92
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO POLITÉCNICO Pós-Graduação em Modelagem Computacional MODELOS ESTOCÁSTICOS E DE REDE NO ESTUDO DE FENÔMENOS DE ADSORÇÃO E DIFUSÃO EM ADSORVENTES POROSOS ANSELMO DOMINGOS BIASSE Nova Friburgo, RJ - Brasil. Setembro de 2009

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO POLITÉCNICO

Pós-Graduação em Modelagem Computacional

MODELOS ESTOCÁSTICOS E DE REDE NO ESTUDO DE

FENÔMENOS DE ADSORÇÃO E DIFUSÃO EM

ADSORVENTES POROSOS

ANSELMO DOMINGOS BIASSE

Nova Friburgo, RJ - Brasil. Setembro de 2009

Page 2: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Page 3: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

ANSELMO DOMINGOS BIASSE

MODELOS ESTOCÁSTICOS E DE REDE NO ESTUDO DE

FENÔMENOS DE ADSORÇÃO E DIFUSÃO EM

ADSORVENTES POROSOS

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós - Graduação em Modelagem Computacional do Instituto Politécnico, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração: Matemática Aplicada e Computação Científica.

Orientadores: Prof. Antônio José da Silva Neto, Ph. D. Prof. Leôncio Diógenes Tavares Câmara, Ph. D.

Nova Friburgo, RJ - Brasil. Setembro de 2009

Page 4: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

CATALOGAÇÃO NA FONTE UERJ/REDE SIRIUS/BIBLIOTECA CTC/E

Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação.

______________________________________ _______________________ Assinatura Data

S586 Biasse, A. D. Modelos Estocásticos e de Rede no Estudo de

Mecanismos de Adsorção e Difusão em Adsorventes Porosos / Anselmo Domingos Biasse - Setembro de 2009.

89 f.: il.

Orientadores: Prof. Antônio José Silva Neto e Prof. Leôncio Diógenes Tavares Câmara Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto Politécnico.

1. Modelos de Redes. 2. Cromatografia. 3.

Modelagem Estocástica. 4. Adsorção. 5. Difusão. I. Silva Neto, A.J. e Câmara, L.D.T. III. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto Politécnico. IV. Modelos Estocásticos e de Rede no Estado de Mecanismos de Adsorção e Difusão em Adsorventes Porosos.

Page 5: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

ANSELMO DOMINGOS BIASSE

MODELOS ESTOCÁSTICOS E DE REDE NO ESTUDO DE

FENÔMENOS DE ADSORÇÃO E DIFUSÃO EM

ADSORVENTES POROSOS

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós - Graduação em Modelagem Computacional do Instituto Politécnico, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração: Matemática Aplicada e Computação Científica.

Aprovada em 01 de Setembro de 2009. Banca examinadora:

______________________________________ Prof. Antônio José da Silva Neto, Ph. D. (Orientador)

Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto Politécnico

______________________________________ Prof. Leôncio Diógenes Tavares Câmara, Ph. D. (Orientador)

Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto Politécnico

______________________________________ Prof. Wagner Figueiredo Sacco, D. Sc.

Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto Politécnico

______________________________________

Prof. Adolfo Puime Pires, D. Sc. Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro.

Nova Friburgo, RJ - Brasil. Setembro de 2009

Page 6: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

iii

DEDICATÓRIA

A Deus, minha gratidão eterna; aos meus pais Emilson Biasse e Maria da Graça Mendes Biasse, sempre amorosos e direcionados ao caminho dos estudos; à minha esposa Luciana Maria Theobald dos Santos Biasse, companheira de todas as horas; e minha filha Emanuele Theobald dos Santos Biasse, minha esperança no futuro

Page 7: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

iv

AGRADECIMENTOS

Ao Programa de Pós-Graduação em Modelagem Computacional do Campus Regional

- Instituto Politécnico da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e a seus professores pela

cooperação técnica e científica concedendo condições necessárias para o desenvolvimento e

conclusão deste trabalho.

Aos Professores Antônio José da Silva Neto e Leôncio Diógenes Tavares Câmara,

pela confiança, dedicação, orientação, compreensão, incentivo em todos os momentos e

principalmente amizade.

Aos meus colegas do laboratório LEMA-BIOMODEL, Guilherme Pereira de Oliveira,

Rafael Azevedo Gripp, pelo apoio na elaboração dos softwares visuais (3D) do modelo

empregado e em especial ao Diego Pinto Costa pelo companheirismo.

A todos os demais amigos do Programa de Pós-Graduação, pelo tempo de

convivência, fornecendo grande força e amizade.

Aos meus colegas de trabalho da Escola Técnica de Informática do CETEP da

Fundação de Apoio à Escola Técnica de Santo Antônio de Pádua-RJ, e em especial ao

Professor M. Sc. Rodrigo Erthal Wilson, pelo apoio na elaboração dos softwares do modelo

empregado.

Aos meus colegas de trabalho do Departamento de Educação Matemática do Curso de

Graduação em Matemática da Universidade Federal Fluminense de Santo Antônio de Pádua-

RJ, e em especial aos Professores M. Sc. Margarida dos Santos Pacheco, M. Sc. Célia Maria

Lira Jannuzzi e M. Sc. Francisco de Assis Alves da Silva.

Aos meus colegas de trabalho dos Departamentos das Graduações de Biologia,

Matemática e Pedagogia, Pólo do CEDERJ/UAB de Itaocara-RJ, e em especial ao Diretor

Prof. Paulo Cezar Faria de Araújo.

E a todas as pessoas que de uma forma ou de outra, contribuíram à sua maneira na

realização e conclusão deste trabalho.

Page 8: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

v

Oh! Quão bom e quão suave é que os Irmãos vivam em união! É como o óleo precioso sobre a cabeça, Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de Sião, Porque ali o Senhor ordenou a benção E a vida para sempre.

Salmo 133

Page 9: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

vi

RESUMO

BIASSE, A. D., MODELOS ESTOCÁSTICOS E DE REDE NO ESTUDO DE

MECANISMOS DE ADSORÇÃO E DIFUSÃO EM ADSORVENTES POROSOS,

Dissertação de Mestrado em Modelagem Computacional, Instituto Politécnico/UERJ,

Nova Friburgo, RJ - Brasil, Setembro de 2009.

A compreensão dos fenômenos de adsorção e difusão em superfícies é fundamental no

desenvolvimento de materiais de alto rendimento utilizados em uma série de processos de

grande relevância industrial. A modelagem de materiais adsorventes porosos através de

modelos de rede tem seu potencial uma vez que se pode estudar os fenômenos a nível

microscópico incorporando uma série de parâmetros estatísticos importantes na compreensão

dos mecanismos nessa escala. Neste trabalho de dissertação de mestrado, em um primeiro

momento, foram utilizadas redes bidimensionais quadradas com abordagem de percolação de

sítio-sítio para modelar superfícies sujeitas às condições de adsorção em tempo infinito, com

o intuito de se estudar as isotermas de adsorção em processos batelada. Numa primeira parte

foi observada uma relação estatística na determinação das isotermas de adsorção, em que a

probabilidade de adsorção estava condicionada ao número de moléculas na fase líquida. Na

segunda parte foram incorporados diferentes tipos e tamanhos de moléculas, sendo

observados diferentes comportamentos das isotermas de adsorção de acordo com a variação

dessas moléculas adsorvidas. Outro fenômeno de interesse foi o estudo do Limiar de

Percolação utilizando diferentes tipos e tamanhos de moléculas, sendo observados

comportamentos específicos para cada caso. Desta forma, pode-se obter parâmetros das

isotermas relacionados com os tipos e tamanhos moleculares estudados, sendo observado uma

forte dependência daqueles com o tamanho da molécula, uma vez que a seletividade à

adsorção aumenta com o tamanho da molécula. Ainda nesta primeira parte foram calculados

também a probabilidade de ocupação relacionada com a entropia, observando

comportamentos na probabilidade de ocupação a cada etapa de tempo. Em um segundo

momento, foi estudado a dinâmica de difusão, mediante “random walk” ou passeadores

aleatórios, em redes quadradas e cúbicas, em que foram obtidas leis de potência para cada

dimensão. Aspectos como dispersão axial e porosidade foram incorporadas nas simulações,

sendo abservados comportamentos específicos para cada caso.

Palavras-chave: Modelos de Redes, Cromatografia, Modelagem Estocástica, Adsorção e

Difusão.

Page 10: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

vii

ABSTRACT

BIASSE, A. D., STOCHASTIC AND NETWORK MODELS IN THE STUDY OF

ADSORPTION AND DIFFUSION MECHANISMS IN POROUS ADSOR BENTS,

Dissertation of Master's degree in Computational Modeling, Polytechnic Institute/UERJ,

Nova Friburgo, RJ - Brasil, September of 2009.

The understanding of the phenomena of adsorption and diffusion in surfaces are

fundamental in the development of materials of high performance used in a series of

processes of great industrial relevance. The modelling of materials porous adsorbents through

network models has its potential once one can study the phenomena at the microscopic level

incorporating a series of important statistical parameters in the understanding of the

mechanisms in that scale. In this work of master's degree dissertation, in a first moment,

square two-dimensional networks were used with an approach of site-site percolation to

model surfaces subject to the conditions of adsorption in infinite time, with the intention of

studying the isotherms of adsorption in processes batch. In the first part a statistical

relationship was observed in the determination of the isotherms of adsorption, in that the

probability of adsorption was conditioned to the number of molecules in the liquid phase. In

the second it leaves were different incorporate types and sizes of molecules, being observed

different behaviors of the isotherms of adsorption in agreement with the variation of those

molecules adsorbed. Another phenomenon of interest was the study of the Percolation

Threshold using different types and sizes of molecules, being observed specific behaviors for

each case. This way, it can be obtained parameters of the isotherms related with the types and

studied molecular sizes, being observed a strong dependence of those with the size of the

molecule, once the selectivity to the adsorption increases with the size of the molecule. Still in

this 1st part they were also calculated the occupation probability related with the entropy,

observing behaviors in the occupation probability to each stage of time. In a second moment,

it was studied of the diffusion dynamics, by "random walk" or random walkers, in square and

cubic netwares, in that were obtained potency laws for each dimension. Aspects as axial

dispersion and porosity were incorporate in the simulations, being noticed specific behaviors

for each case.

Keywords: Networks Models, Chromatography, Stochastic Modeling, Adsorption e

Diffusion.

