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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade Ana Carolina Kobashi Netto Camila Severgnini Danilo Prestes Miagusuku Jaqueline Takita Levy José Marcos Carrera Júnior Tutor – Victor de La Paz Richarte

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade

São Paulo

Abril de 2007

Ana Carolina Kobashi Netto

Camila Severgnini

Danilo Prestes Miagusuku

Jaqueline Takita Levy

José Marcos Carrera Júnior

Tutor – Victor de La Paz Richarte Martinez

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Sumário

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................4

1.1 Contexto do projeto...............................................................................................................4

1.2 História do CEAF....................................................................................................................5

1.3 Programas em vigência........................................................................................................7

1.2 Missão.....................................................................................................................................12

1.3 Escopo.....................................................................................................................................12

1.4 Objetivos.................................................................................................................................12

2 METODOLOGIA DE TRABALHO..........................................................14

3 RESULTADOS........................................................................................16

3.1 Respostas do CEAF.............................................................................................................17

4 RECOMENDAÇÕES PARA A MELHORIA DO CEAF...........................17

5 POPULAÇÃO ENVOLVIDA...................................................................20

6 CONHECIMENTOS TRABALHADOS....................................................21

6.1 Terceiro Setor................................................................................................................................21

6.2 Captação de Recursos................................................................................................................21

6.3 Fontes de financiamento.........................................................................................................26

6.4 Estratégias de captação.....................................................................................................30

6.4.1 Mala direta............................................................................................................................31

6.4.2 Telemarketing.......................................................................................................................32

6.4.3 Doações in memorian...........................................................................................................33

6.4.4 Coletores silenciosos............................................................................................................34

6.4.5 Coletores ativos....................................................................................................................34

6.4.6 Estandes................................................................................................................................34

6.4.7 Rifas e sorteios......................................................................................................................35

6.5 Convívio, Cultivo e Fidelização........................................................................................35

6.5.1 Benefícios.............................................................................................................................36

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6.5.2 Relatórios anuais e informativos..........................................................................................36

6.6 Comunicação e Marketing.................................................................................................36

6.6.1 O que é Marketing?..............................................................................................................38

6.6.2 O marketing social................................................................................................................39

6.6.3 Marca....................................................................................................................................40

6.6.4 Conceito de valor de marca..................................................................................................41

6.6.5 Comunicação........................................................................................................................41

6.6.6 Decisões de comunicação de marketing no nível da marca.................................................43

6.6.7 Gerenciamento de informações e conhecimento..................................................................46

6.6.8 Interação com o público e relacionamentos.........................................................................47

6.6.9 Ferramentas de comunicação................................................................................................48

6.6.10 Newsletter.............................................................................................................................49

6.6.11 Estreitamento de laços..........................................................................................................50

6.6.12 Mídia.....................................................................................................................................51

6.6.13 Planejamento de marketing e de comunicação.....................................................................53

6.6.14 Os quatro Ps do marketing do terceiro setor.........................................................................54

6.6.15 Elaborando planos de marketing e comunicação.................................................................54

6.7 Relacionamento com Stakeholders.................................................................................55

6.8 Mudança organizacional.....................................................................................................56

6.9 Dinâmicas do Workshop....................................................................................................60

7 QUESTÕES PESC..................................................................................61

8 HISTÓRICO DO CRONOGRAMA..........................................................65

8.1 Descrição das atividades............................................................................................................67

9 ORÇAMENTO.........................................................................................68

10 BIBLIOGRAFIA......................................................................................69

11 ANEXOS.................................................................................................71

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O futuro nos interroga. O que esperar do Brasil em 2020? Existem três

formas de tentar preencher o vácuo do futuro. A previsão trabalha com a

noção de provável e responde à pergunta: o que será? A delimitação do

campo do possível opera com a idéia de exeqüível e responde à pergunta:

o que pode ser? E a expressão da vontade trabalha com a noção de

desejável e responde à pergunta: o que sonhamos ser? (...) No universo

das relações humanas, tanto o exeqüível como o provável dependem

muito da força e da competência do nosso querer. (GIANNETTI, 2003)

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Contexto do projeto

Sociedade civil e setor social fazem parte de um conjunto de conceitos que são

utilizados para diversas definições e assim, por sua amplitude, abrangem todos

aqueles que, individual ou coletivamente, atuam socialmente nas esferas não-

governamentais. Em linhas gerais, referem-se a organizações e iniciativas sem fins

lucrativos visando ao fornecimento de bens e serviços para atender a necessidades

coletivas, com ênfase na participação voluntária.

Ainda que seu emprego seja historicamente recente, a origem da atuação

organizada da sociedade civil e do setor social remonta à filantropia, presente no

Brasil desde o século XVI com o surgimento das santas casas de misericórdia.

Voltadas para o atendimento de pessoas carentes, eram regidas pela lógica

assistencialista e de caridade cristã, e sustentadas por ricos filantropos. Somente no

final do século XIX, com a intensificação da atuação do Estado na área social, que

começaram mudanças na forma de organizar e administrar essas instituições.

Com a crescente industrialização e urbanização da sociedade, características

do século XX, as instituições passaram a depender economicamente do Estado e a

seguir sua orientação administrativa. Com uma massa de operários migrando para as

cidades, cresceram também os problemas sociais e aumentou o número de

organizações sem fins lucrativos que, vinculadas ao Estado, buscavam soluções para a

pobreza e a exclusão social.

O modelo de forte dependência econômica do Estado começou a mudar na

década de 1970, com o surgimento de um novo conceito institucional, em contraponto

à ação e ao controle do governo: as organizações não-governamentais.

Esse modelo de organização teve um papel fundamental na formação do setor

social e nos rumos da sociedade brasileira. E, por essa razão, acabou atraindo o

interesse de fundações e agências de apoio e cooperação internacionais, que passaram

a investir no setor brasileiro, interessadas em fortalecer a sociedade civil local e o

processo democrático do País.

Em meados da década de 1980, entretanto, essas mesmas instituições

começaram a voltar seus recursos para financiar programas sociais em outras regiões.

Países da África, cuja crise socioeconômica alcançava enormes proporções, e aqueles

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do Leste Europeu, que apresentavam graves problemas sociais conhecidos somente

após sua abertura política, passaram a ser foco desses investimentos, forçando as

Organizações latino-americanas a buscar opções diversificadas para dar continuidade

a seus programas. Em paralelo ao encolhimento do financiamento internacional

somou-se um novo direcionamento do Estado, que progressivamente reduziu o

volume de recursos oferecido às Organizações sociais. Com essas limitações, as

Organizações da sociedade civil brasileira passaram a enfrentar dificuldades para

cobrir seus custos e manter o alcance de seus programas, vendo-se ameaçadas de ter

de reduzir excessivamente seu quadro, ou mesmo encerrar suas atividades.

É nesse crítico contexto que surgiu, entre outras, a associação sem fins

lucrativos CEAF – Centro de Estudos e Assistência à Família.

1.2 História do CEAF

No início de 1982, a psicóloga Gilda Castanho Franco Montoro começou a

reunir algumas pessoas em sua clínica para pensar em uma maneira de atender

crianças e adolescentes de baixa renda, cujo desenvolvimento humano e social havia

sido prejudicado por uma série de problemas. A partir disso, surgiu a idéia de

fortalecer os pais ou substitutos para que pudessem realizar melhor o seu papel na

formação de seus filhos. Foi assim que o primeiro projeto nasceu, e posteriormente

virou o Programa ACAP – Atendendo a Criança Através dos Pais.

Em 1983, o grupo de voluntários havia crescido bastante e o Centro de

Estudos e Assistência à Família (CEAF) foi registrado oficialmente como uma

associação sem fins lucrativos.

Várias parcerias foram estabelecidas ao longo dos anos com a Prefeitura e o

Governo do Estado de São Paulo, para a implantação dos projetos nas escolas

públicas. A Fundação do Bem-Estar do Menor (FEBEM) também se beneficiou de

seminários destinados a seus funcionários e do tratamento psicológico de alguns de

seus internos.

Desde o início a organização se propôs a ser um centro de estudos, onde os

voluntários pudessem se reunir semanalmente para analisar os casos e ter uma

supervisão de seu atendimento. Seminários, congressos e intercâmbios com outras

entidades são realizados para aprofundarem o seu conhecimento.

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O modelo de atendimento adotado pelos voluntários tem caráter social e

preventivo, procurando se adaptar à realidade da população de baixa renda. Esse

atendimento é feito preferencialmente em grupo e em local que esteja integrado às

condições de vida dos usuários (moradia, trabalho ou escola). Isso faz com que a

freqüência dos atendidos seja maior e a comunidade se fortaleça. Também diminui as

dificuldades como: falta de dinheiro para o transporte, tempo, insegurança etc.

Cada encontro é planejado para ter começo, meio e fim. Isso é uma solução

para problemas como irregularidade na freqüência e alta rotatividade dos

participantes, pois cada atendimento é independente dos demais.

Os profissionais voluntários utilizam as mais diversas técnicas de dinâmicas de

grupo, que além do diálogo estimulam a colagem com recortes de revistas, esculturas,

jogos dramáticos, jogos infantis etc. O objetivo é facilitar a autopercepção, a

consciência dos temas de conflito e desejos de mudança.

O objetivo central das reuniões é o fortalecimento da identidade pessoal de

cada participante, para que ele seja o agente transformador de sua própria vida, e o

fortalecimento das suas relações familiares.

A metodologia de atendimento pressupõe que o coordenador do CEAF

compartilhe o seu conhecimento e suas crenças com respeito e sem imposição, pois o

grupo é soberano no encaminhamento das discussões.

Os coordenadores são profissionais diversos: psicoterapeutas, pedagogos,

assistentes sociais e psicólogos, que trabalham de acordo com sua teoria e técnicas

preferidas.

A questão do voluntariado foi inicialmente pretendida como temporária, mas

se tornou definitiva e assumida plenamente em meados da década de 90. Mas desde o

início o CEAF tinha a consciência de que a população de baixa renda não poderia ser

exposta a um atendimento psicológico sem qualidade e nem a profissionais que

quisessem só treinar às custas de pessoas carentes. A ética no atendimento, no

treinamento, nos estudos teóricos e nas supervisões sempre foi importante.

Em 1994, o CEAF tinha passado por momentos de dificuldade devido a

inúmeras mudanças de localização e os poucos voluntários lutavam contra o

fechamento e dissolução da organização.

Em 1995, a possibilidade de o CEAF ter uma sede própria se tornou real, e a

Prefeitura do município de São Paulo ofereceu um imóvel no bairro do Alto da Lapa e

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uma verba para a reforma. Em 1996, a mudança para a atual sede finalmente

aconteceu.

Até o início de 94, o CEAF se concentrava em um único projeto, o ACAP.

1.3 Programas em vigência

ACAP - Atendendo a Criança Através dos Pais

O Programa ACAP se propõe a oferecer atendimento aos pais ou pais

substitutos (atendentes de creches, pais sociais, outros), através de grupos de

encontros, nas instituições próximas a sua comunidade.

O objetivo deste programa é fortalecer a identidade, auto-estima e auto-

confiança dos pais ou pais substitutos em seu papel como formadores básicos dos

futuros cidadãos e conscientizá-los de sua importância no desenvolvimento de seus

filhos ou dos menores que estão sob seus cuidados.

O atendimento aos grupos prioriza a participação ativa de todos os

participantes nos diálogos que se estabelecem, nos temas discutidos, nas dificuldades

que emergem e na construção ou encaminhamentos para as soluções.

Os encontros são semanais ou quinzenais com duração média de uma hora e

meia e acontecem no espaço oferecido pela instituição que solicita o atendimento seja

ele anual ou semestral.

A coordenação de cada grupo atendido é feita por uma dupla de profissionais

voluntários do CEAF, que também recebem supervisão semanal de seus atendimentos

na sede do CEAF.

O projeto também ministra palestras nas comunidades, escolas e instituições

atendidas ou na sede do CEAF, sempre com temas específicos referente a questões

familiares (violência, abandono, relacionamentos, limites disciplinares),

desenvolvimento psicológico da criança e do adolescente, alcoolismo, dependência

química e outros.

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Em 2006, foram atendidas 650 pessoas em outras entidades. Em 2007,

pretende atender cerca de 400 pessoas (entre pais, substitutos, técnicos e

profissionais) e 500 pessoas (nas palestras).

Instituições que deverão ser atendidas este ano:

Centro Comunitário do Hospital Israelita Albert Einstein - Programa Einstein

na Comunidade;

Centro Juvenil Laura Vicuña -- Instituto Anjo da Guarda;

Espaço Comenius;

Instituição Vale da Benção;

Lar e orfanato Plantio do Amor;

SEAPP - Serviço de Atendimento Psicopedagógico - Centro de Assistência

Social Nosso Lar.

Caminhando

No segundo semestre de 1994 o Projeto Caminhando foi iniciado.

Trabalha com crianças e adolescentes, de 10 a 21 anos de idade, em situação

de risco social e pessoal e consiste na criação de espaços protegidos para o

questionamento da sexualidade, das demandas e necessidades singulares que precisam

ser elaboradas, tendo como principal instrumento um adulto/ orientador na relação

com o grupo.

São encontros semanais com uma hora e meia de duração, durante um

trimestre, um semestre ou um ano, em grupos, nas instituições ou na sede do CEAF.

Os horários e dias da semana dos atendimentos são determinados em acordo

firmado pelas instituições atendidas e os profissionais voluntários designados para

atendimento.

Em 2006, o programa Caminhando realizou:

seminários e palestras com médicos, psicanalistas, educadores e profissionais

especializados sobre temas de interesse do grupo;

encontros com a direção e equipe das instituições parceiras visando a co-

responsabilidade para um atendimento integral à criança e ao adolescente;

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reuniões com as famílias para integrá-las aos projetos, acolher suas dúvidas e

dificuldades, possibilitar reflexão sobre seu papel no desenvolvimento dos filhos,

resgatar o amor próprio, os valores familiares e a cidadania; e

exposição dos trabalhos desenvolvidos durante o ano pelas crianças e adolescentes

nas instituições e ou em outro local apropriado.

Foram atendidas só no ano passado 252 pessoas em instituições fora do CEAF.

Em 2007 o objetivo é atender aos pedidos de palestras em escolas, em datas a

serem agendadas durante o ano letivo, e dar continuidade ao atendimento de crianças e

adolescentes nas seguintes instituições parceiras:

Associação Profissionalizante BM&F;

Programa Einstein na Comunidade Paraisópolis.

Terapia Familiar

Esse projeto começou em 1998 e destina-se a casais e famílias que apresentam

situações de conflito ou que estejam vivendo problemas de relacionamento

interpessoal.

O regime de atendimento é semanal ou quinzenal, de uma hora de duração,

casal ou família, na sede do CEAF, por voluntários, todos psicoterapeutas de casal e

família.

O período de atendimento varia de acordo com a problemática da família

(média de cinco meses).

Os psicoterapeutas de casal e família recebem supervisões individuais e/ou

grupais na sede do CEAF, semanalmente.

Assistentes sociais voluntárias realizam o estudo inicial da demanda familiar

definindo a possibilidade de seu enquadramento na instituição; encaminham para o

Programa de Terapia Familiar ou recorrem aos recursos da comunidade.

A procedência dos encaminhamentos são: escolas públicas (ensino

fundamental, universidades), serviços ambulatoriais, profissionais liberais, usuários

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do CEAF, hospitais, Febem, Conselho Tutelar, Instituto de Terapia Familiar, através

de amigos, creches etc.

Famílias que aguardam atendimento pelas profissionais terapeutas podem

participar do Programa de Terapia Comunitária enquanto esperam a convocação.

Em 2006, foram realizados 4900 atendimentos.

Durante o ano de 2007, estudos teórico-clínicos de famílias e casais serão

conduzidos uma vez por mês por profissionais de diferentes abordagens teóricas, para

serem ampliados, aperfeiçoados e divulgados. Este trabalho tem em vista atualizar

conhecimentos entre os voluntários do CEAF.

Terapia Comunitária

Tem por objetivo "prevenir os efeitos do estresse cotidiano das populações de

baixa renda, resgatando-lhes a condição de implementar as mudanças necessárias"

(Penna. In: Manual do Terapeuta Comunitário. s/d).

