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Universidade de Lisboa Instituto de Geografia e Ordenamento do Território Gestão da segurança no turismo de aventura em Portugal Mário Dinis Serrazina Mendes Silva Orientadores: Prof. Doutora Maria do Céu de Sousa Teixeira de Almeida Prof. Doutor Eusébio Joaquim Marques dos Reis Tese especialmente elaborada para obtenção do grau Doutor em Turismo, especialidade de Gestão de Destinos e Produtos Turísticos 2016

Universidade de Lisboa Instituto de Geografia e ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/27137/1/ulsd730392_td_Mario... · Universidade de Lisboa ... atividade física. O turismo de aventura

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Universidade de Lisboa

Instituto de Geografia e Ordenamento do Territrio

Gesto da segurana no turismo de aventura em Portugal

Mrio Dinis Serrazina Mendes Silva

Orientadores: Prof. Doutora Maria do Cu de Sousa Teixeira de Almeida

Prof. Doutor Eusbio Joaquim Marques dos Reis

Tese especialmente elaborada para obteno do grau Doutor em Turismo,

especialidade de Gesto de Destinos e Produtos Tursticos

2016

Universidade de Lisboa

Instituto de Geografia e Ordenamento do Territrio

Gesto da segurana no turismo de aventura em Portugal

Mrio Dinis Serrazina Mendes Silva

Orientadores: Prof. Doutora Maria do Cu de Sousa Teixeira de Almeida

Prof. Doutor Eusbio Joaquim Marques dos Reis

Tese especialmente elaborada para obteno do grau Doutor em Turismo, especialidade

de Gesto de Destinos e Produtos Tursticos

Jri:

Presidente: Doutora Maria Lucinda Cruz dos Santos Fonseca, Professora Catedrtica e Presidente do Instituto de Geografia e Ordenamento do Territrio da Universidade de Lisboa

Vogais: Doutor Ronaldo Eugnio Calada Dias Gabriel, Professor Associado com Agregao Escola de Cincias da Vida e do Ambiente da Universidade de Trs-os-Montes e Alto Douro;

Doutor Fernando Joo de Matos Moreira, Professor Adjunto Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Instituto Politcnico do Porto;

Doutor Paulo Jorge Santos Almeida, Professor Adjunto Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar do Instituto Politcnico de Leiria;

Doutora Maria do Cu de Sousa Teixeira de Almeida, Investigadora Principal Departamento de Hidrulica e Ambiente do Laboratrio Nacional de Engenharia Civil;

Doutor Jos Manuel Henriques Simes, Professor Catedrtico Instituto de Geografia e Ordenamento do Territrio da Universidade de Lisboa;

Doutor Eduardo Manuel Dias Brito Henriques, Professor Associado Instituto de Geografia e Ordenamento do Territrio da Universidade de Lisboa.

2016

Gesto da segurana no turismo de aventura em Portugal

- i -

AGRADECIMENTOS

A realizao desta investigao resulta de muito estudo e trabalho, e de alguns

anos de investimento que me limitaram a convivncia e disponibilidade para familiares

e amigos, para a natureza e para as aventuras que tanto gosto. Apesar de

predominantemente solitria, esta aventura contou com a colaborao de muitas

pessoas, a quem expresso os meus sinceros agradecimentos.

Em primeiro Professora Doutora Maria do Cu Almeida, orientadora principal

desta tese de doutoramento. Um muito obrigado pela amizade, competncia e apoio

demonstrados, que possibilitou o enriquecimento da investigao.

Em segundo, ao Professor Doutor Eusbio Reis, coorientador desta investigao,

cuja competncia, disponibilidade e diligncia foram de enaltecer.

Ao Francisco Silva, colega e especialmente amigo, pela ajuda na reviso dos

questionrios e dos guies de entrevista, e por todo o apoio e aconselhamento. Ana

Barbosa, Elsa Gavinho, Francisco Atade, Isabel Sebastio, Joel Pereira, Jorge

Umbelino, Lus Carvalhinho, Paulo Pacheco, Raquel Ramos e Tiago Lopes pela

amizade e disponibilidade na reviso e validao dos questionrios. Cludia Viegas e

Joana Rosa pela amizade e ajuda imprescindvel no tratamento estatstico dos dados.

Aos meus inmeros colegas da ESHTE pelas palavras de incentivo, e

disponibilidade para ajudar, em particular aos amigos Susana Gonalves, Paulo

Figueiredo e Lus Valente.

A todos os colegas da direo da Associao de Desportos de Aventura Desnvel,

pelo incentivo e compreenso para a minha menor disponibilidade, em particular para o

Lus Batista que aceitou substituir-me como presidente da direo.

Aos meus colegas de doutoramento, que conheci durante esta aventura, pela

camaradagem, amizade, partilha e incentivo constante.

A todas as pessoas e entidades que se disponibilizaram para responder aos

questionrios e entrevistas desenvolvidas neste estudo que, embora annimos, prestaram

um contributo decisivo para a sua concretizao.

Aos meus amigos, pelo encorajamento e apoio, e pela compreenso das muitas

negas, no tenho tempo, no posso.

Aos meus pais, irmos e sobrinhos, pelo constante incentivo e encorajamento e

por compreenderem a minha ausncia.

Gesto da segurana no turismo de aventura em Portugal

- ii -

Aos meus filhos, Vicente e Salvador, que nasceram a meio desta aventura, quero

pedir desculpa pelas minhas ausncias. A vossa alegria foi sempre uma inspirao e um

motivo para continuar.

Por fim um agradecimento especial Xana pelo incentivo, pacincia e dedicao

nos momentos mais difceis, por ter estado sempre presente e por nunca me ter deixado

abandonar esta aventura.

A todos os que me apoiaram e contriburam para a realizao deste trabalho,

correndo o risco de me esquecer de alguns, um sincero Muito Obrigado.

Gesto da segurana no turismo de aventura em Portugal

- iii -

RESUMO

O desenvolvimento turstico associado procura de atividades na natureza e de

aventura reflete a evoluo das motivaes e comportamentos dos turistas em termos do

interesse crescente por prticas tursticas ativas, desafiantes e emotivas. O turismo na

natureza est fortemente representado no subsetor da animao turstica, tendo

normalmente associadas componentes de fruio, de observao e de prtica de

atividade fsica. O turismo de aventura est intimamente ligado ao turismo na natureza e

inclui diversas atividades que proporcionam a exposio a ambientes e situaes

desafiadoras e emocionantes, muitas delas atualmente designadas por atividades de

risco acrescido. Se praticadas com um enquadramento adequado, gerindo

adequadamente os diversos perigos e fatores de risco, gerais e especficos das

atividades, so asseguradas as desejveis condies de segurana.

A prestao de servios de animao turstica deve ser pautada por uma atuao

em que seja dada prioridade s questes da segurana e gesto do risco, particularmente

nas atividades de risco acrescido, decorrente das caractersticas das atividades e de

fatores associados ao meio, s tcnicas, aos equipamentos e aos intervenientes. Assim, a

sustentabilidade do subsetor, face crescente procura destes produtos de animao

turstica, torna recomendvel a implementao de medidas de gesto da segurana,

aplicadas pelos promotores de atividades de aventura, nomeadamente as empresas de

animao turstica.

A gesto da segurana no turismo de aventura o foco desta investigao. A

atuao das empresas de animao turstica fundamental para a promoo da

segurana das atividades de turismo de aventura, tanto para os participantes, como para

os tcnicos, devendo estas assumir uma atitude preventiva, pois a segurana dos

participantes um dos requisitos essenciais para a qualidade do servio e, em caso de

acidente, poder ser difcil evitar os efeitos negativos ao nvel da imagem e de mercado.

Contudo, o envolvimento de outros stakeholders, como as entidades responsveis pela

regulamentao do subsetor, pela resposta em emergncia ou seguradoras,

fundamental para o desenvolvimento de uma cultura de segurana no turismo de

aventura.

Esta investigao aborda as prticas de gesto da segurana no turismo de

aventura em Portugal, atendendo perspetiva das empresas de animao turstica e de

Gesto da segurana no turismo de aventura em Portugal

- iv -

outros stakeholders com interveno nesta rea. Prope-se uma abordagem global para

a gesto da segurana, sustentada nas necessidades consideradas mais importantes para

a gesto do risco, em inquirio aos principais stakeholders, e nas oportunidades de

atuao consideradas essenciais para a melhoria contnua e eficaz da segurana de

tcnicos e praticantes de turismo de aventura, em Portugal.

A metodologia assenta numa abordagem de triangulao dos resultados obtidos

em questionrio dirigido s empresas de animao turstica inscritas no Registo

Nacional de Agentes de Animao Turstica, que desenvolvem atividades de turismo na

natureza e de aventura, e em entrevistas dirigidas a outros stakeholders com

responsabilidades na regulamentao do subsetor ou com interveno ao nvel da

segurana e emergncia.

Com esta metodologia sustenta-se uma proposta de abordagem para este subsetor,

tanto com as experincias reportadas em bibliografia, como com os resultados de

inquirio detalhada aos principais stakeholders. Nesta proposta incluem-se aes

consideradas prioritrias, ajustadas realidade portuguesa e atendendo necessria

parcimnia no uso de recursos, que constituem uma base e um contributo para o

desenvolvimento da gesto da segurana num setor promissor em Portugal, bem como

para uma melhor adequao das experincias s expectativas tursticas, proporcionando

elevados nveis de satisfao atravs de prticas mais seguras e sustentveis.

