126
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA RODOLFO CURSINO DOS SANTOS Gestão e educação ambiental: caracterização dos resíduos sólidos escolares e práticas de educação ambiental em uma escola pública de ensino fundamental de Lorena (SP) Lorena 2017

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

RODOLFO CURSINO DOS SANTOS

Gestão e educação ambiental: caracterização dos resíduos sólidos escolares e práticas de

educação ambiental em uma escola pública de ensino fundamental de Lorena (SP)

Lorena 2017

Page 2: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

RODOLFO CURSINO DOS SANTOS

Gestão e educação ambiental: caracterização dos resíduos sólidos escolares e práticas de

educação ambiental em uma escola pública de ensino fundamental de Lorena (SP)

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Escola de Engenharia de

Lorena – Universidade de São Paulo

como requisito para conclusão da

Graduação do Curso de Engenharia

Ambiental.

Orientadora: Profª. Dra. Danúbia

Caporusso Bargos.

Lorena 2017

Page 3: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIOCONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizadoda Escola de Engenharia de Lorena,

com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Santos, Rodolfo Cursino Gestão e educação ambiental: caracterização dosresíduos sólidos escolares e práticas de educaçãoambiental em uma escola pública de ensinofundamental de Lorena (SP) / Rodolfo Cursino Santos;orientadora Danúbia Caporusso Bargos. - Lorena,2017. 125 p.

Monografia apresentada como requisito parcialpara a conclusão de Graduação do Curso de EngenhariaAmbiental - Escola de Engenharia de Lorena daUniversidade de São Paulo. 2017Orientadora: Danúbia Caporusso Bargos

1. Gestão de resíduos sólidos. 2. Plano degerenciamento de resíduos sólidos. 3. Gestãoparticipativa. 4. Educação ambiental. I. Título. II.Bargos, Danúbia Caporusso , orient.

Page 4: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

Agradecimentos Primeiramente agradeço a Deus que permitiu que este momento fosse vivido por mim, trazendo alegria aos meus pais e a todos que contribuíram para a realização deste trabalho. A minha orientadora Profª. Dra. Danúbia Caporusso Bargos, pelo suporte, conselhos, correções e incentivos. A Professora colaboradora Mariana Siqueira, pela elaboração e execução dos encontros temáticos. A Regina Horta e Bruno Marton pela colaboração, pela revisão bibliográfica e adequação do texto. Aos professores, funcionários e alunos da escola em estudo pela colaboração no desenvolvimento das atividades. Ao Secretário do Meio Ambiente do município de Lorena, Sr. Willinilton Portugal pelo auxílio no agendamento das visitas técnicas. Aos meus pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional. Agradeço aos meus amigos, por confiarem em mim e estarem do meu lado em todos os momentos da vida. E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado.

Page 5: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

CURSINO, R.; BARGOS, D.C. Gestão e educação ambiental: caracterização dos resíduos sólidos escolares e práticas de educação ambiental em uma escola pública de ensino fundamental de Lorena (SP). 2017. Monografia (Curso de Engenharia Ambiental) - Escola de Engenharia de Lorena – Universidade de São Paulo. Lorena, 2017.

Resumo

A melhoria nos modelos de gestão e gerenciamento de resíduos sólidos mostra-se como uma necessidade para sociedade atual à medida que as inconformidades ou inexistência desses processos geram impactos negativos para o ser humano. Em diversas situações essas falhas são fruto da falta de conscientização dos indivíduos sobre a importância do aperfeiçoamento da gestão e gerenciamento, e até mesmo do desconhecimento dos mecanismos existentes. A educação ambiental pode ser utilizada para o desenvolvimento de um ambiente mais favorável para a discussão e implementação dessas medidas. Nesse contexto, buscou-se desenvolver um trabalho de gestão dos resíduos sólidos com foco em educação ambiental a partir da caracterização dos resíduos sólidos de uma escola da rede pública de ensino fundamental II do município de Lorena (SP). A composição gravimétrica dos resíduos tem como principal componente os resíduos orgânicos (50,35%), seguido por papel (20,60%), rejeito (16,46%), plástico (9,46%) e metal (3,13%). Os 5 encontros temáticos realizados com alunos de uma turma do 9° ano do ensino fundamental foram estruturados em função da temática “resíduos sólidos” que foi explorada de forma lúdica e participativa, contando com jogos e dinâmicas. Após a realização dos encontros temáticos e da caracterização dos resíduos foi possível constatar que, de forma geral, a comunidade escolar apresenta determinado conhecimento em relação ao tema, mas não se motiva a discuti-lo ou até mesmo acredita ser uma situação irreversível. Como produto final a ser entregue à escola foi elaborada uma proposta de Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos composto por medidas de curto, médio e longo prazo que visam aprimorar o gerenciamento interno dos resíduos gerados na escola e, posteriormente, atuar ativamente no bairro onde está localizada. Todas as propostas elaboradas estão fundamentadas na importância da educação ambiental e devem contar com a participação da comunidade escolar do planejamento à execução e supervisão, para que haja um aumento do sentimento de pertencimento e consequentemente maior adesão as medidas propostas. Espera-se que o desenvolvimento do plano proposto contribua para um melhor gerenciamento dos resíduos sólidos da escola e para a formação de cidadãos mais conscientes e responsáveis pela proteção do meio ambiente; além de incentivar as demais escolas do município a buscarem um melhor gerenciamento dos resíduos por ela gerados. Palavras-chave: gestão de resíduos sólidos, Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, gestão participativa, educação ambiental.

Page 6: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

Sumário

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 6

2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 8

2.1 Objetivos específicos ................................................................................................... 8

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 9

3.1 Resíduos sólidos, definições e classificações .............................................................. 9

3.2 Cenário da geração de resíduos ................................................................................. 10

3.3 Tratamentos e destinações mais comuns ................................................................... 13

3.4 Plano de Gestão de Resíduos e o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de Lorena ............................................................................................................ 16

3.5 Educação ambiental (EA), definições e objetivos ..................................................... 18

3.6 Histórico da Educação Ambiental .............................................................................. 20

3.7 Educação ambiental nas escolas ................................................................................ 20

3. 8 Exemplos de trabalhos relacionados a gestão de resíduos sólidos e educação ambiental .......................................................................................................................... 22

4 METODOLOGIA ............................................................................................................. 25

4.1 Levantamento bibliográfico e documental ................................................................ 25

4.2 Caracterização dos resíduos gerados na escola .......................................................... 26

4.2.1 Entrevista com equipe de limpeza e diagnóstico do local .................................. 26

4.2.2 Coleta, separação e pesagem dos resíduos sólidos escolares .............................. 26

4.3 Elaboração de material de conscientização e execução de atividades lúdicas........... 27

4.3.1 Estágio de observação ......................................................................................... 27

4.3.2 Questionários ...................................................................................................... 28

4.3.3 Compostagem ..................................................................................................... 28

4.3.4 Encontros temáticos ............................................................................................ 29

4.4 Elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos dos Sólidos da escola ............ 30

5 RESULTADOS ................................................................................................................. 32

5.1 Caracterização dos resíduos sólidos .......................................................................... 32

5.1.1 Entrevista com equipe de limpeza e diagnóstico do local .................................. 32

5.1.2 Coleta, separação e pesagem dos resíduos sólidos escolares .............................. 36

5.1.3 Coleta, separação e pesagem dos resíduos sólidos do refeitório ........................ 39

5.2 Elaboração do material de conscientização ............................................................... 42

5.2.1 Estágio de observação ......................................................................................... 42

5.2.2 Questionário ........................................................................................................ 44

5.2.3 Compostagem ..................................................................................................... 48

5.3 Execução das atividades lúdicas ................................................................................ 51

5.3.1 Avaliação Encontro 1 .......................................................................................... 52

5.3.2 Avaliação Encontro 2 .......................................................................................... 54

5.3.3 Avaliação Encontro 3 .......................................................................................... 56

5.3.4 Avaliação Encontro 4 .......................................................................................... 58

5.3.5 Avaliação Encontro 5 .......................................................................................... 63

5.4 Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos ........................................................... 65

6. CONCLUSÕES ............................................................................................................... 66

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 68

APÊNDICES ....................................................................................................................... 72

Page 7: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

6

1 INTRODUÇÃO A sociedade contemporânea é marcada por ideais que incentivam cada vez mais hábitos de consumo intensificado. O crescimento acelerado da população só agrava essa situação, pois o aumento de indivíduos gera uma demanda de produção de bens e serviços que por sua vez geram cada vez mais resíduos na produção e consumo. Segundo Furnival1 (2007 apud FRANCO, 2012), os padrões de consumo estão relacionados à cultura, momento histórico, senso de conforto, modernidade e higiene. Resíduos que quando destinados inadequadamente geram riscos ao meio ambiente e à saúde pública (FRANCO, 2012). Franco (2012), afirma que os problemas ambientais não estão relacionados somente ao meio em que estão inseridos, são problemas também de cunho social, uma vez que as causas e as consequências são sociais. O ato de consumir está intimamente relacionado a essa realidade. Os incentivos para o aumento do consumismo são constantes, e tendem a alcançar especialmente o público infantil e infanto-juvenil, através das mídias e redes sociais, levando a uma maior produção e consequentemente aumento da geração de resíduos que podem gerar impactos para o meio e desse modo atingir negativamente a população. Segundo Campos e Souza (2003), pode-se observar uma mudança no comportamento e interações sociais não somente nas crianças e adolescentes, mas também em adultos em função das demandas apresentadas pela mídia, visando a formação de uma sociedade de consumo. A educação ambiental (EA) pode ser utilizada como ferramenta para o desenvolvimento de um ambiente favorável à conscientização e formação da responsabilidade social dos indivíduos quanto a gestão de resíduos sólidos. O desenvolvimento da consciência da importância da responsabilidade da participação da sociedade civil junto ao setor público na gestão de resíduos é um dos grandes benefícios da EA (ADRIANO; MURATA, 2015). Segundo Adriano e Murata (2015), as discussões sobre os problemas ambientais, assim como as reflexões sobre suas respectivas soluções estão vinculadas à escola no que diz respeito ao processo de socialização do aluno, na formação da responsabilidade de novos cidadãos. A introdução da EA torna-se uma ferramenta capaz de conscientizar a comunidade escolar das suas responsabilidades e direitos na temática ambiental e mais especificamente, nesse caso, quanto à gestão dos resíduos sólidos (GRS). Recentemente a Prefeitura Municipal de Lorena através da empresa Ampla Assessoria e Planejamento Ltda. concluiu o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS), o qual apresentou detalhadamente a situação atual da gestão dos resíduos sólidos do município, como a realização de uma caracterização qualitativa e quantitativa dos resíduos gerados; levantamento e avaliação dos tratamentos e destinações utilizados;

1 FURNIVAL, A. C. Dimensões culturais do consumo: reflexão para pensar o consumo sustentável. In: CINQUETTI, H. C. S.; LOGAREZZI, A. (Org.). Consumo e resíduo: fundamentos para trabalho educativo. São Carlos: EdUFSCar, 2006. p.61-84.

Page 8: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

7

identificação de legislações existentes e identificação do conteúdo existente relacionado à educação ambiental voltada para a gestão de resíduos. A partir do PMGIRS de Lorena é possível observar que o município já possui grande parte dos mecanismos de gestão de resíduos e que aqueles que ainda não existem estão em planejamento. Entretanto existem deficiências nos mecanismos derivados de uma série de problemas e entre eles está a falta de conscientização da população de diferentes faixas etárias que desconhece e/ou muitas vezes não tem interesse em fazer a gestão adequada de seus resíduos. Nesse contexto, este projeto tem por objetivo desenvolver um plano de gerenciamento dos resíduos sólidos de uma escola da rede pública de ensino fundamental II de Lorena com foco na educação ambiental acompanhado da comunidade escolar para que os conceitos, técnicas, atividades e experiências desenvolvidas possam ser facilmente disseminados para o restante da população visando a maior conscientização da importância da participação social junto à administração pública na gestão dos resíduos sólidos.

Page 9: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

8

2 OBJETIVOS Desenvolver um trabalho de gestão dos resíduos sólidos com foco em educação ambiental a partir da caracterização dos resíduos sólidos de uma escola da rede pública de ensino fundamental II do município de Lorena.

2.1 Objetivos específicos a) Realizar caracterização gravimétrica dos resíduos sólidos de uma escola da rede pública de ensino fundamental II do município de Lorena; b) Elaborar e executar atividades teóricas e lúdicas que deverão contribuir para um ambiente favorável de formação da responsabilidade socioambiental dos alunos, professores e funcionários da unidade escolar participante do projeto; c) Propor um plano de medidas de curto, médio e longo prazo para promoção de melhorias na gestão dos resíduos sólidos da escola.

Page 10: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

9

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Resíduos sólidos, definições e classificações De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT – NBR 10.004 (2004, p.1), pode-se definir resíduo sólido como:

Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível (ABNT, 2004).

A NBR 10.004 (2004) classifica os resíduos sólidos (RS) em perigosos (Classe I) e não-perigosos (Classe II) em função do grau de periculosidade; do risco que os resíduos podem oferecer à saúde pública e/ou ao meio em que estão inseridos. Em função da reatividade, a Classe II pode ser dividida em não-inertes (A), ou seja, resíduos que apresentem propriedades como: solubilidade em água combustibilidade e biodegradabilidade; e inertes (B), que são aqueles que, quando amostrados e submetidos a análise, não possuem seus constituintes solubilizados a concentrações que ultrapassem os padrões de potabilidade de água pura, exceto para sabor, dureza, turbidez e cor. A Política Nacional dos Resíduos Sólidos (2010), Lei Federal n° 12.305, também define os resíduos sólidos:

[..] material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível (BRASIL, 2010).

Conforme o Manual de Gerenciamento Integrado, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM, 2001), os resíduos sólidos também podem ser classificados conforme sua fonte geradora, sendo as principais: doméstico ou residencial, comercial, público, domiciliar especial (entulho de obras; pilhas e baterias; lâmpadas

Page 11: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

10

fluorescentes e pneus) e fontes especiais (industrial, radioativo; proveniente de portos, aeroportos e terminais rodoferroviários; agrícola e de serviços de saúde). Os resíduos podem ser ainda classificados conforme suas possibilidades de reaproveitamento (CASTILHO JÚNIOR2, 2003 apud FRANCO, 2012), conforme sua capacidade de ser reintroduzido no processo produtivo (D’ALMEIDA; VILHENA3, 2000 apud FRANCO, 2012) ou ainda conforme os responsáveis pela coleta tratamento, destinação e disposição final adequada conforme fez a prefeitura de São Paulo. Nesse sentido é de extrema importância a escolha do método de classificação baseada no intuito da análise, pois o conhecimento das propriedades dos resíduos facilita a seleção do tratamento ou destinação mais adequado (CASTILHOS JÚNIOR, 2003 apud FRANCO, 2012).

3.2 Cenário da geração de resíduos De acordo com a ABNT – NBR 10.004 (2004), a geração de resíduos domiciliares é de 0,5-1 kg resíduo/hab.dia, sendo 60% desse montante orgânico. Segundo ABRELPE (2015), estima-se que 79,9 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU) foram geradas em 2015 no território brasileiro, entretanto, cerca de 7,3 milhões de toneladas desse montante continuam sem coleta. No que diz respeito aos resíduos coletados, 58,7% seguiram para aterros sanitários, o que representa pequeno aumento em relação ao ano anterior que atingiu um o valor de 58,4%. Entretanto, cerca de 3.326 municípios brasileiros contribuíram para que aproximadamente 30 milhões de toneladas dos resíduos que foram coletados em todas as regiões do Brasil, não possuíssem destinação adequada, ou seja, fossem encaminhados para lixões e aterros controlados. Sendo que essas destinações são consideradas inadequadas por não apresentarem um conjunto de sistemas e medidas necessárias para que haja a prevenção de danos e degradações contra ao meio. Os custos relacionados à coleta, limpeza pública e destinação final dos RSU atingiu cerca de R$ 24,9 bilhões no ano de 2015 (ABRELPE, 2015). Na tabela 1 é apresentada a composição gravimétrica dos RS brasileiro, segundo o Instituto Nacional de Perícias de Engenharia e Auditorias (INPEA). Com base na tabela 1 pode-se observar que mais de 50% dos resíduos gerados no país são orgânicos e 31,9% são recicláveis; ou seja, grande parte do resíduo gerado no país poderia receber outros tipos de tratamentos que não a destinação final diretamente, como por exemplo, a compostagem, geração de energia e reciclagem. Essas medidas minimizariam os gastos públicos com aterros sanitários contribuiriam para a minimização dos impactos negativos relacionados à destinação final dos resíduos sólidos.

2 CASTILHO JÚNIOR, A.B. Resíduo sólido urbano: aterro sustentável para municípios de pequeno porte (Coord.). Rio de Janeiro: ABES, 2003.294 p. Projeto PROSAB. 3 D’ ALMEIDA, M. L. O.; VILHENA, A. Lixo municipal: manual de gerenciamento integrado. 2. ed. São Paulo: IPT/CEMPRE, 200.

Page 12: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

11

Tabela 1- Composição gravimétrica RSU Brasil.

Material

Participação (%) Quantidade (t/d)

2000 2008 Recicláveis 31,9 47.558 58.527 Orgânico 51,4 76.665 94.335 Outros 16,7 24.880 30.618 Total 100 149.094 183.418

Fonte: Adaptação (INPEA, 2012). De acordo com a ABRELPE (2015), a região Sudeste (SE) é responsável por mais da metade dos RSU gerados no país, entretanto também apresenta o maior percentual de cobertura desse tipo de serviço (Tabela 2).

Tabela 2- Quantidade de RSU coletado por região e total do Brasil. Regiões 2014 2015

RSU (t/dia) RSU (t/dia) Norte 12.458 12.692 Nordeste 43.330 43.894 Centro-Oeste 15.826 16.217 Sudeste 102.572 104.631 Sul 21.047 21.316 Brasil 195.233 198.750

Fonte: Adaptação (ABRELPE, 2015).

Com base nos dados da Tabela 2, observa-se que a quantidade de resíduo coletado na região SE é quase dez vezes a produção da região Norte (N). Isso se deve a inúmeros fatores, tais como números de habitantes da região, atividade produtiva, estilo de vida e até mesmo a estrutura de coleta, uma vez que os dados representam os resíduos coletados e não os gerados. A região SE gerou em média 107.375 t/dia de RSU no ano de 2015, o que equivale a 52, 6% dos resíduos gerados em todo o Brasil, ou seja, o somatório das médias de todas as demais regiões brasileiras não se equipara ao montante da região SE. A figura 1 apresenta o gráfico do índice de cobertura de RSU por região brasileira.

Page 13: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

12

Figura 1- Gráfico do índice de coleta de RSU (%).

Fonte: Adaptação (ABRELPE, 2015).

Conforme a figura 1, 97,4% dos resíduos da região SE foram coletados, apesar de 27% dessa parcela coletada, ou seja, 28.286 t/dia ainda serem destinados para aterros controlados ou lixões, possibilitando a contaminação do solo e da água da área onde estão dispostos, gerando impactos negativos para o meio e para as comunidades próximas. Ainda segundo o Gráfico 1, observar-se que as regiões S e SE apresentam os maiores índices de coleta, enquanto as regiões N e NE apresentam as menores cobertura, muito provavelmente pela falta de infraestrutura (ABRELPE, 2015). Uma questão importante a ser levantada refere-se à geração de empregos relacionados à gestão dos resíduos sólidos no Brasil. De acordo com dados da ABRELPE (2015) para a coleta dessa enorme quantidade de RSU é necessário um grande contingente de funcionários para o preenchimento de 353 mil postos de trabalho. O mercado da limpeza pública movimentou em 2015 cerca de R$ 27,5 bilhões, uma média R$10,00 por indivíduo a cada mês. Como pôde-se observar as demandas e estruturas apresentadas por cada região são diferentes, principalmente quando se compara regiões como N e SE. Dessa forma, a partir dos dados aqui apresentados, considera-se que além do planejamento em escala nacional é fundamental que seja realizado o planejamento para gestão local dos resíduos sólidos; visto que um plano nacional, sem considerar as especificidades locais, não contemplaria a diversidade de realidades existentes em relação à geração de resíduos em nível nacional.

Page 14: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

13

3.3 Tratamentos e destinações mais comuns Atualmente existe uma variedade de opções para o tratamento e destinação dos resíduos sólidos proporcionadas pelo desenvolvimento de novas tecnologias. Dentre as principais opções podem ser citados: aterros sanitários; aterros de resíduo da construção civil (RCC); aterros de resíduos perigosos; usinas de reciclagem de RCC; compostagem; reciclagem; reutilização; logística reversa; incineração e tratamentos específicos para resíduos radioativos, hospitalares e outros considerados perigosos (RUSSO, 2003; IBAM, 2001). Destas, são empregadas no município de Lorena: aterro sanitário, compostagem, aterro de RCC, reciclagem, logística reversa, as quais estão descritas a seguir. a) Aterro sanitário A Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT – NBR 8.419 (1992, p.1) define aterro sanitário como:

Técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se necessário (ABNT, 2004).

Paveloski et. al (2007) definem aterro sanitário como o processo para destinação final de RS no solo, normalmente lixo urbano, segundo critérios de engenharia e normas específicas. Hamada4 (2003, apud PAVELOSKI et al., 2007), considera que os aterros se caracterizam como uma forma segura de disposição dos resíduos devido ao alto número de especificações que devem ser seguidas, como sistemas de impermeabilização, drenagem e tratamento de efluentes líquidos e gasosos gerados na planta. Quando operado em coerência com as normas estabelecidas o aterro tem capacidade de minimizar os impactos ao ambiente em que foi inserido, apesar do comprometimento de uma extensa área para disposição dos resíduos, além do comprometimento do uso futuro da área (PAVELOSKI et al., 2007). b) Reciclagem

Segundo a Lei n° 12.305/2010, Art. 3°, inciso XIV da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) define-se reciclagem como:

4 HAMADA, J. Gerenciamento integrado de resíduos sólidos. São Vicente: CBH-BS; UNESP, 2003.

Page 15: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

14

[…] processo de transformação dos resíduos sólidos que envolve a alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à transformação em insumos ou novos produtos, observadas as condições e os padrões estabelecidos pelos órgãos competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS e do Suasa (BRASIL, 2010).

Devido à desigual distribuição de renda do mundo, alguns grupos menos favorecidos economicamente buscam remuneração através da coleta e venda de resíduos recicláveis existentes no lixo domiciliar. Alguns municípios, como Lorena, buscam dar um cunho social a esse trabalho, formando cooperativas de catadores atuando na separação dos recicláveis (PMGIRS). O trabalho desenvolvido por esses grupos traz uma série de benefícios para os cooperados tais como geração de renda e resgate da cidadania, além de otimizar a gestão de resíduos da cidade evitando que muitos resíduos sejam destinados inadequadamente e consequentemente gerando uma economia para o setor público. c) Compostagem A compostagem é um tratamento para resíduos orgânicos que é utilizado desde a História antiga, mas de forma empírica. Romanos, gregos e povos do oriente já utilizam a técnica visando o aumento da fertilidade do solo. Entretanto, foi somente em 1920, com Albert Howard, que o processo passou a ser estudado de forma científica e racionalizado (FERNANDES & SILVA, 1996). Conforme Fernandes e Silva (1996, p. 42) define-se compostagem como:

[...] bioxidação aeróbia exotérmica de um substrato orgânico heterogêneo, no estado sólido, caracterizado pela produção de CO2, água, liberação de substâncias minerais e formação de matéria orgânica estável (FERNANDES & SILVA, 1996).

A Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT – NBR 13.591 (1996, p.2) define compostagem como:

Processo de decomposição biológica da fração orgânica biodegradável dos resíduos, efetuado por uma população diversificada de organismos, em condições controladas de aerobiose e demais parâmetros, desenvolvido em duas etapas distintas: uma de degradação ativa e outra de maturação (ABNT, 1996).

Page 16: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

15

De acordo com Souto e Povinelli (2013, p. 581), a compostagem é “um processo de tratamento biológico aeróbio que transforma resíduos orgânicos em um material estabilizado, chamado de composto ou húmus”. É uma das técnicas que pode ser usada para tratar a fração orgânica dos resíduos sólidos urbanos nas mais diferentes escalas, a partir de tecnologias que envolvem processos convencionais (windrow), de leiras estáticas aeradas ou reatores aeróbios (usinas de compostagem). De forma prática pode-se considerar que a compostagem é um processo biológico pelo qual os resíduos orgânicos com características desagradáveis, como odor e contaminação por microrganismos patogênicos, transformam-se em composto; ou seja, transformam-se em um insumo agrícola de características não mais desagradáveis, mas sim favoráveis. Vale lembrar que, sendo um processo biológico, uma série de fatores como umidade, nutrientes e aeração devem ser controlados (FERNANDES; SILVA, 1996). Como apontado por Fernandes e Silva (1996) a compostagem vem sendo amplamente incentivada uma vez que pode ser realizada nos domicílios, escolas, condomínios e também pela própria administração pública. Como demonstrado anteriormente, a maior porcentagem de composição dos RS é dos orgânicos, logo a realização da compostagem pode diminuir consideravelmente o volume de resíduos que são destinados para os aterros ou destinados inadequadamente. Segundo Meira et al. (2012) deve-se respeitar uma proporção entre os resíduos orgânicos verdes e castanhos de 1 para 3 volumes respectivamente. Na tabela 3 a seguir são apresentados exemplos de resíduos orgânicos verdes, orgânicos e outros que não devem ser utilizados.

Tabela 3 – Resíduos orgânicos para compostagem Resíduos orgânicos

Verdes Castanhos Resíduos não indicados cascas de batata Feno carne, peixe, lacticínios e gorduras

restos de vegetais crus Palha queijo, manteiga e molhos

restos e cascas de frutos aparas de madeira e serragem resíduos de jardim tradados com

pesticidas cascas de frutos secos aparas de relva e erva seca planas doentes ou infectadas

borras de café folhas secas cinzas de carvão restos de pão ramos pequenos têxteis, tintas, pilhas

cascas de ovos esmagadas cinzas de madeira Medicamentos cereais e sacos de chá Recicláveis

Fonte: Adaptado de Meira et al. (2012)

Como vantagens de realizar-se a compostagem pode-se citar o reaproveitamento de cerca de 65% dos RSU urbanos como composto extremamente útil para desenvolvimento de cultivos e jardins, reciclagem dos nutrientes do solo e diminuição dos gastos públicos com triagem, armazenamento, transporte e destinação desse resíduo (MEIRA et al., 2012).

Page 17: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

16

d) Aterro de resíduos da construção civil

Entende-se por aterro de resíduos da construção civil, conforme a Resolução CONAMA n° 307 (2012):

[...] área onde serão empregadas técnicas de disposição de resíduos da construção civil Classe "A" no solo, visando a preservação de materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro e/ou futura utilização da área, utilizando princípios de engenharia para confiná-los ao menor volume possível, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente (BRASIL, 2002).

e) Logística reversa Segundo a Lei n° 12.305/2010, Art. 3° inciso XII da PNRS, entende logística reversa como:

[...] instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada (BRASIL, 2010).

A logística reversa visa a diminuição do volume de resíduos destinados aos aterros sanitários; prevenção contaminação do solo e água que entram em contato com tais resíduos e de impactos a saúde humana; além da economia do setor público com gastos de triagem, tratamento e destinação desses resíduos. Tais benefícios ocorrem através da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto. Por esse mecanismo entende-se que fica sob responsabilidade do setor público, ou titular responsável pela limpeza pública urbana; consumidores; comerciantes; distribuidores e importadores o manejo de resíduos, que apresentam potencial tóxico, como por exemplo, lâmpadas, pneus, pilhas e baterias, medicamentos e resíduos eletrônicos. Aos consumidores cabe a missão de encaminhar os resíduos aos comerciantes e assim sucessivamente até que os esses cheguem aos fabricantes. Por sua vez, os fabricantes devem encaminhar os resíduos não reutilizáveis para a destinação adequada (BRASIL, 2010).

3.4 Plano de Gestão de Resíduos e o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de Lorena A Lei 12.305 de 2010, Art.1° institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos com o objetivo de regularizar o acondicionamento, coleta, transporte, tratamento e destinação do RS no país. Nesse sentido a Lei faz uso de vários instrumentos, denominados planos de resíduos sólidos. De acordo com o artigo 14 da lei 12.305/2010, são estes:

Page 18: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

17

I - o Plano Nacional de Resíduos Sólidos; II - os planos estaduais de resíduos sólidos; III - os planos microrregionais de resíduos sólidos e os planos de resíduos sólidos de regiões metropolitanas ou aglomerações urbanas; IV - os planos intermunicipais de resíduos sólidos; V - os planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos; VI - os planos de gerenciamento de resíduos sólidos (BRASIL, 2010).

