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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Instituto de Medicina Social Geoprocessamento no SUS: O que é e como utilizar os sistemas atuais José Américo Serafim Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Administração de Saúde, do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva – área de concentração em Gestão de Sistemas de Saúde do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Orientador: Prof Dr Cid Manso de Mello Vianna Rio de Janeiro 2002 1

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Instituto de Medicina Social

Geoprocessamento no SUS: O que é e como utilizar os sistemas atuais

José Américo Serafim

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Administração de Saúde, do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva – área de concentração em Gestão de Sistemas de Saúde do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Orientador: Prof Dr Cid Manso de Mello Vianna

Rio de Janeiro 2002

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EPÍGRAFE

Quem nunca cometeu um erro nunca tentou algo novo.

Albert Einstein

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DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a Luciana e ao Andreas, que me ajudaram na hora em

que eu mais precisei para finalizar este trabalho, e tiveram a paciência e a boa

vontade em me ajudar.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, por existir, pois sem ele, nada seria

possível.

Agradeço a Secretaria de Assistência à Saúde, na figura de seu secretário,

Renilson Rehem de Souza, sem o qual não teria a chance de fazer esse mestrado.

E, finalmente, agradeço aos meus colegas de turma, pelo apoio que me deram,

não me deixando desistir, principalmente a Gisele, Tininha e a Fátima, que cada vez

que me viam, me cobravam por esse trabalho.

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Resumo

Este trabalho tem o objetivo de demonstrar como o bom uso das informações

cadastrais, tanto de hospitais como o dos pacientes, podem ajudar os gestores de

saúde a fazer o bom uso na distribuição de recursos e na ajuda a tomada de

decisões sobre como distribuir melhor a sua rede assistencial de saúde.

Com isso, espera-se demonstrar como os pacientes do bairro de Campo

Grande no Rio de Janeiro, tem que se deslocar para outros bairros para terem

acesso a uma rede mais especializada de saúde.

Palavras-chave: Geoprocessamento, rede assistencial, fluxo de pacientes.

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Abstract

This work has the objective to demonstrate as the good use of the information

registered in cadastre, as much of hospitals as of the patients, can help the health

managers to make the good use in the distribution of resources and the aid the taking

of decisions on as to better distribute its assistencial health net.

We expect to demonstrate as the patients of the quarter of Campo Grande in Rio

De Janeiro, have that to dislocate itself for other quarters to more have access to a

specialized health net.

Key words: geographical information, assistencial net, flow of patients.

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Sumário TÍTULO: ...................................................................................................................... 9

1. Introdução ............................................................................................................... 9

1.1. Breve Histórico do Geoprocessamento ............................................................ 9

1.1.1. Evolução Internacional ............................................................................... 9

1.1.2. Desenvolvimentos no Brasil .................................................................... 11

1.2. Funções e Objetivos de um Sistema de Informações Geográficas ................ 13

2. Utilização do Geoprocessamento na área da Saúde ............................................ 16

3. Fontes Nacionais de Dados sobre Saúde ............................................................. 19

3.1. Fontes de Dados Não-Gráficos ...................................................................... 19

3.2. Fontes de Dados Cartográficos ...................................................................... 24

4. Metodologia utilizada............................................................................................. 25

4.1. Utilizando do SIH/SUS como fonte de dados ................................................. 25

4.2. Analisando o bairro de Campo Grande........................................................... 31

4.3. Análise dos procedimentos realizados............................................................ 34

4.3.1. Pacientes internados em Campo Grande ................................................ 34

4.3.2. Pacientes de Campo Grande atendidos em outros bairros...................... 37

5. Conclusão ............................................................................................................. 40

6. Bibliografia............................................................................................................. 41

ANEXO I.................................................................................................................... 43

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Índice de tabelas

Tabela 1. Bases de dados dos sistemas nacionais de informações de interesse para

a saúde, instituições responsáveis e atualização............................................... 23

Tabela 2. Distribuição de hospitais por bairro do município do Rio de Janeiro. ........ 28

Tabela 3. Quantidade de pacientes atendidos no SUS segundo bairro de origem. .. 29

Tabela 4. Relação dos pacientes de Campo Grande com o local de atendimento ... 31

Tabela 5. Relação de pacientes atendidos em Campo Grande de acordo com o

bairro de origem ................................................................................................. 32

Tabela 6. Quantidade de pacientes atendidos em Campo Grande de acordo com o

grupo/especialidade ........................................................................................... 35

Tabela 7 Grupos/Especialidade realizados em pacientes de Campo Grande em

outros bairros do Rio de Janeiro ........................................................................ 38

Índice de figuras

Figura 1. Informações dos dados espaciais, adaptada de Scholten & Stillwell, 1990 14

Figura 2. Pacientes internados no Rio de Janeiro provenientes do Estado do Rio de

Janeiro ............................................................................................................... 26

Figura 3. Pacientes internados no município do Rio de Janeiro provenientes de todo

o território nacional............................................................................................. 27

Índice de Gráficos

Gráfico 1. Distribuição dos bairros dos pacientes atendidos em Campo Grande...... 33

Gráfico 2. Distribuição dos procedimentos realizados em Campo Grande de acordo

com o grupo/especialidade ................................................................................ 36

Gráfico 3. Procedimentos realizados em outros bairros por pacientes moradores de

Campo Grande................................................................................................... 39

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TÍTULO:

Geoprocessamento no SUS: O que é e como utilizar os sistemas atuais

1.Introdução

Este estudo pretende mostrar como o geoprocessamento pode ajudar na

consolidação do SUS em seus diversos níveis e como ele pode ajudar no Controle e

Avaliação do SUS.

