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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES DÉBORA MARTINS DE ANDRADE CASELLI IMPORTÂNCIA DO RESÍDUO DE LISINA 79 NO PROCESSO APOPTÓTICO INDUZIDO POR CITOCROMO C Mogi das Cruzes, SP 2014

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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES DÉBORA MARTINS DE ANDRADE CASELLI

IMPORTÂNCIA DO RESÍDUO DE LISINA 79 NO PROCESSO

APOPTÓTICO INDUZIDO POR CITOCROMO C

Mogi das Cruzes, SP

2014

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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES DÉBORA MARTINS DE ANDRADE CASELLI

IMPORTÂNCIA DO RESÍDUO DE LISINA 79 NO PROCESSO

APOPTÓTICO INDUZIDO POR CITOCROMO C

Orientadora: Profª. Dra. Kátia Cristina Ugolini Mugnol

Mogi das Cruzes, SP

2014

Dissertação apresentada ao

Programa de Pós-graduação da

Universidade de Mogi das Cruzes

como parte dos requisitos para

obtenção do grau de mestre em

Biotecnologia.

Área de concentração:

Biotecnologia aplicada à saúde

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FINANCIAMENTO

FICHA CATALOGRÁFICA Universidade de Mogi das Cruzes - Biblioteca Central

Caselli, Débora Martins de Andrade

Importância do resíduo de Lisina 79 no processo apoptótico induzido por citocromo c / Débora Martins de Andrade Caselli. – 2014.

76 f.

Dissertação (Mestrado em Biotecnologia) - Universidade de Mogi das Cruzes, 2014

Área de concentração: Biotecnologia Aplicada à Saúde Orientador: Profª Drª Kátia Cristina Ugolini Mugnol

1. Apoptose 2. Citocromo c 3. Mutagênese sítio-dirigida 4. Baixo spin alternativo I. Mugnol, Kátia Cristina Ugolini

CDD 660.6

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MENSAGEM

Vencerás

Não desanimes.

Persiste mais um tanto.

Não cultives pessimismo.

Centraliza-te no bem a fazer.

Esquece as sugestões do medo destrutivo.

Segue adiante, mesmo varando a sombra dos próprios erros.

Avança ainda que seja por entre lágrimas.

Trabalha constantemente.

sempre.

Não consintas que o gelo do desencanto te entorpeça o coração.

Não te impressiones nas dificuldades.

Convence-te de que a vitória espiritual é construção para o dia-a-dia.

Não desistas da paciência.

Não creias em realizações sem esforço.

Silêncio para a injúria

Olvido para o mal.

Perdão às ofensas. Recorda que os agressores são doentes.

Não permitas que os irmãos desequilibrados te destruam o trabalho ou te

apaguem a esperança.

Não menosprezes o dever que a consciência te impõe.

Se te enganaste em algum trecho do caminho, reajusta a própria visão e

procura o rumo certo.

Não contes vantagens nem fracassos.

Não dramatizes provações ou problemas.

Conserva o hábito da oração para quem se te faz a luz na vida intima.

Resguarda-te em Deus e persevera no trabalho que Deus te confiou.

Ama sempre, fazendo pelos outros o melhor que possas realizar.

Age auxiliando.

Serve sem apego.

E assim vencerás.

Emmanuel

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus e aos meus amigos da luz, pela proteção, orientação e pelas bênçãos

alcançadas durante toda minha vida, sem dúvida é o que me dá forças para superar cada

obstáculo e jamais pensar em desistir das coisas que desejo e acredito.

A minha família, meu maior amor, pelas alegrias durante os poucos momentos de

folga, mas os mais importantes, pois me fazem reforçar minha fé em Deus e saber que nossa

passagem aqui tem um motivo especial, que é saber amar sem limites. Em especial aos meus

sobrinhos, verdadeiros tesouros, Bruno, Maria Eduarda e Gabriely, que me fazem sentir uma

verdadeira criança quando estou com vocês, realmente Deus é muito generoso comigo.

Aos amigos e professores do Centro Interdisciplinar de Investigação Bioquímica

(CIIB), sempre dispostos a me ajudar em todos os momentos, agradeço pela amizade e

respeito construídos ao longo dos anos de convivência, são pessoas muito especiais pra mim,

em especial professor Dr Wagner Judice pelos ensinamentos que tanto ajudaram no dia a dia,

na realização de experimentos e pela amizade acolhedora sempre com bom humor.

Agradeço as amigas do NIB (Nucleo integrado de biotecnologia), pela ajuda e

paciência que mantiveram durante os experimentos realizados, e por tudo que aprendi

quando tive a oportunidade de conviver um pouco com vocês.

Um agradecimento muito especial à orientadora deste trabalho, Dra Kátia Cristina

U. Mugnol, a qual respeito e admiro, por cada gesto generoso, por sua inteligência e

competência em tudo que realiza, pelos ensinamentos valiosos, por ser uma excelente

professora e profissional, a qual me espelho, obrigada pela oportunidade, paciência, e acima

de tudo, obrigada pela nossa amizade.

Agradeço a todas as pessoas que contribuíram direta ou indiretamente para a

realização deste trabalho.

Algumas pessoas percorrem ao nosso lado vendo muitas luas passarem, mas outras

vemos apenas entre um passo e outro, alguns são parceiros de uma vida toda, outros

acabaram de chegar, a todas elas chamamos de amigos, pessoas que deixam um pouco de si e

levam um pouco de nós, pois jamais pessoas se encontram por acaso, por isso agradeço a

todos que contribuíram e contribuem ainda para que eu possa continuar tentando ser uma

pessoa melhor a cada dia. Desejo amor, paz e sucesso a todos vocês.

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“Toda pesquisa é um permanente início-reinício em

ciclos convergentes que representam a expressão pessoal cada vez mais livre, produtiva e construtiva em prol do benefício de todos.”

Cerato SMM.

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RESUMO

O citocromo c é uma hemoproteína localizada na membrana mitocondrial, tem papel

importante em eventos biológicos como o transporte de elétrons na cadeia respiratória

mitocondrial e no desencadeamento da apoptose. Sua efetividade como ativador da apoptose

depende de seu estado redox e de sua estrutura, que pode ser modificada com alterações na

coordenação do ferro hemínico, as quais podem ser desencadeadas por mudanças no

microambiente em que a proteína se encontra. Em contato com micelas de SDS, um sistema

biomimético de membrana, o citocromo c pode passar à forma baixo spin alternativo onde

permanece hexacoordenado, porém com simetria menos rômbica devido à substituição do

sexto ligante, a metionina 80, por outro também de campo forte, postulado como sendo a

lisina da posição 79. Dado que esta alteração de ligante pode estar envolvida em alguma etapa

do processo de release do citocromo c durante o processo de morte celular tornou-se objetivo

deste trabalho demonstrar o papel do resíduo de lisina 79 na estrutura e função de citocromo c

visando caracterizar sua influência no processo apoptótico. Para tanto foram construídas

formas mutantes de citocromo c de coração de cavalo, cuja sequência é similar à proteína

humana, com substituição de aminoácidos pontuais via expressão em cepas de Escherichia

coli de plasmídios submetidos a mutagênese sítio-dirigida, obtendo-se para comparação com a

forma nativa comercial os mutantes H26N/H33N (pwt) e H26N/H33N/K79A. Para análise

estrutural e funcional das três formas da proteína foram empregadas técnicas de eletroforese

em gel de poliacrilamida, espectroscopia de absorção UV-vis, espectroscopia de

fluorescência, dicroísmo circular no Far-UV, monitoramente de unfolding térmico e teste de

ativação de cadeia de caspase em extrato citosólico obtido de células em cultura. Os

resultados obtidos permitiram identificar alterações estruturais significativas nas formas pwt e

triplo mutante, induzidas mais provavelmente pela ausência dos resíduos de histidina 26 e 33

do que da lisina 79, demonstrando que as duas primeiras exercem um papel importante

durante a biogênese do citocromo c. Em relação à forma nativa, os dois mutantes tiveram

redução do conteúdo de alfa-hélice e diminuição da cinética e da temperatura média de

unfolding, sendo que as alterações promovidas impediram a conversão das duas formas

modificadas da proteína para a forma baixo spin alternativo induzida por micelas de SDS.

Tais eventos não causaram, entretanto, influência direta na propriedade óxido-redutora da

forma pwt de citocromo c ou de seu potencial em ativar caspase-3 e promover morte celular,

atuando nestes aspectos de forma similar à proteína nativa. Já a substituição adicional do

resíduo de lisina 79 por alanina comprometeu a capacidade do citocromo c em atuar como

aceptor e doador de elétrons bem como sua capacidade em ativar cadeia de caspases,

demonstrando que este resíduo tem, de fato, papel diferenciado nas propriedades desta

proteína como transportadora de elétrons na cadeia respiratória e como agente indutor de

morte celular por apoptose.

Palavras chaves: apoptose, citocromo c, mutagênese sítio-dirigida, baixo spin alternativo.

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ABSTRACT

Cytochrome c is a heme protein located in the mitochondrial membrane , plays an important

role in biological events such as the electron transport in the mitochondrial respiratory chain

and the triggering of apoptosis . Its effectiveness as an activator of apoptosis depends on their

redox state and its structure can be modified with changes in the coordination of heme iron ,

which can be triggered by changes in the microenvironment in which the protein is . Contact

SDS micelles a biomimetic membrane system , cytochrome c can pass down to the way in

which alternative spin remains hexacoordenado , but with less rhombic symmetry due to the

replacement of the sixth ligand , methionine 80 , also by another strong field postulated as

lysine position 79. Since this change of binder may be involved in any stage of the process of

cytochrome C release during the process of cell death became purpose of this study

demonstrate the role of lysine residue 79 in the structure and function of cytochrome c to

characterize its influence on the apoptotic process . For such mutant forms of cytochrome c

from horse heart were constructed , whose sequence is similar to the human protein , with

substitution of specific amino acids via expression in Escherichia coli of plasmids subjected

to site-directed mutagenesis to yield compared to the commercial natively mutants

H26N/H33N ( pwt ) and H26N/H33N/K79A . Structural and functional analysis of the three

forms of the protein techniques polyacrylamide gel spectroscopy, UV -vis absorption,

fluorescence spectroscopy , circular dichroism in the Far- UV , monitor thermal unfolding and

activation of caspase -chain test were employed in cytosolic extract obtained from cultured

cells. The results allowed us to identify significant structural changes in pwt forms and triple

mutant , most likely induced by the absence of histidine residues 26 and 33 than the lysine 79

, demonstrating that the first two play an important role during the biogenesis of cytochrome c

. Regarding the native form , the two mutants had reduced the content of alpha -helix and a

decrease of the kinetic and the average temperature of unfolding , and the changes promoted

prevented the conversion of two modified forms of the protein to form alternative low spin

induced SDS micelles . Such events have not caused , however, a direct influence on the

oxide - reductive property of pwt of cytochrome c or its potential to activate caspase - 3 and

cell death promoting way, acting in these respects similar to the native protein forms . Have

additional substitution of lysine residue 79 with alanine compromised the ability of

cytochrome c to act as electron donor and acceptor as well as its ability to activate caspases

chain , demonstrating that this residue is indeed distinct role in the properties of this protein as

electron transport in the respiratory chain and as an inducer of cell death by apoptosis agent.

Keywords : apoptosis , cytochrome c , site-directed mutagenesis , alternative low spin .

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Mitocôndria com esquema de cadeia transportadora de elétrons........................

13

Figura 2. Estrutura do citocromo c de coração de cavalo na forma oxidada mostrando

lisina 22, lisina 27, histidina 33 (sítio L), lisina 73 e lisina 86 (sítio A) interagindo com

vesículas de bicamadas de lipídio.........................................................................................

14

Figura 3. Ligação com o grupo heme. Ligações com cisteína 14 (cys 14) e cisteína 17

(cys 17).................................................................................................................................

15

Figura 4. Estrutura secundária do citocromo c.................................................................... 16

Figura 5. Estrutura tridimensional do citocromo c de coração de cavalo-nativo................ 17

Figura 6. Espectro de absorbância UV-vis de citocromo c de coração de cavalo nos

estados de oxidação Fe3+

e Fe2+

............................................................................................

17

Figura 7. Esquema de localização do citocromo c na membrana ..................................... 19

Figura 8. Vias gerais do inicio da cascata apoptótica por ativação de caspases................. 20

Figura 9. Agregados lipídeos anfipáticos que se forma na água......................................... 25

Figura 10. Estrutura química do Dodecil Sulfato de sódio............................................... . 27

Figura 11. Ligação entre o grupo heme e a porção proteica do citocromo c...................... 28

Figura 12. Estrutura tridimensional do citocromo c............................................................ 29

Figura 13. Plasmídeo PJRhrsN2.......................................................................................... 33

Figura 14. Isolamento de DNA plasmídico......................................................................... 34

Figura 15. Sequenciamento da colônia 1............................................................................. 34

Figura 16. Meio Terrífic em shaker contendo cultivo de cepas de Escherichia coli.......... 36

Figura 17. Meio de cultura pós-centrifugação evidenciando pelet bacteriano.................... 36

Figura 18. Processo de sonicação para rompimento celular bacteriano e liberação de

citocromo c........................................................................................................................

37

Figura 19. Coluna de troca iônica contendo resina CM sepharose fast flow durante

processo de purificação do citocromo c.............................................................................

38

Figura 20. Estrutura do difenilacetaldeído DPAA (agente redutor) e estrutura do T-

butyl (agente oxidante)......................................................................................................

40

Figura 21. Células de aorta de coelho aderidas na garrafa de cultivo, em meio de cultivo

DMEM suplementado com albumina bovina.......................................................................

41

Figura 22. Células de aorta de coelho sob a ação da tripsina (deslocadas)......................... 43

Quadro 1. Doseamento de proteínas pelo método de Bradford....................................... 44

Figura 23. Eletroforese em gel de poliacrilamida (30%) onde correram amostras de

citocromo c nativo citocromo c pwt, citocromo c TM e o padrão de peso molecular......

47

Figura 24. Espectro em UV vis de citocromo c nativo em tampão fosfato de sódio........ 48

Figura 25. Espectros de fluorescência de citocromo c..................................................... 49

Figura 26. Conteúdo de alfa-hélice por CD no far – UV.................................................. 50

Figura 27. Perfil de desenovelamento térmico da forma nativa de citocromo c.............. 51

Figura 28. Perfil de desenovelamento térmico da forma pwt de citocromo.................... 51

Figura 29. Perfil de desenovelamento térmico da forma triplo mutante

(H26N/H33N/K79A) de citocromo c................................................................................

52

Figura 30. Perfil de desenovelamento térmico do citocromo c extraído de coração de

atum e tratado com DEPC.

Figura 31. Derivadas do perfil de desenovelamento térmico da forma triplo mutante

(H26N/H33N/K79A) de citocromo c................................................................................

54

Figura 32. Espectros em UV/vis de citocromo c nativo 100µM em tampão fosfato de

sódio......................................................................................................................................

55

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Figura 33. Espectros em UV/vis de citocromo c nativo, citocromo c pwt e citocromo c

H26N/H33N/K79A em micela aquosa de SDS..................................................................

56

Figura 34. Espectros de redução do ferro hemínico do citocromo c nativo em presença

de DPAA. .............................................................................................................................

58

Figura 35. Espectros no Uv/vis de redução do ferro hemínico do citocromo c

H26N/H33N (pwt) em presença de DPAA...........................................................................

59

Figura 36. Espectros no Uv/vis de redução do ferro hemínico do citocromo c

H26N/H33N/K79A em presença de DPAA..........................................................................

60

Figura 37. Espectros de oxidação do ferro hemínico do citocromo c nativo em presença

de t-BuOOH. ........................................................................................................................

61

Figura 38. Espectros no Uv/vis de oxidação do ferro hemínico do citocromo c

H26N/H33N (pwt) em presença de t-BuOOH......................................................................

61

Figura 39. Espectros no Uv/vis de oxidação do ferro hemínico do citocromo c

H26N/H33N/K79A em presença de t-BuOOH.....................................................................

62

Figura 40. Espectros Uv/vis do ciclo catalítico de redução e oxidação do ferro hemínico

do citocromo c nativo em presença de DPAA e t-BuOOH. ................................................