Page 11: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

SUMÁRIO Resumo ................................................................................................................................ vi Abstract ................................................................................................................................ vii Sumário ................................................................................................................................ viii CAPÍTULO 1 – Introdução e objetivos ........................................................................... 3 1.1 - Introdução ................................................................................................................... 3 1.2 - Objetivos ..................................................................................................................... 5 CAPÍTULO 2 – Revisão bibliográfica ............................................................................. 6 2.1 - Modelos de rede e a teoria da percolação ................................................................... 6 2.2 - Modelos microscópicos aplicados a processos cromatográficos ................................ 10 2.3 - Modelos estocásticos e de redes no estudo dos fenômenos de adsorção e difusão ..... 11 CAPÍTULO 3 – Estudos de fenômenos de adsorção ...................................................... 13 3.1 - Princípios fundamentais da adsorção .......................................................................... 13

3.1.1 - Equilíbrio da adsorção .................................................................................... 14 3.1.1.1 - Adsorção química e adsorção física ................................................. 14

3.1.1.2 - Forças da adsorção ........................................................................... 15 3.1.1.3 - Energia da adsorção ......................................................................... 16 3.1.1.4 - Equilíbrio monocomponente ............................................................ 17 3.1.1.5 - Equilíbrio Multicomponente ............................................................ 20

3.1.2 - Cinética de adsorção ....................................................................................... 23 2.4.2.1 - Força motriz para difusão ................................................................ 24 2.4.2.2 - Mecanismos de difusão .................................................................... 25 a) Difusão através do filme externo à partícula ............................... 26 b) Difusão nos macroporos ............................................................. 27 c) Difusão nos microporos ............................................................. 28

3.2 - Adsorventes ................................................................................................................. 29 3.2.1 - Zeólitas ............................................................................................................ 30 3.2.2 - Zeólita Y ........................................................................................................... 31 3.3 - Modelagem estrutural e fenomenológica .................................................................... 32 3.3.1 - Concentração de moléculas como força motriz no cálculo da probabilidade de adsorção ............................................................................................................ 32 3.3.2 - Entropia como força motriz no cálculo da probabilidade de adsorção ............ 36 3.3.3 - Cálculo do limiar de percolação dos clusters ................................................... 38 CAPÍTULO 4 – Estudos de fenômenos de difusão ......................................................... 40 4.1 - Modelagem estrutural e fenomenológica .................................................................... 41 CAPÍTULO 5 – Resultados e discussões ......................................................................... 42 5.1 - Estudos dos fenômenos de adsorção ........................................................................... 42 5.1.1 - Probabilidade adsorção mediante concentração ............................................... 42 5.1.1.1 - Análise da distribuição espacial das moléculas adsorvidas ............... 48 5.1.2 - Probabilidade adsorção mediante entropia ....................................................... 51 5.1.2.1 - Análise da distribuição espacial das moléculas adsorvidas ............... 55 5.1.3 - Cálculo do limiar de percolação dos clusters ................................................... 56 5.1.3.1 - Análise da distribuição espacial das moléculas adsorvidas .............. 57

Page 12: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

5.1.3.2 - Análise da distribuição espacial das moléculas percoladas .............. 61 5.2 - Estudos de fenômenos de difusão ............................................................................... 67 CAPÍTULO 6 – Conclusões e trabalhos futuros ............................................................ 71 6.1 - Conclusões .................................................................................................................. 71 6.2 - Trabalhos futuros ........................................................................................................ 72 CAPITULO 7 – Referências Bibliográficas .................................................................... 73

Page 13: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

CAPÍTULO 1

1 – Introdução e objetivos

1.1 – Introdução

O interesse da indústria de fármacos e química fina no desenvolvimento de tecnologias

de separação cromatográficas, como a técnica em leito móvel simulado (“SMB – Simulated

Moving Bed”) tem crescido durante a última década (Juza et al., 2000, Nicoud, 1998, e

Francotte et al., 1988). Recentemente, novos processos cromatográficos, com separação

multicomponentes e aplicações de gradiente, têm surgido. A aplicação de técnicas

cromatográficas de separação tem possibilitado o desenvolvimento de processos contínuos

que levam a altas produtividades com baixo consumo de solvente se comparado aos processos

convencionais em batelado. Estas técnicas são de grande interesse no fracionamento de

sistemas moleculares com enantioseletividade, que são de difícil separação.

A cromatografia, por ser um método de separação, geralmente, considerada misturas

de compostos diluídos (Guiochon et al., 1994). Em muitos casos, a própria fase móvel não é

formada por um único solvente puro, mas uma mistura de compostos que se adsorvem

diferentemente com a fase estacionária. A concentração de equilíbrio de uma determinada

substância no meio, além de depender de sua concentração na fase móvel, também depende

da concentração das outras substâncias presentes. Em altas concentrações, as moléculas de

vários componentes da fase móvel e da alimentação competem pela adsorção na fase

estacionária, apresentando uma capacidade limite. Na cromatografia sólido-líquido, a

competição é proveniente da finita capacidade de adsorção da superfície do adsorvente.

Várias abordagens na modelagem de sistemas cromatográficos podem ser

consideradas a partir de dados experimentais de equilíbrio. O caso mais simples está

relacionado à condição de seletividades constantes, em que são utilizados modelos

termodinâmicos clássicos, como a bem conhecida equação multicomponente de Lagmuir.

Sendo assim, em muitos trabalhos em que as capacidades de saturação dos compostos não são

idênticas, observa-se correlações não satisfatórias com isotermas de adsorção que não

consideram esse tipo de condição.

A utilização de ferramentas de modelagem computacional na descrição de processos

biotecnológicos, como a cromatografia, é um passo concreto no desenvolvimento de sistemas

Page 14: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

de separação mais eficientes que podem levar a condições econômicas mais favoráveis.

Aplicações de métodos de modelagem microscópica, como a aplicação de recursos da

modelagem multi-partículas, como os métodos Monte-Carlo, são possibilidades promissoras

na compreensão dos mecanismos de separação a nível molecular. Com isso, novos conceitos a

respeito dos mecanismos de separação podem ser estabelecidos, o que seria uma contribuição

para a implementação e performance dos sistemas de separação.

O Prêmio de Nobel de Química de 2007 foi concedido ao alemão Gerhard Ertl, por

estudos revolucionários do campo da química de superfícies. Esta ciência é importante para a

indústria química e pode nos ajudar a compreender processos variados como porque o ferro

oxida, como as células combustíveis funcionam e como os catalisadores em nossos carros

operam. As reações químicas em superfícies catalíticas desempenham um papel vital em

muitas operações industriais, tais como a produção de fertilizantes artificiais.

A química de superfícies pode até mesmo explicar a destruição da camada de ozônio,

porque as etapas vitais na reação ocorrem realmente nas superfícies de pequenos cristais de

gelo na estratosfera. A indústria de semicondutores é outra área que depende dos

conhecimentos gerados pela química de superfícies.

Foi graças aos processos desenvolvidos na indústria de semicondutores que a moderna

ciência da química de superfícies começou a emergir nos anos 1960. Gerhard Ertl foi um dos

primeiros a enxergar o potencial dessas novas técnicas. Ele criou uma metodologia para a

química de superfícies demonstrando como diferentes procedimentos experimentais podem

ser usados para oferecer um quadro completo de uma reação de superfície.

Baseado neste propósito, o presente trabalho apresenta no capítulo 2 o levantamento

bibliográfico dos principais trabalhos e os aspectos fundamentais envolvidos na adsorção e

difusão. No capítulo 3 foram realizados estudos de fenômenos de adsorção, sendo dividido

em etapas, concentração das moléculas, cálculo da entropia e cálculo do limiar de percolação.

No capítulo 4 estudos do fenômeno de difusão foram realizados através da aplicação de

“random walks” ou passeadores aleatórios na percolação bidimensional. No capítulo 5 são

apresentados os resultados e discussões dos fenômenos de adsorção descritos no capítulo 3.

Também são apresentados os resultados do estudo do fenômeno de difusão descritos no

capítulo 4.

Page 15: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

1.2 – Objetivos

Neste trabalho, em um primeiro momento, foram estudados os fenômenos de adsorção

em superfícies adsorventes representadas por redes bidimensionais quadradas, tendo como

objetivo observar a relação estatística na determinação das isotermas de adsorção.

Em um segundo momento, foi estudada a dinâmica de difusão utilizando “random

walks” ou passeadores aleatórios em redes quadradas e cúbicas, sendo também verificados

aspectos de dispersão axial e porosidade da coluna cromatográfica.

Estas técnicas combinadas com rotinas estocásticas possibilitaram compreender os

fenômenos de superfície, sendo possível uma melhor análise dos fenômenos microscópicos

envolvidos com as isotermas de adsorção, tendo relação direta com o rendimento de

separação de materiais adsorventes utilizados em cromatografia.

Page 16: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

6

CAPÍTULO 2

2 – Revisão Bibliográfica

Neste capítulo é apresentado o levantamento bibliográfico dos principais trabalhos

abordando os aspectos fundamentais envolvidos na adsorção. Em seguida, uma descrição dos

adsorventes zeolíticos utilizados nos processos de adsorção é apresentada. Encerra-se o

capítulo com uma revisão das técnicas de medida difusivas.

2.1 – Modelos de rede e a teoria da percolação

Os modelos de rede podem ser aplicados com grande sucesso na modelagem

fenomenológica de materiais porosos, como matrizes cromatográficas, rochas de petróleo,

catalisadores heterogêneos etc, por providenciarem uma fácil representação e execução

matemática do sistema em questão Fig. (2.1). Os modelos de rede conseguem representar com

certo realismo o meio poroso, que é um sistema complexo de poros e gargantas, pela

manipulação de parâmetros topológicos e morfológicos do sistema. Os parâmetros

morfológicos são relacionados com o tamanho e a forma dos poros e os topológicos

relacionados à conectividade média, que é o número médio de vizinhos conectados a um

determinado poro.

Este campo da simulação está relacionado à modelagem microscópica do sistema, ou

seja, a cada poro (representado por um elemento da rede) da estrutura porosa é aplicado o

modelo fenomenológico em estudo, extraído o resultado global a partir da combinação dos

resultados dos elementos individuais conectados entre si. Nesta área é comum o uso de

modelos de rede bidimensionais que são modelos mais simples e que levam a um custo

computacional baixo. Os modelos de rede do tipo bethe, geralmente, são mais usados quando

se aplicam modelos matemáticos que necessitam de uma solução analítica aproximada, já que

este tipo de rede não permite loops entre um sítio e outro do sistema. No lattice bethe, cada nó

ou sítio da rede compartilha um número fixo de vizinhos que é determinado pelo número de

coordenação Fig. (2.1). Já os modelos tridimensionais são sistemas de maior realismo, porém

de maior complexidade, o que os tornam passíveis de consumirem um maior trabalho

computacional. Atualmente, existe uma tendência na utilização de modelos de rede

tridimensionais com abordagem de sítio-ligação, que é a introdução de mais um elemento

entre cada sítio da rede. Esta abordagem é mais realista, pois permite representar tanto as

Page 17: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

7

cavidades quanto os canais da estruturas. A tendência na utilização de modelos

tridimensionais deve-se a uma melhor representação da estrutura porosa em estudos e aos

adventos de tecnologias do hardware e software que tornaram os cálculos mais eficientes e

rápidos.

Diversas são as tendências quanto à utilização do tipo de modelo de rede usado e às

metodologias fenomenológicas aplicadas. A base da utilização dessa linha de pesquisa,

mesmo com as divergências quanto às diferentes formas de aplicação de metodologias,

sempre recai sobre os conceitos fundamentais de teoria da percolação, que está diretamente

ligada ao estudo de sistemas com algum grau de conectividade entre si.

