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Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura Luiz de QueirozDegradação do tetracloroeteno por consórcios bacterianos em reator horizontal de leito fixo Rafael Dutra de Armas Tese apresentada para obtenção do título de Doutor em Ciências. Área de concentração: Microbiologia Agrícola Piracicaba 2011

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Universidade de São Paulo

Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”

Degradação do tetracloroeteno por consórcios bacterianos em reator

horizontal de leito fixo

Rafael Dutra de Armas

Tese apresentada para obtenção do título de Doutor em

Ciências. Área de concentração: Microbiologia Agrícola

Piracicaba

2011

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Rafael Dutra de Armas

Bacharel e Licenciado em Ciências Biológicas

Degradação do tetracloroeteno por consórcios bacterianos em reator

horizontal de leito fixo

Orientador:

Prof. Dr. MARCIO RODRIGUES LAMBAIS

Tese apresentada para obtenção do título de Doutor em

Ciências. Área de concentração: Microbiologia Agrícola

Piracicaba

2011

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação DIVISÃO DE BIBLIOTECA - ESALQ/USP

Armas, Rafael Dutra de Degradação do tetracloroeteno por consórcios bacterianos em reator horizontal de leito fixo / Rafael Dutra de Armas. - - Piracicaba, 2011.

148 p. : il.

Tese (Doutorado) - - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, 2011.

1. Água - Contaminação 2. Bactérias 3. Biofilmes 4. Biorremediação 5. Cromatografia 6. RNA Ribossômico I. Título

CDD 628.16 A727d

“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”

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Aos meus pais, Edes e Neiva, ao meu irmão Eduardo e a

minha noiva Kelly, DEDICO.

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AGRADECIMENTOS

A Deus pelo dom da vida e à fé necessária para seguirmos.

A meus pais, Edes e Neiva, pelo amor incondicional, carinho e conselhos.

A meu irmão, Eduardo, pelo carinho, amizade e exemplo de profissionalismo.

Ao meu amor, Kelly Justin da Silva, por todo apoio, compreensão nos momentos difíceis,

companheirismo, carinho, amor e ajuda na elaboração deste trabalho.

Ao Prof. Dr. Marcio Rodrigues Lambais, pela orientação.

Ao CNPq, pela bolsa concedida.

À FAPESP, pelo financiamento do projeto.

À Coordenação do PPG-Microbiologia Agrícola e à ESALQ, pela oportunidade.

Aos técnicos, Wladimir, Denise e Fernando.

Ao amigo José Luis Paz Jara, pelo auxílio nas análises cromatográficas.

Aos colegas, Adriano, Alice, Denise, Eder, Elisa, Joze, Gisele, Giselle, Sandra, Silvia,

Tiago, Vivian e Winston, pelo convívio.

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“O parasita toma tudo e não dá nada. O direito de domínio e

propriedade se reduz ao parasitismo. Ao contrário, o direito de

simbiose se define por reciprocidade: o que a natureza dá ao

homem é o que este deve restituir a ela, transformada em sujeito

de direito.”

Michel Serres.

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SUMÁRIO

RESUMO..... .......................................................................................................................... 13

ABSTRACT. .......................................................................................................................... 15

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ................................................................................................... 17

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................ 19

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .............................................................................. 21

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 23

2 DESENVOLVIMENTO ...................................................................................................... 25

2.1 Revisão Bibliográfica ........................................................................................................ 25

2.1.1 A água no planeta ........................................................................................................... 25

2.1.2 Importância dos organoclorados na contaminação ambiental .......................................... 26

2.1.3 Tetracloroeteno .............................................................................................................. 27

2.1.3.1 Contaminação ambiental por PCE ............................................................................... 27

2.1.3.2 Riscos do PCE à saúde humana ................................................................................... 29

2.1.3.3 Remediação de áreas contaminadas com PCE .............................................................. 30

2.1.3.4 Vias de biodegradação do PCE .................................................................................... 33

2.1.3.4.1 Biodegradação anaeróbia .......................................................................................... 34

2.1.3.4.1.1 Descloração redutiva direta .................................................................................... 34

2.1.3.4.1.2 Descloração redutiva co-metabólica ....................................................................... 37

2.1.3.4.1.3 Descloração redutiva por bactérias anaeróbias facultativas ..................................... 40

2.1.3.4.2. Biodegradação aeróbia ............................................................................................. 40

2.1.3.4.2.1 Biodegradação oxidativa direta .............................................................................. 40

2.1.3.4.2.2 Biodegradação oxidativa co-metabólica ................................................................. 41

2.1.3.4.3 Consórcios bacterianos na degradação de cloroetenos ............................................... 41

2.2 Material e Métodos ........................................................................................................... 43

2.2.1 Área de estudo e amostragem ......................................................................................... 43

2.2.2 Imobilização do sedimento em suporte de poliuretano e acondicionamento em

RHLFs .................................................................................................................. 46

2.2.3 Cultivo de enriquecimento em RHLFs ............................................................................ 46

2.2.4 Estrutura da comunidade e diversidade bacteriana nos RHLFs ....................................... 47

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2.2.4.1 Extração do DNA metagenômico ................................................................................48

2.2.4.2 Eletroforese em gel com gradiente desnaturante...........................................................48

2.2.4.2.1 Análise dos perfis de amplicons após DGGE ............................................................49

2.2.4.3 Detecção de Dehalococcoides por PCR .......................................................................49

2.2.4.4 Clonagem e sequenciamento de clones do gene rRNA 16S ..........................................50

2.2.4.4.1 Análise das sequências do gene rRNA 16S ...............................................................51

2.2.5 Ensaio de degradação do PCE em RHLF ........................................................................52

2.2.6 Varredura de COVs dos RHLFs .....................................................................................52

2.2.7 Isolamento e identificação de bactérias dos RHLFs ........................................................53

2.2.7.1 Coleta das amostras e plaqueamento ............................................................................53

2.2.7.2 Teste de crescimento em meio com PCE .....................................................................54

2.2.7.3 Identificação das bactérias isoladas dos RHLFs ...........................................................54

2.2.7.3.1 Extração do DNA .....................................................................................................54

2.2.7.3.2 BOX-PCR ................................................................................................................54

2.2.7.3.3 Sequenciamento do gene rRNA 16S .........................................................................55

2.2.7.3.3.1 Análise das sequências ...........................................................................................56

2.2.7.3.4 Marcadores moleculares ...........................................................................................56

2.2.8 Ensaio de degradação do PCE com os isolados selecionados dos RHLFs ........................57

2.2.8.1 Imobilização e cultivo de enriquecimento dos isolados ................................................57

2.2.8.2 Monitoramento dos isolados ........................................................................................57

2.2.8.3 Ensaios de degradação do PCE nos RHLFs .................................................................58

2.2.8.4 Ensaios de degradação do PCE com células em suspensão...........................................60

2.2.8.5 Ensaio de degradação do PCE com IIn2 em RHLF ......................................................61

2.2.8.6 Teste de inibição da via de monoxigenases ..................................................................61

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..........................................................................................63

3.1 Análise de COVs e PFQs da área de estudo .......................................................................63

3.2 Seleção de bactérias por cultivo de enriquecimento em RHLFs .........................................65

3.2.1 Estrutura da comunidade de Bacteria nos RHLFs ...........................................................65

3.2.2 Detecção de populações de Dehalococcoides..................................................................68

3.2.3 Sequenciamento de clones do gene rRNA 16S de Bacteria dos RHLFs ...........................69

3.3 Ensaio de degradação do PCE em RHLF ...........................................................................77

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3.4 Varredura de COVs dos RHLFs ........................................................................................ 80

3.5 Isolamento de bactérias presentes nos RHLFs ................................................................... 83

3.6 Teste de crescimento com PCE como única fonte de carbono ............................................ 83

3.7 BOX-PCR ......................................................................................................................... 84

3.8 Identificação dos isolados por sequenciamento do gene rRNA 16S ................................... 87

3.9 Marcadores moleculares para monitoramento dos isolados nos RHLFs ............................. 91

3.10 Avaliação da eficiência dos isolados na degradação do PCE ............................................ 94

3.10.1 Monitoramento dos isolados nos RHLFs ...................................................................... 94

3.10.2 Ensaio de degradação aeróbia do PCE nos RHLFs........................................................ 95

3.10.3 Ensaio de degradação do PCE com células em suspensão ........................................... 101

3.10.4 Avaliação do I8In2 na degradação do PCE em RHLF ................................................. 103

3.10.5 Teste de degradação do PCE na presença de inibidor de monoxigenases..................... 104

4 CONCLUSÕES ................................................................................................................. 109

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 111

APÊNDICES ........................................................................................................................ 137

ANEXOS...... ........................................................................................................................ 141

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RESUMO

Degradação do tetracloroeteno por consórcios bacterianos em reator

horizontal de leito fixo

O tetracloroeteno (PCE), um dos principais contaminantes de águas subterrâneas, é uma

molécula recalcitrante, com toxicidade elevada. Processos de biorremediação de água ou solo

contaminados com PCE são normalmente limitados pela baixa eficiência de microrganismos

sabidamente envolvidos em sua degradação. No entanto, a prospecção de novos microrganismos,

mais eficientes na degradação do PCE é uma alternativa para otimizar esses processos. Os

objetivos deste estudo foram desenvolver uma técnica de biorremediação utilizando um reator

horizontal de leito fixo (RHLF) contendo consórcios de microrganismos eficientes na degradação

do PCE, e caracterizar a via de degradação do PCE utilizada pelo consórcio selecionado. Para

tanto, amostras de sedimento de dois poços de monitoramento de água foram coletadas de uma

metalúrgica com histórico de contaminação com PCE. Os sedimentos foram imobilizados,

acondicionados em RHLFs específicos e submetidos a cultivo de enriquecimento em meio

mínimo suplementado com PCE. A estrutura das comunidades e a diversidade bacteriana dos

RHLFs foram avaliadas e comparadas com as amostras do PM1 e PM2, por PCR-DGGE e

sequenciamento de bibliotecas de clones do gene rRNA 16S. Os resultados evidenciaram a

seleção de populações bacterianas no RHLF contendo o inóculo do PM1 (In1) após o cultivo de

enriquecimento, enquanto no RHLF contendo o inóculo do PM2 (In2), a estrutura da comunidade

bacteriana não diferiu daquela observada no PM2. Ensaios de degradação do PCE nos RHLFs,

usando cromatografia gasosa associada à espectrometria de massas (CG/EM), mostraram, após

12 horas, uma eficiência de 87 % na degradação do PCE no reator com In1 e 96 % no reator com

In2. Foi feito o isolamento e identificação, por sequenciamento do gene rRNA 16S, das bactérias

dos RHLFs, sendo identificados 4 isolados do In1, similares a Burkholderia sp.,

Pseudomonas stutzeri, P. oryzihabitans e Stenotrophomonas maltophilia e 7 isolados do In2,

similares a Microbacterium trichotecenenolyticum, S. maltophilia, Klebsiella sp.,

Exiguobacterium acetylicum, P. oryzihabitans, Acinetobacter junii e Comamonas sp. Compostos

orgânicos voláteis nos reatores com In1 e In2 foram analisados por CG/EM, identificando a

produção de clorofórmio (TCM) e 1,1,1-tricloroetano (TCA) como produtos da degradação do

PCE. Consórcios formados por bactérias isoladas dos reatores In1 (IIn1) e In2 (IIn2) foram

imobilizados e acondicionados em RHLFs distintos para avaliar o potencial dos mesmos na

degradação do PCE. Após 12 horas, 92 % do PCE foi degradado nos reatores com IIn1 e IIn2,

com produção de TCM e TCA. Testes de degradação usando células em suspensão foram

conduzidos para avaliar a eficiência de cada isolado na degradação do PCE. O isolado I8 do In2

(I8In2), identificado como Comamonas sp., teve 68 % de eficiência na degradação do PCE.

Ensaios com inibidor de monoxigenases do citocromo P-450 (1-aminobenzotriazole) mostraram

que a degradação do PCE nos RHLFs, contendo IIn1, IIn2 e I8In2, foram dependentes dessa

enzima. Como conclusão, nós identificamos uma nova via de degradação do PCE altamente

eficiente, aeróbia e mediada por monoxigenases e isolamos cepas bacterianas que podem ser

usadas como consórcios imobilizados nos RHLFs como uma alternativa eficiente na remediação

de áreas contaminadas com PCE.

Palavras chave: PCR-DGGE; rRNA 16S; Imobilização bacteriana; Cromatografia gasosa;

Monoxigenase

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ABSTRACT

Degradation of tetrachloroethene by bacterial consortia in horizontal

fixed bed reactor

Tetrachloroethene (PCE), one of the main contaminants of groundwater, is a recalcitrant

molecule with high toxicity. Bioremediation processes of water or soil contaminated with PCE

are usually limited by the low efficiency of microorganisms known to be involved in its

degradation. However, the exploration of new and more efficient microorganisms in the

degradation of PCE is an alternative to optimize these processes. The objectives of these studies

were to develop a bioremediation technique using horizontal fixed bed reactor (HFBR)

containing microbial consortia effective in the PCE degradation, and to characterize the PCE

degradation pathway used by the selected consortium. For that, sediment samples of two

groundwater monitoring wells were collected from a metallurgical plant with historical of PCE

contamination. The sediments were immobilized, packed in specific HFBRs and subjected to

enrichment in minimal medium supplemented with PCE. The bacterial community structure and

diversity in the HFBRs were evaluated and compared to samples from the MW1 and MW2, by

PCR-DGGE and sequencing of 16S rRNA gene clone libraries. The results revealed the selection

of bacterial populations in the HFBR containing inoculum from MW1 (In1) after enrichment,

while in the HFBRs containing inoculum from MW2 (In2), the bacterial community structure did

not differ from that observed in MW2. Tests of PCE degradation in HFBRs using gas

chromatography-mass spectrometry (GC/MS) showed, after 12 hours, an efficiency of 87 % in

the PCE degradation in the In1 reactor and 96 % in the In2 reactor. Bacteria from HFBR were

isolated and identified by sequencing of 16S rRNA gene, and 4 isolates from In1, similar to

Burkholderia sp., Pseudomonas stutzeri, P. oryzihabitans and Stenotrophomonas maltophilia,

and 7 isolates from In2, similar to Microbacterium trichotecenenolyticum, S. maltophilia,

Klebsiella sp., Exiguobacterium acetylicum, P. oryzihabitans, Acinetobacter junii and

Comamonas sp. were identified. Volatile organic compounds in the reactors with In1 and In2

were analyzed by GC/MS, showing the production of chloroform (TCM) and

1,1,1-trichloroethane (TCA) as PCE degradation products. Consortia composed of bacteria

isolated from the In1 (IIn1) and In2 (IIn2) reactors were immobilized and packed in distinct

HFBRs to evaluate the potential of specific consortia in PCE degradation. After 12 hours, 92 %

of PCE was degraded in reactors with IIn1 and IIn2, with the production of TCM and TCA.

Degradation tests using cells suspension were conducted to evaluate the efficiency of each isolate

in PCE degradation. Isolate I8 from In2 (I8In2), identified as Comamonas sp., showed 68 %

efficiency in the PCE degradation. Assays using inhibitor of monooxygenases cytochrome P-450

(1-aminobenzotriazole) showed that the PCE degradation in HFBRs containing IIn1, IIn2 and

I8In2 were dependent of this enzyme. In conclusion, we have identified a new highly efficient

PCE degradation pathway, aerobic and mediated by monooxygenases, and isolated bacterial

strains that may be used as consortia which immobilized in HFBRs as an efficient alternative in

the remediation of PCE contaminated areas.

Keywords: PCR-DGGE; 16S rRNA; Bacterial immobilization; Gas chromatography;

Monooxygenase

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Via de descloração redutiva do PCE........................................................................ 35

Figura 2 - Vias de degradação do PCE no ambiente ................................................................ 42

Figura 3 - Mapas ilustrando a localização geográfica e imagem aérea da área de estudo .......... 45

Figura 4 - Coleta do sedimento e acondicionamento em RHLF ............................................... 46

Figura 5 - Montagem do RHLF com sistema de circulação contínua e fechada de solução ...... 47

Figura 6 - Fluxograma com as metodologias utilizadas no trabalho ......................................... 62

Figura 7 - Comparação entre a estrutura da comunidade bacteriana dos PMs e dos RHLFs,

após enriquecimento ........................................................................................... 67

Figura 8 - Detecção de Dehalococcoides nos poços de monitoramento e RHLFs ..................... 69

Figura 9 - Abundância de grupos filogenéticos dos PMs e dos RHLFs (%), após cultivo de

enriquecimento ................................................................................................... 73

Figura 10 - Curva de rarefação indicando o número estimado de UTOs em bibliotecas de

clones do gene rRNA 16S de Bacteria nos PMs e nos RHLFs, após cultivo de

enriquecimento ................................................................................................... 74

Figura 11 - Diagrama de Venn baseado na frequência de UTOs dos PMs e do biofilme dos

RHLFs................................................................................................................ 75

Figura 12 - Relações filogenéticas entre as UTOs mais representativas com base no

sequenciamento do gene rRNA 16S de Bacteria do In1 e In2 .............................. 77

Figura 13 - BOX-PCR para seleção dos isolados do In1. ......................................................... 85

Figura 14 - Colônias dos isolados do In1 selecionados para sequenciamento ........................... 85

Figura 15 - BOX-PCR para seleção dos isolados do In2 .......................................................... 86

Figura 16 - Colônias dos isolados do In2 selecionados para sequenciamento ........................... 86

Figura 17 - Similaridade entre os isolados do In1 e In2 e sequências depositadas no

GenBank com base no sequenciamento do gene rRNA 16S de Bacteria .............. 88

Figura 18 - PCR-DGGE dos isolados do In1 ........................................................................... 92

Figura 19 - PCR-DGGE dos isolados do In2 ........................................................................... 93

Figura 20 - Marcadores moleculares dos isolados do In1 e In2 obtidos pela excisão das

bandas de cada isolado dos géis de DGGE .......................................................... 94

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Figura 21 - Monitoramento dos isolados do In1 em diferentes portas do RHLF por PCR-

DGGE ................................................................................................................95

Figura 22 - Ensaios de degradação do PCE em RHLFs............................................................99

Figura 23 – Quantificação, em percentual de carbono, dos compostos da via de degradação

aeróbia do PCE nos RHLFs .............................................................................. 100

Figura 24 - Ensaio de degradação do PCE com células em suspensão dos IIn1 ...................... 102

Figura 25 - Ensaio de degradação do PCE com células em suspensão dos IIn2 ...................... 102

Figura 26 – Avaliação, em percentual de carbono, da eficiência do I8In2 na degradação do

PCE .................................................................................................................. 103

Figura 27 – Ensaio de inibição da via de monoxigenases na degradação do PCE no I8In2

pela adição de 1-aminobenzotriazole (ABT) ..................................................... 105

Figura 28 - Ensaio de inibição da via de monoxigenases na degradação do PCE no IIn1

pela adição de 1-aminobenzotriazole (ABT) ..................................................... 106

Figura 29 - Ensaio de inibição da via de monoxigenases na degradação do PCE no IIn2

pela adição de 1-aminobenzotriazole (ABT) ..................................................... 106

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Quantificação do PCE e dos produtos da via de descloração redutiva no PM1 e

PM2 de uma área com histórico de contaminação por PCE ................................. 64

Tabela 2 - Resultado do teste de similaridade por Pairwise (pareamento) baseado nos

perfis de amplicons do gene rRNA 16S de Bacteria dos PMs e RHLFs, após

cultivo de enriquecimento ................................................................................... 68

Tabela 3 - Estimativa de riqueza de UTOs, índice de diversidade e cobertura de

amostragem calculados a partir de bibliotecas de clones do gene rRNA 16S

de Bacteria de amostras dos PMs e RHLFs, após cultivo de enriquecimento ....... 70

Tabela 4 - Valores de p calculado nas comparações múltiplas entre as bibliotecas de

clones do gene rRNA 16S das comunidades de Bacteria de amostras dos PMs

e RHLFs, após cultivo de enriquecimento ........................................................... 73

Tabela 5 - Resultados dos ensaios de degradação do PCE no In1 e In2 .................................... 79

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABT - 1-aminobenzotriazole

ANM - atenuação natural monitorada

BTEX - benzeno, tolueno, etil-benzeno e xileno

cDCE - cis-1,2-Dicloroeteno

CE - condutividade elétrica

CV - cloreto de vinila

COV - composto orgânico volátil

DGGE - eletroforese em gel com gradiente desnaturante

DNA - ácido desoxirribonucleico

DNAPL - fase líquida não aquosa mais densa que água

Eh - potencial redox

ETE - etileno

IE - impacto de elétrons

HCFC-22 - hidroclorofluorcarbono

IIn1 - isolados do inóculo do PM1

IIn2 - isolados do inóculo do PM2

In1 - inóculo do poço de monitoramento 1 imobilizado no reator horizontal de leito fixo

In2 - inóculo do poço de monitoramento 2 imobilizado no reator horizontal de leito fixo

Koc - coeficiente de partição de carbono orgânico

Kow - coeficiente de partição octanol/água

LNAPL - fase líquida não aquosa menos densa que a água

MM - meio mínimo

NAPL - fase líquida não aquosa

OD - oxigênio dissolvido

oMO - orto-monoxigenase

pb - pares de base

PCE - tetracloroeteno

PCP - pentaclorofenol

PCR - reação em cadeia da polimerase

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pH - potencial hidrogeniônico

PM1- poço de monitoramento 1

PM2 - poço de monitoramento 2

pMMO - metano monoxigenase

POA - processos oxidativos avançados

POP - poluente orgânico persistente

SPME - microextração em fase sólida

RHLF - reator horizontal de leito fixo

rRNA - ácido ribonucléico ribossomal

TCA - 1,1,1-tricloroetano

TCE - tricloroeteno

TCM - clorofórmio

ToMO - tolueno-o-xileno-monoxigenase

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1 INTRODUÇÃO

A água é um recurso natural de valor inestimável. Mais que um insumo indispensável à

produção e um recurso estratégico para o desenvolvimento econômico, é vital para a manutenção

dos ciclos biológicos, geológicos e químicos que mantêm em equilíbrio os ecossistemas. É, ainda,

uma referência cultural e um bem social indispensável à adequada qualidade de vida da

população. Desta forma, a utilização da água de forma consciente, levando em conta

principalmente sua conservação, evitando o desperdício, controlando as fontes de contaminação e

investindo em programas de recuperação de áreas contaminadas, são pontos chave na

manutenção deste recurso natural.

Na recuperação de águas contaminadas deve-se considerar que, apesar de mais protegidas

do que as águas superficiais, as águas subterrâneas, maiores reservas exploráveis de água doce do

planeta, estão sujeitas a contaminação, a qual pode ocorrer pelo aumento da densidade

demográfica, modificações do uso da terra, industrialização acelerada, entre outros. Dentre os

contaminantes de águas subterrâneas destacam-se os organoclorados, sendo um dos mais

frequentes o tetracloroeteno (PCE). O PCE é classificado como poluente orgânico persistente

(POP), e é um dos contaminantes de águas subterrâneas mais preocupantes, por ser uma molécula

de alta persistência no ambiente, de difícil degradação química e biológica e alta solubilidade em

lipídios, o que, associado a sua toxicidade e seu potencial carcinógeno, intensifica os riscos à

saúde pública.

O PCE pertence a uma classe de contaminantes que é relativamente insolúvel e mais

densa do que a água, e ao ser liberado ou derramado no solo, tende a migrar verticalmente,

acumulando-se em camadas de baixa permeabilidade. O PCE em fase livre age como uma fonte

contínua de contaminação da água subterrânea e pode persistir em subsuperfície por décadas.

Muitos fatores, tais como a viscosidade baixa e densidade elevada do PCE, bem como a

heterogeneidade geológica, influenciam na migração, distribuição e biodisponibilidade do PCE,

dificultando sua localização, quantificação e a remediação de áreas contaminadas.

Diferentes técnicas de remediação in situ e ex situ vêm sendo utilizadas em áreas

contaminadas com PCE, no entanto dificuldades têm sido encontradas para a remediação dessas

áreas devido às características recalcitrantes desta molécula. Técnicas de remediação ex situ,

caracterizadas pela extração do meio contaminado e tratamento por métodos físicos, químicos e

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biológicos específicos em local pré-determinado, tem sido utilizadas na recuperação de áreas

contaminadas com PCE. No entanto, as maiores dificuldades na implantação destas técnicas

dizem respeito à extração do PCE do ambiente, o qual pode acumular-se em grandes

profundidades, inviabilizando financeira e tecnicamente a remediação ex situ. Devido à baixa

solubilidade, seu bombeamento é dificultado, necessitando de um grande volume de água para

extrair o PCE, o que incrementa os custos operacionais, aumentando o volume de resíduo, sem a

garantia da descontaminação da área.

As tecnologias de remediação in situ, que promovem o tratamento diretamente na área

contaminada, caracterizam-se por não necessitarem de transporte, do meio contaminado. No

entanto, as condições do ambiente, como pH, temperatura e potencial de oxi-redução interferem

diretamente na eficiência dos processos de remediação do PCE in situ. Apesar disso, é uma

alternativa para a degradação do PCE, pois devido à versatilidade metabólica dos

microrganismos, diferentes vias de biodegradação podem ser estimuladas, formando substâncias

inócuas, seja por técnicas de bioestímulo ou bioaumento. As principais dificuldades na

implantação de técnicas de biorremediação in situ estão associadas com a ocorrência dos

microrganismos no foco da contaminação, seu estímulo, bem como a manutenção das condições

físico-químicas ideais para sua ação. Adicionalmente, quando os microrganismos são

introduzidos no local contaminado, a sobrevivência dos mesmos pode ser baixa, devido à pressão

de seleção.

