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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA EDSON MASSAKAZU DE SOUZA IGARASHI Análise de estabilidade de um processo controlado Lorena 2013

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

EDSON MASSAKAZU DE SOUZA IGARASHI

Análise de estabilidade de um processo controlado

Lorena

2013

EDSON MASSAKAZU DE SOUZA IGARASHI

Análise de estabilidade de um processo controlado

Monografia apresentada à Escola de

Engenharia de Lorena da Universidade de

São Paulo como requisito para obtenção do

título de Engenheiro Químico.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos de

Queiroz

Lorena

2013

Aos meus pais, Gilcinéa e Edson, por todo

apoio, incentivo e ensinamentos para que

fosse possível chegar até este momento e

por todos mais que virão durante a

caminhada.

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Gilcinéa e Edson, por tornarem possível o início da jornada.

À minha irmã, Elisa, por me mostrar que os genes da inteligência e facilidade

ficaram apenas para ela e precisei de esforço extra para avançar nessa etapa.

À minha namorada, Katherine, por sempre me transmitir a confiança de ser capaz

para dar um novo passo adiante.

À minha madrinha, Marlene, por sempre me forçar a acreditar que tudo pode dar

certo.

Ao meu orientador, Prof. Luiz Carlos, pela paciência, disposição e aprendizados

concedidos desde o princípio.

Aos meus amigos, por oferecerem momentos de lazer no meio desse período

conturbado, especialmente ao meu amigo Luiz Guilherme, pelo auxílio nas áreas obscuras

à minha mente no início do trabalho.

Aos docentes envolvidos durante minha graduação, seja pelo lado bom, ou ruim,

serviram de exemplo.

“A mente que se abre a uma ideia jamais

voltará ao seu tamanho original.”

Albert Einsten

RESUMO

IGARASHI, E. M. S. Análise de estabilidade de um processo controlado. 2013. 57 f.

Monografia de conclusão de curso – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São

Paulo, Lorena, 2013.

Esta monografia refere-se à análise de estabilidade de um processo controlado,

tendo em vista a importância de se lidar com uma planta industrial que opere dentro de

seus limites estabelecidos em projetos. Dessa forma, com um controle satisfatório, é

possível assegurar um sistema que não agrida o meio ambiente, que resulte em um produto

de alta qualidade e, primordialmente, que garanta a segurança daqueles diretamente

envolvidos na produção e residentes nas proximidades das instalações. No caso estudado,

uma reação química de primeira ordem, exotérmica, é realizada em um reator de mistura

contínua com controle proporcional da temperatura. Através dos balanços mássico e

energético do sistema, a representação matemática do processo será dada por dois sistemas

de duas equações diferenciais, um modelo não-linear e um modelo linearizado. Pela análise

da equação característica do modelo linearizado, utilizando o critério de estabilidade de

Routh-Hurwitz, foram encontrados valores para o ganho proporcional. Este foi adotado no

termo referente à quantidade de calor removida do sistema na equação gerada pelo balanço

de energia. Na simulação, os valores do ganho proporcional foram utilizados para

definição de casos. No problema proposto, o valor crítico calculado foi 9 (nove). Os

sistemas foram simulados no software MATLAB de duas maneiras, por uma sequência de

comandos automatizados, denominada m-file, e por uma das caixas de ferramentas do

programa, o Simulink. As duas formas de simulação geraram os mesmos resultados

gráficos, uma vez que, para o tipo de sistema encontrado, possivelmente a única solução

seja numérica, gerando gráficos como as principais respostas. Para o modelo não-linear, a

proposta de controle gerou respostas estáveis para todos os valores adotados para o ganho

proporcional. Por outro lado, para o modelo linearizado, foram encontrados três tipos de

respostas.

Palavras-chave: Análise de estabilidade. MATLAB. Simulink. Malha de controle.

ABSTRACT

IGARASHI, E. M. S. Stability analysis of a controlled process. 2013. 57 f. Monografia

de conclusão de curso – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo,

Lorena, 2013.

This monograph refers to the stability analysis of a controlled process, knowing the

importance of lead with an industrial plant that operating within their established limits in

projects. In this way, with a satisfactory control, it is possible to ensure a system that does

not harm the environment, that produces a high-quality product and, mainly, that warrant

the safety of operators and neighborhood facilities. In the studied case, a first-order

reaction, exothermic, happens in a continuous stirred tank reactor with a proportional

control of the temperature. Through the mass and energy balances of the system, the

mathematical model of the process was given in two differential-equations systems, a

nonlinear model and a linearized model. Through the characteristic equation of the

linearized model, using the Routh test, values for the controlled gain were found. In the

simulation, the values of the proportional gain were used to define the cases. In the

proposed problem, the critical value calculated was 9 (nine). The systems were simulated

using the MATLAB in two ways, through an automated sequence of commands, named m-

file, and through one of the toolboxes of the program, the Simulink. Both simulation ways

generated the same graphical results, once that, to the system found, possibly the only

solution is numerical, generating graphics as the main answers. To the nonlinear model, the

control proposal generated stable answers for all values adopted for the proportional gain.

Otherwise, to the linearized model, three kinds of answers were found.

Keywords: Stability analysis. MATLAB. Simulink. Control loop.

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Respostas de nível de líquido .......................................................................... 20

Figura 2.2 – Resposta de nível de líquido sob controladores P e PI .................................... 20

Figura 2.3 – Resposta de um sistema de controle típico, com diversos efeitos ................... 22

Figura 2.4 – Exemplos de respostas. (a) Estável, raiz real negativa. (b) Instável, raiz

real positiva. (c) Estável oscilatória, raízes complexas com parte real

negativa. (d) Instável oscilatória, raízes complexas com parte real

positiva ........................................................................................................... 24

Figura 2.5 – Comportamento da linearização no ponto ................................................... 32

Figura 3.1 – Reator de mistura contínua com controle de temperatura ............................... 33

Figura 3.2 – Arranjo de Routh ............................................................................................. 42

Figura 3.3 – Diagrama para o modelo não-linear ................................................................ 46

Figura 3.4 – Diagrama para o modelo linearizado ............................................................... 47

Figura 3.5 – Definições do sistema de equações linearizadas em m-files ........................... 47

Figura 3.6 – Definições do sistema de equações não-linearizadas em m-files .................... 48

Figura 3.7 – M-file para solução de cada sistema ................................................................ 48

Figura 4.1 – Solução gráfica para o sistema de equações diferenciais não-lineares,

adotando K=9 ............................................................................................... 49

Figura 4.2 – Solução gráfica para o sistema de equações diferenciais linearizadas,

adotando K=9 ............................................................................................... 50

Figura 4.3 – Solução gráfica para o sistema de equações diferenciais não-lineares,

adotando K=7 ............................................................................................... 51

Figura 4.4 – Solução gráfica para o sistema de equações diferenciais linearizadas,

adotando K=7 ............................................................................................... 51

Figura 4.5 – Resposta do modelo não-linear, quando K=5 ................................................. 52

Figura 4.6 – Solução gráfica para o sistema de equações diferenciais não-lineares,

adotando K=11 ............................................................................................. 53

Figura 4.7 – Solução gráfica para o sistema de equações diferenciais linearizadas,

adotando K=11 ............................................................................................. 53

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Funções de alguns blocos encontrados no Simulink ....................................... 44