Flory (1941) e Stockmayer (1943) foram os primeiros pesquisadores a contribuírem no

desenvolvimento de conceitos de percolação para descrever a forma com que pequenas

moléculas ramificadas reagem para formar grandes macromoléculas. Este processo de

polimerização pode levar à formação de gel, que consiste em uma rede de ligação química

que se estende por todo o sistema conectando cada molécula. Aplicando o modelo de rede do

tipo bethe, que é um modelo que permite somente um caminho entre dois pontos do sistema,

os autores desenvolveram uma teoria conhecida como teoria da percolação em Lattice Bethe.

Figura 2.1 – Exemplo de lattices. Lattice bethe (z=3) de dimensão infinita (A),

Lattice triangular bidimensional (B) e cúbico tridimensional (C).

A publicação de Broadbent et al., (1957) é considerada como o início da teoria da

percolação pela introdução do nome e ênfase matemática usando conceitos geométricos e

probabilísticos. Os autores trabalharam com o conceito de um fluido hipotético espalhando-se

através de um meio aleatório. Os termos fluidos e meio eram vistos de uma forma geral: um

fluido podia ser um líquido, vapor, fluxo de calor, corrente elétrica etc. O meio no qual o

(A)

(B) (C)

Page 18: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

8

fluido se disseminava podia ser o espaço poroso de uma rocha, um conjunto de árvores, uma

distribuição de regiões permeáveis em um fundo impermeável ou mesmo o universo.

A palavra percolação foi introduzida por Broadbent et al., (1957) para designar a

permeação de um fluido através de um meio qualquer. Pode-se dizer que um meio é percolado

por um fluido quando este consegue espalhar-se por todo o sistema, indo de uma extremidade

a outra. Em tal situação é dito que o sistema está aberto macroscopicamente a um

determinado fenômeno. Independentemente do que o nome possa sugerir, esta teoria não se

aplica apenas aos fenômenos em meios porosos, mas também a vários outros fenômenos que

se enquadram na abordagem de fase percolante e fase percolada. Uma boa revisão da

literatura a respeito dos conceitos da teoria da percolação pode ser encontrada em Stauffer et

al., (1992) e das aplicações em Sahimi (1994 e 1995).

A teoria da percolação baseia-se em duas abordagens: a percolação de sítio (site) e a

percolação de ligação (bond). Na percolação de sítio cada nó ou sítio do modelo de rede tem

uma probabilidade de ocupação p e uma probabilidade de não ocupação (1-p). Para uma

grande rede de N elementos isso implica remover do sistema N*(1-p) sítios. Vale lembrar que

dois sítios vizinhos são considerados conectados se ambos estão ocupados. A Fig. (2.2)

mostra uma representação em etapas crescentes de probabilidade de ocupação para o caso de

percolação de sítio ocupados um modelo de rede quadrada. Numa situação de escoamento de

fluido num meio impermeável os sítios ocupados desse modelo podem representar regiões de

alta permeabilidade do fluido enquanto os sítios ocupados desse modelo podem representar

regiões de alta permeabilidade do fluido enquanto os sítios não ocupados podem representar

as regiões impermeáveis, as quais não contribuem para o escoamento. Pode-se observar que

no caso de altas probabilidades de ocupação (caso c) o sistema apresenta uma maior

conectividade, o que favorece o escoamento através do lattice. Em probabilidade baixas (caso

a) as regiões impermeáveis formadas por sítios desocupados não permitem que o fluido escoe

através do lattice.

Um parâmetro importante nos processos de percolação é o tamanho e o número dos

clusters. Os clusters são aglomerados de sítios ou ligações isolados, ou seja, um grupo de

elementos aglomerados rodeados por elementos desocupados. Em sistemas bem grandes com

probabilidade p pequena o tamanho dos clusters formados é pequeno (caso a, s=2). Ao

contrário, aplicando probabilidade de ocupação alta, perto de 1, o sistema tende a formar um

cluster de tamanho “infinito” com formação de poucos e pequenos buracos. Em um valor bem

definido de probabilidade existe uma transição da estrutura topológica da rede; este valor é

chamado limiar de percolação de sítio, Pes. Esta é a mínima probabilidade na qual se forma

Page 19: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

9

um cluster de sítios que percola todo o sistema, formando pelo menos um caminho que liga

uma extremidade à outra do lattice.

Figura 2.2 – Exemplo de percolação de sítio numa rede quadrada.

No caso da percolação de ligação, os mesmo conceitos são válidos, deferindo somente

no tipo de elemento considerado na rede, que é a ligação entre cada sítio. Neste caso, cada

ligação entre sítios da rede possui uma probabilidade p de ser ocupada e (1-p) de não ser

ocupada. Deve-se lembrar aqui que duas ligações vizinhas são conectadas se ambas estão

ocupadas. Similar à percolação de sítio existe também um limiar de percolação de ligação Pes,

que é a probabilidade mínima de ocupação de ligação a qual forma um cluster de ligação que

percola todo o sistema, formando pelo menos um caminho ligando uma extremidade à outra

do lattice.

Os limiares de percolação de sítio e ligação variam de acordo com o lattice

empregado. Estes valores de limiar são de difícil obtenção e possuem soluções exatas somente

nos casos de rede bethe e de alguns lattices bidimensionais Tabela 2.1. Para lattice bethe,

Fischer et al., (1961) mostraram que:

1

1

−==

zpp eses (2.1)

Em que z é o número de coordenação do lattice, que é o número de ligações

conectadas ao mesmo sítio.

Page 20: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

10

Tabela 2.1 – Valores de limiar de percolação de sítio (pes) e ligações (pcb) extraídos de Stauffer e Antony (1992).

Lattice pes pcb

Honeycomb 0,6962 0,65271 Quadrada 0,592746 0,50000 Triangular 0,500000 0,34729 Diamante 0,43 0,388 Cúbico simples 0,3116 0,2488 Cúbico centrado no corpo 0,246 0,1803 Cúbico centrado na fase 0,198 0,119 Hipercúbico, d=4 0,197 0,1601 Hipercúbico, d=5 0,141 0,1182 Hipercúbico, d=6 0,107 0,0942 Hipercúbico, d=7 0,089 0,0787

2.2 – Modelos microscópicos aplicados a processos cromatográficos

Embora a estrutura porosa desempenhe um papel fundamental no resultado global de

fenomenologias de diferentes naturezas (Guisnet et al., 1997, Andrade et al., 2001 e 2004), na

área de cromatografia, a aplicação desse tipo de modelagem não é muito difundida, não sendo

observados trabalhos envolvidos com processos de separação em leito móvel simulado.

A representação do meio poroso em estudo pode ser feita seguindo diferentes arranjos,

de acordo com o objetivo do trabalho. No trabalho de Loh et al., (2003), os autores estudam a

dispersão hidrodinâmica de colunas cromatográficas mediante aplicação de redes cúbicas,

representando a coluna de adsorção de acordo com a Fig. (2.3), a seguir. Eles estudaram os

efeitos da distribuição de tamanhos e interconecitivdade de poros, observando um efeito mais

significativo desse último na dispersão em uma ampla faixa de números de Peclet.

Figura 2.3 – Esquema de uma coluna cromatográfica representada por um modelo de rede (Loh et al., 2003).

A aplicação de modelos de rede bidimensionais em sistemas cromatográficos foi

realizada por Andrade et al., (1991 a, 1991 b), que estudaram fenômenos de difusão e

Page 21: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

11

adsorção. Em um trabalho prévio, (Andrade et al., 1991 a), foram estudadas as interações

específicas entre os fenômenos de difusão e adsorção em redes capilares aleatoriamente

geradas, visando retratar aspectos diversos da morfologia porosa no interior do pellet. Foi

observado um forte efeito estrutural sobre a dispersividade macroscópica do sistema

cromatográfico representado. Este fato pode ser decisivo no design para a síntese ou na

seleção das partículas do adsorvente que constituirão o recheio poroso da coluna a ser

utilizada na separação. Em Andrade et al., (1991 b), uma maior ênfase é dada ao efeito

topológico do espaço poroso intraparticular atuando sobre a resolução cromatográfica do leito

empacotado. Desta forma, pode-se verificar o efeito da conectividade da malha sobre a

resposta dinâmica do sistema e, de forma indireta, a influência dos poros terminais

randomicamente gerados. Anomalias severas com relação à dispersividade no ponto crítico

percolativo foram observados, indicando a existência de estrutura porosas adversas à

performance do processo de separação.

Recentemente, trabalhos como o de Bryntesson (2002), têm mostrado a potencialidade

da aplicação de modelos de rede na obtenção de parâmetros estruturais, tais como distribuição

de tamanho de poro e conectividade da rede, sendo possível determinar a partir dessas

informações dados de difusividade. No trabalho de Geng et al., (2004), os autores

constataram, através da utilização de uma rede cúbica na representação da coluna, uma forte

influência da conectividade do meio e da distribuição de tamanhos de poros nos resultados de

transporte de soluto através da coluna.

2.3 – Modelos Estocásticos e de rede no estudo dos fenômenos de adsorção e difusão

A combinação de métodos estocásticos, como o Monte Carlo, com modelos de rede

tem se mostrado eficaz no estudo de muitos sistemas, como por exemplo, os processos

envolvendo adsorção (Câmara et al., 2004; Cabral et al., 2003 e Grabowski et al., 2002).

