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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS – I
CURSO DE PEDAGOGIA
ITANA NASCIMENTO CLEOMENDES DOS SANTOS
O ENSINO DE GEOGRAFIA NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL: REFLEXÕES SOBRE A EXPERIÊNCIA
Salvador 2012
ITANA NASCIMENTO CLEOMENDES DOS SANTOS
O ENSINO DE GEOGRAFIA NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL: REFLEXÕES SOBRE A EXPERIÊNCIA
Monografia submetida à Licenciatura Plena em Pedagogia do Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia, em cumprimento parcial de avaliação para conclusão do curso.
Orientação: Prof.a Dra. Marcea Andrade Sales
Salvador 2012
FICHA CATALOGRÁFICA
Sistema de Bibliotecas da UNEB
Santos, Itana Nascimento Cleomendes dos
O ensino de geografia na perspectiva da educação ambiental: reflexões sobre a experiência /
Itana Nascimento Cleomendes dos Santos . – Salvador, 2012.
64f.
Orientadora: Profª .Drª.Marcea Andrade Sales.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade do Estado da Bahia.
Departamento de Educação. Colegiado de Pedagogia. Campus I. 2012.
Contém referências e apêndice.
1. Geografia - Estudo e ensino. 2. Educação ambiental. 3. Ecologia. 4. Meio ambiente.
I. Sales, Marcea Andrade. II. Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação.
CDD: 910
ITANA NASCIMENTO CLEOMENDES DOS SANTOS
O ENSINO DE GEOGRAFIA NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL: REFLEXÕES SOBRE A EXPERIÊNCIA
Monografia submetida à Licenciatura Plena em Pedagogia do Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia, em cumprimento parcial de avaliação para conclusão do curso. Orientação: Profª. Dra. Marcea Andrade Sales
Aprovado em: _____/_____/2012 BANCA EXAMINADORA
Professora orientadora Dra. Marcea Andrade Sales - UNEB
Professora Ms. Ana Lago Castro - UNEB
Professor Ms. Helmut Muller - UNIJORGE
Salvador
2012
DEDICATÓRIA
Dedico às pessoas que conferem à Educação a
possibilidade de um futuro melhor, que se
preocupam com as questões de relevância
ambiental e, com isso, propagam experiências e
novas aprendizagens.
AGRADECIMENTO
Agradeço primeiramente a Deus, pela minha vida e pela vida de todos que
cooperaram direta e indiretamente para que fosse possível o desenvolvimento
desse trabalho, pela força, por estar sempre comigo em todos os lugares por
onde passei e pelo término do curso.
Aos meus pais, que me apoiaram sempre, por sonharem comigo, pelo
investimento em todos os sentidos e por proporcionarem um lugar para o qual eu
posso sempre voltar, me abrigar e chamar de meu lar.
Às minhas irmãs que dividiram comigo as experiências que vivi durante a
graduação, sempre prontas a me ouvir e me orientar.
A minha orientadora por sua atenção, suas observações e suas valiosas
sugestões; por seu apoio, acompanhamento, solidariedade, conhecimento e
experiência sem os quais não seria possível a realização desse trabalho.
Agradeço também pela sua dedicação e comprometimento; exemplo de
profissional e por sempre acreditar no meu trabalho.
A professora Ana Lago, por sua atenção e seu apoio.
A todo o corpo docente e técnico do Departamento de Educação.
Às escolas públicas e a todo o seu corpo administrativo - direção,
coordenação, professores e funcionários envolvidos nesse trabalho, pela
gentileza e boa vontade em me receber para a realização das tarefas solicitadas
pelas professoras das disciplinas de Estágio Supervisionado no decorrer dos
semestres.
Aos alunos dessas escolas que com o seu entusiasmo, curiosidade e
solidariedade, cooperaram para o desenvolvimento das atividades que
compuseram o trabalho.
Ao Programa de Iniciação Cientifica Picin/UNEB pela bolsa de Iniciação
Científica, no 5º semestre, que permitiu maior tempo de amadurecimento para
com o tema.
Aos professores e alunos colegas do Departamento de Educação, que
fizeram parte da pesquisa, sem os quais não seria possível o desenvolvimento
completo da pesquisa, em especial a colega Marlúcia pela parceria em todos os
estágios, Anaide e Lucineide com o apoio para o TCC.
Tudo começa com o sentimento. É o sentimento
que nos faz sensíveis ao que está à nossa volta,
que nos faz gostar ou desgostar. É o
sentimento que nos une às coisas e nos envolve
com as pessoas. É o sentimento que produz
encantamento face à grandeza dos céus, suscita
veneração diante da complexidade da Mãe-Terra
e alimenta enternecimento face à fragilidade de
um recém-nascido. É o sentimento que torna
pessoas, coisas e situações importantes para nós.
Esse sentimento profundo, repetimos, chama-se
cuidado. Somente aquilo que passou por uma
emoção, que evocou um sentimento profundo e
provocou cuidado em nós, deixa marcas
indeléveis e permanece definitivamente.
BOFF, 2001.
RESUMO
A Educação Ambiental (EA) tem como um dos seus objetivos contribuir para que o homem assuma uma postura ecológica diante do que julga ambiente. Adotá-la como base preponderante para o auxílio das metodologias de ensino, certamente pode possibilitar a formação do sujeito ecológico na contemporaneidade. A partir dessa compreensão, busquei compreender a trajetória da ciência geografia e as formulações para o ensino de Geografia que, hoje, contribui diretamente com as discussões ambientais. A questão ambiental está presente em todos os espaços sociais, assumindo maior discussão em espaços de formação social como os escolares, por exemplo. O ensino contemporâneo tem demandado a construção de novos conceitos, contextualizados, principalmente, no âmbito social em que a criança vive, tendo em vista favorecer atitudes e comportamentos voltados a qualidade de vida em sociedade. Diante dessa compreensão, nessa pesquisa tive como objetivo investigar as contribuições do ensino da Geografia para crianças e sua articulação com Educação Ambiental. A pesquisa foi realizada a partir de observações diretas - ora participante, ora não -, e de aplicação de questionários com questões fechadas e abertas. As observações foram feitas nos Estágios Supervisionados, em escolas da rede pública de ensino no entorno do bairro do Cabula, envolvendo seus professores e estudantes da Licenciatura em Pedagogia do Departamento de Educação do Campus I da Universidade do Estado da Bahia – DEDC I/UNEB. Na análise de dados, foi possível perceber que, apesar de demonstrarem o conhecimento acerca da articulação entre o ensino de Geografia e a Educação Ambiental, professores e estudantes não têm feito essa articulação. O processo da pesquisa me levou a procurar conhecer novas metodologias de trabalho no ensino da geografia e ampliar os espaços de aprendizagem para além da sala de aula, tomando como base conteúdos que abordem as questões sociais e ambientais que discutam aspectos relacionados ao contexto histórico da Geografia e da E. A.
Palavras-chave: Ensino de Geografia, Educação Ambiental, Sujeito Ecológico.
ABSTRACT
The Environmental Education (EE) has as one of its goals to contribute to human attitude what he supposes to be his ecological environment. Representing a main basis for supporting education methodologies, it can certainly facilitate the formation of the ecological self in contemporary society. From this point of view, I tried to understand the history of geographical science and its implications for geography lecturinhg which contributes to environmental discussions. The environmental issue is present in all social contexts, taking a broader discussion in school, for example. Contemporary education has demanded the construction of new concepts in this context, especially in the social sphere of children, in order to promote attitudes and behaviors to improve live quality. Given this understanding, this research propose to investigate contributions of teaching geography to children and their articulation with Environmental Education. The survey was conducted from direct observations - sometimes participating, sometimes not - and questionnaires with closed and open questions. The observations were made in Supervised Internships in public schools teaching in the vicinity of neighborhood of Cabula involving their teachers and students of Pedagogy of the Department of Education Campus I, University of Bahia - DEDC I / UNEB. In data analysis, it was revealed that, although they showed knowledge about the link between teaching of Geography and Environmental Education, teachers and students didn´t do the link. The research process led me to try to gain new work methodologies in the teaching of geography and to enlarge the area of learning beyond the classroom, based on content that address the social and environmental issues to discuss conections between historical context of Geography andE. A.
Keywords: Teaching Geography, Environmental Education, Ecological Subject.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CFB Constituição Federal do Brasil
EA Educação Ambiental
LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
MEC Ministério da Educação e Cultura
ONU Organizações das Nações Unidas
PCN Parâmetros Curriculares Nacionais
PIEA Programa Internacional de Educação Ambiental
PNMA Política Nacional do Meio Ambiente
PNUMA Programa das Nações Unidas Para o Meio Ambiente
UNESCO Organizações das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 09
1 DISCUSSÃO TEÓRICA ..................................................................................... 12
1.1 Sobre o Ensino de geografia ........................................................................12
1.2 Sobre a Educação Ambiental e a Formação do Sujeito Ecológico .............. 15
1.3 As contribuições da Geografia para a Educação Ambiental ....................... 25
2 EXPERIÊNCIAS DE ENSINO E PESQUISA ..................................................... 28
2.1 O buzú ............................................................................................................ 28
2.2 Os Estágios Supervisionados......................................................................... 30
3 CAMINHOS DA PESQUISA ............................................................................. 39
4 REFLEXÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO SOBRE OS RESULTADOS DA
PESQUISA ............................................................................................................... 44
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 54
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 57
APÊNDICE A- ............................................................................................................. I
APRESENTAÇÃO
A presente pesquisa derivou de inquietações surgidas ao longo do meu percurso
pessoal, profissional e acadêmico que, de uma maneira ou de outra, sempre me
fez refletir sobre as questões ambientais nos espaços educativos.
Estudos sobre a relação homem-natureza, feitos em trabalhos pontuais e, muitas
vezes, sem continuidade, não têm dado conta da urgente necessidade de se
re/pensar as questões sobre a relação sociedade e ambiente. Por isso, busquei
investigar as possíveis articulações entre a Educação Ambiental e o ensino de
Geografia para crianças na educação básica, considerando o caráter
interdisciplinar desse ensino.
No ensino da Geografia espera-se posicionamento crítico diante do contexto
vivido, servindo de base para reflexão e análise sobre nosso cotidiano. Assim,
acredito que uma das suas funções seja contribuir para desvendar a realidade
social em que vivemos.
A partir das minhas experiências com o ensino de Geografia na Licenciatura em
Pedagogia, procurei ampliar os espaços de aprendizagem para além da sala de
aula, tomando como base conteúdos que abordam questões sociais e ambientais
de relevância comunitária, utilizando o contexto histórico de seu ensino, para
investigar as possíveis articulações desse ensino com a questão ambiental.
O crescimento populacional e o desenvolvimento industrial têm gerado a
necessidade de ampliar a produção de bens de consumo e isso nos remete à
preocupação com a relação homem-natureza. A Revolução Industrial acelerou o
processo de fabricação desses bens e forjou o modelo de economia liberal,
favorecendo o consumismo de produtos industrializados. Além disso, a sociedade
em geral pouco se preocupou com o ambiente. Essa Revolução também ampliou
a capacidade do homem de intervir na natureza, principalmente, na apropriação
dos recursos naturais. Tais questões têm levado as sociedades a se preocuparem
com o esgotamento dos recursos naturais, principalmente os não renováveis.
10
A relevância desse estudo está na sua abrangente preocupação, não tão somente
educacional como também social. O ensino de geografia vê reduzido seu caráter
classificatório e memorístico, tendo em vista sua discussão teórica e conceitual
que fundamenta sua reflexão e subsidia a formação de conceitos relacionados ao
aprendizado em complexos processos sociais. Dentro desses conceitos destaco o
espaço geográfico, objeto de estudo da Geografia, que deve ser discutido no
processo de ensino e aprendizagem, principalmente, no que diz respeito aos
cuidados necessários com o ambiente.
Uma das proposições para o ensino dessa ciência é a de apresentar o mundo e
tudo que nos cerca. Esta é uma das principais contribuições do ensino de
geografia para as crianças na Educação Ambiental que favorece o
desenvolvimento de um ser crítico a partir da sua prática social no meio em que
vive.
Ao buscar aproximar o ensino de Geografia com a temática da Educação
Ambiental, compreendi que o meio ambiente – elemento natural e social
conjuntamente – está presente nessa ciência, o que lhe confere o mérito de tratar
o meio ambiente de modo mais integralizante. Essa é uma das possibilidades
para o trabalho pedagógico transdisciplinar que permite ao aluno seu
desenvolvimento cognitivo. Sendo assim, o ensino de Geografia contribui para a
Educação Ambiental, quando se constitui um auxilio temático em sala de aula no
que se refere aos conhecimentos dos conceitos básicos aos mais complexos da
disciplina.