LISTA DE SIGLAS

A Ação

D Decisão

M Medição

MATLAB Matrix Laboratory

P Proporcional

PI Proporcional-Integral

PID Proporcional-Integral-Derivativo

USP Universidade de São Paulo

LISTA DE SÍMBOLOS

ponto base da linearização

área de troca térmica

calor específica da mistura reacional

concentração do componente A

concentração do componente B

energia de ativação

derivada de primeira ordem

derivada de segunda ordem

derivada parcial em relação a

derivada parcial em relação a

vazão volumétrica

nível de líquido

fator de frequência

constante de velocidade em relação a A

ganho proporcional do controle adotado no processo

ganho proporcional ou sensibilidade

sinal de pressão de saída do controlador

pressão no estado estacionário

pressão em variável de desvio

quantidade de calor retirado do processo

velocidade de reação em relação a A

constante universal dos gases

tempo

temperatura

temperatura da corrente de alimentação

temperatura do fluido refrigerante

temperatura do processo em estado estacionário

constante universal de troca térmica do processo

coeficiente de troca térmica

volume de operação do reator

fração molar de A na corrente de saída

fração molar de B na corrente de saída

fração molar de A na corrente de alimentação

fração molar de B na corrente de alimentação

constante adimensional da fração molar

fração molar adimensional em estado estacionário

condição inicial da saída

variável da saída

variável de desvio da saída

erro

constante adimensional da temperatura

constante adimensional da temperatura na corrente de alimentação

constante adimensional da temperatura do fluido refrigerante

constante adimensional da temperatura em estado estacionário

massa específica da corrente de saída

massa específica da corrente de alimentação

constante adimensional do tempo

tempo derivativo (ou de proporção)

tempo integral (ou de restauração)

calor gerado na reação

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 17

2.1 CONTROLE DE PROCESSOS ................................................................................. 17

2.2 CONTROLADORES ................................................................................................. 18

2.2.1 Controle proporcional (P) ........................................................................................ 19

2.2.2 Controle proporcional-integral (PI) ....................................................................... 20

2.2.3 Controle proporcional-integral-derivativo (PID) .................................................. 21

2.3 ESTABILIDADE ....................................................................................................... 22

2.3.1 Critério de estabilidade de Routh-Hurwitz ............................................................ 25

2.4 CINÉTICA QUÍMICA ............................................................................................... 26

2.4.1 Lei de velocidade ...................................................................................................... 26

2.4.2 Ordem de reação ...................................................................................................... 27

2.4.3 Constante de velocidade de reação ......................................................................... 28

2.5 VARIÁVEL DE DESVIO .......................................................................................... 30

2.6 LINEARIZAÇÃO ...................................................................................................... 30

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 33

3.1 MODELAGEM .......................................................................................................... 33

3.2 FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS .................................................................. 42

3.3 SIMULAÇÃO ............................................................................................................ 45

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 49

5 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 55

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 56

ANEXO ............................................................................................................................... 57

14

1 INTRODUÇÃO

O controle de processos é uma área fundamental para um bom funcionamento de

uma planta industrial, independente de qual a natureza do processo que ocorra na mesma.

Se bem selecionado, o controle possivelmente aumentará a vida útil dos equipamentos, a

produtividade, a confiabilidade, a robustez e diminuirá gastos com reparos e com o tempo

sem produção; portanto, a lucratividade de um processo liga-se diretamente à eficiência do

controle.

Como o cuidado com o meio ambiente tem sido um tema muito discutido na

atualidade, ou mesmo com a possível recuperação de áreas severamente poluídas e/ou

devastadas, a imagem que um produto ecologicamente correto transmite ao consumidor,

tendo um processo não prejudicial ao ecossistema em torno de sua instalação, adquire um

grande potencial na hora da propaganda e da procura deste produto pelo mercado. Ainda

podendo se tornar uma filosofia que outras companhias se espelhem e se inspirem; dessa

forma, os benefícios se estenderão a um ambiente mais amplo, talvez em escala mundial, e

significativo. Contar com um controlador bem projetado, que diminua os riscos de

vazamentos, explosões e uma série de outros riscos ao meio ambiente, possibilita que essa

imagem do produto seja alcançada.

Tornar-se uma empresa que seja desejada pela população, seja por produtos

ofertados, seja por oferecer riscos mínimos a esta vizinhança, pode depender tanto da

qualidade daquele material comercializado, quanto do incômodo gerado às populações ou

às áreas naturais ao redor de sua instalação. Isto pode ser alcançado com auxílio de um

controle eficaz e eficiente do processo, garantindo durabilidade, uniformidade e outras

características desejáveis de acordo com o que se produza, além se tornar um processo

robusto, confiável e seguro para aqueles que compõem o ambiente em torno da planta.

Mesmo com a qualidade do produto oferecido ao mercado e com a sustentabilidade

do seu processo de produção, uma empresa deve oferecer aos seus colaboradores

condições de exercer suas funções com tranquilidade e buscar se tornar um marco positivo

na vida profissional de cada um, de maneira que isso aumente a satisfação de seus

empregados e se transforme em um marketing positivo para sua imagem. Um dos pontos

para se assegurar a segurança dos funcionários é contar com um processo robusto que sofra

pouco, ou não sofra, com as eventuais perturbações introduzidas ao processo. Para isso, um

15

controle bem selecionado vem a ser fundamental para realização de toda uma cadeia de

eventos que apenas beneficiarão a própria empresa.

A ação de controle pode ser tomada de modo manual ou automático. No modo

manual, um operador será encarregado de tomar a decisão sobre como efetuar a

modificação na condição do elemento final de controle após avaliar a medição da variável

controlada do processo pelo sensor. Por exemplo, em um processo com controle de

temperatura de um fluido no interior de um tanque encamisado, um operador poderá

visualizar a temperatura da corrente de saída através de um termômetro devidamente

instalado na mesma, compará-la ao valor quando em condições normais de operação e

tomar a decisão de aumentar ou diminuir o fluxo de fluido refrigerante pela camisa de

troca térmica por uma válvula, a fim de aumentar a taxa de troca térmica entre os fluidos

para diminuição da temperatura do interior do tanque ou diminuir essa taxa para aumento

da temperatura no interior do tanque, respectivamente. Apesar do funcionamento simples

desse controlador, fatores, como diferentes operadores tomando as decisões ao longo de

seus expedientes e as condições psicológicas de cada operador a cada dia, podem afetar na

eficiência e na exatidão do controle obtido, prejudicando a uniformidade do produto.

No modo automático, considerando o mesmo exemplo de processo, o controle é

alcançado pela ação realizada sobre o elemento final de controle (válvula), após a decisão

do controlador ter sido tomada avaliando a diferença entre o valor de referência e a medida

da temperatura recebida pelo sensor, ou transdutor. Por se tratar de um equipamento

programado para efetuar determinadas ações para determinados valores calculados, podem

haver erros, situações não previstas ou condições incontroláveis com a utilização dos

parâmetros escolhidos no projeto do controlador que afetarão diretamente no sucesso da

resposta do sistema ao distúrbio introduzido.

Com isso, a necessidade de se conhecer o processo e selecionar cuidadosamente o

tipo de controle se torna uma tarefa que requer conhecimento de determinados temas em

diversas áreas como balanço de energia e massa, cinética química, controle de processos,

modelagem de processos, reatores químicos, simulação computacional, transferência de

calor, dentre outras. Os parâmetros em que se basearão as comparações para tomada de

decisões são de fundamental importância, sendo esses que determinarão a magnitude da

resposta ao distúrbio e, principalmente, o desgaste sofrido pelos equipamentos de acordo

com quão drásticas serão as ações realizadas.

