112
1 Souza VR de UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENFERMAGEM VANESSA RODRIGUES DE SOUZA A Hipotermia Não Induzida em Pacientes Graves e Complicações Decorrentes no Período Pós-Operatório: Revisão Integrativa da Literatura SÃO PAULO 2012

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE … · taquicardia y trombosis venosa profunda); coagulopatía (disminución de la coagulación en 10% y activación plaquetaria) infección de

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  • 1 Souza VR de

    UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    ESCOLA DE ENFERMAGEM

    VANESSA RODRIGUES DE SOUZA

    A Hipotermia No Induzida em Pacientes Graves e

    Complicaes Decorrentes no Perodo Ps-Operatrio:

    Reviso Integrativa da Literatura

    SO PAULO

    2012

  • 2 Souza VR de

    VANESSA RODRIGUES DE SOUZA

    A Hipotermia No Induzida em Pacientes Graves e

    Complicaes Decorrentes no Perodo Ps-Operatrio:

    Reviso Integrativa da Literatura

    Dissertao apresentada ao Programa de

    Ps-Graduao, rea Sade do Adulto, da

    Escola de Enfermagem da Universidade de

    So Paulo, para obteno de ttulo de Mestre.

    Orientadora:

    Prof Dr Aparecida de Cassia Giani Peniche

    SO PAULO

    2012

  • 3 Souza VR de

    AUTORIZO A REPRODUO E DIVULGAO TOTAL OU PARCIAL DESTE

    TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRNICO,

    PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

    Catalogao na Publicao (CIP)

    Biblioteca Wanda de Aguiar Horta da EEUSP Escola de Enfermagem da Universidade de So Paulo

    Souza, Vanessa Rodrigues de.

    Nome do ttulo: A Hipotermia No Induzida em Pacientes Graves e

    Complicaes Decorrentes no Perodo Ps-Operatrio: Reviso Integrativa da

    Literatura / Vanessa Rodrigues de Souza; Orientadora: Prof. Dr. Aparecida

    de Cassia Giani Peniche So Paulo, 2012.

    112p.

    Dissertao (Mestrado) Escola de Enfermagem da Universidade de So

    Paulo. rea de concentrao: PROESA.

    1. Pacientes Graves; 2. Hipotermia No Induzida; 3. Complicaes Ps-

    Operatrias. I. Ttulo.

    2.

  • 4 Souza VR de

    Vanessa Rodrigues de Souza

    A Hipotermia No Induzida em Pacientes Graves e Complicaes Decorrentes

    no Perodo Ps-Operatrio: Reviso Integrativa da Literatura.

    Dissertao apresentada ao Programa de

    Ps-Graduao, rea Sade do Adulto, da

    Escola de Enfermagem da Universidade de

    So Paulo, para obteno de ttulo de Mestre.

    Aprovado em:___/___/___

    BANCA EXAMINADORA

    Prof. Dr.__________________________Instituio:_____________________

    Julgamento:________________________Assinatura:____________________

    Prof. Dr.__________________________Instituio:_____________________

    Julgamento:________________________Assinatura:____________________

    Prof. Dr.__________________________Instituio:_____________________

    Julgamento:________________________Assinatura:____________________

    Prof. Dr.__________________________Instituio:_____________________

    Julgamento:________________________Assinatura:____________________

    Prof. Dr.__________________________Instituio:_____________________

    Julgamento:________________________Assinatura:____________________

  • 5 Souza VR de

    DEDICATRIAS

    minha filha Izabella, minha razo de viver.

    Ao meu eterno esposo Bruno, pelo carinho, dedicao e amor que me

    dispensou at aqui.

    minha amada e inesquecvel av Maria Jos, pelas constantes oraes.

    Aos meus pais Eliana e ber, pelos ensinamentos e fora para eu nunca

    desistir de meus ideais.

    Aos meus tios Ana Olivia e Jos Alves, pelo amor e carinho com que sempre

    me acolheram.

    Aos meus tios Irany e Jos Wagner, pelo amor e fora com meus estudos.

  • 6 Souza VR de

    AGRADECIMENTOS

    A Deus, por tudo que me proporcionou, pelos livramentos e cuidado com

    minha vida pessoal e profissional.

    minha me Eliana, por nunca ter me deixado desistir, mesmo nas horas mais

    difceis... a senhora tudo para mim, eu te amo!

    Professora Doutora Cassia Peniche, pelo carinho, amizade, dedicao,

    ensinamento, fora e pacincia que teve desde o primeiro encontro... obrigada

    por tudo!

    Professora Doutora Ana Lcia de Mattia, pelo carinho, pela amizade e por

    abrir essa porta to importante para minha vida profissional... obrigada pelo

    incentivo!

    minha querida amiga Aline Comineli, por estar ao meu lado sempre em

    todas as horas... voc demais!

    minha amada Dinda Tais Campos, por tudo que me fez e faz, pela amizade,

    pelo carinho, pela ajuda, pelo apoio... jamais esquecerei!

  • 7 Souza VR de

    A hipotermia possui dois efeitos fisiolgicos evidentes:

    prolongar a vida ou encurt-la.

    Adolph, 1956

  • 8 Souza VR de

    RESUMO

    Souza VR de. A Hipotermia No Induzida em Pacientes Graves e

    Complicaes Decorrentes no Perodo Ps-Operatrio: Reviso Integrativa da

    Literatura. [Tese] (Mestrado) So Paulo: Escola de Enfermagem da

    Universidade de So Paulo, 2012. 109f.

    O presente estudo resultado de uma pesquisa de reviso integrativa, cujo objetivo geral sintetizar a contribuio de pesquisas nacionais e internacionais referentes hipotermia no induzida em pacientes graves e as possveis complicaes desencadeadas no perodo ps-operatrio. O material do estudo foi constitudo de artigos publicados nos peridicos nacionais e internacionais, no perodo de 2001 a 2011 e indexados nas seguintes bases de dados: CINAHL, EMBASE, LILACS, PUBMED e SCIELO e por Teses catalogadas no sistema DEDALUS no mesmo perodo. Os artigos selecionados totalizam 17 Artigos e 02 Teses. Estes artigos e Teses foram catalogados e chamados de A e T respectivamente. Foram elaborados trs formulrios: o formulrio A, composto pelos seguintes itens: identificao dos artigos, autores, ttulo da pesquisa, fonte e origem, j o formulrio B, contm itens que detalham os artigos encontrados, isto , tipo de estudo, finalidades/objetivos, descrio do estudo, resultados obtidos e concluses, e o formulrio C, que contm a identificao das teses, autor, ttulo da pesquisa, ano de publicao e local. Realizadas as anlises, foram encontradas as seguintes complicaes mais frequentes causadas pela hipotermia no induzida: cardiovascular (vasoconstrio perifrica, isquemia miocrdica, hipertenso arterial, taquicardia e trombose venosa profunda); coagulopatia (diminuio da coagulao em 10% e ativao plaquetria); infeco da ferida operatria (diminuio da circulao sangunea nos tecidos); imunolgica (aumento da incidncia de infeco no local cirrgico); alteraes hidroeletrolticas (hipocalemia, hipomagnesemia e hipofosfatemia); alterao na eliminao dos medicamentos (diminuio da circulao sangunea e dificuldade de eliminao dos frmacos); tremor; lcera por presso (diminuio da circulao sangunea e diminuio da perfuso perifrica); dificuldade respiratria; alteraes endcrino-metablicas (diminuio de corticoides e da insulina, aumento da resistncia perifrica a insulina e do hormnio tireotrfico, hiperglicemia e hipoglicemia); aumento do tempo de recuperao. Apesar do conhecimento terico sobre a hipotermia e suas complicaes, surge um questionamento: o que nos leva a subestimar a hipotermia no induzida?

    Palavras-chave: Pacientes graves, hipotermia no induzida, complicaes

    ps-operatrias.

  • 9 Souza VR de

    ABSTRACT

    Souza VR de. The Non-Induced Hypothermia in Critically Ill Patients and Its

    Resulting Complications in the Postoperative Period: An Integrative Review of

    Literature. [Thesis] (Masters Degree) So Paulo: School of Nursing at

    the University of So Paulo, 2012. 109p.

    The present study is the result of an integrative research review whose objective is to summarize the contributions of national and international research related to non-induced hypothermia in critically ill patients and the possible complications triggered in the postoperative period. The study material consists of articles published in national and international journals indexed in the following databases: CINAHL, EMBASE, LILACS, PUBMED and SCIELO in the period between 2001 and 2011 and of theses cataloged in the DEDALUS database in the same period. The selected material totaled 17 articles and 02 theses. They were cataloged and named A and T respectively. Three forms were created: A, B and C. Form A contains items which detail the identification of the article, its authors, title, source and origin; Form B details the study type, its purposes/objectives, description, results and conclusions; and Form C contains the identification of the thesis, its author, title, publication year and location. Having performed the analyzes, we found the following most frequent postoperative complications caused by non-induced hypothermia: cardiovascular problems (peripheral vasoconstriction, myocardial ischemia, hypertension, tachycardia and deep vein thrombosis); coagulopathy (10% decrease in coagulation and platelet activation); wound infections (decrease in blood flow to tissues); immunological complications (increase in incidence of surgical site infections); electrolyte changes (hypokalemia, hypomagnesaemia and hypophosphatemia); changes in the elimination of drugs (decrease in blood flow and difficulty of removing drugs); trembling; pressure ulcers (decrease in blood flow and decrease in peripheral perfusion); breathing difficulty; endocrine-metabolic changes (decrease of corticosteroids and of insulin, increase of peripheral resistance to insulin and thyroid stimulating hormone, hyperglycemia and hypoglycemia); and increase in recovery time. Despite the theoretical knowledge of hypothermia and its complications, a question arises: what makes us underestimate the non-induced hypothermia?

    Keywords: Critically ill patients, non-induced hypothermia, postoperative

    complications.

  • 10 Souza VR de

    RESUMEN

    Souza VR de. A Hipotermia no induzida en pacientes graves y complicaciones

    desencadenadas en el periodo postoperatorio: revisin integrativa de literatura.

    [Tesis] (Mestrado) So Paulo: Escuela de Enfermera de la Universidad de

    So Paulo, 2012.109f.