Busca-se "capacitar as unidades familiares a extraírem dos valores culturais os

recursos criadores de uma nova consciência voltada para a construção de uma

identidade pessoal e comunitária que age para agregar, vincular" (Cf. Manual do

Terapeuta Comunitário. s/d).

O programa é um grupo semanal e aberto à comunidade e famílias de

adolescentes internados na FEBEM, famílias que aguardam atendimento na Terapia

Familiar do CEAF.

Em 2006 atendeu 1.253 pessoas em 42 reuniões de grupo. Em 2007, além de

suas atividades semanais, o Terapia Comunitária:

Promoverá um Curso de Formação de Terapeutas Comunitários em 2 módulos

Público-alvo: líderes comunitários da periferia da cidade

Iniciará um grupo comunitário no Centro Comunitário do BNH na Av.

Diógenes Ribeiro de Lima, Alto da Lapa.

Cine Família

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Este projeto está em funcionamento desde 1999 e é um espaço de cultura e

lazer destinado à população de baixa renda. Tem como proposta promover

conversações, que proporcionem reflexões sobre relações familiares e humanas em

geral, a partir da projeção de filmes.

É um evento aberto a pessoas a partir de 12 anos. Os convidados recebem

informes mensais antecipadamente sobre o filme que será projetado e discutido. Os

freqüentadores recebem vales-transporte e lanche oferecido pela padaria do bairro,

Dona Deôla.

A capacidade do auditório é de 130 pessoas. Em 2006, aconteceram 10

encontros e 650 pessoas participaram. Em 2007, haverá 10 sessões que serão

realizadas aos sábados das 13h30 às 17h30 e a expectativa é atingir um público de

100 pessoas/ mês.

Cine CEAF

Programa destinado aos voluntários e demais pessoas interessadas. Tem como

objetivo proporcionar um espaço reflexivo que possibilite uma articulação entre

epistemologia, teoria, família e relações humanas, confraternização e integração entre

os voluntários de projetos, divulgação do CEAF e ampliação de redes.

A divulgação é feita através de convites enviados antecipadamente para o

público-alvo e a entrada é franca.

No ano passado foram quatro encontros, com 130 pessoas no total. Em 2007, os eventos serão realizados às sextas-feiras das 19h30 às 22h30 com intervalos para lanche.

Projeto Saracura

Começou no segundo semestre de 2004 com um grupo de estudos para a

capacitação de voluntários. Em 2005, houve continuidade à formação da equipe, com

atendimentos a algumas famílias e supervisão de todas as sessões, ainda como parte

da formação básica. Neste ano de 2007 o objetivo é crescer, atraindo mais voluntários

para o projeto, para que o número de atendimentos seja maior ampliar.

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Atende familiares de dependentes de álcool e é dirigido a um público-alvo

numeroso e carente de atendimentos específicos.

Grupo de Bem com a Vida – Sempre Viva

O Grupo, que atende idosos, pratica o pensar, o refletir. Procura fazer com

que se exercitem como pessoas e encontrem um sentido nesta fase da vida, além de

trabalhar a capacidade de contribuição à família e à sociedade a partir da experiência

acumulada.

Tantos programas bem-sucedidos revelam o empenho dos profissionais

voluntários e a seriedade do CEAF em cumprir a sua missão.

Atualmente, cerca de 130 profissionais voluntários trabalham na entidade. Os

recursos necessários à manutenção da instituição são provenientes de doações de

sócios contribuintes, patrocínios empresariais e realização de eventos.

O CEAF atende em comunidades e locais próximos à moradia ou ao trabalho

dos usuários, embora algumas atividades, como os atendimentos familiares ou a

capacitação de profissionais interessados em se tornarem voluntários, sejam realizadas

na sede da entidade, no Alto da Lapa.

Em 2004, o CEAF foi oficialmente reconhecido como Pólo Formador pela

Associação Brasileira de Terapia Comunitária (ABRATECOM).

1.2 Missão

Desenvolver um projeto em parceira com a Instituição CEAF, construindo

uma relação que permitisse o aprendizado do grupo e simultaneamente melhorias no

funcionamento da área administrativa da ONG.

1.3 Escopo

Através deste projeto buscamos atingir a sociedade positivamente, oferecendo

nossos esforços e conhecimentos para o auxílio da organização CEAF.

Além de contribuir para maior sustentabilidade da ONG, o projeto visou ao

aprendizado dos integrantes do grupo sobre diversos temas específicos utilizados no

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projeto – como o funcionamento do Terceiro Setor no país, captação de recursos para

o terceiro setor, imagem e comunicação – e até mesmo práticas de consultorias.

1.4 Objetivos

O CEAF é uma organização ativa há 24 anos, reconhecida por profissionais de

destaque na área social e acadêmica, entretanto, a parte administrativa necessitava de

auxílios para construir procedimentos mais eficazes de gestão e sustentabilidade.

Após uma visita inicial para diagnóstico na organização, identificamos a falta

de fidelização dos doadores, que levava a uma fonte de renda inconstante e uma

ameaça à organização. Nossa proposta inicial era realizar um projeto para melhoria do

sistema de captação de recursos, com objetivo de atingir a fidelização dos

colaboradores e garantir uma certa segurança para a fonte de renda do CEAF nos

próximos anos. Os resultados obtidos seriam mensurados no final do projeto pelo

acompanhamento da Organização durante três meses (Janeiro, Fevereiro e Março),

após a apresentação do projeto final para a ONG, em forma de workshop ou palestra,

orientando os voluntários no aperfeiçoamento dos aspectos apontados como passíveis

de melhora pelo grupo.

Entretanto, ao longo do tempo percebemos a necessidade de desenvolver a

imagem e a comunicação da entidade, e a captação de recursos seria um subproduto.

Nossos objetivos se voltaram à conscientização do CEAF como fornecedora de

serviços e know-how e a sua comunicação com stakeholders1, como garantia de

perenidade da organização. (comunidade, doadores, eventuais parceiros).

Devido à curta duração do projeto e às dificuldades de interação com a ONG,

a mensuração de retorno financeiro não foi possível, restringindo o grupo a

implementar um workshop e ações para aprimorar a imagem do CEAF.

1 Indivíduos e grupos capazes de afetar e de serem afetados pelos resultados estratégicos alcançados aplicáveis e vigentes a respeito do desempenho da empresa. (HITT, M. A.; IRELAND, R. D.; HOSKISSON, R. E. Administração Estratégica. São Paulo: Thomson, 4a. ed., 2003, p. 28)

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2 METODOLOGIA DE TRABALHO

A comunicação com a ONG foi realizada através de entrevistas semi-

estruturadas pessoalmente e por telefone, além de correio eletrônico, análise de

documentos da instituição, como folders, materiais de divulgação, sites e outros

materiais cedidos. Esse contato permitiu entender o funcionamento da organização,

coletar dados primários, levantar o histórico das parcerias realizadas pela ONG etc.

As informações iniciais obtidas ajudaram no entendimento do grupo em relação ao

contexto da organização e propuseram um projeto condizente com sua necessidade.

Paralelamente às visitas, o grupo, orientado por um tutor mestrando em

administração, fez uma pesquisa sobre os temas pertinentes ao trabalho. A pesquisa

permitiu um conhecimento profundo sobre os temas e o desenvolvimento da

metodologia de aplicação prática a partir do que foi estudado.

A conclusão final do trabalho foi apresentada para a ONG, para ser aprovada e

realizada. O formato da apresentação dos resultados foi definido de acordo as

preferências da ONG. A apresentação foi construída em parceria com o CEAF. Uma

proposta preliminar era o desenvolvimento de um workshop voltado aos voluntários

do CEAF com o objetivo de apresentar os conceitos sobre captação de recursos e

promover discussões e construção do conhecimento sobre esse tema. Além de

disseminar os conhecimentos e até mesmo para capacitar colaboradores para captação

de recursos. Mas tal forma não foi possível, devido à impossibilidade dos voluntários

de comparecerem ao evento. Assim, mudamos os nossos participantes para a diretoria

do CEAF e pessoas da comunidade que estivessem dispostas a conhecer mais sobre a

eles e sobre o tema de captação de recursos.

Os temas como comunicação e imagem de Organizações do terceiro setor

também foram abordados no trabalho para apoiar a captação de recursos. Tudo o que

foi pesquisado foi compartilhado com a ONG, visando disseminar os conhecimentos

obtidos.

O workshop, ocorrido numa manhã de sábado, foi aberto ao público e divulgado

em sites de relacionamento, nas faculdades de psicologia e administração da USP e no

próprio site do CEAF. Através de uma apresentação de slides, de dinâmicas,

conversas para esclarecer dúvidas apos o workshop e contando com a presença da

diretora administrativa e a presidente da ONG, pudemos fazer acontecer um momento

de aprendizagem e ensino, com entrega de material sobre o tema e certificado.

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Após o workshop, mantivemos contato com a ONG, através de reuniões com a

diretora administrativa, estruturando quais seriam os próximos passos a serem dados.

Uma vez que a diretoria tinha se encarregado de arranjar uma equipe voluntária de

captação de recursos, o grupo orientaria essa equipe para implementar um plano de

ação que visava o aperfeiçoamento de arrecadamento de fundos. A equipe ainda não

foi criada e durante as outras reuniões com a diretoria, fizemos nossas análises sobre o

percurso dos trabalhos desenvolvidos pelo grupo e colaboradores do CEAF, e foi

identificada a necessidade de trabalhar a imagem e comunicação, pois a ONG é pouco

conhecida, inclusive na região onde está localizada. Uma maior divulgação do

trabalho da ONG seria um dos primeiros passos de um processo de captação de

recursos, por isso foi nesse ponto que decidimos trabalhar. O objetivo foi divulgar a

imagem e tornar os estudos do CEAF mais conhecidos por meio de diferentes

métodos de marketing social:

Jornais de Bairro: Contatamos jornais de bairro, para que permitissem a

postagem de um artigo sobre a instituição CEAF e sua história, contando

sobre a sua atuação e os seus méritos. O artigo foi escrito e enviado para os

jornais, mas não há data prevista de publicação.

Newsletter: Construímos uma newsletter para ser divulgada entre os

doadores e voluntários do CEAF, principalmente para aqueles que

costumavam doar, mas tinham parado. O objetivo era mostrar o trabalho

que tem sido feito pelo CEAF e reativar os antigos doadores. Essa

newsletter também foi exposta no site da ONG, para que a mensagem

tivesse maior efeito.

Distribuição de folders: Integrantes de nosso grupo deixaram folders na

padaria da região (que já contribuía com doação de alimentos) e em alguns

táxis da região que se demonstraram receptivos com a idéia de

disseminação da imagem da ONG.

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3 RESULTADOS

O principal resultado obtido pelo grupo foi o de conscientização do

aprimoramento nos processos de captação de recursos, que foi atingido

principalmente através do workshop. A apresentação do workshop permitiu que a

diretoria da ONG conhecesse formas novas de captação de recursos e estudasse a

possibilidade de implantá-las no CEAF, mas talvez esse não tenha sido o resultado

mais importante.

Um dos resultados que surgiram dessa discussão iniciada no workshop, e que

talvez tenha sido mais significativo, foi a conscientização da necessidade de melhorar

e aumentar a divulgação do CEAF na comunidade. Ficou claro que a imagem de uma

organização do terceiro setor é fundamental para um processo de captação de recursos

eficaz e que o CEAF está em desvantagem quando é pouco divulgado para a

comunidade. A partir daí que surgiram as idéias de ações práticas.

O CEAF reconheceu a necessidade de trabalhar com o tema de captação de

recursos e as diretoras decidiram criar uma equipe de voluntárias para trabalhar com o

tema. A equipe deveria receber apoio e orientações do nosso grupo, mas ela ainda não

foi criada. Paralelamente, decidimos, em parceria com o CEAF, iniciar um conjunto

de atividades que focasse o aumento da divulgação do CEAF. Tomamos a liderança

da implantação de algumas ações iniciais para terminar o processo dentro do prazo do

programa, mas sempre com a aprovação do CEAF para colocá-las em prática.

A principal restrição encontrada para iniciar essas ações foi a dificuldade de

retorno por parte do CEAF. Inicialmente encontramos uma certa resistência, talvez

pela nossa inexperiência, mas que diminuiu bastante depois do workshop. Além disso,

a lentidão e a dificuldade para contato dificultaram a parte final do projeto. Nosso

contato no CEAF só ia para a organização às terças-feiras, de quinze em quinze dias e

nós tínhamos que esperar esse dia para visitá-lo ou recebermos respostas. Isso

mostrou uma falta de comprometimento por parte da ONG com o projeto e contribuiu

para o atraso no nosso cronograma, impedindo o acompanhamento e a mensuração

dos resultados obtidos com as ações adotadas.

No final do projeto, ao retomarmos o que foi feito e a metodologia usada,

percebemos algumas coisas que se feitas diferentes, poderiam contribuir para

melhorar o resultado final. A primeira delas foi o fato de não termos apresentado o

cronograma do grupo para o CEAF. As datas foram apresentadas inicialmente e a

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ONG tinha conhecimento dos prazos do projeto, no entanto poderíamos ter

apresentado o cronograma por escrito e termos usado como ferramenta para acelerar o

processo, principalmente quando a ONG pediu para fazermos uma pausa no projeto

no final do ano. Mostrar as conseqüências disso no cronograma poderia ter ajudado e

apressado o retorno do contato. Além disso, poderíamos ter cobrado mais as entregas

e as aprovações que também demoraram, mas a postura do grupo em atender o ritmo

da ONG, acabou gerando uma atitude menos assertiva.

As restrições enfrentadas só puderam ser superadas com a união, cooperação e

iniciativa do grupo. Como estudantes de administração, essa vivência serviu como um

treinamento para colocar em prática o que tivemos em sala de aula. Aprendemos a

lidar com a frustração e a obter resultados em um ambiente adverso e com pessoas

diferentes de nós. Tais desafios serviram como lições para nosso futuro cotidiano

profissional. Durante o percurso, houve grande aprendizado, tanto individual como

coletivo, que poderá ser levado pela carreira que se inicia.

3.1 Respostas do CEAF Qual foi o resultado do trabalho do Grupo do PESC com o CEAF?

O resultado foi positivo, o PESC trouxe novas idéias e reflexões ao CEAF.

Que benefícios o trabalho do Grupo do PESC trouxe para a instituição?

Os benefícios ainda não se fizeram sentir, a não ser na abertura de novas perspectivas e as idéias que estamos tentando colocar em prática.

Que contribuições o trabalho do Grupo do PESC deu ao CEAF?

As contribuições foram marcantes, principalmente, o workshop, quando fomos visitados por outras entidades e ONGs e pudemos trocar experiências. Foi a 1ª vez que um evento como esse teve lugar no CEAF. Os nossos eventos são sempre com o objetivo de estudos na nossa área.

Que sugestões e críticas o CEAF faz ao trabalho do grupo do PESC?

A sugestão que daríamos é poder contar com o PESC para implantar as idéias apresentadas, o que ainda não aconteceu. 

4 RECOMENDAÇÕES PARA A MELHORIA DO CEAF Ter uma comissão de pessoas engajadas em captação de recursos.

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   Como o CEAF está tão envolvido em seu trabalho de atendimento psicológico

a pessoas de baixa renda e aos estudos referentes a esses casos, falta um profissional

interessado e capacitado em liderar ações estratégias de captação, que são vitais para a

manutenção de sua missão e de seus projetos no longo prazo. A maioria dos seus

voluntários é de psicólogos, assistentes sociais e pedagogos, que não possuem

conhecimento administrativo-financeiro e que parecem não estar dispostos a aprender

sobre captação de recursos. Isso foi revelado pela própria diretoria financeira da

ONG, quando tivemos a idéia de fazer o workshop para os voluntários.

   Já a presidente disse que iria formar essa comissão e que ela mesma faria

parte, mas depois não se falou mais nisso.

O tema de captação de recursos não pode ser tratado só em circunstâncias

emergenciais, mas em todas as reuniões.

    O CEAF já passou por diversos momentos de dificuldade financeira ao longo

de sua história e mesmo assim não aprendeu a lidar com essa questão de maneira

sustentável. Só quando as dívidas aumentam, eles tentam obter doações mais

significativas através de seu networking, mas isso revela falta de planejamento e de

ampliação da sua base de doadores.

Desenvolver uma comunicação dirigida à melhoria da imagem, aproveitando a

expertise da diretoria de comunicação, que precisa ser mais atuante.

