discursivamente trabalhados torna-se reportagem.

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Para Lustosa (1996), a notícia do jornal conterá obrigatoriamente bons

elementos para permitir ao seu leitor uma reflexão e uma análise dos

acontecimentos, explicando como tudo aconteceu e indicando no que poderá

resultar o fato narrado.

Por circular no dia seguinte aos fatos, o jornal concorre com os veículos que

já informaram o que aconteceu, como o rádio, que anda com o cidadão por todo o

lado, ou como a televisão, a principal fonte de lazer e informação da população.

Então, segundo Lustosa (1996), o jornal tem de oferecer uma refeição completa, já

que o prato feito saiu no rádio e na televisão.

4.1 Webjornalismo

O jornalismo vive um momento ímpar em sua escala evolutiva, principalmente

em decorrência das inovações de ordem tecnológica e social. Por conta dessa

evolução, tem-se um aumento radical das velocidades de produção, veiculação e

circulação de informações.

Prado (2002) lembra quando as páginas dos jornais tinham de ser montadas

palavra por palavra, em um processo fundamentalmente artesanal, ainda que com

matizes industriais. Os tempos agora são outros, e a notícia assume cada vez mais

contornos de consumo rápido, tal como um fast food pode satisfazer rapidamente a

fome e sem muita espera.

O objetivo principal ainda é informar, o que muda é a velocidade com que as

notícias são disponibilizadas. Ao mesmo tempo em que a rapidez representa o

aumento de produtividade, a mesma coloca em xeque alguns dos principais

conceitos do jornalismo, como é o caso da objetividade e da precisão, construídos

paralelamente ao surgimento das inovações tecnológicas.

Para Marcondes Filho (2000), no Brasil, a produção dos webjornais com

caráter comercial iniciou em 1990, momento em que o jornalismo enfrentava a

terceira grande revolução.

Canavilhas (1999) define webjornalismo como nomenclatura para o fazer

jornalismo na web e ganhou destaque pela aplicação da linguagem de hipertexto

(HTML), que torna a interface mais usual a pessoas sem nenhum conhecimento

específico de códigos e outros comandos de informática.

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Para Barbosa (2005), webjornalismo é a modalidade na qual as novas

tecnologias já não são consideradas apenas como ferramentas, mas, sim, como

essenciais na prática jornalística na web.

No webjornalismo, o uso das novas tecnologias configura-se como base,

tanto para o emissor (site, websites, portais, blogs) como para o receptor (webleitor).

Consideram-se como informação webjornalística relatos descritivos, interpretativos e

opinativos da realidade contemporânea.

A introdução de diferentes elementos multimídia altera o processo de

produção noticiosa e a forma de ler. Perante um obstáculo evidente, o hábito de uma

prática de leitura linear, o jornalista precisa encontrar a melhor forma de levar o leitor

até a informação. O grande desafio do webjornalismo é a procura de uma linguagem

que ofereça informações adaptadas e com maior objetividade.

Segundo Mielniczuk (2003), o webjornalismo enquadra-se em três gerações:

– primeira geração: num primeiro momento, as informações e notícias

oferecidas eram reproduções de parte dos jornais impressos com destaque para

algumas editorias. Parte do material era atualizado a cada 24 horas, acompanhando

o fechamento do jornal impresso. A produção da notícia postada na web era

totalmente atrelada ao modelo estabelecido nos jornais impressos. Não se tinha a

preocupação com relação a uma possível forma inovadora de apresentação das

narrativas no novo meio.

– segunda geração: com uma internet melhor estruturada, a publicação de

jornais on-line é favorecida. Apesar de continuarem atreladas ao jornal impresso,

começam a ser lançadas na rede mundial de computadores novas experiências na

tentativa de explorar as características específicas oferecidas pela web.

Os links são utilizados para conduzir o leitor até informações, notícias e fatos

que acontecem no período entre as edições do impresso. A elaboração das notícias

começa a usar os recursos do hipertexto. O e-mail passa a ser utilizado como

possibilidade de comunicação entre jornalista, leitor ou entre leitores, além do que os

fóruns passam a ser opção de interatividade.