    El presente estudio es el resultado de una investigacin de revisin integrativa, cuyo objetivo general es sintetizar la contribucin de investigaciones nacionales e internacionales referentes a la hipotermia no induzida en pacientes graves y las posibles complicaciones desencadenadas en el periodo postoperatorio. El material de estudio fue constitudo por artculos publicados en los peridicos nacionales e internacionales, durante el periodo de 2001 a 2011, indexados en las siguientes bases de datos: CINAHL, EMBASE, LILACS, PUBMED y SCIELO, adems de las Tesis catalogadas en el sistema DEDALUS en el mismo periodo. Los trabajos seleccionados totalizan 17 artculos y 02 tesis. Estos artculos y tesis fueron catalogados y llamados de A y T respectivamente. Se elabor tres formularios: el formulario A, compuesto por los siguientes itens: identificacin de los artculos, autores, ttulo de la investigacin, fuente y origen; el formulrio B, contiene itens que detallan los artculos encontrados como: el tipo de estudio, finalidades/objetivos, descripcin del estudio, resultados obtenidos y conclusiones y, el formulario C, contiene la identificacin de las tesis, autor, ttulo de la investigacin ao de publicacin y local. Despus de realizar los anlisis, fueron encontrados las siguientes complicaciones ms frecuentes causadas por la hipotermia no induzida: cardiovascular (vasoconstriccin perifrica, isquemia miocrdica, hipertensin arterial, taquicardia y trombosis venosa profunda); coagulopata (disminucin de la coagulacin en 10% y activacin plaquetaria) infeccin de la herida operatoria (disminucin de la circulacin sanguinea en los tejidos); inmunolgica ( aumento de la incidencia de infeccin del sitio quirrgico); alteraciones hidroelectrolticas (hipocalemia, hipomagnesemia y hipofosfatemia); alteracin en la eliminacin de los medicamentos (disminucin de la circulacin sanguinea y dificultad en la eliminacin de los frmacos); tremor, lcera por presin (disminucin de la circulacin sanguinea y disminucin de la perfusin perifrica); dificultad respiratria; alteraciones endocrinas y metablicas (disminucin de corticoides y de la insulina, aumento de la resistencia periferica a la insulina y a la hormona tireotrfica, hiperglicemia y hipoglicemia); aumento del tiempo de recuperacin. A pesar del conocimiento teorico sobre la hipotermia y sus complicaciones, surge la pregunta: qu nos lleva a subestimar la hipotermia no induzida?

    Palabras-clave: Pacientes graves, hipotermia no induzida, complicaciones postoperatorias.

  • 11 Souza VR de

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1: Distribuio das Razes de Excluso dos Artigos - So Paulo

    2011...................................................................................................................39

    Quadro 2: Distribuio dos Artigos Analisados Quanto aos Autores, Ttulos,

    Fonte e Origem - So Paulo, 2011....................................................................44

    Quadro 3: Distribuio de Teses Catalogadas nos Sistema Dedalus Segundo a

    Autoria, Ttulo, Local e Ano - So Paulo, 2011..................................................45

    Quadro 4: Using Evidence-Based Practice to Develop a Protocol for

    Postoperative46

    Quadro 5: Controle da Hipotermia Acidental Intraoperatria.......50

    Quadro 6: Hipotermia Acidental em um Pas Tropical.......................................53

    Quadro 7: Complicaciones de La Hipotermia Transoperatoria.........................56

    Quadro 8: Hipotermia no Perodo Perioperatrio.............................................58

    Quadro 9: Warming of Intravenous Fluids Prevents Hypothermia During Off-

    Pump Coronary Artery bypass Graft Surgery....................................................61

    Quadro 10: Avaliao de Hipotermia na Sala de Recuperao Ps-Anestsica

    em Pacientes Submetidos a Cirurgias Abdominais com Durao Maior de Duas

    Horas.................................................................................................................64

    Quadro 11: Hipotermia Posquirrgica: El Auxiliar de Enfermara Asegurando El

    Bienestar Y El Confort Del Paciente..................................................................66

    Quadro 12: Hipotermia no Perioperatrio: Anlise da Produo Cientfica

    Nacional de Enfermagem..................................................................................69

    Quadro 13: Myocardial Damage After Prolonged Accidental Hypothermia: A

    Case Report.......................................................................................................72

    Quadro 14: Avaliao da Hipotermia no Ps-Operatrio Imediato...................74

  • 12 Souza VR de

    Quadro 15: Fatores Relacionados ao Desenvolvimento de Hipotermia no

    Perodo Intraoperatrio......................................................................................77

    Quadro 16: Inadvertent Hypothermia and mortality in Postoperative Intensive

    Care Patients: Retrospective Audit of 5050 Patients80

    Quadro 17: Accidental Hypothermia: Rewarming Treatments, Complications

    and Outcomes From one University Medical Centre..82

    Quadro 18: The Effect Of Infusion Rate and Catheter Length on the

    Temperature of Warming Fluid......85

    Quadro 19: Hipotermia no Perodo Intraoperatrio: Possvel Evit-la?.........87

    Quadro 20: The Incidence and Significance of Accidental Hypothermia in Major

    Trauma A Prospective Observational Study.90

    Quadro: 21: Anestesia Para Resseco Transuretral de Prstata: Comparao

    entre dois Perodos no HC-FMRP-USP.............................................................92

    Quadro 22: Interveno Educativa Sobre Hipotermia: Uma Estratgia para

    Aprendizagem em Centro Cirrgico...................................................................94

  • 13 Souza VR de

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: Temperatura Central do Corpo e suas Variaes.............................17

    Figura 2: Variaes da Temperatura e suas Consequncias...........................18

    Figura 3: Formas de Perda de Calor Pelo Corpo.............................................20

    Figura 4: Fisiopatologia da Hipotermia.............................................................21

    Figura 5: Artigos Encontrados e Respectivas Bases de Dados.......................42

    Figura 6: Teses Encontradas na Base de Dados Dedalus: 2001-2011............43

  • 14 Souza VR de

    LISTA DE ABREVIATURAS

    ASA - Sociedade Americana de Anestesiologistas

    CC - Centro Cirrgico

    SO - Sala de Operao

    TISS - Therapeutic Intervention Scoring System

    UTI - Unidade de Terapia Intensiva

  • 15 Souza VR de

    SUMRIO

    1INTRODUO.................................................................................................15

    1.1 Justificativa do Estudo..............................................................................15

    1.2 Contextualizao de Pacientes Graves....................................................15

    1.3 Controle da Temperatura Corprea..........................................................17

    1.4 Forma de Perda de Calor pelo Corpo.......................................................19

    1.5 Mensurao da Temperatura....................................................................20

    1.6 Fisiopatologia da Hipotermia....................................................................20

    1.6.1 Estmulos Aferentes.........................................................................22

    1.6.2 Controle Central...............................................................................22

    1.6.3 Respostas Eferentes........................................................................22

    1.7 Tipos de Hipotermia..................................................................................23

    1.7.1 Hipotermia Teraputica....................................................................23

    1.7.1.1 Benefcios da Hipotermia Teraputica................................25

    1.7.1.2 Complicaes mais Comuns da Hipotermia Teraputica...27

    1.7.2 Hipotermia No Intencional..............................................................28

    1.7.2.1 Complicaes mais Comuns da Hipotermia No

    Intencional..........................................................................................................30

    2 OBJETIVOS ...................................................................................................34

    2.1 Objetivo Geral..........................................................................................34

    2.2 Objetivos Especficos...............................................................................34

    3 MATERIAL E MTODO..................................................................................36

    3.1 Tipo de Estudo .........................................................................................36

    3.2 Questo da Pesquisa................................................................................36

    3.3 Critrios de Incluso.................................................................................36

    3.4 Critrios de Excluso................................................................................38

    3.5 Procedimento de Coleta e Anlise dos Dados..........................................38

    3.5.1 Instrumento de Coleta de Dados.....................................................39

    4 RESULTADOS E DISCUSSO......................................................................42

  • 16 Souza VR de

    4.1 Produes Cientficas.............................................................................42

    4.2 Identificao dos Autores, Ttulos, Fonte e Origem................................43

    4.3 Tipo de Pesquisa, Finalidade, Descrio, Resultados e Concluses dos

    Artigos................................................................................................................45

    5 CONCLUSO.................................................................................................97

    6 RECOMENDAES....................................................................................100

    REFERNCIAS ..............................................................................................102

    ANEXOS..........................................................................................................106

    Anexo 1: Formulrio A.....................................................................................107

    Anexo 2: Formulrio B.....................................................................................108

    Anexo 3: Formulrio C.....................................................................................109

  • 14 Souza VR de

    INTRODUO

    1 INTRODUO

  • 15 Souza VR de

    1.1 Justificativa do Estudo

    O que me motivou escolher esse tema foi a existncia de uma

    quantidade de clientes cirrgicos graves, que se encontram no ps-operatrio

    imediato, recebidos na Unidade de Terapia Intensiva, e que permaneceram em

    um ambiente mais frio, a unidade de Centro Cirrgico (CC), e muitas vezes

    ainda sob efeito de drogas anestsicas inibidoras do sistema termorregulador,

    o que os expe a um risco acentuado de complicaes ps-operatrias. Essas

    complicaes na maioria das vezes podem estar relacionadas hipotermia no

    intencional qual foram submetidos. Frente a esta situao, esses pacientes

    crticos necessitam de uma avaliao imediata e um aquecimento adequado,

    evitando assim, posteriores complicaes.

    Percebo que existe uma grande deficincia no que se refere ao

    conhecimento sobre hipotermia, principalmente a no induzida, em pacientes

    cirrgicos, em fase crtica. Noto ainda uma lacuna e a necessidade de

    conhecimento adequado no que se refere aos aspectos que englobam a

    manuteno da temperatura corprea e na preveno de agravos nestes

    pacientes.

    Torna-se relevante ainda, o fato de que a manuteno da temperatura

    corprea adequada diminui riscos ao paciente crtico, ajuda a equilibrar o

    metabolismo e previne complicaes, o que contribui significativamente para

    sua recuperao.

    1.2 Contextualizao de Pacientes Graves

    A gravidade do paciente pode ser avaliada de algumas, formas

    dependendo do setor no qual ele se encontra. Dentre as mltiplas admisses

    existentes nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) encontram-se os

    pacientes submetidos a cirurgias de grande porte. A assistncia nesta unidade

    tem como objetivo a estabilidade orgnica, bem como o atendimento s

    possveis intercorrncias decorrentes do procedimento cirrgico, isto ,

    alteraes na homeostase orgnica, como hipotermia, alteraes dos nveis

    pressricos, arritmias cardacas, desconforto respiratrio, alteraes

    hidroeletrolticas e cido-bsica, sangramentos, bem como outras1.

