115
Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro Biomédico Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes Thiago José Jesus Rebello “Planta não serve pra nada?”: contribuição à discussão e à divulgação científica sobre a interação da biodiversidade de plantas com a sociedade, a ciência e a tecnologia Rio de Janeiro 2017

Universidade do Estado do Rio de Janeiro - decb.uerj.br corrigida.pdf · visão capitalista de manipulação da natureza. O autor lista inovações oriundas da Física, da Biologia,

  • Upload
    vutuyen

  • View
    215

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro Biomédico

Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes

Thiago José Jesus Rebello

“Planta não serve pra nada?”: contribuição à discussão e à divulgação

científica sobre a interação da biodiversidade de plantas com a sociedade, a

ciência e a tecnologia

Rio de Janeiro

2017

Thiago José Jesus Rebello

“Planta não serve pra nada?”: contribuição à discussão e à divulgação científica sobre a

interação da biodiversidade de plantas com a sociedade, a ciência e a tecnologia

Monografia apresentada ao Instituto de Biologia

Roberto Alcantara Gomes da Universidade do

Estado do Rio de Janeiro, como requisito parcial

para obtenção do grau de licenciatura em

Ciências Biológicas.

Orientadora: Prof. Drª. Magui Aparecida Vallim da Silva

Rio de Janeiro

2017

CATALOGAÇÃO NA FONTE

UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CTC-A

Autorizo a reprodução total ou parcial deste projeto para fins acadêmicos e científicos.

______________________________ ________________________

Assinatura Data

Rebello, Thiago José Jesus.

“Planta não serve pra nada?”: contribuição à discussão

e à divulgação científica sobre a interação da

biodiversidade de plantas com a sociedade, a ciência e a

tecnologia / Thiago José Jesus Rebello ; orientadora,

Magui Aparecida Vallim da Silva – Rio de Janeiro, 2017.

134 f. : il.

Monografia (Licenciatura em Ciências Biológicas) -

Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes,

Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2017.

1. Ensino de Botânica. 2. Divulgação científica. 3.

Biodiversidade vegetal 4. Ciência, Tecnologia e

Sociedade. I. Silva, Magui Aparecida Vallim da, orient.

II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de

Biologia Roberto Alcantra Gomes. III. Título.

Thiago José Jesus Rebello

“Planta não serve pra nada?”: contribuição à discussão e à divulgação científica sobre a

interação da biodiversidade de plantas com a sociedade, a ciência e a tecnologia

Monografia apresentada ao Instituto de Biologia

Roberto Alcantara Gomes da Universidade do

Estado do Rio de Janeiro, como requisito parcial

para obtenção do grau de licenciatura em

Ciências Biológicas.

Aprovada em 26 de janeiro de 2017.

Banca Examinadora:

_____________________________________________

Prof. Drª. Magui Aparecida Vallim da Silva - Orientadora

Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro

_____________________________________________

Prof. Drª. Andréa Espinola de Siqueira - Avaliadora

DECB - IBRAG - UERJ

_____________________________________________

Prof. Drª. Débora de Aguiar Lage - Avaliadora

DCN - CAp - UERJ

_____________________________________________

Prof. Drª. Rosane Moreira Silva Meirelles - Suplente

DECB - IBRAG - UERJ

Rio de Janeiro

2017

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao Colégio Pedro II por me mostrar a importância do professor

na vida do aluno e do cidadão, por me permitir vivenciar o sucesso da educação pública de

qualidade, por me proporcionar o amor que hoje tenho pelo magistério.

AGRADECIMENTOS

À minha família. Impregnado pela minha imensa vontade de conhecer o mundo, as

pessoas e as ciências, posso ter passado anos sem perceber a importância que a família têm

em minha vida. Foi ao perder minha avó e quase perder minha mãe que pude perceber que

nenhuma alegria se sustenta sem a confiança de que meus familiares estão felizes e saudáveis.

Ao meu pai, minha madrinha, minha prima, meu padrasto, meus irmãos e filha de quatro

patas, todo o amor do mundo. À minha mãe e à minha irmã, minha vida.

Aos amigos - Raphael Aleixo, Carla Medeiros, Bruno Freijanes, Ana Clara Derani e

Kézia Reche - e irmãos - Rodolfo Vieira, Caio Oliveira e Stephanie Oliveira - que fiz no

Colégio Pedro II, a certeza de que vivi com eles os mais saudosos momentos da minha vida,

formei meu caráter e aprendi que a amizade existe a despeito de qualquer diferença.

Aos amigos que fiz na Biologia UERJ, de tantos períodos, agradeço pelos momentos

de alegria, companheirismo e confiança. Em especial aos meus FDPs - Evandro Junior, Luana

Leirós, Laís Barcelos, Elton Rodrigues, Tamara Magalhães, Beatriz Ferreira, Jeferson Raj,

Wallace Lima e Pedro Bello - agradeço por estarem comigo do início ao fim. À Vanessa

Oliveira, agradeço por me mostrar que uma amizade pode ser profunda como um casamento.

Aos amigos que ganhei por sorte - Shaylla Vieira, Rodrigo Bento, Alcimar Alves,

Natan Santiago, Jessyca Marques, Nathália Ferreira, Bárbara Mitchell, dentre outros - aqueles

que passaram, entraram e ficaram na minha vida, quando não tinham obrigação nenhuma, a

eles agradeço por serem os presentes que guardei de tantos momentos felizes.

Aos meus alunos no Pré-Vestibular Social do CEDERJ, em especial Isabela Batista,

Sulamita Rocha, Laíne Rodrigues, Lorenna Infante, Maurillia Rodrigues e Nathália Gouveia,

por serem tão compreensíveis, amáveis e dedicados. Fizeram-me um professor melhor.

Aos meus professores do ensino básico por serem tão inspiradores, aqueles em quem

quero sempre me espelhar. Aos meus professores universitários por serem companheiros e

guias na jornada pelo cruel mundo acadêmico, sobretudo os Profs. Sebastião Neto, Bruno

Rosado e Andrea Espínola. Às minhas orientadoras, Siomara Lemos, Norma Albarello,

Débora Lage e Magui Vallim, a eterna gratidão pela paciência e por todos os ensinamentos.

Ao meu namorado, Luiz Alberto, por atender meu maior desejo: me fazer feliz.

RESUMO

REBELLO, T. J. J. “Planta não serve pra nada?”: contribuição à discussão e à divulgação

científica sobre a interação da biodiversidade de plantas com a sociedade, a ciência e a

tecnologia. 2017. 134 f. Monografia (Licenciatura em Ciências Biológicas) - Instituto de

Biologia Roberto Alcantara Gomes, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de

Janeiro, 2017.

A ciência moderna, marco de nossa época e grande aliada da tecnologia, durante

muitas décadas foi encarada como uma atividade socialmente neutra. Hoje, porém, é

reconhecida como um ente influenciado e influenciador de aspectos sociais, políticos,

econômicas, culturais e ambientais. No primeiro momento, o presente trabalho tem o objetivo

de abordar como estes aspectos permeiam as relações existentes entre a biodiversidade de

plantas, a ciência, a tecnologia e a sociedade. Para isso, vale-se do método de revisão

bibliográfica. Observando a literatura científica, percebe-se que a humanidade se apropria de

recursos oriundos da biodiversidade de plantas para garantir sua alimentação, moradia, saúde

física e espiritual, entre outras aplicações. Contudo, no cenário de intensa exploração

proporcionado pelo avanço das técnicas e da ciência, o uso desses recursos provocou - e ainda

provoca - danos graves à biodiversidade. Soluções conservacionistas e biotecnológicas estão

sendo aplicadas e discutidas como estratégias para atenuar o fenômeno da degradação

ambiental. Assim, é necessário que a sociedade discuta a forma como utilizamos e

preservamos os recursos vegetais e, assim, possa influenciar as instâncias de poder - ciência,

poder público, iniciativa privada - que comandam as políticas dessa área. Para tal, é essencial

que a população se aproprie dos conhecimentos associados a esta temática, e a divulgação

científica pode ser um caminho para atingir esse objetivo. Sendo assim, no segundo momento

do trabalho, o objetivo foi produzir e avaliar um recurso de divulgação científica sobre o tema

que contribuísse para a democratização do conhecimento. Os métodos escolhidos foram a

realização de um levantamento de espécies de Mata Atlântica com utilidades

socioeconômicas, a produção de um livreto de divulgação no software “Microsoft Publisher”

e a avaliação deste por pares através de questionário online anônimo majoritariamente

fechado. O levantamento resultou em 20 espécies abundantes que apresentam utilidades para

populações tradicionais, para a economia ou para a biotecnologia. A produção do recurso de

divulgação resultou em um livreto de 80 páginas (formato A5) que abordou de forma

integrada o uso de recursos vegetais, a degradação ambiental, as estratégias de conservação e

o levantamento de espécies. A maioria dos avaliadores entendeu que o material é plenamente

capaz de contribuir para a popularização e democratização da Ciência através da

disseminação do conhecimento, sendo que todos demonstraram interesse em utilizar o

material em suas atividades docentes. Além disso, os participantes avaliaram a formatação, o

conteúdo, os recursos textuais e visuais, as potencialidades e fragilidades do material -

resultando sempre em avaliações positivas. Assim, concluiu-se que o livreto “Planta não serve

pra nada?” é uma ferramenta legítima para debater estas relações e contribuir para reequilibrar

disputas de poder, além de divulgar o conhecimento acerca das plantas nos seus aspectos

globais e, assim, aproximar o leitor do universo botânico.

Palavras-chave: CTS, Ensino de botânica, Biodiversidade vegetal, Botânica econômica.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 –

Figura 2 –

Figura 3 –

Figura 4 –

Figura 5 –

Figura 6 –

Figura 7 –

Figura 8 –

Figura 9 –

Figura 10 –

Figura 11 –

Espécies de plantas incluídas no levantamento deste trabalho...............

Contracapa (esquerda) e capa (direita) do livreto...................................

Exemplo de formatação do interior do livreto........................................

Avaliação da formatação do livreto........................................................

Avaliação da seleção de conteúdos.........................................................

Avaliação da organização dos conteúdos................................................

Avaliação dos recursos textuais..............................................................

Avaliação dos recursos visuais................................................................

Potencialidades do livreto.......................................................................

Fragilidades do livreto.............................................................................

Capacidade de popularização..................................................................

60

62

65

66

67

67

67

67

68

69

69

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 –

Espécies abundantes da Mata Atlântica com uso socioeconômico

registrado .......................................................................................................

43

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CTS –

CTSA –

DC –

UC –

Ciência, Tecnologia e Sociedade

Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente

Divulgação Científica

Unidade de Conservação

SUMÁRIO

1

2

3

4

4.1

4.2

4.3

4.4

5

1

2

3

3.1

3.2

3.3

4

4.1

4.2

4.3

5

6

INTRODUÇÃO GERAL...............................................................................

OBJETIVO GERAL......................................................................................

CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO...............................................................................................

OBJETIVO......................................................................................................

MATERIAIS E MÉTODOS..........................................................................

RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................

Recortes da biodiversidade............................................................................

Importância socioeconômica............................................................................

Histórico de degradação...................................................................................

Novas perspectivas...........................................................................................

CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................

CAPÍTULO II

INTRODUÇÃO...............................................................................................

OBJETIVO......................................................................................................

MATERIAIS E MÉTODOS..........................................................................

Levantamento de espécies................................................................................

Produção do material de divulgação.................................................................

Avaliação do material de divulgação................................................................

RESULTADOS...............................................................................................

Levantamento de espécies................................................................................

Produção do material de divulgação.................................................................

Avaliação do material de divulgação................................................................

DISCUSSÃO...................................................................................................

CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................

APÊNDICE 1 – QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO..................................

APÊNDICE 2 – LIVRETO PRODUZIDO.....................................................

12

13

15

17

17

18

18

19

30

33

37

40

42

42

42

43

43

43

43

63

66

71

82

83

109

114

12

INTRODUÇÃO GERAL

A ciência e a tecnologia influenciam muitos aspectos da nossa sociedade,

estabelecendo relações que caracterizam a época em que vivemos. Serpa (1993) atribui a

origem dessas relações às transformações pelas quais a produção de conhecimento passou a

partir do século XVII, partindo da noção medieval de contemplação do mundo natural para a

visão capitalista de manipulação da natureza. O autor lista inovações oriundas da Física, da

Biologia, da Filosofia, da Sociologia e da Psicanálise que teriam contribuído para o avanço da

ciência e da sociedade sob o paradigma da transformação, da tecnologia.

A ciência moderna, então, constitui forte unidade junto à tecnologia ao proporcionar

formas de controle de processos naturais e de si mesma (SCHOR, 2007). Mesmo que

tradicionalmente atribua-se à ciência moderna a ampla função de compreender o mundo e

suas possibilidades, o senso comum costuma valorizá-la justamente por suas contribuições à

tecnologia (LACEY, 1998). Esse papel de desenvolver técnicas, por ser visto como objetivo e

desvinculado de influências sociais, legou à ciência uma pretensa autonomia (SCHOR, 2007).

Desta conjuntura, originou-se a tendência de supervalorização da ciência, que a

colocou como uma atividade guiada pela neutralidade e capaz de produzir soluções para todas

as mazelas da humanidade (SANTOS; MORTIMER, 2002). Disseminou-se a noção de que,

enquanto esfera autônoma da sociedade, cabia somente à comunidade científica julgar seu

desenvolvimento e suas aplicações (SCHOR, 2007). Esse ambiente de total liberdade

culminou no recente quadro, onde a ciência contribui para crises ambientais e conflitos

sociais, por exemplo, ao criar armas químicas e nucleares (CUTCLIFFE, 1990).

Então, a partir da década de 1970, entre filósofos e cientistas, surgiu um movimento de

preocupação com as consequências do uso da tecnologia e com os aspectos éticos do trabalho

científico - que recebeu a alcunha de “Ciência, Tecnologia e Sociedade” (CTS). Este enfoque

defende que a ciência influencia e é influenciada por diversos aspectos sociais, políticos,

econômicos, culturais e ambientais - não sendo, portanto, uma atividade neutra (SANTOS;

MORTIMER, 2001). Por conseguinte, busca investigar os aspectos sociais e políticos

pertinentes ao desenvolvimento técnico-científico (VAZ; FAGUNDES; PINHEIRO, 2009),

estabelecendo, através da pesquisa, da educação e da política pública, caminhos para a

participação democrática na produção científica e tecnológica (BAZZO et al., 2003).

13

O primeiro capítulo deste trabalho trata das diferentes relações que a ciência, a

tecnologia e, sobretudo, a sociedade estabelecem com a biodiversidade vegetal. Para tal, é

realizada uma ampla revisão bibliográfica que resulta em síntese textual onde aspectos

socioeconômicos, políticos, ambientais, tecnológicos e científicos se integram para elucidar

parte do multifacetado cenário no qual a temática do capítulo está inserida.

No segundo capítulo, busca-se uma estratégia para promover a disseminação dos

conhecimentos que compõem a temática objeto do capítulo anterior. Para tal, é reconhecida a

importância da divulgação científica (DC) como um instrumento de propagação de

informações e, embasado no conteúdo teórico do primeiro capítulo, é produzido um livreto

sobre o assunto. Por fim, o material é avaliado por profissionais para fomentar discussão

sobre o uso da DC como caminho para a popularização e democratização da ciência.

OBJETIVO GERAL

O debate entre exploração e conservação de recursos envolve um universo amplo de

valores e interesses, abarcando tanto questões científicas e tecnológicas, quanto sociais,

políticas e econômicas. Dessa forma, o presente trabalho visa contribuir para a

democratização de saberes associados à relação entre ciência, tecnologia, sociedade e

biodiversidade vegetal, através de discussão e divulgação científica sobre o tema.

14

CAPÍTULO I

Panorama da biodiversidade vegetal brasileira

sob a perspectiva CTS

15

1 INTRODUÇÃO

Desde o século XVIII, estudiosos vêm dedicando esforços à identificação dos

organismos vegetais encontrados ao redor do mundo (JOPPA; ROBERTS; PIMM, 2011).

Apesar de centenas de milhares já terem sido catalogados, estima-se que ainda existam mais

de 80 000 espécies de plantas sem registro (MORA et al., 2011). São árvores, arbustos, ervas,

epífitas, trepadeiras, parasitas, enfim, uma infinidade de formas, hábitos e estratégias

distribuídas pelas diferentes regiões do planeta (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 1996). Essa

diversidade, entendida como “a variabilidade entre os seres vivos [...] no interior das espécies,

entre as espécies e entre espécies e ecossistemas” (DIEGUES, 2000, p. 1), está em constante

interação com o ambiente e com a humanidade.

Preservar essas variadas formas de vida é uma obrigação ética. Na medida em que não

somos a única espécie a habitar esse planeta, temos o dever intrínseco de resguardar a

integridade da natureza para que os outros seres vivos possam seguir seu desenvolvimento

(ALHO, 2008). Sabe-se, também, que a diversidade é essencial para o funcionamento de

ecossistemas e para a manutenção de serviços ecológicos (MIKHAILOVA; BARBOSA,

2004). Os diferentes componentes de um ecossistema se relacionam de forma complexa, e

interferir na diversidade biológica pode afetar essa dinâmica e indiretamente gerar prejuízos

socioeconômicos (ALHO, 2012).

Por exemplo, além de abrigar animais e plantas, a Floresta Amazônica também

contribui com o estoque de carbono e com a ciclagem da água (FEARNSIDE, 2005). Ao

promover o ciclo da água, ela atua na manutenção do sistema hidrológico local e na regulação

do clima global (BOUBLI; HRBECK, 2012). Sem florestas para estabilizar a água da chuva,

aumentam os deslizamentos e enchentes, assim como o desmatamento também contribui para

erosão do solo, diminuição da qualidade da água, perda de habitat, degradação de ambientes

aquáticos e prejuízos na pesca (ALHO, 2008). O impacto inclui até mesmo a área da saúde, já

que a deterioração do meio ambiente diminui a qualidade do ar, provoca contaminação da

água e dos alimentos, além de aumentar a proliferação de vetores de doenças (ALHO, 2012).

16

Todavia, não é apenas de forma indireta que dependemos da manutenção dos

ecossistemas, a sociedade também se apropria diretamente da biodiversidade através do

fornecimento de matéria para extração, uso doméstico, indústria e biotecnologia (ALHO,

2008). A literatura científica reúne numerosos registros de comunidades que utilizam folhas,

caules, frutos, entre outras partes vegetais em seu cotidiano (CHRISTO; GUEDES-BRUNI;

FONSECA-KRUEL, 2006), principalmente de plantas das famílias Fabaceae, Myrtaceae,

Euphorbiaceae e Poaceae (BORGES; PEIXOTO, 2009; CHRISTO, 2009; CHRISTO;

GUEDES-BRUNI; FONSECA-KRUEL, 2006; GANDOLFO; HANAZAKI, 2011; SILVA;

ANDRADE, 2005; TORRES et al., 2009). As aplicações incluem alimentação, construção

civil, marcenaria e carpintaria, medicação, ornamentação, combustível, cosméticos e tinturas,

entre outros (BORGES; PEIXOTO, 2009; CHRISTO, 2009; BRITO; OLIVEIRA;

SCUDELLER, 2011; CHRISTO; GUEDES-BRUNI; FONSECA-KRUEL, 2006).

Na ânsia de obter as vantagens oferecidas pelos organismos vegetais, comumente,

recorre-se a técnicas de extração que podem levar à destruição da planta (PRANCE, 1989).

Em maior escala, esses danos podem levar à extinção de espécies nativas e à perda de

variabilidade genética, comprometendo o ecossistema local (BARBOSA, 2001). Com a

fragilização do ecossistema, serviços ambientais importantes para o bem-estar humano, como

a regulação do clima e oferta de água, podem ser comprometidos (ANDRADE; ROMEIRO,

2011). Como alternativa, são propostas diversas estratégias para conservar a biodiversidade

ameaçada pela degradação ambiental (SIMÕES, 2008).

17

2 OBJETIVO

O presente capítulo busca abordar diferentes aspectos da relação entre ciência,

tecnologia, sociedade e biodiversidade vegetal, de modo a fomentar reflexões sobre o tema.

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Esta etapa do trabalho trata-se de uma revisão bibliográfica. Este método tem perfil

qualitativo, na medida em que busca descrever o estado da arte de um tema, primando pela

aquisição e atualização do conhecimento sobre o assunto (BOTELHO; CUNHA; MACEDO,

2011). A revisão, em seu caráter exploratório-descritivo, pautou-se nas etapas sugeridas em

Lima e Mioto (2007):

a) Elaboração do objeto: a fim de atender aos objetivos propostos, definiu-se como

objeto de pesquisa os temas “biodiversidade vegetal e o uso de recursos naturais” e

“conservação, biotecnologia e biodiversidade”;

b) Investigação das respostas: o levantamento bibliográfico ocorreu através do portal

de busca acadêmica “Google Acadêmico”, por meio de palavras-chaves como

“biodiversidade vegetal”, “levantamento etnobotânico”, “degradação ambiental”,

“extrativismo”, “manejo”, “unidades de conservação”, “biotecnologia de plantas” e

outras que se mostraram necessárias no decorrer da revisão;

c) Análise explicativa dos dados: foi adotada uma análise de viés dialético, uma vez

abordadas tanto as dimensões concretas quanto filosóficas e políticas, objetivando uma

reflexão crítica sobre o objeto de estudo;

d) Síntese integradora: a partir da análise dos dados compilados foi elaborado um

produto textual que trate dos temas de forma atual e correta.

18

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Recortes da biodiversidade

Ao longo da evolução os vegetais interagiram com diferentes populações e variadas

condições ambientais, como secas e geadas, o que proporcionou peculiaridades que, se

analisadas coletivamente, sugerem a formação dos padrões de vegetação que encontramos

atualmente (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 1996). Enquanto entidade com vegetação típica

sob efeito de diversos fatores ambientais, essa unidade fitofisionômica é chamada de bioma

(COUTINHO, 2006). Temperatura, umidade, precipitação, regeneração de nutrientes no solo

e produtividade biológica são exemplos de fatores que interferem e caracterizam os biomas

(RICKLEFS, 2010). Desse modo, podemos identificar desde florestas temperadas decíduas,

que perdem as folhas no inverno e se recompõem na primavera, até desertos com suas plantas

suculentas e espinhosas (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 1996).

Dentre os biomas, as florestas pluviais tropicais são as que apresentam maior

biodiversidade e complexidade ecológica, com destaque para o alto número de espécies

endêmicas (KAGEYAMA, 1987). Esse bioma é caracterizado por um clima sempre quente e

úmido - ainda que sofra variações ao longo do ano - onde água e temperatura não atuam como

fatores limitantes (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 1996). O solo, tipicamente avermelhado,

possui pouco húmus e argila, razão pela qual as plantas dependem dos nutrientes da

serapilheira - rapidamente decompostos e absorvidos - para garantir alta produtividade

(RICKLEFS, 2010). São florestas com alta densidade e que apresentam um grande número de

espécies por unidade de área, embora estas espécies estejam representadas por poucos

indivíduos (KAGEYAMA, 1987). Podem ser encontradas em países do sudeste asiático, na

Bacia do Zaire do continente africano (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 1996) e em regiões

do continente americano - chamadas de florestas pluviais neotropicais (RICKLEFS, 2010).

A Mata Atlântica é um exemplar de floresta tropical úmida que já se estendeu por 1,35

milhões km² do território sul-americano, cobrindo diversos estados brasileiros (FUNDAÇÃO

SOS MATA ATLÂNTICA; INPE, 2002). Se desenvolveu em regiões litorâneas e

interioranas, de baixada e de altitude, com solo profundo e com solo raso, em diferentes níveis

19

de temperatura e pluviosidade (TABARELLI et al., 2005). Essa variedade de ambientes

propiciou o desenvolvimento de diferentes ecossistemas, como florestas ombrófilas, mangues,

restingas, brejos e campos de altitude, além da associação com outras formações - mata de

araucárias ao sul, florestas decíduas e semidecíduas no interior (GALINDO-LEAL;

CÂMARA, 2003). Sua vegetação é marcada por um dossel contínuo de árvores perenes, além

de muitos arbustos, trepadeiras lenhosas e epífitas nas várias camadas do sub-bosque

(RAVEN; EVERT; EICHHORN, 1996; RICKLEFS, 2010).

Segundo dados do INPE, a Mata Atlântica possui “o recorde mundial de diversidade

botânica para plantas lenhosas [...] sem contar as cerca de 20 mil espécies de plantas

vasculares, das quais aproximadamente 6 mil restritas ao bioma” (FUNDAÇÃO SOS MATA

ATLÂNTICA; INPE, 2002, p. 8). Essa grande biodiversidade pode ser parcialmente

explicada pelo intercâmbio biológico promovido nos períodos em que a Mata esteve

conectada com outras florestas sul-americanas - como a Amazônia e Florestas Andinas - o

que contribuiu para a formação de novas espécies e de áreas de endemismo (TABARELLI et

al., 2005). Tal conjuntura levou a comunidade científica a considerar este bioma um hotspot

de biodiversidade, isto é, uma área onde há grande concentração de espécies endêmicas e

muita perda de habitat, demonstrando ser prioridade para conservação (MYERS et al., 2000).

É importante dizer, porém, que a riqueza biológica brasileira não se limita à Mata

Atlântica, alcançando diversas regiões e garantindo ao país o título de flora mais rica do

mundo (GIULIETTI, 2005). O Cerrado, localizado na região central do Brasil, com seu clima

estacional, queimadas naturais e solo pobre, é a savana tropical mais diversificada do mundo,

sendo outro hotspot nacional (KLINK; MACHADO, 2005). Ao contrário do que se

costumava acreditar, estudos recentes têm evidenciado que a Caatinga, bioma árido do

nordeste brasileiro, apesar do domínio de arbustos espinhosos e florestas sazonalmente secas,

guarda um número significativo de espécies endêmicas (LEAL et al., 2005). A Floresta

Amazônica, em contrapartida, já é alvo habitual de uma série de superlativos para descrever

sua megadiversidade de espécies, ecossistemas e paisagens (BOUBLI; HRBECK, 2012).

4.2 Importância Socioeconômica

20

a) Uso alimentício:

A alimentação humana inclui diversos produtos de origem vegetal como as verduras,

os tubérculos, os frutos e as sementes (SILVA; ANDRADE, 2005), seja na forma de suco,

sorvete, doces, processados ou in natura (BRITO; OLIVEIRA; SCUDELLER, 2011). Muitas

plantas produzem substâncias contra herbívoros que lhes conferem aroma e sabor especiais,

como a canela (casca de Cinnamomum zeylanicum), a pimenta-do-reino (frutos de Piper

nigrum), o cravo (gema floral de Syzygium aromaticum) e o gengibre (rizoma de Zingiber

officinale) - as chamadas especiarias. Apesar de atualmente cultivarmos muitas das plantas

que nos servem de alimento, os primeiros seres humanos subsistiam basicamente de

atividades de coleta em busca de raízes, caules, folhas, frutos e sementes comestíveis

(RAVEN; EVERT; EICHHORN, 1996).

No final do período paleolítico, a Terra passou por um período deglaciação que alterou

as formações vegetais ao redor do globo e criou o cenário no qual o Homo sapiens realizou a

revolução agrícola do neolítico - o início da domesticação de plantas (MARCEL; ROUDART,

2010). Uma das explicações para esse evento envolve os cereais silvestres (Poaceae), plantas

oportunistas cujos grãos teriam sido coletados na mata e derrubados em solo próximo aos

acampamentos, gerando fonte segura de alimento. É possível, também, que grupos pré-

históricos tenham se estabelecido durante longos períodos em regiões com abundância de

leguminosas (Fabaceae), aprendendo a otimizar suas colheitas através de irrigação, adubação,

proteção contra pragas e plantio de sementes (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 1996). Na

Antiguidade, o uso de diferentes tipos de plantas comestíveis e especiarias já estava difundido

através de novos plantios e do comércio (ABREU, 2001).

A agricultura também se desenvolveu no continente americano, iniciando o cultivo de

várias espécies nativas da América do Sul que são consumidas até os dias atuais, como

mandioca (Manihot esculenta), cacau (Theobroma cacao), amendoim (Arachis hypogaea),

mamão (Carica papaya), abacaxi (Ananas comosus), batata inglesa (Solanum tuberosum),

batata doce (Ipomoea batatas), entre outras (KHOURY et al., 2015). Esse quadro ilustra o

grande potencial alimentício da fitodiversidade brasileira, que inclui inúmeras espécies

frutíferas e hortaliças (KINUPP, 2009). Plantas silvestres e até mesmo plantas daninhas

possuem potencial econômico, mas estão em desuso pela maior parte da população (KINUPP;

BARROS, 2004). Pouco dessa diversidade é conhecida, estudada e explorada, de modo que

apenas uma pequena parcela da matriz agrícola brasileira é composta por plantas nativas

21

(KINUPP, 2009). Mesmo em áreas de ampla cobertura vegetal, o potencial alimentar das

espécies nativas é subutilizado e restrito a comunidades locais (SILVA; ANDRADE, 2005).