63

Figura 41. Espectros no Uv/vis de redução por DPAA seguida de reoxidação por t-

BuOOH para ferro hemínico do citocromo c H26N/H33N (pwt)........................................

64

Figura 42. Espectros no Uv/vis de redução por DPAA seguida de reoxidação por t-

BuOOH para ferro hemínico do citocromo c H26N/H33N/K79A........................................

65

Figura 43. Teste de ativação de caspase-3 em extrato citosólico de células de músculo

liso de aorta de coelho. Extrato com citocromo c nativo, com citocromo c pwt e com

citocromo c triplo mutante H26N/H33N/K79A......................................................

66

Figura 44. Teste de ativação de caspase-3 em extrato citosólico de células de músculo

liso de aorta de coelho. Leituras após 40 horas de incubação de extrato com citocromo c

nativo, citocromo c pwt e citocromo c triplo mutante H26N/H33N/K79A..........................

67

Figura 45. Curva padrão de AMC livre................................................................................ 68

Figura 46. Concentração de AMC livre gerado após 16 e 40 horas de reação para cada

uma das formas de citocromo c (nativo, pwt e triplo mutante..............................................

68

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LISTA DE ABREVIATURAS

(A) alanina

APAF Fator de ativação da protease apoptótica

ATP Adenosina Tri fosfato

BSA Albumina de soro bovino

Ca2+-

Calcio

CD dicroísmo circular

CMC Concentração micelar crítica

CMF Solução salina sem cálcio e magnésio

DMEM (Dulbecco’s Modified Eagle’s Medium

DMSO Dimetilsulfóxido

DNA Acido desoxirribonucleico

DEPC dietilpirocarbonato

DPAA Difenilacetaldeido

(E) glutamato

EDTA Àcido etilenodiamino tetra acético

EPR Ressonância Paramagnética Eletrônica

Fe2+

Ferro estado ferroso

Fe3+

Férro estado férrico

H2O2 Peróxido de hidrogênio

IPTG Isopropylthio-β-galactoside

K+ Potássio

kDa Kilodalton

L litro

(L) leucina

LB Luria bertrani

MCD dicroísmo circular magnético

MLAC Músculo liso de aorta de coelho

mM milimolar

µM Micromolar

Na+

Sódio

NaCl Cloreto de sódio

nm Comprimento de onda em nanômetro

O2 Oxigênio

PMSF (Phenylmethanesulfonyl fluoride)

PTP Poro de transição de permeabilidade

RPM Rotações por minuto

SDS Dodecil sulfato de Sódio

SFB Soro fetal bovino

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ᶿ Tetamolar

t-BuOOH Tert-brutil hidroperóxido

TEMED (Tetramethyl-1,2-diaminomethane)

TPM Transição de permeabilidade mitocondrial

Try Triptofano

UV-vis Ultra violeta visível

W Triptofano

α Alfa

β Beta

γ Gama

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO........................................................................................................... 13

1.1 Estrutura do citocromo c................................................................................................. 15

1.2 Funções do citocromo..................................................................................................... 18

1.3.Apoptose.......................................................................................................................... 21

1.4. Os diferentes estados de Spin do citocromo c ............................................................... 23

1.5. Sistemas micelares e tensoativos.................................................................................... 24

2.OBJETIVOS................................................................................................. 31

2.1.Geral................................................................................................................................ 31

2.2. Objetivos específicos...................................................................................................... 31

3.MATERIAL E MÉTODO........................................................................... 32

3.1. Preparo das soluções de citocromo c Fe3+

em tampão fosfato de sódio........................ 32

3.2. Preparo das soluções de SDS ........................................................................................ 32

3.3. Preparo das soluções de citocromo c Fe3+

em SDS....................................................... 32

3.4. Preparo das soluções de DPAA (Diphenyl acetaldeydo)............................................... 32

3.5. Preparo das soluções de t-BuOOH (tert-butil hidroperóxido)....................................... 32

3.6. Obtenção das formas mutantes de citocromo c.............................................................. 33

3.7 Eletroforese..................................................................................................................... 35

3.8. Espectroscopia de absorção UV/vis na caracterização estrutural das formas mutantes

de citocromo c.......................................................................................................................

38

3.9. Espectroscopia de dicroísmo circular CD no far-UV para análise de citocromo c 39

3.10. Análise estrutural das formas mutantes e nativa de citocromo c por espectroscopia

de fluorescência.....................................................................................................................

40

3.11. Estudo da atividade catalítica do citocromo c.............................................................. 40

3.12. Análise da ativação de caspase-3 pelas formas mutantes de citocromo c.................... 41

3.13. Doseamento de proteínas pelo método de Bradford................................................... 44

4.RESULTADOS E DISCUSSÕES.......................................................................... 46

4.1. Eletroforese.................................................................................................................... 46

4.2. Características espectroscópicas das formas nativa e mutantes do citocromo c em

ambiente homogêneo.............................................................................................................

47

4.3 Características dos espectros UV/vis de formas mutantes de citocromo c em tampão

Fosfato de sódio e em micelas aquosas de SDS....................................................................

4.4. Atividade catalítica de formas nativa e mutantes de citocromo c frente a peróxidos e

aldeídos..................................................................................................................................

54

58

4.5. Ativação de cadeia de caspase pelas formas mutantes e nativa de citocromo c............ 65

5.CONCLUSÕES............................................................................................ 70

REFERÊNCIAS…………………………………………………………….. 71

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13

1 INTRODUÇÃO

O citocromo c é uma hemoproteína encontrada associada à face externa da membrana

mitocondrial interna e tem papel importante em eventos biológicos como o transporte de

elétrons na cadeia respiratória mitocondrial dos organismos aeróbios e no desencadeamento

da apoptose (YANG et al. 1997; KLUCK et al. 1997).

A utilização do citocromo c em pesquisas como alvo de estudo a fim de elucidar alguns

dos mecanismos biológicos em que ele atua, vem crescendo de forma considerável, tendo em

vista as possibilidades que abre em diversas áreas de conhecimento.

Seu papel melhor esclarecido é o de transportador de elétrons na cadeia respiratória

mitocondrial, porém atualmente o estudo de sua participação no processo de morte celular

programada fornecem informações que podem ser úteis no desenvolvimento e aplicações de

novas ferramentas para diagnóstico e tratamento do câncer (PAULA, 20013).

Muitas atividades atribuídas a esta importante proteína estão diretamente relacionadas à

estrutura e função das mitocôndrias (figura 1), uma organela de extrema complexidade, que

no decorrer da evolução dos organismos mantiveram-se conservadas preservando as funções

respiratórias bem como suas características estruturais.

Figura 1 - Mitocôndria com esquema da cadeia transportadora de elétrons

Fonte: EBERLIN (2009)

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14

A membrana interna da mitocôndria possui a face interna voltada para o lúmen e a face

externa voltada para o espaço intermembrana que faz divisa com a membrana externa, sendo

nesta face externa onde encontramos 85 a 97% do citocromo c ligado eletrostaticamente com

a citocromo c redutase e a citocromo c oxidase (GLOTTLIEB, 2000).

A interação do citocromo c com a membrana mitocondrial ocorre em sítios específicos por

diferentes formas de ligação. Até o presente foram definidos os sítios C, onde o citocromo se

liga à membrana mitocondrial interna por forças eletrostáticas, o sítio A, onde a ligação

envolve resíduos de lisina 72 e 73 através de ligação do tipo hidrofóbica e o sítio L com

interações pH dependente com participação de resíduos de lisina 22, 25 e 27 (figura 2)

(RYTÖMAA; KINNUNEN, 1992; KAWAI, 2005). Outros resíduos de aminoácidos vizinhos

aos sítios A, como a lisina 79, e ao sítio L, como as histidinas 26 e 33 exercem possível papel

de interferência nessa interação entre citocromo c e membrana.

Figura 2 - Estrutura do citocromo c de coração de cavalo na forma oxidada mostrando lisina 22, lisina 27,

histidina 33 (sítio L), lisina 72, lisina 73 (sítio A) interagindo com vesículas de bicamadas de lipídios

Fonte: KAWAI et al. (2005)

O citocromo c é codificado por um gene nuclear, sendo transcrito por um ribossomo

citosólico e recebe o nome de holocitocromo, que se refere à cadeia proteica do citocromo c

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sem a presença do grupo heme e depois é translocado para o interior da mitocôndria ligando-

se ao grupo heme através de ligação covalente. Este processo de inserção do grupo heme ao

holocitocromo é dependente de heme-liase, uma enzima essencial inclusive para expressão de

citocromo c in vitro utilizando tecnologia de DNA recombinante (OLIVER; STUART, 2003;

RUMBLEY; ENGLANDER, 2002). O controle da produção desta proteína no citosol da

célula e sua migração para o interior da mitocôndria envolve processo não descrito que

engloba a entrada e o posicionamento da proteína dentro da organela (LEWIN, 2001;

MUGNOL, 2004; KAWAI et al. 2009).

1.1 Estrutura do citocromo c

Esta pequena proteína apresenta massa molecular em torno de 12 kDa e possui um único

grupo heme contendo ferro, grupo prostético este formado por uma porfirina contendo quatro

anéis de cinco átomos com nitrogênio dispostos em uma estrutura cíclica e coordenados com

um íon de ferro central, que pode estar na sua forma oxidada ou reduzida (figura 3). Este

grupo heme aparece inserido no core da cadeia proteica, composta esta por 103 a 107

aminoácidos, conforme o organismo em que se encontra.

Figura 3 - Ligação com o grupo heme. Ligações com cisteína 14 (cys 14) e cisteína 17 (cys17)

Fonte: MUGNOL (2004)

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A ligação entre o grupo heme e a cadeia proteica é do tipo covalente, esta ligação no

citocromo c é estabelecida por ligações tioéster entre o grupo heme e dois aminoácidos da

cadeia proteica, a cisteína 14 e a cisteína 17. No seu estado nativo, o citocromo c contém o

ferro hemínico hexacoordenado, sendo a quinta e a sexta coordenações ocupadas por outros

dois aminoácidos da cadeia polipeptídica, a histidina 18 e a metionina 80, respectivamente

(TUOMINEN; WALLACE; KINNUNEM, 2002; RYTOMAA; KINNUNEM, 1995;

GEBICKA, 1999).

Inúmeros estudos demonstram o papel do grupo heme em mecanismos de controle da

estrutura de proteínas e a influência nas funções de tais proteínas considerando a natureza de

seus ligantes coordenados ao átomo de ferro bem como a natureza dos aminoácidos presentes

na cadeia, próximo ao sítio ativo. Estes estudos são de grande importância na determinação e

compreensão da estrutura e função de hemoproteínas (SHELNUTT, 1998).

O alto teor de lisinas presentes na cadeia de aminoácidos do citocromo c (figura 4) confere

a proteína um caráter básico e seu ponto isoelétrico fica próximo a dez (YANG et al. 1997;

KLUCK et al. 1997).

Figura 4 - Estrutura secundária do citocromo c

Fonte: MUGNOL (2004)

Devido à variabilidade na sequência de aminoácidos e na extensão da cadeia polipeptídica,

bem como sua estrutura (figura 5), o citocromo c está associado à detecção de respostas a

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sinais específicos do interior da membrana mitocondrial, sinais ainda pouco conhecidos,

podendo desencadear processo apoptótico no citosol (RINALDI et al. 2004; ZUCHHI et al.

2003).

A literatura sugere que a efetividade do citocromo c como agente ativador do processo de

apoptose é dependente de seu estado redox e de sua estrutura, o que reforça ainda mais a

necessidade de compreender como o ferro hemínico se comporta em diferentes situações para

inferir estas observações no estudo e no controle da morte celular programada (YANG et al.

1997; KLUCK et al. 1997).

Figura 5 – Estrutura tridimensional do citocromo c de coração de cavalo – nativo

Fonte: MUGNOL (2004)

O citocromo c possui um espectro de absorção bem característico (figura 6), e suas

características são dependentes dos ligantes axiais do ferro hemínico e do microambiente em

que este se encontra. O íon metálico presente é, portanto, fator altamente importante na

determinação da geometria molecular e também da reatividade da proteína (DICKERSON;

TIMKOVICH, 1975).

Figura 6 – Espectro de absorbância UV-Vis de citocromo c de coração de cavalo nos estados de oxidação Fe3+

e

Fe2+

. Linha cheia: citocromo c Fe3+

; linha pontilhada: citocrmo c Fe2+

, Tampão HEPES 10 mM pH 7,4

.

Fonte: PAULA (2013)

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As bandas α, γ e β representam a excitação dos elétrons do anel porfirínico. A banda γ,

também conhecida como Soret absorve radiação próxima da região violeta do espectro, 400-

415 nm, a banda β absorve na região do verde 520-546 nm e a banda α absorve na região do

amarelo 550-604 nm, na forma reduzida (Fe2+

), enquanto que na forma oxidada (Fe3+

)

apresenta uma única banda (banda Q) com pico máximo por volta de 530 nm (DICKERSON;

TIMKOVICH, 1975).

Em situações diversas, é possível ocorrer a perda da sexta posição ocupada pela metionina

80 ou a perda também da quinta coordenação, ocupada pela histidina 18, sendo substituídas

por outros ligantes ainda desconhecidos.

Tais alterações na coordenação distal do ferro hemínico e na estrutura do citocromo c

podem ser desencadeadas por mudanças no microambiente em que a proteína se encontra.

1.2 Funções do citocromo c

A função do citocromo c como transportador de elétrons na cadeia respiratória deve-se a

sua capacidade de oxidação e redução reversível do íon ferro presente no grupo heme inserido

no core da cadeia proteica, envolvendo o transporte de elétrons do complexo III para o IV

ocorrendo a redução de moléculas de O2, permitindo a formação de moléculas de água e, em

conjunto com os demais complexos, promove o bombeamento de prótons da matriz da

mitocôndria para o espaço intermembranas. Esse diferencial de prótons (H+) irá gerar um

potencial eletroquímico que será utilizado no processo de fosforilação oxidativa para síntese

de ATP (MITCHELL, 1997). A figura 7 mostra o esquema de localização do citocromo c na

cadeia transportadora de elétrons presente na membrana interna da mitocôndria.

Representação do fluxo de prótons nos complexos I, II e IV, e fosforilação oxidativa. O fluxo

de elétrons entre os complexos está representado por seta preta.

O citocromo c está também envolvido em processos de estresse oxidativo celular e perda

do potencial de membrana das mitocôndrias sendo que o stress oxidativo, bem como o estado

de oxidação do ferro, são também fatores envolvidos na capacidade apoptótica do citocromo c

(RODRIGUES et al. 2007).

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19

Figura 7 – Esquema de localização de citocromo c na membrana. Cadeia transportadora de elétrons presente na

membrana interna da mitocôndria

Fonte: ALMARAZ et al. (2006)

Estudos de 1998 já afirmavam que é liberado citocromo c da mitocôndria para o citosol

durante a apoptose, fato hoje confirmado e descrito na literatura, e sugerem que esta versão

pode ser um passo crítico na ativação de caspases proapoptóticas que levam à morte celular

(GARLAND; RUDIN, 1998; SHARONOV et al. 2005).

O fato de que o citocromo c utiliza seus resíduos de lisinas para interagir com seus

parceiros de ligação na mitocôndria pode ser de extrema importância à via que conduz para

ativação de caspases no citoplasma da célula (HAMPTO et al. 1998).

Ao receber estímulos de morte, ocorre um colapso do potencial da membrana interna

mitocondrial, desestabilizando a membrana, promovendo alterações na concentração iônica

dentro da célula, esses sinais provocam também a transição de permeabilidade mitocondrial

(TPM), que se trata da permeabilização não seletiva da membrana interna prejudicando a

homeostasia celular. A transição de permeabilidade mitocondrial (TPM) é um processo

caracterizado pela abertura de um canal na membrana mitocondrial interna, conhecido como

poro de transição de permeabilidade (PTP), que é dependente de cálcio (KOWALTOWSKI;

VERCESI; FISKUM, 1999; FADEEL; ORRENIUS, 2005).