1.1. Breve Histórico do Geoprocessamento

1.1.1. Evolução Internacional

As primeiras tentativas de automatizar parte do processamento de dados com

características espaciais aconteceram na Inglaterra e nos Estados Unidos, nos anos

50, com o objetivo principal de reduzir os custos de produção e manutenção de

mapas. Dada a precariedade da informática na época, e a especificidade das

aplicações desenvolvidas (pesquisa em botânica, na Inglaterra, e estudos de volume

de tráfego, nos Estados Unidos), estes sistemas ainda não podem ser classificados

como “sistemas de informação”. Os primeiros Sistemas de Informação Geográfica

surgiram na década de 60, no Canadá, como parte de um programa governamental

para criar um inventário de recursos naturais. (Câmara, et al 1996),

Estes sistemas, no entanto, eram muito difíceis de usar: não existiam monitores

gráficos de alta resolução, os computadores necessários eram excessivamente

caros, e a mão de obra tinha que ser altamente especializada e caríssima. Não

existiam soluções comerciais prontas para uso, e cada interessado precisava

desenvolver seus próprios programas, o que demandava muito tempo e,

naturalmente, muito dinheiro. Além disto, a capacidade de armazenamento e a

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velocidade de processamento eram muito baixas. Ao longo dos anos 70 foram

desenvolvidos novos e mais acessíveis recursos de hardware, tornando viável o

desenvolvimento de sistemas comerciais. Foi então que a expressão Geographic

Information System foi criada. Foi também nesta época que começaram a surgir os

primeiros sistemas comerciais de CAD (Computer Aided Design, ou projeto assistido

por computador), que melhoraram em muito as condições para a produção de

desenhos e plantas para engenharia, e serviram de base para os primeiros sistemas

de cartografia automatizada.

Também nos anos 70 foram desenvolvidos alguns fundamentos matemáticos

voltados para a cartografia, incluindo questões de geometria computacional. No

entanto, devido aos custos e ao fato destes proto-sistemas ainda utilizarem

exclusivamente computadores de grande porte, apenas grandes organizações

tinham acesso à tecnologia.

A década de 80 representa o momento quando a tecnologia de sistemas de

informação geográfica inicia um período de acelerado crescimento que dura até os

dias de hoje. Até então limitados pelo alto custo do hardware e pela pouca

quantidade de pesquisa específica sobre o tema, os GIS se beneficiaram

grandemente da massificação causada pelos avanços da microinformática e do

estabelecimento de centros de estudos sobre o assunto. Nos EUA, a criação dos

centros de pesquisa que formam o NCGIA –National Centre for Geographical

Information and Analysis (NCGIA, 1989) marca o estabelecimento do

Geoprocessamento como disciplina científica independente.

No decorrer dos anos 80, com a grande popularização e barateamento das

estações de trabalho gráficas, além do surgimento e evolução dos computadores

pessoais e dos sistemas gerenciadores de bancos de dados relacionais, ocorreu

uma grande difusão do uso de GIS. A incorporação de muitas funções de análise

espacial proporcionou também um alargamento do leque de aplicações de GIS. Na

década atual, observa-se um grande crescimento do ritmo de penetração do GIS nas

organizações, sempre alavancado pelos custos decrescentes do hardware e do

software, e também pelo surgimento de alternativas menos custosas para a

construção de bases de dados geográficas.

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1.1.2. Desenvolvimentos no Brasil

A introdução do Geoprocessamento no Brasil inicia-se a partir do esforço de

divulgação e formação de pessoal feito pelo prof. Jorge Xavier da Silva (UFRJ), no

início dos anos 80. A vinda ao Brasil, em 1982, do Dr. Roger Tomlinson, responsável

pela criação do primeiro SIG (o Canadian Geographical Information System),

incentivou o aparecimento de vários grupos interessados em desenvolver tecnologia,

entre os quais podemos citar:

• UFRJ: O grupo do Laboratório de Geoprocessamento do Departamento

de Geografia da UFRJ, sob a orientação do professor Jorge Xavier,

desenvolveu o SAGA (Sistema de Análise Geo-Ambiental). O SAGA tem

seu forte na capacidade de análise geográfica e vem sendo utilizado com

sucesso com veículo de estudos e pesquisas. (Câmara, et al 1996),

• MaxiDATA: os então responsáveis pelo setor de informática da empresa

de aerolevantamento AeroSul criaram, em meados dos anos 80, um

sistema para automatização de processos cartográficos. Posteriormente,

constituíram empresa MaxiDATA e lançaram o MaxiCAD, software

largamente utilizado no Brasil, principalmente em aplicações de

Mapeamento por Computador. Mais recentemente, o produto dbMapa

permitiu a junção de bancos de dados relacionais a arquivos gráficos

MaxiCAD, produzindo uma solução para "desktop mapping" para

aplicações cadastrais.

• CPqD/TELEBRÁS: O Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da

TELEBRÁS iniciou, em 1990, o desenvolvimento do SAGRE (Sistema

Automatizado de Gerência da Rede Externa), uma extensiva aplicação

de Geoprocessamento no setor de telefonia. Construído com base num

ambiente de um SIG (VISION) com um banco de dados cliente-servidor

(ORACLE), o SAGRE envolve um significativo desenvolvimento e

personalização de software;.(Câmara, et al 1996)

• INPE: Em 1984, o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espacias)

estabeleceu um grupo específico para o desenvolvimento de tecnologia

de geoprocessamento e sensoriamento remoto (a Divisão de

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Processamento de Imagens - DPI). De 1984 a 1990 a DPI desenvolveu o

SITIM (Sistema de Tratamento de Imagens) e o SGI (Sistema de

Informações Geográficas), para ambiente PC/DOS, e, a partir de 1991, o

SPRING (Sistema para Processamento de Informações Geográficas),

para ambientes UNIX e MS/Windows. O SITIM/SGI foi suporte de um

conjunto significativo de projetos ambientais, podendo-se citar:

(a) o levantamento dos remanescentes da Mata Atlântica Brasileira

(cerca de 100 cartas), desenvolvido pela IMAGEM Sensoriamento

Remoto, sob contrato do SOS Mata Atlântica; (b) a cartografia fito-

ecológica de Fernando de Noronha, realizada pelo NMA/EMBRAPA; (c) o

mapeamento das áreas de risco para plantio para toda a Região Sul do

Brasil, para as culturas de milho, trigo e soja, realizado pelo

CPAC/EMBRAPA; (Câmara, et al 1996),

(d) o estudo das características geológicas da bacia do Recôncavo,

através da integração de dados geofísicos, altimétricos e de

sensoriamento remoto, conduzido pelo CENPES/Petrobrás. Assad e

Sano (1998) apresentam um conjunto significativo de resultados do

SITIM/SGI na área agrícola.

O SPRING unifica o tratamento de imagens de Sensoriamento Remoto (ópticas

e microondas), mapas temáticos, mapas cadastrais, redes e modelos numéricos de

terreno. A partir de 1997, o SPRING passou a ser distribuido via Internet e pode ser

obtido através do website http://www.dpi.inpe.br/spring.