Palavras-chave: animao turstica, gesto da segurana, gesto do risco, turismo de

aventura, turismo na natureza

Gesto da segurana no turismo de aventura em Portugal

- v -

ABSTRACT

Tourism development associated to the demand of nature based and adventure

activities reflects the evolution of motivations and behaviours of tourists in terms of the

growing interest in active, challenging and emotional tourism practices. Nature based

tourism is strongly represented in the leisure and recreation tourist subsector, usually

associated with enjoyment of components, observation and physical activity. Adventure

tourism is closely linked to nature tourism and includes several activities that provide

exposure to challenging and exciting environments and situations, many of them

currently called increased risk activities. If undertaken with an appropriate framework,

correctly managing the various hazards and risk factors, general and specific of

activities, the desirable safety conditions are ensured.

The provision of leisure and recreation tourism services should be guided by

actions in which priority is given to issues of safety and risk management, particularly

in increased risk activities, due to the characteristics of activities and factors associated

with the environment, the techniques, the equipment and stakeholders. Thus, the

sustainability of the subsector, given the growing demand for these tourist products,

recommends the implementation of safety management measures applied by adventure

activities, including leisure and recreation tourism service providers.

Safety management in adventure tourism is the focus of this investigation. The

role of the service providers is critical to promote the safety of adventure tourism

activities, both for participants and for the staff, which should take a preventive

approach, as the safety of the participants is one of the essential requirements for quality

of service and, in case of an accident, it may be difficult to avoid the negative effects in

terms of image and market. However, the involvement of other stakeholders, such as the

responsible bodies for regulating the subsector, for emergency response or insurance, is

essential to develop a culture of safety in adventure tourism.

This research addresses the safety management practices in adventure tourism in

Portugal, taking into account the perspective of leisure and recreation tourism service

providers and other stakeholders with intervention in this area. A comprehensive

approach to security management has been proposed. The approach is grounded in the

needs which the main stakeholders consider more important for risk management and

on the opportunities identified, which were considered essential for continued and

Gesto da segurana no turismo de aventura em Portugal

- vi -

effective improvement of safety of staff and participants in adventure tourism activities

in Portugal.

The methodology is based on a triangulation approach of the results obtained in a

survey addressed to leisure and recreation tourism service providers listed on the

national register (Registo Nacional de Agentes de Animao Turstica), developing

nature based and adventure tourism activities, and interviews addressed to other

stakeholders with responsibilities in the regulation the subsector or intervention at the

level of insurance and emergency response.

An approach proposed for this subsector resulted from this methodology,

supported both with experiences reported in literature and with the results of detailed

surveys to key stakeholders. This proposal includes priority actions, adjusted to the

Portuguese reality and taking into account the necessary parsimony in the use of

resources. The proposal is a base and a contribution for the development of safety

management in a promising sector in Portugal, as well as to better respond to tourist

expectations, providing high levels of satisfaction through safer and sustainable

practices.

Keywords: adventure tourism; leisure and recreation tourism; nature based tourism; risk

management; safety management

Gesto da segurana no turismo de aventura em Portugal

- vii -

NDICE GERAL

AGRADECIMENTOS ...................................................................................................... I

RESUMO......................................................................................................................... III

ABSTRACT ..................................................................................................................... V

NDICE GERAL ........................................................................................................... VII

NDICE DE FIGURAS .................................................................................................... X

NDICE DE QUADROS .................................................................................................XI

SIGLAS, ACRNIMOS E ABREVIATURAS ........................................................... XIII

1. INTRODUO .............................................................................................................1

1.1. Enquadramento geral................................................................................................. 1

1.2. Problemtica da investigao ..................................................................................... 4

1.3. Objetivos da investigao .......................................................................................... 7

1.4. Abordagem metodolgica .......................................................................................... 8

1.5. Justificao da escolha do tema e das atividades estudo de caso.................................... 9

1.6. Organizao e estrutura da tese ................................................................................ 10

2. LAZER E TURISMO ATIVO.....................................................................................12

2.1. Lazer, turismo e animao turstica........................................................................... 12

2.2. Turismo na natureza e de aventura............................................................................ 24

2.3. Planeamento, sustentabilidade e qualidade de servio em turismo na natureza e de

aventura ........................................................................................................................ 36

2.4. Motivaes para o turismo de aventura ..................................................................... 44

2.5. Animao turstica e turismo de aventura em Portugal ............................................... 47

2.6. Atividades de aventura em estudo de caso: canyoning e arborismo ............................. 57

3. SEGURANA E GESTO DO RISCO NO TURISMO DE AVENTURA ..............61

3.1. O risco e o turismo de aventura ................................................................................ 61

3.2. Segurana e gesto do risco ..................................................................................... 65

3.3. Gesto da segurana no turismo de aventura ............................................................. 77

4. METODOLOGIA DA INVESTIGAO ..................................................................90

4.1. Abordagem concetual da investigao ...................................................................... 90

4.2. Inquirio aos prestadores de servios de turismo de aventura .................................... 92

4.2.1. Seleo do instrumento de inquirio e faseamento metodolgico ...................................... 92

4.2.2. Populao e amostra ...................................................................................................................... 94

Gesto da segurana no turismo de aventura em Portugal

- viii -

4.2.3. Conceo do questionrio ............................................................................................................ 96

4.2.4. Aplicao dos questionrios....................................................................................................... 101

4.2.5. Tratamento dos dados e tcnicas estatsticas........................................................................... 102

4.3. Inquirio aos stakeholders .................................................................................... 106

4.3.1. Seleo do instrumento de inquirio ...................................................................................... 106

4.3.2. Populao e amostra .................................................................................................................... 107

4.3.3. Conceo dos guies de entrevista ........................................................................................... 109

4.3.4. Aplicao das entrevistas ........................................................................................................... 109

4.3.5. Tratamento dos dados ................................................................................................................. 110

5. ANLISE E DISCUSSO DOS RESULTADOS....................................................112

5.1. Introduo anlise e discusso dos resultados ....................................................... 112

5.2. Anlise e discusso dos resultados dos questionr ios ............................................... 113

5.2.1. Caracterizao pessoal e socioprofissional ............................................................................. 113

5.2.2. Caracterizao das empresas e da sua atividade em 2014 .................................................... 115

5.2.3. Segurana e gesto do risco nas empresas............................................................................... 126

5.2.4. Segurana e gesto do risco no subsetor da animao turstica ........................................... 143

5.2.5. Segurana e gesto do risco no canyoning e no arborismo .................................................. 151

5.2.6. Comparaes entre grupos com base na anlise fatorial....................................................... 156

5.3. Anlise e discusso dos resultados das entrevistas ................................................... 165

5.3.1. Grupo dos reguladores do subsetor........................................................................................... 165

5.3.2. Grupo das entidades com interveno ao nvel da resposta em emergncia ..................... 170

5.3.3. Grupo das seguradoras ................................................................................................................ 174

5.4. Aplicao de triangulao aos resultados ................................................................ 177

6. PROPOSTA DE ABORDAGEM PARA A GESTO DA SEGURANA NO

TURISMO DE AVENTURA ........................................................................................184

6.1. Enquadramento geral............................................................................................. 184

6.2. Regulamentao e normalizao............................................................................. 187

6.3. Formao, documentao e apoio tcnico ............................................................... 189

6.4. Sensibilizao e informao ................................................................................... 192

6.5. Boas prticas e certificao .................................................................................... 193

7. CONSIDERAES FINAIS ....................................................................................194

7.1. Sntese e discusso crtica do trabalho desenvolvido ................................................ 194

7.2. Concluses ........................................................................................................... 196

7.3. Limitaes e propostas de desenvolvimento futuras ................................................. 202

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..........................................................................204

LEGISLAO E NORMAS CONSULTADAS ..........................................................218

Gesto da segurana no turismo de aventura em Portugal

- ix -

ANEXOS .......................................................................................................................221

Anexo 1 Questionrio aplicado aos prestadores de servios de turismo de aventura ....... 222

Anexo 2 Resultados da anlise fatorial: Q25 ............................................................... 226

Anexo 3 Resultados da anlise fatorial: Q29 a Q37 ..................................................... 227

Anexo 4 Guio de entrevista reguladores do subsetor ............................................... 229

Anexo 5 Guio de entrevista entidades que respondem em emergncia ...................... 231

Anexo 6 Guio de entrevista seguradoras................................................................. 232

Gesto da segurana no turismo de aventura em Portugal

- x -

NDICE DE FIGURAS

Figura 1 Estrutura da tese ................................................................................................. 11

Figura 2 Turistas tradicionais versus novos turistas (Poon, 2003) ........................................ 20

Figura 3 Tipologia dos turistas (Cohen, 1972) ................................................................... 22

Figura 4 Segmentao do turismo na natureza e confluncia com outros produtos ................ 29

Figura 5 Abrangncia do turismo de aventura e da animao turstica ................................. 35

Figura 6 Frmula Valor por Esforo (THR, 2006b, p. 36) ................................................... 42

Figura 7 Evoluo anual do nmero de registos no RNAAT (Dados: TP, 2014) ................... 50

Figura 8 Empresas por volume de negcios () (TP, 2015a, p. 9) ........................................ 51

Figura 9 Nmero mdio de colaboradores por volume de negcios (Dados: TP, 2014a)........ 51

Figura 10 Colaboradores por tipologia da empresa (TP, 2013a, p. 7) ................................... 52

Figura 11 Atividades mais procuradas (TP, 2013a, 2014a, 2015a) ....................................... 52

Figura 12 Atividades declaradas no RNAAT (nmero de registos por cada atividade, janeiro

de 2014) (Dados: TP, 2014) ................................................................................................ 53