    Percebemos que o CEAF não é conhecido em sua região e que a imagem da

ONG não é conhecida do público em geral. Tivemos a idéia de um artigo ser

publicado em um jornal de bairro e de uma newsletter mensal ser enviada aos atuais e

potenciais doadores para que essa comunicação fosse iniciada.

Descentralização da tomada de decisão.

       As diretorias financeira e de comunicação centralizaram muito o trabalho a ser

realizado e esse problema se deve ao fato de não haver voluntários para atuarem

nessas áreas tão importantes. Quando as diretoras não têm tempo de realizar alguma

coisa, pois têm que cuidar de suas carreiras paralelamente, o trabalho deixa de ser

feito ou é atrasado, prejudicando as atividades administrativas da ONG.

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Rever a contribuição de alguns voluntários.

   A jornalista voluntária, que é a diretora de comunicação, alegou em alguns

contatos ter pouco tempo disponível para nos atender. Percebemos que deveria haver

um comprometimento maior para que a contribuição fosse efetiva e os objetivos da

organização fossem obtidos de maneira mais eficiente.

Atualizar o site.

   As informações que estão disponíveis são de 2006 e isso faz com que essa

ferramenta de divulgação dos programas do CEAF seja sub-utilizada ou até perca a

sua função, que é de informar o público e fazer com que mais pessoas se associem e

se tornem doadores.

Enviar uma newsletter mensal para os doadores atuais e potenciais.

  Essa é uma ferramenta de divulgação do CEAF simples e eficiente para atingir

os doadores com informações atualizadas do que está sendo realizado através do

dinheiro investido por cada um. Os doadores seriam fidelizados, pois perceberiam o

impacto de suas ações na vida de tantas pessoas. Esse tipo de transparência de

informações é fundamental para manter e ampliar a rede de doadores, que se sentem

mais próximos da ONG e verificam que o seu dinheiro está sendo investido

socialmente de maneira correta.

Implementar um programa de comunicação com os stakeholders,

acrescentando ou modificando as propostas já encaminhadas ao CEAF (vide

anexo deste relatório).

Conscientizar os próprios voluntários de que somente as doações mensais

deles não são suficientes para a sustentabilidade da ONG.

       A ONG só pode continuar a desenvolver os seus projetos no longo prazo se

tiver saúde financeira.

O atendimento a esse nosso projeto, assim como a outros que visem

desenvolver a instituição, teria que ser mais rápida, para que mais ações

pudessem ter sido implementadas.

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A implementação do nosso projeto foi prejudicada devido ao fato de que só

podíamos nos encontrar com a diretora nas terças-feiras, sendo que ela não tinha

muito tempo disponível, pois esse era o dia reservado para a reunião de diretoria. O

contato por e-mail e celular só foi conseguido no final do projeto, quando o interesse

do CEAF aumentou, mas não havia tempo suficiente para que ações mais complexas

fossem realizadas. Pareceu-nos que o CEAF esperava que o nosso grupo realizasse

todas as ações de captação e divulgação da imagem, mas não se prepararam para

assumir essas responsabilidades no futuro.

O CEAF necessita estar receptivo em relação às mudanças de gestão

administrativa, já que sabe dos seus pontos fracos, mas parece estar

acomodado à atual situação.

    Durante várias reuniões percebemos que havia uma certa resistência às nossas

idéias, ou eram aprovadas sem muito comprometimento. Isso pode ser devido ao fato

de sermos somente estudantes universitários, sem muita experiência profissional, ou

devido a própria ONG não se empenhar em fortalecer as suas competências

administrativas para melhor gerir os seus recursos: financeiros, pessoas, tempo etc.

O nosso tutor se reuniu com duas diretoras do CEAF, antes do workshop, para

explicar melhor o nosso projeto e os nossos objetivos. Elas reviram a posição e

passaram a aceitar melhor as nossas propostas.

5 POPULAÇÃO ENVOLVIDA

Este projeto foi direcionado ao CEAF. Sua elaboração e aplicação envolveram

os membros da Diretoria, o Conselho Administrativo e os voluntários do CEAF.

Os resultados do projeto estão atingindo, de forma indireta, as famílias de baixa

renda atendidas pela Organização, pois a estabilidade da fonte de renda, aliada ao

comprometimento e a dedicação dos voluntários, garantirão o atendimento feito pelo

CEAF por muitos anos.

Além disso, pelo fato da palestra de captação de recursos ter sido aberta ao

público, ela atingiu potenciais voluntários, não voluntários e membros de outras

organizações não governamentais.

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6 CONHECIMENTOS TRABALHADOS

6.1 Terceiro Setor

O terceiro setor constitui-se pelo conjunto das organizações que apresentam as

cinco seguintes características2:

1) Estruturadas: possuem certo nível de formalização de regras e

procedimentos, ou algum grau de organização permanente. São, portanto, excluídas as

organizações sociais que não apresentem uma estrutura interna formal.

2) Privadas: estas organizações não têm nenhuma relação institucional com

governos, embora possam dele receber recursos.

3) Não distribuidoras de lucros: nenhum lucro gerado pode ser distribuído entre

seus proprietários ou dirigentes. Portanto, o que distingue essas organizações não é o

fato de não possuírem “fins lucrativos”, e sim, o destino que é dado a estes, quando

existem. Eles devem ser dirigidos à realização da missão da instituição.

4) Autônomas: possuem os meios para controlar sua própria gestão, não sendo

controladas por entidades externas.

5) Voluntárias: envolvem um grau significativo de participação voluntária

(trabalho não-remunerado). A participação de voluntários pode variar entre

organizações e de acordo com a natureza da atividade por ela desenvolvida.

6.2 Captação de Recursos

A captação de recursos é uma atividade de extrema importância para o terceiro

setor, mas que encontra muitas barreiras. Para entender sua função e suas dificuldades

é necessário saber o que é o terceiro setor. O governo atua com meios ou recursos

públicos visando atendes públicas, as empresas por outro lado usam meios privados

para fins privados. Os empresários investem para obter resultados financeiros para ele

mesmo. O terceiro setor usa recursos privados para fins públicos, então a dificuldade

é convencer o mercado e os indivíduos a investirem numa causa que não trará

benefícios diretos para eles.

Segundo a Pesquisa Ação Social das Empresas (IPEA, 2006), apesar da

proporção de empresas privadas que realizam ações sociais ter aumentado de 59% em

2000 para 69% em 2004, atender as necessidades humanitárias ainda só é uma das

razões que perderam importância como motivo que leva uma empresa a agir 2 Definição segundo Salamon e Anheier, 1997

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socialmente; como mostra a figura abaixo essa categoria caiu de 76% em 2000 para

57% em 2004. A política da boa vizinhança ainda é bastante relevante, uma vez que

40% das empresas buscam atender comunidades próximas a seu negócio.

Figura 1: Gráfico da Motivação Empresarial para Ação Social

A captação ou mobilização de recursos é o termo que descreve todas as

atividades que uma organização sem fins lucrativos deve realizar para gerar recursos.

(GETS – UNITED WAY of CANADA, 1997). Essas atividades são essenciais para a

organização, pois sem os recursos necessários ela jamais conseguiria exercer suas

atividades fins.

Além de assegurar a entrada de novos recursos, a captação de recursos é

responsável por fazer o melhor uso dos recursos existentes, evitando desperdícios;

conquistar novas parcerias, que são relações de troca, onde os dois lados se

beneficiam; e obter fontes alternativas de recursos financeiros, porque mesmo que

hoje a organização esteja recebendo os recursos que necessita, amanhã, as coisas

podem mudar.

As pessoas que atuam em organizações do terceiro setor, normalmente, estão

muito envolvidas na causa, o que é muito importante, mas não é a única atividade

importante. Os recursos são o motor das organizações, por isso elas precisam se

dedicar à captação e mais do que isso precisam ter uma captação ativa. A captação

ativa, além dos recursos trás outros benefícios para as organizações. O processo de

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captar ativamente promove a organização e isso faz com que ela obtenha maior apoio

da comunidade. Pesquisas nos EUA comprovam essa teoria mostrando que apesar de

muitas pessoas não doarem, aquelas que recebem cartas com pedidos de doação de

fato aprendem sobre a organização e seus programas. (GETS – UNITED WAY of

CANADA, 1997). Essa divulgação da ONG por meio do processo de captação de

recursos, pode também aumentar o interesse na causa, atraindo novos voluntários.

Além disso, receber um investimento, principalmente de uma empresa ou instituição

reconhecida, mostra que pessoas de fora da organização acreditam no seu trabalho e

isso aumenta a credibilidade da ONG na sociedade.

Praticar a captação ativa não é só colocar em prática diversas ações de catação, é

necessária uma mudança da cultura da organização. Antes de mais nada, para captar é

preciso ter uma base de doadores e como os recursos são fundamentais para a

existência da ONG é necessário dar aos doadores a possibilidade para investir. Para

criar essa oportunidade é necessário estabelecer uma relação de troca entre o doador e

a entidade. Além disso, a organização deve considerar os doadores tão importantes

quanto seus voluntários, dando-os reconhecimento e valor.

A captação será parte integrante de cultura da organização, assim todos devem

estar comprometidos com ela. No entanto é recomendável que toda organização tenha

uma pessoa responsável pela coordenação das atividades de captação.

Para uma captação bem sucedida é necessário também que exista transparência,

nas atividades e nos gastos; comunicar com a sociedade para ter apoio da mesma e

fazer parcerias com compatibilidade de interesses, pois estas são relações de troca

sadias, nas quais os dois lados se beneficiam.

A teoria da captação de recursos segundo seis regras básicas a serem trabalhadas

na organização (GETS – UNITED WAY of CANADA, 1997).

1. Peça

É preciso identificar onde os recursos estão e achar estratégias para ter acesso a

eles, começando por onde estão quantidades maiores e mais fáceis. Para avaliar a

motivação e possibilidade de doar das instituições ou indivíduos, utilizamos o

princípio VIC.

Vínculo: é a ligação do doador, ou doador potencial, com o trabalho da

organização. Se o doador é amigo íntimo ou parente de algum voluntário ativo, o

vínculo é forte. Enquanto que se o doador não tem ligação pessoal com funcionários,

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conselho, voluntários ou alguém atendido pela entidade, o vínculo será fraco. Apesar

disso, um fraco vínculo pode ser compensado por um forte Interesse do doador na

causa em geral e no trabalho da organização. Entretanto, não basta ter vínculo e

interesse. Capacidade de doar é fundamental. Independente da renda da pessoa, o que

deve ser observado é a quantidade e a freqüência que poderá ser doada.

2. Lembre-se de que as pessoas querem ajudar

Na maioria dos lugares do mundo há um sentimento de humanidade em querer

reverter injustiças, apoiar menos favorecidos, abrigar aqueles em perigo e proteger os

indefesos. A organização deve canalizar essa tendência de ajudar convidando as

pessoas e mostrando como é fácil e gratificante. Caso haja doação, é importante que

se valorize o doador, com reconhecimento, agradecimento.

3. Peça o que se quer

Não subestime o poder que o trabalho da organização tem para inspirar apoio de

peso. Peça uma doação da qual o doador se orgulhe e que resulte em apoio leal e

contínuo.

4. Consiga a colaboração das melhores lideranças

É importante refletir a respeito de quem são as pessoas chaves a serem

envolvidas no trabalho da organização e qual tipo de atividade poderia tornar possível

o envolvimento de lideranças sociais de maneira visível e útil.

5. Construa relacionamentos

O cultivo e educação são cruciais para construir relacionamentos duradouros,

nos quais a freqüência e o tamanho das doações aumentam com o passar do tempo. A

pirâmide abaixo representa o desenvolvimento de um programa de captação de

recursos. Ao longo do tempo, pessoas sobem a partir da base. O número de pessoas no

ápice é inferior ao dos outros níveis, mas suas doações têm maior volume.

O primeiro contato pode ocorrer via mala direta, boca a boca, telemarketing.

Com a segunda doação, o doador sobe de nível na pirâmide e é incluído na lista

interna da organização. O próximo passo são as doações programadas, que são

regulares e já há certo vínculo. Com a ampliação dos valores doados, sobe-se para o

nível de doações grandes. A última etapa ocorre quando o doador tem uma séria

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preocupação com a continuidade dos trabalhos da organização. O doador pode deixar

através de herança ou imóveis, legado para a instituição que precisa estar preparada

legalmente para tanto.

Figura 2: Pirâmide de Captação de Recursos

Fonte: Captação de recursos – da teoria à prática do Grupo de Estudos do Terceiro Setor (GETS) em

parceria com o UNITED WAY of CANADA.

6. Pense em um ciclo anual de atividades

Figura 3: Ciclo de Captação de Recursos

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Fonte: Captação de recursos – da teoria à prática do Grupo de Estudos do Terceiro Setor (GETS) em

parceria com o UNITED WAY of CANADA.

A captação deve conter uma seqüência de atividades interligadas e não

somente um pedido de dinheiro. Deve-se analisar as oportunidades e ameaças do

ambiente externo e os pontos fortes e fracos do ambiente interno à organização. Um

plano deve ser feito com as metas da campanha de captação, prazos, orçamentos,

delegações de atividades, com clareza, consenso e compromisso. A pesquisa de

doadores descobre os prováveis doadores, seus vínculos, interesses e capacidade de

doar, a fim de escolher quais os possíveis doadores a serem abordados primeiramente.

O cultivo e educação têm como objetivo que as pessoas sintam que seu envolvimento

pode fazer uma diferença útil ao trabalho de uma organização essencial para a

sociedade. O programa de captação deve pedir aos já doadores que renovem e talvez

aumentem seu apoio, além de contatar ex-doadores e pedir doação a novas pessoas e

instituições. Após doações realizadas, deve-se agradecer, valorizá-las e continuar com

o programa de captação.

6.3 Fontes de financiamento

Os tipos de fontes de financiamento podem ser:

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Indivíduos - Segundo Landim, no Brasil cerca de 50% da população, acima de 18

anos, doa algum tipo de recurso (dinheiro ou bens). Mas há falta de dados precisos

sobre a participação dos indivíduos no volume total do orçamento das organizações

sem fins lucrativos. Devido à falta de especificidade do Terceiro Setor a mensuração

dos valores arrecadados não é feita com exatidão. Uma pesquisa realizada em 2003,

sobre o perfil das associadas à ABONG - Associação Brasileira de Organizações Não

Governamentais, revelou que 38% de suas associadas recebem doações de indivíduos.

Instituições – As categorias mais comuns são:

Agências internacionais de financiamento: que incluem as Instituições

multilaterais de financiamento, as Agências financiadoras bilaterais, as ONGs do

hemisfério norte e outras.

Instituições multilaterais de financiamento: Estão interessadas no

fortalecimento institucional das ONGs e no financiamento de programas e

projetos de desenvolvimento social. O público tem livre acesso às informações

sobre os critérios e diretrizes para financiamento através da Internet, mas os

valores para investimento são relativamente grandes. Muitas vezes os valores são

tão grandes que apenas as organizações maiores e mais estruturadas podem estar

em condições de qualificar as suas propostas para conseguir seu apoio. Alguns

exemplos de instituições multilaterais que financiam diversos projetos são:

Organização das Nações Unidas e suas muitas agências em todo o mundo, o

Banco Mundial e bancos regionais de desenvolvimento.

Agências financiadoras bilaterais: Governos nacionais de alguns países

desenvolvidos como os EUA, o Canadá e a França, entre outros, disponibilizam

parte de sues recursos que são investidos entre os países que assinaram acordos

bilaterais com vistas ao seu desenvolvimento. Acordos de cooperação técnica

internacional são um dos mecanismos utilizados, que são intermediados pelos

escritórios ou as agências de cada governo nos outros países. Esses acordos

resultam em transferência de experiências e conhecimentos técnicos, em caráter

não comercial, por meio dos programas e projetos de cooperação entre os países

parceiros e organismos internacionais. A implementação e negociação desses

programas e projetos é feita de acordo com os acordos assinados pelo Brasil em

âmbito internacional. Algo que não é comum é o financiamento bilateral ser feito

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diretamente a uma parceira não governamental, para que uma determinada

atividade seja realizada.