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1.2. Funções e Objetivos de um Sistema de Informações Geográficas

Um Sistema de Informações Geográficas (SIG) pode ser definido a partir de três

propriedades: a capacidade de apresentação cartográfica de informações

complexas, uma sofisticada base integrada de objetos espaciais e de seus atributos

ou dados, e um engenho analítico formado por um conjunto de procedimentos e

ferramentas de análise espacial (Maguirre et al., 1991).

Para realizar as operações de georreferenciamento num SIG, é necessária a

presença de um indexador que permita associar informações dos arquivos de

atributos com os arquivos gráficos, denominado geocodificador. A variável

geocodificadora deve estar presente nos bancos de dados gráficos e nos bancos de

dados não gráficos, estabelecendo uma ligação entre eles.

Scholten & Stillwell (1990) definem três funções principais possibilitadas por um

SIG que requerem vários componentes, de acordo com o objetivo pretendido. A

primeira é o armazenamento, manejo e integração de grandes quantidades de dados

referenciados espacialmente. Um dado espacialmente referenciado pode ser

concebido como contendo dois tipos de informações, dados de atributos e dados de

localização (Figura 1). Dados cartográficos ou de localização são coordenadas de

pontos (nós) bi ou tridimensionais, linhas (arcos) ou áreas (polígonos). Dados

descritivos ou não-localizados são características ou atributos de pontos, linhas ou

áreas. Estes dados podem ser obtidos de uma variedade de fontes. Uma das

principais características do SIG é a facilidade de integrar dados, por exemplo, conv

erter valores dos dados a uma estrutura espacial comum.

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Figura 1. Informações dos dados espaciais, adaptada de Scholten & Stillwell, 1990

A segunda função principal de um SIG é prover meios para realizar análises

relacionadas especificamente aos componentes geográficos dos dados. As

operações mais comuns são a pesquisa de dados e a busca de informações de

acordo com algum critério de seleção (por exemplo, pela localização, proximidade,

tamanho, valor), e análises espaciais que envolvem modelagem e análise de

padrões espaciais e de relacionamento de dados.

A terceira função principal envolve a organização e o manejo de grandes

quantidades de dados e a forma como estas informações podem ser facilmente

acessadas por todos os usuários. Um SIG precisa ser ágil para exibir dados em

mapas de boa qualidade. Os mapas inicialmente feitos à mão, são agora um produto

implícito de todo trabalho feito dentro do SIG. Entretanto, para diferentes propósitos,

outras formas de apresentação dos dados (gráficos e tabelas) algumas vezes são

necessárias para uso combinado com os mapas.

Alguns dos benefícios mais comuns de um SIG são:

• melhor armazenamento e atualização de dados;

• recuperação de informações de forma mais eficiente;

• produção de informações mais precisas;

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• rapidez na análise de alternativas; e

• a vantagem de decisões mais acertadas.

De um modo geral, pode-se identificar os seguintes objetivos na implementação

de um SIG:

Visualização das informações: diversas formas de apresentação das

informações são possibilitadas pelo SIG.

Organização e georreferenciamento dos dados: o SIG se constitui em um

poderoso organizador das informações georreferenciadas. Permite combinar

vários tipos diferentes destas informações, por exemplo, limites de bairros,

localização pontual das unidades de saúde, volume do fluxo entre localidades,

entre outras.

Integração de dados vindos de diversas fontes, nos mais diversos formatos,

escalas e sistemas de projeção: o mapa armazenado no SIG pode ser sempre

associado a novas informações, provenientes de diversas fontes, permitindo

que se some o trabalho de diversos órgãos e instituições.

Análise dos dados: a disponibilidade de funções que permitam transformar os

dados em informações úteis no processo de tomada de decisões.

Predição de ocorrências: a partir da análise de séries históricas, mapeando os

eventos estudados em diferentes períodos.

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2. Utilização do Geoprocessamento na área da Saúde

Conhecer as condições de vida e saúde dos diversos grupos populacionais é

uma etapa indispensável do processo de planejamento da oferta de serviços e da

avaliação de impacto das ações de saúde. A Norma Operacional Básica do Sistema

Único de Saúde (NOB-SUS) de 01/1996 expressa que “o enfoque epidemiológico

atende ao compromisso da integralidade da atenção, ao incorporar, como objeto das

ações, a pessoa, o meio ambiente e os comportamentos interpessoais” (Ministério da

Saúde, 1997, p. 15). Entretanto, Saúde Pública e ambiente estão intrinsicamente

influenciadas pelos padrões de ocupação do espaço: não basta descrever as

características das populações, mas é necessário localizar o mais precisamente

possível onde estão acontecendo os agravos, que serviços a população está

procurando, o local de potencial risco ambiental e as áreas onde se concentram

situações sociais vulneráveis.

Com a publicação de Norma Operacional da Assistência à Saúde (NOAS-SUS) de

01/2001, é baseada “no reconhecimento da regionalização em saúde fundamental

para a consolidação dos princípios de universalidade, eqüidade no acesso e

integralidade da atenção, nesse momento específico da implementação do Sistema

Único de Saúde. Vale destacar que o aprofundamento do processo de regionalização

só é possível em face dos avanços decorrentes do intenso processo prévio de

descentralização, com ênfase na municipalização.” (Ministério da Saúde, 2001, p. 5)

A possibilidade de sobrepor informações e do uso desagregado de dados

contorna as dificuldades de trabalhar com diferentes unidades administrativas. A

visualização de informações é extremamente útil para gerar hipóteses, indagações

sobre associações entre os eventos estudados e possibilidades de análise

ecológicas (Por exemplo, estabelecer correlações entre fatores ambientais e

variáveis explicativas).

Os métodos de análise de distribuições espaciais são especialmente úteis nas

seguintes situações:

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• quando o evento em estudo é gerado por fatores ambientais de difícil

detecção no nível do indivíduo (análise do padrão de distribuição dos

pontos);

• no estudo de trajetórias entre localidades (análise de rede);

• na delimitação de áreas segundo intervenção pretendida (buffers);

• quando o evento em estudo e os fatores relacionados têm distribuição

espacialmente condicionada (modelagem estatística, interpolação e

alisamento, de forma a permitir a análise de superfície).

