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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica
REPOSICIONAMENTO DE FÁRMACOS: NOVOS PARADIGMAS NO TRATAMENTO DA TUBERCULOSE
Felipe Lucas Chagas
Trabalho de Conclusão do Curso de
Farmácia-Bioquímica da Faculdade de
Ciências Farmacêuticas da
Universidade de São Paulo
Orientadora: Profa. Dra. Jeanine Giarolla Vargas
São Paulo
2017
2
Trabalho de Conclusão de Curso – Felipe Lucas Chagas
SUMÁRIO
Pág.
RESUMO ................................................................................................. 3
1. INTRODUÇÃO..................................................................................... 4
2. OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS....................................................... 7
3. MATERIAL E MÉTODOS..................................................................... 8
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................... 9
5. ASPECTOS ÉTICOS........................................................................... 26
6. CONCLUSÃO....................................................................................... 27
7. REFERÊNCIAS.................................................................................... 27
3
Trabalho de Conclusão de Curso – Felipe Lucas Chagas
RESUMO
CHAGAS, F.L. Reposicionamento de fármacos: novos paradigmas no tratamento da tuberculose. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso de
Farmácia-Bioquímica – Faculdade de Ciências Farmacêuticas – Universidade
de São Paulo, São Paulo, 2017.
Palavras-chave: Tuberculose, reposicionamento de fármacos, novas
propostas terapêuticas.
A tuberculose (TB) representa uma preocupação global em saúde.
Aproximadamente 10,4 milhões de pessoas estão infectadas com o
Mycobacterium tuberculosis, que afeta, principalmente, os pulmões, sendo de
fácil contágio. O tratamento longo (em média seis meses), somado ao
advento de cepas resistentes, faz com que a busca de novas opções
terapêuticas seja uma necessidade urgente. Neste sentido, o
reposicionamento de fármacos pode ser útil, uma vez que se fundamenta na
investigação de novas aplicações terapêuticas para moléculas já em uso
clínico, altamente caracterizadas. Face ao exposto, nesta revisão
bibliográfica, avaliou-se a ação potencial de diferentes classes de fármacos
reposicionados para a tuberculose. Para isso, utilizaram-se artigos científicos,
em português e inglês, acessados nas bases de dados SciFinder, Web of
Science, PubMed e Scielo, além de alguns websites. Buscaram-se os artigos,
e os materiais foram selecionados. Em seguida, interpretaram-se as
informações para a elaboração do texto. Os achados mostraram classes
promissoras, tais como quinolonas, tetraciclinas, antibióticos beta-lactâmicos,
AINE’s, anti-parkinsonianos e fármacos que atuam em leucemia mielóide
crônica. Exploraram-se os respectivos mecanismos anti-tuberculose.
Interessante mencionar que a maioria destes estudos de reposicionamento
está em fase pré-clínica. Ademais, para alguns fármacos, avaliou-se a
relação estrutura-atividade (REA), detectando-se pontos da estrutura química
importantes para a ação biológica.
4
Trabalho de Conclusão de Curso – Felipe Lucas Chagas
1 INTRODUÇÃO
A tuberculose (TB), causada pelo Mycobacterium tuberculosis,
representa uma emergência em saúde pública. O bacilo aloja-se,
principalmente, no pulmão, trazendo complicações para esse órgão. Porém,
a micobactéria pode, eventualmente, provocar problemas extra-pulmonares,
causando, por exemplo, a chamada tuberculose ganglionar (CONDE, 2009).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2015, a TB
atingiu 10,4 milhões de pessoas ao redor do mundo: 5,9 milhões de homens,
3,5 milhões de mulheres e 1,0 milhão de crianças. Neste ano, aconteceram
1,5 milhões de mortes (WHO, 2016). Sabe-se que o comprometimento do
sistema imunológico é essencial para o desenvolvimento e aparecimento dos
sintomas clínicos da doença. Pacientes imunocomprometidos, por exemplo,
não têm resposta adequada à invasão da micobactéria. Ainda de acordo com
a OMS, dos 10,4 milhões de infectados, 1,2 milhões de pessoas eram HIV-
positivos em 2015, sendo que a maior parte desses casos localizava-se em
regiões do continente Africano. Em 2015, registraram-se 0,4 milhões de
mortes de indivíduos portadores do vírus HIV (WHO, 2016).
Apesar de a incidência ser assustadora, houve queda de 2,1% na
incidência dos casos entre 2013 e 2014. A maior parte dos registros
aconteceu na Ásia (58%) e África (28%). Além disso, Índia, Indonésia, China,
Nigéria, Paquistão e África do Sul apresentaram grande número de
infectados. O Brasil, nesse contexto, teve 206.078 mil indivíduos doentes.
Vale ressaltar que os parâmetros de incidência, prevalência e mortalidade
tem caído no país, segundo este Órgão Mundial (WHO, 2015).