Os planos de resíduos sólidos têm como objetivo: o diagnóstico da situação atual dos resíduos sólidos; a proposição de cenários; elaboração metas de redução, reciclagem e outros mecanismos que diminuam a quantidade de resíduos encaminhados para disposição final; adoção de uma gestão regionalizada dos resíduos; desenvolvimento de projetos e ações que visem o atendimento das metas previstas; entre outras (BRASIL, 2010, Art. 15°). A minimização da geração de resíduos na fonte, a adequação da segregação na origem, controle e redução de riscos ao meio ambiente e assegurar a melhor destinação, conforme a legislação, são características do Plano de Gestão de Resíduos Sólidos (PGRS) (PARANÁ, 2016). A elaboração do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS) é a condição imposta pela Lei para que o Distrito Federal e os Municípios possam ter acesso a recursos da União que são destinados a serviços e empreendimentos relacionados ao manejo de resíduos sólidos e limpeza urbana, ou serem beneficiados por entidades federais. Para tanto, conforme a Lei 12.305/2010, Art. 19°, os planos devem apresentar: diagnóstico dos resíduos do município, considerando sua origem, volume, caracterização, destinações e disposições finais utilizadas; identificação de áreas que atendam as condições necessárias para serem utilizadas para a disposição final adequada, observando o plano diretor e zoneamento ambiental municipal; considerar a possibilidade de implementação de soluções consorciadas ou compartilhadas com outros municípios; levantamento dos resíduos sólidos e geradores que estejam sujeitos a planos de gerenciamento específicos, como a logística reversa; programas e ações para participação de grupos civis interessados, como cooperativas e associações de catadores de recicláveis compostas de preferência, por indivíduos de baixa renda; ações, projetos e programas que possuam como diretriz a não geração, redução, reutilização e reciclagem de resíduos; entre outros (BRASIL, 2010). Recentemente a Prefeitura Municipal de Lorena, através da empresa Ampla Assessoria e Planejamento Ltda, concluiu seu Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS). O estudo revelou que Lorena apresenta legislação pertinente a gestão de resíduos sólidos, entretanto há a necessidade de aprimorar as leis existentes, assim como a criação de novas leis a fim de adequar-se a PNRS, como: a elaboração de Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos dos geradores de resíduos perigosos e provenientes de serviços como: saneamento básico, da saúde, mineração, atividades agrosilvipastoris, construção civil e da indústria; incentivo a cooperativas e associações de catadores de

Page 19: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

18

recicláveis (PMGIRS, 2017). Vale lembrar, como definido por Schalchl et al. (2002), que a gestão de resíduos sólidos de ser entendida como o conjunto de atividades de decisão estratégicas e organização das instituições, políticas instrumentos e meios que visam a melhoria dos mecanismos para esse fim. Já o gerenciamento refere-se às tecnologias e fatores ambientais, econômicos, gerenciais, administrativos e desempenho (MODELO..., 2016 5 apud SCHALCHL et al., 2002). A empresa responsável pelo PMGRIS considerou que, genericamente, os serviços de coleta convencional de resíduos e limpeza urbana desenvolvidos pela prefeitura municipal de Lorena e suas prestadoras de serviço são satisfatórios, abrangendo todo o perímetro urbano e as principais vias rurais. Em relação aos resíduos da construção civil (RCC) não há adesão da população quanto ao descarte correto, sendo estes são comumente descartados de forma irregular em terrenos baldios ou desocupados no município. Ainda segundo o PMGRIS de Lorena, a coleta seletiva abrange todos os bairros da cidade conforme um cronograma que divide a coleta nos bairros por dias da semana. Entretanto apenas 1,2% dos resíduos recicláveis são encaminhados para a reciclagem, sendo mais de 50% desse montante proveniente das empresas da cidade e não das residências, ou seja, observa-se uma baixa adesão por parte da população. Segundo o Secretário do Meio Ambiente do município, a porcentagem de coleta dos recicláveis é baixa porque é feita atualmente por apenas um caminhão que pertence a prefeitura. Melhorias nesse processo são esperadas pois, conforme o Secretário, a empresa que obtiver a licença para coleta de RSU a partir do próximo processo licitatório para prestação deste serviço também será responsável pela coleta dos recicláveis. Outros aspectos positivos da GRS em Lorena foram apontados no PMGIRS: informativos sobre os dias e frequência da coleta dos resíduos; galpão da cooperativa de reciclagem (COOCAL) em boas condições; resíduos domiciliares enviados para aterro devidamente licenciado em Cachoeira Paulista; ação de reciclagem dos resíduos vegetais; existência de ecopontos para resíduos que necessitam de logística reversa; entre outros. Aspectos negativos também foram apontados: insuficiência da prestação de serviços de limpeza pública e falta de controle da gestão dos RCC. Considera-se que Lorena já possui grande parte dos mecanismos de gestão de resíduos e aqueles que ainda não existem estão em planejamento. Entretanto existem falhas nos processos derivados de uma série de problemas, dentre eles a falta de conscientização da população que desconhece e/ou não tem interesse em fazer a gestão adequada de seus resíduos.

3.5 Educação ambiental (EA), definições e objetivos Segundo a Lei Federal 9.795/99, que dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências,

5 Modelo de gestão de resíduos sólidos para a ação governamental no Brasil: aspectos institucionais, legais e financeiros. Projeto BRA/92/017, 1996

Page 20: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

19

Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, 1999).

A Lei 9.795/99 ainda estabelece objetivos que devem ser cumpridos pela EA: desenvolver uma compreensão do meio de modo integrado, considerando suas relações ecológicas, éticas, culturais, científicas, econômicas, sociais, políticas, legais e psicológicas; garantir que informações ambientais sejam democratizadas; estimular o desenvolvimento da consciência crítica em relação a problemática ambiental; estimular a construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, baseada na cooperação entre as diversas regiões do Brasil; fortalecer a integração com ciência e tecnologia através de fomento; fortalecer a cidadania fundamentada no futuro da humanidade (BRASIL, 1999). A EA pode ser classificada conforme seu público-alvo, sendo considerada formal quando no ambiente escolar e voltada para alunos e profissionais da área; ou não-formal, quando são desenvolvidas ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente (BRASIL, 1999). De acordo com a lei Política Nacional de Educação Ambiental, Art. 5º, são objetivos fundamentais da educação ambiental:

I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos; II - a garantia de democratização das informações ambientais; III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social; IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania; V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade; VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia; VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e

Page 21: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

20

solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade (BRASIL, 1999).

Para que esses objetivos sejam alcançados, a Lei 9.975/99 institui a criação da Política Nacional de Educação Ambiental, que envolve em sua esfera de ação, além dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, instituições educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, os órgãos públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e organizações não-governamentais com atuação em educação ambiental (BRASIL,1999).

A Política Nacional de Educação Ambiental atua na captação de recursos humanos, desenvolvimento de estudo, produção de material educativo além de acompanhar e avaliar as atividades relacionadas à EA (BRASIL, 1999).

3.6 Histórico da Educação Ambiental

Segundo Leff (2011), a questão ambiental surge no final da década de 60 como uma problemática contemporânea, caracterizada pelo fracionamento do conhecimento, logocentrismo e pela degradação do ambiente. Já na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo em 1972 reconhece-se que a solução para os problemas ambientais passa por uma reorganização do conhecimento. Mediante essa realidade propõe-se o desenvolvimento de uma educação holística da realidade e nos métodos interdisciplinares, ou seja, a educação ambiental. Assim, em 1975 é criado o Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA). O programa tinha como objetivo a incorporação da “dimensão ambiental” nos métodos de ensino, admitindo a transversalidade e complexidade das questões ambientais. Assim, no Brasil e em toda a América Latina, movimentações surgem para a desenvolvimento da EA (LEFF, 2011). No Brasil, a Lei Federal N° 9.795, de 27 de abril de 1999 institui a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) que estabelece normas e diretrizes para a EA. Entretanto os estados e cidades podem elaborar suas próprias leis desde que não violem a PNEA; e as leis estaduais, no caso das cidades. No estado de São Paulo, a Lei 12.780, de 30 de novembro de 2007 institui a Política Estadual de Educação Ambiental. No município de Lorena a Lei Ordinária N° 3.169 de 04 de setembro de 2007, autoriza a inserção da educação ambiental como prática educativa integrada, contínua e permanente no ensino básico.

3.7 Educação ambiental nas escolas Conforme Jacobi (2004), atualmente a informação assume um papel de importância, e a educação representa a possibilidade de sensibilização da sociedade para uma maior participação na proteção do meio ambiente. Neste contexto, a EA cumpre ainda um papel importante no desenvolvimento de hábitos mais sustentáveis e conscientes do ponto de

Page 22: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

21

vista ambiental. Um processo educativo compromissado com a sustentabilidade e participação baseado na interdependência de diferentes áreas de conhecimento não converge aos valores que norteiam as práticas sociais atuais, o que implicaria numa mudança na forma de pensar (JACOBI, 2004). Segundo Andrade (2014), a EA contribui para formação da coletividade e responsabilidade pelo mundo onde os indivíduos habitam, sendo assim uma questão política, pois demanda a interferência de cada um como cidadão na tomada de decisão para a sua respectiva comunidade. Ainda nesse contexto, e segundo o site6 das Relações Exteriores, pode-se dizer que a EA pode ser utilizada como ferramenta par ao cumprimento de metas de 6 dos 17 os objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) da ONU: 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades; 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos; 7. Assegurar a todos o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia; 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis; 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e os seus impactos. Segundo Andrade (2014), a EA pode ser entendida como função social da escola, uma vez que as questões ambientais estão inseridas em temas contemporâneos e necessitam de uma abordagem socioeducativa; ou seja, a interação entre várias áreas da ciência visando a formação de novos cidadãos atentos às questões que permeiam a realidade da sociedade a sua volta. Para tanto, destacam-se aspectos importantes do processo de EA como: entendimento do ser humano como parte inseparável e integralmente dependente do meio em que está inserido; a conscientização e capacitação dos professores para abordar a temática ambiental de forma transversal; e a continuidade dos projetos, uma vez que atividades sazonais não se apresentam efetivas por um período determinado. Para Jacobi (2004), a construção de um futuro sustentável exige uma reflexão cada vez menos linear, ou seja, é necessário que haja cada vez mais interações entre saber e práticas coletivas. Muitos programas de EA são pouco ou nada eficientes devido ao teor educativo das ações e formulações propostas, gerando dicotomias e reducionismos. Assim, é necessário atentar para que EA não seja trabalhada como um conteúdo estático inserido na vivência escolar. O ambiente escolar é permeado por inúmeras realidades e problemáticas que devem ser trabalhados de forma interdepende e não isolada. O autor ainda conclui que os professores, enquanto educadores tem um papel de incentivar as transformações que visam a transformação de valores sustentáveis. Vale ressaltar que, a EA demanda conhecimento para assimilar processos sociais complexos e riscos ambientais, uma vez que as ações pedagógicas dessa linha são voltadas para conscientização, mudança de comportamento, capacidade de avaliação e participação (JACOBI, 2004). Dessa forma, os educadores não devem atuar como donos da verdade, 6 http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/desenvolvimento-sustentavel-e-meio-ambiente/134-objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-ods

Page 23: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

22

mas sim como conselheiros das atividades a serem desenvolvidas, só assim atingindo o equilíbrio que novas práticas podem ser introduzidas (HIGUCHI; AZEVEDO, 2004). Neste contexto, torna-se fundamental capacitação adequada desses profissionais. Segundo Viégas e Guimarães (2004), a processo de EA encontra-se incompleto, pois as atividades desenvolvidas são focadas na transmissão de conhecimentos ecologicamente corretos e de fato a maiorias das crianças que frequentam as escolas têm a consciência da importância de preservar o meio ambiente. No entanto, essa consciência não é convertida em mudança de hábitos. Ainda assim, as práticas que geram a conscientização (consciência + ação) são voltadas muitas vezes para o indivíduo. Mesmo que aquele indivíduo seja capaz de agir de modo mais sustentável vai continuar a existir a sua volta uma sociedade que não contribui e muitas vezes compromete essas atividades. Ainda segundo os autores é necessário um conjunto de inter-relações educativas que visam promover a transformação do indivíduo e da realidade a sua volta. Segundo Morrin7 (1997 apud VIÉGAS ; GUIMARÃES, 2004), a ineficiência da EA é fruto do modelo de ciência que é difundido nas escolas, “simplifica, reduz, separa”, sendo que o ideal seria interligar os conceitos, a problemática ambiental é, na verdade, socioambiental. Para Higuchi e Azevedo (2004), no caso da EA é importante ter conhecimento do modo de pensar, aprender, agir e da relação dos indivíduos com seu meio. A percepção de um mesmo fato pode ser diferente para cada indivíduo em função da procedência, etnia, religião, política, classe social, escolaridade, etc. Os indivíduos devem ser capacitados conforme suas necessidades, estimular suas habilidades particulares e capacitá-los com habilidades que permitam ações sociais para a construção da cidadania ambiental. Assim, buscando o desenvolvimento de práticas e ações que estimulam a criatividade e a inserção efetiva da EA em escolas do nível fundamental de ensino diversas iniciativas foram desenvolvidas nos últimos anos.

3. 8 Exemplos de trabalhos relacionados a gestão de resíduos sólidos e educação ambiental O trabalho desenvolvido por Flor et al. (2001) em um grupo escolar no município de Campina Grande – PB buscava caracterizar os resíduos sólidos gerados pela comunidade escolar, com o intuito de contribuir para a implantação de um sistema de coleta seletiva. Para tanto foi realizado um período de observação para verificação da gestão e gerenciamento utilizados e uma caracterização dos resíduos que resultou na seguinte composição gravimétrica: 56% resíduos orgânicos, 16% papel, 13% plástico e 15% outros. A partir da análise dos dados, os autores apontam a implantação da coleta seletiva e de um trabalho de EA como as ferramentas necessárias para estimular a mudança de hábitos da comunidade.

7 MORIN, E. Articular saberes. Alves, N.; Garcia, R. L.(Org) In: O SENTIDO da escola. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. p. 65-80.

Page 24: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

23

Na cidade de Queimadas – PB, Cabral et al. (2002), desenvolveram um trabalho de caracterização e verificação do acondicionamento e destinação dos resíduos sólidos de uma escola municipal de ensino fundamental com o intuito de propor alternativas para os problemas relacionados a essa temática. Os dados foram obtidos a partir de estágio de observação, entrevistas não estruturadas e coleta e análise dos resíduos, segundo a qual o lixo escolar é composto 39% por resíduos orgânicos, 17% metal, 8% plástico, 9 % papel e 27% de outros tipos. A partir da análise dos resultados obtidos, os autores indicaram a falta de compreensão dos indivíduos em relação a importância da gestão adequada dos resíduos, fruto da falta de uma EA mais efetiva, já prevista na Lei 9795/99. Oliveira et al. (2005), desenvolveram a caracterização dos resíduos sólidos gerados em uma escola pública de Campina Grande – PB, através da observação do gerenciamento vigente, encontros mensais com funcionários e pais. Realizou-se também a caracterização dos resíduos para contribuir na determinação do modelo de gestão a ser adotado pela escola estudada. Como resultado da caracterização obteve-se: 31,2% resíduos orgânicos, 26,9% papel, 23,6% não recicláveis e 18,3% plásticos. As autoras incidam a importância da EA como ferramenta para a melhoria da gestão, fundamentada na Política Nacional e Estadual de Educação Ambiental. O trabalho desenvolvido por Araújo e Viana (2012), consistiu na caracterização e quantificação dos resíduos gerados na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH-USP) em 2011; processo de altíssima importância para a elaboração de um plano de gestão desses resíduos para a unidade. O diagnóstico ocorreu com base em informações fornecidas pelos funcionários, observações in loco, além da coleta e análise dos resíduos. Como resultado observou-se uma fração de resíduos orgânico igual a 84,2%. Além da necessidade em melhorias na infraestrutura e equipamentos para gestão adequada, os autores concluíram que programas de coleta seletiva, compostagem e EA são fundamentais para promover a conscientização da comunidade, principalmente no que tange os 3R’s. Adriano e Murata (2015) desenvolveram um trabalho de gestão de resíduos sólidos de duas escolas da rede pública do município de Marinhos – PR. A pesquisa, desenvolvida como trabalho de Iniciação Científica (IC), tinha por objetivo quantificar e caracterizar os resíduos sólidos gerados nas escolas visando a elaboração de medidas de gestão, como estímulo e ações de EA. Além de um diagnóstico da gestão atual dos resíduos gerados na escola, obteve-se a composição dos resíduos, sendo predominantemente orgânica (igual a 57%), seguidos por 17% de rejeito, 15% plástico e 11% papel. Como conclusão constatou-se a necessidade da realização de cursos de capacitação, como foco em EA, com o intuito de disseminar o conhecimento sobre o tema e estimular mudanças de comportamento e percepção. Segundo Klippel (2015), as unidades de ensino comparam-se a pequenos núcleos urbanos devido a variedade de classes dos resíduos gerados diariamente, e por isso deve-se atentar para o seu gerenciamento. Desse modo o trabalho desenvolvido pela autora na cidade de Foz do Iguaçu – SP, buscou avaliar o sistema de GRS da escola vigente até o momento.

Page 25: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

24

Realizou-se a avaliação com base no estágio de observação, questionários aos funcionários e composição gravimétrica, obtendo-se como resultado o valor de 74,51% de resíduos orgânicos. Conforme a autora existe a possibilidade de melhoria no atual sistema de gerenciamento. Para tanto, indica-se a utilização da reciclagem e compostagem aliadas a processos de EA como ferramentas que visam minimizar a quantidade de resíduos encaminhados para o setor público. O trabalho desenvolvido por Maia e Molina (2015) em uma escola pública de Ponta Porã – MS teve por objetivo a caracterização dos resíduos gerados com o intuito de subsidiar a implantação de medidas mais sustentáveis na escola. Através de pesquisa quali-quantitativa, além da separação e pesagem do lixo gerado obteve-se uma composição média com ênfase nos resíduos orgânicos (61,5%), seguidos dos outros (14%), papel (12%), plástico (7%) e alumínio (5,5%). A partir da análise dos dados pôde-se concluir que são necessárias melhorias no gerenciamento dos resíduos embasadas em técnicas voltadas para a EA. Araújo (2014) desenvolveu seu trabalho sobre gestão dos resíduos sólidos em duas escolas, sendo uma da rede privada e outra da rede pública de ensino da cidade de Uberaba. Sua análise contemplou a delegação de responsabilidades no processo de gestão, o conhecimento prévio das instituições em relação ao tema e a determinação do papel do setor público, nesse caso a prefeitura, para com o processo. A partir dos resultados obtidos da pesquisa bibliográfica, entrevistas com funcionários e gestores, estágio de observação dos hábitos e questionários para os alunos, o autor apontou lacunas da gestão dos resíduos sólidos, como por exemplo, a falta de conhecimento sobre o tema e ausência de incentivos por parte do setor público. Uma vez determinados, esses fatores devem ser melhor explorados para que a gestão possa ser bem realizada, principalmente nos centros educacionais, devido a sua alta importância na formação da cidadania e preocupação ambiental dos alunos. Pode-se observar que apesar da distância geográfica entre as escolas estudadas, os resultados mostram-se bastante semelhantes no diz respeito as falhas na gestão dos resíduos sólidos, a necessidade da minimização e descarte correto dos resíduos. Muitas das inconformidades apontadas são consequência da falta de planejamento e conscientização da comunidade escolar. Nesse contexto, a EA pode ser utilizada como uma ferramenta para desenvolvimento de uma consciência mais participativa, e alinhada com as normas vigentes, dos alunos, professores e funcionários na gestão dos resíduos sólidos da escola.

Page 26: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

25

4 METODOLOGIA

O fluxograma da figura 2 resumi a metodologia utilizada para o desenvolvimento das

atividades e a inter-relação entre as etapas do processo.

Figura 2 – Fluxograma das etapas da metodologia.

Fonte: do autor.

O levantamento bibliográfico, caracterização dos resíduos sólidos, somados a elaboração do material de conscientização e execução de atividades lúdicas foram utilizados para compor o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) entregue a escola. É

importante ressaltar que as etapas do processo não aconteceram em ordem cronológica.

4.1 Levantamento bibliográfico e documental

Realizou-se a revisão da literatura relacionada aos temas pertinentes ao desenvolvimento do projeto, tais como: legislação relacionada à educação ambiental e à gestão de resíduos sólidos, caracterização de resíduos, técnicas de tratamento de resíduos, elaboração de planos de gerenciamento de resíduos sólidos, processo de ensino aprendizagem, abordagens lúdicas no ensino fundamental, dentre outros em artigos, teses, dissertações, livros, manuais técnicos, planos municipais, documentos oficiais e bibliotecas digitais. Dessa forma o material selecionado serviu como base para a caracterização dos resíduos

Page 27: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

26

sólidos, a elaboração do material dos encontros, das práticas aplicadas na escola e do plano de gestão de resíduos sólidos da escola onde realizou-se o projeto.

4.2 Caracterização dos resíduos gerados na escola

Segundo Maia e Molina (2015), tomar conhecimento dos problemas que contribuem para a geração de resíduos é subsidiar as ações a serem tomadas para implementação de novas propostas educativas. Nesse contexto, com o intuito de auxiliar na composição do Plano de gestão dos resíduos da escola, realizou-se a caracterização dos resíduos gerados na unidade através da separação e pesagem, conforme a NBR 10.007/2004 e entrevistas não-estruturadas com funcionários da limpeza, cantina e refeitório buscando conhecer a realidade do processo, as deficiências dos mecanismos utilizados, da periodicidade da coleta dos resíduos da escola pelo setor de limpeza pública de Lorena, da geração de resíduos e hábitos da comunidade escolar em relação ao tema.

4.2.1 Entrevista com equipe de limpeza e diagnóstico do local Antes do início da pesagem dos resíduos gerados na escola foi realizada uma reunião com a equipe de limpeza do local a fim de compreender o processo de limpeza e coleta dos resíduos, a frequência do procedimento, cronograma das atividades, local onde os resíduos são armazenados e periodicidade da coleta pela equipe de limpeza pública, além das deficiências do processo. Utilizou-se de uma entrevista não-estruturada para obtenção das respostas. Uma vez conhecida a frequência de recolhimento dos resíduos da escola, foi determinado o melhor horário, conforme a disponibilidade da escola, para que fosse realizado o recolhimento, separação e pesagem dos resíduos gerados. Além da entrevista com a equipe de limpeza, ocorreu uma avaliação da situação do descarte de resíduos gerados na escola, quantidade e tipo de lixeiras, hábito de descarte dos alunos e verificação do conteúdo interno das lixeiras da coleta seletiva. As lixeiras verificadas estavam localizadas na área externa e pátio, uma vez que apresentam a maior geração de resíduos em quantidade e diversidade, por ser o local onde os alunos realizam suas refeições. As lixeiras provenientes das salas de aulas e setor administrativo não foram analisadas. A avaliação pretendia identificar quais tipos de resíduos eram descartados em cada lixeira.

4.2.2 Coleta, separação e pesagem dos resíduos sólidos escolares A coleta, separação e pesagem dos resíduos ocorreu durante 5 dias consecutivos, do dia 18 ao dia 22 de setembro de 2017 sempre as 17:00 h, pois segundo a equipe, nesse horário a limpeza da escola já haveria sido concluída e os rejeitos estariam prontos para serem encaminhados para o local onde são coletados pela equipe de limpeza municipal. Os resíduos foram pesados, separados em orgânicos (resíduos de alimentos, folhas e galhos de árvores), papel (folhas de caderno, papelão, cartolina, embalagens tetrapack®, etc), plástico (garrafas pet, canudos, embalagens, etc), metal (latas de alumínio, papel-alumínio,

Page 28: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

27

etc) e rejeito (madeiras, isopor, bituca de cigarro, resíduos dos banheiros, poeira, cabelo, terra, etc). Mesmo o isopor e as bitucas de cigarro sendo materiais que podem ser recicláveis, classificou-os como rejeito, pois em Lorena não há profissionais ou empresas que realizam esse processo. Separou-se os resíduos em sacos para que após o término da separação os mesmos fossem pesados individualmente, segundo separação proposta. Para a pesagem de ambas as etapas foi utilizada uma balança marca Scale com capacidade máxima de 22 kg e precisão de 125 g, conforme a figura 3.

Figura 3 – Balança utilizada para a pesagem.

Fonte: do autor.

4.3 Elaboração de material de conscientização e execução de atividades lúdicas Em paralelo a caracterização dos resíduos foram realizados encontros temáticos com foco na gestão dos resíduos sólidos com o intuito de despertar nos alunos o interesse em discutir sobre a temática, apresentar-lhes questões pertinentes a sua realidade e mecanismos para a melhoria da gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos. Antes do início da realização dos encontros, e com o intuito de auxiliar na composição das atividades, ocorram um estágio de observação e execução de questionários para os alunos e professores.

4.3.1 Estágio de observação Inicialmente ocorreu um período de estágio de observação da rotina, ações pedagógicas, vivências da comunidade escolar e relacionamento entre discentes e docentes, a fim de conhecer o ambiente escolar e nortear as atividades que seriam desenvolvidas, assim como

Page 29: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

28

recomendado por Higuchi e Azevedo (2004). Baseou-se a observação no roteiro proposto por Andrade (2014) que se encontra no apêndice A, com o intuito de avaliar-se os sujeitos, cenário e comportamento social. A observação ocorreu durante aulas normais previamente determinadas pelo aluno responsável do projeto, direção e professora colaboradora da escola.

4.3.2 Questionários Visando avaliar o conhecimento prévio dos alunos sobre a temática a ser abordada no projeto, foi aplicado, ao final do período de estágio de observação, um questionário (Apêndice B), conforme proposto por Andrade (2014) e Siqueira (2017). Além de avaliar o conhecimento dos alunos, utilizou-se os questionários como indicador para possíveis mudanças necessárias na metodologia a ser aplicada nos encontros. Os professores e a direção da escola também foram convidados a responder seus respectivos questionários, baseados nos modelos elaborados por Andrade (2014) e que se encontram nos apêndices C e D. Aplicou-se esses questionários com o intuito de avaliar o conhecimento dos professores e direção em relação ao tema e também a importância dada pelos mesmos aos respectivos assuntos.

4.3.3 Compostagem Com o intuito de poder exemplificar o processo de compostagem para os alunos envolvidos no projeto, no dia 22 de setembro de 2017 teve início a construção de uma composteira utilizando os resíduos orgânicos compostáveis provenientes do refeitório, além de galhos e folhas secas coletados na área externa na própria escola. Os resíduos foram adicionados em camadas na proporção de 3:1, 3 partes de resíduos orgânicos castanhos e 1 parte de resíduos verdes, conforme proposto por Meira et al. (2012).

Adicionou-se os resíduos em camadas sobrepostas, iniciando e concluindo-se por uma camada de resíduos castanhos, a um cilindro metálico sem fundo, instalado na área externa da escola, conforme a figura 4. Apesar de ser um local completamente sem cobertura, o cilindro foi posicionado abaixo da copa das árvores com o intuito de minimizar fatores externos, tais como radiação solar e precipitações. Para o controle do processo optou-se por acompanhar semanalmente os parâmetros: odor, umidade e temperatura, conforme a metodologia proposta por Meira et al. (2012): a) Temperatura O controle da temperatura ocorreu utilizando uma barra de ferro e o tato. Primeiramente uma barra de ferro era adicionada ao interior da composteria por 10 minutos. Se após esse tempo estipulado a barra estivesse fria, a pilha deveria ser revirada e mais resíduos orgânicos verdes adicionados para acelerar o processo. Caso a barra estivesse muito

Page 30: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

29

quente, a ponto de não ser possível segurá-la, a pilha deveria ser reduzida de tamanho e revirá-la, pois, haveria excesso de resíduos do tipo verde. b) Umidade O controle da umidade da pilha ocorreu através do tato. Apanhava-se uma porção do composto até a formação de um “bolo”. Em caso de falta de umidade seria adicionado água; já em caso de excesso de umidade deveria ser adicionado mais material castanho seco a composteira. c) Odor O odor proveniente da composteira foi controlado pelo olfato. O odor de podridão pode ocorrer em função: do excesso de umidade (nesse caso, recomenda-se o revolvimento da pilha e adição de material castanho seco); do tamanho excessivo da pilha (recomenda-se a diminuição da pilha); e da alta granulometria das partículas (nesta situação, recomendasse picar os resíduos antes de adicioná-los a composteira). O odor de amônia pode ocorrer em função do excesso de resíduos orgânicos verdes, e nesse caso recomenda-se a adição de resíduos castanhos a pilha.

Figura 4 – Localização da composteira na escola.

Fonte: do autor.