Uma alternativa para a biorremediação in situ de áreas contaminadas com PCE é a

utilização de reatores biológicos on site, ou seja, uma técnica caracterizada pelo bombeamento da

água subterrânea contaminada, tratamento em reatores biológicos e sua reintrodução no aquífero.

A vantagem desta técnica é utilizar microrganismos selecionados, de eficiência conhecida, além

de possibilitar o controle das características do meio para aumentar a eficiência de

biodegradação.

Este trabalho teve como objetivos desenvolver uma técnica de biorremediação, utilizando

um reator horizontal de leito fixo (RHLF) contendo consórcios de microrganismos previamente

selecionados eficientes na degradação do PCE, bem como caracterizar a via de degradação do

PCE utilizada pelo consórcio bacteriano selecionado.

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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Revisão Bibliográfica

2.1.1 A água no planeta

A água é essencial para a manutenção dos ciclos biológicos, geológicos e químicos que

mantêm em equilíbrio os ecossistemas, sendo também fundamental para as atividades antrópicas.

A maior parte da água utilizada para consumo humano e suas atividades socioeconômicas é

captada dos rios, lagos, represas e aquíferos subterrâneos (CABRAL, 2010; SIMONOVIC,

2002).

Apesar de ser um recurso natural abundante, com volume total no planeta estimado em

1.386.000 km3, e cobrindo aproximadamente 70 % da superfície da Terra, 97,5 % é formado de

água salgada (oceanos e mares) e apenas 2,5 % de água doce (COMPANHIA DE

TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL - CETESB, 2010; REBOUÇAS, 2001). A

maior parcela dessa água doce (68,9 %) forma as calotas polares, as geleiras e neves que cobrem

os cumes das montanhas. Outra fração importante, 29,9 %, é constituída de águas subterrâneas. A

água do solo (inclusive permafrost) e as águas dos pântanos representam cerca de 1,0 % do total,

e a água doce dos rios e lagos apenas 0,3 % (MALMQVIST; RUNDLE, 2002).

Dentre as fontes de água doce, as águas subterrâneas representam mais de 95 % das

reservas exploráveis do globo terrestre e, devido à crescente demanda por recursos hídricos, sua

exploração desponta como uma alternativa importante. Isso se deve não somente à sua

abundância, mas também a qualidade e baixo custo de captação, principalmente considerando a

baixa qualidade das águas superficiais, associadas ao elevado custo do tratamento e escassez

verificada em algumas regiões. Assim, as águas subterrâneas vêm se tornando estratégicas para o

desenvolvimento econômico da sociedade, devendo ser preservadas (CETESB, 2010).

Embora mais protegidas do que as águas superficiais, as águas subterrâneas também são

vulneráveis à contaminação, sendo sua fragilidade relacionada com o grau de proteção natural

contra possíveis ameaças de contaminação, o qual depende das características litológicas e

hidrogeológicas dos estratos que as separam da fonte de contaminação, e dos gradientes

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hidráulicos que determinam o fluxo dos contaminantes através dos sucessivos estratos e dentro do

aquífero (BORBA; FIGUEIREDO; CAVALCANTI, 2004).

2.1.2 Importância dos organoclorados na contaminação ambiental

Os compostos organoclorados são obtidos pela hidrocloração e cloração de compostos

orgânicos. A família dos organoclorados é composta por seis produtos principais: cloreto de

metileno, tricloroeteno (TCE), clorofórmio (TCM), tetracloreto de carbono, cloreto de metila e

PCE.

Os primeiros solventes clorados foram produzidos na Alemanha no século XIX e a

produção nos Estados Unidos teve inicio em 1906. O uso em larga escala dos solventes clorados

nas indústrias de manufatura iniciou-se durante a segunda guerra mundial e cresceu nas três

décadas posteriores. Os organoclorados podem ser utilizados como herbicidas, inseticidas,

fungicidas, solventes, fluídos hidráulicos, fumigantes, aditivos de gasolina, desengraxantes e

intermediários para síntese de vários produtos químicos (FLORES et al., 2004). Devido a sua

ampla utilização, nas mais variadas atividades e de forma indiscriminada, os organoclorados

tornaram-se os principais contaminantes ambientais. A contaminação da água subterrânea por

estes compostos não era reconhecida até o final da década de setenta, quando considerava-se a

alta persistência destes compostos no ambiente como característica importante para o controle de

pragas na agricultura. Após este período, inúmeros relatos de contaminação de águas

subterrâneas por organoclorados foram observados (FLORES et al., 2004).

A toxicidade dos organoclorados, sua capacidade de bioconcentração, persistência no

ambiente e distribuição ubíqua na biosfera, geram preocupação sobre sua influência na qualidade

de vida (BHATT et al., 2007). Dentre as características mais preocupantes destes compostos para

a saúde pública está a genotoxicidade, que merece atenção especial, pois alterações no material

genético podem levar, dentre outros problemas, ao desenvolvimento de câncer (NUNES;

TAJARA, 1998).

A contaminação ambiental por organoclorados tem-se difundido de forma tão

generalizada que já foram detectados organoclorados mesmo em regiões que não foram expostas

a estes compostos. Na última década, por exemplo, compostos semi-voláteis, como o

hexaclorobenzeno, 1,1,1-tricloro-2,2-bis (4-clorofenil) etano (DDT) e os seus metabólitos e

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bifenilos policlorados, substâncias conhecidamente persistentes no ar, água e sedimentos, foram

detectadas na região ártica (FREIRE et al., 2000).

2.1.3 Tetracloroeteno

Dentre os organoclorados, o PCE se destaca por ser um composto de ampla utilização e

um dos principais contaminantes da atmosfera, do solo e da água. É um líquido incolor, não

inflamável, com odor característico, semelhante ao éter, classificado como substância altamente

tóxica e potencialmente carcinógena (BHATT et al., 2007).

O primeiro relato de síntese do PCE foi em 1821, por Michael Faraday, através do

aquecimento do composto hexacloroetano até a sua decomposição em PCE e Cl2, sendo em 1925

produzido comercialmente nos Estados Unidos (AGENCIA PARA SUSTANCIAS TÓXICAS Y

EL REGISTRO DE ENFERMEDADES - ATSDR, 1996). O PCE atingiu o auge de sua

utilização no século XX, juntamente com o TCE, produto da descloração do PCE, devido à

extensa utilização destes compostos nas indústrias, em centros militares e em residências, como

solvente não inflamável.

O PCE também é utilizado na indústria de lavagem a seco, onde, devido às suas

características de não-inflamabilidade, não-explosividade e alto poder de solvência, assumiu

papel de destaque. Além de possuir baixa viscosidade, sua fácil penetração em tecidos,

dissolvendo a maioria das substâncias encontradas no mesmo, sem deixar odor, além de possuir

característica antimicrobiana, lhe garantiram ampla utilização (BRUIN et al., 1992).

Sua aplicação indiscriminada, bem como seu armazenamento de forma inadequada,

culminou com abundante contaminação em várias partes do mundo, sendo considerado um dos

maiores contaminantes do solo e da água (PARSONS et al., 1984; SEMPRINI; YU, 2009;

WEISSFLOG et al., 2004).

2.1.3.1 Contaminação ambiental por PCE

Estudos com modelagem matemática estimam que 76 % do PCE do ambiente esteja no ar,

23 % na água, 0,06 % no solo e 0,23 % em sedimentos. No entanto, cabe ressaltar que na

atmosfera o PCE encontra-se em concentrações inferiores aquelas encontradas nos demais

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ambientes, principalmente quando comparado com águas subterrâneas. O PCE pode migrar entre

os distintos compartimentos ambientais, do solo para águas subterrâneas, de águas superficiais

para a atmosfera, bem como entre fases, sendo encontrado no ambiente tanto na forma líquida

quanto gasosa (EUROPEAN COMMISSION - EC, 2001).

O PCE pode ser adsorvido às partículas do solo, e essa adsorção varia conforme o

conteúdo de carbono orgânico. Com base no coeficiente de partição de carbono orgânico (Koc),

que é uma medida da tendência de um composto orgânico ser adsorvido no solo ou sedimento,

determinou-se o coeficiente de adsorção do PCE, o qual varia entre 177 e 534, valores estes

indicativos de adsorção moderada (GRATHWOHL, 1990).

Como o PCE apresenta baixa solubilidade em água e tem moderada mobilidade no solo

(Koc moderado), não se espera que seu tempo de residência em ambientes de superfície seja maior

que alguns dias. No solo e águas superficiais, em função da pressão de vapor e constante de

Henry altos, indicativo do grau de volatilidade de um composto químico em uma solução, o PCE

volatiliza rapidamente para a atmosfera, percola ou é lixiviado atingindo águas subterrâneas,

onde persiste durante vários meses (SEIP et al., 1986; ZYTNER; BISWAS; BEWTRA, 1989).

A presença das fases livre e residual de PCE na zona não saturada permite a volatilização

do mesmo, formando uma fase gasosa, a qual é desprendida para o ambiente. Na atmosfera,

estudos mostram a presença do PCE em amostras de água de chuva, porém, sua solubilidade

baixa em água sugere que a remoção do PCE da atmosfera pelas chuvas ocorra lentamente

(KENAGA, 1980; SWANN; LASKOWSKI; MCCALL, 1983).

Como foi relatado anteriormente, o PCE é pouco adsorvido no solo, tendendo a percolar e

atingir a subsuperfície, onde devido a sua solubilidade baixa (150 mg L-1

) forma uma fase

imiscível ao atingir a água subterrânea (ALLEN-KING; GRATHWOHL; BALL, 2002),

denominada fase livre.

Na terminologia ambiental, a fase líquida imiscível em água subterrânea é conhecida

como fase líquida não aquosa (NAPL - Non-Aqueous Phase Liquid). Existem dois tipos de

NAPL, uma com fase líquida não aquosa menos densa que a água, conhecida como LNAPL

(Light Non-Aqueous Phase Liquid) (ARRUDA; JARDIM, 2007) e outra mais densa do que a

água conhecida como DNAPL (Dense Non-Aqueous Phase Liquid). O PCE, por ser mais denso

do que a água (densidade específica 1,6 kg L-1

), se enquadra entre os DNAPLs (ARRUDA;

JARDIM, 2007). Esta característica impõe preocupações ambientais quanto à qualidade da água

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de abastecimento proveniente de aquíferos profundos, tendo-se em vista que dependendo das

condições geológicas e da eventual contaminação com PCE, os aquíferos profundos podem

apresentar fase livre do composto (KUEPER; FRIND, 1988).

Desta forma, pelas características destacadas do PCE, tais como solubilidade e densidade,

bem como a heterogeneidade geológica nas áreas contaminadas, a migração e distribuição do

DNAPL são muito variáveis e, consequentemente, o PCE em subsuperfície é difícil de ser

localizado, quantificado e remediado.

2.1.3.2 Riscos do PCE à saúde humana

O PCE, pela sua distribuição ubíqua, bem como estados físicos que é encontrado no

ambiente, é um contaminante que oferece grande risco para a saúde pública. A principal rota de

absorção do PCE por seres humanos é através das vias respiratórias, sendo o composto

rapidamente absorvido pelo sangue. Em contraste, o PCE não é absorvido pela pele. A

quantidade de PCE absorvida por inalação está relacionada à concentração deste composto no ar,

bem como com a massa corpórea, nível de atividade durante a exposição e tempo de exposição ao

PCE. Após inalação, devido à característica lipofílica do PCE (determinado a partir do

coeficiente de partição octanol/água, Kow), o mesmo é acumulado nos tecidos adiposos, sendo

também metabolizado no fígado pelo citocromo P-450, formando ácido tricloroacético e

tricloroetanol (AGGAZZOTTI; FANTUZZI; RIGHI, 1994; BOSCO; FIGA-TALAMANCA;

SALERNO, 1987; RASTKARI; YUNESIAN; AHMADKHANIHA, 2011; TOVALIN-

AHUMADA; WHITEHEAD, 2007).

Altas concentrações de PCE, principalmente em ambientes fechados e pouco ventilados,

podem causar tontura, dor de cabeça, sonolência, confusão mental, náusea, dificuldade de fala e

locomoção e em casos extremos morte. Nas indústrias, onde os trabalhadores podem ser expostos

a baixas concentrações de PCE, observaram-se alterações no sistema nervoso, embora não haja

qualquer prova da ocorrência de lesão permanente ao mesmo, não sendo também comprovados

efeitos de ordem reprodutiva a partir de ensaios realizados com ratos. Quanto ao seu potencial

como agente carcinógeno, estudos com ratos demonstraram a ocorrência de aumento de tumores

no fígado quando os animais foram expostos ao PCE. Em humanos não foram estabelecidas

relações entre exposição ao PCE e carcinogênese (ATSDR, 1996).

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2.1.3.3 Remediação de áreas contaminadas com PCE

Os processos de transformação e degradação de organoclorados no ambiente dependem

tanto das características do solo quanto das características físico-químicas dos compostos. Em

solos argilosos, por exemplo, com alto teor de matéria orgânica, determinados contaminantes são

complexados, aumentando a persistência dos mesmos no ambiente (MOREIRA; CRUZ, 1996).

Em contrapartida, moléculas de alto peso molecular, contendo halogênios e/ou anéis aromáticos

condensados, característico de organoclorados, também tendem a persistir no ambiente

(MUSUMECI, 1992).

A contaminação de solos e águas subterrâneas por compostos químicos recalcitrantes,

desperta, desde a década de 70, o interesse pelo estudo de diferentes tecnologias para a

degradação destes contaminantes. Os conhecidos métodos não destrutivos, como por exemplo, a

adsorção sobre carvão ativado, extração por vapor, air stripping, entre outros, são tecnologias

bastante difundidas e aplicadas, pois o custo inicial de tratamento a partir destes processos é

bastante atrativo. No entanto, o fato de promoverem apenas a transferência de massa do

contaminante, despertou a necessidade de desenvolvimento de tecnologias de tratamento capazes

de degradar os compostos contaminantes a compostos não tóxicos (SATO; HARTENSTEIN;

MOTES, 2001). A grande vantagem dos processos destrutivos é a mineralização das moléculas

do contaminante, formando substâncias inócuas, como água e gás carbônico, além de íons

inorgânicos. Existem diferentes tipos de tratamentos destrutivos, entre eles, a incineração (que

utiliza a combustão como processo de degradação), a utilização de substâncias que promovam a

degradação química das moléculas (ex.: processos oxidativos avançados) e as tecnologias que

envolvem a degradação mediada por microrganismos (biorremediação) (HIRVONEN;

TUHKANEN; KALLIOKOSKI, 1996; SATO; HARTENSTEIN; MOTES, 2001).

Na degradação do PCE, os processos naturais costumam ser pouco eficientes, como é o

caso da fotólise (CHODOLA; BISWAS; BEWTRA, 1989). Em outros casos, como por exemplo,

na hidrólise química, condições específicas para degradação do PCE são necessárias, como

temperaturas elevadas e valores de pH acima de 9,0 e mesmo assim o processo é lento

(BOUWER; McCARTY, 1982). Dos processos de atenuação natural, a biodegradação é o mais

eficiente, embora estudos mostrem que o PCE seja uma molécula de difícil biotransformação

(WAKEHAM; DAVIS; KARAS, 1983).

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Desta maneira, técnicas para aumentar a eficiência de degradação do PCE são necessárias,

sendo ainda um desafio por se tratar de um composto com alta persistência e toxicidade. De

maneira geral, preconiza-se uma alternativa que permita não somente a remoção do PCE do

ambiente, mas a sua degradação a substâncias inócuas e, preferencialmente, sua mineralização

(IMAMURA et al., 2000).

Em função dos baixos custos relativos associados ao processo de monitoramento e pelo

fato do PCE ser passível de sofrer degradação natural, a atenuação natural monitorada (ANM) é

normalmente considerada uma alternativa para remediação de áreas contaminadas com PCE. No

entanto, conforme visto anteriormente, o PCE é recalcitrante em subsuperfície, deste modo, o

emprego da ANM apresenta aspectos limitantes, como o tempo de monitoramento necessário

para atingir os níveis de prevenção e os riscos da pluma de contaminação migrar e atingir

potenciais receptores em função da persistência do PCE em subsuperfície. Além disso, pode

ocorrer a formação e acúmulo de subprodutos mais móveis e tóxicos, como o cloreto de vinila

(CV), durante o processo de ANM (SCHMIDT, 2010).

Quando a ANM não mostra-se eficiente na recuperação de áreas contaminadas com PCE,

outras metodologias podem ser aplicadas, dentre as quais podemos destacar os métodos físicos,

químicos e biológicos, podendo ser desenvolvidos ex situ ou in situ.

Os métodos físicos, pelo fato de não degradarem os contaminantes de interesse, são

considerados métodos não destrutivos. Esses métodos são caracterizados por processos de

separação de fases (sedimentação, decantação, filtração, centrifugação e flotação), transição de

fases (destilação, evaporação e cristalização), transferência de fases (adsorção, air-stripping e

extração por solventes) e separação molecular (hiperfiltração, ultrafiltração, osmose reversa e

diálise). De maneira geral, os tratamentos físicos permitem a depuração de áreas contaminadas

com PCE, entretanto, o contaminante não é degradado ou eliminado, sendo apenas transferido

entre fases diferentes (SILVA et al., 1999).

Bons resultados na eliminação de clorofenóis e PCE por adsorção em carvão ativado, de

clorodioxinas em Sephadex e de cloroetanos em surfactantes têm sido obtidos (BOVING;

WAREG; BRUSSEAU, 1999). A eficiência destes sistemas mostra-se elevada, entretanto,

problemas associados à perda de eficiência, tornam os procedimentos pouco viáveis

economicamente. Pelas características citadas, os métodos físicos têm sido pouco atrativos na

remediação de áreas contaminadas com PCE, pois além de promoverem apenas a transferência de

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fase do contaminante, geram passivos de difícil disposição (STREAT; PATRICK; PEREZ, 1995;

TAKEHITA; AKIMOTO; NITO, 1995).

Apesar disto, a utilização dos métodos físicos em etapas de pré-tratamento ou polimento

no processo final de remediação de áreas contaminadas com PCE pode ser uma alternativa

interessante. Neste sentido, a tecnologia de filtração com membranas tem se mostrado eficiente,

principalmente no tratamento e reaproveitamento de águas residuárias de indústrias (MADAENI,

1999).

Os métodos químicos têm apresentado aplicabilidade em sistemas ambientais como

purificação de ar, desinfecção e purificação de água e efluentes industriais. Dentre as técnicas de

degradação química de contaminantes, algumas são discutíveis como é o caso da precipitação e

incineração. A precipitação, assim como os métodos físicos, promove apenas a mudança de fase

dos compostos (HOFFMANN et al., 1995), enquanto a incineração além de onerosa, pode formar

compostos mais tóxicos do que o contaminante, como por exemplo dibenzo-p-dioxinas e

dibenzofuranos policlorados formados em processos de incineração de resíduos domésticos

(ADDINK; GOVERS; OLIE, 1995; ADDINK; GOVERS; OLIE, 1998; HARNLY et al., 1995).

Dentre os métodos químicos mais eficientes na degradação do PCE têm se destacado os

Processos Oxidativos Avançados (POA), os quais baseiam-se na geração do radical hidroxila

(●OH), o qual tem alto poder oxidante e pode promover a degradação de vários compostos

orgânicos (HIRVONEN; TUHKANEN; KALLIOKOSKI, 1996; VINODGOPAL et al., 1998).

Os radicais ●OH podem reagir com os contaminantes por mecanismos distintos, dependendo da

estrutura do composto-alvo. Hidrocarbonetos alifáticos são susceptíveis a reações de abstração de

hidrogênio, produzindo radicais orgânicos que rapidamente se ligam ao oxigênio molecular e

geram radicais peróxidos que, por sua vez, iniciam reações oxidativas em cadeia, transformando

o substrato orgânico em CO2, H2O e sais inorgânicos. No caso de hidrocarbonetos halogenados

ou com alto grau de impedimento estérico, o mecanismo de reação predominante é a

transferência eletrônica (SUNDSTROM; WEIR; KLEI, 1989).

Alguns processos de produção de radicais ●OH têm sido estudados, utilizando

principalmente ozônio (O3), peróxido de hidrogênio (H2O2) e o reagente de Fenton (H2O2/Fe2+

).

Estes processos vêm sendo aplicados com sucesso na descontaminação in situ de solos, na

desinfecção de águas (MESQUITA, 2004), na remediação de águas subterrâneas, no tratamento

de efluentes municipais ou efluentes contendo surfactantes (SANZ et al., 2003), água para

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consumo humano, lixiviado de aterros e águas superficiais. Uma das vantagens dos POA é o fato

de não produzirem resíduos que necessitem de posterior disposição, como é o caso do método

físico de adsorção em carvão ativado (IMAMURA et al., 2000; CATALKAYA; BALI;

SENGÜL, 2003). Apenas o reagente de Fenton exige a retirada dos sais de ferro formados após o

processo oxidativo. Outro ponto que cabe destacar é a inespecificidade destes compostos,

comprometendo a eficiência de degradação da molécula alvo, além de possuírem ação

antimicrobiana, inibindo a biodegradação (TEIXEIRA, 2002). Apesar das limitações citadas para

os métodos químicos, os mesmos podem servir de etapa preliminar para a biorremediação,

gerando compostos mais facilmente biodegradáveis.

Desta forma, os métodos físicos, limitados pela transferência de massa para outras fases e

os métodos químicos, limitados pela não especificidade dos oxidantes e seus efeitos

antimicrobianos, podem ser ineficientes na remediação de áreas contaminadas com PCE.

Alternativamente, os métodos biológicos podem ser utilizados, produzindo compostos não

tóxicos em determinadas condições (FREEDMAN; GOSSETT, 1989).

2.1.3.4 Vias de biodegradação do PCE

Para os compostos organoclorados, as vias de biodegradação anaeróbias são consideradas

mais eficientes do que as aeróbias. A energia disponível dos organoclorados diminui com o

aumento da halogenação em condições aeróbias. Associado a isto, por serem moléculas

fortemente oxidadas, sua utilização como doadores de elétrons pelos microrganismos aeróbios é

dificultada. Contrariamente, a energia dos organoclorados aumenta em condições anaeróbias,

possibilitando sua utilização como aceptor de elétrons por microrganismos anaeróbios. Em

anaerobiose os organoclorados são mais instáveis, facilitando sua degradação. Estas

características explicam a maior susceptibilidade de PCE e TCE em serem degradados

anaerobiamente e de cDCE e CV serem degradados aerobiamente (MATTES; ALEXANDER;

COLEMAN, 2010; THOMPSON et al., 2004).

As vias anaeróbias são destacadas na degradação do PCE, sendo classificadas em

descloração redutiva direta e descloração redutiva co-metabólica, mediada por microrganismos

acetogênicos, metanogênicos e redutores de sulfato. No ambiente, processos aeróbios e

anaeróbios de degradação de diferentes compostos se complementam. Espécies altamente

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cloradas, como é o caso do PCE, podem ser mais rapidamente degradadas anaerobiamente,

enquanto compostos menos clorados, como cis-1,2-dicloroeteno (cDCE), intermediário da via de

descloração redutiva do PCE, podem ser degradados em condições anaeróbias e de forma mais

eficiente por processos aeróbios, via oxidação direta e oxidação co-metabólica (HARTMANS et

al., 1985; HARTMANS; de BONT, 1992; VERCE; ULRICH; FREEDMAN, 2000; ELANGO;

LIGGENSTOFFER; FATHEPURE, 2006).

Diferentes bactérias já foram isoladas de ambientes contaminados com PCE, sendo

utilizadas em ensaios de degração deste composto isoladamente e em consórcios. No entanto,

muitas bactérias envolvidas na degradação do PCE não são cultiváveis e desta forma, estratégias

de enriquecimento seletivo têm sido utilizadas, estimulando grupos específicos na degradação do

PCE (DAMBORSKY, 1999).

2.1.3.4.1 Biodegradação anaeróbia

2.1.3.4.1.1 Descloração redutiva direta

A via de descloração redutiva é a principal e mais eficiente na biodegradação do PCE,

sendo caracterizada por um processo sequencial de substituição de átomos de cloro por átomos de

hidrogênio. O TCE, cDCE, CV e etileno (ETE) são frequentemente formados como

intermediários na via de descloração redutiva do PCE (Figura 1). Destes, apenas o ETE é

considerado não tóxico (NIELSEN; KEASLING, 1999; SCHOLZ-MURAMATSU et al., 1990).

A descloração redutiva pode ser realizada por vários grupos de bactérias. A maioria

possui a capacidade de degradar PCE a cDCE quando utilizados isoladamente, e somente

Dehalococcoides ethenogenes possui a capacidade de degradar PCE a ETE. Outros isolados de

Dehalococcoides sp. possuem a capacidade de degradar cDCE a CV, mas não possuem

capacidade para desclorar PCE a TCE (BRADLEY; CHAPELLE, 2003; DENNIS, 2003;

FREEDMAN; GOSSETT, 1989; MAYMÓ-GATELL et al., 1997; PARKIN, 1999).

A descloração redutiva do PCE ocorre na presença de doadores de elétrons específicos

para cada grupo de microrganismos. Dehalospirullum multivorans utiliza hidrogênio, bem como

compostos orgânicos, com exceção do acetato, como doadores de elétrons;

Dehalobacter restrictus, Desulfitobacterium sp. e Dehalococcoides ethenogenes utilizam

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hidrogênio como doador de elétrons, enquanto Desulfuromonas chloroethenica e

Desulfomonile tiedjei utilizam tanto o acetato quanto o hidrogênio como doadores de elétrons

(BHATT et al., 2007; HOLLIGER; WOHLFARTH; DIEKERT, 1999; VLIEG; JANSSEN,

2001).