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A abertura do poro de transição da permeabilidade promove alterações na permeabilidade

da membrana mitocondrial interna, favorecendo a entrada de solutos e alguns íons e

ocorrendo assim a perda do potencial de membrana levando a um inchamento da organela

(DORTA et al. 2005).

Alguns estudos demonstram ainda a ocorrência do desacoplamento da cadeia respiratória,

além da passagem da água do espaço intermembrana para a matriz mitocondrial, levando a

ruptura da organela, promovendo a liberação de citocromo c para o citoplasma. Ao atingir o

citosol (esquema1) o citocromo c se liga a APAF (fator de ativação da protease apoptótica)

esses dois se ligam a pró-caspase-9 formando um complexo denominado apoptossomo, desta

maneira ocorre a clivagem da pró caspase -9 liberando a caspase-9 ativa que irá ativar a

caspase-3 causando a apoptose celular (figura 8) (BRAJUSKOVIC, 2005; GRIVICICH;

RENGER; ROCHA, 2007).

Figura 8 - Vias gerais do início da cascata apoptótica por ativação de caspases

Fonte: LORENZO; KLAS; GUIDO (2009)

Receptores

Estresse extracelular

Receptores de morte

Estresse intracelular

Apoptossomo

Efetores caspase-independente

Apoptose

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1.3 Apoptose

Os organismos multicelulares dependem das funções realizadas por diversos tipos de

células para sua sobrevivência. Após o desenvolvimento, a viabilidades desses organismos é

determinada e mantida pela manutenção e renovação dessas células, através do equilíbrio

entre proliferação e morte celular. A apoptose é um tipo de morte celular essencial no

desenvolvimento e na homeostase dos tecidos vivos (THOMPSON, 1995; DESAGHER;

MARTINOU, 2000).

O termo apoptose refere-se a um evento de morte celular com características morfológicas

perfeitamente diferenciadas da necrose (DESAGHER; MARTINOU, 2000).

A necrose caracteriza-se pela condensação da cromatina e aumento de volume celular, as

mitocôndrias dilatam-se, juntamente com o retículo endoplasmático, e ocorre desagregação

dos ribossomos (UCHIYAMA, 1995).

Além disso, a necrose apresenta alteração na permeabilidade da membrana celular,

diminuição nos níveis de ATP, e tem como resultado, o comprometimento da bomba de

Na+/K

+ e de outros fenômenos que são ATP-dependentes (TRUMP et al. 1997).

Como resultado, temos o rompimento da membrana plasmática e liberação do material do

citoplasma, responsável por promover uma reação inflamatória local. Ainda que ocorra

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remoção do material necrótico por fagócitos, a inflamação causa danos locais importantes

para o tecido (KERR et al. 1994).

Na apoptose observamos a redução exacerbada do volume celular, acompanhada de

dilatação do retículo endoplasmático, com retração da membrana plasmática. O núcleo

apresenta condensação da cromatina ao redor da periferia nuclear (WYLLIE et al. 1997).

Após eletroforese do DNA em gel, observa-se padrão característico “em escada”, opondo-se

ao arrastado visto na necrose. Isso se deve ao fato de que as quebras no DNA ocorrem entre

os nucleossomas, formando fragmentos múltiplos de 180-200 pares de bases (KERR et al.

1994).

A apoptose não apresenta rompimento da membrana plasmática, não ocorrendo a liberação

de componentes celulares para o meio extracelular (KERR et al. 1994).

Observamos o fosfolípide fosfatidilserina, exposta em sua porção externa, antes mantido

normalmente em seu folheto interno (DESAGHER; MARTINOU, 2000), servindo como sinal

para fagocitose da célula apoptótica por macrófagos e células adjacentes inibindo a reação

inflamatória, evitando o comprometimento de estruturas sadias dos tecidos (FRASER;

EVAN, 1996; GREEN; KROEMER, 1998; ISRAELS; ISRAELS, 1999; HENSON; HUME,

2006).

Por ser reconhecida como um mecanismo de defesa antineoplásica, existe uma intensa

investigação dos mecanismos moleculares de apoptose, a fim de desenvolver técnicas

aplicáveis na destruição de células tumorais (GRIVICICH; RENGER; ROCHA, 2007).

O mecanismo de liberação de citocromo c da membrana interna mitocondrial para o citosol

para o desencadeamento da cascata apoptótica não está elucidado e bem descrito na literatura.

Alguns trabalhos sugerem que a liberação de citocromo c para o citosol provavelmente

envolvem duas vias, sendo uma Ca2+

dependente e outra Ca2+

independente. Na primeira via,

o aumento da concentração de Ca2+

mitocondrial promove a abertura de poros de transição de

permeabilidade, resultando na perda da matriz mitocondrial, ruptura da membrana

mitocondrial externa e liberação de citocromo c. A segunda é regulada por proteínas da

família Bcl-2 constituída de membros proapoptóticos que promovem a liberação de proteínas

mitocondriais para o citosol, como por exemplo, Bid, Bax e citocromo c, e, membros

antiapoptóticos, que pode atuar inibindo a liberação de proteína mitocondriais, como Bcl-2 e

Bcl-xL ( KOWALTOWSKI; VERCESI; FISKUM, 2000).

A literatura atual apresenta evidências indicando que a forma oxidada do citocromo c é

importante para o envolvimento da cascata de caspases na ausência de qualquer outro indutor

de apoptose. Estes estudos demonstraram que o citocromo c Fe3+

regula a formação de H2O2

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ao nível celular por mecanismos ainda desconhecidos que necessitam de estudos pra

compreender a bioquímica neste evento (MIN; WANG; JIAN, 2008).

A associação do citocromo c com diferentes interfaces carregadas modifica sua atividade

devido ao maior ou menor relaxamento desta sexta posição de coordenação e pode favorecer a

atividade peroxidatica da proteína. A habilidade do citocromo c como carreador na cadeia

respiratória ou como ativador de caspase no processo de apoptose é dependente da sua

associação com membranas e complexos proteicos. Esta modulação na ação do citocromo c é

importante para desencadear e controlar eventos biológicos onde esta proteína está envolvida,

estudos revelam inclusive que existe uma estreita relação entre a natureza da cadeia lipídica e

o estado de spin do citocromo c. A interação do citocromo c com interfaces carregadas

interferem diretamente no spin do ferro hemínico.

1.4 Os diferentes estados de Spin do citocromo c

Dentro dos processos biológicos, o ferro desempenha o papel de transportador de elétrons,

o que leva a produção de energia para as células. Este transporte é realizado através do íon

ferro que muda sua valência perdendo ou ganhando elétrons.

O íon ferro apresenta-se em três estados de oxidação: Fe 2+

com configuração eletrônica d6

(ferroso), Fe 3+

com configuração eletrônica d5

(férrico) e Fe4+

com configuração eletrônica d4

(ferril). A camada 3D é formada por cinco orbitais que podem ser ocupados por no máximo

10 elétrons, estando 2 em cada orbital. Os orbitais não são idênticos entre si, no íon livre os

cinco orbitais possuem a mesma energia, porém, considerando a ligação com ferro em seis

ligantes, o efeito do campo cristalino de cada ligante não é o mesmo em todos os orbitais.

A teoria do campo cristalino considera ligantes como cargas pontuais negativas que irão

originar um campo elétrico que atua sobre o íon paramagnético. Dependendo da intensidade

do campo cristalino poderá ter configuração que variam de alto spin a baixo spin, desta

maneira, ligantes fortes fornecem uma configuração baixo spin e ligantes fracos fornecem

uma configuração alto spin (PRIETO, 2004).

É conhecido como spin o giro do elétron em torno de si mesmo, sendo uma propriedade

quântica relacionada ao magnetismo. Esta quantidade de movimento angular presente nos

elétrons que gira em torno de si mesmo é representado por um vetor que pode estar voltado

para cima indicando rotação de oeste para leste (sentido anti-horário) ou para baixo, indicando

rotação leste para oeste (sentido-horário), ocasionando energias diferentes dentro de um

campo magnético (AWSCHALOM; FLATT; SAMARTH, 2002).

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O átomo de ferro presente no citocromo c pode apresentar-se Fe3+

ou Fe2+

com

configurações 3d5 e 3d

6, estando seus elétrons distribuídos conforme tabela 1.

O citocromo c apresenta três estados de spin, a condição de baixo spin alternativo está

relacionado à interação do citocromo c com modelos de membrana mitocondrial carregados

negativamente e tensoativos. Esta interação do citocromo c com membranas e sistemas

micelares pode definir alterações no estado de spin do ferro hemínico, as quais têm influência

direta sobre a estrutura da proteína e suas propriedades.

Os diferentes estados de spin podem ocorrer em uma mistura de estruturas lipídicas e

citocromo c. Em presença de diferentes interfaces carregadas negativamente, tem-se

diferentes estados de spin e variam também de acordo com o lipídeo envolvido e a proporção

em que se encontra a mistura (ZUCHHI et al. 2003).

1.5 Sistemas micelares e tensoativos

A habilidade do citocromo c como carreador de elétrons na cadeia respiratória ou como

ativador das caspases no processo de apoptose é dependente de sua associação com

membranas e complexos proteicos. Esta modulação na ação do citocromo c é importante para

desencadear e controlar eventos biológicos onde esta proteína está envolvida. A interação

entre o citocromo c e uma membrana lipídica inicia-se por uma interação eletrostática com a

superfície da membrana seguida por uma interação hidrofóbica entre a cadeia carbônica do

lipídio no interior da membrana (MUGNOL, 2004).

Membranas são estruturas dinâmicas que permitem às células ajustarem sua forma e

mudarem sua posição, além de organizar sequências de reações complexas essenciais para

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conservação da energia e para comunicação entre células e modularem a estrutura e função de

várias proteínas. Os componentes lipídicos, proteicos e carboidratos são adequados a esse

papel dinâmico. A característica estrutural básica das membranas está relacionada às

propriedades físico-química dos glicerofosfolipídios (lipídios mais abundantes na membrana),

que possuem estrutura anfipática. Os compostos que possuem uma cabeça hidrofílica e uma

cauda hidrofóbica são chamados anfipáticos, e interagem em sistemas aquosos in vitro

formando estruturas conhecidas como micelas. As cabeças polares ficam expostas para o lado

de fora interagindo com a água, enquanto que as caudas hidrofóbicas interagem excluindo a

água. Esses agregados moleculares possuindo ambas as regiões estruturais, hidrofílicas e

hidrofóbicas, se associam em solução aquosa a partir de certa concentração, o que é dita

concentração micelar crítica (CMC) (DEVLIN, 2007).

A formação de micelas ocorre quando a área transversal dos grupos carregados (cabeça)

for maior que a cadeia acila lateral (cauda) como ocorre nos ácidos graxos livres, nos

lisofosfolipídios (fosfolipídeos sem um ácido graxo) e nos detergentes (LEHNINGER, 2006).

A estrutura das micelas é estável devido à interação hidrofóbica entre as cadeias

hidrocarbônicas e a atração dos grupos polares pela água (DEVLIN, 2007).

Diferente das micelas que são formadas quando a área transversal dos grupos carregados

for maior que a cadeia acila lateral, quando estas duas regiões são semelhantes, ocorre a

formação de bicamadas lipídicas. Estas, ao dobrar-se sobre si mesma, irão compor uma

estrutura dita lipossomo. As três estruturas possíveis estão à mostra na figura 9.

Figura 9- Agregados lipídicos anfipáticos que se formam na água

(a) Nas micelas, as cadeias anfipáticas dos ácidos graxos estão seqüestradas no interior hidrofóbico da esfera

onde, praticamente, não há água. (b) Na bicamada aberta, todas as cadeias acila laterais, exceto aquelas nas

margens da lâmina, estão protegidas da interação com água. (c) Quando uma bicamada bidimensional se

dobra, ela forma uma bicamada fechada, uma vesícula tridimensional oca (lipossomo) envolvendo uma

cavidade contendo água.

Fonte: LEHNINGER (2006)

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Os lipídios da membrana celular e da membrana de organelas por si só são tensoativos que

conferem à membrana sua estrutura. Sendo assim, a construção de modelos utilizando

tensoativos visa mimetizar condições presentes nas membranas biológicas (BRANDÃO,

1997).

Os agentes tensoativos são também classificados como anfifílicos ou anfipáticos, pois

apresentam na mesma molécula uma porção hidrofílica polar (cabeça) e uma porção

hidrofóbica apolar (cauda). A cabeça da molécula pode ser carregada ou não, de acordo com o

tensoativo. Quando carregado pode ser aniônico, catiônico ou zwiteriônico, contendo grupos

fosfato, amino, sulfato e carboxila, enquanto que os não carregados são representados por

grupos hidroxila, carbonila, éter e carboxila protonada (ROCHA, 1997).

Os tensoativos, também chamados de detergentes ou surfactantes, são compostos solúveis

em meio aquoso e formam micelas de tamanhos e formas variadas de acordo com a

concentração utilizada e da estrutura do tensoativo (tamanho da cadeia de hidrocarbonetos),

alem das condições do ambiente (força iônica, contra íons, temperatura, pH etc.) (MUGNOL,

2004).

Abaixo da CMC, o tensoativo está predominantemente na forma de monômeros. Quando a

concentração está abaixo, porém próxima da CMC, existe um equilíbrio dinâmico entre

monômeros e micelas e, em concentrações acima da CMC, as micelas possuem um diâmetro

entre 3-6 nm o que representa de 30-200 monômeros (PRIETO, 2004).

Do ponto de vista analítico, uma das mais importantes propriedades dessas estruturas

organizadas é a sua capacidade de solubilizar solutos de diferentes características. Esses

solutos podem interagir eletrostaticamente, hidrofobicamente e pela combinação de ambos os

efeitos (MORAES, 2011).

Estudos de purificação de produtos biotecnológicos como enzimas e proteínas através do

uso de micelas reversas demonstram o interesse científico nesta técnica. Micelas reversas são

formações espontâneas e reversíveis de agregados esféricos de moléculas anfifílicas em

solução apolar. Na presença de água solubilizada, os centros aquosos presentes nesses

agregados são capazes de solubilizar proteínas, enzimas e outras substâncias (HASMANN,

2007).

Para realizar estudos com proteínas é necessário um detergente que promova a estabilidade

da proteína e que formem micelas pequenas. A interação do citocromo c com interfaces

carregadas interferem diretamente no spin do ferro hemínico

No caso do uso de interfaces carregadas negativamente estas alterações são ainda mais

evidentes. Sendo assim, para esta pesquisa o tensoativo de escolha foi o dodecil sulfato de

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sódio (SDS), mais conhecido como lauril sulfato de sódio (figura 10), a fim de mimetizar

membranas biológicas e induzir o citocromo c ao estado de baixo spin alternativo, sendo

relevante saber algumas características desse surfactante. Sua fórmula molecular é

C12H25NaO4S e seu peso molecular é aproximadamente 288,38 g/mol. É um tensoativo de

caráter aniônico facilmente solúvel em água, sua CMC é em torno de 7,0 mM, e possui uma

efetiva interação com citocromo c, que possui carga positiva (MUGNOL, 2004).

Figura 10 - Estrutura Química Dodecil Sulfato de Sódio - Lauril Sulfato de Sódio

Em estudos realizados com micelas de SDS, a concentração do surfactante também tem

influência direta sobre o estado de spin. Altas concentrações de SDS levam o citocromo c a

um estado alto-spin, enquanto que concentrações próximas à CMC promovem alterações

compatíveis com um estado dito baixo spin alternativo. Acredita-se que tais alterações tenham

relação direta com o sexto ligante do ferro hemínico (TUOMINEN; WALLACE;

KINNUNEM, 2002; RYTOMAA; KINNUNEM, 1995; GEBICKA, 1999).

Como a metionina é um ligante de campo forte, o ferro hemínico do citocromo c em seu

estado nativo apresenta-se na forma baixo spin (figura 11). Entretanto, esta ligação entre o

enxofre da metionina e o ferro hemínico pode ser enfraquecida e/ou rompida em função de

alterações no ambiente em que a proteína se encontra e as mudanças decorrentes deste fato

afetam a estrutura e consequentemente função do citocromo c. Estando pentacoordenado ou

hexacoordenado, porém com um ligante de campo fraco, o ferro hemínico passa ao status de

forma alto spin. Estas alterações favorecem ao citocromo c exercer suas funções (NANTES

et al. 2000; NANTES et al. 2001).