As aplicações do geoprocessamento na área da saúde têm se destacado nos

seguintes campos:

Vigilância Epidemiológica A análise da distribuição espacial de agravos possibilita determinar padrões da

situação de saúde de uma área, evidenciar disparidades espaciais que levam à

delimitação de áreas de risco para mortalidade ou incidência de eventos mórbidos. É

possível mapear indicadores básicos de saúde, mortalidade, doenças de notificação

compulsória e analisar acidentes relacionados ao trabalho. Através de análise da

difusão geográfica e exposição a agentes específicos pode-se gerar e analisar

hipóteses de investigação. Também é possível planejar e programar atividades de

prevenção e controle de doenças em grupos homogêneos segundo determinado

risco, monitorar e avaliar intervenções direcionadas.

Avaliação de Serviços de Saúde Este campo pode ser dividido em: análise da distribuição espacial de serviços

de saúde; planejamento e otimização de recursos de saúde (modelos de locação-

alocação); estudo de acessibilidade (física, econômica, social, étnica, psicológica) e

utilização de serviços de saúde. Através de análise do fluxo de pacientes é possível

definir áreas de onde provém a demanda que busca determinado recurso de saúde.

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Urbanização e Ambiente A urbanização tem sido um fator predominante no estabelecimento humano em

escala mundial. As cidades têm sido estudadas em termos da ecologia urbana de

doenças. Particularmente em países em desenvolvimento, os moradores de cidades

vivem em diferentes condições ambientais como moradia, emprego, estilo de vida,

dieta, entre outros. A poluição, superpopulação, estresse e pobreza afetam a saúde

humana nas cidades. O espaço, produzido socialmente, exerce pressões

econômicas e políticas sobre a sociedade, criando condições diferenciadas para sua

utilização por grupos sociais.

As relações entre saúde e ambiente podem ser evidenciadas através da análise

de características epidemiológicas das áreas próximas às fontes de contaminação e

pela identificação de fatores ambientais adversos em locais onde há concentração de

agravos à saúde. Além disso, é possível monitorar ações de saneamento e

tendências das doenças preveníveis após ações do meio e melhoria da qualidade de

vida em função de obras realizadas.

Na metodologia do enfoque de risco, proposta pela Organização Mundial da

Saúde (OMS), o objetivo é a detecção de grupos populacionais prioritários para

alocação de recursos de saúde, aumentando a eficiência da aplicação de recursos

públicos em países não-desenvolvidos economicamente. As fontes do risco nesse

caso são amplas, envolvendo atributos individuais e aspectos socioecológicos

(Hayes, 1992; MS/OPAS, 1983). A identificação de grupos populacionais de maior

risco de adoecer ou morrer por determinados agravos vem sendo uma das questões

chaves da prevenção em saúde.

Planejamento, monitoramento e avaliação de programas, estudo do contexto

socioeconômico, vigilância em saúde e as demais atividades essenciais à

reorientação das ações do setor saúde são beneficiadas pela incorporação da

distribuição espacial dos eventos.

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3. Fontes Nacionais de Dados sobre Saúde

3.1. Fontes de Dados Não-Gráficos

No Brasil, existem diversos sistemas nacionais de informação sobre saúde, sob

responsabilidade do Departamento de Informática do SUS – DATASUS e do Centro

Nacional de Epidemiologia – CENEPI, da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA),

órgãos do Ministério da Saúde. Carvalho (1997) apresenta uma revisão sobre estes

Sistemas e principais indicadores que podem ser construídos a partir das

informações que eles contém. Destaco a seguir os principais Sistemas que têm sido

utilizados para análise espacial em saúde.

As Estatísticas Vitais são fornecidas pelo Sistema de Informações de

Mortalidade – SIM, desde 1979, e pelo Sistema de Informações de Nascidos Vivos –

SINASC, desde 1994. Os dados do SIM e do SINASC, coletados pelos gestores

municipais e estaduais, são enviados ao gestor nacional, que os disponibiliza para o

público em geral, através de anuários e CD-ROM, disponível também na homepage

do DATASUS. As informações dos sistemas SIM e SINASC permitem analisar os

eventos relativos a nascimento e morte, na vigilância e análise epidemiológica, além

da construção de indicadores para uso de estatísticas demográficas e de saúde.

O Sistema de Informações Hospitalares – SIH-SUS, tema principal deste

trabalho, processa as Autorizações de Internação Hospitalar – AIH, desde 1981,

dispõe sobre recursos destinados a cada unidade de saúde hospitalar que integra a

rede do SUS, as causas de internação no Brasil, a relação dos procedimentos

realizados, o tempo de permanência do paciente internado, idade, o motivo da alta, a

origem do paciente, além de dados relativos a própria unidade hospitalar, como

localização e número de leitos, tudo isso podendo ser agregado por município e/ou

estado.

O Sistema de Informações Ambulatoriais – SIA-SUS, utiliza um subsistema de

Autorização de Procedimentos de Alta Complexidade/Custo – APAC, em que os

pacientes submetidos a tratamentos de quimioterapia, radioterapia e terapia renal

substitutiva são identificados desde 1997, mostrando a procedência, idade, sexo e

tipo de tratamento que são submetidos, além dos recursos destinados a cada

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unidade ambulatorial que realiza os procedimentos e os dados dos próprios

estabelecimentos.

O Sistema de Informação de Atenção Básica – SIAB, foi desenvolvido com o

objetivo de subsidiar município, estados e o Ministério da Saúde com informações

fundamentais para o planejamento, acompanhamento e avaliação das ações

desenvolvidas no âmbito do Programa de Agentes Comunitários de Saúde – PACS e

do Programa de Saúde da Família – PSF. Atualmente, estas informações só estão

disponíveis no nível local. O PACS atua na prevenção de doenças e na promoção da

saúde, com o compromisso de levantar dados sobre condições de vida da população

da área de atuação. A Unidade Básica de Saúde da Família, à qual estes programas

estão vinculados possui uma área de abrangência delimitada territorialmente com

uma clientela adscrita, que é dividida em sub-áreas sob responsabilidade de cada

agente de saúde.

O Sistema de Notificação de Agravos – SINAN, registra dados, de maneira mais

estruturada desde 1995, dados de doenças de notificação compulsória que são

coletados pelos gestores municipais e estaduais e, posteriormente, são enviados ao

gestor nacional. Este sistema é de responsabilidade do CENEPI. Para as doenças

cuja notificação é obrigatória em todo o território nacional, existe jma padronização

que permite a consolidação das informações nacionais. Entretanto, cada nível gestor

tem autonomia para acrescentar doenças relevantes na sua área de abrangência, de

acordo com as particularidades de cada local, o que gera uma variação importante

da cobertura e da qualidade das informações. Por isso, de acordo com a doença de

interesse, pode ser mais conveniente acessar as informações desse Sistema, junto

às Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde.