– terceira geração: o cenário se transforma com o surgimento de iniciativas

empresariais e editoriais destinadas exclusivamente à internet. De acordo com

Mielniczuk (2003), os sites jornalísticos extrapolam a simples ideia de serem uma

versão do impresso na web e tentam explorar, de forma sensata, os recursos

multimídia, como som e animações, que enriquecem a narrativa jornalística.

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O webjornalismo apresenta algumas características específicas em relação

aos aspectos que quase sempre existiram nas mais diversas mídias, principalmente

em relação à construção dos textos. Segundo Palácios (2003), para se entender a

produção da webnotícia é necessário conhecer as características da interatividade,

hipertextualidade, multimidialidade, convergência, memória e atualização contínua.

4.1.1 Hipertexto

A terminologia hipertexto foi criada nos anos 60 por Theodor H. Nelson, e

refere-se a uma modalidade textual nova, a eletrônica. Trata-se de uma série de

blocos de textos conectados entre si por links que formam diferentes itinerários para

o usuário. Segundo Dalmonte (2005), o hipertexto implica um texto composto de

fragmentos de texto e os nexos eletrônicos que se conectam entre si.

Lévy (1999) esclarece que os hipertextos podem ser encontrados também

fora do ambiente das tecnologias da informação, como no caso de uma biblioteca.

Nesse caso, a ligação entre os volumes é mantida pelas remissões, as notas de pé

de página, as citações e as bibliografias. O conceito de hipertexto enquanto forma

de escrita não-linear se amplia conforme as características apresentadas por

Landow:

– Intertextualidade: para Mielniczuck e Palácios (2001), o hipertexto seria,

essencialmente, um sistema intertextual que fica limitada nos textos em livros. As

referências feitas a outros textos são potencializada no hipertexto por meio dos links,

que realizam as conexões entres os blocos de textos.

– Descentralização: esta característica refere-se ao fato de que, ao contrário

dos textos impressos que propõem um centro, oferecem uma ordem para a leitura, o

hipertexto oferece blocos de textos interconectados e oferece a possibilidade de

movimentos por parte do internauta. É o leitor, por meio dos seus caminhos de

leitura, que vai elegendo temporariamente os sucessivos centros.

– Intratextualidade: esta característica é citada por Mielniczuck e Palácios

(1995) e refere-se às ligações internas estabelecidas dentro do mesmo sistema ou

site.

Cabe esclarecer que o texto jornalístico é construído com a coleta de

informações sobre um tema específico, linear, hierarquizada, que leva em

consideração a veracidade dos fatos e os valores da notícia.

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O leitor assume, portanto, a postura participativa ao optar no direcionamento

de sua leitura. Ao participar da estruturação de um texto, Não apenas irá escolher

quais links preexistentes serão usados, mas irá criar novos links, que terão um

sentido para ele e que não terão sido pensados pelo criador do hiperdocumento.

Os leitores podem não apenas modificar os links, mas também acrescentar ou modificar (textos, imagens, etc.), conectar um hiperdocumento a outro e dessa forma transformar em um único documento dois hipertextos que antes eram separados ou, de acordo com o ponto de vista, traçar links hipertextuais entre um grande número de documentos. (LÉVY, 1999, p. 57).

Ainda segundo Lévy (1999), o hipertexto atribui ao texto a característica de

constante produção, um ciclo produtivo de forma ininterrupta, que proporciona a

leitura não-linear, fator que dimensiona o texto digital. A construção e a recepção

das noticias na internet ficam a critério do leitor.

Para Johnson (2001), a tecnologia e a cultura estão cada vez mais

interconectadas, resultado de um processo global conhecido como convergência

tecnocultural, que forma o cenário onde as mudanças no webjornalismo o correm.

Segundo Jenkins (2008), a convergência refere-se ao fluxo de conteúdos

através de múltiplos suportes midiáticos, a cooperação entre vários mercados

midiáticos e o comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação,

que vão a quase qualquer parte em busca de entretenimento.

