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Universidade de São Paulo
Escola de Engenharia de Lorena
MATHEUS AUGUSTO CÂNDIDO
Lorena
2015
MATHEUS AUGUSTO CÂNDIDO
Formação de acrilamida em alimentos processados e sua possível ação
carcinogênica
Trabalho de conclusão de curso para
obtenção do título de bacharel em
Engenharia Química
Área: Processos Bioquímicos;
Alimentos
Orientador: Prof. Dr. Sílvio Silvério
Da Silva
Lorena
2015
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIOCONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE
Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizadoda Escola de Engenharia de Lorena,
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
Cândido, Matheus Augusto Formação de acrilamida em alimentos processados esua possível ação carcinogênica / Matheus AugustoCândido; orientador Sílvio Silvério da Silva. -Lorena, 2015. 44 p.
Monografia apresentada como requisito parcialpara a conclusão de Graduação do Curso de EngenhariaQuímica - Escola de Engenharia de Lorena daUniversidade de São Paulo. 2015Orientador: Sílvio Silvério da Silva
1. Alimentos. 2. Processos bioquímicos. I. Título.II. da Silva, Sílvio Silvério, orient.
DEDICATÓRIA
À minha família, especialmente meus pais, minha base e sustentação, de
onde obtive meus princípios e valores, e que sempre me apoiou e incentivou nas
minhas horas mais felizes e tristes de vida.
Aos meus amigos da República Cevada, minha segunda casa, que sempre
lá estiveram para me dar um abraço amigo, uma palavra de sabedoria ou de
amizade sincera.
Aos meus amigos Robson, Thiago, Douglas e Tales, que estiveram me
aconselhando e partilhando de momentos únicos na minha vida e que me lembrarei
com carinho pelo resto da vida.
Ao Professor Doutor e amigo Antônio Sérgio Cobianchi, por quem tenho
grande apreço, pela amizade, horas e horas de conversas sobre a vida e conselhos
que me fizeram chegar mais adiante.
AGRADECIMENTOS
À Universidade de São Paulo, pelas oportunidades concedidas a mim e que
me fizeram ser um cidadão melhor para a sociedade, bem como tantos outros
estudantes que aqui estudam.
Ao Professor Doutor Silvio Silvério da Silva, que me orientou nesse trabalho
com muita paciência, humor e disposição para ensinar e que leciona de forma
diferente e interessante, sendo um exemplo a ser seguido.
Ao mestrando Matheus Soler que, mesmo nas horas mais difíceis de seu
mestrado, reservou tempo para me ajudar em pesquisas e sugestões sobre o
assunto aqui tratado nesta monografia.
À minha querida Bianca Maia, pela ajuda nas traduções de artigos e pela
paciência e dedicação que teve comigo nas minhas horas de estresse. Essa ajuda
foi deveras importante para a conclusão deste trabalho.
Aos professores Doutores Messias Borges, Marco Pereira, Domingos
Giordani e Marcos Barcza pelo conhecimento transmitido e a forma diferente de
fazê-lo, inovando o meio de ensino da Instituição. Isso é de grande valia à
universidade e seus estudantes, elevando o nível de ensino a outro patamar.
Também todo o corpo docente da Escola de Engenharia de Lorena que, de
uma forma ou de outra, sempre me ajudaram com o que precisei.
“A mente que se abre para uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”.
Albert Einstein
“Do céu só „vem‟ o sol que queima e a água da chuva que molha. Se quisermos
algo nessa vida, temos que batalhar pra conseguir”.
Antônio Cândido Sobrinho, meu avô.
Resumo
CÂNDIDO, M. A. Formação de acrilamida em alimentos processados e sua
possível ação carcinogênica. Projeto de Monografia (Trabalho de Graduação em
Engenharia Química) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São
Paulo, Lorena, 2015.
A acrilamida é uma substância química usada na produção de poliacrilamida, de
colas, cosméticos e no tratamento de água. Contudo, é uma substância
classificada como potencialmente cancerígena para o ser humano. Ela é produzida
em alguns tipos de alimentos processados a elevadas temperaturas, devido à
reação entre o aminoácido asparagina e uma fonte de açúcar redutor. Essa
acrilamida reage nos tecidos de animais mamíferos e é biotransformada em outra
substância, a glicidamida, a qual pode desencadear a iniciação do processo
cancerígeno. No presente trabalho, procura-se apresentar informações de
interesse sobre a formação da acrilamida em uma determinada classe de alimentos
submetidos a tratamentos térmicos e uma possível solução para a eliminação total
ou parcial dessa substância e seu potencial carcinogênico. A principal solução
explorada foi a introdução da enzima asparaginase no preparo desses alimentos a
fim de eliminar o aminoácido asparagina neles presente. A asparaginase é obtida,
mais frequentemente, por processos bioquímicos que incorporam o uso de fungos
filamentosos e bactérias, embora, devido à facilidade de manipulação, à redução
relativa de efeitos colaterais e ao barateamento de custos, venham sendo
desenvolvidos estudos com o uso de leveduras para esse fim. A introdução da
asparaginase no processamento dos alimentos resultou em uma redução de 60 a
90% dos níveis de acrilamida nos produtos, de forma que as características
sensoriais não tenham sido alteradas, mostrando que se trata de uma opção
eficiente e promissora.
Palavras-chave: acrilamida, asparagina, asparaginase, alimentos processados
Abstract
CÂNDIDO, M. A. Formation of acrylamide in processed foods and its possible
carcinogenic action. Projeto de Monografia (Trabalho de Graduação em
Engenharia Química) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São
Paulo, Lorena, 2015.