O Censo Demográfico é realizado de dez em dez anos coletando informações

sociodemográficas da população residente em todo o território nacional, sob

responsabilidade da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

São pesquisadas, cerca de 240 variáveis que após consolidação são disponibilizadas

na homepage do IBGE e através de CD-ROM. As informações referenciadas aos

setores censitários, podem ser obtidas por encomenda ao IBGE, enquanto os demais

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consolidados podem ser acessados diretamente via Internet ou pela aquisição do

CD-ROM.

Os dados sociodemográficos são informações sobre a população e geralmente

incluem idade, escolaridade, condição de emprego, renda, condições de moradia

(abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta de lixo, número de banheiros

e cômodos do domicílio, entre outros). Apesar de coletados sobre indivíduos e

domicílios, os dados são consolidados por área. A área mínima é o setor censitário

(área sob responsabilidade de cada recenseador que abrange um conjunto médio de

300 domicílios) que são agregados em municípios, estados e país, sucessivamente.

Estas informações são extremamente úteis para se conhecer o perfil da população

de uma determinada área, além de constituírem a base de dados de muitos

denominadores populacionais usados para o cálculo de indicadores de saúde, como,

por exemplo, taxas de mortalidade.

O sistema de pesquisas domiciliares, implantado progressivamente no Brasil a

partir de 1967, com a criação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios -

PNAD, tem como finalidade a produção de informações básicas para o estudo do

desenvolvimento socioeconômico do País.

Trata-se de um sistema de pesquisas por amostra de domicílios que, por ter

propósitos múltiplos, investiga diversas características socioeconômicas, umas de

caráter permanente nas pesquisas, como as características gerais da

população,educação, trabalho, rendimento e habitação, e outras com periodicidade

variável, como as características sobre migração, fecundidade, nupcialidade, saúde,

nutrição e outros temas que são incluídos no sistema de acordo com as

necessidades de informação para o País.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios teve início no segundo trimestre

de 1967, sendo os seus resultados apresentados com periodicidade trimestral, até o

primeiro trimestre de 1970. A partir de 1971 os levantamentos passaram a ser anuais

com realização no último trimestre. A pesquisa foi interrompida para a realização dos

Censos Demográficos 1970, 1980, 1991 e 2000.

A Pesquisa Assistência Médico-Sanitária é um levantamento que visa obter

dados cadastrais e gerais dos estabelecimentos de saúde no país.

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Com base nos dados coletados é possível identificar as necessidades de

investimentos governamentais no setor saúde em determinadas áreas geográficas e

avaliar o seu desempenho, quer pela capacidade instalada (número de

estabelecimentos de saúde existentes), quer pela oferta de serviços à disposição da

população. Estes e outros indicadores obtidos através da AMS permitem às esferas

de governo federal, estadual e municipal, formular políticas de saúde, planejar suas

ações e implementar programas para suprir carências específicas do setor.

A tabela 1 demonstra as principais características destas bases de dados que

podem ser utilizadas nas análises espaciais na área de saúde.

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Tabela 1. Bases de dados dos sistemas nacionais de informações de interesse para a saúde, instituições responsáveis e atualização.

BASES DE DADOS ATUALIZAÇÃOINSTITUIÇÃO

RESPONSÁVELUNIDADE DE REGISTRO

UNIDADE ESPACIAL DE REFERENCIA

Sistema de informações de Mortalidade

SIM anual CENEPI óbito município, endereço *

Sistema de informações de nascidos vivos

SINASC anual CENEPI nascimento município, endereço *

Sistema de informações hospitalares - autorização de internação hospitalar (AIH)

SIH/SUS mensal DATASUS procedimento médico CEP, endereço **

Sistema de informações ambulatoriais - autorização de procedimentos de alta complexidade/custo (APAC)

SIA/SUS-(APAC) mensal DATASUS terapia utilizada CEP, endereço **

Sistema de informação de atenção básica

SIAB mensal PACS/PSF família microárea

Sistema de notificação de agravos

SINAN mensal CENEPI agravo à saúde bairro, endereço *

Censo demográfico

CD decenal IBGE domicílio setor censitário

Pesquisa nacional por amostra de domicílios

PNAD anual IBGE domicílio setor censitário

Pesquisa assistência médico-sanitária

AMS trienal IBGE estabelecimentos de saúde CEP, endereço

* O registro de endereços nessas bases de dados é mantido em arquivo separado e sigiloso nas secretarias

municipais e estaduais de saúde.

** O registro de endereços na base de dados do sih/sus e do sia/sus(apac) é mantido em sigilo pelo DATASUS

com uma cópia na Secretaria de Assistência à Saúde (SAS) do Ministério da Saúde.

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3.2. Fontes de Dados Cartográficos

Cada país possui uma ou mais organização governamental cuja

responsabilidade é o levantamento planialtimétrico sistemático, do território nacional

(Cruz & Pina, 1999).

No Brasil, é possível obter-se dados cartográficos nas seguintes instituições:

• Fundação IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística): responsável

pelo mapeamento sistemático de todo o território nacional, em escalas

pequenas (1/25.000 e menores);

• DSG (Diretoria de Serviço Geográfico do Exército): divide com o IBGE a

responsabilidade pelo mapeamento sistemático;

• DHN (Diretoria de Hidrografia e Navegação): responsável pela geração de

cartas náuticas;

• ICA (Instituto de Cartografia da Aeronáutica): responsável pela geração de

cartas aeronáuticas;

• INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais): responsável pela

aquisição e distribuição de imagens de satélite LANDSAT; e

• Prefeituras: responsáveis pelo levantamento cadastral dos municípios.

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4. Metodologia utilizada

A metodologia utilizada nesse estudo está baseada no Sistema de Informações

Hospitalares (SIH-SUS) como fonte de dados. Faremos análises comparativas entre

os dados informados durante a internação do paciente, como a sua origem, e os

dados cadastrais dos hospitais, através da Ficha Cadastral de Hospitais (FCH).

Nesta ficha, constam os dados cadastrais dos hospitais, como o nome, endereço e

quantidade de leitos.

4.1. Utilizando do SIH/SUS como fonte de dados

O Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS), como já foi dito

anteriormente, trabalha com as internações ocorridas no Brasil e, traz consigo, as

informações sobre a internação de cada paciente individualizada, bem como, os

dados dos próprios pacientes. Entre essas informações que estão disponibilizadas

ao público encontra-se o Código de Endereçamento Postal (CEP) dos pacientes.