Nessa pesquisa pretendi identificar as contribuições do ensino de Geografia para
crianças a partir da sua articulação com a Educação Ambiental. Para isso,
busquei compreender o processo histórico da sistematização da Geografia;
estabelecer relações entre o ensino de Geografia e a Educação Ambiental no
espaço escolar e compreender de que modo os conteúdos da Geografia e
assunção desses valores podem contribuir de forma harmoniosa na relação
homem x natureza.
A Educação Ambiental surgiu com propósitos de reconhecer o papel da
sociedade no mundo. Refletir sobre a temática pode nos levar à re/descobrir
11
maneiras de lidar com o ambiente de modo que nossas ações não sejam
prejudiciais ou maléficas ao meio em que nós vivemos. Ao destacar a importância
da Educação Ambiental para o processo de formação da cidadania, senti a
necessidade de investigar conteúdos e metodologias de ensino que proporcionem
estudos, reflexões e ações que possam contribuir para uma melhor qualidade de
vida, dentro e fora da escola.
Para esse trabalho foi fundamental ler autores como Andrade (1993), Segura
(2001), Straforini (2004), Carvalho (2008), Oliveira (2005), dentre muitos outros.
Analisei, também, os dados da pesquisa de campo a partir de leituras como Lei
das Diretrizes e Bases da Educação de 1996, Parâmetros Curriculares Nacionais
(1997), Constituição de 1988, a Política Nacional do Meio Ambiente, Lei 6938/81
(PNMA, 1981), Parecer 226/87. Estive atenta aos caminhos da EA na nossa
legislação e, por outro lado, o contexto histórico do ensino de Geografia, para
assim verificar as possíveis articulações desse ensino na questão ambiental. Li,
ainda, sobre o contexto histórico da Geografia, para compreender as possíveis
articulações do ensino da Geografia com a Educação Ambiental.
O trabalho está organizado em quatro capítulos. No primeiro discuto o contexto
sócio-histórico do ensino de geografia e a sua responsabilidade social diante das
questões sócio-ambientais; abordo a evolução da Educação Ambiental, frente a
formação do sujeito ecológico - a aposta de novas atitudes e posturas ambientais.
Discorro, também, sobre a importância do currículo e suas contribuições para
formação de atitudes e posturas propositivas frente às questões ambientais
atuais.
No segundo apresento o desenvolvimento da pesquisa em meio as experiências
no meu cotidiano; estudos durante a Iniciação Científica e ao longo dos Estágios
Supervisionados - momentos em que percebi melhor a importância da Educação
Ambiental no desenvolvimento das crianças. No terceiro apresento a metodologia
adotada para o processo da pesquisa. No quarto exponho os dados e faço sua
análise a partir do questionário aplicado durante a pesquisa.
Procurei, assim, discutir situações de natureza didática e pedagógica que podem
contribuir na melhoria e significação do processo de ensino e aprendizagem, no
que diz respeito ao ensino de geografia relacionado às questões ambientais.
12
1 DISCUSSÃO TEÓRICA 1.1 Sobre o Ensino de geografia
Há um enorme labirinto com múltiplas entradas e diversas saídas. Um labirinto maravilhoso dotado de possibilidades diversas e ainda assim, por vezes, aparenta para muitos estar fechado sobre si mesmo. Sobre coelhos e cartolas. Fernandes, 2003
Os períodos de conflito vividos pelas sociedades nos permitem, cotidianamente,
refletir sobre as atitudes e valores que devem ser tomadas diante do Planeta.
Nesse mesmo contexto, surgem debates em torno de medidas e relações a se
desenvolver que podem ser adotadas, tanto para minimizar, quanto para
sensibilizar a sociedade no intuito de que ela possa refletir sobre seus atos e que
possam passar a ter outras posturas em relação a natureza e ao meio em que
vivem.
Entre as medidas e relações a serem desenvolvidas encontramos as reflexões
feitas no campo da Geografia no que diz respeito ao seu ensino e a natureza do
conhecimento científico, possibilitando novas orientações para as pesquisas e
novos caminhos metodológicos, a serem praticados em sala. Ao analisar a
trajetória da Geografia é possível perceber as alterações nos seus conceitos e no
que lhe é conferido como propósitos do seu ensino e estudo.
Isso foi possível perceber através do meu cotidiano, nas pesquisas para Iniciação
Cientifica e nos Estágios Supervisionados. Porém, ainda hoje é notória a
dificuldade de se aplicar e atingir todas as finalidades desse ensino. Nos adverte
Moraes (2003) que alguns autores ainda definem a Geografia como o estudo da
superfície terrestre, apoiada no significado etimológico da palavra Geografia –
descrição da Terra. Nessa perspectiva, caberia ao estudo geográfico descrever
todos os fenômenos manifestados na superfície do planeta.
Por muito tempo a Geografia foi compreendida como ciência empírica, baseada
nas observações que se pode ter na superfície da Terra. Foi, também, a ciência
que provocou inquietações no homem e promoveu as especulações acerca do
formato da terra, o que contribuiu para os relatos das “grandes navegações”. Esse
13
designo dado a Geografia permaneceu até o final do século XVIII, momento em
que a Geografia não era institucionalizada. Conforme Moraes (2003, p. 40)
A sistematização do conhecimento geográfico só vai ocorrer no início do século XIX, a partir de pressupostos que impulsionam o homem na apropriação de domínios espaciais e, consequentemente, na constituição do sistema capitalista, o que provocou mudanças na relação do homem com a natureza.
Estes pressupostos originam rupturas no modo de pensar da sociedade em
relação à natureza ou da sua interrelação e, foram dando subsídios para a
composição de uma nova Geografia que estude ou tenha como objeto de estudo
a interrelação desenvolvida pelo homem-natureza.
Na descoberta da interrelação homem-natureza sempre tivemos quem tentasse
tirar proveito de alguma forma, o que tem impulsionado o desenvolvimento
econômico, desconsiderando, muitas vezes, as questões ecológicas e sociais. Em
contrapartida temos outra perspectiva, denominada crítica, que objetiva o
conhecimento da Geografia a partir de análises das práticas sociais e do contexto
espacial. Essa quebra de paradigmas permitiu fazer outras formulações a cerca
da nossa realidade e da própria existência, repensando a relação homem-
natureza.
Os embates teóricos são muito e constantes, principalmente por parte dos
especialistas que continuam em busca de caminhos que conduzam a uma melhor
interpretação do espaço produzido e de uma mais perfeita aplicação de teorias as
mais diversas à análise da sociedade e da natureza. A Geografia, desse modo,
para Andrade (1993), sai ou atravessa a crise enriquecida.
Vesentini (1992, p. 51 apud Straforini, 2004, p. 64), em texto publicado
originalmente em 1980, foi categórico ao afirmar que “a crise atual da Geografia é
indissociável da crise da escola”. Moraes (2003, p. 103) também assinala que,
há uma crise de fato da Geografia tradicional, e esta enseja a busca de novos caminhos, de nova linguagem, de novas propostas, enfim, de uma liberdade maior de reflexão e criação.
As certezas ruíram, desgastaram-se.
14
O ensino de Geografia não é mais aquele que apoiado no seu significado
etimológico, descreve a Terra, mas ele vai além disso e contribui para as relações
a se desenvolverem entre a Terra e aqueles que nela habitam.
Andrade (1993), declara a importância da articulação das ciências especialmente
da Geografia, aqui tratada, para as práticas sociais, enfatizando, com isso que
esse conhecimento está permanente em nosso cotidiano e, dessa forma, da sua
necessidade em ser apresentados aos nossos alunos. Porém, antes de expor aos
alunos os conteúdos específicos do ensino de Geografia é preciso saber o seu
significado.
Indagamos, então, o que seria a Geografia e qual o seu objeto de estudo? As
opiniões ao longo dos séculos e estudos variaram muito,
Inicialmente o conhecimento geográfico era eminentemente prático, empírico, limitava-se a catalogar e a cartografar nomes de lugares, servindo aos exércitos que avançavam em regiões vizinhas para que o fizessem com mais segurança e em direção aos pontos estrategicamente estabelecidos. Servia também aos governos que organizavam a administração e a divisão administrativa de países e impérios; aos comerciantes que acrescentavam aos nomes dos lugares indicações sobre as possibilidades de produção de determinadas áreas, com informações sobre os principais produtos que poderiam ser aí explorados e da força de trabalho disponível. A discussão de seu caráter científico e o seu relacionamento com as ciências irmãs, como a Astronomia, a Geodésia, a Geofísica etc., foi se desenvolvendo à proporção que os navegadores necessitavam de maior segurança para as suas viagens e os exploradores precisavam descobrir minérios, sobretudo preciosos, ou localizar áreas que pudessem ser utilizadas na produção de gêneros agrícolas disputados pelo mercado europeu (ANDRADE, 1993, p.12).
Temos, então, a necessidade de se despertar para uma consciência ambiental e
a possibilidade da formação de um sujeito social com novos interesses acerca da
natureza, o qual passe a criar e tomar novas atitudes pelos princípios e políticas
de sustentabilidade. Deste modo, se fazem necessários os conceitos e as
definições geográficas para situarmos o centro da problemática ambiental e
educacional, tomando como exemplo o estudo e conceito de espaço.
Amorim (2004), propondo uma Geografia militante, nos diz que é preciso lutar por
uma sociedade mais justa e ecologicamente correta que critique a proposta de
15
uma Geografia Tradicional que mantém formulações baseadas muitas vezes em
equívocos e repetições.
Acredito que é preciso que se conheça a Geografia preventiva, (Wettstein, 2005)
que significa uma espécie de auxilio no que diz respeito às questões ambientais,
quando a mesma delineia disposições futuras através de anúncios de sinais
presentes para o Planeta ou para a sociedade. Isso só se faz possível quando se
ensina ou se estuda a Geografia em sua totalidade e, consequentemente, será
possível o seu desenvolvimento e conhecimento das suas contribuições no
âmbito educacional e social.
Muitos foram, e ainda são, os desdobramentos atribuídos ao ensino da Geografia,
o que, não deve retirar seus méritos de ciência rica que nos ajuda a entender a
origem, significado das coisas e o comportamento dos seres humanos em face de
tudo o que é conferido natural.
Percebemos os limites da sua abordagem, por exemplo, em relação às questões
ambientais que, de maneira superficial, tentavam imprimir nos alunos o
sentimento de pertencimento do mundo e, portanto de cuidado para com ele. Foi
justamente a partir do olhar e da necessidade de uma Geografia crítica e
humanística que me baseei para desenvolver essa pesquisa.
A questão a cerca da problemática ambiental, aqui tratada a partir da Educação
Ambiental (E.A), passou a ser discutida no final do século XX e, atualmente, é
centro de seminários, palestras, congressos, oficinas e conferências. Isso também
tem sido fruto de pesquisas e estudos de especialistas no que diz respeito à
formação de professores e suas experiências em torno de pesquisas de campo e
desenvolvimento de projetos e programas institucionais o que vem corroborar e
justificar essa pesquisa monográfica.
1.2 Sobre a Educação Ambiental e a Formação do Sujeito Ecológico
A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais dos nossos valores, instituições e modos de vida. Carta da Terra
16
A Educação Ambiental surgiu de uma concepção tradicional naturalista.
Atualmente tem-se tentado superar a dicotomia entre a sociedade e ambiente,
apoiada em um pensamento ecológico que não mais caracterize o meio ambiente
como sinônimo de natureza intocável e estática, mas como espaço de
compartilhamento, de intensa interelação entre a cultura, a sociedade e o meio
ambiente. Esses pressupostos consideram o meio ambiente como espaço
integralizante em que a presença humana não é algo desassociado dele, visto
como agente intruso da ordem natural do Planeta. Adverte Freire (1975, apud
Oliveira, 2000, p. 80) que “não há [...] possibilidade de dicotomizar o homem do
mundo, pois que não existe um sem o outro”.
Assim, é possível dizer que surge um novo olhar, quanto a relação entre o ser
humano e a natureza, não mais de perda entre alguma das partes ou entre
ambas. Esse novo desdobramento que tem tomado o vínculo entre natureza e
sociedade, não tem modificado somente o pensamento, mas também os
conceitos que a eles se aplicam.