Doença negligenciada é causada por agentes infecciosos e
parasitários, sendo endêmicas em população de baixa renda, sobretudo em
regiões em desenvolvimento (WHO, 2016). Assim, não recebem incentivos
de pesquisas suficientes para o desenvolvimento de novos compostos mais
eficientes (GYAPONG et al., 2010; KEALEY, SMITH, 2010; BHOPAL et al.,
2013; BEAUMIER et al., 2013). Apesar de apresentar dados epidemiológicos
preocupantes, a TB não se classifica como doença negligenciada. Segundo o
Drugs for Neglected Diseases initiative (DNDi), esta enfermidade recebeu,
entre 1975 e 2004, 3% dos investimentos para desenvolvimentos de novos
5
Trabalho de Conclusão de Curso – Felipe Lucas Chagas
medicamentos (DNDi, 2016). Valor esse, insuficiente se comparado com o
número de casos da doença. No Brasil, o tratamento não é barato. Segundo
estudo publicado no nordeste brasileiro, em 2014, o custo médio da
farmacoterapia foi de, aproximadamente, R$ 3.119,40 (comprometendo cerca
de 48% da renda familiar). Já o valor médio do tratamento de um novo caso
para o Sistema Único de Saúde (SUS) é próximo de R$ 293,91 (ARRUDA,
2014). Vale ressaltar que o tempo de tratamento médio de infecção por
Mycobacteria tuberculosis é de, no mínimo, seis meses (WHO, 2015).
No Brasil, preconizam-se esquemas terapêuticos com os seguintes
fármacos: isoniazida, rifampicina, pirazinamida e etambutol (Figura 1). Os
pacientes recebem o tratamento, além do acompanhamento na atenção
básica de saúde (Ministério da Saúde, 2016). Para adolescentes e adultos, o
Ministério da Saúde (2016) recomenda o tratamento em duas fases: (1) fase
intensiva e (2) fase de manutenção, em um período de, no mínimo, 6 meses.
N
OHN
NH2
N
NNH2
OH3C
NH
OHHN
HO
CH3
HO
HO
NH
OCH3
CH3CH3
H3C
O
H3CO
OO C
HN
NN
CH3
HO
CH3O
CH3
CH3OH
isoniazida pirimetamina etambutol
rifampicina
Figura 1. Fármacos utilizados no tratamento da tuberculose.
A fase intensiva faz uso de rifampicina, isoniazida, piramizida e
etambutol, como observado na Tabela I. Posteriormente, na fase de
manutenção, os fármacos utilizados são rifampicina e isoniazida.
6
Trabalho de Conclusão de Curso – Felipe Lucas Chagas
Tabela I. Esquema de tratamento da tuberculose
Regime Fármacos Faixa de Peso Unidades/dose Meses 2RHZE Fase
intensiva
RHZE 150/75/400/275
mg Comprimido em dose fixa combinada
20 a 35 kg 36 a 50 kg
>50 kg
2 comprimidos 3 comprimidos 4 comprimidos
2
4RH Fase de
Manutenção
RH 300/200mg ou
150/100mg Cápsula
20 a 35 kg 36 a 50 kg
>50 kg
1 cáps 300/200 1 cáps 300/200 1 cáps 150/100 2 cáps 300/200
4
R = rifampicina; H = isoniazida; Z = pirazinamida; E = etambutol
Esses fármacos atuam em sinergia com foco em diferentes alvos. A
rifampicina é antibiótico macrolídeo e bloqueia a transcrição gênica (por
inibição da RNA polimerase), causando a morte da micobactéria (GRAEF,
2007; ARBEX et al., 2010). Já a isoniazida é classificada como pró-fármaco,
necessitando metabolização prévia da enzima catalase/peroxidase. Assim,
ocorre a produção de espécies reativas de oxigênio (ERO’s), causando
estresse oxidativo e, consequentemente, a morte do agente causador da
doença (ARBEX et al., 2010). O etambutol, por sua vez, inibe a enzima
arabinosil transferase, impedindo a biossíntese do arabinogalactano,
polissacarídeo constituinte da parede celular micobacteriana (ARBEX et al.,
2010). Já o mecanismo de ação da pirazinamida é pouco elucidado. Acredita-
se que, para exercer a função, esse fármaco precisa ser convertido em ácido
pirazinóico (metabolismo dependente de enzimas do microorganismo). Este
metabólito diminui o pH intracelular, interferindo, portanto, no bom
funcionamento das enzimas da M. tuberculosis (GRAEF, 2007; ARBEX et al.,
2010).
A resistência da micobactéria à isoniazida, rifampicina, etambutol e
pirazinamida é um dos grandes impulsionadores para a pesquisa de novos
compostos para esse mal (O´CONNOR et al., 2016). Segundo estimativas da
OMS, em 2015, aconteceram 480.000 novos casos de TB multirresistente
(MDR-TB) e cerca de 100.000 pessoas foram consideradas como TB
resistente à rifampicina (RR-TB) (WHO, 2016). Nesse contexto, o conceito de
reposicionamento de fármacos torna-se útil, uma vez que se baseia na
investigação de novas aplicações terapêuticas para moléculas já em uso
7
Trabalho de Conclusão de Curso – Felipe Lucas Chagas
clínico, altamente caracterizadas (PALONIMO, MARTIM, 2016; FERREIRA,
ANDRICOPULO, 2016; KLUG, GELB, POLLASTRI, 2016). Assim, um dos
principais objetivos do reposicionamento é a diminuição de tempo e custo na
descoberta de novos candidatos a fármacos (ALLARAKHIA, 2013).
2 OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS
A tuberculose é um problema global em saúde. Milhões de pessoas
são acometidas a cada ano e, com o advento do vírus da imunodeficiência
humana (HIV), tornou-se uma das principais causas de morte no mundo
(WHO, 2016). Um fator que se revela como um grande empecilho para o
tratamento desta doença é o desenvolvimento de resistência por parte do
microrganismo invasor. Segundo dados da OMS, em 2014, 3,3% dos novos
casos e 20% dos já existentes mostraram-se resistentes ao tratamento de
primeira linha. Além disso, 9,7% são considerados extensivamente
resistentes aos tuberculostáticos disponíveis (Extensively Drug-Resistant Tuberculosis - XDR-TB) (WHO, 2015).