Apesar de se contar com parâmetros que controlem a situação, apenas a

estabilização do sinal de resposta pode não ser desejável, sendo necessário direcionar para

16

o qual valor este sinal se estabilizará, no caso, o valor definido no projeto do processo

como aquele que melhor atende às condições de operação. Estas condições dependem de

quanto do produto será produzido, de quanto tempo o processo estará funcionando, de

quão difícil será a separação dos componentes da corrente de saída de acordo com sua

composição, de qual a melhor temperatura para se obter produtos com as melhores

propriedades sem afetar sua velocidade de reação, de quão lucrativo estará sendo esse

processo e outros.

Dessa forma, a estabilidade do controle de processos será de grande importância

para que as condições adequadas de funcionamento da planta industrial sejam alcançadas,

mesmo que o processo sofra com perturbações ao longo de sua operação. A estabilidade da

resposta em seu valor de referência, ou o mais próximo possível dele, permitirá à empresa

contar com um processo robusto que atenda as mais variadas condições exigidas e que se

obtenha o sucesso em questões de segurança, meio ambiente, qualidade do produto

ofertado, manutenção, durabilidade e lucratividade.

Correlacionando o estudo do caso proposto à importância de se aplicar uma malha

de controle efetiva ao processo, o objetivo desta monografia será determinar quão

eficiente, em termos de estabilidade da resposta, um controle proporcional será quando

aplicado a um reator contínuo de mistura perfeita, onde se processa uma reação exotérmica

de primeira ordem, com necessidade de se manter a temperatura do meio em seu valor de

projeto.

17

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 CONTROLE DE PROCESSOS

A planta química é um conjunto de unidades processadoras, abrangendo reatores

químicos, trocadores de calor, evaporadores, colunas de destilação, bombas, etc., que

interagem sequencialmente de maneira sistemática com o objetivo de converter as

matérias-primas em produtos desejados utilizando a menor quantidade possível de energia

(STEPHANOPOULOS, 1984).

O controle de processos busca garantir que os objetivos da planta química serão

satisfeitos, através de um arranjo racional de equipamentos como dispositivos de medição,

válvulas, controladores, entre outros. O funcionamento adequado de uma planta química

deve satisfazer diversas exigências impostas pelo projeto e pelas condições técnicas,

econômicas e sociais, mesmo sob influência de distúrbios. Alguns objetivos operacionais

são (KWONG, 2002):

Segurança - Exigência primordial na operação;

Proteção ao meio ambiente - Respeito à legislação ambiental;

Restrições operacionais - Restrições inerentes à operação dos equipamentos;

Especificação do produto - Qualidade e quantidade satisfatórias para o

mercado;

Econômico - Minimização de custos.

Através do monitoramento contínuo, busca-se manter a variável controlada em, ou

próximo de, seu valor fixo (set point) para que esses objetivos sejam alcançados. Os

componentes básicos dos sistemas de controle automático são (SMITH; CORRIPIO,

2008):

Transmissor e sensor - Elementos primário e secundário;

Controladores - “Cérebro” do sistema de controle;

Elemento de controle final - Responsável por executar a ação.

Esses três componentes controlam o processo utilizando três operações básicas

(SMITH; CORRIPIO, 2008):

18

Medição (M) - Toma-se a medida da variável controlada para que seja feita

a comparação com o valor desejado;

Decisão (D) - A partir do valor do erro (є = valor fixo – valor medido), a

decisão da ação a ser tomada cabe ao controlador;

Ação (A) - Como resultado da decisão, cabe ao elemento final de controle

executar a ação para corrigir a variável manipulada.

“A ação efetuada deve retornar e afetar a medição; caso contrário, é uma falha

importante no planejamento, e o controle não será alcançado” (SMITH; CORRIPIO,

2008, p. 3).

Há duas importantes regras estabelecidas com relação ao controle:

O controle mais simples que atinge seu objetivo é o melhor;

É necessário conhecer o processo antes de controlá-lo (LUYBEN,

19901apud ATARASSI, 2005, p. 12).

2.2 CONTROLADORES

Para um sistema de controle automático por realimentação, a escolha do

controlador é uma etapa crucial para a eficácia do projeto. O controlador atuará como o

“cérebro” da malha de controle, decidindo qual a ação será transmitida para o elemento

final de controle a fim de manter o valor da variável controlada o mais próximo possível de

seu valor fixo, ou seja, minimizando o erro (є).

“Se a ação não for selecionada corretamente, o controlador não controlará”

(SMITH; CORRIPIO, 2008, p. 157).

A ação dos controladores é classificada em três tipos, proporcional, integral e

derivativa, que podem ser combinadas para gerar de um sistema de controle mais adequado

de acordo com o caso estudado.

Para simplificação, as equações características de cada controlador serão

apresentadas, como em Coughanowr e Koppel (1978), aplicadas a um controlador

pneumático, porém valem para outros controladores, por exemplo, um controlador

eletrônico.

1LUYBEN, W. L. Process modeling, simulation and control for chemical engineers. 2. ed. New York:

McGraw-Hill International Editions, 1990. 725p.

19

2.2.1 Controle proporcional (P)

O controlador proporcional gera um sinal de saída que é proporcional ao erro. Esta

ação pode ser expressa pela Eq. (2.1).

(2.1)

Onde: – sinal de pressão de saída do controlador, atm;

– ganho ou sensibilidade;

– – ;

– valor de pressão no estado estacionário, є = 0.

Para obtenção da função de transferência da Eq. (2.1), usa-se a variável de desvio P

definida pela Eq. (2.2).

(2.2)

Considera-se que є=0 no estado estacionário, então a função є(t) já é uma variável

de desvio. Portanto, tem-se a Eq. (2.3).

(2.3)

A função de transferência da Eq. (2.3), obtida pelo uso da Transformada de

Laplace, é:

(2.4)

Os controladores proporcionais têm a vantagem de somente usar um parâmetro de

sintonia, Kc (SMITH; CORRIPIO, 2008). Entretanto possuem um limitador para o seu uso,

caso o processo exija que a variável de controle seja mantida no setpoint, que é a existência

do offset (erro residual), um desvio permanente da variável controlada de seu ponto fixo

(ATARASSI, 2005).

20

A Figura 2.1 mostra três respostas do nível de líquido em um tanque

correspondentes a três valores diferentes de Kc.

Figura 2.1 – Respostas de nível de líquido

FONTE: SMITH; CORRIPIO, 2008, p. 160

Quanto maior o valor Kc, menor é o erro residual. Quanto menor o valor, maior o

erro residual, porém a resposta é menos oscilatória. O que leva a concluir que há um valor

de Kc, que a partir dele, o processo passará a ser instável.

2.2.2 Controle proporcional-integral (PI)

Quando o processo não pode ser mantido ou controlado com um erro residual,

utiliza-se um controlador proporcional-integral, visto que sua ação integral elimina o offset.

A Figura 2.2 mostra a vantagem de se usar um controlador PI para eliminar o erro

de estado estacionário do sistema anteriormente considerado.