Figura 1 - Via de descloração redutiva do PCE. Adaptado de Zinder; Gossett (1995)

Dehalobacter restrictus é uma bactéria Gram-positiva pertencente à classe Clostridia, que

utiliza o hidrogênio como doador de elétrons e PCE e TCE como aceptores de elétrons. Em

ensaios de degradação do PCE por D. restrictus foi constatado o envolvimento de menaquinonas

(possivelmente envolvidas no transporte de elétrons da hidrogenase para PCE redutase) e

citocromo b (envolvido no transporte de elétrons e na geração de ATP), sendo a PCE redutase

responsável pela redução do PCE e TCE a cDCE. (HOLLIGER et al., 1993; HOLLIGER et al.,

1998; SCHUMACHER; HOLLIGER, 1996; WOHLFARTH; DIEKERT, 1997).

Dehalospirillum multivorans é uma bacteria Gram-negativa pertencente à classe

Epsilonproteobacteria. Comparada com D. restrictus, é mais versátil, pois utiliza o hidrogênio,

piruvato e formato como doadores de elétrons e PCE como aceptor de elétrons e consequente

fonte de energia, mas também utiliza outros aceptores de elétrons, como fumarato, arsenato e

selenato. Alguns destes aceptores de elétrons alternativos têm sido relatados como inibidores da

descloração redutiva do PCE em experimentos com células em suspensão (NEUMANN;

SCHOLTZMARAMATSU; DIEKERT, 1994; MILLER; WOHLFAHTH; DIEKERT, 1997). Em

ensaios de degradação do PCE por D. multivorans foi constatado o envolvimento de

menaquinonas e os citocromos b e c (componente essencial da cadeia transportadora de elétrons),

na redução do PCE a cDCE, mediada pela PCE redutase (SCHOLZ-MURAMATSU et al., 1995).

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Desulfitobacterium é um gênero de bactérias Gram-positivas, com algumas espécies

formadoras de endósporos, pertencente à classe Clostridia. Em alguns destes organismos,

menaquinona, citocromos b e c têm sido detectados. Espécies de Desulfitobacterium descloram

redutivamente uma variedade de organoclorados (GERRITSE et al., 1996). Alternativamente,

membros deste gênero utilizam sulfito e tiossulfato, mas não sulfato, como aceptores de elétrons,

e piruvato e substâncias complexas não definidas como doadores de elétrons. (BOUCHARD et

al., 1996; UTKIN; WOESE; WIEGEL, 1994). As cepas PCE1 e PCE-S de D. dehalogenans têm

sido associadas com a degradação de clorofenóis e PCE (MILLER; WOHLFAHTH; DIEKERT,

1997). D. dehalogenans cepa PCE1 degrada o PCE a TCE, com acúmulo de pequenas

concentrações de cDCE, enquanto a cepa PCE-S degrada PCE e TCE, com acúmulo de cDCE

(GERRITSE et al., 1996, UTKIN; DALTON; WIEGEL, 1995; MACKIEWICZ; WIEGEL,

1998).

Desulfuromonas chloroethenica é uma bactéria Gram-negativa redutora de sulfato,

pertencente à classe Deltaproteobacteria, a qual utiliza piruvato e acetato como doadores de

elétrons na redução do PCE ou TCE a cDCE. No entanto, não é certo que a descloração redutiva

do PCE esteja relacionada com o metabolismo energético desta bactéria (KRUMHOLZ; SHARP;

FISHBAIN, 1996), pois não pode ser descartado o envolvimento da oxidação do acetato, em vez

da redução do PCE, esteja envolvida nesse processo. Assim, a degradação do PCE pode ocorrer

por co-metabolismo. Vários estudos têm associado a presença de citocromo c com a degradação

do PCE nestas bactérias (KRUMHOLZ et al., 1996; KRUMHOLZ, 1997; THAUER; MÖLLER-

ZINKHAN; SPORMANN, 1989).

Dehalococcoides ethenogenes é uma bactéria Gram-positiva, pertencente à classe

Chloroflexi. É anaérobia estrita, o que dificulta seu isolamento e cultivo. Foi o primeiro

organismo capaz de degradar PCE a ETE, utilizando especificamente hidrogênio como doador de

elétrons, descrito (MAYMÓ-GATELL et al., 1997). Doadores de elétrons alternativos, como

metanol e butirato não contribuíram para a degradação do PCE (DISTEFANO; GOSSETT;

ZINDER, 1991; TANDOI et al., 1994). Duas dehalogenases estão envolvidas na descloração

redutiva do PCE em D. ethenogenes, uma envolvida na redução do PCE para TCE, e outra do

TCE para ETE, via cDCE e CV (MAYMÓ-GATELL et al., 1997).

É importante salientar que cada intermediário da reação de descloração redutiva do PCE é

fonte de energia para D. ethenogenes. No entanto, a degradação de CV a ETE é um processo co-

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metabólico, mas que mesmo não provendo benefício energético para a bactéria, é uma etapa

crítica na degradação completa do PCE.

Como podemos observar, a utilização de isolados bacterianos na descloração redutiva

direta do PCE é uma alternativa de remediação. Porém, o acúmulo de intermediários tóxicos é um

fator limitante, tendo em vista que apenas D. ethenogenes possui a capacidade de degradar o PCE

a ETE.

2.1.3.4.1.2 Descloração redutiva co-metabólica

Os grupos de microrganismos metanogênicos, acetogênicos e redutores de sulfato

caracterizam-se por degradar o PCE por co-metabolismo, resultando no acúmulo de TCE e em

alguns casos cDCE (VOGEL; CRIDDLE; MCCARTY, 1987). As reações co-metabólicas não

utilizam o PCE como fonte de energia, pois apenas uma pequena fração dos doadores de elétrons

é utilizada para reduzir este composto. No entanto, em altas concentrações de PCE e intensa

metanogênese, acetogênese e redução de sulfato, a descloração pode ser significante.

Destes grupos, as bactérias acetogênicas são consideradas as menos eficientes na

degradação do PCE, pois formam apenas TCE.

Sporomusa ovata é uma bactéria acetogênica, Gram-negativa pertencente à classe

Negativicutes, a qual em paralelo à formação de acetato, utilizando metanol como doador de

elétrons, faz a descloração do PCE, formando TCE (TERZENBACH; BLAUT, 1994).

Acetobacterium woodii, também acetogênica, é uma bactéria Gram-positiva,

pertencente à classe Clostridia que utiliza doadores de elétrons específicos para a formação de

acetato. A descloração do PCE a TCE ocorre quando frutose é utilizada como doador de elétrons

na formação de acetato (EGLI et al., 1988). Em ensaios de degradação em reator de leito fixo

inoculado com A. woodii, onde glicose foi utilizada como doador de elétrons e convertida em

acetato, TCE foi degradado a ETE, enquanto em experimento semelhante PCE não foi degradado

(WILD; WINKELBAUER; LEISINGER, 1995).

Devido ao acúmulo de TCE, o estímulo deste grupo de microrganismos na degradação

do PCE no ambiente não tem sido empregado.

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Já o grupo das bactérias metanogênicas são mais eficientes na degradação do PCE, com

formação de TCE e cDCE. Diferentes doadores de elétrons são utilizados na formação do

metano, mas o hidrogênio tem fornecido melhores resultados.

Methanosarcina sp. é um grupo de Archaea metanogênica, pertencente à classe

Methanomicrobia, o qual produz metano a partir de acetato e metanol como doadores de elétrons

(FATHEPURE; BOYD, 1988). Co-metabolicamente, Methanosarcina sp. degrada PCE a TCE,

pela ação da enzima metil-coenzima M redutase (HOLLIGER; SCHRAA, 1994). Em

experimentos de degradação do PCE por M. mazei, com metanol como doador de elétrons,

ocorreu o acúmulo de TCE (FATHEPURE; BOYD, 1988), da mesma forma que experimentos

conduzidos com Methanobacterium thermoautotrophicum, uma Archaea da classe

Methanobacteria (EGLI et al., 1987). Já experimentos em microcosmos inoculados com

M. mazei, Methanobacterium thermoautotrophicum e Methanosarcina sp. cepa DCM,

enriquecidos com hidrogênio, ocorreu a descloração do PCE com formação de TCE e cDCE

(FREEDMAN; GOSSET, 1989).

Desta forma podemos observar que a utilização do hidrogênio como doador de elétrons é

um ponto importante na degradação do PCE por organismos metanogênicos

Dos grupos de bactérias envolvidos na descloração co-metabólica do PCE, as bactérias

redutoras de sulfato são consideradas as mais eficientes, sendo cDCE frequentemente acumulado.

Assim como os organismos metanogênicos, na presença de hidrogênio como doador de elétrons a

degradação do PCE é mais eficiente.

Desulfomonile tiedjei é uma bactéria Gram-negativa redutora de sulfato, pertencente à

classe Deltaproteobacteria. Esta bactéria contem citocromo c, é dependente de 1,4-naftoquinona

como fator de crescimento (SHELTON; TIEDJE, 1984; DeWEERD; CONCANNON; SUFLITA,

1991) e utiliza hidrogênio e formato como doadores de elétrons e 3-clorobenzoato como aceptor

de elétrons, assim como PCE, formando cDCE (DeWEERD; CONCANNON; SUFLITA, 1991;

DOLFING, 2000, MOHN; TIEDJE, 1991). Estudos comprovaram que 3-clorobenzoato e PCE

são degradados pela mesma enzima, a qual é induzida por 3-clorobenzoato (COLE;

FATHEPURE; TIEDJE, 1995; TOWNSEND; SUFLITA, 1996). A presença do PCE não induz a

atividade da enzima, indicando que a redução do PCE é uma reação co-metabólica de descloração

redutiva do 3-clorobenzoato (COLE; FATHEPURE; TIEDJE, 1995; DeWEERD et al., 1990;

FATHEPURE; BOYD, 1988; LOUIE et al., 1997).

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Em experimentos com estímulo das bactérias redutoras de sulfato Desulfitobacterium

frappieri TCE1 e Desulfovibrio sp., desenvolvidos em colunas com sedimentos de uma área

contaminada com PCE, a adição de sulfato estimulou a degradação do PCE, formando TCE e em

menores concentrações cDCE (DRZYZGA et al., 2002).

Apesar da possibilidade de estímulo das vias co-metabólicas de descloração do PCE, o

acúmulo de TCE e cDCE problemático, pois estes compostos apresentam maior toxicidade e

mobilidade em água subterrânea do que o PCE. Outro ponto importante é que microrganismos

metanogênicos e redutores de sulfato são mais eficientes na degradação do PCE quando utilizam

hidrogênio como doador de elétrons. Da mesma forma, bactérias que realizam a descloração

redutiva direta do PCE também são hidrogenotróficas, e desta forma competem pelo hidrogênio.

Como consequência, o acúmulo de TCE, cDCE e CV pode ser relacionado com a

indisponibilidade de hidrogênio necessária para sustentar a descloração realizada por bactérias

como Dehalobacter restrictus, Desulfitobacterium sp. e Dehalococcoides ethenogenes, e que

frequentemente acumulam ETE (HOELEN; REINHARD, 2004)..

Uma alternativa é a adição de compostos orgânicos fermentáveis, os quais podem formar

hidrogênio em concentrações que permitam sustentar a degradação de TCE e cDCE a ETE, e a

atividade de bactérias metanogênicas e redutoras de sulfato (HARKNESS et al., 1999; SEWELL;

GIBSON, 1991).

Um exemplo do benefício da adição de compostos orgânicos ao meio para estimular a

degradação do PCE pôde ser observado em microcosmos contaminados com este solvente e

inoculados com Dehalococcoides ethenogenes e Desulfovibrio sp. (bactéria redutora de sulfato).

Nos microcosmos onde as duas bactérias foram inoculadas o PCE foi degradado, com acúmulo

de cDCE e CV, com uma concentração final de hidrogênio de 0,6 nmol mL-1

. Ensaios contendo

apenas D. ethenogenes o PCE foi degradado a ETE e as concentrações finais de hidrogênio foram

de 1,7 nmol mL-1

. Já em microcosmos inoculados com as duas bactérias, mas suplementado com

tolueno (composto fermentável), o PCE foi degradado formando ETE com concentração final de

hidrogênio de 1,5 nmol mL-1

(HOELEN; REINHARD, 2004). Podemos observar que a

concentração de hidrogênio é um fator limitante da degradação de PCE, e a adição de tolueno

manteve as concentrações necessárias para a degradação a ETE. Esta alternativa é importante

para manter as concentrações de hidrogênio em áreas contaminadas, uma vez que diferentes

organismos utilizam o hidrogênio como doador de elétrons.

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2.1.3.4.1.3 Descloração redutiva por bactérias anaeróbias facultativas

A degradação do PCE por bactérias anaeróbias facultativas foi demonstrada em estudos

com Enterobacter agglomerans, e mostrou ser dependente da ausência de oxigênio e nitrato, e

altas concentrações de compostos fermentáveis, dentre os quais glicose (SHARMA; McCARTY,

1996).

Enterobacter strain MS-1 e E. agglomerans são bactérias Gram-negativas, pertencentes

ao filo Proteobacteria, sendo as únicas bactérias anaeróbias facultativas envolvidas na

descloração redutiva do PCE reportadas. Essas bactérias degradam PCE a cDCE em condições

anaeróbias. Uma variedade de doadores de elétrons, como glicose, piruvato, formato, lactato, e

acetato, podem ser utilizados na redução do PCE (SHARMA; McCARTY, 1996). Uma vantagem

da utilização destas bactérias é a maior facilidade de cultivo, não exigindo anaerobiose estrita, o

que possibilita a multiplicação do inóculo em laboratório, E utilização em técnicas de

bioaumento.

2.1.3.4.2. Biodegradação aeróbia

Alternativamente à descloração redutiva, vias oxidativas de degradação do TCE, cDCE e

CV podem ser estimuladas a partir da oxidação direta e oxidação co-metabólica destes

compostos, formando cDCE ou ETE (BRADLEY; CHAPELLE, 1998; BRADLEY;

CHAPELLE, 1996; BRADLEY E CHAPELLE, 2000; BRADLEY; RICHMOND; CHAPELLE,

2005; COLEMAN et al., 2002).

2.1.3.4.2.1 Biodegradação oxidativa direta

Um amplo grupo de etenos clorados, dentre os quais cDCE e CV, podem ser degradados

por oxidação direta, formando CO2 em microcosmos aeróbios com Mycobacterium sp.

(HARTMANS; de BONT, 1992), Rhodococcus sp. (MALACHOWSKY et al., 1994) e

Nitrosomonas sp. (VANELLI et al., 1990). Esta via metabólica não foi relacionada com a

degradação do PCE e TCE, mas poderia ser utilizada como etapa posterior à descloração redutiva

do PCE e TCE, mineralizando cDCE e CV a CO2.

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2.1.3.4.2.2 Biodegradação oxidativa co-metabólica

Bactérias metanotróficas contendo monoxigenases e dioxigenases podem degradar TCE,

cDCE e CV por co-metabolismo, a partir da oxidação de tolueno, fenol, metano e propano

(ENSLEY, 1991; VOGEL; CRIDDLE; McCARTY, 1987). Na degradação do PCE, a ação das

oxigenases pode formar epóxidos de cloro, os quais podem se decompor espontaneamente,

formando produtos livres de cloro, ou mesmo mineralizados por uma ampla gama de

microrganismos. No entanto, degradação expressiva do PCE por essa via metabólica ainda não

foi detectada (CHAUHAN; BARBIERI; WOOD, 1998; FOGEL; TADDEO; FOGEL, 1986;

FOLSOM; CHAPMAN; PRITCHARD, 1990; TSIEN et al., 1989).

2.1.3.4.3 Consórcios bacterianos na degradação de cloroetenos

A dinâmica de degradação do PCE no ambiente pode envolver diferentes mecanismos,

como por exemplo, a geração de metano em zonas saturadas, degradando o PCE co-

metabolicamente, e gerando principalmente TCE. O metano gerado pode prover carbono e

energia para a oxidação metanotrófica do TCE a cDCE e CV em subsequentes zonas aeróbias.

Por esta característica, tem sido proposta a utilização de reatores em dois estágios. Em um

primeiro reator anaeróbio, haveria degradação de PCE por co-metabolismo e em um segundo

reator aeróbio haveria estímulo de bactérias metanotróficas para a degradação do TCE a ETE.

Resultados promissores têm sido obtidos, com eficiência de degradação do PCE de 92 % após

120 horas, com acúmulo de ETE (MAYMÓ-GATELL et al., 1995; SUNG-IN; YOUN-KYOO;

BYUNG-CHAN, 2003).

Seguindo esta mesma linha de raciocínio, compostos clorados podem ser redutivamente

desclorados em consórcios sintróficos. Experimentos foram conduzidos com um consórcio de

Desulfovibrio desulfuricans, a qual produz hidrogênio pela oxidação de etanol para acetato em

concentrações de sulfato inferiores a 5 mM, Dehalospirillum multivorans, uma bactéria que

utiliza hidrogênio e PCE, e Methanobacterium formicicum, a qual também utiliza hidrogênio

como doador de elétrons. Nestas condições, D. multivorans competiu com

M. formicicum pelo hidrogênio presente (SMATLAK; GOSSETT; ZINDER, 1996). Estudos

anteriores com culturas mistas (BALLAPRAGADA et al., 1997) demonstraram que algumas

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bactérias que descloram o PCE tem maior afinidade pelo hidrogênio presente do que

metanotróficas. Outro consórcio composto por Desulfomonile tiedjei, bactéria BZ-2 que utiliza

benzoato e uma espécie de Methanospirillum, foi utilizado para converter 3-clorobenzoato para

acetato e metano (MOHN; TIEDJE, 1992). Neste consórcio, D. tiedjei produz benzoato a partir

do 3-chlorobenzoato e hidrogênio. O benzoato foi convertido para acetato, hidrogênio e CO2 pela

bactéria sintrófica BZ-2. Methanospirillum também utiliza o hidrogênio formado pela oxidação

do benzoato e fornece vitaminas para D. tiedjei. Neste consórcio, nenhuma das bactérias

consumiu o hidrogênio necessário para atividade da outra.

Com base nas vias de degradação do PCE demonstradas (Figura 2), podemos observar

que as vias anaeróbias são as mais eficientes na degradação do PCE e TCE. No entanto, a

degradação de cDCE e CV em condições aeróbias é mais eficiente. No entanto, a escolha da via é

condicionada pelos organismos presentes no local e pelas condições do meio, pois a competição

entre os microrganismos e os parâmetros físico-químicos são determinantes para a remediação de

áreas contaminadas com PCE.

Figura 2 - Vias de degradação do PCE no ambiente. Adaptado de Lee; Odom; Buchanan (1998)

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Apesar dos avanços tecnológicos na área, técnicas de biorremediação de águas

subterrâneas contaminadas com PCE apresentam limitações. A biorremediação ex situ, que

envolve a remoção do solo contaminado ou a extração da água subterrânea por bombeamento,

para que o tratamento biológico seja realizado em local adequado, pode ser menos recomendável

do que o uso da tecnologia in situ, onde não existe a necessidade de expor o contaminante a

outros ambientes. Entretanto, a biorremediação in situ de águas subterrâneas é dificultada pelo

fato do ambiente ser extremamente dinâmico, onde alterações das condições físico-químicas

ocorrem constantemente, devido à complexidade e heterogeneidade química e física do solo

saturado e não saturado, dificultando o controle do metabolismo de populações microbianas de

interesse (ALLEN-KING et al., 2006; BLACK, 2002). Um método que permite o controle de

condições limitantes na degradação do PCE, bem como o estímulo de grupos de microrganismos

de interesse é a biorremediação utilizando de reatores biológicos on site.

Desta forma, a hipótese deste trabalho é de que áreas contaminadas com PCE selecionam

microrganismos com potencial de degradação deste contaminante, e que consórcios microbianos

selecionados e imobilizados em reatores podem aumentar a eficiência da degradação do PCE.

2.2 Material e Métodos

2.2.1 Área de estudo e amostragem

Amostras de sedimento foram coletadas do fundo de dois poços de monitoramento de

água subterrânea (PM1 e PM2) de uma área com histórico de contaminação com PCE localizada

entre as coordenadas 46º35'14,649''N e 23º36'8,192''S, no município de São Paulo, SP (Figura 3),

com o auxílio de uma bomba peristáltica. Os PMs possuem uma profundidade de

aproximadamente 4 metros, com lençol freático a aproximadamente 1,5 metro da superfície do

solo. O material sedimentado foi removido e acondicionado a -80 ºC até a extração do DNA

metagenômico.

Para análise de compostos orgânicos voláteis (COVs) e determinação dos parâmetros

físico-químicos (PFQs), após a purga de três volumes dos PMs e consequente recuperação da

carga hidráulica dos mesmos, a água foi coletada com bomba peristáltica a 50 mL min-1

e

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acondicionada em frascos com septo para análise de COVs e em frascos de vidro com tampa

rosqueável para análise dos PFQs. As amostras foram mantidas a 4 ºC até o processamento.

A análise de PCE, TCE, cDCE e CV foi feita pela empresa BIOAGRI (Piracicaba, SP),

por cromatografia gasosa associada à espectrometria de massa (CG/ES) (Agilent7000A, Santa

Clara, CA, USA), de acordo com o método USEPA SW 846-8260B

(http://www.epa.gov/waste/hazard/testmethods/ sw846/online/8_series.htm).

Foram avaliados também in situ: oxigênio dissolvido (OD), potencial redox (Eh),

condutividade elétrica (CE) e potencial hidrogeniônico (pH). O OD foi mensurado utilizando-se

um medidor de oxigênio portátil (Ysi 55, Ohio, USA). O Eh foi medido utilizando-se um eletrodo

de platina (Hanna HI 98201, Padova, Itália), previamente calibrado com solução redox padrão.

Os valores obtidos de Eh foram corrigidos pela adição de um potencial de referência (244 mV). A

CE foi mensurada utilizando-se um condutivímetro (Digimed DM-32 meter, Belo Horizonte,

Brasil) e o pH foi determinado utilizando-se um pHmetro (Digimed DM-22 meter, Belo

Horizonte, Brasil).

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Figura 3 - Mapas ilustrando a localização geográfica e imagem aérea da área de estudo. As linhas brancas representam a superfície potenciométrica e a seta o sentido de fluxo da água subterrânea

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2.2.2 Imobilização do sedimento em suporte de poliuretano e acondicionamento em RHLFs

Visando selecionar microrganismos com potencial para degradar o PCE, foram coletadas

amostras de sedimento do fundo do PM1 e PM2 com o auxílio de uma bomba peristáltica,

homogeneizados e imobilizados em cubos de espuma de poliuretano de 1 cm de aresta (densidade

de 20 kg m-3

).

Os suportes com os sedimentos foram mantidos em frascos, previamente esterilizados, por

16 horas (Figura 4A), sendo em seguida acondicionados em RHLFs para realização do cultivo de

enriquecimento (Figura 4B). O RHLF com o sedimento do PM1 e PM2 foram designados

inóculo 1 (In1) e inóculo 2 (In2), respectivamente.

Figura 4 - Coleta do sedimento e acondicionamento em RHLF. A - Coleta de sedimento e imobilização em material

suporte; B - Acondicionamento do material imobilizado em RHLF

2.2.3 Cultivo de enriquecimento em RHLFs

O modelo de RHLF utilizado possui capacidade total de 1995 mL, sendo 700 mL de

volume útil. Foi confeccionado em acrílico, com 100 cm de comprimento e 5 cm de diâmetro, e

possui portas superiores para a amostragem do material suporte, e portas laterais para a coleta de

amostras de água. Para o cultivo de enriquecimento, os RHLFs contendo as comunidades

microbianas do PM1 e PM2 foram mantidos em meio mínimo (MM) suplementado com PCE

(MM+PCE) (nitrato de potássio, 0,3 mg L-1

; fosfato de potássio, 0,15 mg L-1

; sulfito de sódio,

5 mg L-1; lactato de sódio, 2,5 mM L

-1; e PCE, 5 mg L-1

) (MAYMÓ-GATELL et al., 1997) com

circulação fechada e contínua. Para promover a circulação do meio foi utilizada uma bomba

peristáltica com vazão de 5 mL min-1

(Figura 5). O cultivo de enriquecimento foi realizado

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durante nove meses, com substituição do MM+PCE a cada sete dias, visando manter constante a

concentração de PCE nos reatores. O período de nove meses foi utilizado por ser o tempo

necessário para a estabilização da estrutura da comunidade bacteriana nesse tipo de reator

(ARMAS, 2007).

Figura 5 - Montagem do RHLF com sistema de circulação contínua e fechada de solução

2.2.4 Estrutura da comunidade e diversidade bacteriana nos RHLFs

Como forma de avaliar as alterações nas estruturas das comunidades de bactérias nos

RHLFs, após nove meses de enriquecimento, espumas contendo os biofilmes imobilizados foram

coletadas ao longo do comprimento dos reatores (amostra composta) e acondicionadas em

béqueres autoclavados (50 mL) contendo solução tampão fosfato de sódio 0,1 M (pH 7,0) e

submetidas à sonicação por 5 minutos a 12 kHz em um disruptor de células ultrassônico (Misonix

Microson XL2000, Cole-Parmer Instrument Company, Illinois, USA), para liberação dos

microrganismos do material suporte. As soluções tampão contendo as suspensões de células

resultantes foram centrifugadas a 2.254 g por 10 minutos a 4 oC. Os péletes foram ressuspendidos

em 1,0 mL de solução tampão e as amostras foram armazenadas a -80 C para posterior extração

do DNA metagenômico. A estrutura da comunidade e a diversidade bacteriana nos RHLFs com

In1 e In2 foram comparadas com as das amostras de sedimento do PM1 e PM2, para detectar a

possível seleção de bactérias específicas após o cultivo de enriquecimento.

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2.2.4.1 Extração do DNA metagenômico

O DNA metagenômico foi extraído utilizando-se o “Fast DNA kit” (MP Biomedicals,

Irvine, CA, USA), de acordo com as instruções do fabricante. A integridade do DNA foi

determinada por eletroforese em gel de agarose 0,5X TBE-0,8 %, depois de corado com “Sybr

Green” (Life Technologies, São Paulo, Brasil). A concentração do DNA foi determinada por

fluorimetria utilizando um fluorômetro Qubit (Life Technologies, São Paulo, Brasil).