O esquema terapêutico preconizado é de, no mínimo, seis meses.
Esse fato, associado com baixa escolaridade, consumo de álcool e drogas,
associação com outras doenças crônicas (como o HIV), falta de comunicação
entre os profissionais de saúde e o paciente, além da carência de
humanização nos serviços públicos de saúde podem acarretar a não adesão
do paciente ao tratamento, consequentemente, levando ao aparecimento de
cepas resistentes (CHIRINOS, MEIRELLES, 2011).
O termo “reposicionamento de fármacos” (também conhecido como
reproposta) pode ser entendido como a descoberta de novos usos
terapêuticos para fármacos já existentes no mercado, que tiveram seu uso
descontinuado, ou ainda, compostos em fase de testes clínicos (BELLERA et
al., 2015). As vantagens do reposicionamento são evidentes. Ao apropriar-se
de dados já existentes de farmacocinética e toxicidade, tem-se a ideia de
dose tolerada em humanos, além de possíveis eventos adversos. Sendo
assim, o tempo e, principalmente, o custo investido na pesquisa deste novo
uso caem vertiginosamente (KLUG, GELB, POLLASTRI, 2016).
8
Trabalho de Conclusão de Curso – Felipe Lucas Chagas
Face ao exposto e tendo em vista a problemática no tratamento da
tuberculose, ao que se refere, principalmente, à resistência aos
tuberculostáticos, bem como com o longo esquema terapêutico preconizado,
o objetivo deste trabalho é fazer uma revisão bibliográfica e avaliar, segundo
reposicionamento de fármacos, compostos com atividades biológicas
diversas, mas que podem ser promissores na cura desta enfermidade.
3 MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa contemplou bases de dados confiáveis e difundidas na
comunidade científica, tais como: PubMed, SciFinder, Web of Science e
Scielo. Utilizaram-se as seguintes palavras-chave: tuberculosis, treatment of tuberculosis, tuberculosis drug repositioning, tuberculosis repurposed drugs, new therapeutic uses for existing molecules, new antituberculosis drugs e reposicionamento de fármacos, avaliando artigos nas línguas inglesa e
portuguesa. Realizou-se a busca de material no período de 1 de julho de
2016 até 06 de abril de 2017.
Selecionaram-se os artigos de acordo com o título, abstract (ou
resumo, quando aplicável) e leitura aprofundada do texto, necessariamente
nessa ordem. Os critérios de exclusão se deram por abordagem do tema,
disponibilidade de acesso ao texto integral e ano de publicação, com esta
ordem de prioridade.
A pesquisa contemplou, principalmente, publicações dos últimos dez
anos. Focou-se em trabalhos mais atuais (inclusive de 2017), mas não se
excluiu material mais antigo, quando se fez necessária melhor explicação ou
exemplificação do tópico em questão. Ao todo, utilizaram-se 58 referências
para a elaboração desta revisão bibliográfica.
9
Trabalho de Conclusão de Curso – Felipe Lucas Chagas
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O sucesso do tratamento da tuberculose depende do uso correto dos
medicamentos. Dessa maneira, é essencial diminuir a evasão dos indivíduos
contaminados ao esquema terapêutico, para se evitar o desenvolvimento de
cepas resistentes. O tempo de tratamento, então, é um desafio no combate
desta enfermidade. Sendo assim, grandes esforços estão sendo despendidos
pela comunidade científica na tentativa de se obter a cura ou prevenção
desta doença. Neste contexto, o reposicionamento de fármacos pode ser
extremamente útil e os compostos discutidos nesta revisão bibliográfica estão
apresentados na Tabela a seguir (Tabela II). Quando possível, avaliaram-se,
também, o planejamento de análogos, bem como a respectiva relação
estrutura-atividade biológica.
10
Trabalho de Conclusão de Curso – Felipe Lucas Chagas
Tabela II. Fármacos em estudo para reposicionamento em tuberculose Nome Possível
mecanismo anti-TB
Estrutura química Referência
tioridazina Inibe bombas de
efluxo e altera
permeabilidade
do envelope
celular. Interfere
na acidez dos
vacúolos dos
macrófagos
SH3C
N
S
N
RODRIGUES et
al., 2011;
KEIJZER et al.,
2016;
SCALACCI et
al., 2017
mofloxacino Atua sobre DNA-
girase
O
OH
O
OH3C
N
NH
F
ZIGANSHIN,
TITARENKO,
DAVIES, 2013
metronidazol Em condições de
hipóxia, produz
ERO’s
N
NH3C NO2
HO
MAITRA et al,
2014
clofazimina Atua sobre a
membrana
celular e sobre a
cadeia
transportadora
de íons
N
N N
H3C CH3
Cl
Cl
SHEN et al.,
2010; YANO et
al., 2011;
CHOLO et al.,
2012
ácido
acetilsalicílico
Diminuição da
expressão de
genes do
metabolismo
energético
O OH
O CH3
O
BYRNE,
DENKIN,
ZHANG, 2007 e
DENKIN et al.,
2005
clorpromazina Inibe o
maquinário
NADH:
Menaquinona
oxirredutase
S
N Cl
NCH3
CH3
WEINSTEIN et
al., 2005;
MAITRA et al,
2015
entacapona Pára a síntese de
ácidos micólicos
por inibição da
enzima InhA.