Figura 2.2 – Resposta de nível de líquido sob controladores P e PI

FONTE: SMITH; CORRIPIO, 2008, p. 164

21

A desvantagem desse controlador é a necessidade de se ajustar dois parâmetros em

sintonia, Kc e τI , para se obter um controle satisfatório. Os parâmetros são apresentados na

Eq. (2.5).

(2.5)

Onde: τI – tempo integral (ou de restauração).

A função de transferência desse controlador pode ser obtida seguindo o mesmo

método do controlador proporcional, obtendo-se a Eq. (2.6).

(2.6)

2.2.3 Controle proporcional-integral-derivativo (PID)

O controle PID possui a vantagem de responder mais rápido a uma perturbação do

que o controle PI, é adequado para processos ruidosos ou quando a resposta dinâmica é

bastante importante (ATARASSI, 2005). A ação derivativa antecede para onde o processo

está caminhando para tomar a decisão corretiva. A quantidade dessa antecipação depende

do valor adotado para o parâmetro de sintonização, τD, mostrado na Eq. (2.7).

(2.7)

Onde: – tempo derivativo (ou de proporção).

Cuja função de transferência é dada por:

(2.8)

22

Observam-se pela Figura 2.3 as curvas das variáveis respostas desvio ao degrau de

um sistema de primeira ordem, quando cada um desses controladores é aplicado.

Figura 2.3 – Resposta de um sistema de controle típico, com

diversos efeitos

FONTE: COUGHANOWR; KOPPEL, 1978, p. 115

2.3 ESTABILIDADE

A estabilidade é a habilidade de a resposta permanecer dentro de um conjunto de

valores limitados quando perturbações limitadas afetarem as entradas (SMITH;

CORRIPIO, 2008).

Um sistema estável é aquele em que a resposta é limitada para todas as entradas

limitadas, já um sistema instável apresenta uma resposta não limitada a um distúrbio

limitado (COUGHANOWR; KOPPEL, 1978).

Será apresentada uma relação entre a resposta de saída do sistema com as raízes do

denominador da função transferência, segundo Smith e Corripio (2008).

A transformada de Laplace da saída para uma equação diferencial de ordem n

apresenta a estrutura generalizada dada pela Eq. (2.9).

(2.9)

Onde Y(s) e X(s) são transformadas de Laplace das variáveis de desvio saída e

entrada. O denominador dessa expressão pode ser fatorado em n termos de primeira ordem,

23

um para cada uma de suas raízes. A transformada de Laplace é expandida em frações

parciais como na Eq. (2.10).

(2.10)

Após o tratamento matemático adequado da Eq. (2.10), empregando a transformada

inversa de Laplace para cada um dos termos gerados pela expansão por frações parciais da

transformada de Laplace, encontra-se uma função temporal, a Eq. (2.11), supondo que não

haja raízes repetidas.

(2.11)

Admite-se que todas as raízes sejam números reais e a função resposta de saída para

um processo seja um conjunto de simples termos exponenciais.

Pela análise da função, nota-se que, para qualquer número real positivo, a resposta

crescerá exponencialmente sem limite. Para raízes negativas, a resposta tenderá a zero.

Portanto a resposta será monótona (não oscilatória) quando todas as raízes forem

reais e será estável apenas se todas forem negativas.

Considerando agora que haja um par conjugado complexo entre as raízes do

denominador da função transformada de Laplace, dado pela Eq. (2.12).

(2.12)

Onde ρ é a parte real e ω é a parte imaginária. A transformada expandida em

frações parciais ficará na forma da Eq. (2.13), conforme Smith e Corripio (2008).

(2.13)

24

Após alguns rearranjos matemáticos na Eq. (2.13), que podem ser vistos em Smith

e Corripio (2008), aplica-se a transformada inversa de Laplace para obtenção da função

temporal de resposta do sistema:

(2.14)

Onde: , é a amplitude inicial;

, é o ângulo de fase, em radianos. (2.15)

Observa-se que a resposta será oscilatória devido à presença da função senoidal. A

amplitude dessa oscilação modificará em função do termo exponencial . Caso o valor

de ρ seja negativo, a função tenderá a zero, isto é, a amplitude diminuirá no decorrer do

tempo, enquanto que a amplitude aumentará, se adotado um valor positivo ρ.

Logo a função temporal da resposta de saída será oscilatória e será instável, caso a

parte real de qualquer um dos pares de raízes complexas seja positiva.

A Figura 2.4 ilustra os exemplos de respostas apresentados acima.

Figura 2.4 – Exemplos de respostas. (a) Estável, raiz real negativa. (b) Instável,

raiz real positiva. (c) Estável oscilatória, raízes complexas com

parte real negativa. (d) Instável oscilatória, raízes complexas com

parte real positiva

FONTE: SMITH; CORRIPIO, 2008, p. 26

25

2.3.1 Critério de estabilidade de Routh-Hurwitz

O teste de Routh é um método puramente algébrico para determinar quantas raízes

da equação característica possuirão partes reais positivas e poderá prever se o sistema será

instável ou estável. Esse método aplica-se estritamente a processos cuja equação

característica é polinomial, segundo a Eq. (2.16) (COUGHANOWR; KOPPEL, 1965).

(2.16)

Como primeiro critério de avaliação, todos os coeficientes

deverão ser positivos para que todas as raízes estejam localizadas no semi plano esquerdo

do plano “s”. Se houver um coeficiente negativo, o sistema será instável e o arranjo de

Routh apenas servirá para informar quantas raízes estarão localizadas no semi plano

direito. Entretanto, se todos coeficientes forem positivos, o sistema poderá, ou não, ser

estável (COUGHANOWR; KOPPEL, 1965).

Para se definir a estabilidade pelo arranjo de Routh, este será esquematizado como

mostrado abaixo, supondo .

Linha

1

2

3

4

5

Os coeficientes foram dispostos nas duas primeiras linhas. O arranjo terá ( )

linhas em geral. Os demais termos serão calculados pelas fórmulas abaixo.

26

; ;

; ;

Os elementos das linhas abaixo serão calculados por fórmulas similares às dadas

acima. É possível simplificar uma linha por uma constante positiva sem alterar o resultado

da análise. Os elementos de qualquer linha serão calculados através das duas linhas

precedentes.

Encontrado o arranjo, os teoremas do arranjo de Routh serão:

1. Se todos os elementos da primeira coluna forem positivos diferentes de zero, o

sistema será estável.

2. Se algum elemento da primeira coluna for negativo, o sistema será instável e terá

tantas raízes, quanto trocas de sinais na primeira coluna, localizadas no semi plano direito.

2.4 CINÉTICA QUÍMICA

2.4.1 Lei de velocidade

A taxa de velocidade com que um reagente é consumido ou um produto é formado

está diretamente relacionada à concentração dos componentes no meio reacional, através

de uma constante de velocidade que será abordada no item 2.4.3. A equação algébrica que

relaciona a velocidade da reação com a concentração dos componentes no meio é chamada

lei de velocidade (FOGLER, 2012).

A lei de velocidade pode ser representada pela relação

(2.17)

Onde: – velocidade de reação;

– constante de velocidade da reação;

27

– temperatura;

– concentração de componente A;

– concentração do componente B.

Geralmente, a espécie tomada como base de cálculo é o reagente limitante e, para

cada elemento da reação, há uma determinada constante de velocidade, bem como uma

determinada velocidade de reação. A relação entre as velocidades de reação de cada

elemento da mistura reacional está diretamente relacionada aos coeficientes

estequiométricos dos elementos envolvidos.