Nos primórdios de sua existência, o homem procurou se estabelecer de modo a
garantir uma sobrevivência segura. Segundo Oliveira (2000, p. 67-68),
De início, associando-se em grupos, como forma de defesa e autopreservação, garantiam sua sobrevivência como caçadores/coletores de bens e recursos que o ambiente propiciava. Tais agrupamentos caracterizavam-se, a princípio, por bandos numerosos e indistintos de pessoas “selvagens” e indisciplinados, que constituíam verdadeiras hordas. Nômades, se deslocavam pelas pradarias e campos, aprendendo e apreendendo da natureza os meios que o habitat lhes provia. Inteiramente dependentes da disponibilidade de recursos que o meio físico- natural lhes propiciava encontravam na organização do grupo a segurança de apropriação do espaço, de alimento e do abrigo.
Conforme iam explorando os ambientes iam aprendendo e desenvolvendo novas
habilidades e novas ferramentas, que atendiam as suas novas necessidades,
passando a desenvolver técnicas e aperfeiçoar instrumentos primordiais,
adaptando essas aptidões aos mais variados; climas, espaços, permitindo o início
da dominação do homem sobre o Planeta.
17
Essa apropriação de técnicas e dos recursos a sua volta, permitiu ao homem
construir uma rede de relacionamentos com normas, divisão de trabalho e mais
tarde nas formulações de regras e condutas que iriam definir a organização
social. Isso resultou em uma nova forma de interação homem-natureza, frente a
isso também um novo condicionamento de entender o papel de ambos na ordem
natural do Planeta. Portanto,
As relações, de mútua dependência, características das interações homem/meio, surgem assim, como elemento de fundamental significância para o estabelecimento de uma lógica referencial que permita abordagens consequentes das questões ambientais pela educação. Os parâmetros básicos para permitir tal intento encontram elementos chaves para sua definição no processo de apropriação de recursos da natureza, por indivíduos, grupos ou segmentos sociais (OLIVEIRA, 2000, p.84).
Desse modo, surgem as representações sociais, que tem na sua função
específica a contribuição para os processos de instauração de condutas e de
conceber as comunicações sociais. Representações essas que “equivalem a um
conjunto de princípios construídos interativamente e compartilhados por diferentes
grupos que através delas compreendem e transformam sua realidade”.
(REIGOTA, 2002, p.70).
Estamos, portanto remontando a história do surgimento do próprio homem, para o
mundo, que envolvem complexas e múltiplas relações. Entre essas complexas e
múltiplas relações se encontram as discussões acerca da Educação Ambiental
para as crianças e para os jovens, muitas vezes, vista como uma das maneiras
mais eficazes ou imediatas de reparar ou prevenir os eventuais hábitos
considerados “condenáveis”. Para Cascino (1999, p. 52):
Educar crianças, educar jovens, educar. Mais que uma tarefa, mais que militância política, trabalho, dedicação. Criar planos de ação, considerar conceitos, teorias, reflexões, interações do desejo, da necessidade e da possibilidade, usar o bom senso, o senso de limites, repensar os espaços e as tarefas educacionais, formais e não formais, enfim, repensar currículos.
18
A origem da Educação Ambiental e da formação do sujeito ecológico se deu
mediante a o ecologismo que, mais que uma ciência ecológica, é um conjunto de
ações políticas inspiradas pelo desejo de ver uma relação mais harmoniosa entre
sociedade e ambiente. Assim, perante a um olhar socioambiental, a interação que
o homem tem com a natureza nem sempre é uma relação maléfica ou prejudicial.
Nesse caso, poderíamos imaginar uma relação de ganho para a relação
sociedade – ambiente. Isso propõe um novo pensar para a questão ambiental, de
não somente perda na interação exercida do homem com o meio ambiente, mas
de troca, do enriquecer mediante a uma ação saudável do homem quanto à
natureza e o meio em que vive. A Educação Ambiental é, portanto, parte do
movimento ecológico. Surge exatamente da preocupação da sociedade com o
futuro da vida e com a qualidade da existência das presentes e futuras gerações.
Por volta da década de 70, no Brasil, surgiram debates em prol do futuro do meio
ambiente. No entanto, as discussões e as preocupações com o rumo que o futuro
do planeta estava tomando de inicio eram frutos das pressões a nível mundial, em
meio as questões ambientais. Fruto disso foram criadas instituições
governamentais para conduzir questões relacionados a questão ambiental e a
tornar viável a abertura de capital. Portanto, estava explícito que a disposição
para os aspectos econômicos ainda predominava em detrimento dos valores e de
preocupações reais com as questões ambientais.
A partir do segundo momento da história da Educação Ambiental que ela surge
ou se transforma em uma proposta educativa a qual dialoga, com suas tradições,
teorias e saberes. Porém se torna de conhecimento público nas décadas de 80 e
90 do século passado, com o avanço da consciência ambiental.
Leandro (2008) esclarece que, a partir da década de 80, o Brasil seguindo as
recomendações da UNESCO (Organizações das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura) PNUMA (Programa das Nações Unidas Para o
Meio Ambiente), incorporou a terminologia “ambiental” no ensino formal, desde o
fundamental ao ensino de pós graduação (in MEDEIROS, 2008, p.143).
A Educação Ambiental é entendida por Cascino (1999, p.37) como “a realização
de atividades voltadas a formação de uma consciência ambientalista estrita,
conservacionista e/ ou preservacionista”. Para o autor, a EA é compreendida
19
como um momento da educação que privilegia uma compreensão dos ambientes
de maneira não excludente, não maniqueísta. Portanto relação democrática que
respeita o indivíduo e o grupo. Segundo Dias (2004, p. 98):
A evolução dos conceitos de EA esteve diretamente relacionada à evolução do conceito de meio ambiente e ao modo como este era percebido. O conceito de meio ambiente, reduzido exclusivamente a seus aspectos naturais, não permitia apreciar as interdependências nem a contribuição das ciências sociais e outras à compreensão e melhoria do ambiente humano.
Enfim, a Educação Ambiental teria na exploração conceitual muito a desenvolver
no campo da investigação. Ao estabelecer tal base, recorro a Carvalho (2008, p.
65) para quem
O modo ideal de ser e viver é estar orientado pelos princípios do ideal ecológico [...] um novo estilo de vida, com modos próprios de pensar o mundo e, principalmente de pensar a si mesmo e a relação com os outros neste mundo é o que ela chama de sujeito ecológico.
Mas afinal, quem é esse sujeito ecológico? O que ele faz para ser identificado
assim? Esse sujeito ecológico, segundo Canclini (2008), tem como cenário o
mundo o qual tem como crítica a forma de organização e visão errônea que temos
do nosso próprio jeito de ser e viver, sobre a acumulação de bens materiais, no
qual vale mais ter do que ser.
A partir de meados do século passado graves problemas de ordem social,
econômica e ecológica vieram se avolumando face à exacerbada exploração dos
recursos naturais, resultante do avanço científico e tecnológico, do
desenvolvimento alcançado.
Essas circunstâncias tornaram-se favoráveis a iniciativas particulares e universais
que desencadearam uma sucessão de reuniões e conferências internacionais que
procuravam resolver a crise ambiental instaurada no mundo. Dentre essas
destacam-se a Conferência de Estocolmo (1972), a Conferência de Tbilisi (1977)
e a Rio-92 (1992), acontecimentos decisivos para o desenvolvimento da
Educação Ambiental.
20
Nesse momento surgiram opiniões contrárias. Sachs (2002) comenta que a
primeira considerava que as preocupações com o meio ambiente eram
descabidas, pois atrasariam e inibiriam os esforços dos países em
desenvolvimento rumo à industrialização para alcançar os países desenvolvidos.
A prioridade deveria ser dada à aceleração do crescimento (SACHS, 2002, p.50-
51). Os debates consideravam que os movimentos negativos produzidos durante
esse período poderiam ser neutralizados posteriormente, quando os países em
desenvolvimento atingissem o crescimento econômico dos países desenvolvidos.
O mito do desenvolvimento fortaleceu a certeza de sucesso irrestrito da
capacidade humana de produzir e ocultou as barbáries utilizadas para atingi-lo.
(SEGURA, 2001, p. 32).
Em um estado de “delírio social” (Segura, 2001) o homem supõe-se inatingível e
seu crescimento como ilimitado, como se todos os recursos fossem renováveis,
dentro de um modelo de exclusão social, seus indivíduos ocultos, sempre em uma
perspectiva do capital, da riqueza das nações.
No entanto, por outro lado, existiam os pessimistas que proclamavam o fim do
mundo, decorrente o grande desenvolvimento populacional e/ou o aumento do
consumo não fosse imediatamente freados. Para MULLER (1999) fazer educação
ambiental é também revelar os interesses de diversos grupos sociais em jogo nos
problemas ambientais.
Dias (2004) relata que a Conferência de Estocolmo/ Suécia, primeira conferência
da Organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente, em 1972, estabeleceu
“uma visão global e princípios comuns que servissem de inspiração e orientação à
humanidade, para a preservação e melhoria do ambiente humano” – Educação
Ambiental -, (DIAS, 2004, p.79), a qual passa a ser tratada em esfera
internacional. Como resultado da Conferência, ressaltou-se necessidade da
criação de um Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA) para
combater à crise no mundo.
Em resposta a esse reconhecimento, em 1975 a UNESCO organizou um encontro
internacional sobre a Educação Ambiental em Belgrado, Iugoslávia, resultando na
elaboração da Carta de Belgrado que definia os princípios e as orientações para o
Programa.
21
A partir de então, outras conferências sob o tema foram realizadas como a
Conferência de Tbilisi, na Geórgia, cidade da ex-URSS, em 1977, organizada pela
Unesco, em colaboração com o Programa das Nações Unidas sobre Ambiente
Humano (Estocolmo,1972).
De acordo com Dias (2003), a Conferência serviu como uma contribuição para
que pudéssemos conhecer a natureza da educação ambiental, definindo seus
objetivos e suas características, assim como as estratégias pertinentes ao plano
nacional e internacional, tornando-se assim como o ponto de partida sobre o
assunto (ARAÚJO, 2009, p. 28). Na Conferência de Tbilisi a educação ambiental
é definida como,
Uma dimensão dada ao conteúdo à prática da educação, orientada para a resolução dos problemas concretos do meio ambiente, através de um enfoque interdisciplinar, e de uma participação ativa e responsável de cada individuo e da coletividade. (DIAS, 2003, p. 98 apud ARAÚJO, 2009, p. 29).
No Brasil a Educação Ambiental ainda encontra muitas dificuldades para que seu
ensino possa estabelecer-se de maneira significativa. No ano de 1981 chegou a
ser estabelecida pela Política Nacional do Meio Ambiente a partir da Lei 6938/81
(PNMA, 1981), sancionada pelo presidente João Figueiredo, que criou o Sistema
Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) e o Conselho Nacional de Meio Ambiente
(CONAMA). Posteriormente, com a aprovação do parecer 226/87, de março de
1987 passou-se a inserir a Educação Ambiental nos conteúdos das propostas
curriculares das escolas de 1º e 2º graus, além de apontar o caráter
interdisciplinar da Educação Ambiental. A Constituição de 1988 foi a primeira
Constituição brasileira a citar a Educação Ambiental, mas com aspectos restritos
a um panorama ecológico separado de sua dimensão pedagógica.
Assim, acredito que é a partir desse enfoque reduzido a uma compreensão
ecológica dissociado da sua dimensão pedagógica que a Constituição se
contradiz, já que diz o seu artigo 225 que “todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de
22
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” (Brasil,
Constituição 1988, Art. 225 no Cap. VI).
Esse objetivo ou propósito é possível se associarmos a visão ecológica a sua
dimensão pedagógica
Portanto, mesmo diante do enorme significado e objetivos que possa ter a
Educação Ambiental, fica evidente a sua fragilidade em meio às políticas públicas
em torno de promovê-la e fortalecê-la em todos os segmentos da vida em
sociedade; nas escolas, fábricas, indústrias, empresas de bens de consumo e nos
próprios Órgãos públicos e privados, Ministérios e Secretarias.
Para Leandro (2008), o sistema público de educação, tanto o ligado às
Secretarias de Educação quanto os ligados aos projetos de educação dos
cidadãos, em muitos aspectos, estão destituídos de importância para os
aprendizes, pois, são superficiais e banais em suas propostas pedagógicas (in
MEDEIROS, 2008, p.146).
Só em 1990, é que vamos ter ações promovidas pelo MEC - encontros,
seminários, cursos -, ou seja, enfim inicia-se uma política nacional tão sonhada
para a Educação Ambiental, depois de passados dez anos das recomendações
da Conferência de Tbilisi.