ONGs do hemisfério norte: A possibilidade de apoiarem financeiramente

organizações sem fins lucrativos em países subdesenvolvidos ou em

desenvolvimento, como o Brasil, é grande, porque geralmente são instituições

com bastante capital por estarem localizadas em países desenvolvidos e recebem

grandes doações. A probabilidade de grupos comunitários locais bem organizados

serem escolhidos é maior, por terem uma gestão de recursos mais estruturada e

missões que são coerentes com as ONGs investidoras . As ONGs do hemisfério

norte se dividem em dois grupos: as grandes ONGs transnacionais, que têm

programas de captação de recursos e de sensibilização em vários países do norte e

agências nacionais menores estabelecidas em um só país.

Outras

Há vários grupos de interesse (sindicatos, associações profissionais,

associações de universidades e faculdades, clubes de abrangência internacional,

grupos filantrópicos, igrejas etc.) com uma história de atendimento a necessidades

nacionais e que resolveram ampliaram seus horizontes para atender às mesmas

necessidades em outros países.

Normalmente esses grupos preferem trabalhar com um grupo parceiro local no

país em desenvolvimento em que a estratégia seja semelhante.

Empresas

Fontes potenciais de recursos mais conhecidas são as empresas internacionais,

nacionais e locais. Elas são uma fonte de ‘dinheiro organizado’ e, portanto, requerem

que o projeto e a ONG sejam altamente organizados para conseguir ter sucesso no

estabelecimento de uma parceria.

As técnicas e abordagens utilizadas para conseguir recursos de empresas são

as mesmas que para as fundações e outras instituições. Entretanto, existe uma

diferença fundamental entre as empresas e as demais organizações. O financiamento

de projetos de organizações sem fins lucrativos de interesse público é utilizado como

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uma das estratégias para cumprir as missões de muitas agências financiadoras,

fundações e outras fontes institucionais. Por isso, elas têm maior clareza sobre suas

metas e sobre quem é elegível para pleitear recursos. Já a maior parte das empresas

não tem esse foco claramente definido, já que as atividades de caráter social não são

sua principal atividade.

Essa realidade tende a mudar aos poucos. Segundo pesquisa realizada pela

ABONG – Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais, houve um

aumento do financiamento de empresas às organizações não governamentais (ONGs),

mas este ainda é pequeno: de 1,8% do total do orçamento geral do conjunto das

associadas à ABONG em 1993 para 4,19%, em 2000.

Fundações      

Na América do Norte as fundações se dividem em três categorias: fundações

de empresas, fundações familiares e fundações comunitárias. De modo geral, todos os

três tipos de fundação exigem propostas formais como parte do processo de concessão

de doações e também relatórios formais de prestação de contas após os gastos os

recursos.

Fundações de empresas.   As próprias empresas criam as sua fundações a fim de

poder atender às muitas solicitações de financiamento recebidas todo ano.

Normalmente, as fundações empresariais financiam grupos envolvidos com o

mercado-alvo da empresa e causas que podem aprimorar sua imagem. Ao

observarmos o organograma de ambas as instituições podemos avaliar o grau de

autonomia entre a empresa e a fundação que leva seu nome. O ideal é o quadro

diretor e dos funcionários das fundações sejam distintos do da empresa.

Fundações familiares.    Surgem muitas vezes como uma ampliação dos

interesses filantrópicos de uma só pessoa. São criadas por um indivíduo ou uma

família que transfere montantes significativos de dinheiro para um fundo de

legado. O rendimento sobre o valor do legado é doado pela fundação para grupos

comunitários.

Fundações comunitárias.   Um doador individual doa uma grande quantia de

dinheiro para a fundação comunitária. Investe-se o dinheiro e o rendimento do

investimento é distribuído de acordo com as instruções do doador. O rendimento

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residual é distribuído para atender as necessidades da comunidade. É um tipo que

está crescendo muito rapidamente e já se tornaram promotoras de ações

importantes nas cidades em que se estabeleceram.

Instituições locais - Podem ser uma fonte importante de recursos financeiros e

também de voluntários. Há variedade de instituições e de populações-alvo – desde

associações profissionais e comerciais, até igrejas, clubes sociais, clubes da terceira

idade e grêmios estudantis. Algumas têm como objetivo principal arrecadar e doar

dinheiro. Para outras, a arrecadação e a doação ocorrem paralelamente à atividade

principal da instituição.

Governos - Para muitas organizações, buscar financiamento governamental não é

considerado “captação de recursos”, mas sim o financiamento de uma atividade que é

de interesse público mais amplo como, por exemplo, o combate ao analfabetismo. O

acesso a recursos públicos varia de país a país, de estado a estado. Por exemplo, o

Governo do Paraná, através do Provopar, recebe da comunidade solicitações apoio

sobre processos de gestão, organização, capacitação e geração de renda. A partir das

necessidades e potencialidades locais (recursos naturais, humanos e culturais) são

desenvolvidas ações específicas que garantem atividades auto- sustentáveis. Com isso

a população carente consegue subsídios e o resultado é a não dependência de ações de

caráter assistencialista.

Eventos - Os eventos são mais uma forma de captação de recursos. Os eventos têm

várias funções além da captação de recursos. Eles divulgam o nome e a imagem da

organização, divulgam seus objetivos e sua causa e divulgam também seus projetos.

Além disso, os eventos são úteis para identificar doadores e voluntários assim como

servem para fidelizá-los e atrair novos colaboradores. O segredo para o sucesso de um

evento é seu planejamento e organização. Algumas dicas como a distribuição de

convites para doadores ativos e potenciais e voluntários, envio de uma carta de

agradecimento e um convite para doação são pertinentes. Os eventos de preferência

devem ser repetidos ao longo do tempo para solidificá-lo perante a comunidade.

Exemplos disso são bazares de natal e festas juninas que podem ocorre todos os anos.

6.1 Estratégias de captação

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6.1.1 Mala direta

A mala direta é uma maneira de conseguir recursos e novos doadores para

organizações. Esta estratégia possibilita a organização alcançar um número grande de

pessoas a um custo menos do que os outros métodos de captação. A taxa de resposta

às malas diretas tende a aumentar se a organização solicitante do recurso atuar na área

de problemas sociais como educação e saúde. As malas diretas podem ser feitas pelos

próprios membros da organização ou podem ser feitas por terceiros.

A taxa de resposta de malas diretas no Brasil é muito baixa principalmente se a

mala direta for destinada aos doadores potenciais e não aos doadores ativos.

As malas diretas utilizadas para solicitar doações de pessoas que já constam no

banco de dados de doadores são conhecidas como malas diretas de doadores

existentes. Segundo Ann Speak, Byod McBride e Ken Shipley In Captação de

Recursos: Da Teoria à Prática, “hoje em dia, é possível classificar o arquivo de

doadores de acordo com o valor da doação (o valor da última doação feita pelo

doador) e também de acordo com a data da doação mais recente e, a partir dessas

informações, definir um tratamento apropriado para cada categoria de doadores. É

mais provável que o doador que colaborou recentemente faça outra doação. Da

mesma forma, é mais provável que um doador de um valor grande já tenha feito uma

doação grande. É importante lembrar que cerca de 80% da receita do banco de dados

de doadores provêm de apenas 20% dos doadores”. Um dos objetivos deste tipo de

mala direta é garantir a continuidade do fluxo de recursos. “Também podem ser

usadas malas diretas para conquistar doadores novos, que nunca contribuíram antes

para a organização: estas são conhecidas como mala direta para doadores em

potencial. Este tipo de mala direta tem características especiais e não gera um retorno

imediato. Ao contrário, a expectativa é que a organização perca dinheiro ou, na

melhor das hipóteses, cubra os custos. Na América do Norte a taxa de resposta a

malas diretas de doadores em potencial é baixa – cerca de 1%”.

Uma vantagem do uso da mala direta é que a mesma ajuda a divulgar o nome,

a marca, a causa e os projetos da organização.

As malas diretas são uma carta. Segundo Ann Speak, Byod McBride e Ken

Shipley In Captação de Recursos: Da Teoria à Prática, “a carta deve ter uma

aparência limpa, bastante espaçada, para que possa ser lida rapidamente. Deve ter

frases curtas, cuja redação transmita a sensação de uma conversa. Uma vez que se

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conhece melhor o perfil dos doadores, é possível determinar a idade média dos

mesmos e assim redigir a carta para essa faixa etária”. Ann Speak, Byod McBride e

Ken Shipley sugerem também apelar para as emoções do leitor com uma história

humana que chame a atenção, falar para o leitor qual é o problema, informar ao leitor

o que sua organização propõe fazer em relação ao mesmo, demonstrar como a

organização é qualificada para lidar com o problema, e pedir a contribuição do leitor

explicando como contribuir.

6.1.2 Telemarketing

Uma organização pode utilizar o telefone para manter seu colaboradores

informados, e para arrecadar mais fundos e para conquistar novos colaboradores. As

ligações também podem ser feitas para agradecer alguma contribuição feita.

Uma ligação é uma forma de aumentar o conhecimento do captador de

recursos a respeito do doador em questão. As informações obtidas devem ser

registradas no banco de dados.

Contudo, apesar das reclamações, o telemarketing funciona. É um método

muito eficaz de captação de recursos.

De acordo com Ann Speak, Byod McBride e Ken Shipley (s/d), o

telemarketing funciona melhor para atividades como a reativação de doadores que não

contribuem mais, a conversão dos doadores esporádicos em doadores que contribuem

mensalmente, o estímulo ao aumento do valor contribuído mensalmente e o

agradecimento das doações recebidas.

Deve-se tomar muito cuidado ao utilizar o telemarketing. Muitas pessoas

consideram sua privacidade invadida ao receber um telefonema solicitando doação.

Tal fato pode prejudicar a imagem da organização. O discurso do(a) solicitante tem

que ser carismático e estruturado para conseguir a colaboração e a atenção do ouvinte.

Há empresas que prestam serviço de telemarketing, em muitos casos elas

cobram um percentual do valor arrecadado e isso pode levar a insistência por parte do

solicitante gerando mal estar e prejudicando a imagem da organização mais uma vez.

Algumas empresas de telemarketing em contrapartida incluem em suas atividades a

captação de recursos para finalidades que não visam lucro. Isso é muito vantajoso na

medida em que a empresa utiliza todo seu conhecimento e habilidade na área para

ajudar sem muitos custos e problemas semelhantes ao citados anteriormente

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organizações sem fins lucrativos. As empresas de telemarketing operam com o apoio

de bancos de computadores que discam automaticamente o número do telefone, de

modo que a próxima ligação já está na tela quando o operador está concluindo a

chamada anterior. Segundo Ann Speak, Byod McBride e Ken Shipley (s/d) In

Captação de Recursos: Da Teoria à Prática, as ligações são feitas a partir de um

texto aprovado pelo cliente (a organização sem fins lucrativos). Mesmo diante de

sistemas de correio de voz, secretárias eletrônicas e identificadores de chamadas, estas

empresas conseguem falar com 80% das pessoas na lista que a organização fornece.

O custo de captação com telemarketing é elevado. O valor gasto com esta

estratégia fica na faixa de 40 a 80% do valor arrecadado. Para reduzir tais custos e a

possibilidade de ocorrência dos inconvenientes mencionados acima, algumas

organizações treinam seis voluntários para realizar estas atividades. O treinamento

dos voluntários é fundamental, é preciso ser carismático, ter boa comunicação e ter

um texto estruturado. Outra alternativa é os voluntários da organização ligarem para

amigos, conhecidos e familiares solicitando doações, esta abordagem pode ser

vantajosa na medida em que o indivíduo não se sentirá invadido ao ser contatado por

um amigo. A confiança no solicitante também aumenta e o efeito da solicitação é

mais direta.

6.1.3 Doações in memorian

Basicamente as doações in memorian ocorrem quando as pessoas se motivam

a fazer doações após o falecimento de um amigo ou um familiar.

Segundo Ann Speak, Byod McBride e Ken Shipley (s/d), “o captador de

recursos pode promover a idéia de várias maneiras, por exemplo, divulgando ao

público-beneficiário do trabalho da organização como foram utilizadas as doações

desse tipo recebidas no último ano. O captador deve fazer com que todos os

envolvidos com a organização saibam que doações in memorian são valorizadas –

funcionários, diretoria, voluntários, doadores, clientes e fornecedores. Muitas vezes as

doações in memoriam são relativamente pequenas, mas qualquer doação é sempre

bem-vinda e estas oferecem a oportunidade de conquistar um novo doador. No Brasil,

uma forma alternativa de doação in memorian tem acontecido nos casamentos e festas

de aniversários. Ao invés de parentes e amigos enviarem presentes para os noivos ou

aniversariantes, estes optam por avisar a todos que o presente pode ser destinado em

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dinheiro para uma determinada organização para a qual já contribui. Ou então, elabora

uma “lista de casamento” com o nome de várias organizações que podem receber as

contribuições”.

6.1.4 Coletores silenciosos

Coletores silenciosos são em geral urnas para arrecadar doações localizadas

em lojas, lanchonetes e outros negócios. Essa estratégia gera uma pequena quantidade

de recursos, porém a entrada de dinheiro é constante para a instituição. Os clientes

muitas vezes colocam troco nas urnas. Um exemplo dessa estratégia são os

“cofrinhos” da AACD colocados ao lado dos caixas da rede de lanchonetes do Mc

Donald’s.

É necessário planejamento e organização para fazer com que esta abordagem

funcione. A caixa precisa ser desenhada, visitar os locais de colocação para conseguir

autorização de colocá-las, e, com regularidade, precisa recolher as doações e manter

as caixas em boas condições. Além disso, é preciso escolher locais que não

prejudiquem a imagem da organização. Não faz sentido colocar uma caixa de

donativos da AACD numa loja que comercializa armas, por exemplo.

6.1.5 Coletores ativos

Coletores ativos são pessoas (geralmente voluntários) que vão a eventos,

chamando atenção e pedindo contribuições para organizações sem fins lucrativos.

Costuma-se também usar essa estratégia em semáforos e pedir de porta em porta

também

É necessário pedir autorização para arrecadar dinheiro. É preciso informar as

autoridades municipais ou a polícia quando se pretende promover uma coleta. Se for

em um evento, é preciso pedir ao organizador permissão para aproveitar a ocasião e

arrecadar recursos.

6.1.6 Estandes

São mesas de exposição ou estandes divulgando a organização num

determinado espaço ou evento. Os estandes ajudam na divulgação da instituição e

também na arrecadação de recursos.

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O processo de implementação desta estratégia é semelhante aos dos coletores

silenciosos e ativos. É preciso ter permissão de montar o estande.

6.1.7 Rifas e sorteiosRifas, sorteios são outras maneiras de levantar dinheiro.

6.2 Convívio, Cultivo e Fidelização

Entramos aqui numa questão fundamental da captação de recursos, a fidelização

dos seus doadores.

Muitas organizações encerram suas relações com seus financiadores logo após a

obtenção do recurso solicitado. Este é um erro primário que deve ser evitado. Não

deve-se observar apenas o valor doado no presente, é preciso considerar também o

potencial que o doador tem de fornecer recursos à organização ao longo do tempo.

Um doador fiel simboliza doações em dinheiro ou trabalho ao longo do tempo e isso

só ocorre com a manutenção do relacionamento com os financiadores. Seguindo o

exemplo de Cecília Meirelles Cruz e Marcelo Estraviz (CRUZ e ESTRAVIS; 2003)

uma empresa que doa R$ 100,00 mensai a uma organização é mais importante do que

aquela que doa R$ 1.000,00 de uma única vez e não repete a contribuição. Há um

conceito originário do idioma inglês chamado Valor do Tempo de Vida, este termo

corresponde a analisar o quanto podemos obter de determinado cliente ou doador ao

longo do tempo. Seguindo este raciocínio, concluímos que a empresa que doa

R$ 100,00 mensais, se já o faz por mais de um ano e provavelmente continuará

fazendo no futuro, gerará para a organização muito mais do que os R$ 1.000,00 da

outra empresa. É claro que todos os recursos são bem-vindos, o que se propõe com a

situação apresentada é que se valorize o contribuinte fiel, até porque este é o

verdadeiro defensor da causa. O mesmo raciocínio aplica-se às pessoas físicas. O

custo de conquistar um novo doador é muito mais alto do que o custo de manter um

financiador já existente.