Jenkins (2008) continua, afirmando que a convergência não deve ser

compreendida como um processo meramente tecnológico que une várias funções

em um mesmo aparelho. Ao contrário, o termo representa uma transformação

cultural, à medida que consumidores são incentivados a procurar novas informações

e fazer conexões em meio a conteúdos midiáticos dispersos.

Para construção de um hipertexto é essencial o planejamento, tendo em vista

que o mesmo vai viabilizar a colocação de textos pequenos e independentes entre

si, porém com elementos em comum, os quais possibilitam a complementação da

informação. Marcar palavras do texto que possam dar ligação a outros textos

favorece o consumo das mensagens por parte do internauta.

O hipertexto pode suscitar incontáveis combinações para o leitor e demandar um trabalho de exaustiva pesquisa para o seu criador. Por essas razões, Radfaher (1999:15) enumera cinco regras curtas que facilitam a construção de modelos simples de hipertexto: escreva pequenos textos, independentes entre si, mas com elementos em comum; marque todas as palavras de cada texto que possam servir de conexão com outros textos; crie tabelas de conexão, marcando, para cada texto, quais são os

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elementos que levam a ele e quais são os que saem dele; organize as ligações, evitando “afunilamentos”: textos com muitos pontos de entrada ou de saída; e estruture esses textos em uma hiper-retórcia, dando ao visitante a falsa impressão de controle sobre os links, enquanto o leva para o ponto desejado. A notícia produzida para a Web com estrutura narrativa não-linear deve ser planejada antecipadamente por uma equipe de profissionais (...) como uso de ferramentas que facilitem a navegação, evitando confundir o leitor com excesso de links. (PINHO, 2003, p. 186).

O hipertexto pode conduzir a páginas com fotos, arquivos de som, vídeo,

animações, material de arquivos de jornais, publicidade, etc.

De acordo com Johnson (2001), os links trouxeram uma mudança no nível da

linguagem. “surfar” na web significa navegar por meio de vínculos de associação,

mas de forma diferente do que acontecia com o controle da televisão. Não é

simplesmente uma troca de canais, mas “zapear” uma escolha que o internauta faz

porque está interessado em outro conteúdo.

O hipertexto sugere toda uma nova gramática de possibilidades, uma nova

maneira de escrever e narrar. De acordo com Johnson (2001), essa ferramenta

possibilita organizar informação de forma mais intuitiva.

Ainda segundo Johnson (2001), a imagem é outro componente linguístico

importante da interface contemporânea, com potencial para superar utilização do

texto, embora em muitos sites jornalísticos continue visível o enorme papel

desempenhado pelas palavras escritas. Daí a relevância do jornalista multimídia

preparado para questionar e deslocar o texto dessa supremacia informativa.

A prática do webjornalismo alterou todas as etapas de produção, desde a

captação e seleção de informações até o formato de apresentação e divulgação. As

mudanças nas rotinas fizeram com que os jornalistas se enquadrassem em suas

funções que foram impulsionados pelo processo de convergência.

Para Salaverría (2005), o uso das redes interativas e bancos de dados

digitalizados revolucionaram os métodos de investigação, o acesso às fontes e os

novos meios que empregam plataformas digitais, especialmente a internet, para

publicar seus conteúdos aproveitando as possibilidades hipertextuais, interativas e

multimídia.

A imprensa, o rádio e a TV são diferentes manifestações do jornalismo em virtude de seus distintos suportes. E é precisamente o suporte que determina os processos editoriais e linguagens de cada tipo de jornalismo. (SALAVERRÍA, 2005, p. 16).

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Para Machado (2003) e Ward (2006), captar notícias para a web envolve

questões similares às de outras mídias, como ter em mente qual é o público alvo e o

alcance e o foco do veículo (local, nacional, internacional). Mas a internet oferece

novas formas de coletar e reportar a informação. O desenvolvimento de ferramentas

de busca online permitiu aos repórteres realizar de forma muito mais ágil o que

anteriormente era feito por bibliotecários ou em arquivos públicos.