  • 16 Souza VR de

    Para avaliar a gravidade destes pacientes nas UTIs, utiliza-se o

    instrumento Acute Physiology, Age and Chronic Health Evaluation (APACHE),

    na verso, denominada APACHE II que inclui as seguintes variveis

    fisiolgicas: temperatura retal, presso arterial mdia ou presso arterial

    sistlica e diastlica, freqncia cardaca, freqncia respiratria, oxigenao

    por meio de valores gasomtricos, pH arterial, sdio, potssio e creatinina

    sricas, hematcrito e glbulos brancos, e a escala de coma de Glasgow,

    sendo consideradas tambm a idade cronolgica e a presena de doena

    crnica1.

    Outro ndice utilizado o TISS, fundamentado na quantidade e tipo de

    teraputica implementada para o paciente de UTI e pautado na utilizao de

    recursos utilizados, isto , quanto mais recursos se utilizam, maior ser a

    gravidade do paciente. No entanto, o desenvolvimento do TISS foi direcionado

    mais como um instrumento para quantificar a proporo enfermeiro/paciente na

    UTI do que para mensurar a gravidade do paciente1.

    J na unidade de CC a, forma mais adequada de avaliar os pacientes e

    classific-los de acordo com o estado fsico, foi elaborada em 1941 por Saklad,

    considerando as condies clnicas pr-operatrias associadas. Foi adotada

    pela Sociedade Americana de Anestesiologistas (ASA), empregada

    universalmente e assinada no final da avaliao pr-anestsica pelo

    anestesiologista responsvel. Essa classificao inicial era de ASA 1 a ASA 5 e

    recentemente foi includo mais um item na avaliao destinado aos pacientes

    com morte cerebral declarada, para doao, que o ASA 6.

    Sendo assim, a classificao ASA atual aplicada da seguinte forma:

    ASA 1- Paciente sadio sem patologia associada;

    ASA 2 - Paciente com doena sistmica leve;

    ASA 3 - Paciente com doena sistmica severa;

    ASA 4 - Paciente com doena sistmica severa, que um constante risco para

    a vida;

    ASA 5 - Paciente moribundo que no se espera que sobreviva sem a cirurgia;

    ASA 6 - Paciente com morte cerebral declarada para doao2.

  • 17 Souza VR de

    Nestes dois ndices utilizados para avaliar a gravidade do paciente a

    verificao da temperatura corprea no destacada como uma varivel

    importante para a recuperao do paciente.

    1.3 Controle da Temperatura Corprea

    Os seres humanos so homeotrmicos e, pelo sistema termorregulador,

    mantm a temperatura corporal interna de forma quase que constante, em

    torno de 37C, sofrendo pequenas variaes de 0,2 a 0,4 C3.

    Figura 1: Temperatura Central do Corpo e suas Variaes4

    Quando a temperatura est abaixo deste limite tem-se a hipotermia no ser

    humano e este fato decorre da exposio do organismo ao frio intenso,

    independentemente da forma. Observa-se que, quando os mecanismos

    reguladores, cutneos e nervosos se esgotam completamente de forma rpida,

    diminuindo a temperatura, tem-se a produo de calor diminuda e o

    resfriamento do sistema nervoso central, ocasionando a supresso dos

    controles hipotalmicos.

  • 18 Souza VR de

    Os limites de temperatura para definio e classificao de hipotermia

    variam na literatura, mas considera-se quadro de hipotermia a reduo da

    temperatura sangunea central abaixo 36 C.

    A hipotermia pode ocorrer de maneira tpica ou sistmica e classificada

    quanto temperatura como:

    Hipotermia Leve: 34C a 32C

    Hipotermia Moderada: 32C a 28C

    Hipotermia Profunda: menor que 28C.

    Na hipotermia leve, a temperatura est entre 32C e 34C, a fase

    inicial e a de excitao do crebro para combater o frio, causando

    hipertenso, tremor, taquicardia, taquipnia, vasoconstrio. Com o passar do

    tempo, comea a fadiga, causando apatia, ataxia, diurese com temperatura

    baixa e hipovolemia.

    J na hipotermia moderada, a temperatura cai ainda mais e est entre

    28 e 32C, causando arritmias atriais, reduo da frequncia cardaca,

    frequncia respiratria e do nvel de conscincia, dilatao das pupilas,

    depresso do reflexo de deglutio, reduo do tremor, hiporreflexia,

    hipotenso e ondas de Osbourne no eletrocardiograma.

    E na hipotermia profunda, a temperatura est menos que 28C,

    causando apnia, coma, reduo das atividades do eletroencefalograma,

    pupilas no reativas, oligria, edema pulmonar, arritmias ventriculares e

    assistolia3,4.

    Figura 2: Variaes da Temperatura e suas Consequncias

  • 19 Souza VR de

    1.4 Formas de Perda de Calor pelo Corpo

    notrio que vrios fatores se combinam para interferir com a

    termorregulao normal do organismo. Entre eles esto: abolio das

    respostas comportamentais, aumento da exposio do paciente ao meio

    ambiente, diminuio em 30% da produo de calor pela reduo do

    metabolismo, inibio da termorregulao central produzida por anestsicos e

    a redistribuio interna de calor no organismo.

    Os principais mecanismos fsicos implicados na disperso trmica do

    paciente na sala de cirurgia ocorrem atravs da conduo, evaporao,

    conveco e irradiao. Sabe-se que esses fatores contribuem de forma direta

    para a perda de calor do corpo para o ambiente durante a anestesia na

    cirurgia.

    A transferncia de calor por conduo depende da diferena que existe

    na temperatura entre dois objetos em contato. Ento, precisa ser assegurado

    que a pele do paciente no entre em contato com superfcies metlicas frias.

    J as perdas por evaporao tm vrios componentes. Dentre eles

    esto: sudorese, perda insensvel de gua pela pele, pelas vias respiratrias e

    feridas cirrgicas, pela evaporao de lquidos aplicados pele, como as

    solues antibacterianas. No adulto, as vias respiratrias respondem por

    apenas 5% a 10% da perda total de calor durante a anestesia. Sabe-se que a

    conduo e a evaporao respondem por cerca de 15% do calor total perdido

    durante o procedimento cirrgico.

    A perda de calor por conveco ocorre quando um fluido, lquido ou gs

    passa sobre uma superfcie que apresenta diferentes temperaturas. Essa perda

    de calor ocorre mais intensamente em grandes ambientes, quando existe

    deslocamento do ar, principalmente se este for frio.

    A troca de calor por irradiao depende da diferena da temperatura

    absoluta entre duas superfcies, elevada quarta potncia. Assim, o paciente,

    na sala de cirurgia, poder perder calor para as paredes e objetos slidos,

    mediante troca de energia radiante. Nota-se que 70% da perda total de calor

    pelo organismo se faz por irradiao. A irradiao e a conveco contribuem

    com 85% dessa perda4.

  • 20 Souza VR de

    Figura 3: Formas de Perda de Calor pelo Corpo

    1.5 Mensurao da Temperatura

    Os primeiros conceitos sobre temperatura corporal ocorrem em 1592,

    por Galileu, retomados pela descoberta e desenvolvimento do primeiro

    termmetro de ar, que permitia apenas indicaes de forma grotesca da

    mudana da temperatura, pois ainda no havia uma escala de medidas.

    Apenas 67 anos, depois em 1659, Boullian introduziu mercrio em um tubo de

    vidro e o transformou em o Termmetro de Sanctorius. Mesmo assim, as

    leituras de medidas eram arbitrrias. Foi ento que surgiram vrias escalas

    termomtricas, porm as que sobressaram foram as de Celsius e Fahrenheit.

    A escala em centgrados foi proposta por Anders Celsius. Ele

    determinou que o zero indicaria o ponto de solidificao da gua e que cem era

    o ponto de ebulio. Essa escala foi escolhida para ser usada em qualquer

    pas do mundo e para qualquer atividade5.

    Hoje a temperatura corporal pode ser mensurada de vrias maneiras e

    pode-se identificar um estado hipotrmico facilmente atravs dessas medidas.

    1.6 Fisiopatologia da Hipotermia

    Na hipotermia, de um modo geral, h perda excessiva de calor pelo

    corpo, sendo que o organismo apresenta mecanismos compensatrios para

    tentar conter essa situao ou ainda revert-la. Em primeiro lugar, ocorre

    vasoconstrio cutnea generalizada o que causa diminuio da perda de calor

  • 21 Souza VR de

    para o ambiente em 25%. Em seguida, ocorre a piloereo e posteriormente,

    caso no haja alguma deficincia metablica importante, ocorre um aumento

    de produo de calor pelo organismo ao promover calafrios, excitao

    simptica para produo de calor e aumento de secreo de tiroxina, hormnio

    responsvel pela termognese qumica das clulas do corpo6.

    O sistema termorregulador semelhante a outros sistemas de controle

    fisiolgico. O principal local da regulao da temperatura o hipotlamo. O

    processamento da informao termorreguladora feito em trs estgios:

    percepo trmica pelos estmulos aferentes, controle central e a resposta

    eferente6.

    A seguir apresenta-se de maneira esquematizada a fisiopatologia da

    hipotermia.

    Figura 4: Fisiopatologia da Hipotermia

    Exposio ao Frio

    Estmulo Cutneo

    Vasoconstrio Reflexa

    Temperatura Sangunea

    Tratoespinotalmico

    Ncleos Hipotalmicos Pr-pticos

    Tremores Neuro-

    endcrinos

    (tardios)

    SNC

    Autnomo

    Estmulos

    Extra-

    piramidais

    Respostas

    Adaptativas

    Comportam

    entais

  • 22 Souza VR de

    1.6.1 Estmulos Aferentes

    As informaes da temperatura so obtidas atravs de clulas

    termossensveis que esto distribudas ao longo do corpo. As clulas que so

    sensveis ao frio so anatomicamente e fisiologicamente distintas daquelas que

    detectam o calor e a dor. Os receptores de frio se despolarizam com as

    diminuies de temperatura, j os receptores do calor fazem o contrrio,

    quando h aumento de temperatura3,4.

    1.6.2 Controle Central

    A temperatura regulada por estruturas centrais localizadas

    principalmente no hipotlamo, sendo ele responsvel pela identificao dos

    estmulos trmicos oriundos de diversas partes, como da superfcie da pele,

    neuro-eixo e tecidos profundos, promovendo uma integrao para cada

    resposta termorregulatria. A maioria das informaes trmicas so pr-

    processadas na medula espinhal e em outras partes do sistema nervoso

    central, mesmo sendo integradas ao hipotlamo6.

    Nota-se que mais ou menos 80% do controle de respostas

    autonmicas so determinados por estmulos trmicos provenientes de

    estruturas centrais, porm uma grande frao de estmulos determinantes de

    respostas comportamentais derivada da superfcie da pele3.