De acordo com Oliveira (2000) a busca de diretrizes para uma política de
desenvolvimento e conservação dos recursos naturais deve pautar-se pelo
estabelecimento de uma nova ética, que exige novas reflexões e ações sobre a
dignidade, as contradições, as opressões e as desigualdades, onde a qualidade de
vida seja elemento mediador na relação sociedade-natureza (OLIVEIRA, 2000, p. 88).
Ao pensar desse modo podemos entender a necessidade de compreender o
significado mais amplo que possui a Educação Ambiental, não sendo associada
meramente ao ensino da ecologia e noções de conceitos, mas sobre as práticas
cotidianas que configuram o modo de pensar e agir de um “modo de ser e viver”
em torno das questões ambientais que de todo modo são também sociais.
Nessa perspectiva destaco a contribuição da Conferência da ONU realizada no
Rio de Janeiro, 1992, (Eco-92 ou Rio-92), evento conhecido também como
“Cúpula da Terra” que foi responsável pelos avanços no que diz respeito as
23
discussões e acordos internacionais sobre a questão ambiental, por meio da
implantação da Agenda 21. Segundo Dias (2004, p. 522) “um plano de ação para
o século XXI, visando à sustentabilidade da vida na Terra”.
Este evento corroborou para a declaração da Carta da Terra, tendo como um dos
seus parâmetros que “o direito ao desenvolvimento deve ser desempenhado de
forma a atender equitativamente às necessidades de desenvolvimento e
ambientais das gerações presentes e futuras”.
Apostou-se, então, na formação de novas atitudes e posturas ambientais como
algo que deveria integrar a educação de todos os cidadãos conscientes e passou
a fazer parte do campo educacional e das políticas públicas. Um exemplo foi a Lei
9.795/99, sancionada em 27 de abril de 1999, instituindo Educação
Ambiental,entendida como,
Os processos por meio dos quais os indivíduos e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, 1999).
A Educação Ambiental, portanto, não deve se preocupar em transmitir
conhecimentos, mas sim em contribuir para que cada aluno possa construir
significados para os conhecimentos vivenciados, concepção que nos leva crer
que não aprendemos através do outro, mas com o outro. Para Segura (2001, p.
214),
No ensino formal, a escola, historicamente, sempre tratou o conhecimento gerado pelos saberes disciplinares de forma estanque, classificatória, quantitativa, com base no acúmulo de informações. As premissas da EA questionam este modelo unidimensional e unilinear, abrindo a perspectiva expressa de entendimento da EA como multidisciplinar na estrutura e interdisciplinar na dinâmica.
No entanto, mesmo diante dessa perspectiva, se engana quem pensa que a
Educação Ambiental sozinha pode resolver os problemas ambientais do planeta.
Todavia, ela pode influenciar definitivamente para isso, na medida em que pode
contribuir para formar cidadãos críticos conscientes dos seus direitos e deveres.
24
A Educação Ambiental tem o objetivo de trazer à tona discussão sobre a relação
dos seres humanos com os não humanos a partir de uma relação das suas
recíprocas interdependências, o que possibilita a formação de um sujeito
ecológico.
Esse modo ideal de ser e viver, orientado pelos princípios do ideário ecológico é o
que chamamos de sujeito ecológico: “um ideal de ser que condensa a utopia de
uma existência ecológica plena, o que também implica uma sociedade
plenamente ecológica” (CARVALHO, 2008, p. 65).
Por sua vez, o ideal de ser e viver ecológico vai se estabelecendo assim, por meio
de condutas, procedimentos e comportamentos “ecologicamente corretos”
adotados e em seguida internalizados ao longo da vida. As pessoas, assim que
assumem esses comportamentos, em todos os seguimentos de suas vidas,
passam a ser identificados como sujeitos ecológicos, não se trata de pessoas
anti-sociais, ou grupo de pessoas que vivem com condutas extremas, mas trata-
se de pessoas ou grupo de pessoas que se detém a preocupar-se com o
ambiente em sua volta a partir de atitudes cotidianas. Para Carvalho (2008, p.67)
“o sujeito ecológico agrega uma série de traços, valores e crenças e poderia ser
descritos em facetas variadas”. Carvalho (2008, p. 67-68) comenta a formação do
sujeito ecológico
O que há em comum em tudo isso que torna possíveis pensar em um perfil de sujeito ecológico? Uma das possíveis respostas está na postura ética de crítica à ordem social vigente que se caracteriza pela produtividade material baseada na exploração ilimitada dos bens ambientais, bem como na manutenção da desigualdade e da exclusão social e ambiental.
Isso significa dizer que não é só mais um “modo de ser e viver”, mas de
compartilhar de um ideal, de um mundo individualmente e coletivamente com
condições de vida harmônica para sua população. Essa individualidade e
coletividade, é perceptível logo na infância quando a relação que se desenrola e
se desenvolve sobre os conhecimentos ambientais pode ser observada a partir de
uma prática social “adequada”.
25
1.3 As contribuições da Geografia para a Educação Ambiental
O ensino de Geografia deve ser aquele que possibilite de forma mais ampla a compreensão da realidade natural, social e das relações humanas dos indivíduos que fazem deste ou daquele espaço o seu próprio, tomando consciência do sentimento de pertence, da responsabilidade e afeto para com o mesmo. Amorim (2004, p.38)
Na busca de uma Educação Ambiental como estratégia fundamental que leve a
um conhecimento dinâmico de mundo, tanto para os indivíduos quanto para as
instituições formais e não formais e organizações de modo geral, faz-se
necessário, inicialmente, sabermos que ela se desenvolve a partir de um ensino
crítico. Deste modo para que a mesma se desenvolva é imprescindível, o uso de
instrumentos que contribuam de forma significativa desde aos seus mais simples
conceitos a dinâmica social e ambiental.
Sendo assim, a compreensão dessa dinâmica na busca do entendimento
relacionado ao saber estar e viver no mundo, deve ser indispensável a atenção no
que se refere ao ensino de geografia, logo que se compreende, esse
entendimento como uma das principais contribuições desse ensino. Os
Parâmetros Curriculares Nacionais dizem que,
O ensino de Geografia pode levar os alunos a compreenderem de forma mais ampla a realidade, possibilitando que nela interfiram de maneira mais consciente e propositiva. Para tanto, porém, é preciso que eles adquiram conhecimentos, dominem categorias, conceitos e procedimentos básicos com os quais este campo do conhecimento opera e constitui suas teorias e explicações, de modo a poder não apenas compreender as relações socioculturais e o funcionamento da natureza às quais historicamente pertence, mas também conhecer e saber utilizar uma forma singular de
pensar sobre a realidade: o conhecimento geográfico (BRASIL, 1997, p. 108).
Verdadeiramente, diante disso, Amorim (2004, p.18-19) nos apresenta três
importantes questões,
26
1. O que alunos ou classes necessitam saber em Geografia que sirva para as suas vidas?
2. O que fazer para tornar o ensino de Geografia atual e relevante?
3. Como incorporar conteúdos oficiais dos programas de Geografia à realidade desta classe ou alunos?
Atenta a essas perguntas, penso que seja preciso compreender o ensino de
Geografia como àquele que busque estudar, analisar e apresentar aspectos
físicos, naturais, humanos, sociais de uma determinada cultura, sociedade,
civilização, com a finalidade de conhecê-los é agir sobre eles. Para Straforini
(2004, p 51),
Não podemos mais negar a realidade ao aluno. A Geografia, necessariamente, deve proporcionar a construção de conceitos que possibilitem ao aluno compreender o seu presente e pensar o futuro com responsabilidade, ou ainda, preocupar-se com o futuro através do inconformismo com o presente. Mas esse presente não pode ser visto como algo parado, estático, mas sim em constante movimento.
Assim, o ensino de geografia deve partir do cotidiano vivido na busca de questões
ambientais, e tentar compreender e interpretar, o espaço vivenciado por eles e as
ações de pessoas próximas ou não, a eles; provenientes de questionamentos ou
indagações a partir do ensino crítico que a geografia, oferece.
A Geografia passou oferecer um ensino mais amplo, o que antes não possuía,
pelo fato de imprimirem ao seu ensino a caracterização de um ensino baseado na
descrição de elementos que compõem a natureza ou elementos geográficos.
Segundo Azambuja (1991 apud STRAFORINI, 2004, p.56), no contexto da
pesquisa “a Geografia, comprometida com o cidadão deve ensinar o ato de
pesquisar, pois, ao trabalhar com a realidade, o aluno vai perceber os motivos
humanos nos estudos das informações e que compreender o todo é mais que
saber tudo”.
Essa seria uma das orientações do ponto de vista da Educação Ambiental
concebida através da articulação com o ensino de geografia. Portanto, cabe a
esse ensino requerer o conhecimento dos problemas globais e locais do Planeta.
27
Nesse sentido, temos a necessidade de afirmar que as possíveis melhoras, em se
tratando de uma vida mais saudável e ecológica, somente será possível se
tivermos em vista a importância da Educação Ambiental. Portanto, é inevitável a
contribuição da Geografia para formar o sujeito ecológico.
Ensinar geografia pressupõe revelar uma realidade social sob a intervenção do
homem na natureza - interferência essa que vai modelando-o a partir de suas
necessidades, numa relação recíproca entre eles.
O ensino de Geografia é de fundamental importância para que a sociedade possa
acompanhar a evolução e compreender as mudanças do mundo. Portanto o
ensino de Geografia torna-se um instrumento para melhor compreensão dos
problemas sociais, ambientais e econômicos em sociedade, assim como sua
superação.
28
2. EXPERIÊNCIAS DE ENSINO E PESQUISA
2.1 O Buzú
Existir, humanamente, é pronunciar o mundo, é modificá-lo. O mundo pronunciado, por sua vez, volta problematizado aos sujeitos pronunciantes, a exigir deles novo pronunciar. Paulo Freire, 1987.
Neste capítulo apresento o meu cotidiano e as minhas experiências como fatores
de analises preponderantes para a construção do trabalho monográfico. Para
isso, recorro a Jorge Larrosa (2002, p.2) que nos diz que,
A experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. Não o que se passa, não o que acontece, ou o que toca. A cada dia se passam muitas coisas, porém, ao mesmo tempo, quase nada nos acontece.
Inicialmente, antes mesmo desses estudos, procurava significados nas ações ou
seja, fazia leituras do cotidiano. Foi através dessa perspectiva de leituras do dia-
a-dia que presenciei uma cena que mexeu muito comigo, provocando uma
agitação, uma mistura de sensações como incômodo, impotência e angústia.
Posso dizer que essas leituras, apresentadas aqui, também contribuíram para o
estudo e escolha da minha temática, pois procurei canalizar as sensações e as
forças para mudar a situação de alguma forma.
Para isso é preciso entender o acontecimento como uma batalha, ou uma medida
de forças opostas, agindo sobre o mesmo objeto, se é que podemos dizer assim,
visto pelo pesquisador em um curto espaço de tempo, mas que se juntando a
outras leituras do cotidiano servem de subsídios para um estudo de caso.
Diz-nos Larrosa (2002) que podemos ser transformados de um dia para o outro
através das experiências no decorrer do tempo, associado a capacidade de
formação. Para ele, para que nos aconteça a experiência, é preciso, as vezes,
uma sucessão de fatos ou certas ações ou elementos como,
29
Parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, e escutar mais devagar, [...]; parar para sentir, [...], demorar-se nos detalhes, [...], cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, cultivar a arte do encontro, [...], ter paciência e dar-se tempo e espaço. (LARROSA, 2002, p.24).
A “arte do encontro” foi, para mim, uma experiência a partir de algo que ocorreu
nas proximidades da Estação Iguatemi em um ônibus. Estava eu sentada, me
lembro bem, em uma tarde, voltando do dentista e presenciei uma das cenas
mais tocantes para mim. Uma tia e dois sobrinhos [crianças] estavam sentadas a
minha frente – o que me possibilitou a visualizar toda a cena. A tia tinha em suas
mãos um saco de amendoim que ia comendo durante todo o trajeto junto com as
crianças. Em um dado momento uma das crianças perguntou: - Tia onde coloco
as cascas? A tia, mesmo com o saco a mão, sentada perto da janela, com um
sinal apontou para o lado de fora do ônibus. Percebi que a criança meio receosa
acolheu a resposta da tia e jogou pela janela a casca de amendoim.