Aplicações de modelos de rede no estudo de processos de separação cromatográfico

têm sido realizada, o que pode ser constatado através da literatura (Meyers et al., 1998 e 1999;

Meyer et al., 2001 a e 2001 b; Kier et al., 2000; Loh et al, 2003; Geng et al., 2004;

Bryntesson, 2002; Loh et al., 1995 e Grimes et al., 2000). No trabalho de Kier et al, (2000),

um modelo de rede bidimensional quadrado foi aplicado na representação de uma coluna

cromatográfica utilizando a abordagem da modelagem celular automata. Neste, tanto o

movimento das partículas quanto as diferentes interações estavam condicionadas a

probabilidade definidas arbitrariamente. Loh et al., (2003), aplicaram um modelo de rede

Page 22: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

12

cúbica de poros cilíndricos interconectados no estudo de sistemas cromatográficos de

perfusão. Aspectos topológicos e morfológicos, como conectividade e distribuição de

tamanho de poros, foram analisados, verificando, em ambos os casos, uma forte dependência

destes sobre os fenômenos estudados. Em Geng et al., (2004) a estrutura porosa da coluna foi

modelada através de três diferentes distribuições de tamanho de poros do tipo gaussianas,

representando os macro-poros, os micro-poros e os poros intersticiais. Um modelo de rede

cúbica também foi utilizado por Bryntesson, (2002) na determinação de difusividades nos

estados transiente e permanente através de balanços de massa nos poros. Estes parâmetros

tornavam-se divergentes em estruturas porosas com baixa conectividade. No trabalho de Loh

et al., (1995), um modelo de rede cúbica, similar ao utilizado por Loh et al., (2003), foi

aplicado na determinação das distribuições de tamanho de poros, através de correlações entre

as simulações e dados experimentais de intrusão de mercúrio no meio poroso. Constatou-se

que a fase estacionária porosa, utilizada em processos cromatográficos de perfusão, é formada

por uma distribuição bimodal de poros, consistindo de macroporos (diâmetros de poros na

orde de 1000 Ǻ) e microporos (diâmetros de poros na ordem de 100 Ǻ). A utilização de

modelos de rede cúbicas pode ser constatada através de outros trabalhos (Meyer et al., 1998 e

1999; Meyer et al, 2001 a e 2001 b e Grimes et al., 2000). Nos trabalhos de Meyer et al.,

(1998 e 1999), foram analisados aspectos conectivos e difusivos em colunas cromatográficas

através do estudo dos efeitos da velocidade intersticial e da difusividade do soluto. Os

resultados mostraram que a velocidade intersticial é muitas vezes maior que a velocidade de

difusão de soluto. Estas quantidades aumentavam com o aumento da conectividade da

estrutura, apresentando esta última um papel muito importante sobre os fenômenos de

transporte no meio poroso da coluna. Em Meyer et al., (2001 b), correlações com dados

experimentais de adsorção de nitrogênio no meio poroso da coluna foram realizados a fim de

se determinar parâmetros estruturais como conectividade e distribuição de tamanho dos poros

e distribuição espacial destes. Foi constatado que o diâmetro médio de poros e a

conectividade são reduzidos em condições de deposição no material adsorvente, aumentando

a resistência à transferência de massa. Perfis dinâmicos da difusão de β-galactosidase, obtidos

mediante a aplicação de um modelo de rede tridimensional em um modelo de adsorção

dinâmico, foram obtidos em Meyer et al., (2001 a). Os autores verificaram que o coeficiente

de difusão é influenciado pela velocidade superficial do fluido na coluna, pelo diâmetro da

partícula adsorvente e pela conectividade da estrutura de poros desta última. Foi observado

que a capacidade de adsorção da coluna aumentava com o aumento da conectividade e

diminuição do tamanho de partícula e da velocidade superficial do fluido.

Page 23: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

13

CAPÍTULO 3

3 – Estudos de fenômenos de adsorção

Neste capítulo, foram estudados fenômenos de adsorção em superfícies adsorventes

representadas por redes bidimensionais quadradas, tendo como objetivo observar a relação

estatística na determinação das isotermas de adsorção.

3.1 – Princípios fundamentais da adsorção

Há mais de um século o estudo da difusão de gases e líquidos em sólidos vem sendo

pesquisado, porém, nos últimos anos é que a dinâmica de adsorção e difusão de líquidos em

meios porosos despertou um enorme interesse (Van Well et al., (1999); Boulicaut et al.,

(1998); Choudhary et al., (1997); Sun et al., (1996). Os estudos de difusão em cristais

zeolíticos apresentam grande importância nos processos de separação por adsorção,

considerando-se o crescimento das aplicações das zeólitas comerciais. Nestes processos, o

comportamento dinâmico dos leitos adsorventes é determinado pela difusividade

intracristalina e para o projeto e otimização de tais processos, conhecimentos detalhados do

equilíbrio e cinética de adsorção das fases envolvidas são requeridos.

Descreve-se por adsorção o fenômeno de interface ao qual, moléculas de uma fase

fluida, gás ou líquido, tendem a aderir em uma superfície sólida. Esta migração é a

propriedade fundamental da adsorção e tem sua origem relacionada principalmente a um

desequilíbrio de forças superficiais existentes no adsorvente. Através de um campo de força

resultante criado ao redor da superfície, tem-se a atração das moléculas do fluido em contato

com a superfície por certo tempo, este definido como tempo de retenção. De acordo com

Cavalcante Jr. et al., (1998) o tempo de retenção da partícula sobre a superfície é função

direta da energia com a qual esta partícula está sendo retida, ou seja, a energia de adsorção

determina a força com a qual uma molécula é adsorvida em relação a outras moléculas no

campo de forças.

A transferência de massa entre a fase fluida e a superfície sólida é fortemente

influenciada pela estrutura do meio poroso e pela estrutura das moléculas da fase fluida,

sendo uma representação esquemática do processo de adsorção apresentada na Fig. (3.1).

Page 24: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

14

Figura 3.1 – Representação esquemática do processo de adsorção.

3.1.1 – Equilíbrio da adsorção

Quando um fluido com uma certa composição química entra em contato com um meio

sólido adsorvente, ocorre a adsorção na superfície do mesmo de uma ou mais espécies

químicas denominadas sorbato, e após um tempo suficientemente longo, o equilíbrio entre os

dois meios é atingido. No equilíbrio, a quantidade de um certo sorbato adsorvido por um

sólido poroso será tanto maior quanto maior for a área interfacial do adsorvente, sendo o

processo de adsorção função das variáveis pressão e temperatura e dos efeitos de transferência

de massa envolvidos no sistema sorbato-adsorvente. Nesta seção serão enfatizados os efeitos

e propriedades termodinâmicas que conduzem ao equilíbrio de adsorção.

3.1.1.1 – Adsorção química e adsorção física

A adsorção pode ser química ou física. Na adsorção química, ou quimissorção, há

formação de uma união química entre a molécula de sorbato e a superfície do adsorvente,

conduzindo à formação de um composto químico de superfície. Neste tipo de adsorção forma-

se uma única camada de substância adsorvida na superfície do adsorvente. O calor de

adsorção é da mesma ordem de grandeza do calor de reação. Por sua vez, na adsorção física,

ou fisissorção, não há a formação de ligações químicas. O fenômeno é envolvido somente por

forças intermoleculares relativamente fracas, sem que haja alteração química das moléculas

Page 25: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

15

adsorvidas e com calor de adsorção pequeno, da mesma ordem de grandeza do calor de

condensação. Para este tipo de adsorção pode-se ter várias camadas de moléculas adsorvidas.

Uma diferenciação das características entre os dois fenômenos é apresentada na

Tabela 3.1 (Ruthven, 1997).

Tabela 3.1 – Parâmetros da adsorção física e adsorção química (Ruthven, 1997).

Parâmetros Adsorção Química Adsorção Física

Calor de adsorção (∆H) Baixo, menor que 1 – 5 vezes o calor latente de vaporização.

Alto, maior que 1 – 5 vezes o calor latente de vaporização.

Especificidade Não específico. Altamente específico.

Natureza da fase adsorvida Monocamada ou multicamada; sem dissociação das espécies adsorvidas.

Somente monocamada; pode ocorrer dissociação das espécies adsorvidas.

Faixa de temperatura Significante somente a temperaturas relativamente baixas.

Possível em uma gama extensa de temperaturas.

Forças de adsorção Sem transferência de elétrons, embora possa ocorrer a polarização do sorbato.

Com transferência de elétrons e formação de ligações químicas entre o sorbato e a superfície.

Reversibilidade Rápida, não ativada, reversível. Ativada, pode ser lenta e irreversível.

A adsorção física representa o fenômeno da maioria dos processos de separação. Este

princípio também é observado na adsorção de hidrocarbonetos, onde, por não ocorrer a

transferência de elétrons entre o sorbato e a superfície e nem a dissociação das espécies

adsorvidas, o processo torna-se unicamente representado pelo fenômeno de adsorção física.

Os modelos de adsorção física dependem fundamentalmente da temperatura, e em

geral a elevação de temperatura provoca diminuição da capacidade de adsorção, devido ao

aumento de entropia na camada do adsorvente, ocasionado pela dessorção do sorbato (Nassar

et al., 1997).

3.1.1.2 – Forças da adsorção

Uma partícula na superfície de um sólido poroso encontra-se em desequilíbrio quando

há existência de uma resultante de forças atuando sobre a mesma. Esta resultante é a

responsável pela interação entre as moléculas do sorbato e a superfície do sólido,

promovendo, desta forma, o fenômeno de adsorção. As forças de adsorção envolvidas

dependem diretamente da natureza tanto do sólido como do sorbato e podem ser classificadas

em três tipos:

� Forças Van der Waals (dispersão e repulsão);

Page 26: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

16

� Forças eletrostáticas (polarização e as interações dipolo e quadrupolo);

� Forças de interação sorbato-sorbato.

De acordo com Cavalcante Jr. et al., (1998), a contribuição de forças tipo Van der

Waals está sempre presente, enquanto as contribuições eletrostáticas e de interação entre as

moléculas do sorbato dependerão do sistema adsorvente/sorbato.

As forças de dispersão, também chamadas de forças de London pertencem ao grupo

das forças de Van der Waals e são geralmente muito fracas. Estas forças, baseadas na teoria

da mecânica quântica, foram desenvolvidas em 1930 por Fritz London. Resultam de uma

polarização momentânea induzida por flutuações rápidas na densidade eletrônica das

moléculas vizinhas. Também pertencentes ao grupo das forças de Van der Waals, as forças

repulsivas refletem o tamanho finito das moléculas do sorbato. A interpenetração das nuvens

eletrônicas é efetivamente proibida pela energia de interação repulsiva (Gonçalves, 2001).

Forças eletrostáticas somente atuam na presença de adsorventes que possuam estrutura

iônica, tais como as zeólitas. As interações eletrostáticas, representadas pela polarização,

campo dipolo e campo quadrupolo, geram contribuições adicionais à energia de adsorção,

devido ao campo elétrico que é promovido na superfície dos adsorventes iônicos. Estas

interações permitem a utilização de materiais sólidos específicos como adsorventes altamente

seletivos a determinadas espécies químicas, combinando, para a separação de componentes

em misturas complexas, o fenômeno de adsorção física com outros, como o de peneira

molecular e a utilização de sítios iônicos.

As forças de interação sorbato-sorbato são mínimas para sistemas de adsorção com

baixas concentrações de sorbato.

3.1.1.3 – Energia da adsorção

As forças de adsorção atuantes no sistema liberam uma certa quantidade de calor, que

corresponde à diferença de entalpia entre a fase fluida e a fase adsorvida. A relação entre a

constante de equilíbrio K e a temperatura T, representada pela equação de Van’t Hoff, permite

uma estimativa da energia de adsorção:

2

ln

RT

H

T

K ∆=

∂∂

(3.1)

Page 27: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

17

Considerando ∆H independente da temperatura:

teconsRT

HK tanln +∆−= (3.2)

Que pode ser expressa da seguinte forma:

RT

H

eKK∆

−= 0 (3.3)

Para o estudo de sistemas de adsorção a diferentes temperaturas, a Equação (3.3)

permite criar um gráfico de lnK versus 1/T, através do qual, obtém-se a energia gerada pelo

processo de adsorção. Citado por Cavalcante Jr. et al., (1998), a adsorção em zeólitas é, em

geral, um processo exotérmico e a entalpia de adsorção, geralmente negativa, dá uma medida

direta da natureza da ligação entre o sorbato e os canais e cavidades das zeólitas. Em um

sistema exotérmico, o aumento da temperatura resulta em um decréscimo da constante de

equilíbrio.