OH
OHNO2
N
O
H3C
NH3C
KINNINGS et
al, 2009
11
Trabalho de Conclusão de Curso – Felipe Lucas Chagas
Tabela II. Fármacos em estudo para reposicionamento em tuberculose (continuação) Nome Possível
mecanismo anti-TB
Estrutura química Referência
vitamina D Estimula a
produção de
peptídeos anti-
microbianos
(catelicidinas)
CH3
H3C
CH3
CH2
HO
CH3
H3C
El-Fakari et al.,
2014
imatinibe Formação de
células
granulocítica,
maturação e
acidificação de
fagossomos
N
N
NHN
HN
O
NN
CH3
H3C
BURNS et al.,
2013
metformina Por ativação de
AMPK (proteína
quinase ativada
por adenosina
monofosfato),
induz autofagia
H3CNCH3 H
N
NH
NH2
NH
SINGHAL et al.,
2014
doxiciclina Inibe MMP (um
tipo de
colagenase),
impedindo a
destruição
tecidual do
pulmão
OH O
CH3 OH
OHO
NH2
O
NCH3H3C
OH
OH
ONG et al.,
2015
lobenzarite Atrapalha o
metabolismo de
triptofano da
micobactéria.
HO OHN
Cl
O OH
Evans et al.,
2014
meropenem e
ácido
clavulânico
Inibem a
produção de
peptídeoglicano
por induzir
ligações erradas
na estrutura do
mesmo. Além
disso, o ácido
clavulânico inibe
a enzima beta-
lactamase
N
H3C
OH
O
CH3
OOH
S
HN
O
NH3C CH3
NO
O
H
CH2OH
HOO
CELL
RESEARCH,
2013 e
HUGONNET et
al., 2009
12
Trabalho de Conclusão de Curso – Felipe Lucas Chagas
Tabela II. Fármacos em estudo para reposicionamento em tuberculose (continuação) Nome Possível
mecanismo anti-TB
Estrutura química Referência
verapamil Ativação de
macrófagos e
indução de
autofagia
H3CO
H3CO NCN
CH3
OCH3
OCH3
H3C
CH3
ABATE et al.,
2016
ribonamanto Bloqueio do
transporte de
ácidos micólicos
Cl
NN Cl
Cl
H3C
NHO
N
Ramesh et al.,
2016
O composto neuroléptico tioridazina foi recém-reposicionado para o
tratamento da tuberculose. Seu mecanismo de ação não está completamente
elucidado. Acredita-se que seja capaz de inibir bombas de efluxo, além de
alterar a permeabilidade do envelope celular da micobactéria (RODRIGUES
et al., 2011; KEIJZER et al., 2016; SCALACCI et al., 2017). Adicionalmente, a
tioridazina pode afetar a fisiologia de macrófagos alveolares, interferindo na
acidez do vacúolo por aumentar a retenção de íons potássio (MARTINS et
al., 2007). É considerado fármaco de terceira linha, por efeitos adversos
observados no sistema nervoso central e cardiovascular (AMARAL,
MOLNAR, 2012). Por esta razão, Scalacci e colaboradores (2017) planejaram
uma serie de compostos para aprimorar esta atividade tuberculostática. Três
series foram sintetizadas: (1) o substituinte N-metila da piperidina foi
removido ou substituído por diferentes grupos alquila para avaliar a influência
na atividade; (2) o anel piperidina foi substituído por outros heterocíclicos e
(3) substituição da fenotiazina por outros aromáticos heterocíclicos. Este
grupo fenotiazínico é o responsável pelos efeitos adversos no sistema
nervoso. Assim, nesta última serie, pretendia-se obter compostos com menor
toxicidade. O denominado 12e foi o mais promissor, com maior atividade
antimicobacteriana, em relação ao protótipo, e citotoxicidade 15 vezes menor
(Figura 2).
13
Trabalho de Conclusão de Curso – Felipe Lucas Chagas
NH
N
Composto 12e
Figura 2. Planejamento da serie derivada da tioridazina, ressaltando o derivado
mais promissor, o 12e (SCALACCI et al., 2017).
Fluorquinolonas estão sendo amplamente estudadas para serem
reposicionadas no tratamento da tuberculose. O mecanismo de ação envolve
a DNA-girase, interferindo, portanto, no bom funcionamento desta enzima. No
M. tuberculosis, estes compostos agem no mesmo alvo, causando inibição da
síntese de DNA (ZHANG, 2005). Interessante estudo realizado por
Ziganshina e colaboradores (2013) mostrou que a substituição de etambutol
por moxifloxacino não culminou em evidência quantitativa significativa de
efetividade no tratamento (ZIGANSHINA, TITARENKO, DAVIES, 2013). Por
outro lado, Gillespie (2014) comparou grupos tratados com fármacos de
primeira linha e esquemas contendo o moxifloxacino. Os que continham a
fluorquinolona mostraram um declínio inicial mais rápido no número de
micobactérias (GILLESPIE, 2014). Adicionalmente, estudos clínicos em fase
dois, utilizando a combinação de rifapentina e moxifloxacino, administrada
14
Trabalho de Conclusão de Curso – Felipe Lucas Chagas
diariamente com isoniazida e pirazinamida, mostraram-se potencialmente
ativos no tratamento da tuberculose pulmonar. Esquema contendo
moxifloxacino e rifapentina (em dose mais baixa) apresentou atividade
bactericida quase semelhante ao controle (etambutol e rifampicina) (CONDE
et al., 2016).