Com base nessas informações podemos utilizar essa base de dados para fazermos

estudos geográficos sobre a procedência desses pacientes.

A Secretaria de Assistência à Saúde (SAS) do Ministério da Saúde é o órgão

responsável pela regulamentação dos sistemas de assistência do Ministério. Através

de portarias ela vem regulamentando os diversos sistemas que ela é a responsável.

Quanto ao correto preenchimento dos documentos necessários para a boa qualidade

das informações, a SAS publicou uma série de portarias que normatiza essa

atividade.

Uma dessas portarias é a Portaria MS/SAS 198/98 (Anexo I) que determina

inclusão de crítica no processamento de Autorização de Internação Hospitalar – AIH

relativa ao CEP – Código de Endereçamento Postal do paciente.

Pegando-se como base os arquivos reduzidos de AIH do Estado do Rio de

Janeiro do mês de agosto de 2002, vemos que o município do Rio de Janeiro

realizou 23.801 internações, sendo que dessas 4.057 são de pacientes de outros

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municípios do Estado do Rio e 75 pacientes são de outros estados, ou seja, cerca de

17,36 % dos pacientes internados são de outros municípios.

Na figura 2 podemos observar que 89 % dos municípios do Estado do Rio de

Janeiro enviam pacientes para município do Rio de Janeiro.

Na figura 3 observamos que o afluxo de pacientes atendidos em hospitais do

Rio de Janeiro é bem amplo, existindo inclusive pacientes da região Norte do país.

(Acre)

Figura 2. Pacientes internados no Rio de Janeiro provenientes do Estado do Rio de Janeiro

Fonte: MS/DATASUS – Arquivos reduzidos de agosto/2002

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Figura 3. Pacientes internados no município do Rio de Janeiro provenientes de todo o território nacional

Fonte: MS/DATASUS – Arquivos reduzidos de agosto/2002

Além desses dados, podemos também fazer uma verificação na distribuição dos

hospitais pelo município do Rio de Janeiro. Com ela podemos mensurar a

distribuição dos hospitais pelos diversos bairros do município e verificar se há um

balanceamento entre os bairros com maior quantidade de hospitais com os bairros

que mais enviam pacientes para o SUS.

Na tabela 2, verificamos a distribuição dos hospitais de acordo com os bairros

do Rio de Janeiro. O grande problema que enfrentamos é quanto à qualidade nos

dados informados. Como podemos notar existem, no cadastro de hospitais do Rio de

Janeiro, cuja fonte é a Ficha Cadastral de Hospitais (FCH), 22 hospitais cujo CEP

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não se encontra no banco de dados dos Correios, não podendo, dessa forma, ser

identificado. Para se fazer um bom trabalho na área de controle e avaliação essas

informações são da maior relevância possível. Em um dado em que o responsável é

o gestor municipal ou estadual, não poderia haver esse tipo de falha. Como o

sistema de cadastramento está passando por mudanças, com a introdução da Ficha

Cadastral de Estabelecimentos de Saúde, espera-se que falhas como essa não

ocorram mais.

Tabela 2. Distribuição de hospitais por bairro do município do Rio de Janeiro.

Bairro Quantidade Bairro Quantidade

Bairro não cadastrado 22 ENGENHO NOVO 1

BOTAFOGO 7 ESTACIO 1

CENTRO 7 FLAMENGO 1

BANGU 5 GLORIA 1

CIDADE NOVA 5 HUMAITA 1

TAQUARA 4 JARDIM AMERICA 1

REALENGO 3 LEBLON 1

RIO COMPRIDO 3 MADUREIRA 1

BONSUCESSO 2 MAGALHAES BASTOS 1

ENGENHO DE DENTRO 2 MARECHAL HERMES 1

GALEAO 2 OSWALDO CRUZ 1

IPANEMA 2 PACIENCIA 1

JARDIM BOTANICO 2 PAQUETA 1

PIEDADE 2 PENHA CIRCULAR 1

SANTA TERESA 2 PRACA SECA 1

TANQUE 2 SANTA CRUZ 1

VILA ISABEL 2 SANTO CRISTO 1

ANDARAI 1 SAO CRISTOVAO 1

CAMPO GRANDE 1 SAUDE 1

CASCADURA 1 SEPETIBA 1

TIJUCA 1

Fonte: DATASUS/MS Arquivo de cadastro de hospitais

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Analisando esses dados, verificamos que os bairros com maior número de

hospitais (que puderam ser identificados) são o Centro e Botafogo , com 7 hospitais

em cada um deles, seguido por Bangu e Cidade Nova, com 4 hospitais. Verificamos

também que há uma distribuição por quase toda a cidade. No entanto, quando

fazemos o levantamento da distribuição da origem da população assistida pelo SUS

(Tabela 3), os bairros com maior número de moradores que procuraram os hospitais

da rede SUS são os que tem apenas um hospital em sua região.

Tabela 3. Quantidade de pacientes atendidos no SUS segundo bairro de origem.

Bairro Quantidade Bairro Quantidade

CAMPO GRANDE 1011 SANTISSIMO 114

SANTA CRUZ 847 ENGENHO NOVO 113

REALENGO 843 SANTA TERESA 109

BANGU 711 VICENTE DE CARVALHO 108

CENTRO 631 COLEGIO 105

TAQUARA 517 JACARE 105

BONSUCESSO 445 VIGARIO GERAL 105

SAUDE 383 ROCHA MIRANDA 102

PIEDADE 358 SAO CRISTOVAO 98

ESTACIO 265 MARECHAL HERMES 96

PACIENCIA 264 OSWALDO CRUZ 96

PENHA 257 TANQUE 94

IRAJA 254 ANIL 89

SENADOR CAMARA 253 RECREIO DOS BANDEIRANTES 88

PADRE MIGUEL 237 LINS DE VASCONCELOS 86

RAMOS 234 PILARES 86

PENHA CIRCULAR 229 QUINTINO BOCAIUVA 86

MADUREIRA 227 VILA VALQUEIRE 86

CIDADE DE DEUS 205 JARDIM AMERICA 85

SEPETIBA 203 BARRA DA TIJUCA 84

INHAUMA 201 JARDIM GUANABARA 84

BOTAFOGO 191 MAGALHAES BASTOS 81

VILA ISABEL 191 COSTA BARROS 80

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COPACABANA 190 TODOS OS SANTOS 80