Acrylamide is a chemical substance used in the production of polyacrylamide,
glues, cosmetics and in the treatment of water. However, this substance is taken as
a potential carcinogen for the human body. It is produced in high temperature food
processing, due to the reaction between the aminoacid asparagine and a reducing
sugar source. This acrylamide reacts with tissues and it is biotransformed into
another substance: glicidamida, which may trigger the initiation of the cancer
process. In this study, information of interest are shown about the production of
acrylamide in a particular class of foods subjected to heat treatment and a possible
solution for the total or partial elimination of the substance and its carcinogenic
potential. The main explored solution was the introduction of the enzyme
asparaginase to prepare such foods in order to eliminate the present aminoacid
asparagine. Asparaginase is obtained, most frequently by biochemical processes
that incorporate the use of filamentous fungi and bacteria, although, due to ease of
manipulation, the relative reduction of side effects and lower costs, current studies
using yeast for this purpose have been developed. The introduction of asparaginase
in food processing resulted in a reduction of 60 to 90% in acrylamide levels in
products, and since the sensory characteristics have not been changed, it was
concluded that it is a promising and efficient option.
Key-words: acrylamide. asparagine. asparaginase. processed food.
Lista de abreviações
AA Aminoácidos
ACL Acrilonitrila
ACM Acrilamida
IARC International Agency for Research on Cancer
GCM Glicidamida
kg Quilograma
µg Micrograma
ASNU Unidade de atividade da asparaginase
Lista de figuras
Figura 1 - Fórmula estrutural da acrilamida .......................................................... 15 Figura 2 - Fórmula estrutural de aminoácidos em diferentes condições de pH..... 16 Figura 3 - Fórmula estrutural da asparagina ......................................................... 16 Figura 4 - Reação genérica de Maillard ................................................................ 18 Figura 5 - Reação simplificada de formação de acrilamida em alimentos ............ 19 Figura 6 - Metabolismo de acrilamida em roedores in vivo ................................... 21 Figura 7 - Reação genérica da asparaginase ....................................................... 25 Figura 8 - Perfil de atividade em temperatura a pH=7........................................... 34
Lista de tabelas
Tabela 1 - Solubilidade de ACM em diversos solventes ....................................... 14 Tabela 2 - ACM produzida na reação entre açúcares e AA .................................. 20 Tabela 3 - Níveis de acrilamida em produtos comerciais.......................................32 Tabela 4 - Níveis de acrilamida em biscoito meio-amargo.....................................33
Tabela 5 - Níveis de acrilamida em biscoitos de gengibre......................................35
Sumário
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 14
2.1 A acrilamida e suas características ............................................................. 14
2.2 O aminoácido asparagina ........................................................................... 15
2.3 Desenvolvimento da Reação de Maillard .................................................... 17
2.4 Formação de acrilamida em alimentos processados à altas temperaturas 18
2.5 Formação de glicidamida em tecidos de mamíferos ................................... 21
2.6 Fatores que afetam a atividade enzimática ................................................. 22
2.6.1 Temperatura .......................................................................................... 22
2.6.2 pH – Acidez e alcalinidade .................................................................... 23
2.6.3 Concentração do substrato .................................................................... 24
2.7 A enzima asparaginase: uma solução promissora para redução dos níveis de ACM em alimentos ........................................................................................ 24
2.7.1 Utilização da L-asparaginase na indústria farmacêutica ........................ 26
2.7.2 Utilização na indústria alimentícia.......................................................... 27
2.7.3 Produção da enzima L-asparaginase .................................................... 28
3 METODOLOGIA ............................................................................................... 30
4 RESULTADO E DISCUSSÃO ............................................................................ 31
5 CONCLUSÃO .................................................................................................... 37
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 38
12
1 INTRODUÇÃO
Uma das maiores preocupações mundiais é a manutenção e preservação
da saúde populacional. O estilo de vida atual e moderno tem proporcionado
mudanças de hábitos e muitas vezes a ingestão de alimentos rápidos tem sido
priorizada. A indústria de alimentos evoluiu demasiadamente proporcionando à
população alimentos acessíveis e de preços competitivos.
Por meio de diversos estudos, vão se descobrindo novas substâncias que
tem a capacidade de prejudicar o organismo humano e novas técnicas para
minimizar e/ou eliminar esses problemas são necessárias e propostas.
A acrilamida (C3H5O) é uma substância química usada na produção de
poliacrilamida, produção de colas, cosméticos, tratamento de água e em alguns
alimentos preparados a altas temperaturas e tem sido usada comercialmente
desde meados dos anos 50 (CALLEMAN, 1996; WEISS, 2002).
Após um acidente ambiental na Escandinávia na década de 90 envolvendo
a construção de túneis para ferrovias de velocidade elevada, a ACM foi destacada
como uma fonte potencial de câncer em alimentos. Em tal acidente, houve a
exposição de trabalhadores que manipularam selantes contendo ACM.
(REYNOLDS; 2002).
Pesquisas apontam a acrilamida como sendo uma substância com ação
neurotóxica ao ser humano em especial a partir da exposição ocupacional. Esse
efeito já é conhecido há mais de trinta anos (FAO/WHO, 2002). Em 1994, a
acrilamida foi avaliada pela Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer
como “possivelmente cancerígeno para humanos” (IARC, 1994).
Pesquisadores da Universidade de Estocolmo, estudando o desastre da
Escandinávia, compararam bioindicadores sanguíneos de exposição à acrilamida
dos trabalhadores expostos e em trabalhadores não expostos (população
controle). Após análises, os resultados mostraram que não houve diferença
significativa entre os grupos analisados (HAGMAR, 2001).
13
Na busca pelo real motivo dos níveis de ACM, responsáveis pela ação
carcinogênica, estudos em animais com uma dieta feita com ACM foram feitos e
os níveis de bioindicadores sanguíneos desse grupo foram dados como altos se
comparados à população controle. Assim, o grupo de estudo demonstrou que
alimentos fontes de carboidratos, quando tratados em altas temperaturas de
processamento, continham níveis significativos de acrilamida (TAREKE, 2002), o
que potencialmente poderiam ser desencadeadores de câncer em animais de
laboratório.
Assim, em 2002, foi comunicado publicamente pela Agência Nacional de
Alimento da Suécia (SNFA) a presença de substância acrilamida em alimentos
ricos em carboidratos quando submetidos a tratamentos térmicos drásticos.
Desde então, foram organizados encontros públicos e um foco maior à ACM foi
dado devido à pressão da comunidade científica. No momento percebe-se um
interesse da comunidade científica em desvendar estas observações.