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Figura 11 – Ligação entre o grupo heme e a porção proteica do citocromo c

Fonte: MUGNOL (2004)

O papel do sexto ligante do ferro hemínico na estrutura e na reatividade do citocromo c

tem sido bastante discutido. O estado referido e descrito por Zucchi et al (2013) como baixo

spin alternativo, refere-se a condição onde o citocromo c apresenta-se ainda no estado baixo

spin, isto é, hexacoordenado, porém mais simétrico, assumindo uma forma dita menos

rômbica em relação ao citocromo c nativo. Nesta condição, acredita-se que tenha ocorrido

uma alteração de ligante no ferro hemínico na sexta posição de coordenação, de metionina

para lisina (ZUCHHI et al. 2003).

Mugnol et al (2008) comprovaram que esta forma baixo spin alternativo pode ser induzida

pela interação do citocromo c Fe3+

e Fe2+

com micelas de SDS e também com micelas

reversas de AOT/hexano. Nestes microambientes, foi possível por meio de técnicas como a

Ressonância Paramagnética Eletrônica (EPR), a espectroscopia no UV-vis, o dicroísmo

circular (CD), o dicroísmo circular magnético (MCD), a espectroscopia de fluorescência e a

ressonância Raman obter resultados consistentes com a substituição da metionina 80 como

sexto ligante do ferro hemínico por outro ligante de campo forte, com a maior simetria da

proteína e com manutenção do enovelamento proteico. Os resultados reforçam outra

suposição, a de que a Lisina 79 (figura 12) seja a ocupante da sexta coordenação do ferro

hemínico neste estado de baixo spin alternativo, substituindo a metionina 80 da forma nativa.

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29

Figura 12 - Estrutura tridimensional do citocromo c

Fonte: MUGNOL (2004)

A fim de compreender as alterações promovidas na estrutura do citocromo c devido a

alterações ocorridas em seus ligantes e a influência deste evento na indução da morte celular

induzida por citocromo c a utilização de formas mutantes desta proteína com mutações sítio

dirigidas que permitem a troca de resíduos específicos podem, por exemplo, determinar

alterações decorrentes da ausência da lisina na posição 79 e assim fornecer informações

importantes sobre a atuação deste aminoácido nesta posição na estrutura e função da proteína.

Ferramentas que empregam técnicas de biologia molecular e mutagênese sítio-dirigida vêm

sendo empregadas em estudos envolvendo citocromo c e se tornaram importantes para a

elucidação não somente do papel da proteína como um todo, mas de diferentes e específicos

resíduos de aminoácidos (RUMBLEY; HOAND; ENGLANDER, 2002; KAWAI et al.

2009).

Trabalhos anteriores comprovaram a efetividade do citocromo c como agente indutor de

morte celular através da utilização de técnicas de microinjeção e eletroporação, e mostraram

também que estes procedimentos são ferramentas promissoras e altamente eficientes na

transferência de citocromo c exógeno para o citoplasma de células. Através do

acompanhamento das reações utilizando técnicas de imagens digitais de fluorescência e

microscopia ópticas e também eletrônica é possível avaliar as alterações e caracterização

morfológica das células utilizadas para a aplicação de citocromo c, os resultados obtidos

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30

nestes trabalhos demonstraram início de apoptose celular aproximadamente 30 minutos após a

microinjeção de citocromo c, permanecendo sob monitoramento durante um período de 5

horas, sendo que, após três horas foi observado o índice de 80% de células apoptóticas

(SEUNG et al. 2000).

Sharonov et al (2005) utilizaram das mesmas técnicas para avaliar a capacidade de indução

de morte celular do citocromo c, utilizando formas mutantes da proteína afim de investigar o

papel dos resíduos de aminoácidos, obtendo mutações em resíduos individuais na lisina da

posição 72 , sendo substituídas por alanina (A), glutamato (E), leucina (L) e triptofano (W),

a capacidade de indução de morte celular dos mutantes foram comparadas a atividade do

citocromo c nativo, sendo que este último apresentou 97% de morte celular, os resultados

mostram que a substituição da lisina na posição 72 por alanina apresentou redução da

atividade apoptótica cinco vezes menor, quando comparada a forma nativa, enquanto que as

formas mutantes K72E, K72L apresentaram visível diminuição da atividade apoptótica

mesmo em altas concentrações de citocromo c diferentemente do mutante K72W, que não

apresentou atividade de indução de morte celular, no entanto esta forma mutante não

apresentou alterações na capacidade de transportar elétrons na cadeia respiratória, os autores

sugerem que esta forma mutante do citocromo c ao se ligar a APAF-1 forma um complexo

inativo não tendo capacidade de induzir a morte celular.

Considerando o papel do citocromo c no disparo da apoptose, a provável influência de

alguns resíduos específicos de aminoácidos nesse processo e a capacidade desta proteína de

sofrer alterações em seu potencial redox e no estado de spin face a diferentes interfaces, faz-se

interessante investigar, utilizando-se de formas com mutações em sítios específicos, as

modificações estruturais e funcionais promovidas pela substituição de aminoácidos

potencialmente envolvidos na interação do citocromo c com membranas biológicas, no

processo apoptótico e na mudança para um estado de baixo spin alternativo.

Visando determinar se especificamente o resíduo de lisina 79, aminoácido potencialmente

envolvido no estado de baixo spin alternativo, afeta a estrutura e funções do citocromo c,

neste trabalho propusemos a obtenção de forma mutante de citocromo c com troca deste

resíduo por alanina seguido de análises estruturais e funcionais que possam caracterizar sua

importância no desenvolvimento do processo apoptótico induzido por citocromo.

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31

2 OBJETIVO

Geral

Demonstrar o papel do resíduo de lisina 79 na estrutura e função de citocromo c visando

caracterizar sua influência no processo apoptótico.

2.1 Objetivos específicos:

2.1.1. Obter as proteínas citocromo c mutantes a partir da expressão de plasmídeos contendo

gene para citocromo c de coração de cavalo, com substituição dos aminoácidos de interesse

pela técnica de mutagênese sítio-dirigida.

2.1.2. Caracterizar a estrutura das proteínas mutantes visando determinar possíveis alterações

de ligantes do ferro hemínico, por espectroscopia no UV-vis, e alterações de enovelamento da

cadeia proteica ao redor do grupo heme, por espectroscopia de fluorescência.

2.1.3. Determinar as possíveis diferenças na estrutura secundária e no conteúdo de alfa-hélice

das proteínas citocromo c mutantes decorrentes da substituição dos aminoácidos em questão

por meio de técnica de dicroísmo circular no far-UV.

2.1.4. Determinar o comportamento e a temperatura média de desenovelamento das proteínas

mutantes frente a variações de temperatura utilizando técnica de dicroísmo circular.

2.1.5. Determinar possíveis diferenças na capacidade de óxido-redução das proteínas

citocromo c mutantes empregando aldeídos e peróxidos como agentes redutor e oxidante.

2.1.6. Determinar o potencial em induzir as proteinas citocromo c mutantes ao estado de baixo

spin alternativo pela interação de citocromo c com micelas aquosas de SDS visando

determinar o papel do resíduo de lisina 79 como potencial ligante alternativo do ferro

hemínico neste microambiente.

2.1.7. Avaliar a capacidade das formas mutantes do citocromo c na ativação de cadeia de

caspases em extrato citosólico.

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32

3 MATERIAL E MÉTODO

Para o atendimento aos objetivos, foram empregados reagentes de qualidade analítica,

adquiridos da Sigma Aldrich, Merck e Synth. Os plasmídios utilizados para expressão das

formas mutantes de citocromo c testadas foram produzidos na Faculdade de Medicina e na

Faculdade de Ciências da Universidad de La Republica – UDELAR, em Montevidéu, Uruguai

por técnica de mutagênese sítio-dirigida em período anterior ao do desenvolvimento deste

projeto.

3.1 Preparo das soluções de citocromo c Fe3+

em tampão fosfato de sódio

A solução estoque de citocromo c Fe3+

foi preparada a partir da dissolução completa da

proteína adquirida comercialmente na forma liofilizada (Sigma) em tampão fosfato de sódio 5

mM pH 7,4. A concentração da solução estoque foi confirmada com a utilização de

espectroscopia no UV-vis utilizando espectrofotômetro fotodiodo Multispec 1501 (Shimadzu)

considerando coeficiente de extinção molar a 549 nm igual a 0,89 x 104 M

-1.cm

-1.

3.2 Preparo das soluções de SDS

Quantidades necessárias de SDS, Dodecil-sulfato de sódio (Sigma), para as concentrações

selecionadas, foram dissolvidas diretamente em solução tampão fosfato de sódio 5 mM pH

7,4 preparado com fosfato de sódio monobásico e dibásico e pH ajustado com NaOH e HCl.

3.3 Preparo das soluções de citocromo c Fe3+

em SDS

A partir da solução estoque de citocromo c Fe3+

dissolvido em tampão fosfato de sódio 5

mM pH 7,4 foram preparadas soluções de trabalho a 100 µM empregando como diluente as

soluções de SDS preparadas no mesmo tampão.

3.4 Preparo das soluções de DPAA (Diphenyl acetaldeydo)

Quantidades necessárias de DPAA em gramas, para as concentrações selecionadas, foram

dissolvidas diretamente em etanol e a solução foi armazenada em -20ºC.

3.5 Preparo das soluções de t-BuOOH (tert-butil hidroperóxido)

Quantidades necessárias de t-BuOOH em mililitros, para as concentrações selecionadas,

foram diluídas em H2O deionizada e a solução foi armazenada em eppendorf a -20ºC.

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33

3.6 Obtenção das formas mutantes de citocromo c

Foram obtidas formas mutantes de citocromo c a partir de mutação sítio-dirigida realizada

sobre plasmídio PJRhrsN2 desenhado por Rumbley, Hoand e Englander e cedido pelo Prof.

Dr Rafael Radi, da Universidad de la Republica, em Montevidéu. A forma original do

plasmídio possui duas mutações pontuais nas histidinas 26 e 33, que foram substituídas por

asparagina. Tais substituições foram realizadas pelo fato destes resíduos de histidina agirem

como uma barreira cinética ao enovelamento proteico, participando do enovelamento

proteico em sua biogênese, atuando como ligante em substituição a metionina 80 em

determinada etapa deste processo. Sua substituição, portanto, permitiu um aumento no

rendimento da expressão de modo que sua expressão direta resulta no citocromo c

H26N/H33N denominado pseudo-wild-type (pwt). (RUMBLEY; HOAND; ENGLANDER,

2002; KAWAI et al. 2009).

Mutação adicional a esta foi inserida para substituição do resíduo de lisina na posição 79

por alanina, produzindo a forma H26N/H33N/K79A. O plasmídio desenhado por Rumbley,

Hoand e Englander, chamado PJRhrsN2 (figura 13) contém o gene para expressão de

citocromo c e o gene que codifica a heme-liase, promovendo a obtenção da proteína

funcional, apresentando grupo heme unido por ligação covalente à cadeia polipeptídica. O

plasmídio, o PJRhrsN2 possui também o gene para β-lactamase (Ampr) que confere

resistência à ampicilina, e que atua como forma de seleção de colônias transformadas.

Figura 13– Plasmídio PJRhrsN2

Fonte: RUMBLEY; HOAND; ENGLANDER (2002)

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No intuito de produzir formas mutantes com substituição nos resíduo de aminoácido da

posição 79, e também nos resíduos de histidina 26 e 33 utilizando o plasmídio PJRhrsN2.

Para tanto, foi empregado kit Invitrogen e oligonucleotídeos :

AR- 5’- GAA GTA CAT TCC TGG TAC TGC GAT GAT TTT CGC TGG TAT TAA G -3’

AF 5’-CTT AAT ACC AGC GAA AAT CAT CGC AGT ACC AGG AAT GTA CTT C -3’

A partir desta etapa foi dada sequência aos procedimentos de isolamento plasmidial,

eletroforese (figura 14) e sequenciamento do DNA (figura 15).

Figura14 - Isolamento de DNA plasmídico realizado em a partir de 6 colônias selecionadas de LB Ágar com

Ampicilina obtido da primeira transformação pós-mutagênese seguido de eletroforese em gel de agarose

Figura 15 - Sequenciamento da Colônia 1 – As sequencias apresentam as mutações desejadas e não

apresentam substituições, deleções ou inserções quando comparadas à seqüência do plasmídeo wt.

Colônias 1,2,3,4,5 e 6

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35

3.7 Eletroforese

Após obtenção das proteínas citocromo c mutantes, as amostras foram submetidas à

eletroforese em gel de poliacrilamida (acrilamida e metil bisacrilamida) em presença de SDS.

O gel foi constituído de uma solução de acrilamida- bisacrilamida a 30% em H2O deionizada

e tampão tris- HCl pH 8,8 contendo SDS a 10%. Foi acrescentada uma solução de persulfato

de amônio a 1% e TEMED 0,04%. As amostras foram solubilizadas em tampão de amostra e

H2O e aquecidas a 95º por 5 minutos e então aplicadas no gel. Após corrida eletroforética por

2 horas a 80 V o gel foi corado utilizando solução de comassie blue 0,5%. O perfil

eletroforético dos citocromos c H26N/H33N (pwt) e H26N/H33N/K79A foram comparados

com o padrão de peso molecular na faixa de 12kDa de massa e citocromo c nativo 20µM.

A expressão das proteínas foi realizada por transformação em Escherichia coli BL21 Star e

pré-cultivo posterior em LB Ágar contendo ampicilina como agente de seleção.

O plasmídio PJRhrsN2 foi inserido em bactérias do tipo Escherichia coli BL21 Star por

choque térmico, que consiste em deixar o DNA plasmidial em banho de gelo por 30 minutos,

em seguida colocar em banho-maria a 42ºC por 30 segundos, retornar ao banho de gelo para

resfriar, adicionar o meio S.O.C. e incubar a 37ºC, sob agitação a 225 rpm por 1 hora. Em

seguida, plaquar 20 µl do contéudo em placas de LB Ágar contendo 1 mg/mL de ampicilina e

incubar a 37ºC até o dia seguinte. Observar se houve crescimento de colônias.

Para a expressão, em um tubo falcon contendo 25 ml de LB Broth + Ampicilina, foram

adicionadas colônias de Escherichia coli contendo os plasmídeos de interesse. Este tubo é

denominado pré-cultivo. Manteve-se a temperatura de 37°C até o dia seguinte, sob agitação

contínua a 220 rpm. Cada pré-cultivo foi transferido para erlenmeyers contendo 1 litro de

meio Terrific ao qual foi adicionado também 1,0 ml da solução de ampicilina a 100mg/ml

visando manter a seleção das cepas contendo o plasmídio de interesse. Na sequência, os

cultivos foram incubados a 37ºC, sob agitação a 220 rpm, por 7 horas (figura 16).

A expressão do citocromo c foi induzida adicionando-se 0,8 mM de IPTG ao meio após as

horas iniciais de incubação (7 horas). Em seguida, ocorreu a incubação em shaker, a 30°C,

200 rpm por 50 horas. Durante essa fase foram retiradas alíquotas para acompanhamento da

expressão da proteína, percebido pela coloração avermelhada característica do citocromo c.

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36

Figura 16 - Meio terrific em shacker contendo cultivo de cepas de Escherichia coli transformadas com

plasmídio de interesse em período de indução por PTG.

Após incubação, as células foram precipitadas por centrifugação a 6000 g por 20 minutos e

4°C (figura 17). Desprezou-se o sobrenadante e as células foram ressuspensas com tampão de

lise (Tris HCl 50mM em pH 8,0) sendo 3 ml de tampão por grama de célula. Cristais de

DNAse assim como PMSF 1 mM, 30 mg de lisozima e 2% de Tween 20, foram

acrescentados ao material ressuspenso seguido de homogeneização.

Figura 17- Meio de cultura pós-centrifugação evidenciando pelet bacteriano

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A lise celular foi realizada através de sonicação com aparelho sonicador Sonics, Vibra-

Cell, modelo VC50 (figura 18), em 5 ciclos de 10 segundos cada usando as regulagens Duty

Cycle 20% e Output control em nível 5, sempre em banho de gelo, sendo os restos celulares

removidos por centrifugação a 10000 g, a 4° C por 10 minutos.