Salaverría (2004) afirma que os novos jornalistas são obrigados a realizar um

esforço de criatividade para não repetir velhos formatos e perpetuar rotinas antigas.

A principal função desse profissional é desenvolver produtos multimídia e não editar

e redigir textos. Para isso, é preciso elevado conhecimento dos códigos escrito e

audiovisual. O jornalista precisa contar histórias com palavras, imagens ou sons.

Para Ward (2006), a apresentação dos dados pode motivar ou desestimular

os leitores, portanto cabe ao jornalista pensar não só nos números e informações

levantadas na web, mas também em como publicá-las de modo a facilitar a leitura e

parecer atraente aos internautas.

O que muda é a forma pela qual as matérias são editadas – a notícia (ou qualquer outro gênero jornalístico) pode ser mais bem contextualizada na Internet. É possível explorar relações com o passado oferecendo informações de fundo ou links com reportagens sobre o mesmo tema”. (MOHERDAUI, 2007, p. 197).

De acordo com Salaverria (2004), a audiência se transformou e está exigindo

maleabilidade das empresas e jornalistas para fazer o mesmo. O público de hoje

possui aparatos tecnológicos e acesso a multiplataformas, o que possibilita que o

leitor tenha papel ativo no processo de construção da informação. Por isso, para a

integração dar certo, além de infraesturura é preciso cooperação dos jornalistas

responsáveis pela divulgação da informação.

Na internet, os internautas encontrar informação em muitas plataformas como

veremos a seguir:

a) Portais: para uma página de internet ser chamada de portal ela deve conter

algumas características e conteúdos específicos. Alguns jornais on-line aderiram ao

estilo portal por trazer utilidades como: previsão de tempo, horóscopo, notícias,

coluna social, cotações financeiras, ferramentas de buscas, e-mails gratuitos,

comércio eletrônico, jogos on-line procurados com freqüência pelos internautas.

Servem, dessa forma, como um atrativo que amplia o número de acessos.

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Para Ferrari (2003), um portal é um site na internet que funciona como centro

aglomerador e distribuidor de conteúdo para uma série de outros sites ou subsites

dentro e fora do domínio do portal.

O portal é um site composto por vários outros sites e blogs que podem ser

organizados na forma de canais. Conforme Ferrarini (2003), os portais são

caracterizados por algumas seções comuns com destaque para: ferramenta de

busca, comunidades, comércio eletrônico, e-mail gratuito, entretenimento e esportes,

notícias, previsão do tempo, chats, homepages pessoais, jogos on-line, cotações

financeiras e personalização.

Nos últimos anos, esses tópicos têm sido de extrema importância aos portais,

para que o internauta navegue pelo portal. Diante do que o portal oferece ao

usuário, o mesmo pode escolher determinados conteúdos ou botões de acesso de

acordo com suas afinidades e preferências.

Para Ferrari (2003), o potencial da nova mídia em relação aos portais é como

um instrumento essencial para o jornalista contemporâneo e, por ser tão gigantesco,

está começando a moldar produtos editoriais interativos com qualidades atraentes

para o usuário: custo zero e com grande abrangência de temas.

b) Site: é um conjunto de páginas na web, estas são organizadas a partir de

um URL, onde fica a página principal. As páginas são organizadas dentro do site

numa hierarquia, onde temos a página inicial (home page) e várias subpáginas

compondo o site.

Em seu site, o profissional de web André Cozza40 afirma que a internet deixou

de ser um ambiente alternativo, onde apenas estudantes e curiosos navegavam.

Hoje ela é o principal canal de comunicação entre a empresa e o cliente. Ela permite

que o cliente busque a informação específica que procura. Neste processo, ele pode

chegar até você e seu produto ou serviço.

Para Cozza, os sites de hoje têm uma importante função para a empresa uma

vez que eles são a imagem institucional do negócio no meio virtual, que vai para o

Brasil e o mundo. É importante que o cliente conheça a história da sua empresa,

quais seus objetivos e se pode confiar nos serviços prestados e na equipe

40

André Cozza é um profissional da web, tendo desenvolvidos vários trabalhos que podem ser

encontrados no site disponível em: http://www.andrecozza.com.br/ Acesso em 05 nov. 2013.