    1.6.3 Respostas Eferentes

    O corpo, ao perceber que a temperatura no est em seu limiar

    apropriado, entende que h uma perturbao trmica, ento ativa os

    mecanismos efetores, que aumentam a produo de calor por alteraes

    metablicas ou comportamentais, com o objetivo de diminuir a perda de calor

    para o ambiente. Cada mecanismo efetor termorregulatrio tem seu prprio

    limiar e capacidade de ganho. Com isso, existe uma progresso, em ordem e

    intensidade, dessas respostas, de acordo com as necessidades. De um modo

    geral, os mecanismos efetores eficientes so o aumento da vasoconstrio,

    precedendo respostas dispendiosas, como os tremores.

  • 23 Souza VR de

    Os mecanismos efetores determinam qual o limite de temperatura

    ambiente que o corpo suportar desde que se mantenha a temperatura central

    normal. Quando mecanismos especficos efetores so inibidos, a margem de

    segurana suportvel diminuda3.

    H diferenas importantes destes mecanismos nos extremos de

    idade. Com relao criana, pela imaturidade do hipotlamo ou pela ao de

    medicamentos, as respostas termorreguladoras podem ser diminudas,

    agravando o risco de hipotermia, uma vez que os mecanismos eferentes, por

    exemplo, no recm-nascido e na criana so menos efetivos que nos adultos.

    A termognese sem tremor no recm-nascido se constitui na principal resposta

    hipotermia, enquanto a vasoconstrio apresenta-se limitada e o tremor, na

    maioria das vezes, no ocorre ou apresenta baixa eficcia.

    J a ocorrncia de hipotermia excessiva nos idosos se deve

    inadequao da ativao da resposta das defesas termorreguladora que esto

    diminudas. Sendo assim, tem-se que, mesmo em um ambiente onde a

    temperatura estvel, os extremos de idade, a doena grave e o efeito de

    drogas podem provocar distrbios trmicos4.

    1.7 Tipos de Hipotermia

    A hipotermia um estado de anormalidade que acomete o ser

    humano quando a temperatura est abaixo do normal. Isso ocorre devido ao

    resultado da exposio do organismo ao frio, independentemente da forma.

    Quando os mecanismos reguladores, cutneos e nervosos, se exaurem

    rapidamente e a temperatura do organismo cai, a produo de calor

    deprimida e o resfriamento do sistema nervoso central leva supresso dos

    controles hipotalmicos.

    A hipotermia pode ser classificada quanto inteno: teraputica e

    no intencional3.

    1.7.1 Hipotermia Teraputica

    A hipotermia teraputica tambm chamada de intencional

    instituda de forma consciente e tem seus objetivos bem definidos. Essa tcnica

  • 24 Souza VR de

    usada para tratamento de hipertenso intracraniana refratria, proteo

    neurolgica ps-ressuscitao crdio-pulmonar, durante cirurgias neurolgicas

    ou cardacas de maior complexidade, bem como em algumas afeces que

    cursam com elevao descontrolada de temperatura, dentre outras.

    A classificao da hipotermia teraputica leve quando a

    temperatura est entre 32 e 34 C, moderada no momento em que

    compreende a temperatura entre 28 e 32 C e considerada como profunda

    quando a temperatura inferior a 28.

    Os primeiros registros da utilizao da hipotermia teraputica

    datam de ancestrais egpcios, gregos e romanos. Hipcrates defendia a

    utilizao de bandagens frias para reduo de hemorragia. Posteriormente,

    Baron Larrey, cirurgio francs, durante a campanha de Napoleo na Rssia,

    relata utilizao de gelo para reduo de dor em amputaes de membros.

    H registros que no sculo XX, no ano de 1937, um mdico

    chamado Temple Fay resfriou um paciente at a temperatura atingir 32 C por

    24 h, na tentativa de alvio de sintomas de metstase tumoral. Acreditava-se

    que clulas cancerosas no se dividiriam em baixas temperaturas. Aps 24 h, o

    paciente foi reaquecido, sem efeitos colaterais aparentes. Em seguida, Temple

    Fay e seus colaboradores utilizaram hipotermia em 123 pacientes com cncer

    com o mesmo intuito.

    No ano de 1941, Temple Fay relatou a utilizao de

    hipotermia em pacientes vtimas de traumatismo craniano, porm a Segunda

    Guerra Mundial interrompeu essa ao teraputica, pois nos campos de

    concentrao nazistas ocorreram inmeras atrocidades com a utilizao de

    hipotermia, porm sem qualquer tipo de anestesia. Temple Fay enviou seu

    equipamento para Claude Beck e Charles Baylei, facilitando o pioneiro trabalho

    de hipotermia em cirurgia cardaca.

    Em 1950, introduziram o conceito de proteo neurolgica

    atravs da hipotermia teraputica, durante procedimentos de cirurgia cardaca.

    Foi ento que, a partir de 1959, ampliaram-se as indicaes de utilizao de

    hipotermia, particularmente para pacientes neurolgicos.

    Nas dcadas seguintes, entre 1960 e 1996, aumentaram-se

    o nmero e a complexidade de procedimentos cirrgicos realizados, assim

    como se acumularam vrias evidncias de efeitos deletrios da hipotermia.

  • 25 Souza VR de

    Bons resultados, em trabalhos experimentais, ficaram, muitas vezes, restritos

    ao ambiente laboratorial, no sendo consistentemente observados e repetidos

    na clnica diria. A partir do ano de 2001, porm, trabalhos bem conduzidos em

    pacientes comatosos, ps-ressuscitao crdio-pulmonar, traumatismo crnio-

    enceflico, infarto agudo do miocrdio reacenderam interesse pela utilizao de

    hipotermia, com impacto, algumas vezes decisivo na evoluo e nos resultados

    dos pacientes7.

    A hipotermia pode ser aplicada ao paciente por 24 e 48 horas

    e existem diversas tcnicas para essa induo. O corpo pode ser resfriado por

    meio de equipamentos especiais ou de injees de substncias salinas

    geladas. Dentre s tcnicas, desatacam-se o resfriamento externo/superfcie,

    infuso de fluidos endovenosos resfriados e extracorpreo/central.

    As temperaturas utilizadas e que apontam resultados mais

    benficos esto compreendidas no intervalo de 32C a 34C, que representa a

    hipotermia leve. Essa temperatura mantida por 24 horas com o uso de

    resfriamento externo/superfcie, utilizando colches com cobertura que

    transmite ar frio por todo o corpo. A utilizao de fluidos intravenosos, como

    soluo fisiolgica e ringer com lactato, resfriados a 4C, tambm so tcnicas

    bastante implementadas, descritas em alguns estudos de caso.

    O resfriamento extracorpreo/central do sangue o mtodo

    mais rpido para levar hipotermia, porm envolve algumas dificuldades.

    Embora o uso de ponte cardiopulmonar e de um instrumento de troca de calor

    cause reduo rpida da temperatura, o resfriamento demora devido ao tempo

    necessrio para obter acesso vascular e preparar a aparelhagem3.

    1.7.1.1 Benefcios da Hipotermia Teraputica

    A hipotermia apresenta efeito protetor contra isquemia

    neuronal e de clulas miocrdicas. Dentro de condies adequadamente

    controladas, promove proteo enceflica comprovada em pacientes com

    alteraes neurolgicas. Observa-se que existem estudos em andamento

    procura de mtodos apropriados de resfriamento ativo e de frmacos que

  • 26 Souza VR de

    reduzam as respostas termorreguladoras do organismo hipotermia, o que

    tornaria o resfriamento um mtodo rpido e seguro.

    Estudos ainda so necessrios para comprovar o

    benefcio da hipotermia em pacientes com acidente vascular enceflico,

    hemorragia subaracnidea e traumatismo crnio-enceflico grave. Pequenas

    diminuies na temperatura enceflica de 2 a 4 C podem reduzir leso

    neurolgica induzida por isquemia.

    Na proteo cerebral percebido que, em neurocirurgia,

    endarterectomia de cartida, circulao extracorprea e instabilidade

    hemodinmica podem promover isquemia enceflica. Alguns estudos

    defendem o uso de hipotermia moderada em traumatismo crnio-enceflico.

    Eles demonstraram que a induo de hipotermia moderada por 24 horas em

    pacientes com ndices na escala de coma de Glasgow entre 5 e 7 acelerou a

    recuperao neurolgica.

    Durante isquemia miocrdica, a alterao do metabolismo

    celular associada leso de reperfuso contribui para a morte celular, que se

    estende do epicentro da necrose para a periferia. A hipotermia protege o

    miocrdio contra isquemia, mas o mecanismo exato de proteo ainda no

    est definido. Uma possvel explicao seria uma reduo na demanda

    metablica associada preservao do estoque miocrdico de ATP, durante o

    perodo de isquemia, mantendo a integridade celular.

    Alguns estudos recentes demonstram que a ocorrncia de

    hipotermia no provoca vasoconstrio coronariana em adultos saudveis e, ao

    contrrio do que se espera, h aumento na perfuso miocrdica. No entanto,

    no est comprovado que pacientes com infarto agudo do miocrdio se

    beneficiem da hipotermia, cuja proteo miocrdica ainda no foi estabelecida.

    Existem apenas evidncias experimentais de que a hipotermia leve promova

    proteo no perodo aps o infarto.

    Outros benefcios observados so que a hipotermia

    tambm parece ser benfica em pacientes com sndrome do desconforto

    respiratrio do adulto, como tambm em pacientes susceptveis hipertermia

    maligna. Um estudo experimental demonstrou menor incidncia de hipertermia

  • 27 Souza VR de

    maligna em pacientes susceptveis submetidos hipotermia, bem como menor

    gravidade das crises quando estas foram desencadeadas.

    1.7.1.2 Complicaes Mais Comuns da Hipotermia Teraputica

    Sabe-se que a hipotermia teraputica utilizada durante

    vrios procedimentos cirrgicos, incluindo grandes cirurgias vasculares, no

    entanto existem estudos que demonstram uma neuroproteo em vrias

    situaes, tais como leses cerebrais traumticas, acidente vascular

    enceflico, hipertenso intracraniana, hemorragia subaracnoidea entre outras

    condies neurolgicas, alm de infarto agudo do miocrdio e parada

    cardiorrespiratria.

    A utilizao da hipotermia teraputica envolve mltiplos

    fatores, entre os quais esto a reduo do metabolismo cerebral de ativao e

    basal, diminuio da cascata inflamatria que segue aos eventos cerebrais

    traumticos, proteo contra isquemia neural e de clulas miocrdicas. Como

    consequncia, haveria maior preservao da barreira hematoenceflica, menor

    tendncia vasodilatao, reduo da presso intracraniana e manuteno da

    funo mitocondrial, porm estes benefcios devem ser considerados em um

    contexto de possveis complicaes sistmicas.