Figura 18- Processo de sonicação para rompimento celular bacteriano e liberação de citocromo c

Ao volume obtido de sobrenadante foi adicionado sulfato de amônio na proporção de 351g

de sulfato de amônio por litro de sobrenadante. A solução foi mantida a 4°C sob agitação por

10 minutos com auxilio de agitador magnético. Procedeu-se à diálise do sobrenadante até o

dia seguinte utilizando 2 litros de tampão fosfato de potássio 10 mM, pH 7,5 e temperatura de

4°C, sob agitação, com troca de tampão após as primeiras 6 horas de diálise. A diálise foi

realizada com membrana Spectra/Por Membrane da Spectrum com poros de 3,500 kDa.

Para a oxidação do citocromo c, foi adicionado ferrocianeto de potássio 100 µM. A

purificação final foi realizada por cromatografia de troca iônica utilizando resina CM

Sepharose Fast Flow (figura 19), previamente equilibrada com tampão fosfato de potássio 25

mM e pH 7,5. O citocromo ficou retido na coluna enquanto as demais proteínas passaram

livremente. A eluição do citocromo foi realizada utilizando-se um gradiente de 40 a 250 mM

de NaCl, preparados no mesmo tampão de equilíbrio da coluna. Alíquotas de 3 a 5 ml cada

foram coletadas e analisadas em espectrofotômetro, sendo consideradas adequadas aquelas

com relação Abs410nm/Abs280nm superior a 3,2. Estas foram reunidas e submetidas ao processo

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de dessalinização por novo ciclo de diálises em seguida foram concentradas amostras do

citocromo c em filtros Amicon.

O rendimento final do processo foi determinado utilizando-se medida de concentração por

espectrofotometria no UV-vis sendo o 410nm = 106,1 mM-1

.cm-1

.

Figura 19 –Coluna de troca iônica contendo resina CM Sepharose Fast Flow durante processo de purificação

do citocromo c e aliquotas recolhidas na eluição da coluna de troca.

3.8 Espectroscopia de absorção UV/vis na caracterização estrutural das formas

mutantes de citocromo c.

As análises espectroscópicas no UV-vis foram realizadas empregando o espectrofotômetro

fotodiodo Multispec 1501 (Shimadzu) e cubetas de cristal de quartzo de caminho ótico 0,1

cm. Todas as análises foram realizadas à temperatura ambiente e os dados coletados pelo

software Hyper-UV (Shimadzu) e analisados com auxílio do software Origin 6.0 (Microcal)

A caracterização espectroscópica no UV-vis das formas mutantes obtidas foram realizadas

em ambiente homogêneo constituído por tampão fosfato de sódio 5mM pH 7,4 e também em

ambiente heterogêneo constituído de micelas de SDS.

Na espectroscopia UV-vis na a região entre 350 e 490 nm nos é permitido avaliar as

formas mutantes de citocromo c quanto ao estado de spin do ferro hemínico em comparação

à forma nativa, e a preservação da identidade dos seus ligantes axiais e sua forma geométrica.

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No estado nativo, o citocromo c apresenta o ferro hemínico Fe3+

com a presença dos dois

ligantes axiais, histidina 18 e metionina 80, revelando pico de absorção máxima (banda soret)

ao redor de 409 nm e uma banda de absorção em 695nm (banda de transferência de carga) que

permite o monitoramento da presença de ligação entre o ferro hemínico e a metionina 80.

Quando ocorre perda deste ligante, o ferro hemínico é convertido ao estado de alto-spin,

apresentando deslocamento da banda soret para o azul (desvio hipsocrômico) de cerca de 10

nm, chegando a 399 nm e desaparecimento da banda de transferência de carga. O estado

redox do ferro hemínico na forma nativa é determinado por análise das bandas Q que é

visualizada na região entre 500 e 600nm, e que apresenta-se dividida em situações onde o

ferro hemínico encontra-se reduzido (DICKERSON; TIMKOVICH, 1998).

3.9 Espectroscopia de dicroísmo circular CD no far-UV para análise de citocromo c

O dicroísmo circular (CD) é uma técnica que permite análise estrutural de proteínas na

região que traz informações sobre a estrutura secundária da proteína (190 a 260 nm, dita far-

UV) e também informações sobre estado do do grupo heme (de 350 a 700 nm).

Experimentos na região do far-UV permitem inferir diferenças no conteúdo de alfa-hélice

entre diferentes formas de uma mesma hemoproteína, além de avaliar diferenças na

temperatura média de desenovelamento proteico (unfolding) das formas mutantes de

citocromo c em comparação com a forma nativa comercial obtida de coração de cavalo

(RAMOS, 2005)

As análises por espectroscopia de dicroísmo circular foram realizadas empregando

espectropolarímetro JASCO-825 e cubeta de quartzo de caminho ótico de 0,1 cm. Foram

ajustados parâmetros para velocidade de escaneamento em 50 nm/min, modo contínuo, tempo

de resposta de 0,25 segundos, intervalo de leitura em 1,0 nm e total de 8 acumulações por

amostra. Para os experimentos envolvendo desenovelamento foi empregado sistema peltier de

controle de temperatura e medidas de Ɵ molar da amostra em 222nm a cada 2ºC de variação

de temperatura.

As leituras obtidas foram automaticamente transferidas pelo espectropolarímetro para o

software Spectra Viewer, sendo as leituras apresentadas em grau de elipticidade molar ([] em

mdeg.cm2.dmol

-1) e representam a medida da absorbância diferencial entre as duas rotações

de luz circularmente polarizada por uma molécula assimétrica (PAULA, 2013).

As leituras foram obtidas em [] em mdeg.cm2.dmol

-1 e convertidas utilizando-se a equação:

[Ɵ] = (mdeg)/ (C (molar). L (mm).

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40

3.10 Análise estrutural das formas mutantes e nativa de citocromo c por espectroscopia

de fluorescência

A espectroscopia de fluorescência utilizada para análise estrutural de proteínas permite

avaliar o enovelamento da proteína de acordo com a proximidade do ferro hemínico com

aminoácidos aromáticos presentes na cadeia proteica do citocromo c. são eles os aminoácidos

triptofano e tirosina que emitem fluorescência no comprimento de onda 280 e 274

respectivamente.

A interação entre o ferro hemínico e esses aminoácidos é do tipo Foster, promovendo

transferência de energia levando a supressão da fluorescência pelos aminoácidos. O grau de

supressão está relacionado a proximidade do ferro hemínico e os aminoácidos aromáticos,

uma vez que ocorra afastamento ocorrera aumento de fluorescência.

As análises por espectroscopia de fluorescência foram realizadas empregando

espectrofluorímetro Hitachi F-2500 (Hitachi) e cubetas de cristal de quartzo de quatro faces

livres e caminho ótico 1,0 cm. Foram empregados comprimentos de onda de excitação em

282 nm (excitação do triptofano) e fendas (slits) de 5 nm.

3.11 Estudo da atividade catalítica do citocromo c

Com a utilização de peróxidos e aldeídos, atuando respectivamente como receptores e

doadores de elétrons, é possível estudar a atividade catalítica do citocromo c. Estes estudos

foram realizados com a utilização de aldeídos (DPAA) e peróxidos (t-BuOOH) através do

acompanhamento de cinéticas de óxido-redução por espectroscopia no UV-vis. Na figura 20

estão apresentadas as estruturas dos agentes redutores e oxidantes. Foram utilizadas

quantidades equimolares de citocromo c e DPAA nos testes de redução e concentrações dez

vezes superiores de t-BuOOH nos testes de oxidação.

Figura 20 - Estrutura do Difenilacetaldeido DPAA (agente redutor) e t –butyl hidroperóxido (agente oxidante)

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As cinéticas foram realizadas isoladamente com DPAA ou com t-BuOOH. As medidas

foram realizadas com intervalo de leitura de 1 segundo, em cubetas de cristal de quartzo de

caminho óptico de 0,1 cm e acompanhamento visual de alterações em 409 nm, ponto de maior

absorção do citocromo c, e também alterações em 549 nm, ponto de indicação do estado

redox do íon ferro.

A adição do t-BuOOH ou do DPAA nas reações isoladas ocorreu aos 30 segundos de

reação e foram adicionados com auxílio de uma micro-seringa (volume 10 µl) e a própria foi

utilizada para homogeneizar a solução. As cinéticas isoladas foram acompanhadas por 3600

segundos (1 hora), sendo registrados os espectros no intervalo de 200 a 800 nm.

3.12 Análise da ativação de caspase-3 pelas formas mutantes de citocromo c

Visando verificar se as formas mutantes de citocromo c selecionadas para este tudo são

capazes de ativar caspase-3 da mesma maneira que a forma nativa da proteína foram

empregados neste experimento extrato citosólico obtido de células de músculo liso e kit

comercial EnzCheck Caspase-3 da Molecular Probes (USA) contendo o peptídeo

fluorogênico, Z-DEVD-AMC.

As células de músculo liso de aorta de coelho (MLAC) são células aderentes, que foram

mantidas em nitrogênio líquido em meio criopreservador composto por 10% de Dimetil

sulfóxido (DMSO) + 90% de albumina bovina até o momento de sua utilização.

Figura 21 – Células de aorta de coelho aderidas na garrafa de cultivo, em meio de cultivo DMEM suplementado

com albumina bovina. Vista em microscópio ótico invertido. Esquerda: 10X Direita: 40X

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Para a primeira semeadura as células foram previamente descongeladas em banho-maria a

37º C sob leve agitação, transferidas para um tubo falcon estéril com 10 mL de DMEM

(Dulbecco’s Modified Eagle’s Medium) suplementado com soro fetal bovino e pool de

antibióticos (10.000 unidades de penicilina e 10 mg de estreptomicina por mL em 0,9% de

NaCl) e submetidas à centrifugação por 10 minutos a 10.000g O pellet obtido foi

ressuspendido com 1 mL de DMEM suplementado e transferido para uma garrafa de cultivo

contendo o mesmo meio. Esta foi mantida a 37º C em estufa para cultivo celular com

atmosfera em 5% de CO2.

A densidade celular foi observada a cada 24 horas em microscópio ótico. Atingida

confluência de 70% foi realizado repique, com descarte do meio presente e lavagens

sequenciais com meio CMF (8,0 g de NaCl, 0,4 g de KCl, 0,1 g de Na2SO4, 0,4 g de

Na2HPO4.12 H2O, 0,15 g de KH2PO4, 1,1 de glicose, 0,0025 g de phenol red e quantidade

suficiente de água deionizada estéril para completar 1000 ml. Meio filtrado em membrana de

0,22 micrômetros sob vácuo após ajuste do pH para 7,4 com NaOH e HCl). Após descarte de

todo CMF, foram adicionados 3 mL de solução de tripsina + EDTA e a garrafa mantida em

estufa por 2 minutos a 37º C, para favorecer o desprendimento das células ( figura 22).

Comprovado o desprendimento das células em microscópio ótico invertido, a tripsina foi

neutralizada por adição de 6 mL de DMEM suplementado. Todo o conteúdo foi transferido

para um tubo falcon estéril e centrifugado por 10 minutos a 10.000g. O sobrenadante foi

descartado e o pellet ressuspendido com 1 mL de DMEM suplementado. A contagem das

células totais foi realizada em câmara de Neubauer pela técnica de azul de tripan na proporção

de 10 µl da solução com as células para 90 µl do corante. Calculada a concentração de células

viáveis (não coradas pelo azul de tripan), volume suficiente para concentração de 1 x 106

células no novo cultivo foi transferido para garrafa contendo DMEM suplementado.

Utilizando microscópio ótico invertido a presença de células foi confirmada e a garrafa

retornou a estufa a 37º C e 5% de CO2 por três dias, sendo o crescimento observado a cada 24

horas.

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43

Figura 22 – Células de músculo liso de aorta de coelho sob a ação da trispina. Vista em microscópio ótico

invertido utilizando aumento de 400X.

Como ambiente de reação fornecedor de pró-caspases, foi empregado extrato citosólico

obtido pela lise de células MLAC induzida por diferença de temperatura, segundo técnica

descrita por ABMAYR, (2006). As células cultivadas foram desprendidas por tripsina em

processo similar ao do repique e então centrifugadas com ressuspensão posterior do pellet em

1 ml de tampão isotônico (sacarose 250 mM, HEPES 10 mM, KCl 10 mM, MgCl2 1,5 mM,

EDTA 1mM, EGTA 1 mM e pH 6,3) e repetidas as centrifugações para que sobrassem

somente as células, ressupendendo por último na solução de lise oferecido pelo próprio kit (50

µL tampão 20X concentrado + 950µL de água deionizada). Após homogeneização suave a

solução foi deixada em temperatura ambiente por 10 minutos. Em seguida, promoveu-se um

processo de congelamento e descongelamento rápido visando o rompimento das células e

liberação do citosol. Para o congelamento o material foi colocado em freezer a -80ºC por 30

minutos e descongelado à temperatura ambiente, sendo o ciclo repetido por 3 vezes. Em

seguida o material foi centrifugado por 10 minutos a 10.000g sendo o sobrenadante reservado

em banho de gelo até o momento do uso.

A quantidade de proteínas presentes no extrato citosólico foi determinada pelo método de

Bradford, descrito a seguir.

A atividade de caspase foi medida através da reação enzimática utilizando como o kit

EnzCheck Caspase-3 da Molecular Probes (USA), que tem como componente sinalizador de

ativação de caspases o peptídeo fluorogênico, Z-DEVD-AMC.

Para o teste de ativação de caspases, a 25 μl do lisado, foram adicionadas a cada tubo de

teste quantidade suficiente das formas mutantes e nativa de citocromo c para concentração

final de 25 μM. Foram adicionados então a cada tubo dATP 1 mM, MgCl2 10 mM e substrato

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44

fluorogênico 100 μM. Tubos adicionais de controle negativo foram montados na presença dos

mesmos elementos com adição de 20 µM de inibidor de caspase (Ac-DEVD-CHO).

Medidas de fluorescência de cada amostra, diluídas 20 vezes, foram realizadas 10 minutos

e após 24 horas do início da reação empregando Espectrofluorímetro Hitachi F2500 com os

seguintes ajustes: fendas de excitação e emissão em 10 nm, comprimento de onda de

excitação em 342 nm e de emissão no intervalo 360 – 500 nm. Foi empregada cubeta de

caminho ótico de 1 cm e manuseio das amostras realizado em ambiente com baixa incidência

de luz. O delta-fluorescência obtido para cada amostra foi normalizado para a quantidade de

proteína total presente no lisado celular.

3.13 Doseamento de proteínas pelo método de Bradford

O doseamento de proteínas pelo método de Bradford foi utilizado para determinar a

concentração de proteínas totais e citocromo c para a realização dos experimentos de

dicroísmo circular e ativação de caspase-3.

O princípio do método baseia-se na ligação do corante comassie blue G250 em proteínas.

Para a construção da curva padrão de proteínas preparou-se uma solução estoque de albumina

bovina na concentração de 1mg/ml sendo esta diluída a 0,01 mg/ml para soluções de trabalho.

Preparou-se o reagente de Bradford dissolvendo-se 100mg de comassie Blue G250 em 50

ml de etanol 95%. Adicionou-se 100ml de ácido fosfórico (H3PO4) 85% e completou-se o

volume com H2O destilada com quantidade suficiente para um litro.

A solução foi filtrada em filtro whatman numero 1 e armazenada em temperatura ambiente

ao abrigo da luz.

O quadro 1 traz o preparo das amostras para leitura e construção da curva padrão.