Um modelo desse potencial é o caruru (Amaranthus spp.), que já era utilizado como

alimento na época pré-colombiana e possui sementes com alto teor proteico, além de folhas

que podem servir como verduras nutritivas (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 1996). A própria

gastronomia regional apresenta plantas nativas que não são convencionalmente cultivadas e

consumidas, por exemplo, o jambu (Acmella oleracea) presente no tacacá, o cubiu (Solanum

sessiliflorum) utilizado na caldeirada amazonense e o ora-pro-nobis (Pereskia spp.) típico da

cozinha mineira (KINUPP, 2009). Existem, ainda, casos como a Feira da Cooperativa

Ecológica “Coolmeia” de Porto Alegre - RS, que comercializa produtos alternativos como a

goiabeira-serrana (Acca sellowiana) e obtém grande aceitação popular (KINUPP; BARROS,

2004).

b) Uso madeireiro:

A madeira é uma matéria-prima que, em estado bruto ou associada a outros elementos,

tem se mostrado bastante vantajosa na história da humanidade (HOFFMANN; PELEGRINI,

2009). O trabalho com materiais lenhosos envolve desde processos manuais e primitivos até a

engenharia moderna (LOURENÇO; BRANCO, 2013). Utilizada de diversas formas pelo setor

industrial (ROCHA; AMARAL; MOUTINHO, 2014), são produzidos componentes como

vigas, pilares, forros, postes, assoalhos, pisos, instrumentos musicais, utensílios domésticos,

armas, brinquedos, ferramentas, caixas, embarcações, entre outros (BRITO; OLIVEIRA;

SCUDELLER, 2011; CARDOSO et al., 2014). Essa infinidade de produtos pode ser dividida

de acordo com o nível de transformação: (i) os produtos primários, como madeira em tora; (ii)

os produtos pouco transformados, como madeira serrada e painéis; e (iii) os produtos mais

elaborados, como portas, janelas e móveis (BACHA, 2004).

Outra importante aplicação da madeira é a produção de energia para indústrias e

residências por meio de lenha e carvão vegetal - produto da carbonização da madeira

(ROCHA; AMARAL; MOUTINHO, 2014). A lenha era amplamente utilizada para abastecer

as fornalhas dos engenhos de açúcar coloniais durante o período de moagem (ENGEMANN

et al., 2005), já a produção de carvão é destinada a indústrias, sobretudo siderúrgicas e

metalúrgicas (ROCHA; AMARAL; MOUTINHO, 2014). O uso de lenha como combustível é

praticado até hoje em comunidade distantes dos centros urbanos (SILVA; ANDRADE, 2005).

22

Mesmo sendo variadas as formas de uso da madeira, “cada espécie apresenta

diferentes características, sendo necessário a verificação de diversos fatores que atuam

intrinsecamente na qualidade de uso dessas espécies” (CARDOSO et al., 2014, p. 2). Assim,

apesar de toda madeira seca servir como lenha (GANDOLFO; HANAZAKI, 2011), aquelas

com maior densidade e maior teor de lignina produzem carvão de maior poder calorífico e são

mais indicadas para produção de energia (ROCHA; AMARAL; MOUTINHO, 2014). Do

mesmo modo, ainda que a madeira seja um bom material para construção em conforto,

plasticidade e durabilidade (MEIRELLES et al., 2007), aquelas mais densas costumam ser

mais resistentes e retráteis (CARDOSO et al., 2014).

Mesmo sem todo esse conhecimento, ao sair das cavernas e grutas, a humanidade já

unia troncos e ramos na fabricação de abrigos para proteção contra o clima e os predadores

(HOFFMANN; PELEGRINI, 2009). Ainda no período pré-histórico foram registradas

armações “de ramos ou de pequenos troncos cobertas com folhas ou cascas de árvores”, como

cabanas e palafitas (LOURENÇO; BRANCO, 2013, p. 203). É evidente, porém, que diversos

fatores já influenciavam na forma como a madeira é utilizada nas construções: as

características do terreno, o clima local, o tipo de árvore disponível, a cultura em questão

(MEIRELLES et al., 2007). Por exemplo, nas primeiras civilizações, que surgiram no

território árido e sem florestas da Mesopotâmia, o principal recurso para construção era a terra

(LOURENÇO; BRANCO, 2013, p. 204). Já as sociedades nórdicas, utilizando o material

extraído dos seus bosques de coníferas (HOFFMANN; PELEGRINI, 2009), desenvolveram

inúmeras construções em madeira marcadas pelo empilhamento horizontal das toras

(MEIRELLES et al., 2007).

Conforme os povos progrediam, as técnicas se aperfeiçoavam. Os chineses, e

posteriormente os japoneses, desenvolveram métodos de encaixe de vigas e pilares com

bastante precisão geométrica, formando construções que resistem até a terremotos

(HOFFMANN; PELEGRINI, 2009). Durante a Idade Média, apesar do destacado uso de

pedras nas construções, foram criadas estratégias de serragem que levaram à substituição de

habitações com troncos horizontais por casas de tábuas, que ofereciam maior estanquicidade e

estabilidade. Ao elevar paredes de madeira preenchidas por areia, ripas, tecidos e argila, os

carpinteiros no início da Idade Moderna já eram capazes de construir edifícios de até seis

andares (LOURENÇO; BRANCO, 2013). Após a revolução industrial, a fabricação de aço e

concreto levou a um novo modo de construir (MEIRELLES et al., 2007).

23

No Brasil, as primeiras construções registradas foram as moradas rústicas de índios,

que também utilizavam a madeira para produzir armas de caça, instrumentos musicais e

ferramentas de trabalho - somente com a chegada dos colonizadores o extrativismo

madeireiro se tornou uma atividade econômica de fato (HOFFMANN; PELEGRINI, 2009).

Embora nossa tradição arquitetônica seja fortemente marcada pela alvenaria com tijolos de

barros trazida pelos portugueses, muitas habitações no sul e sudeste do país foram erguidas

com araucárias presentes na região (MEIRELLES et al., 2007).

Durante o período colonial, a principal atividade econômica foi a produção de açúcar

nos engenhos que, além de demandar muita lenha, utilizavam madeira extraída de terrenos

próximos para confeccionar caixas para armazenamento do açúcar, cercas para a criação de

bois e cavalos, carros de boi para transporte da produção (ENGEMANN et al., 2005). Já no

final do século XX, os produtos madeireiros representavam quase 10% da exportação

nacional e eram responsáveis por até 1,8 milhões de empregos (BACHA, 2004).

c) Uso medicinal:

O hábito de prevenir e curar doenças através das plantas parece ser uma das primeiras

práticas na história da humanidade (VEIGA JUNIOR; PINTO; MACIEL, 2005). Por

exemplo, índios norte-americanos utilizavam plantas do gênero Salvia para auxiliar no parto,

assim como a tradição indiana recomenda a ingestão da seiva de Alhagi maurorum para o

tratamento de obesidade, prisão de ventre e febre (DIAS; URBAN; ROESSNER, 2012).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (WHO, 1998), qualquer vegetal que possuir

substâncias utilizadas para fins terapêuticos ou para produção de fármacos pode ser definida

como uma planta medicinal. Esse conhecimento, tipicamente dominado por mulheres e

curandeiros (FIRMO et al., 2011), foi adquirido pelos primeiros povos durante a busca por

alimentos, quando por tentativa e erro descobriam as propriedades medicinais dos produtos

naturais (DIAS; URBAN; ROESSNER, 2012).

Conforme os povos se desenvolveram, esses saberes foram sistematizados em tratados

médicos (FIRMO et al., 2011). O primeiro desses registros remonta às antigas civilizações da

Mesopotâmia (2600 a.C.) e documenta em tábuas de argila o uso de óleos de cipestre italiano

(Cupressus sempervirens) e mirra (Commiphora spp.) para tosse, resfriado e inflamações

(DIAS; URBAN; ROESSNER, 2012). Também foram encontrados diversos livros chineses,

hindus e egípcios anteriores à era cristã que catalogavam diversas plantas medicinais,

24

inclusive algumas utilizadas ainda hoje pela indústria farmacêutica, como espécies dos

gêneros Panax, Ephedra e Cassia. Os produtos naturais vegetais seguiram como principal

fonte de recursos terapêuticos até o início do século XX, quando iniciaram os trabalhos de

isolamentos de princípios ativos (FIRMO et al., 2011).

Ainda que a indústria farmacêutica tenha avançado, o uso de plantas na prevenção e

tratamento de doenças ainda é parte da cultura de várias comunidades brasileiras (MOREIRA;

GUARIM-NETO, 2009), um saber desenvolvido através do convívio com a natureza

(FIRMO, 2011) e que revela uma íntima relação do homem com a biodiversidade (TORRES

et al., 2009). Na região amazônica, por exemplo, há relato de moradores que dão preferência

aos produtos naturais caseiros ao invés dos recursos hospitalares (SANTOS, 2000). Prova

desta tradição é a categoria “uso medicinal” ser a mais citada em estudos de etnobotânica de

diferentes áreas do país (GANDOLFO; HANAZAKI, 2011; MOREIRA; GUARIM-NETO,

2009; SILVA; ANDRADE, 2005), registrando até mesmo o uso de espécies exóticas (VEIGA

JUNIOR, 2008). É possível que o uso medicinal de espécies que não são nativas se deva ao

fluxo de informações promovido pelas mídias (AZEVEDO; SILVA, 2006), mas também pela

pluralidade da matriz cultural brasileira (FIRMO et al., 2011; SANTOS, 2000).

De todo modo, nativas ou exóticas, essas plantas costumam ter origem no quintal do

próprio usuário ou em feiras do bairro, e são utilizadas no tratamento de diversas doenças

(AZEVEDO; SILVA, 2006). Levantamento com comunidades do município de Silva Jardim

(RJ) destacou o uso contra doenças infecciosas, parasitárias, respiratórias e neurológicas

(CHRISTO; GUEDES-BRUNI; FONSECA-KRUEL, 2006). Por exemplo, a infusão de folhas

de pitanga (Eugenia uniflora), de laranja (Citrus sinensis) e de laranja-da-terra (Citrus

aurantium) é utilizada no tratamento de gripes, resfriados e dores de garganta, assim como as

folhas de Aloysia gratissima podem ser usadas para dores no corpo, febre e dor de cabeça

(BORGES; PEIXOTO, 2009). O uso, externo ou interno, do material vegetal pode ser na

forma de chás, banhos, garrafadas, xaropes, inalações, gargarejos, entre outros (CHRISTO;

GUEDES-BRUNI; FONSECA-KRUEL, 2006; MOREIRA; GUARIM-NETO, 2009).

Embora a folha seja o órgão mais utilizado para fins medicinais (BORGES;

PEIXOTO, 2009), diversos outros órgãos e tecidos vegetais são aproveitados - é o caso do

preparado da casca de Eschweilera wachenheimii e E. coriacea que pode ser usado no

combate a dor no estômago e diarreia (BRITO; OLIVEIRA; SCUDELLER, 2011). Essas

diferentes estruturas do organismo vegetal têm finalidades diferentes por possuírem

25

composições químicas diferentes (MOREIRA; GUARIM-NETO, 2009). Isto é, por mais que

existam moléculas essenciais ao crescimento e desenvolvimento do organismo - lipídios,

proteínas, carboidratos e ácidos nucleicos - que estão presentes em todo o organismo, há

também moléculas associadas à sobrevivência e adaptação ao ambiente que são produzidas

por órgãos e indivíduos específicos, em épocas e condições específicas - os chamados

metabólitos secundários (DIAS; URBAN; ROESSNER, 2012).

É do metabolismo secundário que se origina a diversidade química de substâncias

vegetais com atividade biológica utilizadas para fins medicinais (DIAS; URBAN;

ROESSNER, 2012). Essas moléculas atuam sobre o organismo através da interação com

alvos moleculares e celulares, podendo, por exemplo, interferir em várias etapas da resposta

imunológica, na produção e ação de mensageiros secundários, na expressão gênica e síntese

de proteínas (FIRMO et al., 2011). Tendo em vista a importância desses metabólitos para a

finalidade terapêutica das plantas medicinais, deve-se atentar para possíveis alterações nas

taxas de produção dessas substâncias, como a marcante variação sazonal na produção de

biflavonoides presentes nas folhas de Ginkgo biloba ou a variação qualitativa na produção de

lactonas sesquiterpênicas da Arnica montana entre plantas jovens e adultas (GOBBO-NETO;

LOPES, 2007). Na medida em que o metabolismo secundário constitui a “interface química

entre as plantas e o ambiente circundante” (GOBBO-NETO; LOPES, 2007, p. 374), é

coerente que a síntese dessas substâncias seja frequentemente alterada de acordo com

diferentes fatores, como idade da planta, época e local da coleta (LANA et al., 2010).

A possibilidade de desvendar a estrutura e o funcionamento dessas moléculas

bioativas desperta o interesse de diversas áreas da pesquisa (LANA et al., 2010) e constitui

uma promissora fonte de novos produtos (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 1996). Um

exemplo foi a pandemia de AIDS dos anos de 1980, que estimulou a análise de dezenas de

milhares de extratos de plantas e produziu resultados promissores (DIAS; URBAN;

ROESSNER, 2012). O saber popular acerca de produtos naturais terapêuticos também têm

sido um guia cada vez mais bem-sucedido nessa investigação do potencial medicinal das

plantas (MENDONÇA-FILHO; MENEZES, 2003). Por exemplo, a partir do estudo sobre a

utilização das plantas por parte de comunidades rurais e indígenas, foi possível produzir

pílulas anticoncepcionais de derivados de inhame selvagem (Dioscorea villosa) (BRITO;

OLIVEIRA; SCUDELLER, 2011).

26

A interação entre conhecimento tradicional e indústria farmacêutica originou a

fitoterapia, entendida como o tratamento com plantas medicinais ou com seus derivados

farmacológicos (FIRMO et al., 2011). Esses derivados, os fitoterápicos, são medicamentos

que têm a planta como matéria-prima, que possuem controle de qualidade e que não contam

com substâncias ativas isoladas em sua composição - estes seriam os fitofármacos (VEIGA

JUNIOR; PINTO; MACIEL, 2005). Também é comum o consumo de alimentos funcionais,

aqueles que colaboram com a prevenção ou cura de alguma doença, como o consumo de

alimentos ricos em ferro para combater anemia e de alimentos ricos em vitamina C para

fortalecer o sistema imunológico (VEIGA JUNIOR, 2008).

Da planta ao medicamento, porém, existe uma série de etapas a serem cumpridas. De

acordo com Lana e colaboradores (2010), após selecionar, a partir dos critérios

etnofarmacológicos, a espécie e o órgão a ter seu potencial medicinal avaliado, ainda é

necessário que a coleta e a identificação do material sejam realizadas corretamente. Já no

laboratório, deve-se preparar extratos do órgão coletado visando à investigação preliminar das

classes de substâncias presentes. Os extratos são, então, submetidos a técnicas de

fracionamento, isolamento, purificação e caracterização mais adequadas às classes de

substâncias encontradas. Depois, a identificação dos compostos orgânicos é feita através de

ressonância magnética ou de análises espectroscópicas.

Somente depois de conhecer a composição química do material botânico, é possível

realizar os ensaios bioquímicos ou com culturas de células - bacterianas, animais ou humanas

- para avaliar letalidade, toxicidade e atividade biológica do material. Ainda de acordo com

Lana e colaboradores (2010), são exemplos de ensaios de atividade biológica: (i) avaliação

antitumoral in vitro, na qual células tumorais crescem em meio de cultura que contem a droga

estudada; (ii) avaliação antitumoral in vivo, na qual injeta-se ou transplanta-se o tumor para

camundongos que são tratados com a droga; (iii) avaliação antimutagênica in vitro, na qual

bactérias mutantes crescem em cultura com a droga para observar se a reversão do processo

de mutação é induzida. Só após consolidar esta etapa, os testes clínicos são iniciados.

Ainda que embasado pelo conhecimento popular e por diversos protocolos científicos,

o uso de plantas medicinais e derivados apresenta uma série de dificuldades. Do ponto de

vista industrial, a investigação do potencial medicinal da biodiversidade vegetal para

produção de fármacos configurou-se como um processo caro, com problemas no

fornecimento de matéria-prima e grande possibilidade de redescoberta de compostos já

27

isolados (DIAS; URBAN; ROESSNER, 2012), levando as empresas a abandonarem seus

projetos de produtos naturais e investirem em drogas sintéticas (FIRMO et al., 2011). Até

mesmo o conhecimento popular sobre o assunto está deteriorando frente aos processos de

urbanização e abandono da vida rural (VEIGA JUNIOR, 2008). Os jovens consomem com

mais frequência e preferência medicamentos sintéticos comprados em farmácias, abandando o

tradicional e trabalhoso costume de cultivar plantas medicinais nos quintais (MENDONÇA-

FILHO; MENEZES, 2003).

Ademais, apesar da crença comum de que plantas não representam perigo à saúde

humana, muitos profissionais de saúde não indicam terapias alternativas - como a fitoterapia -

por não as considerarem seguras (VEIGA JUNIOR, 2008). Diversos extratos são

comercializados sem passarem por testes clínicos (FIRMO et al., 2011), sem certificação de

qualidade e após sofrerem adulterações (VEIGA JUNIOR; PINTO; MACIEL, 2005). Essa

falta de informação confiável sobre muitas espécies (FIRMO et al., 2011) pode levar a casos

de superdosagem, reação alérgica e intoxicação (VEIGA JUNIOR; PINTO; MACIEL, 2005).

Além disso, alguns pacientes têm o hábito de substituir o medicamento alopático receitado

pelo médico por plantas medicinais, ou de conciliar o uso dos dois sem avisar ao profissional -

combinação que pode gerar efeitos sinérgicos perigosos (VEIGA JUNIOR, 2008).

Conquanto todos estes riscos, a Organização Mundial da Saúde apoia a fitoterapia

(OGAVA et al., 2003). O consumo de plantas medicinais é amplo em países como França,

Alemanha (GOBBO-NETO; LOPES, 2007) e Estados Unidos, onde cerca de 25% das receitas

médicas incluem algum produto obtido a partir de uma planta (RAVEN; EVERT;

EICHHORN, 1996). Diversas medidas governamentais, como a regulação da fitoterapia por

órgãos públicos de controle (OGAVA et al., 2003), e o projeto “farmácia viva”, onde

profissionais mantêm hortas medicinais e farmacêuticos controlam a formulação dos produtos

(VEIGA JUNIOR, 2008), contribuíram para tornar o uso de produtos naturais mais seguro.

Em países em desenvolvimento, 80% da população confia em derivados de plantas para

cuidar da saúde (FIRMO et al., 2011). Parte dessa abrangência também é resultado da

dificuldade de populações de baixa renda terem acesso a medicamentos alopáticos - devido

aos altos preços - e a atendimento médico básico - devido à degradação dos serviços públicos

de saúde (AZEVEDO; SILVA, 2006).

28

d) Outros usos:

Através da figura do feiticeiro, o homem pré-histórico também buscava nas plantas a

cura de males de ordem espiritual, unindo magia às práticas terapêuticas (FIRMO et al.,

2011). No Brasil, esse conhecimento surgiu através da interação entre os saberes dos diversos

povos que formaram a população, sobretudo indígenas e africanos (AZEVEDO; SILVA,

2006). Atualmente, o uso tradicional de plantas em rituais é mantido na figura dos rezadores,

mulheres idosas respeitadas por sua experiência que utilizam pequenos ramos de plantas para

curar e absorver a “energia negativa” através de rezas (OLIVEIRA; TROVÃO, 2009). Por

exemplo, a erva-cidreira (Melissa officinalis) recomendada para banhos de descarrego possui

atividade analgésica e diminui ansiedade (VEIGA JUNIOR, 2008), enquanto a arruda (Ruta

graveolens) e o pinhão-roxo (Jatropha gosypifolia) são recomendadas para “mal olhado” e

“quebranto” (OLIVEIRA; TROVÃO, 2009). Talvez o caso mais polêmico de uso ritualístico

seja o consumo da Ayahuasca, chá alucinógeno produzido a partir da decocção do caule de

Banisteriopsis caapi e das folhas de Psychotria viridis que surgiu em tribos amazônicas e

rapidamente se expandiu para centros urbanos, através de grupos como Santo Daime ou

Barquinha (TEIXEIRA et al., 2008).

As plantas também têm atraído a atenção de empresários e consumidores da área de

cosméticos (MAGALHÃES; CAMARGO; HIGUCHI, 2013). Muitos dos produtos destinados

à higiene e à beleza são produzidos a partir de extratos, corantes, óleos essenciais ou

princípios ativos vegetais (BORGES; GARVIL; ROSA, 2013). Por exemplo, o óleo extraído

do fruto de tucumã (Astrocaryum aculeatum) é utilizado como hidratante e protetor solar, mas

também pode ser empregado em cremes antirrugas, shampoos, maquiagem, sabonetes e

tintura de cabelo (PASTORE JUNIOR; ARAUJO, 2005). A cafeína proveniente do café

(Coffea arabica), em associação com outros ativos, estimula a lipólise e ajuda a reduzir

celulites (MAGALHÃES; CAMARGO; HIGUCHI, 2013). De modo geral, esses variados

fitocosméticos são classificados de acordo com suas propriedades farmacológicas, em

categorias como adstringentes, tônicos, emolientes e umectantes, antissépticos, entre outras

(BORGES; GARVIL; ROSA, 2013).

Além disso, é comum encontrarmos fitocosméticos que são pigmentados com corantes

naturais, por exemplo, os carotenos que dão cor aos bronzeadores (BORGES; GARVIL;

ROSA, 2013). Alimentos, papéis e tecidos também podem ser pigmentados por corantes

naturais (FARIA, 2015), como a tinta vermelha extraída do pau-brasil (Caesalpinia echinata)

29

que era bastante usada no tingimento de roupas (BACHA, 2004). O uso de plantas como fonte

de pigmentos para arte é ainda mais antigo e remete às milenares pinturas rupestres

(BARBOZA; POHLMANN, 2015). Atualmente, a produção de tintas naturais está crescendo

e já obtém mais de 500 colorações a partir de raízes, frutas, flores, madeira, folhas e sementes

(FARIA, 2015). No Brasil, 90% desse mercado é ocupado pelas sementes do urucum (Bixa

orellana), conhecidas por compor o condimento “colorau” (FABRI; TERAMOTO, 2015).

Outro material vegetal também é muito utilizado pela indústria. Ricas em celulose,

hemicelulose e lignina, as fibras vegetais são feixes de esclerênquima que atuam na

sustentação da planta e são empregados na fabricação de tecidos desde 5000 a. C.

(GUIMARÃES, 2014). O algodão (Gossypium hirsutum), por exemplo, passou a ser cultivado

em todo o mundo para a produção de tecidos a partir dos tricomas de suas sementes (RAVEN;

EVERT; EICHHORN, 1996). Frutos, caules e folhas também podem fornecer fibras, como é

o caso do coco (Cocus nucifera), do linho (Linum usitatissimum) e do sisal (Agave sisalana) -

respectivamente (GUIMARÃES, 2014). No processamento industrial para produção dos

tecidos, segundo Alcântara e Daltin (1996), existem três etapas básicas: (i) na fiação, as fibras

são transformadas em fios; (ii) na tecelagem, os fios são arranjados em tecidos; (iii) no

beneficiamento, ocorre o tingimento, a estamparia e o acabamento final do tecido.

A utilidade das fibras não é apenas a confecção de tecidos. O artesanato com as hastes

de capim-dourado (Syngonanthus nitens) - que também utiliza fibras da folha jovem da

palmeira buriti (Mauritia flexuosa) - alcançou destaque nacional nos anos de 1990 e hoje é

vendido em feiras e shoppings por todo o país, servindo como principal fonte de renda de

centenas de famílias no Tocantins (SCHMIDT et al., 2011). Outro produto do artesanato que

ganhou o mercado nas últimas décadas, inclusive aparecendo em desfiles de moda, foram as

biojóias (LANA et al., 2010), peças produzidas da combinação de elementos naturais, como

sementes e fibras, metais nobres e pedras preciosas (SOUZA et al., 2012). Além de objetos

decorativos e acessórios de moda, os artesãos que trabalham com matéria-prima vegetal

também produzem uma série de artefatos de uso doméstico, como peneiras, paneiros, balaios

e tupés (LEONI; MARQUES, 2008).

Não é somente através do artesanato que as plantas podem adquirir valor estético,

desde a Antiguidade há registro de civilizações que já utilizavam as próprias plantas por sua

beleza (HEIDEN et al., 2007). O mercado de flores e plantas ornamentais no Brasil vem

crescendo e contribuindo para o aumento da renda dos pequenos agricultores (FRANÇA;

30

MAIA, 2008) e dos comerciantes que vendem os buquês, vasos de flores, arranjos e mudas

para jardim (LARA; CARVALHO, 2003). Até mesmo nas cidades a beleza das plantas pode

ser explorada, a arborização em ambientes urbanos contribui para o aumento da qualidade de

vida e o embelezamento da cidade (ROCHA; TELES; OLIVEIRA NETO, 2004).

4.3 Histórico de degradação

Apesar da humanidade ter desenvolvido essas variadas relações com a diversidade

vegetal, com o crescimento das atividades econômicas e da população mundial, a pressão

antrópica sobre os recursos naturais vem comprometendo a sustentabilidade ecológica

(ENGEMANN et al., 2005). A interação homem-natureza converteu-se em intensa exploração

e degradação ao longo dos últimos séculos (TORRES et al., 2009), afetada por processos

como a expansão da agricultura, a construção de estradas, o crescimento urbano e

demográfico (CHRISTO; GUEDES-BRUNI; FONSECA-KRUEL, 2006). A devastação da

Mata Atlântica, por exemplo, ocorreu em paralelo à história econômica brasileira, tendo sido

iniciada com a chegada dos portugueses ao continente americano (NEVES, 2006).

Para os colonizadores, o Brasil tratava-se de um “arquipélago de projetos de

exploração ecológica” (PADUA, 2004, p. 3), isto é, um modo de ocupação da terra e de

produção caracterizado pela apropriação intensa dos recursos nativos e pela introdução de

espécies exóticas para cultivo - chamadas colônias de exploração (NEVES, 2006). O

município do Rio de Janeiro, por exemplo, perdeu mais de 90 km² de florestas e outros

ambientes naturais ao longo de sua história (AZEVEDO; SILVA, 2006). Essa lógica

exploratória perpetuou no imaginário nacional o mito de que a Mata Atlântica era uma fonte

inesgotável de recursos, sempre disponível para produção e ocupação (NEVES, 2006).

Também é legado desse momento histórico o desprezo pela biodiversidade local, tratada

como empecilho ao desenvolvimento e ao progresso (PADUA, 2004).

O outrora abundante pau-brasil foi o primeiro recurso a sofrer ampla exploração, uma

extração tão intensa que tornou a espécie escassa em poucas décadas (NEVES, 2006).

Contudo, foi a procura por lenha que impulsionou a maior parte do desmatamento promovido

durante o período colonial (ENGEMANN et al., 2005), ainda que a extração de madeira

também atendesse a diversas outras demandas de estaleiros e engenhos de cana-de-açúcar

(CABRAL; CESCO, 2008). Mesmo no período pós-colonial, as florestas tropicais

31

continuaram sofrendo redução de suas áreas em razão da extração de produtos madeireiros

(SILVA; ANDRADE, 2005). No século XX, serralherias leves e pesadas se expandiram com

o desenvolvimento do transporte de carga e do processamento de madeira, estimulando a

extração de madeira das ainda abundantes florestas virgens (CABRAL; CESCO, 2008).

Não apenas o extrativismo de madeira contribui para a degradação ambiental, o

desmatamento em florestas tropicais está muito associado a empreendimentos agropecuários

(SILVA; ANDRADE, 2005). A agricultura exportadora foi o principal motor da economia e

da ocupação do território em diversos momentos da história brasileira (ALVES; ARAUJO;

NASCIMENTO, 2009). Dois dos principais ciclos econômicos nacionais foram os cultivos de

cana-de-açúcar (Saccharum spp.) e café (Coffea arabica), ambos marcados por um padrão de

produção que acelera o desmatamento de áreas naturais com vistas à extensa exploração

(NEVES, 2006). Muito desse estilo de cultivo permanece até hoje e pode ser ilustrado pelo

avanço do “arco do desmatamento” sobre a Floresta Amazônica (FEARNSIDE, 2005).

O mau uso da terra já era incentivado pela concessão fácil de novas propriedades no

período colonial: a área era explorada de forma descuidada e, tão logo ficasse inutilizada, era

abandonada para que se avançasse sobre uma nova área (NEVES, 2006). Por exemplo, ao

invés de adubar o solo da propriedade anterior, é antiga e recorrente a prática de queimar

novas áreas de floresta para limpar o terreno e se aproveitar da fertilidade desta nova

propriedade - que tão logo se esgota e o ciclo de desmatamento continua (PADUA, 2004). As

queimadas também são utilizadas para estimular a rebrota e a floração de diversas espécies,

sobretudo no Cerrado, como é o caso do capim-dourado (SCHMIDT et al., 2011). O uso do

fogo como instrumento de manejo é extremamente perigoso, pois é possível perder o controle

sobre sua extensão e intensidade caso não sejam consideradas as condições climáticas, o

correto uso dos equipamentos, entre outros aspectos (MEDEIROS; FIEDLER, 2004).