3.1.1.4 – Equilíbrio monocomponente

A representação da dinâmica de adsorção de um processo de difusão utilizando sólidos

porosos pode ser caracterizada de duas formas; através do equilíbrio de adsorção

monocomponente e por meio do equilíbrio de adsorção multicomponente, de acordo com a

quantidade de sorbatos.

O equilíbrio de adsorção monocomponente ocorre devido ao contato entre um sorbato

e um adsorvente sólido, a uma dada temperatura e pressão, estabelecendo desta forma uma

relação de equilíbrio entre a quantidade de sorbato adsorvido no sólido e a concentração ou

pressão parcial do sorbato na fase fluida. A representação destes dados de equilíbrio,

normalmente ocorre na forma de isotermas. A relação mais simples é representada por uma

isoterma linear. De acordo com Ruthven et al., (1994), a relação de equilíbrio entre a

quantidade de sorbato adsorvida no sólido e sua concentração no fluido em sistemas zeolíticos

é altamente não linear, exceto para baixas concentrações, onde o comportamento do sistema

se aproxima da região da Lei de Henry. Como apresentado por Gonçalves (2001), a adsorção

de moléculas sobre uma superfície uniforme em concentrações suficientemente baixas, de tal

Page 28: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

18

forma que todas as espécies estejam isoladas umas das outras, estabelecerá uma relação de

equilíbrio linear, identificando, desta forma, uma região governada pela Lei de Henry. Esta

região é expressa da seguinte forma:

KCq = (3.4)

Onde q, representando a concentração de sorbato na fase adsorvida, é diretamente

proporcional à concentração de sorbato na fase fluida, C. A constante de proporcionalidade K,

conhecida como constante de Henry, é dependente da temperatura e obedece à equação de

Van’t Hoff.

A Lei de Henry é muito útil para estimativa de entalpias de adsorção a baixas

concentrações, entretanto, torna-se limitada para concentrações de fase fluida mais alta. Neste

caso, a concentração no sólido subiria continuamente, não obedecendo a um comportamento

real.

Para concentrações mais elevadas na fase adsorvida, Brunauer et al., (1940)

apresentaram uma classificação qualitativa das isotermas de adsorção física, ilustradas na Fig.

(3.2).

Figura 3.2 – Classificação das isotermas de Brunauer (1940)

A isoterma representada pelo tipo I é a mais comum. Sua configuração é característica

de adsorventes microporosos devido ao tamanho dos poros do sólido, os quais não são muito

maiores que o diâmetro molecular do sorbato. Com estes adsorventes há um limite de

saturação devido ao total preenchimento do poro por uma única molécula de adsorbato.

Choudhary et al., (2000) apresentam isotermas de adsorção para o benzeno, tolueno e

p-xileno a diferentes temperaturas, com as curvas obedecendo a um comportamento

isotérmico do tipo I.

Page 29: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

19

As isotermas dos tipos II e III resultam de adsorventes nos quais há uma extensa

variação de tamanhos de poros. Esta variação permite ao adsorvente a capacitação de avançar

de forma contínua de uma adsorção monocamada para multicamada, seguida de condensação

capilar.

A formação de duas camadas superficiais adsorvidas é caracterizada pela isoterma do

tipo IV, onde uma camada encontra-se sobre a superfície plana e a outra nas paredes de um

poro cujo diâmetro é muito maior que o diâmetro molecular do sorbato. Nguyen et al., (1998)

mostram, para a adsorção do benzeno e etanol em mesoporos, uma mudança nas isotermas do

tipo I para o tipo IV. Esta mudança é caracterizada pelo aumento no diâmetro dos poros

adsorventes.

Caso os efeitos de atração intermolecular sejam grandes, ou seja, as atrações entre as

moléculas adsorvidas são mais fortes que as interações sorbato-superfície, uma curva

isotérmica do tipo V é observada.

Em várias ocasiões foram propostas, a partir de mecanismos de adsorção, expressões

matemáticas que se ajustassem às distintas curvas isotérmicas experimentais. O tratamento

quantitativo formulado por Langmuir (1918) descreve o processo de adsorção correspondente

a uma isoterma do tipo I.

Desenvolvido para reproduzir o comportamento de uma adsorção monocamada em

uma superfície, Langmuir assume a adsorção de moléculas sob um número fixo bem definido

e localizado de sítios, todos energeticamente equivalentes, com capacidade de adsorver

apenas uma molécula de cada vez, e sem que esta interaja com as demais adsorvidas pelos

sítios vizinhos, o que equivale a considerar o mesmo calor de adsorção para todos os centros

ativos da superfície.

Para indicar a fração de cobertura na superfície do adsorvente, a qual é relacionada

pela concentração na fase adsorvida, q, e concentração na fase adsorvida na saturação, qs,

Langmuir propõe a seguinte expressão:

bC

bC

q

q

s +=

1 (3.5)

Quando a concentração de sorbato se torna baixa, a expressão reduz-se a Lei de Henry.

Desta forma:

Page 30: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

20

KbqC

qs

c==

→0

lim (3.6)

onde K, como no modelo da isoterma linear, representa a constante de equilíbrio da Lei de

Henry.

O modelo BET (Brunauer-Emmett-Teller) apresentado por Brunauer et al., (1940),

adota o mecanismo de Langmuir, porém, introduzindo algumas simplificações e suposições

para representar a adsorção em multicamadas. De acordo com Cavalcante Jr. et al., (1998),

cada molécula da primeira camada fornece um “sítio” para as camadas subseqüentes; as

moléculas da segunda camada em diante, que se encontram em contato com outras moléculas,

comportam-se essencialmente como líquido saturado; a entalpia da primeira camada é a

entalpia de adsorção; a entalpia das camadas subseqüentes é considerada igual à própria

entalpia de vaporização do sorbato.

O modelo BET foi originalmente apresentado para descrever as isotermas do tipo II.

Contudo, com valores apropriados dos parâmetros, o modelo pode representar os demais tipos

de isotermas de adsorção física. A expressão que descreve o processo de adsorção para as

isotermas é apresentada pela Equação (3.7):

+−

=

sss

s

m

p

bp

p

p

p

p

p

pb

q

q

11

(3.7)

Onde qm a representa a cobertura da primeira camada, b a constante de equilíbrio de

adsorção e ps a pressão de saturação do sorbato na temperatura do sistema. Este modelo tem

sido freqüentemente utilizado para determinação da área específica de meios porosos, pelo

acompanhamento da adsorção de nitrogênio líquido sob condições controladas.

Outros modelos de adsorção monocomponente, como Freundlich, Radke-Prausnitz,

Sips e Tóth, podem ser encontrados na literatura (Suzuki, 1990 e Ruthven et al., 1984).

3.1.1.5 – Equilíbrio Multicomponente

Quando dois ou mais sorbatos existem em um sistema com a possibilidade de ocupar a

mesma superfície adsorvente, a adsorção apresenta-se como multicomponente, tornando as

Page 31: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

21

isotermas mais complexas. Neste caso, as interações que ocorrem entre as diferentes espécies

de sorbato existentes na fase fluida são de fundamental importância.

Entretanto, devido à dificuldade de se obter dados experimentais, mesmo para

sistemas multicompostos mais simples, as informações necessárias sobre o equilíbrio

multicomponente são na grande maioria dos casos, conseguidos a partir de isotermas

monocomponentes (Chiang et al., 1996).

Para estender a análise de dois ou mais componentes difundindo em zeólitas, alguns

modelos são apresentados.

Uma extensão do modelo de Langmuir extrapolado para o sistema de dois

componentes é dada pelas Equações (3.8) e (3.9), apresentado por Suzuki (1990):

2211

11011 1 pKpK

pKqq

++= (3.8)

2211

22022 1 pKpK

pKqq

++= (3.9)

Estas equações possibilitam uma estimativa rápida das relações de equilíbrio de

adsorção multicomponente dos parâmetros de Langmuir determinados da curva isotérmica de

cada componente e somente são termodinamicamente consistentes quando a concentração de

saturação da monocamada for idêntica para cada componente adsorvido, ou seja, q01 = q02.

A extensão do modelo de Langmuir é considerada como a mais simples por assumir a

não interação entre as moléculas adsorvidas. É geralmente usada na modelagem de processos

de adsorção pela sua simplicidade e facilidade de incorporar aos complexos modelos

propostos para representar os processos industriais (Cavalcante Jr. et al., 1998).

Das equações acima, segue que o fator de separação para uma mistura de dois

componentes pode ser dado diretamente pela relação das constantes de equilíbrio:

2

1

2

1

2

1

12 b

b

y

yx

x

a == (3.10)

Podendo ainda ser estendida para uma combinação arbitrária de componentes:

Page 32: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

22

j

ikjiKij b

baaa == (3.11)

Um método mais seguro para estimar o comportamento do equilíbrio de adsorção de

um sistema multicomponente a partir dos dados de equilíbrio monocomponente, é a Teoria da

Solução Adsorvida Ideal (IAST), proposto por Myers et al., (1965). A partir da isoterma de

adsorção monocomponente de Gibbs, uma integração é feita para encontrar a relação entre a

pressão de espalhamento, п, e a quantidade adsorvida, qi, ilustrado por Cavalcante Jr. et al.,

(1998):

( )∫=0

0

0ip

i p

dppq

RT

Aβ (3.12)

Para pressão constante:

BBAA ydqydqRT

Adlnln +=β

(3.13)

Para uma fase adsorvida termodinamicamente ideal, a pressão parcial, pi, a uma dada

pressão de espalhamento, п, pode ser escrita na forma:

( ) Pyxpp iiii == β0 (3.14)

Podemos então representar o conjunto de equações para um sistema binário:

( ) ( ) 0000BBBAAA pp ββ =Ψ=Ψ= (3.15)

AAAA xpPyp 0== (3.16)

BBBA xpPyp 0== (3.17)

1=+ BA yy (3.18)

1=+ BA xx (3.19)

Page 33: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

23

Uma aplicação do método IAST é apresentada por Hu et al., (1992), através de uma

análise teórica e experimental da dinâmica de adsorção multicomponente para o cálculo do

equilíbrio de adsorção multicomponente de hidrocarbonetos.

Outro método, apresentado por Krishna (1990), mostra uma descrição da difusão de

superfície multicomponente baseada nas equações generalizadas de Maxwell – Stefan. Esta

aproximação oferece uma metodologia para predizer o comportamento da transferência de

massa multicomponente baseado nas informações da transferência de massa

monocomponente.

Entretanto, Buarque et al., (1998) enfatizam que ainda não há um método de

aplicabilidade universal para o equilíbrio de adsorção multicomponente, sendo este fato um

dos maiores obstáculos ao desenvolvimento de métodos aprimorados de projeto de processos

de adsorção. Deste modo, o entendimento mais aprofundado da termodinâmica da adsorção

multicomponente não se torna importante apenas pelo seu caráter científico, mas porque é

indispensável para o desenvolvimento de novas e mais eficientes tecnologias nas indústrias

químicas e petroquímicas.