Os nitroimidazóis, compostos utilizados no tratamento de doenças
causadas por protozoários e bactérias, também têm despertando interesse
para o tratamento de infecções pulmonares por M. tuberculosis (CARROLL et
al, 2013). O metronidazol é o representante desta classe com potencial
atividade anti-tuberculose. Em hipóxia (mesma condição em que as
micobactérias latentes residem dentro dos granulomas), este fármaco é
ativado, produzindo radicais livres, os quais causam danos ao material
genético do bacilo, inativando-o (MAITRA et al, 2014).
A clofazimina é um antibiótico lipofílico da classe riminofenazina,
apresentando atividade antimicrobiana e anti-inflamatória, útil no tratamento
de hanseníase. Entretanto, com o aumento da incidência da forma resistente
da M. tuberculosis (MDR-TB), a molécula tornou-se um protótipo no combate
desta forma de bacilo (CHOLO et al., 2012). O mecanismo de ação não é
totalmente conhecido, porém, acredita-se que a membrana seja o principal
local de ação, incluindo, também, a cadeia respiratória e transportadores de
íons (SHEN et al., 2010; YANO et al., 2011; CHOLO et al., 2012). Como
característica estrutural tem-se o anel fenazina, com grupo alquilimino na
posição 2 (importante para atividade antimicrobiana), além de fenilas
substituídas nas posições 3 e 10. O número e tipo de halogênio nos
aromáticos podem ser modificados (FRANZBLAU, O'SULLIVAN, 1988;
JAGANNATH et al., 1995) (Figura 3). Neste sentido, Tyagi e colaboradores
(2015) testaram, in vivo, a clofazimina concomitantemente com fármacos
padrões para a tuberculose. Comparado com o grupo controle, contendo os
medicamentos preconizados pela OMS, os animais que os receberam a
clofazimina mostraram remissão drástica dos bacilos resistentes nos
pulmões. Dessa maneira, o estudo demonstrou a possibilidade de redução de
dois a três meses no tempo total de tratamento da enfermidade. Estudos
clínicos em humanos precisam ser conduzidos para comprovar estes dados
experimentais.
15
Trabalho de Conclusão de Curso – Felipe Lucas Chagas
N
N N
H3C CH3
Cl
Cl
Figura 3. Estrutura química da clofazimina. Destacou-se em vermelho o grupo
alquilimino importante para a atividade. Em azul, estão as fenilas que podem conter
halogênios.
Antiinflamatórios não-esteroides (AINE’s) estão sendo explorados
como fármacos reposicionados para a tuberculose (MAITRA et al, 2016)
(Figura 4). Estes compostos inibem a formação de prostaglandinas,
mediadoras do processo inflamatório, ao atuarem nas ciclooxigenases 1 e 2.
O OH
O CH3
O
ácido acetilsalicílico
H3CO N
O Cl
OH
O
CH3
indometacina
Cl
Cl
HN
OH
O
diclofenaco
H3COH
O
H3C
CH3
ibuprofeno
O OHHN
CH3CH3
ácido mefenâmico
N
NH
O OH
NH3C S
OO
S
tenoxicam
Br
OOH
O
NH2
bromfenaco
NH
Cl
H3COH
O
carprofeno
CH3
OH
O
vedaprofeno
S
NN
CH3
H3C
H2NO
O
cetoxibe
NH
O OH
NH3C S
OO
S
meloxicam
S
N
H3C
Figura 4. Estruturas químicas AINE´s potencialmente ativos em tuberculose
(MAITRA et al, 2016).
O ácido acetilsalicílico, principal representante dos AINES não
seletivos, em modelo animal, atuou conjuntamente com a pirazinamida.
Dados experimentais mostraram diminuição da expressão de genes
responsáveis pelo metabolismo energético do bacilo infectante, o que
impossibilitaria a sobrevivência do microorganismo (BYRNE, DENKIN,
ZHANG, 2007). Mais especificamente, na M. tubercolosis, o grupo sacililato
interfere no consumo de oxigênio, causando, como consequência, a redução
na expressão de genes responsáveis pela transcrição e replicação. Trinta e
16
Trabalho de Conclusão de Curso – Felipe Lucas Chagas
três genes da micobactéria podem sofrer ação dos AINES e todos estão
apresentados na Tabela III (DENKIN et al., 2005).