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profissional que a empresa dispõe. O site é o canal de comunicação entre as duas

partes. Um bom site tem que mostrar tudo isto de forma objetiva.

Os sites são mais utilizados mais como ferramentas institucionais e

comerciais, com foco estreito e bem definido. A atualização não é constante e,

muitas vezes não é necessária.

c) Blog: anteriormente ao surgimento dos blogs, para publicar algum tipo de

informação ou página pessoal na internet, o internauta deveria ter conhecimento

técnico, paciência, tempo e disposição para criar uma home page. Hoje, basta usar o

sistema do blog para expor a sua opinião na web.

Esse novo fenômeno causa uma revolução. Amplia a possibilidade das

informações serem jogadas na rede mundial de computadores a qualquer instante,

sobre todo e qualquer assunto.

No ato de escrita, o escritor torna externos seus pensamentos. O escritor envolve-se numa relação reflexiva e refletida na página escrita, na qual os pensamentos tomam corpo publicamente. Torna-se difícil dizer onde o pensamento termina e a escrita começa, onde a mente termina e o espaço de escrita começa. Com qualquer técnica de escrita – na pedra, no barro, no papiro ou no papel e, particularmente, na tela do computador – o escritor chega a considerar a própria mente como um espaço de escrita. (SILVA, 2003, p. 8).

Com essa abertura indiscriminada da escrita na rede mundial de

computadores, parte considerável dos blogs pode ser intitulada como diários

pessoais. Porém, há condições para que esse instrumento on-line tenha suas

funções ampliadas e canalizadas à transmissão de informações de interesse social.

Os blogs exibem, em primeiro lugar, os textos postados em ordem de data

mais recente. Nesse universo usa-se a palavra postar para indicar a colocação da

informação na rede. Um post, como é chamado o ato de postar, é uma atualização

ou a alimentação de alguma informação no blog.

As publicações podem ser feitas a qualquer momento e de acordo com a

vontade do blogueiro, que tanto pode postar várias vezes ao dia quanto ficar dias,

semanas ou meses sem disponibilizar conteúdo novo.

Blogs jornalísticos são aqueles que podem ser acessados por qualquer

pessoa com acesso à internet. Na grande maioria, os blogs se destinam a divulgar

acontecimentos reais dotados de atualidade, novidade, universalidade e interesse.

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Os blogs são construídos a partir de um servidor ou uma ferramenta que

disponibilize o serviço. No Brasil, os servidores mais conhecidos são o Blogger,

Weblogger, Blig, Wordpress, Tumbler entre outros.

Porém, nem todos os usuários que possuem blogs usam essas ferramentas.

Internautas mais experientes e com domínio de programação na internet podem

optar por criar a sua própria ferramenta de blog. Além disso, os blogs podem ser

atualizados diariamente, quinzenalmente, ou, até mesmo, a toda hora, sem padrão

específico.

Os weblogs são baseados em mecanismos que facilitam a colocação de um website no ar. Geralmente possuem layouts prontos e dispensam a necessidade de que o blogueiro saiba a linguagem HTML, principal problema para a colocação de conteúdo na Web. A maioria dos weblogs é baseada também nos princípios de microconteúdo (textos curtos, comas informações relevantes, colocados de modo padrão- em blocos - no site, denominados posts), e atualização freqüente (geralmente, diária. Em alguns casos, os weblogs são atualizados várias vezes ao dia). (RECUERO, 2003, p. 1).

Entre as características marcantes dos blogs estão os links e os espaços para

comentários dos visitantes. Boa parte dos blogs contém links para outros blogs, que,

em sua maioria, publicam assuntos relacionados, formando uma espécie de

corrente.

O primeiro blog surgiu aproximadamente na segunda metade da década de

90 e foi de Tim Berners-Lee, com o nome de “What’s New?”. O segundo weblog era

a página de Marc Andreessen, também com o nome “What’s New?”, no National

Center for Supercomputing.