Quando falamos de cultivo e fidelização, mencionamos a importância de se

estabelecer relacionamentos com pessoas de importância social na comunidade. É o

relacionamento que garante a sobrevivência da instituição. Segundo Cecília Meirelles

Cruz e Marcelo Estraviz (CRUZ e ESTRAVIS; 2003), o relacionamento entre ONGs

e seus financiadores deve ser uma relação onde ambos saem ganhando.

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6.2.1 Benefícios

Uma maneira de manter os relacionamentos entre uma organização e seus

financiadores é através da criação de benefícios. É importante criar benefícios não

muito onerosos para a entidade.

Para empresas, uma sugestão de benefício é reconhecimento público através

da aplicação de sua logomarca nos materiais, faixas, placas e eventos. Segundo

Cecília Meirelles Cruz e Marcelo Estraviz (CRUZ e ESTRAVIS; 2003), no caso de

indivíduos, eles gostam de ser lembrados constantemente junto à comunidade. Enviar

convites para eventos ou informativos, enviar cartões no aniversário e natal e entregar

diplomas são sugestões de benefícios.

Para algumas empresas, fundações esferas governamentais, e personalidades, a

construção de uma placa contendo o nome destas entidades também é uma estratégia.

Ë comum vermos alas de hospitais batizadas com o nome de um cantor ou empresário

que colaborou com uma quantia generosa com a instituição.

6.2.2 Relatórios anuais e informativosRelatórios anuais e informativos são uma forma de comunicação mais massiva

que a organização pode adotar. No relatório anual, a instituição deve mostrar os

resultados obtidos, funciona como se fosse uma prestação de contas. O informativo

geralmente é periódico (elaborado trimestralmente, por exemplo) e é um meio de

comunicação da organização com seus colaboradores do dia-a-dia. O informativo

contém alguns acontecimentos do período e convida o leitor a dação.

6.3 Comunicação e Marketing

Através das decisões tomadas pelo gestor, está-se diante do desafio de criar

uma linguagem própria do terceiro setor e buscar instrumentos de gestão capazes de

fazer a ponte entre o melhor dos dois mundos: aliar a visão de resultados e de

satisfação do “cliente”, característica do marketing do setor empresarial, com a ação

social pautada pela participação e pela visão de desenvolvimento sustentado com foco

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nos valores humanos. Mais ainda, fazer isso sem que as ONGs precisem abrir mão de

sua identidade cultural. Qualquer organização precisa comunicar o trabalho que

desenvolve e reunir esforços para maximizar recursos e obter melhores resultados.

Estar confiante de que uma política orientada para a comunicação estratégica facilita o

acesso de sua organização a novos segmentos da sociedade confere transparência e

legitimidade ao trabalho desenvolvido e possibilita a concretização de parcerias vitais

para o seu desenvolvimento, principalmente na captação de recursos. A comunicação

começa a ocupar um lugar de destaque em programas de desenvolvimento social, ao

mesmo tempo em que cresce a demanda por pessoal especializado para atuar nas

organizações. Todas as organizações operam num ambiente global dinâmico, sujeito a

mudanças constantes de valores e orientações, e enfrentam toda a sorte de

dificuldades econômicas, políticas, sociais e ambientais. (MENEGHETTI, 2001).

Apesar da introdução de uma cultura de marketing social nas organizações,

ainda permanece a visão de que, se os serviços prestados são realmente necessários e

desejados, não é preciso fazer forca para “vendê-los” porque “se vendem sozinhos”.

A comunicação é entendida como um processo social dinâmico, contínuo e

complexo, que se apresenta no dia-a-dia da organização em distintas dimensões. Ela

deve estar integrada com toda a instituição, podendo ser de tais níveis: organizacional,

institucional, humanizadora, cultural, de captação de recursos, de filiação, de lobby,

de prestação de contas, entre outras. Em nosso trabalho, as principais utilizadas

foram:

Organizacional: criação de espaços e mecanismos para explicitar conceitos de

procedimentos, divulgando-os sistematicamente aos stakeholders e envolvendo-os no

processo de gestão da ONG.

Institucional: trabalha a identidade, a formação e a consolidação da imagem da

organização.

De captação de recursos: desde a pesquisa inicial para identificar as fontes

potenciais doadoras ou financiadoras dos recursos até o planejamento, elaboração de

propostas, sensibilização, estabelecimento de contatos, negociação e manutenção de

relacionamentos.

Para a comunicação ocorrer de fato como processo, é necessário haver um

repertorio comum, isto é, as mensagens comunicadas devem fazer parte de um

repertorio conhecido, de linguagem fácil. Daí a importância de se expressar da

maneira correta.

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Há cinco modelos distintos de comunicação:

Comunicação de massa: maior abrangência, publicidade.

Comunicação macro ou comunicação segmentada: dirigida a pessoal pela

sua função exercida.

Comunicação micro ou comunicação dirigida: destinada a grupos de

especificidade ou diferença.

Comunicação comunitária: a própria comunidade que assume a

responsabilidade de ver e contar os fato, de refletir coletivamente sobre o

seu cotidiano, sem intermédios.

Comunicação estratégica: considerar a comunicação parte integrante do

processo de gestão organizacional, que exige atenção e investimento.

6.3.1 O que é Marketing?

Segundo a definição da American Marketing Association, “marketing é o

processo de planejamento e execução da criação, estabelecimento de preço, promoção

e distribuição de idéias, produtos e/ou serviços, com vistas a criar intercâmbios que

irão satisfazer as necessidades dos indivíduos das organizações.”

O marketing é apenas uma ferramenta de administração, um instrumento que

pode ajudar a tornar a imagem da instituição conhecida e reconhecida publicamente.

Não se deve menosprezar a inteligência dos públicos, acreditando que uma boa

estratégia de marketing, por si só, é capaz de criar e vender uma imagem que não

corresponda à realidade. Isso pode até funcionar a curto prazo, mas coloca em risco

um dos ativos mais importantes no mundo do terceiro setor: a credibilidade.

comunicação = ponta visível

Marketing = base de sustentação

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6.3.2 O marketing social

É um marketing para o terceiro setor, quando se refere ao planejamento

detalhado de programas e projetos de natureza reconhecidamente social. Esse

conceito é relacionado como o “impacto e conseqüências de praticas de marketing

sobre a sociedade”. Mais tarde foi assumido como marketing societal, que considera

três vértices de um triangulo: sociedade (bem-estar do homem), Empresa (lucros) e

Consumidores (satisfação de desejos).

De acordo com os autores Kotler e Levy (1969), é uma visão associada ao

planejamento orientada para a mudança e o estabelecimento de relações duradouras

com os públicos estratégicos da instituição, para produzir resultados esperados,

satisfazer os públicos definidos como estratégico e criar uma cadeia de

relacionamento. Suas contribuições para a gestão da Organização são:

Visão estratégica

Planejamento de atividades

Conceito de posicionamento

Estabelecimento de trocas

Foco no “cliente”

Maior controle e monitoramento do processo de comunicação

Racionalização de recursos

O maior desafio na área de comunicação e marketing é criar e consolidar a boa

imagem da organização de modo a potencializar resultados, fazendo com que a

imagem corresponda à identidade institucional e seja facilmente reconhecida por seus

públicos estratégicos.

A instituição deve ter um posicionamento estratégico, enunciando claramente

a forma como se deseja que os públicos estratégicos percebam a organização, e assim

poder situar-se na mente desses públicos, fazendo com que seja reconhecida por sua

identidade própria e pelos aspectos que a diferenciam das demais organizações de

mesma natureza. Embora o conceito de concorrência não se aplique à realidade do

terceiro setor, existe sim certa competição por recursos e espaços de divulgação e isso

precisa ser levado em conta também.

Programação visual ou identidade visual: sistema planejado, coerente,

uniforme e controlado que compreende todos os aspectos visuais de uma organização

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ou um produto, como um programa, um projeto ou uma publicação. A programação

visual estabelece os elementos da comunicação visual, sua organização, critérios de

uso e normatização. Os elementos da programação visual de uma organização, serviço

ou produto são geralmente os componentes da marca, ou seja, o nome, o símbolo, o

logotipo, a cor e o alfabeto padrão, que são os itens característicos, diferenciadores e

identificadores da sua imagem.

É recomendável criar um instrumento simples para normatizar, controlar e

manter a programação visual, como um manual de aplicação da marca e de todas as

mensagens visuais da instituição. Sua função básica é definir padrões e garantir o uso

adequado da programação.

6.3.3 Marca

Segundo a American Marketing Association, marca é um nome, termo, sinal,

símbolo ou design, ou o conjunto de tudo isso que identifica os serviços de uma

instituição ou grupo de instituições para diferenciá-los dos concorrentes.

A fim de evitar problemas futuros, é importante registrar a marca da

organização. A marca transmite a personalidade da organização, agregando

componentes de ordem cognitiva e emocional. Sua personalidade se constrói nos

processos de comunicação. Tais processos tendem a ser universais porque as boas

idéias e os bons conceitos não têm pátria.

Dicas para fortalecer a imagem da uma organização:

Escolher um nome adequado e fácil de se lembrar e de uma logomarca

visualmente atraente;

Evitar nomes que sejam siglas muito longas e difíceis de se guardar.

Evitar nomes ou siglas que não soem bem;

Em relação a logomarca, não deixar o desenho muito poluído;

Uma boa idéia é recorrer a uma escola de desenho ou a um curso de

publicidade e propaganda, pedindo apoio a profissionais;

Trabalhar internamente os aspectos relacionados ao uso da marca;

Colocar a marca em todos os materiais da organização. Para fixar a

imagem, é preciso marcar presença sempre;

Opte por elementos de marca adaptáveis e atualizáveis;

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Tecnologia não garante sua marca no futuro, e sim a relevância e

simplicidade.

6.3.4 Conceito de valor de marca

O conceito de valor de marca baseia-se na perspectiva do consumidor, desta

forma uma marca possui valor à medida que os consumidores se familiarizam com ela

e têm em sua memória associações favoráveis. Ou seja, valor da marca consiste em

duas formas de conhecimento: consciência e imagem da marca.

A consciência de marca é a dimensão básica do valor de marca, consiste em

saber se o nome de uma marca vem à cabeça quando os consumidores pensam sobre

uma determinada categoria de produto e a facilidade que o nome é lembrado. Há dois

níveis de consciência: reconhecimento e lembrança de marca. Reconhecimento de

marca reflete um nível relativamente superficial de consciência enquanto que

lembrança reflete uma forma mais profunda de consciência.

A imagem da marca pode ser analisada a partir de associações, que podem

ser conceitualizadas em termos de tipo, favorabilidade, força e exclusividade, que

vêm à cabeça do consumidor quando vê uma determinada marca. Uma associação é

formada simplesmente pelos pensamentos ou imagens que um consumidor tem sobre

uma marca.

6.3.5 Comunicação

Elementos da comunicação de marketing

Comunicação é o processo pelo qual os pensamentos são transmitidos e o

significado é compartilhado entre pessoas, ou entre organizações e pessoas. Marketing

é o conjunto de atividades através das quais empresas e outras organizações criam

transferência de valor entre elas próprias e seus clientes. Considerada como um todo,

a comunicação de marketing representa o conjunto de todos os elementos do mix de

marketing de uma marca que facilitam trocas ao estabelecer o significado

compartilhado com os clientes da marca.

Afirmar que a organização precisa se comunicar melhor é o mesmo que dizer

que se quer investigar a maneira como ela fala de si própria (comunicando sua

missão, visão, objetivos) e de suas ações (programas e projetos). Geralmente isso

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acontece por duas razões principais: ou para influenciar os comportamentos e

provocar as respostas na comunidade ou para construir uma base de apoio, como uma

política publica, por exemplo. Sem comunicação uma organização do terceiro setor

não sensibiliza apoiadores para sua causa, não conquista voluntários, não capta

recursos nem ganha visibilidade na mídia.

Alguns motivos das organizações do terceiro setor para se dedicarem à

comunicação:

Para criar e consolidar a imagem da organização junto aos públicos

estratégicos;

Para captar recursos – financeiros, materiais, humanos e tecnológicos;

Para dar visibilidade à bandeira institucional, à causa;

Para construir e manter relacionamentos;

Para compartilhar informações com os públicos estratégicos;

Para trocar idéias e aprendizagens com outras organizações;

Para despertar, na comunidade, o interesse em participar de ações sociais,

convocando vontades;

Para sensibilizar líderes políticos;

Para participar do processo de identificação e definição de prioridades e

necessidades sociais;

Para acompanhar novas tendências locais, nacionais e internacionais.

Dois conceitos essenciais foram trabalhados com a comunicação: identidade e

imagem.

Identidade: é a impressão digital da organização. É como um código genético,

ou seja, um conjunto de características que a tornam única. A missão, a visão e os

valores expressam parcialmente a identidade. O conceito é mais abrangente e inclui

aspectos tangíveis e intangíveis, operacionais, éticos e culturais. Uma identidade

coerente deve transcender ciclos de vida de programas e projetos, mudanças

tecnológicas, de cenário e crises individuais.

Imagem: expressão de identidade da organização, é um instrumento

estratégico que se constrói na mente dos diversos públicos a partir de uma

combinação de técnicas mentais e matérias que envolve a elaboração e a fixação de

mensagens.

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6.3.6 Decisões de comunicação de marketing no nível da marca

Tomar decisões de comunicação no nível da marca envolve escolhas gerais

relativas à escolha do público-alvo, estabelecimento de objetivos e preparo do

orçamento. Tais escolhas influenciam as escolhas específicas no que se refere ao mix

dos elementos de comunicação e à determinação de mensagens veículos e impulso.

Após isso, o resultado é medido através da avaliação de programa, os resultados da

avaliação de programa por sua vez retroalimentam as escolhas gerais e específicas.

Escolhas gerais

1-Determinando o público-alvo. A escolha do público-alvo permite que os

comunicadores de marketing transmitam suas mensagens de forma mais precisa e

prevê perda de cobertura para as pessoas fora do mercado visado. O público-alvo

representa consumidores com características e tendências de respostas semelhantes.

Para identificá-lo, deve-se responder à seguinte pergunta: Com quem é necessário

estabelecer trocas para alcançar os objetivos e as metas? Qualquer organização se

relaciona com uma grande diversidade de públicos – indivíduos, grupos ou subgrupos:

stakeholders.

Cliente: é o segmento do publico que deseja e valoriza o serviço ou produto

oferecido pela organização e necessita dele. Num terceiro setor pautado pelo

profissionalismo, o cliente é o beneficiário dos projetos e programas sociais, visto

como alguém com quem a ONG precisa estabelecer um relacionamento satisfatório. O

cliente é a pessoa mais importante para a organização.

Diferentes classificações dos públicos estratégicos:

Publico provedor – doadores, apoiadores, fornecedores, reguladores;

Publico interno – funcionários e seus familiares;

Publico agente – voluntários, conselheiros, parceiros, fornecedores;

Publico externo – clientes e publico em geral.

Não se pode esquecer do grupo de multiplicadores de opinião, pessoal quec

exerce forte influencia na sociedade. É dividido em dois segmentos: os lideres de

opinião pública, militantes e as lideranças sociais locais; e os cidadãos, entendidos

como pessoas que participam ativamente da vida comunitária, que pensam e

expressam opiniões, que participam da tomada de decisões.

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Algumas dicas em relação aos públicos estratégicos são:

Se a organização dispõe de recursos muito limitados, é uma boa idéia

focar o planejamento de atividades de marketing e comunicação

apenas nos segmentos prioritários. Analisar a necessidade de uma

comunicação efetiva do ponto de vista do cumprimento da missão

institucional e se seletivo.

Lembrar que públicos diferentes têm interesses específicos. Procurar

conhecer bem as populações envolvidas que se querem atingir.

Antes de rotular um segmento de publico, analisar a situação do ponto

de vista do papel que aquelas pessoas exercem no contexto do trabalho

da organização.

Ao se pensar na comunicação e no marketing da organização, é preciso

agregar a noção de que há segmentos de público essenciais que, nos processos de

mobilização social são chamados de reeditores. De fato, há três tipos de atores sociais:

o produtor social, o reeditor e o editor.

Produtor social: instituição, pessoa ou grupo de pessoas que iniciam o

processo de mobilização. Ele quem viabiliza o movimento a partir do imaginário

convocante. Ele deve ter a capacidade de criar as condições econômicas,

institucionais, técnicas e profissionais para obter êxito em seus propósitos. O produtor

social deve ser visto não como um dono, mas como um precursor de um movimento

que reflita o desejo de mudança de toda uma coletividade. Por isso ele deve respeitar a

capacidade de as pessoas decidirem por si mesmas.