4.3.4 Encontros temáticos Para elaboração do material utilizado durante os encontros considerou-se os vários processos da educação ambiental: sensibilização, compreensão, responsabilidade,

Page 31: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

30

competência e cidadania ambientais, conforme recomendações de Smyth (1995) e Cornelius et al. (2011). Os temas escolhidos para os encontros foram os seguintes: Encontro 1: Apresentação do projeto e introdução ao tema “Integração do ser humano ao meio ambiente”. Encontro 2: “5R’s e consumo consciente”. Encontro 3: “Destinações corretas e impactos da destinação inadequada de resíduos”. Encontro 4: “Visita ao Parque Ecológico do Taboão e a empresa Valecap pneus de Lorena.” Encontro 5: “Primeiro passo”. Exceto pelos Encontros 4 e 5, que trataram de atividades específicas, cada encontro teve duração de 50 minutos divididos em três fases, conforme proposto por Bohrer et al. (2009):

Tabela 4 – Divisão temporal de cada encontro.

Fase Tempo (%) Objetivos 1 10 a 20 Motivação, integração e concentração 2 65 a 70 Sensibilização, experimentação cognição 3 15 a 20 Reflexão e proposição

Fonte: Adaptação (BOHRER et al., 2009). O material, as atividades e roteiros dos encontros foram elaborados através de uma linguagem visual, lúdica e de fácil compreensão para alunos de faixa etária de 14 a 17 anos matriculados em uma turma de ensino fundamental II da rede pública de ensino de Lorena. Em geral, foram utilizados recursos de multimídia (slides, vídeos), materiais recicláveis, dentre outros para a utilização durante as aulas.

Para cada encontro definiu-se uma dinâmica própria, sendo que foram necessários alguns ajustes na divisão do tempo de cada fase proposta por Bohrer et al (2009) em função da receptividade e participação dos alunos nas atividades. Em síntese, todos os encontros contaram com dinâmicas e jogos que, além de despertarem o interesse dos alunos, conduziram as fases de reflexão de cada aula. Optou-se por não nomear os encontros como “aulas” para que não houvesse associação entre o “estereótipo” das aulas convencionais e as atividades desenvolvidas no âmbito deste trabalho. O roteiro detalhado de cada aula é apresentado no apêndice E.

4.4 Elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos dos Sólidos da escola

Elaborou-se o Plano Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) da escola com base no diagnóstico realizado a partir da análise gravimétrica, das entrevistas com funcionários, questionários aplicados aos alunos, professores e direção e de propostas apresentadas pelos alunos da própria escola e dos responsáveis pelo projeto. É importante ressaltar que o plano elaborado não tem valor legal, uma vez que somente profissionais habilitados podem ser considerados como responsáveis pelo PGRS.

Page 32: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

31

O plano conta com o resultado do diagnóstico dos resíduos gerados na escola e propostas para melhoria na gestão dos resíduos e atividades a serem desenvolvidas a curto, médio e longo prazo com foco em uma gestão participativa tomando a educação ambiental como ferramenta para estruturação das práticas com base no que é proposto na Lei Federal n° 12.305/2010. Como modelo para a elaboração do plano utilizou-se o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos nas Escolas Paranaenses de 2016, elaborado pelo governo do estado do Paraná.

Page 33: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

32

5 RESULTADOS A tentativa inicial de desenvolver o projeto em uma escola municipal foi inviabilizada devido ao tempo que os trâmites burocráticos demandariam. Desse modo, optou-se por uma secular e tradicional escola pública de Lorena, atualmente sob a administração da Secretaria da Educação do estado de São Paulo. Localizada na região central do município, a escola conta com 17 salas de aula, laboratório de informática, sala dos professores, quadra de esportes coberta, cozinha, sala de leitura e estrutura para alunos com deficiência ou mobilidade reduzida, além das salas administrativas, segundo o site da escola. Em entrevista com o diretor da unidade, constatou-se que o corpo docente é composto por 93 professores, enquanto o corpo discente conta com aproximadamente 1.100 alunos matriculados até o presente momento que se encontram divididos em 33 turmas de ensino fundamental, médio e supletivo. A escola funciona durante os três turnos: matutino, vespertino e noturno. Para manter o funcionamento, a escola conta com 30 funcionários para as mais diversas funções, como por exemplo: limpeza, supervisão dos alunos, preparo de refeições e funções administrativas.

5.1 Caracterização dos resíduos sólidos A caracterização dos resíduos é um importante elemento na composição do PGRS. O conhecimento da quantidade e características dos resíduos gerados auxilia na elaboração das medidas do plano. Antes do início da coleta e pesagem dos resíduos gerados na escola, realizou-se uma reunião como os funcionários da equipe de limpeza para conhecer o processo, entender suas fragilidades e determinar os detalhes sobre o recolhimento, separação e pesagem desses resíduos.

5.1.1 Entrevista com equipe de limpeza e diagnóstico do local A equipe de limpeza da escola é composta por oito funcionárias. No entanto, devido a problemas de saúde, somente quatro funcionárias estavam atuando no período que compreendeu as visitas à escola; número que, segundo elas é insuficiente para a limpeza adequada da escola. A limpeza das salas de aula ocorre três vezes ao dia, antes das aulas matinais, antes das aulas vespertinas e antes da aula noturnas. A limpeza da área administrativa, banheiros, pátio e área externa ocorre entre os horários de limpeza das salas de aula. Após a observação do pátio e salas de aula, pôde-se constatar que de fato a limpeza não está sendo realizada de forma efetiva. As figuras 5 (a,b,c e d) representam a situação do pátio da escola.

Page 34: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

33

Figura 5 - Exemplo de descarte incorreto de resíduos no pátio da escola.

(a)

(b)

Fonte: do autor.

(c)

Fonte: do autor.

Fonte: do autor.

(d)

Fonte: do autor

Page 35: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

34

A observação da situação da limpeza do pátio da escola foi realizada em dias não específicos ao decorrer do desenvolvimento do projeto. As imagens acima foram utilizadas como representação do observado em todos os dias de visita. O pátio e a área externa encontravam-se sujos e com vários resíduos, principalmente embalagens de alimentos descartados em toda sua extensão, chegando ao ponto de ser possível encontrar um prato plástico, utilizado para servir as refeições aos alunos, dentro de uma lixeira. A figura 5- d foi retirada próxima à área da quadra de esportes da unidade, local onde alguns alunos, em sua maioria no período noturno, encontram-se para fumar, caracterizando a área como a região com a maior quantidade de resíduos de cigarros de toda a escola. Atualmente a escola possui 6 lixeiras comuns no pátio, 1 lixeira em cada sala e mais 6 distribuídas pelos corredores, área externa e recepção de visitantes; além das lixeiras encontradas na área administrativa e banheiros. O único conjunto de lixeiras para a coleta seletiva está instalado na região central do pátio. Entretanto, ao investigar o interior das lixeiras pôde-se observar que pouquíssimos resíduos são descartados corretamente. As figuras 6 e 7 representam a disposição das lixeiras da coleta seletiva e o interior dos recipientes.

Figura 6 – Lixeira coleta seletiva.

Fonte: do autor.

Page 36: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

35

Figura 7 – Interior das lixeiras de coleta seletiva.

Como pode ser observado nas imagens acima, os resíduos não são descartados corretamente conforma o tipo de lixeira. A Figura 7 - a representa a lixeira destinada ao

(a) (b)

(c) (d)

Fonte: do autor. Fonte: do autor.

Fonte: do autor. Fonte: do autor.

Page 37: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

36

descarte de papel, e quando analisada, apesar de alguns resíduos plásticos, a lixeira continha os resíduos corretos. Afigura b representa a lixeira destinada ao descarte dos plásticos; entretanto outros resíduos podem ser observados em seu interior, inclusive um prato do refeitório, que mesmo sendo plástico não deveria ter sido descartado, mas sim entregue a funcionária do refeitório para controle da perda de material. As figuras c e d, representam as lixeiras para descarte de vidro e metais. No entanto, não foi possível encontrar esse tipo de resíduo nos recipientes que estavam ocupados, em sua maioria, com resíduos plásticos e papel. Os resíduos coletados em toda a escola são adicionados a sacos maiores, sem separação, e armazenados temporariamente a céu aberto até o momento de serem enviados para um local fora do perímetro da escola. O recolhimento de todo o resíduo é feito pela equipe de limpeza pública do município, sendo o destino final do resíduo um aterro sanitário localizado no município de Cachoeira Paulista. A figura 8 representa o local de armazenagem temporária.

Figura 8 – Local de armazenagem temporária dos resíduos.

Fonte: do autor. O local é descoberto, exposto a intempéries climáticas, vandalismo ou até mesmo ataque de animais peçonhentos e domésticos. Além disso, pequenos resíduos que caem dos sacos permanecem sob a grama. Diariamente os resíduos são encaminhados para a área externa da escola em condições semelhantes as apresentadas acima, mas dessa vez na calçada.

5.1.2 Coleta, separação e pesagem dos resíduos sólidos escolares O montante de resíduos separado e pesado continha os resíduos de toda a escola gerados

Page 38: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

37

das 17:00 h do dia anterior até o mesmo horário do dia da análise, exceto pelos resíduos das segundas-feiras, que representavam o montante gerando após as 17:00 h sexta-feira anterior até o mesmo horário das segunda-feira. Os resíduos foram pesados, separados em papel, plástico, metal, orgânico e rejeito e pesados novamente. A tabela 5 apresenta o resultado final da pesagem dos resíduos.

Tabela 5 – Massa dos resíduos coletados no mês de setembro de 2017.

Resíduos (kg) Dias de coleta

18 19 20 21 22 Total antes da separação 23,35 39,60 21,55 40,05 40,45

Orgânico 13,75 17,75 11,25 20,25 19,00 Papel 4,75 8,05 2,80 10,60 7,35

Plástico 2,50 3,10 2,40 4,15 3,25 Metal 0,75 1,25 0,60 0,25 2,25

Rejeito 2,00 9,35 4,25 4,10 7,10 Total após a separação 23,75 39,50 21,30 39,35 38,95

Fonte: do autor. Durante a semana de coleta a comunidade escolar gerou um total de 162, 85 kg de resíduos sólidos. Considerando 200 dias letivos, a escola em estudo geraria aproximadamente 6.514 kg de resíduos em 1 ano. Vale lembrar que essa estimativa não considera os resíduos das podas de árvores e folhas caídas que são retirados da escola sem periodicidade. Conforme o número de alunos obtido na entrevista com o diretor da escola e o resultado da pesagem, encontrou-se uma média de menos de 30 g/pessoa.dia. Embora seja baixa, essa média não pode ser considerada representativa, pois o número real de alunos que comparecem as aulas não é 1.100 indivíduos por dia. A geração de resíduos na escola não pode ser considerada uniforme durante a semana em estudo, pois varia aproximadamente entre 21 e 40 kg, em função da frequência dos alunos e das variadas atividades desenvolvidas pela comunidade escolar, como exemplo no dia 21 de setembro de 2017. Nesse dia realizou-se a eliminação de uma grande quantidade de papel que estava armazenado, o que acarretou em um volume de papel maior do que os demais dias e uma influência no peso total dos resíduos. Apesar da variação na pesagem dos resíduos pôde-se observar que em todos os dias a massa dos resíduos orgânicos mostrou-se maior do que a dos demais, principalmente em função dos resíduos gerados pelo refeitório da escola. Os dias com maior geração de resíduos orgânicos foram os dias com maior massa total de resíduos pesados. Tal observação exigiu a análise dos resíduos provenientes do refeitório, que pode ser observada no item 2.3. A composição gravimétrica média dos resíduos coletados durante a semana na escola pode ser definida como: 50,35% orgânico (16,4 kg), 20,60% papel (6,71 kg), 9,46% plástico (3,08 kg), 3,13% metal (1,02 kg) e 16,46% rejeito (5,36 kg). A figura 9 apresenta a média da composição gravimétrica dos resíduos coletados durante a semana.

Page 39: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

38

Figura 9 – Gráfico da composição gravimétrica média dos resíduos gerados (%).

Fonte: do autor. Compondo mais de 50% dos resíduos gerados na escola, a parcela dos orgânicos mostrou-se maior do que a dos demais, principalmente em função dos resíduos gerados pelo refeitório da escola, como já foi dito. Pôde-se observar também uma parcela de galhos e folhas que foram coletados pela equipe de limpeza, mas em quantidade (massa) inferior à dos resíduos do refeitório. Em seguida, o papel é o resíduo mais gerado, proveniente principalmente das salas de aula e setor administrativo. O resíduo de plástico gerado na escola é composto, principalmente, por embalagens de alimentos e bebidas consumidas pela comunidade escolar; já o metal corresponde principalmente a latas de bebidas, consumidas durante o expediente, e também de alimentos utilizados no preparo das refeições. A quantidade dos rejeitos gerados pode ser atribuída ao fato de não haver uma separação adequada dos resíduos. Pequenos pedaços de plástico, papel e resíduos orgânicos encontravam-se misturados de forma que inviabilizava a separação e, portanto, foram destinados como rejeito, sendo que esta classe deveria conter apenas resíduos que deveriam ser encaminhados para a destinação final, como resíduos de banheiros, terra, poeira e bitucas de cigarros. A figura 10 apresenta a comparação entre os valores aqui apresentados e os valores

Page 40: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

39

encontrados por outros autores em relação à composição gravimétrica dos resíduos sólidos produzidos em escolas a nível nacional. Figura 10 – Gráfico da composição gravimétrica dos resíduos sólidos produzidos em algumas escolas a nível

nacional.

Fonte: do autor. A comparação entre os valores e os trabalhos de outros pesquisadores mostra que, existem variações entre a composição dos resíduos nas diferentes unidades de ensino em diferentes localidades do país. No entanto, os resíduos orgânicos são sempre os responsáveis pela maior parcela da composição, normalmente seguidos por papel ou rejeito.

5.1.3 Coleta, separação e pesagem dos resíduos sólidos do refeitório O refeitório da escola produz refeições para todos os alunos durante os três períodos de funcionamento (matutino, vespertino e noturno), contando com o trabalho de 3 funcionárias: 1 nos períodos matutino e vespertino e 2 para o período noturno. A figura 11 apresenta o refeitório.

Page 41: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

40

Figura 11- Refeitório.

Fonte: do autor. Devido à maior quantidade dos resíduos orgânicos na composição dos resíduos totais da escola, optou-se por realizar uma análise individual desses resíduos que não estava prevista inicialmente. Os resíduos foram coletados do refeitório da escola durante 3 dias, sempre após as refeições, do dia 24 a 26 de outubro de 2017, conforme o cronograma da tabela 6.

Tabela 6 – Cronograma da avaliação dos resíduos sólidos do refeitório. Dia de coleta

Período 23/10/17 24/10/17 25/10/17 26/10/17 27/10/17 Matutino X X X

Vespertino X X X

Noturno X X X Fonte: do autor. Para um mesmo dia foram verificadas, após cada refeição, a taxa de desperdício estaria relacionada com o período. Os resíduos foram separados em compostáveis e não-compostáveis e anotou-se a massa utilizando a mesma balança exibida na figura 3. A massa dos alimentos utilizados no preparo das refeições também foi anotada. O gráfico da figura 12 apresenta o resultado da pesagem.

Page 42: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

41

Figura 12 – Gráfico da pesagem dos resíduos do refeitório no mês de outubro de 2017.

Fonte: do autor. Durante a semana em estudo foram preparados aproximadamente 193,6 kg de alimentos. Destes, 32,1 kg foram descartados como rejeito, mas apenas 0,75 kg desse montante poderia ser utilizado para compostagem. Isso se deve ao fato de que em nenhum dos dias de estudo terem sido utilizados alimentos frescos para a produção das refeições, exceto no período noturno do dia 24 de outubro de 2017, dia no qual foi servido salada de alface. A taxa de desperdício média dos dias de estudo é de 16,6%, sendo que o período vespertino do dia 26 de outubro de 2017 apresentou a maior taxa, 43,95%. Segundo a responsável pelas refeições nesse período, tal valor é devido a reprovação dos alunos em relação ao cardápio, o que pode ser evidenciado pelo fato desse dia ser o dia com maior taxa de desperdício média, 30,98%. A tabela 7 apresenta a relação entre o cardápio do refeitório e a taxa de desperdício observada em cada período

Total (kg) a) Preparo = 193,58 b) Rejeito: - compostável: 0,75 - não-compostável: 31,35

Page 43: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

42

Tabela 7 – Relação entre cardápio e taxa de desperdício.

Dias de coleta Taxa de desperdício (%) Cardápio

24/10/17 Matutino 8,54

Macarrão à bolonhesa Vespertino 16,46 Noturno 8,99

Média diária 11,33

25/10/17 Matutino 20,09

Estrogonofe de carne e arroz Vespertino 18,33 Noturno 9,35

Média diária 15,92

26/10/17 Matutino 32,96

Macarrão com moela de frango Vespertino 43,95 Noturno 16,05

Média diária 30,98 Fonte: do autor.

5.2 Elaboração do material de conscientização

5.2.1 Estágio de observação Para a realização das atividades relacionadas a EA a escola indicou o 9° ano B do ensino fundamental II, uma das turmas com melhor rendimento da escola, segundo a direção e professora colaboradora do projeto. Esses alunos foram escolhidos, pois as características listadas poderiam auxiliar no desenvolvimento das atividades. Antes do início dos encontros, realizou-se um estágio de observação buscando a análise e conhecimento das particularidades do local onde as práticas seriam realizadas, rotina escolar, ações pedagógicas e da vivência docente/discente, conforme roteiro proposto por Andrade (2014) (apêndice A). As observações auxiliaram nos ajustes necessários a metodologia dos encontros, uma vez que inicialmente as atividades haviam sido elaboradas para crianças de 7 a 10 anos. O estágio ocorreu durante os dias 29 de agosto de 2017 e 11 de setembro de 2017 em aulas previamente determinadas pelo responsável do projeto, orientadora e direção da escola (Tabela 8), mediante autorização que se encontra no apêndice F. No mesmo apêndice podem ser visualizadas as demais solicitações e autorizações entregues aos alunos e direção para o desenvolvimento das atividades.

Tabela 8 – Cronograma do estágio de observação. Data Horário Disciplina Turma 1 29/08/17 14:40 – 15:30 Língua Portuguesa

9°ano B

2 30/08//17 16:40 – 17:30 Ciências 3 04/09/17 13:00 – 13:50 Artes 4 04/09/17 13:50 – 14:40 Língua Portuguesa 5 06/09/17 13:50 – 14:40 Ciências 6 11/09/17 13:00 – 13:50 Artes 7 11/09/17 13:50 – 14:40 Língua Portuguesa

Fonte: do autor.

Page 44: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

43

a) Sujeitos (metodologia) Os sujeitos do projeto são alunos do 9° ano B de uma escola pública estadual do município de Lorena – SP. Dos 26 alunos matriculados, a quantidade de alunos que estava presente nos dias observados variou entre 10 e 19 alunos. Os dias com mais presenças foram as segundas e terças-feiras. Os dias com menor presença foram as quartas-feiras. Entretanto, é importante ressaltar que os dias com menos alunos presentes antecediam dias sem aula, o que provavelmente teve influência nas ausências. A idade média dos alunos da turma é 15,4 anos, sendo que a faixa etária varia entre 14 e 17 anos; o que provavelmente pode ser justificado pela reprovação ou atraso em ingressar na escola de alguns alunos, uma vez que faixa etária esperada era entre os 14 e 15 anos. Entre os hábitos mais comumente observados entre os alunos pode-se destacar o excesso de conversas paralelas, utilização de celular para ouvir músicas e/ou aplicativos de “bate-papo”, liberdade para levantarem-se a todo tempo, permanecer fora da sala de aula durante as atividades e linguagem inapropriada entre os colegas e professores, com o uso de palavras vulgares e de baixo calão e atitudes rudes e/ou grosseiras.

b) Cenário A sala de aula onde ocorrem as aulas para a turma participante do projeto possui carteiras suficientes para todos os alunos, mesa para os professores, ventiladores e lousa. Entretanto, as lousas, paredes e carteiras encontram-se vandalizadas e pichadas, provavelmente pelos próprios alunos, dessa turma ou de outra. Assim que os alunos entram, as carteiras da sala que estavam devidamente alinhadas são organizadas conforme o gosto dos alunos, que segundo os funcionários da limpeza, raramente voltam a organizá-las. Segundo uma funcionária, se questionados os alunos comumente respondem que a organização das salas é responsabilidade dos funcionários e não dos alunos. A programação determinada para o estágio de observação previa 3 aulas de Língua Portuguesa, 2 aulas de Arte e 2 aulas de Ciências ao longo do período de aula. Entretanto, somente 2 aulas ocorreram como o esperado. Parte do tempo das demais aulas foi utilizado para reposição de aulas de outras disciplinas cujos professores estavam disponíveis, e em outra parte os alunos ficaram livres na escola, podendo escolher onde passariam esse período: na sala de aula, pátio ou quadra poliesportiva, sem um responsável para supervisioná-los. Observou-se que a ausência excessiva de professores representa grandes desafios à escola, chegando ao ponto do professor substituto de Língua Portuguesa ser substituído pelo professor de Matemática em uma aula. A ausência rotineira por parte dos professores pode ter influência na falta de comprometimento dos alunos observada durante o estágio de observação e os encontros. De forma geral as aulas assistidas seguem uma metodologia tradicional, com aulas expositivas ou de atividades utilizando os mesmos recursos: lousa, cadernos, livros e mapas. Não se observou variações nas metodologias de ensino/aprendizagem que pudessem estimular a turma.

Page 45: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

44

c) Comportamento social

Durante todo o período de estágio pôde ser observado que os alunos não têm o hábito de se manterem sentados durante todo o período das aulas. Normalmente eles pedem para sair, levantam-se e agrupam as carteiras da forma e no momento que assim julgarem melhor. Devido ao estado de conservação das carteiras e lousas é possível se concluir que o aluno não tem um alto zelo pelo ambiente de estudo. Em relação a geração e destinação de resíduos sólidos durante as aulas, foi observado que nem todos os alunos fazem o descarte de folhas de papel e embalagem de alimentos na lixeira da sala. O relacionamento entre os alunos da sala pode ser considerado bom. Em nenhum momento, durante os 7 dias do estágio ocorreram desentendimentos ou brigas; pelo contrário, o excesso de brincadeiras que compromete as atividades. Entretanto, foi possível observar a formação de grupos menores de alunos que apresentam mais afinidade, sendo que apenas 2 alunos demonstraram aparentemente não fazer parte de nenhum grupo e ficam isolados entre si. A relação com os professores pode ser definida como inconstante, variando conforme o professor. O pior comportamento foi observado com o professor substituto, que foi desrespeitado em vários momentos e não conseguiu compartilhar o conteúdo proposto. De forma geral os alunos não respeitam a autoridade do professor, os quais muitas vezes apresentaram dificuldade em transmitir o conteúdo ou explicar a atividade proposta devido a dispersão dos alunos. Os alunos demonstraram mais respeito pelo professor de Matemática que, substituindo o professor substituto de português, realizou um ditado. De forma geral, a turma não demonstrou seriedade com o desenvolvimento das atividades propostas. A demora para que as atividades fossem iniciadas era comum e muitas vezes os alunos apresentaram dificuldade em compreender o que estava sendo proposto. Enquanto alguns demoravam poucos minutos para entregar o resultado final, alguns não haviam iniciado ainda. Quando solicitados para apresentação das atividades para correção pouquíssimos alunos o fizeram. A falta de comprometimento e compreensão também podem ser atribuídas ao uso excessivo de aparelho celular e música durante o desenvolvimento das atividades, inclusive durante a realização de uma avaliação (durante a aula do professor substituto), além das conversas incessantes durante quase todo o tempo das aulas. Constatou-se também um desinteresse muito grande pelos conteúdos e pela forma como são expostos.

5.2.2 Questionário

a) Questionário socioeconômico e de nivelamento do conhecimento prévio dos alunos Aplicou-se o questionário de nivelamento aos alunos (apêndice B) no dia 14 de setembro de 2017 como uma atividade da disciplina de Ciências, dentro do tempo cedido pela professora responsável da disciplina. Dos 26 alunos matriculados, somente 20 alunos estavam presentes nesse dia, um número maior do que o observado em qualquer dia do estágio de observação. As duas primeiras questões estavam relacionadas ao bairro onde os alunos residiam e a composição do seu núcleo familiar. A partir das respostas pôde-se observar que por ser

Page 46: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

45

uma escola localizada na região central da cidade, existem alunos residentes tanto no bairro centro como residentes em bairros distantes do local, como o bairro Vila dos comerciários. Sendo que os núcleos familiares são compostos, em sua maioria, por 4 pessoas. O conteúdo das questões de 3 a 6 fazem referência aos hábitos dos alunos e suas famílias em relação aos resíduos sólidos e sua gestão. Segundo as respostas fornecidas pelos alunos, na maioria das residências os resíduos são descartados sem separação e coletados pelo serviço de limpeza pública da cidade. Em relação a frequência da coleta as respostas mais assinaladas foram b (40%) e d (40%) que correspondem respectivamente a “Sim, até três vezes por semana.” e “Não e não tenho interesse em saber.” Quando questionados sobre descarte irregular de resíduos em terrenos baldios, apenas 3 alunos (15%) afirmaram ter realizado esse tipo de descarte pelo menos uma vez. Metade dos alunos afirmaram realizar o descarte sem nenhum tipo de reaproveitamento, enquanto a outra metade dividiu-se entre realizar compostagem e separar recicláveis, seja para catadores ou para a venda da própria família. A tabela 9 apresenta o resumo das alternativas assinaladas pelos alunos para essas questões.

Tabela 9 – Resumo das respostas das questões de 3 a 6 em porcentagem (%).

Questão Alternativas

a b C d e f 3 8 0 15 8 62 8 4 5 40 10 40 5 - 5 5 5 5 60 25 - 6 50 15 10 25 0 -

Fonte: autoral.” -”: alternativa inexistente. As questões 7 e 8 relacionavam-se a importância em se estudar o meio ambiente e desempenho da escola em tratar sobre o tema “meio ambiente”. As respostas mais assinaladas para a questão 7 relacionam-se a salvar o meio ambiente e construir um mundo melhor. Quando questionados se a escola trabalhava o tema de forma eficiente 13 dos 20 responderam que não, sendo que apenas 6 alunos justificaram sua resposta. Os demais alegaram não saber ou simplesmente não responderam. Um dos alunos escreveu “Sei lá”. Tal resposta e a atitude desse e dos demais alunos que não se deram ao trabalho de elaborar uma justificativa podem ser consideradas como exemplos da falta de interesse e motivação dos alunos em tratar sobre o tema. Os alunos que responderam à questão 8 afirmaram que a melhoria no modo de ensinar sobre o meio ambiente poderia ocorrer caso houvesse um momento específico para conversar e trabalhar o tema, sob a orientação de alguém dessa área. A tabela 10 apresenta um resumo das respostas para as questões 7 e 8.

Tabela 10 – Resumo das respostas das questões de 7 e 8 em porcentagem (%).

Questão Alternativas

a b c d e 7 0 21 3 24 52 8 35 65 - - -

Fonte: autoral. “-”: alternativa não existente.

Page 47: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

46

A questão 9 solicitava que alunos resumissem a gestão de resíduos sólidos em uma frase. Dos 20 alunos somente 4 responderam; sendo que as respostas podem ser resumidas em coletar o lixo, separar o lixo corretamente ou separar e reciclar o lixo. Os demais alunos não responderam ou responderam “não sei”. Apenas uma aluna alegou não ter entendido a questão. As questões de 10 a 17 objetivavam avaliar o conhecimento prévio dos alunos em relação aos temas que seriam abordados durante o desenvolvimento das atividades do projeto. A tabela 11 representa um resumo das respostas obtidas.

Tabela 11 –Resumo das respostas das questões de 10 a 17 em porcentagem (%).

Alternativas

Questão a b c d E f G h i 10 22,35 12,94 8,24 5,88 12,94 14,12 7,06 4,71 11,76 11 0,00 6,98 46,51 18,60 27,91 0,00 0,00 - - 12 25,00 17,86 28,57 3,57 25,00 - - - - 13 35,00 20,00 10,00 5,00 30,00 - - - - 14 0,00 21,21 12,12 21,21 6,06 3,03 0,00 36,36 - 15 15,00 20,00 5,00 45,00 15,00 - - - - 16 30,00 40,00 0,00 15,00 15,00 - - - - 17 22,00 20,00 14,00 18,00 10,00 8,00 2,00 6,00 0,00

Fonte: autoral. “-”: alternativa não existente;

Quando questionados, na questão 10, sobre elementos que fazem parte do meio ambiente as alterativas com mais 50% de aceitação relacionam-se ao meio ambiente natural, ou seja, elementos presentes na natureza. Para a questão 11, onde questionava-se quais atividades poderiam gerar impactos negativos para o meio, poucos alunos tiveram a percepção que atividades como usar celular, ou simplesmente alimentar-se podem trazer consequências para o meio, sendo que nenhum aluno assinalou a alternativa “alimentar-se”. Para a questão 12, espera-se que as alternativas e (Acredito que o consumismo agrava a geração de resíduos e busco adotar medidas para minimizá-las.) apresentasse uma porcentagem mais significativa por ser considerada a alternativa mais correta. No entanto, apenas 7 assinalaram a alternativa e (25%). Dos 9 alunos que assinalaram conhecer pelo menos um dos 3R’s, na questão 13, apenas um não citou qual seria, os demais responderam corretamente. A resposta mais assinalada da questão 14, foi a reciclagem com 12 marcações. Entretanto, a alternativa dos aterros sanitários foi apontada apenas 3 vezes, sendo menos escolhida do que as alternativas dos caminhões de lixo, lixões e aterros controlados. Quando questionados qual a cor correta da lixeira do papel, na questão 15, a resposta mais assinalada foi amarela, sendo que resposta correta seria a alternativa b (azul) com apenas 20%. Sobre a compostagem, apenas 3 alunos afirmaram conhecer e realizar a compostagem em suas residências. Na última questão, os alunos deveriam assinalar as alternativas que contivessem elementos que podem ser compostados. As alternativas a (Restos de comida no geral) com 22%, b (cascas de frutas) com 20% e d (Terra) com 18%, foram as mais assinaladas, entretanto alguns alunos assinalaram as alternativas que continham papel, vidro e plástico.