Embora a toxicidade da acrilamida tenha sido comprovada, a sua formação
em certos tipos de alimentos ainda é motivo de grande discussão. Os trabalhos
evidenciam fortemente sua atuação em algumas classes de alimentos
processados. Observa-se que existe uma mitigação na discussão do real papel da
acrilamida, tendo em vista ser um tópico de grande importância na atualidade.
Assim, esse trabalho visa contribuir com informações para enriquecer o
entendimento e aumentar as discussões sobre a substância acrilamida
encontrada em alimentos ricos em carboidratos quando tratados com processos
térmicos drásticos, seu possível potencial cancerígeno e a solução da eliminação
parcial ou total dessa substância utilizando a inserção da enzima asparaginase no
meio de preparo dos alimentos processados, a qual é obtida por processos
bioquímicos industriais.
14
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 A acrilamida e suas características
A acrilamida (C3H5O) é uma substância química, de massa molar de 71,08
g/mol, usada na produção de poliacrilamida, produção de colas, cosméticos,
tratamento de água e tem sido usada comercialmente desde meados dos anos 50
(CALLEMAN, 1996; WEISS, 2002).
Trata-se de um sólido branco cristalino (HABERMANN, 1991) solúvel em
água, metanol, etanol, acetona, acetato de etila, benzeno e heptano (BUDAVARI,
1989; LIDE, 1991). Sua solubilidade e fórmula estrutural estão apresentadas na
Tabela 1 e Figura 1.
Tabela 1 - Solubilidade de ACM em diversos solventes
Solvente Solubilidade
(g em 100 ml de solvente)
Acetona 63
Acetato de etila 12,6
Água (à 30ºC) 215
Benzeno 0,35
Etanol 86
Heptano 0,0068
Metanol 155
Fonte: UWSF (adaptado), 2002
15
Fonte: J. Mol. Struct. (2000), p. 69-85
A ACM, também conhecida como 2-propenamida, é uma molécula reativa
normalmente obtida a partir a hidratação da acrilonitrila (ACL). A preocupação das
indústrias com o possível risco à saúde humana fez com que a fabricação de
produtos selantes que contém acrilamida fosse diminuída na década de 70.
Companhias americanas chegaram a produzir quase 50.000 toneladas em 1992.
Em 2004, a produção foi estimada em 250.000 toneladas por ano (NERI, 2004).
2.2 O aminoácido asparagina
Aminoácidos (AA) são ácidos orgânicos que possuem um ou mais grupo
Amina em seus terminais. Qualquer molécula de AA tem um grupo carboxila
(COOH) e um grupo amina ligados a um átomo de carbono. Nesse carbono ficam
ligados ainda um átomo de hidrogênio e um radical (R). O aminoácido pode ser
diferenciado de acordo com o grupo R.
Devido ao efeito anfótero, o aminoácido pode estar em sua forma ionizada
ou não, dependendo do pH em que se encontra. A fórmula estrutural de um
aminoácido em diferentes condições de pH é apresentada na Figura 2.
Figura 1 - Fórmula estrutural da acrilamida
16
Figura 2 - Fórmula estrutural de aminoácidos em diferentes condições de pH
Fonte: http://www.fcfar.unesp.br/alimentos/bioquimica/praticas_proteinas/ponto_isoeletrico.htm
(adaptado)
A asparagina, cuja fórmula estrutural é mostrada na Figura 3, é um dos 20
aminoácidos mais comumente encontrados nos alimentos. É um aminoácido não-
essencial para humanos. Pode ser encontrada em fontes de origem animal, como
laticínios, aves, ovos, peixe, carne bovina, marisco e em fontes de origem vegetal,
como batatas, nozes, sementes, leguminosas e produtos vegetais.
Fonte: http://www.explicatorium.com/quimica/Aminoacido_Asparagina.php.
Acesso em 07.out.2014
Aminoácidos podem sofrer diferentes reações químicas, tanto dentro das
células através de catalisadores biológicos (enzimas), quanto de forma
Figura 3 - Fórmula estrutural da asparagina
17
extracelular. Um dos exemplos clássicos de reações ocorridas em alimentos entre
aminoácidos é a Reação de Maillard.
2.3 Desenvolvimento da Reação de Maillard
Em 1912, Louis Camille Maillard descreveu uma reação típica de
condensação entre o grupo amina de aminoácidos e carboidratos que ocorre
principalmente em alimentos processados à altas temperaturas (SHARP, 2003).
A pigmentação marrom nos alimentos processados causada pelo browning
químico (reação de Maillard) se dá pela formação de melanoidinas e tem grande
impacto na qualidade final do produto alimentício processado contribuindo pela
cor e odor característicos. A reação se dá quando o grupo amino do aminoácido e
compostos carbonilas de açúcares redutores reagem entre si quando tratados
termicamente (NERI, 2004). Desta forma, os alimentos têm suas qualidades
físicas e sensoriais modificadas.
A reação se inicia quando um açúcar redutor se condensa com um grupo
amino livre (geralmente de um aminoácido). A partir dessa reação, observa-se o
rearranjo conhecido como Amadori, que é a isomerização da glicosilamina; a
formação da base de Schiff; a degradação de Strecker e algumas reações
intermediárias, de onde forma-se o hidroximetil furfural ou furfural, cuja
polimerização dará origem à melanoidina, conforme esquema da figura 4.
(EVANGELISTA, 1992; CHEFTEL, 1992).
18
Fonte: SKOG, 2007 (adaptado).
2.4 Formação de acrilamida em alimentos processados à altas
temperaturas
A acrilamida é considerada um potencial agente carcinogênico desde a
década de 90, quando um acidente ambiental, na Escandinávia, envolvendo
trabalhadores indicou que essa molécula poderia ter causado câncer nessa
população. (REYNOLDS, 2002).
Em um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Estocolmo,
estudando o desastre da Escandinávia, bioindicadores sanguíneos de exposição
à acrilamida dos trabalhadores expostos e em trabalhadores não expostos
(população controle) foram comparados. Os resultados mostraram que não houve
diferença significativa entre os grupos analisados (HAGMAR, 2001).