Reeditor: aquele que atua no cotidiano. Tem a capacidade de readequar

mensagens. Pos sua ocupação no convencimento de cada individuo para reforçar o

conceito de democracia e de cidadania, no contexto de uma sociedade que deseja

construir sua própria ordem social. É ele quem se utiliza de códigos e valores

próprios, que são comuns ao grupo ao qual pertencem e que, por isso, tem a

capacidade de enriquecer a mensagem para seu correto entendimento e aceitação.

Editor: pessoa ou instituição responsável pela elaboração das mensagens. Seu

sucesso depende da forma que será preparada a mensagem e de como ela chegará ao

campo dos reeditores.

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2-Estabelecendo objetivos. São, como o próprio nome já diz, metas ou

objetivos a serem atingidos por determinada marca. Os objetivos variam com as

diferentes capacidades dos elementos de comunicação.

3-Orçamento. Os recursos financeiros de uma organização são orçados para

que elementos específicos da comunicação de marketing atinjam os objetivos

estabelecidos.

Escolhas específicas

1-Combinando os elementos. É preciso decidir como distribuir recursos entre

as várias ferramentas de marketing. Não há forma para a alocação matemática dos

recursos entre as ferramentas. É recomendável que se desenvolva um mix satisfatório

e viável que atenda as seguintes considerações principais: deve ser feita uma

cuidadosa análise de custo-valor para cada mix; deve-se fazer uma avaliação de

quanto os níveis de propaganda e promoção de vendas se ajustam e complementam

um ao outro; as estratégias devem levar em conta os diferentes propósitos da

propaganda e da promoção; e o valor da marca representa a consideração final na

avaliação de uma combinação satisfatória.

2-Criando mensagens. Deve ser escolhida a melhor forma de apresentar os

argumentos persuasivos para atingir os objetivos estabelecidos.

3-Selecionando o veículo. Todas as mensagens de comunicação de marketing

exigem um instrumento ou meio para transmissão (rádio, televisão, revistas, jornais,

etc.).

4-Estabelecendo o impulso. A palavra impulso refere-se à força ou à

velocidade de movimento de um objeto, os programas de comunicação também

devem têm, ou deixam de ter, impulso. O simples desenvolvimento de uma

mensagem publicitária é insuficiente, a eficácia exige tanto uma quantidade suficiente

de esforços como a continuidade desses esforços, ou seja, a sustentação dos esforços.

Equipe de profissionais

Para desenvolver um programa integrado de marketing e comunicação, é

necessário contar com pessoal especializado na área. Se a organização é muito

pequena e dispõe de recursos mínimos, a “equipe” de marketing e comunicação até

pode ser representada por uma só pessoa, o próprio gestor. Porém há outros caminhos

que podem ser seguidos pela ONG:

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Contratar profissionais freelances para realizar tarefas pontuais;

Fazer parcerias com agencias de publicidade;

Oferecer oportunidade de aprendizado para estagiários;

Apelar para voluntários com interesses na área

O comunicador de terceiro setor deve possuir experiências de campo em áreas

como ciências sociais, educação, psicologia, a ciência política, agronomia,

antropologia, história, com noções sobre processos de comunicação e habilidades para

lidar com as novas tecnologias, lembrando sempre que a comunicação orientada para

a mudança social precisa respeitar a diversidade, a identidade e os intercâmbios

culturais de cada segmento de publico em particular.

Os problemas mais comuns observados nas ONGs estão relacionados à falta

de sinergia entre os membros da equipe, ou entre a equipe e a gerencia, ou entre a

gerencia e a Direção, ou entre a Direção e ou Conselho, ou tudo ao mesmo tempo.

Essa falta de integração de esforços, quase sempre motivada pela ausência de um

planejamento estratégico e de instrumentos para monitoramento e avaliação de

processo de comunicação, aliada a falta de intercambio de informações, é outro fator

que dificulta o bom andamento do trabalho de comunicação. As soluções possíveis

passam pela investigação sobre as expectativas e desejos individuais para buscar,

depois, uma maior aproximação entre as pessoas. Isso pode ser feito sem grandes

investimentos, por meio de atitudes simples como:

Realizar reuniões periódicas que exponha as opiniões pessoais;

Elaborar um planejamento estratégico participativo;

Manter todos da organização cientes da existência de um plano

estratégico e de seu comprometimento;

Criar novos instrumentos para a circulação de informações.

6.3.7 Gerenciamento de informações e conhecimento

A existência de um sistema bem estruturado para registro, armazenamento e

circulação de informações é fundamental para que a organização possa se comunicar

bem. É preciso que a política de comunicação da ONG propicie um ambiente interno

ético, transparente e favorável ao transito de informações. A equipe deve ser

estimulada a registrar processos e aprendizagens de forma que o conhecimento

acumulado pelo grupo não se perca quando uma pessoa deixar a organização. Quando

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isso ocorre, há um desgaste muito grande, que pode ser minimizado com a introdução

de uma cultura de descentralização e de compartilhamento.

6.3.8 Interação com o público e relacionamentos

A produção e a divulgação sistemática de mensagens claras objetivas sobre as

atividades da organização são fatores essenciais ao fortalecimento institucional. Para

cada segmento há grande variedade de canais e formas possíveis de estabelecer

processos de comunicação. Seja qual for a sua natureza, as ferramentas de

comunicação são geralmente concebidas de um dos objetos seguintes, ou de uma

combinação entre eles:

Projetar a imagem da intituicao;

Captar recursos;

Potencializar o impacto das ações.

A tendência atual é produzir publicações dirigidas a segmentos de publico

bem específicos e promover eventos para pequenos grupos, quase como reuniões

privadas. Nem sempre as organizações podem realizar campanhas grandes, investir

em propaganda, e é preciso buscar alternativas economicamente mais viáveis e

também mais eficientes, focadas. Outro fato é de que os instrumentos de comunicação

institucional devem ser concebidos levando-se em conta o seu efeito multiplicador.

Quanto ao processo de criação da comunicação a ser utilizada, muitas

campanhas já realizadas por instituições bem sucedidas indicam alguns pontos

relevantes:

- Os associados são motivados pelo prestigio de pertencer a uma organização

conhecida e respeitada;

- As pessoas respondem quando são informadas sobre um problema e

convidadas a entrar em contato em busca de novas informações;

- A maioria dos membros que se filiam conhece alguém da equipe ou teve

contato com a organização de algum modo;

- O método mais bem sucedido para recrutar associados tem sido o pedido

pessoal, feito por membros da diretoria da organização;

- onde há campanhas divulgadas pela televisão, aqueles que entram em

contato com a organização, apos terem visto os comerciais, são excelentes candidatos

a associados;

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- A melhor forma de converte um interessado em sócio é fazer isso

pessoalmente, ou seja, visitar ou receber alguém para fornecer todas as informações

necessárias, ao mesmo tempo que se propõe a filiação.

6.3.9 Ferramentas de comunicação

Objetivos de uma utilização de ferramenta de comunicação: projetar a imagem

institucional, captar recurso/atrair parceiros, provocar mudanças culturais, influenciar

políticas publicas e potencializar impactos. Deve-se escolher entre um deles para

executar a produção de uma peca de comunicação e divulgação institucional, pois

assim todo o processo será feito de forma clara e objetiva.

Mídia impressa: folhetos institucionais (folders), boletins informativos,

newsletters, relatórios anuais, revistas e cartazes.

Folder Institucional: funciona como cartão de visita, de caráter mais

permanente, tendo informações que não percam a atualidade rapidamente.

Relatório Anual: documento contendo relato das atividades da organização,

com dados sobre a origem e o destino dos recursos que mobiliza. É uma peca

fundamental para a prestação de contas, que confere transparência e clareza.

Newsletter: boletim de caráter informal, meio-termo entre o jornal e uma carta

de caráter pessoal. De leitura rápida, é repleta de notas breves e pinceladas

informativas, respondendo a perguntas clássicas como o que, quando, onde, como.

Revistas e jornais: veículos maiores em tamanho e numero de paginas do que

uma newsletter e empregam mais fotos, imagens, ilustrações. Serve para abordar

temas cruciais e para compartilhar experiências.

Mídia eletrônica: vídeos institucionais, vídeos de capacitação, apresentações

multimídia, homepages e e-mails.

Rádio: muitas vezes subestimado, é um veículo de grande alcance e custo mais

acessível para inserção de publicidade em relação à televisão e aos jornais. Tem

caráter local e regional, é popular e mobilizador. Em comunidades menores, as

possibilidades de negociar espaços gratuitos é mais fácil.

Televisão: acesso mais difícil e caro. Requer investimentos grandes, mas

possui maior alcance e poder de comunicação. É impressionante o seu poder de

mobilização, de influenciar e modelar o comportamento das pessoas.

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Apresentações audiovisuais: as transparências e slides, de fácil uso e com

toque profissional. Possui a tendência atual de simplificar, e não abusar dos efeitos.

Os textos devem ser legíveis, com cores agradáveis e com imagens que não

confundam ou desagradem o publico.

Internet: ninguém mais duvida que a internet é uma poderosa ferramenta de

mobilização que pode significar maior eficácia e menor custo de divulgação de

projetos e na troca de informações. Porém é preciso ter alguns cuidados como ter

certeza que irá conseguir atender a demanda que será despertada ao ingressar na

internet, manter o site atualizado, responder as perguntas enviadas por usuários, ter

uma pagina de abertura deve ser atraente, e manter a credibilidade institucional.

Todos os elementos de comunicação devem falar uma única linguagem; a

coordenação é absolutamente fundamental para se atingir uma imagem forte e

unificada e para levar os consumidores à ação. A falha na coordenação pode resultar

em esforços duplicados ou em mensagens contraditórias para os consumidores.

A avaliação para a escolha das ferramentas de comunicação deve ser feita a

partir de alguns parâmetros quantitativos e qualitativos:

Aspectos quantitativos:

Cumprimento do cronograma e orçamento.

Número de respostas provocadas.

Número de cupons retornados.

Número de contatos para pedidos de informação.

Número de cartas recebidas de leitores.

Número de projetos apresentados em respostas a uma solicitação.

Aspectos qualitativos:

Os objetivos de comunicação foram alcançados?

As mensagens-chave foram comunicadas?

Os canais escolhidos foram adequados?

Podemos alcançar os mesmos resultados com o menos investimento?

A atividade é ainda necessária? Poderia ser estendida a outros

públicos?

6.3.10 Newsletter

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A newsletter é uma espécie de mala direta. Pode ser traduzida para o idioma

português como informe ou carta de notícias.

Uma newsletter é um boletim periódico enviado regularmente a um

determinado público-alvo através de e-mail. O objetivo da newsletter é manter o

nome de sua organização vivo na mente do colaborador, além de mostrar ao mesmo o

que está sendo feito na organização, suas futuras atividades, etc. Algumas newsletter

contem uma pequena prestação de contas, informando ao leitor o que foi feito com o

recurso doado.

A newsletter sem dúvida é uma poderosa forma de comunicação, e em termos

de publicidade on-line, o envio de e-mails pode ser uma estratégia eficiente.

Devido ao fato de praticamente todo o internauta possuir um endereço de e-

mail, pode-se atingir os mais variados públicos-alvo com os e-mails. Além disso é

muito mais barato o envio de anexos digitais do que qualquer outro tipo de

publicidade. A newsletter oferece aos seus leitores uma proximidade maior entre ele e

a organização.

Para que o envio de uma newsletter seja bem sucedido, é preciso criar um

banco de dados de pessoas e empresas contendo dentre outras coisas sues respectivos

endereços eletrônicos para que a newsletter seja enviada. É importante se preocupar

com a qualidade da informação da carta, é preciso que os leitores se interessem pela

mesma. Por fim, é fundamental fazer uma avaliação constante do programa de e-mail

marketing (nome dado as estratégias de marketing que envolvem o envio de e-mails).

6.3.11 Estreitamento de laços

Estabelecer um relacionamento amigável com os profissionais que atuam nos

veículos de comunicação locais é o mínimo que a organização pode fazer para não

cair no isolamento e ficar eternamente no anonimato. Da mesma forma, o isolamento

dos profissionais responsáveis pela preparação das informações a serem divulgadas

para a imprensa pode prejudicar os resultados do trabalho de comunicação. É preciso

dar-lhes pleno acesso aos dados necessários e mantê-los apoiados pela Direção e pelo

Conselho. Como suporte, é fundamental contar também com um planejamento

estratégico e uma política de comunicação bem definida. O relacionamento com a

mídia é chave para a construção de uma boa imagem institucional.

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Entre os entraves mais comuns que podem prejudicar esse relacionamento

estão os radicalismos, a aversão de alguns setores ao marketing, o uso de chavões,

além da dificuldade natural das pessoas para falar em publico e apresentar dados de

forma clara. A tendência é usar linguagem especializada, demasiadamente técnica, e

desenvolver análises globais que ficam distantes da realidade do dia-a-dia, do

problema da esquina que interessa ao público.

Não é preciso exagerar; a formação da consciência das pessoas se dá de

inúmeras outras formas de comunicação e, portanto, não subestimar nem superestimar

o poder da mídia é o ideal. Para exercitar influência na sociedade, as ONGs devem ter

a paixão pela natureza e sensibilidade para com as pessoas. Elas também necessitam

de estratégias sólidas e de recursos financeiros para manter um quadro de

profissionais e continuidade de propósito.

6.3.12 Mídia

Estabelecendo comparações entre veículos, pode-se observar que a mídia

impressa tem a vantagem de atingir segmentos de público menores e de mais fácil

identificação, enquanto a mídia eletrônica se presta melhor para a veiculação de

informações dirigidas a um publico mais amplo e heterogêneo. Os leitores de jornais e

revistas especializadas geralmente são pessoas com bom nível de escolarização e

razoável poder aquisitivo. Esses veículos dispõem de espaços que possibilitam que a

ONG apresente bom estar com os dados sistematizados e à mão – informações sobre o

histórico da entidade, seus programas e projetos, fotos, tabelas, gráficos, ilustrações,

estatísticas, estatísticas, etc. – ao se batalhar por um espaço de divulgação.

Se a entidade dispõe de informações interessantes para o grande público, como

dados inéditos sobre determinado projeto, ou tem uma opinião diferente sobre um

assunto que está em pauta no momento, pode enviar um artigo ou comentário para a

seção de cartas do jornal local. Para veículos, sobretudo jornais diários, as datas e

horário de funcionamento são fundamentais para o conhecimento da população.

Press release: é um texto objetivo, geralmente curto, redigido especialmente

para a divulgação de um fato ou acontecimento junto à imprensa. É um instrumento

um tanto desgastado em função de seu uso indiscriminado, sem critérios.

Dicas de como manter contato com os jornalistas:

Divulgar informações que contribuam para concretizar ações práticas.

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Evitar o uso indiscriminado de adjetivos, superlativos e verbos na voz

passiva.

Indicar uma pessoa da equipe para responder pelo contato com a

imprensa.

Manter um arquivo atualizado de endereço de jornais, telefone e nomes

dos profissionais responsáveis por diversas editoriais.

Estabelecer contatos pessoais periodicamente.

Respeitar o horário de fechamento dos jornais e evitar fazer contato

com jornalistas nesses momentos.

Não convocar entrevistas coletivas para divulgar fatos de pouca

expressão.

Deixar as mensagens claras, sem muitos jargões sociais e análises

muito amplas.

Dicas para conceder entrevistas:

Informar-se antecipadamente sobre o perfil do veiculo, do publico e da

forma de abordagem.

Preparar-se, estudar o tema.

Fazer uma breve introdução ao tema caso o jornalista não seja muito

especializado no assunto.

Não ser técnico demais.

O entrevistado deve estar informado sobre o que está acontecendo no

momento com o resto da sociedade para evitar momentos

desconcertantes.

Não deixar nenhuma pergunta sem resposta.

Fazer elogios em publico e criticas em particular.

Caso a matéria não saia, não fazer escândalos por isso.

Concentrar-se em dois ou três tópicos centrais ao contar a própria

historia.

Pensar antes de responder.

Nunca liberar informações “em off” se elas não houver a intenção de

declará-las.

Procurar dar respostas breves (10 a 20 segundos).