    J o mecanismo de proteo miocrdica quando ocorre a

    hipotermia ainda no est definido, mas uma possvel explicao seria a

    reduo da necessidade metablica que preservaria o gasto de adenosina

    trifosfato, podendo ser utilizado pelo miocrdio durante a isquemia e

    preservando a clula de leses. observado que uma das primeiras

    adaptaes a vasoconstrio perifrica, que acompanhada inicialmente da

    elevao da presso arterial e da frequncia cardaca e depois pela queda dos

    batimentos, contudo ocorre vasodilatao coronariana com maior perfuso

    miocrdica, prevenindo possveis injrias celulares8.

    Nota-se que no sistema respiratrio ocorre uma queda de

    consumo de oxignio associada reduo da produo de gs carbnico,

    levando a uma diminuio do quociente respiratrio.

  • 28 Souza VR de

    J as alteraes do sistema acidobsico so mais

    complexas e uniformes. A acidose metablica pode ocorrer devido hipxia

    tecidual ou ao colapso circulatrio, bem como a produo de cido lctico

    devido fadiga muscular decorrida dos tremores estimulados pelo hipotlamo.

    De outras complicaes encontradas se destaca a alcalose respiratria pela

    diminuio da produo de gs carbnico e a acidose respiratria pela

    depresso respiratria8.

    A diminuio do dbito cardaco reduz o fluxo plasmtico

    renal. E pode causar a hipovolemia. Isso ocorre com o aumento da diurese e a

    queda da temperatura, em virtude da menor reabsoro tubular de sdio

    associado troca de lquidos para o espao extracelular.

    So observadas tambm diversas alteraes hormonais,

    devido elevao da secreo de tiroxina, manuteno e posterior supresso

    de corticides e inibio da liberao de insulina. A diminuio da sensibilidade

    dos tecidos insulina, e da reabsoro da glicose tubular pode causar a

    glicosria e consequente hipoglicemia.

    No sistema digestrio, a complicao mais comum a

    diminuio da motilidade intestinal, podendo levar ao aparecimento do leo

    paraltico.

    As alteraes neurolgicas ocorrem de forma progressiva,

    pois inicialmente os pacientes apresentam desorientao e incoordenao

    motora. Com isso, a conduo nervosa perifrica fica lenta e causa a

    diminuio de reflexos3.

    1.7.2 Hipotermia No Intencional

    A hipotermia no intencional tambm conhecida como acidental

    e caracterizada por uma temperatura sangunea central inferior a 36C. Ocorre

    principalmente em pacientes submetidos a procedimentos anestsico-

    cirrgicos ou em vtimas de trauma, podendo ter vrios fatores associados

    como perda excessiva de calor, inibio da termorregulao fisiolgica ou a

    falta de cuidados adequados para sua preveno.

    Sabe-se que, quando ocorre a diminuio da temperatura

    corporal, os sistemas responsveis pela termorregulao comeam a se

  • 29 Souza VR de

    deteriorar. O organismo tem uma capacidade limitada de minimizar a perda de

    calor, pois quando h resfriamento, o hipotlamo tenta aumentar a produo de

    energia causando reaes no organismo como tremores, aumento da atividade

    adrenal e tireide. Ocorre ento, a vasoconstrio perifrica, com diminuio

    do fluxo de sangue nas regies onde o resfriamento mais intenso.

    Atualmente na literatura associam-se os pacientes graves

    submetidos a procedimentos anestsico-cirrgicos s complicaes no perodo

    ps-operatrio.

    A hipotermia acidental primria definida como decorrente da

    reduo espontnea da temperatura central, podendo estar associada s

    disfunes orgnicas agudas ou doenas crnicas. As causas mais comuns

    so: exposio ao frio e ao vento, infuso excessiva de lquidos parenterais

    frios, em especial transfuses sanguneas, imerso em ambientes gelados,

    umidade excessiva, entre outros.

    J a secundria se caracteriza por disfunes ou leses do centro

    termorregulador, causadas por doenas orgnicas ou uso de substncias com

    ao no sistema nervoso central. Seus principais fatores de risco so:

    diminuio da produo de calor; doenas endcrinas (hipotireodismo,

    hipopituitarismo e hipoadrenalismo); diminuio do aporte calrico

    (hipoglicemia e desnutrio); diminuio da atividade neuromuscular (idade

    avanada, reduo dos tremores, inatividade e perda de adaptao); reduo

    da termorregulao (insuficincia vascular perifrica, neuropatias, seco de

    medula e diabetes); distrbios do sistema nervoso central (causas

    farmacolgicas, metablicas, toxinas, acidente vascular cerebral, trauma,

    neoplasias e doenas degenerativas) e aumento da perda de calor por

    indutores de vasodilatao, toxinas, dermatites graves, queimaduras,

    iatrogenias, exposio ao frio, infuso excessiva de lquidos frios, causas

    ambientais como a imerso, politraumas, choque, doena cardiopulmonar,

    acidose sistmica, infeces (bacteriana, viral, fngica ou parasitria),

    carcinomatose, pancreatite, uremia e hipotermia recorrente ou episdica9.

  • 30 Souza VR de

    1.7.2.1 Complicaes Mais Comuns da Hipotermia No

    Intencional

    A hipotermia no intencional est diretamente ligada ao

    procedimento anestsico cirrgico, no s pelas alteraes desencadeadas

    pela anestesia na fisiologia da termorregulao, como tambm pela exposio

    do corpo ao ambiente frio da unidade de CC.

    O ambiente cirrgico sempre foi um verdadeiro desafio

    para o corpo devido s baixas temperaturas. Com isso os pacientes so

    expostos a um ambiente muito frio, com pouca proteo e, mais importante,

    com respostas termorreguladoras farmacologicamente inibidas pelas drogas

    utilizadas na anestesia. Somente aps a metabolizao destas drogas que o

    organismo retoma o controle das funes termorreguladoras. E isto acontece

    normalmente aps um perodo de duas a cinco horas, at ento, o organismo

    se mantm hipotrmico10.

    Outra condio que pode acentuar o quadro de hipotermia

    no ps-operatrio o tipo de cirurgia a que o paciente foi submetido, ou seja,

    aquelas intervenes com maior exposio das cavidades e rgos centrais. O

    tempo da cirurgia tambm pode influenciar e so as cirurgias mais longas

    aquelas que tem maior potencial para ocasionar a diminuio da temperatura

    ao final do procedimento11,12.

    O equilbrio do calor, quando o corpo submetido

    anestesia geral, afetado por mecanismos mltiplos. Sabe-se que a maioria

    dos anestsicos tm propriedades vasodilatadoras que transferem o fluxo de

    calor do centro do corpo para a periferia, e logo sua disperso pela pele e

    arredores. Ela tambm afeta os mecanismos centrais de regulao trmica, por

    alargar os limites de tolerncia da homeostase da temperatura central.

    Os limiares para vasoconstrio so reajustados para

    uma temperatura mais baixa que em estado de viglia, e ento, as quedas

    significativas da temperatura central podem acontecer antes que uma resposta

    termorreguladora efetiva venha a ser produzida. Os tremores so ativados

    quando as temperaturas esto muito mais baixas, provocando a

    vasoconstrio, mas esses tremores so suprimidos pelos bloqueadores

  • 31 Souza VR de

    neuromusculares, que so, portanto, um meio ineficaz em pacientes que esto

    anestesiados.

    Nas alteraes cardiovasculares, a hipotermia mesmo

    leve, ocasiona um desequilbrio entre a demanda e o consumo de energia

    gasta pelo miocrdio, o que aumenta o risco de infarto agudo do miocrdio. A

    hipotermia eleva os nveis sricos de catecolaminas, levando taquicardia,

    vasoconstrio sistmica e a um desequilbrio entre a oferta e demanda de

    oxignio para o miocrdio, o que proporciona um aumento da irritabilidade

    desse msculo. A hipotermia isoladamente no causa vasoconstrio

    coronariana, porm como est associada ao aumento do trabalho cardaco,

    pode predispor isquemia e assim aumenta o risco ao paciente com algum tipo

    de obstruo da coronria.

    Outra alterao cardiovascular decorrente da hipotermia

    no intencional a estase venosa decorrente da vasoconstrio e da hipxia,

    podendo ocasionar a trombose venosa profunda.

    No sistema imunolgico nota-se que a infeco da ferida

    operatria est relacionada com a diminuio da oferta de oxignio. A

    hipotermia tem efeito direto sobre a imunidade humoral e indireto atravs da

    reduo do fornecimento de oxignio para os tecidos perifricos.

    As crianas e idosos so os mais acometidos pela

    hipotermia transoperatria, isso em funo de as crianas terem uma superfcie

    corprea pequena e mais propensas disperso do calor. Nos idosos, o limite

    para vasoconstrio est situado em nveis de temperatura mais baixos. Os

    pacientes de idade avanadas tambm possuem maior risco de hipotermia em

    anestesia regional como resultado de menores limiares de temperatura para o

    desencadeamento de tremores.

    Para o paciente no perodo transoperatrio a temperatura

    central continua a diminuir linearmente como resultado da perda de calor,

    refletindo uma diminuio no contedo de calor total do corpo. Como resultado

    da anestesia, nenhuma resposta termorreguladora ao resfriamento pode ser

    produzida. Nesta fase, o aquecimento pode limitar de modo eficaz a perda

    trmica, e interromper ou amenizar a queda da temperatura.

    As respostas termorreguladoras so finalmente ativadas

    quando os limiares hipotrmicos so alcanados. A temperatura central

  • 32 Souza VR de

    estabiliza-se num novo patamar, principalmente como resultado da

    vasoconstrio e da reteno de calor no compartimento central. Porm, a

    perda trmica continua, a menos que o paciente receba aquecimento.

    Quanto s alteraes hormonais notado que, durante a

    hipotermia, inicialmente, ocorre a manuteno da secreo de corticides,

    porm quando ela se torna prolongada, ocorre supresso da liberao dessa

    secreo. A produo de tiroxina encontra-se aumentada, e, como

    consequncia, ocorre a elevao da liberao de hormnio tireo-estimulante.

    Com isso, existe inibio da liberao e reduo da atividade da insulina,

    diminuio da perda renal de glicose e aumento da secreo de catecolaminas,

    resultando em hiperglicemia7,13.