Os blogs mais antigos não trabalhavam com longos textos, apresentando

apenas uma lista de links misturada com comentários. Depois, começaram a

aparecer os textos de gosto pessoal, com aproximadamente quatro linhas de

conteúdo. Segundo SILVA (2003), no Brasil, os primeiros registros foram dos

seguintes blogs:

– criado no ano 2000 por Marcos Zamorim, o blog com formato publicação

pode ser acessado pelo endereço www.zamorin.eti.br.

– com a primeira postagem registrada em 1998, o blog da gaúcha Viviane

Menezes com formato HTML e pode ser acessado no endereço

www.wiredkitsune.net/weblog11.

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Segundo as informações de Paquet (2002), citado por Silva (2003), só em

1999 foram criadas as ferramentas de auxílio aos usuários.

No caso do blog Piccolo Esportivo, estudo de caso desta pesquisa, é

produzido na ferramenta blogger (www.blogger.com.br) extensão do servidor criado

pela Pyra Labs, São Francisco, Califórnia, em 1999. Segundo Paquet (2002) e Silva

(2003), o blogger é visivelmente a ferramenta mais usada no mundo inteiro.

O blog Piccolo Esportivo classifica-se como blog individual, uma vez que

somente o autor do blog pode postar conteúdo, tendo toda a autonomia sobre o

mesmo.

Na questão das “categorias primárias” o blog Piccolo Esportivo classifica-se

como blogs temáticos que, segundo Silva (2003), é produzido individualmente ou em

grupos, este tipo de weblog é concebido com base em um tema específico ou numa

área de interesse em comum.

Quanto ao conteúdo, de acordo com Recuero (2003), o blog Piccolo Esportivo

classifica-se nos blogs mistos por ser um blog que mistura posts pessoais e posts

informativos, principalmente sobre esporte.

Em relação à classificação dos blogs, questionamos a classificação dada por

Silva (2003), uma vez que os “blogs diários” deveriam fazer parte de uma outra

classificação. Nesse caso, os blogs diários poderiam fazer parte de uma

classificação que indicasse a “periodicidade” junto com os blogs semanais,

quinzenais e mensais.

Esta classificação se refere ao conteúdo, referindo-se ao modo como o blog é

produzido. Nesse caso específico, os blogs diários contam a vida particular do autor

e nome “Diário” nada tem a ver com o conteúdo postado.

Outra sugestão poderia ser a criação de uma classificação quanto ao número

de acessos para que os blogueiros tenham condições de avaliar se os internautas

estão acessando as informações pastadas no blog.

4.2.1 Jornalismo Esportivo na Web

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Em outubro de 1997, começa a era do jornalismo esportivo brasileiro na web.

Naquele mês, o grupo Lance publicou na rede o Lancenet41. A intenção da criação

do diário, no entanto, era “marcar território” e sair na frente dos demais veículos

quando a internet realmente se popularizasse.

Até os dias hoje, o Lancenet é uma das grandes referências do país, quando

falamos em jornalismo esportivo na web. No entanto, ele vem perdendo espaço, ao

longo dos anos, para sites com maiores investimentos, como o Terra Esportes (do

portal Terra.com), UOL Esportes (do portal Uol.com) e GloboEsporte.com (do portal

Globo.com).

Em 2000, o site de jornalismo esportivo PSN (Pan American Sports Network)

surgiu no Brasil com muita força. Canal de TV por assinatura, o PSN “tirou”

profissionais dos mais diversos veículos esportivos, desde o impresso até o

radiofônico. Foi um passo importante na história do webjornalismo esportivo, em

relação à concorrência pelo espaço com os demais veículos jornalísticos.

Após o site da PSN, surgiram mais interessados no webjornalismo esportivo.

IG, Pelé.net e Sportsya eram os principais concorrentes ao site do grupo norte-

americano. No entanto, como já dissemos acima, o Lance queria e saiu na frente.

Com o crescimento da internet no Brasil, o diário virou referência e rapidamente

passou a atrair diversos investidores. Em pouco tempo, o site passou a valer milhões

de dólares.