Empregar frases fortes.

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Procurar saber de antemão quais serão as perguntas feitas durante a

entrevista.

O comunicador pode ter um grande poder nas mãos, mas não dispõe de uma

bola de cristal. Para realizar um bom trabalho, é necessário colocar-se no lugar do

outro, compreender o lugar social do outro, ou seja, falar a mesma língua. É preciso

sair da posição crítica pouco ou nada construtiva e acreditar que investir no

relacionamento com a mídia é uma das formas mais eficientes de interferir na agenda

social, para informar o que se pensa, o que se faz, o que se defende e propõe para a

sociedade.

6.3.13 Planejamento de marketing e de comunicação

O planejamento estratégico é o processo interno de reflexão e coordenação

sistemática de recursos humanos, financeiros, materiais e tecnológicos que tem como

objetivo ajudar a organização obter resultados para si e, consequentemente, para a

sociedade a qual se destina. O planejamento é uma forma de pensar no futuro para

atuar sobre a realidade. É uma reflexão que precede e preside a ação, obrigando a

instituição a assumir uma atitude pró-ativa, sem improvisações.

Um Planejamento estratégico de comunicação requer que as seguintes partes:

Identificação da missão, dos valores, dos objetivos e metas da

organização;

Identificação dos públicos estratégicos;

A definição da informação a ser compartilhada com os diversos

públicos;

A criação de ferramentas para a circulação de informações;

A avaliação e o monitoramento do processo de comunicação como um

todo.

Contar com profissionais especializados, com experiências na área,

capazes de realizar tarefas com domínio de alguns conceitos e técnicas

fundamentais, como a de integrar toda a equipe e informá-la do que

esta acontecendo.

6.3.14 Os quatro Ps do marketing do terceiro setor

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Os quatro Ps conhecidos do marketing são o produto, preço, promoção e

praça, considerados pontos-chave na elaboração de um planejamento estratégico.

Transpondo esses conceitos para o marketing de terceiro setor, o primeiro P seria o de

prestação de serviços. É preciso atribuir um valor a prestação de serviços à

comunidade, mesmo que seja prestada de forma gratuita. O fundamental é analisar a

relação custo/ impacto dessa atividade (segundo P).

A comunicação seria outro P do marketing, ocupando o lugar da promoção.

Engloba as estratégias de sistematização de dados, divulgação, relações publicas,

assessoria de imprensa e publicidade. O quarto P, de praça, é ocupado pelo contexto

social, entendido como o espaço de interação, mobilização e transformação social,

onde as relações que se estabelecem são de naturezas muito diversas das que ocorrem

num mercado consumidor.

Ainda assim, ficaria faltando um P, de pessoa, ou seja, o cidadão, o sujeito que

quer participar da transformação da realidade.

O principal é perceber que dimensões devem integrar o exercício de

planejamento de marketing e comunicação, isto é, estabelecer linhas gerais que

possam facilitar a elaboração de um documento básico com cronograma de ação e

divisão de tarefas, fazendo a ponte entre o desejável e o possível.

6.3.15 Elaborando planos de marketing e comunicação

Linhas gerais de um plano:

Analise da situação: problemas e recursos disponíveis;

Criação de indicadores de avaliação;

Definição de objetivos e metas;

Caracterização dos públicos estratégicos,

Elaboração de estratégias de ação para atingir os objetivos e as metas;

Delegação de funções para execução das tarefas;

Orçamento;

Cronograma de execução;

Análise e documentação de resultados.

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Deve-se iniciar o processo com a analise do contexto externo e do ambiente

interno. O ambiente interno envolve forcas, pontos positivos que caracterizam a

organização. Há fraquezas que devem ser minimizadas. É importante identificar os

fatores críticos, os riscos, as oportunidades e os avanços conquistados.

Plano de marketing:

Relação custo/impacto: avaliar os custos financeiros, psicológicos,

investimentos e esforços organizacionais comparados aos benefícios

que as instituições e as pessoas podem obter.

Planejamento de comunicação (em etapas):

Identificação dos objetivos

Segmentação dos públicos

Identificação das mensagens

Escolha das ferramentas/canais

Elaboração de cronograma de ação (diário, mensal, semanal)

Avaliação

Para o plano de comunicação, deve-se definir a mensagem-chave, que deve ser

transmitida a cada um dos integrantes do publico alvo para atingir seus objetivos. Só

depois de ter claramente quais são os públicos e as mensagens-chaves, será possível

ter condições de determinadas ferramentas e os canais de comunicação mais

adequados aos propósitos.

O atual cenário brasileiro aponta para a necessidade de as organizações

construírem uma gestão eficaz, alem de manterem acesos o comprometimento e a

paixão que as movem. Tal pratica só é possível com a sua sustentabilidade, que virá

como conseqüência de um bom planejamento de comunicação e marketing capaz de

tornar a ONG conhecida, respeitada, e sustentada pela comunidade em que atua.

6.4 Relacionamento com Stakeholders

Stakeholders ou públicos interessados são todas as partes envolvidas com o

negócio da organização ou que sofrem impacto direto ou indireto de suas tomadas de

decisões. São os investidores, clientes, funcionários, fornecedores, distribuidores,

comunidades etc.

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Tradicionalmente, as empresas só se preocupavam com os seus acionistas, mas

atualmente os outros stakeholders estão sendo considerados pelas organizações em

suas tomadas de decisão. Isso se deve ao fato de cada público vem se organizando e

exercendo um poder cada vez maior na sociedade, e se as organizações não

calcularem o impacto de suas decisões sobre esses públicos, as conseqüências podem

ser negativas tanto para a imagem quanto para os lucros e a participação no mercado.

Segundo Kotler (2000), há um relacionamento dinâmico ligando os

stakeholders. Uma empresa inteligente cria um alto nível de satisfação dos

funcionários, que leva a um esforço e a uma produtividade maiores, que resultam em

produtos e atendimento de melhor qualidade, que criam maior satisfação dos clientes,

o que torna os negócios mais regulares, que levam a maiores taxas de crescimento e

lucro, que levam a um alto nível de satisfação dos acionistas, que fazem mais

investimentos e assim por diante. Esse é um círculo virtuoso de lucros e crescimento.

Mas para que os gestores possam ter parâmetros adequados sobre a percepção,

imagem e as expectativas dos stakeholders têm do desempenho organizacional, é

importante realizar levantamentos estruturados que tragam para a organização

diagnósticos gerados com base nessa perspectiva externa. Na geração de diagnósticos,

podem ser empregados diversos métodos, como pesquisas quantitativas, grupos de

discussão ou entrevistas em profundidade. Sempre que possível, é importante

envolver os membros da organização, para que eles reconheçam a importância desse

tipo de atividade, e simultaneamente, contribuam com o processo de análise e

discussão dos resultados. (Fischer, 2002)

Uma organização que pretende ter uma existência estável e duradoura deve

atender simultaneamente as necessidades de todos os stakeholders.

6.5 Mudança organizacional

A natureza, a sociedade, as organizações, todos vivenciam transformações que

os fazem diferentes do que eram antes e do que serão depois. Essa é uma lei

inexorável da vida.

Ao observarmos as organizações, podemos verificar momentos de crescimento

acelerado ou decisões sobre mudanças estratégicas, táticas ou operacionais que são

indícios mais evidentes de mudança. Mas há os processos menos evidentes, que são

de mudança contínua e que fazem parte da dinâmica própria de cada organização.

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A teoria das organizações, até a década de 70, estava sustentada pelo

paradigma da estabilidade, que ressaltava os aspectos e conseqüências negativas da

mudança e não orientava o gestor sobre como lidar com esse fenômeno. A idéia era de

que as organizações deveriam permanecer no tempo e no espaço grandes e poderosas,

e que as alterações seriam sempre incrementais, de modo que nunca poderiam

desestabilizar o desempenho da empresa. As características principais desse modelo

são: o gestor tem o papel de controle; as informações, decisões e o comando das ações

deve ser centralizado; e quando há uma mudança, o gestor deve limitar a sua

abrangência ao espaço organizacional mínimo necessário.

Segundo a professora Rosa Maria Fischer (2002), a inovação - mesmo quando

valorizada como expressão da modernidade – deveria ser temida e afastada porque

trazia consigo a fragmentação da ordem vigente.

Entretanto, a partir da década de 70, essa visão se mostra insuficiente para

lidar com uma realidade muito mais complexa e que estava passando por profundas

mudanças políticas, econômicas e sociais. O paradigma da transformação ocupa o

lugar do anterior.

As empresas precisavam de uma teoria mais abrangente e profunda sobre o

tema, pois estavam vivendo as mudanças em diversos processos, em diferentes

espaços e eram multidimensionais (mudanças nos produtos, serviços, práticas

gerenciais, estrutura, atribuições e responsabilidades, relações internas, comunicação

com stakeholders etc.).

A mudança precisou ser pensada, conceituada e gerenciada como um processo

de transformação contínua. Houve o reconhecimento de que se as pessoas não se

engajassem nesse processo multidimensional, a mudança não seria efetiva. Mas

também surgiram desvios que causaram muitos problemas: os métodos foram

aplicados sem um diagnóstico preciso das necessidades de mudança e sem levar e

consideração as diferenças de cada organização; foram utilizadas técnicas de

convencimento, jogos de poder e manipulação a fim de conseguir a adesão das

pessoas aos projetos de mudança.

O papel do gestor também mudou. “Ele deve ser o facilitador de condições e

recursos em busca do desenvolvimento permanente. Ele não centraliza, mas mobiliza,

as informações e o conhecimento; ele não limita, mas amplia, a participação e o

intercâmbio; ele não restringe a abrangência, mas coordena as ações específicas de

mudança para a sua integração.” (Fischer, 2002)

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Não importa o tipo de organização, seja estatal, do mercado ou do terceiro

setor, a transformação é um processo contínuo de aperfeiçoamento dos sistemas,

processos, políticas e práticas de gestão e de desenvolvimento das competências

individuais e organizacionais. Como é um dos processos mais importantes, a

transformação deve ser internalizada e não acontecer de forma imprevista e por

pressão externa.

Há uma conexão entre estratégia e transformação, isto é, entre o diagnóstico de

“por que mudar” e “o que mudar”. Isso depende da compreensão da interação entre o

direcionamento estratégico e os elementos constituintes da configuração da

organização.

O direcionamento estratégico é a parte do desempenho que é visível para ser

avaliada e mensurada em sua competitividade externa. Mas o desempenho não é

atingido sem a força dos elementos que configuram a organização (infra-estrutura,

modelo de gestão, instrumentos de gestão, comunicação, recursos, sistema de

informação). Esses elementos precisam estar condicionados e prontos para que os

processos de gestão aconteçam.

Além disso, a transformação só se efetiva quando a cultura organizacional está

fundamentada na valorização das pessoas, que são tanto o instrumento como a

finalidade dessa transformação. Elas precisam se envolver e se comprometer com o

trabalho que é desenvolvido para que os resultados sejam positivos.

Tudo isso deve levar em consideração o contexto em que a organização está

inserida, pois tanto os fatores do ambiente externo como do ambiente interno

influenciam o sentido e a orientação dessa transformação.

O desejo de mudança deve ser um objetivo estratégico e a forma como essa

mudança vai ser implementada depende do grau de desenvolvimento das pessoas, da

capacidade que elas têm e querem aplicar na compreensão e na internalização dos

novos valores, que devem ser transformados em novas práticas.

O processo de mudança deve ser abrangente, integrado e sustentado.

Abrangente para conter os aspectos organizacionais, técnicos e comportamentais

específicos de cada organização. Integrado, para atuar em diferentes espaços através

de diferentes ações e manter a consistência interna. Sustentado, para atingir metas

concretas e mensuráveis do impacto da transformação.

Esse processo de mudança é composto por várias etapas, que podem se

sobrepor ou ser conduzidas simultaneamente:

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Auscultação: são feitos levantamentos e análises de dados que ajudam a

identificar os fatores alavancadores e restritores da eficiência da gestão. Projetos e

ações de aperfeiçoamento que já estejam em andamento são analisados, para que

não haja retrabalho e desperdício de idéias. As opiniões e sugestões de atores

sociais relevantes são levados em consideração. Os resultados dessa fase devem

ser compartilhados para que haja clareza e concordância em relação aos principais

problemas da organização, que serão o foco das propostas de mudança.

Concepção: é a fase de transição entre a constatação das necessidades de

aperfeiçoamento e a construção de um plano de ação possível de ser

implementado. As soluções para os problemas identificados devem ser buscadas

através de atividades interativas entre o grupo de mobilização (responsável pela

formulação e disseminação das idéias transformadoras) e outros grupos da

organização. É uma fase de alta vulnerabilidade, porque a viabilidade do processo

é questionada quanto a sua legitimidade política, implementação técnica e se há

recursos e condições para que os aperfeiçoamentos sejam realizados.

Disseminação/ Adesão: é a fase em que a participação dos funcionários é

ampliada gradativamente. O conteúdo dos produtos da fase de concepção é

comunicado; o grau de compreensão e adequação das propostas de mudança à

realidade organizacional é verificado; há um detalhamento das idéias para cada

área da organização; sugestões, críticas e novas idéias são assimiladas; e a adesão

consciente dos participantes é estimulada para que haja comprometimento com os

resultados.

Sustentação: é formada por atividades de monitoramento e avaliação das ações e

dos rumos do processo de mudança. Os compromissos devem ser revitalizados

entre os membros para que os objetivos continuem sendo atingidos.

Mas consolidação desse processo de transformação só é possível se a estrutura

organizacional também for repensada. Se a estrutura for excessivamente centralizada

e formal, haverá dificuldade de resposta às mudanças do ambiente. O modelo de

gestão participativo surge como contraposição à concentração de poder. Um grupo de

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gestores se reúne em espaços coletivos de decisão e passa a ser responsável pelas

decisões de cada espaço organizacional. Há a integração de diferentes áreas e o

comprometimento com resultados coletivos.

Se a organização for transparente, com uma a estrutura mais flexível, onde a

gestão e a decisão são compartilhadas, provavelmente haverá condições mais

favoráveis de geração e disseminação de conhecimentos e competências.

6.6 Dinâmicas do Workshop

Durante o workshop, duas dinâmicas foram aplicadas para a melhor interação

entre o grupo e os participantes, além de facilitar a compreensão do tema que

estávamos expondo.

Logo de início, foi feita uma atividade que pedia aos participantes que

montassem duplas entre eles e depois de se conhecerem melhor, expusessem aos

demais três ou mais coisas que tinham em comum, como gosto, características,

desafetos etc. Tal atividade propunha uma espécie de “quebra-gelo” para criar um

clima desinibido e possibilitar uma maior participação na hora de apresentamos os

assuntos relacionados à captação de recursos. Todos os participantes se demonstraram

receptivos à idéia e participaram de forma descontraída, inclusive algumas das

diretoras da ONG que estavam presentes no workshop.

Após a exposição de alguns dos temas de captação por alguns dos integrantes

do grupo, foi feita outra dinâmica, desta vez com a intenção de levantar insights que

gerassem diversas idéias úteis para a melhoria da ONG em relação a sua imagem e o

aperfeiçoamento de sua captação de recursos. Quatro trios foram formados, e a partir

daí, foi conduzida uma discussão entre eles para que dessem sugestões de como o

CEAF poderia melhorar a divulgação de sua imagem e conseqüentemente a sua

captação. Quatro tópicos foram distribuídos: Empresas, Mala-direta, Eventos e

Vendas de Produtos.

Empresas: A equipe formada deveria discutir que tipo de empresa poderia

contribuir com o CEAF, o que elas poderiam ganham doando e o que a ONG poderia

oferecer a estas parcerias.

Mala-direta: Quais seriam as principais idéias de mala-direta, se conheciam

alguma mala-direta eficiente e qual seria o publico-alvo escolhido?

Eventos: Que tipo de eventos o CEAF poderia fazer para divulgar o seu

trabalho, como festas juninas, temáticas, reuniões com a comunidade etc. ?

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Venda de Produtos: Que tipo de produtos a ONG poderia comercializar para

melhorar a sua fonte de renda, onde poderiam ser vendidos e quais as possíveis

parcerias envolvidas?

Através das discussões, diversas sugestões foram expostas, mostrando às

diretoras do CEAF as diversas ações benéficas que ainda não tinham sido realizadas

pela ONG. No final da conversa de cada grupo, os participantes foram ao lugar dos

palestrantes para apresentar as conclusões obtidas.