Depois da destruição de hábitats causada pela exploração antrópica, a contaminação

biológica provocada por espécies exóticas é a segunda maior ameaça à biodiversidade -

sobretudo em ambientes já perturbados (ZILLER, 2001). Quando certas espécies oriundas de

outro ecossistema são inseridas em novos ecossistemas e conseguem se naturalizar, acabam

comprometendo a vegetação nativa e alterando as características naturais do ambiente

(BLUM; BORGO; SAMPAIO, 2008). Essa invasão ocorre em razão da capacidade que a

planta exótica pode apresentar de explorar funções ecológicas ainda inexploradas naquele

ecossistema, além de não possuir competidores, parasitas e predadores (ZILLER, 2001).

32

Embora a transferência de plantas entre diferentes regiões do mundo tenha atendido muitas

demandas do setor agrícola, como a cana-de-açúcar e o café no Brasil (NEVES, 2006),

ultimamente uma parcela significativa corresponde ao setor de plantas ornamentais (BLUM;

BORGO; SAMPAIO, 2008). Quase metade das plantas ornamentais exóticas se tornou

espécie invasora, por exemplo, a maria-sem-vergonha (Impatiens walleriana) e o mal-me-

quer-do-campo (Chrysanthemum myconis) (HEIDEN et al., 2007).

A degradação promovida pela contaminação biológica, pelas queimadas, pelas

atividades extrativistas e pelo desmatamento decorrente da expansão de zonas agropecuárias e

urbanas atinge tanto os ecossistemas, quanto a sociedade que deles se beneficia

(FEARNSIDE, 2005; HEIDEN et al., 2007). A perda da biodiversidade talvez seja a

preocupação mais crítica nesse cenário, principalmente em áreas fragmentadas ou com alto

endemismo (FEARNSIDE, 2005). Inclusive porque certas espécies em risco de extinção

podem apresentar alguma utilidade socioeconômica (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 1996) e

acabarem ficando indisponíveis para gerações futuras (MOREIRA; GUARIM-NETO, 2009).

Essa extinção pode ter origem na competição com plantas invasoras (HEIDEN et al., 2007),

na pressão extrativista exercida pela coleta intensa e agressiva (AZEVEDO; SILVA, 2006;

CHRISTO, 2009) ou fragilização do ambiente (ALVES; ARAUJO; NASCIMENTO, 2009).

A fragilização está relacionada a diversos aspectos da estrutura e do funcionamento de

um ecossistema. A diminuição da população de certos animais pode afetar a dispersão e a

polinização de espécies vegetais, podendo leva-las à extinção (FACHIM; GUARIM, 1995). O

solo de um ambiente degradado sofre mais erosão e compactação, diminuindo a qualidade e

sua produtividade (FEARNSIDE, 2005). A remoção de vegetação também interfere na

ciclagem da água, comprometendo os recursos hídricos e as populações dele dependentes

(ALVES; ARAUJO; NASCIMENTO, 2009). A extração excessiva de madeira, inclusive,

aumenta o risco de incêndios florestais que emitem gases do efeito estufa, contribuindo para o

quadro de mudanças climáticas (FEARNSIDE, 2005). A própria qualidade de vida das

populações locais é drasticamente afetada pela degradação ambiental, que não

necessariamente é sinônimo de desenvolvimento econômico (NEVES, 2006).

33

4.4 Novas perspectivas

Observando os diversos fatos já apontados, é inegável que a biodiversidade seja

importante para a economia. Contudo, são igualmente inegáveis sua importância para a

qualidade de vida - essencial à saúde humana e à segurança alimentar - e as altas taxas de

extinção com as quais vem sofrendo (BARBOSA, 2001). Desde o período colonial havia

quem entendesse a necessidade de conciliar o progresso econômico com ações de

conservação florestal (NEVES, 2006), na expectativa de minimizar os malefícios decorrentes

do desmatamento (BACHA, 2004). No século XX, a discussão ambiental ganhou destaque de

especialistas e governantes em diversas conferências internacionais, como a 1ª Conferência

das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1972 (NEVES, 2006) e a

Convenção da Diversidade Biológica de 1992 - que trouxe a visão crítica e integradora sobre

o tema (CHRISTO; GUEDES-BRUNI; FONSECA-KRUEL, 2006).

a) Conservação in situ e manejo:

O trabalho diplomático internacional foi importante para garantir avanços nas políticas

de manutenção das florestas, exercendo grande pressão sobre Brasil e outros países com

grandes áreas florestadas (FEARNSIDE, 2005). Ainda na década de 1990, com a criação das

leis de crimes contra o ambiente, de recursos hídricos e da Mata Atlântica, ficou clara a

evolução na política ambiental brasileira (NEVES, 2006). A repressão por meio de inspeção e

multas previstas por esta legislação, contudo, não vem apresentando bons resultados, já que o

desmatamento parece aumentar e diminuir independentemente dos investimentos em estrutura

de fiscalização (FEARNSIDE, 2005).

Ainda que a repressão seja importante para garantir a aplicação de regras e evitar a

sobre-exploração (SCHMIDT et al., 2011), é preciso entender que o desmatamento é

resultado de fatores sociais, econômicos e políticos que, muitas vezes, fogem do alcance dos

órgãos ambientais (FEARNSIDE, 2005). Lidar com a especulação da terra, a lavagem de

dinheiro através da agropecuária e o fornecimento de subsídios e anistias a desmatadadores,

por exemplo, demanda atenção de diversos setores do governo (FEARNSIDE, 2005). A

criação de impostos cujas receitas são revertidas para o reflorestamento, como o ICMS

Ecológico, o Imposto de Renda Ecológico e o Pagamento por Serviços Ambientais, foi uma

alternativa interessante para atuar de forma mais global (NEVES, 2006).

34

Outro foco da política ambiental brasileira foi a conservação in situ, isto é, a

preservação da biodiversidade em seu local de origem através da criação de reservas físicas

(BARBOSA, 2001). Por exemplo, as Unidades de Conservação (UC) de proteção integral -

reservas biológicas, parques nacionais, estações ecológicas, refúgios da vida silvestre e

monumentos naturais - são destinadas à conservação da biodiversidade, sendo proibida a

exploração de recursos naturais, mas permitidas atividades de fins educativos e de pesquisa

(RYLANDS; BRANDON, 2005). Essas reservas têm o objetivo de impedir o avanço da

ocupação territorial, através da proteção dos ecossistemas locais (CHRISTO, 2009). Diversos

workshops foram realizados durante a década de 1990 para definir áreas prioritárias em cada

bioma do país para serem transformadas em UC, defendendo, ainda, a importância do

estabelecimento de corredores de biodiversidade entre elas (RYLANDS; BRANDON, 2005).

Além de sofrer com a falta de recursos humanos e financeiros (BARBOSA, 2001),

essas UC são comumente prejudicadas por embates entre os responsáveis pela gestão das

unidades e as comunidades circunvizinhas (CHRISTO, 2009). A polêmica reside na visão do

ser humano como agente da destruição, de modo que a preservação efetiva da biodiversidade

seria inviável em sua presença (BARBOSA, 2001) - um pensamento herdado do modelo

estadunidense de conservação no qual a natureza deve ser mantida intocada (CHRISTO,

2009). Contudo, alternativamente, há quem defenda que a biodiversidade é resultado da

interação entre o ser humano e a natureza e, por isso, também podemos atuar na solução dos

problemas ambientais (CHRISTO; GUEDES-BRUNI; FONSECA-KRUEL, 2006). A

colaboração das comunidades locais, por exemplo, é estratégica para a manutenção da

vegetação (SCHMIDT et al., 2011), como é o caso das reservas indígenas que contribuem de

forma significativa para a proteção da Amazônia (RYLANDS; BRANDON, 2005).

Nesse sentido, a realização de trabalhos de Educação Ambiental que valorizem o

conhecimento sobre a vegetação nativa e promovam a inserção dessas populações tradicionais

como agentes da conservação são essenciais à política ambiental (CHRISTO; GUEDES-

BRUNI; FONSECA-KRUEL, 2006). Por exemplo, substituir o mercado de plantas exóticas

por plantas nativas é um caminho para conquistar avanços (HEIDEN et al., 2007) e essas

comunidades já têm o hábito usar mais plantas nativas do que a população urbana (BRITO;

OLIVEIRA; SCUDELLER, 2011). Entender como esses grupos utilizam e gerenciam seus

recursos naturais pode ser extremamente proveitoso para o desenvolvimento sustentável

(TORRES et al., 2009). Contudo, o desmatamento e o avanço da urbanização têm contribuído

35

para que esse conhecimento, tipicamente oral, se perca ao longo das gerações (CHRISTO,

2009; CHRISTO; GUEDES-BRUNI; FONSECA-KRUEL, 2006). Por isso, a importância do

resgate e registro desses saberes promovido pelos estudos etnobotânicos (MOREIRA;

GUARIM-NETO, 2009).

Outro aspecto que contribui para a perda desse conhecimento popular é o caráter

proibitivo da legislação ambiental (GANDOLFO; HANAZAKI, 2011). Inclusive, a criação de

UC sob o controle único do poder público e sem o apoio da sociedade não tem sido eficiente

na tentativa de proteger a vegetação nativa remanescente (SILVA; ANDRADE, 2005). Como

alternativa ao alto custo social e financeiro dessas unidades, há ambientalistas que defendem a

criação de reservas onde comunidades e empresas possam realizar o manejo dos recursos

naturais (BARBOSA, 2001). As chamadas UC de uso sustentável admitem essa exploração de

forma sustentável, ou seja, através de modelos de desenvolvimento que permitam a geração

de riquezas sem comprometer o ecossistema (DRUMMOND; FRANCO; OLIVEIRA, 2010).

Existem as Áreas de Proteção Ambiental que organizam atividades econômicas locais através

de zoneamentos e planos de manejo, as Florestas Nacionais destinadas à silvicultura e ao corte

seletivo sustentável, as Reservas Extrativistas criadas originalmente para atender a

comunidades de seringueiros do Acre e que hoje contemplam diversas atividades, entre outras

(RYLANDS; BRANDON, 2005).

Um exemplo de manejo bem-sucedido pode ser encontrado na região de Jalapão (PI),

onde o órgão ambiental local buscou combater a sobre-exploração do capim-dourado através

de regulamentação baseada tanto no conhecimento acadêmico sobre a ecologia da espécie,

quanto no conhecimento tradicional dos artesãos e coletores, conseguindo produzir normas

simples e amplamente aceitas pela comunidade (SCHMIDT et al., 2011). O manejo de

recursos florestais não-madeireiros, como a borracha (Hevea brasiliensis), a castanha-do-pará

(Bertholletia excelsa), o fruto do açaí (Euterpe oleracea) (HOMMA, 2012), também

representa importante ganho social e ambiental, podendo, inclusive, sobrepor os lucros que

viriam do uso madeireiro ou agrícola da área (BRITO; OLIVEIRA; SCUDELLER, 2011).

Todavia, nem sempre o manejo consegue garantir a sustentabilidade do uso (CHRISTO,

2009). Por vezes, a redução dos recursos, a competição com espécies domesticadas e a

pressão exercida pela demanda de mercado podem comprometer a sustentabilidade

econômica e biológica da atividade (HOMMA, 2012).

36

b) Conservação ex situ e biotecnologia:

Neste cenário de difícil custeio das UC, ganham destaque na preservação da

diversidade genética, as estratégias de conservação ex situ - fora do local de ocorrência da

espécie. A manutenção de embriões, sementes, partes de indivíduos ou indivíduos inteiros em

casas de vegetação, cultura in vitro, criopreservação e bancos de germoplasma costuma

garantir a preservação do patrimônio genético com maior controle, proteção e facilidade de

acesso, ao mesmo tempo que demanda menor custo e espaço (BARBOSA, 2001). A

facilidade de acesso à diversidade genética colabora com a Biotecnologia na busca por

métodos de produção mais eficazes e menos poluentes (GUIMARÃES, 2014), aumentando,

consequentemente, a produtividade e a sustentabilidade (GOLLE et al., 2009).

A cultura de tecidos in vitro, por exemplo, consiste no cultivo em meios de cultura

com baixa concentração salina, enriquecidos com açúcares, vitaminas e fitorreguladores,

mantidos em ambiente de temperatura e luminosidade controladas (GEORGE, 2008). Uma

das técnicas associadas à cultura in vitro, a micropropagação é capaz de promover a

propagação de indivíduos selecionados através do estabelecimento de populações de clones

(GOLLE et al., 2009). Afinal, para preservar o patrimônio genético de uma espécie ameaçada

de extinção, é recomendável promover o aumento da população de forma controlada para que

sejam evitadas perdas no pool gênico (BARBOSA, 2000).

Além da preservação, a micropropagação também é importante para a extensa

produção de mudas de genótipos superiores, produzidos através do melhoramento vegetal

(SOUZA, 2006). Nos trabalhos de melhoramento, procura-se alterar propriedades químicas,

físicas e fisiológicas da espécie para aumentar a resistência a doenças, a tolerância a estresses

abióticos, a capacidade fotossintética, entre outras características (GOLLE et al., 2009). Esses

avanços podem, por exemplo, contribuir para a diminuição da exploração extrativista ao

encurtarem o processo de domesticação de espécies de interesse econômico (HOMMA, 2012)

e para a obtenção de matéria-prima de maior qualidade (KINUPP, 2009).

Inicialmente, essas alterações eram obtidas a partir da lenta e pouco controlada busca

por cruzamentos mais vantajosos (GOLLE et al., 2009), contudo, técnicas recentes ajudaram

a otimizar o melhoramento vegetal. Os bancos de germoplasma - “[...] parte biológica que

mantém as características genéticas da espécie” - são importantes fontes de material para o

melhoramento moderno (BARBOSA, 2001, p. 73). Os marcadores moleculares - “[...]

37

características de DNA que diferenciam dois ou mais indivíduos e são herdadas

geneticamente [...]” - facilitam a identificação e seleção de genes de interesse (GOLLE et al.,

2009, p. 1609). Por fim, na década de 1970, a descoberta da tecnologia do DNA recombinante

proporcionou o progresso em direção à transformação genética (BARBOSA, 2001).

A engenharia genética recombinante possibilitou a inserção do gene de interesse

proveniente de um organismo no DNA de outro, produzindo plantas geneticamente

modificadas, como os transgênicos da soja e do milho - resistentes a herbicidas e insetos

graças à inserção de genes da bactéria Bacillus thuringiensis (BARBOSA, 2000). Nesse

processo, enzimas de restrição são utilizadas para fragmentar o DNA onde se encontra o gene

de interesse, que será isolado e inserido no vetor (MALAJOVICH, 2016). Após o vetor -

normalmente o plasmídeo da bactéria Agrobacterium tumefaciens - ter sido incorporado pelas

células hospedeiras, a cultura de tecidos é utilizada para a multiplicação in vitro das células

transformadas (GOLLE et al., 2009). Apesar das vantagens proporcionadas, é preciso destacar

que todo transgênico exposto no meio ambiente representa ameaça potencial ao ecossistema e

à saúde humana, na medida em que a transferência de genes entre espécies pode provocar

intensa poluição genética (BARBOSA, 2000).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observando os fatos discutidos neste capítulo, é possível concluir que existem, de fato,

inúmeras relações entre os componentes CTS e a biodiversidade vegetal. A utilização de

plantas em atividades cotidianas faz parte da história e da cultura humana. Os usos ritualístico

e medicinal são traços essenciais das culturas afro-brasileira e indígena, as artes plásticas e a

arquitetura são permeadas por diversos materiais de origem vegetal. A agricultura familiar e o

artesanato ainda são responsáveis pela sustentação de muitas populações de baixa renda. É

inegável que a relação entre a sociedade e as plantas é parte constituinte de nossa identidade,

de nosso modo de vida.

O setor industrial também possui íntima relação com a biodiversidade de plantas. A

indústria têxtil, as empresas de cosméticos, o agronegócio, a indústria farmacêutica, o setor

madeireiro... diversos componentes do sistema econômico - e consequentemente os empregos

e os produtos por ele gerados - dependem da oferta de recursos vegetais. Muitos desses

setores devem parte de sua produção a recentes inovações científicas e tecnológicas que

38

ampliaram sua capacidade produtiva ao mesmo passo que potencializaram sua capacidade

destrutiva. A iniciativa privada atua sobre o julgo da legislação, mas também são notórias

suas iniciativas que visam corromper agentes do poder público a fim de garantir o lucro.

Isto ilustra que, por mais que a Biotecnologia aparente ser um promissor modelo de

desenvolvimento, não é possível tratar deste assunto apenas em termos econômicos. Sendo o

Brasil detentor de parcela significativa da biodiversidade mundial, há uma enorme variedade

de espécies com potencial econômico a ser desenvolvido por meio da Biologia Molecular e da

Engenharia Genética. Contudo, a alta biodiversidade também acentua a responsabilidade no

combate à erosão genética e à extinção de espécies, na regulação e fiscalização da iniciativa

privada, da atividade científica e da produção tecnológica.

À luz dos diversos aspectos sociais, econômicos, políticos, culturais e ambientais que

permeiam este assunto, é necessário que a sociedade civil - simbolizada na figura do cidadão -

seja capaz de atuar a fim de garantir a gestão justa da biodiversidade com a qual convivemos e

da qual dependemos. Isto é, é preciso que a sociedade possa discutir sobre a forma como

utilizamos e preservamos os recursos naturais e, assim, influenciar as instâncias de poder -

ciência, poder público, iniciativa privada - que comandam as políticas dessa área. Sendo

assim, é legítimo defender a difusão dos conhecimentos discutidos neste capítulo.

39

CAPÍTULO II

Produção e avaliação de uma proposta de divulgação científica sobre a

biodiversidade vegetal brasileira na perspectiva CTS

40

1 INTRODUÇÃO

O avanço nas práticas de comunicação nas últimas décadas promoveu o surgimento de

novos espaços de interação e, assim, ao viabilizar meios para o diálogo entre ciência e

sociedade, ajudou a diminuir o isolamento do universo científico (MARANDINO et al.,

2003). Não obstante as primeiras iniciativas de aproximação do público leigo com o

conhecimento científico remontem ao século XVII, foi com a institucionalização da ciência, e

a consequente definição de um discurso próprio da comunidade científica nos séculos mais

recentes, que surgiu a figura de um profissional que reaproximaria a ciência ao resto da

sociedade (SILVA, 2006). Atualmente, essa reaproximação pode dar-se através de jornais,

livros comuns, livros didáticos, músicas, filmes, documentários, panfletos, exposições e tantos

outros canais (NASCIMENTO, 2008).

Ainda que haja diversas formas de difundir o conhecimento produzido, é possível

diferenciá-las de acordo com o público-alvo: enquanto a disseminação científica envolve a

circulação de informação entre os próprios especialistas do assunto; a divulgação científica

(DC) trata de exportar o conhecimento produzido por cientistas para o público leigo

(ALBAGLI, 1996). Essa definição, porém, é problemática, na medida em que reforça a

anteposição entre um “sujeito produtor do conhecimento científico numa posição de

autoridade altamente legitimada” e um “sujeito interessado em atualização cultural, sem

nenhum conhecimento sobre ciência” (SILVA, 2006, p. 58). De todo modo, parece hercúlea a

tarefa de encontrar um único conceito capaz de cobrir a vasta gama de produtos de DC, sendo

razoável trata-lo como um conceito polissêmico, aberto a discussões (NASCIMENTO, 2008).

Apesar dos dissensos, concorda-se que o processo inerente à divulgação do saber

científico envolve alguma transformação no campo linguístico (ALBAGLI, 1996).

Comumente, o trabalho da DC é transmitir aos leigos os princípios, métodos e ideias que

regem o conhecimento em Ciência utilizando uma linguagem adequada e atraente para esse

público, sem, com isso, incorrer em distorções na informação (MASSARANI; MOREIRA,

2005). É preciso, contudo, atentar-se ao fato de que a DC é um trabalho de formulação de um

discurso novo, não apenas uma conversão de um discurso-fonte para um discurso-alvo

(ZAMBONI, 1997). Ainda que a “tradução” do jargão especializado seja recurso corriqueiro,

as estruturas retóricas dos textos de divulgação são diferentes daquelas dos textos científicos

originais (MASSARANI; MOREIRA, 2005).

41

Descrevendo nestes termos, é possível que se torne confusa a distinção entre ensinar e

divulgar. Diversos trabalhos aproximam a DC do ensino formal, elencando diversas de suas

funções em sala de aula: contribuição da motivação e participação; complemento ao material

didático; vínculo entre a linguagem do aluno e a linguagem científica; e contato com valores

socioculturais (NASCIMENTO, 2008). Até o ano de 2011, foi registrado um acréscimo

considerável no número de pesquisas sobre a potencialidade didática dos trabalhos de

divulgação (FERREIRA; QUEIROZ, 2012). São trabalho que, muitas vezes, estão atrelados à

educação informal, afinal, sendo a educação estabelecida ao longo da vida e não apenas no

contexto escolar, surgem situações de aprendizagem por livre escolha (MARANDINO et al.,

2003) onde os materiais de DC podem contribuir para a atualização e consolidação dos

conhecimentos oriundo da educação formal (ALBAGLI, 1996).

Não obstante, é importante ressaltar que o fator educativo não é o único objetivo da

DC (VALÉRIO; BAZZO, 2006). O papel do profissional não é somente traduzir a

informação, mas também promover uma análise crítica de cunho político, social ou

econômico do conhecimento e da pesquisa que o gerou (NASCIMENTO, 2008). O recente

crescimento da produção científica aumentou, na figura do movimento CTS, a demanda por

processos democráticos na aplicação da ciência e por controle social sobre sua metodologia, o

que acaba atribuindo um papel cívico e de mobilização social à DC (ALBAGLI, 1996). Um

pioneiro da DC, Dr. José Reis declara:

Durante muito tempo, a divulgação se limitou a contar ao público os encantos e

os aspectos interessantes e revolucionários da ciência. Aos poucos passou a

refletir também a intensidade dos problemas sociais implícitos nessa atividade

(REIS, 1982, p.78 apud AIRES et al., 2003).

Ao aproximar o cidadão do trabalho científico, possibilita-se a independência

individual e racional essencial para a capacidade de decisão e a construção da cidadania,

ajudando a entender e solucionar problemas do cotidiano moderno (NASCIMENTO, 2008).

Aceitando que avanço científico-tecnológico não acarreta necessariamente em

desenvolvimento humano, é necessário estabelecer um novo equilíbrio de forças na relação

entre ciência, tecnologia e sociedade, onde a sociedade se aproprie do conhecimento e oriente

os rumos do desenvolvimento (VALÉRIO; BAZZO, 2006). A DC pode contribuir para

melhorar o desempenho científico do público e, consequentemente, para a melhor

compreensão desses problemas (AIRES et al., 2003).

42

Conforme discutido no Capítulo I, as intrincadas relações da ciência, da tecnologia e

da sociedade com a biodiversidade vegetal brasileira, sobretudo na Mata Atlântica,

representam um campo de conhecimento onde essa reconfiguração de poder é urgente. O uso

dos recursos vegetais pelas populações humanas, que outrora não comprometia o

funcionamento dos ecossistemas, hoje acarreta em extensos dados ao meio ambiente. Estes

danos podem ser explicados pela expansão urbana e populacional, pelo aumento do consumo,

pelo estabelecimento de técnicas predatórias, enfim, mudanças promovidas pela própria

sociedade, em conjunto com a ciência e a tecnologia, que afetam os biomas e a

biodiversidade. A Mata Atlântica é caso crítico, de modo que é considerada um hotspot da

biodiversidade em risco. Portanto, é necessário e urgente discutir como o poder público, a

iniciativa privada, a população, as pesquisas científica e tecnológica estão envolvidas na

gestão do consumo desses recursos e dos danos causados por ele.

2 OBJETIVO

O presente capítulo teve o objetivo de abordar a produção e avaliação de um recurso

de divulgação científica sobre a biodiversidade vegetal - da Mata Atlântica, principalmente. O

tema foi contextualizado sob o enfoque CTS, visando à democratização do conhecimento.

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Levantamento de espécies

A partir da pesquisa de Zaú (2010) sobre a composição de um remanescente urbano de

Mata Atlântica na cidade do Rio de Janeiro, foi realizada uma busca por espécies vegetais que

exemplificassem a diversidade de utilidades exploradas pela sociedade. Dentre as espécies

levantadas, 20 foram selecionadas para compor o levantamento final do trabalho com base

nos seguintes critérios: (i) abundância da espécie no remanescente amostrado; (ii) relevância

socioeconômica; e (iii) disponibilidade de informações sobre a espécie na literatura científica.

43

3.2 Produção do material de divulgação

O material foi produzido com o software Microsoft Publisher 2013. O conteúdo foi

elaborado a partir das informações obtidas nas etapas de revisão bibliográfica e levantamento

de espécies. Durante o processo, prezou-se pela clareza do discurso, pela correção e

atualização das informações (ALBAGLI, 1996; NASCIMENTO, 2008). Majoritariamente, as

imagens utilizadas no material foram obtidas por meio de bancos gratuitos de imagens, nos

demais casos foi citada a autoria e/ou origem da imagem. O público-alvo é são alunos de do

Ensino Médio, coerente com o hábito da DC - população escolarizada ou em escolarização

(ALFERES; AGUSTINI, 2008). O material pode ser distribuído digitalmente através de sites

de apoio ao ensino de Ciências e Biologia ou impresso em parceria com instituições público-

privadas que fomentam práticas de cultura e educação por meio de incentivos legais.

3.3 Avaliação do material de divulgação

O material foi avaliado por profissionais formados em cursos de Licenciatura em

Ciências Biológicas, através de questionário online anônimo majoritariamente fechado

(Apêndice 01). O questionário fechado é um instrumento de coleta de dados composto por

questões nas quais o respondente é apresentado a um rol de alternativas previamente

elaboradas pelo pesquisador, facilitando a aplicação, o processamento e a análise das

respostas (CHAGAS, 2000). A avaliação por pares, prática comum na comunidade científica,

baseia-se na contribuição de profissionais da área de conhecimento da pesquisa avaliada para

que o produto final da pesquisa tenha maior qualidade (MENDES; MARZIALE, 2001).

4 RESULTADOS

4.1 Levantamento de espécies

Foram selecionadas, dentre as espécies vegetais mais abundantes, vinte que

apresentassem utilidade socioeconômica registrada na literatura científica (Tabela 01).

44

Tabela 01 - Espécies abundantes da Mata Atlântica com uso socioeconômico registrado.

Ni Espécie Família Uso

141 Euterpe edulis Arecaceae Sim

93 Myrceugenia myrcioides Myrtaceae Não

61 Geonoma schottiana Arecaceae Sim

43 Myrcia multiflora Myrtaceae Sim

37 Guapira opposita Nyctaginaceae Sim

31 Myrcia spectabilis Myrtaceae Sim

22 Amaioua intermedia Rubiaceae Sim

22 Ecclinusa ramiflora Sapotaceae Sim

21 Guarea macrophylla subsp. tuberculata Meliaceae Sim

16 Maytenus communis Celastraceae Não

14 Bathysa gymnocarpa Rubiaceae Não

14 Roupala longepetiolata Proteaceae Não

11 Roupala consimilis Proteaceae Não

10 Cupania furfuracea Sapindaceae Sim

10 Ocotea glaziovii Lauraceae Sim

9 Lamanonia ternata Cunoniaceae Sim

8 Eugenia brasiliensis Myrtaceae Sim

8 Hieronyma alchorneoides Phyllanthaceae Sim

7 Eriotheca pentaphylla Malvaceae Sim

7 Eugenia excelsa Myrtaceae Não

7 Ocotea odorífera Lauraceae Sim

7 Pseudopiptadenia leptostachya Fabaceae Sim

7 Psychotria nemorosa Rubiaceae Não

7 Rinorea guianensis Violaceae Sim

7 Trichilia lepidota Meliaceae Sim

6 Aniba firmula Lauraceae Sim

6 Erythroxylum pulchrum Erythroxylaceae Não

6 Pera glabrata Euphorbiaceae Sim

Legenda: “Ni” - número de indivíduos da espécie encontrados por Zaú (2010) no trecho de Mata

Atlântica analisado; “Uso” - indica se a espécie possui algum uso socioeconômico registrado na

literatura científica. As espécies realçadas em cinza foram utilizadas no levantamento deste trabalho.

a) Euterpe edulis Mart.

Família botânica: Arecaceae, a família das palmeiras (JUDD et al., 2009; ZAÚ, 2010).

Nome popular: Juçara (AGUIAR et al., 2002; BORGES et al., 2013; MARCOS; MATOS,

2003), palmiteiro (AGUIAR et al., 2002; MARCOS; MATOS, 2003).

Distribuição: Normalmente, esta espécie ocorre do sul da Bahia ao Rio Grande do Sul, mas

também pode ser encontrada em Pernambuco, Alagoas, Goiás e Mato Grosso do Sul

(FELZENSZWALB et al., 2013). Apesar de ser típica da Mata Atlântica, também aparece no

Cerrado (AGUIAR et al., 2002; ZAÚ, 2010).