17
Trabalho de Conclusão de Curso – Felipe Lucas Chagas
Tabela III. Genes do M. tuberculosis induzidos (+) ou reprimidos (-) por ação dos AINES
O
CH3O
ácido acetilsalicílico
OH
O
Gene Possível função Fold change
Rv0668 rpoC RNA polimerase -4,4
Rv0667 repoB RNA polimerase cadeia
beta -3,9
Rv3136 PPE Replicador de
prolina/Ácido Glutâmico -3,8
Rv0247c Hipot. Proteína ligadora
ferredoxina Fe-S
-3,6
Rv2244 acpM Proteína carreadora
acil
-3,2
Rv1196 PPE Replicador de prolina/Ácido
Glutâmico -3,2
Rv0684 fusA Fator de elongação G -3,2
Rv2247 accD6 Subunidade beta
acetil/propinil-CoA
carboxilase
-3,0
Rv0632c echA3 Enoyl-CoA hidratase -3,0
Rv1297 rho Fator de transcrição de
término
-2,8
Rv1387 PPE Replicador de
prolina/Ácido Glutâmico -2,7
Rv1037c Hipot. Proteína ESAT-6 like -2,6
Rv0299 Hipot. Desconhecido -2,6
Rv2245 kasA Síntese de beta-cetoacil -2,5
Rv3801c fadD32 Síntese de
poliquetídeos
-2,5
Rv2200c ctaC Citocromo C oxidase
transmembrana
-2,5
Rv1307 atpH Síntese da cadeia delta
ATP
-2,4
Rv1410 Hipot. Protína transportadora
de açúcar
-2,3
Rv0636 Hipot. Acil desidratase -2,3
Rv1195 PE Replicador de
prolina/Ácido Glutâmico -2,3
18
Trabalho de Conclusão de Curso – Felipe Lucas Chagas
Tabela III. Genes do M. tuberculosis induzidos (+) ou reprimidos (-) por ação dos AINES
(continuação)
Gene Possível função Fold change
Rv3219 whiB1 Proteína regulatória
trascricional
-2,2
Rv2948c fadD22 Síntese de Acil-CoA -2,2
Rv3587c Hipot. Proteína de membrana -2,2
Rv2110c prcB Subunidade 2
proteossômica beta
-2,2
Rv3921c Hipot. Proteína de membrana -2,1
Rv3722c Hipot. Regulador
transcricional aspartato
transaminase
-2,1
Rv0683 rpsG Proteína ribossomal
30S
-2,1
Rv2454c Hipot. Oxidoredutase
Subunidade beta
-2,1
Rv0659c Hipot. Inibição de
crescimento
-2,1
Rv1386 PE Replicador de
prolina/Ácido Glutâmico -2,0
Rv0286 PPE Replicador de
prolina/Ácido Glutâmico -2,0
Rv3456c rplQ Proteína ribossomal
50S
-2,0
Fármaco utilizado classicamente no tratamento de esquizofrenia, a
clorpromazina, mostrou-se capaz de inibir o maquinário NADH:menaquinona
oxirredutase da micobactéria, interferindo no transporte de elétrons e,
consequentemente, no crescimento do microrganismo (Figura 5). Por atuar
via mecanística alternativa, as fenotiazinas podem se tornar abordagens
interessantes no combate das formar resistentes de M. tuberculosis
(WEINSTEIN et al., 2005; MAITRA et al, 2015).
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Trabalho de Conclusão de Curso – Felipe Lucas Chagas
S
N Cl
NCH3
CH3
clorpromazina
Figura 5. Mecanismo de ação anti-tuberculose da clorpromazina (adaptado de
WEINSTEIN et al., 2005).
Fármacos antiparkinsonianos também são protótipos para o
reposicionamento. Kinnings e colaboradores descobriram que a entacapona,
em doses não-tóxicas, pode ter ação anti-TB (KINNINGS et al, 2009) (Figura
6). Em concentração de 260 µM, o fármaco é capaz de inibir a enoil-acil
redutase (InhA). Esta enzima carreadora de proteína é essencial para síntese
de ácidos micólicos, constituintes da parede celular da micobactéria
(ANDRADE et al., 2008) (Figura 6). Sem estes ácidos de cadeia longa
produzidos pela InhA, o patógeno não sobrevive. Diferentemente da
isoniazida, a entacapona não necessita de ativação enzimática (não é,
portanto, considerado bioprecursor).
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Trabalho de Conclusão de Curso – Felipe Lucas Chagas
OH
OHNO2
N
O
H3C
NH3C
Figura 6. Estrutura química da entacapona, bem como representação esquemática
de três tipos de ácido micólicos produzidos pela InhA (adaptado de ANDRADE et al.,
2008).
Por causa da ação moduladora imunológica, a forma ativa da vitamina
D (1α, 25-diidroxi-vitamina D) também foi objeto de estudo como anti-TB (LIU
et al., 2007). El-Fakari e colaboradores (2014) descreveram a capacidade
desta vitamina em estimular a produção inata de peptídeos antimicrobianos
(AMPs), como as catelicidinas, auxiliando no combate à micobactéria
invasora. Além disso, a produção de AMPs estimula processos imunológicos,
tais como, degranulação de mastócitos, produção de citocinas e quimiocinas,
bem como ajuda na cicatrização de feridas ocasionadas pelo M. tuberculosis (El-Fakari et al., 2014). Entretanto, necessitam-se análises mais robustas
para esclarecer o mecanismo de ação exato desta vitamina no
desenvolvimento da doença (MAITRA et al, 2015).
Dano tecidual dos pulmões pode ser ocasionado com uso prolongado
de fármacos anti-TB (WALLIS et al., 2016). Por esta razão, compostos estão
sendo reposicionados para evitar este problema. Imatinibe, por exemplo, é
empregado em leucemia mielóide crônica. O mecanismo de ação consiste
em inibir proteínas tirosina quinases, as quais, bloqueadas, impedem a ação
de proteínas que controlam o crescimento, sobrevivência e divisão celular
( I IN A-HILL, 2017). Ratos infectados com M. tuberculosis, tratados
com baixas doses de imantinibe, mostraram a formação de células
granulocíticas, maturação e acidificação de fagossomos, diminuindo a
sobrevivência do bacilo (BURNS et al., 2013). Esta diminuição de pH
favorece a administração de imatinibe com pirazinamida. Por outro lado, o
uso concomitante com rifampicina não é indicado, uma vez que a rifampicina
é indutora da CYP3A4 (WALLIS et al., 2016).