    A hipotermia em pacientes graves apresenta sinais de

    diminuio do fluxo sanguneo cerebral, com depresso progressiva dos nveis

    de conscincia, amnsia, alucinaes e coma. Na funo cardaca, as

    manifestaes observadas variaram da taquicardia nas fases iniciais s

    arritmias graves e irreversveis. Com isso vale atentar para a parada

    cardiorrespiratria nesses pacientes hipotrmicos, pois eles devem ser

    considerados de modo diferente do habitual9.

    A monitorizao da temperatura tanto no transoperatrio

    quanto no ps-operatrio muito importante para evitar as complicaes que a

    hipotermia possa causar. Devido vasodilatao perifrica e redistribuio

    de calor, a temperatura central diminui em torno de 1C logo nos primeiros 40

    minutos aps a induo anestsica. Portanto, pacientes submetidos a cirurgias

    de grande porte ou ainda em cirurgias com mais de 30 minutos de durao

    devem ter sua temperatura monitorizada constantemente14,15.

    O estado hipotrmico est relacionado com uma

    recuperao ps-anestsica ruim e com aumento da mortalidade ps-

    operatria devido s vrias complicaes j citadas anteriormente16,17.

    Diante do exposto, tem-se que a hipotermia no

    intencional decorrente do procedimento anestsico-cirrgico um problema

    que merece ateno especial. Acredita-se que pela preveno possvel evitar

    suas possveis complicaes e diminuir danos maiores sade do paciente

    grave no perodo ps-operatrio.

  • 33 Souza VR de

    OBJETIVOS

  • 34 Souza VR de

    2 OBJETIVOS

    2.1 Objetivo Geral

    Sintetizar a contribuio de pesquisas nacionais e internacionais

    referentes hipotermia no induzida em pacientes graves e as possveis

    complicaes desencadeadas no perodo ps-operatrio.

    2.2 Objetivos Especficos

    Realizar o levantamento das produes cientficas publicadas

    referentes hipotermia no induzida;

    Identificar os autores, tipos de pesquisas, resultados dos artigos e

    teses;

    Analisar descritivamente os resultados das pesquisas produzidas

    referentes hipotermia no induzida;

    Identificar as possveis complicaes desencadeadas pela hipotermia

    no induzida.

  • 35 Souza VR de

    MATERIAL E MTODO

  • 36 Souza VR de

    3 MATERIAL E MTODO

    3.1 Tipo de Estudo

    Trata-se de uma pesquisa de reviso integrativa da literatura, que

    integra e facilita o acmulo de conhecimentos. tambm um dos mtodos de

    pesquisa que permite a incorporao das evidncias na prtica clnica. Esse

    mtodo tem a finalidade de reunir e sintetizar resultados de pesquisas sobre

    um delimitado tema ou questo, de forma sistemtica e ordenada, o que ir

    contribuir para o aprofundamento do conhecimento do tema investigado. Esse

    mtodo de pesquisa relatado na literatura desde a dcada de 80.

    Este estudo possui um carter descritivo discursivo, de onde emergem

    amplas apresentaes e discusses de temas de interesse cientfico. J as

    revises narrativas permitem a aquisio e atualizao do conhecimento sobre

    uma temtica especfica, em um curto espao de tempo. Contudo, dentre as

    desvantagens, residem os fatos de no serem reprodutveis, por vezes

    incompletas, e em alguns casos inconclusivas.

    A reviso integrativa de literatura fornece a base que d sustentao

    para um problema de pesquisa e mtodo cientfico a ser utilizado no

    desenvolvimento do estudo e restringe-se aos estudos que so diretamente

    relevantes para o propsito da pesquisa18.

    Neste estudo a seleo dos artigos foi realizada mediante leitura

    criteriosa do resumo de cada publicao para verificar a adequao com o

    tema. Foram extradas de cada artigo informaes acerca das caractersticas,

    metodologia e principais resultados encontrados que respondessem questo

    da pesquisa.

    3.2 Questo da Pesquisa

    Quais as complicaes prevalentes no perodo ps-operatrio

    desencadeadas pela hipotermia no induzida em pacientes graves?

    3.3 Critrios de Incluso

    O material do estudo foi constitudo de artigos publicados nos

    peridicos nacionais e internacionais (ingls e espanhol), no perodo de 2001 a

  • 37 Souza VR de

    2011 que abordassem o tema da hipotermia no induzida em pacientes graves

    ou no intraoperatrio. Para tanto consultaram-se as seguintes bases de dados:

    1- CINAHL: O ndice Acumulado para a Enfermagem e Literatura Allied Health,

    o recurso mais abrangente para a enfermagem e aliados da literatura em

    sade. Apesar de comear como uma nica base de dados bibliogrficos, o

    CINAHL expandiu-se para oferecer quatro bancos de dados, incluindo duas

    verses de texto completo19.

    2- EMBASE: Base de dados produzida pela Elsevier, que uma entidade

    mundialmente conhecida por suas publicaes tcnicas e cientficas na rea da

    sade. Tem mais de 17 milhes de registros e mais de dois mil registros so

    acrescentados diariamente. Isso representa cerca de mais de seiscentos mil

    registros anualmente. Tem tambm mais de seis mil e quinhentos jornais de

    setenta pases indexados20.

    3- LILACS: Literatura Latino Americana e do Caribe em Cincias da Sade, foi

    criada em 1982 e um componente da Biblioteca Virtual em sade (BVS),

    constituindo normas, manuais, guias e aplicativos destinados a coleta, seleo,

    descrio, indexao de documentos e gerao de bases de dados.

    composta por seiscentas e oitenta revistas com artigos na rea da sade e

    mais de cento e cinqenta mil registros e outros documentos, como teses,

    livros, captulos de livros, anais de congressos ou conferncias, relatrios e

    publicaes governamentais20.

    4- MEDLINE: Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line contm

    referncias bibliogrficas e resumo de mais de quatrocentos mil ttulos de

    revistas biomdicas publicadas nos Estados Unidos e em outros setenta

    pases, tendo aproximadamente onze milhes de registros20.

    5- PUBMED: National Library of Medicine National Institutes of Health, inclui

    mais de quatorze milhes de citaes de artigos alm das citaes do

    MEDlLINE20.

    6- SCIELO: A Biblioteca Cientfica Eletrnica em Linha um produto da

    cooperao entre a Fundao de Amparo Pesquisa do Estudo de So Paulo,

  • 38 Souza VR de

    a BIREME, Instituies Nacionais e Internacionais relacionadas com a

    comunicao cientfica e editores cientficos.

    Alm da busca dos artigos nestas bases de dados, as teses foram

    catalogadas no sistema Dedalus.

    Para a localizao dos artigos e teses utilizaram-se as seguintes

    palavras-chave: pacientes graves, hipotermia no induzida e complicaes.

    3.4 Critrios de Excluso

    Foram excludos artigos referentes a idosos ou crianas, pesquisa

    experimental desenvolvida em modelos animais e ainda artigos sem resumo e

    aqueles que apareceram em mais de uma base de dados.

    3.5 Procedimentos de Coleta e Anlise dos Dados

    Para organizao e anlise dos artigos includos na pesquisa, foi

    realizada uma leitura criteriosa do material bibliogrfico, verificando-se a

    adequao ao tema e com resposta questo norteadora.

    Os artigos foram organizados em fichrios, seguindo uma ordem

    cronolgica. Foram encontrados 185 artigos, aps a busca eletrnica nas

    bases de dados com os termos definidos e 39 teses pesquisadas no sistema

    Dedalus.

    Foi feita uma leitura dos ttulos e resumos para que os artigos fossem

    separados de forma que respondessem aos critrios de incluso previamente

    estabelecidos, sendo descartados 130 artigos e 27 teses, que no estavam

    relacionados com a questo da pesquisa, ou no apresentavam relao entre o

    ttulo e o contedo abordado, bem como aqueles que se repetiam nas bases de

    dados. Restaram 55 artigos e 12 teses.

    Aps esta primeira seleo, realizou-se mais uma anlise

    descartando-se mais 38 artigos e 25 teses, restando 17 artigos e 02 teses que

    sero o objeto do estudo em questo.

  • 39 Souza VR de

    As razes de excluso dos artigos e das teses, esto descritas no

    quadro 1.

    Quadro 1: Distribuio das Razes de Excluso dos Artigos, So Paulo

    2011.

    Razes de Excluses N de Artigos e

    Teses

    Excludos

    Artigos e teses com mais de dez anos de publicao 24

    Artigos que no estejam nos idiomas: Portugus, Ingls ou

    Espanhol

    12

    Artigos e teses sem resumo 43

    Artigos que aparecem mais de uma vez em diferentes

    fontes de dados

    15

    Artigos e teses sobre hipotermia em idosos, crianas e

    modelo usando animais

    42

    Artigos e teses que no respondem questo da pesquisa 48

    Total Excludo 184

    Dando continuidade anlise dos dados enumeraram-se os artigos

    selecionados de A1 a A17 e as teses T1 e T2. Esta catalogao ser

    apresentada oportunamente nos resultados e discusso desta dissertao

    (quadros 2 e 3).

    3.5.1 Instrumento de Coleta de Dados

    Foram elaborados trs formulrios: formulrio A (Anexo 1),

    formulrio B (Anexo 2) e formulrio C (anexo 3), especficos para coleta de

    dados com os seguintes itens:

  • 40 Souza VR de

    O formulrio A composto pelos seguintes itens:

    Identificao dos artigos;

    Autores;

    Ttulo da pesquisa;

    Fonte;

    Origem/Idioma.

    O formulrio B contm itens que detalham os artigos encontrados:

    Ttulo da pesquisa;

    Autores;

    Identificao dos artigos;

    Tipo de estudo;

    Finalidades/objetivos;

    Descrio do estudo;

    Resultados obtidos;

    Concluses.

    J o formulrio C contm os seguintes itens:

    Identificao das teses;

    Autor;

    Ttulo da pesquisa;

    Ano de publicao;

    Local.

  • 41 Souza VR de

    RESULTADOS E DISCUSSO

  • 42 Souza VR de

    4 RESULTADOS E DISCUSSO

    Os resultados sero apresentados respondendo aos objetivos deste estudo,

    ou seja, levantamento das produes cientficas publicadas referentes

    hipotermia no induzida, autores, ttulo, fonte e origem da pesquisa, tipos de

    pesquisa, finalidade e objetivos, descrio do estudo, resultados e concluses

    e identificao das complicaes ps-operatrias desencadeadas pela

    hipotermia no induzida.

    4.1 Produes Cientficas

    A seguir apresenta-se a distribuio dos artigos e suas respectivas

    bases de dados, assim como as teses selecionadas.