45

Características: A juçara é uma palmeira cujo estipe1 pode atingir até 20 metros de altura

(MARTO; BARRICHELO; MULLER, 2007). Suas folhas podem alcançar até 3 metros de

comprimento e são pinadas, isto é, têm forma similar a penas (MARTO; BARRICHELO;

MULLER, 2007). As flores possuem coloração creme e se reúnem em inflorescências2

semelhantes a cachos (AGUIAR et al., 2002). Seus frutos, arredondados e pretos, alimentam

pássaros, mamíferos e roedores (AGUIAR et al., 2002; FELZENSZWALB et al., 2013). Este

papel na alimentação de diversos animais torna a palmeira juçara muito importante para a

manutenção de ecossistemas, além de muito abundante (MARCOS; MATOS, 2003).

Usos: A palmeira juçara é conhecida por produzir um palmito de qualidade e sabor superior

ao de outras espécies do mesmo gênero (BORGES et al., 2011). O Brasil é um dos poucos

países que apresentam condições climáticas para o desenvolvimento dessa espécie (AGUIAR

et al., 2002), que já era explorada antes mesmo da colonização (MARCOS; MATOS, 2003).

O palmito, consumido em diversos países (AGUIAR et al., 2002), é na verdade a parte

superior do estipe (MARTO; BARRICHELO; MULLER, 2007) e sua extração leva à morte

da planta (AGUIAR et al., 2002) - é importante, portanto, não consumir palmito de origem

ilegal. Além do palmito, o fruto da espécie é semelhante ao açaí, sendo consumido na forma

de sucos, sorvetes e doces (BARROSO, R.; REIS; HANAZAKI, 2010; BORGES, G. et al.,

2011; FELZENSZWALB et al., 2013; MARTO; BARRICHELO; MULLER, 2007). As

propriedades antioxidantes dos frutos (BORGES et al., 2011, 2013; INÁCIO et al., 2013) têm

chamado atenção por seu potencial na prevenção de diversas doenças crônicas (BORGES et

al., 2011). Por fim, a palmeira pode ser usada para paisagismo e ornamentação (AGUIAR et

al., 2002), sua madeira pode ser utilizada em construções rústicas e na confecção de vassouras

(AGUIAR et al., 2002; BARROSO; REIS; HANAZAKI, 2010; MARTO; BARRICHELO;

MULLER, 2007), suas folhas podem ser usadas como cobertura temporária (BARROSO;

REIS; HANAZAKI, 2010; MARTO; BARRICHELO; MULLER, 2007), a casca do fruto

fornecesse tinta para tecidos e as sementes podem compor ração para animais (MARTO;

BARRICHELO; MULLER, 2007).

1 Estipe é um tipo de caule longo, resistente e cilíndrico que não costuma possuir ramificações – as folhas ficam

reunidas apenas na extremidade. É típico das palmeiras (VIDAL; VIDAL, 2011).

2 Inflorescência são ramos que produzem flores, sendo relevante a forma como essas flores se dispõem nestes

ramos (VIDAL; VIDAL, 2011).

46

b) Geonoma schottiana Mart.

Família botânica: Arecaceae, a família das palmeiras (JUDD et al., 2009; ZAÚ, 2010).

Nome popular: Guaricana (BAUERMANN et al., 2010; DORNELES; WAECHTER, 2004;

KRIEGEL; AZEVEDO; SILVA, 2014), ouricana (BAUERMANN et al., 2010), guaricanga

palha-fina (SILVA; FISCH, 2012).

Distribuição: Ocorre de Pernambuco ao Rio Grande do Sul (DORNELES; WAECHTER,

2004), sobretudo em áreas de solo úmido (BAUERMANN et al., 2010; DORNELES;

WAECHTER, 2004) como florestas costeiras e de encosta, restingas, capoeirões e brejos

(BAUERMANN et al., 2010; MONTEIRO et al., 2012).

Características: A guaricana é uma palmeira que costuma possuir apenas um estipe tortuoso

e com cicatrizes em formato de anel (SAMPAIO, 2006). No alto do estipe, costuma

apresentar de 7 a 12 folhas formando uma estrutura semelhante a um guarda-chuva

(BAUERMANN et al., 2010). Os frutos possuem apenas uma semente, são arredondados e

quando maduros adquirem coloração de roxo a preto (SAMPAIO, 2006). Eles são importante

fonte de alimento para diversas aves (MONTEIRO et al., 2012; SAMPAIO, 2006).

Usos: As folhas da guaricana foram muito utilizadas na cobertura de moradias (KRIEGEL;

AZEVEDO; SILVA, 2014; SILVA, 2008). Até mesmo índios as utilizavam de forma que,

atualmente, é difícil encontrar essa espécie nas áreas que foram ocupadas por índios guaranis

(KRIEGEL; AZEVEDO; SILVA, 2014). Para uso ornamental, as folhas eram secadas e

depois tingidas, servindo de decoração na Europa (SILVA, 2008). Até mesmo o pecíolo3

servia para artesanato na elaboração de cestos e balaios (SILVA, 2008). Por fim, seus frutos

também podem ser usados como alimento (SILVA; FISCH, 2012).

c) Myrcia multiflora (Lam.) DC.

Família botânica: Myrtaceae, a família da jabuticaba (JUDD et al., 2009; ZAÚ, 2010).

Nome popular: Cambuí, cambuim, pedra-ume-caá, entre outros (SILVA et al., 2015).

3 Pecíolo é a haste que sustenta a lâmina foliar, conectando-a ao ramo (VIDAL; VIDAL, 2011).

47

Distribuição: Ocorre no Peru, Paraguai, Guiana e no Brasil (ALVES, 2012), em biomas

como Amazônia, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica (ZAÚ, 2010).

Características: O cambuí é uma árvore que pode alcançar até 18 metros de altura (ALVES,

2012). Assim como outras partes da planta, seus ramos são cobertos de uma camada de cera e

não possuem tricomas, ao invés disso, os ramos apresentam glândulas na forma de pontuações

(SILVA et al., 2015). Suas flores são brancas e dispostas em inflorescências, enquanto os

frutos se apresentam pretos ou arroxeados (SILVA et al., 2015).

Usos: A madeira do cambuí é considerada um produto de qualidade, sendo utilizada como

lenha e na construção de cercas (ALVES, 2012). Seus saborosos frutos são conhecidos como

“mata-fome” por alimentar aqueles que percorrem longas caminhadas (ALVES, 2012). Sua

folha pode ser utilizada na produção de óleos essenciais, uma classe de produtos vegetais com

atributos aromáticos muito utilizada na indústria de higiene e beleza (ALVES, 2012). A folha

do cambuí também é utilizada em banhos para tratar inflamações uterinas e na forma de chá

para hemorragia e diabetes, por ter propriedade hipoglicemiante - isto é, reduz a quantidade

de açúcar no sangue (SILVA et al., 2015). Em extratos da folha, também foi detectada a

capacidade de inibir uma cadeia de reações químicas do açúcar que, em diabéticos, poderia

levar a doenças como neuropatia periférica, retinopatia diabética e catarata (MATSUDA;

NISHIDA; YOSHIKAWA, 2002).

d) Guapira opposita (Vell.) Reitz

Família botânica: Nyctaginaceae, a família das buganvílias (JUDD et al., 2009; ZAÚ, 2010).

Nome popular: Maria-mole, fruto de pombo (MELO; LACERDA; HANAZAKI, 2008).

Distribuição: A espécie possui grande área de distribuição, sendo encontrada em quase todos

os estados do Brasil (ANTONIO; GIULIETTI, 2014), sobretudo ao longo do litoral

(MARCHIORETTO; LIPPERT; SILVA, 2011). Ocorre em restingas, dunas, praias,

manguezais, matas ciliares, florestas úmidas, entre outros ambientes (ANTONIO;

GIULIETTI, 2014; MARCHIORETTO; LIPPERT; SILVA, 2011).

Características: Árvore que pode atingir até 25 metros de altura (SEVERI, 2010). Seu caule

é tortuoso e possui casca fina e quase lisa (SEVERI, 2010), à exceção de algumas estrias

(MARCHIORETTO; LIPPERT; SILVA, 2011). As flores são esverdeadas e costumam

48

florescer em outubro ou novembro (MORELLATO, 1991). Os frutos são ovais e têm

coloração de vermelho a roxo (SEVERI, 2010). É comum encontrar galhas4 em indivíduos

dessa espécie (RODRIGUES et al., 2007).

Usos: A maria-mole é conhecida pela utilização de seus frutos na alimentação de animais,

como cabra, coelho, aves e gado (GANDOLFO; HANAZAKI, 2011; MELO; LACERDA;

HANAZAKI, 2008), sendo descrita por algumas comunidades como um dos alimentos

preferidos desses animais (GANDOLFO; HANAZAKI, 2011). Há registros, também, do uso

de sua madeira na construção civil, em alguns trabalhos de marcenaria e como lenha (MELO;

LACERDA; HANAZAKI, 2008; SEVERI, 2010). Estudo mais recente indicou que esta

espécie é composta por várias substâncias de interesse, apresentando, inclusive, capacidade de

destruir algumas bactérias (SEVERI, 2010). Outro ponto é a utilização da espécie no

reflorestamento de áreas degradadas e como bioacumuladora (SEVERI, 2010).

e) Myrcia spectabilis DC.

Família botânica: Myrtaceae, a família da jabuticaba (JUDD et al., 2009; ZAÚ, 2010).

Nome popular: Cabiúna do campo, jabuticaba do mato, entre outros (CALIARI, 2013;

LEGRAND; KLEIN, 1967).

Distribuição: A cabiúna do campo se distribui do nordeste ao sul do Brasil (AMORIM, 2011;

AMORIM; ALVES, 2012; CALIARI, 2013; LEGRAND; KLEIN, 1967), sempre em

formações de mata atlântica - tratando-se, portanto, de uma espécie endêmica deste bioma

(AMORIM; ALVES, 2012; LEGRAND; KLEIN, 1967). Apesar de ocorrer preferencialmente

em ambientes úmidos, a espécie também é encontrada em ambientes secos e de diferentes

altitudes (LEGRAND; KLEIN, 1967).

Características: Os indivíduos desta espécie podem alcançar porte de arbusto até árvore, com

altura variando de 1,5m a 15m (CALIARI, 2013). Seu tronco tortuoso e fino tem casca clara e

lisa (LEGRAND; KLEIN, 1967), enquanto seus ramos são castanhos e possuem revestimento

com textura semelhante a farinha - assim como os botões florais e os frutos (CALIARI, 2013).

Por ter ramos longos, flexíveis e em pequena quantidade, a copa da cabiúna do campo tem

aparência irregular e pouco densa (LEGRAND; KLEIN, 1967). As folhas são tipicamente

4 Galhas são deformações induzidas no tecido das plantas, em sua maioria, por insetos para abrigar suas larvas

(RODRIGUES et al., 2007).

49

grandes (CALIARI, 2013; LEGRAND; KLEIN, 1967) e possuem a nervura5 principal

canelada (CALIARI, 2013), isto é, a nervura parece ter afundado dentro da folha e formaram-

se margens ao longo de onde havia a nervura (AMORIM, 2011; AMORIM; ALVES, 2012;

CALIARI, 2013). Suas flores são vistosas e estão dispostas em inflorescências (AMORIM,

2011; LEGRAND; KLEIN, 1967). Seus frutos são arredondados (AMORIM, 2011;

AMORIM; ALVES, 2012) e possuem cor amarelada (LEGRAND; KLEIN, 1967).

Usos: O principal uso da espécie é madeireiro, servindo como fonte de lenha e de matéria-

prima para confecção de tábuas e pisos (LEGRAND; KLEIN, 1967).

f) Amaioua intermedia Mart. ex Schult. & Schult.f.

Família botânica: Rubiaceae, a família do café (JUDD et al., 2009; ZAÚ, 2010).

Nome popular: Carvoeiro, cinzeiro, canela-de-viado, entre outros (OLIVEIRA, 2014;

RUBIACEAE..., 2016).

Distribuição: Com exceção da região Norte, esta espécie está distribuída em todas as regiões

do Brasil (RUBIACEAE..., 2016) e em outros países da América Latina (OLIVEIRA, 2014;

OLIVEIRA; SALIMENA; ZAPPI, 2014). Ela pode ser encontrada em formações de Mata

Atlântica, Cerrado e Caatinga (ZAÚ, 2010).

Características: O carvoeiro pode alcançar desde a altura de um arbusto até a altura de uma

árvore com cerca de 10 metros (CAMPOS et al., 2006; OLIVEIRA, 2014; OLIVEIRA;

SALIMENA; ZAPPI, 2014). Seus ramos são cilíndricos a triangulares e suas folhas têm

formato de lança (OLIVEIRA; SALIMENA; ZAPPI, 2014). Organizadas em ramos

multiflorais (CAMPOS et al., 2006), as flores têm cor clara e possuem 6 ou 7 pétalas

(OLIVEIRA; SALIMENA; ZAPPI, 2014). O fruto tem formato oval e sua cor varia de

castanho a roxo (CAMPOS et al., 2006; OLIVEIRA; SALIMENA; ZAPPI, 2014).

Usos: O principal uso registrado da espécie é madeireiro, com a fabricação de cabo de

ferramentas e móveis, aplicação na construção civil e queima como lenha e carvão

(LORENZI, 2002b). Estudo recente também sugere que extratos produzidos a partir de galhos

e folhas da espécie possuem atividade antioxidante (OLIVEIRA, 2014). Além disso, o

5 Nervuras são os vasos condutores na folha (VIDAL; VIDAL, 2011). Quando observados na superfície do

limbo foliar, esses vasos se dispõem de forma semelhante aos nervos.

50

carvoeiro possui uso ornamental e na restauração de florestas, fornecendo alimento para a

fauna local (LORENZI, 2002b).

g) Ecclinusa ramiflora Mart.

Família botânica: Sapotaceae, a família do sapoti (JUDD et al., 2009; ZAÚ, 2010).

Nome popular: Fruta-banana (ECCLINUSA..., 2016; MORAIS, R.; SERRANO; MORAIS,

F., 2015; MOREIRA; GUARIM-NETO, 2009), acá (CHRISTO, 2009; CHRISTO; GUEDES-

BRUNI; DA FONSECA-KRUEL, 2006; ECCLINUSA..., 2016), entre outros

(ECCLINUSA..., 2016).

Distribuição: A espécie pode ser encontrada na maioria dos estados do nordeste e em todos

os estados das regiões norte e sudeste do Brasil (ECCLINUSA..., 2016). Ocorre em

formações da Amazônia e da Mata Atlântica (ZAÚ, 2010), sobretudo em florestas úmidas

(ECCLINUSA..., 2016).

Características: Esta árvore possui ramos com tricomas6 (PALAZZO et al., 2010). As folhas

estão dispostas nos ramos em espiral, possuem formato de lança ovalada e apresentam

tricomas acastanhados na face inferior (ELTINK et al., 2011; PALAZZO et al., 2010). Suas

flores se reúnem intimamente nos ramos, formando estruturas semelhantes a pequenos

novelos com 4 a 12 flores (CORREA, 1931).

Usos: O fruto do acá serve de alimentos para moradores de comunidades próximas, sendo

considerado muito saboroso (MOREIRA; GUARIM-NETO, 2009). Além disso, também há

registro de uso na construção de pequenas moradias, ferramentas e como lenha (CHRISTO,

2009; CHRISTO; GUEDES-BRUNI; DA FONSECA-KRUEL, 2006).

h) Guarea macrophylla subsp. tuberculata (Vell.) T.D.Penn.

Família botânica: Meliaceae, a família do mogno (JUDD et al., 2009; ZAÚ, 2010).

Nome popular: Café bravo, café-do-mato, camboatá, entre outros (LORENZI, 2002c;

MELIACEAE..., 2016; MELLADO; GARCIA, 2014).

6 Tricoma é usado genericamente como sinônimo de pelos em plantas (APPEZZATO-DA-GLÓRIA;

CARMELLO-GUERREIRO, 2012)

51

Distribuição: A espécie pode ser encontrada em todas as regiões do país (MELIACEAE...,

2016), mas se destaca principalmente ao longo do litoral (PENNINGTON; CLARKSON,

2013). Aparece tanto em formações de Mata Atlântica, quanto de Cerrado e Amazônia

(MELIACEAE..., 2016; ZAÚ, 2010). Também ocorre em outros países da América do Sul,

como Bolívia e Paraguai (PENNINGTON; CLARKSON, 2013).

Características: São árvores pequenas que não atingem mais de 10 metros (LORENZI,

2002c; MELLADO; GARCIA, 2014). Seu tronco é curto e apresenta casca áspera e

amarronzada (LORENZI, 2002c). Possui folhas compostas7 com folíolos de 5,5 a 11,5

centímetros de comprimento (MELLADO; GARCIA, 2014). A flor tem pétalas de 5 a 9

milímetros (PENNINGTON; CLARKSON, 2013) com coloração rosa (MELLADO;

GARCIA, 2014) que florescem de outubro a fevereiro (LORENZI, 2002c). Os frutos são

marrom-avermelhados (MELLADO; GARCIA, 2014), tendo de 1 a 3 centímetros de

comprimento (PENNINGTON; CLARKSON, 2013).

Usos: A madeira desta espécie é macia e possui média resistência ao apodrecimento, tendo

possibilidades de uso na confecção de embalagens e brinquedos (LORENZI, 2002c). Os

frutos servem de alimento para as aves, por isso também existe o potencial uso em

reflorestamento de áreas de preservação (LORENZI, 2002c).

i) Cupania furfuracea Radlk.

Família botânica: Sapindaceae, a família do guaraná (JUDD et al., 2009; ZAÚ, 2010).

Nome popular: Cubatã-folha-larga, camboatá (BORGES; PEIXOTO, 2009; CHRISTO, 2009).

Distribuição: A espécie é encontrada em todos os estados da região sudeste do Brasil e na

Bahia (CHRISTO, 2009). É considerada endêmica da Mata Atlântica, isto é, só ocorre em

formações deste bioma (PERDIZ; FERRUCCI; AMORIM, 2014).

Características: O camboatá é uma árvore que pode atingir até 25 metros de altura (PERDIZ;

FERRUCCI; AMORIM, 2014). Seus ramos, levemente descamados, apresentam tricomas de

coloração semelhante a ferrugem - da mesma forma que seus frutos e a face inferior de suas

folhas (ELTINK et al., 2011; PERDIZ; FERRUCCI; AMORIM, 2014). A espécie possui

7 Folhas compostas são aquelas cuja lâmina foliar é dividida em estruturas menores semelhantes a pequenas

folhas, os chamados folíolos (VIDAL; VIDAL, 2011).

52

folhas compostas divididas em 10 a 25 folíolos com consistência rígida como couro

(PERDIZ; FERRUCCI; AMORIM, 2014).

Usos: Segundo registros na literatura científica, a espécie é utilizada como fonte de lenha e

carvão (BORGES; PEIXOTO, 2009; CHRISTO, 2009). Essa exploração levou o camboatá a

ser classificado como vulnerável à extinção (PERDIZ; FERRUCCI; AMORIM, 2014).

j) Ocotea glaziovii Mez

Família botânica: Lauraceae, a família da canela (JUDD et al., 2009; ZAÚ, 2010).

Nome popular: Canela amarela (CHRISTO, 2009).

Distribuição: Ocorre em todos os estados das regiões sul, sudeste e centro-oeste do Brasil,

além de Tocantins e Bahia (BROTTO, 2010; LAURACEAE..., 2016). Como ocorre apenas

no Brasil, ela é considerada uma espécie endêmica do país (LAURACEAE..., 2016).

Características: A canela amarela é uma árvore que pode atingir até 22 metros de altura e

possui ramos angulosos (BROTTO, 2010). Suas folhas têm de 6 a 16 centímetros de

comprimento, não apresentam tricomas e possuem consistência rígida - semelhante a couro

(BROTTO, 2010). Suas flores apresentam coloração entre creme e verde, florescendo de

março a junho (BROTTO, 2010). Seus frutos são redondos e vermelhos quando maduros,

sendo produzidos de junho a dezembro (BROTTO, 2010).

Usos: Além de fornecer material para a construção de cercas, vigas e tábuas (CHRISTO,

2009), a espécie é conhecida por produzir a glaviozina (CASSIANO, 2014). Essa substância

farmacológica comercializada desde os anos de 1970 (CASSIANO, 2014) tem a propriedade

de diminuir ansiedade, prevenir convulsões, relaxar músculos e servir como sedativo

(PUENTES DE DIAZ, 1996).

k) Lamanonia ternata Vell.

Família botânica: Cunoniaceae (ZAÚ, 2010).

Nome popular: Guaperê (AVILA et al., 2009; PIRANI; CASTRO, 2011), açoita-cavalos

(BOTREL et al., 2006; RODRIGUES, 2007; RODRIGUES; CARVALHO, 2001), guaraperê

(PIRANI; CASTRO, 2011).

53

Distribuição: A espécie ocorre em formações de Cerrado e Mata Atlântica nas regiões sul,

sudeste, centro-oeste e nordeste do Brasil (CUNONIACEAE..., 2016; AVILA et al., 2009),

além de outros países sul-americanos, como Argentina e Paraguai (AVILA et al., 2009;

PIRANI; CASTRO, 2011).

Características: O guaperê é uma árvore que costuma ter de 4 a 12 metros de altura e

apresenta ramos jovens com tricomas e finas descamações (PIRANI; CASTRO, 2011). Já as

folhas são compostas, apresentando de 3 a 5 folíolos (PIRANI; CASTRO, 2011). Enquanto

suas flores são claras e possuem numerosos estames8, seus frutos são como cápsulas

resistentes, alongadas e com textura sedosa (PIRANI; CASTRO, 2011).

Usos: É costume fazer banhos e compressas com a casca do caule do guaparê para curar

feridas e machucados graças à sua ação adstringente (RODRIGUES, 2007; RODRIGUES;

CARVALHO, 2001). Além disso, a espécie também serve como fonte de material de

construção (BOTREL et al., 2006), lenha (RODRIGUES, 2007) e pode ser utilizada na

recuperação de áreas degradadas (AVILA et al., 2009).

l) Eugenia brasiliensis Lam.

Família botânica: Myrtaceae, a família da jabuticaba (JUDD et al., 2009; ZAÚ, 2010).

Nome popular: Grumixama (BORGES; PEIXOTO, 2009; FRIGHETTO et al., 2005).

Distribuição: A espécie é encontrada em formações de Mata Atlântica de todos os estados do

sudeste brasileiro, além de Paraná, Santa Catarina e Bahia (EUGENIA..., 2016). Como ocorre

apenas em território brasileiro, a grumixama é endêmica do Brasil (EUGENIA..., 2016).

Características: A espécie apresenta indivíduos com altura entre 10 e 15 metros (LORENZI,

1992). Seu tronco é curto e cilíndrico, já sua copa tem formato de pirâmide (LORENZI,

1992). Possui folhas simples9, sem tricomas e com consistência semelhante a couro

(LORENZI, 1992). Suas flores são brancas e surgem isoladas em diferentes ramos, ao invés

8 Estames são os órgãos masculinos da flor, produtores de grãos de pólen (VIDAL; VIDAL, 2011).

9 Folha simples possui lâmina foliar inteira, sem estar dividida em folíolos (VIDAL; VIDAL, 2011).

54

de várias reunidas em um único ramo (LORENZI, 2002a). Seus frutos arredondados são do

tipo drupa10, com coloração variando de amarelo a preto (LORENZI, 2002a).

Usos: A grumixama fornece material para construção e marcenaria (BORGES; PEIXOTO,

2009; LORENZI, 1992), além de produzir frutos próprios para consumo (DELGADO;

BARBEDO, 2007; SILVA; BILIA; BARBEDO, 2005). Sua composição química também

chama atenção da indústria farmacêutica (DELGADO; BARBEDO, 2007; SILVA; BILIA;

BARBEDO, 2005) pela presença de substâncias que possuem atividade antioxidante

(LAMARCA et al., 2013; MAGINA et al., 2010; NASCIMENTO et al., 2015). Nas folhas,

por exemplo, encontramos o ácido ursólico - uma molécula que diminui inflamações, protege

o fígado e combate tanto células cancerígenas, quanto micro-organismos (DAMETTO, 2014;

FRIGHETTO et al., 2005; LAMARCA et al., 2013; LEITE et al., 2001).

m) Hieronyma alchorneoides Allemão

Família botânica: Phyllanthaceae, a família do quebra-pedra (JUDD et al., 2009; ZAÚ, 2010).

Nome popular: Licurana, aricurana, uricurana, entre outros (LORENZI, 1992).

Distribuição: Indivíduos dessa espécie podem ser encontrados em todas as regiões do Brasil e

em diversos outros países da América Latina (CARVALHO, 2009). Além de ocupar latitudes

e altitudes variadas, a licurana ocorre em todos os principais biomas brasileiros

(CARVALHO, 2009; ZAÚ, 2010).

Características: Segundo Carvalho (2009), são árvores de até 40 metros de altura, com

tronco reto e que apresentam sapopemas11. A parte externa da casca do tronco é cinza e com

fissuras, mas a parte interna é avermelhada e possui sabor amargo. As folhas podem atingir

até 22 centímetros de comprimento, sobretudo em indivíduos mais jovens. A flores são

pequenas e amareladas, dispostas em inflorescência. O fruto é uma cápsula arredondada com

coloração de roxo a preto quando madura, brilhante e sem tricomas.

10 Drupa é um tipo de fruto carnoso que geralmente possui uma única semente endurecida formando um caroço,

como, por exemplo, a azeitona, a manga e o pêssego (VIDAL; VIDAL, 2011).

11 Sapopemas são raízes que alcançam grande desenvolvimento e adquirem formato de tábuas posicionadas

verticalmente em relação ao solo – o que confere mais estabilidade à planta (Vidal & Vidal, 2011).

55

Usos: A madeira da licurana pode ser utilizada como fonte de lenha e de carvão, na

carpintaria, na construção civil, na construção naval e na produção de celulose (CARVALHO,

2009; LORENZI, 1992). Suas flores são consideradas melíferas por atraírem abelhas para a

polinização, possibilitando o uso da espécie em apicultura (CARVALHO, 2009). A espécie

pode ser utilizada em paisagismo, arborização urbana e reflorestamento de matas ciliares -

graças à sua adaptação a solos úmidos (CARVALHO, 2009; LORENZI, 1992).

n) Eriotheca pentaphylla (Vell. & K.Schum.) A.Robyns

Família botânica: Malvaceae, a família do algodão (JUDD et al., 2009; ZAÚ, 2010).

Nome popular: Embiruçi, imbiruçu-branco, paineira (GRANDTNER; CHEVRETTE, 2013).

Distribuição: Esta espécie é encontrada nas florestas chuvosas dos estados do Rio de Janeiro

e de São Paulo (DUARTE, 2010; ROBYNS, 1963). Por ocorrer apenas na Mata Atlântica, o

imbiruçu-branco é considerado endêmico deste bioma (ZAÚ, 2010).

Características: Os indivíduos desta espécie podem atingir até 30 metros de altura

(DUARTE, 2010), possuem tronco reto e acinzentado (DUARTE, 2010; ROBYNS, 1963), e

os ramos marrom-acinzentados (ROBYNS, 1963). As folhas são compostas (ROBYNS,

1963), divididas entre 5 a 7 folíolos com consistência semelhante a papel (DUARTE, 2010).

As flores, de pétalas brancas e até 3,5 cm de comprimento (ROBYNS, 1963), estão dispostas

em inflorescência com até 10 flores cada (DUARTE, 2010). Os frutos são semelhantes a

cápsulas (ROBYNS, 1963) e possuem sementes grandes (FISCHER, 1997).

Usos: Apesar de não ser de excelente qualidade, a madeira do imbiruçu-branco costuma ser

utilizada na fabricação de brinquedos, caixas não-duráveis, enchimentos e forros

(GRANDTNER; CHEVRETTE, 2013). Os indivíduos da espécie também podem ser usados

em projetos paisagísticos e na arborização urbana, assim como suas fibras são usadas para

produzir cordas rústicas (GRANDTNER; CHEVRETTE, 2013).

o) Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer

Família botânica: Lauraceae, a família da canela (JUDD et al., 2009; ZAÚ, 2010).

Nome popular: Canela-sassafrás, sassafrás-amarelo, entre outros (LORENZI, 1992).

56

Distribuição: Além de Argentina e Paraguai, os indivíduos de sassafrás são encontrados do

sul da Bahia até o Rio Grande do Sul (KAGEYAMA et al., 2003; LORENZI, 1992). A

espécie ocorre em diferentes altitudes (KAGEYAMA et al., 2003), tanto em formações de

floresta, quanto em formações de campo (LORENZI, 1992).

Características: O sassafrás alcança até 25 metros de altura (LORENZI, 1992) e,

dependendo da localidade em que crescer, pode apresentar cheiro de canela (KAGEYAMA et

al., 2003). Sua copa é densa e arredondada, suas folhas possuem 7 a 14 cm de comprimento

(LORENZI, 1992). As floras são pequenas - cerca de 3 milímetros de comprimento - e se

reúnem em inflorescências (BROTTO, 2010).