21
Trabalho de Conclusão de Curso – Felipe Lucas Chagas
A metformina é fármaco de escolha para o tratamento de diabetes. O
efeito anti-hiperglicemiante se dá pela redução da gliconeogênese hepática
(ROVARIS et al., 2010). Ao nível molecular, esta biguanida atua na proteína
quinase ativada por adenosina monofosfato (AMPK), através de mecanismos
não totalmente elucidados. Entretanto, essa ativação de AMPK mostrou ser
indutora de autofagia, impedindo o crescimento intracelular de M. tuberculosis. Além disso, pacientes que receberam o anti-hiperglicemiante
apresentaram melhor controle da infecção, além da diminuição da severidade
da doença. Por esta razão, trata-se de um potencial adjuvante no tratamento
da tuberculose (SINGHAL et al., 2014). Considerando a fisiopatologia da tuberculose, a infiltração de
neutrófilos no pulmão gera resposta do organismo. Estudos desenvolvidos
por Ong e colaboradores (2015) mostraram que tais neutrófilos secretam um
tipo de colagenase (MMP), em resposta à infecção. Esta enzima destrói o
colágeno existente no tecido pulmonar, culminando no aparecimento
histológico de cavidades no órgão. A doxiciclina, por sua vez, é um
antibacteriano pertencente à classe das tetraciclinas. O mecanismo de ação
clássico consiste em bloquear a subunidade 30S do ribossomo bacteriano,
impedindo, assim, a tradução gênica. Em doses baixas, está sendo avaliada
em pacientes tuberculosos. Observou-se, em modelos animais, que o
derivado de tetraciclina possui a capacidade de inibir MMP’s. Análises de
tecidos de pulmão de pacientes infectados com M. tuberculosis apresentaram
índices muitos menores de destruição da matriz de colágeno do tecido (ONG
et al., 2015).
O lobenzarite é indicado para o tratamento de artrite e vem sendo
avaliado como potencial tuberculostático. Porém, para aprimorar a esta
atividade, Evans e colaboradores (2014) planejaram uma serie de compostos
considerando a ligação hidrogênio do lobenzarite com a antranilato
fosforribosiltransferase (APRT). Esta enzima é responsável pelo metabolismo
de triptofano da micobactéria. Os autores descrevem que o benzoato de 2,6-
bis-(2-carboxifenilamina) (composto 38) foi 40% mais potente que o protótipo
e pode ser um líder para novos planejamentos. Na Figura 7 pode-se observar
a estrutura química da molécula mais promissora, bem como o docking
molecular com a sobreposição dos derivados 38, 14 e 34 (IC50 1,9, 7,9 e 6,8
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Trabalho de Conclusão de Curso – Felipe Lucas Chagas
PM, respectivamente), também considerado bons análogos. O composto 38
interage de modo semelhante ao 14 (bolsões S2-S3) e ao 34 (bolsões S1-
S2).
NH
OHO OHO
NH
OHO
composto 38
OHO
NH
OHO
composto 14
CH3
OHO
NH
OHO
CH3
CH3
composto 34
Figura 7. Estruturas químicas dos compostos 38, 14 e 34. No docking molecular, o
composto 38 está representado em rosa, o 14 em azul e 34 em verde (adapatado de
EVANS et al., 2014).
Hugonnet e colaboradores (2009) avaliaram a eficácia da utilização de
meropenem, um carbapenemo, associado a ácido clavulânico, um inibidor de
beta-lactamase, contra M. tuberculosis. Acredita-se que o carbapenemo atue
na L,D-transpeptidase, originado ligações 3o3 incomuns na camada de
peptidoglicano da microbactéria não replicativa. L,D-transpeptidase tipo 2
(LdtMt2) é a principal transpeptidase do M. tuberculosis, participando, por
exemplo, da síntese da parede celular e virulência. A associação racional,
então, é capaz de inibir a β-lactamase, além de interferir na formação da
camada de peptidoglicano (CELL RESEARCH, 2013). Os cientistas
discutiram que essa associação pode ser benéfica, visto que o MIC calculado
foi � 1 Pg/mL, além de apresentar ação em cepas resistentes. Ainda que os
resultados tenham sido promissores, os autores ressaltaram a necessidade
de mais experimentos para que o reposicionamento seja realmente seguro
(HUGONNET et al., 2009).
Estudos com verapamil, bloqueador de canal de cálcio, útil no
tratamento de hipertensão, fibrilação atrial e angina, foram publicados
avaliando a atividade contra a micobactéria (ABATE et al., 2016). Os
23
Trabalho de Conclusão de Curso – Felipe Lucas Chagas
experimentos in vitro com o verapamil e norverapamil analisaram a ativação
de macrófagos, através da produção de óxido nítrico, fator α de necrose
tumoral, interleucina β-1 e interferon gama. Estudou-se, também, a
capacidade destes compostos em estimular a autofagia em modelos in vivo.
Achados interessantes mostraram que houve inibição da expansão de M. tuberculosis específicas para as células T. Diante deste resultado, três
análogos foram planejados (Figura 8). O denominado KSV21 mostrou-se
promissor, sendo capaz de impedir a replicação intracelular da micobactéria
em concentração que não interfere na expansão de M. tuberculosis
específicas para as células T. Adicionalmente, o derivado KSV21 também
atuou em bombas de efluxo, assim como o verapamil. Além disso, associado
à rifampicina e isoniazida, potencializou a ação destes fármacos. Os autores
concluíram, portanto, que estudos de relação estrutura-atividade do KSV21
precisam ser realizados para o planejamento de novos análogos
potencialmente ativos em tuberculose.