Após os resultados do primeiro estudo, surgiram hipóteses para tentar
encontrar a origem da ACM em outras fontes, visto que a exposição ocupacional
não chegou a uma conclusão definitiva. Assim, os alimentos começaram a entrar
no foco dos pesquisadores como fonte principal da formação da acrilamida. Os
estudos prosseguiram e a hipótese da participação de ACM em alimentos foi
confirmada baseada em dois importantes experimentos. Em um deles, um grupo
de cobaias foi submetido a uma dieta com alimentos à base de fritura. O outro
Figura 4 - Reação genérica de Maillard
19
grupo foi alimentado com uma dieta livre de frituras. Os níveis mais elevados de
ACM foram encontrados nos animais que foram submetidos à dieta com frituras,
enquanto o grupo controle os níveis de ACM foram inferiores ao limite de
detecção de 10 μg/Kg (TAREKE, 2000). A possível reação da ACM nos alimentos
é mostrada na Figura 5.
Fonte: SKOG, 2007 (adaptado)
Ainda segundo Neri (2004), pesquisadores de uma indústria de uma
grande empresa alimentícia tentaram identificar a presença de ACM a partir do
aquecimento de variados aminoácidos com quantidade equimolar de açúcares
mono e dissacarídeos. As reações em tais açúcares com outros aminoácidos
formaram quantidades bem inferiores de ACM. Além disso, a acrilamida não foi
detectada quando os açúcares e/ou AA foram aquecidos separadamente
(STADLER, 2002). O resultado desse estudo é apresentado a seguir na Tabela 2.
Figura 5 - Reação simplificada de formação de acrilamida em alimentos
20
Tabela 2 - ACM produzida na reação entre açúcares e AA
Aminoácido
Acrilamida (mg/mol)
Com água Seco
Asparagina 221 25
Metionina Não detectado 5
Glicina Não detectado Não detectado
Cisteína Não detectado Não detectado
Glutamina Traços Traços
Ácido aspártico Traços Não detectado
Asparagina aquecida isoladamente Não detectado Não detectado
Fonte: STADLER (adaptado), 2002.
Acredita-se, assim, que os principais alimentos que contenham acrilamida
são snacks extrusados, batatas fritas, produtos de panificação e café.
Uma rota secundária proposta para a formação de acrilamida em alimentos
através da oxidação de lipídeos. O glicerol, formado a partir da hidrólise dos
triacilgliceróis, pode sofrer termodegradação à acroleína, um importante precursor
na síntese da ACM. Esta é uma rota secundária, mas com saliente importância
em alimentos gordurosos e/ou fritos (ARRIBAS-LORENZO et al., 2009;
KERAMAT et al., 2010).
21
2.5 Formação de glicidamida em tecidos de mamíferos
Em 1994, a acrilamida (ACM) foi avaliada pela Agência Internacional de
Pesquisa sobre Câncer como “potencialmente cancerígeno para humanos” (IARC,
1994) baseado em resultados com cobaias apoiados pela evidência de que a
ACM é biotransformada, nos tecidos de mamíferos, em um metabólito genotóxico
quimicamente reativo, a glicidamida. Segundo Neri (2004), “A glicidamida (GCM)
parece formar adutos estáveis com o DNA, provocando danos que, a princípio,
podem desencadear a iniciação do processo cancerígeno” (DIXIT, 1980; MILLER,
1982; CALLEMAN, 1990; SCF, 2002). O bioprocesso no qual a acrilamida é
convertida em GCM pode ser demonstrado ocorrendo em tecidos de humanos e
roedores conforme a Figura 6.
Fonte: IARC (adaptado), 1994, p. 405
Figura 6 - Metabolismo de acrilamida em roedores in vivo
22
Dentre as estratégias utilizadas para mitigação da formação de acrilamida
nos alimentos, encontram-se a adição da enzima L-asparaginase para
degradação da L-asparagina antes do aquecimento do alimento, adição de outros
aminoácidos como a glicina à massa, utilização de agentes complexantes para se
ligar à L-asparagina, como íons metálicos divalentes, e a redução da
concentração de agentes que aceleram a reação, como sais de amônio
(FRIEDMAN, 2008; KERAMAT et al., 2010; KUKUROVÁ et al., 2009;
PEDRESCHI et al., 2007). Dentre essas estratégias, a aplicação da enzima L-
asparaginase à massa do alimento previamente ao processamento é uma das
mais promissoras.
2.6 Fatores que afetam a atividade enzimática
2.6.1 Temperatura
Com o aumento da temperatura, aumenta-se a energia cinética das
moléculas. Em um fluido, isso significa que há mais colisões aleatórias por minuto
entre as moléculas.
Visto que as enzimas catalisam reações por colisões aleatórias com as
moléculas de substrato, aumentando a temperatura aumenta-se a taxa de reação,
formando mais produto.
No entanto, o aumento da temperatura também gera um aumento na
energia vibracional que as moléculas tem, especificamente neste caso moléculas
da enzima, o que coloca tensão sobre as ligações que os unem.
À medida que a temperatura aumenta, ligações fracas como pontes de
hidrogênio e dissulfeto vão quebrar como resultado desta tensão. A quebra de
ligações dentro da enzima fará com que o sítio ativo mude de forma, num
processo chamado desnaturação enzimática. Esta mudança na forma significa
23
que o sítio ativo é menos complementar à forma do substrato, de modo que é
menos suscetível de catalisar a reação.
Dessa forma, pode-se definir uma temperatura ótima de atividade
enzimática como sendo aquela em que se obtém a maior taxa de reação sem que
haja comprometimento da estrutura enzimática (COX; NELSON, 2000).
2.6.2 pH – Acidez e alcalinidade
Os íons H+ e OH- são carregados e, portanto, interferem em ligações de
hidrogênio e iônicas que mantêm a estrutura terciária e quaternária de uma
proteína. Dependendo do pH da solução e, consequentemente, a concentração
de H+ e OH- na mesma, as ligações internas da proteína podem ser modificadas
e, assim, pode haver mudanças de sua estrutura levando a uma maior ou menor
atividade catalítica. (COX; NELSON, 2000).