Comenius nos dizia, que a criança “parte de um homem naturalmente educável,
que ao nascer já possui toda a potencialidade própria e exclusiva de sua condição
humana, mas cujo entendimento ainda se encontra num estágio rudimentar” (in
Veiga-Neto, 2003, p.132). Vejo aproximações entre essa condição humana e a da
criança do meu relato: mesmo sendo impulsionada a uma ação [orientada pela
tia], percebeu que não era a mais adequada e, antes de jogar, parou olhou os
lados.
Para Josso (2006, p. 24) “a vivência cotidiana apresenta-se [...] como uma
mediação rica de promessas para o conhecimento”. A experiência vivida nesse
dia no ônibus me levou a pensar sobre a relação que a criança exerce com o
ambiente a partir das referências da sua família; o significado das ações que
desempenham a família - base para as ações das crianças desde os seus
primeiros anos -, e que podem significar, ou não, o melhor exemplo para se
seguir. Outro aspecto é o tempo que passam na escola e os valores aprendidos
aí, ou não.
A partir desse momento, compreendi, que no processo educativo quando acaba,
ou se perde, o papel da família mediante o processo de desenvolvimento e
respeito da criança para com o outro e para com a natureza, o papel do educador,
30
começa. Podemos dizer, então, que o processo de desenvolvimento da criança se
dá em decorrência do firme alicerce entre a família e a escola. Nas palavras de
Veiga-Neto (2003, p.135),
Se quisermos que o sujeito desde sempre cumpra sua dimensão humana, devemos educá-lo, para que ele possa atingir ou construir sua própria autoconsciência, de modo a reverter aquelas representações distorcidas que o alienavam; só assim ele será capaz de se contrapor [...], de conquistar a sua soberania.
Assim, considerando a importância da educação ambiental para o processo de
formação do “sujeito ecológico”, tive a necessidade de realizar trabalhos em forma
de projetos que proporcionassem estudos, reflexões e ações que viessem
contribuir para uma melhor qualidade de vida, tanto dentro da escola quanto fora
dela. Esses projetos desenvolvidos nas escolas foram analisados atentamente.
Corresponderam, também, a um meio de evidenciar o elo entre a teoria e a
prática dos educandos, seja dentro ou fora das salas de aula, buscando a
compreensão deles de que tudo está ligado (contextualização das matérias com a
realidade de mundo deles) levando-os assim, a uma aprendizagem significativa.
2.2 Os Estágios Supervisionados
Diante dessas perspectivas, ao longo dos Estágios Supervisionados compartilhei
com os alunos o processo de aprendizagem na perspectiva de um ensino crítico,
capaz de conduzir a uma inovação comportamental e mudança social a partir das
ações dos sujeitos envolvidos em exercício, ou experimentação de uma
construção entre a relação social e ambiental com os seus pares e com o mundo,
por meio das contribuições do ensino de geografia.
Foram realizadas atividades interdisciplinares, atribuindo a temática, condições
para que fosse possível, de inicio o estudo da criança, do consumo e do meio
ambiente e o trabalho com as diversas disciplinas.
31
Porém, a partir de leituras, de experiências ao longo da iniciação científica e dos
estágios, percebi a dificuldade de se trabalhar a temática com todas as
disciplinas. Compreendendo tais dificuldades, busquei focalizar, o modo de viver
do homem e de se relacionar com o ambiente em que vive, por meio do ensino
significativo e contextualizado da disciplina de Geografia e suas contribuições
para a Educação Ambiental.
Para isso, foi fundamental que a vivência do aluno fosse valorizada para que ele
pudesse perceber que faz parte da natureza, e ela, por sua vez, faz parte dele.
Uma maneira para esta concretização, foi fazer com que o aluno interpretasse,
interagisse e analisasse como seus atos interferem na construção do meio
ambiente. Foi oportuno planejar propostas amplas e intervir pedagogicamente no
sentido, de oferecer diversas formas que abrissem caminhos para perceber e agir
mediante o cuidado com a sua escola e com o mundo.
Através de diferentes propostas pedagógicas, atividades teóricas e práticas
elaboramos uma campanha de conscientização do meio ambiente, através da
confecção de outdoor (Figura 1). Camargo (2002, p.123), nos diz que,
“observando o espaço ao seu redor, o aluno conseguirá compreender e
interpretar as informações desse espaço, associando-as ao conteúdo aprendido
na escola e às notícias veiculadas nos meios de comunicação”.
Identificamos formas geométricas presentes em nosso cotidiano através de
objetos descartados nas ruas, praias ou em terrenos baldios e discutimos as
mudanças ocorridas na cidade de Salvador (Figura 2), levando os alunos a
compreenderem que o homem altera o lugar onde vive de acordo com suas
necessidades ao longo do tempo. Busquei refletir com eles a respeito da
importância da ação humana na transformação das paisagens, entendendo que
estudar a geografia, é compreender o lugar em que se vive (FERNANDES, 2002).
Foi realizada uma Mini-passeata (Figura 3), promovendo ações em prol do meio
ambiente de modo a contribuir para a concepção de que somos sujeitos da
história e que também fazemos história em vários aspectos da vida - social,
educacional, cultural, ambiental, político e econômico. Esses aspectos somente
fazem sentido, quando saímos da zona de conforto e entramos na “dimensão
cultural dos lugares é do pertencimento”, segundo de Castellar (2010).
32
Figura - 1 Confecções de outdoor (Estágio Supervisionado 1)
(Itana Nascimento - julho 2010)
Figura - 2 Apresentação sobre mudanças ocorridas na cidade de Salvador (Estágio Supervisionado 1)
(Itana Nascimento - julho 2010)
Figura - 3 Mini-passeata (Estágio Supervisionado 1)
(Itana Nascimento - julho 2010)
33
A projeção de filmes ou “Cinema em ação” também foi realizada. Resolvi nomear
a proposta assim, uma vez que seu objetivo era propor aos alunos uma reflexão
sobre as consequências na medida em que confrontavam as informações em
razão do desequilíbrio ecológico causado pela interferência ou pela delicada
relação entre o homem e a natureza. Castellar (2010, p. 81) destaca que,
o uso de imagens deve ser o ponto de partida para a análise de um fenômeno que se quer estudar em geografia [...]. Dessa maneira, o aluno será estimulado a fazer observações, a levantar hipóteses em face do tema abordado.
Outra atividade foi a organização de palestras (Figura 4) com o objetivo de
sensibilizar os educandos a valorizarem atitudes de manutenção e preservação
dos espaços coletivos e do meio ambiente. Essas atividades fizeram os alunos
refletirem que as suas ações têm um significado em um plano ainda maior que
eles podem imaginar.
Desenvolvi, oficinas e uma atividade de jardinagem; com o objetivo de construir
áreas verdes no espaço da escola, construindo de modo, o conceito de escola
como espaço que necessita ser preservado (Figura 5 e 6) como uma proposta de
atividade pedagógica que se contrapõe a um ensino em que os conteúdos
específicos de uma disciplina escolar são expostos aos educandos, envolvendo-
os em conhecimentos exteriores.
Essas atividades contribuíram para provocar os estudantes para que eles
pudessem compreender o seu papel no processo de desenvolvimento sócio-
ambiental. Segundo Camargo (2002, p.123)
a Geografia busca desenvolver possibilidades que permitam ao aluno compreender a sociedade em que vive, por meio da observação, da análise e da crítica da realidade. Tal visão do conhecimento geográfico enriquece essa área do currículo, permitindo ao aluno perceber a relação da Geografia ensinada na sala de aula com o seu cotidiano.
Portanto, para aprofundar a reflexão sobre a educação ambiental, parti da teoria
para a prática com o desenvolvimento das oficinas, decorrendo sobre diversas
formas aplicadas ao reaproveitamento de materiais descartados na natureza.
34
Figuras – 4 Palestra com Profº Jorge Glauco do curso de Urbanismo da UNEB (Estágio Supervisionado 2)
(Itana Nascimento – fevereiro 2011)
Figura – 5 Oficinas “Papel e arte”; “Arte e diversidades”; “Dando sentido às latinhas”; -
(Estágio Supervisionado 2)
(Itana Nascimento- fevereiro, 2011)
Figura – 6 Oficina “Plastificando ideias”; Atividade de jardinagem ou como foi intitulada “o paisagismo na nossa escola”; Exposição – (Estágio Supervisionado 2)
(Itana Nascimento – fevereiro 2011)
35
As várias oficinas que possibilitaram esse olhar foram: Papel e Arte - sacolas de
presente feitas de caixa de leite; Arte e diversidades - produção de utensílios
como descansador de prato feito com palitos de picolé e sobras de tinta para
colorir; pastas feitas com envelope de papel de ofício; Dando sentido às latinhas,
produção de porta-moeda a partir de latas de alumínio e zíper, Plastificando ideias
- prática de reciclagem a partir da confecção de pufes com garrafas pet, sobras
de retalhos de tecido, espuma usada.
Com o objetivo de fazer com que os alunos, vivenciassem atividades que
propiciassem mudanças de atos e atitudes referentes ao cuidado do espaço
escolar, realizei uma atividade com o tema “Cuidando do nosso espaço”. Nela os
alunos confeccionaram e identificaram os coletores de lixo para que vivenciassem
a prática da coleta seletiva do lixo para recolher o lixo descartado aleatoriamente
na área interna da escola (Figuras 7). Camargo (2002, p.123) nos diz que,
A compreensão da realidade, como se percebe, deve ter como ponto de partida o espaço próximo (...) Para um entendimento acerca dessas relações, é essencial que o aluno possa construir seu conhecimento com base na observação, na análise e na interpretação do que acontece aqui e agora.
Foi feito, ainda, a confecção de um livro composto por várias histórias (Figura 8),
retratando as transformações do espaço geográfico ao longo do tempo e
percepções quanto aos diferentes aspectos entre o campo e a cidade. Destaco,
então, que,
A aula de Geografia pode contribuir para fazer as pessoas pensarem sobre suas imagens do mundo, o modo como foram construídas, as razões pelas quais se mantêm e as maneiras outras de imaginar esse mesmo mundo. (Fernandes, 2003, p.27).
A realização da atividade “O caminho até à escola” abordou a construção de
mapas (croquis), (Figura 9), que consistia em contribuir para que os alunos
percebessem os elementos que compõem a paisagem do lugar onde vivem,
podendo assim observar as permanências e as mudanças decorrentes da ação
humana e compreender que podem agir sobre elas.
36
Figura – 7 coleta seletiva do lixo (Estágio Supervisionado 4)
(Itana Nascimento – novembro 2011)
Figura – 8 confecção do livro (Estágio Supervisionado 4)
(Itana Nascimento – novembro (2011)
Figuras – 9 construção dos mapas (croqui) (Estágio Supervisionado 4)
(Itana Nascimento – novembro 2011)
37
Segundo Fernandes (2003, p.63),
ao invés de sentar para ouvir assuntos estranhos à sua vida, talvez a criança preferisse conversar sobre sua casa com aqueles terríveis conflitos de espaço, ou sobre o bairro com suas ruas plenas de lembranças, ou da cidade com os seus atrativos e desafios.
A construção de dois painéis integrados (Figura 10) teve o tema “Interagindo e
modificando a natureza” e tratou das transformações da paisagem (paisagem do
campo/ paisagem urbana). A atividade tinha o objetivo de fazer com que os
alunos reconhecessem o homem como agente transformador da natureza; A
geografia, portanto contribui a medida, em que, faz o aluno, relacionar o
conhecimento aprendido para analisar a realidade, que pode ser a local ou a
global.
Todos esses trabalhos oportunizaram o desenvolvimento de habilidades como
trabalhar em equipe e organizar informações. Essas atividades ofereceram
condições para intervir pedagogicamente, levando o aluno a partir de suas
análises e conclusões, que provocaram o seu desenvolvimento e
amadurecimento sobre as questões postas, chegar as ações benéficas para si,
para a sua comunidade e para o mundo.
O trabalho no/do cotidiano, (...), torna-se importante elemento para pensar e compreender a questão curricular, tanto em instâncias de prática como na de formulação de propostas já que, considerado em sua complexidade, pode contribuir para o estudo das realidades escolares se entendemos essas últimas como componentes de uma rede de saberes e de práticas que, situadas para além dos muros da escola, se fazem presentes nos cotidianos escolares, por meio dos sujeitos neles presentes, (LOPES e MACEDO 2002 pág. 100).
Há uma intensa relação entre o currículo e a formação de identidades, sociais e
individuais. Portanto, para conceber tais atividades, houve todo um processo de
planejamento em torno da ação pedagógica almejada.