As dinâmicas possibilitaram ao CEAF um maior acervo de idéias que ficaram

registradas para serem aplicadas no momento certo. Também foi de grande valor o

contato com pessoas de diferentes ONGs e faculdades que trabalhavam com projetos

do terceiro setor.

Foi de grande importância a participação de todos, deixando ao grupo um

aprendizado que só obteríamos através do acontecimento do workshop.

7 QUESTÕES PESC

1) Reflexão do que significou participar desse projeto. (individual)

2) A expectativa dos resultados pessoais foi alcançada? (individual)

3) Escrever um parágrafo sobre o que foi o trabalho do grupo. (para colocar no

site)

Jaqueline Takita Levy

1) A participação no PESC foi enriquecedora tanto para efeito acadêmico como

para crescimento pessoal. Essa oportunidade permitiu-me conviver com uma

nova realidade: o ambiente de uma organização do terceiro setor no Brasil,

podendo observar de perto suas atividades e dificuldades. Além disso, houve

um amadurecimento devido às responsabilidades reais ligadas ao

compromisso do nosso trabalho em grupo com o CEAF.

2) Conscientizamos a diretoria do CEAF sobre suas necessidades, implantamos

ações para fortalecer a comunicação com os doadores e divulgar o CEAF a

pessoas da comunidade e jornalistas da região. Nosso workshop foi um

sucesso e ao longo de todo o trabalho estudei vários temas novos, além de

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reforçar conceitos já vistos em aula. Conheci muitas pessoas interessantes,

um novo ambiente, aprimorei meu relacionamento em grupo, com

organizações e com a comunidade, além de ter adquirido créditos e um plus

no currículo. Considero-me bastante satisfeita com os resultados obtidos.

José Marcos Carrera Júnior

1) O projeto que participei pelo PESC junto ao CEAF – Centro de Estudos e

Assistência à Família representou para mim uma grande fonte de crescimento

pessoal e profissional. Pude desenvolver diversas habilidades, como, por

exemplo, trabalhar em condições adversas, conseguir resultados positivos

num curto espaço de tempo, pude desenvolver minha comunicação (que

considerava um ponto fraco em mim) e melhorei a minha capacidade de

trabalhar em equipe. Além disso, aprendi diversas coisas novas como

estratégias de captação de recursos, tema que não tinha muito conhecimento

até a entrada no PESC. Tive também a oportunidade de entender o

funcionamento de uma organização do terceiro setor, tema que não é muito

abordado no curso de Administração de Empresas da FEA. Para mim o

resultado do trabalho foi muito positivo.

2) Sim. Tinha uma expectativa de que os resultados seriam positivos e realmente

foram. Além do mais eu esperava aprender coisas novas e crescer tanto

pessoalmente como profissionalmente e consegui alcançar estas metas.

Danilo Prestes Miagusuku

1) A minha participação no projeto do PESC em parceria com o CEAF

possibilitou uma experiência que provavelmente não teria pelo resto do curso

de graduação. Por participar do projeto logo após ingressar no curso de

administração, muitos conceitos e aprendizados em classe não faziam muito

sentido e necessitavam de uma aplicação prática para podermos ver a sua

utilidade e os devidos resultados. O projeto possibilitou meu contato com

pessoas que dificilmente eu teria interagido, como integrantes de meu grupo,

tutor e os envolvidos na ONG com quem trabalhamos. Assuntos como

captação de recursos, comunicação e marketing para terceiro setor foram

aprofundados, possibilitando uma maior aprendizagem extra-classe. Uma

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carreira de administrador de empresas nem sempre mostra o outro lado da

administração no Brasil, aquela que envolve as partes sociais, as

necessidades das comunidades e a condições que muitos brasileiros vivem

hoje em dia. Com o projeto, foi possível ampliar conhecimentos e obter novas

perspectivas sobre determinados pontos de vista aplicados só sobre olhar

privado.

 

2) Muitas de minhas expectativas foram alcançadas. Quando entrei no PESC,

esperava conhecer novas pessoas, criar parcerias, desenvolver um projeto

que ajudasse a Organização envolvida, e minha entrada fez com que isso

tornasse possível. Alguns problemas como a falta de tempo, a dificuldade em

ter contato com a ONG e a falha do auxilio do PESC fizeram com que nem

todos os objetivos iniciais do grupo fossem alcançados. Muitas coisas boas

como integração do grupo com o tutor e entre os integrantes do grupo mesmo

foram fundamentais na hora de refletir sobre a continuação do projeto. Um

resultado maior pode ser destacado por ter sido atingido, o que tornou nosso

trabalho satisfatório: o despertar de consciência da ONG de que muitas

medidas devem ser tomadas para a melhoria de sua captação de recursos,

imagem e comunicação. Além disso, sentir que pudemos ajudar aquela

entidade fez com que criássemos certo orgulho de estar trabalhando em

parceria com ela.

Ana Carolina Kobashi Netto

1) A participação no projeto me fez aprender e me

desenvolver em diversos aspectos. Aprendi e vivi um pouco mais de perto a

realidade do terceiro setor, que não é abordada na faculdade, mas que

também é muito importante, inclusive em empresas que se dedicam à

sustentabilidade e à responsabilidade social. Aprendi também sobre a

captação de recursos no terceiro setor, por ter sido o tema principal do nosso

projeto, em particular. Desenvolvi também habilidades de relacionamento

pessoal, trabalho em grupo, de lidar com dificuldades e superar desafios.

2) Minhas expectativas em relação aos resultados do projeto

foram parcialmente atingidas, pois conseguimos resultados muito

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significativos para a organização, mas sei que com maior colaboração da

ONG os resultados seriam ainda melhores. Minhas expectativas de

desenvolvimento pessoal, por outro lado, foram completamente atingidas.

Camila Severgnini

1) Participar do PESC foi uma experiência muito importante e marcante, pois

tive a oportunidade de conhecer mais profundamente o trabalho de uma ONG,

pesquisar sobre a teoria administrativa aplicada ao 3º Setor e trabalhar em

conjunto para colocar as nossas idéias em prática.

O trabalho em grupo trouxe diferentes pontos de vista que foram bem

interessantes e enriquecedores. Além disso, ter a ajuda de um tutor foi

essencial, porque precisamos ouvir críticas e sugestões, e ter suporte

emocional em momentos difíceis, o que nos ajudou a perseverar e a manter o

foco do projeto. Conseguimos desenvolver uma visão gerencial aplicada e

tentamos propor soluções para os problemas encontrados.

2) Tinha expectativas iniciais muito elevadas e queria ter implementado muito

mais ações, mas percebi que houve dificuldades de conciliação de tempo entre

a ONG e o grupo, e do tempo de cada um e o próprio curso de Administração.

Como foi um projeto longo, e que foi interrompido durante as férias de final

de ano, o ritmo de trabalho mudou bastante. Conseguimos realizar o

workshop, mas queria que os voluntários da ONG tivessem assistido. Também

foi difícil lidar com a resistência da diretoria em alguns aspectos e perceber

que a intenção deles era de que nós mesmos realizássemos todo o trabalho,

sendo que a nossa intenção era de capacitá-los para se tornarem sustentáveis.

Gostaria que os jornais de bairro tivessem publicado o nosso artigo e ainda

espero que a newsletter seja enviada aos potenciais doadores, para que haja

um impacto positivo de comunicação, conscientização e prestação de contas.

Mas mesmo assim foi muito bom ter tido esse contato mais próximo com o

trabalho desenvolvido pela ONG.

Questão do grupo

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3) O trabalho do grupo foi um diagnóstico sobre a captação de recursos da

organização, e em parceria com a ONG pensamos sobre diversas ações de

fortalecimento e comunicação da sua imagem.

8 HISTÓRICO DO CRONOGRAMA

O cronograma apresentado no Pré-Projeto sofreu algumas alterações.

Inicialmente gostaríamos de apresentar os resultados para a ONG em dezembro, mas

no decorrer do projeto isso foi mudado. Decidimos fazer uma apresentação sobre o

tema antes, para que depois pudéssemos colocar algumas idéias em prática e

acompanhar os resultados.

A primeira proposta foi fazer um workshop para capacitar os voluntários para

um processo de captação de recursos profissionalizada. Essa idéia foi inicialmente

rejeitada pela organização, pois eles não tinham ninguém com tempo e disposição

para se dedicar a isso. Foi feito então um workshop para a diretoria do CEAF, aberto

ao público, visando apresentar o tema e encontrar pessoas interessadas em serem

voluntárias de captação de recursos no CEAF. Apesar de muitas pessoas de fora da

ONG comparecerem à palestra, não houve interessados em fazer esse trabalho lá no

CEAF.

Logo nas primeiras reuniões identificamos a captação de recursos como um

ponto a ser melhorado. A ONG aceitou nossa proposta e esse foi o tema escolhido

para trabalharmos. Em julho pesquisamos sobre o tema e reunimos um material bem

completo sobre o tema, mostrando como fazer a catação de recursos, porque fazer,

quem deve estar envolvido, as técnicas que poderiam ser usados e os objetivos a

serem alcançados. Foi nesse momento que fizemos a nossa primeira proposta,

apresentar um workshop a todos os voluntários da ONG interessados, visando

capacitá-los e mostrar a importância no tema e em que pontos o CEAF poderia

melhorar. Pela dificuldade de reunir todos os voluntários, ficou decidido que

apresentaríamos somente para a diretoria. Também propusemos que eles formassem

uma equipe de captação de recursos e que essa equipe estivesse presente no workshop.

A diretoria achou que não teriam ninguém com interesse e tempo disponível para

assumir mais essa tarefa. Ficou decidido então que faríamos um workshop aberto ao

público buscando encontrar pessoas interessadas em trabalhar com o tema no CEAF.

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Por último, gostaríamos que o workshop durasse pelo menos uma manhã ou uma

tarde, mas tivemos somente duas horas cedidas.

Diante disso buscamos resumir o material que tínhamos, separando os tópicos

mais importantes e que poderiam ser aplicados no caso do CEAF. Além disso,

preparamos algumas dinâmicas para quebrar o gelo e iniciar uma discussão sobre o

tema, gerando idéias novas. Como o evento seria aberto iniciamos a divulgação.

Escolhemos divulgar em algumas universidades e na internet, em comunidades de

voluntariado. Antes da apresentação final, fizemos uma prévia do que seria abordado

no workshop para a diretoria. O conteúdo foi aprovado e o workshop foi um sucesso.

Apresentamos nosso trabalho e durante as discussões muitas idéias foram surgindo,

criando uma discussão rica sobre a captação de recursos no CEAF. As diretoras

gostaram muito da nossa apresentação e reconheceram que, mesmo existindo há 23

anos, elas ainda tinham muito a aprender. No final do workshop passamos uma

avaliação para todas as pessoas presentes. A palestra foi bem avaliada (9,5) por todos

e recebemos algumas sugestões valiosas como incluir exemplos de outras

organizações que tiveram sucesso e tratar um pouco mais sobre a parte operacional e

sobre o primeiro contato com empresas. Mais detalhes sobre o dia estão na

apresentação do relatório I, os slides estão em anexo.

Logo após o workshop, marcamos uma reunião para receber um feedback e

novamente tivemos respostas positivas. Preparamos então, um documento contendo

propostas de ações, algumas discutidas no workshop, outras elaboradas pelo grupo.

Tentamos abordar ações simples que poderiam ser colocadas em prática rapidamente

para que pudéssemos acompanhar durante o projeto. No final do ano a ONG pediu

para que fizéssemos uma pausa no projeto, retomando somente em fevereiro.

Entramos em contato conforme combinado tentando marcar uma reunião, mas

depois de sucessivos adiamentos, só conseguimos retomar o projeto em março,

quando apresentamos as propostas. Nesse momento, principalmente por falta de

tempo, focamos em ações que deixassem a ONG mais conhecida, pois esse é o

primeiro passo para que ela consiga parcerias com empresas. Foi nesse ponto que as

diretoras se mostraram mais interessadas em montar uma equipe de captação de

recursos. Apesar da promessa a equipe ainda não foi montada, e por causa da demora

da ONG resolvemos colocar em práticas algumas das idéias propostas. O documento

com as ações sugeridas também está em anexo.

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Escolhemos algumas ações mais simples que poderíamos fazer sem depender

totalmente da ONG. Também foi importante escolher ações que pudessem ser feitas

rapidamente devido ao pouco tempo antes do termino do projeto. Dessa forma

fizemos quatro frentes de trabalho: (1) separamos alguns folhetos da ONG,

acrescentamos o endereço novo do site e distribuímos em dois pontos de táxi e uma

padaria da região, com o objetivo de aumentar a visibilidade do CEAF na região; (2)

entramos em contato com alguns jornais de bairro para conseguirmos uma divulgação

da ONG, escrevemos a matéria, mandamos para o CEAF aprovar e enviamos para os

jornais, (3) sugerimos a mudança de uma parte do site, incluindo uma área pedindo

doações de maior destaque, (4) Fizemos uma newsletter para ser enviada por e-mail

para o banco de dados da ONG, o objetivo é reativar alguns contatos, pois muitos

antigos doadores pararam de doar.

Por falta de tempo não poderemos acompanhar os resultados dessas ações. Além

disso, sabemos que esse é só o primeiro de muitos passos para conseguir um sistema

de captação de recursos eficiente, por isso, esperamos que eles continuem o trabalho

que foi começado.

8.1 Descrição das atividades

13/06/06 – 1a reunião com tutor

20/06/06 – Visita ao CEAF

24/06/06 – Reunião com tutor

27/06/06 – Entrega do Pré-projeto

Julho/06 – Pesquisas e leitura da bibliografia

03/08/06 – Visita ao CEAF (programa Terapia Familiar)

17/08/06 – Reunião com o tutor

05/09/06 – Visita para entregar a proposta do Pré-projeto à diretoria e

conversa sobre Captação de Recursos

13/09/06 – Entrega da primeira Folha de Acompanhamento

20/09/06 – Reunião com o grupo

26/09/06 – Divulgação do workshop nas faculdades USP, Mackenzie, PUC

17/10/06 – Reunião com o tutor

19/10/06 – Preparação do workshop

24/10/06 – Apresentação aos diretores do CEAF

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28/10/06 – Workshop

31/10/06 – Reunião de feedback do workshop

06/11/06 – Apresentação ao PESC na FEA

17/01/07 – Reunião para brainstorming de possíveis ações e planejamento

para 2007

27/02/07 – Visita ao CEAF para apresentar sugestões

de 05/03/07 a 09/03/07 – Contato com jornais, entrega de panfletos em

pontos de táxi e em padaria

06, 13, 20, 29/03/07 – Reuniões semanais com tutor no mês de março para

acompanhamento das ações.

03 e 12/04/07 – Reuniões com o tutor para finalizar o relatório final.

9 ORÇAMENTO

Gastos ReembolsáveisData Atividade Descrição Valor

08/03/07Entrega de panfletos em pontos de táxi.

Etiquetas para atualização dos folhetos entregues nos pontos de táxi e padaria. 8,50

08/03/07Entrega de panfletos em pontos de táxi. Gasolina 2,00

03/04/07 Relatórios Cartucho para impressão de relatórios 24,90    Total 35,40

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10 BIBLIOGRAFIA

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Recursos para Organizações Sem Fins Lucrativos – 2 ed. – São Paulo: Global,

2003

FISCHER, Rosa Maria. Mudança e transformação organizacional. As Pessoas na Organização. São Paulo: Ed. Gente, 2002. 3ª edição.

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KOTLER, Philip. Administração de Marketing: a edição do novo milênio. São

Paulo: Ed. Prentice Hall, 2004. 10ª edição.

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LANDIM, Leilah e SCALON, Maria Celi, Doações e trabalho voluntário no

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MENEGHETTI, Bojunga Sylvia. Comunicação e Marketing: Fazendo a

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Perfil 2004 das Associadas da ABONG, São Paulo, 2004

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SHIMP, T. A. Propaganda e promoção. 5ª. ed. Porto Alegre: Bookman, 2002.

VALENTE, Célia. Um olhar sobre a família – trajetória de uma ONG. 2003.

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11 ANEXOS

Os anexos estão somente na versão impressa do relatório pois a maioria dos

arquivos anexados não são do word.

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