Figura 13 Representao grfica do paradigma da experincia de aventura (Priest e Gass,

1997, p. 46)........................................................................................................................ 63

Figura 14 Os nove tipos de indivduos, com base na perceo do risco e competncia (Priest e

Gass, 1997, p. 51)............................................................................................................... 63

Figura 15 Fases do processo de gesto do risco (ISO, 2009a, p. 14)..................................... 67

Figura 16 Modelo de sistema de gesto da segurana (adaptado de OHSAS, 2007:vi) .......... 84

Figura 17 Dimenses estruturantes para a segurana no desporto e turismo de aventura ....... 90

Figura 18 Triangulao de mtodos de investigao ........................................................... 92

Figura 19 Nmero de trabalhadores por classe de volume de negcios .............................. 118

Figura 20 Posicionamento da empresa no mercado nacional ............................................. 124

Figura 21 Aplicao de bases de gesto do risco nas empresas .......................................... 127

Figura 22 Bases de gesto do risco nas empresas ............................................................. 128

Figura 23 Aplicao de prticas de gesto do risco associadas aos recursos humanos ......... 129

Figura 24 Prticas de gesto do risco associadas aos recursos humanos ............................. 131

Figura 25 Aplicao de prticas de gesto do risco relativamente ao equipamento.............. 132

Figura 26 Prticas de gesto do risco relativamente ao equipamento.................................. 133

Figura 27 Aplicao de prticas de gesto do risco no que respeita aos aspetos logsticos ... 134

Figura 28 Prticas de gesto do risco no que respeita aos aspetos logsticos ....................... 135

Figura 29 Aplicao de prticas de gesto do risco em relao aos participantes ................ 136

Figura 30 Prticas de gesto do risco em relao aos participantes .................................... 138

Figura 31 Aplicao de plano de emergncia e contingncia ............................................. 139

Figura 32 Plano de emergncia e contingncia ................................................................. 140

Figura 33 Poltica de segurana nas empresas .................................................................. 141

Figura 34 Segurana e gesto do risco nas empresas ........................................................ 143

Figura 35 Principais dificuldades e obstculos melhoria na segurana no subsetor ........... 144

Figura 36 Aplicao de prticas de gesto do risco no subsetor ......................................... 146

Figura 37 Prticas de gesto do risco no subsetor ............................................................. 148

Figura 38 Requisitos para a segurana nas atividades ....................................................... 149

Figura 39 Segurana e gesto do risco no subsetor da animao turstica ........................... 151

Figura 40 Fatores com influncia na segurana das atividades de canyoning e arborismo ... 156

Gesto da segurana no turismo de aventura em Portugal

- xi -

NDICE DE QUADROS

Quadro 1 Agentes de animao turstica registadas por NUTS II em janeiro de 2014 ........... 49

Quadro 2 Animao turstica em Portugal: 2012, 2013 e 2014 (TP, 2013a, 2014a, 2015a) ....... 54

Quadro 3 Exemplos de territrios de prtica para atividade de aventura em Portugal (Gavinho e

Silva, 2016) ........................................................................................................................ 56

Quadro 4 Conceitos subjacentes segurana e risco........................................................... 66

Quadro 5 Empresas de animao turstica que operacionalizam canyoning ou arborismo...... 95

Quadro 6 Sntese da populao inquirida e da amostra para os trs grupos considerados ....... 95

Quadro 7 Estudos considerados nesta investigao emprica ............................................... 96

Quadro 8 Estrutura do questionrio: dimenses, questes por dimenso e variveis ............. 99

Quadro 9 Resultados da anlise fatorial: Q25................................................................... 103

Quadro 10 Resultados da anlise fatorial: Q29 a Q37 ....................................................... 104

Quadro 11 Entidades entrevistadas.................................................................................. 108

Quadro 12 Principais abreviaturas utilizadas na apresentao dos resultados do questionrio

....................................................................................................................................... 112

Quadro 13 Caracterizao do perfil pessoal dos inquiridos ............................................... 114

Quadro 14 Caracterizao do perfil socioprofissional dos inquiridos ................................. 114

Quadro 15 Nmero de anos de atividade das empresas de animao turstica por volume de

negcios () ..................................................................................................................... 115

Quadro 16 Tipos de registo das empresas de animao turstica ........................................ 116

Quadro 17 Personalidade jurdica das empresas de animao turstica ............................... 116

Quadro 18 Nmero de trabalhadores das empresas de animao turstica por volume de

negcios () ..................................................................................................................... 117

Quadro 19 Volume de negcios das empresas de animao turstica.................................. 118

Quadro 20 Nmero de clientes das empresas de animao turstica por volume de negcios ()

....................................................................................................................................... 119

Quadro 21 Caractersticas dos clientes das empresas de animao turstica ........................ 120

Quadro 22 Caractersticas da operao das empresas de animao turstica........................ 121

Quadro 23 Representatividade do turismo na natureza e de aventura na oferta de animao

turstica............................................................................................................................ 121

Quadro 24 Atividades especificamente direcionadas ........................................................ 122

Quadro 25 Oferta de atividades e servios de TN e TA das empresas ................................ 123

Quadro 26 Forma como as empresas oferecem as atividades de TN e TA .......................... 124

Quadro 27 Posicionamento da empresa no mercado nacional............................................ 125

Quadro 28 Implementao e importncia de iniciativas na empresa................................... 125

Quadro 29 Bases de gesto do risco nas empresas ............................................................ 127

Quadro 30 Prticas de gesto do risco associadas aos recursos humanos............................ 130

Quadro 31 Prticas de gesto do risco relativamente ao equipamento ................................ 132

Quadro 32 Prticas de gesto do risco no que respeita aos aspetos logsticos...................... 134

Quadro 33 Prticas de gesto do risco em relao aos participantes ................................... 137

Quadro 34 Plano de emergncia e contingncia ............................................................... 139

Quadro 35 Poltica de segurana nas empresas................................................................. 142

Quadro 36 Principais dificuldades e obstculos melhoria na segurana no subsetor ......... 144

Quadro 37 Iniciativas a desenvolver no subsetor .............................................................. 145

Quadro 38 Prticas de gesto do risco no subsetor ........................................................... 147

Gesto da segurana no turismo de aventura em Portugal

- xii -

Quadro 39 Requisitos para a segurana nas atividades...................................................... 150

Quadro 40 Fatores com influncia na segurana nas atividades de canyoning .................... 152

Quadro 41 Requisitos para a segurana nas atividades de canyoning ................................. 153

Quadro 42 Fatores com influncia na segurana das atividades de arborismo ..................... 154

Quadro 43 Requisitos para a segurana nas atividades de arborismo.................................. 155

Quadro 44 Resultados relativos s principais dificuldades e obstculos melhoria na

segurana no subsetor em funo da formao em segurana e sade no trabalho ................. 157

Quadro 45 Resultados relativos s iniciativas para a segurana em funo da formao em

segurana e sade no trabalho ........................................................................................... 157

Quadro 46 Resultados relativos s prticas de gesto do risco em funo da formao em

segurana e sade no trabalho ........................................................................................... 158

Quadro 47 Resultados relativos s principais dificuldades e obstculos melhoria na

segurana no subsetor por classe de volume de negcios () ................................................ 159

Quadro 48 Resultados relativos s iniciativas para a segurana por classe de volume de

negcios () ..................................................................................................................... 159

Quadro 49 Resultados relativos s prticas de gesto do risco por classe de volume de

negcios () ..................................................................................................................... 160

Quadro 50 Resultados relativos s principais dificuldades e obstculos melhoria na

segurana no subsetor por inteno de implementar um sistema de gesto da segurana ........ 161

Quadro 51 Resultados relativos s iniciativas para a segurana por inteno de implementar

um sistema de gesto da segurana .................................................................................... 161

Quadro 52 Resultados relativos s prticas de gesto do risco por inteno de implementar um

sistema de gesto da segurana.......................................................................................... 162

Quadro 53 Resultados relativos s principais dificuldades e obstculos melhoria na

segurana no subsetor em funo das atividades desenvolvidas ........................................... 163

Quadro 54 Resultados relativos s iniciativas para a segurana em funo das atividades

desenvolvidas................................................................................................................... 163

Quadro 55 Resultados relativos s prticas de gesto do risco em funo das atividades

desenvolvidas................................................................................................................... 164

Quadro 56 Aes prioritrias para a gesto da segurana em turismo de aventura .............. 186

Gesto da segurana no turismo de aventura em Portugal

- xiii -

SIGLAS, ACRNIMOS E ABREVIATURAS

ABETA Associao Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura

ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

ACT Autoridade para as Condies do Trabalho

AMN-ISN Autoridade Martima Nacional Instituto de Socorros a Nufragos

ANPC Autoridade Nacional de Proteo Civil

APECATE Associao Portuguesa das Empresas de Congressos, Animao Turstica e Eventos