2.2.4.2 Eletroforese em gel com gradiente desnaturante

As análises das estruturas das comunidades de bactérias, nos sedimentos dos PMs e nos

reatores, foram feitas por PCR-DGGE. A região V3 do gene rRNA 16S de Bacteria foi

amplificada por PCR utilizando-se o DNA metagenômico extraído e os iniciadores BA338fGC

(5’ GCC CGC CGC GCG CGG CGG GCG GGG CGG GGG CAC GGA CTC CTA CGG GAG

GCA GCA G 3’) e UN518r (5’ ATT ACC GCG GCT GCT GG 3’) (ØVREÅS et al., 1997). A

amplificação foi feita em solução tampão para Taq DNA polimerase contendo 0,2 mM de dNTPs,

3 mM de MgCl2, 1 U de Taq DNA polimerase (Life Technologies, São Paulo, Brasil), 5 pmol dos

primers e 10 ng do DNA metagenômico. As condições de amplificação da PCR foram 5 min a

95 ºC; 30 ciclos de 1 min a 95 ºC, 1 min a 55 ºC e 1 min a 72 ºC e extensão final por 10 min a

72 ºC. A concentração dos produtos da PCR (amplicons) foi determinada por fluorimetria.

Quantidades iguais de amplicons (300 ng) foram analisadas através de eletroforese em gel

com 8 % (m/v) de acrilamida:bisacrilamida (37,5:1, m:m), contendo um gradiente de 15 a 55 %

de formamida e uréia (ØVREÅS et al., 1997). A eletroforese foi realizada a 200 V e 60 ºC

constantes, utilizando-se um sistema “DCode” (BioRad, Hercules, CA, USA), e tampão 1X TAE

buffer. O DNA foi corado com “Sybr Green” (Life Technologies, São Paulo, Brasil) e a aquisição

das imagens dos géis foi feita por densitometria usando um densitômetro a laser Storm 845 (GE

Healthcare, Waukesha, WI, USA). Os perfis de amplicons foram analisados com o programa

“Diversity Database” (BioRad, Hercules, CA, USA).

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2.2.4.2.1 Análise dos perfis de amplicons após DGGE

Os perfis de amplicons, após PCR-DGGE, foram comparados em um espaço de

ordenação em escala multidimensional (MDS), através do programa PRIMER 5 (PRIMER-E

Ltda, 2001), utilizando-se o coeficiente de similaridade de Bray Curtis para avaliar a distância

entre as amostras, comparando as distâncias com as respectivas (di)similaridades. A relação entre

estas duas medidas foi avaliada por regressão linear, sendo a confiabilidade da regressão

representada pelo stress. Para discriminar os grupos, foram testadas as diferenças entre o valor

médio de similaridade entre as amostras (rank) dentro dos grupos e entre os grupos, a partir da

análise de similaridade (ANOSIM), a qual calcula um valor R com base na comparação dos

grupos, sendo o R recalculado com base em permutações, permitindo determinar diferenças

estatísticas entre os perfis de bandas detectados nos géis.

2.2.4.3 Detecção de Dehalococcoides por PCR

Primeiramente o gene rRNA 16S de Bacteria foi amplificado por PCR utilizando-se o

DNA metagenômico extraído e os iniciadores BAC8f (5’ AGA GTT TGA TCC TGG CTC AG

3’) e BAC1541r (5’ AAG GAG GTG ATC CAG CCG CA 3’) (DUHAMEL et al., 2002). A

amplificação do gene rRNA 16S foi feita em solução tampão para Taq DNA polimerase contendo

0,2 mM de dNTPs, 3 mM de MgCl2, 1 U de Taq Platinum DNA polimerase (Life Technologies,

São Paulo, Brasil), 5 pmol dos iniciadores e 10 ng do DNA metagenômico. As condições de

amplificação da PCR foram 3 min a 94 ºC; 30 ciclos de 45 seg a 94 ºC, 30 seg a 55 ºC e 90 seg a

72 ºC; e extensão final por 7 min a 72 ºC. A concentração dos produtos da PCR (amplicons) foi

determinada por densitometria, após eletroforese em gel de agarose 0,5X TBE-0,8 % e coloração

com “Sybr Green” (Life Technologies, São Paulo, Brasil), utilizando-se “Low DNA Mass

Ladder” (Life Technologies, São Paulo, Brasil) como padrão. A aquisição das imagens dos géis

foi feita por densitometria usando um densitômetro a laser Storm 845 (GE Healthcare, Waukesha,

WI, USA).

A partir do produto da primeira amplificação, foi feito nested-PCR utilizando-se

iniciadores específicos para Dehalococcoides DHA728f (5’ AAG GCG GTT TTC TAG GTT

GTC AC 3’) e DHA1115r (5’ AAG GAG GTG ATC CAG CCG CA 3’) (DUHAMEL et al.,

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2002). A amplificação foi feita em solução tampão para Taq DNA polimerase contendo 0,2 mM

de dNTPs, 3 mM de MgCl2, 1 U de Taq Platinum DNA polimerase (Life Technologies, São

Paulo, Brasil), 5 pmol dos primers e 10 ng do produto da primeira PCR. As condições de

amplificação da PCR foram 3 min a 94 ºC; 30 ciclos de 45 seg a 94 ºC, 30 seg a 58 ºC e 1,5 min a

72 ºC; e extensão final por 7 min a 72 ºC. Após eletroforese em gel de agarose 0,5X TBE-0,8% e

coloração com “Sybr Green” (GE Healthcare, São Paulo, Brasil), utilizando-se “Low DNA Mass

Ladder” (Life Technologies, São Paulo, Brasil) como padrão, foi feita a aquisição das imagens

dos géis por densitometria usando um densitômetro a laser Storm 845 (GE Healthcare,

Waukesha, WI, USA).

2.2.4.4 Clonagem e sequenciamento de clones do gene rRNA 16S

Para avaliar a diversidade de bactérias nos reatores, quando comparadas com os PMs,

foram sintetizadas bibliotecas de clones do gene rRNA 16S. A região V1-V3 do gene rRNA 16S

de Bacteria foi amplificada por PCR utilizando-se o DNA metagenômico extraído e os

iniciadores PRBA63f (5’ GGA TCC CAG GCC TAA CAC ATG CAA GTC 3’) e UN518r (5’

ATT ACC GCG GCT GCT GG 3’) (LAMBAIS et al., 2006). A amplificação foi feita em solução

tampão para Taq DNA polimerase, contendo 0,2 mM de dNTPs, 3 mM de MgCl2, 1 U de Taq

DNA polimerase (Life Technologies, São Paulo, Brasil), 5 pmol dos primers e 10 ng do DNA

metagenômico. As condições de amplificação foram de 5 min a 95 ºC; 30 ciclos de 1 min a 95 ºC,

1 min a 55 ºC e 1 min a 72 ºC e extensão final a 72 ºC por 10 min.

Os amplicons foram purificados utilizando-se o kit Invisorb Fragment CleanUp (Invitek,

Berlin, Alemanha) e ligados em “pGEM-T Easy Vector” (Promega, Madison, WI, USA) a 4 oC

durante a noite, de acordo com as instruções do fabricante. O produto de ligação foi transformado

em células competentes de Escherichia coli DH5α por choque térmico, e as células transformadas

foram plaqueadas em ágar LB, contendo ampicilina (100 mg mL-1

) e X-Gal (5-bromo-4-cloro-3-

indolil- α -D-galactosídeo). Colônias contendo o plasmídeo recombinante foram selecionadas e

cultivadas em meio líquido LB contendo 100 mg mL-1

de ampicilina a 37 oC durante a noite. Os

plasmídeos foram extraídos através de lise alcalina. As soluções de ácidos nucleicos foram

incubadas com 15 µg de RNase por 20 min a 37 oC. O DNA foi precipitado com equivalente

volume de isopropanol gelado, por 5 min a 4 °C e centrifugado a 2.254 g por 40 min a 4 oC. O

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pélete de DNA foi lavado com etanol gelado 70 %, seco e solubilizado em água destilada

esterilizada. A concentração de DNA foi determinada espectrofotometricamente a 260 nm. O

sequenciamento foi executado utilizando-se 200-500 ng do DNA plasmidial, 10 pmol do

iniciador M13f (5’ GTA AAA CGA CGG CCA G 3’) (LAMBAIS et al., 2006), 2 µL de

“DYEnamic ET Terminator” (GE Healthcare, São Paulo, Brasil), 2 µL de tampão de

sequenciamento (200 mM de Tris-HCl pH 9,0 e 5 mM de MgCl2.6H2O) e H2O ultrapura para um

volume final de 10 µL, em 25 ciclos de 20 seg a 95 oC, 15 seg a 50

oC e 1 min a 60

oC. Os

produtos da PCR foram precipitados com etanol, lavados e solubilizados em formamida

deionizada. A eletroforese foi feita utilizando-se um sequenciador automático ABI 3100, de

acordo com as instruções do fabricante (Life Technologies, São Paulo, Brasil).

2.2.4.4.1 Análise das sequências do gene rRNA 16S

As sequências foram processadas com o programa PHRED (EWING; GREEN, 1998)

para a remoção de bases com baixa qualidade (parâmetro de qualidade >20) e sequências do

vetor. Para a afiliação filogenética das sequências do gene rRNA 16S utilizou-se o programa

SeqMatch (COLE et al., 2007), o qual compara as sequências obtidas com as sequências do

banco de dados do Ribosomal Database Project II (release 10, update 27, Aug 09, 2011). Baseado

na distância evolutiva entre as sequências obtidas e aquelas de maior similaridade no banco de

dados, foram definidas possíveis classificações em diferentes níveis taxonômicos.

Para o agrupamento em unidades taxonômicas operacionais (UTOs) foi utilizado o

programa DOTUR (SCHLOSS; HANDELSMAN, 2005). Para tanto, uma matriz de distância

evolutiva foi calculada com o DNADIST (algoritmo de Jukes-Cantor) do programa PHYLIP 3.63

(FELSENSTEIN, 2006), a partir do alinhamento feito no Clustal X 2.0 (LARKIN et al., 2007),

com definições de parâmetros padrão, exceto “gap-opening penalty” (10,0) e “gap-extension

penalty” (0,1).

Os números de UTOs e de sequências de cada UTO foram computados e utilizados no

programa SPADE 3.1 (Species Prediction and Diversity Estimation) para o cálculo dos índices de

diversidade de Shannon e a recíproca do índice de Simpson, bem como para a estimativa de

riqueza de UTOs pelos métodos não paramétricos ACE e Chao1 (CHAO; CHEN, 2006), além da

estimativa da cobertura de amostragem. As comparações entre as bibliotecas de clones do gene

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rRNA 16S foram feitas utilizando-se o programa ʃ-LIBSHUFF (SCHLOSS; LARGET;

HANDELSMAN, 2004) após o alinhamento das sequências e o cálculo das matrizes de

distâncias evolutivas conforme descrito acima.

2.2.5 Ensaio de degradação do PCE em RHLF

Para avaliar a eficiência de degradação do PCE nos RHLFs com In1 e In2, após nove

meses de cultivo de enriquecimento, iniciou-se a circulação do meio nos reatores em sistema

aberto (não ocorrendo a reintrodução do meio nos RHLFs), a uma vazão de 1 mL min-1,

mantendo um volume de meio de 700 mL no interior dos reatores (tempo de retenção de 700

minutos). O reator foi alimentado continuamente com o MM+PCE e o efluente coletado em

frascos erlenmeyer. Para equalizar a pressão nos reatores, balões foram conectados aos frascos

coletores e balões com N2 nos frascos alimentadores. As amostras de meio foram coletadas

24 horas após o início do experimento, com uma circulação de 1440 mL de meio pelos reatores

neste período. Como controle, foram instalados dois reatores, nas mesmas condições citadas

acima, um com circulação de meio, mas sem suporte (espuma e poliuretano) e sem inóculo -

controle 1 (C1) e outro reator com suporte mas sem inóculo - controle 2 (C2).

A coleta das amostras foi realizada na entrada (L/D = 0) e saída dos reatores (L/D = 20),

sendo as amostras acondicionadas em frascos com septo para análise de COVs e em frascos de

vidro com tampa rosqueável para determinação dos PFQs. A razão L/D refere-se ao comprimento

(L) e diâmetro (D) dos reatores.

As amostras para análise de PCE e PFQs foram mantidas a 4 ºC até o processamento. As

análises de PCE e a determinação dos PFQs foram feitas conforme descrito no item 2.2.1.

2.2.6 Varredura de COVs dos RHLFs

Uma vez caracterizada a eficiência de degradação do PCE nos reatores analisados,

iniciou-se a varredura de outros COVs formados no In1 e In2, com o intuito de caracterizar a via

de degradação do PCE. Para tanto, os RHLFs foram mantidos em sistema com circulação fechada

com MM+PCE, visando concentrar os compostos formados durante a degradação do PCE, pois

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com o sistema aberto os compostos podem ser rapidamente transformados e não ser detectados

por cromatografia.

As amostras foram coletadas em três portas ao longo do comprimento dos reatores, com

relação comprimento/diâmetro (L/D) de 2, 10 e 18, respectivamente, e dispostas em frascos com

septo para análise de COVs. Os meios foram substituídos a cada 48 horas. Foram feitas cinco

coletas nas portas dos reatores, sendo as mesmas realizadas 12, 24 e 36 horas após a substituição

dos meios.

A varredura de COVs foi feita no Instituto de Química da UNICAMP, por CG/ES, de

acordo com o método USEPA SW 846-8260B.

2.2.7 Isolamento e identificação de bactérias dos RHLFs

Durante o cultivo de enriquecimento do In1 e In2 nos RHLFs, bactérias cultiváveis foram

isoladas por plaqueamento em meios de cultura específicos, genotipadas por BOX-PCR e

identificadas por sequenciamento do gene rRNA 16S.

2.2.7.1 Coleta das amostras e plaqueamento

Amostras dos biofilmes imobilizados foram coletadas dos RHLFs e acondicionadas em

béqueres autoclavados (50 mL) contendo solução tampão fosfato de sódio 0,1 M (pH 7,0) e

sonicadas por 5 minutos a 12 kHz em um disruptor de células ultrassônico (Misonix Microson

XL2000, Cole-Parmer Instrument Company, Illinois, USA), para liberação dos microrganismos

aderidos ao material suporte. As soluções tampão contendo as suspensões de células foram

centrifugadas a 2.254 g por 10 minutos a 4 °C. Posteriormente, os péletes foram ressuspendidos

em 1,0 mL de solução tampão. Alíquotas de 500 μL das suspensões foram incubadas em meio

agarizado em duplicata, sendo incubadas em aerobiose e anaerobiose (jarra de anaerobiose,

PROBAC do Brasil, São Paulo, Brasil) a 28 ºC por 48 horas, para o cultivo aeróbio e 28 ºC por

14 dias para o cultivo anaeróbio.

Neste processo, dois meios de cultura foram utilizados: ágar nutriente (triptona, 10 g L-1

;

extrato de levedura, 5 g L-1

; NaCl, 10 g L-1

; ágar, 15 g L-1

) e ágar mínimo suplementado com

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PCE (nitrato de potássio, 0,3 mg L-1

; fosfato de potássio, 0,15 mg L-1

; sulfito de sódio, 5 mg L-1

;

lactato de sódio, 2,5 mM L-1

; PCE, 5 mg L-1

; ágar, 15 g L-1

).

Colônias que cresceram em ágar nutriente foram repicadas para ágar mínimo

suplementado com PCE para confirmação de crescimento no meio contendo PCE como fonte

carbono. As colônias que cresceram foram repicadas para tubos de 1,5 mL contendo ágar

nutriente e incubadas a 28 ºC por 48 horas para o cultivo aeróbio e 28 ºC por 14 dias para o

cultivo anaeróbio. Posteriormente foram adicionados 500 μL de glicerol 50 % aos tubos e estes

foram armazenados a -20 ºC.

2.2.7.2 Teste de crescimento em meio com PCE

Como o ágar mínimo contém lactato de sódio na sua composição (fonte de carbono),

foram feitos testes de crescimento das bactérias isoladas no mesmo meio, no entanto sem lactato

de sódio na sua composição, o que comprova a utilização apenas do PCE como fonte de carbono.

As condições de incubação foram às mesmas descritas no item 2.2.6.1.

2.2.7.3 Identificação das bactérias isoladas dos RHLFs

2.2.7.3.1 Extração do DNA

O DNA dos isolados foi extraído utilizando-se a técnica de lise térmica (HAGEN et al.,

2002). Uma colônia, crescida em caldo nutriente, foi transferida para tubos de 0,2 mL contendo

100 μL de H2O ultrapura e aquecida a 100 °C por 5 min. Em seguida foi feita uma centrifugação

a 13.000 g durante 3 min. O sobrenadante, contendo o DNA genômico, foi utilizado nas reações

subsequentes.

2.2.7.3.2 BOX-PCR

Para diferenciação dos isolados foi empregada à técnica de BOX-PCR, utilizando-se o

iniciador BOX A1R (5′ CTA CGG CAA GGC GAC GCT GAC G 3′) (VERSALOVIC et al.,

1994).

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A reação de amplificação foi realizada utilizando-se 1 μL do DNA extraído, 50 pmol do

primer BOX A1R, 2,5 μL de dNTPs 2 mM, 2,5 μL de DMSO 100 %, 4,0 μL de BSA

(1 mg mL-1

), 0,5 μL (1 U) de Taq DNA polimerase (Fermentas, São Paulo, Brasil) e 5 μL de 5X

Gitschier Buffer (83 mM de (NH4)2SO4; 335 mM de Tris-HCl pH 8,8; 33,5 mM de MgCl2;

33,5 µM de EDTA; 150 mM de ß-mercaptoetanol) e H2O ultrapura para um volume final de

25 μL. As condições de amplificação foram: 2 min a 95 ºC; 30 ciclos de 3 seg a 94 ºC, 30 seg a

92 ºC e 1 min a 50 ºC; e extensão final por 8 min a 65 ºC (VERSALOVIC et al., 1994).

Os fragmentos amplificados foram separados por eletroforese em gel de agarose 1,5 % em

tampão 1X TAE (50 mM de Tris-HCl pH 8,8; 50 mM de ácido acético glacial; 25 mM de

EDTA), a 55 V por 3 horas. A aquisição das imagens foi feita por densitometria utilizando-se um

densitômetro a laser Storm 845 (GE Healthcare, Waukesha, WI, USA). Os perfis de amplicons

foram analisados com o programa “Diversity Database” (BioRad, Hercules, CA, USA) e Systat

11.0, usando agrupamento hierárquico com base em dados binários (presença ou ausência de

bandas), pelo método de concordância simples (“simple matching”), com algoritmo de Ward e

distância euclidiana como unidade de medida.

2.2.7.3.3 Sequenciamento do gene rRNA 16S

Após a seleção dos isolados com perfis de BOX-PCR diferentes, o gene rRNA 16S foi

amplificado por PCR utilizando-se os iniciadores BAC8f (5’ AGA GTT TGA TCC TGG CTC

AG 3’) e BAC1541r (5’ AAG GAG GTG ATC CAG CCG CA 3’) (DUHAMEL et al., 2002). A

amplificação foi feita em solução tampão para Taq DNA polimerase, contendo 0,2 mM de

dNTPs, 3 mM de MgCl2, 1 U de Taq DNA polimerase (Life Technologies, São Paulo, Brasil),

5 pmol dos primers e 10 ng de DNA.

As condições de amplificação foram: 3 min a 94 ºC; 30 ciclos de 45 seg a 94 ºC, 30 seg a

55 ºC e 90 seg a 72 ºC; e extensão final por 7 min a 72 ºC. Os amplicons foram purificados

usando o kit Invisorb Fragment CleanUp (Invitek, Berlim, Alemanha), de acordo com as

instruções do fabricante.

O sequenciamento foi executado utilizando-se 200-500 ng dos amplicons purificados,

10 pmol dos iniciadores BAC8f, 341f (5’CCT ACG GGA GGC AGC AG 3’), 341r (5’CTG CTG

CCT CCC GTA GG 3’), 704f (5’ GTA GSG GTG AAA TSC GTA GA 3’), 704r (5’ TCT ACG

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SAT TTC ACC SCT AC 3’), 1114f (5’ GCA ACG AGC GCA ACC C 3’), 1114r (5’ GGG TTG

CGC TCG TTG C 3’) e BAC1541r (BIANCIOTTO et al., 1996; DUHAMEL et al., 2002), 2 μL

de “DYEmanic ET Terminator” (GE Healthcare, São Paulo, Brasil), 2 μL de tampão de

sequenciamento (200 mM de Tris-HCl pH 9,0 e 5 mM de MgCl2.6H2O) e H2O ultrapura para um

volume final de 10 μL, em 25 ciclos de 20 seg a 95 ºC, 15 seg a 50 ºC e 1 min a 60 ºC. Os

produtos da PCR foram precipitados com etanol, lavados e solubilizados em formamida

deionizada. A eletroforese foi feita utilizando-se um sequenciador automático ABI 3100, de

acordo com as instruções do fabricante (Life Technologies, São Paulo, Brasil).

2.2.7.3.3.1 Análise das sequências

As sequências foram processadas com o programa PHRED (EWING; GREEN, 1998)

para a remoção de bases com baixa qualidade (parâmetro de qualidade >20). Os contigs foram

obtidos a partir do programa CAP3 (HUANG; MADAN, 1999). Para a afiliação filogenética das

sequências do gene rRNA 16S utilizou-se o programa SeqMatch (COLE et al., 2007), o qual

compara as sequências obtidas com as sequências do banco de dados do Ribosomal Database

Project II (release 10, update 26, Mar 28, 2011). Baseado na distância evolutiva entre as

sequências que foram classificadas e aquelas de maior similaridade no banco de dados, foram

definidas possíveis classificações em diferentes níveis taxonômicos.

A árvore filogenética foi construída baseado na matriz evolucionária gerada por “Kimura

two-parameter” e “neighbor-joining”, com 1000 “bootstraps”, utilizando-se o programa MEGA

4 (TAMURA et al., 2007).

2.2.7.3.4 Marcadores moleculares

Para monitorar os isolados nos ensaios de degradação do PCE em RHLF (isolados do In1

- IIn1 e isolados do In2 - IIn2), foram confeccionados marcadores moleculares específicos para

cada grupo de isolados. Os marcadores foram obtidos a partir de PCR-DGGE (de acordo com

item 2.2.4.2) e a análise dos amplicons foi feita por agrupamento hierárquico utilizando-se o

programa Systat 11.0, com base em dados binários (presença ou ausência de bandas), pelo

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57

método de concordância simples (“simple matching”), com algoritmo de Ward e distância

euclidiana como unidade de medida.

As bandas referentes a cada isolado foram excisadas e acondicionadas em tubos de

1,5 mL, onde foram lavadas por inversão em água Milli-Q (400 µL de água para cada lavagem -

2 lavagens). O DNA foi eluído por 10 min a 60 °C em 500 µL de solução tampão de eluição (Tris

10 mM; KCl 50 mM; MgCl2 1,5 mM pH 8,3; Triton X-100 0,1 %), e submetido a PCR-DGGE

(de acordo com o item 2.2.4.2) para confirmação da presença dos isolados selecionados nos

marcadores.

2.2.8 Ensaio de degradação do PCE com os isolados selecionados dos RHLFs

2.2.8.1 Imobilização e cultivo de enriquecimento dos isolados

A partir da caracterização dos isolados, os mesmos foram cultivados em caldo nutriente

(triptona, 10 g L-1

; extrato de levedura, 5 g L-1

; NaCl, 10 g L-1

) a 28 ºC por 24 horas, com rotação

de 150 rpm, para obtenção de massa bacteriana. O crescimento foi monitorado até cada isolado

atingir uma densidade ótica = 0,6 (λ = 600 nm). Os IIn1 e IIn2 foram homogeneizados em frascos

contendo espumas de poliuretano de 1 cm de aresta e imobilizados por 16 horas, sendo em

seguida acondicionados nos RHLFs. Os isolados foram mantidos nos RHLFs com MM+PCE

(sem lactato), em sistema fechado, durante um mês para adaptação dos consórcios nos reatores.

2.2.8.2 Monitoramento dos isolados

Utilizou-se PCR-DGGE para monitorar os isolados nos RHLFs, sendo coletadas amostras

em 3 portas ao longo do comprimento dos reatores, com relação comprimento/diâmetro (L/D) de

2, 10 e 18, respectivamente, após 7, 14 e 30 dias de cultivo de enriquecimento. Foram utilizados

os marcadores moleculares específicos para cada grupo de isolados, selecionados conforme o

item 2.2.7.3.4. Os biofilmes imobilizados foram acondicionados em béqueres autoclavados

(50 mL) contendo solução tampão fosfato de sódio 0,1 M (pH 7,0) e submetidos à sonicação por

5 minutos a 12 kHz em um disruptor de células ultrassônico (Misonix Microson XL2000, Cole-

Parmer Instrument Company, Illinois, USA), para liberação dos microrganismos do suporte. As

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58

soluções tampão contendo as suspensões de células resultantes foram centrifugadas a 2.254 g por

10 minutos a 4 oC. Os péletes resultantes foram ressuspendidos em 1,0 mL de solução tampão e

as amostras armazenadas a -80 C para posterior extração do DNA. A extração do DNA e PCR-

DGGE foram feitas conforme descrito nos itens 2.2.4.1 e 2.2.4.2, respectivamente. A análise dos

amplicons foi feita por agrupamento hierárquico utilizando-se o programa Systat 11.0, com base

em dados binários (presença ou ausência de bandas), pelo método de concordância simples

(“simple matching”), com algoritmo de Ward e distância euclidiana como unidade de medida.