Desta forma, um fator relevante para a obtenção de resultados satisfatórios é a escolha

das isotermas monocomponentes corretas. Na predição de dados multicomponentes, isotermas

monocomponentes inadequadas ou mesmo imprecisas são normalmente as causas de erros

significativos (Buarque et al., 1998). A predição do equilíbrio de adsorção multicomponente

afeta de maneira significativa os modelos preditivos de cinética de adsorção e qualquer erro

nesta predição pode causar uma grande inexatidão na predição dinâmica do sistema (Hu e Do,

1992).

3.1.2 – Cinética de adsorção

A cinética de adsorção detalha as resistências oferecidas à transferência de massa na

partícula do adsorvente desde a fase líquida externa até nas regiões microporosas do

adsorvente, onde para cada resistência, há um mecanismo distinto de difusão. Inicialmente,

alguns fundamentos correlacionando o fluxo difusivo com as propriedades do meio são

mencionados.

Page 34: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

24

3.1.2.1 – Força motriz para difusão

Os conceitos iniciais de difusão partiram dos estudos de Adolf Fick. Em meados do

século XVIII, Fick estabeleceu que a difusão mássica poderia ser representada por uma

relação análoga à Lei de Fourier da condução de calor.

Partindo deste princípio, a primeira definição imposta ao fluxo difusivo em um

sistema de adsorção, conhecida como a Primeira Lei da Difusão de Fick, estabelecia o

fenômeno como resultante de um gradiente de concentração (Kärger and Ruthven, 1992):

cDJ ∇−= (3.20)

Como continuidade, estudos provaram que a força motriz para difusão era

caracterizada não exclusivamente pelo gradiente de concentração, mas principalmente pelo

gradiente de potencial químico das espécies adsorvidas. Enquanto a Eq. (3.20) indica que as

forças de difusão ocorrem devido a um gradiente de concentração, pode-se afirmar que, desde

que a difusão é uma manifestação da tendência de sistemas atingirem um equilíbrio

termodinâmico, as forças atuam em termos de um gradiente de potencial químico:

xBJ c ∂

∂−= µ (3.21)

Com o potencial químico sendo expresso da seguinte forma:

aRTln0 += µµ (3.22)

A partir de um balanço matemático, a relação entre a mobilidade molecular e a

difusividade fickiana pode ser facilmente derivada assumindo equilíbrio entre a fase adsorvida

e a fase vapor ideal, a = p:

( ) ( )cd

pdcD

cd

pdRTBcD c ln

ln

ln

ln0== (3.23)

onde BcRT representa a difusividade corrigida, D0(c). Quando um sistema apresenta um

comportamento governado pela Lei de Henry, o termo dlnp/dlnc, conhecido como fator de

Page 35: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

25

Darken, apresentado por Darken (1948) no artigo “Diffusion, Mobility and Their Interrelation

through Free Energy in Binary Metallic Systems”, citado por Duncan (2001), se torna

unitário, e as difusividades fickiana e corrigida, D e D0, tornam-se idênticas. De acordo com

Ruthven (1994), para sistemas binários em fase líquida, a dependência da concentração para

D0 é menos pronunciada que para D, mas é, apesar disto, significante para muitos sistemas.

As difusividades de transporte, D e D0, são resultantes de um gradiente de

concentração ou potencial químico, enquanto a difusividade intrínseca, D*, resulta do

movimento molecular browniano. A relação entre as duas configurações é apresentada, de

acordo com Duncan (2001), pela Eq. (3.24):

( )( )

( )( )

+= c

c

c

cd

pd

cD

cD

αβ

1ln

ln*

(3.24)

onde α e β são coeficientes fenomenológicos e representam as interações sorbato-adsorvente e

sorbato-sorbato, respectivamente. Para baixas concentrações de sorbato, onde a isoterma de

adsorção é linear e as interações sorbato-sorbato são mínimas, espera-se que a difusividade de

transporte seja diretamente comparável à difusividade intrínseca.

Desta forma, as difusividades de transporte e a difusividade intrínseca tornam-se

independentes da concentração e com coeficientes de difusão iguais, ou seja, D = D0 = D*.

3.1.2.2 – Mecanismos de difusão

Os mecanismos de difusão são controlados por um conjunto de resistências oferecidas

à transferência de massa na partícula adsorvente. Na Fig. (3.3), adaptada de Ruthven (1994), é

ilustrado o conjunto destas resistências.

De acordo com a figura, a série de resistências é caracterizada por: resistência no filme

externo à partícula, resistência à difusão intercristalina (macroporos) e resistência à difusão

intracristalina (microporos). De acordo com o sistema, cada resistência atua com uma

intensidade diferente, podendo ocorrer uma combinação entre as resistências, bem como a

atuação predominante de uma em relação às demais. Se ambas as resistências forem

significantes, pode não ser fácil determinar a importância relativa de cada uma embora, em

princípio, isto pode ser estabelecido variando as características do sistema particular.

Page 36: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

26

Figura 3.3 – Diagrama esquemático de um pellet de adsorvente mostrando

as três principais resistências para a transferência de massa (Ruthven, 1994).

a) Difusão através do filme externo à partícula

O contato entre o solvente e a partícula sólida estabelece a formação de um filme

fluido ao redor da partícula, ocasionando desta forma, uma resistência à transferência de

massa. Este filme é regido pelas condições hidrodinâmicas do sistema, fator determinante

quanto à espessura da camada laminar envolvente à partícula do adsorvente. A Eq. (3.25)

expressa a resistência do filme:

( )*ccakdt

dqf −= (3.25)

A variação do coeficiente de transferência de massa com as condições hidrodinâmicas

geralmente é considerada em termos de correlações empíricas de forma geral:

( )cem

pf SRfD

RkSh ,

2=≡ (3.26)

Baseada na correlação de Wilson e Geankoplis (1966), a Eq. (2.28) é aplicada para

baixos números de Reynolds em sistemas líquidos:

( )3

1

31 209,109,1

=≈

m

pce D

vRSRSh

εεε

(3.27)

Page 37: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

27

A pequena espessura de filme fluido formado externamente à partícula adsorvente

implica em uma resistência à transferência de massa na maioria das vezes desprezível.

b) Difusão nos macroporos

A difusão nos macroporos sofre a influência de quatro distintos mecanismos de

transporte. São eles: difusão molecular, difusão de Knudsen, difusão na superfície e fluxo

Poiseuille.

A difusão molecular prevalece na presença de poros grandes. Isto se deve ao fato de o

diâmetro do poro ser grande comparado ao caminho livre médio das moléculas, exercendo

deste modo uma resistência formada somente pela colisão entre as próprias moléculas

difusionantes. Geralmente este mecanismo é dominante em sistemas líquidos.

Com a diminuição do diâmetro dos poros, há uma acentuação da difusão de Knudsen.

Esta difusão é caracterizada pela predominância de colisões das moléculas com as paredes do

poro. A difusão de Knudsen, DK, é independente da pressão, sofrendo pequenas variações

apenas com a temperatura:

21

9700

=M

TDK ρ (3.28)

onde ρ representa do raio do poro, T a temperatura e M o peso molecular da espécie difusiva.

O transporte de moléculas através do filme adsorvido na superfície dos macroporos

caracteriza a difusão na superfície.

Outra forma de resistência pode ser observada na região de macroporos. Quando há

um gradiente de pressão nos poros, o fluxo difusivo global é contribuído por um fluxo laminar

forçado, ou escoamento de Poiseuille. Na Fig. (3.4), apresentada nas notas do curso

“Adsorption: Theory and Practice” por Ruthven (1996) e citada por Cavalcante Jr. (1998),

são mostrados os quatro mecanismos de transporte referentes à difusão intercristalina.

Page 38: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

28

Figura 3.4 – Mecanismos da difusão nos macroporos (Ruthven, 1996).

c) Difusão nos microporos

A resistência à difusão intracristalina, também chamada de difusão configuracional,

ocorre nos microporos, região onde o tamanho das moléculas de sorbato se aproxima do

tamanho dos poros. O contato adstrito das moléculas com o poro estabelece a atuação

dominante dos efeitos estéricos e interações de campo potencial entre os dois meios. Desta

forma, o deslocamento das moléculas é caracterizado por saltos entre os sítios em um

processo ativado. O comportamento de tal fenômeno estabelece uma forte amarração com a

temperatura e concentração do sorbato.

Em muitos casos, a difusão intracristalina é responsável pela seletividade associada

aos diversos adsorventes zeolíticos. A migração de moléculas restritas pode influenciar na

eficiência de um processo particular, limitando a mobilidade de um tipo de molécula com

respeito às outras através do espaço intracristalino, formado pelos canais microporosos,

propiciando uma separação seletiva.

Page 39: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

29

Na Fig. (3.5), adaptada de Weisz (1973), são apresentadas em perspectiva as relações

(difusividade/tamanho do poro) e (energia de difusão/tamanho do poro) para zeólitas e

peneiras moleculares. Observa-se que a região de difusividade intracristalina ocorre para

zeólitas com abertura de poros entre 0,3 e 0,9 nm. A ordem de magnitude da difusividade para

esta região encontra-se na faixa de 10-8 a 10-18 m2s-1.

Figura 3.5 – Efeito do diâmetro do poro na difusividade e na energia de difusão (Weisz, 1973).

3.2 – Adsorventes

A adsorção é proporcional à área de interface líquido-sólido, de modo que as

quantidades adsorvidas só são significativas quando o sólido apresentar uma elevada

superfície específica. Entretanto, para um processo adsortivo, não basta um adsorvente

apresentar apenas uma elevada área de superfície. Segundo Guo et al. (2000), um adsorvente

usado no processo industrial deve possuir alta capacidade de adsorção, com alta seletividade,

alta taxa de adsorção e dessorção para o componente adsorvido, vida longa e estabilidade sob

condições operacionais. Isto ocorre no caso de sólidos finamente divididos ou com um

sistema de poros bem desenvolvido. Uma boa representação destas características é

encontrada nos adsorventes zeolíticos (Cavalcante Jr et al., 1995; Ruthven et al., 1991;

Goddard e Ruthven, 1986a; Wu et al., 1983).

Page 40: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

30

3.2.1 – Zeólitas

As zeólitas são alumino silicatos cristalinos cuja estrutura compõe-se de uma rede de

tetraedros AlO4-5 e SiO4

-4. Uma característica marcante destes adsorventes é que os tetraedros

se ligam de modo a formar uma estrutura contendo canais e cavidades, com dimensões da

ordem de alguns angstrons. Entretanto, a presença do grupo AlO4 apresenta um excesso de

cargas negativas e a estrutura é compensada eletronicamente por íons positivos (K+, Na+, H+,

etc.). Estes cátions de compensação possuem grande liberdade de movimento, permitindo a

troca iônica e a desidratação. Os diferentes arranjos tetraédricos e a presença de diferentes

cátions de compensação resultam na formação de canais e cavidades de diferentes

configurações os quais formam diferentes tipos de zeólitas (Duncan, 2001). Esta rede porosa

é também responsável pela elevada superfície específica interna das zeólitas.