ASAE Autoridade de Segurana Alimentar e Econmica

ATTA Adventure Travel Trade Association

CEN Comisso Europeia para a Normalizao

CLO2 Competences and Learning Outcomes Outdoor

COI Comit Olmpico Internacional

CTP Confederao do Turismo Portugus

DOL Department of Labour New Zealand

DRTA Direo Regional do Turismo dos Aores

DRTM Direo Regional do Turismo da Madeira

EAT Empresa de animao turstica

EC European Community

EPI Equipamento de proteo individual

ERCA European Ropes Course Association

GNR-GIPS Guarda Nacional Republicana Grupo de Interveno de Proteo e Socorro

GPS Global Positioning System

GR Gesto do risco

GWU The George Washington University

HSE Health and Safety Executive

ICNF Instituto de Conservao da Natureza e das Florestas

IEC International Electrotechnical Commission

IPDJ Instituto Portugus do Desporto e Juventude

IPQ Instituto Portugus da Qualidade

ISO International Organization for Standardization

KMO Kaiser-Meyer-Olkin

MBIE Ministry of Business, Innovation and Employment New Zealand

MT Ministrio do Turismo do Brasil

NP Norma Portuguesa

NUTS Nomenclaturas de Unidades Territoriais para fins Estatsticos

ODIT Observation, Dveloppement et Ingnierie Touristiques

OHSAS Occupational Health and Safety Assessment Series

OM-T Operador Martimo-turstico

OMT Organizao Mundial do Turismo

PRCA Professional Ropes Course Association

RNAAT Registo Nacional de Agentes de Animao Turstica

RNAP Rede Nacional de reas Protegidas

SG Scottish Government

TA Turismo de aventura

THR Asesores en Turismo Hotelera y Recreacin

Gesto da segurana no turismo de aventura em Portugal

- xiv -

TIANZ Tourism Industry Association New Zealand

TN Turismo na natureza

TP Turismo de Portugal

UN United Nations

UNEP United Nations Environment Programme

UNWTO United Nations World Tourism Organization / World Tourism Organization

VWC Vital Wave Consulting

WTTC World Travel and Tourism Council

1. Introduo

- 1 -

1. INTRODUO

1.1. Enquadramento geral

Durante as ltimas dcadas o setor do turismo tem vindo a ter expanso e

diversificao continuadas, sendo considerado um dos setores econmicos com maior

relevncia e crescimento do mundo (UNWTO, 2015), apresentando-se como um setor

cada vez mais significativo para o desenvolvimento socioeconmico das sociedades

contemporneas.

A conjugao de fatores como a evoluo tecnolgica, o progresso social, o

desenvolvimento econmico, a globalizao e a modificao dos modos de vida,

promove mudanas profundas ao nvel das concees do desenvolvimento turstico

(Cunha, 2003). Num contexto em que se observa a generalizao de estilos de vida mais

urbanos e sedentrios, a procura por atividades de lazer e turismo ativo tem vindo a

crescer, sendo o consumidor tendencialmente mais exigente e informado, mais ativo

fsica, emocional e intelectualmente, com um desejo ou necessidade de evaso e

satisfao da curiosidade pelo desconhecido, como forma de compensar o stress e o

sedentarismo do quotidiano (Cunha, 2003; Neto, 2013; OMT, 2003; Urry e Larsen,

2011). A evoluo tecnolgica tem vindo a facilitar o acesso e a partilha de informao

de forma generalizada.

Assim, o turista considerado um consumidor cada vez mais focado na

diversidade e qualidade das experincias (TP, 2011), com sensibilidade crescente

relativamente s questes ambientais e sociais e com um maior interesse pela recreao,

desporto e aventura, pela histria, cultura e natureza dos destinos tursticos (OMT,

2003), observando-se em consequncia uma procura crescente por prticas tursticas

alternativas.

Atendendo concorrncia crescente e mundial, o sucesso de um destino turstico

depende da inovao, criatividade e capacidade de gerar propostas de valor que atraiam

os turistas (TP, 2015b), podendo as prticas alternativas como o turismo na natureza e

de aventura representar uma forma de diversificar e diferenciar a oferta turstica. De

realar que estes segmentos tm assumido uma maior importncia na ltima dcada,

existindo condies propcias criao de novos produtos tursticos adaptados s

exigncias do consumidor do sculo XXI (Vila et al., 2012), que tm apresentado um

1. Introduo

- 2 -

crescimento significativo, perspetivando-se a continuao desta tendncia para as

prximas duas dcadas (OMT, 2003; UNEP, 2011).

O contacto com a natureza uma motivao importante para a prtica da

animao turstica e, nos ltimos anos, surgiram diversas atividades e produtos

associados animao turstica, revelando novas formas de fruir a natureza que, de

maneira geral, se incluem no designado turismo na natureza.

O turismo na natureza, encarado como uma atividade turstica alternativa, inclui

atualmente um conjunto vasto e heterogneo de atividades (Portillo, 2006; Vila et al.,

2012), sendo uma ampla categoria que incorpora diversos elementos e formas de

turismo como o ecoturismo, o turismo de aventura ou o turismo cultural (McKercher,

2002; Mehmetoglu, 2007a; Weaver, 2001).

A procura destas prticas tursticas centra-se na realizao de atividades ldicas,

desportivas, culturais, educativas ou de bem-estar, num enquadramento mais ou menos

natural, sendo essencial assegurar a segurana do turista e no criar impactos negativos

relevantes no ambiente (natural ou social) em que se desenvolvem (Portillo, 2006; Vila

et al., 2012) para contribuir para a sustentabilidade dos produtos e destinos tursticos.

Segundo a THR (2006b), a motivao dominante para a prtica de turismo na

natureza, reside na vivncia de experincias de grande valor simblico, na interao e

na fruio da natureza, quer numa vertente soft prtica de atividades ao ar livre de

baixa intensidade, quer numa vertente hard prtica de desportos na natureza ou de

atividades que requerem um elevado grau de concentrao ou de conhecimento.

Assim, a progressiva alterao nas dinmicas do lazer, motivadas pelo desejo de

fruir, contemplar e interagir com a natureza, resulta no crescimento do turismo na

natureza. Podendo distinguir-se duas grandes tipologias de motivaes, que podem ser

complementares, uma em que o turista tem um papel mais passivo, relativa

observao da natureza (interpretao ambiental) e outra associada ao turismo ativo,

incluindo a prtica de atividades na natureza e de aventura.

O termo turismo de aventura est intimamente relacionado com o turismo na

natureza (Buckley, 2010), estando geralmente associado a um nvel acrescido de risco

percecionado pelos praticantes e, em alguns casos, nveis acrescidos de risco real1. Em

geral, envolve viagens e atividades de lazer que produzam uma experincia de aventura

com emoes fortes, recompensadora (diverso, aprendizagem e desenvolvimento

1 Entende-se por risco real a quantidade de risco que realmente existe num determinado momento, isto ,

risco absoluto aps a aplicao de medidas de segurana (Dickson e Dolnicar, 2004).

1. Introduo

- 3 -

pessoal) e desafiante (Swarbrooke et al., 2003). Trata-se de uma prtica turstica muito

centrada em atividades fsicas que proporcionam interao com a natureza. Segundo

Betrn (2003), a incerteza associada natureza e a energia que tais prticas

proporcionam so fundamentais para a construo da aventura, da sensao de risco e

de emoes nicas e de intensidade positiva.

A sustentabilidade e crescimento deste subsetor do turismo na natureza exige que

seja dada prioridade s questes de segurana (Bentley et al., 2000), pois um dos

requisitos essenciais para a qualidade do servio e da experincia a segurana dos

participantes nas diferentes atividades. Contudo, vrias destas atividades acarretam

riscos acrescidos, relativamente s condies mdias na vida quotidiana atual,

decorrentes das caractersticas das atividades e de fatores associados ao meio, s

tcnicas, aos equipamentos e aos intervenientes. Assim, em face da crescente procura de

produtos de animao turstica na natureza e de aventura, torna-se recomendvel a

implementao de sistemas de gesto da segurana, aplicados pelos operadores de

atividades de aventura, nomeadamente as empresas de animao turstica.

Conceptualmente, a gesto da segurana recorre aplicao de processos de

avaliao e gesto do risco. Nesta tese adota-se esta designao por este motivo e por se

entender que a designao gesto da segurana assume uma perspetiva positiva, com

menos impacto nos consumidores de turismo de aventura, comparativamente ao termo

gesto do risco, uma vez que o vocbulo risco geralmente associado a ocorrncias

com impactos negativos.

A atuao das empresas de animao turstica fundamental para a promoo da

segurana das atividades, tanto para os participantes, como para os tcnicos. Para estes

ltimos a legislao de segurana e sade no trabalho preconiza a aplicao de

procedimentos de gesto do risco (Lei n. 102/2009, de 10 de Setembro). A segurana

dos clientes deve passar pela aplicao de abordagens semelhantes, como

recomendado pela norma NP 4520:2013 Turismo de Ar Livre. Atividades de Turismo

de Natureza, e por vrias normas internacionais (ISO 21101:2014 Adventure tourism

Safety management systems Requirements; ISO/TR 21102:2013 Adventure tourism

Leaders Personnel competence; ISO 21101:2014 Adventure tourism Information for

participants). No entanto, a adoo destas abordagens no evidente para o no

especialista em gesto do risco.

Assim, a oferta de servios de turismo de aventura central para a escolha do

tema desta tese, tendo como base a importncia de diversos fatores de risco, a perceo

1. Introduo

- 4 -

do risco, pelos intervenientes, bem como a identificao das necessidades para a

implementao de uma abordagem integrada para assegurar a segurana, ou seja, para

se assegurar nveis de risco residual aceitveis e uma qualidade de servio adequada.

Para alm da perspetiva negativa associada possibilidade de consequncias

fsicas, financeiras, ambientais ou de reputao resultantes de eventos de risco durante a

prtica de atividades de turismo aventura, devem ser consideradas as oportunidades

associadas a estas prticas e que resultam em benefcios para os participantes. A

aventura um atrativo natural nestas atividades e o risco percebido pode ser parte dessa

motivao, sendo fundamental o equilbrio entre risco real e risco percebido para

garantir a satisfao dos praticantes e reduzir acidentes, pois estes podem comprometer

a imagem quer dos operadores, quer dos destinos tursticos (Almeida e Silva, 2009;

Cater, 2006).