Enzimas diferentes têm diferentes valores de pH ideal. Este é o valor de pH
ao qual as ligações dentro delas são influenciados por íons H+ e OH-, de tal
maneira que a forma do seu sítio ativo é o mais complementar à forma do seu
substrato. Ao pH ótimo, a taxa de reação será ótima.
Qualquer alteração no pH acima ou abaixo do ótimo irá causar rapidamente
uma diminuição na taxa de reação, uma vez que mais das moléculas de enzima
terão sítios ativos cujas formas não são (ou pelo menos, são menos
complementares) à forma do seu substrato.
24
2.6.3 Concentração do substrato
As enzimas afetam a velocidade da reação, mas não seu equilíbrio
químico. A molécula que se liga ao sítio ativo e sofre a ação da enzima é
chamada substrato. O complexo enzima-substrato é fundamental para a ação das
enzimas.
A concentração do substrato afeta a velocidade das reações catalisadas
por enzimas. Um dos principais fatores que afetam a velocidade de uma reação,
catalisada por uma enzima purificada, é a concentração do substrato [S]. A [S]
varia durante o curso da reação à medida que o substrato é convertido em
produto. (COX; NELSON, 2000).
Quando [S] é muito maior que a concentração da enzima [E], pode-se
medir a velocidade inicial da reação, denominada V0. Desse modo, se o tempo de
reação for relativamente curto, as mudanças na concentração do substrato serão
desprezíveis e [S] pode ser considerada constante (COX; NELSON, 2000).
Ainda segundo Cox (2000), em [S] relativamente baixas, V0 aumenta de
forma quase linear com o aumento da concentração do substrato. Em altas
concentrações de substrato, V0 aumenta cada vez menos conforme a [S]
aumenta. Em certo ponto, o aumento de V0 é considerado insignificante em
relação aos aumentos da [S]. Esse patamar atingido para tais valores de V0 é
bem próximo da velocidade máxima, Vmáx.
2.7 A enzima asparaginase: uma solução promissora para
redução dos níveis de ACM em alimentos
A L-asparaginase (EC 3.5.1.1), também conhecida como L-asparagina
amino hidrolase, é a enzima responsável pela catalisação da hidrólise do grupo
amida da cadeia do aminoácido asparagina, resultando como produtos da reação
25
o ácido aspártico e amônia. (LINCOLN; MORE, 2014). Esta reação genérica
segue na Figura 7:
Figura 7 - Reação genérica da asparaginase
Fonte: http://www.worthington-biochem.com/aspr/images/reaction.jpg(adaptada)
A asparaginase é encontrada em organismos vivos, incluindo animais,
plantas e micróbios. (KORNBRUST et al., 2010).
Dentre as estratégias utilizadas para a redução da formação de acrilamida
durante o processamento de alimentos, encontra-se a adição da enzima L-
asparaginase para degradação da L-asparagina antes do processo de
aquecimento do alimento.
O foco de pesquisas atuais na mudança das condições de processamento
de pães para redução da formação de ACM é significativo também. Foram
identificados como principais fatores para formação de acrilamida em produtos de
panificação a temperatura de aquecimento do pão e umidade relativa do ar.
Entretanto, tais fatores são importantes para desenvolvimento da coloração e
sabor na crosta desses tipos de alimentos, importantes aspectos sensoriais de
pães. Logo, modificar esses fatores para redução da ACM pode causar alteração
nas propriedades sensoriais do produto final (AHRNÉ et al., 2007; FRIEDMAN;
LEVIN, 2008; KERAMAT et al., 2010).
Até o presente momento, o método com maior eficácia na redução da
acrilamida é o uso da L-asparaginase previamente ao processamento do
alimento, causando pouco ou nenhum impacto sensorial no produto final. O uso
26
da enzima L-asparaginase antes do processamento do alimento reduz os níveis
de L-asparagina na massa dos produtos. Logo, a reação de Maillard que produz a
acrilamida é inibida de maneira específica para a formação de acrilamida, não
atingindo as melanoidinas que dão características desejáveis ao produto.
Estudos tem apontado a necessidade de otimização e desenvolvimento de
novos processos para obtenção dessa enzima em larga escala visando atender
ao mercado e suas importantes aplicações.
Sabe-se que, durante o tratamento dos alimentos com L-asparaginase,
alguns fatores devem ser levados em consideração, como a concentração, tempo
e temperatura de incubação da enzima.
2.7.1 Utilização da L-asparaginase na indústria farmacêutica
Na área farmacêutica, a enzima tem sido utilizada para tratamento de
Leucemia Linfoide Aguda (LLA) ou leucemia linfoblástica em crianças, uma
neoplasia na linhagem linfoide do sangue caracterizada pela produção maligna de
linfócitos imaturos (linfoblastos) na medula óssea.
Na maioria dos casos, as células malignas de LLA se proliferam
rapidamente, tomando o sangue e inibindo a ação das células saudáveis. Além
disso, as células malignas acabam se espalhando para outras partes do corpo,
como gânglios linfáticos, fígado, baço, cérebro, medula espinhal e testículos.
BROOME (1968) foi um dos primeiros autores capazes de identificar a L-
asparaginase como sendo uma enzima com potencial anticarcinogênico. Também
identificou-se que enzimas provenientes de diferentes fontes tem diferentes
capacidades de inibição de crescimento de tumores, sendo a L-asparaginase
produzida pela bactéria Escherichia coli a enzima que com melhores resultados.
Deduziu-se, então, que essa alta capacidade de inibição tumoral tem como base
3 fatores: (i) a alta afinidade da enzima de E. coli pela L-asparagina,
27
demonstrada pelo baixo valor da constante de Michaelis-Menten (Km); (ii) a L-
asparaginase do E. coli continua altamente ativa mesmo após sua retirada do
sangue, eventualmente por sequestro pelas células hepáticas;(iii) e a meia vida
da L-asparaginase é aumentada quando células de linfoma são implantadas em
cobaias. Assim, diversos micro-organismos foram avaliados para obtenção de
uma L-asparaginase com maior atividade antitumoral em relação àquela
produzida por E. coli e que fosse produzida de forma economicamente viável.