Sua estrutura cristalina ordenada lhes confere uniformidade às dimensões de seus

poros e por esta razão, são capazes de selecionar as moléculas que, por sua forma e tamanho,

podem ter acesso ao sistema poroso. O fato das dimensões dos poros desses materiais

impedirem que moléculas maiores que eles penetrem no seu interior distingue as zeólitas de

outros materiais porosos, tais como os carvões e a alumina ativados, que, em geral,

apresentam poros com distribuição dispersa de tamanho.

Dependendo do tamanho dos poros, as zeólitas podem ser classificadas como sendo de

poros pequenos, médios ou grandes. A seguinte classificação de poros foi adotada pela

IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry):

microporos < 20 Ǻ

mesoporos 20 – 500 Ǻ

macroporos > 500 Ǻ.

Além das diferenças de tamanho de poro, os canais zeolíticos apresentam diferentes

configurações de sistema. De acordo com Monteiro (1995), as configurações podem ser:

unidimensional – neste caso os canais não se interceptam; bidimensional – dois tipos de

canais se interceptam, os quais podem ter ou não as mesmas dimensões; tridimensional –

canais em três direções que se interceptam. No caso tridimensional, todos os canais podem ter

as mesmas dimensões, independentemente da direção, ou os canais em pelo menos uma das

direções têm dimensões diferentes dos demais.

Page 41: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

31

3.2.2 – Zeólita Y

As zeólitas do tipo Y são caracterizadas pela presença de pequenos microporos dentro

de seus cristais. São extensamente utilizadas como adsorventes seletivos na separação e

purificação de hidrocarbonetos devido à sua alta atividade e seletividade, aos poros

estritamente regulares, à sua estabilidade térmica e à possibilidade de regeneração de

adsorventes desativados.

A seletividade dos hidrocarbonetos pela zeólita Y ocorre por diferença de tamanho

molecular, conduzindo assim, a um efeito de peneiramento molecular. Vários trabalhos

reportam estudos de difusão de hidrocarbonetos utilizando zeólitas. Fujikata et al., (1998)

determinam a difusividade intracristalina para hidrocarbonetos aromáticos e parafínicos em

zeólitas do tipo Y compensadas por íons de hidrogênio. Masuda et al., (1996), utilizando o

mesmo tipo de adsorvente, estudam a difusividade intracristalina de hidrocarbonetos

submetidos a altas temperaturas.

A estrutura da zeólita Y, a qual é obtida sinteticamente, pode ser descrita como uma

combinação de anéis duplos de seis membros e octaedros truncados dispostos de forma

tetraédrica, como ilustrado na Fig. (3.6), apresentada por Monteiro (1995). A célula unitária

cristalográfica, que é a menor estrutura capaz de representar a zeólita em questão, consiste de

um arranjo de oito cavidades contendo um total de cento e noventa e duas unidades

tetraédricas de AlO4 e SiO4.

A zeólita Y possui a formação de dois sistemas de canais tridimensionais. O primeiro

consiste das cavidades α ou supercavidades, que se ligam por anéis de 7,4 Ǻ (anéis e 12

membros), entretanto, como resultado da vibração molecular, moléculas com diâmetro crítico

de até 9,5 Ǻ podem ser retidas na estrutura do poro. O segundo consiste das cavidades β

(sodalita) e α alternadas, separadas por aberturas de 2,2 Ǻ (anéis de 6 membros); este sistema

de canais é muito pequeno e não permite o acesso das moléculas.

De acordo com Ruthven, (1994), os cristais de zeólita sintetizados comercialmente são

muito pequenos, da ordem de 1 a 10 µm. Para um processo de adsorção, isto acarreta em

elevada perda de partículas e alta queda de pressão do fluido circulante através do leito, com

pouca aplicação em unidades comerciais. Desta forma, para serem utilizados como

adsorventes em processos de separação, devem ser aglomerados formando pellets

macroporosos de dimensão e resistência mecânica adequadas. Segundo Neves (1995), isto é

normalmente obtido pelo uso de uma mistura contendo alumina amorfa como ligante dos

cristais de zeólita, formando um pellet de estrutura macroporosa, dentro do qual encontra-se a

Page 42: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

32

zeólita de estrutura microporosa. Entretanto, a capacidade de adsorção desses agregados

depende não apenas do tamanho, mas também da distribuição e fração mássica dos cristais no

adsorvente final, das condições de operação e do seu acondicionamento inicial.

Figura 3.6 – Estrutura cristalina da Zeólita Y (Monteiro, 1995).

3.3 – Modelagem estrutural e fenomenológica

3.3.1 – Concentração de moléculas como força motriz no cálculo da probabilidade de

adsorção

O presente trabalho foi implementado através da aplicação de modelos de rede

adimensional com abordagem de percolação de sítio (Stauffer e Aharony, 1992), sendo

utilizada uma rede quadrada na modelagem dos fenômenos de superfície (estudo das

isotermas de equilíbrio) e uma rede cúbica na modelagem dos fenômenos de difusão. Na Fig.

(3.7) pode-se visualizar o modelo de rede utilizado e seus respectivos valores de limiar de

percolação (pcs) com abordagem de sítio. O limiar de percolação representa a mínima

probabilidade de ocupação de sítio em que se consegue percolar todo o sistema, formando um

cluster que sai de um extremo ao outro da rede.

Figura 3.7 – Modelo estrutural da rede bidimensional quadrado com seu respectivo valor de limiar de percolação de sítio (pcs).

Pcs = 0,592746

Page 43: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

33

Nesta etapa, foi realizada a modelagem do processo de adsorção de moléculas em

tanque agitado, em que a superfície de adsorção foi representada por uma rede bidimensional

quadrada. A Fig. (3.8) apresenta um esquema do processo, em que as moléculas na fase

líquida podem se adsorver na superfície do material adsorvente, este último representado pelo

modelo de rede no fundo do tanque.

Na modelagem assume-se que as moléculas da fase líquida podem se adsorver nos

espaços delimitadas do modelo de rede de acordo com uma probabilidade de adsorção (Pads),

definida por:

0i

itads C

CP = (3.9)

em que Cit e Ci0 representam a concentração de moléculas na fase líquida no instante t e t=0,

respectivamente. Sabe-se que em t=0, Cit = Ci0.

A dimensão da rede utilizada foi de 100x100, o que leva a um total de 10.000 (dez

mil) sítios passíveis de adsorção. Para cada etapa de tempo t uma molécula da fase líquida

podia se adsorver na superfície de adsorção mediante a Pads calculada previamente. A

adsorção acontecia se o número aleatório (R), sorteado a partir de uma rotina geradora de

números aleatórios uniformes, fosse menor que Pads, ou seja, R < Pads. Outra condição é a de

que a posição escolhida randomicamente, em coordenadas cartesianas, não estivesse ocupada

por outra molécula. As moléculas adsorvidas eram subtraídas da fase líquida, fazendo com

que fosse aumentada a concentração de moléculas na fase adsorvente (q). Na modelagem foi

considerado um número de etapas de tempo igual 105 (cem mil) e 2.000 (duas mil) simulações

Fig. (3.9), de maneira a representar um processo de adsorção em tempo infinito ou em

equilíbrio. Não foi considerada interação entre as moléculas adsorvidas e nem mecanismos de

difusão superficial.

Figura 3.8 – Esquema do tanque agitado em que a superfície de adsorção

está representada por uma rede bidimensional quadrada

Page 44: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

34

Na Fig. (3.9) apresenta o resultado da dispersão em dados simulados que mostraram

pouca variação com o aumento do número de simulações, justificando a utilização de 2.000

(duas mil) simulações em todos os processos de modelagem dos fenômenos de superfície.

Figura 3.9 – Resultado da dispersão.

Analisamos os diferentes tipos moléculas Fig. (3.10), buscando representar a forma ou

a estrutura molecular tridimensional de algumas proteínas (Dodson, 1998).

A forma das proteínas pode variar desde linear (proteínas fibrosas) a formas

aproximadamente esféricas (proteínas globulares). Essas propriedades são altamente

influenciadas pelos aspectos físicos (temperatura) e químicos (pH, força iônica e tipo de

solvente e tampão) do ambiente onde encontra a proteína (Dodson, 1998).

Por motivos físico-químicos, a adsorção em uma superfície pode estar limitada a

algumas direções ou sentidos, ou seja, há um impedimento estérico restringindo a adsorção

em uma dada direção. Simulamos este fenômeno com moléculas lineares, permitindo que sua

adsorção acontecesse somente na direção horizontal – Fig. (3.11 – molécula A) – ou na

direção vertical – Fig. (3.11 – molécula B). Também realizamos simulações utilizando

moléculas em forma de “L”, sempre restringindo a adsorção em uma das direções mostradas

na Fig. (3.11 – moléculas: C, D, E ou F), ou seja, em quatro sentidos diferentes.

(A) (B)

Figura 3.10 – Proteínas fibrosas (A) e proteínas globulares (B).

Page 45: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

35

Figura 3.11 – Diferentes moléculas usadas nas simulações

Após as considerações sobre impedimentos estéricos, simulamos casos mais gerais,

em que as moléculas poderiam adsorver em qualquer direção, ou seja, elas poderiam adsorver

de forma aleatória, conforme exemplo da Fig. (3.12).

Figura 3.12 – Exemplo de moléculas em forma de “L” adsorvidas aleatoriamente.

Além dos sentidos de adsorção, mencionados acima, analisamos os diferentes tipos de

moléculas variando o seu tamanho (Tmol).

Page 46: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

36

3.3.2 – Entropia como força motriz no cálculo da probabilidade de adsorção

A entropia está relacionada com o número de configurações (ou arranjos) de mesma

energia que um dado sistema pode assumir. A interpretação molecular da entropia sugere que,

em uma situação puramente geométrica, quanto maior o número de configurações, maior a

entropia. Por esta razão, a entropia é geralmente associada ao conceito subjetivo de desordem.

No entanto, o conceito de configurações equiprováveis não se restringe às configurações

geométricas, mas envolve também as diferentes possibilidades de configurações energéticas

(Ludwig E. Boltzmann, 1876).

Nesta segunda etapa do trabalho foi implementado através da aplicação de modelos de

rede adimensional com abordagem da entropia, sendo utilizada uma rede quadrada na

modelagem dos fenômenos de superfície (estudo das isotermas de equilíbrio).

Desta forma podemos definir a probabilidade de ocupação (Poc), sendo:

0T

Ttoc S

SP = (3.30)

em que STt e ST0 representam a entropia total no instante t e em t=0, respectivamente.

A entropia total é definida por:

FSFLT SSS += (3.31)

em que SFL e SFS representam a entropia na fase líquida e entropia na fase sólida,

respectivamente, onde (SFL < SFS).

A entropia das moléculas na fase líquida (SFL) é expressa através de:

qCS iFL −= 0 (3.32)

em que (Ci0) representa a concentração de moléculas na fase líquida no instante t=0 e (q) a

concentração de moléculas na fase adsorvente no instante t.