Atendendo s especificidades das atividades e s motivaes dos consumidores de

produtos de turismo de aventura, impe-se que a oferta de servios de turismo de

aventura seja feita de forma responsvel, tanto em termos de segurana, como a nvel

ambiental. Assim, deve ser adotada uma abordagem preventiva, sistemtica e

estruturada, sendo adequado ter uma orientao segundo abordagens metodolgicas de

gesto do risco, de modo a aplicar atempadamente as medidas adequadas para garantir a

segurana dos praticantes e tcnicos e a acompanhar a evoluo dos nveis de risco real

(Almeida e Silva, 2013, p. 223).

1.2. Problemtica da investigao

A expanso da animao turstica em Portugal, com o aumento da procura de

servios relacionados com atividades de aventura na natureza, resulta no surgimento de

um vasto nmero de empresas a promoverem a prtica destas atividades.

Segundo TP (2007b), este subsetor apresenta a falta de experincia e de knowhow

como as principais lacunas na rea do turismo na natureza e de aventura. Portanto, urge

promover a adoo de prticas que assegurem o cumprimento de requisitos de

segurana mnimos, incluindo os equipamentos indispensveis, as competncias de

tcnicos e os procedimentos adequados de planeamento e operacionalizao das

atividades.

Atendendo, que as decises dos vrios intervenientes so condicionadas pela sua

perceo dos riscos, entendida como a avaliao subjetiva dos indivduos da

1. Introduo

- 5 -

probabilidade de uma ocorrncia com dado nvel de consequncias (Dickson e Dolnicar,

2004), o equilbrio entre risco real e risco percebido fundamental para uma adequada

experincia turstica, devendo coexistir um nvel de desafio adequado ao pblico-alvo e

produtos com uma estratgia de minimizao do risco real, que s ser conseguida com

a consciencializao de todos os intervenientes relativamente aos perigos e fatores de

risco das atividades (Williams e Soutar, 2005).

Portanto, qualquer empresa que organize atividades de aventura e natureza deve

incorporar procedimentos de gesto da segurana, recorrendo a uma gesto do risco

eficaz, a fim de assegurar a qualidade de servio e a satisfao dos participantes nas

suas atividades. Esta atuao, que dever abarcar os vrios nveis de deciso e atuao

na organizao tem impacto, no xito das atividades e, consequente, sucesso e

promoo da empresa.

Considerando a maior procura por atividades de turismo de aventura, bem como

os riscos associados, torna-se essencial refletir sobre a importncia da aplicao de

processos de gesto do risco, do ponto de vista das motivaes e da segurana, para uma

melhor adequao das experincias s expectativas tursticas, proporcionando elevados

nveis de satisfao atravs de prticas mais seguras e sustentveis. Neste sentido,

segundo Williams e Soutar (2005), as empresas de animao turstica devem

implementar uma adequada poltica de gesto do risco que enfrente as questes crticas

em termos de proteo do ambiente natural, do consumidor e da sua imagem, bem como

do destino turstico e de todo o setor.

O mbito deste estudo centra-se na gesto da segurana na oferta de atividades de

turismo de aventura, tendo em considerao a perspetiva geral dos prestadores de

servios ativos em Portugal incorporando tambm a perspetiva de outros stakeholders.

Dada a diversidade de atividades e requisitos de segurana especficos em cada caso,

para alm de uma abordagem global a este subsetor, desenvolve-se com maior

pormenor o estudo para duas atividades de cariz diferenciado, o canyoning e o

arborismo, como estudos de caso.

Este estudo pretende ajudar a responder a uma questo central:

Quais as principais intervenes necessrias para assegurar uma gesto da

segurana eficaz na oferta de turismo de aventura em Portugal?

Esta questo de partida subdivide-se nesta tese em duas questes de investigao:

Qual a situao atual em termos da gesto da segurana na

operacionalizao de atividades de aventura em Portugal?

1. Introduo

- 6 -

Quais as principais necessidades para gerir o risco de forma eficaz no

turismo de aventura?

A pertinncia desta investigao resulta tambm do contributo para a

consciencializao dos diversos stakeholders que intervm no subsetor relativamente ao

risco e requisitos de segurana mnimos para o enquadramento destas atividades,

atendendo necessria parcimnia no uso de recursos.

Assim, o presente estudo consubstanciado nas seguintes premissas:

As diversas prticas de turismo de aventura acarretam, comummente, riscos

acrescidos pela tipologia das atividades, pelos vrios fatores de risco

associados e pelo contexto de incerteza a estes associados (Almeida e Silva,

2014; Lepp e Gibson, 2008);

O risco pode ser um elemento de atrao, sendo fundamental o equilbrio entre

o risco real e o risco percebido para satisfazer as motivaes e expetativas do

participante (Almeida e Silva, 2009; Buckley, 2012; Cater, 2006; Dickson e

Dolnicar, 2004; Lepp e Gibson, 2008; Silva, 2010);

A aplicao de processos de gesto do risco fundamental para obter nveis de

risco aceitveis e portanto assegurar condies de segurana dos envolvidos

nas atividades de aventura (ABETA e MT, 2009b; Almeida e Silva, 2009,

2013, 2014; Hirsch, 2008, 2012; Williams e Soutar, 2005);

Em Portugal, as orientaes para assegurar a segurana e a gesto do risco

eficaz, que permitam responder de forma adequada s necessidades do subsetor

da animao turstica, so insuficientes para assegurar o desenvolvimento

responsvel e sustentvel do subsetor (Almeida e Silva, 2014);

A necessidade de efetuar a gesto da segurana com base na aplicao de

metodologias preventivas, sistemticas e estruturadas de gesto do risco no

subsetor da animao turstica urgente, pois os acidentes podem ter um forte

impacto na reputao dos operadores e destinos tursticos (Almeida e Silva,

2009, 2013, 2014; IPQ, 2013; ISO, 2014; MBIE, 2013; Williams e Soutar,

2005).

Tendo por base as premissas acima identificadas torna-se essencial caracterizar o

subsetor e desenvolver uma abordagem integrada para assegurar a gesto da segurana,

concretizada atravs da aplicao de uma gesto do risco eficaz, na rea da animao

turstica, especificamente no turismo de aventura, envolvendo os stakeholders de forma

a promover a melhoria contnua na prtica destas atividades.

1. Introduo

- 7 -

De acordo com as premissas e a reflexo desenvolvida definem-se as seguintes

hipteses de estudo:

As empresas de animao turstica, em Portugal, no aplicam de forma

generalizada metodologias de avaliao e gesto do risco adequadas s

necessidades das prticas de turismo de aventura;

A adoo de medidas de gesto da segurana por parte das empresas de

animao turstica potencia a qualidade dos servios de turismo de aventura;

Para a efetiva implementao de abordagens de gesto do risco pelas empresas

de animao turstica recomendvel o estabelecimento de requisitos mnimos

para a prtica, quer para uma aplicao geral, quer por atividade, consolidados

em estudos especficos promovidos pelas entidades que regulamentam a

atividade;

Atendendo aos riscos associados, o desenvolvimento de uma cultura de

segurana mais efetiva nas atividades de turismo de aventura deve ser

estabelecida com os contributos e com a estreita articulao entre os vrios

stakeholders com interveno relevante no subsetor.

1.3. Objetivos da investigao

Com este estudo pretende-se investigar as prticas de gesto da segurana em

turismo de aventura em Portugal, tendo por base a perspetiva das empresas de animao

turstica e de outros stakeholders com interveno nesta rea, e propor uma abordagem

para a gesto da segurana. A definio desta proposta de abordagem sustenta-se na

inquirio dos stakeholders sobre as principais necessidades de gesto do risco e as

oportunidades de atuao e interveno consideradas essenciais para assegurar a

melhoria contnua da oferta de atividades de turismo de aventura em Portugal e

contribuir para a qualidade dos servios e sustentabilidade dos destinos e produtos de

turismo de aventura.

Deste modo destacam-se os seguintes objetivos especficos:

Caracterizar o turismo na natureza e o turismo de aventura, e as motivaes

para a sua prtica;

Caracterizar o subsetor da animao turstica em Portugal;

Enquadrar conceptualmente a gesto da segurana e a gesto do risco, e a sua

relevncia para o turismo de aventura;

1. Introduo

- 8 -

Identificar o contexto de operacionalizao das atividades de animao

turstica em Portugal, incluindo as atitudes e prticas relativas segurana da

prestao de servios e as condies de resposta em caso de emergncia;

Inquirir as empresas de animao turstica, em geral, relativamente aos

principais fatores com influncia na segurana para tcnicos e clientes e,

especificamente, para duas atividades de risco acrescido como estudos de caso,

designadamente o canyoning e o arborismo;

Inquirir stakeholders relevantes para a definio do contexto e regulamentao

destas atividades em Portugal;

Propor uma abordagem sistemtica e estruturada para a gesto da segurana em

turismo de aventura, baseada nos resultados dos estudos de inquirio

aplicados.

1.4. Abordagem metodolgica

O trabalho desenvolvido com o propsito de contribuir para o enquadramento

sistemtico da gesto da segurana no turismo de aventura, que seja adequada e

responda s necessidades do subsetor da animao turstica em Portugal. O

desenvolvimento do trabalho suportado em bibliografia nas reas relevantes para o

tema, com o intuito de, no s conhecer o estado da arte, mas tambm de contextualizar

a rea de interveno do trabalho, explorando a vertente do turismo de aventura. Ainda

recorrendo reviso da literatura, pretende-se avaliar a importncia da gesto do risco

neste mbito e identificar as abordagens correntemente utilizadas a nvel internacional.