38
Figuras – 10 construção dos dois painéis (Estágio Supervisionado 4) (Itana Nascimento – novembro 2011)
As experiências vivenciadas desde as primeiras elaborações para a realização
desses projetos até a sua execução muito acrescentou à minha vida. Refiro-me
não apenas no tocante à formação acadêmica, mas, principalmente, como um ato
de cidadania.
Portanto, naquele momento no ônibus, pensei nas distintas possibilidades de
reação: resignar e fugir da realidade ou reagir a ela e enfrentá-la. Podemos dizer,
portanto, que a existência é fruto do nosso esforço de querer existir, que
compreende um “ato de liberdade e de responsabilidade” (Gadotti, 2003) da
nossa parte para com a realidade apresentada a nós.
Compreendi que cabe a mim procurar descobrir esforços para elucidar questões
e/ou desafios que se colocavam ou se faziam presentes. Mesmo me sentindo
impotente diante daquela cena no ônibus, comecei a me questionar o que poderia
fazer. Não poderia dizer que ela estava errada; e se dissesse, como fazê-lo?
Também parei para pensar nas consequências desse ato. Talvez não pudesse
dizer a ela, mas sim aos sobrinhos, não somente aqueles e não naquele
momento, mas a outros sobrinhos, filhos, irmãos, primos de muitas tias, mães,
irmãos e primos de muitos sujeitos que agiram, agem ou agirão da mesma forma
se nada seja feito. Certamente, essa “experiência no buzú” contribuiu na/para
minha formação.
39
3. CAMINHOS DA PESQUISA
Todo indivíduo ativo tem uma prática, mas não tem uma clara consciência teórica desta prática que, no entanto é um conhecimento do mundo, na medida em que transforma o mundo. Gramsci, 2004
O processo dessa investigação caracterizou-se como uma pesquisa-ação, tendo
como objetivo investigar as contribuições do ensino de Geografia para crianças na
Educação Ambiental (EA). Essa pesquisa utilizou o método que segundo (Brown,
Dowling, 2001, p. 152 apud Tripp, 2005) “é um termo que se aplica a projetos em
que os práticos buscam efetuar transformações em suas próprias práticas (...)
requer ação tanto nas áreas da prática quanto da pesquisa”. Assumo, então, que
A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 2007, p. 16).
Essa pesquisa é fruto do Programa de Iniciação Científica, quando fui bolsista
PICIN-UNEB e participei com uma pesquisa desenvolvida durante o período de
doze meses (2010.2 a 2011.1) sobre “As Contribuições da Geografia na
Formação da Educação Ambiental das Crianças IC/UNEB”. Essa experiência foi
de suma importância para a construção desse trabalho monográfico.
A pesquisa constitui-se de estratégias de observação direta - ora participante, ora
não participante - e com observações indiretas, além do uso de questionários com
estudantes universitários e professores da educação básica.
A pesquisa bibliográfica subsidiou a investigação tanto quanto as produções dos
alunos da educação básica, obtidos durante o período de estágio, quando realizei
diversas atividades em torno do tema.
40
A partir das leituras de Marconi e Lakatos (2002, p. 89-90), foi possível
compreender a pesquisa de campo como uma observação assistemática, quando
ela recolhe fragmentos ou recortes do cotidiano, sendo assim; “espontânea,
informal, ordinária, simples, livre, ocasional e acidental”. Conclui que essas
acontecem no ambiente real de maneira espontânea, melhor momento, para se
registrar fatos, nos quais a ocorrência sucede.
A pesquisa se deu no entorno do Cabula - bairro onde se localiza a UNEB e as
escolas identificadas para os Estágios Supervisionados I, II, III, IV. Esses
componentes curriculares foram o suporte para o campo da pesquisa que
atendeu a proposição de integrar Estágio Supervisionado e TCC, formulada pela
Profª. Ana Lago Castro (DEDC I), a partir do 5º semestre da Licenciatura Plena
em Pedagogia no Departamento de Educação do Campus I da UNEB.
Desde então, me propus a estudar a temática da Educação Ambiental - da
Iniciação Científica até a realização dos Estágios Supervisionados -, resultando
nesse Trabalho Monográfico, como busco representar na figura a seguir.
Figura 11. O ir e vir da pesquisa
Estágios Iniciação científica
Monografia
Fonte: Elaboração (Itana Nascimento, 2012)
No quadro a seguir, é possível ver a organização dos Estágios Supervisionados e os
projetos de intervenção de ensino realizados.
41
E. S. (seguimento)
Escolas
Modalidade de Ensino
Projetos de Intervenção de
Ensino
I
(fundamental I)
Escola Municipal
Fundamental I
Como posso ajudar?
II (gestão escolar)
Escola Estadual
Gestão
Educação Ambiental
nas Escolas: Da teoria à
prática - uma experiência na Escola
Estadual FCM em Salvador /BA
III (creches, ONGs)
Creche
Infantil
Os portadores textuais e suas contribuições para o Meio ambiente
IV
(aprofundamento)
Escola Municipal
Fundamental I
É preciso saber viver
Quadro 1. Estágios Supervisionados (2010 - 2011)
Considerando a presente pesquisa com o objetivo de reflexão e sensibilização no
que diz respeito a discussões de melhorias sócio-ambientais, concordo com
Thiollent quando ele afirma que,
Não se trata apenas de observar ou de descrever. O aspecto principal é projetivo e remete à criação ou a planejamento. O problema consiste em saber como alcançar determinados efeitos, conceber objetos, organizações, práticas educacionais e suportes materiais com características e critérios aceitos pelos grupos
interessados. (THIOLLENT, 2007, p.81).
Diante da criação ou planejamento apresento um breve comentário sobre o
Quadro 1, quando menciono os projetos desenvolvidos no E.S., até chegar no
tema do trabalho monográfico. Então, para entender melhor minhas escolhas é
preciso destacar o que foi feito no E. S.
De início tratava da Educação Ambiental sob um ponto de vista interdisciplinar;
atribuindo a temática uma condição necessária para o trabalho com as diversas
42
disciplinas, como foi vivenciado nos estágios I e II. No estágio III por se tratar de
uma creche, o tema foi trabalhado de maneira introdutória no que diz respeito à
temática no intuito de inseri-los no contexto sócio-ambiental. Assim, foi feito
mediante a apresentação de elementos da natureza (animais, plantas, rios...), a
partir de leituras de obras literárias, apresentações teatrais, assim como outras
atividades.
Através de leituras e de experiências ao longo da iniciação científica e dos
estágios, percebi a dificuldade de trabalhar a temática com todas as disciplinas.
compreendendo tais dificuldades, busquei focalizar o ensino de geografia e suas
contribuições para a Educação Ambiental, como ilustra a figura 12.
Figura 12. O passar do tempo nos E.S.
Geral (princípio)
Particular (conclusão)
Fonte: Elaboração (Itana Nascimento, 2012)
Essa imagem foi elaborada por mim, dentro do processo da pesquisa. A minha
intenção foi ilustrar o quanto mudei, no decorrer da pesquisa.
Uma das estratégias adotadas no processo da pesquisa para a coleta de dados
foi a elaboração de um questionário semi-estruturado, propondo os sujeitos
pesquisados, não apenas a responder as questões, mas a uma reflexão acerca
de condições pessoais e atuação profissional em consonância com o tema da
pesquisa. Essa estratégia foi pensada a partir da minha imersão no campo de
pesquisa e fundamentou-se a partir do diálogo com autores como André e Ludke
(1994), Demo (1995), Mazzotti e Gewandsznajder (1999), Ruiz (2002) e Severino
(2002), entre outros.
A Geografia na perspectiva da Educação Ambiental
A Educação Ambiental sob um ponto de vista interdisciplinar
43
Com questões abertas e fechadas o questionário foi composto na sua estrutura
por três partes. A primeira refere-se à identificação do professor da escola básica,
a segunda aborda a temática ambiental e a prática pedagógica e a terceira busca
contextualizar o espaço de trabalho. Tais abordagens buscaram atender aos
objetivos da pesquisa junto aos estudantes da graduação - discentes de
diferentes semestres do DEDC I. Para esses foram distribuídos 48 questionários.
Para os professores de duas escolas – uma Municipal (Ensino Fundamental I) e
uma Estadual (Ensino Fundamental II), foram entregues 40 questionários,
destinado a professores de diversas disciplinas, das duas escolas. Tive o intuito
de saber como esses sujeitos procedem em relação a questão da EA no espaço
escolar em suas diferentes experiências de ensino e aprendizagem.
Os dados encontrados na pesquisa de campo foram analisados à luz de leituras
de documentos legais como Lei das Diretrizes e Bases da Educação de 1996,
Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), Constituição de 1988, a Política
Nacional do Meio Ambiente, Lei 6938/81 (PNMA, 1981), Parecer 226/87 - que,
analisa os caminhos da EA na nossa legislação. Li, também, sobre o contexto
histórico da Geografia para assim verificar as possíveis articulações do ensino da
Geografia na questão da Educação Ambiental, através de autores como Andrade
(1993), Segura (2001), Moraes (2003), Straforini (2004), Dias (2004), Oliveira
(2005), Carvalho (2008).
Desse modo, com a elaboração dos questionários, foi possível, compreender a
visão de professores das escolas e dos estudantes de Pedagogia junto a temática
e perceber a aplicabilidade da mesma no espaço escolar.
44
4. REFLEXÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO SOBRE OS RESULTADOS DA PESQUISA
Se queremos um aluno crítico e reflexivo, é preciso um professor
crítico e reflexivo. (José Carlos Libâneo, 2002, p.76)
Dos 48 questionários entregues para os estudantes de Pedagogia 22 foram
respondidos, e dos 40 destinados aos professores das duas escolas 13 foram
respondidos e devolvidos. Os dados revelam que há uma necessidade de
sensibilização nos espaços formativos no que diz respeito a temática. Para
Stenhouse (1991, apud ALVES, 2003, p.64 )
Os professores, à medida que vão questionando suas diversas práticas, identificadas, conhecidas e analisadas através de processos de pesquisa, são os que podem efetivar intervenções no cotidiano das escolas, desenvolvendo alternativas às propostas oficiais.
A primeira parte dos questionários refere-se à identificação dos entrevistados e o
primeiro aspecto observado foi quanto à formação dos alunos e dos professores:
87% dos estudantes se encontram no 7º semestre do curso e 13% em outros
semestres. No que se refere à graduação dos professores. Desses, 69%
possuem especialização, 39% são pedagogos, 15% Matemáticos, 15% fizeram
Letras, 8% Ciências Naturais. Temos ainda, 8% com magistério e 15% com
ensino superior incompleto.
Sobre a prática dos sujeitos da pesquisa em sala, procurei saber se trabalham
com a temática em sala: 55% dos alunos disseram que sim, 36% não e 9% não
responderam a questão. Dos professores 92% responderam que sim, 8% não.
Procurei saber, também, se existe alguma dificuldade para o trabalho com EA;
nesse aspecto, os professores relataram a falta de apoio da escola e a falta de
material e verba para desenvolvimento de aulas e projetos; destacaram a
dificuldade que tem quanto á complexidade do tema, o que requer do educador
técnica mais apurada e significa investimento na formação continuada dos
professores. Porém, 62% dos professores relataram que não encontram
dificuldade.
45
DINIZ (apud ARAÚJO 2009, p. 17) ressalta “a importância das concepções dos
professores para os processos de mudanças inovadoras no ensino, em relação
ao papel que desempenham”.
Procurei saber dos entrevistados qual a melhor forma de trabalhar a E.A. no
espaço escolar e como esse trabalho se dá com o ensino de Geografia e/ou de
outras disciplinas, seja em aulas ou na realização de projetos interdisciplinares
durante ou no final das unidades: 64% dos alunos revelam a tentativa de articular
o ensino da Geografia com a E.A. 32% em projetos interdisciplinares. Dos
professores, 23% relatam trabalhar com o ensino em Geografia e 69% em
projetos interdisciplinares, como podemos ver nos gráficos a seguir.