Para a reação:

(2.18)

Tem-se:

(2.19)

2.4.2 Ordem de reação

Uma das formas de relacionar a velocidade da reação à concentração do

componente no meio é através do modelo de lei de potência. A lei de velocidade será o

produto das concentrações dos reagentes, cada uma elevada a uma potência.

(2.20)

Na equação acima, os termos e introduzem o conceito de ordem de reação, que

se refere ao expoente de cada concentração. As ordens de reação não são necessariamente

as mesmas e, praticamente em sua totalidade, são obtidas a partir de dados experimentais

(FOGLER, 2012).

Considerando a reação:

28

(2.21)

A lei de velocidade geral será:

(2.22)

Aplicando a Eq. (2.22) em alguns casos como para ordem zero, primeira ordem e

segunda ordem obtém-se:

Para ordem zero ( ):

Para primeira ordem ( ):

(2.23)

Para segunda ordem ( ):

2.4.3 Constante de velocidade de reação

A constante de velocidade, também chamada velocidade específica de reação, é o

termo que relaciona a concentração de um componente à sua velocidade de reação. A

denominação “constante” não é totalmente adequada, visto que esse termo apenas

independe da concentração dos componentes envolvidos na reação. Em fase gasosa, a

velocidade específica de reação depende do catalisador e pode ser função da pressão total.

Em fase líquida, pode depender, além dos parâmetros em fase gasosa, da força iônica e do

solvente selecionado.

29

Na maioria dos casos, a constante de velocidade dependerá principalmente da

temperatura, tanto que as influências dos demais parâmetros poderão ser consideradas

desprezíveis.

A equação de Arrhenius correlaciona a temperatura à velocidade específica da

seguinte forma:

(2.24)

Onde: – fator de frequência;

– energia de ativação;

– constante universal dos gases.

O fator de frequência é relacionado à área de colisões entre as moléculas. A

dependência da energia de ativação se deve à necessidade das moléculas estarem

energizadas o suficiente para distorcer e alongar suas ligações para quebrá-las e formarem

novas ligações em seguida, além de precisarem superar forças de repulsões estéricas e

eletrônicas ao se aproximarem para a colisão (FOGLER, 2012).

A unidade da velocidade específica de reação varia em relação à ordem de reação,

segundo a Eq. (2.25) já relacionada à Eq. (2.21).

(2.25)

Por exemplo, no sistema internacional (SI):

Para ordem zero ( :

Para primeira ordem ( :

Para segunda ordem ( :

30

2.5 VARIÁVEL DE DESVIO

A variável manipulada do processo, geralmente a variável de saída do sistema, não

sofre apenas perturbações advindas das variáveis de entrada, como também de sua própria

condição inicial. Para se eliminar a influência das condições iniciais sobre as variáveis

manipuladas, aplica-se o conceito de variável de desvio, ou variável perturbação, onde é

suposto que as condições iniciais estejam em estado estacionário fazendo com que o valor

inicial do termo diferencial de uma equação seja igual a zero, não indicando que

necessariamente o valor inicial da própria saída também o seja (SMITH; CORRIPIO,

2008).

A Eq. (2.26) define a variável de desvio.

(2.26)

Onde: – variável de desvio

– valor total da variável

Portanto, para qualquer situação o valor inicial de uma variável de desvio será zero.

2.6 LINEARIZAÇÃO

A técnica conhecida como linearização aproxima um sistema não-linear a equações

diferenciais lineares, é válida apenas para a região próxima do ponto em que a técnica foi

utilizada (SMITH; CORRIPIO, 2008).

Esta técnica pode ser muito útil uma vez que a principal dificuldade para se analisar

a dinâmica de vários processos é devido a termos não-lineares presentes no

equacionamento.

31

É possível expandir qualquer uma função em Série de Taylor, representada pela Eq.

(2.27).

(2.27)

Onde: – valor em torno do qual a função é expandida;

– derivada de primeira ordem

– derivada de segunda ordem.

Para a linearização de uma função de uma variável, utiliza-se o truncamento da

expansão após o segundo termo do lado direito da igualdade da Eq. (2.27), ou seja,

utilizando apenas os termos com ordem menor ou igual a 1 (um), segundo a Eq. (2.28).

(2.28)

O comportamento da função linearizada de uma variável, visto na Figura 2.5, é o

mesmo de uma linha tangente ao ponto . Nota-se que a linearização é válida para as

proximidades do ponto base.

Para uma função com duas ou mais variáveis, aplica-se a expansão em Série de

Taylor truncada após os termos de primeira ordem da mesma forma que a Eq. (2.28),

entretanto, nesta expansão, consideram-se derivadas parciais em relação a cada variável da

função, como representado na Eq. (2.29).

(2.29)

Onde: - valores do ponto base;

e são derivadas parciais aplicadas ao ponto base.

32

Figura 2.5 – Comportamento da linearização no ponto

FONTE: SMITH; CORRIPIO, 2008, p. 47 (EDITADO)

33

3 METODOLOGIA

3.1 MODELAGEM

O processo proposto para estudo nesta monografia é baseado em Walas (1991), no

qual ocorre uma reação exotérmica com cinética de primeira ordem, Eq. (3.1), em um

reator contínuo de mistura perfeita, como observado na Figura 3.1. Logo, o controle se faz

necessário de modo a extrair o calor gerado na reação, ou seja, após a obtenção das

equações que regem o sistema, um termo de controle será adotado para restabelecer as

condições operacionais definidas no projeto do processo. Na prática, o controle da

temperatura permitirá que a taxa de conversão da reação ocorra no seu valor de referência,

estabelecido de acordo com o tempo de estadia do reagente no reator, a relação de custos

para se produzir uma quantidade determinada de produto e de custos para se manter o

processo em operação, a dificuldade para a separação dos componentes existentes na

corrente de saída, além de evitar uma provável perda de produtos e/ou reagentes por

carbonização ou por perda das propriedades requeridas para as suas aplicações, quando a

temperatura do processo excede a tolerância das substâncias envolvidas na reação. A

quantidade de água refrigerada circulando por uma serpentina acoplada ao reator permitirá

o controle da temperatura no interior do reator ao longo do processo.

Figura 3.1 – Reator de mistura contínua com controle de temperatura

(3.1)

34

Onde: – taxa de calor gerado na reação.

Para a modelagem deste processo, balanços de massa por componente, no caso o

reagente, e de energia serão utilizados para se obter um conjunto de equações que descreva

o mesmo.

O balanço mássico será realizado para o reagente, contudo, devido à cinética de

primeira ordem, um balanço similar poderá ser obtido para o produto, uma vez que a

quantidade do reagente consumida é a mesma quantidade do produto obtida. Através de

uma relação direta entre a diferença de suas frações molares, Eq. (3.2), a quantidade de

produto obtida poderá ser calculada tendo ciência da taxa de consumo do reagente.

(3.2)

Onde: – fração molar do produto B na corrente de saída;

– fração molar do produto B na corrente de alimentação;

- fração molar do reagente A na corrente de alimentação

A equação geral para o balanço de massa do reagente será descrito.

Aplicando-a ao processo, obtém-se a Eq. (3.3).

(3.3)

Onde: – vazão volumétrica;

– massa específica da corrente de alimentação;

– massa específica da corrente de saída;

– volume de operação do reator;

– tempo.