Usos: A espécie é fonte de madeira e de óleos essenciais (KAGEYAMA et al., 2003). Sua

madeira pode ser utilizada na marcenaria e na construção civil, fabricando caixas, painéis,

ripas, rodapés, molduras, entre outros (LORENZI, 1992). Seu óleo essencial pode ser extraído

de diversas partes da planta e utilizado tanto na produção de perfumes (OREALLANA;

KOEHLER, 2008), quanto para fins medicinais - contra dores (COSTA; MAYWORM, 2011)

e no combate ao verme do “amarelão” ou ancilostomose (BROTTO, 2010). Seus produtos

químicos foram tão utilizados pela indústria que intensificaram as atividades extrativistas e

levaram a espécie ao risco de extinção (CARMO; BORGES; TAKAKI, 2007). Por isso, a

espécie é considerada uma prioridade na conservação genética (KAGEYAMA et al., 2003).

p) Pseudopiptadenia leptostachya (Benth.) Rauschert

Família botânica: Fabaceae, a família do feijão (JUDD et al., 2009; ZAÚ, 2010).

Nome popular: Angico, angico-branco (MEDEIROS, 2009; SOLDATI et al., 2011).

Distribuição: A espécie é encontrada apenas nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de

Janeiro (MORIM, 2006). Como o angico só ocorre em florestas de Mata Atlântica (MORIM,

2006), a espécie também pode ser considerada endêmica deste bioma (ZAÚ, 2010).

57

Características: O angico costuma ter cerca de 18 metros de altura (MEDEIROS, 2009), mas

pode atingir até 35 metros (MORIM; BARROSO, 2007). Suas folhas são recompostas12 em 4

a 12 pares de foliólulos (MORIM; BARROSO, 2007) de lâmina assimétrica e consistência

semelhante a papel (MEDEIROS, 2009). Entre alguns folíolos, as folhas costumam apresentar

glândulas produtoras de néctar (MEDEIROS, 2009). A espécie floresce em dezembro e

produz frutos arqueados com até 22 centímetros de comprimento (MEDEIROS, 2009).

Usos: O uso tradicional do angico diz respeito ao aproveitamento de sua madeira para

fornecimento de lenha e confecção de estacas, esteios, móveis, réguas e tábuas (SOLDATI et

al., 2011). Contudo, sabe-se que a espécie também produz a teobromina (BISBY;

BUCKINGHAM; HARBORNE, 1994). Esta substância é capaz de atuar nos sistemas

nervoso, cardiovascular, renal e digestório (LIMBERGER et al., 2016), exercendo atividades

como aumento da produção de urina (ALVES; BRAGAGNOLO, 2002), melhora na

sensibilidade à insulina, regulação da pressão arterial e aumento do “bom” colesterol

(POSTAL, 2015). Por esses motivos, acredita-se que a teobromina contribua no combate à

obesidade e diabetes (POSTAL, 2015).

q) Rinorea guianensis Aubl.

Família botânica: Violaceae, a família das violetas (JUDD et al., 2009; ZAÚ, 2010).

Nome popular: Acariquarana, aquariquara, entre outros (CARDOSO et al., 2014;

GRANDTNER; CHEVRETTE, 2013).

Distribuição: Indivíduos dessa espécie podem ser encontrados em formações de Floresta

Amazônica de diversos estados da região norte brasileira e em formações de Mata Atlântica

de alguns estados das regiões sudeste e nordeste (GRANDTNER; CHEVRETTE, 2013;

HEKKING, 1988; ZAU, 2010). Além do Brasil, existe registro da espécie em outros países da

América Latina, como Guiana Francesa, Equador, Bolívia e Venezuela (GRANDTNER;

CHEVRETTE, 2013; HEKKING, 1988).

Características: A acariquarana costuma alcançar até 20 metros de altura (HEKKING,

1988). Suas folhas são simples, sem tricomas e apresentam de 4,5 a 19 centímetros de

comprimento (HEKKING, 1988). Suas flores têm coloração entre creme e branco-amarelado,

12 Folhas recompostas: Se nas folhas compostas a lâmina foliar é dividida em folíolos, nas folhas recompostas a

lâmina é dividida em folíolos que por sua vez são divididos em partes ainda menores - os foliólulos (VIDAL;

VIDAL, 2011).

58

são perfumadas e ficam dispostas em inflorescências com até 9 flores desenvolvidas

(HEKKING, 1988). Seus frutos são cápsulas amareladas e assimétricas que ficam disposta em

trios - duas cápsulas menores e uma maior (HEKKING, 1988).

Usos: A espécie historicamente não apresenta importância comercial (VASCONCELOS et

al., 2003). Contudo, estudos indicaram que a acariquarana é competente tanto na produção de

energia através de carvão (ROCHA; AMARAL; MOUTINHO, 2014), quanto na confecção de

produtos madeireiros como vigas, forros, pisos, assoalhos e móveis (CARDOSO et al., 2014).

r) Trichilia lepidota Mart.

Família botânica: Meliaceae, a família do mogno (JUDD et al., 2009; ZAÚ, 2010).

Nome popular: Casca cheirosa, cedrinho, guacá, entre outros (PATRÍCIO; CERVI, 2005;

TERRA; VIEIRA; BRAZ FILHO, 2009).

Distribuição: A espécie pode ser encontrada em todos os estados da região sul do Brasil,

além de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro (PATRÍCIO; CERVI, 2005). Como só

ocorre em formações de Mata Atlântica, essa espécie é considerada endêmica (ZAÚ, 2010).

Características: A espécie atinge, em média, até 10 metros de altura e apresenta ramos

jovens com coloração marrom-acinzentada e tricomas (PATRÍCIO; CERVI, 2005). Possui

folhas compostas, com folíolos de 7 a 9 centímetros de comprimento em média, consistência

semelhante a papel e vários tricomas na face inferior (PATRÍCIO; CERVI, 2005). Suas flores

estão dispostas em inflorescências de 11 a 20 centímetros de comprimento e possuem 5

pétalas - com tricomas na face superior e sem tricomas na face inferior (PATRÍCIO; CERVI,

2005). Seus frutos são cápsulas arredondadas de não mais que 1,5 centímetros de diâmetro e

apresentam 1 ou 2 sementes, cada (PATRÍCIO; CERVI, 2005).

Usos: A principal utilidade da espécie é servir como fonte de energia através de carvão e

lenha, contudo, por ter uma madeira macia ao corte, também pode ser empregada na

confecção de tábuas para obras internas (PATRÍCIO; CERVI, 2005). Além disso, estudos

sobre a composição química da espécie indicaram produção de substâncias que atuam em

células com mutações no DNA (VIEIRA et al., 2014) e em leucemia (TERRA et al., 2013).

59

s) Aniba firmula (Nees & Mart.) Mez

Família botânica: Lauraceae, a família da canela (JUDD et al., 2009; ZAÚ, 2010).

Nome popular: Pau-rosa, louro-rosa, entre outros (LORENZI, 2002b; MARQUES, 2001).

Distribuição: A espécie pode ser encontrada nas regiões sul, sudeste e nordeste do Brasil

(SANTOS; ALVES, 2013), em estados como Rio de Janeiro, Espirito Santo e Bahia

(LORENZI, 2002b). Por ocorrer apenas em território nacional, a espécie é considerada

endêmica do Brasil (SANTOS; ALVES, 2013).

Características: O pau-rosa costuma alcançar entre 10 e 20 metros de altura e possui uma

copa ampla e arredondada (LORENZI, 2002b). Seus ramos são angulosos e apresentam

muitas lenticelas13 (SANTOS; ALVES, 2013). Seu tronco é ereto, tem casca externa fina e

lisa, e também apresenta lenticelas (LORENZI, 2002b). As folhas são simples, têm de 10 a 17

centímetros de comprimento (LORENZI, 2002b), têm formato de lança (MARQUES;

AZEVEDO, 2011) e exalam perfume semelhante a rosas (KROPF; QUINET; ANDREATA,

2006). Suas flores, pequenas e amarelas, se apresentam em inflorescências menores que as

folhas e com aparência semelhante a ferrugem (LORENZI, 2002b). Os frutos possuem

coloração roxa quando maduros (LORENZI, 2002b).

Usos: A espécie produz óleo essencial utilizado em perfumaria e para fins medicinais

(KROPF; QUINET; ANDREATA, 2006; MARQUES; AZEVEDO, 2011). Sua madeira

rígida é adequada para marcenaria e carpintaria (KROPF; QUINET; ANDREATA, 2006;

MARQUES, 2001), como a confecção de caibros, vigas, ripas, tábuas, móveis (LORENZI,

2002b). Além disso, a espécie também poderia ser utilização em reflorestamento e

arborização urbana (LORENZI, 2002b).

t) Pera glabrata (Schott) Poepp. ex Baill.

Família botânica: Euphorbiaceae, a família da mandioca (JUDD et al., 2009; ZAÚ, 2010).

Nome popular: Pau-de-tamanco, tamanqueira, sapateiro, entre outros (LORENZI, 1992).

13 Lenticelas são pequenos orifícios (VIDAL; VIDAL, 2011) em caules, raízes e frutos, que ajudam na troca de

gases e água entre a planta e o meio ambiente (MAZZONI-VIVEIROS; COSTA, 2012).

60

Distribuição: A espécie pode ser encontrada nos estados de Pernambuco, Bahia, Minas

Gerais, Espirito Santo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina (FREITAS et al., 2011;

LORENZI, 1992) - sobretudo em formações de restingas e cerrado (FREITAS et al., 2011).

Características: A tamanqueira tem porte arbóreo (FREITAS et al., 2011) e pode alcançar

entre 8 e 10 metros de altura (LORENZI, 1992). Suas folhas são simples, sem tricomas e com

comprimento entre 7 e 11 centímetros (LORENZI, 1992). As flores têm coloração amarelo-

claro e estão organizadas em inflorescências com 6 a 9 flores cada (FREITAS et al., 2011).

As flores masculinas têm odor adocicado e são um pouco maiores que as flores femininas

(FREITAS et al., 2011).

Usos: A madeira da tamanqueira, além de lenha (BRITO; SENNA-VALLE, 2012), é fonte de

matéria-prima para tamancos, lápis, caixas e materiais para entalhamento (LORENZI, 1992).

Além disso, a tamanqueira produz um tipo de molécula que melhora a memória de pacientes

com Alzheimer e atua contra fungos causadores de doenças (CARDOSO-LOPES et al.,

2009). A espécie também pode ser utilizada na arborização urbana e em reflorestamento

(LORENZI, 1992).

61

Figura 01 - Espécies de plantas incluídas no levantamento deste trabalho.

62

Legenda: (da esquerda para a direita, de cima para baixo) Euterpe edulis, foto de Sérgio

Campestrini / Flora Digital UFRGS; Geonoma schottiana, foto de Daniel Dutra / Flora

Digital UFRGS; Guapira opposita, foto de Eduardo Giehl / Flora Digital UFRGS; Myrcia

multiflora, foto de Sérgio Bordignon / Flora Digital UFRGS; Myrcia spectabilis, foto de

J. P. Maçaneiro / Flora Digital UFRGS; Amaioua intermedia, foto de Anita Stival / Flora

Digital UFRGS; Cupania furfuracea, foto de Mariella Eltink / BDC Unicamp; Guarea

macrophylla subsp. tuberculata, foto de Paulo Schwirkowski / Flora Digital UFRGS;

Ecclinusa ramiflora, foto de Mariella Eltink / BDC Unicamp; Ocotea glaziovii, foto de

Marcio Verdi / Flora Digital UFRGS; Eugenia brasiliensis, foto de Ciro Couto / Flora

Digital UFRGS; Eriotheca pentaphylla, foto de Mariella Eltink / BDC Unicamp; Ocotea

odorífera, foto de Sérgio Bordignon / Flora Digital UFRGS; Lamanonia ternata, foto de

Sérgio Bordignon / Flora Digital UFRGS; Hieronyma alchorneoides, foto de Marcio

Verdi / Flora Digital UFRGS; Rinorea guianensis, Biodiversity Heritage Library;

Trichilia lepidota, foto de Martin Moly / Flora Digital UFRGS; Pera glabrata, foto de

Anita Stival / Flora Digital UFRGS; Pseudopiptadenia leptostachya, foto de Mariella

Eltink / BDC Unicamp; Aniba firmula, foto de J. P. Maçaneiro / Flora Digital UFRGS

63

4.2 Produção do material de divulgação

Como resultado desta etapa, foi produzido um livreto de 80 páginas (Apêndice 02). A

capa do livreto, além de deixar claro que o conteúdo envolve a biodiversidade de plantas,

busca chamar atenção do potencial leitor através do título (em fonte de tamanho maior e cor

mais vibrante. A exclamação feita pelo título é rapidamente contraposta as frases que o

circundam - em fonte de tamanho menor e inseridas em balões com cor menos vibrante - as

quais retratam quatro situações cotidianas onde vemos que as plantas apresentam utilidades,

instigando-o a buscar mais informações no interior do material (Figura 02).

Figura 02 - Contracapa (esquerda) e capa (direita) do livreto.

Legenda: Contracapa do livreto (esquerda), como de hábito, apresentando uma sinopse do material e convidando

o leitor; Capa (direita) que busca atrair a atenção do leitor potencial através da contradição do título em destaque

com as demais sentenças da capa.

Os conteúdos do livreto foram selecionados a partir da revisão bibliográfica realizada

no decorrer deste trabalho e foram organizados de forma a integrar os seguintes temas: (i) uso

da biodiversidade vegetal; (ii) degradação ambiental; (iii) estratégias de conservação da

biodiversidade. O primeiro capítulo do material, “Planta não serve pra nada?”, começa com

uma introdução que dimensiona a importância da biodiversidade vegetal na provisão de

64

serviços ambientais e recursos socioeconômicos, alertando o leitor, contudo, para a

intensidade que a exploração desses recursos alcançou e para a necessidade de agir contra a

degradação ambiental causada por essa intensa exploração.

Logo depois, encontra-se a seção “Plantas e Alimentação”. Neste trecho do material, o

leitor é levado a perceber que várias partes das plantas possuem alguma serventia para a

alimentação humana, citando, inclusive, exemplos de plantas alimentícias não-convencionais.

Após elencar hipóteses sobre o início da agricultura na história da humanidade, o material

discute a contribuição do modelo agrícola aplicado no Brasil desde a época colonial nas taxas

de desmatamento e queimadas. Por fim, o melhoramento vegetal é apresentado como uma

estratégia potencial para aumentar a produtividade do cultivo de plantas alimentícias e reduzir

seu impacto ambiental, estimulando, inclusive, o debate sobre plantas transgênicas.

A seção “Plantas e Indústria” dedica-se aos vários usos da madeira. Primeiro são

apresentados os usos na fabricação de produtos diversos, na produção de energia - como

combustível - e na construção, momento a partir do qual é traçado um histórico da produção

de habitações em madeira pela humanidade. O diálogo com a temática ambiental é realizado

ao abordar a degradação oriunda do extrativismo madeireiro, citando o caso da extração de

Pau-brasil durante o período colonial. Por fim, são discutidas formas de diminuir o

extrativismo predatório, dando destaque para os diferentes tipos de Unidades de Conservação.

A seção “Plantas e Saúde” trata desde o uso de plantas medicinais por curandeiros e

comunidades tradicionais até conceitos contemporâneos como “fitoterapia” e “alimentos

funcionais”, explicando a relação entre a produção de metabólitos na planta e suas

propriedades curativas. São discutidos, inclusive, os riscos e benefícios associados ao

consumo de plantas medicinais frente aos medicamentos sintéticos. Na intenção de interagir

com o universo da pesquisa científica, o material esquematiza os passos da pesquisa com

plantas medicinais, abordando assuntos como a cultura in vitro e a avaliação da atividade

biológica dos fármacos.

A seção seguinte, “Plantas e Arte”, apresenta tanto o artesanato com recursos vegetais,

quanto a utilização de plantas para fins ornamentais. Além disso, o manejo de recursos

naturais e a educação ambiental são cogitados como estratégias para contribuir com a

conservação da biodiversidade, sem comprometer o sustento de diversas famílias que

dependem dessas atividades econômicas. Também é discutido de que forma a introdução de

65

espécies exóticas, como muitas plantas tipicamente ornamentais, pode comprometer os

ecossistemas nativos através da contaminação biológica.

As três últimas seções deste capítulo são mais breves e rapidamente discorrem sobre

outras aplicações socioeconômicas da biodiversidade vegetal. Em “Plantas e Vestuário” o

leitor descobre que tecidos podem ser produzidos a partir de fibras retiradas de diferentes

órgãos vegetais e conhece um pouco sobre o processo de transformação dessas fibras em

tecidos e sobre pigmentos vegetais. Na seção “Plantas e Cosméticos” são apresentadas outras

utilidades dos metabólitos produzidos pelas plantas, agora associados à beleza e higiene. Por

fim, na seção “Plantas e Espiritualidade”, o leitor encontra exemplos de uso ritualístico das

plantas, incluindo o polêmico caso do “Santo Daime”.

O segundo capítulo do livreto, “A diversidade está por perto!”, tem o objetivo de

ajudar o leitor a perceber que a imensa variedade de plantas (e utilidades) citadas do decorrer

das seções do primeiro capítulo não está localizada em um plano abstrato de discussões

científicas, mas sim presente nas formações vegetais próximas a ele. Na introdução do

capítulo, o material apropria-se do conceito de bioma para dimensionar a biodiversidade

dentre as diferentes formações vegetais conhecidas, dando destaque para a Mata Atlântica -

bioma no qual está inserida a região onde o livreto foi produzido.

Em seguida, são descritas as vinte espécies vegetais de Mata Atlântica levantadas

durante este trabalho. Para cada espécie, são disponibilizadas informações que permitam ao

leitor reconhecê-la (nome popular, distribuição geográfica e características taxonômicas) e

conhecer sua importância socioeconômica. Por vezes, foram inseridas notas de rodapé com a

definição de certos conceitos oriundos da organografia vegetal, de modo que o leitor possa

compreender melhor a descrição da espécie e, ainda, aprender sobre a morfologia das plantas.

No que tange a formatação do material, com páginas para formato A5 em papel

couché 120 g/m2, predominam as cores azul escuro do fundo de página e a cor verde da caixa

de texto principal, sobre a qual o texto encontra-se escrito em cor branca. Textos secundários

incluídos ao longo do material foram escritos em cor preta sobre caixa de texto amarela,

destacando-se do texto principal. A fonte escolhida para ambos foi “Candara”, tamanho 13 no

texto principal, 12 nos textos secundários e 10 nas legendas. O material é ilustrado com dois

infográficos, três esquemas descritivos, três charges e fotografias (Figura 03).

66

Figura 03- Exemplo de formatação do interior do livreto.

Legenda: Formatação do interior do material com fundo azul escuro, caixa de texto principal

verde, caixa de texto secundário amarela, fonte “Candara” tamanho 13 no texto principal, 12

no texto secundário e 10 nas legendas; imagens sempre legendadas.

4.3 Avaliação do material de divulgação

O material foi analisado por 15 avaliadores graduados em cursos de Licenciatura em

Ciências Biológicas, possuindo, portanto, formação superior adequada ao ensino básico de

Ciências e Biologia. Quase todos, inclusive, possuem experiência de atuação docente no

ensino básico - 7 na rede privada, 5 na rede pública municipal e 8 na rede pública estadual.

Além disto, 60% dos avaliadores possuem algum título de pós-graduação - 5 especialistas, 1

mestre e 3 doutores.

O primeiro objeto de avaliação foi a formatação do livreto, isto é, os aspectos inerentes

a composição gráfica do material, como o uso das cores, a fonte escolhida e os diferentes

tamanhos em que foi aplicada, a disposição dos elementos (imagens, legendas, caixas de

textos, etc.), entre outros. Para a grande maioria dos avaliadores (87%), a formatação foi

muito adequada aos objetivos do material (Figura 04).

67

Figura 04 - Avaliação da formatação do livreto.

Legenda: (A) a formatação é muito

adequada aos objetivos do material; (B) a

formatação é razoavelmente adequada aos

objetivos do material; (C) a formatação não

é adequada aos objetivos do material

Posteriormente, foi solicitado que o avaliador opinasse sobre o conteúdo do livreto.

Uma primeira pergunta questionava sobre os temas abordados no material, na intenção de

obter uma avaliação sobre a seleção dos conteúdos escolhidos no amplo universo de

possibilidades no qual a temática do material se insere. Neste sentido, a maioria (87%)

afirmou que a seleção dos conteúdos foi muito adequada aos objetivos do material (Figura

05). Em seguida, avaliou-se a forma como estes conteúdos foram divididos e articulados entre

si, buscando uma análise da coerência no encadeamento dos temas abordados. A esta

pergunta, 80% dos avaliadores responderam que a organização dos conteúdos foi muito

adequada aos objetivos do material (Figura 06).

Figura 05 - Avaliação da seleção de conteúdos. Figura 06 - Avaliação da organização dos conteúdos.

Legenda: (A) a seleção dos conteúdos foi muito

adequada aos objetivos do material; (B) a seleção

dos conteúdos foi razoavelmente adequada aos

objetivos do material; (C) a seleção dos conteúdos

não foi adequada aos objetivos do material.

Legenda: (A) a organização dos conteúdos foi muito

adequada aos objetivos do material; (B) a organização

dos conteúdos foi razoavelmente adequada aos

objetivos do material; (C) a organização dos conteúdos

não foi adequada aos objetivos do material.

68

O objeto seguinte de avaliação foi o uso de recursos ao longo do livreto. No que se

refere aos aspectos do texto escrito, como o vocabulário selecionado, o estilo de discurso, as

analogias, explicações e demais construções enunciativas utilizadas para a transmissão das

informações, 80% consideraram que os recursos textuais foram utilizados de maneira muito

adequada aos objetivos do material (Figura 07). Já sobre o uso de imagens e esquemas ao

longo do material, 67% dos avaliadores consideraram que os recursos visuais foram utilizados

de maneira muito adequada aos objetivos do material (Figura 08).

Figura 07 - Avaliação dos recursos textuais. Figura 08 - Avaliação dos recursos visuais.

Legenda: (A) os recursos textuais utilizados são

muito adequados aos objetivos do material; (B) os

recursos textuais utilizados são razoavelmente

adequados aos objetivos do material; (C) os recursos

textuais utilizados não são adequados aos objetivos

do material.

Legenda: (A) os recursos visuais utilizados são

muito adequados aos objetivos do material; (B)

os recursos visuais utilizados são

razoavelmente adequados aos objetivos do

material; (C) os recursos visuais utilizados não

são adequados aos objetivos do material.

Após essa avaliação objetiva do livreto, o avaliador era direcionado para duas outras

perguntas que buscavam apontar propriedades do material que proporcionassem uma

caracterização mais especifica de suas qualidades e defeitos. Quando expostos a um universo

de oito possíveis potencialidades do material, dois terços ou mais dos avaliadores apontaram

que o material é capaz de atrair a atenção do leitor, que aborda conceitos científicos de forma

acessível, dialoga com a experiência de vida do leitor, contribui para a valorização da

biodiversidade vegetal e para o debate sobre conservação ambiental, e proporciona diferentes

visões sobre a relação entre sociedade, ciência, tecnologia e meio ambiente (Figura 09). Já

dentre as fragilidades, a mais citada foi a possibilidade de o material despertar o interesse do

leitor em explorar os recursos naturais (Figura 10).

69

Figura 09 - Potencialidades do livreto.

Legenda: (A) O material é capaz de atrair a atenção do leitor; (B) O material aborda

conceitos científicos de forma acessível; (C) O material dialoga com a experiência de vida do

leitor; (D) O material contribui para a valorização do conhecimento popular ; (E) O material

contribui para a valorização da biodiversidade vegetal; (F) O material ajuda a dimensionar o

impacto causado pelo uso de recursos vegetais; (G) O material contribui para o debate sobre

conservação ambiental; (H) O material proporciona diferentes visões sobre a relação entre

sociedade, ciência, tecnologia e meio ambiente.

Figura 10 - Fragilidades do livreto.

Legenda: (A) O material ignora aspectos atuais sobre os temas abordados; (B) O material não

promove contextualização histórica sobre os temas abordados; (C) O material desperta o

interesse do leitor em explorar recursos naturais; (D) O material usa afirmações

sensacionalistas, passando uma visão irreal sobre ciência; (E) O material contribui para o

mito de que a ciência, através da tecnologia, é fonte de soluções para todas as mazelas da

sociedade; (F) O material transparece que a ciência não influencia e nem é influenciada por

aspectos sociais, políticos e econômicos.

70

Com a intenção de concluir a avaliação e integrar todos os aspectos anteriormente

abordados, o avaliador é confrontado com duas perguntas conclusivas. A primeira questiona a

capacidade do material de contribuir para a popularização e democratização da Ciência

através da disseminação do conhecimento. Para pouco mais da metade (53%) dos avaliadores

o material é plenamente capaz de alcançar esse objetivo, para os outros o material é

parcialmente capaz (Figura 11). A segunda pergunta questiona se há ou não interesse do

profissional-avaliador em utilizar o livreto em sua atividade docente. Todos os avaliadores

responderam que se interessariam em utilizá-lo.

Figura 11 - Capacidade de popularização.

Legenda: (A) o material é plenamente

capaz de alcançar esse objetivo; (B) o

material é parcialmente capaz de alcançar

esse objetivo; (C) o material é pouco capaz

de alcançar esse objetivo; (D) o material

não é capaz de alcançar esse objetivo.

Por fim, o questionário dava oportunidade para o avaliador acrescentar comentários

adicionais sobre o material avaliado - 11 avaliadores o fizeram. A crítica mais frequente

(quatro avaliadores) diz respeito à extensão do trabalho, conforme os comentários “O material

é extenso demais, dependendo do público-alvo pode se tornar enfadonho” (Avaliador 1),

“Achei o material ótimo e adoraria utilizar esse material, entretanto o conteúdo é um pouco

extenso” (Avaliador 3), “Ele poderia ser menor, mais condensado” (Avaliador 6) e “Acredito

que para chamar maior atenção do leitor, deveria ser mais sintetizado” (Avaliador 11).

Contudo, o avaliador 7 considerou a abordagem abrangente do material como um ponto

positivo: “Pontos positivos do livro [são] abordagem abrangente do tema, contextualização,

valorização dos diferentes tipos de conhecimento (científico, religioso, cotidiano, etc.) ”.

71

Outros avaliadores fizeram comentários sobre o conteúdo do livreto. O avaliador 5

considerou o material pertinente ao ensino básico (“O trabalho é muito bacana e pertinente

inclusive ao ensino médio da educação básica”) e ainda sugeriu a inclusão do assunto

“agrotóxicos”, assim como o avaliador 8 recomendou a inserção de exemplos de erros

comuns no uso de plantas medicinais. Sobre a relação do texto com o leitor, o avaliador 2

sugere que o livreto “poderia ser abordado questões mais próximas a realidade dos alunos”, já

o avaliador 5 acredita que “ele [o material] parece que dialoga com o leitor”. Por outro lado, o

avaliador 7 defendeu que o texto utiliza “vocabulário pouco claro” e promove “pouca

interação com o leitor”.

Alguns preocuparam-se em comentar sobre aspectos da estrutura do material. O

avaliador 4 sugeriu que “colocaria sumário no livreto, utilizaria itens numéricos para

organizar o texto, exemplo 1 - Uso dos vegetais na alimentação; 2 - Uso dos vegetais na

indústria ... e escolheria imagens com melhor qualidade (às vezes as imagens estão um pouco

distorcidas)”. Semelhante foi o comentário do avaliador 10, que sugeriu “elaboração de

sumário, paginação e capitulação; consertar algumas legendas de figuras que estão de lado;

expor referências, ou sugerir textos de apoio”. O avaliador 9 tratou, ainda, do uso das cores:

“Se o objetivo é atender a educação básica, ele poderia ter cores mais alegres e que ativam a

leitura, como amarelo e laranja, e esquemas mais descontraídos”. Finalmente, os avaliadores 8

e 10 sugeriram a citação de referências ao longo do texto e a indicação de textos de apoio.

5 DISCUSSÃO

Embora a disseminação do conhecimento científico seja iniciativa antiga na história da

humanidade, o recente advento de tecnologias da informação tem aberto novas fronteiras para

o ensino e para a divulgação. Ainda no final do século XX, o Prof. Guilherme Orozco, da

Universidade de Guadalajara, já anteviu que a inovação tecnológica levaria a uma

aproximação ainda maior entre a Comunicação e a Educação. Em palestra no Brasil, o autor

mexicano defendeu que a capacitação de interlocutores para a recepção de informação e

produção de comunicação, expandiria a comunicação educativa através de diferentes

linguagens, formatações e canais (GOMEZ, 2002). Quase duas décadas após estas afirmações,

o material de divulgação aqui produzido parece resultado de uma geração que, criada no seio

da sociedade informatizada, credencia-se para atuar efetivamente neste papel de interlocutor.

72

Sendo, então, o livreto um produto de comunicação, existem variados aspectos formais

que influenciam seu objetivo de transmitir uma mensagem. Por exemplo, em sua dissertação

de mestrado sobre materiais educacionais digitais, Torrezzan (2009) diz que é comum

materiais preparados por profissionais da área pedagógica serem deficientes em fatores

técnicos e gráficos, destacando a importância do equilíbrio destes com os fatores pedagógicos

para que o material alcança seu objetivo. Dentre os fatores gráficos, a autora elenca a

semiótica, a estética e o design. O primeiro trata dos significados transmitidos pelos signos

que compõem o material, o segundo diz respeito à percepção dos sentidos sobre o objeto em

questão, o terceiro estaria associado à conjugação dos elementos visuais na interface gráfica.