Considera-se que a L-asparaginase a ser utilizada como medicamento deve
possuir atividade farmacológica com o mínimo de efeitos colaterais. Assim,
espera-se que apresentem: alta afinidade pelo substrato, baixa imunogenicidade
e alta estabilidade (NAGARETHINAM et al., 2012).
As enzimas produzidas pelas enterobactérias Escherichia coli e Erwinia
chrysanthemi são as únicas empregadas atualmente nas terapias de tratamento
de leucemia com L-asparaginase. Durante os primeiros estudos sobre micro-
organismos produtores de L-asparaginase, foram identificadas como produtoras
as bactérias Mycobacterium phlei, Pseudomonas fluorescens, bactérias do gênero
Staphylococcus, Tetrahymena pyriformis e Thermus aquaticus, uma bactéria
termofílica, entretanto nenhuma apresentou potencial anticancerígeno comparável
às enzimas atualmente empregadas (VERMA et al., 2007).
2.7.2 Utilização na indústria alimentícia
Após a descoberta da substância potencialmente cancerígena acrilamida,
presente na produção de certa classe de alimentos bastante comuns na
alimentação humana, buscou-se uma alternativa para eliminar o problema.
Sendo praticamente impossível eliminar a ACM do produto final, a solução
foi introduzir a enzima L-asparaginase no meio de produção para assim reduzir a
concentração do precursor da ACM: o aminoácido asparagina. Com a enzima
reagindo com a asparagina, evita-se a reação de Maillard e obtêm-se os produtos
ácido aspártico e amônia, sendo estes facilmente eliminados pelo organismo
28
humano e não causando nenhuma mudança indesejável no produto final, como
alteração de sabor e textura. Para este fim alimentício, a L-asparaginase é
produzida através de fungos filamentosos. É nesse ramo de aplicação que está
fundado o trabalho presente: o ramo alimentício.
2.7.3 Produção da enzima L-asparaginase
Apesar de atualmente todas as formulações de L-asparaginase comerciais
para fins clínicos terem sua origem bacteriana, existem diversas vantagens ao se
aplicar a L-asparaginase de origem fúngica, tanto aquelas obtidas por cultivo de
fungos filamentosos quanto de leveduras, colocando-as em foco de grande
interesse de pesquisa para fins terapêuticos e alimentícios. Por ser produzida por
um microrganismo eucariótico, a L-asparaginase vinda de fungos tem menor
imunogenicidade devido a sua maior semelhança com o organismo humano.
Também, ao contrário das bactérias que produzem as enzimas de maior afinidade
de forma intracelular e periplasmática, os fungos são capazes de produzir
enzimas de alta afinidade e com alta produtividade de forma extracelular,
facilitando os processos de purificação que vem a seguir (HOSAMANI; KALIWAL,
2011; VAN DEN BERG, 2011; VERMA et al., 2007; SOLER, 2014).
Mesmo sendo micro-organismos de difícil cultivo e de características GRAS
(Generally Recognized as Safe), a L-asparaginase de fungos (leveduras e fungos
filamentosos) podem ser aplicadas sem restrições na indústria de alimentos.
Durante os primeiros estudos para se obter L-asparaginase microbiana,
Imada et al. (1973) realizaram uma pesquisa de fungos filamentosos dentre outros
micro-organismos, detectando-se a produção de L-asparaginase nos fungos dos
gêneros Fusarium, Penicillium, Tilachlidum, Verticillium, Hypomyces e Nectria.
Foram testadas trezentas cepas isoladas de diversas frutas e vegetais, obtendo-
29
se uma cepa de Fusarium sp., isolada de pimentões verdes, com produtividade de
L-asparaginase de 273 U.mg-1.
A fermentação em estado sólido (FES) é uma promissora estratégia para
cultivo de fungos filamentosos, visto que é capaz de produzir a enzima em alta
concentração, meios de fermentação simples, com baixo custo e emprego de
água.
Em seus estudos, Mohan Kumar, Ramasamy e Manonmani (2013)
empregaram o fungo filamentoso Cladosporium sp. sob fermentação em estado
sólido com farelo de trigo como substrato, obtendo-se o rendimento de 3,74 U/g
de substrato seco. Em outro estudo realizado por Rani, Sundaram e Vasantha
(2012), obteve-se uma cepa de Penicillium sp. como melhor produtora de L-
asparaginase. Os autores conseguiram obter rendimento de 70,67 U/g de
substrato seco ao empregar essa cepa em FES utilizando a casca de laranja
como substrato.
Apesar de importantes candidatas à produção de novas L-asparaginase,
poucas enzimas de leveduras foram estudadas e caracterizadas detalhadamente
(VERMA et al., 2007). Durante os primeiros estudos da inibição de tumores por L-
asparaginase de micróbios, a enzima de Saccharomyces cerevisiae foi testada
juntamente com enzimas de outros micro-organismos. Entretanto, verificou-se que
as enzimas de S. cerevisiae foram incapazes de inibir o crescimento de linfomas
em cobaias. O autor justificou a ineficácia dessa enzima devido a rápida
eliminação hepática que sofre, ao contrário da enzima de E. coli, que permanece
ativa no sangue da cobaia por certo tempo (BROOME, 1965). Imada et al. (1973)
realizaram uma ampla pesquisa de bactérias, fungos e leveduras para determinar
quais micro-organismos seriam aptos de fornecer uma alta produtividade de L-
asparaginase. Entre as 1326 leveduras testadas, aproximadamente 12%
demonstraram atividade asparaginolítica extracelular. Sabe-se que a levedura
Saccharomyces cerevisiae é capaz de produzir L-asparaginase periplasmática,
mas neste estudo identificou-se produção extracelular da enzima em somente
uma de 57 cepas testadas.