Quadro 1 - Amostras para leitura e construção da curva padrão

Branco Tubo 1 Tubo 2 Tubo 3 Tubo 4 Tubo 5

BSA - 20 µL 40 µL 60 µL 80 µL 100 µL

H20 100 µL 80 µL 60 µL 40 µL 20 µL -

Reativo de Bradford 1 mL 1 mL 1 mL 1 mL 1 mL 1 mL

[Proteína] mg/ml - 20 40 60 80 100

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45

As leituras foram realizadas em espectrofotômetro em 595nm utilizando cubeta de quartzo

de caminho óptico de 1 cm. Após leitura foi construída curva padrão com auxílio do software

Origin 6.0

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46

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Todos os experimentos desenvolvidos neste trabalho utilizaram tanto a forma nativa de

citocromo c quanto a forma pseudo-wild-type (pwt – H26N/H33N) como comparativos às

análises com a forma (H26N/H33N/K79A), alvo principal de nosso estudo. Tal fato é

decorrente da necessidade de comparação com a forma selvagem da proteína, cujas

características são bem definidas sob vários aspectos na literatura atual, como com a forma

modificada decorrente da expressão do plasmídio original, isto é, a proteína com troca das

histidinas 26 e 33 por asparagina. Desta forma, torna-se possível evidenciar o papel

isoladamente do resíduo de lisina 79 na estrutura e funções do citocromo c bem como obter

quantidade suficiente para o trabalho, já que a forma pwt foi assim construída justamente para

aumentar o rendimento durante a expressão do citocromo c em bactérias.

A expressão das formas pwt (H26N/H33N) e triplo mutante (H26N/H33N/K79A) se deu

conforme protocolo descrito anteriormente, em metodologia, tendo-se realizado análises

espectroscópicas e eletroforéticas visando confirmar a identidade do produto obtido, possíveis

alterações estruturais e rendimento geral do processo. Os resultados obtidos nesta primeira

etapa estão descritos a seguir.

4.1 Eletroforese

O gel obtido após corrida eletroforética (figura 23), demonstrou rendimento satisfatório na

obtenção das formas mutantes de citocromo c. Nota-se a presença de bandas intensas no

citocromo c H26N/H33N (pwt) assim como no citocromo c H26N/H33N/K79A (apresentado

na figura 23 como TM) coincidindo com a banda do citocromo c nativo, este de origem

comercial (Sigma-Aldrich) e com padrão de peso molecular na região de 12 KDa. Em

experimentos realizados anteriormente (não mostrados aqui), quando da obtenção dos

primeiros produtos de expressão a partir dos plasmídios pwt e deste triplo mutante, foi

utilizada técnica de western-blotting empregando anticorpo anti-citocromo c como anticorpo

primário e os resultados demonstraram a correta identidade da proteína obtida.

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47

Figura 23 – Eletroforese em gel de poliacrilamida (30%) onde correram amostras de citocromo c nativo,

citocromo c pwt, citocromo c TM (forma triplo mutante H26N/H33N/K79A) e o padrão de peso molecular.

4.2 Características espectroscópicas das formas nativa e mutantes de citocromo c em

ambiente homogêneo

Confirmada a identidade da proteína pelo método eletroforético, procedeu-se à

caracterização estrutural das formas mutantes obtidas em comparação com a forma nativa

através de técnica de espectroscopia no UV-vis e dicroísmo circular.

Para a análise por espectroscopia no UV-vis, foram analisadas as três amostras (nativa, pwt

e triplo mutante) em tampão fosfato de sódio 5 mM, pH 7,4 o qual oferece um ambiente

homogêneo tradicional para o estudo de citocromo c. Foram realizadas leituras no intervalo de

250 a 750 nm utilizando concentração de 100 M para todas elas. A Figura 24 mostra o

espectro do citocromo c nativo Fe3+

e destas duas formas mutantes analisadas.

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48

Figura 24 – Espectros em UV/vis de citocromo c nativo (linha preta), citocromo c pwt (linha azul) e citocromo

c H26N/H33N/K79A (linha vermelha), todos a 100 µM em tampão fosfato de sódio 5,0 mM pH 7,4. Leituras em

cubeta de cristal de quartzo de l = 0,1 cm.

250 300 350 400 450 500

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

500 550 600 650 700 750

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

Abso

rbân

cia

Comprimento de onda nm

Os resultados demonstrados na figura 24 permitem observar que as formas mutantes não

exibem alterações espectroscópicas no Uv-vis que demonstrem mudanças na conformação do

grupo heme quando em tampão fosfato de sódio. Apresentam a banda soret com λmax em 409

nm para as três formas de citocromo c analisadas e a banda de transferência de carga em 695

nm permanece, indicando que também não ocorreram mudanças quanto ao sexto ligante do

ferro hemínico (MUGNOL, 2004). Em função de características específicas do processo de

purificação, ambas as formas mutantes apresentam um índice de formas reduzidas (forma

Fe2+

), superior à do citocromo c nativo observável na figura 24 pela divisão das bandas Q,

encontradas na região entre 500 e 600 nm.

O espectro de fluorescência do citocromo c é um recurso interessante para o estudo da

conformação desta proteína, uma vez que, tendo o citocromo c um único triptofano (Try 59) e

este estando ligado por um hidrogênio a um dos grupos propionato do grupo heme, quando de

sua excitação espera-se uma eficiente transferência da energia emitida para o anel porfirínico

da proteína, o que acarreta em supressão completa da fluorescência do triptofano na forma

nativa de citocromo c (FISHE; TANIUCHI; ANFINSEN, 1973). Como foi constatado e pode

ser observado na Figura 25, a forma nativa não apresenta de fato emissão de fluorescência

após excitação em 282 nm, faixa para excitação do triptofano, enquanto que ambas as formas

mutantes estudadas têm emissão de fluorescência. Tal fato representa o afastamento deste

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49

resíduo de aminoácido do ferro hemínico, o que pressupõe um menor grau de enovelamento

da proteína.

Os resultados obtidos para os perfis de fluorescência dos mutantes confirmam que a

eficiência do quenching (supressão) é dependente da dinâmina da cadeia proteica ao redor do

grupo heme, podendo a intensidade da fluorescência variar em condições em que a estrutura

terciária esteja comprometida. Os estudos demonstram que a intensidade de fluorescência

emitida pelo triptofano diminui à medida que o processo de enovelamento do citocromo c

ocorre, fenômeno este acompanhado pela aproximação deste resíduo de aminoácido ao grupo

heme. Desta forma, a fluorescência é tão menor quanto mais próximo este aminoácido se

encontra do ferro hemínico (SCHLAMADINGER; KATIS, 2010)

Figura 25 – Espectros de fluorescência de citocromo c nativo 100 µM (linha preta), citocromo c pwt 100 µM

(linha azul) e citocromo c H26N/H33N/ K79A 100 µM (linha vermelha) em tampão fosfato de sódio 5,0 mM

pH 7,4. Cubeta de cristal de quartzo de l = 1,0 cm. Comprimentos de onda de excitação em 282 nm e fendas de

5,0 nm.

325 350 375 400 425 450 475 500

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

Absorb

ância

Comprimento de onda em nm

Experimentos empregando a técnica de dicroísmo circular (CD) na região do far-UV

corroboram estas observações, uma vez que demonstram um menor grau de conteúdo de alfa-

hélice nas formas mutantes (Figura 26). As formas mutantes de citocromo c apresentam-se

menos enoveladas, característica atribuída à ausência dos resíduos de histina 26 e 33 em

ambos os mutantes, aminoácidos estes envolvidos no enovelamento durante a biogênese do

citocromo c. Sua troca por asparagina deu origem a proteínas com menor conteúdo de alfa

hélice. A partir do acompanhamento do valor do molar em 222 nm demonstra-se que a

forma H26N/H33N teve uma redução de 61% no conteúdo de alfa-hélice em relação ao

citocromo c nativo. A forma H26N/H33N/K79A, por sua vez, teve uma redução de apenas

30% no conteúdo de alfa-hélice, o que demonstra que apesar da redução do conteúdo de alfa-

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50

hélice estar relacionado à substituição dos resíduos de histidina 26 e 33 por asparagina, a

substituição da lisina 79 por alanina também afeta diretamente o processo de enovelamento.

Figura 26- Conteúdo de alfa-hélice por CD no far-UV de citocromo c nativo

(linha preta), mutante H26N/H33N

(pwt) (linha azul) e mutante H26N/H33N/K79A (linha vermelha). Equipamento JASCO-825, cubeta de cristal de

quartzo de l = 0,1 cm, velocidade de scanner 50 nm/min e 8 acumulações. Todas as amostras a 0,1 mg/dl em

H2O.

190 200 210 220 230 240 250 260

-2x108

-1x108

0

1x108

2x108

[

] deg

.cm

2.d

mol

-1

Comprimento de onda (nm)

Os resultados obtidos por espectroscopia de fluorescência e por dicroísmo circular

revelam, portanto, que as modificações nos resíduos de aminoácidos histidina 26 e 33 já

afetam tanto a estrutura secundária quanto a terciária do citocromo c, diminuindo o conteúdo

de alfa-hélices e alterando a disposição da cadeia proteica ao redor do grupo heme.

Resultados complementares obtidos em experimentos de desenovelamento (unfolding)

térmico monitorado por dicroísmo circular revelaram que estas alterações também

modificaram a cinética e a temperatura média de desenovelamento de ambos os mutantes.

A figura 27 traz o perfil apresentado pelo citocromo c nativo cuja temperatura média de

desenovelamento © foi de 84,98 oC, sendo que o desenovelamento teve início aos 85

oC.

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51

Figura 27 – Perfil de desenovelamento térmico da forma nativa de citocromo c. Acompanhamento em 222 nm

utilizando dicroísmo circular e controle de temperatura por sistema peltier. Equipamento JASCO-825, cubeta de

cristal de quartzo de l = 0,1 cm, velocidade de scanner 50 nm/min, amostras a 0,1 mg/dl (10 M) em H2O

20 30 40 50 60 70 80 90 100

-13000

-12000

-11000

-10000

-9000

-8000

-7000

-6000

-5000

Data: CITCNATIVORETESTE_B

Model: Boltzmann

Chi^2 = 97143.65852

R^2 = 0.98058

A1 -11885.56653 ±60.66227

A2 -5723.58853 ±207.39514

x0 84.98412 ±0.46675

dx 3.37549 ±0.38575Tm = 84.98

oC

Unfolding - citocromo c nativo 10M em لgua

[] (d

eg

.cm

2.d

mo

l-1)

Temperatura (graus Celsius)

Já as formas mutantes pwt (H26N/H33N) e triplo mutante (H26N/H33N/K79A)

apresentaram menores temperaturas médias de desenovelamento do que a forma nativa, sendo

de 80,75 oC para o pwt (Figura 28) e de 78

oC para o triplo mutante (Figura 29), além de um

perfil diferenciado, com início de desenovelamento já aos 60oC. Estes resultados fazem

sentido frente às alterações na estrutura secundária e terciária constatadas nos experimentos

apresentados anteriormente.

Figura 28 – Perfil de desenovelamento térmico da forma pwt de citocromo c. Acompanhamento em 222 nm

utilizando dicroísmo circular e controle de temperatura por sistema peltier. Equipamento JASCO-825, cubeta de

cristal de quartzo de l = 0,1 cm, velocidade de scanner 50 nm/min, amostras a 0,1 mg/dl (10 µM) em H2O

20 30 40 50 60 70 80 90 100

-9000

-8000

-7000

-6000

-5000

-4000

Data: CITCPWT_B

Model: Boltzmann

Chi^2 = 89765.61078

R^2 = 0.95893

A1 -8122.82079 ±69.39443

A2 -4090.48883 ±255.50168

x0 80.75017 ±1.22498

dx 6.01108 ±0.95284 Tm = 80,75oC

Unfolding - citocromo c PWT (H26N/H33N) 10M em لgua

[] (

de

g.c

m2.d

mo

l-1)

Temperatura (graus Celsius)

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52

Figura 29 – Perfil de desenovelamento térmico da forma triplo mutante (H26N/H33N/K79A) de citocromo c.

Acompanhamento em 222 nm utilizando dicroísmo circular e controle de temperatura por sistema peltier.

Equipamento JASCO-825, cubeta de cristal de quartzo de l = 0,1 cm, velocidade de scanner 50 nm/min,

amostras a 0,1 mg/dl (10 µM) em H2O

20 30 40 50 60 70 80 90 100

-12000

-11000

-10000

-9000

-8000

-7000

-6000

Data: CITCK79A_B

Model: Boltzmann

Chi^2 = 105655.25117

R^2 = 0.96112

A1 -10997.55193 ±77.4487

A2 -6761.75802 ±223.33265

x0 78.00592 ±1.10286

dx 5.9505 ±0.91004

Tm = 78,00oC

Unfolding - citocromo c H26N/H33N/K79A 10M em لgua

[] (

deg.

cm2.d

mol

-1)

Temperatura (graus Celsius)

Experimentos realizados anteriormente pela orientadora deste projeto (ainda não

publicado) com formas de citocromo c obtidos de coração de atum (que naturalmente não

possui histidina 33 em sua estrutura) e modificadas quimicamente com DEPC

(dietilpirocarbonato), que tem capacidade de bloquear os resíduos de histidina, demonstraram

temperaturas médias de desenovelamento similares aos obtidos para as duas formas mutantes

trabalhadas aqui, ficando em 72,66 oC para o citocromo c de atum e em 69,34

oC para a

proteína nativa tratada com DEPC. Da mesma forma, o início do processo de

desenovelamento se deu próximo a 60 oC (Figura 30).

Figura 30 – Perfil de desenovelamento térmico citocromo c extraído de coração de atum (à esquerda) e tratado

com DEPC (à direita). Acompanhamento em 222 nm utilizando dicroísmo circular e controle de temperatura por

sistema peltier. Equipamento JASCO-825, cubeta de cristal de quartzo de l = 0,1 cm, velocidade de scanner 50

nm/min, amostras a 0,1 mg/dl (10 M) em H2O

20 30 40 50 60 70 80 90

-13000

-12000

-11000

-10000

-9000

-8000

-7000

-6000

-5000

Tm = 72,66oC

Unfolding - citocromo c de atum 10M em لgua

Data: CITOCROMOCATU_B

Model: Boltzmann

Chi^2 = 77176.54424

R^2 = 0.98871

A1 -12496.26715 ±59.72681

A2 -6205.52502 ±135.68359

x0 72.66216 ±0.31436

dx 2.73702 ±0.27015

[] (d

eg

.cm

2.d

mo

l-1)

Temperatura (graus Celsius)

20 30 40 50 60 70 80 90 100

-13000

-12000

-11000

-10000

-9000

-8000

-7000

-6000

-5000

Data: CITCMODIFICADOCOMDEP_B

Model: Boltzmann

Chi^2 = 76913.17309

R^2 = 0.98986

A1 -12004.33488 ±62.17484

A2 -6219.93551 ±85.22106

x0 69.34608 ±0.31752

dx 2.83589 ±0.27568

Tm = 69,34oC

Unfolding - citocromo c modificado com DEPC 1:15 10M em لgua

[] (d

eg

.cm

2.d

mo

l-1)

Temperatura (graus Celsius)

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53

Ao se comparar, entretanto, os derivados dos perfis de desenovelamento das formas pwt

(sem histidinas nas posições 26 e 33) e triplo mutantes (sem histidinas nas posições 26 e 33 e

sem lisina na posição 79) com a forma nativa de citocromo c (de coração de cavalo, que

possui histidinas nas posições 26 e 33 e lisina na posição 79), com citocromo c de coração de

atum (que possui histina na posição 26 mas asparagina na posição 33 e lisina na posição 79) e

com a forma tratada com DEPC (com histidinas 26 e 33 bloqueadas quimicamente) notam-se

diferenças na velocidade com que o desenovelamento ocorre (Figura 31). Apesar de todas as

formas não-nativas terem início de desenovelamento ao redor de 60 oC, as formas mutantes

pwt e H26N/H33N/K79A têm um desenovelamento com perfil cinético diferente da forma

nativa e do citocromo c de atum e do nativo tratado com DEPC, mais gradual. Este fato

permite inferir que os resíduos de histidina 26 e 33 por si só afetam a temperatura média de

desenovelamento do citocromo c independentemente do resíduo de lisina 79 (temperatura

média é menor do que para a proteína nativa, que contém histidinas nessas posições),

eximindo este resíduo nesta posição da responsabilidade por tal fato. Vale ressaltar também

que se ambos os resíduos de histidina, 26 e 33, já estão ausentes desde a biogênese da

proteína, como ocorre nas formas que expressamos, o comportamento observado foi diferente

daqueles que têm ausência de apenas um deles (o resíduo 33 no citocromo c de atum, ausente

também desde a biogênese) ou que tiverem os resíduos bloqueados quimicamente após sua

estruturação completa (a forma tratada com DEPC). Isso reforça as teorias de que as histidinas

26 e 33 são essenciais para a forma como ocorre o enovelamento do citocromo c durante sua

biogênese e permite inferir que possivelmente o resíduo de histidina 26 seja, dentre os dois, o

que exerce maior influência. Já a lisina 79, alvo principal deste trabalho, teria influência na

estrutura secundária e terciária do citocromo c, como evidenciado pelos resultados

apresentados, porém sem sobrepujar os efeitos dos resíduos de histidina 26 e 33 no que

concerne à sensibilidade da proteína ao aumento da temperatura.