Após a estreia do portal, outros veículos das mídias tradicionais seguiram o

caminho da plataforma digital, como é o caso da ESPN. O início da cobertura das

modalidades esportivas se deu no fim do século XIX.

O jornalismo esportivo seja impresso, TV, rádio e na internet, o tema futebol é

o que impera. Obviamente, o esporte foi preponderante na popularização e no

crescimento do jornalismo esportivo no Brasil. O problema se dá, no entanto, quando

se resume o conceito da palavra “esporte” tão somente ao futebol. Essa é uma

característica da imprensa brasileira desde quando o jornalismo esportivo se

41 O jornal circulou pela primeira vez em 26 de outubro de 1997, mas o site Lancenet

(www.lancenet.com.br) já estava disponível na internet uma semana antes. O jornal começou com uma equipe de 100 funcionários

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originou no século passado, que alguns autores denominam de “monocultura

esportiva”.

Em tempos de internet, uma das principais funções do jornalismo esportivo é

não direcionar aquilo do qual o leitor, ouvinte, telespectador, deve gostar. Ao

contrário, o jornalismo esportivo deve oferecer opções e permitir que o interessado

decida de qual esporte ele pretende se informar, sobre qual sua curiosidade é mais

aguçada.

Com a facilidade de se produzir conteúdo, criar blogs e expor opiniões, o

webjornalismo é mais do que apenas uma ferramenta. É por meio dele que as

demais modalidades esportivas têm a possibilidade de serem divulgadas e mantidas

ao alcance do público que tem preferências por outros esportes que não seja o

futebol. O webjornalismo é um instrumento poderoso na democratização esportiva

do país, colaborando na desconstrução da monocultura esportiva vigente há mais de

um século no país.

Nesse período, não existia uma formação própria para aqueles que fossem

tratar do esporte. Os amantes dessa editoria se dedicavam a falar e a escrever

sobre as diferentes modalidades esportivas. Muitos atletas profissionais e

praticantes do esporte passaram a escrever sobre futebol, natação, vôlei, atletismo,

basquete, automobilismo entre outros, por meio de sites e blogs que se destacavam

pelo número de acessos.

Nesse período, não existia uma formação própria para aqueles que fossem

tratar do esporte. Os amantes dessa editoria se dedicavam a falar e a escrever

sobre as diferentes modalidades esportivas. Muitos atletas profissionais e

praticantes do esporte passaram a escrever sobre futebol, natação, vôlei, atletismo,

basquete, automobilismo entre outros, por meio de sites e blogs que se destacavam

pelo número de acessos.

O blog se configurou um espaço de renovação da prática jornalística. A

estrutura oferecida por ele provoca transformações no fazer jornalístico e, mais

especificamente, na configuração da cobertura esportiva.

Para Escobar (2009), no blog, “não se tem mais capas, manchetes,

chamadas”, o que deixa o blogueiro mais livre para postar sua opinião e fazer suas

críticas sem a preocupação com a hierarquização da informação. A liberdade é uma

característica do jornalismo dos blogs.

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A revolução é consequência da mudança tecnológica: a web investiu em

novos recursos para transmitir e repercutir jogos e campeonatos.

Os principais veículos do Brasil já migraram para a web e já superaram essa

fase. Um exemplo muito claro fica por conta do jornal “Gazeta Esportiva”, que definiu

seu plano de negócios exclusivamente pela e para a web, abandonando a tradicional

publicação impressa.

Uma das características do blog é a multimidialidade tendo em vista que

aceita texto, imagens, áudios, vídeos e infográficos. O texto não é apenas a

mensagem divulgada por signos verbais.

O blog transformou-se numa plataforma adequada para a veiculação de

conteúdos e trouxe as características intrínsecas à prática do jornalismo, as quais já

foram citadas anteriormente.

O blog se destaca por ser uma plataforma que reúne ferramentas utilizadas

no jornal impresso, no rádio e na tv, mas com uma narrativa particular, conforme

esclarecemos quando estudamos o conceito das principais plataformas da web.

Cronograma:

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