Page 48: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

47

A partir da análise das respostas obtidas pelo questionário de nivelamento constatou-se que nenhum dos temas que viriam a ser abordados nos encontros era de total domínio da turma, o que possibilitou que os conteúdos fossem mantidos. Foi possível identificar também a falta de interesse e empenho dos alunos para o desenvolvimento de atividades como questionários de perguntas, comprovada pela alta quantidade de respostas em branco ou frases como “Não sei” “Não saber”, “Sei lá”. Essa última observação gerou uma revisão da metodologia dos encontros a fim de minimizar ao máximo as atividades desse gênero.

b) Questionários aplicados aos professores e direção

Com o intuito de avaliar a visão dos professores em relação a temática do projeto, aplicou-se um questionário (apêndice C) nos dias 18 e 19 de setembro de 2017, durante a reunião semanal da Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC). Durante os dois dias foram coletadas 18 respostas. Devido à dificuldade em determinar-se um horário para entrevista com a direção, optou-se por entregar o questionário (apêndice D) para os responsáveis que deveria ser recolhido na semana seguinte, entretanto por duas vezes os responsáveis solicitaram o adiamento da entrega, pois não haviam respondido. Alcançou-se o objetivo somente na terceira tentativa, quando o responsável pelo projeto permaneceu junto do diretor até o término do preenchimento do questionário. Aproveitou-se o momento para a coleta de alguns dados, como, número de professores, alunos, funcionários e turmas, que iriam compor o item 5.1 deste trabalho. Em relação ao questionário aplicado aos professores, a primeira questão referia-se à participação do professor em algum projeto de educação ambiental no semestre. De todos os participantes somente a professora colaboradora deste projeto assinalou como “sim”. Caso a resposta para essa questão fosse não, os professores poderiam partir diretamente para as questões dissertativas no verso da folha, como foram orientados. Dois dos professores que responderam não para a primeira questão não responderam as dissertativas, consciente ou inconscientemente, restando apenas 17 questionários para serem avaliados. Para a questão relacionada aos objetivos da escola quanto ao desenvolvimento de projetos que contenham um viés de educação ambiental (questão 2), 5 professores não responderam, 1 alegou que os objetivos não foram determinados e um 1 afirmou não conhecer o projeto. Considerou-se que essas respostas refletem a falta de entendimento da questão. As demais respostas caracterizam-se por valores como construção da cidadania dos alunos, preservação do meio ambiente, melhoria nos relacionamentos interpessoais e disseminação do conhecimento para os alunos de modo a ser aplicado em suas vidas. Quando questionados sobre a importância da educação ambiental para comunidade escolar as respostas fundamentaram-se principalmente na preservação do meio ambiente, melhoria do espaço de vivência, exercício da cidadania e desenvolvimento de consciência que pode levar a mudança de hábitos. Das 18 respostas obtidas para essa pergunta, 4 foram consideradas inadequadas, sendo que 3 delas não eram condizentes com a pergunta e uma estava em branco. Para a questão 4 os professores foram questionados se poderiam apresentar alguma ideia de projeto que envolvesse a temática da educação ambiental para ser desenvolvido na

Page 49: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

48

escola. Dos 16 professores que responderam a questão, 7 disseram não ter ideias para projetos, 5 apresentaram respostas consideradas inadequadas por não responderem a pergunta. Das 4 repostas que continham ideias de projetos, dois incentivaram trabalhos com coleta seletiva, um o desenvolvimento de uma Feira de Ciências e uma professora sugeriu o desenvolvimento de uma horta vertical para que fossem trabalhados vários temas como compostagem, saúde, nutrição e qualidade de vida. A mesma professora também destacou a importância de projetos que envolvam os resíduos sólidos. A última questão referia-se a importância de uma gestão adequada dos resíduos sólidos. Em geral as respostas podem ser resumidas em: menos impactos ao meio, destinação e separação adequada dos resíduos, conhecimentos dos mecanismos de tratamento, vivência dos 3R’s, sustentabilidade e tomada de consciência que os recursos naturais são finitos. A partir das repostas obtidas e do comportamento dos professores ao participarem da atividade pôde-se constatar que apesar de os professores apresentarem um nível de conhecimento maior do que o dos alunos em relação ao tema há também um desinteresse por parte dos mesmos em discutir e realizar atividades que não façam parte da sua rotina. Com base em alguns comentários feitos pelos professores durante a avaliação, foi possível constatar que muitos encontram-se desestimulados e desacreditados devido as dificuldades encontradas no processo de educação dos alunos, como por exemplo, falta de infraestrutura e material, falta de interesse e respeito por parte dos alunos. A falta de interesse, de ambos dos lados da comunidade escolar, acaba gerando um ciclo que não contribui para o desenvolvimento de melhorias no conteúdo abordado e nem na forma como é abordado. Durante o preenchimento do questionário aplicado à direção da escola pôde-se observar que em intervalo de 10 minutos o diretor foi interrompido pelo menos por 3 vezes para solucionar problemas administrativos, o que pode justificar as solicitações feitas anteriormente para adiar a entrega, uma vez que atividades desenvolvidas por ele demandam muito tempo. Devido ao curto período de tempo que o diretor dispunha para preencher o questionário, o responsável pelo projeto sugeriu que as questões fossem resumidas de forma sucinta, apenas com os conceitos chave. A questão 1 e 5, que se relacionavam à realização de projetos que se envolvessem EA na escola durante o semestre, foi respondida em função deste projeto, o único em desenvolvimento na escola. As respostas para as questões 3, 4 e 6 podem ser resumidas em “conscientização”. Para a questão 7, o diretor respondeu não haver nenhuma ideia de projeto que envolva a EA para a escola.

5.2.3 Compostagem No dia 22 de setembro de 2017 iniciou-se o processo de compostagem, conforme proposto no item 4.3 deste trabalho. Devido à falta de resíduos orgânicos compostáveis originados na própria escola, semanalmente o responsável responsabilizou-se por adquirir mais resíduos para serem adicionados a composteira, como cascas de frutas e legumes. Todos os resíduos adicionados foram cortados em unidades de aproximadamente 3,5 x 3,5 cm para evitar que sofressem compactação e também para acelerar o processo de decomposição, conforme a figura 13.

Page 50: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

49

Figura 13 – Cascas de frutas cortadas para a composteira.

Fonte: do autor. A temperatura, umidade e odor da composteira eram analisados a cada semana. Em nenhuma das cinco semanas foi observada a presença de odores que pudessem indicar inconformidade no processo. Entretanto, a temperatura foi considerada baixa em todas semanas, e por isso houve a necessidade de se adicionar mais resíduos em todas as ocasiões. A falta de umidade pôde ser observada nas três primeiras semanas, muito provavelmente devido à falta de chuva no período. Para minimizar esse efeito a cada adição de resíduos a composteira, os mesmos eram homogeneizados e umedecidos até o ponto apropriado. A adição de matéria a composteira ocorreu até o dia 23 de outubro de 2017, dia em que aconteceu o último encontro temático com os alunos. A figura 14 representa o interior da composteira no dia 26 de outubro de 2017. As folhas verdes que podem ser observadas na camada superior haviam caído da copa das árvores do local onde o recipiente estava localizado.

Page 51: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

50

Figura 14 - Interior da composteira.

Fonte: do autor. Após essa data a pilha não recebeu mais resíduos e deverá ser reservada por, no mínimo dois meses, até atingir o ponto de maturação. Após esse período o composto poderá ser peneirado e utilizado, caso seja do interesse da escola, conforme a metodologia indicada por Meira et al. (2012), ou seja, aplicado, na proporção de 3 partes de solo para 1 parte de composto, uma vez ao ano em média. Durante o processo de compostagem por mais de uma vez pôde-se observar que a composterira havia sido alterada por ação de pessoas que não estavam relacionadas ao projeto, a ponto de depositarem resíduos dentro da composteira, como pode ser observado na figura 15.

Page 52: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

51

Figura 15 – Violação da composteira.

Fonte: do autor. Um cano de pvc foi despositado no interior da composteria, assim como o depósito inadvertido dos resíduos da varrição do local, que mesmo sendo resíduos orgânicos podem comprometer o desempenho do processo pelo desequilíbrio de resíduos castanhos.

5.3 Execução das atividades lúdicas

Os encontros foram realizados em uma sala especial da escola que dispunha de alguns recursos como data-show e sistema de som. Optou-se por utilizar essa sala durante os encontros para que os alunos pudessem conhecer e utilizar ferramentas que não são comuns no cotidiano escolar. O próprio fato das atividades não serem realizadas na respectiva sala, na qual os alunos estão todos os dias, favorece o aumento da curiosidade em relação ao que será desenvolvido, segundo a professora colaboradora do projeto. Os encontros contaram com a presença média de 16 alunos por dia. A figura 16 apresenta o gráfico do número de alunos que participaram de 1 a 5 encontros. O roteiros dos encontros encontram-se no apêndice E.

Page 53: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

52

Figura 16 – Gráfico da frequência dos alunos nos encontros.

Fonte: do autor.

Dos 26 alunos matriculados na turma, apenas 7 alunos participaram de todos os encontros, sendo esses os alunos que mais apresentaram resultados positivos nas avaliações das atividades. Mais de 50% da turma participou de 3 ou menos encontros, fator que pode ter influenciado na compreensão do conteúdo abordado e consequentemente no impacto gerado. Por exemplo, durante a realização do E3, pôde-se observar que os alunos que estiveram presentes no E1, mas ausentes no E2, apesentaram uma participação e rendimento menores do que os que estiveram presentes no E2.

5.3.1 Avaliação Encontro 1 O tema do primeiro foi escolhido com o intuito de auxiliar no entendimento dos alunos em relação ao pertencimento do ser humano ao meio. Como afirma Andrade (2014), a falta dessa percepção pode ser apontada como um motivo para a falta de êxito de vários trabalhos relacionados a EA. Uma vez que os indivíduos não se consideram como parte do meio, seu interesse na preservação deste é reduzido. Durante a Fase 1 os alunos foram convidados para sentar-se em roda no chão, mas três alunos se recusaram e optaram por ficar isolados. Em relação a finalidade dos crachás, pode-se dizer que estes se fizeram úteis para aproximar os alunos do responsável do projeto. Todos os alunos escreveram seus nomes ou apelidos nos crachás e alguns deles passaram a chamar o responsável pelo nome no crachá. Enquanto ocorria a elaboração dos crachás, os alunos receberam uma breve explicação sobre o projeto e sua importância. Além disso buscou-se romper a imagem de “professor”, uma vez que o responsável pelo projeto não era um professor licenciado e não ministrou

Page 54: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

53

aulas, mas sim encontros temáticos. Apesar do interesse em demonstrar proximidade com os alunos as ferramentas para manutenção da ordem e silêncio foram apresentadas e bem recebidas por parte dos alunos. Em relação ao “apito” uma das alunas solicitou que o mesmo ficasse sob seus cuidados durante o encontro, e a solicitação foi aceita após reforçar como e quando o objeto deveria ser utilizado, repetiu-se a medida nos demais encontros. Na realização da dinâmica, na Fase 2, até mesmo os alunos que estavam isolados aceitaram participar. Após divisão da turma em dois grupos, formou-se a roda e a teia facilmente e 4 alunos, dois de cada equipe, foram entrelaçados pelo barbante. Quando convidados a se movimentar os alunos não conseguiam realizar seus movimentos sem que os movimentos fossem percebidos por alunos que estavam segurando as extremidades do barbante. Um dos alunos questionou se eles poderiam movimentar os fios para facilitar a locomoção dos companheiros, tal atitude foi permitida para que suas implicações fossem discutidas posteriormente. Após o término da dinâmica os alunos foram convidados a sentarem nos seus lugares para que a reflexão fosse iniciada. Inicialmente os alunos alegaram não ter entendido o significado ou finalidade da dinâmica, mas aos poucos, algumas respostas foram elaboradas. Uma das alunas disse que somente quando eles se ajudaram o movimento dos companheiros foi possível, o que representa a interdependência entre as pessoas. Quando a finalidade da dinâmica foi revelada uma aluna disse ter pensado nessa resposta, mas até então não havia se manifestado. Posteriormente teve início a discussão sobre o meio ambiente embasada pelas seguintes questões: “O que é o meio ambiente? (Definição e exemplos de elementos que o compõe)”, “O ser humano faz parte do meio ambiente? Por quê? (Justificativa e exemplos)” e “Nossas ações podem interferir no meio ambiente? Por quê? Como? (Justificativa e exemplos)”. Para auxiliar na discussão foram exibidas algumas imagens que exemplificassem a discussão. Conforme as questões foram sendo realizadas e as respostas começaram a ser elaboradas, os alunos eram indagados individualmente sobre sua opinião em relação ao tema ou sobre a resposta de seus companheiros. Juntos foram construídos conceitos como meio ambiente natural e urbanizado, integração do homem ao meio, impactos positivos e negativos da interação do homem com o meio, ciclo de vida de um produto, interdependência da sociedade e meio, a dificuldade em perceber as ligações do homem com o meio, entre outros. Em meio à discussão uma aluna ressaltou que as atividades do homem podem sim ser negativas e gerar graves impactos, mas quando bem planejadas e administradas podem trazer benefícios e como exemplo os alunos citaram o plantio de árvores e destinação correta dos resíduos. Antes de finalizar o momento de reflexão exibiu-se o vídeo “Man”. Em seguida os alunos foram indagados sobre quanto o vídeo representava a realidade. De forma geral os alunos disseram que o vídeo representa a realidade, mas com um tom de exagero. Em decorrência da exibição do vídeo, uma das alunas questionou se a intenção do projeto era fazer com que os alunos abandonassem a sociedade urbanizada e se mudassem para uma sociedade pouco ou quase nada urbanizada, o mais próximo da natureza. Em resposta a essa pergunta, o responsável respondeu que a intenção do projeto era levá-los a refletir sobre hábitos

Page 55: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

54

comuns do cotidiano que podem ser melhorados buscando a sustentabilidade e a proteção da natureza. Na Fase 3 foram apresentadas duas imagens aos alunos, sendo a primeira de algumas pessoas se alimentando e a segunda de um casal de idosos utilizando um smartphone, conforme proposto na metodologia. Os alunos deveriam explicar como aquelas imagens representam a interligação do ser humano com o meio e citar ao menos um impacto negativo das atividades exibidas. Dessa forma foi possível avaliar a assimilação do conteúdo do encontro por parte dos alunos. Dos 15 alunos presentes no dia do encontro, 4 não responderam as duas questões e 2 só responderam a primeira questão. As demais respostas, muitas vezes mal formuladas, podem ser resumidas como o desperdício de alimentos e uso de objetos descartáveis para a primeira imagem. Para a segunda imagem as justificativas podem ser resumidas em fabricação dos aparelhos celulares e roupas, uma vez que as matérias-primas para esses produtos são provenientes da natureza.

5.3.2 Avaliação Encontro 2 Para o segundo encontro a quantidade e quais eram os alunos presentes era diferente do primeiro dia. A falta de continuidade na presença dos alunos pode ser um dos motivos que contribuíram para a mudança no comportamento do grupo, que para esse encontro apresentou-se menos motivado e interessado do que o primeiro. Para o segundo encontro estava presente uma aluna que além de gerar alguns pequenos tumultos, devido seu excesso de conversas, ainda distraia outros companheiros de sala. Antes do início da entrevista, na Fase 1, exibiu-se dois vídeos, o primeiro de propaganda de um chocolate e o segundo da propaganda de um novo modelo de smartphone. A exibição dos vídeos tinha por objetivo embasar as respostas das participantes em relação a influência da propagando nas escolhas de compras. Para que a entrevista pudesse ser iniciada, solicitou-se que dois alunos se voluntariassem para uma atividade. As duas alunas voluntárias que foram entrevistadas responderam a todas as perguntas de forma sucinta, entretanto, outros alunos se sentiram à vontade para participar com suas opiniões. Apesar de não planejada, essa reação foi interessante devido ao aumento da participação de alguns alunos, mesmo que em alguns casos as respostas fossem consideradas insatisfatórias. Em relação a questão de número 5, referente a merenda da escola, alguns alunos afirmaram que se a merenda fosse paga, o comportamento observado durante o período de observação não seria o mesmo. Outros ainda afirmaram que muitas vezes solicitam a responsável pelo refeitório que lhes servissem, uma quantidade menor da refeição, mas esta não atende ao pedido, e por consequência esse excesso é descartado. Pôde-se observar que alguns alunos elaboravam respostas condicionadas pelo contexto do conteúdo do encontro que estavam participando e não que necessariamente eram condizentes com a realidade ou com que realmente praticavam ou pensavam no cotidiano. Assim como no primeiro encontro, a reflexão realizada na Fase 2 baseou-se nas respostas que os alunos elaboravam a partir das questões chaves. Em um primeiro momento os alunos apresentaram certa dificuldade em entender a diferença entre consumo, como um ato comum do nosso cotidiano e necessário para suprir nossas necessidades, e o

Page 56: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

55

consumismo, consumo exagerado e desenfreado. Ainda no início da reflexão os alunos disseram não serem influenciados pelas propagandas de produtos; entretanto, um novo cenário lhes foi proposto, no qual eles possuíssem recursos financeiros ilimitados para adquirir qualquer bem. Nesse contexto, os alunos se dividiram em suas respostas entre “comprariam tudo” ou “continuariam da mesma forma”. Antes da conclusão da reflexão sobre o consumismo, exibiu-se o vídeo “Consumismo - Obsolescência Programada”. Após a exibição, a mesma aluna que havia comentado no E1 sobre abandonar a sociedade urbana e mudar-se para uma comunidade com pouco ou nenhum grau de urbanização, comentou que o responsável por este projeto só exibia vídeos sem finais felizes. Quando indagados sobre o grau de veracidade do vídeo, a minoria dos alunos disse que o vídeo era exatamente exagerado, a maioria que havia alguma semelhança e poucos concordaram que o vídeo era uma sátira, mas que ideia transmitida era bastante realista. O fluxograma elaborado para exemplificar o estilo de processo produtivo mais comumente utilizado atualmente não apresentou o resultado esperado. Por ser um fluxograma de um processo genérico o conceito permaneceu abstrato. Se o ciclo de vida fosse de um produto conhecido o impacto desejado para compreensão dos alunos teria sido alcançado. Quando se apresentou o conteúdo relacionado aos 5R’s os alunos demonstraram certo desinteresse, devido provavelmente à dificuldade de compreensão constatada na Fase 2. Apesar disso, algumas discussões interessantes puderam ser observadas como a diferença entre reciclagem e reutilização. Já na Fase 3 os alunos foram questionados sobre uma medida que poderia ser tomada para que o consumismo em suas residências e/ou escolas pudesse ser minimizado. Dos 17 alunos participantes desse encontro, 7 alegaram não saber, como pode ser observado no exemplo de resposta obtida na Figura 18.

Figura 18 – Exemplo de resposta. Fonte: do autor.

Page 57: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

56

As demais respostas podem ser resumidas em “repensar”, “reutilizar”, “preocupar-se com o consumo (e consequente descarte)”, além de “utilização de propagandas para conscientização sobre os resíduos sólidos” e “preservação do meio ambiente”. Baseado nessas últimas repostas pode-se considerar que parte do conteúdo foi assimilado pelos alunos lembrando que as dificuldades de desenvolvimento da Fase 2 do encontro implicaram em uma baixa participação na Fase 3.

5.3.3 Avaliação Encontro 3 Assim como observado na dinâmica do E1, a realização do “Show do Milhão dos resíduos sólidos” na Fase 1 do Encontro 3 (E3) foi bem aceita pela turma. Até mesmo os alunos “espectadores” se animaram e constantemente faziam comentários como “eu deveria ter ido” ou “por que você não me escolheu?”. A aluna que se voluntariou para participar da atividade apresentou dificuldade para responder as questões 2,3 e 4, mas com auxílio dos colegas e utilizando os benefícios que lhe foram oferecidos a aluna chegou até a questão final, apesar de falhar. A cada rodada o prêmio recebido pela aluna aumentava, o que causou ainda mais arrependimentos nos alunos que não participaram. Na Fase 2, a atividade de separação do lixo contou com a participação de quase todos os alunos da sala, com exceção de 2 alunos não se interessaram. Como resultado da separação, ambos os grupos optaram por separar os resíduos em plástico, papel, metal, orgânicos e rejeito. A imagem abaixo representa o momento da atividade.

Figura 18 – Separação de resíduos.

Fonte: do autor. Após o tempo estabelecido para o desenvolvimento da atividade a separação foi encerrada e observou-se o mesmo número de erros entre os grupos, quatro erros para cada. A principal dificuldade observada dos alunos era separar os rejeitos e os orgânicos (um pedaço de galho foi classificado como rejeito por um dos grupos). Uma embalagem de isopor, um controle remoto e um azulejo também foram resíduos que geraram dúvidas, uma vez que estes não conheciam termos como resíduo da construção civil (RCC) e

Page 58: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

57

resíduo eletrônico. Como os dois grupos apresentaram o mesmo número de erros o prêmio foi dividido igualmente entre todos os alunos. Antes da divisão do prêmio entre os dois grupos foi explicado que assim como o grupo trabalhou de maneira correta e todos foram premiados, todos são beneficiados quando um grupo realiza o gerenciamento adequado dos seus resíduos na vida real. Após a separação dos resíduos, uma rodada extra foi realizada. Uma embalagem de remédio foi apresentada aos alunos que foram questionados sobre qual a destinação correta daquele resíduo. O aluno que chegou mais próximo disse que a solução seria “queimar” o resíduo. Como nenhum outro aluno apresentou uma resposta mais adequada essa resposta foi aceita. Entretanto, o processo de logística reversa e somente depois a incineração adequada foi apresentada para a turma. Pôde-se observar, durante essa primeira parte do encontro, um interesse grande dos alunos em participar das atividades quando estas apresentam algum tipo de premiação para os ganhadores ou até mesmo participantes. Devido a problemas com o cronograma, o (E3) foi divido em dois dias. A primeira parte do encontro realizada logo após o E2 e segunda na segunda-feira da semana seguinte. Optou-se por tal decisão para que o cronograma não fosse prejudicado. No entanto, a ruptura na linha de raciocínio e a variação dos participantes pode ter ocasionado em baixa no rendimento dos alunos. Apesar disso, algumas discussões interessantes puderam ser observadas como o trajeto que os resíduos recicláveis fazem até que possam ser de fato reciclados, diferenciação entre os resíduos orgânicos que podem ser utilizados para compostagem e o porquê de alguns resíduos não poderiam ser utilizados, problemas sociais dos lixões, definição de rejeito, logística reversa e alguns impactos socioambientais que podem ser gerados pela destinação incorreta dos resíduos. Dois pontos que podem ser destacados são a dificuldade que os alunos apresentaram na classificação dos resíduos orgânicos. Quando duas imagens foram exibidas, um prato com resto de carne e batata e outra com cascas de legumes, a turma ficou bastante dividida em relação a quais resíduos poderiam ser classificados como orgânicos. Outro ponto interessante foi a falta de conhecimento dos alunos em relação aos componentes dos aparelhos eletrônicos que quando destinados incorretamente podem gerar sérios problemas de contaminação e prováveis danos à saúde das pessoas. A vida de famílias em lixões e os riscos de contaminação foram pontos que também impactaram os alunos. Na Fase 3 os alunos foram convidados a completar um mapa conceitual relacionado à gestão dos resíduos sólidos urbanos, conforme pode ser observado na figura 19. A atividade foi realizada com o intuito de finalizar e avaliar a capacidade de assimilação do conteúdo por parte dos alunos

Page 59: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

58

Figura 19 – Atividade do mapa conceitual.

Fonte: do autor. Inicialmente os alunos não se mobilizaram para preencher o mapa, nem tão pouco demonstraram interesse pela atividade. Logo, foi necessário convidar voluntários para que completassem pelo menos uma lacuna, e conforme os alunos foram aderindo a atividade os demais foram se interessando até que uma grande parcela da sala estivesse interessada. De forma geral, os alunos tiveram um pouco de dificuldade em compreender o funcionamento do mapa, mas após uma breve explicação a turma passou a compreendê-lo. Apenas um erro foi identificado, alguns alunos que trocaram a posição das palavras rejeito e recicláveis, mas foram rapidamente corrigidos por outro grupo de alunos.

5.3.4 Avaliação Encontro 4 I – Visita ao Parque Ecológico do Taboão Em funcionamento desde 2015, o parque, localizado na área da Barragem de Regularização do Ribeirão Taboão, cedida pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), caracteriza-se por uma área de mais de 80 hectares de proteção, preservação

Page 60: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

59

ambiental, lazer e disseminação da cultura regional, segundo o site da prefeitura municipal, segundo o site8 da prefeitura municipal de Lorena. O primeiro local a ser visitado dentro do parque foi o viveiro de mudas da prefeitura municipal. Antes do início da visita, o Secretário Municipal do Meio Ambiente realizou uma breve explicação aos alunos sobre a história do Parque. Na sequência das atividades, os alunos receberam uma explicação sobre as atividades desenvolvidas e o cotidiano do viveiro de mudas, elaborada pelo biólogo responsável pelo viveiro.

Após conhecerem o viveiro de mudas os alunos foram direcionados para um salão onde é realizado o beneficiamento das sementes coletadas no próprio Parque. Nesse local os alunos realizaram a atividade às escuras da Fase 1. Os voluntários vendados foram convidados a identificar individualmente, utilizando apenas o tato os itens: sementes, composto pronto, terra, uma muda, folhas secas e restos de frutas (Figura 20).

Figura 20 – Atividade às escuras.

Fonte: do autor. A cada novo item, os alunos que não estavam vendados eram convidados a conhecer o item antes dos voluntários e desse modo gerar ansiedade nos alunos que estavam vendados por não saberem no que estavam prestes a tocar. No início da atividade pôde-se observar uma certa falta de interesse de alguns alunos que não estavam vendados. Conforme os itens foram sendo alterados e os alunos vendados demonstravam certas reações que provocaram risos (pois muitas vezes se assustavam ao tocar os itens), os demais alunos foram demonstrando mais interesse, até o ponto de estarem todos mais atentos para as discussões da Fase 2. A equipe vencedora acertou 4 dos 6 itens, enquanto a outra acertou apenas 3. Apesar dos alunos estarem divididos em grupos não houve benefícios para os alunos ganhadores.

8 http://www.lorena.sp.gov.br/wordpress/index.php/2016/05/12/parque-ecologico-do-taboao-sera-inaugurado-no-proximo-sabado-14-de-maio/

Page 61: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

60

Dividiu-se os alunos em grupos apenas para estimular o interesse pela atividade e torná-la mais dinâmica. A reflexão da Fase 2 aconteceu de forma mais breve, pois os alunos estavam em atividade de campo e recursos como data-show não estavam disponíveis. A reflexão tratou da definição do processo de compostagem, metodologia utilizada no viveiro, exemplos de resíduos que podem ser compostados e vantagens do processo. Como a compostagem já havia sido abordada em outros encontros os alunos já apresentavam algum conhecimento sobre o tema, principalmente no diz respeito ao que pode ser compostado. A definição do que é compostagem e as vantagens que o processo pode trazer não foram conceitos tão facilmente construídos e necessitaram da intervenção do responsável para fornecimento de informações para complementar a resposta. Em determinado momento uma aluna foi questionada sobre o porquê não realizar compostagem em casa e outra aluna respondeu que o motivo seria o odor desagradável proveniente do processo de compostagem. Apesar de equivocada, pois a compostagem só produz odor quando realizada de forma incorreta, a observação da aluna foi considerada importante, pois mais integrantes da turma poderiam apresentar a mesma dúvida. A reflexão ocorreu enquanto os alunos caminhavam pelo viveiro e conheciam o processo de compostagem realizado no local, como pode ser observado na figura 21.