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54

Figura 31 – Derivadas dos perfis de desenovelamento térmico da forma triplo mutante (H26N/H33N/K79A) de

citocromo c. Acompanhamento em 222 nm utilizando dicroísmo circular e controle de temperatura por sistema

peltier. Equipamento JASCO-825, cubeta de cristal de quartzo de l = 0,1 cm, velocidade de scanner 50 nm/min,

amostras a 0,1mg/dl (10 M) em H2O

4.3 Características dos espectros UV/vis de proteínas citocromo c mutantes em micelas

aquosas de SDS

Relatos anteriores referem que citocromo c Fe3+

na presença de interfaces aniônicas, como

a fornecida pelas micelas de SDS, sofre mudanças conformacionais no grupo heme tornando

sua simetria menos rômbica por alteração do sexto ligante do ferro porfirínico. Estas

alterações foram caracterizadas por diversas técnicas espectroscópicas por outros autores e a

forma de citocromo c nesta condição foi denominada baixo spin alternativo (ZUCCHI, 2003)

A Figura 32, mostra os espectros UV/vis de citocromo c Fe3+

em tampão fosfato de sódio

5,0 mM pH 7,4 e em micelas aquosas de SDS 7,0 mM , em condições similares às

apresentadas por Mugnol et al. (2004).

40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100

0

100

200

300

400

500

600

U.A

.

Temperatura (graus Celsius)

nat

pwt

K79A

atum

modif

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55

Figura 32 – Espectros em UV/vis de citocromo c nativo 100 µM em tampão fosfato de sódio 5,0 mM pH 7,4

(linha preta) e citocromo c nativo 100 µM, em micela aquosa de SDS 7,0 mM em tampão fosfato de sódio 5,0

mM pH 7,4 (linha magenta). Cubetas de cristal de quartzo l = 0,1 cm.

O espectro obtido exibe um desvio hipsocrômico da banda soret, que passa de λmax de 409

nm para λmax de 407nm, o que corrobora as observações destes autores no que concerne à

forma baixo spin alternativo do citocromo c, o que por sua vez indica alteração na

conformação do grupo heme, sugestivo de alteração no sexto ligante do ferro hemínico e

consesequente modificação para menor o grau de rombicidade do grupo heme.

A banda espectroscópica observada em 695 nm, chamada (banda de transferência de

carga), indica a coordenação do sexto ligante com o ferro hemínico, no caso do citocromo c, a

metionina 80. A ausência desta banda, conforme se pode observar na figura 32 para a

condição em que o citocromo c está na presença de 7,0 mM de micelas de SDS, portanto, é

característica de alterações no sexto ligante de coordenação do ferro hemínico. Esta alteração

pode representar desde o afastamento da metionina 80 até a troca deste ligante por outro

resíduo de aminoácido de campo forte presente na cadeia proteica e acessível ao ferro. O

trabalho de Mugnol et al. (2004) refere a alta probabilidade de que nesta condição de baixo

spin alternativo este ligante seja a lisina 79.

Alterações na estrutura do citocromo c e possivelmente de seus estados de spin podem ser

eventos importantes para o desencadeamento do processo apoptótico induzido por esta

proteína, já que são propriedades que postulamos serem importante na interação do citocromo

c com a membrana mitocondrial interna e consequentemente envolvidos de alguma forma no

250 300 350 400 450 500

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

500 550 600 650 700 750

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda nm

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56

processo de desligamento, sua liberação para o citosol com consequente ativação da cadeia de

caspases e morte celular.

Visando assim associar as alterações estruturais observadas na forma triplo mutante

H26N/H33N/K79A com a hipótese de que este resíduo possa estar de alguma forma

envolvido no processo de apoptose e que esta associação possa ter relações com o fato da

lisina 79 poder ser o sexto ligante do ferro hemínico quando este se encontra na forma baixo

spin alternativo, análises espectroscópicas no UV/vis foram realizadas empregando os

mutantes H26N/H33N e H26N/H33N/K79A na presença de micelas de SDS (Figura 33).

Figura 33 – Espectros em UV/vis de citocromo c nativo 100 µM (linha preta), citocromo c pwt 100 µM (linha

azul) e citocromo c H26N/H33N/K79A 100 µM (linha vermelha) em micela aquosa de SDS 7,0 mM em tampão

fosfato de sódio 5,0 mM pH 7,4. Cubeta de cristal de quartzo de l = 0,1 cm.

300 400 500

0,00

0,25

0,50

0,75

1,00

1,25

500 600 700

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

0,14

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda nm

Mesmo mantidas as condições empregadas para o citocromo c nativo, as características

espectroscópicas apresentadas pelas duas formas mutantes diferem daquelas identificadas para

a forma baixo spin alternativo. É possível verificar que ocorre um desvio hipsocrômico da

banda soret de λmax em 409 nm para λmax em 407 nm na forma de citocromo c nativo, bem

como no mutante da lisina 79 (H26N/H33N/K79A). Entretanto, a forma mutante H26N/H33N

exibe um desvio maior, sendo que a banda soret passa a um λmax de 400 nm. As três formas,

nativa e mutantes, não apresentam a banda de transferência de carga em 695 nm, o que indica

mudanças no ligante.

O que se esperava encontrar é que a forma H26N/H33N apresentasse características

espectroscópicas condizentes com a forma baixo spin alternativo induzido por micelas de

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57

SDS a 7,0 mM, uma vez que a hipótese formulada é de que nesta condição a sexta posição de

coordenação seja ocupada pela lisina 79. Como este resíduo de aminoácido se encontra

presente neste mutante, nenhuma alteração significativa deveria ter sido encontrada em

comparação com a forma nativa do citocromo c. Por sua vez, esperava-se que o mutante com

substituição adicional no resíduo de lisina 79 (H26N/H33N/K79A), quando em presença de

micelas de SDS, não demonstrasse as características espectroscópicas do baixo spin

alternativo, justamente pela ausência do ligante alvo do estudo.

O que se obteve, entretanto, e que é possível observar na Figura 33, é que nenhuma das

formas mutantes apresentou as características espectroscópicas no UV-vis condizentes com o

estado de baixo spin alternativo. Apesar da forma H26N/H33N/K79A ter demonstrado desvio

da banda Soret condizente, as demais características, como discreto desvio da banda N, não

foram respeitados. Houve, da mesma forma que para o pwt, perda desta banda N, o que é

característico da forma pentacoordenada, onde o ferro hemínico tem a sexta posição de

coordenação ocupada por água (MUGNOL, 2004).

Postula-se aqui que tal resultado deve ser decorrente do papel primordial dos resíduos de

histidina 26 e 33 no enovelamento proteico durante o processo de biogênese da proteína. O

enovelamento do citocromo c é caracterizado por várias etapas intermediárias, das quais uma

importante envolve as histidinas 26 e 33. Em pH neutro, um intermediário surge tendo a

histidina 26 ou a histidina 33 como ligante axial na sexta posição de coordenação do ferro

hemínico, em substituição à metionina 80 (DE SANCTIS et al. 2004). Esta condição é,

inclusive, referida como sendo uma barreira cinética para o enovelamento do citocromo c,

motivo, inclusive, pelo qual os mutantes com os quais trabalhamos têm estas histidinas

substituídas. Em pH ácido, estando portanto estas histidinas protonadas, o enovelamento do

citocromo c ocorre muito mais rapidamente (YEH; ROUSSEAU, 1998). Estando, porém,

presentes nas formas nativas do citocromo c é de se supor que este papel regulador exerça

atividade efetiva na forma como o enovelamento ocorre, o que explica que na ausência desta

regulação, alterações na estrutura secundária final tendem ocorrer, como comprovamos pela

determinação do conteúdo de alfa-hélice (Figura 26) e espectro de fluorescência (Figura 25).

Por sua vez, estas alterações na estrutura devem comprometer a interação do citocromo c com

interfaces negativas como a oferecida pelas micelas de SDS o que inviabiliza a conversão

para a forma baixo spin alternativo com consequente simetria menos rômbica do grupo heme.

Para a elucidação deste impasse, o que se pretende fazer no futuro para complementar o

estudo e comprovar ou descartar definitivamente a hipótese da lisina 79 como ligante do ferro

hemínico na condição de baixo spin alternativo é produzir formas mutantes com substituição

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58

exclusivamente neste resíduo de aminoácido e então realizar experimentos por EPR e MCD,

de formas reduzidas e oxidadas na presença e ausência de micelas de SDS, para comprovar a

hipótese.

4.4 Atividade catalítica de formas nativa e mutantes de citocromo c frente a peróxidos e

aldeídos

Visando determinar se a ausência do resíduo de lisina 79 compromete o potencial

apoptogênico da forma triplo mutante de citocromo c e assim definir se este resíduo tem de

fato um papel definido na ativação da cadeia de caspases, torna-se importante avaliar uma das

propriedades mais bem conhecidas desta proteína, que é a de transportadora de elétrons.

Torna-se assim importante verificar se nas formas mutantes testadas permanece a capacidade

do citocromo c em receber e doar elétrons, o que foi feito mediante interação das formas

mutantes com peróxido (tert-butyl hidroperóxido – t-BuOOH) e aldeído (difenilacetaldeído –

DPAA) em comparação com resultados obtidos para a forma nativa.

A Figura 34 traz o espectro obtido do citocromo c nativo em diferentes momentos após

adição de DPAA, um agente redutor que viabiliza o estudo do potencial do citocromo c como

agente aceptor de elétrons. Percebe-se na figura um desvio batocrômico da banda soret com

desvio da banda soret para 413 (seta verde), visível aumento de intensidade com divisão das

banda Q (seta azul) em 549nm, característico da redução do ferro hemínico, e aparecimento

de ponto isosbéstico indicativo de reação com formação de produtos (seta vermelha)

Figura 34 – Espectros no UV/vis de redução do ferro hemínico do citocromo c nativo em presença de DPAA.

As condições experimentais foram: citocromo c nativo 100 µM em tampão fosfato de sódio 5,0 mM pH 7,4 com

adição de 100 µM de DPAA e leituras em função do tempo. Cubeta de cristal de quartzo de l = 0,1 cm.

300 400 500

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Abso

rbân

cia

Comprimento de onda (nm)

Tempo zero seg

Tempo 120 seg

Tempo 360 seg

Tempo 100 seg

Tempo 2000 seg

Tempo 3600 seg

600 700

0,00

0,04

0,08

0,12

0,16

0,20

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59

Mudanças espectrais semelhantes foram obtidas em experimentos realizados nas mesmas

condições utilizando desta vez o citocromo c com mutações nas histidinas 26 e 33 (pwt),

conforme mostrado na Figura 35.

Figura 35 – Espectros no Uv/visde redução do ferro hemínico do citocromo c H26N/H33N (pwt) a 100 µM em

tampão fosfato de sódio 5,0 mM pH 7,4 após adição de DPAA 100 µM. Tempo zero representa espectro sem

DPAA e os demais o tempo decorrente após adição deste. Cubeta de cristal de quartzo de caminho ótico 0,1 cm.

A Figura 36, por sua vez, exibe o espectro do citocromo c mutante H26N/H33N/K79A em

reação com DPAA. É possível observar que houve redução do ferro hemínico a Fe2+

, nota-se

um deslocamento da banda soret que passa a apresentar um λmax em 413 nm, a banda Q em

549 nm apresenta divisão indicativa de redução do ferro hemínico, porém, não na mesma

intensidade quando comparada as formas nativa e mutante H26N/H33N (pwt). Isso pode ser

explicado pelas alterações estruturais inerentes a cada forma mutante em função das

substituições de aminoácidos a que foi submetido. Esse fato pode levar à dedução de que a

ausência do resíduo de lisina 79 afeta, portanto, de alguma forma o potencial do citocromo c

como aceptor de elétrons na cadeia respiratória.

300 400 500

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

500 600 700

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

0,14

0,16

0,18

0,20

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

Tempo zero seg

Tempo 120 seg

Tempo 360 seg

Tempo 1000seg

Tempo 2000 seg

Tempo 3600 seg

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60

Figura 36 – Espectros no Uv/vis de redução do ferro hemínico do citocromo c H26N/H33N/K79A a 100µM em

tampão fosfato de sódio 5,0 mM pH 7,4 após adição de DPAA 100 µM. Tempo zero representa espectro sem

DPAA e os demais o tempo decorrente após adição deste. Cubeta de cristal de quartzo de caminho ótico 0,1 cm.

Os mesmos experimentos foram realizados para as três formas de citocromo c em presença

de micelas aquosas de SDS. Os resultados revelam que neste microambiente, o DPAA não

tem ação redutora sobre o ferro hemínico (Figura não mostrada), provavelmente em função da

pouca acessibilidade do aldeído ao core do heme pela interação da proteína com o sistema

micelar.

As reações do citocromo c nativo com peróxidos, agentes que possibilitam o estudo do

potencial desta proteína como doadora de elétrons, levam à oxidação do ferro hemínico, ao

aparecimento de radicais alquil e a alquilação do anel porfirínico leva a queda na intensidade

da banda soret, fenômeno observado na figura 37, onde comprova-se que a adição de

peróxido t-BuOOH promoveu a oxidação do ferro hemínico do citocromo c. É possível

observar a partir da banda presente na região das bandas Q que ao tempo zero da reação (linha

preta) o citocromo c nativo apresenta uma pequena população na forma reduzida. No entanto,

aos 3600 segundos após adição do peróxido, esta banda, em 549 nm, agora se apresenta com

uma única banda, que caracteriza a oxidação do ferro hemínico desta população anteriormente

reduzida. Isso é mais um indicativo, além da queda na intensidade da banda soret, de que o

ferro hemínico foi oxidado, agiu como doador de elétrons.

300 400 500

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

500 600 700

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

0,14

0,16

0,18

0,20

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

Tempo zero seg

Tempo 120 seg

Tempo 360 seg

Tempo 1000 seg

Tempo 2000 seg

Tempo 3600 seg

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61

Figura 37 – Espectros no UV/vis de oxidação do ferro hemínico do citocromo c nativo em presença de t-

BuOOH. As condições experimentais foram: citocromo c nativo 100 µM em tampão fosfato de sódio 5,0 mM

pH 7,4. T-BuOOH na concentração de 1 mM. Cubeta de cristal de quartzo de l = 0,1 cm.

300 400 500

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

600 700

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

A

bsor

bânc

ia

Comprimento de onda (nm)

Tempo zero

Tempo 120 seg

Tempo 360 seg

Tempo 1000 seg

Tempo 2000 seg

Tempo 3600 seg

Cit c Nativo

Tampمo fosfato de sَ dio

Resultados semelhantes foram observados para as reações das formas mutantes

H26N/H33N (pwt) e H26N/H33N/K79A (Figuras 38 e 39, respectivamente) com o t-BuOOH,

mostrando que a ausência do resíduo de lisina 79 não afetou o potencial do citocromo c como

doador de elétrons, diferente do que foi observado na reação com DPAA. Tanto com peróxido

quanto com aldeído observou-se na análise dos resultados da forma pwt que a ausência dos

resíduos de histidina 26 e 33 não promoveram efeitos deletérios na capacidade óxido-redutora

do citocromo c.