A levedura Saccharomyces cerevisiae possui dois tipos de enzima: uma
intracelular (L-asparaginase I) e outra periplasmática (L-asparaginse-II). A L-
asparaginase II é codificada pelo gene ASP3 e sua produção é estimulada pela
ausência de nitrogênio e não pela adição do AA L-asparagina. A produção de L-
30
asparaginase II de S. cerevisiae obteve somente 0,265 U.mL-1. Realizou-se então
a clonagem do gene ASP3 em Pichia pastoris para uma maior produção
enzimática. Nesse caso alcançou-se a 865 U.mL-1 em cultivo de alta densidade
celular. (FERRARA et al., 2004, 2006, 2010).
3 METODOLOGIA
Com o intuito de verificar a melhor solução encontrada até o presente
momento, foi realizada uma pesquisa bibliográfica através de artigos científicos e
reviews publicados em revistas internacionais. A busca se deu principalmente em
bancos de dados de artigos científicos (Scopus) e em sites de pesquisas e
revistas científicas, além de livros e pesquisadores das áreas envolvidas
Com a pesquisa nos meios científicos, foi explorado no presente trabalho o
estado-da-arte da questão analisada: a possível eliminação parcial ou total da
acrilamida em certos alimentos, enfatizando a utilização da enzima asparaginase
como principal solução.
O mecanismo mais aceito de formação da acrilamida em alimentos foi
tratado nesta monografia. Tal mecanismo foi retirado de artigos já publicados em
meios científicos internacionais. Além dos possíveis mecanismos, foram
considerados os fatores externos que interferem na eficiência da reação
(temperatura, pH, concentração e tempo) no momento do preparo dos alimentos.
Como base de caso, utilizaram-se países onde a ingestão diária de
alimentos com acrilamida possui certa significância e já há levantamento do
consumo desses alimentos e a contribuição percentual destes alimentos fontes de
ACM na alimentação.
31
4 RESULTADO E DISCUSSÃO
Os estudos apresentados nesse trabalho sobre a influência da enzima
asparaginase em alimentos processados se basearam especificamente em
batatas fritas, biscoitos meio amargos, biscoitos de gengibre, biscoitos cream
craker, batatas chips e pão de forma.
Foram identificados como parâmetros críticos para uma boa atividade
enzimática: a dose utilizada da enzima, teor de água e tempo de repouso da
massa. Devido à natureza sólida das batatas fritas e batatas chips, é necessário
branqueamento prévio à aplicação da enzima para redução dos níveis de
acrilamida. Mesmo assim o tecido da batata impede uma boa difusão da L-
asparaginase, resultando em uma redução de acrilamida acima de 70%
(PEDRESCHI et al, 2011).
Tempo e temperatura são fatores controlados que podem reduzir a
formação de acrilamida nos alimentos processados derivados de cereais. Para
produtos que são feitos em fatias de batata, as estratégias de redução focaram-se
em controlar o nível de açúcares redutores, dado que isto é um fator crucial para
a formação da ACM nesse tipo de alimento. (HENDRIKSEN, 2009).
Porém, processos que alternam a formulação do produto tendem a alterar
suas características sensoriais finais, algo indesejável na maior parte dos casos.
O estudo consultado neste trabalho, com mais dados sobre o uso de
asparaginase nessa classe de alimentos, utilizou a enzima derivada do fungo
Aspergillus oryzae Nesse estudo, foi feita a clonagem do gene de A. oryzae em
um sistema que permite excreção extracelular da enzima, antes periplasmática.
Esse estudo foi realizado previamente à comercialização da L-asparaginase de A.
oryzae pela empresa Novozymes, como Acrylaway, pelo mesmo grupo de
cientistas (HENDRIKSEN, 2009).
Para avaliar o potencial de asparaginase de A. oryzae como uma
ferramenta para a mitigação geral da acrilamida em alimentos, foram realizadas
32
uma série de ensaios de aplicação de produtos alimentares com bases cereais ou
batata. Para a alimentos com base de cereais foram escolhidos como sistemas
modelo: biscoitos meio-amargo (base em farinha de trigo); biscoitos cream craker
(base em farinha de centeio, com alto teor de água e baixa temperatura de massa
cozida); e, finalmente, biscoitos de gengibre como um produto de massa
caracterizado por um nível muito elevado de acrilamida em comparação com
outros tipos de biscoitos (HENDRIKSEN, 2009). Ainda segundo o mesmo estudo,
o banco de dados da Comissão Europeia de níveis de acrilamida em produtos
comerciais relata níveis máximos e médios da substância conforme a Tabela 3:
Tabela 3 – Níveis de acrilamida em produtos comerciais
ALIMENTO
ACRILAMIDA (μg/kg)
MÉDIA MÁXIMO
Batata frita 186 4653
Biscoito meio-amargo 145 3324
Biscoitos de gengibre 303 7834
Biscoitos cream cracker 244 2838
Batata chips 528 5215
Fonte: HENDRIKSEN, 2009.
A unidade utilizada de dosagem de enzima é denominada ASNU, que é
definida como a quantidade de asparaginase que produz um micromol de amônia
por minuto nas condições de pH=7,0 e temperatura de 37,0±0.50°C (FAO, 2007).
Para as amostras de biscoitos meio-amargo, nas amostras controle obteve-
se níveis de acrilamida na ordem de 370 a 460 μg/kg em tempos de descanso de
massa de 15 e 30 minutos, respectivamente. Nas amostras tratadas com a
33
enzima asparaginase, o efeito de redução de acrilamida se deu com o aumento
da quantidade de enzima utilizada (HENDRIKSEN, 2009). O resultado com esse
tipo de biscoito, com tempo de descanso de massa de 15 minutos, é mostrado na
Tabela 4:
Tabela 4 – Nível de acrilamida em biscoito meio-amargo
Fonte: HENDRIKEN, 2009
A produção de biscoitos cream craker, por sua vez, apresenta uma
temperatura de massa baixa durante a preparação. Assim, será necessária uma
maior quantidade de enzima para atingir o mesmo patamar de redução de
acrilamida observada para biscoitos meio amargos. Através do estudo da curva
de atividade de temperatura da asparaginase, encontrada em estudos anteriores
e mostrada na Figura 8, foi estimado que, em aproximadamente 10ºC, a enzima
teria somente 30% da atividade que teria em 37ºC, sugerindo que será necessária
3 vezes a quantidade de enzima utilizada para biscoitos meio-amargo na massa
do biscoitos cream craker. Além disso, a farinha utilizada no biscoito cream craker
é a de centeio, que contém mais asparagina livre que a farinha de trigo, o que
também requer uma maior quantidade de enzima. Dessa forma, utilizou-se 2100
ASNU/(kg de farinha) no tratamento.(HENDRIKSEN, 2009).