Figura 21 – Momento de reflexão próximo a área de compostagem.

Fonte: do autor. Apresentou-se aos alunos uma pilha de compostagem ainda em processo de maturação e uma pilha já pronta e peneirada. A compostagem realizada no parque é produzida apenas com aparas de grama, folhas e galhos provenientes da limpeza da área urbana, ou seja, é um processo diferente do que os alunos poderão reproduzir em suas casas. Entretanto, a importância da visita consiste no fato dos alunos conhecerem a versatilidade da técnica. Após a contextualização relacionada a compostagem, os alunos receberam uma breve explicação sobre cultivo de mudas, tipos de semestres, quebra de dormência para que desenvolvessem uma atividade de repicagem de mudas durante a Fase 3. As mudas

Page 62: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

61

estavam em canteiros de areia e foram transferidas para vasos confeccionados a partir de embalagens recicláveis, disponibilizadas pelo responsável do projeto. Portados cada um de um vaso, os alunos realizaram a adição do composto aos mesmos. Em seguida os alunos foram encaminhados novamente para o viveiro onde, orientados pelo biólogo responsável, realizaram a retirada das mudas já germinadas do canteiro de areia para implantação nos vasos (figura 22).

Figura 22 – Repicagem das mudas.

Fonte: do autor. Antes de finalizar esse momento os alunos receberam as orientações para manutenção das mudas e futuro transplante para o solo. Entregou-se as mudas aos alunos que foram convidados a levá-las para seus lares, desde que firmassem o compromisso de zelar pela planta e divulgarem os benefícios da compostagem para suas famílias. Em seguida os alunos foram encaminhados para a casa sede do Parque onde puderam observar o acervo fotográfico do Parque e receber uma explicação sobre as imagens feita pelo Secretário Municipal de Meio Ambiente. II – Visita à empresa Valecap pneus e ecoponto de coleta de pneus de Lorena Visitou-se também a empresa Valecap pneus. Localizada no município de Lorena a Valecap Pneus é uma empresa especializada em reforma e recauchutagem de pneus para veículos. Atualmente a maioria dos clientes da empresa são da região do Vale do Paraíba, mas a empresa presta serviço para diversas partes do Brasil pelo serviço de inspeção de frotas, segundo o site9 da empresa. Além disso, a empresa atua como um ecoponto para recolhimento de pneus, que quando não podem ser mais reformados são encaminhados para uma fábrica de reciclagem de pneus, onde são utilizados para a fabricação de diversos novos produtos como componente de asfalto, solado de campos society, bicicletários e brinquedos de parques de diversão.

9 http://www.valecap.com.br/

Page 63: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

62

Os alunos foram recepcionados pelo engenheiro responsável da empresa que ministrou uma breve palestra sobre a história e atuação da empresa. Em seguida dividiu-se os alunos em dois grupos, cada um composto por pelo menos 2 responsáveis e um representante da empresa. Visitou-se o local onde são realizadas as atividades da empresa, desde a recepção dos pneus, avaliação, preparação e reforma de fato, o estoque de matéria-prima, caldeira e sistema de captação de água da chuva implantado pela empresa, conforme as figuras 23 e 24.

Figura 23 – Triagem dos pneus recebidos.

Fonte: do autor.

Figura 24 – Processo de recauchutagem.

Fonte: do autor. De forma geral os alunos demonstraram bastante interesse, principalmente quando foram convidados a visitar a linha de produção e puderam observar o processo. Quando questionados sobre qual visita havia lhes agradado mais, os alunos disseram a segunda. Atribui-se o maior interesse pela segunda visita devido ao fato de ser uma empresa, com a existência de máquinas e outros elementos que não são comuns ao cotidiano dos alunos.

Page 64: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

63

5.3.5 Avaliação Encontro 5 O E5 diferenciou-se dos demais por não estar relacionado à formação de conceitos, mas sim a elaboração de um produto concreto por partes dos alunos. O encontro foi intitulado de “Primeiro passo”, pois pode ser definido como a primeira ação que os alunos tomaram em direção a uma gestão mais atuante e participativa dos resíduos sólidos da escola. Para tanto o encontro foi divido em três fases, assim como os demais, mas sem a estrutura proposta por Bohrer et al. (2009). Na Fase 1 os alunos foram encaminhados até a área externa da escola para que conhecessem a composteira que estava em desenvolvimento desde o dia 22 de setembro de 2017. Uma breve explicação sobre proporção de rejeitos, umidade, odor e granulometria dos rejeitos foi apresentada aos alunos. Devido à falta de interesse dos alunos em realizar a adição de cascas de frutas a composteria, essa fase do encontro foi finalizada brevemente. Mesmo os alunos tendo conhecido a compostagem no E4 considerou-se importante que eles participassem do processo de compostagem em sua própria escola em uma escola menor, mostrando assim a versatilidade da técnica e a diferença entre a metodologia utilizada no viveiro e na escola. Na Fase 2 as figuras 5 (a,b,c e d) foram apresentadas aos alunos para que eles pudessem observar e avaliar a situação do pátio e lixeiras que se encontram na escola. Os alunos demonstraram não concordar com o descarte irregular dos resíduos no pátio, apesar de não demonstraram surpresa ao visualizar as imagens. A exibição das imagens 7 (a, b, c, e d) do interior das lixeiras foi seguida do questionamento dos alunos sobre qual o tipo de lixeira eles acreditavam ser aquelas, e eles responderam que papel. Entretanto, eram as lixeiras destinadas aos vidros e metais, o que também não gerou espanto nos alunos. Além disso, apresentou-se aos alunos um resumo da caracterização dos resíduos e a projeção anual da geração de resíduos na escola. Apesar do volume de resíduo gerado ser grande, não causou reação significativa nos alunos, provavelmente por não compreenderem a dimensão do volume estipulado. Questionou-se os alunos sobre como a gestão dos resíduos poderia ser melhorada na escola. Apesar de nenhuma proposta prática ser apresentada, alguns alunos fizeram sugestões interessantes como a elaboração de cartazes e campanhas em redes sociais para incentivar o descarte correto dos resíduos. Em alguns momentos, os alunos recomendaram que houvesse fiscalização e punição para os alunos que não realizassem o descarte correto, mas ao refletirem nas implicações dessa proposta perceberam que a medida não seria eficaz e poderia não resolver, além de criar revolta nos demais e até descumprimento da punição proposta. Como os alunos não fizeram propostas de melhoria de gestão, duas medidas foram apresentadas para que pudessem ser avaliadas pela turma: a) Substituição das lixeiras - Sugeriu-se aos alunos que as lixeiras de coleta seletiva de resíduos fossem substituídas por apenas recipientes para apenas 3 classes de resíduos, sendo elas, recicláveis (plástico, papel, vidro e metal), orgânicos e rejeito. Opção por essa divisão tem por objetivo eliminar a dúvida no momento do descarte dos resíduos. Apesar da maioria dos alunos se dividirem entre concordar e não opinar, um dos alunos se posicionou contra a substituição pois, segundo ele, o problema do descarte incorreto não

Page 65: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

64

está relacionado ao fato dos alunos não descartam o lixo nas lixeiras, mas sim no chão, sendo esse o verdadeiro problema a ser resolvido, a falta de consciência. b) Educação ambiental - Os alunos foram questionados sobre como poderiam ser desenvolvidos trabalhos que envolvessem a temática da educação ambiental de forma que as atividades contribuíssem para a conscientização da comunidade escolar. Assim como para as demais perguntas os alunos não apresentaram propostas práticas, mas afirmaram que os trabalhos não podem ser previsíveis a ponto de “caírem na rotina”. Este projeto em questão foi avaliado positivamente justamente por não ser rotineiro e não apresentar atividades óbvias. Na sequência os alunos foram indagados se gostariam de trabalhar em projetos relacionados a temas como reciclagem e compostagem dentro das disciplinas. As respostas foram positivas considerando que seria uma metodologia que não apresenta avaliações tradicionais e aconteceria de forma mais prática. Entretanto, apontou-se a importância desses trabalhos não serem muito densos para evitar que se sintam sobrecarregados ou obrigados e voltem a se sentirem em atividades rotineiras. As atividades devem ocorrer de forma “suave para não sufocar os alunos”, conforme a resposta de um dos membros da turma. Para a conclusão das atividades do projeto relacionadas aos encontros os alunos foram convidados a elaborar cartazes que foram fixados em um local de alta circulação de pessoas na escola, com o intuito de exibir o trabalho desenvolvido pelos alunos e despertar o interesse da comunidade escolar para o tema (Fase 3). Apenas 6 dos 17 alunos presentes no E5 se disponibilizaram a confeccionar os cartazes, mas até esses aceitaram contribuir somente após o responsável sugerir algumas propostas de cartazes. Os cartazes elaborados podem ser observados na Figura 25.

Figura 25 – Cartazes de conscientização(a) (b)

Fonte: do autor.

Os cartazes, somados ao mapa conceitual do E5, faram fixados pelos alunos em uma parede da escola. Entretanto, eles próprios advertiram sobre a possibilidade do trabalho ser

Page 66: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

65

removido, rasgado ou vandalizado por alunos de outras turmas. Mesmo assim, tanto o responsável, quanto os alunos, acreditaram que a tentativa era válida.

5.4 Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos A proposta de Plano Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) elaborada para a escola teve como base o diagnóstico dos resíduos sólidos, realizado a partir da análise gravimétrica, observação das práticas de gerenciamento e entrevistas com funcionários; questionários aplicados aos alunos, professores e direção e realização dos encontros temáticos, além de propostas apresentadas pelos alunos da própria escola e dos responsáveis pelo projeto. É importante ressaltar que o plano elaborado não tem valor legal, uma vez que somente profissionais habilitados podem ser considerados como responsáveis pelo (PGRS). O Plano tem por objetivo final transformar a unidade de ensino em um agente mais atuante na gestão dos resíduos do bairro onde está localiza. Para tanto foram estipulados outros dois objetivos, um a curto prazo e o outro a médio prazo. A curto prazo deve-se realizar um denso levantamento de informações relacionados aos resíduos sólidos da escola, além da elaboração de um material de EA. A médio prazo devem ser implantadas medidas que visem a melhoria da gestão e gerenciamento interno da escola. O período para desenvolvimento de todas as atividades é de 10 anos, sendo 2 anos para as medidas de curto prazo, 3 anos para as medidas de médio prazo e os últimos 5 anos para as medidas de longo prazo. A proposta aqui apresentada tem como foco uma gestão participativa e utilização da educação ambiental como ferramenta para estruturação das práticas com base no que é proposto na Lei Federal n° 12.305/2010. O resultado final encontra-se no apêndice G.

Page 67: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

66

6. CONCLUSÕES A partir da observação dos hábitos referentes à gestão dos resíduos da escola e entrevistas com equipe de limpeza foi possível constatar a ineficiência da gestão dos resíduos na escola. A equipe de limpeza mostrou-se incapaz de realizar a coleta completa e correta dos resíduos sólidos da escola, devido principalmente à falta de funcionários designados para esta atividade. A comunidade escolar, em sua maioria, mostrou-se indiferente à necessidade de uma gestão adequada. Mesmo tendo conhecimento da importância da gestão, os hábitos de desperdício e descarte irregular de resíduos pode ser constantemente observado. Em geral, os valores relacionados à quantidade de resíduos gerados na escola durante o período da caracterização gravimétrica são similares aos encontrados por outros autores considerando diferentes escolas situadas em distintas regiões do país, sendo a parcela dos resíduos orgânicos responsável por mais de 50% do valor encontrado. A partir da análise dos resíduos provenientes do refeitório, responsável pela maior parte desses resíduos, constatou-se uma taxa de desperdício bem variável, mas podendo atingir valores altíssimos, como 43%. Tal valor foi atribuído à insatisfação dos alunos perante o cardápio. Sugere-se um acompanhamento do cardápio e das taxas de desperdício de cada período acompanhado de uma pesquisa de opinião para avaliação da possibilidade da substituição dos cardápios com maiores taxas de reprovação evitando assim maiores desperdícios. A partir da observação do ambiente escolar e realização dos encontros temáticos, pôde-se constatar falta de interesse e motivação tanto por parte dos alunos, quanto por parte de uma parcela dos professores. Os professores desestimulados não despertam o interesse dos alunos, que por sua vez, não cooperam com as atividades propostas, contribuindo para a desestimulação dos professores. Tais atitudes acabam por gerar um ciclo de falta de interesse e estímulo, o que pode ser muito prejudicial para o aluno, uma vez que os professores podem ser caracterizados como mediadores das experiências sociais que contribuíram para constituição desses sujeitos, como afirma Lopes (2009). Elaborar as práticas educativas nesse contexto é, sem dúvida, contribuir para a construção e transformação dos alunos, tornando-os mais capazes de interagir com o mundo. Baseado na realização dos encontros temáticos, pode-se observar a falta de interesse dos alunos na realização das atividades que não estivessem relacionadas a jogos ou dinâmicas. Momentos de reflexão com duração superior a 5 minutos ou atividades relacionadas a escrita, não apresentaram uma boa aceitação. Acredita-se que o objetivo de despertar o interesse dos alunos para assuntos relacionados com meio ambiente e gestão dos resíduos tenha sido alcançado, demonstrando a eficiência da metodologia para os alunos que compareceram a 4 ou 5 encontros. Entretanto, é de extrema importância destacar-se que medidas realizadas se caracterizam como pontuais, e como já foi dito, as ações relacionadas a EA devem ser constantes. Para tanto acredita-se que as propostas elaboradas no PGRS possam favorecer o processo. As medidas que compõem a proposta de PGRS contemplam medidas de curto, médio e longo prazo com o intuito de estruturar a gestão da escola a ponto de ser possível a expansão das ações ao bairro; uma vez que a gestão dos resíduos sólidos deve ser participativa, assim como previsto na Política Nacional de Resíduos Sólidos. As propostas

Page 68: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

67

aqui apresentadas foram fundamentas em projetos, atividades e mecanismos que envolvessem a comunidade escolar, na presença dos professores, grêmio estudantil e funcionários, desde o momento do planejamento até a execução e monitoramento para que haja um processo de conscientização conjunto e aumento do sentimento de pertencimento à escola e consequentemente uma maior adesão às iniciativas de melhoria do gerenciamento dos resíduos nela produzidos. Além disso, podem estimular o desenvolvimento de atividades de cunho interdisciplinar contribuindo diretamente para a formação de cidadãos mais conscientes. Vale lembrar que o desenvolvimento de um plano para instituições como escolas não é obrigatório, segundo a lei. Entretanto as medidas propostas visam evitar/minimizar os impactos gerados pelo descarte de resíduos sólidos e que afetam toda a sociedade. Além disso, as propostas apresentadas possuem, acima de tudo, um caráter educativo, ou seja, tem por objetivo colaborar na construção de cidadãos mais conscientes e responsáveis perante a preservação do meio ambiente.

Page 69: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

68

REFERÊNCIAS ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2015. 2015. 89 p. São Paulo. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8.419 - Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos. Rio de Janeiro, 1992. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13.591 - Compostagem. Rio de Janeiro, 1996. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10.004 - Resíduos sólidos- Classificação. Rio de Janeiro, 2004b. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10.007 - Amostragem de resíduo sólido. Rio de Janeiro, 2004c. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. 2004. ABNT NBR ISO 14001 Sistemas da gestão ambiental Requisitos com orientações para uso. 27 p. ADRIANO, A.P.P. & MURATA, A. T. Caracterização e quantificação de resíduos sólidos em escola pública do município de Matinhos, PR, para proposição de medidas de gestão de resíduos. 2015. REGET/UFMS – Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental. V. 19, n.1, jan.-abr. 2015, p.30-37. ANDRADE, C. D. M. A educação ambiental como função social da escola na perspectiva da Lei 9.795/99. 2014. 220 p. Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, Belo Horizonte, 2014. ARAÚJO, N. A. Gestão de Resíduos Sólidos: uma análise comparativa em uma escola pública e uma escola privada do município de Uberaba. 2014. 78 p. Monografia (Bacharelado) Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo. Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, 2014. ARAÚJO, R. S.; VIANA, E. Diagnóstico Dos Resíduos Sólidos Gerados Na Escola De Artes, Ciências Humanidades (EACH) Como Instrumento Para A Elaboração De Um Plano De Gestão Na Unidade. 2012. V. 8. Nº 8, p. 1805-1817, set-dez, 2012. BOHRER, P. V. Jogos e brincadeiras na educação ambiental: a arte de cativar para as descobertas que mudarão nossa percepção de mundo. Porto Alegre: Instituto Curicaca, 2009. 11p. BRASIL. Lei Nº 9.795 de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Diário Oficial [da] República do Brasil, Brasília, DF, 27 abr. 1999. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9795.htm. Acesso em: 14 nov. de 2017. BRASIL. Lei Nº 12.305 de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei n° 9.605, de 12 de fev. 1998; e dá outras providências. Diário Oficial [da] República do Brasil, Brasília, DF, 3 ago. 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso em: 09 mai. de 2017. BRASIL - Ministério do Meio Ambiente. Responsabilidade Socioambiental. Disponível em: http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental

Page 70: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

69

BRASIL - Ministério do Meio Ambiente. A política dos 5R’s. Disponível em: http://www.mma.gov.br/informma/item/9410. Acesso em: 26 set. de 2017. BRASIL. Resolução CONAMA n.º 307 - Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. 2002 Diário Oficial da República Federativa do Brasil de 17 de julho de 2002. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res02/res30702.html Acesso em: 09/05/2917. CAMPOS, C. C. G; SOUZA, S.J. Mídia, Cultura do Consumo e Constituição da Subjetividade na Infância(1). 2003. PSICOLOGIA CIÊNCIA E PROFISSÃO, 2003, 23 (1), 12-21 CABRAL, S. M.; SILVA, M. M. P.; LEITE, V. D. Levantamento de resíduos sólidos gerados em escola: estratégia para implantação de coleta seletiva. 2002. In: CONGRESO INTERAMERICANO DE INGENIERÍA SANITARIA Y AMBIENTAL, 28. Anais. Cancún, 2002. CORNELIUS, F.; MORIGGI, E. M.; REMPEL, C.; MARTINS, S. N. Projetos de educação ambiental na escola: desenvolvendo a consciência ambiental.2011. Caderno Pedagógico: Lajeado, v.8, n.2, p. 57-66. FERNANDO FERNANDES, F.; SILVA, S. M. C. P.– PROSAB- Programa de Saneamento Básico. Manual prático para a compostagem de biossólidos. Londrina: Universidade Estadual de Londrina, (1996): 91 p. Disponível em: https://www.finep.gov.br/images/apoio-e-financiamento/historico-de-programas/prosab/Livro_Compostagem.pdf. Acesso em: 15 mai. de 2017. FLOR, A M. A.; SILVA, M. M. P.; LEITE, V. D. 2001. Caracterização dos resíduos sólidos em uma escola pública municipal da cidade de Campina Grande/PB. IN: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL. 21. Anais. João Pessoa: 2001 FRANCO, C. S. Caracterização gravimétrica dos resíduos sólidos domiciliares e percepção dos hábitos de descarte no sul de Minas Gerais. 2012. 157 p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Lavras, lavras, 2012. GIACOMINI FILHO, G. Consumismo e meio ambiente: discursos e conexões no campo religioso. 2010.

Estudos de Religião, v. 24, n. 38, 52-74, jan.- jun. de 2010.

GODECKE, M. V.; NAIME, R. H.; FIGUEIREDO, J. A. S. O consumismo e a geração de resíduos sólidos urbanos no Brasil. Rev. Elet. em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental (e-ISSN: 2236-1170. v (8), nº 8, p. 1700-1712, SET-DEZ, 2012. HIGUCHI, M. I. G.; AZEVEDO, G. C. Educação como processo na construção da cidadania ambiental 2003. Revista brasileira de educação ambiental. 2004. Número zero. p. 63-70. IBAM - Instituto Brasileiro de Administração Municipal. Manual de Gerenciamento Integrado de resíduos sólidos. 2001. Rio de Janeiro.200 p. 2001. INPEA – Instituto Nacional de Pesquisa Econômica Aplicada. Diagnóstico dos Resíduos Sólidos Urbanos-Relatório de Pesquisa. 2012. 77 p. Brasília. JACOBI, P. Educação e meio ambiente – transformando as práticas. 2004. Revista brasileira de educação ambiental. 2004. Número zero. p. 28-35.

Page 71: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

70

KLIPPEL, A. S. Gerenciamento de resíduos sólidos em escolas públicas. 2015. 39 p. Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização em Gestão Ambiental em Municípios. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Medianeira. 2014. LEFF, E. Complexidade, interdisciplinaridade e saber ambiental. 2011.27 p. Olhar de professor, Ponta Grossa. LOPES, R. C. S. A Relação Professor Aluno E O Processo Ensino Aprendizagem. 2009. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1534-8.pdf. Acesso em: 22 de nov. de 2017. MAIA, S. G.; MOLINA, A. S. Caracterização dos resíduos sólidos escolares: estudo de caso em uma escola pública estadual, no município de Ponta Porã (MS). 2015. Revista Ibero-Americana de Ciências Ambientais Aquidabã, v.5, n.1. Dez 2013, Jan, fev., Mar Abri, Mai 2014. ISSN 2179-6858. DOI: 10.6008/SPC2179-6858. 2014.001.0004. MEIRA, A. M.; CAZZONATTO, A. C.; SOARES, C. A. 2012. Manual básico de compostagem – série: conhecendo os re5síduos. Piracicaba, USP Recicla. 2012. OLIVEIRA, I. S.; RAMOS, P. A.; SILVA, M. M. P. Caracterização Dos Resíduos Sólidos Produzidos Na Escola Municipal Advogado Otávio Amorim Em Campina Grande/Pb; Uma Contribuição Para Implantação Da Coleta Seletiva No Bairro. 2005. Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC – Fortaleza. 2005. PARANÁ. Secretaria de Estado de meio ambiente e recursos hídricos. Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos nas escolas paranaenses. 2016. Curitiba: SEED – Pr, 20126. 46p. ISBN 978-85-8015-077-3. PAVELOSKI, E. M. et al. Das residências para o aterro municipal: uma proposta de gestão ambientalmente saudável para os resíduos sólidos urbanos. In: SIMPOSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO,14. 2007. ISSN 1809-7189. PMGIRS – Plano Municipal de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos – Produto 6 - Versão Final PMGIRS. 2016. 347 p. Prefeitura Municipal de Lorena. Lorena. RUSSO, M.A.T. Tratamento de resíduos sólidos. 2003. Comibra: Universidade de Comibra, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Departamento de Engenharia Civil. 196p. 2003. SANTANA, A. F. R. Mídia e consumo: influências da publicidade no comportamento infantil. 2010. 61p. Universidade Estadual de Londrina. Londrina-Paraná. 2010. SCHALCHL, V.; LEITE, W. C. A.; JÚNIOR, J. L. F.; CASTRO, M. C. A. A. Gestão e gerenciamento de resíduos sólidos. 2002. 97p. Departamento de Hidráulica e Saneamento – Escola de Engenharia de São Carlos – Universidade de São Paulo. São Carlos. 2002. SIQUEIRA, M. S. Aplicação da metodologia módulo didático como estratégia para o ensino-aprendizado de fotossíntese e cadeia alimentar. 2016. 105 p. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo. Lorena SP. 2017. SOUTO, G. D. B.; POVINELLI, J. Resíduos Sólidos. 2013 In: CALIJURI, M.C; CUNHA, D.G.F. Ed(s). Engenharia Ambiental: Conceitos, Tecnologia e Gestão. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. p. 565 – 587.

Page 72: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

71

SMYTH, J. C. Ambiente ed educazione: uno sguardo su una scena che cambia. Un punto di vista

internazionale sull’educazione ambientale.TD n. 8/9 Inverno 1995-Primavera 1996. VIÉGA, A.; GUIMARÃES, M. Crianças e educação ambiental: associação necessária para um mundo melhor? 2004. Revista brasileira de educação ambiental. 2004. Número zero. p. 63-70.

Page 73: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

72

APÊNDICES

APÊNDICE A – Roteiro de observação.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

Roteiro de observação

PARTE A – OBSERVAÇÃO DA ESCOLA

1. Estrutura física:

a) Área b) Número de professores c) Número de funcionários d) Número de alunos e) Localização

2. Resíduos Sólidos

a) Tipos de resíduos b) Locais de geração de resíduos c) Periodicidade da coleta d) Separação/tratamento/destinação dos resíduos gerados e) Localização das lixeiras f) Quantidade de lixeiras g) Uso das lixeiras h) Quantidade e horários dos responsáveis pela limpeza

PARTE B – OBSERVAÇÃO DOS ALUNOS

1. Os Sujeitos

a) Quem são b) Faixa etária c) Hábitos

2. Cenário

Page 74: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

73

a) Disciplina b) Conteúdo ministrado c) Características da aula – expositiva, trabalho em grupo, outros d) Recursos didáticos e audiovisuais utilizados e) Características do ambiente e de funcionamento dos equipamentos (condição das

carteiras e cadeiras, lousa, pintura das paredes, ventiladores

3. Comportamento social

a) Comportamento dos alunos no que se refere ao uso dos ambientes b) Relação entre os alunos c) Relação alunos/professor e professor/alunos d) Comportamento em relação aos equipamentos da escola e) Grau de satisfação quanto às atividades propostas f) Comprometimento com as atividades propostas g) Artifícios que podem contribuir para distração dos alunos durante as aulas

Referências

ANDRADE, C. D. M. A educação ambiental como função social da escola na perspectiva da Lei 9.795/99. 2014. 220 p. Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, Belo Horizonte, 2014.

Page 75: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

74

APÊNDICE B – Questionário aplicado aos alunos.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

Questionário socioeconômico e de nivelamento do conhecimento prévio relacionado às práticas do projeto

“GESTÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ESCOLARES E PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE LORENA

(SP)”.

Prezado aluno, Agradecemos sua participação no Projeto “Gestão e educação ambiental: caracterização dos resíduos sólidos escolares e práticas de educação ambiental em uma escola pública de Lorena (SP)”. Sua participação é extremamente importante para o sucesso desse projeto! Solicitamos que responda as questões a seguir: NOME:______________________________________________________________ SÉRIE:______________________________________________________________ IDADE:______________________________________________________________ 1. Em que bairro você mora?______________________________________________ Para as questões abaixo assinale com um “X” quantas alternativas julgar correto. 2. Quantas pessoas moram em sua casa? ( ) Duas.( ) Três. ( ) Quatro.

( ) Cinco. ( ) Mais do que cinco.

3. Na sua casa o lixo é: ( ) Queimado. ( ) Descartado em terrenos. ( ) Alguns são reaproveitados. ( ) Vendido para reciclagem. ( ) Descartado sem separação e coletado pelo serviço de limpeza pública do município (caminhão de coleta de lixo). ( ) Separado e descartado corretamente (o lixo orgânico é coletado pelo serviço de limpeza pública do município e os recicláveis são coletados por catadores da coleta seletiva). 4. Você sabe quantas vezes por semana ocorre a coleta dos resíduos no seu bairro realizada pela prefeitura?( ) Sim, todos dos dias. ( ) Sim, até três vezes por semana. ( ) Sim, uma vez por semana.

( ) Não e não tenho interesse em saber. ( ) Não sei o que é coleta de resíduos.

5. Onde você mora as pessoas costumam jogar lixo em terrenos baldios?( ) Sim, sempre que precisamos jogar qualquer coisa fora. ( ) Somente quando a quantidade de resíduo é grande.

( ) Pelo menos uma vez já descartamos em terrenos baldio. ( ) Não. ( ) Não me lembro.

Page 76: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

75

6. Na sua casa vocês reaproveitam algum tipo de resíduo em alguma atividade?( ) Não, tudo vai para o lixo sem separação. ( ) Separamos os recicláveis para vender. ( ) Fazemos compostagem.

( ) Separamos para catadores. ( ) Separamos para coleta seletiva.

7. Para você, qual a importância de se estudar sobre o meio ambiente? ( ) Não vejo grande importância. ( ) Salvar o meio ambiente. ( ) Entender o meio ambiente. ( ) Construir um mundo melhor. ( ) É um tema que está em alta 8. Você acha que sua escola ensina sobre o meio ambiente de maneira eficiente? ( ) Sim ( ) Não. Caso sua resposta seja não, como a escola poderia melhorar?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 9. Resuma em uma frase: o que é gestão dos resíduos sólidos para você? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Para as questões abaixo assinale com um “X” quantas alternativas julgar correto. 10. Das alternativas abaixo, quais você acredita que fazem parte do meio ambiente: ( ) Floresta Amazônica. ( ) Leão-marinho. ( ) Professora Mariana. ( ) Seu colega de sala. ( ) Rio Paraíba do Sul.

( ) Abelhas. ( ) Seu caderno. ( ) Aparelho celular. ( ) O alimento servido na merenda.

11. Das alternativas abaixo, quais delas apresentam consequências negativas para o meio ambiente?( ) Alimentar-se. ( ) Usar o celular. ( ) Jogar lixo no terreno baldio. ( ) Construir um prédio.