A abordagem metodolgica adotada nesta investigao centra-se na inquirio de

stakeholders deste subsetor e no desenvolvimento de uma proposta integrada para a

gesto da segurana em turismo de aventura.

Assim, aps a reviso da literatura, foram identificadas as entidades intervenientes

e com responsabilidades no turismo de aventura, em Portugal, de forma a selecionar os

instrumentos de inquirio adequados. Foram selecionados duas vertentes com

aplicao de instrumentos de medida, por um lado inquritos por questionrio junto dos

prestadores dos servios de atividades de turismo na natureza e de aventura,

nomeadamente empresrios ou gestores de animao turstica e operadores martimo-

tursticos e, por outro, entrevistas semiestruturadas para outros stakeholders com

1. Introduo

- 9 -

responsabilidades na regulamentao do subsetor ou com interveno ao nvel da

segurana e da resposta em emergncia.

O questionrio constitudo por duas partes, uma mais generalista e uma segunda

parte exclusiva para empresas que operacionalizam atividades de canyoning e

arborismo. A seleo da amostra restringe-se ao universo das empresas licenciadas e

registadas no Registo Nacional de Agentes de Animao Turstica, com interveno em

Portugal. Aps a recolha dos dados procede-se ao seu tratamento, anlise e discusso,

possibilitando um enquadramento da gesto da segurana no turismo de aventura em

Portugal.

Relativamente s entrevistas semiestruturadas desenvolveram-se trs guies

adaptados aos trs grupos identificados, nomeadamente stakeholders com interveno

ao nvel da regulamentao do subsetor, resposta em emergncia e seguros.

A conjugao dos resultados destes instrumentos de medida foi feita com recurso

a triangulao, permitindo responder de forma mais robusta s questes de investigao.

Na discusso dos resultados foram tidos em considerao estudos internacionais

relevantes, sendo que esta investigao suporta o desenvolvimento de uma proposta de

abordagem para a gesto da segurana no turismo de aventura em Portugal.

1.5. Justificao da escolha do tema e das atividades estudo de caso

Atendendo ao contexto onde se desenrolam as atividades de turismo na natureza e

de aventura, aos potenciais riscos associados a estas prticas, assim como a relevncia

que o subsetor vem assumindo em Portugal, por si justificam o desenvolvimento desta

investigao. Paralelamente fundamenta-se a escolha pela escassez de investigao

nestas reas, principalmente na perspetiva da gesto da segurana, e por ser desejvel

dispor de abordagens integradas para a gesto do risco adaptadas a este subsetor,

permitindo consolidar a gesto da segurana com uma perspetiva de melhoria contnua,

contribuindo em paralelo para melhorar a qualidade de servio.

Considerando a grande diversidade de atividades e produtos de turismo na

natureza e de aventura, bem como os diferentes nveis de risco, quer pelas

caractersticas de prtica, quer pelos territrios onde se desenvolvem, optou-se por

selecionar duas atividades como estudo de caso, nomeadamente o canyoning e o

arborismo.

1. Introduo

- 10 -

Esta opo justifica-se pelo contraste de contexto e especificidades de prtica

entre o canyoning e o arborismo e consequentemente pelas previsveis diferenas de

perigos e fatores de risco, assim como o grande potencial como produto de animao

turstica de ambas.

1.6. Organizao e estrutura da tese

O presente trabalho est dividido em sete captulos, que se organizam em quatro

partes principais como se apresenta na Figura 1. Na sequncia deste primeiro captulo,

onde se estabelece o enquadramento e se apresenta a problemtica da investigao, os

objetivos, a abordagem metodolgica e a justificao do tema e das atividades estudo de

caso, os captulos 2 e 3 abordam o estado da arte, com a reviso crtica das principais

temticas relevantes para a investigao, nomeadamente nas reas do turismo, da

segurana e da gesto do risco.

Toda a componente metodolgica apresentada no quarto captulo, onde se expe

de forma detalhada a metodologia adotada nesta investigao, descrevendo-se o

processo de desenvolvimento dos instrumentos utilizados, da recolha de informao,

bem como os procedimentos e as problemticas inerentes aos mesmos.

No captulo cinco so apresentados, analisados e discutidos os resultados obtidos

pela aplicao dos questionrios e das entrevistas, sendo feita a triangulao dos

mesmos de forma a concretizar a resposta questo de partida, responder aos objetivos

e sustentar a proposta de abordagem para uma gesto da segurana mais adequada no

turismo de aventura, apresentada no captulo seis.

Por fim, no stimo e ltimo captulo apresentam-se os principais resultados, as

concluses, as limitaes identificadas, e as recomendaes futuras.

1. Introduo

- 11 -

Figura 1 Estrutura da tese

1. INTRO DUO

Apresentao do tema

Problemtica da investigao

Objetivos do trabalho Apresentao da

metodologia

Justificao do tema

Estrutura do trabalho

2. LAZER E TURISMO ATIVO

Lazer, turismo e animao turstica

Turismo na natureza e de aventura

Planeamento, sustenta- bilidade e qualidade

Motivaes para o turismo de aventura

Animao turstica em Portugal

Atividades estudo de caso

3. SEGURANA E GESTO DO RISCO NO TURISMO DE AENTURA

O risco e o turismo de aventura

Segurana e gesto do risco

Gesto da segurana no turismo de aventura

4. METO DO LO GIA DA INVESTIGAO

Abordagem concetual da investigao

Inquirio aos prestadores de servios

Inquirio aos stakeholders

5. ANLISE E DISCUSSO DOS RESULTADO S

Anlise e discusso dos questionrios

Anlise e discusso das entrevistas

Triangulao dos resultados

6. PRO POSTA DE ABO RDAGEM

Proposta de abordagem para a gesto da segurana no tuirsmo de aventura

7. CO NSIDERAES FINAIS

Concluses

Limitaes Recomendaes

Estado da arte

Investigao

2. Lazer e turismo ativo

- 12 -

2. LAZER E TURISMO ATIVO

2.1. Lazer, turismo e animao turstica

Conceptualizao de lazer e turismo

O desenvolvimento do lazer e do turismo est intimamente ligado com a evoluo

da sociedade, com o tempo livre a representar a principal conquista, pois as prticas de

lazer so, segundo Magalhes (1991), uma das ocupaes do tempo livre de que se

dispe, aps se terem cumprido as tarefas obrigatrias e necessrias. A ideia de

liberdade liga-se intimamente com a ausncia da "priso-trabalho" e dos

constrangimentos sociais e familiares, liga-se ideia de viver intensamente e depressa

(Baptista, 2004).

Pode-se entender o tempo livre como o espao das vivncias quotidianas onde no

existem obrigaes profissionais (tempo de trabalho e de estudo) e esto satisfeitas as

necessidades biolgicas de conservao (tempo biolgico) e outras tarefas dirias

imprescindveis (tempo comprometido), no entanto, nem todo o tempo livre tempo de

lazer, pois no basta ter tempo disponvel para que este possa ser ocupado por prticas

de lazer (Castelli, 2001; Elias e Dunning, 1992; Silva, 2013b; Tribe, 2003).

Num contexto de tempo social, o tempo livre permite a livre expresso do

indivduo na sociedade, onde as prticas de lazer se assumem como fenmeno social de

elevada importncia. Deste modo, para alm de alteraes nos conceitos de tempo, da

valorizao do tempo livre, das dinmicas no mundo do trabalho, nos comportamentos

demogrficos e nos conceitos de lazer, outros fatores de transformao das sociedades,

em especial das mais desenvolvidas, devem ser considerados no desenvolvimento do

lazer e do turismo e na emergncia de territrios de lazer, tais como (Baptista, 2004;

Brito, 2000; Buhalis, 2001; Magalhes, 1991; Neves et al., 2001; Poon, 2003; Stanford,

2008):

A generalizao do tempo livre, envolvendo um cada vez maior nmero de

indivduos em um cada vez maior nmero de sociedades. O aumento

significativo do nmero de pessoas com disponibilidade temporal para

atividades ldicas deve-se ao aumento do tempo disponvel para alm do

trabalho (diminuio do nmero de horas de trabalho semanal, aumento dos

perodos de frias, flexibilidade de horrios). A considerar tambm no contexto

2. Lazer e turismo ativo

- 13 -

global do ciclo de vida, das sociedades modernas, o tempo ps-laboral

(reforma), por vezes antecipado, e o aumento da esperana mdia de vida

aliado tambm a melhores condies de sade, e, por outro lado, o

prolongamento da escolaridade (maior disponibilidade de tempo da condio

de estudante e o ingresso retardado no mercado de trabalho);

O incremento dos nveis de escolaridade que se reflete na abertura a novos

horizontes, no aumento do grau de exigncia pessoal e em novas necessidades

e motivaes, bem como na procura de experincias de entretenimento e

educao potenciadoras de desenvolvimento pessoal;

A maior predisposio psicolgica e econmica (acrscimo global dos nveis

de rendimento e poder de compra) dos indivduos para participarem num

consumo generalizado, o que implica uma acrescida necessidade de tempo

disponvel;

A melhoria das acessibilidades, ao nvel das infraestruturas e da evoluo

tecnolgica nos meios de transporte, com reflexos em deslocaes mais

baratas, mais rpidas e mais cmodas. As possibilidades de mobilidade fsica

nunca foram to evidentes;

A revoluo tecnolgica no sistema produtivo e nos sistemas de distribuio e

de vendas facilitou uma maior competitividade dos destinos tursticos. ainda

de assinalar que o progresso tecnolgico permitiu uma maior produtividade

com mais tempo livre;

O desenvolvimento da sociedade da informao, com a expanso das novas

tecnologias de informao e comunicao, traduz-se numa maior facilidade de

acesso informao sobre a oferta e as suas potencialidades (o que no se

conhece no existe), bem como em autonomia no planeamento de viagens;

A generalizao do modo de vida urbano resultante da multiplicao e

expanso dos aglomerados urbanos, bem como da difuso destes estilos de vida

para territrios de matriz rural, que conduzem a uma saturao face a estes

modos de vida e a uma crescente necessidade de fuga para espaos (fsicos

ou emocionais) distintos. Em simultneo, a maior preocupao com questes

ambientais e ecolgicas reflete-se na procura por atividades na natureza e ao ar

livre;

A valorizao da atividade, participao e obteno de experincias mais

autnticas, bem como da interatividade com patrimnio e comunidade local;

2. Lazer e turismo ativo

- 14 -

Fatores intrnsecos ao prprio setor turstico, principalmente ao nvel da

ampliao, flexibilizao, diversificao e disperso da oferta.