2.2.8.3 Ensaios de degradação do PCE nos RHLFs

A partir do estabelecimento do consórcio, monitorado por PCR-DGGE, foram feitos os

ensaios de degradação do PCE nos reatores com os IIn1 e IIn2. Para comparar a eficiência de

degradação dos consórcios, In1 e In2 também foram avaliados.

Após o período de incubação iniciou-se a circulação do meio nos reatores, a uma vazão de

1 mL min-1

, mantendo-se um volume de meio de 700 mL no interior dos reatores (tempo de

retenção de 700 minutos). Os reatores foram alimentados continuamente com MM+PCE (sem

lactato) e o efluente coletado em frasco erlenmeyer fechado. Para equalizar a pressão nos

reatores, balões vazios foram conectados aos frascos coletores e balões com N2 nos frascos

alimentadores. As amostras foram coletadas 24 horas após o início do experimento, com uma

circulação de 1440 mL de meio pelos reatores neste período. Para análise de COVs e

determinação de PFQs, amostras foram coletadas em três portas ao longo do comprimento dos

reatores, com relação comprimento/diâmetro (L/D) de 2, 10 e 18, respectivamente, bem como da

entrada (L/D = 0) e saída dos reatores (L/D = 20). As amostras foram acondicionadas em frascos

com septo para análise de COVs e em frascos de vidro com tampa rosqueável para determinação

dos PFQs, sendo mantidas a 4ºC até o processamento.

A determinação dos PFQs foi feita conforme descrito no item 2.2.1. As análises de COVs

foram feitas por CG/ES, de acordo com o método USEPA SW 846-8260B, sendo quantificados

os COVs identificados nas amostras (item 2.2.7).

A extração dos COVs foi feita por Microextração em Fase Sólida (SPME) no modo

headspace. As técnicas de headspace são vantajosas na extração de compostos voláteis por

permitirem extrair os compostos em temperaturas baixas, reduzindo a probabilidade de alterações

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na composição da mistura volátil. O princípio da SPME consiste na utilização de uma fibra de

sílica fundida, coberta com um filme de material sorvente (VALENTE; AUGUSTO, 2000). A

extração é feita pela exposição da fibra ao headspace da amostra para que os voláteis sejam

transferidos para o material sorvente da fibra. Os voláteis extraídos ficam sorvidos no

recobrimento da fibra, e passado o tempo de extração, a fibra é retraída, sendo posteriormente

introduzida diretamente no injetor do CG/ES. As substâncias extraídas serão dessorvidas

termicamente no injetor e arrastadas para a coluna cromatográfica.

A fibra de SPME empregada neste estudo foi a DVB/CAR/PDMS 50/30 StableFlex

(Divinilbenzeno, Carboxen, Polidimetilsiloxano) (Supelco, Bellefonte, PA, USA), com camada

interna de 30 µm de Carboxen ligada com PDMS e uma camada externa de 50 µm de DVB,

também ligada com PDMS e 2 cm de comprimento. Seu triplo revestimento é considerado como

de polaridade intermediária, com polímeros sólidos (DVB e Carboxen) dispersos em uma matriz

polimérica líquida (PDMS) (fibra mista) fixada em holder específico (Supelco, Bellefonte, PA,

USA). A camada de DVB, mais porosa, tem a função de reter os analitos maiores e menos

voláteis, permitindo a passagem dos analitos menores e mais polares, os quais ficam retidos na

camada de Carboxen, com menor porosidade (DEMYTTENAERE; VANOVERSCHELDE;

KIMPE, 2004; PAGE; LACROIX, 2000).

Previamente a sua utilização, a fibra foi acondicionada de acordo com as instruções do

fabricante, por uma hora a 270 °C. Foram retirados 10 mL das amostras e acondicionados em

novo frasco com septo, sendo o mesmo incubado por 5 min a temperatura ambiente. Para

extração dos COVs, o holder contendo a fibra, foi inserido no frasco, sendo a fibra exposta por

30 min a 45°C, com agitação a 800 rpm. Em seguida a fibra foi retraída e inserida no injetor do

CG/ES, onde foi novamente exposta, sendo os analitos dessorvidos da fibra por 15 min a 240 ºC.

As análises cromatográficas foram realizadas em CG/ES (GCMS-QP2010, Shimadzu,

Kyoto, Japão) com coluna cromatográfica capilar RTX-VMS (Restek, Bellefonte, PA, USA) de

30 m de comprimento, 1,4 µm de espessura de filme e 0,25 mm de diâmetro interno (APÊNDICE

A). He com pureza analítica 99,99 % (White Martins, Brasil) foi utilizado como gás de arraste

(fluxo de 1,0 mL min-1

). As condições operacionais foram: temperatura do injetor 240 ºC;

temperatura do detector 280 ºC; temperatura da fonte de íons 200 ºC; temperatura da interface

240 ºC; modo Split 1 em todas as injeções. A rampa de temperatura foi 5 min a 40 ºC, 5 ºC min-1

até 200 ºC. A confirmação dos COVs foi baseada nos espectros de massas obtidos por ionização

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por impacto de elétrons (IE) a 70 eV de m/z 35 a 350. Os espectros de massas foram comparados

com os dados da biblioteca Wiley (Wiley, 8th Edition, 399.383 espectros, John Wiley & Sons,

Inc., Tokyo, Japão).

A análise quantitativa foi realizada empregando-se o método da padronização interna,

com tetracloroeteno, clorofórmio e 1,1,1-tricloroetano (100 µg L-1

, pureza superior a 99 %)

(SpecSol, São Paulo, Brasil), como padrões. Os limites de detecção e quantificação foram

determinados pela injeção de diluições sucessivas da mistura dos padrões tetracloroeteno e

clorofórmio nas concentrações de 20, 10, 5, 2,5, 1, 0,5, 0,05 e 0,005 µg L-1

e 1,1,1-tricloroetano

nas concentrações 20, 10, 5, 2,5, 1, 0,5, 0,05, 0,01 µg L-1

. A faixa de linearidade do detector

apresentou coeficiente de correlação médio maior do que 0,98 (ANEXO A). A identificação dos

compostos foi feita por comparação dos tempos de retenção dos picos dos compostos nas

amostras com os tempos de retenção dos padrões.

O modelo de fibra SPME, coluna cromatográfica, e as condições de extração e análise

cromatográficas foram as mesmas utilizadas para varredura de COVs no Instituto de Química da

UNICAMP.

2.2.8.4 Ensaios de degradação do PCE com células em suspensão

Cada isolado foi avaliado separadamente quanto ao seu potencial para degradação de

PCE. Os isolados foram cultivados em caldo nutriente (triptona, 10 g L-1

; extrato de levedura,

5 g L-1

; NaCl, 10 g L-1

) a 28 ºC por 24 horas, com rotação de 150 rpm, para obtenção de massa

bacteriana. O crescimento foi monitorado até cada isolado atingir uma densidade ótica = 0,6 (λ =

600 nm). Em seguida foram centrifugados a 2.254 g por 6 minutos a 4 ºC, sendo desprezado o

sobrenadante. Posteriormente os péletes foram lavados três vezes com solução 0,1 M de tampão

fosfato de potássio (PPB, pH 7,0) e centrifugados a 2.254 g por 6 minutos a 4 ºC (RYOO et al.,

2000). Os péletes foram ressuspendidos em 10 mL de PPB e 2 mL transferidos para frascos

selados contendo 100 mL de MM+PCE (sem lactato). As culturas foram incubadas a 28 ºC por

24 horas, sob agitação de 150 rpm (Innova 4300 Digital Incubator Shaker, NBSCO, New Jersey,

USA). Frascos contendo apenas MM+PCE (sem lactato) foram utilizados como controle

negativo, e frascos contendo IIn1 e IIn2 com MM+PCE (sem lactato) foram utilizados como

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controles positivos. Todos os experimentos foram conduzidos em triplicata. As coletas foram

realizadas no tempo zero (T0) e após 24 horas de incubação (T24).

Após a incubação, amostras foram acondicionadas em frascos com septo para análise de

COVs e em frascos de vidro com tampa rosqueável para determinação dos PFQs, sendo mantidas

a 4ºC até o processamento.

A determinação dos PFQs foi feita conforme descrito no item 2.2.1, e as análises de

COVs de acordo com o item 2.2.8.4, no entanto apenas foi feita a quantificação do PCE.

2.2.8.5 Ensaio de degradação do PCE com IIn2 em RHLF

O isolado mais eficiente no experimento de degradação do PCE com as células em

suspensão foi avaliado quanto a sua eficiência em RHLF, sendo cultivado, imobilizado em

material suporte e acondicionado no reator, conforme descrito no item 2.2.8.1. O ensaio de

degradação foi conduzido conforme descrito no item 2.2.8.3. As amostras foram acondicionadas

em frascos com septo para análise de COVs e em frascos de vidro com tampa rosqueável para

determinação dos PFQs, sendo mantidas a 4 ºC até o processamento.

A determinação dos PFQs foi feita conforme descrito no item 2.2.1, e as análises de

COVs de acordo com o item 2.2.8.4.

2.2.8.6 Teste de inibição da via de monoxigenases

Para avaliar a influência das monoxigenases na degradação do PCE, foi adicionado ao

MM+PCE (sem lactato) um inibidor de citocromo P-450, 1-aminobenzotriazole (ABT), na

concentração de 1 mM mL-1

(MARCO-URREA et al., 2006). Os ensaios com ABT foram

realizados em RHLFs contendo IIn1, IIn2 e o I8In2. As bactérias foram cultivadas, imobilizadas

em material suporte e acondicionadas em RHLFs, conforme descrito no item 2.2.8.1. O ensaio de

degradação foi conduzido conforme descrito no 2.2.8.3, com o diferencial da adição do ABT ao

MM+PCE (sem lactato). As amostras foram acondicionadas em frascos com septo para análise de

COVs e em frascos de vidro com tampa rosqueável para determinação dos PFQs, sendo mantidas

a 4 °C até o processamento.

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A determinação dos PFQs foi feita conforme descrito no item 2.2.1 e as análises de COVs

de acordo com o item 2.2.8.4.

Devido à complexidade metodológica utilizada foi montado um fluxograma para

observar a metodologia de forma esquemática (Figura 6).

Figura 6 - Fluxograma com as metodologias utilizadas no trabalho

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Análise de COVs e PFQs da área de estudo

A descloração redutiva é uma importante via para remediação de águas subterrâneas

contaminadas com PCE, sendo frequentemente formados TCE, cDCE e CV, tanto em estudos

com culturas de microrganismos em laboratório quanto em estudos de monitoramento de áreas

contaminadas com PCE (DISTEFANO; GOSSET; ZINDER, 1992; DUHAMEL et al., 2002;

FATHEPURE; BOYD, 1988; FREEDMAN; GOSSET, 1989; GOSSETT, 1985; SEWELL;

GIBSON, 1991; VOGEL; MCCARTY, 1985).

Nas análises cromatográficas do PM1 e PM2, foram detectadas concentrações de PCE

(Tabela 1) superiores ao limite de intervenção preconizado pela CETESB, estabelecido em

40 µg L-1

. Os compostos da via de descloração redutiva, TCE, cDCE e CV (Tabela 1) também

foram detectados em concentrações acima dos limites de intervenção preconizados pela

CETESB, tanto no PM1 quanto no PM2 (APÊNDICE B). Embora TCE, cDCE e CV tenham sido

formados, podemos observar o maior acúmulo de TCE no PM1 e de cDCE no PM2, o que pode

indicar grupos diferentes de microrganismos ativos nos diferentes PMs.

A degradação incompleta do PCE muitas vezes está relacionada com a ausência de grupos

de bactérias específicos, dentre os quais tem se destacado o gênero Dehalococcoides sp. Foi

destacado que essa bactéria é capaz de desclorar redutivamente PCE e CV, produzindo ETE

como parte de seu metabolismo, a partir da análise de 24 locais onde ocorreu descloração de

etenos clorados ao longo da América do Norte e Europa (HOLLIGER; WOHLFARTH;

DIEKERT, 1999). Em contrapartida, em sítios onde Dehalococcoides não foi detectado, a

descloração foi incompleta, sugerindo que a presença desta bactéria é uma condição essencial

para que o PCE seja degradado a ETE pela via de descloração redutiva (HOLLIGER;

WOHLFARTH; DIEKERT, 1999). Na presença de Dehalococcoideis sp., vários estudos de

campo e laboratório têm demonstrado a completa descloração do PCE a ETE, muito embora o

acúmulo de TCE, cDCE e CV possa ocorrer (DISTEFANO; GOSSET; ZINDER, 1992;

SEWELL; GIBSON, 1991; MAJOR; HODGINS; BUTLER, 1991).

A degradação do PCE a ETE, na presença de Dehalococcoides sp., pode muitas vezes ser

limitada pela falta de doadores de elétrons em concentrações que permitam a completa

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degradação destes compostos a ETE, resultando assim no acúmulo de TCE, cDCE e CV. Glicose,

acetato, ácido fórmico e metanol têm sido capazes de sustentar a descloração redutiva do PCE

(FREEDMAN; GOSSET, 1989), assim como lactato, proprionato, butirato e etanol (GIBSON;

SEWELL, 1992). Outros agentes redutores, como tolueno (SEWELL; GIBSON, 1991) e

diclorometano (FREEDMAN; GOSSETT, 1991), também têm sido avaliados, e mostrado bons

resultados na descloração do PCE. O fato desta variedade de doadores sustentar a descloração

redutiva, aumentando a eficiência de formação de ETE, reduzindo as concentrações de TCE,

cDCE e CV, pode estar relacionado com a ação dos mesmos como precursores para a formação e

liberação de H2 via metabolismo fermentativo (GIBSON; SEWELL, 1992). Estudos demonstram

a formação de H2 a partir de lactato de etila, estimulando Dehalococcoides ethenogenes na

descloração redutiva do PCE e TCE, acumulando ETE (HOLLIGER; WOHLFARTH;

DIEKERT, 1999).

Tabela 1 - Quantificação do PCE e dos produtos da via de descloração redutiva no PM1 e PM2 de uma área com

histórico de contaminação por PCE

Amostra Tetracloroeteno

(PCE)

Tricloroeteno

(TCE)

cis-1,2-dicloroeteno

(cis-DCE)

Cloreto de vinila

(CV)

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - µg L-1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - PM1 2.500 4.040 401 855

PM2 125.000 2.830 262.000 1.190

No entanto, o Eh (450 mV no PM1 e 400 mV no PM2) e o OD (5,0 mg L-1

no PM1 e 4,8

mg L-1

no PM2) nas amostras do PM1 e PM2 analisadas, caracterizam o ambiente como óxico,

quando se esperava um ambiente anóxico, devido a ocorrência da descloração. A anoxia é uma

condição essencial para a descloração redutiva do PCE. Em experimentos de degradação do PCE

com sub-culturas de um consórcio microbiano obtido de uma área com histórico de contaminação

com PCE, as bactérias foram expostas ao oxigênio, perdendo a habilidade de descloração do

PCE. Quando foi finalizado o fornecimento de oxigênio e adicionou-se lactato como doador de

elétrons, o PCE foi degradado, detectando-se a formação e acúmulo de CV. Em sub-culturas do

mesmo consórcio microbiano, que não foram expostas a oxigênio, o PCE foi degradado

completamente a ETE (RICHARDSON et al., 2002).

A presença, na área de estudo, dos produtos da via de descloração redutiva do PCE

evidenciam a presença de microrganismos capazes de degradar PCE, e sugere a ocorrência de

microambientes anóxicos, onde a descloração redutiva do PCE acontece. Assim, seria possível

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isolar microrganismos ou consórcios microbianos eficientes em degradar PCE, para uma possível

utilização em processos de biorremediação.

3.2 Seleção de bactérias por cultivo de enriquecimento em RHLFs

Para o enriquecimento de culturas capazes de utilizar PCE como aceptor de elétrons,

precauções devem ser tomadas para assegurar um processo eficiente, pois o composto pode ser

adicionado em quantidades tóxicas, ou mesmo formar compostos tóxicos para os microrganismos

durante sua degradação. Esta limitação pode ser contornada pela substituição periódica do meio

de enriquecimento, mantendo-se níveis baixos dos compostos durante o cultivo de

enriquecimento (HOLLIGER; WOHLFARTH; DIEKERT, 1999). Outro ponto a ser observado

diz respeito às necessidades nutricionais específicas dos microrganismos, sendo que a preparação

de meios onde apenas o composto halogenado seja adicionado pode inibir a multiplicação de

alguns grupos de microrganismos importantes (HOLLIGER; SCHUMACHER, 1994). Por

exemplo, Desulfomonile tiedjei necessita de meio suplementado com fluído ruminal para sua

multiplicação na presença de PCE como aceptor de elétrons (SHELTON; TIEDJE, 1984), e

Dehalobacter restrictus depende de vitaminas, extrato de levedura e peptona para que realize a

descloração do PCE (HOLLIGER; WOHLFARTH; DIEKERT, 1999). Assim, foi adotado nesse

experimento o cultivo de enriquecimento utilizando a substituição periódica do MM+PCE,

visando estimular o estabelecimento de diferentes bactérias. Como foi destacado anteriormente,

grupos específicos de microrganismos têm necessidades específicas para o seu desenvolvimento,

desta forma, a seleção de bactérias necessita ser monitorada e os microrganismos identificados,

visando otimizar as condições para a degradação do PCE. A partir do cultivo de enriquecimento e

identificação dos microrganismos presentes no biofilme, meios alternativos para a multiplicação

dos grupos de interesse podem ser utilizados.

3.2.1 Estrutura da comunidade de Bacteria nos RHLFs

No monitoramento das bactérias nos RHLFs por PCR-DGGE, estruturas de comunidades

bacterianas distintas foram observadas nas amostras do sedimento do PM1 e do RHLF com o In1,

não havendo diferença significativa entre a estrutura da comunidade do PM2 e do RHLF com o

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In2 (Tabela 2). Foi observado um menor número de amplicons no In1 (18), quando comparado

com o PM1 (32), evidenciando a eficiência do enriquecimento seletivo com PCE. Não houve

diferença no número de amplicons entre o PM2 e o In2 (10). É possível que a elevada

concentração de PCE no PM2 (125.000 µg L-1

) tenha pré-selecionado populações bacterianas

específicas, as quais se mantiveram no RHLF após nove meses de cultivo de enriquecimento com

PCE, sendo que a concentração de PCE no PM1 (2500 µg L-1

) não teve o mesmo efeito de

seleção, pois este processo ocorreu no In1 após nove meses de cultivo de enriquecimento (Figura

7A). Podemos observar que a comunidade bacteriana no In1 apresenta amplicons com

deslocamento no gel de poliacrilamida similares aos observados no PM2 e In2 (Figura 7A),

sugerindo a seleção de populações bacterianas filogeneticamente similares a partir do cultivo de

enriquecimento com PCE, grupos estes possivelmente envolvidos na degradação deste composto

(Figura 7B).

A comunidade microbiana em ecossistemas contaminados tende a ser dominada por

organismos capazes de utilizar o contaminante em seus processos metabólicos (ATLAS et al.,

1991; MACNAUGHTON et al., 1999). De uma maneira geral, a introdução de poluentes em

ecossistemas tende a reduzir a diversidade da comunidade bacteriana e promover a seleção de

vias metabólicas envolvidas na degradação dos mesmos (SAYLER et al., 1982; EICHNER et al.,

1999; Van der MEER, 2006).

A utilização de meios de enriquecimento tem possibilitado a seleção de bactérias

envolvidas na degradação do PCE em condições anaeróbias (SUNG et al., 2003; LORAH;

VOYTEK, 2004), tais como Desulfuromonas chloroethenica, Dehalococcoides ethenogenes,

Desulfuromonas acetoxidans, Desulfuromonas succinoxidans, Desulfuromonas thiophila e

Geobacter metallireducens, a partir do enriquecimento de amostras de água contaminada com

PCE (SUNG et al., 2003). Também foi possível detectar, após um ano de cultivo em

microcosmos enriquecidos com PCE, Dehalococcoides e Desulfuromonas, a partir de amostras

obtidas de uma área de descarte de contaminantes em Baltimore, USA (LORAH; VOYTEK,

2004). Da mesma forma, em estudos com culturas de enriquecimento com PCE, representantes

do gênero Dehalococcoides foram detectados utilizando-se hibridização in situ (YANG; ZEYER,

2003).

Processos de enriquecimento com PCE selecionam organismos com capacidade de

degradar o referido solvente, contudo períodos de enriquecimento longos são necessários para o

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estímulo dos microrganismos selecionados no meio (DOLFING, 2000). Em trabalho

desenvolvido com sub-culturas em meio enriquecido com PCE, foi avaliada a estrutura das

comunidades bacterianas por PCR-DGGE, comparando-se estas estruturas com uma amostra

inicial de uma área com água subterrânea contaminada com PCE, e observaram-se modificações

consideráveis na estrutura das comunidades, havendo também diferenças entre as sub-culturas

com diferentes doadores de elétrons (YANG et al., 2005). Resultados semelhantes foram obtidos

com três sub-culturas distintas, as quais diferenciavam-se pelos compostos utilizados no

enriquecimento seletivo: PCE, TCE ou cDCE. Por PCR-DGGE pode-se observar estruturas de

comunidades bacterianas distintas entre as sub-culturas, evidenciando o estímulo de grupos

específicos em cada etapa do processo de degradação do PCE (GROSTERN; EDWARDS, 2006).

Figura 7 - Comparação entre a estrutura da comunidade bacteriana dos PMs e dos RHLFs, após enriquecimento.

M - marcadores moleculares; PM1 e PM2 - poços de monitoramento de água subterrânea; In1 e In2 -

RHLFs com inóculo do PM1 e PM2, respectivamente; 1, 2 e 3 - repetições das amostras. A - gel da DGGE; B - análise de MDS dos perfis de amplicons da DGGE

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Tabela 2 - Resultado do teste de similaridade por Pairwise (pareamento) baseado nos perfis de amplicons do gene

rRNA 16S de Bacteria dos PMs e RHLFs, após cultivo de enriquecimento

Comparações entre horizontes Teste de similaridade por Pairwise

PM1, In1 1,000

PM1, PM2 1,000 PM1, In2 1,000 In1, PM2 1,000 In1, In2 1,000

PM2, In2 0,000

Nível de significância para R global = 0,833; P < 0,2.

Desta maneira, a variação na estrutura das comunidades bacterianas após nove meses de

enriquecimento no In1 e a manutenção da estrutura da comunidade bacteriana no In2, sugere que

houve seleção de bactérias específicas com habilidade para degradar PCE, havendo a necessidade

de identificar os organismos selecionados, e otimizar as exigências nutricionais e as condições

físico-químicas ideias para o estímulo dos consórcios selecionados na degradação do PCE.

3.2.2 Detecção de populações de Dehalococcoides

A detecção de microrganismos que comprovadamente degradam o PCE, em áreas

contaminadas com este composto, é indicativa da possível atividade dos mesmos no local. Desta

forma, foi avaliada a presença de populações de Dehalococcoides sp. nos PMs e RHLFs após

nove meses de enriquecimento, utilizando-se PCR com iniciadores específicos.

Populações de Dehalococcoides foram detectadas no PM1 e PM2, indicando a presença

de um grupo de bactérias envolvido na descloração redutiva do PCE. Da mesma forma,

Dehalococcoides sp. foi detectada tanto no In1 quanto no In2, após nove meses de cultivo de

enriquecimento, indicando a manutenção das populações de Dehalococcoides sp. após o

enriquecimento (Figura 8). Em estudos prévios, foi confirmada a presença do grupo

Dehalococcoides sp. em oito PMs na área de estudo, a partir da utilização da PCR com

iniciadores específicos para este grupo de bactérias (ARMAS, 2007). Estes resultados são

promissores, pois confirmam o potencial de degradação do PCE, por descloração redutiva, na

área amostrada.

No entanto, existem diferenças na habilidade de Dehalococcoides sp. em desclorar CV,

uma das principais etapas na descloração do PCE (HE et al., 2003). Populações de

Dehalococcoides cepa 195 degradam PCE para ETE, mas a transformação de CV para ETE é um

processo co-metabólico lento (MAYMÓ-GATELL et al., 1997). Cepas de Dehalococcoides que

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co-metabolizam CV para ETE podem utilizar CV como aceptor de elétrons (DUHAMEL; MO;

EDWARDS, 2004), como é o caso das cepas VS e GT, as quais utilizam TCE, cDCE e CV como

aceptores de elétrons, mas não reduzem o PCE (SUNG et al., 2006). A cepa BAV1 utiliza cDCE

e CV como aceptores de elétrons, mas com baixa eficiência (HE et al., 2005). Já as cepas 195 e

FL2, utilizam TCE e cDCE como aceptores de elétrons, enquanto a descloração do CV para ETE

é um processo co-metabólico (HE et al., 2005).

Assim, a presença de Dehalococcoides não necessariamente implica em eficiente

degradação de PCE, e a seleção e identificação de outros microrganismos é importante, pois

permite suprir possíveis limitações na degradação de PCE por Dehalococcoides sp.

Figura 8 - Detecção de Dehalococcoides nos poços de monitoramento e RHLFs

3.2.3 Sequenciamento de clones do gene rRNA 16S de Bacteria dos RHLFs

Os índices de diversidade, estimativas de riqueza de UTOs e estimativas de cobertura de

amostragem, considerando distância evolutiva de 0,03 para a definição de UTOs, estão

apresentados na Tabela 3. A riqueza de UTOs não apresentou diferenças significativas em um

intervalo de confiança de 95 % de probabilidade entre PM1, In1, PM2 e In2. Já pelos índices de

diversidade de Shannon e recíproca de Simpson, In1 diferiu significativamente das amostras do

PM1, PM2 e In2, as quais não diferiram entre si (Tabela 3).