Ensino da E.A. na Educação Básica
Gráfico – 1 Estudantes de Pedagogia Gráfico – 2 Professores
* Dados da pesquisa, 2011 * Dados da pesquisa, 2011
Gráfico – 1 Estudantes de Pedagogia Gráfico – 2 Professores
* Dados da pesquisa, 2011 * Dados da pesquisa, 2011
No processo da pesquisa foi possível perceber a carência de projetos nas
escolas, o que motiva a preocupação no que se refere ao papel da escola no
processo de ensino e aprendizagem para criar e permitir o desenvolvimento de
um sujeito social, consciente e crítico. Leff (2001, p.240) nos chama a atenção
sobre isso,
A Educação Ambiental requer que se avance na construção de novos objetos interdisciplinares de estudo, através do
64%
32% 4%
Ensino de
Geografia
Projetos
interdisciplinares
Ensino de
Geografia e em Projetos
23%
69%
8%
Ensino de Geografia
Projetos interdisciplinares
Não reponderam
46
questionamento dos paradigmas dominantes, da formação dos professores e da incorporação do saber ambiental emergente em novos programas curriculares.
Pude verificar na minha pesquisa que a E.A. consta no Projeto Político
Pedagógico, pois 54% dos professores afirmam isso. Mas é preciso destacar que
8% deles disseram que não e 38% não responderam a questão, ou seja, nem
todos os professores sabem sobre isso. Quanto aos estudantes 23% sinalizaram
que sim, 28% que não, 37% não responderam, 4% pertencem aqueles que não
sabiam, outros 4% afirmam que o PPP se encontra em construção e 4% ainda
não tem construído o PPP.
Inserção da Educação Ambiental no PPP da Escola
Gráfico 3 – Estudantes de Pedagogia Gráfico 4 – Professores * Dados da pesquisa, 2011 * Dados da pesquisa, 2011
A escola vem passando por avanços, construções, atualizações e articulações
feitas no PPP. Porém, sabemos que há muito que se fazer; mudanças e melhoras
a se alcançar, pois “a escola é a instituição social voltada especificamente para a
formação dos membros da sociedade, ainda que não seja a única a exercer
influências” (Suzuki, 2002 in GRUHBAS, 2002, p.153). Assim, são importantes as
ações em seu espaço, tanto através dos conteúdos curriculares ensinados quanto
na convivência social, que se institui em seu interior. Para Suzuki (idem, idem),
o desafio de promover uma educação em valores consiste, em desenvolver um trabalho pedagógico, que auxilie o educando a
28%
23%37%
4% 4% 4%
Não
Sim
Não
respoderam
Não sabem
O PPP está em
construção
Escola não tem
PPP
54%
8%
38%
Sim
Não
Não reponderam
47
tomar consciência da presença dos valores em seu comportamento e em sua relação com os outros, participando do processo de construção e problematização desses valores, num movimento de afirmação de autonomia (In GRUHBAS, 2002, p.153).
Portanto, é papel da escola fazer com que posturas e atitudes que contribuam
com o desenvolvimento da sociedade sejam afirmadas. Uma dessas
contribuições diz respeito, ao desenvolvimento de sujeitos críticos, conscientes;
sujeitos com novos interesses acerca da natureza, a ser assumido no PPP.
Em relação às estratégias de ensino utilizadas em sala de aula, verifiquei que, em
virtude da necessidade de um ensino crítico e significativo nas escolas, novas
propostas de práticas educativas surgem e são inseridas no contexto escolar. No
lugar de fórmulas prontas, ganharam espaço as atividades de campo no que se
refere à aquisição de novas prática. 32% dos estudantes de Pedagogia assumem
buscar essas novas práticas com atividades como jogos, oficinas. Dos
professores, 22% optam por atividades de campo e 78% outras atividades como
jogos e oficinas.
Estratégias de ensino utilizadas em sala
Gráfico – 5 Estudantes de Pedagogia Gráfico – 6 Professores * Dados da pesquisa, 2011 * Dados da pesquisa, 2011
As estratégias de ensino podem diferenciar uma aula significativa e atrativa de
uma aula descritiva, repetitiva e desvinculada do contexto dos alunos, presa aos
48
livros didáticos. Nesse sentido, as estratégias de ensino devem significar sempre
o inicio e o fim de tudo, o fim desse modo, representado como os objetivos a
serem alcançados ou alcançados com as práticas, articuladas com a teoria. Isso
permite que a teoria tome forma, corpo, significado, seja real, viva e eficaz para o
desenvolvimento do sujeito-cidadão apto a viver em sociedade, por compreender
o significado das coisas que a constituem.
O professor, portanto, ao adotar a postura de transmissor daquilo do que é
apresentado nos livros, deixa de assumir uma postura crítica que segue um
currículo construído de fora para dentro e não ao contrário como deveria ser,
refletindo sobre as necessidades da escola, da comunidade e da sociedade como
um todo. Mas é preciso ampliar os espaços de aprendizagem para além da sala
de aula, “o aluno deve ser inserido dentro daquilo que se está estudando,
proporcionando a compreensão de que ele é um participante ativo na produção
do espaço geográfico” (STRAFORINI, 2004, p.53).
É preciso promover a escola como um local estimulante para que o aluno possa
desenvolver suas atividades estudantis e, acima de tudo, desenvolver seu senso
crítico. Deve ser um espaço que promova atividades de aprendizagem, além de
estabelecer relações sociais fundamentais na formação da pessoa;
proporcionadas em especial, nas atividades em grupo. Sendo assim, a escola
deve ser um espaço que desperte o interesse em aprender.
Procurei saber dos estudantes se o tema Educação Ambiental foi abordado na
sua formação inicial e 55% disseram não, 45% disseram que sim. Já os
professores, 40% disseram que não, 40% disseram que sim e 20% não
responderam a questão. Foi possível perceber que, mesmo tendo negado, a
maioria dos professores e estudantes de Pedagogia têm conhecimentos a
respeito da temática.
A escola desde sempre demonstrou o papel de imprimir valores, posturas e
atitudes necessárias para viver em sociedade. Para tanto as prática escolares,
conscientes ou inconscientes, constituem-se de significados presentes na vida em
sociedade e desenvolvem indivíduos que no futuro saibam estabelecer-se nela.
Para Saviani (1982 apud REIS, 2003, p. 33),
49
uma visão histórica da educação, mostra como ela está sempre preocupada em formar determinado tipo de homem. Os tipos de homem variam de acordo com as diferentes exigências das diferentes épocas.
Para contribuir com essas exigências delineiam-se o perfil do professor que possa
colaborar, para que metas sejam alcançadas, não somente as das salas de aulas,
mas as sociais, ambientais e econômicas. Sendo assim, para se ter uma
educação que atenda a essas e outras exigências, que venham surgir, é
imprescindível a presença de um professor capacitado, que saiba lidar com elas.
No que se refere ao ensino de Geografia e suas contribuições em relação a
Educação Ambiental, 100% dos estudantes de Pedagogia, acreditam que os
conteúdos dessa disciplina contribuem para a temática; entre os professores, 77%
acreditam que sim, 8%, disseram que não e 15% não responderam.
Contribuições do ensino de geografia
8%
77%
Não
Sim
Não responderam
15%
Gráfico – 7 Estudantes de Pedagogia Gráfico – 8 Professores
*Dados da pesquisa, 2011 *Dados da pesquisa, 2011
A partir desses dados é possível compreender que muitos professores ao
responderem não, ou não responderem, desconhecem o significado do ensino e
as suas contribuições, consequentemente fruto de uma educação centrada na
100%
Sim
50
teoria, que não permitiram que levassem para a vida os assuntos aprendidos em
sala. Portanto, ao analisar a fragmentação e o contexto da formação do professor
e do ensino da Geografia e da EA é possível compreender algumas dificuldades
enfrentadas pela sociedade. Para Reis, (2003, p.37).
A escola, diante [desta] fragmentação, permanece alheia à realidade vivida pelos alunos e passiva perante os problemas por eles enfrentados. E assim, o processo educacional vai se cristalizando de forma inerte, desvinculada do mundo real, voltada apenas para as teorias.
Diante disso, se faz necessário atribuir a devida valorização na formação dos
professores, através da qualificação continuada entre outros fatores, se
almejamos novos rumos a serem trilhados tanto na educação quanto na
sociedade. Essa é uma das questões mais sinalizadas pelos estudantes de
Pedagogia, perdendo somente para a importância da participação da
comunidade. Quando perguntados sobre os fatores que contribuem para a
inserção do tema nas escolas, os professores apontam para a necessidade
melhoria no ambiente físico da escola, como veremos a seguir.
Fatores (P) (E)
Melhoria no ambiente físico da escola 8 10
Professores qualificados 6 13
Participação da comunidade 6 16
Formação continuada 7 14
Tabela 1. Fatores que contribuem para a inserção do tema nas escolas1
* Dados da pesquisa, 2011.
Sobre a formação continuada do professor e as suas contribuições para a
inserção nas escolas, entendo que a formação do professor não deve estar
submetida somente ao acúmulo de informações, mas deve ser, antes disso, a
1 (P) representa os Professores e (E) representa os Estudantes de Pedagogia ressaltando
que cada um pode citar mais de um item.
51
ponte para as mudanças necessárias no ambiente escolar e consequente
intervenção na realidade da sociedade. Perguntei aos Professores e aos
Estudantes de Pedagogia qual ou quais os conteúdos e temas que podem ser
trabalhados em Geografia em relação ao meio ambiente. As respostas estão no
quadro a seguir.
Professores Estudantes de Pedagogia
Mudanças de hábitos Modos de vida
Moradia Natureza e sociedade
Preservação da natureza Urbanização e industrialização
Aquecimento global Preservação ambiental
Lixo Lugar
Saneamento Desenvolvimento das cidades
Sustentabilidade Modos de utilização dos recursos
Problemas ambientais na cidade e no campo
Habitação
A ocupação do espaço no bairro Consumo
Saúde Reciclagem
Poluição Decomposição de materiais industrializados, (plásticos, papel, vidro) e outros)
Quadro 2. Conteúdos ou temas relacionados ao ensino de Geografia e ao meio ambiente segundo os professores e estudantes de Pedagogia.
Fonte: Elaboração (Itana Nascimento, 2012)
A partir dos conteúdos e/ou temas, citados por eles, foi possível perceber a
concepção de um ensino significativo por meio de conteúdos que se configuram a
partir das necessidades da sociedade de práticas ambientais “adequadas” e que
permeiam a escola através dos professores, mesmo sabendo, que sejam difíceis
de serem implantadas. Para Reis (2003, p. 39),
52
A desarticulação entre teoria e prática reproduz e contribui para a dispersão dos professores diante das dificuldades reais. Para que o professor possa ter melhores condições de encarar frente-a-frente os desafios, é imprescindível que ele conheça a realidade sobre a qual irá atuar em múltiplas facetas. Isto facilitará tanto para selecionar os conteúdos, como para eleger estratégias de acordo com o contexto vivido por ele e seus alunos.
Foi perguntado também sobre os problemas enfrentados ou que eles identificam
no entorno escolar, pois é de fundamental importância que os professores
reflitam, observem, sejam críticos diante de sua realidade. Desse modo, vivenciar
e dar importância a essas questões do seu cotidiano, favorecem pensar
criticamente e pode conduzir seus alunos a serem indivíduos críticos, diante da
sua realidade e do que lhe é próximo. Desse modo a ação reflexiva, passa a ser
uma ação de caráter coletivo.
Outro aspecto identificado na pesquisa foram os problemas no entorno escolar,
apresentados na tabela a seguir.
Problemas (P) (E)
Falta de coleta seletiva 9 11
Desmatamento 3 7
Poluição das águas 3 4
Poluição do ar 3 9
Ocorrem enchentes 3 0
Ocupação de residências em locais de risco 8 9
Tabela 2. Problemas identificados no entorno escolar2
* Dados da pesquisa, 2011
Compreendendo que a prática educativa não deve ser indiferente dos desígnios
social, político e econômico, nem do contexto em que se desenvolve. O
conhecimento da realidade passa a ser o inicio e o fim da sua prática em sala de
aula - compreendendo o fim como os objetivos almejados - e a teoria como
mediadora de sua atuação em sala. Para Reis (2003, p. 31)
2 (P) representa os Professores e (E) representa os Estudantes de Pedagogia
ressaltando que cada um pode citar mais de um item.
53
A teoria é importante na formação de todo o profissional, mas deve ser direcionada para a prática, para os problemas reais do dia-a-dia das escolas, favorecendo uma reflexão e intervenção na prática pedagógica.
O processo educacional que envolve teoria e prática deve ser direcionado pela
prática social, tendo em vista que a sociedade exige dos individuos envolvidos
nesse processo, respostas a questões que se colocam diante deles. A escola
deve, portanto, possibilitar a formação de um sujeito; reflexivo e crítico que
contribua com a sociedade a medida que se questione enquanto a sua existência
e o seu pertencimento do mundo.