GUADALUPE 172 COELHO NETO 78

GUARATIBA 172 MEIER 77

JACAREPAGUA 169 ACARI 76

ANCHIETA 168 FLAMENGO 75

TIJUCA 167 GARDENIA AZUL 75

CURICICA 164 VILA DA PENHA 75

OLARIA 158 BENFICA 67

CASCADURA 156 PECHINCHA 67

CORDOVIL 151 GAMBOA 66

PRACA SECA 136 PARADA DE LUCAS 66

BRAS DE PINA 133 FREGUESIA (JACAREPAGUA) 64

MANGUINHOS 127 PITANGUEIRAS 63

RICARDO DE ALBUQUERQUE 126 PEDRA DE GUARATIBA 61

CIDADE NOVA 125 ENGENHO DA RAINHA 59

COSMOS 123 PARQUE ANCHIETA 59

PAVUNA 123 BARROS FILHO 58

RIO COMPRIDO 120 IPANEMA 57

BENTO RIBEIRO 118 CACHAMBI 56

ENGENHO DE DENTRO 117 VARGEM GRANDE 53

INHOAIBA 115 Outros Bairros 1723

Fonte: DATASUS/MS Arquivos reduzidos de agosto/2002

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4.2. Analisando o bairro de Campo Grande

Enquanto que Campo Grande é o bairro recordista no envio de pacientes para a

rede SUS com 1.011 atendimentos no mês de agosto, o bairro possui apenas 1 (um)

hospital identificável como sendo do bairro e, Santa Cruz, na segunda posição com

847 pacientes, também possui apenas 1 (um) hospital. No outro extremo, Botafogo,

como um dos bairros com maior concentração de hospitais, teve 191 pacientes

residentes no bairro com atendimento nos hospitais do SUS. Como podemos ver, um

bom trabalho de controle e avaliação pode contar com a ajuda de dados geográficos

sobre a saúde da população.

Na tabela 4, verificamos que quase a metade dos pacientes de Campo Grande

são atendidos dentro do próprio bairro e a outra metade tem que se deslocar para

receber o atendimento. Como este é um bairro afastado do centro do Rio e é porta

de entrada de uma região nobre do estado do Rio, embora sem grandes cidades, era

de se esperar que o bairro pudesse contar com uma estrutura um pouco melhor para

receber sua própria população assim como os de municípios vizinhos ao bairro.

Tabela 4. Relação dos pacientes de Campo Grande com o local de atendimento

Hospital Quantidade de pacientes

SES RJ HOSP EST ROCHA FARIA 509

Outros Hospitais 502

Fonte: DATASUS/MS – Arquivos reduzidos de agosto/2002

De acordo com a tabela 5, vemos que, mesmo enviando pacientes para outros

bairros, Campo Grande recebe uma quantidade muito grande de pacientes

provenientes de outras localidades, chegando quase ao mesmo número de pacientes

enviados a outros estabelecimentos com os pacientes recebidos.

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Tabela 5. Relação de pacientes atendidos em Campo Grande de acordo com o bairro de origem

Bairro do paciente Quantidade

CAMPO GRANDE 509

Bairro não identificado 125

INHOAIBA 49

GUARATIBA 48

SANTA CRUZ 40

COSMOS 35

PACIENCIA 34

SANTISSIMO 27

PEDRA DE GUARATIBA 23

SENADOR CAMARA 17

BANGU 13

Outros bairros 73

Total de outros bairros 484

Fonte: DATASUS/MS – Arquivos reduzidos de agosto/2002

Mesmo com a portaria que institui a crítica com relação ao CEP do paciente,

ainda hoje vemos que muitas internações não são muito bem identificadas. De

acordo com o gráfico 1 vemos que em mais de 10 % das internações não foi

identificado o bairro do paciente.

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Gráfico 1. Distribuição dos bairros dos pacientes atendidos em Campo Grande

Bairros dos Pacientes

51%

13%

5%

5%

4%4%3%3%

2%2%1% 7%CAMPO GRANDEBairro não identificadoINHOAIBAGUARATIBASANTA CRUZCOSMOSPACIENCIASANTISSIMOPEDRA DE GUARATIBASENADOR CAMARABANGUOutros bairros

Fonte: DATASUS/MS – Arquivos reduzidos de agosto/2002

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4.3. Análise dos procedimentos realizados

A partir de agora, vamos ver como é feita a distribuição dos procedimentos

entre os pacientes internados em Campo Grande no Hospital Municipal Rocha Faria

e os pacientes residentes em Campo Grande e atendidos em outros

estabelecimentos distribuídos na rede assistencial do município do Rio de Janeiro.

Para facilitar os estudos, agrupar os procedimentos por grupos ou

especialidades, conforme veremos a seguir.

4.3.1. Pacientes internados em Campo Grande

De acordo com os arquivos reduzidos que estamos trabalhando, vemos que

quase 46 % dos atendimentos feitos no bairro são relativos a procedimentos de parto

e 14 % são relativos a cirurgias ginecológicas, ou seja, 60 % dos atendimentos são

realizados em mulheres e para serviços que não requerem alta complexidade.

Em terceiro lugar aparecem os procedimentos ortopédicos, mas apenas com 8

% das internações.

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Tabela 6. Quantidade de pacientes atendidos em Campo Grande de acordo com o grupo/especialidade

Grupos/Especialidade Quantidade

Cirurgia Obstétrica (Partos) 461

Cirurgia Ginecológica 140

Cirurgia Ortopédica e Traumatológica 83

Pneumologia Clínica 73

Cirurgia Geral 68

Doenças do Recém Nascido 25

Cardiologia Clínica 22

Neurologia Clínica 20

Doenças Infecto-Parasitárias 18

Ginecologia e Obstetrícia Clínica 16

Afecções Genito-Urinárias 11

Distúrbios Nutritivos/Desidratação 10

Endocrinologia 10

Gastroenterologia Clínica 9

Doenças Músculo-esqueléticas 8

Cirurgia Múltipla 7

Neurocirurgia 4

Cirurgia Urológica 3

Hemopatias 2

Oncologia Clínica/Cuidados Prolongados 1

Acidentes, Envenenamentos e Intoxicações 1

Outras Clínicas 1

Total 993

Fonte: DATASUS/MS – Arquivos reduzidos de agosto/2002

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Gráfico 2. Distribuição dos procedimentos realizados em Campo Grande de acordo com o grupo/especialidade

46%

14%

8%

7%

7%

3%

2%

2%10% Cirurgia Obstetrica (Partos)

Cirurgia Ginecologica

Cirurgia Ortopedica eTraumatologicaPneumologia Clínica

Cirurgia Geral

Doenças do Recém Nascido

Cardiologia Clínica

Neurologia Clínica

Outras Clínicas

Fonte: DATASUS/MS – Arquivos reduzidos de agosto/2002

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4.3.2. Pacientes de Campo Grande atendidos em outros bairros

Em uma outra análise, vamos verificar o que os pacientes residentes em Campo

Grande estão procurando fora da sua área original, já que o bairro é assistido por um

grande hospital

Vemos que, apesar da grande quantidade de partos realizados no próprio

bairro, a maior causa de procura de atendimento em outras localidades também é o

parto.