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Tabela 3 - Estimativa de riqueza de UTOs, índice de diversidade e cobertura de amostragem calculados a partir de bibliotecas de clones do gene rRNA 16S de

Bacteria de amostras dos PMs e RHLFs, após cultivo de enriquecimento

Comunidade NSa NU

b

Estimativa de riqueza de UTOs

Índice de Diversidade

ECAe

ACE Chao1 Shannonc 1/D

d

D = 0,03

PM1 78 41 90,1 (60,7; 163,3) 83,3 (56,4; 156,7) 3,39 (3,19; 3,59) 20,00 (13,70; 35,71) 0,667

In1 93 27 75,2 (43,7; 166,0) 51,1 (34,3; 106,0) 2,11 (1,77; 2,44) 3,41 (2,36; 6,06) 0,817

PM2 84 36 71,1 (49,0; 130,4) 80,1 (50,8; 167,3) 3,07 (2,83; 3,30) 12,97 (10,07; 18,21) 0,726

In2 84 37 73,9 (50,8; 135,4) 78,1 (51,4; 154,8) 3,09 (2,85; 3,32) 13,07 (10,18; 18,25) 0,714

Para a definição de UTOs foi utilizado D = 0,03: aNúmero de sequências. bNúmero de UTOs determinado pelo DOTUR. cEstimador de máxima semelhança. dRecíproco do índice de Simpson (estimador de máxima semelhança). eEstimativa de cobertura de amostragem. Valores entre parênteses

representam o intervalo com 95% de confiança.

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Estudos de ecologia microbiana realizados em áreas contaminadas com PCE têm como

principal limitação a avaliação por técnicas dependentes de cultivo, subestimando a diversidade

dos organismos presentes (AMANN; LUDWIG; SCHEIFER, 1995; SMIDT; DE VOS, 2004).

Neste trabalho, os resultados obtidos por sequencimento do gene rRNA 16S permitiram

explorar a diversidade de bactérias presentes na área de estudo, bem como os grupos selecionados

após os cultivos de enriquencimento nos RHLFs. Os resultados foram semelhantes aos

observados por PCR-DGGE, ocorrendo a seleção de populações bacterianas no In1 após o cultivo

de enriquecimento com PCE, quando comparado com PM1. Já na comparação das comunidades

de PM2 e In2, não observou-se diferenças entre os grupos filogenéticos detectados (Figura 9).

Na comunidade bacteriana do In1 prevaleceram bactérias da classe Alphaproteobacteria

(73 %), selecionadas após nove meses de enriquecimento no RHLF. As demais classes foram

encontradas com frequências inferiores a 5 %. Apenas 2 % das sequências representativas das

bactérias do biofilme do In1 não puderam ser classificadas em nível de filo pelo SeqMatch. Já na

comunidade bacteriana do sedimento do PM1 prevaleceram bactérias das classes

Gammaproteobacteria (29 %), Alphaproteobacteria (17 %), Betaproteobacteria (11 %) e

Acidobacteria (5 %). As demais classes foram detectadas com frequências inferiores a 5 %. As

sequências do PM1 que não puderam ser classificadas em nível de filo pelo SeqMatch

totalizaram 15 %. A única classe exclusiva do In1 foi Sphingobacteria.

Nas comunidades bacterianas do biofilme do In2 e do sedimento do PM2, prevaleceram

bactérias das classes Alphaproteobacteria (50 e 54 %, respectivamente) e Betaproteobacteria (31

e 27 %, respectivamente). As demais classes foram detectadas com frequências inferiores a 5 %.

Apenas 3 % das sequências do In2 e 4 % das sequências do PM2 não puderam ser classificadas

em nível de filo pelo SeqMatch. Assim como no In1, Alphaproteobacteria foi o grupo mais

abundante, sugerindo que bactérias pertencentes a esta classe tem papel importante na degradação

do PCE, assim como os representantes da classe Betaproteobacteria, abundantes no PM2 e In2.

Como podemos observar, nos RHLFs predominaram bactérias afiliadas a Proteobacteria,

normalmente o grupo mais abundante nos diferentes compartimentos ambientais, sendo

constituído por bactérias de diferentes características morfológicas e metabólicas (MARGULIS;

SCHWARTZ, 1998). Dentre as classes pertencentes ao filo Proteobacteria detectadas,

Alphaproteobacteria foi a mais abundante, sendo composta por organismos que, na sua maioria,

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habitam ambientes aquáticos, incluindo representantes envolvidos na degradação de

hidrocarbonetos aromáticos (FREEBORN et al., 2005; GARRITY; HOLT, 2001).

Outra classe abundante foi Betaproteobacteria, a qual inclui bactérias quimioautotróficas e

quimioheterotróficas. Membros desta classe podem ser encontrados no solo e água, e alguns são

patogênicos a humanos (GARRITY; HOLT, 2001).

Pelos resultados obtidos a partir da avaliação da estrutura das comunidades e diversidade

de Bacteria nos RHLFs, podemos observar a seleção de grupos bacterianos distintos no In1 e In2,

indicando que a degradação do PCE foi realizada por diferentes grupos de bactérias em cada

reator analisado. Estes resultados são promissores, pois quanto maior a diversidade de bactérias

com capacidade de degradar o PCE, maiores as chances de otimizar as condições para

degradação deste contaminante em processos de biorremediação.

Muito embora a cobertura de amostragem tenha sido relativamente elevada (Tabela 3),

sequências afiliadas ao grupo Dehalococcoides (classe Chloroflexi) não foram detectadas nas

bibliotecas de clones do gene rRNA 16S analisadas. Estes resultados sugerem que populações de

Dehalococcoides sp. presentes na área podem estar em número reduzido, pois foram detectados

usando PCR com iniciadores específicos, mas não em bibliotecas de clones, as quais foram

sintetizadas com fragmentos do gene rRNA 16S amplificados com iniciadores específicos para o

domínio Bacteria. Este resultado é intrigante, pois sugere que o gênero mais característico na

degradação do PCE estudado até o momento, pode não ser o principal responsável pela

degradação do PCE na área em estudo, bem como nos RHLFs.

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Figura 9 - Abundância de grupos filogenéticos dos PMs e dos RHLFs (%), após cultivo de enriquecimento. PM1 e

PM2 - poços de monitoramento de água subterrânea; In1 e In2 - RHLF com inóculo do PM1 e PM2,

respectivamente

As comparações das bibliotecas de clones do gene rRNA 16S, utilizando o ʃ-LIBSHUFF,

mostraram que a comunidade bacteriana do sedimento do PM1 foi estatiscamente diferente da

comunidade bacteriana do In1, não havendo diferença entre as comunidades bacterianas do

sedimento do PM2 e In2, as quais diferem estatisticamente de PM1 e In1 (P≤0,05) (Tabela 4).

Tabela 4 - Valores de p calculado nas comparações múltiplas entre as bibliotecas de clones do gene rRNA 16S das

comunidades de Bacteria de amostras dos PMs e RHLFs, após cultivo de enriquecimento

X

Y

PM1

In1

PM2

In2

PM1 - 0,0000 0,0000 0,0000

In1 0,0000 - 0,0000 0,0000 PM2 0,0000 0,0000 - 0,0065

In2 0,0000 0,0000 0,0051 -

X homólogo na coluna e Y homólogo na linha. Valores mínimos

para diferença significativa: 0,0008 e 0,0043 para 1% e 5% de

probabilidade, respectivamente.

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Estas diferenças também podem ser observadas a partir da curva de rarefação (Figura 10),

que relaciona o número de clones sequenciados com o número estimado de UTOs. Um menor

número de UTOs foi observado na amostra do In1. As amostras do PM2 e In2 não apresentaram

diferenças entre si, tendo um menor número de UTOs quando comparadas com a amostra do

PM1. As diferenças tornam-se significativas com o aumento do número de clones do gene rRNA

16S.

Estes resultados mostram que o cultivo de enriquecimento foi eficiente na seleção de

bactérias no In1, sendo que a menor diversidade obtida, quando comparada com PM2 e In2, pode

estar relacionada com as concentrações de PCE encontradas nos PMs analisados. No In2 a

concentração de PCE utilizada no cultivo de enriquecimento foi inferior a detectada no PM2, o

que permitiu a manutenção da comunidade bacteriana previamente selecionada no PM2. Já no

In1, a concentração de PCE foi superior a utilizada no PM1, a qual foi suficiente para selecionar

grupos específicos após nove meses de cultivo de enriquecimento.

Figura 10 - Curva de rarefação indicando o número estimado de UTOs em bibliotecas de clones do gene rRNA 16S

de Bacteria nos PMs e nos RHLFs, após cultivo de enriquecimento

Na comparação entre as UTOs do PM1 e In1, somente duas foram comuns entre as

amostras, evidenciando a seleção de grupos bacterianos específicos no In1 após o cultivo de

83

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enriquecimento. Das 93 sequências do In1, 49 sequências (53 %) se agruparam em uma UTO e

nove sequências em outra (10 %), sendo ambas filogeneticamente relacionadas com a classe

Alphaproteobacteria. Estas bactérias podem estar diretamente relacionadas com a biodegradação

do PCE no In1. Na comparação entre as UTOs do PM2 e In2, 34 UTOs foram comuns entre as

duas amostras, confirmando que não ocorreu seleção de bactérias no In2 após o cultivo de

enriquecimento. Das UTOs do PM2 e In2, destacam-se duas, representando cada uma 14 % do

total de sequências obtidas no PM2 e In2, sendo uma UTO classificada como

Alphaproteobacteria e a outra como Betaproteobacteria. A amostra do In2 apresentou uma UTO

exclusiva e PM2 não apresentou UTOs exclusivas (Figura 11).

Figura 11 - Diagrama de Venn baseado na frequência de UTOs dos PMs e do biofilme dos RHLFs. Valores entre

parênteses referem-se à UTOs exclusivas e valores sem parênteses a UTOs comuns

Estes resultados sugerem que bactérias pertencentes às classes Alphaproteobacteria e

Betaproteobacteria foram selecionadas e preservadas nos RHLFs, podendo ter envolvimento

direto com a degradação do PCE.

Dentre as bactérias identificadas até o momento com eficiência comprovada na

degradação do PCE, podemos destacar Dehalospirillum multivorans (Epsilonproteobacteria),

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Desulfitobacterium spp. (Clostridia), Dehalococcoides ethenogenes (Chloroflexi),

Dehalobacter restrictus (Clostridia), Desulfuromonas chloroethenica (Deltaproteobacteria),

Desulfomonile tiedjei (Deltaproteobacteria), Geobacter metallireducens (Deltaproteobacteria) e

Pseudomonas stutzeri OX1 (Gammaproteobacteria) (SCHUMACHER; HOLLIGER, 1996;

MAGNUSON et al., 1998; MILLER; WOHLFARTH; DIEKERT, 1998; NEUMANN;

WOHLFARTH; DIEKERT, 1995; NEUMANN; WOHLFARTH; DIEKERT, 1996; SHIM et al.,

2001; SUNG et al., 2003). Assim, não existem evidências reportadas de que Alphaproteobateria e

Betaproteobacteria estejam relacionados com a degradação do PCE.

Alguns representantes de Alphaproteobacteria já foram encontrados em áreas

contaminadas com TCE e cDCE, no entanto apenas em locais co-contaminados com óleo diesel e

tetrakis (2-etil butoxi) silano (TKEBS) (CH3CH2CH(CH2CH3)CH2O)4Si. Como exemplos temos

espécies de Sphingomonas, as quais estão associadas com o co-metabolismo do TCE, sendo

frequentemente encontradas em consórcios microbianos (DEN; HUANG; LI, 2003; GROSSE et

al., 1999; HEYER, GALCHENKO; DUNFIELD, 2002; LEE et al., 2002; McDONALD et al.,

1997; NAKAJIMA et al., 1992). Outros exemplos são espécies de Methylocystis que produzem

metano monoxigenases (pMMo) solúveis capazes de oxidar substratos aromáticos e alifáticos,

incluindo TCE e outros etenos clorados (GROSSE et al., 1999; HUMPHRIES et al., 2005;

SHIGEMATSU et al., 1999). Outros grupos estão relacionados com a formação de biofilmes em

amostras de água contaminadas com etenos clorados, como é o caso de Reyranella massiliensis

(PAGNIER, RAOULT; SCOLA, 2008).

Já Betaproteobacteria, grupo abundante no PM2 e In2, tem sido frequentemente

encontrado em áreas contaminadas com TCE, sendo um importante grupo envolvido na

degradação aeróbia deste contaminante. Na presença de tolueno e fenol, Burkholderia cepacia

G4 é capaz de oxidar e mineralizar o TCE por co-metabolismo, pela ação da enzima tolueno orto-

monoxigenase (BARTH et al., 2002). Também têm sido descritas bactérias em associação com

plantas na degradação do PCE, como é o caso de Cupriavidus taiwanensis associada com

Mimosa pudica (CHEN et al., 2008). Cupriavidus necator também tem sido relacionado com a

degradação de uma variedade de compostos cloroaromáticos, tais como, 4-cloro-2-

metilfenoxiacetato (MCPA), ácido 3-clorobenzóico (3-CB), 2,4,6-triclorofenol a 4-fluobenzoato

(LYKIDIS et al., 2010). Já Cupriavidus metallidurans, uma espécie típica de água doce, tem

chamado à atenção pelo seu potencial na imobilização de metais pesados (SARRET et al., 2010).

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Como podemos observar, as UTOs mais representativas dos RHLFs apresentaram

similaridade com grupos específicos de Alphaproteobacteria e Betaproteobacteria, os quais estão

associados com as vias de degradação de compostos aromáticos, alifáticos e alguns etenos

clorados, dentre os quais o TCE (Figura 12).

Figura 12 - Relações filogenéticas entre as UTOs mais representativas com base no sequenciamento do gene rRNA 16S de Bacteria do In1 e In2, usando árvore neighbour-joining gerada a partir do parâmetro Kimura 2, apresentando a similaridade entre as sequências obtidas e organismos referência. Os números dos nós são percentagens indicando os níveis de bootstrap suportados. Somente valores acima de 50% são apresentados. A barra representa 0,02 substituições por posição de nucleotídeo. Dados entre parênteses representam os números de acesso das sequências

no GenBank. As UTOs estão destacadas em negrito. Prochlorales cyanobacterium foi utilizado como outgroup

Apesar da seleção de bactérias após o cultivo de enriquecimento, estes resultados não

confirmam o potencial destes microrganismos na degradação do PCE nos RHLFs, pois a técnica

de detecção é baseada na análise do DNA total. A confirmação do potencial de degradação do

PCE pelos isolados selecionados foi realizada a partir dos ensaios de degradação do PCE nos

RHLFs.

3.3 Ensaio de degradação do PCE em RHLF

O RHLF tem sido utilizado para a degradação de diferentes compostos, como

pentaclorofenol (PCP) sob condições metanogênicas (BARALDI, 2001; DAMIANOVIC, 1997;

MONTENEGRO, 2001; MONTENEGRO; ARAUJO; VAZOLLER, 2003), benzeno, tolueno,

etil-benzeno e xileno (BTEX), tanto em condições metanogênicas quanto sulfidogênicas

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(BOLAÑOS, 2001; CATTONY et al., 2005; NARDI et al., 2005). No entanto, o emprego desse

tipo de reator na degradação do PCE não havia sido relatado. Sua possível aplicabilidade está

relacionada com a retenção de biomassa ativa no interior dos reatores, condição esta limitante,

pois a perda da biomassa influencia negativamente na eficiência de degradação de contaminantes.

As análises cromatográficas mostraram que, após um tempo de retenção de 12 horas, o

In1 apresentou 87 % de eficiência na degradação do PCE, não sendo detectados produtos da via

de descloração redutiva, e o In2 96 % de eficiência na degradação do PCE, com a formação de

TCE e cDCE. O controle C1 teve uma redução de 2 % da concentração inicial de PCE, enquanto

o controle C2 uma redução de 7 %, o que indica que a degradação no In1 e In2 é biológica e

altamente eficiente (Tabela 5).

Em experimentos com culturas enriquecidas com acetato, em cultivo anaeróbio, 92 % do

PCE (5 µg L-1

) foi degradado formando CV e ETE, após 240 horas de incubação com as células

em suspensão (MAYMÓ-GATELL et al., 1995). Em experimentos semelhantes, utilizando

metanol e H2 como doadores de elétrons, 90 % do PCE foi degradado após 75 horas de

incubação, enquanto na ausência de doadores elétrons o tempo necessário para atingir os mesmos

níveis foi de 150 horas. No entanto, a concentração de PCE nesses experimentos foi de 2,5 µg L-1

(AULENTA et al., 2002).

Já em estudos com consórcios imobilizados em argila expandida, obtidos de uma área

contaminada com PCE, após um ano de cultivo de enriquecimento, ensaios de degradação do

PCE foram realizados utilizando-se acetato como doador de elétrons e inoculação com

Dehalospirillum multivorans, e após 4 horas não foi mais detectado PCE no reator. No entanto,

houve acúmulo de TCE, o qual foi completamente degradado após 22 horas, formando cDCE

(HÖRBER et al., 1999). Como podemos observar, esses experimentos foram realizados em

condições anaeróbias, com estímulo para descloração redutiva e acúmulo de cDCE, CV e ETE.

Pelas análises dos PFQs, de uma maneira geral, os reatores utilizados em nosso estudo

apresentaram elevadas concentrações de OD e alto Eh, caracterizando o ambiente nos reatores

como óxico, condição a priori não adequada para a degradação do PCE, já que as vias são,

predominantemente, anaeróbias. Comparativamente, os valores de Eh (550 mV no In1 e 600 mV

no In2) e OD (8 mg L-1

no In1 e 9 mg L-1

no In2) dos reatores foram maiores do que nos PMs,

enquanto os valores de CE (2000 µS cm-1

no In1 e 2200 µS cm-1

no In2) e pH (3,3 para In1 e 3,6

no In2) foram próximos dos determinados nos PMs in situ. Já os valores dos PFQs nos controles

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foram: Eh (534 mV no C1 e 587 mV no C2), OD (7 mg L-1

no C1 e 8 mg L-1

no C2),

CE (1987 µS cm-1

no C1 e 2137 µS cm-1

no C2) e pH (3,4 para C1 e 3,5 no C2). Estes resultados

mostram uma condição de aerobiose ainda maior nos reatores quando comparado com os PMs

analisados, sugerindo a existência de uma via alternativa de degradação do PCE nos reatores.

Apesar da condição aeróbia nos reatores, é possível a ocorrência de microambientes anaeróbios

no In2 favorecendo a descloração redutiva, já que houve formação de TCE e cDCE no referido

reator.

Tabela 5 - Resultados dos ensaios de degradação do PCE no In1 e In2

Amostra Tetracloroeteno

(PCE)

Tricloroeteno

(TCE)

cis-1,2-dicloroeteno

(cis-DCE)

Cloreto de vinila

(CV)

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - µg L-1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

In1 Entrada 5697 < 1 < 2 < 1

Saída 723 < 1 < 2 < 1

In2 Entrada 5015 < 1 < 2 < 1

Saída 200 40 8,8 < 1

C11 Entrada 5586 < 1 < 2 < 1

Saída 5418 < 1 < 2 < 1

C22 Entrada 5395 < 1 < 2 < 1

Saída 5018 < 1 < 2 < 1 1Controle sem espuma e sem inóculo; 2Controle com espuma e sem inóculo.

É provável que a habilidade de descloração redutiva tenha sido perdida com o cultivo de

enriquecimento no reator com In1, pois TCE, cDCE e CV foram detectados no PM1 (Tabela 1),

com acúmulo maior de TCE. Em contraste, a condição observada no reator com In1, não levou ao

acúmulo dos produtos da via de descloração redutiva, sugerindo que os mesmos não estão sendo

formados, ou que estão sendo completamente degradados.

Já no In2, o PCE foi degradado formando TCE e cDCE, não havendo formação de CV, o

que ocorria no PM2, sendo uma condição favorável, já que CV apresenta toxicidade mais elevada

do que TCE e cDCE. Resultados semelhantes já foram obtidos em ensaios de degradação do

PCE, com acúmulo de cDCE em reatores inoculados com Dehalospirillum multivorans

imobilizados em argila expandida utilizando formato e acetato como doadores de elétrons

(HÖRBER et al., 1999). Dos 96 % de PCE degradados no In2, com base na quantidade de

carbono, apenas 0,8 % de TCE e 0,2 % de cDCE foram formados, sugerindo uma via alternativa

de degradação do PCE, a qual ocorre simultaneamente com a descloração redutiva no In2. Como

foram analisadas duas portas dos reatores (entrada e saída), as baixas concentrações de TCE e

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cDCE na saída do In2 pode indicar que os mesmos foram degradados ao longo dos reatores ou

mesmo que a contribuição da descloração redutiva no In2 é baixa, sendo a via alternativa de

degradação predominante.

Como já foi visto, a descloração do PCE ocorre exclusivamente sob condições anaeróbias

(FREEDMAN; GOSSET, 1989), sendo a completa descloração para ETE observada em

consórcios microbianos, mas também em culturas puras de Dehalococcoides ethenogenes, cepa

195 (DEBRUIN et al., 1992; DISTEFANO; GOSSETT; ZINDER, 1991; FREEDMAN;

GOSSET, 1989; MAYMÓ-GATTELL et al., 1997). No entanto, muitas vezes ocorre o acúmulo

de seus intermediários tóxicos, TCE, cDCE e CV, os quais podem ser degradados por diferentes

microrganismos em condições aeróbias (FOGEL; TADDEO; FOGEL, 1986). Desta maneira, um

sistema de dois estágios (anaeróbio-aeróbio) tem sido proposto como um método promissor para

a mineralização de PCE (ENZIEN et al., 1994; FATHEPURE; VOGEL, 1991; GERRITSE et al.,

1995).

A partir dos resultados obtidos podemos afirmar que o cultivo de enriquecimento nos

RHLFs resultou na seleção de microrganismos eficientes na degradação de PCE, sendo esta

eficiência superior às relatadas em trabalhos citados em literatura. O In2 foi mais eficiente na

degradação do PCE do que o In1, possivelmente pela prévia seleção de microrganismos na área

de estudo. No entanto, é necessária a caracterização da via metabólica e a identificação dos

compostos que estão sendo formados na degradação do PCE.

3.4 Varredura de COVs dos RHLFs

Os COVs possuem diferentes definições, mas, de uma forma geral, são caracterizados

como compostos orgânicos que apresentam pressão de vapor maior que 0,01 kPa e ponto de

ebulição abaixo de 150 ºC. São considerados os contaminantes ambientais mais problemáticos,

devido a sua toxicidade, dificuldade de degradação e possibilidade de bioacumulação (FREIRE et

al., 2000; PARREIRA; CARDEAL, 2005). Dentre as técnicas para detecção destes compostos

uma das mais empregadas é a cromatografia gasosa, pois apresenta boa resolução, versatilidade

de detecção, e permite a determinação simultânea de diferentes compostos, além da possibilidade

de utilização de diferentes padrões internos e identificação dos compostos por EM (GODOI;

FAVORETO; SANTIAGO-SILVA, 2003; MATA et al., 2004).

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Pelas análises cromatográficas, tanto no In1 quanto no In2 foram detectados

1,1,1-tricloroetano (TCA) e clorofórmio (TCM) (ANEXOS B e C). Estes resultados demonstram

a ocorrência de uma via oxidativa de degradação do PCE em ambos os reatores. No In2 não

foram detectados TCE e cDCE, diferindo dos resultados obtidos no ensaio de degradação anterior

(item 3.3), onde baixas concentrações de TCE e cDCE foram detectadas, o que demonstra que a

descloração redutiva foi uma via pouco efetiva de degradação do PCE. Nossos resultados

mostram pela primeira vez a formação de TCA e TCM a partir da degradação do PCE.

Estes resultados são promissores, pois tanto TCA quanto TCM são considerados menos

tóxicos do que o PCE e os intermediários da via de descloração redutiva (TCE, cDCE e CV), o

que pode ser evidenciado pelos maiores valores estipulados como limites de intervenção para

TCA (280 µg L-1) e TCM (200 µg L

-1) em água subterrânea (APÊNDICE B).

O TCA é um haloalcano incolor de aroma doce, produzido industrialmente e empregado

como solvente, sendo amplamente utilizado na limpeza e desengraxe de metais a frio devido as

suas propriedades tecnológicas, baixa toxicidade e fácil biodegradação, sendo geralmente

mineralizado (não deve ser confundido com o seu isômero mais tóxico, 1,1,2-tricloroetano)

(SALVINI; BINASCHI; RIVA, 1971).

O TCA é susceptível a uma variedade de transformações abióticas e bióticas, no entanto,

as taxas de transformação são frequentemente insuficientes para prevenir a migração deste

composto em águas subterrâneas. O TCA é mais denso do que a água (gravidade específica de

1,32 g cm-3

) e quando migra em subsuperfície, normalmente forma uma DNAPL, percolando

verticalmente no aquífero por força da gravidade, e acumulando-se no aquífero. A dissolução do

TCA em fase livre no aquífero é um processo lento, devido à solubilidade do TCA em água ser

relativamente baixa (1135 mg L-1

) (SCHEUTZ et al., 2011).

O TCM é um líquido incolor com um odor agradável não irritante e um sabor levemente

adocicado, que revolucionou a medicina como um dos primeiros anestésicos cirúrgicos, e desde

então tem sido utilizado para diferentes aplicações que vão desde o controle de fungos na

agricultura até a produção artificial de seda. Atualmente, o TCM é usado principalmente na

síntese de hidroclorofluorcarbono (HCFC-22), um gás refrigerante amplamente utilizado

(ROSSBERG et al., 2006). Grande parte do TCM encontrado no ambiente provém de emissões

industriais, sendo comumente detectado em efluentes de estações de tratamento de água e esgoto

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que utilizam processos de cloração, pois o cloro pode reagir com a matéria orgânica presente,

formando TCM, embora em pequenas quantidades (GROSTERN et al., 2011).