54
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A informação deve servir ao conhecimento como a bússola serve ao barco que ela ajuda a guiar. E o conhecimento serve à consciência, como o rumo do barco serve ao sonho de quem navega
(Brandão ,1997, p.166)
Buscando aproximar a Geografia da Educação Ambiental percebi que o que
compreendemos como meio ambiente – elemento natural e social acompanha as
discussões da Geografia e isso lhe confere o mérito de tratar o meio ambiente de
forma mais integralizante.
Então, foi considerada nessa pesquisa, a necessidade de estabelecer uma visão
geral e de princípios comuns que sirvam de inspirações para uma provável
sensibilização e orientação à humanidade para a preservação e melhoria do meio
ambiente através das contribuições do ensino da Geografia. A Educação
Ambiental, portanto, parte desse movimento ecológico. Surge exatamente da
preocupação da sociedade com o futuro da vida e com a qualidade da existência
das presentes e futuras gerações. Para tanto há uma necessidade de que a
Geografia e seu ensino e pesquisa seja desenvolvida e divulgada.
Foi possível perceber nas leituras feitas que, atualmente, pesquisadores e
professores buscam, através de estudos e análises a reafirmação da necessidade
de ser contemplado no ensino o sentido valorativo nos conhecimentos expostos
aos alunos em sala ou fora dela, acreditando ser a escola um fator importante na
formação de atitudes dos indivíduos em relação a sociedade e a natureza.
A partir das considerações dos estudantes de Pedagogia e professores
pesquisados, concluo que é grande o interesse pelo trabalho e discussão da E. A.
nas escolas, mas também é perceptível a atual fragilidade da sua inserção no
Projeto Político Pedagógico das escolas. Portanto o ensino de Geografia é
fundamental para que as novas gerações possam acompanhar e compreender as
transformações do mundo, dando à disciplina geográfica um caráter que antes
não possuía.
55
Ainda há a necessidade de se despertar para uma consciência ambiental e a
possibilidade da formação de um sujeito social com novos interesses a cerca da
natureza, o qual passe a criar e tomar novas atitudes pelos princípios e políticas
de sustentabilidade.
Portanto, anseio pela ideia de uma Geografia, que não esteja reclusa ao livro
didático nem as salas de aula. Desejo uma geografia que esteja presente nas
avenidas da cidade, nas paredes e anúncios. Uma geografia que contemple o
sujeito ecológico.
A partir daqui, posso afirmar mais uma das contribuições que a Geografia
possibilita, em se tratando de um ensino com aulas dinâmicas, criativas,
inovadoras e contextualizadas: dá o aluno a oportunidade de ir além das paredes
da sala de aula, conferindo que é possível, sim aprender e apreender em locais
públicos, históricos...; ajuda os professores nas suas avaliações, fazendo-os
compreender que é possível ir além das provas, testes e dos exercícios, valendo-
se de trabalhos em grupos, da criatividade, da elaboração de perguntas, e permitir
ao aluno o conhecimento de sua cultura. Inevitavelmente, faz com que esses
sujeitos reflitam, sobre o seu pertencimento do mundo e de seu espaço e logo da
sua necessidade de preservá-lo.
Sabemos das dificuldades e entraves encontrados para tamanha prática, porém
também sabemos que tudo exige de nós um esforço e um começo, não há
possibilidade de fazer sozinha, é necessário que existam outras pessoas e outras
intenções. As necessidades do homem, mediante a vida devem ser o ponto de
partida para o estudo da Geografia.
Temos dados suficientes do crescimento populacional, e isso sugere que
apresentarmos a geração presente que muitas outras gerações surgem e surgirão
e, para tanto, é recomendável reavaliar os nossos conceitos e atitudes diante da
natureza que precisa ser preservada. Dependemos dela, seus recursos naturais
necessitam ser bem distribuídos para que não falte no futuro. Nessas reflexões,
acredito eu, está explicitada a relação entre a Educação Ambiental e do ensino de
Geografia.
Assim o aluno não deve saber por saber os conteúdos de Geografia, mas saber
para pensar, para refletir, saber para fazer; saber para se relacionar, saber para
56
cuidar, saber para respeitar. Saberes esses que pressupõem conhecer, interagir,
em meio a um ensino dinâmico.
Compreender o todo se refere à totalidade de mundo que leva o aluno a
compreender a sua realidade, a sua posição diante dela e as consequências da
mesma para a sua comunidade e para o Planeta.
É, portanto, por meio dessa relação que podemos evidenciar a articulação e
importância do ensino de Geografia para com essa concepção de Educação, que
tem como princípios compreender as relações homem-natureza e as suas
modificações ao longo do no tempo. É necessário, não só estar e viver no mundo,
mas compreendê-lo, o que significa pensar criticamente sobre ele e sobre as
relações que nele se desenvolvem.
Assim, é diante desse aspecto que, a Geografia afirma o seu ensino na sociedade
atual, como uma disciplina, que emana da necessidade de desenvolver
indivíduos; críticos, com uma capacidade criadora, todavia ainda de inserir os
mesmos as dificuldades e conflitos que envolvem o equilíbrio do Planeta.
57
REFERÊNCIAS
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VEIGA-NETO, Alfredo. Foucault e Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
APÊNDICE A-
UNEB UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I
QUESTIONÁRIO
1.Identificação: Nome (opcional) Sexo ( ) F ( ) M Idade Naturalidade Semestre Turno Caso você trabalhe em sala de aula qual a sua situação: ( ) Estagiário pela UNEB ( ) Contratado ( ) Efetivo Série/ano que leciona Tempo de serviço na docência: ( ) Menos de 1 ano ( ) 1 a 3 anos ( ) 4 a 6 anos ( ) 6 a 9 anos ( ) Mais de 10 anos
2. Identificação acadêmica do estudante de Pedagogia:
Caro Estudante, Esse questionário visa coletar dados/informações junto aos estudantes de Pedagogia do Departamento da UNEB para levantar informações sobre sua opinião e experiência a respeito do ensino de Geografia na educação básica. Essas informações servirão de subsídios para meu Projeto de Pesquisa na Iniciação Cientifica/UNEB intitulado “As contribuições do ensino de Geografia na Educação Ambiental (E.A.) ensinada para crianças”, orientado pela professora Marcea Sales (DEDC I/UNEB). O objetivo deste estudo é investigar sobre o ensino de Geografia como uma das formas de contribuição na formação da Educação Ambiental das crianças e, consequentemente, a valorizar a Geografia na educação básica. Certo de sua valiosa contribuição para o desenvolvimento desta pesquisa, agradeço sua colaboração. Atenciosamente, Itana Nascimento C. dos Santos Licencianda em Pedagogia - DEDC I [email protected]
1.1 Escolaridade: Habilitações acadêmicas: Superior incompleto em Pedagogia 3. Sobre a temática ambiental: Durante a sua formação acadêmica o tema Educação Ambiental foi abordado? ( ) NÃO ( ) SIM ? Caso positivo em qual/quais disciplina/s: Você trabalha o tema E. A. nas suas aulas? ( ) NÃO ( ) SIM Caso haja alguma dificuldade para se trabalhar com o tema, por favor, relate. Em sua opinião, no processo de ensino e aprendizagem, é mais significativo trabalhar com E. A.: ( ) no ensino de Geografia, entre outras ( ) em projetos interdisciplinares, durante ou no final das unidades Qual (is) o (s) conteúdo (s) e temas podem ser trabalhados em Geografia em relação ao meio ambiente? Referente às aulas no que diz respeito ao ensino de Geografia e E. A., qual (is) material (is) didático (s) e estratégias de ensino que você utiliza? ( ) Livro didático ( ) Vídeos/Filmes ( ) Palestras ( ) Internet ( ) Textos diversos ( ) Oficinas ( ) Jogos ( ) Atividades lúdicas ( ) Atividade de campo Outros: 4. Escola e E. A. A Educação Ambiental está inserida no Projeto Político Pedagógico da escola onde você atua? ( ) NÃO ( ) SIM Quais problemas você identifica no entorno escolar: ( ) falta de coleta de lixo ( ) desmatamento ( ) poluição das águas ( ) poluição do ar ( ) ocorrem enchentes ( ) ocupação de residências em locais de risco
Outros: Existem contribuições efetivas do ensino de Geografia no que diz respeito à E. A.? ( ) SIM ( ) NÃO Por que? Em sua opinião, qual (is) fator (es) contribui (em) para a inserção do tema nas escolas? ( ) melhoria no ambiente físico da escola ( ) professores qualificados ( ) Participação da comunidade ( ) Formação docente continuada Gostaria de contribuir com algo mais?
Mais uma vez, obrigada pelas suas contribuições.
Itana Nascimento Cleomendes dos Santos
Bolsista de IC UNEB Salvador/2011
UNEB UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I
QUESTIONÁRIO
1.Identificação da Escola:
Escola Endereço: Av./Rua: Bairro 2. Identificação do Professor: Nome Sexo ( ) F ( ) M Idade Naturalidade Ensina em que turno Série/ano que leciona na escola 3. Identificação profissional:
Caro professor, Esse questionário visa coletar dados/informações junto aos professores dessa Escola para levantar informações sobre sua opinião e experiência a respeito do ensino de Geografia na educação básica. Essas informações servirão de subsídios para meu Projeto de Pesquisa na Iniciação Cientifica/UNEB intitulado “As contribuições do ensino de Geografia na Educação Ambiental (E.A.) ensinada para crianças”, orientado pela professora Marcea Sales (DEDC I/UNEB). O objetivo deste estudo é investigar sobre o ensino de Geografia como uma das formas de contribuição na formação da Educação Ambiental das crianças e, consequentemente, a valorizar a Geografia na educação básica. Certo de sua valiosa contribuição para o desenvolvimento desta pesquisa, agradeço sua colaboração. Atenciosamente, Itana Nascimento C. dos Santos Licencianda em Pedagogia - DEDC I [email protected]
ESCOLARIDADE NOME DO CURSO INSTITUIÇÃO/ANO
Nível Médio
Superior incompleto
Superior completo
Especialização
Mestrado
Doutorado
Durante a sua formação acadêmica o tema Educação Ambiental foi abordado? ( ) NÃO ( ) SIM Quando? Série/ano que leciona na escola Anos de serviço na docência: ( ) Menos de 1 ano ( ) 1 a 3 anos ( ) 4 a 6 anos ( ) 6 a 9 anos ( ) Mais de 10 anos Disciplina(s) que leciona: ( ) Português ( ) Matemática ( ) Ciências Naturais ( ) Geografia ( ) História ( ) Artes 4. Sobre a temática ambiental: Você trabalha o tema Educação Ambiental nas suas aulas? ( ) SIM ( ) NÃO Existe alguma dificuldade para se trabalhar com o tema? ( ) SIM ( ) NÃO Se afirmativo qual (is)? Qual a melhor forma, você acredita que deve se trabalhar a Educação Ambiental? ( ) no ensino da disciplina de Geografia entre outras ( ) em projetos interdisciplinares durante ou no final das unidades Qual (is) o (s) conteúdo (s) e temas podem ser trabalhados em Geografia em relação ao meio ambiente? Referente às aulas no que diz respeito ao ensino da disciplina em relação a temática qual (is) material (is) didáticos e ferramentas de ensino utiliza? ( ) Livro didático ( ) Vídeos/Filmes ( ) Palestras ( ) Internet
( ) Textos diversos ( ) Oficinas ( ) Jogos ( ) Atividades lúdicas ( ) Atividade de campo Outros: 5. Em relação ao professor e ao seu local de trabalho: A Educação Ambiental está inserida no Projeto Político Pedagógico da escola onde você atua? ( ) SIM ( ) NÃO Quais problemas você identifica do entorno escolar: ( ) falta de coleta de lixo ( ) desmatamento ( ) poluição das águas ( ) poluição do ar ( ) ocorrem enchentes ( ) ocupação de residências em locais de risco Outros: Existem contribuições efetivas do ensino de Geografia no que diz respeito à E. A.? ( ) SIM ( ) NÃO Por que? Em sua opinião, qual (is) fator (es) contribuem para a inserção do tema nas escolas? ( ) melhoria no ambiente físico da escola ( ) professores qualificados ( ) Participação da comunidade ( ) Formação continuada. Gostaria de contribuir com algo mais?
Mais uma vez, obrigada pelas suas contribuições.
Itana Nascimento Cleomendes dos Santos Bolsista de IC UNEB
Salvador/2011