Ainda sobre este último, Marcato e Figueiredo (2007) complementam reafirmando a

capacidade do design de, através de elementos visuais, tornar assuntos mais atraentes e

viáveis ao público. Imagina-se, portanto, que os aspectos gráficos do livreto “Planta não

serve pra nada?” tenham influenciado os dez avaliadores que indicaram a capacidade do

material de atrair a atenção do leitor (Figura 09). No que tange as nuances gráficas verbais,

por exemplo, a fonte escolhida ajuda a tornar a leitura menos cansativa por possuir traços

simples, leves, finos e ligeiramente informais - sem comprometer a credibilidade do material.

Fassina, Cavalcante e Andrade (2009) revelam que muitos estudantes e profissionais da área

gráfica atribuem grande importância à tipografia adequada para a boa legibilidade de textos.

No livreto, segundo o Avaliador 10, essa legibilidade parece ter sido comprometida somente

em algumas legendas verticalizadas, em razão do aumento na espessura da fonte.

Para a discussão dos aspectos não-verbais, contudo, é interessante resgatar os quatro

formantes básicos da dimensão plástica da linguagem estabelecidos por Greimas (2004). O

formante cromático, relacionado às possibilidades associadas ao uso das cores, manifesta-se

no contraste entre o fundo escuro e as caixas de textos em tons mais luminosos, todos em

cores sólidas, dando destaque ao espaço do texto sem proporcionar excesso de informação.

Considerando os comentários de Silveira (2015) sobre a percepção das cores, também

podemos dizer que as cores frias utilizadas na maior parte do material geram sensação de

tranquilidade e introspecção, enquanto as cores quentes utilizadas somente nas caixas de texto

secundárias e de títulos atingem o objetivo de despertar a atenção em meio ao texto principal.

Ainda que seja válida a recomendação do Avaliador 9 de tornar o material mais descontraído

através do uso mais frequente de cores quentes, é possível que essa estratégia tornasse a

leitura visualmente cansativa - para um material de tamanha extensão.

73

Já o aspecto eidético - sobre as formas e a construção de sentidos - do material é

estruturado por planos retangulares com vértices arredondados. Na interpretação de Dondis

(1997), o formato retangular (derivado do quadrado) associasse à ideia de retidão e

honestidade que contribuem para a credibilidade do material. O risco da forma retangular

imprimir a sensação de tédio e limitação é atenuada pelos vértices arredondados, gerando o

efeito de infinidade associado aos círculos. Topologicamente, a organização no layout do

material buscou criar um ambiente limpo e sóbrio que não sobrecarregasse a composição

visual, com grid (diagrama) de apenas uma coluna por página, poucos elementos e

espaçamentos arejados entre eles (Figura 03).

Sobre aspectos matéricos, Cazonatto e Tedeschi (2013) relacionam o formato do

material impresso com o grau de comodidade ao uso. O livreto produzido neste trabalho adota

o formato A5 - equivalente à metade de uma folha A4 - para proporcionar maior conforto ao

leitor, tanto na leitura, quanto no transporte do material. Ainda segundo as autoras, o papel

couché escolhido para impressão, além de mais resistente que o papel comum, é capaz de

atrair mais a atenção do leitor potencial por apresentar brilho. O sucesso do arranjo desses

diversos componentes gráficos no livreto parece ser confirmado pela ampla aprovação de sua

formatação pelos avaliadores (Figura 04), qualificando-o como um instrumento de

comunicação potencialmente eficiente.

Outro fator que parece ser bastante importante na qualidade de um produto de

comunicação são os recursos visuais: uma das avaliações menos positivas do livreto diz

respeito às figuras empregadas (Figura 08), com a crítica direta do Avaliador 4 à qualidade

das imagens utilizadas. Souza (2013), ao segmentar as fases pelas quais a prática jornalística

mundial passou, aponta a sobrevalorização da visualidade como um marco da fase atual do

jornalismo. Nascimento, Bezerra e Heberle (2011) ampliam essa constatação ao abordarem os

variados novos gêneros textuais - muitos deles baseados em enunciados verbo-visuais -

produzidos no cenário de globalização e de novas tecnologias da informação, defendendo a

necessidade do letramento para a multimodalidade nas esferas de ensino.

74

Na educação formal, a importância do uso de imagens associadas aos textos fica clara

nos livros didáticos. Martins, Gouvêa e Piccinini (2005) observaram livros de ciências e

perceberam a predominância de imagens naturalistas e realistas nos materiais dos anos iniciais

do ensino fundamental, sobretudo na intenção de promover a observação de fenômenos em

cenários cotidianos, enquanto nos materiais dos anos finais já eram encontradas representação

abstratas de situações microscópicas, da natureza da ciência, de sua metodologia e

fenomenologia. Na DC, por sua vez, Grillo (2009) marca a relevância das imagens como

reforço ao texto já escrito, ilustrando o material verbal em um outro registro semiótico -

relação nomeada como Princípio da Repetição.

Uma das principais articulações entre texto e imagem apontadas pela autora é a

ilustração-síntese, cuja finalidade é “sintetizar e reforçar sentidos presentes no texto e no

material verbal do peritexto – em particular título, título-auxiliar e legenda” (op. cit., p. 220).

No livreto, por exemplo, encontram-se diversas figuras que sintetizam e reforçam a variedade

de produtos originados da biodiversidade vegetal discutida ao longo do texto: figura 02 para

produtos alimentícios; figura 18 para produtos medicinais populares; figuras 25, 26 e 27 para

produtos artesanais; figura 30 para plantas ornamentais; e figura 34 para produtos cosméticos.

Também pode-se destacar a característica da figura 23 sintetizar aspectos da cultura in vitro

descritas no texto, assim como a capacidade das figuras 7 e 38 reforçarem a noção de

degradação ambiental descrita no texto.

Também é possível ressaltar a relevância das ilustrações nos trabalhos de DC através

da análise de imagens proposta por Nascimento, Bezerra e Heberle (2011), baseada nas

principais categorias da gramática visual. Primeiramente, as imagens podem cumprir a função

de representar algo, seja através de narrativas ou de conceituações. No livreto, temos

exemplos de representação conceitual na figura 4 - originada por um processo classificatório,

frente à variedade de legumes e verduras - e de representação narrativa na figura 7 - originada

por um processo de ação, onde um vetor indica o avanço da área desmatada sobre a área

florestada - e na figura 16 - por um processo de reação, apresentando a reação ao

acontecimento que se desenrola. Além disso, existem as imagens que cumprem a função de

promover interação com o leitor, como a figura 28, onde a angulação oblíqua do corpo da

participante projeta maior envolvimento entre ela e o leitor. Há, ainda, imagens que

desempenham a função de composição, associada à organização dos elementos no espaço -

considerando disposição, enquadramento e saliência.

75

Além de fotografias, existem outros tipos de figuras que contribuem na divulgação do

conhecimento. O infográfico, por exemplo, é a combinação de elementos icônicos e

tipográficos, como fotografias, desenhos, textos e diversas soluções informáticas, que gera um

produto capaz de acompanhar e, até, substituir o texto (SOUZA, 2012) - é o caso das figuras 2

e 6 do livreto. A primeira reúne uma fotografia por satélite do continente sul-americano,

textos, desenhos e vetores gráficos para explicar a importância da Floresta Amazônica no

regime de chuvas. A segunda usa elementos gráficos verbais e não-verbais para representar a

diversidade de alimentos nativos do continente sul-americano. De forma mais simplificada,

também através da combinação de textos e recursos gráficos, os esquemas descritivos

propiciam uma representação concreta e simplificada das etapas de um processo (GRILLO,

2009), como é o caso da técnica do DNA recombinante na figura 9, da pesquisa com plantas

medicinais na figura 20 e da produção de tecidos na figura 33.

As charges e cartoons, por sua vez, constituem um antigo gênero textual, marcado

pelo caráter cômico e/ou crítico de suas mensagens (BRESSANIN, 2007). Comumente

utilizadas nos ambientes formais de ensino (SILVA; CAVALCANTI, 2008), também são

muito úteis ao objetivo da divulgação científica de difundir informação ao mesmo tempo

provocar reflexão. No livreto, encontra-se a charge da figura 8 que produz humor ao remover

o “Mato” da placa de recepção ao estado do Mato Grosso do Sul, em razão do desmatamento

exposto no plano de fundo do desenho. O cartoon da figura 10, por outro lado, não produz

humor, mas sim associa a tensão da aproximação de um tubarão e a devastação deixada por

ele com os efeitos de transgênicos da empresa Bayer nas lavouras. A charge da figura 1, ao

contrário das anteriores, utiliza de humor para retratar o ofício da taxonomia.

A textualidade de um material de DC também é importante objeto de discussão. Para

Mikhail Bakhtin (1992) - filósofo russo que se dedicou ao estudo da linguagem - a utilização

da língua ocorre através de enunciações associadas à esfera de atividade humana na qual se

insere o indivíduo. Cada esfera parece apresentar tipos estáveis de enunciações, constituindo

os gêneros textuais. A estabilidade de cada gênero textual, segundo o Bakthin, parece ser

sustentada por três elementos: o conteúdo temático, o estilo verbal e a construção

composicional. Sendo assim, Zamboni (2001) defende que a DC constitui um gênero textual

próprio, não apenas uma parte integrante do discurso científico. Afinal, as condições nas quais

a DC é produzida são diferentes daquelas do conhecimento científico, guardando traços de

cientificidade, mas também um caráter leigo e didático.

76

Para a autora, a intenção de popularizar o conhecimento permite à DC abrir mão do

jargão científico e empregar variados recursos linguísticos. Partindo disto, Nascimento (2005)

propõe uma caracterização mecanismos textuais típicos da DC. A primeira característica trata

de um “apelo inicial à leitura”, isto é, a presença de elementos que chamem a atenção do leitor

em um primeiro momento, como a capa do livreto, onde a contradição entre a mensagem do

balão principal e as outras mensagens cumpre a função de conquistar o primeiro olhar do

potencial leitor. Fala, também, de “recursos à atratividade” ao longo do material, como os

focos de atração exercidos pelas diversas imagens e boxes de texto do livreto.

A presença de procedimentos explicativos é outra característica apontada - decorrente

do traço didático da DC. No livreto, o parágrafo que explica o conceito de “serviços

ambientais” e o box que trata de contaminação biológica, entre outras passagens, cumprem

esse objetivo de abordar conceitos científicos de forma acessível - potencialidade destacada

por 87% dos avaliadores (Figura 09). A interlocução direta como o leitor é outra

característica marcante, uma tentativa de aproximá-lo do texto para que exerça uma

participação ativa na descoberta do conhecimento. No livreto, esse procedimento é observado

nos títulos e em trechos como “Se você é um deles, provavelmente boa parte da sua comida

vem de um supermercado” e “Quem não tem algo de madeira em casa?”. Mesmo frente a

estes exemplos, os Avaliadores 5 e 7 acreditaram que havia pouca interação do texto com o

leitor, fragilidade que poderia ser atenuada pela inserção de mais perguntas retóricas ou pelo

mais frequente uso do pronome “você”.

No nível sintático, a autora destaca a construção por meio de parágrafos com três

frases simples e curtas. Esse é o caso do livreto, onde a maioria dos parágrafos é composto

por duas ou três frases - ainda que algumas não sejam frases simples. A coesão textual é

garantida pelo encadeamento de ideias e pela progressão cronológica dos enunciados,

conforme Zamboni (2001). Desse modo, a textualidade em cada seção do livreto ganha uma

perspectiva narrativa, facilitando a apreensão da ideia geral do texto - o que parece ter sido

apreciado pelos avaliadores do material, haja vista que 80% deles consideraram a organização

dos conteúdos muito adequada (Figura 06). A última característica diz respeito ao

vocabulário da DC, marcado pela mistura de termos da linguagem coloquial, para construir

uma leitura próxima ao cotidiano do leitor, com termos técnicos da área. Nesse último caso, o

livreto buscou adotar procedimentos explicativos, como as anotações de rodapé. Ainda assim,

o Avaliador 7 considerou o vocabulário utilizado pouco claro.

77

Em outra perspectiva, Alferes e Agustini (2008) analisam os diferentes efeitos de

sentido encontrados no discurso da DC. Segundo as autoras, é comum o uso de sintagmas

nominais - estruturas que caracterizam e definem um conceito - para promover a transposição

do discurso científico forma didática. A partir de sintagmas nominais é possível construir

estruturas capazes de dotar o discurso da DC de um caráter explicativo. Uma delas é a glosa,

resultado de uma atividade de reformulação do que já fora explicado com o intuito de

consolidar e expandir a explicação. Outra é a incisa, desvio sintático que tem a função de

“costurar” o discurso científico ao discurso leigo. Assim como o aposto, construção nominal

cuja função é explicar termos substantivos ou pronominais. Essas diversas derivações dos

sintagmas nominais compõem grande parte dos enunciados típicos da DC

Sobre a construção desses enunciados, Alferes e Agustini (2008) apontam quatro

formas típicas na DC. Os enunciados definitórios são aqueles que buscam definir nomes

através de recursos como a descrição de sua função ou finalidade, a atribuição de uma

característica marcante, entre outros. Um exemplo de enunciado definitório por caracterização

está na figura 9 do livreto, baseado no seguinte aposto: “... ao vetor - molécula de DNA capaz

de se duplicar de forma autônoma”. Já os enunciados explicativos buscam dizer o que já foi

dito, mas agora de uma outra forma - estando por isso muito associado a glosas. Um exemplo

seria o trecho do box sobre tipo de unidades de conservação onde se diz: “... interferência

humana de forma sustentável, ou seja, através de modelos de desenvolvimento que permitam

a geração de riquezas sem comprometer o ecossistema”.

Os enunciados analógicos, por sua vez, são construídos através da ideia de

correspondência, proporção ou semelhança entre dois termos, como no box sobre o Santo

Daime onde é estabelecida uma analogia entre “composto psicotrópico” e “remédios de tarja

preta”. Já os enunciados comparativos associam componentes de diferentes discursividades,

normalmente utilizando elementos alcançáveis ao leitor para aproximá-lo de elementos

abstratos oriundos do conhecimento científico - é o caso da nota de rodapé do livreto sobre

“tricomas”, que os compara com pelos. A combinação desses diversos recursos e enunciados

textuais parece ser bem-sucedida na intenção de transmitir o conhecimento científico de

forma palatável ao público leigo, haja vista que 80% dos avaliadores indicaram que a

textualidade do livro é muito adequada (Figura 07).

78

Diante deste potencial didático, não é inusitado que os textos de DC sejam utilizados

em espaços da educação. Ferreira e Queiroz (2012) realizaram extensa análise dos periódicos

nacionais sobre educação e perceberam aumento nas pesquisas sobre o uso de textos de DC

no ensino de ciências. Martins, Cassab e Rocha (2001) falam dos benefícios obtidos a partir

do contato com diferentes textos científicos, como o acesso a maior diversidade de

informações, o desenvolvimento da leitura, o contato com diferentes argumentações e

terminologias. Sendo assim, não surpreende todos os avaliadores do livreto demonstrarem

interesse em utilizá-lo em sua atividade docente. Até mesmo os Parâmetro Curriculares

Nacionais para o Ensino Médio indicam esta conduta:

“Lidar com o arsenal de informações atualmente disponíveis depende de habilidades para

obter, sistematizar, produzir e mesmo difundir informações (...). Isso inclui ser um leitor crítico

e atento das notícias científicas divulgadas de diferentes formas: vídeos, programas de

televisão, sites da Internet ou notícias de jornais” (BRASIL, 1999, p.27).

Braga e Calazans (2001) ressaltam, ainda, que o conhecimento é absorvido pelo ensino

formal com certa lentidão e que, por isso, professores têm dificuldade em abordar temas

atuais com os quais o cidadão frequentemente entra em contato através das mídias e de suas

atividades cotidianas. Nascimento e Alvetti (2006) apontam a tendência de livros didáticos

transporem textos de DC para seus conteúdos - sobretudo na forma de leitura complementar -

como estratégia para abordar temas da Biologia Contemporânea. A oferta de conteúdo

atualizado parece ser uma das qualidades de que goza o livreto produzido neste trabalho, se

considerarmos que apenas 20% dos avaliadores indicaram a falta de aspectos atuais sobre os

temas abordados como uma fragilidade do material (Figura 10).

Outra característica que pode ser interessante para o ambiente escolar é a aproximação

entre o conteúdo abordado e a experiência de vida do leitor. Mais de dois terços dos

avaliadores consideraram esta uma das potencialidades do livreto (Figura 09), fato que foi

pontualmente elogiado pelo Avaliador 2. Considerando a explicação dada por Pelizzari e

colaboradores (2002) sobre a Teoria da Aprendizagem Significativa, é razoável pontuar que a

aprendizagem de novos conhecimentos é facilitada pela associação destes com experiências e

conhecimentos já adquiridos pelo aluno. Essa aproximação fica clara quando o livreto faz

referência a plantas alimentícias de uso cotidiano para então falar sobre alimentícias não-

convencionais, quando resgata o uso popular de plantas medicinais para explicar metabólitos,

quando usa o artesanato com materiais vegetais para explicar manejo de recursos.

79

A despeito do amplo interesse pedagógico pelo material, os avaliadores ficaram

divididos ao responderem se o livreto atinge plena ou parcialmente seu objetivo de contribuir

para a popularização do conhecimento científico e democratização da Ciência (Figura 11).

Pode-se imaginar que parte dos avaliadores que consideraram o material apenas parcialmente

capaz o tenham feito em razão da extensão do livreto - quatro avaliadores fizeram essa crítica.

Segundo alguns deles, o risco da leitura tornar-se cansativa e enfadonha pode dificultar que os

objetivos sejam alcançados. Uma possível solução para atenuar esse risco sem comprometer o

conteúdo, considerando que o Avaliador 7 elogiou o caráter abrangente do material, seria

segmentar o material em fascículos de acordo com as seções do texto.

Também é possível que os avaliadores tenham considerado incorreta a forma como

essa popularização foi realizada, haja vista que 10 avaliadores apontaram que o material pode

estimular o leitor a valorizar a exploração de recursos naturais (Figura 10) - um risco

possivelmente originado pela adoção da perspectiva antropocêntrica. Gomes (2006) alerta

sobre os graves riscos sociais e ambientais dos padrões de consumo do capitalismo,

destacando a necessidade da educação para o desenvolvimento sustentável. Então, mesmo que

seja importante a população conhecer o potencial socioeconômico da biodiversidade vegetal,

é essencial que esta divulgação seja acompanhada da reflexão sobre os danos causados pela

exploração predatória (SOUSA; FERNANDES, 2002). Por isso, em cada seção, o livreto

associa o uso de recursos vegetais com problemáticas ambientais, como queimadas, expansão

agrícola, desmatamento, contaminação biológica, entre outros.

A segunda fragilidade do material mais indicada pelos avaliadores foi a possibilidade

do material contribuir para o mito de que a ciência, através da tecnologia, é fonte de soluções

para todas as mazelas da sociedade (Figura 10). É possível que trechos do livreto tenham

tratado de descobertas científicas e inovações tecnológicas sem ponderar sobre seus riscos e

limitações. Segundo Santos e Mortimer (2002), esse mito teria origem em um processo de

cientifização que, frente à influência da produção tecnológica na vida contemporâneo, resulta

no culto à razão e ao progresso científico. Ora, se a ciência e a tecnologia são dignas de

tamanha confiança, e se delas terão origem a salvação da sociedade, não seria incoerente

deduzir que a população estaria disposta a aceitar qualquer produto e conduta destes setores.

Amplificado, assim, o potencial que a ciência e a técnica têm de legitimar o domínio do

homem sobre a natureza e do homem sobre o homem (HABERMAS, 1983).

80

Por outro lado, também é aceitável conjecturar os motivos que levaram muitos

avaliadores (53%) a considerarem que o material é plenamente capaz de contribuir para a

popularização da Ciência. A grande maioria, por exemplo, considerou que os conteúdos

selecionados para compor o material foram muito adequados (Figura 05). Uma possível

consequência da acertada escolha de conteúdos pode ser a contribuição que o material faz à

valorização da biodiversidade vegetal, potencialidade reconhecida por 60% dos avaliadores

(Figura 09). Para Cristóvão (1999), é essencial que a sociedade passe a valorizar tanto o

patrimônio natural, quanto o patrimônio cultural, de tal modo que seja ela geradora e

mantenedora das iniciativas de preservação e desenvolvimento sustentável. É possível,

inclusive, que a aproximação do leitor com plantas de formações naturais e domínios culturais

próximos a ele, contidas no levantamento de espécies do segundo capítulo do livreto, tenha

facilitado o despertar desse sentimento de valorização na população local.

Aliás, Freitas (2006) discute a importância de considerar as representações sociais da

população, entendidas como “conhecimentos partilhados e estáveis” (op. cit., p. 605), nas

iniciativas que tratam da temática ambiental. Essa característica de valorização do

conhecimento popular está presente no livreto segundo 60% dos avaliadores (Figura 09),

sendo pontualmente elogiada pelo Avaliador 7. Moreira (2006), por exemplo, coloca o

reconhecimento dos saberes populares e tradicionais como uma das diretrizes para políticas

públicas para a popularização da ciência e da tecnologia, assim como valorizar aspectos do

cotidiano, da cultura, da arte, das ciências sociais e humanas. Desse modo, é possível retratar

a produção científica como parte de um universo maior de saberes que interagem entre si.

Outro reflexo da bem-sucedida seleção dos conteúdos é a competência do material em

contribuir para o debate sobre conservação ambiental - apontada por quase 75% dos

avaliadores (Figura 09). Isto reflete a capacidade de ajudar na preparação do leitor para os

processos decisórios inerentes à disputa entre agentes públicos e privados de diversos setores

da sociedade pela condução da política e da legislação ambiental brasileira. Albagli (1996)

coloca a instrumentalização para o debate e reflexão crítica como um dos objetivos

primordiais da DC, em uma busca por “processos decisórios mais abertos e democráticos na

aplicação da ciência e tecnologia a problemas sociais” (op. cit., p. 368). Sobre a questão

ambiental, especificamente, Layrargues (2000) defende a importância de formar as classes

mais afetadas pelos problemas ambientais para o exercício da cidadania e das ações coletivas.

81

Contudo, se o objetivo também é contribuir para a democratização da ciência, a forma

como o conteúdo é abordado é tão importante quanto os temas selecionados. Um equívoco

comum na abordagem do conhecimento por parte dos materiais de DC é a adoção de

afirmações sensacionalistas. Sobre isto, Albagli (1996) resgata o argumento de que o

jornalismo científico produz notícias distorcidas ao divulgar descobertas científicas como uma

estratégia para provocar emoções no público consumidor, aumentando as vendas. Bertolli

Filho (2007), em contrapartida, pondera que certas notícias alarmistas sobre a prática

científica podem não ser fruto apenas do sensacionalismo ou despreparo dos divulgadores,

sendo, talvez, repercussões legitimas do receio da sociedade frente ao poder potencialmente

destruidor do avanço científico e tecnológico. De todo modo, o sensacionalismo parece não

ser reproduzido no livreto se considerarmos que nenhum avaliador apontou esse tipo de

conduta como uma fragilidade do material (Figura 10).

Outro perigo seria que a abordagem utilizada no material transparecesse que a ciência

não influencia e nem é influenciada por aspectos sociais, políticos e econômicos. Na medida

em que a ciência é isolada desses valores, ela fica fora do alcance do questionamento social.

Segundo Oliveira (2008), essa tese é reforçada por falsos argumentos como: “a escolha dos

temas e problemas de pesquisa são definidos na busca do conhecimento pelo conhecimento”;

“a metodologia adotada responde apenas ao método científico, configurando uma escolha

meramente racional”; e “a ciência descreve a realidade, sem se contaminar por nenhum juízo

de valor”. Auler e Delizoicov (2006) desconstroem essas falácias ao afirmarem que o

direcionamento da atividade científica e tecnológica é resultado de decisões políticas, assim

como a apropriação de seus conhecimentos e produtos responde ao sistema político e aos

interesses de grupos sociais hegemônicos. Parece, então, que um dos cuidados essenciais para

evitar essa tendência é abordar o conhecimento científico de forma histórica e socialmente

contextualizada - estratégia presente no livreto segundo 93% dos avaliadores (Figura 10) e

elogiada pelo Avaliador 7. Talvez por isso quase todos os avaliadores considerarem que o

livreto não promove a ideia de neutralidade da ciência de da tecnologia (Figura 10).

Finalmente, não parece razoável imaginar que um material de DC possa contribuir

para democratizar a ciência sem proporcionar ao leitor diferentes visões sobre a relação entre

sociedade, ciência, tecnologia e, neste caso, meio ambiente. De acordo com Invernizzi e Fraga

(2007), a discussão ambiental sempre foi tópico fundamental do campo de estudos CTS,

contudo, ao encontrar com a pesquisa em Ensino de Ciências e dialogar com a Educação

82

Ambiental, o tópico sobre meio ambiente recebeu destaque ainda maior - perfazendo a letra

“A” na sigla CTSA. Segundo as autoras, até mesmo documentos curriculares oficiais já

flertam com essa abordagem, mas a dificuldade em romper com o “conteudismo” e a

fragmentação disciplinar atrapalha sua aplicação na realidade escolar. Observando que a

capacidade de proporcionar essas diferentes perspectivas foi reconhecida por dois terços dos

avaliadores do livreto (Figura 09), é razoável imaginar que o uso de materiais como este

sejam estratégia viável para levar o CTSA para a sala de aula.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir desta discussão, é possível perceber que a competência da DC em promover a

divulgação do conhecimento e contribuir para democratizar a ciência é dependente de muitos

elementos. Materiais de DC que não se preocupem com os aspectos da forma, do texto, do

conteúdo e da abordagem podem não ser bem-sucedidos em alcançar esses objetivos. É nítido,

também, que a mera ação de divulgar informações não interfere no status quo que mantem a

ciência afasta do poder popular. O divulgador deve ter especial preocupação em promover

reflexões éticas, políticas, sociais e afins, a partir da informação por divulgada.

A produção de materiais de DC que promovam essas reflexões é essencial para a

formação do cidadão nos espaços informais de ensino, mas também nos espaços formais. É

declarada a dificuldade dos professores manterem os conteúdos atualizados e promoverem

uma abordagem crítica, inclusive pelas dificuldades inerentes aos materiais didáticos e pela

falta de formação continuada. Na área da Biologia, especificamente, a dificuldade e falta de

tradição em abordar criticamente os conteúdos somam-se à deficiência no conhecimento

botânico de discentes e docentes. As plantas, como amplamente discutido, permeiam as

complexas relações entre ciência, tecnologia e sociedade, devendo ser tema em sala de aula.

Desta forma, pode-se colocar a DC como uma ferramenta para reequilibrar as disputas

de poder existentes nas relações entre a biodiversidade de plantas, a ciência, a tecnologia e a

sociedade. Em especial, tendo em vista o que fora avaliado e discutido neste capítulo, o

livreto “Planta não serve pra nada?” tem o potencial de exercer essa função da ênfase CTS,

tanto em situações informais de aprendizagem, quanto no ensino formal.

83

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, E. S. et al. Alimentação mundial - uma reflexão sobre a história. Saúde e Sociedade,

[s. l.], v. 10, n. 2, p. 3-14, 2001.

AGUIAR, F. F. A. et al. Produção de mudas de palmito-juçara Euterpe edulis Mart. Instituto

de Botânica, São Paulo, 2002.

AIRES, J. A. et al. Divulgação científica na sala de aula: um estudo sobre a contribuição da

revista Ciência Hoje das Crianças. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM

EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, 4, Bauru. Anais... Bauru: ABRAPEC, 2003.

ALBAGLI, S. Divulgação científica: informação científica para cidadania. Ciência da

informação, v. 25, n. 3, p. 396-404, 1996.

ALCÂNTARA, M. R.; DALTIN, D. A química do processamento têxtil. Química Nova, v.

19, n. 3, p. 320-330, 1996.

ALFERES, S. C.; AGUSTINI, C. L. H. A escrita da divulgação científica. Relatório final

apresentado à Pró-Reitoria de Pesquisa da UFU, Uberlândia, MG: Universidade Federal de

Uberlândia, 2008.

ALHO, C. J. R. The importance of biodiversity to human health: an ecological perspective.

Estudos Avançados, v. 26, n. 74, p. 151-166, 2012.

______. The value of biodiversity. Brazilian Journal of Biology, v. 68, n. 4, p. 1115-1118,

2008.

ALVES, A. B.; BRAGAGNOLO, N. Determinação simultânea de teobromina, teofilina e

cafeína em chás por cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Brasileira de Ciencias

Farmaceuticas, v. 38, n. 2, p. 237-243, 2002.

ALVES, E. Diversidade arbórea e potencial de produção de óleo essencial de Eugenia

uniflora L. e Myrcia multiflora (LAM.) DC. no município de Turvo-PR. 2012. 70 f.

84

Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Estadual do Centro-Oeste,

Guarapuava, 2012.