35

Algumas considerações foram feitas para simplificar o modelo, a fim de enfatizar o

termo que controlará a temperatura do reator (COUGHANOWR; KOPPEL, 1965).

O reator opera com agitação contínua, garantindo a perfeita homogeneização do

meio reacional, portanto a temperatura e a fração molar do reagente A serão as mesmas

tanto no interior do reator, quanto na vazão de saída.

A mistura formada pelos componentes no interior do reator tem a mesma massa

específica independentemente da sua composição, assim como as vazões de alimentação e

de saída.

O volume de operação do reator é constante a partir do momento que for atingido,

após o início do processo. Logo, as vazões de entrada e de saída serão iguais.

A Eq. (3.4) leva em conta as considerações acima, incorpora a Eq. (2.23) referente

à taxa de velocidade que a reação química acontece e isola o termo relacionado ao acúmulo

do reagente A no reator.

(3.4)

O balanço de energia que comporá a modelagem do processo será descrito como:

Implementando os valores do processo e as considerações feitas durante o balanço

mássico, a Eq. (3.5) será encontrada.

(3.5)

Onde: – calor específico da mistura reacional;

– temperatura da corrente de alimentação;

– temperatura do meio reacional e da corrente de saída;

– quantidade de calor removido do reator.

36

Com a mesma finalidade das considerações feitas ao balanço de massa, algumas

serão tomadas para o balanço de energia (COUGHANOWR; KOPPEL, 1965).

A reação ocorre em estado líquido, não havendo mudança no estado físico;

portanto, contabiliza-se o calor sensível da alimentação e da saída.

O calor específico é o mesmo para a mistura reacional, independente de sua

composição, permanecendo constante durante o processo.

A taxa de geração de energia por mol do reagente A consumido é constante, mesmo

com variações na temperatura e na composição do meio reacional.

Feitas as considerações e modificações para isolar o termo de acúmulo, de modo

similar ao balanço de massa, tem-se a Eq. (3.6).

(3.6)

Em posse dos dois balanços, o processo está modelado.

Porém o sistema formado pelas equações (3.4) e (3.6) é um sistema de equações

diferenciais não-lineares que, em muitas oportunidades, pode não ter solução analítica,

necessitando de uma aproximação numérica para ser solucionado.

Por conveniência matemática, serão definidas algumas novas variáveis para o

processo, a fim de minimizar possíveis complicações com as análises dimensionais do

problema. As novas variáveis serão adimensionais, segundo as equações (3.7), (3.8), (3.9),

(3.10), (3.11) e (3.12), como proposto por Coughanowr e Koppel (1965).

(3.7)

Onde: – variável adimensional do tempo.

(3.8)

Onde: – variável adimensional da fração molar de A.

(3.9)

37

Onde: – variável adimensional da temperatura.

(3.10)

Onde: – variável adimensional da temperatura da corrente de alimentação.

(3.11)

Onde: – variável adimensional da temperatura do fluido refrigerante;

– temperatura do fluido refrigerante.

(3.12)

Onde: – variável adimensional da temperatura em estado estacionário;

– temperatura do reator em estado estacionário.

Após o tratamento matemático adequado, como a diferenciação de cada nova

variável, a substituição das novas variáveis nas equações (3.4) e (3.6) que regem o

processo resultará em um novo sistema formado pelas equações (3.13) e (3.14).

(3.13)

(3.14)

Neste sistema, foram definidas as seguintes expressões, representadas nas equações

(3.15) e (3.16).

(3.15)

38

(3.16)

Como proposto, o processo será controlado pela taxa de calor retirado através do

fluxo de entrada de água resfriada, para que a temperatura permaneça o mais próximo

possível do valor de referência. O termo de controle será acrescido à Eq. (3.16), mais

precisamente ao termo Q(T), que é definido segundo a Eq. (3.17).

(3.17)

Onde: – coeficiente de troca térmica;

– área de troca térmica.

Adicionando o termo de controle proporcional à Eq. (3.17), já com as denotações

das variáveis adimensionais, e substituindo-a na Eq. (3.16), juntamente com equações

(3.9), (3.11) e (3.12), obtém-se a Eq. (3.17), que será substituída na Eq. (3.14).

(3.17)

Onde: – constante universal de troca térmica do processo;

– ganho proporcional.

A partir da Eq. (3.17), percebe-se que o controle será aplicado proporcionalmente à

diferença entre as temperaturas registrada e desejada. A ação de controle dependerá da

magnitude do valor do ganho proporcional. Quando a temperatura registrada for menor que

a temperatura desejada, o fluxo de água resfriada diminuirá através da serpentina; caso

contrário, aumentará.

Para um caso específico, Aris e Amundson (1957) selecionaram os seguintes

valores:

39

Aplicando esses valores ao sistema de equações diferenciais não-linearizadas,

formado pelas equações (3.13) e (3.14), tem-se o novo sistema formado pelas equações

(3.18) e (3.19).

(3.18)

(3.19)

O sistema de equações diferenciais não-lineares acima é um dos sistemas alvos do

estudo de estabilidade proposto, sua solução será encontrada a partir da simulação em

computador gerando respostas gráficas.

Pela análise das equações após a inserção dos valores, nota-se que o sistema possui

um ponto em comum para o qual o termo diferencial é nulo, ou seja, tem-se um par de

valores para o estado estacionário (que não é o único ponto crítico para o caso em estudo),

onde:

(3.20)

Onde: – fração molar adimensional em estado estacionário.

(3.21)

40

As equações apresentadas serão utilizadas para compor as respostas gráficas do

sistema de equações diferenciais não-lineares com intuito de facilitar a visualização da

eficiência do controle através das oscilações encontradas no decorrer do tempo.

O outro modelo que será estudado através de simulações será obtido a partir do

truncamento até termos de primeira ordem da expansão em Série de Taylor, equações

(2.27) e (2.29), das parcelas não-lineares do sistema composto pelas equações (3.18) e

(3.19), como as funções r(y,θ), Eq. (3.15), e q(θ), Eq. (3.17), que são funções exponencial

e de segunda ordem, respectivamente.

A linearização será realizada em torno do ponto crítico, equações (3.20) e (3.21). O

sistema formado pelas equações linearizadas está representado pelas equações (3.22) e

(3.23).

(3.22)

(3.23)

Para aplicar o conceito de variáveis de desvio, necessita-se dos valores da

conversão e da temperatura no estado estacionário, que serão obtidos quando a taxa de

variação temporal for igual a zero.

(3.24)

(3.25)

O sistema de equações linearizadas será formado pelas equações (3.26) e (3.27) que

serão resultantes da diferença entre as equações (3.23) e (3.25) e entre as equações (3.23) e

(3.25), respectivamente.

(3.26)

(3.27)

41

A solução do sistema de equações apresentado será desenvolvida através do

software MATLAB, gerando gráficos como respostas, e será utilizada a nomenclatura y

para (y-ys) e θ para (θ-θs).

Para definição dos valores que serão adotados durante a simulação, tem-se que a

solução do sistema formado pelas equações lineares será na forma da Eq. (3.27).

(3.27)

Aplicando às variáveis do processo do sistema de equações lineares:

(3.28)

(3.29)

Após a diferenciação das equações (3.28) e (3.29) e substituição no sistema das

equações (3.26) e (3.27), obtém-se o novo sistema, representado abaixo.