    Figura 5: Artigos Encontrados e Respectivas Bases de Dados

    CINAHL

    29

    EMBASE

    25

    LILACS

    75

    PUBMED

    32

    SCIELO

    24

    Identificados

    185

    Selecionados

    55

    No Selecionados

    130

    Includos

    17

    Excludos

    38

  • 43 Souza VR de

    Figura 6: Teses Encontradas na Base de Dados Dedalus: 2001 2011.

    4.2 Identificao dos Autores, Ttulos, Fonte e Origem

    Observa-se no quadro 2 que dos 17 artigos encontrados em um perodo

    de 10 anos, 8 so nacionais sendo o mais antigo publicado em 2002. Este

    assunto, embora de extrema importncia, parece no ser um objeto de

    pesquisa to frequente na literatura. Nota-se, porm, que nos ltimos 4 anos,

    as pesquisas abordando esta temtica vem se intensificando, tanto no Brasil

    como no exterior, fato este positivo para a assistncia ao paciente grave no

    perodo ps-operatrio.

    No que se refere s dissertaes de mestrado, este problema tem sido

    estudado a partir de 2004, com a realizao de 2 trabalhos cientficos. At

    ento, a hipotermia era estudada isoladamente, isto , por meio de estudos

    descritivos, sem a preocupao de relacion-la aos eventos adversos ligados a

    termorregulao.

    Tanto nos artigos publicados como nas dissertaes de tese a maioria

    dos ttulos (14 estudos) no contm a palavra complicao.

    Tem-se que o ttulo deve ser elucitativo e curto. comum que contenha

    algumas das palavras-chave o que facilita a busca por outros leitores e

    pesquisadores21.

    Teses Identificadas

    39

    Selecionadas

    12

    No Selecionadas

    27

    Excludas

    10

    Includas

    02

  • 44 Souza VR de

    Quadro 2: Distribuio dos Artigos Analisados Quanto aos Autores,

    Ttulos, Fonte e Origem So Paulo, 2011.

    Artigo Autor(es) Ttulo Fonte Origem

    A1 Grossman S, Bautista C, Sullivan L.

    Using Evidence-Based Practice to Develop a Protocol for Postoperative Surgical Intensive Care Unit Patients

    Dimensions of Critical Care Nursing; 2002. v.21, n.5

    USA

    A2 Moro ET. Controle da Hipotermia Acidental Intraoperatria

    Rev. Fac. Cincias Mdicas de Sorocaba ISSN, v.5, n.2, 2003

    Brasil

    A3 Golin V, Sprovieri SRS, Bedrikow R, Pereira AC, Melhado VER, Salles MJC, Azevedo PRC.

    Hipotermia Acidental em um Pas Tropical

    Rev. Assoc. Med. Bras. (1992);49(3):261-265, jul.-set. 2003

    Brasil

    A4 Rincn DA, Sessler DI, Valero JF.

    Complicaciones de La Hipotermia Transoperatoria

    Rev. Col. Anest. 32:185, 2004 Colmbia

    A5 Biazzotto CB, Brudniewski M, Schmidt AP, Auler J, Costa JO.

    Hipotermia no Perodo Perioperatrio

    Rev Bras Anestesiologia;2006; 56:1:56-66

    Brasil

    A6 Jeong SM, Hahm KD, Jeong YB, Yang HS, Choi IC.

    Warming of Intravenous Fluids Prevents Hypothermia During Off-Pump Coronary Artery bypass Graft Surgery

    Journal of Cardiothoracic and vascular Anesthesia, Vol 22, n1; 2008. Pp 67-70

    Coria

    A7 Zappelini CEM, Sakae TM, Bianchini N, Brum SPB.

    Avaliao de Hipotermia na Sala de Recuperao Ps-Anestsica em Pacientes Submetidos a Cirurgias Abdominais com Durao Maior de Duas Horas

    Arquivos Catarinenses de Medicina, 2008

    Brasil

    A8 Martn AG, Hernndez CC, Benito DT, Tejedor PD, Guilln AB, Muoz YR, Gmez TF, Gallardo CM, Prez SS, Romero AMU.

    Hipotermia Posquirrgica: El Auxiliar de Enfermara Asegurando El Bienestar Y El Confort del Paciente

    Enferm Clin. 2008; 19(1): 48-51

    Espanha

    A9 Gotardo JM, Silveira RCCP, Galvo CM

    Hipotermia no Perioperatrio: Anlise da Produo Cientfica Nacional de Enfermagem

    Rev. SOBECC 13(2):40-48, abr. jun. 2008

    Brasil

    A10 Siniorakis E, Arvanitakis S, Roulia G, Voutas P, Karidis C.

    Myocardial Damage After Prolonged Accidental Hypothermia: A Case Report

    Journal of Medical Case Reports 2009, 3:8459 doi:10.4076/1752-1947-3-8459

    Grcia

    A11 Gotardo JM, Galvo CM.

    Avaliao da Hipotermia no Ps-Operatrio Imediato

    Rev. Rene. Fortaleza, v. 10, n. 2, p. 113-121, abr./jun.2009

    Brasil

    A12 Poveda VB, Galvo CM, Santos CB dos.

    Fatores Relacionados ao Desenvolvimento de Hipotermia no Perodo Intraoperatrio

    Rev Latino-Americana de Enfermagem; 2009

    Brasil

    A13 Karalapillai D, Story DA, Calzavacca P,

    Inadvertent Hypothermia and Mortality in Postoperative

    Journal of Association of Anesthetist of Great Britain and

    Australia

    http://portal.revistas.bvs.br/transf.php?xsl=xsl/titles.xsl&xml=http://catserver.bireme.br/cgi-bin/wxis1660.exe/?IsisScript=../cgi-bin/catrevistas/catrevistas.xis|database_name=TITLES|list_type=title|cat_name=ALL|from=1|count=50&lang=pt&comefrom=home&home=false&task=show_magazines&request_made_adv_search=false&lang=pt&show_adv_search=false&help_file=/help_pt.htm&connector=ET&search_exp=Rev.%20Assoc.%20Med.%20Bras.%20(1992)http://portal.revistas.bvs.br/transf.php?xsl=xsl/titles.xsl&xml=http://catserver.bireme.br/cgi-bin/wxis1660.exe/?IsisScript=../cgi-bin/catrevistas/catrevistas.xis|database_name=TITLES|list_type=title|cat_name=ALL|from=1|count=50&lang=pt&comefrom=home&home=false&task=show_magazines&request_made_adv_search=false&lang=pt&show_adv_search=false&help_file=/help_pt.htm&connector=ET&search_exp=Rev.%20Assoc.%20Med.%20Bras.%20(1992)http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-70942006000100012&lang=pthttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-70942006000100012&lang=pt
  • 45 Souza VR de

    Quadro 3: Distribuio de Teses Catalogadas no Sistema Dedalus

    Segundo a Autoria, Ttulo, Local e Ano So Paulo, 2011.

    Estudo Autor Ttulo Ano Local

    T1 Arajo LMT de.

    Anestesia Para Resseco Transuretral de Prstata: Comparao Entre Dois Perodos no HC - FMRP USP

    2004 Ribeiro Preto

    T2 Mendoza IYQ.

    Interveno Educativa Sobre Hipotermia: Uma Estratgia Para Aprendizagem em Centro Cirrgico

    2011 So Paulo

    4.3 Tipo de Pesquisa, Finalidade, Descrio, Resultados e

    Concluses dos Artigos

    Licari E, Liu YL, Hart GK.

    Intensive Care Patients: Retrospective Audit of 5050 Patients

    Ireland; 2009, 64, p. 968-72

    A14

    Van DPGJ, Goslings JC, Walpoth BH, Bierens JJ.

    Accidental Hypothermia: Rewarming Treatments, Complications and Outcomes From one University Medical Centre

    Ressuscitao 2010; 81(11): 1550-5

    Holanda

    A15 Lee SH, Kim HK, Park SC, Kim ES, Kim TK, Kim CS.

    The Effect Of Infusion Rate and Catheter Length on the Temperature of Warming Fluid

    Clinic Research Article; Korean J Anesthesiologia 2010 Jan; 58 (1):31-37

    Coria

    A16 Poveda VB, Galvo CM.

    Hipotermia no Perodo Intraoperatrio: Possvel Evit-la?

    Rev Esc Enferm USP; 2011 Brasil

    A17 Ireland S, Endacott R, Cameron P, Fitzgerald M, Paul E.

    The Incidence and Significance of Accidental Hypothermia in major Trauma A Prospective Observational Study

    Journal Elsevier Resuscitation 82 (2011) 300306

    Australia

  • 49 Souza VR de

    Quadro 4:

    Ttulo

    Autor(es)

    Using Evidence-Based Practice to Develop a Protocol for Postoperative

    Grossman S, Bautista C, Sullivan L.

    Estudo

    Tipo de Estudo

    Finalidade do

    Estudo/Objetivo

    Descrio do Estudo

    Resultados

    Concluses

    A1

    Reviso da Literatura Foi comparar o efeito dos trs dispositivos de reaquecimento da temperatura do ncleo e do tempo total de reaquecimento da hipotermia em pacientes no ps-operatrio.

    Foram analisados 60 pacientes

    adultos, de ambos os sexos, que

    foram submetidos anestesia

    geral, que estivessem no ps-

    operatrio na unidade de terapia

    intensiva cirrgica e que tinham

    uma temperatura

  • 50 Souza VR de

    O estudo A1 teve como proposta investigar qual o mtodo de

    aquecimento utilizado em uma unidade de cuidados intensivos a pacientes

    cirrgicos com temperatura inferior a 35C que proporcionasse melhores

    resultados. A partir deste questionamento, os autores fizeram uma reviso de

    literatura e no encontraram um consenso. A partir desta divergncia criaram

    um protocolo baseado em evidncia, comparando trs mtodos de

    aquecimento (ar quente forado, circulao de fluido aquecido e cobertor de

    algodo). Comparou-se tambm o tempo de aquecimento destes pacientes no

    ps-operatrio. Participaram da pesquisa 60 pacientes de ambos os sexos

    submetidos anestesia geral, divididos em 3 grupos segundo os mtodos de

    aquecimentos na unidade de terapia intensiva cirrgica e com a temperatura

  • 51 Souza VR de

    temperatura central de 1,5 C triplica a incidncia de taquicardia ventricular e

    de outras disritmias cardacas importantes7.

    Os autores reconhecem algumas limitaes desse estudo e citam que

    devido ao tamanho da amostra, no possvel generalizar os resultados e que

    o estudo foi limitado apenas a pacientes cirrgicos internados na UTI e

    hipotrmicos, no sendo includos outros pacientes hipotrmicos internados em

    outro setor, como aqueles admitidos na emergncia ou em qualquer outra UTI.