( ) Fabricar um navio. ( ) Andar de bicicleta. ( ) Reaproveitar resíduos

12. Quais das afirmativas a seguir, você considera correta(s)? ( ) O elevado volume de resíduos que existe hoje é fruto exclusivamente da atividade industrial e não das atividades do nosso cotidiano. ( ) Acredito que meu consumo tem uma pequena participação na geração de resíduos. ( ) Sei que minhas atividades de consumo contribuem para o aumento da geração de resíduos, mas ao mesmo tempo não procuro diminuir a quantidade de lixo gerado, porque não tenho interesse ou até mesmo porque não sei como. ( ) Não me preocupo com a quantidade de resíduos que gero na minha escola ou na minha casa porque existem pessoas que vão coletá-lo. ( ) Acredito que o consumismo agrava a geração de resíduos e busco adotar medidas para minimizá-las. 13. Você conhece os 3R´s?

Page 77: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

76

( ) Não sei do que se trata. ( ) Sei que existe, mas não sei quais são. ( ) Sei um.

( ) Sei dois. ( ) Sei todos.

Se você assinalou que conhece algum dos R, escreva quais os R’s você conhece. ____________________, ________________________ e ________________________ 14. Dentre as opções a seguir quais opções você considera como correta para destinação final dos resíduos sólidos?( ) Qualquer terreno baldio. ( ) Caminhão da coleta de lixo. ( ) Lixão. ( ) Aterro controlado.

( ) Aterro Sanitário. ( ) Terreno Baldio. ( ) Incineração. ( ) Reciclagem.

15. Cada tipo de resíduo possui uma cor de lixeira específica, das opções abaixo qual você acredita que seja a do papel?( ) Verde. ( ) Azul. ( ) Vermelho.

( ) Amarelo. ( ) Nenhuma delas.

16. Você sabe o que é compostagem? ( ) Nunca ouvi falar. ( ) Já ouvi falar, mas não sei explicar. ( ) Sei, mas acho desnecessário ou não tenho vontade de fazer. ( ) Sei, mas não sei como fazer. ( ) Sei e já fazemos em minha casa. 17. Das alternativas abaixo quais você acredita que poderiam ser utilizadas para a compostagem?a) Restos de comida no geral. b) Cascas de frutas. c) Minhocas. d) Terra. e) Mato seco. f) Papel.

g) Vidro. h) Plástico. i) Papel higiênico usado

Referências ANDRADE, C. D. M. A educação ambiental como função social da escola na perspectiva da Lei 9.795/99. 2014. 220 p. Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, Belo Horizonte, 2014. SIQUEIRA, M. S. Aplicação da metodologia módulo didático como estratégia para o ensino-aprendizado de fotossíntese e cadeia alimentar. 2016. 105 p. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo. Lorena SP. 2017.

Page 78: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

77

APÊNDICE C – Questionário aplicado aos professores.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

Questionário para professores da escola contemplada com o projeto “GESTÃO E EDUCAÇÃO

AMBIENTAL: CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ESCOLARES E PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE LORENA (SP)”.

NOME: SÉRIE: DATA:

1. Você está participando de algum projeto de Educação Ambiental (EA) sendo desenvolvido na escola

durante este semestre?

( ) Não. ( )Sim.

Se a resposta for “Sim”, responda:

a) Quantos projetos de Educação Ambiental (EA) você está participando na escola durante este

semestre?

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10

Se houver mais de 10 projetos relacionados a Educação Ambiental (EA) na escola durante este semestre

responda: Quantos? _____________

b) Os projetos são:

( ) Gerais (para a escola toda).

( ) Por modalidade de ensino.

( ) Desenvolvidos por professores apenas nas turmas em que eles lecionam.

c) Quantas turmas estão envolvidas nesse projeto de Educação Ambiental (EA) na escola durante

este semestre?

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10

Se houver mais de 10 turmas responda: Quantas? _____________

d) Qual a média de alunos da escola envolvidos nestes projetos?

( ) menos de 50 alunos. ( ) de 50 alunos a 100 alunos

( ) de 100 a 200 alunos.

( ) de 200 a 300 alunos.

( ) de 300 a 400 alunos.

( ) de 400 a 500 alunos.

( ) + de 500 alunos.

e) Quantos professores estão envolvidos no desenvolvimento destes projetos?

Page 79: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

78

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5

( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10

Se houver mais de 10 professores envolvidos no desenvolvimento dos projetos relacionados a Educação

Ambiental (EA) na escola durante este semestre responda: Quantos? ____________

f) Qual a duração média dos projetos?

( ) menos de 1 mês.

( ) 1 mês.

( ) 1 bimestre.

( ) 1 trimestre.

( ) 1 semestre.

( ) 1 ano.

( ) Outros. Especifique:

g) Há o envolvimento dos pais no desenvolvimento desses projetos relacionados a Educação

Ambiental (EA) na escola durante este semestre?

( ) Não ( ) Sim

Se a resposta for Sim, responda: Como é o envolvimento dos pais no desenvolvimento destes projetos?

h) A escola disponibiliza recursos para as atividades desenvolvidas?

( ) espaço físico (sala de aula, pátio, quadra…).

( ) equipamento multimídia (computador, Datashow, retroprojetor).

( ) papelaria (papéis em geral, canetas, lápis de cor).

( ) suporte financeiro (verbas para custeio do projeto).

( ) transporte ( ônibus, vans para deslocamento dos alunos e professores).

( ) Outros. Especifique.

2. Qual(is) é (são) o(s) objetivo(s) da escola com o desenvolvimento de projetos relacionados a Educação

Ambiental (EA)?

3. Na sua concepção qual a importância da EA para a escola, incluindo alunos, família, bairro e funcionários?

4. Você tem alguma ideia de projeto que envolva EA na escola? Qual?

5. Na sua concepção, qual a importância da adequada gestão dos resíduos sólidos?

Referências ANDRADE, C. D. M. A educação ambiental como função social da escola na perspectiva da Lei 9.795/99. 2014. 220 p. Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, Belo Horizonte, 2014.

Page 80: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

79

APÊNDICE D – Questionário aplicado a direção.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

Questionário prévio para diretoria da escola contemplada com o projeto “GESTÃO E EDUCAÇÃO

AMBIENTAL: CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ESCOLARES E PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE LORENA (SP)”

1. Há projetos de Educação Ambiental (EA) sendo desenvolvidos na escola durante este semestre?

( ) Não. ( )Sim.

Se a resposta for “Sim”, responda:

a) Quantos projetos de Educação Ambiental (EA) sendo desenvolvidos na escola durante este

semestre?

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10

Se houver mais de 10 projetos relacionados a Educação Ambiental (EA) na escola durante este semestre

responda: Quantos? _____________

b) Os projetos são:

( ) Gerais (para a escola toda).

( ) Por modalidade de ensino.

( ) Desenvolvidos por professores apenas nas turmas em que eles lecionam.

c) Quantas turmas estão envolvidas no desenvolvimento de projetos de Educação Ambiental (EA)

na escola durante este semestre?

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10

Se houver mais de 10 turmas responda: Quantas? _____________

d) Qual a média de alunos da escola envolvidos nestes projetos?

( ) menos de 50 alunos.

( ) de 50 alunos a 100 alunos.

( ) de 100 a 200 alunos.

( ) de 200 a 300 alunos.

( ) de 300 a 400 alunos.

( ) de 400 a 500 alunos.

( ) + de 500 alunos.

e) Quantos professores estão envolvidos no desenvolvimento destes projetos?

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10

Se houver mais de 10 professores envolvidos no desenvolvimento dos projetos relacionados a Educação

Ambiental (EA) na escola durante este semestre responda: Quantos? ____________

Page 81: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

80

f) Qual a duração média dos projetos?

( ) menos de 1 mês. ( ) 1 trimestre.

( ) 1 mês. ( ) 1 semestre.

( ) 1 bimestre. ( ) 1 ano.

( ) Outros. Especifique:

g) Há o envolvimento dos pais no desenvolvimento dos projetos relacionados a Educação Ambiental

(EA) na escola durante este semestre?

( ) Não ( ) Sim

Se a resposta for Sim, responda: Como é o envolvimento dos pais no desenvolvimento destes projetos?

h) A escola disponibiliza recursos para as atividades desenvolvidas?

( ) espaço físico (sala de aula, pátio, quadra...)

( ) equipamento multimídia (computador, Datashow, retroprojetor)

( ) papelaria (papéis em geral, canetas, lápis de cor)

( ) suporte financeiro (verbas para custeio do projeto)

( ) transporte ( ônibus, vans para deslocamento dos alunos e professores)

( ) Outros. Especifique.

2. Já foi desenvolvido algum projeto na escola voltado à gestão dos resíduos sólidos gerados na escola?

( ) Não.

( ) Sim. Comente:

3. Na sua concepção, qual a importância da gestão adequada dos resíduos sólidos?

4. Qual(is) é (são) o(s) objetivo(s) da escola com o desenvolvimento de projetos relacionados a Educação

Ambiental (EA)?

5. A escola desenvolve algum projeto de educação ambiental de iniciativa externa (empresas privadas ou

ONG’s)? Qual (s)?

6. Na sua concepção qual o a importância da EA para a escola, incluindo alunos, família, bairro e

funcionários?

7. Você tem alguma ideia de projeto que envolva EA na escola? Qual?

Referências ANDRADE, C. D. M. A educação ambiental como função social da escola na perspectiva da Lei 9.795/99. 2014. 220 p. Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, Belo Horizonte, 2014.

Page 82: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

81

APÊNDICE E - Roteiros dos encontros temáticos.

I - Encontro 1: Apresentação do projeto e introdução ao tema “Integração do ser humano ao meio ambiente”.

Roteiro Encontro 1

1.Fase 1 1.1 Apresentação pessoal e do projeto e elaboração dos crachás A fase 1 deste encontro representa o primeiro momento de contato direto com os alunos. Desse modo, optou-se por uma breve apresentação pessoal e explicação sobre o projeto e sua finalidade evitando a perda de interesse dos alunos ao mesmo tempo em que tomavam ciência das atividades a serem desenvolvidas. A importância do projeto e relevância para a vida dos alunos foram temas abordados durante a reflexão compartilhada na fase 2 do mesmo encontro. Após a apresentação pessoal e do projeto, os alunos elaboraram crachás com material reciclável (papelão), previamente coletado na própria escola pelo responsável pelo desenvolvimento do trabalho aqui apresentado (Figura 1). Nos crachás foram escritos o nome pelo qual cada pessoa desejava ser chamada durante a realização das atividades. Essa medida teve como objetivo aproximar os alunos, desconstruindo a imagem de professor como um personagem distante deles.

Figura 1 – Crachás de material reciclável.

Fonte: do autor.

Apesar do interesse em demostrar proximidade, considerou-se importante que os alunos compreendessem que as atividades deveriam ser realizadas com seriedade para o sucesso do projeto. Para tanto, foram utilizadas algumas técnicas para controlar a dispersão dos alunos como por exemplo a distribuição dos cargos de “controlador do tempo” e

Page 83: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

82

“controlador do barulho”, atribuindo assim responsabilidades específicas para os alunos, além de proporcionar-lhes o reconhecimento da importância de sua participação. 2. Fase 2 A Fase 2 foi dividida em dois momentos: 2.1 Dinâmica do Fio Após a divisão da turma em dois grupos, os alunos formaram um círculo, tendo 4 voluntários no centro, sendo 2 de cada grupo. Aqueles que estavam formando o círculo utilizaram um barbante para a formação de uma teia, de forma que os alunos que se encontravam no centro do círculo ficassem entrelaçados. Na sequência, os indivíduos que estavam no centro da teia foram convidados a se deslocarem sem que sua ação movimentasse os fios, mostrando assim que as ações dos membros do centro do círculo, que estavam entrelaçados, geram consequências para todos. A teia formada pelos alunos representa a conexão entre todos os elementos do meio ambiente. O movimento dos alunos que estão no centro do círculo representa as ações do cotidiano do homem. Assim, em forma de analogia, os alunos deveriam concluir que todas as ações humanas geram consequências para o meio, algumas vezes positivas, outras negativas. 2.2 Reflexão compartilhada Com base na execução da dinâmica, encaminhou-se os alunos a refletir sobre a integração do ser humano ao meio ambiente e como suas ações podem gerar consequências para o meio no qual estão inseridos com base nas perguntas e conteúdos a seguir: a) O que é o meio ambiente? (Definição e exemplos de elementos que o compõe) “Meio ambiente: conjunto de condições, leis, influência e interações de ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.”

RESOLUÇÃO CONAMA nº 306, de 5 de julho de 2002

“circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo-se ar, água, solo, recursos naturais, flora,

fauna, seres humanos e suas inter-relações”

ABNT NBR ISO 14001:2004

b) O ser humano faz parte do meio ambiente? Por quê? (Justificativa e exemplos) “Esta é uma questão muito presente nas entrelinhas da Lei 9.794/1999, pois leva ao entendimento que o meio ambiente é formado por um conjunto de sujeitos, seres e substâncias (orgânicas e inorgânicas), que

Page 84: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

83

estão no mundo e são interdependentes. O prejuízo para um refletirá no outro. O exemplo disto é a extinção

de algumas espécies que tiveram seu habitat destruído e migraram para outros espaços causando

desequilíbrio ambiental ou se extinguindo.”

Andrade (2014)

“O modelo de desenvolvimento atual responsável pela constituição dos sistemas econômico, político,

educacional e de valores vem provocando distanciamento do ser humano da natureza, rupturas ecológicas e

degradação ambiental, colocando em risco a continuidade de vida na Terra. Uma vez que o ser humano

fascinado pela tecnologia parece haver perdido o sentimento de que nós mesmos somos um pedaço da

natureza e que a vida sobre a terra constitui uma unidade.”

Cabral et al. (2002)

“A educação ambiental deve permitir a compreensão da natureza complexa do meio ambiente e interpretar a

interdependência entre os diversos elementos que a conforma, com vistas a utilizar racionalmente os

recursos do meio na satisfação material e espiritual da sociedade, no presente e no futuro.”

Andrade 2014

“Todos são responsáveis pela preservação ambiental: governos, empresas e cada cidadão.”

Brasil

“Refletir sobre a complexidade ambiental abre um estimulante espaço para compreender a gestação de novos atores sociais que se mobilizam para a apropriação da natureza, para um processo educativo

articulado e compromissado com a sustentabilidade e a participação, apoiado numa lógica que privilegia o

diálogo e a interdependência de diferentes áreas de saber. Mas também questiona valores e premissas que

norteiam as práticas sociais prevalecentes, isto implicando numa mudança na forma de pensar, uma

transformação no conhecimento e das práticas educativas.”

Jacobi (2004)

c) Nossas ações podem interferir no meio ambiente? Por quê? Como (Justificativa e exemplos) Exibição do vídeo “Man” disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=WfGMYdalClU). Em todos os momentos de reflexão compartilhada encontros era iniciada com a apresentação de uma das perguntas acima, sendo que a construção da resposta deveria ser feita pelos alunos. Caso houvesse baixa participação ou falhas na construção da resposta, o responsável pelo encontro deveria orientar e fornecer informações para a formulação das respostas. Em todos dos encontros, o conteúdo teórico não foi entregue aos alunos em nenhum momento, servindo apenas como referencial a ser fornecido aos alunos caso as respostas formuladas não fossem consideradas satisfatórias. Em todos os encontros utilizou-se também de imagens ilustrativas para auxiliar elaboração das respostas. 3.Fase 3

Page 85: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

84

3.1 Atividade de conclusão Para finalizar o encontro e com o intuito de avaliar a assimilação do conteúdo apresentado, foram exibidas duas figuras aos alunos, a primeira de um grupo de pessoas se alimentando em um restaurante e a segunda de um dois idosos utilizando um smartphone. A figura abaixo representa a primeira imagem exibida.

Figura 2 - Pessoas se alimentando.

Fonte: http://fatoenoticia.com.br/alimentacao-sustentavel-fara-parte-restaurante-popular-em-mt/ Após a apresentação das imagens, os alunos deveriam escrever, de forma sucinta em folha entregue pelo responsável do projeto, uma justificativa do porquê as imagens acima representam cenas que caracterizam a integração do homem ao meio e um impacto negativo para o meio ambiente que essa atividade pode gerar.

II - Encontro 2: “5R’s e consumo consciente.” Roteiro Encontro 2

1.Fase 1 1.1 Entrevista sobre hábitos de consumo Antes das entrevistas foram exibidos dois vídeos de propagandas de diferentes produtos de consumo comum aos alunos (chocolate e um smartphone) buscando estimular a discussão sobre a influência da publicidade na vida dos alunos. Na sequência, os alunos foram entrevistados sobre seus hábitos de consumo. As perguntas realizadas podem ser conferidas abaixo.

Page 86: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

85

1) O que você acha das propagandas de televisão e internet como a do vídeo? Elas te afetam? 2) Na sua casa, com que frequência as pessoas trocam de celular e outros aparelhos eletrônicos? O que é feito com os antigos? 3) O que você faz com roupas velhas quando compra novas? 4) O que você acha dos copos, pratos e outros objetos descartáveis? 5) Você costuma pegar a merenda da escola? Come tudo? Se você tivesse que pagar pela merenda acredita que seria diferente? 2. Fase 2 2.1 Reflexão compartilhada Para exemplificar a discussão sobre o consumismo exibiu-se o vídeo “Consumismo - Obsolescência Programada” disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=TffNfxoTJC4 . A exibição do vídeo não ocorreu no início da reflexão, mas sim após alguns minutos, para evitar que os alunos baseassem suas repostas unicamente no conteúdo do vídeo. A entrevista e o vídeo apresentavam por objetivo introduzir o tema do consumismo exagerado existente atualmente. As perguntas realizadas durante a entrevista estimularam respostas que evidenciem hábitos que aparentemente são comuns, mas que após a exibição do vídeo contribuíram para uma reflexão mais aprofundada em relação ao tema. As questões e o referencial teórico para as discussões encontram-se abaixo. a) O que é o consumismo?

“O consumismo é o consumo extravagante ou espúrio de bens e serviços. Trata-se de um fenômeno humano

de cunho individual ou grupal mas influenciado por empresas, instituições, grupos e organizações públicas.

Manifesta-se no comportamento de pessoas quando da aquisição ou usufruto bens, ambientando-se em um

conjunto de práticas sociais, culturais e econômicas.”

BOCOCK10 (2000) apud GIACOMINI FILHO (2010)

“A contemporaneidade tem-se caracterizado pelas relações de produção e de consumo permeando as

interações sociais. Temos acompanhado mudanças nas relações estabelecidas entre adultos e crianças, bem

como o surgimento de uma nova produção da subjetividade em função da organização do cotidiano pela

mídia e o modo como a experiência das crianças, dos jovens e dos adultos vem se transformando na

sociedade de consumo. Portanto, crianças, adolescentes e adultos alteram suas relações intersubjetivas a

partir das influências que a mídia e a cultura do consumo exercem sobre todos nós.”

10 BOCOCK, Robert. Consumption. Londres: Routledge, 2000.

Page 87: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

86

CAMPOS e SOUZA (2003)

“Para orientar os ”consumidores”, a sociedade serve-se da publicidade. Assim, quando um governo faz

anúncios nos meios de comunicação para “falar bem” de sua política, temos uma propaganda; quando uma empresa divulga um produto, mostrando suas qualidades, temos uma publicidade.”

SOARES11 (1988) apud Santana (2010)

Com o intuito de exemplificar o processo linear de produção vigente hoje em nossa sociedade, a importância dada ao consumo e os impactos dessa metodologia, elaborou-se o fluxograma abaixo, baseado no vídeo “A história das coisas”.

Figura 3 – Fluxograma processo produtivo.

Fonte: adaptado de “A história das coisas”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7qFiGMSnNjw.

Após discutir-se sobre o consumismo e os impactos gerados devido o sistema vigente, buscou-se discutir com os alunos os 5R’s como uma ferramenta para minimizar as consequências negativas dessa realidade.

b) O que são 5R’s? Como aplicá-los no nosso dia a dia?

“Apesar da evolução na conscientização para os problemas ambientais, pesquisas de opinião como a Global

Environmental Survey (GOES) concluem que existe um significativo distanciamento entre a consciência para

o problema e as ações a nível individual. Os cidadãos se mostram verbalmente dispostos a fazer sua parte,

mas não percebem a relação de causalidade entre a conduta individual e o problema a nível global.” GODECKE et al.(2012)

“Pode-se dizer que as preocupações com a coleta, o tratamento e a destinação dos resíduos sólidos

representa, porém, apenas uma parte do problema ambiental. Vale lembrar que a geração de resíduos é

11 SOARES, Ismar de Oliveira. Para uma leitura crítica da publicidade. São Paulo: Ed. Paulinas, 1988.

Page 88: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

87

precedida por uma outra ação impactante sobre o meio ambiente – a extração de recursos naturais.

A política dos cinco R's deve priorizar a redução do consumo e o reaproveitamento dos materiais em relação

à sua própria reciclagem.

-Reduzir

-Repensar

-Reaproveitar

-Reciclar

-Recusar consumir produtos que gerem impactos socioambientais significativo

Os cinco R's fazem parte de um processo educativo que tem por objetivo uma mudança de hábitos no

cotidiano dos cidadãos. A questão-chave é levar o cidadão a repensar seus valores e práticas, reduzindo o

consumo exagerado e o desperdício.”

Brasil

“Reduzir: buscar reduzir o consumo, repensando o uso de materiais e evitando a geração de lixo. Exemplos: substituir produtos descartáveis por duráveis, eliminar desperdícios, evitar embalagens excessivas.

Reutilizar: prolongar a vida útil do material em sua função original ou adaptada. Exemplos: utilizar o verso

da folha, concertar eletrodomésticos e roupas, usar potes de vidro ou plástico para guardar outros objetos,

doar ou vender livros que não usa mais.

Reciclar: recuperar os resíduos, modificando-se suas características físico-químicas, visando produzir novos

materiais. Exemplos: papel, alumínio, vidro, plástico. Porém há todo um gasto envolvido nesse processo e

ele ainda depende do interesse do mercado para o produto reciclado.”

MEIRA et al. (2003)

3. Fase 3 3.1 Desafio da geração de resíduos Convidou-se os alunos a realizar um desafio relacionado a diminuição da geração de resíduos em suas casas ou na escola. Os adolescentes deveriam escrever uma proposta de ação para diminuição da geração de resíduos em suas casas/escola e se possível com uma meta específica.

III - Encontro 3: Destinação correta e impactos da destinação inadequada de resíduos.

Roteiro Encontro 3

1. Fase 1 1.1 Dinâmica: “Show do Milhão dos resíduos sólidos”

Page 89: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

88

Para a realização da dinâmica foi necessário que um aluno se voluntariasse a participar de uma atividade na qual ele seria questionado em relação a destinação dos resíduos sólidos e coleta seletiva. Os questionamentos foram realizados no formato de perguntas com alternativas de resposta com premiação a cada rodada. A dinâmica pode ser considerada uma comparação com o jogo “Show do Milhão” um programa de perguntas e respostas de grande popularidade no país. A estrutura do jogo consiste de questões de múltipla escolha com apenas uma alternativa correta. A cada rodada o jogador pode receber um prêmio caso indique a alternativa correta. Diferente da versão original do jogo, na qual o participante poderia escolher parar de participar a qualquer rodada, na versão aplicada, optar por parar de responder não era uma alternativa, tendo apenas o benefício de solicitar ajuda de um grupo de alunos e a opção de pular uma das questões. Ambos os benefícios poderiam ser utilizados apenas uma vez no momento que desejassem, exceto na pergunta final. A premiação era composta de pequenos cilindros de chocolate. As questões aplicadas e suas respectivas alternativas são apresentadas a seguir: 1) Qual dos materiais abaixo é reciclável? a) Bituca de cigarro b) Latinha de alumínio c) Papel higiênico usado d) Cabelo e) Poeira 2) Qual dos materiais abaixo não deve ser utilizado na compostagem? a) Terra b) Bife acebolado c) Casca de banana d) Folhas secas e) Minhocas 3) Qual das opções abaixo representa a destinação final mais adequada para os rejeitos de nossos lares? a) Terreno baldio b) Lixão c) Aterro Sanitário d) Aterro Controlado e) Aterro de Resíduos da Construção Civil e de Resíduos Inertes 4) Qual a cor da lixeira para o descarte de uma folha de papel?

Page 90: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

89

a) Marrom b) Amarelo c) Vermelho d) Verde e) Azul 5) Embalagem tetrapack® (Toddy), lápis, Terra e limpeza de jardim são classificadas respectivamente como: a) papel, rejeito, rejeito e orgânico b) plástico, orgânico, orgânico, orgânico c) papel, orgânico, rejeito e orgânico d) plástico, rejeito, rejeito e orgânico e) rejeito, rejeito, orgânico e orgânico 2. Fase 2 2.1 Separação de resíduos na escola Dividiu-se os alunos em 2 grupos para a realização de uma competição de separação de resíduos de acordo com o critério escolhido pelo próprio grupo; ou seja, cada grupo deveria propor uma metodologia para separação dos resíduos. O time que separasse a maior quantidade de resíduos sólidos (em unidades), da maneira adequada, no tempo estipulado de 5 minutos, seria a equipe ganhadora. Os resíduos utilizados nesta prática foram previamente selecionados e organizados pelo responsável do projeto evitando que os resíduos utilizados apresentassem qualquer tipo de risco aos alunos. 2.2 Reflexão compartilhada A reflexão compartilhada do Encontro 3 foi dividida em dois momentos. No primeiro momento intitulado “Destinação correta de resíduos sólidos” discutiu-se algumas das maneiras mais convencionais de se destinar os resíduos sólidos. No segundo momento apresentou-se imagens para exemplificar impactos da destinação de resíduos sólidos de maneira inadequada e discutir sobre eles. 2.2.1 Destinação correta de resíduos sólidos a) Aterro sanitário

“Técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para

confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os

Page 91: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

90

com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se

necessário.”

NBR 8419 (1992)

b) Reciclagem “[…processo de transformação dos resíduos sólidos que envolve a alteração de suas propriedades físicas,

físico-químicas ou biológicas, com vistas à transformação em insumos ou novos produtos, observadas as

condições e os padrões estabelecidos pelos órgãos competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS e do

Suasa.”

Brasil (2010)

c) Aterro da construção civil

“[..é a área onde serão empregadas técnicas de disposição de resíduos da construção civil Classe "A" no

solo, visando a preservação de materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro e/ou futura

utilização da área, utilizando princípios de engenharia para confiná-los ao menor volume possível, sem

causar danos à saúde pública e ao meio ambiente;”

CONAMA n° 307 (2012)

d) Compostagem

“Processo de decomposição biológica da fração orgânica biodegradável dos resíduos, efetuado por uma

população diversificada de organismos, em condições controladas de aerobiose e demais parâmetros,

desenvolvido em duas etapas distintas: uma de degradação ativa e outra de maturação” NBR 13591 (1996)

2.2.2 Impactos da destinação inadequada a) Impacto na natureza

Figura 4 - Escoamento livre de chorume.

Fonte:http://mfmambiental.com/wp-content/uploads/2017/09/chorume.jpg

Figura 5 - Ave morta.

Fonte: http://www.hypeness.com.br/wp-content/uploads/2013/03/Chris-Jordan.png

Page 92: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

91

b) Impacto social

Figura 6 – Inundações. Figura 7 – Reportagem sobre lixão.

Fonte:http://acritica.tagview.com.br/uploads/news

/image/231272/show_1.jpg

Fonte:http://www.blogclickconexao.com.br/2016/10/populacao-de-sao-jose-dos-ramos-reclma.html

Page 93: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

Figura 8 – Lixão.

Fonte: https://ogimg.infoglobo.com.br/in/17995061-2bd-358/FT1500A/550/2015-863753662-201511041712226501.jpg_20151104.jpg

3. Fase 3 3.1 Elaboração de mapa conceitual Elaborou-se um esboço parcial de um mapa conceitual relacionado a gestão de resíduos sólidos para ser apresentado aos alunos a fim de que eles completassem os espaços em branco com palavras/termos/conceitos relacionados ao tema, conforme o modelo da figura 9. A atividade serviu de base para avaliar o conteúdo assimilado pelos alunos durante os encontros.

Figura 9 – Esboço Mapa conceitual.

Fonte: autoral.

Page 94: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

O mapa conceitual, com medidas de 1,4 m de altura por 2,5 m de cumprimento foi elaborado com placas de papelão, onde foram escritas as palavras ou expressões conceitos, e placas de papel de rascunho reaproveitado (para as palavras de ligação).

IV - Encontro 4: “Visita ao Parque Ecológico do Taboão e Ecoponto de coleta de pneus”.