(3.30)

(3.31)

Quando se iguala o determinante da matriz dos coeficientes a zero, Eq. (3.32), será

obtida a Eq. (3.33), que representa a equação característica do processo regido pelo sistema

das equações linearizadas.

(3.32)

(3.33)

Na equação característica, serão aplicados os critérios de Routh-Hurwitz para

determinar os valores do ganho proporcional a serem adotados (COUGHANOWR;

KOPPEL, 1965).

42

Segundo o primeiro critério, para que o sistema possa ser estável, todos os

coeficientes da Eq. (3.33) terão que ser positivos, o que resultará em valores de K maiores

que 9 (nove).

De acordo com o segundo critério, todos os termos da primeira coluna do Arranjo

de Routh, Figura 3.2, terão que ser positivos.

Figura 3.2 – Arranjo de Routh

A análise da primeira coluna também retorna que os valores do ganho proporcional

terão que ser maiores que 9 (nove) para que o processo seja estável com o controle

aplicado.

Portanto, nas simulações para se obter os resultados serão adotados os valores

arbitrados para K iguais a 7 (sete), 9 (nove) e 11 (onze).

3.2 FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS

Para a simulação do processo proposto, será necessário o conhecimento de algumas

funções do software e alguns recursos da caixa de ferramentas do MATLAB, o Simulink.

Por se tratar de um processo modelado a partir de balanços de massa e de energia

em estado transiente, há um termo diferencial em cada equação, caracterizando um sistema

de equações diferenciais. Em um desses sistemas, formado pelas equações (3.18) e (3.19),

há termos não lineares que, em muitos casos, impossibilitam encontrar uma solução

analítica para as variáveis e , sendo assim, sua solução será numérica, feita através de

aproximações.

43

O método utilizado na solução numérica para o sistema formado pelas equações

(3.18) e (3.19) e para o sistema formado pelas equações (3.26) e (3.27) adotará o método

de Runge-Kutta com fórmulas de 4ª ordem. A função chama-se ode45.

A sintaxe usada para realizar a operação pelo MATLAB para essa função é

Onde: odefun se refere à função na forma , para o caso de uma variável

dependente ou a um conjunto de funções que formariam um vetor como

, em que y(1), y(2) até y(n) seriam as variáveis do sistema.

tspan se refere ao intervalo de integração, na forma , que

significa que a integração acontecerá de t0 até tf. Caso se deseje valores específicos para o

intervalo de tempo da solução ou valores para determinado instante de tempo, pode se

usado na forma .

x0 é referente às condições iniciais do sistema, como um único valor em caso

de uma variável ou um vetor com valores iniciais para cada variável distribuídos em

colunas.

O termo é utilizado para salvar os valores encontrados durante a solução, de

forma que será um vetor com os valores utilizados para, por exemplo, o tempo e será

um vetor para armazenar os valores da variável calculada em seus respectivos instantes

segundo o vetor .

Uma função importante por se tratar de respostas gráficas é a que traça

gráficos de em função de . Para tanto, é necessário que o número de elementos no vetor

e no vetor seja o mesmo.

Quando for necessária a sobreposição de diferentes curvas em um mesmo plano, a

função hold on pode ser usada para que a tela seja mantida com o primeiro gráfico

desenhado, assim, os subsequentes serão traçados no mesmo.

Para auxiliar a utilização desses recursos durante a resolução do sistema de

equações diferenciais, serão utilizados arquivos com uma sequência de comandos,

denominados m-files. Esses arquivos, salvos na extensão “.m”, permitem automatizar uma

longa sequência de comandos do MATLAB e a criar novas funções no programa, como será

visto no item 3.3.

44

Outra forma de se realizar a simulação do processo descrito pelos sistemas de

equações encontrados na modelagem será a partir do Simulink que utilizará uma disposição

lógica de blocos contendo operações que, quando conectados, retornarão a resposta gráfica

do processo, da mesma forma como o modo que utiliza uma sequência de comandos.

Para acessar o Simulink, basta utilizar o comando “simulink” na área de trabalho do

MATLAB. Primeiramente, será exibida a biblioteca de dados da caixa de ferramentas. Para

criação de diagramas de blocos, é necessário abrir um novo modelo através do ícone

“Create a new model” situado na barra de tarefas do Simulink. Os blocos serão arrastados

da biblioteca para o novo modelo.

A fim de facilitar a compreensão dos diagramas de blocos montados no item 3.3,

referente à simulação do processo, alguns blocos estão explanados na Tabela 3.1.

Todos os blocos têm uma janela para configuração de parâmetros, aonde seu valor

poderá ser definido ou funções do MATLAB poderão ser utilizadas para defini-los. Para

acessar essa janela, basta dar um duplo clique sobre o bloco a ser editado.

Uma vez concluída a montagem do diagrama de blocos para a simulação, esta

poderá ser executada pelo ícone “Start simulation” localizado na barra de tarefas do

modelo.

Com o bloco “Scope” aberto, é possível visualizar em tempo real a simulação do

modelo, este bloco também armazena os dados utilizados na simulação que poderão ser

acessados através de comandos na área de trabalho do MATLAB e serão exibidos na forma

de uma matriz contendo uma variável por coluna.

Tabela 3.1 – Funções de alguns blocos encontrados no Simulink (continua)

Símbolo Nome Diretório Função

Clock Sources

Exibe e provém o tempo de

simulação

Constant Sources Gera um valor constante

Divide Math

Operations

Multiplica ou divide sinais

de entrada

Gain Math

Operations

Multiplica o sinal de entrada

por uma constante

45

Tabela 3.1 – Funções de alguns blocos encontrados no Simulink (conclusão)

Informações adicionais e o tutorial completo acerca de cada bloco podem ser

encontrados na sessão de ajuda do próprio software.

3.3 SIMULAÇÃO

A simulação do processo foi realizada com auxílio do software MATLAB através de

arquivos salvos na extensão “.m”, chamado m-file, e através de uma de suas caixas de

ferramentas, o Simulink.

Considerando a modelagem proposta no item 3.1, o processo foi simulado adotando

diversos valores para a constante do ganho proporcional, a fim de se obter respostas que

permitissem a análise de estabilidade do processo.

Integrator Continuous Integra um sinal

Math Function Math

Operations

Gera uma função

matemática

Mux Signal Routing Combina vários sinais de

entrada em uma saída

Product Math

Operations

Multiplica ou divide sinais

de entrada

Scope Sinks Exibe os sinais gerados

durante a simulação

Sum

Math

Operations

Adiciona ou subtrai sinais

de entrada

To Workspace Sinks

Transfere dados para a área

de trabalho

Unary Minus Math

Operations Inverte o sinal da entrada

46

Para fim de observação, os resultados obtidos utilizando o Simulink e os m-files são

os mesmos. Dessa forma, apenas os modos de execução serão demonstrados para ambos os

métodos.

A partir da ferramenta Simulink, o sistema formado pelas equações (3.18) e (3.19)

foi organizado de modo lógico utilizando blocos de operações matemáticas de acordo com

a Figura 3.3.

Figura 3.3 – Diagrama para o modelo não-linear

Assim como o sistema formado pelas equações (3.26) e (3.27) representado na

Figura 3.4.