H3CO
H3CO NCH3
CN
CH3H3C
OCH3OCH3
verapamil
H3CO
H3CO NH
CN
CH3H3C
OCH3OCH3
norverapamil
H3CO
H3CO NCH3
CN
OCH3OCH3
KSV21 Figura 8. Verapamil e análogos potencialmente ativos em tuberculose (ABATE et
al., 2016).
Ramesh e colaboradores (2016) verificaram semelhança estrutural
entre o fármaco rimonabanto (anti-obesidade) e o composto BM212
(candidato anti-TB em estudos pré-clínicos) (Figura 9). Sendo assim, o
principal objetivo deste interessante trabalho foi reposicionar o esqueleto do
rimonabanto no planejamento de novas moléculas para tuberculose. O
BM212, um derivado de pirrol 1,5-aril substituído, apresentou características
interessantes, por exemplo, MIC próximo de 1,5 mg/mL. Este composto é
capaz de bloquear o transporte de ácido micólico, componente fundamental
24
Trabalho de Conclusão de Curso – Felipe Lucas Chagas
da parede da micobactéria. Já o rimonabanto age em receptor canabinóide
tipo 1, responsável, principalmente, pelo controle da fome.
Figura 9. Reposicionamento do esqueleto do rimonabanto no planejamento de
novas moléculas para tuberculose (adaptado de Ramesh et al., 2016).
Os autores identificaram o composto 18a como o mais promissor da
serie, o qual apresentou MIC de 31 ng/mL. Estudos de relação estrutura-
atividade demostraram que: (1) a substituição do anel pirrólico pelo pirazólico
manteve a atividade; (2) a introdução de grupamentos metil ou hidroximetil no
anel pirazólico diminuiu a atividade; (3) a presença de um nitrogênio básico
aumentou a potência significativamente e (4) a presença de uma átomo de
silício também aumentou a potência do composto (Figura 10).
25
Trabalho de Conclusão de Curso – Felipe Lucas Chagas
Figura 10. Estudos de relação estrutura-atividade de derivados de rimonabanto
(adaptado de Ramesh et al., 2016).
A utilização de biblioteca pode ser uma abordagem interessante em
reposicionamento de compostos. Neste sentido, Pieroni e colaboradores
(2014) avaliaram a atividade anti-TB de moléculas originalmente projetadas
como bloqueadores de canais de sódio. O esqueleto destes derivados 2-
aminotiazois continha 2 anéis aromáticos, adequadamente substituídos,
ligados ao 2-aminotiazol (Figura 11).
26
Trabalho de Conclusão de Curso – Felipe Lucas Chagas
Figura 11. Relação estrutura-atividade de derivados 2-aminotiazois potencialmente
ativos em tuberculose (adaptado de PIERONI et al., 2014).
Em 2015, o mesmo grupo de pesquisadores, animados com os bons
resultados obtidos, desenvolveram uma nova serie, obtendo o composto 26,
derivado de 2,4-difenil-1(H)-imidazol, com MIC de 1,7 PM (Figura 12). Em
modelos animais, não se observou toxicidade significativa, indicando ser bom
líder para o planejamento de novos protótipos para o tratamento da
tuberculose (PIERONI et al., 2015).
N
NH
F3C
CF3
composto 26
N
SNH
H3CO
Cl
Cl
N
SNH
H3CO
CH3
Protótipo UPAR 189MIC 15,6 mM (PIERONI et al., 2014)
Protótipo UPAR 183MIC 13,0 mM (PIERONI et al., 2014)
Figura 12. Planejamento de análogos imidazólicos potencialmente anti-TB
(PIERONI et al., 2016).
27
Trabalho de Conclusão de Curso – Felipe Lucas Chagas
Na Figura 13, podem-se observar os possíveis locais de ação de
alguns dos fármacos reposicionados para tuberculoses, os quais foram
discutidos nesta revisão bibliográfica.
Figura 13. Possíveis locais de ação de fármacos reposicionados para tuberculose
(adaptado de MAITRA et al, 2016).
5 ASPECTOS ÉTICOS
Por se tratar-se de um trabalho de revisão bibliográfica sobre o
reposicionamento de fármacos no tratamento da tuberculose e, portanto, por
não fazer uso de animais ou seres humanos, não se faz necessária a
apresentação de documentos relacionados com aspectos éticos.
28
Trabalho de Conclusão de Curso – Felipe Lucas Chagas
6 CONCLUSÃO
Tuberculose não tem cura. O tratamento é longo, ocasionando, muitas
vezes, o abandono pelo paciente. Além disso, o surgimento de cepas
resistentes é uma preocupação mundial em saúde. Reposicionamento de
fármacos, por sua vez, é uma estratégia promissora na descoberta de novos
fármacos. Fatores importantes como tempo e custo podem ser diminuídos no
planejamento potenciais candidatos a fármacos. Neste sentido, diversas
classes de compostos, com diferentes mecanismos de ações, veem sendo
estudadas no tratamento da tuberculose, por exemplo, quinolonas,
tetraciclinas, antibióticos beta-lactâmicos, AINE’s, anti-parkinsonianos e
fármacos que atuam em leucemia mielóide crônica. Estudos de relação
estrutura-atividade também estão sendo propostos, auxiliando a descoberta
de novos líderes.
Portanto, percebe-se que, com base no conhecimento científico
avançado da atualidade, novos paradigmas para o tratamento estão próximos
de se tornarem farmacoterapia da tuberculose. É preciso, entretanto, que os
estudos continuem, chegando, definitivamente, até os doentes. Espera-se,
então, que, futuramente, exista a estatística de pacientes que foram curados
desta enfermidade.
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