O lazer representa para as sociedades contemporneas um espao de fuga para o

bem-estar e conforto individual, respondendo s necessidades de escape de um modo de

vida urbano. Sendo, segundo Rodrigues (2006), o fenmeno da urbanizao um dos

elementos fundamentais para explicar a razo pela qual a prtica do lazer e do turismo

cresce quase proporcionalmente ao adensamento da populao em meios urbanos.

O lazer expressa as aes prticas elegidas pelo sujeito para obter diverso,

recreao e entretenimento, num processo de desenvolvimento pessoal, de carter

voluntrio e num tempo e espao libertos das obrigaes profissionais, familiares e

comunitrias (Dumazedier, 1979). cada vez mais encarado como uma forma de

autorrealizao e autodesenvolvimento (Elias e Dunning, 1992).

Considerando a importncia e a necessidade de lazer das sociedades

contemporneas, o turismo apresenta-se como uma das formas de lazer mais

representativa, permitindo responder curiosidade, necessidade de descoberta e de

saber da procura atual. Contudo, tal como refere Silva (2013b, p. 21), a atividade

turstica no se restringe ao lazer, pois tambm pode estar associada a trabalho

(conferncias, reunies, etc.), religio, ou ao estudo.

Atentando s principais funes do lazer, descanso, divertimento e o

desenvolvimento, fsico e mental (Dumazedier, 1979), de salientar que a ocupao do

tempo de lazer pode ser concretizada de forma muito diversificada, quer por atividades

de animao, recreao e de turismo, quer pelo desenvolvimento de aes comunitrias

ou ambientais (Silva, 2013b).

A importncia cultural, social, econmica e poltica do lazer e do turismo bem

expressa nos estilos de vida e de lazer das sociedades modernas, pela procura de

prticas ativas que combinem a realidade e o imaginrio, a mobilidade, a informao e o

consumo de espaos e culturas, como resposta s necessidades de autorrealizao,

motivaes de identidade e distino social. Segundo Urry e Larsen (2011), o turismo

surge como uma experincia de tempo e lugar extra-quotidiano, assente na

mobilidade e em prticas de lazer que contrastem e se oponham aos ambientes habituais

e aos modos de vida quotidianos.

Assim, e de acordo com Cavaco (1999), com o lazer e o turismo pretende-se dar

contedo ao tempo livre, rompendo com os espaos e ritmos de vida quotidianos,

aproximando-nos de outras pessoas e dos seus modos de vida, suprimindo necessidades

2. Lazer e turismo ativo

- 15 -

de descoberta natural e cultural, desenvolvendo atividades corporais e intelectuais, mas

tambm permitindo a afirmao pelo consumo e pela ostentao, valorizando o

indivduo no encontro com os outros e consigo prprio. Contudo, o turismo e o lazer

no podem ser considerados sinnimos, uma vez que, nem o turismo engloba s as

deslocaes por lazer, nem as atividades de lazer so todas tursticas, pois muitas so

realizadas no ambiente habitual (Middleton e Clarke, 2002).

O conceito de turismo algo complexo, pois a definio de turismo pode ser

entendida por diversas abordagens podendo ser significativamente distinta caso se

considere pelo lado da procura ou da oferta, ou uma perspetiva mais tcnica ou

concetual (Ioannides e Debbage, 1998). De acordo com Silva (2013b, p. 19):

outra das dificuldades, e simultaneamente desafio, resulta da existncia de uma

multiplicidade de dimenses associadas ao turismo, das quais se destacam a espacial

(territrio), a econmica (setor, indstria turstica), as ligadas aos recursos (equipamentos,

servios, produtos, patrimnio) e s pessoas (em especial os turistas, mas tambm os

profissionais de turismo e a comunidade local).

Atendendo ao ponto de vista da procura, o turismo compreende as atividades das

pessoas durante as suas viagens e estadas (pressupe uma deslocao temporria do

ambiente habitual), com a finalidade de lazer, negcios e outras, e independentemente

das suas motivaes provoca impactos no ambiente fsico, econmico e sociocultural da

rea recetora (Cunha, 2006; Jafari, 2003; OMT, 1998b).

Do ponto de vista da oferta, o turismo pode englobar o conjunto de lugares,

instalaes, organizaes, empresas, profisses e relaes destinadas a satisfazer as

necessidades e desejos dos turistas (Cunha, 2006; Leiper, 1979). No entanto, para Silva

(2009) a definio do turismo no deve ser considerada na tica da oferta, mas sim da

procura, pois um servio qualifica-se como turstico quando usado por um visitante e

no em funo da sua natureza concreta.

Beni (2007) sintetiza alguns elementos comuns nas diversas abordagens ao

conceito de turismo, como a deslocao ou a viagem, a permanncia fora do domiclio,

a temporalidade e as componentes concretas do fenmeno, como a disponibilidade de

espaos, equipamentos e servios no destino, que satisfao as necessidades do turista.

O turismo como resultado da interao entre os turistas, as empresas, o governo, a

comunidade recetora e o territrio (Goeldner e Ritchie, 2009; Silva, 2013b), constitui

algo mais que a simples soma dos servios especificamente tursticos e os no tursticos

(OMT, 1998b). Sendo considerada uma atividade econmica transversal e no

2. Lazer e turismo ativo

- 16 -

deslocalizvel, que representa, em 2013, 9,5 % do PIB total da economia e um em onze

dos empregos totais do mundo ou seja 266 milhes de postos de trabalho (WTTC,

2014). As viagens internacionais apresentam um crescimento continuado, de apenas 25

milhes, em 1950, para 278 milhes, em 1980, e 528 milhes, em 1995, at aos 1.133

milhes, em 2014. Com este crescimento significativo, o setor representa 6 %, ou seja,

1,5 bilies de dlares, das exportaes mundiais em 2014 (UNWTO, 2014, 2015).

A UNWTO (2015) prev 1.800 milhes de viagens internacionais em 2030, ou

seja, o setor continuar em grande destaque na poltica e economia internacional embora

com um nvel de crescimento mais moderado. um setor que assume um efeito

multiplicador que se repercute nas economias e sociedades, e que se estende para alm

do ato turstico e do setor em si, e que conquistou um papel central na economia

portuguesa e hoje lder nas exportaes, na sustentabilidade, na inovao e na criao

de emprego (TP, 2011, p. 5).

Trata-se de um setor que integra o conceito de recreao, sendo atualmente

reclamado como um direito, uma necessidade bsica e vital (Cavaco, 2006; Cunha,

2009). Numa perspetiva de consumo de espaos, de tempo e de lugar, o turismo permite

o desenvolvimento de diferentes atividades de lazer, pressupondo disponibilidade

temporal e emocional do indivduo para uma libertao fsica e psquica, de convvio e

de sociabilizao atravs de atividades ldicas que possibilitem a recreao e a diverso,

bem como o escape ao stress do quotidiano. Todavia, o turismo no apenas a reao

ao stress e rotina diria, a rutura clara com os espaos de vivncia habituais, a

descoberta de lugares novos, diferentes, habitados por pessoas tambm elas diferentes e

por outros turistas, um novo mundo de descobertas e aventuras.

A crescente proliferao de destinos e produtos indica que cada vez mais as

fronteiras entre espaos tursticos e no tursticos se diluem, tornando-se cada vez mais

porosas, porventura em resultado de uma sobreposio de espaos (Santos, 2002). Com

a difuso do modo de vida ldico, diversos espaos como os campos, as montanhas, os

rios, as zonas martimas, etc. passam a ser alvo de uma inventariao potenciadora das

suas capacidades tursticas e a ser concebidos como territrios ldicos (Baptista, 2004).

Das mudanas socioeconmicas das sociedades resultam novos espaos de

sociabilizao e a reabilitao de outros, entretanto desvalorizados, atravs de prticas

que tm no lazer uma expressividade crescente (Santos, 2005), sendo os espaos

naturais e rurais um exemplo claro. A ludificao dos territrios corresponde a uma

2. Lazer e turismo ativo

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nova dinmica nos usos dos espaos, quer sejam lugares construdos para o efeito, quer

sejam lugares reabilitados ou (re)criados para um uso como espaos de lazer.