Para o arranjo dos blocos, de maneira a corresponder aos sistemas, encontrados

durante a modelagem do processo, e chegar às soluções, em forma de gráficos e/ou tabelas,

algumas constantes foram agrupadas, como executado durante a atribuição de valores na

modelagem, renomeadas, para uma montagem mais simples, e os sinais das respostas e dos

valores das variáveis em estado estacionário foram unificados na saída para que os gráficos

fossem sobrepostos, a fim de facilitar a comparação entre cada variável no decorrer do

tempo e na distância que se encontram do seu valor de estado estacionário.

Através dos m-files, o sistema de equação foi definido em um vetor “dy”, já com o

valor de K predefinido, como mostrado, em destaque, na Figura 3.5.

47

Figura 3.4 – Diagrama para o modelo linearizado

Figura 3.5 – Definições dos sistemas de equações linearizadas em m-files

Da mesma forma, foi salvo para o sistema com as equações não-linearizadas, como

na Figura 3.6.

Criou-se um novo m-file para executar a solução numérica do sistema de equações

inserido. Nesse novo arquivo, definiu-se a função que solucionaria as equações, no caso

ode45, bem como o intervalo de integração, as condições iniciais e o retorno da resposta

gráfica à área de trabalho.

Na Figura 3.7, está demonstrado um exemplo para cada sistema obtido. A função

utilizada para solucionar os sistemas é a mesma, diferindo apenas nas condições iniciais e

nos valores de seus estados estacionários para cada tipo de sistema.

48

Figura 3.6 – Definições dos sistemas de equações não-linearizadas em m-files

Figura 3.7 – M-file para solução de cada sistema

49

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com os diagramas organizados e os valores, adotados durante a modelagem,

devidamente definidos no programa, executou-se a simulação para obtenção dos gráficos,

alvos da análise, visualizados no bloco “Scope” para cada caso proposto de acordo com os

valores determinados para o ganho proporcional do termo de controle da temperatura do

processo.

Para o valor de K igual a 9 (nove), foram obtidos os gráficos das figuras 4.1 e 4.2

para o modelo não-linear e linearizado, respectivamente.

Figura 4.1 – Solução gráfica para o sistema de equações diferenciais não-lineares, adotando

K=9

50

Figura 4.2 – Solução gráfica para o sistema de equações diferenciais linearizadas, adotando K=9

Observa-se que as oscilações no decorrer de τ para os valores de y e de θ

apresentam uma leve diminuição na amplitude, na Figura 4.1, para o sistema de equações

diferenciais não-lineares demonstrando um controle lento, porém satisfatório, para a

situação proposta. Enquanto a amplitude das oscilações para o sistema de equações

linearizadas permanece constante, indicando um sistema criticamente estável para o

intervalo de aproximação adotado durante a linearização.

Admitindo-se o valor de K igual a 7 (sete), obtém-se os gráficos demonstrados nas

figuras 4.3 e 4.4 para a resolução do modelo não-linear e linearizado, respectivamente.

51

Figura 4.3 – Solução gráfica para o sistema de equações diferenciais não-lineares, adotando

K=7

Figura 4.4 – Solução gráfica para o sistema de equações diferenciais linearizadas,

adotando K=7

52

Nota-se que para um valor de K menores que 9 (nove), o período entre as

oscilações para a solução do modelo não-linear se torna mais longo, quando comparado ao

resultado da Figura 4.1, porém o modelo de controle proposto ainda gera uma resposta

estável, portanto, satisfatória. Devido ao aumento do período das oscilações, pode-se

deduzir que, a partir de um determinado valor do ganho proporcional, a resposta do sistema

oscilará em períodos tão longos que o processo passará a ter um desvio permanente, como

visto na Figura 4.5 para a resposta do modelo não-linear, quando é definido ao ganho

proporcional o valor 5 (cinco).

Entretanto, quando se analisa as curvas obtidas pela solução do modelo

linearizado, a diferença entre o valor em determinado instante τ tomado para qualquer uma

das curvas e o valor do estado estacionário ( θs= ys=0) aumenta rapidamente com o

decorrer do tempo, de modo que o controle seja ineficiente para o intervalo considerado na

linearização, ou seja, gera uma resposta instável.

Figura 4.5 – Resposta do modelo não-linear, quando K=5

A partir de um valor de K maior que 9 (nove), os gráficos obtidos como

resposta para o sistema de equações não-lineares e linearizadas estão representados,

respectivamente, na Figura 4.6 e na Figura 4.7.

53

Figura 4.6 – Solução gráfica para o sistema de equações diferenciais não-lineares, adotando

K=11

Figura 4.7 – Solução gráfica para o sistema de equações diferenciais linearizadas,

adotando K=11

54

Analisando as curvas para a solução do modelo não-linear, é notável a

eficiência do controle, quando valores maiores que nove são admitidos para o ganho

proporcional, devido à velocidade com que as amplitudes das oscilações diminuem ao

longo do tempo, se aproximando muito do valor em estado estacionário do processo para o

período de integração arbitrado. Para o intervalo em que se realizou a linearização, o

controle também se mostra muito efetivo com a rápida convergência das respostas a seus

respectivos valores em estado estacionário.

Como esperado pela análise de estabilidade, através do critério de Routh-Hurwitz,

da equação (3.33), a equação característica do sistema de equações diferenciais

linearizadas, para valores de K maiores que 9 (nove), as raízes terão partes reais negativas,

indicando que estarão localizadas no semi plano esquerdo do plano “s” e o sistema será

estável. Enquanto, para valores de K menores que 9 (nove), o sistema será instável pela

localização dos pólos no semi plano direito do plano “s”.

É importante ressaltar que a análise pelo critério de Routh-Hurwitz é válida para o

trecho escolhido para a linearização, não implicando que este valor para o qual as funções

convergem seja o único ponto crítico do processo.

55

5 CONCLUSÃO

A partir do estudo do caso proposto na literatura, pode-se concluir que para a

modelagem da reação exotérmica, com cinética de primeira ordem, ocorrendo em um

reator contínuo de mistura perfeita, através de balanços mássico e energético, com controle

proporcional aplicado ao sistema para o controle da temperatura é eficiente em relação à

estabilidade da resposta gerada, porém nem sempre satisfatório, uma vez que há valores

para os quais o processo apresentará respostas com desvio permanente. No caso específico,

o valor crítico encontrado para este ganho proporcional é 9 (nove), no qual o processo se

mostra estável, quando analisado pelas respostas gráficas do sistema de equações

diferenciais não-lineares, e criticamente estável para o intervalo considerado durante a

linearização, ou seja, não é um valor adequado para se aplicar ao modelo linearizado, visto

que, com qualquer aumento na intensidade da perturbação, a resposta do sistema se tornará

instável.

Para valores de K maiores que 9 (nove), os valores definidos em projeto para a

reação se recuperarão de perturbações na temperatura do reator em tão rapidamente quanto

a intensidade do ganho proporcional adotado. A escolha da intensidade do parâmetro de

controle dependerá basicamente do efeito que tão decisão causará ao equipamento, isto é,

quão desgastante será para os componentes da instalação.

Para valores de K menores que 9 (nove), a satisfação do controle dependerá do

valor adotado, uma vez que, pela análise do modelo não-linear, o sistema será estável,

contudo poderá apresentar um valor de offset, dependendo da escolha da sensibilidade do

controle. Já para o modelo linearizado, a resposta do processo será instável, invalidando a

proposta de controle para o intervalo considerado na linearização.

56

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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reactor stability and control – II. Minnesota: Pergamon Press, 1958. Vol. 7, pp. 182 to 147.

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ANEXO

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

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