Figura 38- Espectros no Uv/vis de oxidação do ferro hemínico do citocromo c H26N/H33N (pwt) a 100 µM em

tampão fosfato de sódio 5,0 mM pH 7,4 após adição de t-BuOOH 1,0 mM. Tempo zero representa espectro sem

t-BuOOH e os demais o tempo decorrente após adição deste. Cubeta de cristal de quartzo de 1 = 0,1 cm

300 400 500

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

500 600 700

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

Cit c pwt

Tampão fosfato de sódio

Abso

rbân

cia

Comprimento de onda (nm)

Tempo zero seg

Tempo 120 seg

Tempo 360 seg

Tempo 1000 seg

Tempo 2000 seg

Tempo 3000 seg

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Figura 39 - Espectros no Uv/vis de reoxidação do ferro hemínico do citocromo c H26N/H33N/K79A a 100 µM

em tampão fosfato de sódio 5,0 mM pH 7,4 após adição de t-BuOOH 1,0 mM. Tempo zero representa espectro

sem t-BuOOH e os demais o tempo decorrente após adição deste. Cubeta de cristal de quartzo 1= 0,1 cm

Apesar dos resultados obtidos isoladamente com DPAA e t-BuOOH, foram realizados

experimentos para validar a capacidade das formas mutantes de doarem e receberem elétrons

em um mesmo ciclo de reações, propriedade já conhecida para o citocromo c nativo. A figura

40 apresenta o espectro do ciclo catalítico do citocromo c nativo mediante adição de DPAA

aos 30 segundos de monitoramento seguido de adição de t-BuOOH aos 300 segundos.

Observa-se que o citocromo c aos 310 segundos de monitoramento (linha vermelha),

apresenta-se na forma reduzida induzida pelo DPAA, com divisão da banda Q em 549 nm.

Aos 400 segundos (linha magenta), portanto já com o peróxido, o citocromo c apresenta uma

pequena população que permanece na forma reduzida, porém ao final do ciclo aos 2000

segundos, o que se observa é a total reoxidação do ferro hemínico do citocromo c,

confirmando sua capacidade não somente em doar como também receber elétrons em uma

reação simultânea com aldeídos e peróxidos. Pequena queda na intensidade da banda soret

ocorre durante o processo.

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Figura 40 – Espectros UV-vis do ciclo catalítico de redução e oxidação do ferro hemínico do citocromo c nativo

em presença de DPAA e t-BuOOH. As condições experimentais foram: citocromo c nativo 100 µM em tampão

fosfato de sódio 5,0 mM pH 7,4. Adição de 100 µM de DPAA com adição de 1,0 mM de t-BuOOH. Cubeta de

cristal de quartzo de l = 0,1 cm.

Ao submeter o citocromo c mutante H26N/H33N (pwt) a experimentos utilizando aldeídos

e peróxidos, o mesmo apresentou características semelhantes aos resultados apresentados para

a forma nativa no que diz respeito à capacidade de receber e doar elétrons, como mostra a

figura 41, porém observa-se que aos 310 segundos, apenas 10 segundos após a adição do

peróxido, o citocromo c com mutação nas histidinas 26 e 33 apresentou características de

citocromo c Fe3+,

o que indica que a reação ocorreu em um período de tempo menor do que o

tempo de reação apresentado pela forma nativa do citocromo c, possivelmente em função da

maior exposição do ferro hemínico devido às alterações estruturais constatadas nos

experimentos anteriores.

300 400

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

500 600 700

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

Cit c nativo

Tampão fosfato de sódio

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

Tempo zero seg

Tempo 50 seg

Tempo 310 seg

Tempo 400 seg

Tempo 500 seg

Tempo 2000 seg

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Figura 41 – Espectros no UV-vis de redução por DPAA seguida de reoxidação por t-BuOOH para ferro

hemínico do citocromo c H26N/H33N (pwt) a 100 µM em tampão fosfato de sódio 5,0 mM pH 7,4. Adição de

DPPA 100 µM após 30 segundos de monitoramento seguida de adição de t-BuOOH 1,0 mM aos 300 segundos.

Tempo zero representa espectro sem DPAA e os demais o tempo decorrente após adição de cada reagente.

Cubeta de cristal de quartzo de caminho ótico 1=0,1 cm.

A Figura 41, por sua vez, exibe o espectro do citocromo c H26N/H33N/K79A, onde se

pode constatar que ocorreu redução do ferro hemínico após adição do DPAA. Porém,

diferentemente das formas nativa e H26N/H33N, 2000 segundos após adição do t-BuOOH, o

citocromo c H26N/H33N/K79A não foi reoxidado. Tal evento pode ser decorrente das

alterações estruturais observadas que podem vir a favorecer a coordenação do DPAA com o

ferro hemínico, tornando-o menos acessível à ação do peróxido e à consequente reoxidação,

fato decorrente de alterações estruturais devidas aos aminoácidos substituídos, mais

especificamente da retirada da lisina 79.

300 400 500

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

500 600 700

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

Cit c pwt

Tampão fosfato de sódio

Abso

rbân

cia

Comprimento de onda (nm)

Tempo zero seg

Tempo 50 seg

Tempo 310 seg

Tempo 400 seg

Tempo 500 seg

Tempo 2000 seg

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Figura 42 – Espectros no UV-vis de redução por DPAA seguida de reoxidação por t-BuOOH para ferro

hemínico do citocromo c H26N/H33N/K79A ambos a 100 µM em tampão fosfato de sódio 5,0 mM pH 7,4.

Adição de DPPA 100 µM após 30 segundos de monitoramento seguida de adição de t-BuOOH 1,0 mM aos 300

segundos. Tempo zero representa espectro sem DPAA e os demais o tempo decorrente após adição de cada

reagente. Cubeta de cristal de quartzo de caminho ótico 1= 0,1 cm.

4.5 Ativação de cadeia de caspases pelas formas mutantes e nativa de citocromo c

A capacidade apoptótica do citocromo c já é bem descrita na literatura, havendo vários

trabalhos que tratam do potencial de formas modificadas de citocromo c em induzir este

processo (YU et al. 2001; OLTEANU et al. 2003). Como testes in vivo e diretamente em

células em cultura requerem metodologias e protocolos de maior complexidade e que

envolvem aspectos éticos para sua manipulação, a utilização de testes em sistemas-livre de

células, como o constituído por extrato citosólico empregando métodos fluorimétricos para

detecção de ativação de cadeia de caspases, é uma alternativa eficaz para avaliar o potencial

apoptogênico do citocromo c (PRIETO, 2009).

Conforme descrito anteriormente em metodologias, foi obtido extrato citosólico de células

de músculo liso de aorta de coelho seguido de dosagem de proteínas totais pelo método de

Bradford visando validar o processo de obtenção do substrato de reação. Foi então realizado

teste de ativação de caspase-3 colocando em contato com o extrato as duas formas mutantes e

a forma nativa de citocromo c.

300 400 500

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

500 600 700

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

Tempo zero seg

Tempo 50 seg

Tempo 310 seg

Tempo 400 seg

Tempo 500 seg

Tempo 2000 seg

Cit c K79A

Tampão fosfato de sódio

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Figura 43 – Teste de ativação de caspase-3 em extrato citosólico de células de músculo liso de aorta de coelho.

(A) extrato com citocromo c nativo, (B) com citocromo c pwt e (C) com citocromo c triplo mutante

H26N/H33N/K79A. Leituras em espectrofluorímetro com excitação em 342 nm e leituras em cubeta de cristal de

quartzo de l = 1,0 cm, em tempo zero (basal) e depois de 16 e 40 horas de reação.

Os resultados obtidos e mostrados na figura 43 demonstram que todas as formas de

citocromo c promoveram ativação de caspase-3, como o que foi descrito anteriormente por

Kluck e colaboradores (KLUCK, 1997). Nesse trabalho Kluck comprovou a ativação de

caspase-3 pela combinação de fração citosólica e citocromo c purificado de diferentes

espécies.

A ativação de caspase-3 nestes experimento é possível de ser visualizada dado a

diminuição progressiva da banda em 395 nm, característica da forma Z-DEVC-AMC

(peptídico fluorogênico) quanto excitada em 342 nm, e aumento progressivo da banda em 442

nm, que representa a forma AMC livre proveniente da clivagem da ligação peptídica do

380 400 420 440 460 480 500

0

50

100

150

200

250

Basal

Depois 16 hs

Depois 40 hs

U.F

.

Comprimento de onda (nm)

A

380 400 420 440 460 480 500

0

50

100

150

200

250

Basal

Depois 16 hs

Depois 40 hs

U.F

.Comprimento de onda (nm)

B

380 400 420 440 460 480 500

0

50

100

150

200

250

Basal

Depois 16 hs

Depois 40 hs

U.F

.

Comprimento de onda (nm)

C

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peptídeo fluorogênico. Assim, havendo ativação de caspase-3 o peptídeo é clivado, a fração

AMC é liberada e esta emite fluorescência em 442 nm.

Pode-se observar, entretanto, que mesmo que todas as formas tenham ativado caspase-3 os

níveis de ativação após 40 horas foram diferentes, menores para a forma triplo mutante do que

para as formas nativa e pwt, indicando que a ausência das histidinas 26 e 33 não interferiram

no processo, mas que a ausência de lisina 79 afetou sim a ativação de caspase, esta mutação

levou a alterações na estrutura da proteína, que possivelmente alterou a interação da proteína

com a APAF-1 e (Figura 44).

Figura 44 – Teste de ativação de caspase-3 em extrato citosólico de células de músculo liso de aorta de coelho.

Leituras após 40 horas de incubação de extrato com citocromo c nativo (linha vermelha), com citocromo c pwt

(linha verde) e com citocromo c triplo mutante H26N/H33N/K79A (linha azul). Leituras em espectrofluorímetro

com excitação em 342 nm e leituras em cubeta de cristal de quartzo de l = 1,0 cm.No inserto, níveis de

fluorescência em 442 nm nos tempo basal, 16 e 40 horas.

Visando quantificar essa diferença na ativação de caspase, procedeu-se à construção de

curva padrão utilizando AMC livre em concentrações crescentes e nas mesmas condições de

comprimento de onda de excitação (342 nm), fenda (10 nm) e caminho ótico de cubeta de

cristal de quartzo (Figura 45).

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Figura 45 – Curva padrão de AMC livre. Espectros de fluorescência de solução tampão fosfato de sódio 5 mM

pH 7,4 usado como diluente do AMC (linha preta), AMC 20 µM (linha vermelha), 40 µM (linha verde), 60 µM

(linha azul), 80 µM (linha azul claro) e 100 µM (linha magenta). No inserto, curva padrão em 342 nm.

380 400 420 440 460 480 500

0

100

200

300

400

500

600

-0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5

0

100

200

300

400

500

600

Linear Regression for CPAMCdil20X_B:

Y = A + B * X

Parameter Value Error

------------------------------------------------------------

A 11,147 12,43182

B 4,88345 0,2053

------------------------------------------------------------

R SD N P

------------------------------------------------------------

0,99648 17,17702 6 <0.0001

------------------------------------------------------------

U.F

.

AMC concentration (M)

Buffer kit

AMC 20M

AMC 40M

AMC 60M

AMC 80M

AMC 100M

U.F

.

Comprimento de onda (nm)

A partir da curva padrão (figura 45) foram calculadas as concentrações de AMC livre em

cada uma das condições de tempo e agentes de ativação de caspase-3 (as três formas de

citocromo c). A figura 46 traz os resultados obtidos em concentração de AMC por M para

cada citocromo em cada um dos tempos testados.

Figura 46 – Concentração de AMC livre gerado após 16 e 40 horas de reação para cada uma das formas de

citocromo c (nativo, pwt e triplo mutante).

Os resultados obtidos permitem inferir que o resíduo de lisina 79 tem influência sobre o

processo de ativação de caspase-3, evento intermediário da morte celular por apoptose. Na

troca deste resíduo por alanina ocorreu diminuição da capacidade de ativação de caspase-3

pela forma modificado de citocromo, de forma qualitativa e quantitativa, conforme

demonstrado nas figuras 43 e 44. Para a forma pwt, tem-se que a troca exclusivamente dos

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resíduos de histidina 26 e 33 quantitativamente afetam a velocidade para ativação de caspase,

demonstrado na figura 46. Após 16 horas a concentração de AMC livre é menor do que na

presença de citocromo c nativo, o que pode ser explicado pelas alterações estruturais do

citocromo pwt. Após 40 horas, entretanto, os valores praticamente se sobrepõem, não há

diferença significativa. Já para a forma triplo mutante, com troca adicional do resíduo de

lisina 79, mesmo após 40 horas os níveis de ativação de caspase-3 são significativamente

menores do que para a forma nativa, indicando que este aminoácido especificamente tem sim

influência no processo.

Experimentos adicionais, que fizeram parte de projeto de pesquisa da orientadora deste

trabalho e que virão a ser desenvolvidos em continuidade a este trabalho nesta e sobre outras

condições, corroboram estas observações. Utilizando-se de técnica de microinjeção, células de

músculo liso de aorta de coelho foram microinjetadas com as três formas de citocromo c,

sendo que tanto a forma nativa quanto a pwt (H26N/H33N) apresentaram um índice de

apoptose entre 85 e 90%. Já as células microinjetadas com o triplo mutante

H26N/H33N/K79A apresentaram um índice de apoptose inferior a 15%, similar ao obtido

para células que foram microinjetadas com tampão fosfato de sódio 5,0 mM pH 7,4,

selecionado como controle positivo da microinjeção e negativo da apoptose.

Resultados similares foram obtidos por Sharonov e colaboradores em estudos realizados

com formas mutantes de citocromo c K72W, K72A e K72E (SHARONOV et al.. 2005).

Neste estudo os autores referem que estas formas mutantes perderam a capacidade de induzir

a morte celular, fato que foi atribuído por sua menor afinidade à APAF-1 em decorrência da

ausência de lisina na posição 72, formando com a APAF-1 um complexo inativo incapaz de

iniciar o processo apoptótico. Esta mutação, entretanto, segundo os autores, não comprometeu

a atividade da proteína como carreador de elétrons na cadeia respiratória mitocondrial. Nossos

resultados, com provável mesma interpretação quanto à influência da lisina 79 no processo

apoptótico, demonstram, ao contrário, que a forma com troca da lisina 79 por alanina tem

menor capacidade como aceptora de elétrons (menor redução com DPAA do que as formas

nativa e pwt) e não consegue ser reoxidada por peróxido após redução com DPAA (também

diferentemente das formas nativa e pwt). Isso permite inferir que a lisina 79 afeta outras

propriedades do citocromo c que não somente a apoptogênica.

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70

5 CONCLUSÃO

Face aos resultados obtidos e aqui apresentados, pode-se concluir que as formas mutantes

H26N/H33N (pwt) e H26N/H33N/K79A apresentam alterações estruturais representadas pela

redução no conteúdo de alfa-hélice, maior na forma pwt, e mudanças na temperatura média e

na cinética de desenovelamento. Tais alterações estruturais podem ser atribuídas aos efeitos

decorrentes da ausência das histidinas 26 e 33, importantes no processo de biogênese e na

capacidade do citocromo c de interagir com interfaces negativas. Tais evidências podem

justificar que, diferentemente da forma nativa de citocromo c, as formas pwt e triplo mutante

não são capazes de assumir a forma baixo spin alternativo em presença de micelas de SDS.

Tal fato, entretanto, não afetou o potencial apoptogênico da forma pwt que, similar à forma

nativa, ativou caspase-3 de forma igualmente eficiente e também não interferiu na

propriedade óxido-redutora da proteína, que teve igual desempenho como aceptor e doador de

elétrons nos testes de atividade catalítica utilizando aldeídos e peróxidos.

Estas conclusões para a forma pwt permitiram responder aos objetivos traçados para este

trabalho, que envolvem especificamente o resíduo de lisina na posição 79 da cadeia proteica

do citocromo c. Como a forma mutante obtida neste resíduo é também modificada nos

resíduos de histidina 26 e 33, como o pwt, as diferenças estruturais, de reatividade e de

potencial apoptogênico mensurado por capacidade de ativação de caspase-3 entre a forma

triplo mutante e o pwt e destes com o citocromo c nativo permitiram atribuir importância de

fato e isoladamente à lisina 79.

Como a forma mutante que não possui lisina nesta posição promove menor ativação de

caspase-3 in vitro, não ativa apoptose em células em cultura e possui menor potencial como

aceptor de elétrons e incapacidade de reoxidação, propriedades não observadas para a forma

pwt, conclui-se que o resíduo de lisina 79 tem papel diferenciado no processo apoptótico.

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