34
Figura 8 - Perfil de atividade em temperatura a pH=7
Fonte: HENDRIKSEN, 2009. p. 4. (Adaptado)
Nas amostras controle, os níveis de acrilamida eram de 910 e 740 μg/kg. O
resultado foi de redução de 84 a 92% de acrilamida nas amostras tratadas,
independentemente da temperatura de massa e do tempo de descanso.
Para os biscoitos de gengibre, a importância da quantidade de água na
massa foi mais bastante estudada, uma vez que são comumente preparados com
baixa quantidade de água.
A dose de enzima utilizada foi de 1000 ASNU/(kg de farinha), para níveis de
acrilamida que variaram entre 530 e 640 μg/kg nas amostras controle. Encontrou-
se assim uma relação entre a quantidade de água na massa e a quantidade de
acrilamida no produto, mostrada na Tabela 5:
35
Tabela 5 – Redução de ACM em biscoitos de gengibre
Fonte: HENDRIKSEN et al., 2009.
Os valores obtidos mostram que o contato entre a enzima e o substrato é
limitado pela difusão, o que pode indicar que a baixa mobilidade da enzima e
substrato nas massas causa hidrólise incompleta da asparagina e redução parcial
da formação da acrilamida. (HENDRIKSEN et al, 2009).
Batatas fritas são importantes fontes para a exposição humana à ACM,
visto o alto consumo desse alimento pela população mundial. PEDRESCHI et al.
(2008) estudaram diferentes estratégias para redução dos precursores da reação
de Maillard que formam acrilamida em batatas fritas. Para tal, a técnica de
branqueamento térmico e o uso de L-asparaginase foram empregados. A técnica
de branqueamento térmico é eficaz ao reduzir em 50% a concentração de ACM
após a fritura do alimento, porém o uso de L-asparaginase é o método mais eficaz
para redução deste composto, reduzindo em até 75% sua concentração. Os
mesmos autores, em estudo posterior, Pedreschi et al. (2011) confirmaram que a
associação das técnicas de branqueamento térmico e o emprego da L-
asparaginase é capaz de reduzir a concentração de acrilamida em batatas fritas
em até 90%.
No caso das batatas chips, como processo de branqueamento é opcional no
processo de produção desse tipo de alimento e, portanto, fizeram-se os testes
nas duas modalidades: com e sem branqueamento. Sem a asparaginase, o
36
tratamento com as fatias cortadas branqueadas mostraram um nível de acrilamida
de 1750 μg/kg, o qual foi reduzido para 710 μg/kg após a utilização da enzima,
tendo assim uma redução de 59%. Quando as fatias não são branqueadas antes
do tratamento com asparaginase, não há redução considerável nos níveis da
substância acrilamida. O branqueamento reduz a integridade estrutural dos
pedaços de batata, enfraquecendo a parede celular e membrana, promovendo
assim a o contato da enzima com substrato. (HENDRIKSEN, 2009).
Após o tratamento da massa de pão de forma com a enzima L-
asparaginase, foram avaliadas as propriedades reológicas da massa,
características fisico-químicas e sensoriais e o conteúdo de ACM no produto final.
Identificou-se a formação 5 vezes superior de acrilamida na crosta do pão em
relação a massa, visto que a crosta, onde há a formação da coloração desejada,
é a área onde a reação de Maillard, ou browning químico, ocorre com maior
efetividade. A adição da enzima L-asparaginase não causou nenhuma alteração
significativa nos parâmetros sensoriais do pão de forma. Quanto à concentração
de ACM no produto final, observou-se redução de até 97% ao se empregar a
enzima L-asparaginase, obtida da clonagem do gene do fungo Cladosporium
(MOHAN KUMAR et al., 2013).
37
5 CONCLUSÃO
Com este trabalho é possível determinar a natureza da acrilamida, seus
efeitos tóxicos em humanos, sua origem, sua ocorrência e a possível solução
para os problemas causados por ela, utilizando uma enzima previamente
conhecida para outras funções: a L-asparaginase.
Durante as pesquisas realizadas, percebeu-se que leveduras e fungos
filamentosos estão entre as melhores candidatas a novos produtores da enzima
L-asparaginase, porém são poucos os estudos que objetivam empregar tais
micro-organismos como fontes de produção dessa enzima. Logo, torna-se
essencial encontrar novas leveduras capazes de produzir a L-asparaginase em
quantidades suficientes e com propriedades bioquímicas que permitam sua
aplicação tanto na área farmacêutica quanto na indústria alimentícia.
Com os resultados apresentados, pode-se observar a significante redução
dos níveis finais da ACM nos produtos processados termicamente com base em
açúcares redutores utilizando a enzima L-asparaginase no meio de preparo, sem
alterar as propriedades sensoriais finais, que são desejadas pelos produtores e
consumidores.
A presença da enzima no mercado internacional vem crescendo, inclusive
para fins alimentícios. A Novozymes, uma empresa mundial com sede na
Dinamarca, vem comercializando a Acrylaway, que tem alcançado níveis
elevados de redução de acrilamida nos alimentos.
A capacidade de mitigação da ACM pode chegar próximo dos 100% em
alguns casos, sendo assim uma boa alternativa para evitar a exposição da
população à acrilamida, um composto tóxico e potencialmente carcinogênico.
38
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