Quando atinge o solo, parte do TCM é perdida por volatilização para a atmosfera e parte

percola chegando a subsuperfície. Devido a sua alta volatilidade, o mecanismo de transporte

predominante nas camadas superficiais do solo é a volatilização, com resultados semelhantes para

diferentes tipos de solo (McCULLOCH, 2003). O TCM não apresenta adsorção significativa em

sedimentos ou material particulado suspenso (Koc = 45), tendo mobilidade alta no solo

(SABLJIC, 1984), de onde migra atingindo águas subterrâneas e, por ser mais denso do que a

água (1,48 g cm-3

) percola verticalmente até atingir uma camada de impedimento, sendo

dissolvido lentamente na água por possuir baixa solubilidade (8000 mg L-1

).

No ambiente, o TCM é lentamente transformado por processos abióticos ou degradado co-

metabolicamente em processos aeróbios e anaeróbios, sendo eficiente em culturas

metanogênicas, acetogênicas e redutoras de sulfato (BOUWER; MCCARTY, 1983; CHUNG;

RITTMANN, 2008; FREEDMAN et al., 1995; GUERRERO-BARAJAS; FIELD, 2005; GUPTA

et al., 1996; KOONS; BAESEMAN; NOVAK, 2001; OLIVAS; DOLFING; SMITH, 2002;

WEATHERS; PARKIN, 2000).

Algumas bactérias metanotróficas, como por exemplo, Methylocystis cepa H2s e SB2, são

capazes de oxidar organoclorados na presença de metano, dentre os quais TCE, cDCE, CV, TCA

e TCM, pela ação da enzima pMMo. Maior atividade enzimática tem sido observada em ensaios

avaliando-se a degradação de cloroetenos e cloroetanos separadamente, enquanto em ensaios

conduzidos com a mistura de cloroetenos e cloroetanos ocorre a inibição competitiva da atividade

de pMMO (IM; SEMRAU, 2011).

A via de degradação aeróbia de diferentes organoclorados está relacionada com a ação de

monoxigenases e dioxigenases, catalisadas pelo citocromo P-450, presentes em plantas e

microrganismos. Têm sido observados diferentes grupos de bactérias relacionados com a

degradação oxidativa de compostos tri, di ou monoclorados, mas não tetraclorados. No entanto,

essa degradação já foi relatada em plantas e animais (VLIEG; JANSSEN, 2001). O metabolismo

oxidativo de organoclorados gera epóxidos, os quais são instáveis e, devido a sua toxicidade, são

prontamente degradados pelos organismos via epóxido-hidrolases, as quais convertem estes

compostos em dióis vicinais pela adição régio e estereoespecífica de uma molécula de água,

resultando em produtos mais solúveis em água e menos tóxicos (ADAMS et al., 1995). Epóxido-

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hidrolases de origem microbiana incluem enzimas encontradas em bactérias, fungos filamentosos

e leveduras. As epóxido-hidrolases de origem bacteriana são utilizadas na síntese orgânica devido

a sua produção em larga escala, entretanto, cada enzima possui suas limitações quanto ao tipo de

substrato e também quanto à enantiosseletividade. Estudos têm sido desenvolvidos usando

epóxido-hidrolases sintetizadas por diferentes bactérias (Rhodococcus, Mycobacterium,

Arthrobacter, Mycoplana, Nocardia e Corynebacterium) na síntese de compostos bioativos com

elevado valor comercial, e de aplicação na área médica, de alimentos, na agricultura e na

remediação de áreas contaminadas por diferentes compostos (STEINREIBER et al., 2001;

MAYER et al., 2001; ORRU et al., 1998).

Os resultados obtidos demonstram o potencial dos microrganismos selecionados na

degradação aeróbia do PCE, formando TCA e TCM, uma via alternativa ainda não descrita na

literatura, sendo a identificação dos organismos envolvidos neste processo uma etapa

fundamental.

3.5 Isolamento de bactérias presentes nos RHLFs

O isolamento de bactérias selecionadas a partir de cultivos de enriquecimento é

importante, pois desta forma é possível avaliar o potencial de cada isolado na degradação do

composto de interesse, selecionar os mais eficientes e cultivá-los em laboratório. Esta seleção

permitirá montar um consórcio eficaz na degradação do PCE, eliminando microrganismos que

possam inibir o processo de degradação.

No In1 foram obtidos 14 isolados a partir do cultivo de enriquecimento, sendo 11 obtidos

em aerobiose e três em anaerobiose. No In2 foram obtidos 18 isolados, 14 em aerobiose e quatro

em anaerobiose.

3.6 Teste de crescimento com PCE como única fonte de carbono

Todos os isolados aeróbios do In1, com exceção do I6, apresentaram potencial de

crescimento em meio seletivo contendo apenas PCE como fonte de carbono. Os isolados

anaeróbios do In1 não apresentaram potencial de crescimento no meio seletivo.

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Todos os isolados aeróbios do In2 foram positivos no crescimento em meio seletivo

contendo apenas PCE como fonte de carbono. Os isolados anaeróbios do In2 não apresentaram

potencial de crescimento no meio seletivo.

Isolados negativos foram removidos das análises subsequentes, onde foi feita a

diferenciação dos isolados a partir da técnica de BOX-PCR e posterior identificação pelo

sequenciamento do gene rRNA 16S.

3.7 BOX-PCR

A BOX-PCR tem sido utilizada com sucesso para a análise de populações bacterianas em

diversos ambientes, permitindo diferenciar genótipos, bem como realizar inferências de

variabilidade e similaridade genética (CAMBON-BONAVITA et al., 2001; GIRAFFA;

VECCHI; ROSSETTI, 1998; LAGACÉ et al., 2004; ROSS et al., 2000; ROY; SIROIS;

VINCENT, 2001). Sua principal vantagem está em ser uma metodologia simples, rápida e eficaz

para distinguir isolados e até mesmo estirpes relacionadas filogeneticamente (BRUIJN;

RADEMAKER; SCHENEIDER, 1996).

Os resultados da BOX-PCR indicaram a presença de quatro haplótipos diferentes no In1.

Os isolados I1, I4, I7, I8, I9 I10 e I11 apresentaram o mesmo padrão de bandas, enquanto I2, I3 e

I5 apresentaram padrões distintos dos demais (Figura 13 A e B). Dessa forma, foram

selecionados I2, I3, I5 e I8 para sequenciamento (Figura 14).

Para os isolados provenientes do In2, os padrões de bandas resultantes da BOX-PCR

indicaram a presença de sete haplótipos distintos. Os isolados I2, I7, I11 e I14 apresentaram o

mesmo padrão de bandas, da mesma forma que I6, I9 e I10 e I8, I12 e I13 (Figura 15 A e B). Os

isolados I1, I3, I4 e I5 apresentaram padrões distintos dos demais. Desse modo, foram

sequenciados os haplótipos I1, I2, I3, I4, I5, I6 e I8 (Figura 16).

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Figura 13 - BOX-PCR para seleção dos isolados do In1. A - Perfis de bandeamento obtidos por BOX-PCR dos

isolados do In1, M - marcador molecular; os números indicam os isolados; B - Cluster gerado pela análise de agrupamento hierárquico do perfil de bandeamento da BOX-PCR

Figura 14 - Colônias dos isolados do In1 selecionados para sequenciamento

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Figura 15 - BOX-PCR para seleção dos isolados do In2. A - Perfis da BOX-PCR dos isolados do In2, M - marcador

molecular; os números indicam os isolados; B - Cluster gerado pela análise de agrupamento hierárquico

do perfil de bandeamento da BOX-PCR

Figura 16 - Colônias dos isolados do In2 selecionados para sequenciamento

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3.8 Identificação dos isolados por sequenciamento do gene rRNA 16S

Durante as duas últimas décadas foram isoladas diferentes bactérias de áreas

contaminadas com PCE a partir do cultivo de enriquecimento, as quais foram identificadas como

pertencentes aos gêneros Desulfomonile, Dehalobacter, Sulfurospirillum, Desulfitobacterium,

Desulfuromonas, Clostridium, Dehalobium e Geobacter (MAYMÓ-GATELL, et al., 1997;

SMIDT; DE VOS, 2004).

Dos isolados obtidos do In1, I2In1 apresentou similaridade com Burkholderia sp.

(Betaproteobacteria), I3In1 com Pseudomonas stutzeri (Gammaproteobacteria), o I5In1 com

Pseudomonas oryzihabitans (Gammaproteobacteria) e I8In1 com Stenotrophomonas maltophilia

(Gammaproteobacteria) (Figura 17).

Já entre os isolados do In2, I1In2 apresentou maior similaridade com

Microbacterium trichotecenenolyticum (Actinobacteria) I2In2 com

Stenotrophomonas maltophilia (Gammaproteobacteria), I3In2 com Klebsiella sp.

(Gammaproteobacteria), I4In2 com Exiguobacterium acetylicum (Firmicutes), I5In2 com

Pseudomonas oryzihabitans (Gammaproteobacteria), I6In2 com Acinetobacter junii

(Gammaproteobacteria) e I8In2 com Comamonas sp. (Betaproteobacteria) (Figura 17).

Entre os dois inóculos, apenas os isolados I5In1 e I5In2 foram classificados na mesma

UTO, sendo similares a Pseudomonas stutzeri.

Nenhum destes gêneros havia sido identificado em cultivos de enriquecimento com PCE,

indicando que além da presença de uma via oxidativa de degradação do PCE nos RHLFs, novos

grupos bacterianos podem estar envolvidos na degradação deste composto nos reatores. Apesar

disso, bactérias relacionadas aos isolados obtidos já foram detectadas em áreas contaminadas com

organoclorados, sendo algumas associadas a processos de oxidação do PCE, embora não tenham

sido isoladas de áreas contaminadas com o referido solvente.

Cabe ressaltar que representantes da classe Alphaproteobacteria, a qual foi a mais

abundante nas bibliotecas de clones do In1 e In2, não foram isolados a partir dos meios de cultivo

utilizados. É possível que bactérias não-cultiváveis possam também estar envolvidas na

degradação do PCE em nossos reatores.

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Figura 17 - Similaridade entre os isolados do In1 e In2 e sequências depositadas no GenBank com base no sequenciamento do gene rRNA 16S de Bacteria, usando árvore neighbour-joining gerada a partir do parâmetro Kimura 2, apresentando a relação

entre os isolados obtidos do In1 (I2In1, I3In1, I5In1 e I8In1) e do In2 (I1In2, I2In2, I3In2, I4In2, I5In2, I6In2 E I8In2) e organismos referência. Os números dos nós são percentagens indicando os níveis de bootstrap suportados. Somente valores acima de 50% são apresentados. A barra representa 0,02 substituições por posição de nucleotídeo. Dados entre parênteses representam os números de acesso das sequências no GenBank. Os isolados obtidos estão destacados em negrito. Prochlorales cyanobacterium foi utilizado como outgroup

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O gênero Burkholderia compreende mais de 60 espécies, isoladas de diferentes nichos

ecológicos, dentre os quais solo, rizosfera, água, plantas, fungos, animais, ambientes hospitalares

e infecções humanas (VIAL et al., 2011). Estudos em solos e águas subterrâneas têm

demonstrado o envolvimento de Burkholderia sp. na degradação de compostos clorados a partir

do isolamento deste grupo de locais contaminados e consequentes ensaios de degradação em

microcosmos (VOGT; ALFREIDER; LORBEER, 2004; YANG et al., 2006), sendo

B. vietnamiensis (previamente conhecida como Pseudomonas cepacia) a primeira bactéria isolada

capaz de mineralizar TCE em ensaios com células em suspensão (NELSON et al., 1986). Esta

eficiência de degradação do TCE também foi comprovada para B. cenocepacia G4 por co-

metabolismo, a partir do estímulo da enzima tolueno orto-monoxigenase (oMO) com tolueno ou

fenol (BARTH et al., 2002; SUBBALAXMI; SHREVE, 1999). Cepas mutantes de B. cepacia G4

têm sido desenvolvidas com o objetivo de eliminar a necessidade de estímulo com tolueno ou

fenol para ação de oMO na degradação do TCE (INGUVA; SHREVE, 1999).

O gênero Pseudomonas compreende 126 espécies com uma grande diversidade

metabólica, o que lhe confere habilidade de colonizar diferentes nichos (PAL; WAUTERS;

PAUL, 2007). P. stutzeri OX1 é a única bactéria citada em literatura com resultados capaz de

degradar PCE por via oxidativa, usando uma tolueno-o-xileno-monoxigenase (ToMO) (RYOO et

al., 2001). Uma característica importante é o estímulo da atividade desta enzima na presença de

PCE e TCE, não necessitando de enriquecimento com outras substâncias, como é o caso da ação

de oMO de B. cenocepacia G4 na degradação do TCE, que necessita de tolueno ou fenol para

estímulo da enzima, sendo que na ausência destes compostos não ocorre a degradação do TCE

(ARENGHI et al., 1999). Outra espécie, P. oryzihabitans (também conhecida como

Flavimonas oryzihabitans) também é eficiente na degradação de DDT e endosulfan, sendo o

inóculo obtido de grãos verdes de café (BARRAGÁN-HUERTA et al., 2007).

Outro gênero distribuido em diferentes compartimentos ambientais é

Stenotrophomonas sp., sendo frequentemente encontrado no solo, em associação simbiótica com

plantas, assim como em associação patogênica oportunista em humanos (HAUBEN et al., 1999).

Stenotrophomonas maltophilia tem sido utilizada em consórcios microbianos para degradação de

compostos caracterizados como disruptores endócrinos, dentre os quais PCE, TCE e TCA (LEE,

2008).

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Os demais grupos bacterianos isolados não haviam sido detectados em áreas

contaminadas com PCE, bem como relacionados com a degradação deste contaminante. No

entanto, apresentam potencial de degradar diferentes compostos, como é o caso do gênero

Microbacterium, o qual está associado com a degradação, co-metabólica ou não, de BTEX

(CAVALCA; DELL’AMICO; ANDREONI, 2004), bem como de halogenados, como bifenilos

policlorados (PCBs) e clorofenóis (RYBKINA et al., 2003). Outro exemplo é o gênero

Exiguobacterium, que suporta condições ambientais extremas e está envolvido em processos de

degradação de hidrocarbonetos. E. acetylicum é capaz de promover a biorremoção de crômio

hexavalente de águas contaminadas com este elemento traço (OKEKE et al., 2008). O gênero

Klebsiella é caracterizado por sua capacidade de degradar moléculas como dibenzofurano e fenol

em condições aeróbias (ABD-EL-HALEEM et al., 2002). Já espécies do gênero Comamonas

podem degradar compostos clorados como bifenilpoliclorado (PCB) e cloronitrobenzeno (WU et

al., 2004). Acinetobacter está associado à degradação de compostos halogenados como

4-clorofenol e o herbicida atrazina, bem como bifenis e uma variedade de compostos aromáticos

mono, hetero e policíclicos (THANGARAJ; KAPLEY; PUROHIT, 2007).

Alguns trabalhos relatam a utilização de consórcios bacterianos, obtidos a partir do

isolamento de Pseudomonas sp., Acinetobacter sp. e Klebsiella sp. de águas subterrâneas

contaminadas com cDCE na África do Sul e Nigéria. Microcosmos com diferentes substratos

primários (glicose, sacarose, lactose, tolueno, fenol e extrato de levadura) foram avaliados na

degradação de cDCE por co-metabolismo, sendo os melhores resultados obtidos com a glucose,

com degradação de 85 % do cDCE em 7 dias. Os compostos formados não foram identificados

(OLANIRAN; PILLAY; PILLAY, 2004; OLANIRAN; PILLAY; PILLAY, 2005; OLANIRAN;

PILLAY; PILLAY, 2006).

Desta maneira, apesar da similaridade das sequências dos isolados obtidos com bactérias

caracterizadas na degradação de diferentes compostos, ensaios de degradação em RHLFs são

necessários para confirmar o potencial destes isolados na degradação do PCE, bem como

comprovar se os organismos selecionados mantêm a mesma eficiência de degradação do PCE dos

consórcios nos RHLFs.

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3.9 Marcadores moleculares para monitoramento dos isolados nos RHLFs

Com o intuito de verificar a imobilização dos isolados no material suporte dos reatores,

bem como o comportamento destes durante o cultivo de enriquecimento, foram montados

marcadores a partir da PCR-DGGE dos isolados do In1 (IIn1) e dos In2 (IIn2). Pode-se observar

que pela DGGE foi obtida a mesma separação dos isolados obtida pela BOX-PCR, tanto dos

isolados do In1 quanto do In2 (Figura 18 e Figura 19).

Na DGGE, cada banda, teoricamente, corresponde a uma espécie, embora uma espécie

possa ter múltiplos genes rRNA 16S com pequenas diferenças nas sequências, o que pode gerar

diferentes bandas (FERRIS; WARD, 1997). Os isolados avaliados por PCR-DGGE, tanto do In1

quanto do In2, apresentaram baixa complexidade, sendo possível diferenciar os grupos de

isolados nos géis (Figura 18 e Figura 19).

No marcador obtido pela excisão das bandas de cada isolado do In1, foi possível

diferenciar os mesmos, pois pelo padrão de bandeamento não ocorreu a sobreposição de bandas

representativas dos isolados, o que permite monitorar os mesmos no RHLF com este marcador.

Já no marcador do In2 as bandas referentes aos I2In2 e I3In2 ficaram sobrepostas no gel,

impossibilitando a diferenciação destes isolados. Da mesma forma, as bandas do I4In2 e do I5In2

ficaram muito próximas no gel, dificultando a utilização deste marcador no monitoramento dos

isolados no RHLF (Figura 20).

Estes resultados mostram a dificuldade de utilizar a PCR-DGGE como ferramenta para

diferenciação de isolados, pois com o maior número de espécies aumentam as chances de

sobreposição de bandas. A técnica da PCR-DGGE baseia-se na amplificação, por PCR, de

fragmentos de fita dupla de DNA de mesmo tamanho. Embora do mesmo tamanho, a sequência

de nucleotídeos dos organismos avaliados é divergente (ROSADO; DUARTE, 2002). Na

separação das fitas de DNA no gradiente desnaturante, os fragmentos irão migrar

diferencialmente, de acordo com o seu teor de G+C, formando um padrão de bandeamento

distinto quando houver diferença (MUYZER; SMALLA, 1999). No entanto, fragmentos

diferentes podem ter características similares de mobilidade no gel, podendo apresentar o mesmo

teor de G+C em diferentes posições ao longo do fragmento de DNA (GELSOMINO et al., 1999).

Desta forma apenas o marcador confeccionado para os IIn1 foi utilizado para

monitoramento no RHLF.

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Figura 18 - PCR-DGGE dos isolados do In1. A - Perfis de bandeamento obtidos por PCR-DGGE dos isolados do

In1, M - marcador molecular; os números indicam os isolados; B - Cluster gerado pela análise de

agrupamento hierárquico do perfil de bandeamento da PCR-DGGE

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Figura 19 - PCR-DGGE dos isolados do In2. A - Perfis de bandeamento obtidos por PCR-DGGE dos isolados do

In2, M - marcador molecular; os números indicam os isolados; B - Cluster gerado pela análise de

agrupamento hierárquico do perfil de bandeamento da PCR-DGGE

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Figura 20 - Marcadores moleculares dos isolados do In1 e In2 obtidos pela excisão das bandas de cada isolado dos

géis de DGGE. In1 - Marcador com os isolados do inóculo 1; In2 - Marcador com os isolados do inóculo

2. As identificações das bandas referem-se aos isolados dos referidos inóculos

3.10 Avaliação da eficiência dos isolados na degradação do PCE

3.10.1 Monitoramento dos isolados nos RHLFs

Pelo monitoramento dos IIn1 por PCR-DGGE, observou-se que após sete dias de

enriquecimento as bandas referentes a cada isolado poderam ser detectadas no gel, com a banda

referente ao I8In1 (S. maltophilia) mais intensa (Figura 21). S. maltophilia é caracterizada por ser

uma bactéria de aderência em superfícies abióticas, sendo foco de estudos por seu

desenvolvimento em cateteres, e por se tratar de uma bactéria oportunista, frequentemente

relacionada com patogenias em humanos (BONAVENTURA et al., 2004). Esta característica de

aderência pode ser importante para o estabelecimento do consórcio, pois o isolado similar a

S. maltophilia pode servir como base para a imobilização das demais bactérias na superfície das

espumas. Algumas bandas inespecíficas foram detectadas, indicando uma possível contaminação

no RHLF durante o acondicionamento das espumas.

Após 14 dias de incubação pode-se observar uma maior homogeneidade das bandas

(Figura 21), sugerindo maior abundância dos isolados após um maior tempo de incubação,

embora bandas referentes a alguns isolados ainda não demonstrem aumento na abundância,

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caracterizando a necessidade de um período maior de incubação para homogeneização da

biomassa no reator com os IIn1. Após este período ainda podemos observar a presença de bandas

inespecíficas.

Aos 30 dias de enriquecimento uma maior homogeneidade nas três portas amostradas

pode ser observada (Figura 21), sugerindo a presença de todos os isolados com abundâncias

similares, o que caracteriza um consórcio bem estabelecido no suporte. Bandas inespecíficas não

foram observadas após 30 dias de incubação.

Estes resultados mostram que os isolados foram corretamente imobilizados e

acondicionados no RHLF, permitindo avaliar a eficiência do consórcio bacteriano do IIn1 e IIn2

na degradação do PCE.

Figura 21 - Monitoramento dos isolados do In1 em diferentes portas do RHLF por PCR-DGGE. P1, P2 e P3 são as

portas de coleta e os números subsequentes, 1, 2 e 3 referem-se aos tempos de coleta, 7, 14 e 30 dias de

enriquecimento

3.10.2 Ensaio de degradação aeróbia do PCE nos RHLFs

A partir da identificação dos compostos formados no RHLF durante a degradação do PCE

(TCA e TCM), isolamento e identificação de bactérias e monitoramento dos isolados por PCR-

DGGE nos RHLFs, novos ensaios de degradação foram conduzidos, visando quantificar cada um

dos compostos formados ao longo dos reatores, sendo estes experimentos realizados nos RHLFs

com In1 e In2, para confirmar a formação de TCA e TCM, e nos reatores contendo os isolados

obtidos do In1 (IIn1) e do In2 (IIn2) imobilizados.

A Purge & Trap é a metodologia padrão para extração de COVs de matrizes sólidas e

líquidas, sendo preconizada por agências regulatórias, incluindo United States Environmental

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Protection Agency (USEPA), United States Department of Energy (USDOE) e United Sates

Department of Defense (USDOS). Apesar de não empregar os tradicionais solventes de alta

pureza das extrações convencionais, esta técnica é relativamente dispendiosa, devido ao alto

custo dos equipamentos e do gás He empregado para extrair os analitos da amostra. Desta forma,

uma opção que tem apresentado excelentes resultados é a SPME, a qual é uma técnica simples e

versátil (ARTHUR; PAWLISZYN, 1990) que envolve apenas quatro etapas: a extração, pré-

concentração, clean-up da amostra e introdução dos analitos no sistema de CG. Além da sua

simplicidade, outra característica importante é o fato de dispensar o uso de solvente orgânico, em

concordância com as políticas de controle e proteção ambiental (EISERT; LEVSEN, 1996).

Estudos foram realizados comparando-se a eficiência de extração de COVs por Purge &

Trap e extração por SPME através do headspace, combinadas a CG/EM, visando diferenciar

espécies e subespécies de fungos do gênero Penicillium (P. hirsutum var. albocoremium e var.

venetum, P. decumbens e P. discolor). Para as extrações por Purge & Trap, os voláteis gerados

nos meios de cultura foram arrastados por um fluxo de ar até cartuchos contendo Tenax com

posterior dessorção térmica diretamente na coluna. Nas extrações por SMPE foram testadas fibras

recobertas com polidimetilsiloxano e poliacrilato. Os resultados dos dois métodos testados foram

similares, sendo que a SPME se mostrou mais rápida e simples (NILSSON et al., 1996).

Em estudos com matrizes aquosas contaminadas com BTEX, foram comparadas as

metodologias de extração Purge & Trap, headspace estático e SPME. A repetibilidade,

reprodutibilidade e exatidão do método SPME foi similar às outras técnicas, sendo sua precisão

superior ao método headspace direto. A SPME teve boa linearidade e os limites de detecção

foram abaixo de 100 ng L-1

(FACCHETTI; FERRARI; NILSSON, 1997). Pelos bons resultados

obtidos neste e em outros estudos, a técnica de extração SPME tem sido utilizada na análise

química de alimentos, de amostras ambientais e na medicina.

Desta maneira, a partir da técnica de extração por SPME e análise por CG/EM, os ensaios

de degradação do PCE em RHLF comprovaram a degradação deste contaminante em todos os

reatores analisados, com exceção dos controles (Figura 22). Os valores absolutos dos ensaios de

degradação do PCE nos RHLFs podem sem observados no Anexo D. Os controles totalizaram

uma perda de 7,5 % de PCE nos RHLFs, considerada baixa por se tratar de uma molécula

extremamente volátil. A eficiência de degradação do PCE nos diferentes RHLFs foi alta,

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destacando-se a maior eficiência dos IIn1 (92 %) e dos IIn2 (92 %), quando comparados com In1

(82 %) e In2 (88 %).

Estes resultados comprovam que os isolados obtidos são ativos na degradação do PCE,

além de serem de fácil cultivo, o que viabiliza a maior produção de biomassa, aumentando a

eficiência de degradação do PCE. Contrariamente aos resultados dos inóculos dos PMs (In1 e

In2), onde In2 mostrou uma maior eficiência na degradação do PCE, não houve diferença de

eficiência entre os IIn1 e os IIn2. Esses resultados são importantes, pois mostram a eficiência de

bactérias que ainda não haviam sido relacionadas com a degradação de PCE.