Podemos observar que há um grande número de atendimentos psiquiátricos

(66) em apenas um mês, o que corresponde a 13 % da procura por atendimentos em

outros bairros.

Verificamos uma grande quantidade de cirurgias geral e de tratamentos

oncológicos, combinados entre cirurgia oncológica e oncologia clínica, o que

correspondem respectivamente a 9 % cada uma delas.

Com isso, verificamos uma possível falha na estrutura organizacional da rede

assistencial, pois, um bairro populoso como Campo Grande, não possui assistência

especializada para pacientes com problemas psiquiátricos.

Apesar de o Ministério da Saúde estar promovendo a desospitalização dos

pacientes psiquiátricos, deve haver um serviço de apoio aos mesmos para que se

possa promover a reintegração desses pacientes à sociedade.

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Tabela 7 Grupos/Especialidade realizados em pacientes de Campo Grande em outros bairros do Rio de Janeiro

Grupos/Especialidade Quantidade

Cirurgia Obstétrica (Partos) 95

Psiquiatria 66

Cirurgia Geral 46

Cardiologia Clínica 33

Cirurgia Ginecológica 29

Oncologia Clínica/Cuidados Prolongados 29

Cirurgia Ortopédica e Traumatológica 28

Doenças Infecto-Parasitárias 25

Pneumologia Clínica 21

Cirurgia Oncológica 16

Outras Clínicas 15

Distúrbios Nutritivos/Desidratação 12

Cirurgia Oftalmológica 10

Cirurgia Plástica e Queimados 10

Neurocirurgia 8

Gastroenterologia Clínica 8

Endocrinologia 8

Cirurgia Urológica 7

Doenças do Recém Nascido 6

Cirurgia Cardiovascular 5

Ginecologia e Obstetrícia Clínica 5

Hemopatias 5

Afecções Genito-Urinárias 5

Cirurgia Otorrinolaringológica 4

Cirurgia Buco Maxilo Facial 2

AIDS 2

Cirurgia Múltipla 1

Outras Clínicas 1

Total 502

Fonte: DATASUS/MS – Arquivos reduzidos de agosto/2002

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Gráfico 3. Procedimentos realizados em outros bairros por pacientes moradores de Campo Grande

19%

13%

9%

7%6%6%6%

5%

4%

3%

23%

Cirurgia Obstetrica (Partos)

Psiquiatria

Cirurgia Geral

Cardiologia Clínica

Cirurgia Ginecologica

Oncologia Clínica/CuidadosProlongadosCirurgia Ortopedica eTraumatologicaDoenças Infecto-Parasitárias

Pneumologia Clínica

Cirurgia Oncologica

Outras Clínicas

Fonte: DATASUS/MS – Arquivos reduzidos de agosto/2002

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5. Conclusão

Com um bom preenchimento dos dados cadastrais dos pacientes e com um

bom serviço de controle e avaliação, os gestores podem usar o geoprocessamento

para uma análise mais profunda da situação de saúde em sua região, verificando a

existência de falhas na sua rede assistencial e, com isso, fazer uma nova

programação para que se possa evitar que uma parcela da população tenha que

ficar buscando assistência longe do seu local de moradia.

Neste trabalho pudemos notar que os atendimentos realizados em Campo

Grande são, na sua maioria, de procedimentos de baixa complexidade (partos)

enquanto que os pacientes que saem de Campo Grande para serem atendidos em

outros bairros procuram outros tipos de serviços, inclusive o próprio procedimento de

parto.

Isto é um exemplo de como podemos melhorar a qualidade e a capacidade

operacional no bairro para evitar o deslocamento de pacientes em trabalho de parto

para outros bairros, mesmo que vizinhos, já que trata-se de um bairro que fica

extremamente longe do centro e de outros serviços que possam prestar melhor

atendimento aos pacientes mais complicados.

A própria procura por serviços de psiquiatria, inexistente no bairro, é um indício

de como com um bom trabalho no referenciamento espacial dos pacientes podemos

estimular o aparecimento de novos serviços em determinadas áreas.

Com a entrada em funcionamento do Cartão Nacional de Saúde, que conterá os

dados cadastrais da população, os gestores terão uma visão mais clara do problema,

pois poderá identificar o fluxo dos pacientes que são atendidos ambulatorialmente no

sistema público de saúde e, com isso, fazer uma nova distribuição da sua

capacidade instalada.

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Planning, p.3-14. Kluwer Academic Publishers.

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ANEXO I

MINISTÉRIO DA SAÚDE

SECRETARIA DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE

Portaria nº 198 de 30 de outubro de 1998

O Secretário de Assistência à Saúde-Substituto, no uso de suas atribuições legais, e

Considerando a necessidade de acompanhamento da procedência dos usuários do

SUS em regime de internação, e Considerando a necessidade de avaliação da

Câmara de Compensação de Procedimentos Hospitalares de Alta Complexidade,

instituída pela PT/MS/GM 3.409 de 05 de agosto de 1998, resolve:

Art, 1º - Determinar a inclusão de crítica no processamento de Autorização de

Internação Hospitalar – AIH relativa ao CEP – Código de Endereçamento Postal do

paciente.

Parágrafo Único – O preenchimento de CEP inválido ou o não preenchimento deste

dado no campo de identificação do paciente, acarretará rejeição da AIH.

Art. 2º - A Secretaria de Assistência à Saúde e o Departamento de Informática do

Sistema Único de Saúde – DATASUS adotarão as medidas necessárias para a

efetiva operacionalização desta portaria.

Art 3º - Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação, com efeitos a partir

do processamento de AIH da competência novembro de 1998.

JOÃO GABBARDO DOS REIS

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