Animao turstica

A animao turstica surge como resposta necessidade dos turistas em ocupar o

seu tempo com a realizao de atividades que fomentem o seu nvel de satisfao

durante o seu perodo de frias (Labollita e Farr, 2005), ou seja, a animao desponta

como uma ao de estmulo e mobilizao de indivduos e grupos com o objetivo de

descontrair e de superar as dificuldades quotidianas, atravs da prtica de atividades que

despertem a motivao e a recreao (Ander-Egg, 2008; Lana, 2009).

A animao entendida como toda a ao direcionada para grupos, visando

desenvolver a comunicao e promover a sociabilizao (OMT, 1985), implica

planeamento, organizao e desenvolvimento de atividades com vista a satisfazer os

interesses e necessidades dos indivduos no seu tempo de lazer, de uma forma ativa e

participativa.

A animao turstica consiste no conjunto de atividades recreativas, culturais ou

desportivas, previamente organizadas e enquadradas por tcnicos, que so oferecidas

aos turistas, e que proporcionam, de forma livre e voluntria, momentos de prazer,

relacionamentos interpessoais e satisfao das necessidades motivacionais de realizao

individual ou coletiva (Almeida e Arajo, 2012; Chaves e Mesalles, 2001; Esteves,

2015; Puertas, 2004).

Embora seja vista como um complemento do produto turstico, a animao

turstica contribui para potencializar e diferenciar a oferta turstica, fomentando uma

oferta competitiva, diferenciadora e de afirmao de um destino turstico, apresentando-

se como um fator impulsionador das percees, do prolongamento da estadia e por

consequncia da reincidncia e divulgao do prprio destino (Esteves et al., 2013). A

animao turstica considerada como um elemento determinante da procura turstica,

captando novos fluxos para a revitalizao ou desenvolvimento dos destinos tursticos

(Alves e Ferreira, 2009).

A animao turstica potencia e promove um turismo que estimula as pessoas a

participarem, crtica e informadamente, na descoberta dos locais que visitam (Lopes,

2008), para alm de um facilitador da integrao e de participao do indivduo no

grupo, pois destina-se essencialmente a grupos, e de um conjunto de atividades

programadas que valoriza a viagem e estada turstica, a animao turstica pode ser vista

2. Lazer e turismo ativo

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como uma prestao de servio que promove e incrementa a atividade turstica. A

atrao e reteno de visitantes, bem como a potenciao da imagem, pluralidade da

oferta e afirmao de qualidade e competitividade criam efeitos multiplicadores capazes

de dinamizar a economia das empresas do setor.

Em suma, a animao turstica apresenta grande potencial de resposta s

necessidades fsicas e intelectuais e de ocupao do tempo livre dos atuais turistas, que

procuram um turismo mais participativo e ativo, emoes, experincias e divertimento,

contrapondo as frias em que impera o descanso passivo, incitando participao e

descoberta e aliando a recreao educao ao requerer a participao fsica e mental

do turista (Almeida, 2004; Silva, 2013b). Deste modo, a animao turstica constitui

muitas vezes a principal atrao do espao turstico e a principal motivao para a

viagem, respondendo necessidade de desenvolvimento de produtos orientados para

uma combinao dos trs E: entretimento, excitao e educao (OMT, 1998b, p.

393).

A maior consciencializao ambiental dos consumidores tem levado ao aumento

das exigncias na escolha do destino, preferindo os que se revelam mais seguros e

sustentveis (OMT, 1998a). O turismo alternativo, surge em oposio ao tradicional

turismo de massas, e compreende as formas de turismo que so compatveis com a

conservao do patrimnio natural ou construdo, bem como com os valores sociais e

das comunidades, permitindo aos visitantes interagir de forma positiva e partilhar

experincias com as comunidades locais (Wearing e Neil, 2009). Assim, o turismo

alternativo diferencia-se pelo acrscimo da importncia dos valores naturais e culturais

do destino turstico, bem como pela troca de experincias entre os turistas e residentes,

privilegiando a conservao ambiental e social (Borges e Lima, 2006; Burnay, 2006;

Zaoual, 2008).

O subsetor da animao turstica, predominantemente composto por operadores

especializados, relativamente recentes e de pequena dimenso, expandiu-se rapidamente

em nmero e diversidade de oferta de aventura, para acompanhar a procura de

experincias e destinos mais originais, que envolvam a descoberta cultural e natural

atravs de atividades fisicamente ativas e emocionantes (ATTA et al., 2012; Beedie e

Hudson, 2003; Bentley et al., 2010; Fredman et al., 2009; Weaver, 2006).

2. Lazer e turismo ativo

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Turista

Tal como o conceito de turismo, a definio de turista tambm foi alvo de alguns

ajustes, sendo que, atualmente a OMT (1998b) designa os viajantes relacionados com o

turismo por visitantes (o que se desloca para fora do seu ambiente habitual, por um

perodo inferior a um ano e cujo principal motivo de deslocao outro que no o

exerccio de uma atividade remunerada), distinguindo entre turista (pernoita no local

visitado em alojamento coletivo ou privado) e visitante de dia (no pernoita no local

visitado).

Independentemente do conceito, o turista de hoje reflete um consumidor muito

diferente do passado. A importncia dos estilos de vida e a identidade social

materializa-se em diversas formas de consumo, em diferentes tipos de bens, de servios

e, especialmente de espaos (Santos, 2005), sendo necessrio um equilbrio das relaes

econmicas, polticas e sociais para que a condio de consumidores plenos, capazes de

reivindicar direitos seja concretizvel (Baptista, 2004).

Assim, o turista como sujeito de uma sociedade de consumo procura destinos,

produtos e servios tursticos e de lazer, com vista a satisfazer e restaurar o equilbrio no

sistema motivacional, desencadeado pelas necessidades pessoais. Os interesses da

procura, por um lado, e o desenvolvimento da oferta, por outro, promovem o consumo

dos produtos e servios tursticos e uma gradual turistificao do espao, fsico e

temporal, isto , o desenvolvimento de territrios ldicos.

A democratizao do consumo de lazer desenvolve um novo turista que se

demarca da vulgarizao de lugares, equipamentos e modos de fazer, exigindo a criao

de novos lazeres e novos lugares de prticas em que sobressaia a novidade, a

sofisticao e a exclusividade (Santos, 2005). Sendo o novo turista um consumidor

com critrios de avaliao cada vez mais afinados em virtude da experincia de viajar

adquirida, da quantidade de informao disponvel e da conscincia generalizada que

emerge em protesto das condies de vida urbana que se recusa a integrar o grupo de

pessoas que praticam o turismo de massas por falta de preenchimento do requisito

qualidade (Nunes, 2010; Rodrigues, 2000). Portanto, mais instrudo e exigente, na

procura de servios que satisfaam as suas necessidades, motivaes e desejos, bem

como mais consciente e preocupado com a sustentabilidade.

A evoluo nas motivaes e comportamentos dos turistas, com uma procura pela

genuinidade e diferenciao, contrastam com a homogeneizao dos modos de vida,

contrariam a perda de autenticidade, e refletem um consumidor que para alm de ver e

2. Lazer e turismo ativo

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fazer pretende aprender e divertir-se com o envolvimento em experincias nicas. Os

novos turistas (Figura 2) procuram frias mais diversificadas e ativas e um turismo

que responda s necessidades individuais ou de grupos de pequena dimenso.

Figura 2 Turistas tradicionais versus novos turistas (Poon, 2003)

As alteraes do perfil dos turistas reforam a tendncia para o crescimento de

nichos de mercado, contudo a expanso do turismo alternativo e de nichos2 no implica

o eclipse do turismo de massas, que certamente manter uma forte relevncia na oferta

turstica, mas provavelmente com alguns ajustamentos s novas tendncias da procura.

Porm, muitos turistas exprimem necessidades de experincias de lazer realmente

inditas, ativas e radicais, criativas e tambm tecnolgicas (Cavaco e Simes, 2009). O

atual consumidor para alm de uma maior flexibilidade, autenticidade, procura na

qualidade total da experincia turstica, a obteno de produtos value for money3 (OMT,

1998b), pois na concretizao da viagem o turista depara-se com um complexo processo

de deciso para escolher o que visitar, onde, como e a que preo (Beni, 2007).

Cada vez mais turistas procuram um tipo de turismo alternativo, baseado na

procura de paisagens intocadas e experincias autnticas (Urry, 2002). As novas

intenes do turista remetem para prticas que possibilitem uma aproximao do real,

2

O turismo de nichos refere-se a um mercado de servios mais personalizados e direcionado para grupos

restritos de clientes, com necessidades ou interesses semelhantes (Robinson e Novelli, 2005). 3 Entendendo o valor como o que o turista recebe, em resultado das experincias, emoes e qualidade

dos servios consumidos, e o esforo como o que se exige, isto , os incmodos, inseguranas e preo

requeridos ao turista (THR, 2006a).

Turista

tradicional Novo turista

Grupo

Procura 3S

Seguir as massas

Passivo

Apenas para mostrar que

Esteve

Teve

Escapou

Individual

Experienciar a natureza

Afirmar-se individualmente

Ativo

Apenas

Pelo divertimento

Para ser

Por realizao pessoal

2. Lazer e turismo ativo

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autntico e genuno, atravs de experincias que permitam participar os acontecimentos

como ator, deixando a pele de mero espetador. O turista pretende encontrar-se com a

natureza, aventurar-se e desafiar-se fisicamente, emocionalmente e mentalmente,

participar da cultura, envolver-se e interagir com o estilo de vida e comunidade local, ou

seja, procura desfrutar de uma variedade de experincias nicas que possibilitem a

participao, aprendizagem e divertimento, colocando grande importncia na relao

custo-benefcio.

No entanto, a auten