Roteiro Encontro 4

O encontro 4 diferencia-se dos demais pois foram realizadas atividades fora da escola que contemplaram a visita ao Parque Ecológico do Taboão, e a empresa Valecap Pneus de Lorena. No parque do Taboão foram realizadas as atividades lúdicas e de reflexão descritas a seguir: 1. Fase 1 1.1 Atividade às escuras Assim como nos demais encontros, a turma foi dividida em 2 grupos, sendo indicado um representante para cada grupo. Com os olhos vendados os alunos indicados foram convidados a identificar itens somente a partir do tato. A equipe cujo representante conseguisse adivinhar mais itens seria a ganhadora. É importante ressaltar que os mesmos itens foram entregues para ambos os voluntários. Os itens entregues aos alunos relacionam-se a compostagem e plantio de mudas. 1) restos de frutas 2) terra 3) sementes 4) uma muda do viveiro 5) composto em fase final 6) folhas secas 2. Fase 2 2.1 Reflexão compartilhada Devido à falta de infraestrutura do parque, não a reflexão não foi realizada utilizando apresentação de slides. Assim, aproveitou-se o espaço físico do viveiro para entreter os alunos e realizar a reflexão enquanto os mesmos caminhavam pelo viveiro e observavam a

Page 95: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

estrutura e as pilhas de compostagem em processo de maturação e uma pilha de composto já pronto e peneirado. A reflexão proposta teve como base o processo de compostagem, a importância e vantagens da compostagem através das questões abaixo: a) O que é compostagem?

“Processo de decomposição biológica da fração orgânica biodegradável dos resíduos, efetuado por uma

população diversificada de organismos, em condições controladas de aerobiose e demais parâmetros,

desenvolvido em duas etapas distintas: uma de degradação ativa e outra de maturação”

ABNT 13591 (1996)

“A compostagem pode ser definida como uma decomposição aeróbia acelerada e controlada de substratos

orgânicos em condições que permitam a ação de microrganismos. O resultado deste processo é um produto

final suficientemente estabilizado que pode ser considerado como um enriquecedor do solo, podendo ser

aplicado para melhorar as suas características, sem que haja uma contaminação do meio ambiente.”

Meira et al. (2012).

Segundo Meira et al. (2012) deve-se respeitar uma proporção entre os resíduos orgânicos verdes e castanhos de 1 para 3 volumes respectivamente. A tabela 3 representa exemplos de resíduos orgânicos verdes, orgânicos e outros que não devem ser utilizados.

b) Por que fazer compostagem? Quais as vantagens?

“Entre as vantagens da compostagem podemos destacar: economia de espaço físico e gastos com aterro

sanitário, tendo em vista que aproximadamente 65% do RSU brasileiro são compostáveis; diminuição dos

gastos com transporte dos resíduos; reciclagem dos nutrientes contidos no solo, devolvendo a ele os

componentes de que precisa e reaproveitamento agrícola da matéria orgânica, gerando um composto que

pode ser usado em vasos e jardins.”

Meira et al. (2012).

3. Fase 3 3.1 Desafio do Plantio Após a contextualização relacionada à compostagem e as atividades do viveiro, os alunos desenvolveram o transplante de mudas para vasos confeccionados com garrafas plásticas reutilizáveis utilizando o composto produzido no próprio parque. A imagem abaixo apresenta exemplos de vasos confeccionados pelo responsável pelo projeto.

Page 96: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

Figura 10 – Vasos de material reciclável.

Fonte: autoral.

Os recipientes foram confeccionados a partir de embalagens tetrapack®, garrafas pet e outras embalagens plásticas adquiridas pelo responsável pelo projeto. Antes de serem entregues aos alunos as embalagens foram devidamente higienizadas para remoção de resíduos e prevenir contaminação. Após a conclusão das atividades no parque, encaminhou-se os alunos para uma visita a empresa Valecap pneus do município de Lorena para uma breve explicação sobre o funcionamento e finalidade do empreendimento. Ambas as visitas buscaram proporcionar aos alunos a experiência de conhecer, na prática, mecanismos de tratamento adequado dos resíduos sólidos. É de extrema importância que seja evidenciado para os alunos que esses exemplos estão situados no seu próprio município, ou seja, representam uma realidade próxima e tangível.

V- Encontro 5: “Primeiro Passo”.

Roteiro Encontro 5 Diferente dos demais encontros o Encontro 5 (E5) não está relacionado a um encontro de formação de conceitos, mas sim a elaboração de um produto concreto por partes dos alunos. Para tanto dividiu-se o encontro em três fases, assim como os demais, mas sem a estrutura proposta por Bohrer et al. (2009).

Page 97: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

1. Fase 1 1.1 Visita a composteira da escola Os alunos visitaram a área externa da escola onde estava localizada a composteira desenvolvida pelo aluno responsável pelo projeto desde o dia 22 de setembro de 2017, conforme a metodologia proposta no item 4.3. Os alunos que assim desejassem poderiam contribuir com o processo de compostagem adicionando cascas de frutas separadas pelo responsável. 2. Fase 2 2.1 Propostas de melhoria na gestão de resíduos na escola Foi apresentado aos alunos o resultado da caracterização dos resíduos gerados na escola (classes, quantidades) e uma estimativa da quantidade de resíduos gerados em um ano, para que os alunos tomassem consciência dessa realidade. Em seguida solicitou-se que os alunos elaborassem suas próprias propostas para melhoria na gestão e gerenciamento dos resíduos da escola, sendo que as melhores propostas comporiam o PGRS. Também apresentou-se aos alunos algumas sugestões para melhoria na gestão dos resíduos elaboradas pelo responsável pelas atividades. 3. Fase 3 3.1 Elaboração de cartazes Os alunos foram convidados a elaborar cartazes sobre qualquer um dos temas abordados nos encontros anteriores ou com propostas de melhoria de gestão, como método de avaliação da assimilação do conteúdo exposto, assim como as demais atividades da Fase 3 de cada encontro. Em caso de baixa participação dos alunos algumas propostas de temas de cartazes foram entregues, como resultado da caracterização, os 5R’s e resíduos que podem ser compostados. Fixaram-se os cartazes elaborados, assim como o mapa conceitual, em um local de fácil visualização dentro da escola, de modo que os demais estudantes pudessem conhecer o trabalho desenvolvido pela turma em questão.

Page 98: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

APÊNDICE F - Solicitações e autorizações

I - Solicitação de autorização para realização de estágio de observação.

Lorena, 28 de agosto de 2017. Prezado Sr.,

Prof. XXXXXXX, Diretor da EE “XXXXXX”

Assunto: Solicitação de autorização para realização de estágio de observação.

Venho por meio desta solicitar autorização para entrada e permanência do aluno Rodolfo Cursino dos Santos na E.E “XXXXXX” para realização de estágio de observação nas aulas de Língua Portuguesa, Artes e Ciências da turma do 9º ano B nas datas listadas em anexo, no âmbito do desenvolvimento do projeto “Educação e gestão ambiental: caracterização dos resíduos sólidos escolares e práticas de educação ambiental em uma escola pública de ensino fundamental de Lorena (SP)”.

O estágio de observação é uma oportunidade para realização de uma análise local da prática e rotina escolar, das ações pedagógicas e da vivência docente que serve para nortear as atividades e práticas a serem desenvolvidas pelo aluno ao longo do desenvolvimento do referido projeto.

Desde já antecipo os agradecimentos e coloco-me à disposição para os esclarecimentos adicionais que se fizerem necessários. Atenciosamente,

Profa. Dra. “XXXXXX”

Escola de Engenharia de Lorena (EEL/USP) Departamento de Ciências Básicas e Ambientais

Page 99: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

II- Autorização para participação de alunos da E.E. “XXXXXX” em excursão

Senhores Pais ou Responsáveis, Informamos abaixo dados referentes a excursão programada para a turma em que seu filho(a) está matriculado(a). Recomendamos especial atenção aos dados da visita e solicitamos que o TERMO DE AUTORIZAÇÃO, devidamente preenchido e assinado, retorne até 17 de outubro de 2017. Dados da Excursão Local: Parque Ecológico do Taboão e Ecoponto de pneus Data: 18 de outubro de 2017 Local do embarque: E.E. “XXXXXX” às 13 h Local do desembarque: E.E. “XXXXXX” às 17:30 h Professor responsável: XXXXXXXXX Roupa recomendada: Calça longa, camiseta e tênis fechado.

AUTORIZAÇÃO PARA PARTICIPAÇÃO DE ALUNOS DA E.E. “XXXXXX” EM EXCURSÃO

Eu, , RG , autorizo meu filho (a) ____, aluno (a) do 9º ano B, a participar da visita ao Parque do Taboão e Ecoponto de pneus no dia 18 de outubro de 2017 com saída às 13 h e retorno previsto para 17 h. Telefone para contato: Data: Assinatura:

III – Termo De Consentimento Livre E Esclarecido – TCLE entregue a direção da escola

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Prezado Sr. Diretor,

A sua autorização será de fundamental importância para o desenvolvimento do

projeto intitulado “Educação e gestão ambiental: caracterização dos resíduos sólidos

escolares e práticas de educação ambiental em uma escola pública de Lorena (SP).”

Trata-se de projeto do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do aluno Rodolfo

Page 100: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

Cursino dos Santos da Escola de Engenharia de Lorena (EEL-USP) sob a orientação da

\professora XXXXXXXX, docente do Departamento de Ciências Básicas e Ambientais da

Escola de Engenharia de Lorena.

O projeto de pesquisa tem como objetivo geral desenvolver um trabalho de gestão

dos resíduos sólidos com foco em educação ambiental a partir da realização da

caracterização dos resíduos sólidos de uma escola da rede pública de ensino fundamental II

do município de Lorena. O projeto será realizado em seis etapas, que não ocorrerão

necessariamente em ordem cronológica, sendo elas: avaliação qualitativa e quantitativa dos

resíduos gerados na escola, elaboração de material de conscientização e atividades lúdicas

para a assimilação do conteúdo, apresentação dos resultados obtidos na caracterização

gravimétrica, atividades didáticas na escola e visitas a locais de destinação de resíduos de

Lorena, elaboração do plano de gestão de resíduos sólidos da escola e avaliação dos

resultados.

Os resultados da pesquisa serão analisados e publicados, mas nomes e outros dados

que possam identificar os participantes da pesquisa não serão divulgados, sendo guardados

em sigilo.

Deve-se salientar que não haverá remuneração por conta do desenvolvimento do

projeto de pesquisa na escola.

De acordo ainda, com os padrões da ética, deve-se resguardar a liberdade das

instituições em abandonar o estudo a qualquer tempo, bem como denunciar eventuais

danos decorrentes do mesmo.

Necessitamos, portanto, da sua autorização por escrito, para a aplicação deste

projeto de pesquisa.

Para qualquer outra informação a senhora poderá entrar em contato com a aluno

pelos telefones (XX) XXXX-XXXX e (XX) XXXX-XXXX e com a professora

orientadora pelo telefone (XX) XXXX-XXXX.

Atenciosamente,

Rodolfo Cursino dos Santos.

Aceito e autorizo o desenvolvimento do projeto de pesquisa “Gestão e educação

ambiental: caracterização dos resíduos sólidos escolares e práticas de educação

ambiental em uma escola pública de Lorena (SP)”, bem como o registro das informações e o uso destas para futuras publicações, mediante as condições

Page 101: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

anteriormente apresentadas para a realização deste estudo.

NOME (Letra de forma): __________________________________________________

RG: ___________________________________________________________________

Local de Trabalho:_______________________________________________________

Função:________________________________________________________________

Assinatura:_____________________________________________________________

Lorena, 22/08/2017.

IV- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE entregue

aos alunos

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Este é um convite para participação do projeto “Gestão e educação e ambiental: caracterização dos resíduos sólidos escolares e práticas de educação ambiental em uma escola pública de Lorena (SP)”. A participação de seu/sua filho(a) é voluntária, o que significa que ele(a) poderá desistir a qualquer momento, retirando seu consentimento, sem que isso lhe traga nenhum prejuízo ou penalidade. Este estudo tem por objetivo geral desenvolver um trabalho de gestão dos resíduos sólidos com foco em educação ambiental a partir da realização da caracterização dos resíduos sólidos da EE “XXXXXX”. A participação de seu/sua filho(a) é fundamental para o resultado deste projeto que ao final apresentará um plano de gestão de resíduos com medidas de curto, médio e longo prazo para melhor gestão dos resíduos gerados na escola. Caso decida aceitar o convite, seu/sua filho(a) participará de encontros na própria escola, em horário de aula, com a temática de resíduos sólidos, segundo a divisão abaixo: Encontro 1: “Apresentação do projeto e integração do ser humano ao meio ambiente.”

Encontro 2: “5R’s e consumo consciente.” Encontro 3: “Destinações corretas e impactos da destinação inadequada de resíduos.” Encontro 4:“Visita ao Parque Ecológico do Taboão e a empresa Valecap pneus de Lorena.” Encontro 5: “Primeiro passo.”

Ao participar da pesquisa o(a) aluno(a) será beneficiado pelo uso de diferentes recursos para o ensino-aprendizagem na escola e também contribuirá para a compreensão da efetividade da educação na melhoria da gestão dos resíduos sólidos. Todas as informações obtidas ao longo do desenvolvimento do projeto serão sigilosas e seu nome NÃO será identificado em nenhum momento. Os dados serão guardados em local seguro e a divulgação dos resultados será feita de forma a não identificar os alunos ou a escola participante do projeto. Vale lembrar que você não terá nenhuma despesa e também não receberá nenhuma remuneração para participar deste projeto, assim como seu/sua filho(a).

Page 102: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

A presente autorização é concedida a título gratuito, abrangendo o uso da imagem das seguintes formas: (I) áudio; (II) fotografia; (III) vídeo; (IV) mídia (jornais, websites, revistas, painéis, televisão, programa para rádio, entre outros). Declaro que compreendi os objetivos e procedimentos deste projeto, como ela será realizada, os benefícios envolvidos e autorizo o(a) meu(minha) filho(a) a participar voluntariamente da pesquisa. Por esta ser a expressão da minha vontade declaro que autorizo o uso acima descrito sem que nada haja a ser reclamado a título de direitos conexos à imagem do(a) meu(minha) filho(a) ou a qualquer outro, e assino a presente autorização em 02 vias de igual teor e forma.

Lorena, 28/08/2017.

______________________________________ ______________________________________

NOME DO PAI OU RESPONSÁVEL ASSINATURA DO PAI OU RESPONSÁVEL

______________________________________ ______________________________________

NOME DO ALUNO PARTICIPANTE ASSINATURA DO ALUNO PARTICIPANTE

______________________________________

ASSINATURA DO RESPONSÁVEL DO PROJETO

V - TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM

TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM

Por este ato, e na melhor forma de direito, eu, _________________________________________________________________, portador(a) de cédula de Identidade R.G. n.º ______________ e inscrito(a) no CPF/MF sob o número ________________________, representante legal da empresa_______________________________________________________________________________, inscrita sob o CNPJ. ____________________________ AUTORIZO EXPRESSAMENTE a veiculação, gratuita logomarca/imagem da empresa supramencionada, pelo Sr. Rodolfo

Cursino dos Santos, aluno do curso de Engenharia Ambiental da Escola de Engenharia de Lorena (EEL-USP), em quaisquer veículos de comunicação a serem produzidos exclusivamente para composição do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e posteriores publicações do citado aluno.

Page 103: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

Para tanto, a imagem objeto da presente autorização poderá ser veiculada por todos os meios de divulgação, inclusive, mas não limitadamente, pela mídia impressa ou por transmissão eletrônica de dados (online), em folders de apresentação da entidade, folhetos, malas diretas, bem como no website, através dos quais todo e qualquer terceiro poderá ter acesso às mencionadas informações e imagem, cuja divulgação pública se autoriza. Por ser esta expressão da minha vontade, livre de qualquer constrangimento ou coação, declaro que autorizo o uso acima descrito sem que nada haja a ser reclamado a título de direitos conexos à minha imagem, assinando a presente autorização em duas vias de igual teor e forma.

Lorena, ___ de ____ de 2017.

___________________________________ (nome e assinatura do representante legal)

Page 104: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

APÊNDICE G – Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da E.E. “XXXXXX” - Lorena/ SP

Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da E.E. “XXXXXX” - Lorena/ SP

Apresentação As sugestões apresentadas neste Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) foram elaboradas a partir das informações coletadas e experiências vivenciadas pelo graduando em Engenharia Ambiental pela Escola de Engenharia de Lorena (EEL-USP), Rodolfo Cursino dos Santos, durante a realização do seu trabalho de conclusão de curso (TCC), intitulado “Gestão e educação ambiental: caracterização dos resíduos sólidos escolares e práticas de educação ambiental em uma escola pública de ensino fundamental de Lorena (SP)”, sob orientação da Profª. Dra. Danúbia Caporusso Bargos, docente do Departamento de Ciências Básicas e Ambientais da Escola da Engenharia de Lorena. Antes do início da leitura desse documento é importante salientar que somente profissionais habilitados podem ser responsáveis legais por um PGRS. Assim, o conteúdo deste documento não apresenta poder legal, mas apenas caráter informativo e sugestivo.

1 DESCRIÇÃO DA INSTITUIÇÃO Para o desenvolvimento do projeto optou-se por uma secular e tradicional escola pública de Lorena, atualmente sob a administração da Secretaria da Educação do estado de São Paulo. Localizada na região central do município, a escola conta com 17 salas de aula, laboratório de informática, sala dos professores, quadra de esportes coberta, cozinha, sala de leitura e estrutura para alunos com deficiência ou mobilidade reduzida, além das salas administrativas, segundo o site da escola. Em entrevista com o diretor da unidade, constatou-se que o corpo docente é composto por 93 professores, enquanto o corpo discente conta com aproximadamente 1.100 alunos matriculados até o presente momento que se encontram divididos em 33 turmas de ensino fundamental, médio e supletivo. A escola funciona durante os três turnos: matutino, vespertino e noturno. Para manter o funcionamento, a escola conta com 30 funcionários para as mais diversas funções, como por exemplo: limpeza, supervisão dos alunos, preparo de refeições e funções administrativas.

2 CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS A caracterização dos resíduos é um importante elemento na composição do PGRS. O conhecimento da quantidade e características dos resíduos gerados auxilia na elaboração das medidas do plano. Antes do início da coleta e pesagem dos resíduos gerados na escola, realizou-se uma reunião como os funcionários da equipe de limpeza para conhecer o processo, entender suas fragilidades e determinar os detalhes sobre o recolhimento,

Page 105: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

separação e pesagem desses resíduos.

2.1 Entrevista com equipe de limpeza e diagnóstico do local A equipe de limpeza da escola é composta por oito funcionárias. No entanto, devido a problemas de saúde, somente quatro funcionárias estavam atuando no período que compreendeu as visitas à escola; número que, segundo elas é insuficiente para a limpeza adequada da escola. A limpeza das salas de aula ocorre três vezes ao dia, antes das aulas matinais, antes das aulas vespertinas e antes da aula noturnas. A limpeza da área administrativa, banheiros, pátio e área externa ocorre entre os horários de limpeza das salas de aula. Após a observação do pátio e salas de aula, pôde-se constatar que de fato a limpeza não está sendo realizada de forma efetiva. As figuras 1 (a,b,c e d) representam a situação do pátio da escola.

Figura 1 – Exemplos de descarte irregular de resíduos sólidos no pátio.

(a) (b) (a)

(c) (d)

Fonte: do autor Fonte: do autor

Fonte: do autor Fonte: do autor

Page 106: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

105

A observação da situação da limpeza do pátio da escola foi realizada em dias não específicos ao decorrer do desenvolvimento do projeto. As imagens acima foram utilizadas como representação do observado em todos os dias de visita. O pátio e a área externa encontravam-se sujos e com vários resíduos, principalmente embalagens de alimentos descartados em toda sua extensão, chegando ao ponto de ser possível encontrar um prato plástico, utilizado para servir as refeições aos alunos, dentro de uma lixeira. A figura 1- d foi retirada próxima à área da quadra de esportes da unidade, local onde alguns alunos, em sua maioria no período noturno, encontram-se para fumar, caracterizando a área como a região com a maior quantidade de resíduos de cigarros de toda a escola. Atualmente a escola possui 6 lixeiras comuns no pátio, 1 lixeira em cada sala e mais 6 distribuídas pelos corredores, área externa e recepção de visitantes; além das lixeiras encontradas na área administrativa e banheiros. O único conjunto de lixeiras para a coleta seletiva está instalado na região central do pátio. Entretanto, ao investigar o interior das lixeiras pôde-se observar que pouquíssimos resíduos são descartados corretamente. As figuras 2 e 3 representam a disposição das lixeiras da coleta seletiva e o interior dos recipientes.

Figura 2 – Lixeira coleta seletiva.

Fonte: do autor.

Page 107: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

106

Figura 3 – Interior das lixeiras de coleta seletiva.

Como pode ser observado nas imagens acima, os resíduos não são descartados corretamente conforma o tipo de lixeira. A figura 3 - a representa a lixeira destinada ao descarte de papel, e quando analisada, apesar de alguns resíduos plásticos, a lixeira

(a) (b)

(c) (d)

Fonte: autoral. Fonte: autoral.

Fonte: autoral. Fonte: autoral.

Page 108: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

107

continha os resíduos corretos. Afigura b representa a lixeira destinada ao descarte dos plásticos; entretanto outros resíduos podem ser observados em seu interior, inclusive um prato do refeitório, que mesmo sendo plástico não deveria ter sido descartado, mas sim entregue a funcionária do refeitório para controle da perda de material. As figura c e d, representam as lixeiras para descarte de vidro e metais. No entanto, não foi possível encontrar esse tipo de resíduo nos recipientes que estavam ocupados, em sua maioria, com resíduos plásticos e papel. Os resíduos coletados em toda a escola são adicionados a sacos maiores, sem separação, e armazenados temporariamente a céu aberto até o momento de serem enviados para um local fora do perímetro da escola. O recolhimento de todo o resíduo é feito pela equipe de limpeza pública do município, sendo o destino final do resíduo um aterro sanitário localizado no município de Cachoeira Paulista. A figura 4 representa o local de armazenagem temporária.

Figura 4 – Local de armazenagem temporária dos resíduos.

Fonte: do autor. O local é descoberto, exposto a intempéries climáticas, vandalismo ou até mesmo ataque de animais peçonhentos e domésticos. Além disso, pequenos resíduos que caem dos sacos permanecem sob a grama. Diariamente os resíduos são encaminhados para a área externa da escola em condições semelhantes as apresentadas acima, mas dessa vez na calçada.

2.2 Coleta, separação e pesagem dos resíduos sólidos escolares O montante de resíduos separado e pesado continha os resíduos de toda a escola gerados das 17:00 h do dia anterior até o mesmo horário do dia da análise, exceto pelos resíduos

Page 109: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

108

das segundas-feiras, que representavam o montante gerando após as 17:00 h sexta-feira anterior até o mesmo horário das segunda-feira. Os resíduos foram pesados, separados em papel, plástico, metal, orgânico e rejeito e pesados novamente. A tabela 1 apresenta o resultado final da pesagem dos resíduos.

Tabela 1 – Massa dos resíduos coletados no mês de setembro de 2017.

Resíduos (kg) Dias de coleta

18 19 20 21 22 Total antes da separação 23,35 39,60 21,55 40,05 40,45

Orgânico 13,75 17,75 11,25 20,25 19,00 Papel 4,75 8,05 2,80 10,60 7,35

Plástico 2,50 3,10 2,40 4,15 3,25 Metal 0,75 1,25 0,60 0,25 2,25

Rejeito 2,00 9,35 4,25 4,10 7,10 Total após a separação 23,75 39,50 21,30 39,35 38,95

Fonte: do autor. Durante a semana de coleta a comunidade escolar gerou um total de 162, 85 kg de resíduos sólidos. Considerando 200 dias letivos, a escola em estudo geraria aproximadamente 6.514 kg de resíduos em 1 ano. Vale lembrar que essa estimativa não considera os resíduos das podas de árvores e folhas caídas que são retirados da escola sem periodicidade. Conforme o número de alunos obtido na entrevista com o diretor da escola e o resultado da pesagem, encontrou-se uma média de menos de 30 g/pessoa.dia. Embora seja baixa, essa média não pode ser considerada representativa, pois o número real de alunos que comparecem as aulas não é 1.100 indivíduos por dia. A geração de resíduos na escola não pode ser considerada uniforme durante a semana em estudo, pois varia aproximadamente entre 21 e 40 kg, em função da frequência dos alunos e das variadas atividades desenvolvidas pela comunidade escolar, como exemplo no dia 21 de setembro de 2017. Nesse dia realizou-se a eliminação de uma grande quantidade de papel que estava armazenado, o que acarretou em um volume de papel maior do que os demais dias e uma influência no peso total dos resíduos. Apesar da variação na pesagem dos resíduos pôde-se observar que em todos os dias a massa dos resíduos orgânicos mostrou-se maior do que a dos demais, principalmente em função dos resíduos gerados pelo refeitório da escola. Os dias com maior geração de resíduos orgânicos foram os dias com maior massa total de resíduos pesados. Tal observação exigiu a análise dos resíduos provenientes do refeitório, que pode ser observada no item 2.3. A composição gravimétrica média dos resíduos coletados durante a semana na escola pode ser definida como: 50,35% orgânico (16,4 kg), 20,60% papel (6,71 kg), 9,46% plástico (3,08 kg), 3,13% metal (1,02 kg) e 16,46% rejeito (5,36 kg). A figura 5 apresenta a média da composição gravimétrica dos resíduos coletados durante a semana.

Page 110: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

109

Figura 5 – Gráfico da composição gravimétrica média dos resíduos gerados (%).

Fonte: do autor. Compondo mais de 50% dos resíduos gerados na escola, a parcela dos orgânicos mostrou-se maior do que a dos demais, principalmente em função dos resíduos gerados pelo refeitório da escola, como já foi dito. Pôde-se observar também uma parcela de galhos e folhas que foram coletados pela equipe de limpeza, mas em quantidade (massa) inferior à dos resíduos do refeitório. Em seguida, o papel é o resíduo mais gerado, proveniente principalmente das salas de aula e setor administrativo. O resíduo de plástico gerado na escola é composto, principalmente, por embalagens de alimentos e bebidas consumidas pela comunidade escolar; já o metal corresponde principalmente a latas de bebidas, consumidas durante o expediente, e também de alimentos utilizados no preparo das refeições. A quantidade dos rejeitos gerados pode ser atribuída ao fato de não haver uma separação adequada dos resíduos. Pequenos pedaços de plástico, papel e resíduos orgânicos encontravam-se misturados de forma que inviabilizava a separação e, portanto, foram destinados como rejeito, sendo que esta classe deveria conter apenas resíduos que deveriam ser encaminhados para a destinação final, como resíduos de banheiros, terra, poeira e bitucas de cigarros. A figura 6 a comparação entre os valores aqui apresentados e os valores encontrados por

Page 111: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

110

outros autores em relação à composição gravimétrica dos resíduos sólidos produzidos em escolas a nível nacional. Figura 6 – Gráfico da composição gravimétrica dos resíduos sólidos produzidos em algumas escolas a nível

nacional.

Fonte: do autor. A comparação entre os valores e os trabalhos de outros pesquisadores mostra que, existem variações entre a composição dos resíduos nas diferentes unidades de ensino em diferentes localidades do país. No entanto, os resíduos orgânicos são sempre os responsáveis pela maior parcela da composição, normalmente seguidos por papel ou rejeito.

2.3 Coleta, separação e pesagem dos resíduos sólidos do refeitório O refeitório da escola produz refeições para todos os alunos durante os três períodos de funcionamento (matutino, vespertino e noturno), contando com o trabalho de 3 funcionárias: 1 nos períodos matutino e vespertino e 2 para o período noturno. A figura 7 apresenta o refeitório.

Page 112: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

111

Figura 10- Refeitório.

Fonte: do autor. Devido à maior quantidade dos resíduos orgânicos na composição dos resíduos totais da escola, optou-se por realizar uma análise individual desses resíduos que não estava prevista inicialmente. Os resíduos foram coletados do refeitório da escola durante 3 dias, sempre após as refeições, do dia 24 a 26 de outubro de 2017, conforme o cronograma abaixo.

Tabela 2 – Cronograma da avaliação dos resíduos sólidos do refeitório. Dia de coleta

Período 23/10/17 24/10/17 25/10/17 26/10/17 27/10/17 Matutino X X X

Vespertino X X X

Noturno X X X Fonte: do autor. Para um mesmo dia foram verificadas, após cada refeição, a taxa de desperdício estaria relacionada com o período. Os resíduos foram separados em compostáveis e não-compostáveis e anotou-se a massa utilizando a mesma balança exibida na figura 1. A massa dos alimentos utilizados no preparo das refeições também foi anotada. A tabela abaixo apresenta o resultado da pesagem.

Page 113: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

112

Figura 8 – Gráfico da pesagem dos resíduos do refeitório no mês de outubro de 2017.