As análises dos PFQs nos diferentes RHLFs mostraram valores semelhantes aos obtidos

nas análises anteriores, ou seja, valores de Eh entre 530 mV e 650 mV e OD entre 8 mg L-1

e

9,5 mg L-1

elevados, caracterizando um ambiente óxico e comprovando que a degradação do PCE

ocorreu em aerobiose.

Em todos os RHLFs avaliados foi confirmada a formação de TCA e TCM ao longo dos

reatores (Figura 23). Os resultados são expressos em percentual de carbono, em relação do total

de carbono inicial do PCE. Este cálculo foi possível, pois o PCE foi a única fonte de carbono

presente nos reatores. No In1, 26 % do carbono total estava na forma de TCM e 6% na forma de

TCA, no In2, 40 % na forma de TCM e 10% na forma de TCA, no IIn1, 28 % na forma de TCM

e 10% na forma de TCA, no In2, 40 % na forma de TCM e 15% na forma de TCA. No total de

C-PCE adicionado inicialmente nos reatores, cerca de 40 % do carbono inicial do In1, 58 % do

In2, 46 % do IIn1 e 63 % do IIn2 foi detectado na forma de TCM e TCA. O restante do C-PCE

foi possivelmente mineralizado a CO2.

O acúmulo de TCA e TCM não havia sido relacionado com a degradação do PCE, tanto

que a presença de TCM é indesejada em ensaios de degradação anaeróbia, pois inibe a via de

descloração redutiva do PCE, bem como de diferentes cloroetenos (BAGLEY; GOSSET, 1995;

MAYMÓ-GATELL; NIJENHUIS; ZINDER, 2001). Em estudos com consórcio microbiano, uma

concentração de 1 mg L-1

de TCM levou à inibição completa da via de descloração redutiva,

sendo também um limitante em ensaios de degradação do PCE por Dehalococcoides ethenogenes

e Dehalospirillum multivorans (MAYMÓ-GATELL; NIJENHUIS; ZINDER, 2001;

NEUMANN; WOHLFARTH; DIEKERT, 1996).

Um ponto importante na aplicabilidade da degradação aeróbia do PCE é o fato de TCM

ser frequentemente detectado em áreas contaminadas com PCE, o que restringe a eficiência da

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descloração redutiva, além da dificuldade de gerar anaerobiose nestes ambientes. A presença de

TCM em áreas contaminadas com PCE pode ser um indicativo de degradação aeróbia deste

contaminante, a qual pode ser estimulada em estudos de biorremediação in situ.

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Figura 22 - Ensaios de degradação do PCE em RHLFs. In1 - RHLF com inóculo do PM1; In2 - RHLF com inóculo do PM2; IIn1 - RHLF com os isolados do In1; IIn2 - RHLF com os isolados do In2; C1 - RHLF sem espuma e sem inóculo; C2 - RHLF com espuma mas sem inóculo

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Figura 23 – Quantificação, em percentual de carbono, dos compostos da via de degradação aeróbia do PCE nos RHLFs. In1 - RHLF com inóculo do PM1; In2 -

RHLF com inóculo do PM2; IIn1 - RHLF com isolados do In1; IIn2 - RHLF com os isolados do In2

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3.10.3 Ensaio de degradação do PCE com células em suspensão

A partir da confirmação da degradação do PCE nos reatores contendos os IIn1 e os IIn2,

outros ensaios foram conduzidos para avaliar a eficiência de cada isolado na degradação do PCE.

Os IIn1 não tiveram eficiência na degradação do PCE quando utilizados separadamente, sendo

que avaliados conjuntamente, a eficiência de degradação do PCE foi de 56 % (Figura 24). Estes

resultados são frequentes em estudos de degradação de diferentes compostos, pois consórcios

bacterianos apresentam uma maior diversidade de enzimas e vias metabólicas, aumentando a

eficiência de degradação (SUYAMA et al., 2002).

Os IIn2 foram mais eficientes do que os IIn1 na degradação do PCE com células em

suspensão, mas a eficiência de modo geral foi baixa (10 % em média), com excessão do I8

(Comamonas sp.), o qual teve uma eficiência de 68 %, enquanto o consórcio apresentou 76 % de

eficiência (Figura 25). Dos estudos de degradação do PCE realizados com bactérias até o

momento, apenas Dehalococcoides ethenogenes apresentou a capacidade de degradar PCE com

formação de compostos não-tóxicos (ETE). Os valores absolutos dos ensaios de degradação do

PCE com células em suspensão podem ser observados no Anexo E.

Diferentes isolados apresentam potencial de degradação do PCE, via descloração redutiva,

como é o caso de Dehalospirillum multivorans, Sporomusa ovata, Dehalobacter restrictus e

Desulfitobacterium sp., mas acumulam cDCE e CV (NEUMANN, A., WOHLFARTH, G.,

DIEKERT, 1996; TERZENBACH; BLAUT, 1994; WILD; HERMANN; LEISINGER, 1996),

enquanto D. ethenogenes acumula ETE (MAYMÓ-GATELL et al., 1997). Já P. stutzeri não

forma nenhum destes compostos por utilizar uma via oxidativa mediada por ToMO. No entanto,

os produtos da via não são conhecidos, pois as análises de degradação do PCE foram feitas pela

quantificação de íons cloreto (RYOO et al., 2000).

Comparativamente, a eficiência de degradação do PCE do consórcio dos IIn1 e dos IIn2

com suspensão em frascos foi menor do que no RHLF (92 %), sugerindo que a degradação é

mais eficiente na presença de biofilmes. Desta forma, pela eficiência do I8In2 em suspensão na

degradação do PCE, o mesmo ensaio foi conduzido em RHLF, com quantificação do PCE, TCA

e TCM, para confirmar se a via de degradação do PCE do I8In2 é a mesma dos consórcios IIn1 e

IIn2.

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Nos ensaios com células em suspensão, os valores de Eh (entre 520 mV e 680 mV), OD

(entre 7,5 mg L-1

e 9,8 mg L-1

), CE (entre 1987 µS cm-1

e 2200 µS cm-1

) e pH (entre 3,3 e 3,8),

foram semelhantes ao obtidos nos demais experimentos.

Figura 24 - Ensaio de degradação do PCE com células em suspensão dos IIn1. IIn1 - frasco com os isolados do In1;

C- - frasco controle com meio, mas sem inóculo; as demais colunas representam os isolados; T0 - tempo

zero; T24 - 24 horas de incubação

Figura 25 - Ensaio de degradação do PCE com células em suspensão dos IIn2. IIn2 - frasco com os isolados do In2;

C- - frasco controle com meio, mas sem inóculo; as demais colunas representam os isolados; T0 - tempo

zero; T24 - 24 horas de incubação

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3.10.4 Avaliação do I8In2 na degradação do PCE em RHLF

Confirmando a maior eficiência de degradação do PCE do IIn1 e IIn2 nos RHLFs, o

experimento com I8In2 também apresentou o mesmo resultado, com uma eficiência de

degradação do PCE de 77 %, sendo que do total de carbono, 54 % foi transformado em TCM e

6 % em TCA (Figura 26), enquanto com células em suspensão a eficiência de degradação do PCE

foi de 68 %. Estes resultados mostram que o isolado I8In2 (Comamonas sp.) é altamente eficiente

na degradação do PCE em condições aeróbias (OD 8,5 mg L-1

e Eh 600 mV).

Figura 26 – Avaliação, em percentual de carbono, da eficiência do I8In2 na degradação do PCE

Este é o primeiro relato da capacidade de Comamonas sp. em degradar PCE. Pesquisas

com C. testosteroni, bactéria mais similar ao I8In2, têm evidenciado a ação de monoxigenases na

degradação de compostos clorados e hidrocarbonetos aromáticos (BEILEN et al., 2003;

LOCHER; LEISINGER; COOK, 1991). A potencialidade de degradação do PCE pela ação de

monoxigenases está relacionada com a degradação aeróbia de clorotrifluoroetileno, pois a

mineralização deste composto foi obtida a partir da ação de pMMo solúvel, purificada de

Methylosinus trichosporium OB3b. Uma vez que o flúor é mais eletronegativo e mais ligado do

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que o cloro, clorotrifluoroetileno, teoricamente, deve ser mais difícil de ser oxidado do que o

PCE. Portanto, é razoável sugerir que monoxigenases possam estar envolvidas na degradação do

PCE (ENSLEY, 1991; McCARTY, 1997; FOX et al., 1990).

Com base nos resultados confirmatórios de degradação aeróbia do PCE nos RHLFs e

possível envolvimento de monoxigenases, ensaios subsequentes utilizando-se um inibidor de

monoxigenases foram conduzidos.

3.10.5 Teste de degradação do PCE na presença de inibidor de monoxigenases

Por alguns anos o PCE foi considerado como não biodegradável na presença de oxigênio.

Mas a degradação aeróbia foi reportada em estudos com P. stutzeri OX1, envolvendo ToMO

(RYOO et al., 2000; SHIM et al., 2001). Esta constatação, como já foi citado anteriormente,

baseou-se na quantificação de íons cloreto, não sendo identificados os produtos da degradação do

PCE. Outros pesquisadores observaram a degradação do PCE em condições aeróbias, mas

sugerem que microssítios anaeróbios promoveram a descloração redutiva do PCE (ENZIEN et

al., 1994).

Alguns fungos são capazes de degradar lignina utilizando sistemas enzimáticos não

específicos como lignina peroxidase, manganês peroxidase e lacase. Estas enzimas utilizam

radicais livres para catalisar a degradação de diferentes poluentes aromáticos (KAMEI; KONDO,

2005; YADAV et al., 1995). No entanto, estudos subsequentes têm demonstrado que o

mecanismo de degradação de alguns poluentes não está relacionado com a produção destas

enzimas, mas sim com oxigenases alternativas, particularmente monoxigenases do tipo citocromo

P-450 (DODDAPANENI; YADAV, 2004; SUTHERLAND et al., 1991).

As enzimas do complexo citocromo P-450 constituem uma heterogênea classe de

hemeproteínas que reduzem o oxigênio molecular para uma espécie coordenada ao Fe que é

prontamente inserida em substratos moleculares. A constatação de que determinados substratos

ao longo do tempo perturbam a biossíntese do grupo heme, reduzindo o nível hepático de

citocromo P-450 em roedores, resultou na descoberta de que citocromo P-450 é inativado durante

o dobramento de olefinas terminais, acetilenos e alenos. O primeiro composto avaliado com

atividade inibitória de citocromo P-450 foi 1-aminobenzotriazole (ABT) (MONTELLANO;

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MATHEWS; LANGRY, 1984; WADA et al., 1968), o qual foi utilizado nos ensaios de

degradação do PCE nos RHLFs.

Os resultados mostraram que nos três RHLFs avaliados, IIn1 (Figura 27), IIn2 (Figura 28)

e I8In2 (Figura 29), ABT inibiu a degradação do PCE, confirmando que a degradação do PCE

nos RHLFs, a partir dos inóculos obtidos de uma área contaminada com PCE, bem como o

isolado similar com Comamonas sp., ocorre aerobicamente, mediada por monoxigenases e com a

formação de TCA e TCM.

As análises dos PFQs nos diferentes RHLFs mostraram valores semelhantes aos obtidos

nas análises anteriores, ou seja, valores de Eh (entre 542 mV e 638 mV) e OD (entre 7,6 mg L-1

e

9,2 mg L-1) elevados, comprovando a via aeróbia de degradação do PCE, com CE entre

1987 µS cm-1

e 2200 µS cm-1

e pH entre 3,3 e 3,8 nos RHLFs sem ABT. Nos ensaios com

inibidor, os valores de Eh (entre 510 mV e 630 mV) e OD (entre 5,0 mg L-1

e 8,0 mg L-1) foram

semelhantes aos do reator sem inibidor, bem como CE (1128 µS cm-1

e 2012 µS cm-1

) e pH entre

3,3 e 3,6.

Os valores absolutos dos ensaios de degradação do PCE nos RHLFs com inibidor de

monoxigenases podem sem observados no Anexo G.

Figura 27 – Ensaio de inibição da via de monoxigenases na degradação do PCE no I8In2 pela adição de 1-

aminobenzotriazole (ABT)

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Figura 28 - Ensaio de inibição da via de monoxigenases na degradação do PCE no IIn1 pela adição de

1-aminobenzotriazole (ABT)

Figura 29 - Ensaio de inibição da via de monoxigenases na degradação do PCE no IIn2 pela adição de 1-

aminobenzotriazole (ABT)

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Este é o primeiro estudo que descreve a degradação aeróbia bacteriana de PCE, via

monoxigenases, e quantifica os compostos formados durante o processo. Resultados semelhantes

foram obtidos em estudos com Trametes versicolor, um cogumelo poliporo encontrado em todo o

mundo, onde o PCE foi degradado formando cloreto de acetil tricloro o qual foi rapidamente

hidrolisado (abioticamente) formando ácido tricloroacético, via já descrita em plantas e animais,

sendo também inibida em experimentos com ABT (MARCO-URREA et al., 2006).

Comparando a eficiência de degradação em diferentes trabalhos, Methanosarcina sp. e

Acetobacterium woodii, em ensaios com microcosmos, degradaram 98 % do PCE (concentração

inicial de 5000 µg L-1

), após 8000 horas, com acúmulo de ETE (FETZNER, 1998), enquanto

microcosmos contendo Sulfurospirillum multivorans e Dehalococcoides ethenogenes degradaram

a mesma concentração inicial de PCE em 4 horas, com acúmulo de CV e ETE após 800 horas de

dehalorespiração, com uma eficiência de 96 % (MAYMÓ-GATELL et al., 1997). T. versicolor

degradou 50 % do PCE após nove dias de incubação em frascos, com uma concentração inicial

de 375 µg L-1

(MARCO-URREA et al., 2006). Em nossos experimentos de degradação, 90 % do

PCE no reator do IIn1, 91 % no IIn2 e 77 % no I8In2 foi degradado após um tempo de retenção

de 12 horas nos RHLFs, com uma concentração inicial de 5000 µg L-1

, com acúmulo de TCA e

TCM.

Desta forma, com este trabalho obtivemos dois consórcios bacterianos, bem como um

isolado similar a Comamonas, com alta eficiência na degradação do PCE, os quais por ação de

monoxigenases degradam PCE a compostos menos tóxicos (TCA e TCM) e de mais fácil

biodegradação do que os intermediários da via de descloração redutiva. Essas bactérias poderiam

ser usadas em reatores de grandes volumes para a remediação de água subterrânea contaminada

com PCE, como alternativa aos métodos físico-químicos tradicionalmente usados.

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CONCLUSÕES

A análise da estrutura das comunidades bacterianas mostrou a seleção de bactérias no In1

e a manutenção da estrutura da comunidade no In2, após cultivo de enriquecimento de nove

meses.

Alphaproteobacteria foi à classe predominante nos RHLFs após cultivo de

enriquecimento.

Os ensaios de degradação do PCE em RHLFs, com In1 e In2, apresentaram alta eficiência

de degradação do PCE, mas não foram detectados os intermediários da via de descloração

redutiva no In1, sendo detectados TCE e cDCE no In2, embora em baixas concentrações.

A varredura de COVs do In1 e In2 permitiu detectar a formação de TCM e TCA durante a

degradação do PCE.

Em todos os ensaios realizados, a eficiência de degradação do PCE foi superior a 90 %,

com tempo de retenção de 12 horas, em condições óxicas.

Dos isolados avaliados na degradação do PCE, I8In2, similar a Comamonas sp., foi o

mais eficiente, degradando 77 % do PCE em 12 horas.

Os testes de inibição com ABT confirmaram que a degradação do PCE é mediada pela

ação de monoxigenases.

Este é o primeiro trabalho que descreve a degradação aeróbia de PCE por bactérias,

mediada por monoxigenases, com produção de TCM e TCA como intermediários dessa via de

degradação.

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APÊNDICES

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138

APÊNDICE A - Detalhes da coluna capilar RTX-VMS

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139

APÊNDICE B - Valores orientadores de PCE, TCE, DCE, CV, TCA e TCM para solo e água subterrânea no estado

de São Paulo (SÃO PAULO, 2011)

Substância CAS nº

Solo

(mg kg-1

de peso seco)1

Água subterrânea

(µg L-1

)

Prevenção Intervenção

Intervenção Agrícola Residencial Industrial

Tetracloroeteno 127-18-4 0,054 4 5 13 40

Tricloroeteno 79-01-6 0,0078 7 7 22 70

cis-1,2-Dicloroeteno 156-59-2 - 1,5 2,5 4 50

Cloreto de vinila 75-01-4 0,003 0,005 0,003 0,008 5

1,1,1-Tricloroetano 71-55-6 - 11 11 25 280

Clorofórmio 67-66-3 1,75 3,5 5 8,5 200 1 Procedimentos analíticos devem seguir SW-846, com metodologias de extração de inorgânicos 3050b ou 3051

ou procedimento equivalente.

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141

ANEXOS

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142

ANEXO A - Curvas dos padrões internos evidenciando a faixa de linearidade do detector. A - PCE; B - TCA;

C - TCM

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ANEXO B - Varredura de COVs do In1

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ANEXO C - Varredura de COVs do In2

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ANEXO D - Valores absolutos dos compostos detectados no ensaio de degradação do PCE em diferentes RHLFs

Amostra Repetição

0 2 6 10 14 18 20

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - L/D - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

PCE TCA TCM PCE TCA TCM PCE TCA TCM PCE TCA TCM PCE TCA TCM PCE TCA TCM PCE TCA TCM

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -µg L-1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

1 4838 < 10 < 5 3025 < 10 < 5 2038 < 10 83 1963 < 10 258 1598 37 1287 1058 210 1987 589 354 2001

In1 2 7025 < 10 < 5 3265 < 10 < 5 2189 < 10 98 1789 < 10 267 1463 69 1156 1039 197 2032 547 267 2105

3 5687 < 10 < 5 3284 < 10 < 5 2182 < 10 102 1657 < 10 233 1389 54 1247 985 243 1953 624 287 2251

1 5897 < 10 < 5 4701 < 10 < 5 2039 < 10 169 1420 54 387 389 189 1687 320 314 2384 204 428 3211

In2 2 5397 < 10 < 5 3800 < 10 < 5 3247 < 10 147 1389 67 369 412 147 1548 283 248 2148 214 469 3187

3 5413 < 10 < 5 3721 < 10 < 5 2198 < 10 138 1217 42 428 458 163 1124 279 310 2143 197 478 3089

1 7183 < 10 < 5 3222 < 10 22 321 < 10 145 116 35 320 55 154 1430 20 320 2150 23 520 2225

IIn1 2 4815 < 10 < 5 3034 < 10 29 681 < 10 168 257 39 348 89 126 1329 48 348 2121 34 480 2300

3 5931 < 10 < 5 3021 < 10 32 1255 < 10 179 441 46 380 137 113 1568 54 356 2098 29 430 2450

1 6001 < 10 < 5 4701 < 10 120 513 49 310 165 123 543 69 329 1800 37 480 2500 30 689 3430

IIn2 2 5488 < 10 < 5 3800 < 10 130 1245 38 328 427 145 578 153 315 1729 72 350 2235 53 693 3300

3 5749 < 10 < 5 3721 < 10 142 1540 57 347 609 195 625 233 389 1323 120 468 2245 57 673 3210

1 4680 < 10 < 5 4670 < 10 < 5 4675 < 10 < 5 4580 < 10 < 5 4574 < 10 < 5 4520 < 10 < 5 4500 < 10 < 5

C1 2 4580 < 10 < 5 4500 < 10 < 5 4480 < 10 < 5 4476 < 10 < 5 4468 < 10 < 5 4448 < 10 < 5 4440 < 10 < 5

3 4321 < 10 < 5 4300 < 10 < 5 4310 < 10 < 5 4305 < 10 < 5 4298 < 10 < 5 4286 < 10 < 5 4285 < 10 < 5

1 4930 < 10 < 5 4931 < 10 < 5 4854 < 10 < 5 4732 < 10 < 5 4530 < 10 < 5 4428 < 10 < 5 4130 < 10 < 5

C2 2 4060 < 10 < 5 4058 < 10 < 5 4038 < 10 < 5 4024 < 10 < 5 4013 < 10 < 5 3831 < 10 < 5 3900 < 10 < 5

3 4122 < 10 < 5 4110 < 10 < 5 4103 < 10 < 5 4094 < 10 < 5 4080 < 10 < 5 4028 < 10 < 5 4025 < 10 < 5

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ANEXO E - Valores absolutos dos compostos detectados no ensaio de degradação do PCE em frascos

Amostra Repetição Tempo 0 (horas) Tempo 24 (horas)

PCE (µg L-1)

I2In1

1 6124 5614

2 4678 4234

3 5110 4525

I3In1

1 6124 5547

2 4678 4184

3 5110 4470

I5In1

1 6124 5641

2 4678 4260

3 5110 4698

I8In1

1 6124 5547

2 4678 4193

3 5110 4758

In1

1 6124 2370

2 4678 1685

3 5110 2400

C-*

1 6124 5410

2 4678 4234

3 5110 4214

I1In2

1 4913 3952

2 5016 3623

3 5016 3664

I2In2

1 4913 3674

2 5016 3100

3 5016 3519

I3In2

1 4913 3416

2 5016 3247

3 5016 3454

I4In2

1 4913 3560

2 5016 3450

3 5016 3500

I5In2

1 4913 3554

2 5016 3366 3 5016 3474

I6In2

1 4913 3529

2 5016 3445

3 5016 3479

I8In2

1 4913 1579

2 5016 1583

3 5016 1548

In2

1 4913 866

2 5016 671

3 5016 685

C-

1 4913 4605

2 5016 4552 3 5016 4523

*Controle negativo - frasco com MM+PCE

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147

ANEXO F - Valores absolutos dos compostos detectados no ensaio de degradação do PCE com o I8In2 em RHLF

Amostra Repetição

0 2 6 10 14 18 20

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - L/D - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

PCE TCA TCM PCE TCA TCM PCE TCA TCM PCE TCA TCM PCE TCA TCM PCE TCA TCM PCE TCA TCM

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -µg L-1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

1 7084 < 10 < 5 3354 < 10 38 2250 44 139 1647 101 349 1543 289 1320 1056 330 2000 867 532 2500

I8n2 2 4987 < 10 < 5 3058 < 10 45 2390 38 132 1598 93 312 1493 223 1202 1278 329 2101 853 529 2620

3 5856 < 10 < 5 3033 < 10 52 2489 32 158 1897 94 367 1402 242 1240 1340 371 2032 897 510 2430

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148

ANEXO G - Valores absolutos dos compostos detectados no ensaio de degradação do PCE em diferentes RHLFs com inibição da via de monoxigenases

Amostra Repetição

0 2 6 10 14 18 20

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - L/D - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

PCE TCA TCM PCE TCA TCM PCE TCA TCM PCE TCA TCM PCE TCA TCM PCE TCA TCM PCE TCA TCM

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -µg L-1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

1 7183 < 10 < 5 3222 < 10 22 321 < 10 145 116 35 320 55 154 1430 20 320 2150 23 520 2225

IIn1_ABT- 2 4815 < 10 < 5 3034 < 10 29 681 < 10 168 257 39 348 89 126 1329 48 348 2121 34 480 2300

3 5931 < 10 < 5 3021 < 10 32 1255 < 10 179 441 46 380 137 113 1568 54 356 2098 29 430 2450

1 5632 < 10 < 5 5547 < 10 < 5 5187 < 10 < 5 5097 < 10 < 5 5095 < 10 < 5 5048 < 10 < 5 5037 < 10 < 5

IIn1_ABT+ 2 5547 < 10 < 5 5489 < 10 < 5 5153 < 10 < 5 5069 < 10 < 5 5037 < 10 < 5 5012 < 10 < 5 4987 < 10 < 5

3 5698 < 10 < 5 5641 < 10 < 5 5487 < 10 < 5 5347 < 10 < 5 5279 < 10 < 5 5159 < 10 < 5 5098 < 10 < 5

1 6001 < 10 < 5 4701 < 10 120 513 49 310 165 123 543 69 329 1800 37 480 2500 30 689 3430

IIn2_ABT- 2 5488 < 10 < 5 3800 < 10 130 1245 38 328 427 145 578 153 315 1729 72 350 2235 53 693 3300

3 5749 < 10 < 5 3721 < 10 142 1540 57 347 609 195 625 233 389 1323 120 468 2245 57 673 3210

1 6025 < 10 < 5 5879 < 10 < 5 5712 < 10 < 5 5647 < 10 < 5 5589 < 10 < 5 5547 < 10 < 5 5540 < 10 < 5

IIn2_ABT+ 2 5741 < 10 < 5 5632 < 10 < 5 5478 < 10 < 5 5389 < 10 < 5 5347 < 10 < 5 5243 < 10 < 5 5201 < 10 < 5

3 5268 < 10 < 5 5178 < 10 < 5 5047 < 10 < 5 5098 < 10 < 5 5018 < 10 < 5 4968 < 10 < 5 4936 < 10 < 5

1 7084 < 10 < 5 3354 < 10 38 2250 44 139 1647 101 349 1543 289 1320 1056 330 2000 867 532 2500

I8In2_ABT- 2 4987 < 10 < 5 3058 < 10 45 2390 38 132 1598 93 312 1493 223 1202 1278 329 2101 853 529 2620

3 5856 < 10 < 5 3033 < 10 52 2489 32 158 1897 94 367 1402 242 1240 1340 371 2032 897 510 2430

1 5897 < 10 < 5 4701 < 10 < 5 4854 < 10 < 5 4732 < 10 < 5 4687 < 10 < 5 4598 < 10 < 5 4586 < 10 < 5

I8In2_ABT+ 2 4890 < 10 < 5 4868 < 10 < 5 4765 < 10 < 5 4762 < 10 < 5 4698 < 10 < 5 4631 < 10 < 5 4529 < 10 < 5

3 4815 < 10 < 5 4789 < 10 < 5 4852 < 10 < 5 4781 < 10 < 5 4700 < 10 < 5 4638 < 10 < 5 4575 < 10 < 5