ALVES, J. J. A.; ARAUJO, M. A.; NASCIMENTO, S. S. Degradação da caatinga: uma

investigação ecogeográfica. Caatinga, Mossoró, v. 22, n. 3, p. 126-135, 2009.

AMORIM, B. S. Flora da Usina São José, Igarassu, Pernambuco: Myrtaceae. Rodriguésia, v.

62, n. 3, p. 499-514, 2011.

______; ALVES, M. Myrtaceae from lowland Atlantic Forest areas in the State of

Pernambuco, Northeastern Brazil. Phytotaxa, v. 40, p. 33-54, 2012.

ANDRADE, D. C.; ROMEIRO, A. R. Degradação ambiental e teoria econômica: algumas

reflexões sobre uma “Economia dos Ecossistemas”. Economia, v. 12, n. 1, p. 03-26, 2011.

ANTONIO, F.; GIULIETTI, A. M. A tribo Pisonieae Meisner (Nyctaginaceae) no

Brasil. Boletim de Botânica, v. 32, n. 2, p. 145-268, 2014.

APPEZZATO-DA-GLÓRIA, B.; CARMELLO-GUERREIRO, S. M. Anatomia vegetal. 3. ed.

rev. e ampl. Viçosa: Ed. UFV, 2012, 404 p.

AULER, D.; DELIZOICOV, D. Ciência-tecnologia- sociedade: relações estabelecidas por

professores de ciências. Revista Eletrónica de Enseñanza de las Ciencias, v. 5, n. 2, p. 337-

355, 2006.

AVILA, A. L. et al. Estrutura populacional de Lamanonia ternata Vell. em remanescentes de

floresta ombrófila mista, RS, Brasil. In: CONGRESSO LATINO AMERICANO DE

ECOLOGIA, 3., 2009, São Lourenço. Anais... São Lourenço: SEB, 2009. p. 1-4.

AZEVEDO, S. K.S.; SILVA, I. M. Plantas medicinais e de uso religioso comercializadas em

mercados e feiras livres no Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Acta. Botanica Brasilica, v. 20, n. 1, p.

185-194, 2006.

85

BACHA, C. J. C. O uso de recursos florestais e as políticas econômicas brasileiras: uma visão

histórica e parcial de um processo de desenvolvimento. Estudos Econômicos, v. 34, n. 2, p.

393-426, 2004.

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

BARBOSA, F. B. C. A biotecnologia e a conservação da biodiversidade amazônica, sua

inserção na política ambiental. Cadernos de Ciência & Tecnologia, v. 18, n. 2, p. 69-94, 2001.

______. A moderna biotecnologia e o desenvolvimento da Amazônia. Caderno de Ciência &

Tecnologia, v. 17, n. 2, p. 43-79, 2000.

BARBOZA, D. H.; POHLMANN, A. R. Confecção artesanal de tintas para uso na

xilogravura. In: SEMINÁRIO DE HISTÓRIA DA ARTE, 14., 2015, Pelotas. Artigos...

Pelotas: UFPel, 2015. p. 1-11.

BARROSO, R. M.; REIS, A.; HANAZAKI, N. Etnoecologia e etnobotânica da palmeira

juçara (Euterpe edulis Martius) em comunidades quilombolas do Vale do Ribeira, São

Paulo. Acta Botanica Brasilica, v. 24, n. 2, p. 518-528, 2010.

BAUERMANN, S. G. et al. Diferenciação polínica de Butia, Euterpe, Geonoma, Syagrus e

Thritrinax e implicações paleoecológicas de Arecaceae para o Rio Grande do Sul. Iheringia:

Série Botânica, v. 65, n. 1, p. 35-46, 2010.

BAZZO, W. A. et al. Introdução aos estudos CTS. Cadernos de Ibero-América, OEI, n. 1,

2003.

BERTOLLI FILHO, C. A divulgação cientifica na mídia impressa: as ciências biológicas em

foco. Ciência e Educação, v. 13, n. 3, p. 351-368, 2007.

BISBY, F. A.; BUCKINGHAM, J.; HARBORNE, J. B. Phytochemical dictionary of the

Leguminosae. 1 ed. London: Chapman and Hall, 1994.

86

BLUM, C. T.; BORGO, M.; SAMPAIO, A. C. F. Espécies exóticas invasoras na arborização

de vias públicas de Maringá-PR. Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, v.

3, n. 2, p. 78-97. 2008.

BORGES, G. S. C. et al. Chemical characterization, bioactive compounds, and antioxidant

capacity of jussara (Euterpe edulis) fruit from the Atlantic Forest in southern Brazil. Food

Research International, v. 44, p. 2128-2133, 2011.

______. Protective effect of Euterpe edulis M. on Vero cell culture and antioxidant evaluation

based on phenolic composition using HPLC−ESI-MS/MS. Food Research International, v.

51, p. 363-369, 2013.

BORGES, R. C. G.; GARVIL, M. P.; ROSA, G. A. A. Produção de fitoterápicos e cultivo

sustentável da biodiversidade no Brasil. E-RAC: Reunião Anual de Ciências, v. 3, n. 1, p. 1-

10, 2013.

BORGES, R.; PEIXOTO, A. L. Conhecimento e uso de plantas em uma comunidade caiçara

do litoral sul do Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Acta botanica brasílica, v. 23, n. 3, p. 769-

779, 2009.

BOTELHO, L. L. R.; CUNHA, C. C. A.; MACEDO, M. O método de revisão interativa nos

estudos organizacionais. Gestão e Sociedade, v. 5, n. 11, p. 121-136, 2011.

BOTREL, R. T. et al. Uso da vegetação nativa pela população local no município de Ingaí,

MG, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 20, n. 1, p. 143-156, 2006.

BOUBLI, J. P.; HRBECK, T. Introdução à biodiversidade amazônica. In: MARCON, J. L. et

al. (Org.). Biodiversidade amazônica: caracterização, ecologia e conservação. Manaus: Edua,

2012. Cap. 1, p. 11-18.

BRAGA, J. L.; CALAZANS, M. R. Z. Comunicação e educação: questões delicadas na

interface. São Paulo: Hacker, 2001.

87

BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros

Curriculares Nacionais para o Ensino Médio: Ciências da Natureza, Matemática e suas

Tecnologias. Brasília, MEC/Semtec, 1999.

BRESSANIN, A. Gênero charge na sala de aula: o sabor do texto. 2007? Disponível em:

<http://linguagem.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/eventos/cd/Port/8.pdf>. Acesso

em: 04 de janeiro de 2017.

BRITO, M. R. de; SENNA-VALLE, L. de. Diversity of plant knowledge in a "Caiçara"

community from the Brazilian Atlantic Forest coast. Acta Botanica Brasilica, v. 26, n. 4, p.

735-747, 2012.

BRITO, W. R. O.; OLIVEIRA, D. N.; SCUDELLER, V. V. Potencial de uso dos recursos

florestais não madeireiros no Baixo Rio Negro. In: SANTOS-SILVA, E. N.; SCUDELLER,

V. V.; CAVALCANTI, M. J. (Orgs.). BioTupé: Meio Físico, Diversidade Biológica e

Sociocultural do Baixo Rio Negro, Amazônia Central. Manaus: Rizoma Editorial, 2011. V. 3,

cap. 6, p. 99 – 120.

BROTTO, M. L. Estudo taxonômico do gênero Ocotea Aubl. (Lauraceae) na floresta

ombrófila densa no estado do Paraná, Brasil. 2010. 92 f. Dissertação (Mestrado em

Botânica) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2010.

CABRAL, D. C.; CESCO, S. Notas para uma história da exploração madeireira na Mata

Atlântica do sul-sudeste. Ambiente & Sociedade, v. 11, n. 1, p. 33-45, 2008.

CALIARI, C. P. Estudos em Myrtaceae do Estado de São Paulo: Myrcia seção Gomidesia.

2013. 128 p. Dissertação (Mestrado em Ciências: Conservação de Ecossistemas Florestais) -

Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba,

2013.

CAMPOS, M. T. V. A. et al. Flora de Grão-Mongol, Minas Gerais: Rubiaceae. Boletim de

Botânica: Departamento de Botânica, Instituto de Biociencias, Universidade de São Paulo, n.

24, p. 41-67, 2006.

88

CARDOSO, C. C. et al. Caracterização mecânica da madeira de Rinorea guianensis do 2º

ciclo de corte na Flona Tapajós, com potencial para comercialização. In: ENCONTRO

BRASILEIRO EM MADEIRAS E EM ESTRUTURAS DE MADEIRA, 14., 2014, Natal.

Anais... Natal: IBRAMEM, 2014. p. 1-8.

CARDOSO-LOPES, E. M. et al. Chemical composition, acetylcholinesterase inhibitory and

antifungal activities of Pera glabrata (Schott) Baill. (Euphorbiaceae). Revista Brasileira de

Botânica, v. 32, n. 4, p. 819-825, 2009.

CARMO, F. M. da S.; BORGES, E. E. de L; TAKAKI, M. Alelopatia de extratos aquosos de

canela-sassafrás (Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer). Acta Botanica Brasilica, v. 21, n. 3, p.

697-705, 2007.

CARVALHO, P. E. R. Licurana: Hyeronima alchorneoides. Colombo: Embrapa, 2009. 10 p.

Comunicado técnico. Disponível em: <http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/

bitstream/CNPF-2010/46378/1/CT229.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2016.

CASSIANO, D. S. A. Estudo bioguiado através da atividade anticolinesterásica e da análise

por CLAE-DAD e CLAE-DAD-EM/EM de Ocotea spp. (Lauraceae). 2014. 162 f. Tese

(Doutorado em Biotecnologia) - Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana,

2014.

CAZONATTO, L. R. C.; TEDESCHI, S. P. A história da arte na educação infantil:

desenvolvimento de um livro paradidático para crianças de quatro a sete anos de idade. In:

AZZOLINO, A. P.; SILVA, J. H. (Eds.) Multifaal: Caderno multidisciplinar da faculdade de

administração e artes de limeira, v. 1, Limeira, FAAL, 2013. p. 35-43.

CHAGAS, A. T. R. O questionário na pesquisa científica. Administração on line, v. 1, n. 1, p.

01-14, 2000.

CHRISTO, A. G. Conhecimento local e uso da floresta em comunidade rural circunvizinha à

Unidade de Conservação no Sudeste do Brasil: uma abordagem quantitativa. 2009. 120 f.

Dissertação (Mestrado em Botânica) - Escola Nacional de Botânica Tropical, Instituto de

Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.

89

______; GUEDES-BRUNI, R. R.; FONSECA-KRUEL, V. S. Uso de recursos vegetais em

comunidades rurais limítrofes à Reserva Biológica de Poço das Antas, Silva Jardim, Rio de

Janeiro: estudo de caso na Gleba Aldeia Velha. Rodriguesia, v. 57, n. 3, p. 519-542, 2006.

CORRÊA, M. P. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das espécies cultivadas. 1 ed. Rio

de Janeiro: Ministério da Agricultura, 1931. 6 v. V. 2: Car - E.

COSTA, V. P.; MAYWORM, M. A. S. Plantas medicinais utilizadas pela comunidade do

bairro dos Tenentes - município de Extrema, MG, Brasil. Revista Brasileira de Plantas

Medicinais, v. 13, n. 3, p. 282-292, 2011.

COUTINHO, L. M. O conceito de bioma. Acta Botanica Brasilica, v. 20, n. 1, p. 13-23, 2006.

CRISTÓVÃO, A. Para a valorização dos recursos naturais do vale do douro. Douro: Estudos

e Documentos, v. 4, n. 8, p. 19-31, 1999.

CUNONIACEAE in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de

Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB7124>.

Acesso em: 06 Abr. 2016.

CUTCLIFFE, S. H. Ciencia, tecnología y sociedad: un campo interdisiciplinar. In: MEDINA,

M.; SANMARTÍN, J. (Eds.). Ciencia, tecnología y sociedad: estudios interdisciplinares en la

universidad, en la educación y en la gestión pública. Barcelona: Anthropos; Leioa (Vizcaya):

Univesidad del País Vasco, 1990. p.20-41.

DAMETTO, A. C. Estudo químico e avaliação da atividade biológica de Eugenia

brasiliensis e Eugenia involucrata (Myrtaceae). 2014. 169 f. Tese (Doutorado em Química) -

Instituto de Química, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2014.

DELGADO, L. F.; BARBEDO, C. J. Tolerância à dessecação de sementes de espécies de

Eugenia. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 42, n. 2, p. 265-272, 2007.

90

DIAS, D. A.; URBAN, S.; ROESSNER, U. A historical overview of natural products in drug

discovery. Metabolites, v. 2, n. 2, p. 303-336, 2012.

DIEGUES, A. C. (Org.). Os saberes tradicionais e a biodiversidade no Brasil. São Paulo:

NUPAUB-USP; PROBIO-MMA; CNPq, 2000. 209 p.

DONDIS, D. A. Sintaxe da linguagem visual. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

DORNELES, L. P. P.; WAECHTER, J. L. Fitossociologia do componente arbóreos na

floresta turfosa do Parque Nacional da Lagoa do Peixe, Rio Grande do Sul, Brasil. Acta

Botanica Brasilica, v. 18, n. 4, p. 815-824, 2004.

DRUMMOND, J. A.; FRANCO, J. L. A.; OLIVEIRA, D. Uma análise sobre a história e a

situação das unidades de conservação no Brasil. In: GANEM, R. S. (Org.). Conservação da

biodiversidade: legislação e políticas públicas. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições

Câmara, p. 341-385, 2010.

DUARTE, M. C. Análise filogenética de Eriotheca Schot & Endl. e gêneros afins

(Bombacoideae, Malvaceae) e estudo taxonômico de Eriotheca no Brasil. 2010. 190 f. Tese

(Doutorado em Biodiversidade vegetal e Meio Ambiente) - Instituto de Botânica, Secretaria

de Estado do Meio Ambiente, São Paulo, 2010.

ECCLINUSA in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB14472>. Acesso em:

28 Mar. 2016.

ELTINK, M. et al. Chave de identificação de espécies do estrato arbóreo da Mata Atlântica

em Ubatuba (SP), com base em caracteres vegetativos. Biota Neotropica, v. 11, n. 2, p. 393-

405, 2011.

ENGEMANN, C. et al. Consumo de recursos florestais e produção de açúcar no período

colonial: o caso do Engenho do Camorim, RJ. In: OLIVEIRA, R. R. (Org.). As marcas do

homem na floresta: história ambiental de um trecho urbano de mata atlântica. Rio de Janeiro:

Ed. PUC-Rio, 2005. p. 119-142. E-book.

91

EUGENIA in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB10359>. Acesso em:

06 Abr. 2016.

FABRI, E. G.; TERAMOTO, J. R. S. Urucum: fonte de corantes naturais. Horticultura

Brasileira, v. 33, n. 1, p. 140, 2015.

FACHIM, E.; GUARIM, V. L. M. S. Conservação da biodiversidade: espécies da flora de

Mato Grosso. Acta Botanica Brasilica, v. 9, n. 2, p. 281-287, 1995.

FARIA, F. C. Produção de tintas naturais para construção civil: testes de preparação,

aplicação e avaliação do intemperismo acelerado. 2015. 118 f. Dissertação (Mestrado em

Engenharia de Construção Civil) – Departamento de Construção Civil, Setor de Tecnologia,

Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2015.

FASSINA, U.; CAVALCANTE, A. L. B. L.; ANDRADE, R. C. Pesquisa tipográfica:

panoramas atuais da tipografia no Brasil. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE

PESQUISA EM DESIGN, 5, Bauru. Anais... Bauru: UNESP, 2009. p. 855-862.

FEARNSIDE, P. M. Desmatamento na Amazônia brasileira: história, índices e

consequências. Megadiversidade, v. 1, n. 1, p. 113-123, 2005.

FELZENSZWALB, I. et al. Toxicological evaluation of Euterpe edulis: a potencial superfruit

to be considered. Food and Chemical Toxicology, v. 58, p. 536-544, 2013.

FERREIRA, L. N. A.; QUEIROZ, S. L. Textos de divulgação científica no ensino de

ciências: uma revisão. Alexandria: Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, v. 5, n.1, p.

03-31, 2012.

FIRMO, W. C. A. et al. Contexto histórico, uso popular e concepção científica sobre plantas

medicinais. Caderno de Pesquisa, v. 18, n. especial, p. 90-95, 2011.

92

FISCHER, E. A. The role of plumes in Eriotheca pentaphylla (Bombacaceae) seed survival in

South-Eastern Brazil. Journal of Tropical Ecology, v. 13, n. 1, p. 133-138, 1997.

FRANÇA, C. A. M.; MAIA, M. B. R. Panorama do agronegócio de flores e plantas

ornamentais no Brasil. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE

ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA RURAL, 46., 2008, Rio Branco.

Resumos... Rio Branco: SOBER, 2008. p. 1-10.

FREITAS, E. S. Representações sociais, meio ambiente e saúde: por uma educação ambiental

de qualidade. O Mundo da Saúde, v. 30, n. 4, p. 598-606, 2006.

FREITAS, J. R. de et al. Aspectos da ecologia reprodutiva de Pera glabrata (Schott) Poepp.

ex Baill. (Euphorbiaceae) em uma área de Cerrado no estado de São Paulo. Revista Árvore, v.

35, n. 6, p. 1227-1234, 2011.

FRIGHETTO, N. et al. Aplicação de cromatografia centrífuga de contra-corrente na

purificação de ácido ursólico das folhas de Eugenia brasiliensis Lam. Revista Brasileira de

Farmacognosia, v. 15, n. 4, p. 338-343, 2005.

FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA; INPE. 2001. Atlas dos remanescentes florestais da

Mata Atlântica e ecossistemas associados no período de 1995–2000. São Paulo: Fundação

SOS Mata Atlântica; INPE, 2002.

GALINDO-LEAL, C.; CÂMARA, I. G. Brief history of conservation in the Atlantic forest.

In: ______. (Eds.). The Atlantic Forest of South America: biodiversity status, threats, and

outlook. Washington: Center for Applied Biodiversity Science e Island Press, 2003. p. 31-42.

GANDOLFO, E. S.; HANAZAKI, N. Etnobotânica e urbanização: conhecimento e utilização

de plantas de restinga pela comunidade nativa do distrito do Campeche (Florianópolis, SC).

Acta Botanica Brasilica, v. 25, n. 1, p. 168-177, 2011.

GEORGE, E. F. Plant Tissue Culture Procedure: Background. In: GEORGE, E. F.; HALL, M.

A.; DE KLERK, G. J. (Ed.). Plant Propagation by Tissue Culture. 3. ed. Dordrecht: Springer,

2008. Cap. 1, p. 1-28.

93

GIULIETTI, A. M. et al. Biodiversidade e conservação das plantas no Brasil.

Megadiversidade, v. 1, n. 1, p. 52-61, 2005.

GOBBO-NETO, L.; LOPES, N. P. Plantas medicinais: fatores de influência no conteúdo de

metabólitos secundários. Química Nova, v. 30, n. 2, p. 374-381, 2007.

GOLLE, D. P. et al. Melhoramento florestal: ênfase na aplicação da biotecnologia. Ciência

rural, v. 39, n. 5, p. 1606-1613, 2009.

GOMES, D. V. Educação para o consumo ético e sustentável. Revista Eletrônica do Mestrado

em Educação Ambiental, v. 16, p. 18-31, 2006.

GOMEZ, G. O. Comunicação, educação e novas tecnologias: tríade do século XXI.

Comunicação e Educação, n. 23, p. 57-70, 2002.

GRANDTNER, M. M.; CHEVRETTE, J. Dictionary of trees: nomenclature, taxonomy and

ecology. 1 ed. [s.l.] : Academic Press, 2013. 2 v. V. 2: South America.

GREIMAS, A. J. Semiótica figurativa e semiótica plástica. In: OLIVEIRA, A. C. (Org.).

Semiótica plástica. São Paulo: Hacker Editores, 2004. p.75-96.

GRILLO, S. V. C. Enunciados verbo-visuais na divulgação científica. Revista da Anpoll, v. 2,

n. 27, 2009.

GUARIM NETO, G. O saber tradicional pantaneiro: as plantas medicinais e a educação

ambiental. Revista eletrônica do mestrado em educação ambiental, v. 17, p. 71-89, 2006.

GUIAR, F. F. A. et al. Produção de mudas de palmito-juçara Euterpe edulis Mart. São Paulo:

Instituto de Botânica, 2002, 16 p.

GUIMARÃES, B. M. G. Estudo das características físico-químicas de fibras têxteis vegetais

de espécies de Malvaceae. 2014. 167 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Têxtil e Moda) -

Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2014.

94

HABERMAS, J. Técnica e ciência enquanto “ideologia”. In: BENJAMIN, W. et al. Textos

escolhidos. 2.ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983.

HEIDEN, G. et al. Uso de plantas subarbustivas e herbáceas nativas do Rio Grande do Sul

como alternativa a ornamentais exóticas. Revista Brasileira de Agroecologia, v. 2, n. 1, p.

850-853, 2007.

HEKKING, W. H. A. Violaceae Part I: Rinorea and Rinoreocarpus. Flora Neotropica, [s. l.],

v. 46, p. 1-207, 1988.

HOFFMANN, A. C.; PELEGRINI, S. C. A. A técnica de se construir em madeira: um legado

do patrimônio cultural para a cidade de Maringá. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE

HISTÓRIA, 4., 2009, Maringá. Anais... Maringá: UEM, 2009. p. 4089-4097.

HOMMA, A. K. O. Biopirataria na Amazonia: como reduzir os riscos? Amazônia: Ciência e

Desenvolvimento, v. 1, n. 1, p. 48-60, 2005.

______. Extrativismo vegetal ou plantio: qual a opção para a Amazônia? Estudos Avançados,

v. 26, n. 74, p. 167-186, 2012.

INÁCIO, M. R. C. et al. Total anthocyanin content determination in intact açaí (Euterpe

oleracea Mart.) and palmitero-juçara (Euterpe edulis Mart.) fruit using near infrared

spectroscopy (NIR) and multivariate calibration. Food Chemistry, v. 136, p. 1160-1164, 2013.

INVERNIZZI, N.; FRAGA, L. Estado da arte na educação em ciência, tecnologia, sociedade

e ambiente no Brasil. Ciência e Ensino, v. 1, n. esp., p. 1-3, 2007.

JOPPA, L. N.; ROBERTS, D. L.; PIMM, S. L. How many species of flowering plants are

there? Proceedings of the. Royal Society of London B, v. 278, n 1705, p. 554-559, 2011.

JUDD, W. S. et al. Sistemática vegetal: um enfoque filogenético. 3. ed. Porto Alegre: Artmed,

2009, 632 p.

95

KAGEYAMA, P. Y. Conservação “in situ” de recursos genéticos de plantas. IPEF, v. 1, n.

35, p. 7-37, 1987.

KAGEYAMA, P. Y. et al. Diversidade e autocorrelação genética espacial em populações de

Ocotea odorífera (Lauraceae). Scientia Forestalis, n. 64, p. 108-119, 2003.

KHOURY, C. K. et al. Where our food crops come from: a new estimation of countries’

interdependence in plant genetic resources. International Center for Tropical Agriculture:

Policy Brief, n. 25, p. 1-4, 2015.

KINUPP, V. F. Plantas alimentícias não-convencionais (PANCs): uma riqueza

negligenciada. In: REUNIÃO ANUAL DA SBPC, 61., Manaus. Anais... Manaus: SBPC,

2009. p. 1-4.

______; BARROS, I. B. I. Levantamento de dados e divulgação do potencial das plantas

alimentícias alternativas no Brasil. Horticultura brasileira, v. 22, n. 2, p. 1-4, 2004.

KLINK, C. A.; MACHADO, R. B. A conservação do Cerrado brasileiro. Megadiversidade, v.

1, n. 1, p. 147-155, 2005.

KRIEGEL, R. K.; AZEVEDO, E. O.; SILVA, F. F. Relação do grupo indígena guarani Mybiá

com o meio ambiente: alicerces da agroecologia. Revista em Agronegócios e Meio Ambiente,

v. 7, n. 1, p. 211-226, 2014.

KROPF, M. S.; QUINET, A.; ANDREATA, R. H. P. Lista anotada, distribuição e

conservação das espécies de Lauraceae das restingas fluminenses, Brasil. Pesquisas Botânica,

n. 57, p. 161-180, 2006.

LACEY, H. Valores e atividade científica. São Paulo: Discurso Editorial/Fapesp, 1998.

LAMARCA, E. V. et al. Contribuições do conhecimento local sobre o uso de Eugenia spp.

em sistemas de policultivos e agroflorestas. Revista Brasileira de Agroecologia, v. 8, n. 3, p.

119-130, 2013.

96

LANA, S. L. B. et al. Design de biojoias: desenvolvimento de produtos com perfil

sustentável. In: ENCONTRO NACIONAL DA ANPPAS, 5., 2010, Florianópolis. Resumos...

Florianópolis: ANPPAS, 2010. p. 1-13.

LARA, A. P. C.; CARVALHO, R. I. N. Perfil dos comerciantes e consumidores de plantas

ornamentais em Curitiba, PR. Revista Acadêmica: ciências agrárias e ambientais, v. 1, n. 3,

p. 55-58, 2003.

LAURACEAE in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB8461>. Acesso em: 05

Abr. 2016.

LAYRARGUES, P. P. Educação para a gestão ambiental: a cidadania no enfrentamento

político dos conflitos socioambientais. In: LOUREIRO, C. F. B.; LAYRARGUES, P. P.;

CASTRO, R. S. (Org). Sociedade e meio ambiente: a educação ambiental em debate. São

Paulo: Cortez, 2000.

LEAL, I. R. et al. Mudando o curso da conservação da biodiversidade na Caatinga do

nordeste do Brasil. Megadiversidade, v. 1, n. 1, p. 139-146, 2005.

LEGRAND, C. D.; KLEIN, R. M. Mirtáceas: Gomidesia. In: REITZ, P. R. (Ed.). Flora

ilustrada catarinense. Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues, 1967. V. 1, p. 06-09.

LEITE, J. P. V. et al. Isolamento biomonitorado de uma substância tripanossomicida de

Arrabidaea triplinervia (Bignoniaceae), o ácido ursólico. Revista Brasileira de

Farmacognosia, v. 11, n. 2, p. 77-87, 2001.

LEONI, J. M.; MARQUES, T. S. Conhecimento de artesões sobre plantas utilizadas na

produção de artefatos- Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã, AM. Uakari, v. 4, n.

2, p. 67-77, 2008.

LIMA, T. C. S.; MIOTO, R. C. T. Procedimentos metodológicos na construção do

conhecimento científico: a pesquisa bibliográfica. Revista Katálysis, v. 10, n. esp., p. 37-45,

2007.

97

LIMBERGER, J. et al. Composição química e efeito hipotensor do extrato aquoso de

Campomanesia xanthocarpa. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão,

v. 7, n. 2, 2016.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas

nativas do Brasil. Nova Odessa: Editora Plantarum, 1992.

______. ______. 4. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002a. 3 v. V. 1.

______. ______. 4. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002b. 3 v. V. 2.

______. ______. 4. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002c. 3 v. V. 3.

LOURENÇO, P. B.; BRANCO, J. M. Dos abrigos da pré-história aos edifícios de madeira do

século XXI. In: MELO, A. S.; RIBEIRO, M. C. (Org.). História da construção: arquiteturas e

técnicas construtivas. Braga: CITCEM; LAMOP, 2013. p. 201-213.

MAGALHÃES, B. H.; CAMARGO, M. F.; HIGUCHI, C. T. Indicação de uso de espécies

vegetais para o tratamento da celulite com fins cosméticos. Revista de Saúde, Meio Ambiente

e Sustentabilidade, v. 8, n. 3, p. 61-82, 2013.

MAGINA, M. A. et al. Atividade antioxidante de três espécies de Eugenia (Myrtaceae). Latin

American Journal of Pharmacy, v. 29, n. 3, p. 376-382, 2010.

MALAJOVICH, M. A. M. A engenharia genética. In: ______. Biotecnologia. 2. ed. Rio de

Janeiro: BTeduc, 2016. Cap 9, p. 95-113. E-book.

MARANDINO, M. et al. A educação não formal e a divulgação científica: o que pensa quem

faz? In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, 4,

Bauru. Anais... Bauru: ABRAPEC, 2003.

MARCATO, D. C. G.; FIGUEIREDO, J. L. V. A contribuição do design no desenvolvimento

de jogos paradidáticos: projeto rota-ação. Educação Gráfica, v. 11, n. 2, p. 01-12, 2007.

98

MARCEL, M.; ROUDART, L. Hominização e agricultura. In: ______. História das

agriculturas no mundo: do neolítico à crise contemporânea. São Paulo: UNESP, 2010. Cap. 2,

p. 57-70.

MARCHIORETTO, M. S.; LIPPERT, A. P. U.; SILVA, V. L. A família Nyctaginaceae Juss.

no Rio Grande do Sul, Brasil. Pesquisas Botânica, v. 62, p. 129-162, 2011.

MARCOS, C. S.; MATOS, D. M. S. Estrutura de populações de palmiteiro (Euterpe edulis

mart.) em áreas com diferentes graus de impactação na Floresta da Tijuca, RJ. Floresta e

Ambiente, v. 10, n. 1, p. 27-37, 2003.