Fonte: do autor. Durante a semana em estudo foram preparados aproximadamente 193,6 kg de alimentos. Destes, 32,1 kg foram descartados como rejeito, mas apenas 0,75 kg desse montante poderia ser utilizado para compostagem. Isso se deve ao fato de que em nenhum dos dias de estudo terem sido utilizados alimentos frescos para a produção das refeições, exceto no período noturno do dia 24 de outubro de 2017, dia no qual foi servido salada de alface. A taxa de desperdício média dos dias de estudo é de 16,6%, sendo que o período vespertino do dia 26 de outubro de 2017 apresentou a maior taxa, 43,95%. Segundo a responsável pelas refeições nesse período, tal valor é devido a reprovação dos alunos em relação ao cardápio, o que pode ser evidenciado pelo fato desse dia ser o dia com maior taxa de desperdício média, 30,98%. A tabela 3 apresenta a relação entre o cardápio do refeitório e a taxa de desperdício observada em cada período.

Total (kg) a) Preparo: 193,58 b) Rejeito: - compostável : 0,75 - não-compostável: 31,35

Page 114: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

113

Tabela 3 – Relação entre cardápio e taxa de desperdício.

Dias de coleta Taxa de desperdício (%) Cardápio

24/10/17 Matutino 8,54

Macarrão à bolonhesa Vespertino 16,46 Noturno 8,99

Média diária 11,33

25/10/17 Matutino 20,09

Estrogonofe de carne e arroz Vespertino 18,33 Noturno 9,35

Média diária 15,92

26/10/17 Matutino 32,96

Macarrão com moela de frango Vespertino 43,95 Noturno 16,05

Média diária 30,98 Fonte: do autor.

3 IDENTIFICAÇÃO DAS SOLUÇÕES EM CASO DE GERENCIAMENTO INCORRETO OU ACIDENTES Durante o período de desenvolvimento deste projeto não foram observadas técnicas que refletissem inconformidades com a legislação ou gerenciamento incorreto dos resíduos da escola, uma vez que todos os resíduos são coletados e armazenados até que a equipe de limpeza pública recolha e destine-os. Entretanto, existem várias inconformidades no processo, como o alto índice de descarte de resíduos fora das lixeiras, a utilização incorreta das lixeiras da coleta seletiva, falta de separação dos resíduos, inexistência de trabalhos de conscientização e de conteúdo voltado para a educação ambiental (EA), além da geração em excesso de resíduos, principalmente os orgânicos provenientes do refeitório. Pode-se destacar também a inexistência de um local adequado para armazenagem dos resíduos antes de serem coletados pela equipe de limpeza pública. Para a resolução das inconformidades citadas acima foram elaboradas algumas metas e mecanismo citados nos itens 4 e 5 deste PGRS.

4 METAS As metas foram determinadas conforme o sistema de metas S.M.A.R.T12, citado pelo Instituto Brasileiro de Coaching (IBC), ou seja, metas específicas, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e temporais. Estipulou-se um período de 10 anos para que o objetivo final do plano, tornar a escola um agente mais atuante na gestão dos resíduos do

12 http://www.ibccoaching.com.br/portal/metas-e-objetivos/metas-objetivos-diferencas-exemplos/

Page 115: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

114

local onde a unidade está localizada, seja alcançado. Para tanto foram determinadas metas a serem atingidas, em curto, médio e longo prazo, com períodos de 2 e 3 anos respectivamente conforme o cronograma abaixo.

Tabela 4 – Cronograma de metas.

Metas

Curto prazo Médio prazo Longo prazo

Ano 1

Ano 2

Ano 3

Ano 4

Ano 5

Ano 6

Ano 7

Ano 8

Ano 9

Ano 10

Coleta e análise de dados sobre resíduos gerados na escola

Elaboração do conteúdo de educação ambiental

Diminuição do desperdício dos resíduos do refeitório

Diminuição dos resíduos totais Separação adequada dos resíduos Envolvimento da família na gestão dos resíduos

Elaboração e desenvolvimento de projetos de EA

Transmissão do conhecimento adquirido

Auxílio na triagem e tratamento dos resíduos do bairro

Fonte: do autor.

4.1 Descrição das metas

4.1.1 Metas a curto prazo As metas consideradas de curto prazo foram elaboradas para que o objetivo inicial fosse alcançado, ou seja, o desenvolvimento de um ambiente favorável a aplicação de um modelo de gestão de resíduos sólidos mais adequado para a escola. Para tanto, sugere-se um denso levantamento de dados e informações acerca dos resíduos sólidos e educação ambiental na escola, além do início da integração dos discentes e docentes na gestão participativa. a) Coleta e análise de dados sobre resíduos gerados na escola O levantamento de dados relativos a geração, separação, acondicionamento, tratamento e destinação de resíduos sólidos gerados na escola é importante para embasar as decisões a serem tomadas em relação as melhorias no gerenciamento. Além disso é necessário determinar as inconformidades existentes no processo de gestão e gerenciamento dos resíduos que estejam relacionados as funções de cada indivíduo. b) Elaboração do conteúdo de educação ambiental

Page 116: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

115

A partir das respostas dos questionários aplicados a direção e professores da escola constatou-se a inexistência de projetos relacionados a EA. Desse modo, é recomendável a elaboração de ações pontuais, projetos e a introdução de conteúdo nas disciplinas, que apresentem relação com o tema, de forma lúdica e participativa.

4.1.2 Metas a médio prazo As metas de médio prazo têm por objetivo de alcançar o segundo objetivo do projeto, ou seja, aplicar medidas que sejam capazes de aprimorar a gestão e gerenciamento dos resíduos gerados na própria escola. a) Diminuição do desperdício dos resíduos do refeitório A partir do controle estatístico das refeições produzidas na escola, espera-se identificar os cardápios com maior taxa de reprovação e assim elaborar medidas que visam a diminuição do descarte de resíduos, uma vez que esses resíduos compõem parcela mais significativa do descarte dessa unidade. b) Diminuição dos resíduos totais A diminuição do desperdício que ocorre no refeitório e de medidas que visem tanto a diminuição do consumo, quanto o incentivo a reutilização e reciclagem dos resíduos gerados (medidas a serem apresentadas no item 5.2) têm como consequência a diminuição dos resíduos totais da escola c) Separação adequada dos resíduos gerados A instalação de um sistema adequado de separação dos resíduos tem por objetivo facilitar triagem dos materiais para seus respectivos tratamentos e/ou destinações adequadas, por exemplo, se devidamente separados, os materiais recicláveis podem ser encaminhados para a cooperativa e não mais para o aterro sanitário. Tal medida minimiza o volume enviado aos aterros e consequentemente o capital gasto com o envio, além de otimizar o uso de matéria-prima. d) Envolvimento da família no gerenciamento dos resíduos Os conceitos e técnicas desenvolvidos na escola durante as atividades devem ser compartilhados com os familiares dos alunos, para que possam ser aplicados em seus lares. Para tanto sugere-se que seja incentivada a participação dos familiares nos projetos a serem elaborados, na forma de oficinas e mutirões. e) Elaboração e desenvolvimento de projetos de EA

Page 117: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

116

Dentre as múltiplas possibilidades de trabalhos relacionados a conscientização, os projetos interdisciplinares podem ser utilizados como uma ferramenta bastante útil no desenvolvimento de trabalhos relacionado à gestão de resíduos sólidos e EA. Desse modo, o desenvolvimento de projetos que envolvam toda a comunidade escolar, além dos familiares dos alunos, como a construção de uma composteira, instalação de lixeiras da coleta seletiva, reciclagem de papel na escola, entre outros, tem por objetivo concretizar uma gestão e gerenciamento mais participativos.

4.1.3 Metas a longo prazo A partir do momento que a escola for capaz de realizar uma gestão mais adequada dos resíduos por elas produzidos internamente, pode-se trabalhar o objetivo final do plano que é a transformação da escola em um agente social mais atuante na gestão e gerenciamento dos resíduos do bairro onde a está instalada. a) Transmissão do conhecimento adquirido Ao longo dos 5 anos transcorridos durante as etapas anteriores do plano, uma quantidade considerável de material deverá ter sido coletada e analisada. Além disso, em função do desenvolvimento das atividades relacionadas a EA ambiental, a comunidade escolar poderá contribuir com a disseminação do conhecimento adquirido para a comunidade do seu entorno. b) Auxílio na triagem e tratamento dos resíduos do bairro Além de auxiliar na conscientização da população e estabelecimentos comerciais do bairro, a comunidade escolar poderá, após as duas fases iniciais do projeto, contribuir para a triagem e tratamento de resíduos gerados no bairro. Coletando e encaminhando resíduos recicláveis, pilhas e baterias para seus destinos corretos ou tratando a parcela compostável dos resíduos como orgânicos.

5 PROCEDIMENTOS RELACIONADOS À MINIMIZAÇÃO DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS As soluções apontadas neste plano baseiam-se em ações de curto, médio e longo prazo, focadas em uma gestão participativa e na educação ambiental como ferramenta para aprimorar a gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos gerados na escola. Todas as medidas foram pensadas a partir do objetivo final estipulado a longo prazo, ou seja, transformar a escola em um agente social mais atuante na gestão dos resíduos sólidos do local onde ela se encontra. Para tanto, estipulou-se medidas de curto prazo, a fim de preparar a comunidade escolar para melhorias no gerenciamento interno dos resíduos sólidos, posteriormente as medidas de médio prazo, as quais de fato contribuiriam para um

Page 118: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

117

gerenciamento mais adequado da própria escola pra que a longo prazo esse trabalho possa ser estendido ao bairro onde a escola está situada. Devido à falta de mão de obra disponível para desenvolvimento das medidas, até mesmo das atividades que já compõem o organograma da escola, a sugestão que se faz é que as ações propostas neste plano sejam desenvolvidas no formato de projetos de extensão em parceria com instituições de ensino e pesquisa do município, tais como a Escola de Engenharia de Lorena (EEL-USP). Tais projetos envolveriam professores, estudantes universitários e centros acadêmicos, funcionários e alunos da escola de estudo. Acredita-se que essa seja uma oportunidade para que estas instituições tenham cumprido seu papel social, além de contribuírem para a análise e resolução de problemas ambientais do município onde estas estão implantadas.

5.1 Ações de curto prazo As ações de curto prazo podem ser definidas como medidas que buscam estimular, incentivar, despertar o interesse de toda a comunidade escolar em iniciar as discussões sobre a gestão de resíduos. Além disso, as ações de curto prazo preveem a elaboração de mais material para embasar as medidas a serem tomadas. Como dito anteriormente as ações a serem tomadas neste plano devem ocorrer na forma de projetos de extensão universitária, portanto, antes do início das atividades recomenda-se o planejamento de tais ações em parceria entre as instituições envolvidas e a comunidade escolar.

5.1.1 Caracterização dos resíduos gerais e do refeitório A caracterização dos resíduos já realizada teve duração de apenas 1 semana. Apesar de a gravimetria encontrada ser semelhante à dos demais trabalhos encontrados, é recomendável que seja realizada a caracterização dos resíduos sólidos da escola em um período maior de tempo, por no mínimo um ano. Os dias de análise devem ser alternados para que possa ser acompanhada a interferência de fatores externos como feriados (em função das ausências dos alunos) e mudança nas estações do ano. A análise por um período maior de tempo servirá também como parâmetro para a avaliação da eficiência do trabalho de conscientização; uma vez que se espera, a partir do desenvolvimento das atividades de conscientização, uma diminuição na geração dos resíduos. Além disso, é importante que se considere nesses dias os resíduos que foram descartados de forma irregular no pátio da escola, elemento não considerado na pesagem atual. Para tanto, a sugestão é que seja realizada a limpeza da área externa, no dia que antecede a coleta e pesagem, para que no dia da atividade somente os resíduos do dia sejam pesados. A próxima sugestão é que também seja realizada uma caracterização mais duradoura dos resíduos gerados pelo refeitório da escola. Para essa análise deve-se considerar, a quantidade de alimentos preparados total e por aluno diariamente, geração de resíduos por dia e separação dos resíduos em compostáveis e não-compostáveis, além de uma pesquisa

Page 119: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

118

de satisfação sobre o cardápio da escola. Com base no resultado da realização desse controle estatístico será avaliado desperdício de alimentos em função da metodologia de preparo das refeições, período de atendimento e cardápio, para que futuramente seja possível elaborar uma proposta de mudança no cardápio que vise a maior satisfação dos alunos e minimização da geração de resíduos, além de campanhas de conscientização sobre o desperdício.

5.1.2 Estudo de viabilidade de compostagem Uma das medidas de tratamento para parte dos resíduos orgânicos que pode ser apontada para a escola é a compostagem. Apesar da caracterização dos resíduos do refeitório ter apresentado um valor muito baixo de resíduos orgânicos passíveis de compostagem, aponta-se a necessidade de um acompanhamento por um período de tempo maior, para que seja possível concluir de fato tal valor. O estudo aqui sugerido não tem por objetivo avaliar a viabilidade econômica do processo, uma vez que a medida será tomada como um projeto de conscientização e promoção do conhecimento para alunos e famílias. O trabalho em questão visa tornar conhecida a capacidade de geração de composto da escola, com base unicamente nos resíduos gerados pela escola, dimensionar um espaço adequado, o consumo do composto pela escola no período de um ano e a possibilidade de venda do excedente, caso exista.

5.1.3 Projeto de conscientização com professores sobre a importância da EA Durante a aplicação dos questionários aos professores e direção da escola pôde-se observar uma falta de interesse e/ou conhecimento para se trabalhar temas relacionados a EA. Tal fato pode ser justificado mediante às poucas ideias apresentadas pelos professores para o desenvolvimento de projetos que envolvessem essa linha de trabalho. Para que essa dificuldade seja superada, a sugestão é o desenvolvimento de um trabalho de conscientização sobre a importância da EA, através de atividades como capacitação técnica com profissionais da área, dinâmicas e discussões sobre metodologias a serem a aplicadas aos professores da escola. Tais atividades podem ocorrer, primeiramente, durante os horários de Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC) para que não haja sobrecarga dos professores, posteriormente as atividades podem ocorrer em momentos específicos durante o ano letivo.

5.1.4 Integração do Grêmio Estudantil e professores nas decisões e atividades a serem desenvolvidas e elaboração do conteúdo de EA Para que haja maior participação dos alunos no planejamento e desenvolvimento das atividades contidas nos projetos, é de extrema importância a participação do Grêmio Estudantil na tomada de decisões e posteriormente na execução dos projetos. Acredita-se que tornar os alunos mais participantes, e por consequência, responsáveis pelo processo, aumentará o sentimento de pertencimento, o que pode contribuir para uma maior eficiência dos trabalhos de conscientização a serem desenvolvidos na escola.

Page 120: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

119

Para que seja possível determinar os pontos críticos do processo de ensino da escola é necessário o contato também com os professores, uma vez que são estes os responsáveis diretos pela multiplicação de conteúdo. A participação dos professores no planejamento e execução é tão importante quanto dos alunos, pois estes são os atores que serão mais afetados pelo processo. Assim, o alinhamento das ideias entre todos os executores dos projetos é fundamental para que o planejamento possa ocorrer.

5.1.5 Visitas técnicas e encontros temáticos com foco nas turmas ingressantes Durante a realização do trabalho foi observada uma dificuldade em compartilhar o conteúdo aos alunos do último ano do ensino fundamental, pois esses já apresentavam alguns conceitos negativos em relação à gestão dos resíduos que interferiam na aceitação do conteúdo que estava sendo compartilhado. Determinados alunos já possuíam o conhecimento de técnicas de tratamento, seus benefícios e até mesmo a consciência de que a geração excessiva e descarte inadequado dos resíduos podem trazer graves consequências para o meio, mas ao mesmo não acreditavam que esses tópicos deveriam receber atenção ou que as inconformidades poderiam ser reparadas. Desse modo, sugere-se priorizar os trabalhos com os alunos das turmas ingressantes na escola, uma vez que por serem mais novos não devem apresentar essa mentalidade, para que haja um maior aproveitamento do conteúdo. Os encontros temáticos e as visitas técnicas realizadas durante o projeto “Gestão e educação ambiental: caracterização dos resíduos sólidos escolares e práticas de educação ambiental em uma escola pública de ensino fundamental de Lorena (SP)” devem ser mantidas para que o processo de EA tenha continuidade até a introdução dos novos projetos estipulados no item 5.2. É necessário que ocorra a introdução de novos temas e revisão dos encontros para substituições das atividades consideradas pouco eficientes, principalmente atividades que envolveram respostas na forma de textos escritos, conforme as observações feitas no trabalho citado acima.

5.1.6 Substituição do local de armazenagem temporária dos resíduos Durante o período de caracterização dos resíduos, foi constado que os resíduos sólidos gerados na escola não apresentam um local adequado para o armazenamento antes de serem encaminhados para a área externa da escola. Normalmente são depositados no chão, em área sem cobertura, expostos a ação das intemperes climáticas, vandalismo e ataque de animais. Além disso, os resíduos que caem dos sacos de lixo não são coletados e permanecem no chão. O mesmo pode ser aplicado ao local onde os resíduos são depositados para a coleta da equipe de limpeza pública. Sugere-se aqui a instalação de lixeiras que possam ao menos ser cobertas e que não permitam o ataque de animais, como as da imagem abaixo.

Page 121: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

120

Imagem 9– Modelo de possível lixeira para área externa.

Fonte: http://wp.clicrbs.com.br/passofundo/tag/desenvolvimento-urbano/page/6/

5.2 Ações de médio prazo As ações de médio prazo podem ser definidas como medidas de implementação de mecanismos que favoreçam a construção de uma gestão mais participativa, por parte da comunidade escolar e suas famílias, para os resíduos gerados na própria escola.

5.2.1 Projetos interdisciplinares Os projetos interdisciplinares sugeridos nesse item têm por objetivo integrar o conteúdo de várias disciplinas durante o desenvolvimento das atividades e instalar mecanismos de tratamentos alternativos para os resíduos gerados na própria escola. As alternativas citadas a seguir são apenas exemplos de projetos que podem ser desenvolvidos, sugere-se a elaboração de novos projetos. a) Construção da composteira e horta Mesmo que o valor encontrado no item 5.1.2 seja menor do que a demanda da escola de composto, a implantação da composteria pode ser utilizada com fins educativos para toda a comunidade escolar e famílias. A utilização de técnicas variadas, como compostagem tradicional, utilização de minhocas e fezes bovinas, pode tornar o projeto ainda mais completo e eficiente para os participantes do projeto, possam ter contato com diversas maneiras de realizar o processo e acompanhar as vantagens de cada metodologia.

Page 122: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

121

Além da construção da composteria, é recomendável a introdução de uma horta, segundo modelos da agricultura sintrópica e agroflorestas, nas dependências da escola. Seguida da implementação da horta, esse projeto poderia ser utilizado para estudo de diversos temas, como gestão de resíduos, decomposição, ciclo de carbono e nutrientes, botânica, permacultura, matemática (elaboração de gráficos e tabelas com os valores de entrada e saída da composteira e estimativas de produção), entre outros. b) Oficinas de materiais recicláveis As oficinas de recicláveis têm por objetivos estimular os alunos e familiares a produzir itens a partir de resíduos recicláveis provenientes da própria escola, e caso seja necessário, devido a falta de materiais, resíduos provenientes também das residências dos alunos. Os produtos desse processo de manufatura devem ter aplicabilidade na vida dos assistidos, o que facilitaria a compreensão do processo de reutilização e reciclagem de resíduos, além de incentivar os alunos ao desenvolvimento artístico e práticas de economia doméstica.

5.2.2 Trabalhos de conscientização sobre minimização da geração e descarte de resíduos com demais turmas e continuidade dos encontros temáticos As atividades de conscientização dos alunos na forma dos encontros temáticos devem ter continuidade, além da constante revisão dos temas e metodologia. Entretanto, a partir desse momento é importante a aplicação dos encontros de forma mais ampla, atingindo mais turmas, para que as medidas que estiverem sendo implantados durante esses três anos possam ser de fato implantadas e executadas com sucesso. Acredita-se que o trabalho de conscientização deva ser realizado antes e durante a implantação das medidas e não depois, para que as ações de melhoria da gestão sejam fruto da conscientização e não o contrário. As atividades a serem desenvolvidas com as turmas noturnas devem ser adaptadas, pois em sua maioria os alunos possuem faixa etária maior e o interesse por atividades como jogos e elaboração de crachás tende a ser menor. Atividades como dinâmicas e discussões de modo descontraído podem surtir mais efeito. Os funcionários, tanto da parte administrativa, quanto os responsáveis pela limpeza também devem ser assistidos por projetos de conscientização com metodologia própria, nos mesmos moldes dos elaborados aos alunos do período noturno. É importante ressaltar a necessidade do conteúdo das atividades, exemplos e discussões estarem interligados a realidade dos participantes, como por exemplo, a possibilidade de geração de renda e oportunidades de emprego, a partir da gestão e gerenciamento adequado dos resíduos sólidos.

5.2.3 Instalação de um novo modelo de lixeiras A observação realizada durante a caracterização dos resíduos sólidos realizada na escola possibilitou a constatação de que, a lixeira da coleta seletiva instalada no pátio da unidade desenvolve de forma inadequada sua função. O mau desempenho do modelo pode ser atribuído principalmente ao fato dos usuários não descartarem os resíduos de forma correta

Page 123: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

122

e os funcionários descartarem todo conteúdo das lixeiras sem separação para o mesmo destino final, ou seja, a coleta realizada pela equipe de limpeza púbica do município. Para solucionar o descarte irregular que ocorre fora das lixeiras, sugere-se o desenvolvimento de campanhas de conscientização citadas nos itens acima, seguido da substituição das lixeiras existentes por lixeira mais simples, separadas em resíduos orgânicos, recicláveis e rejeitos. A substituição das lixeiras existentes pode solucionar o descarte irregular que ocorre dentro das próprias lixeiras, como apontado na caracterização apresentada neste trabalho no item 2.1. É evidente que a separação dos resíduos recicláveis terá maior serventia se houver coleta seletiva no bairro da escola. Para tanto, deve-se cobrar da secretaria responsável a implementação de tal medida, e caso esta ainda não esteja vigorando, sugere-se um acordo por porte da administração pública para coleta dos recicláveis da escola, como uma medida socioeducativa.

5.2.4 Discussão e implantação da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) Segundo o site o Ministério do Meio Ambiente, a A3P caracteriza-se como uma política púbica, elaborada pelo Ministério, visando a sustentabilidade de órgãos públicos. É um programa totalmente gratuito e conta com suporte técnico e capacitação. Baseada em seis eixos: uso dos recursos naturais; qualidade de vida no ambiente de trabalho; sensibilização dos servidores para a sustentabilidade; compras sustentáveis; construções sustentáveis e gestão de resíduos sólidos, a A3P tem por objetivo aperfeiçoar a gestão ambiental de qualquer instituição pública, nesse caso a escola em estudo. A implantação dessa agenda na escola representa um grande passo em direção a uma gestão mais adequada dos resíduos sólidos, além de tornar o ambiente mais sustentável de forma geral. Estão contempladas por esse programa ações que visem o 5R’s (repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar), além de medidas como a eliminação de copos descartáveis e a reutilização de folhas de papel.

5.2.5 Elaboração de atividades com pais para colaboração nos projetos desenvolvidos pelos alunos É extrema importância a participação das famílias de toda a comunidade escolar nas atividades a serem desenvolvidas pelos alunos. Por isso, sugere-se a realização de ações que visam a participação dos pais neste processo, mesmo que inicialmente isso ocorra de forma pouco contínua. Atividades como oficinas de artesanato com recicláveis e compostagem podem ser utilizadas para geração de renda para as famílias, além de contextualizar a importância da gestão adequada dos resíduos.

Page 124: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

123

5.3 Ações de longo prazo Após cinco anos de trabalho que visam a melhoria da gestão e gerenciamento interno dos resíduos da escola, espera-se que a comunidade escolar seja capaz de ampliar sua área de atuação. As medidas de longo prazo baseiam-se em ações que transformem a escola em um agente social mais ativo na gestão dos resíduos no bairro onde a escola está localizada.

5.3.1 Conscientização da população e estabelecimentos comerciais do bairro Antes que as atividades no bairro sejam iniciadas, um trabalho de conscientização deve ser desenvolvido com os moradores e estabelecimentos comerciais da área. Caso contrário, as ações tomadas podem não contar com uma boa participação popular. Entre as atividades envolvidas sugere-se a elaboração de um material de conscientização a ser entregue nas casas e estabelecimentos comerciais, além de convites para visitas à escola. Durante as visitas a escola, a população do bairro poderá tomar conhecimento do trabalho que está sendo desenvolvido na unidade. Também seriam apresentados os projetos em andamento, a evolução do processo de gestão e gerenciamento dos resíduos, além de dados para comprovar o processo. A realização de oficinas na escola também pode ser utilizada como uma ferramenta para a disseminação do conteúdo adquirido durante os projetos desenvolvidos para a comunidade local. Uma vez que os indivíduos receberem o material elaborado e possuírem a oportunidade de realizar uma visita a escola, acredita-se que a participação da comunidade nas oficinas seja maior.

5.3.2 Transformação da escola em um Local de entrega voluntária (LEV) Sugere-se aqui que a escola seja classificada como um LEV, ou seja, que a unidade esteja apta para receber resíduos que indivíduos da redondeza possam levar até o local. Segundo o Plano Municipal de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (PMGIRS) de Lorena, apesar de a cidade não apresentar coleta seletiva, está afirmando no edital para a contratação da nova empresa responsável pela limpeza pública, que a coleta seletiva também será responsabilidade da empresa. Nesse cenário a escola poderia continuar sendo um LEV, mas de outros produtos que não devem ser coletados nem pela coleta seletiva, como, pneus, lâmpadas, pilhas e baterias, equipamentos eletrônicos, entre outros. Além disso, por estar localizada na região central da cidade, a escola conta com alunos de diferentes bairros, locais onde a coleta seletiva pode não estar disponível. Por mais que já existam ecopontos para a coleta desses resíduos em Lorena, a quantidade não é satisfatória. A localização privilegiada da escola pode ser fator outro que facilite a adesão da população. O estudo também deve avaliar a viabilidade do recolhimento dos resíduos orgânicos compostáveis dos restaurantes do bairro, de forma parcial ou total, estudo este que pode ser realizado pelos próprios alunos da escola com a supervisão de professores e parceiros da

Page 125: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

124

escola. Para que haja a separação de maneira correta nos restaurantes, uma campanha de conscientização deve ser elaborada para esses empreendimentos. Quando os depósitos, previamente construídos dentro da área da escola, estiverem saturados de resíduos, a administração escolar ficaria responsável por entrar em contato com a prefeitura que os recolheria e destinaria da melhor forma possível.

5.3.3 Gestão participativa no bairro As oficinas e entrega do material de conscientização devem estimular os moradores e comerciantes a terem mais interesse em discutir sobre gestão e gerenciamento de resíduos sólidos. Tal interesse poderia incentivar a formação de grupos para discussões sobre o tema no bairro embasado nas experiências vivenciadas pela comunidade escolar em questão.

6 MEDIDAS SANEADORAS DOS PASSIVOS AMBIENTAIS RELACIONADOS AOS RESÍDUOS O passivo ambiental da escola relacionado aos resíduos sólidos está vinculado principalmente ao descarte irregular dos resíduos na área interna da unidade, que quando não descartados corretamente podem contaminar o solo e atrair animais para consumo desses resíduos, além da geração de gases do efeito estufa em decorrência da decomposição dos resíduos encaminhados para os aterros. As medidas apontadas no item 5 já contemplam ações que visam sanar os passivos aqui apresentados. No que diz respeito ao descarte irregular, pode-se apontar a limpeza permanente e pormenorizada do pátio para remoção dos resíduos, realização de trabalhos de conscientização voltados ao descarte irregular dos resíduos, substituição e adição de lixeiras mais fáceis de serem operadas. Além disso, sugere-se aqui o controle de possíveis contaminações do solo e água, em função do descarte irregular, e animais através de processos de dedetização regular. Segundo o PMGIRS de Lorena, entre as medidas que podem ser apontadas para a minimização da liberação dos gases de efeito estufa, que são cabíveis a escola, destacam-se o incentivo da reciclagem e utilização de compostagem, diminuindo assim a quantidade de resíduos que são encaminhados para os aterros sanitários. Sugere-se ainda a diminuição dos resíduos orgânicos, através de trabalhos de conscientização no refeitório e demais atividades sugeridas no item 5.

7. PERIODICIDADE DA REVISÃO O plano deve ser revisado anualmente pelos envolvidos no projeto, responsáveis da escola e universidade parceira, através da avaliação dos resultados, cumprimento das metas e efetividade das ações. Em caso de inconformidades é necessário que os ajustes necessários

Page 126: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2017/MEA17008.pdf · UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ... para a conclusão de Graduação

125

sejam realizados, tanto no cronograma, quanto na elaboração de novas atividades e práticas considerando a realidade da escola.