    Como citado no artigo A16 os mtodos de aquecimento podem ser

    divididos em ativo e passivo, externo ou central. O mtodo passivo, geralmente

    o mais simples e barato, realizado utilizando-se lenis de algodo e muitas

    vezes associa-se o uso de luvas, gorros e props. Este mtodo porm no se

    mostrou eficaz .

    Foi realizada uma pesquisa, embora no com pacientes em ps-

    operatrio, mas em pacientes em sala de operaes, com os objetivos de

    verificar a eficcia de duas intervenes de enfermagem para o controle da

    perda de calor do paciente. Para um grupo de pacientes foi realizada a

    cobertura passiva de reas adjacentes ao stio cirrgico. Em outro grupo

    utilizou-se apenas cobrir a mesa cirrgica e consequentemente uma cobertura

    passiva do dorso do paciente. Obteve-se como resultado que a cobertura

    passiva adicional no favorece o controle da perda de calor corporal, o que

    indica que o fluxo de transferncia de calor da periferia para o centro

    mnima22.

    J o outro mtodo abordado no estudo A1, o sistema de circulao de

    gua aquecida, requer ateno com relao a eventos adversos

    desencadeados por um maior aquecimento como, por exemplo, queimadura da

    pele.

    Como relatado no artigo A6, a utilizao dos colches com circulao

    de gua aquecida, um mtodo menos eficaz na preveno de hipotermia,

    pela pequena transferncia de calor que proporciona. Devido combinao de

    calor com a diminuio da perfuso sangunea local aumenta a propenso para

    a ocorrncia de queimadura associada presso e ao calor. As leses podem

    ocorrer mesmo quando a temperatura da gua circulante no ultrapassa 40C7.

  • 52 Souza VR de

    Atualmente a literatura tem apresentado como mtodo eficiente aquele

    onde se utiliza o ar aquecido forado trazendo, alm do conforto ao paciente,

    uma maior saturao de oxignio e diminuio dos tremores, mantendo a

    normortermia durante os procedimentos cirrgicos. Nos dias atuais o mtodo

    disponvel mais efetivo o mtodo de aquecimento no invasivo por circulao

    de ar onde se usa a manta trmica23.

    Portanto os profissionais que prestam assistncia devem compreender

    os principios da termorregulao para o uso correto das tecnologias de

    aquecimento e das medidas para minimizar a hipotermia no intencional, assim

    como o funcionamento cuidadoso dos dispositivos e acessrios de

    aquecimento antes de seu uso24.

  • 53 Souza VR de

    Quadro 5:

    Ttulo

    Autor(es)

    Controle da Hipotermia Acidental Intraoperatria

    Moro ET.

    Estudo

    Tipo de Estudo

    Finalidade do

    Estudo/Objetivo

    Descrio do Estudo

    Resultados

    Concluses

    A2

    Reviso da Literatura Discutir os mecanismos envolvidos na hipotermia acidental no intraoperatrio, suas consequncias, bem como, a preveno e o tratamento.

    Descreve a fisiopatologia, as

    possveis complicaes, a

    preveno e o tratamento da

    hipotermia no intraoperatrio.

    Faz uma reviso dos mecanismos

    envolvidos com a queda da

    temperatura corporal no

    intraoperatrio, suas

    consequncias, alm dos

    diferentes mtodos que tm sido

    sugeridos para sua preveno e

    tratamento.

    As complicaes

    cardiovasculares, respiratrias,

    infecciosas, hematolgicas,

    dentre outras, como aumento da

    necessidade de drogas

    analgsicas, efeito prolongado

    de drogas anestsicas por

    diminuio no metabolismo,

    prolongamento da meia-vida

    plasmtica e queda na taxa de

    eliminao so fatores

    responsveis durante a

    hipotermia pela maior incidncia

    de recurarizao, despertar

    mais lento, entre outras.

    Que a hipotermia acidental intraopertoria ainda frequente em nosso meio. Medidas passivas, atualmente utilizadas para sua profilaxia, no tm sido suficientes para evitar tais complicaes. Sistemas de proteo ativa (manta trmica com ar aquecido) que utilizam o princpio de transferncia de calor por conveces tm apresentado maior eficincia e segurana na manuteno da temperatura corprea durante procedimentos cirrgicos de mdia e longa durao. A utilizao de pr-aquecimento permite melhor controle da temperatura comparada ao aquecimento somente no momento da cirurgia.

  • 54 Souza VR de

    O artigo A2 descreve a fisiopatologia, as possveis complicaes, a

    preveno e o tratamento da hipotermia no intraoperatrio. Faz uma reviso

    dos mecanismos envolvidos com a queda da temperatura corporal no

    intraoperatrio, suas consequncias, alm dos diferentes mtodos que tm

    sido sugeridos para sua preveno e tratamento.

    O autor relata que a hipotermia acidental apresenta correlao com

    arritmias cardacas, isquemia do miocrdio, distrbio de coagulao, aumento

    das infeces das feridas operatrias e um maior perodo de internao. E

    ainda que a hipotermia acidental intraopertoria frequente em nosso meio.

    Refere tambm s medidas passivas atualmente utilizadas para sua profilaxia,

    porm, diz que estas medidas adotadas no tm sido suficientes para evitar

    tais complicaes. Constata que houve aumento de relatos na literatura

    referente morbimortalidade relacionada hipotermia.

    Outros estudos (A1, A4, A5, A8, A9, A11, A12, A13 e A15) tambm

    descrevem as complicaes referidas nos estudo A2 e ressaltam as

    consequncias poteciais da hipotermia, isto , alteraes cardiovasculares,

    como vasoconstrio perifrica; coagulopatia com diminuio da coagulao

    em 10%; infeco da ferida operatria decorrente da circulao sangunea nos

    tecidos; alterao na eliminao dos medicamentos pela diminuio da

    circulao sangunea e consequente dificuldade na eliminao dos frmacos;

    tremores como uma reao normal da hipotermia, devido ao gasto metablico

    na produo de calor; lcera por presso, devido diminuio da circulao

    sangunea e da perfuso perifrica; dificuldade respiratria causada pelos

    tremores e fadiga muscular.

    Durante o ato anestsico, vrios fatores ao se combinarem interferem

    na termorregulao normal do organismo, como por exemplo, abolio das

    respostas comportamentais, aumento da exposio do paciente ao meio

    ambiente, diminuio em 30% da produo de calor pela reduo do

    metabolismo e inibio da termorregulao central induzida pelos anestsicos

    redistribuio interna de calor no organismo7.

    Ainda neste estudo (A2) constatou-se a relao direta entre as

    complicaes e o aumento do tempo de recuperao dos pacientes. Isso nos

    faz refletir sobre a possvel insatisfao dos pacientes por experimentarem

  • 55 Souza VR de

    algumas das complicaes citadas acima e o provvel aumento dos custos

    hospitalares.

    Para alguns autores os pacientes, na maioria das vezes, se lembram da

    sensao de frio dos tremores sentidas no perodo ps-operatrio, relatando

    essas sensaes como desagradveis e, muitas vezes, referem essas

    sensaes piores que a dor causada pela cirurgia7.

    Ainda no artigo (A2) enfatiza-se a utilizao do pr-aquecimento como

    sendo a melhor forma de controle da temperatura, assim como no A5 que

    considera a manuteno da normotermia no perodo perioperatrio, por

    aquecimento prvio, como um mtodo mais efetivo na reduo de

    complicaes, principalmente em pacientes de alto risco.

    Como citado anteriormente as crianas e idosos fazem parte desta

    populao de alto risco e so os mais acometidos pela hipotermia

    transoperatria, isso em funo de as crianas terem uma superfcie corprea

    pequena e mais propensa disperso do calor. Nos idosos, o limite para

    vasoconstrio est situado em nveis de temperatura mais baixos. Os

    pacientes de idade avanada tambm possuem maior risco de hipotermia em

    anestesia regional como resultado de menores limiares de temperatura para o

    desencadeamento de tremores.

    Sendo assim, todo o cuidado no perodo pr-operatrio, objetivando

    manter a normotermia deve ser considerado como necessrio para evitar as

    complicaes no perodo ps-operatrio decorrentes da hipotermia no

    intencional.

  • 56 Souza VR de

    Quadro 6:

    Ttulo

    Autor(es)

    Hipotermia Acidental em um Pas Tropical

    Golin V, Sprovieri SRS, Bedrikow R, Pereira AC.

    Estudo

    Tipo de Estudo

    Finalidade do

    Estudo/Objetivo

    Descrio do Estudo

    Resultados

    Concluses

    A3

    Estudo Prospectivo Estudar a presena, forma

    de apresentao e as

    consequncias da

    hipotermia em nosso meio.

    Foram analisados 212

    hipotrmicos atendidos no

    Servio de Emergncia de

    Clnica Mdica da Santa Casa

    de So Paulo, com hipotermia

    leve, moderada e grave, entre

    1987 a 2001.

    A maioria da amostra foi

    constituda por alcoolistas

    crnicos e moradores de rua.

    Foram analisados os resultados

    quanto ao sexo, faixa etria,

    temperatura central,

    eletrocardiograma,

    comorbidades e mortalidade.

    A hipotermia predominou no sexo

    masculino em 75,9%.

    Quanto faixa etria prevaleceu a

    idade entre 30 e 59 anos.

    Em 70,3% dos pacientes a

    temperatura central foi inferior a

    32C, sendo que em 26,4% destes,

    a temperatura foi menor que 28C.

    A associao com quadros

    infecciosos ocorreu em 76,8% dos

    casos.

    Os pacientes com hipotermia leve

    responderam melhor teraputica

    (96,8%) quando comparados com

    os hipotrmicos moderados (72,1%)

    e graves (87,5%).

    A mortalidade geral foi de 38,2%.

    A hipotermia acidental em servios de emergncia de pas tropical fato inegvel.

    O socorrista deve estar atento e treinado para o reconhecimento desta doena de alta morbidade e mortalidade.

    A mortalidade aumenta com a presena de doenas associadas, particularmente processos infecciosos, desnutrio e alcoolismo crnico.

  • 57 Souza VR de

    O artigo A3 um estudo prospectivo que pretendeu estudar a presena,

    forma de apresentao e as consequncias da hipotermia. Foram analisados

    212 pacientes com hipotermia leve, moderada e grave em um perodo de 14

    anos, em sua maioria alcoolistas crnicos e moradores de rua.

    A amostra revela que a maioria