MARQUES, C. A. Importância econômica da família Lauraceae Lindl. Floresta e Ambiente,

v. 8, n. 1, p. 195-206, 2001.

______; AZEVEDO, A. A. Caracterização anatômica da folha de Aniba firmula (Nees & C.

Mart.) Mez (Lauraceae). Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, v. 32, n. 2, p.

251-256, 2011.

MARTINS, I.; CASSAB, M.; ROCHA, M. B. Análise do processo de re-elaboração

discursiva de um texto de divulgação científica para um texto didático. Revista Brasileira de

Pesquisa em educação em Ciências, v.1, n. 3, p. 19-27, 2001.

MARTINS, I.; GOUVÊA, G.; PICCININI, C. Aprendendo com imagens. Ciência e Cultura,

v. 57, n. 4, p. 38-40, 2005.

MARTO, G. B. T.; BARRICHELO, L. E. G.; MULLER, P. H. Euterpe edulis (Palmito-

juçara). Piracicaba: Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais, 2007. Disponível em:

<http://www.ipef.br/identificacao/euterpe.edulis.asp>. Acesso em: 06 Abr. 2016.

MASSARANI, L.; MOREIRA, I. C. A retórica e a ciência dos artigos originais à divulgação

científica. Multiciência: a Linguagem da Ciência, n. 4, p. 1-18. 2005.

99

MATSUDA, H.; NISHIDA, N.; YOSHIKAWA, M. Antidiabetic Principles of Natural

Medicines. V. Aldose Reductase Inhibitors from Myrcia multiflora DC. (2): Structures of

Myrciacitrins III, IV, and V. Chemical and Pharmaceutical Bulletin, v. 50, n. 3, p. 429-431,

2002.

MAZZONI-VIVEIROS, S. C.; COSTA, C. G. Periderme. In: B. APPEZZATO-DA-GLÓRIA

& S .M. CARMELLO-GUERREIRO (Eds.). Anatomia Vegetal. 3 ed. Viçosa: UFV, 2012.

Cap. 9, p. 223-246.

MEDEIROS, A. S. Leguminosas arbóreas da Marambaia - RJ. 2009. 75 f. Monografia

(Bacharelado em Engenharia Florestal) - Instituto de Florestas, Universidade Federal Rural do

Rio de Janeiro, Seropédica, 2009.

MEDEIROS, M. B.; FIEDLER, N. C. Incêndios florestais no Parque Nacional da Serra da

Canastra: desafios para a conservação da biodiversidade. Ciência Florestal, v. 14, n. 2, p.

157-168, 2004.

MEIRELLES, C. R. M. et al. Considerações sobre o uso da madeira no Brasil em construções

habitacionais. In: FÓRUM DE PESQUISA FAU.MACKENZIE, 3., 2007, São Paulo.

Artigos... São Paulo: FAU-Mackenzie, 2007. p. 1-6.

MELIACEAE in: Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB19739>. Acesso em:

29 Mar. 2016.

MELLADO, B. F.; GARCIA, R. J. F. Meliaceae Juss. no Núcleo Curucutu, Parque Estadual

da Serra do Mar, São Paulo ‒ SP. Revista do Instituto Florestal, v. 26, n. 1, p. 89-99, 2014.

MELO, S.; LACERDA, V. D.; HANAZAKI, N. Espécies de restinga conhecidas pela

comunidade do Pântano do Sul, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Rodriguésia, v. 59, n. 4,

p. 799-812, 2008.

MENDES, I. A. C.; MARZIALE, M. H. P. Avaliação por pares em divulgação científica.

Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 9, n. 6, p. 1-2, 2001.

100

MENDONÇA FILHO, R. F. W.; MENEZES, F. S. Estudo da utilização de plantas medicinais

pela população da Ilha Grande-RJ. Revista Brasileira de Farmacologia, v. 13, p. 55-58, 2003.

MIKHAILOVA, I.; BARBOSA, F. A. R. Valorando o capital natural e os serviços

ecológicos de unidades de conservação: o caso do Parque Estadual do Rio Doce-MG, sudeste

do Brasil. Belo Horizonte: UFMG/Cedeplar, 2004. 26 p.

MONTEIRO, M. R. et al. Morfologia de fitólitos característicos de duas espécies de

Arecaceae do bioma Mata Atlântica: Bactris setosa Mart. e Genoma schottiana Mart. Revista

de Biologia Neotropical, v. 9, n. 1, p. 10-18, 2012.

MORA, C. et al. How many species are there on Earth and in the ocean? PLoS Biology, v. 9,

n. 8, p. 1-8, 2011.

MORAIS, R. F.; SERRANO, C. S.; MORAIS, F. F. Conhecimento ecológico tradicional da

comunidade de Limpo Grande sobre a vegetação, Várzea Grande, Mato Grosso,

Brasil. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi: Ciências Humanas, v. 10, n. 1, p. 65-83,

2015.

MOREIRA, D. L.; GUARIM-NETO, G. Usos múltiplos de plantas do Cerrado: um estudo

etnobotânico na comunidade sitio Pindura, Rosário oeste, Mato Grosso, Brasil. Polibotánica,

n. 27, p. 159-190, 2009.

MOREIRA, I. C. A inclusão social e a popularização da ciência e tecnologia no Brasil.

Inclusão Social, v. 1, n. 2, p. 11-16, 2006.

MORELLATO, L. P. C. Estudo da fenologia de árvores, arbustos e lianas de uma floresta

semidecídua no sudeste do Brasil. 1991. 176 f. Tese (Doutorado em Ecologia) - Instituto de

Biologia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 1991.

MORIM, M. P. Leguminosae arbustivas e arbóreas da floresta atlântica do Parque Nacional

do Itatiaia, sudeste do Brasil: padrões de distribuição. Rodriguésia, v. 57, n.1, p. 27-45, 2006.

101

______; BARROSO, G. M. Leguminosae arbustivas e arbóreas da floresta atlântica do Parque

Nacional do Itatiaia, sudeste do Brasil: subfamílais Caesalpinioideae e

Mimosoideae. Rodriguésia, v. 58, n. 2, p. 423-468, 2007.

MYERS, N. et al. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, v. 403, p. 853-

858, 2000.

NASCIMENTO, L. S. M. et al. Identificação e quantificação de carotenoides em frutos de

Eugenia brasiliensis Lam. In: SEMANA DA QUÍMICA – RIO DE JANEIRO:

PRODUZINDO CIÊNCIA HÁ 450 ANOS, 35.; JORNADA DA PÓS-GRADUAÇÃO EM

ALIMENTOS, 8., 2015, Rio de Janeiro. Resumos... Rio de Janeiro: IFRJ, 2015. p. 1-3.

Disponível em: < http://www.ifrj.edu.br/sites/default/files/webfm/images/JPAL-12.pdf>.

Acesso em: 06 Abr. 2016.

NASCIMENTO, R. G.; BEZERRA, F. A. S.; HEBERLE, V. M. Multiletramentos: iniciação à

análise de imagens. Linguagem e Ensino, v. 14, n. 2, p. 529-552, 2011.

NASCIMENTO, T. G. Definições de Divulgação Científica por jornalistas, cientistas e

educadores em ciências. Ciência em tela, v. 1, n. 2, p. 1-8, 2008.

______. O discurso da divulgação científica no livro didático de ciências: características,

adaptações e funções de um texto sobre clonagem. Revista Brasileira de Pesquisa em

Educação em Ciências, v. 5, n. 2, p. 15-28, 2005.

______; ALVETTI, M. A. S. Temas científicos contemporâneos no ensino de biologia e

física. Ciência e Ensino, v. 1, n. 1, p. 29-39, 2006.

NASCIMENTO, T. G.; REZENDE JUNIOR, M. F. A produção sobre divulgação científica

na área de educação em ciências: referenciais teóricos e principais temáticas. Investigações

em Ensino de Ciências, v. 15, n. 1, p. 97-120, 2010.

NEVES, A. C. M. Determinantes do desmatamento na Mata Atlântica: uma análise

econômica. 2006. 86 f. Dissertação (Mestrado em Economia da Indústria e da Tecnologia) -

Instituto de Economia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.

102

OGAVA, S. E. N. et al. Implantação do programa de fitoterapia “Verde Vida” na secretaria de

saúde de Maringá (2000-2003). Revista Brasileira de Farmacologia, v. 13, p. 58-62, 2003.

OLIVEIRA, E. C. S.; TROVÃO, D. M. B. M. O uso de plantas em rituais de rezas e

benzeduras: um olhar sobre esta prática no estado da Paraíba. Revista Brasileira de

Biociências, v. 7, n. 3, p. 245-251, 2009.

OLIVEIRA, J. A.; SALIMENA, F. R. G.; ZAPPI, D. Rubiaceae da Serra Negra, Minas

Gerais, Brasil. Rodriguésia, v. 65, n. 2, p. 471-504, 2014.

OLIVEIRA, M. B. Neutralidade da ciência, desencantamento do mundo e controle da

natureza. Scientiae Studia, v. 6, n. 1, p. 97-116, 2008.

OLIVEIRA, P. L. Contribuição ao estudo de espécies da família Rubiaceae: gênero Amaioua.

2014. 274 f. Tese (Doutorado em Química) - Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014.

OREALLANA, E.; KOEHLER, A. B. Relações morfométricas de Ocotea odorífera (Vell.)

Rohwer. Revista Acadêmica: Ciências Agrárias e Ambientais, v. 6, n. 2, p. 229-237, 2008.

PADUA, J. A. A ocupação do território brasileiro e a conservação dos recursos naturais. In:

MILANO, M.; TAKAHASHI, L.; NUNES, M. (Org.). Unidades de conservação: Atualidades

e Tendências. Curitiba: Fundação O Boticário, 2004.

PALAZZO, F. M. A. et al. Sinopse comentada de Sapotaceae no município de Rio das Ostras

(RJ, Brasil). Pesquisas Botânica, v. 61, p. 293-306, 2010.

PASTORE JUNIOR, F.; ARAUJO, V. F. (Org.). Plantas da Amazônia para produção

cosmética: uma abordagem química – 60 espécies do extrativismo florestal não-madeireiro da

Amazônia. Brasília: UnB, 2005, p. 19-22.

PATRÍCIO, P. C.; CERVI, A. C. O gênero Trichilia P. Browne (Meliaceae) no estado do

Paraná, Brasil. Acta Biol. Par., Curitiba, v. 34, n. 1, 2, 3, 4, p. 27-71, 2005.

103

PELIZZARI, A. et al. Teoria da aprendizagem significativa segundo Ausubel. Revista do

Programa de Educação Corporativa, v. 2, n. 1, p. 37-42, 2002.

PENNINGTON, T. D.; CLARKSON, J. J. A revision of Guarea (Meliaceae). Edinburgh

Journal of Botany, v. 70, n. 2, p. 179-362, 2013.

PERDIZ, R. O.; FERRUCCI, M. S.; AMORIM, A. M. A. Sapindaceae em remanescentes de

florestas montanas no sul da Bahia, Brasil. Rodriguésia, v. 65, n. 4, p. 987-1002, 2014.

PIRANI, J. R.; CASTRO, N. M. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Cunoniaceae. Boletim

de Botânica, v. 29, n. 1, p. 41-46, 2011.

PLETSCH, M. Compostos naturais biologicamente ativos. Biotecnologia, Ciência &

Desenvolvimento, v. l, n.4, p. 12-15, 1998 apud BARBOSA, F. B. C. A biotecnologia e a

conservação da biodiversidade amazônica, sua inserção na política ambiental. Cadernos de

Ciência & Tecnologia, v. 18, n. 2, p. 69-94, 2001.

POSTAL, B. G. Caracterização do efeito e de vias de sinalização de compostos presentes em

Ilex paraguariensis St. Hil. envolvidas na homeostasia da glicose. 2015. 140 f. Dissertação

(Mestrado em Farmácia) - Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Santa

Catarina, Florianópolis, 2015.

PRANCE, G. T. Botânica econômica, uma ciência importante para a região amazônica. Acta

Botanica Brasílica, v. 2, n. 1, p. 279-286, 1989.

PUENTES DE DIAZ, A. M. Bisnorneolignano de la madera de Ocotea simulans. Revista

Colombiana de Quimica, v. 25, n. 1-2, p. 1-6, 1996.

RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia Vegetal. 5. ed. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan, 1996.

REIS, J. Professor José Reis: um divulgador da ciência. Ciência Hoje. v.1, n. 1, p. 77-78,

1982 apud AIRES, J. A. et al. Divulgação científica na sala de aula: um estudo sobre a

104

contribuição da revista Ciência Hoje das Crianças. In: ENCONTRO NACIONAL DE

PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, 4, Bauru. Anais... Bauru: ABRAPEC, 2003.

RICKLEFS, R. O conceito de biomas na ecologia. In: ______. A economia da natureza. 6. ed.

Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 2010. Cap. 5, p. 77-99.

ROBYNS, A. Essai de monographie du genre Bombax s.l. (Bombacaceae). Bulletin du Jardin

botanique de l'État a Bruxelles, v. 33, n. 1, 1963, p. 1-144.

ROCHA, J. J. M.; AMARAL, E. P.; MOUTINHO, V. H. P. Análise das propriedades

químicas de duas espécies de maior abundância no segundo ciclo de corte da Floresta

Nacional do Tapajós. In: ENCONTRO BRASILEIRO EM MADEIRAS E EM

ESTRUTURAS DE MADEIRA, 14., 2014, Natal. Anais... Natal: IBRAMEM, 2014. p. 1-8.

ROCHA, R. T.; LELES, P. S. S.; OLIVEIRA NETO, S. N. Arborização de vias públicas em

Nova Iguaçu, RJ: o caso dos bairros Rancho Novo e Centro. Revista Árvore, v. 28, n. 4, p.

559-607, 2004.

RODRIGUES, C. et al. Sazonalidade de galhadores sobre Guapira opposita

(NYCTAGINACEAE) no Morro Santana, Porto Alegre, RS. In: CONGRESSO DE

ECOLOGIA DO BRASIL, 8., 2007, Caxambu. Anais... Caxambu: SEB, 2007. p. 01-02.

RODRIGUES, V. E. G. Etnobotânica e florística de plantas medicinais nativas de

remanescentes de floresta estacional semidecidual na Região do Alto Rio Grande, MG. 2007.

136 f. Tese (Doutorado em Engenharia Florestal) - Universidade Federal de Lavras, Lavras -

MG, 2007.

______; CARVALHO, D. A. Levantamento etnobotânico de plantas medicinais no domínio

Cerrado na região do Alto Rio Grande - Minas Gerais. Ciência e Agrotecnologia, v.25, n.1,

p.102-123, 2001.

ROJO, R. O letramento escolar e os textos da divulgação científica: a apropriação dos gêneros

de discurso na escola. Linguagem em (Dis)curso, v. 8, n. 3, p. 581-612, 2008.

105

RUBIACEAE in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB13830>. Acesso em:

28 Mar. 2016

RYLANDS, A. B.; BRANDON, K. Unidades de conservação brasileiras. Megadiversidade, v.

1, n. 1, p. 27-35, 2005.

SAMPAIO, M. B. Ecologia populacional da palmeira Geonoma schottiana Mart. em mata de

galeria no Brasil Central. 2006. 83 f. Dissertação (Mestrado em Ecologia) - Programa de pós-

graduação em Ecologia, Universidade de Brasília, Brasília, 2006.

SANTOS, F. S. D. Tradições populares de uso de plantas medicinais na Amazônia. História,

Ciência, Saúde, v. 6, p. 919-939, 2000.

SANTOS, S. O.; ALVES, M. Sinopse taxonômica da família Lauraceae na porção norte da

Floresta Atlântica brasileira. Revista Brasileira de Biociências, v. 11, n. 1, p. 14-28, 2013.

SANTOS, W. L. P.; MORTIMER, E. F. Tomada de decisão para ação social responsável no

ensino de ciências. Ciência e Educação, v.7, n.1, p. 95-111, 2001.

______; ______. Uma análise de pressupostos teóricos da abordagem C-T-S (Ciência-

Tecnologia-Sociedade) no contexto da educação brasileira. Ensaio: Pesquisa em Educação em

Ciências, v. 2, n. 2, p. 110-132, 2002.

SCHMIDT, I. B. et al. Fogo e artesanato de capim-dourado no Jalapão: usos tradicionais e

consequências ecológicas. Biodiversidade Brasileira, ano 1, n. 2, p. 67-85, 2011.

SCHOR, T. Reflexões sobre a imbricação entre ciência, tecnologia e sociedade. Scientiae

Studia, v. 5, n. 3, p. 337-367, 2007.

SERPA, L. F. P. Ciência, tecnologia e sociedade. Revista da FAEEBA, v. 2, n. 2, p. 197-204,

1993.

106

SEVERI, J. A. Uso sustentável da biodiversidade brasileira: prospecção químico-

farmacológica em plantas superiores: Guapira spp. 2010. 144 f. Tese (Doutorado em Ciências

Farmacêuticas) - Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade Estadual Paulista Júlio

Mesquita Filho, Araraquara, 2010.

SILVA, A. J. R.; ANDRADE, L. H. C. Etnobotânica nordestina: estudo comparativo da

relação entre comunidades e vegetação na Zona do Litoral – Mata do estado de Pernambuco,

Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 19, n. 1, p. 45-60, 2005.

SILVA, C. V. E; BILIA, D. A. C.; BARBEDO, C. J. Fracionamento e germinação de

sementes de Eugenia. Revista Brasileira de Sementes, v. 27, n. 1, p. 86-92, 2005.

SILVA, E. I.; CAVALCANTI, L. S. A mediação do ensino-aprendizagem de geografia, por

charges, cartuns e tiras em quadrinhos. Boletim Goiano de Geografia, v. 28, n. 2, p. 141-156,

2008.

SILVA, F. K. S. et al. Levantamento das espécies conhecidas como pedra-ume-caá

(Myrtaceae), com ênfase nas comercializadas na cidade de Belém, Pará, Brasil. Biota

Amazônia, Macapá, v. 5, n. 1, p. 7-15, 2015.

SILVA, G. A. Fenologia da palmeira Guaricana (Geonoma schottiana Mart.): subsídio ao

manejo e conservação. 2008. 33 f. Monografia (Bacharelado em Ciências Biológicas) - Setor

de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2008.

SILVA, H. C. O que é divulgação científica? Ciência e Ensino, v. 1, n. 1, p. 53-59, 2006.

SILVA, L. M.; FISCH, S. T. V. Utilização de palmeiras nativas da Floresta Atlântica pela

comunidade do entorno do Parque Estadual da Serra do Mar, Ubatuba, SP. Revista

Biociências, v. 18, p. 77-85, 2012.

SILVEIRA, L. M. Introdução à teoria da cor. Curitiba: UTFPR, 2015.

SIMÕES, L. L. Unidades de Conservação: Conservando a vida, os bens e os serviços

ambientais. São Paulo: WWF-Brasil, 2008.

107

SOLDATI, G. T. et al. Etnobotânica em uma comunidade rural: base para conservação.

Sitientibus série Ciências Biológicas, v. 11, n. 2, p. 265-278, 2011.

SOUSA, C. M.; FERNANDES, F. A. M. Mídia e meio ambiente: limites e possibilidades.

Ciências Humanas, v. 8, n. 2, 2002.

SOUZA, A. V. Biotecnologia para conservação “ex situ” de plantas medicinais do cerrado.

2006. 218 f. Tese (Doutorado em Agronomia – Horticultura) – Faculdade de Ciências

Agronômicas, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Botucatu, 2006.

SOUZA, J. A. C. O infográfico e a Divulgação Científica Midiática (DCM): (entre) textos e

discurso. 2012. 304 f. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada) - Universidade do Vale do

Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2012.

______. Texto e discurso no infográfico de Divulgação Científica Midiática (DCM).

Calidoscópio, v. 11, n. 3, p. 229-240, 2013.

SOUZA, P. A. R. et al. Empreendedorismo e desenvolvimento local: o caso da produção de

biojóias na Amazônia. Contribuciones a las Ciencias Sociales, n. 16, p. 1-11, 2012.

Disponível em: <http://www.eumed.net/rev/cccss/20/sfac.html>. Acesso em: 19 ago. 2016.

TABARELLI, M. et al. Desafios e oportunidades para a conservação da biodiversidade na

Mata Atlântica brasileira. Megadiversidade, v. 1, n. 1, p. 132-138, 2005.

TEIXEIRA, D. C. et al. Uso e manejo de plantas ritualísticas na comunidade do santo daime

em Galdinópolis, Nova Friburgo/ RJ, Brasil. Revista da Ciência da Vida, v. 28, n. 2, p. 63-74,

2008.

TERRA, W. S. et al. Lepidotrichilins A and B, new protolimonoids with cytotoxic activity

from Trichilia lepidota (Meliaceae). Molecules, [s. l.], v. 18, p. 12180-12191, 2013.

108

______; VIEIRA, I. J. C.; BRAZ FILHO, R. Estudo fitoquímico do extrato hexânico das

folhas de Trichilia lepidota (Meliaceae). In: Congresso Fluminense de Iniciação Científica, 1,

2009, Campos dos Goytacazes. Anais... Campus dos Goytacazes: Essentia Editora, 2009.

TORRES, D. F. et al. Etnobotânica e etnozoologia em unidades de conservação: uso da

biodiversidade na APA de Genipabu, Rio Grande do Norte, Brasil. Interciencia, v. 34, n. 9, p.

623-629, 2009.

TORREZZAN, C. A. W. Design pedagógico: um olhar na construção de materiais

educacionais digitais. 2009. 197 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de

Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009.

VALÉRIO, M.; BAZZO, W. A. O papel da divulgação científica em nossa sociedade de risco:

em prol de uma nova ordem de relações entre ciência, tecnologia e sociedade. Revista de

Ensino de Engenharia, v. 25, n. 1, p. 31-39, 2006.

VASCONCELOS, L. M. R. et al. Descrição morfológica de duas espécies da família

Violaceae vulgarmente conhecidas como "Acariquarana", ocorrentes em um trecho de floresta

explorada seletivamente no município de Moju, PA. In: Congresso Nacional de Botânica, 54,

2003, Belém - PA. Anais... [S.l.: s.n.], 2003.

VAZ, C. R.; FAGUNDES, A. B.; PINHEIRO, N. A. M. O surgimento da ciência, tecnologia e

sociedade (CTS) na educação: uma revisão. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE ENSINO DE

CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 1, Ponta Grossa. Anais... Ponta Grossa: UTFPR, 2009. p. 98-

116.

VEIGA JUNIOR, V. F. Estudo do consumo de plantas medicinais na Região Centro-Norte do

Estado do Rio de Janeiro: aceitação pelos profissionais de saúde e modo de uso pela

população. Revista Brasileira de Farmacologia, v. 18, n. 2, p. 308-313, 2008.

______; PINTO, A. C.; MACIEL, M. A. M. Plantas medicinais: cura segura? Química Nova,

v. 28, n. 3, p. 519-528, 2005.

109

VIDAL, W. N.; VIDAL, M. R. R. Organografia: quadros sinóticos ilustrados de

fanerógamas. 4. ed. rev. ampl. Viçosa: Ed. UFV, 2011. 124 p.

VIEIRA, I. J. C. et al. Secondary metabolites of the genus Trichilia: contribution to the

chemistry of Meliaceae family. American Journal of Analytical Chemistry, [s. l.], v. 5, p. 91-

121, 2014.

WHO. Quality control methods for medicinal plant materials. 1998. Disponível em:

http://whqlibdoc.who.int/publications/1998/9241545100.pdf. Acesso em junho de 2016.

ZAMBONI, L. M. S. Cientistas, jornalistas e a divulgação científica: subjetividade e

heterogeneidade no discurso da divulgação científica. Campinas: Autores Associados, 2001.

______. Heterogeneidade e subjetividade no discurso da divulgação científica. 1997. 213 f.

Tese (Doutorado em Linguística) - Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual

de Campinas, São Paulo, 1997.

ZAÚ, A. S. Composição, estrutura e efeitos de bordas lineares na comunidade arbustiva-

arbórea de um remanescente urbano de Mata Atlântica no sudeste do brasil. 2010. 229 f.

Tese (Doutorado em Botânica) - Escola Nacional de Botânica Tropical, Instituto de Pesquisas

Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de janeiro, 2010.

ZILLER, S. R. Plantas exóticas invasoras: a ameaça da contaminação biológica. Ciências

Hoje, v. 30, n. 178, p. 77-79, 2001.

110

APÊNDICE 1

Questionário de avaliação

(adaptado para versão impressa)

111

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes

Licenciatura em Ciências Biológicas

Thiago J. J. Rebello

QUESTIONÁRIO DE PESQUISA

Prezado(a) colaborador(a),

Este formulário dedica-se à avaliação do material de divulgação científica "Planta não serve

pra nada", produzido por Thiago Rebello em sua monografia de graduação. Os dados obtidos

a partir desta ficha de avaliação contribuirão para os resultados e para a discussão do trabalho.

Os dados serão expostos de forma anônima.

Agradeço carinhosamente sua gentil contribuição.

Dados do colaborador------------------------------------------------------------------------------

Sua área de formação:

( ) Licenciatura em Ciências Biológicas.

( ) Outra: _______________________

Sua formação acadêmica:

( ) Graduação completa.

( ) Especialização (completa ou em curso).

( ) Mestrado (completa ou em curso).

( ) Doutorado (completa ou em curso).

Sua atuação docente:

( ) Rede privada.

( ) Rede pública federal.

( ) Rede pública estadual.

( ) Rede pública municipal.

( ) Ainda não atuei como docente do ensino básico.

112

Ficha de Avaliação----------------------------------------------------------------------------------

1) Considerando o uso das cores, a fonte escolhida para o texto e a disposição dos elementos,

pode-se dizer que:

( ) a formatação é muito adequada aos objetivos do material.

( ) a formatação é razoavelmente adequada aos objetivos do material.

( ) a formatação não é adequada aos objetivos do material.

2) Sobre os temas abordados, pode-se dizer que:

( ) a seleção dos conteúdos foi muito adequada aos objetivos do material.

( ) a seleção dos conteúdos foi razoavelmente adequada aos objetivos do material.

( ) a seleção dos conteúdos não foi adequada aos objetivos do material.

3) Considerando a forma como esses temas foram divididos e articulados entre si, pode-se

dizer que:

( ) a organização dos conteúdos foi muito adequada aos objetivos do material.

( ) a organização dos conteúdos foi razoavelmente adequada aos objetivos do material.

( ) a organização dos conteúdos não foi adequada aos objetivos do material.

4) Considerando o vocabulário, as analogias, as explicações e os demais aspectos do texto,

pode-se dizer que:

( ) os recursos textuais utilizados são muito adequados aos objetivos do material.

( ) os recursos textuais utilizados são razoavelmente adequados aos objetivos do material.

( ) os recursos textuais utilizados não são adequados aos objetivos do material.

5) Sobre o uso de imagens e esquemas, pode-se dizer que:

( ) os recursos visuais utilizados são muito adequados aos objetivos do material.

( ) os recursos visuais utilizados são razoavelmente adequados aos objetivos do material.

( ) os recursos visuais utilizados não são adequados aos objetivos do material.

113

6) Quais das potencialidades abaixo você atribuiria ao material avaliado:(marque quantas quiser)

( ) O material é capaz de atrair a atenção do leitor;

( ) O material aborda conceitos científicos de forma acessível;

( ) O material dialoga com a experiência de vida do leitor;

( ) O material contribui para a valorização do conhecimento popular;

( ) O material contribui para a valorização da biodiversidade vegetal;

( ) O material ajuda a dimensionar o impacto causado pelo uso de recursos vegetais;

( ) O material contribui para o debate sobre conservação ambiental;

( ) O material proporciona diferentes visões sobre a relação entre sociedade, ciência,

tecnologia e meio ambiente.

7) Quais das fragilidades abaixo você atribuiria ao material avaliado: (marque quantas quiser)

( ) O material ignora aspectos atuais sobre os temas abordados;

( ) O material não promove contextualização histórica sobre os temas abordados;

( ) O material desperta o interesse do leitor em explorar recursos naturais;

( ) O material usa afirmações sensacionalistas, passando uma visão irreal sobre ciência;

( ) O material contribui para o mito de que a ciência, através da tecnologia, é fonte de

soluções para todas as mazelas da sociedade;

( ) O material transparece que a ciência não influencia e nem é influenciada por aspectos

sociais, políticos e econômicos.

8) Você acredita que o material é capaz de contribuir para a popularização e democratização

da Ciência através da disseminação de conhecimento?

( ) o material é plenamente capaz de alcançar esse objetivo.

( ) o material é parcialmente capaz de alcançar esse objetivo.

( ) o material é pouco capaz de alcançar esse objetivo.

( ) o material não é capaz de alcançar esse objetivo.

9) Você teria interesse em utilizar este livro em sua atividade docente?

( ) Sim.

( ) Não.

114

10) Por fim, caso ache necessário, utilize o espaço abaixo para críticas, sugestões e

comentários que não tenham sido contemplados pelas questões anteriores.

R:_________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

115

APÊNDICE 2

Livreto produzido

“PLANTA NÃO SERVE PRA NADA?”