Page 47: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

37

A entropia das moléculas na fase sólida (SFS) é expressa através de:

( )∑ −= βα ..1 kSFS (3.33)

em que (k) representa uma constante, (α) tamanho do cluster, isto é, o número de moléculas

que compõe o cluster e (β) a quantidade de clusters na fase adsorvente.

Na Fig. (3.13) temos três exemplos da probabilidade de ocupação (Poc) relacionada com

a entropia. No início do processo comum aos três exemplos, sabe-se que em t=0, Ci0 = 3 e qm

= 0, nesse caso a entropia na fase líquida (SFL) é igual a “3”, a entropia na fase sólida (SFS) é

igual a “0”, aplicando a fórmula (3.31), temos entropia total (ST) igual a “3” e a probabilidade

de ocupação (Poc) igual a “1” conforme fórmula (3.30). No caso de Poc=1, considera-se que a

fase adsorvente está totalmente vazia.

No primeiro exemplo Fig. (3.13 A), sendo t=t1 e Cit = 2 e qm = 1, observamos uma

variação, a entropia na fase líquida (SFL) é igual a “2”, a entropia na fase sólida (SFS) é igual a

“0,9”, a entropia total (ST) igual a “2,9” e a probabilidade de ocupação (Poc) igual a “0,97”.

No segundo exemplo Fig. (3.13 B), sendo t=t1 e Cit = 1 e qm = 2, observamos uma

variação, a entropia na fase líquida (SFL) é igual a “1”, a entropia na fase sólida (SFS) é igual a

“0,7”, a entropia total (ST) igual a “1,7” e a probabilidade de ocupação (Poc) igual a “0,57”.

No terceiro exemplo Fig. (3.13 C), sendo t=t1 e Cit = 2 e qm = 1, observamos uma

variação, a entropia na fase líquida (SFL) é igual a “1”, a entropia na fase sólida (SFS) é igual a

“1,6”, a entropia total (ST) igual a “2,6” e a probabilidade de ocupação (Poc) igual a “0,87”.

Page 48: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

38

Figura 3.13 – Exemplos de probabilidade de ocupação (Poc) relacionada com a entropia.

3.3.3 – Cálculo do limiar de percolação dos clusters

O problema modelado consiste em um tanque contendo uma fase líquida, um fluido e

uma superfície adsorvente em seu fundo. Esse tanque é agitado e deixado em repouso um

tempo suficientemente grande, ou seja, o processo de adsorção atinge um equilíbrio, e

moléculas adsorvidas pela fase sólida podem se percolar no fundo do tanque.

(A)

t=t1

t=t0

(B)

t=t1

(C)

t=t1

Page 49: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

39

Foi realizada a modelagem do limiar de percolação aplicando um modelo de rede

adimensional bidimensional quadrado (100 X 100), representando a superfície adsorvente na

fase sólida com moléculas adsorvidas. Cada molécula adsorvida corresponde a um sítio

ocupado que pode percolar todo o sistema, saindo de um extremo a outro do lattice formando

o cluster Fig. (3.14).

Figura 3.14 – Exemplo de percolação superficial representada por uma rede bidimensional quadrada.

No início da simulação, é escolhido um sítio localizado na borda esquerda da rede,

com o auxílio de uma rotina geradora de números aleatórios uniformes. Assim a cada etapa de

tempo – variável discreta, um número aleatório (R) é gerado, e utilizado para sortear a posição

do sítio na rede bidimensional quadrada.

O sítio escolhido será marcado caso esteja ocupado, que representa a molécula

adsorvida. A partir desse primeiro sítio marcado, será escolhido aleatoriamente um sítio

vizinho ocupado, com o auxílio novamente da rotina de números aleatórios. Terminando a

escolha quando não houver mais sítios ocupados vizinhos ao último sítio marcado.

Interação entre as moléculas adsorvidas e processos de difusão superficial são

desconsiderados deste modelo. Consideramos um número de etapas de tempo igual a 105

(cem mil), representando o processo de adsorção em equilíbrio.

Page 50: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

40

poc= 0,592746 poc= 0,3116

CAPÍTULO 4

4 – Estudos de fenômenos de difusão

4.1 – Modelagem estrutural e fenomenológica

A modelagem dos fenômenos de difusão foi realizada através da aplicação de “random

walks” ou passeadores aleatórios na percolação bidimensional, em rede quadrada, e

tridimensional, em rede cúbica.

Através deste procedimento pode-se relacionar parâmetros de difusão em meios

porosos cromatográficos com propriedades topológicas dos modelos de rede adimensionais

utilizados, obtendo, com isso, correlações universais fundamentais na interpretação destes

fenômenos complexos.

Podemos visualizar na Fig. (4.1) os modelos de rede utilizados e seus respectivos

valores de limiar de percolação (poc) com abordagem de sítio. O limiar de percolação

representa a mínima probabilidade de ocupação de sítio em que se consegue percolar todo o

sistema, formando um cluster que sai de um extremo ao outro da rede.

(A) (B) Figura 4.1 – Representação de um modelo da rede bidimensional quadrado (A) e

cúbico (B) com seus respectivos valores de limiar de percolação de sítio (poc)

Dois diferentes fenômenos de difusão foram estudados nesta fase. O primeiro assume

que a difusão de uma molécula pode seguir qualquer direção na rede e o segundo caso assume

que a molécula somente pode se difundir na direção axial. O segundo caso procura estabelecer

relações de difusão para a condição de dispersão axial em coluna cromatográfica, que é um

fenômeno muito estudado em processos de separação cromatográfico. Em geral, em modelos

macroscópicos, é assumida somente a dispersão axial, negligenciando a dispersão transversal,

o que torna o modelo mais simplificado nas soluções numéricas. Na modelagem aqui

Page 51: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

41

realizada, tanto a dispersão axial quanto a transversal estão implícitas no modelo estocástico

“ random walk”, já que a molécula pode-se difundir tanto na direção axial quanto na

transversal.

A Eq. (4.1) representa o mecanismo de difusão, em que a molécula pode se difundir

em (n) direções com igual probabilidade de difusão no sentido (pi). Para rede quadrada e

cúbica (n) corresponde, respectivamente, a 4 e 6. Para rede quadrada e cúbica, com dispersão

axial, (n) corresponde, respectivamente a 3 e 5. Em todos os casos considera-se igual

distribuição de probabilidade de deslocamento em cada sentido (i).

1

1n

ii

p=

=∑ (4.1)

Inicialmente admitiu-se uma probabilidade de ocupação (poc) dos elementos da rede

igual a 1. Simulações com poc < 1 também foram realizadas, de maneira a representar a

porosidade (ε) do leito adsorvente poroso. A porosidade representa a fração de espaços vazios

na coluna cromatográfica, tendo esta uma relação proporcional com a probabilidade de

ocupação (ε α poc). No caso de poc = 1, considera-se que a coluna está totalmente vazia e,

portanto, ε =1. Desta forma, a porosidade (ε) diminui à medida que probabilidade de

ocupação (poc) diminui. As redes com porosidade (poc < 1) eram construídas aleatoriamente,

sendo a existência de um determinado sítio condicionada ao sorteio de um número aleatório

(R), devendo a condição (R < poc) ser verdadeira.

Foram realizadas simulações em diferentes períodos de tempo (10, 25, 50 e 75), sendo

monitorada a distância percorrida (dp) pelo “random walk” e também a área percorrida (Ap).

Esta última em unidades de sítio. No caso da rede 3D, este último tem relação com o volume

percorrido (Vp), sendo também em unidades de sítios. Em cada etapa de tempo era sorteado

um sentido de deslocamento da molécula, devendo o sítio de destino existir. Um número

N=106 de eventos estocásticos era realizado a fim de se obter uma distância percorrida pelo

“ random walk” com menor dispersão.

No caso da difusividade molecular (Dm) observa-se uma proporcionalidade da forma

(Dm α dp), com a distância percorrida obedecendo à lei de potência (Stauffer e Aharony, 1992)

. kpd c tα (4.2)

em que (c) e (tk) representam a constante e o tempo com o expoente (k), respectivamente.

Page 52: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

42

CAPÍTULO 5

5 – Resultados e discussões

5.1 – Estudos dos fenômenos de adsorção

5.1.1. – Probabilidade de adsorção mediante concentração

A Fig. (5.1) apresenta graficamente os dados da Tabela 5.1 para as moléculas lineares

de tamanhos: 2, 3, 5 e 10. Nela vemos (q) e (Tmol), isto é, a quantidade de moléculas

adsorvidas em função do tamanho das mesmas.

Figura 5.1 – Resultados da simulação com moléculas lineares.

Na Tabela 5.1 vemos um resumo dos resultados para os diferentes tipos de moléculas

e direções apresentados anteriormente e para os diferentes tamanhos (Tmol). Os valores

representam a concentração na fase adsorvente (q). Em todas as simulações foram usadas

concentrações iniciais na fase líquida iguais a 35.000 (trinta e cinco mil) moléculas.

Page 53: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

43

Tabela 5.1 – Resumo dos resultados.

Tmol Moléculas lineares Moléculas em "L" Molécula

Quadrada Aleatório Vertical Horizontal Aleatório Sentido C Sentido D Sentido E Sentido F

1 9989 *** *** *** *** *** *** *** ***

2 4585 4310 4310 *** *** *** *** *** 1858

3 2714 2728 2728 1380 1142 1142 1142 1142 746

5 1443 1564 1564 599 511 511 511 511 246

10 649 747 747 210 183 183 183 183 56

A Fig. (5.2) apresenta os resultados das simulações utilizando moléculas lineares de

tamanhos diferentes (Tmol) com sentido aleatório de adsorção na fase sólida. Pode-se observar

uma diminuição na quantidade de moléculas adsorvidas (q), com o aumento do tamanho das

moléculas (Tmol) e a modelagem estocástica multi-moléculas em superfícies representadas por

modelos de rede conseguiu representar o comportamento das isotermas de adsorção do tipo

Langmuir.

Figura 5.2 – Resultados da simulação com moléculas lineares com sentido aleatório.

Figura 5.3 – Resultados da simulação com moléculas lineares com sentido horizontal e vertical.

Page 54: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

44

A Fig. (5.3) mostra os resultados das simulações utilizando moléculas lineares de

tamanhos (Tmol) diferentes com sentido horizontal e vertical de adsorção na fase sólida.

Podemos observar uma diminuição na quantidade de moléculas adsorvidas (q), com o

aumento do tamanho das moléculas (Tmol) e a modelagem estocástica multi-moléculas em

superfícies representadas por modelos de rede conseguiu representar o comportamento das

isotermas de adsorção do tipo Langmuir.

Comparando as simulações com sentido aleatório Fig. (5.2) e com sentido horizontal

ou vertical Fig. (5.3), ambas as moléculas lineares, as simulações com moléculas lineares de

sentido aleatório, adsorveram mais moléculas (q). Em todas as comparações foram usadas

concentrações iniciais na fase líquida iguais a 35.000 (trinta e cinco mil) moléculas.

Na Fig. (5.4) vemos os resultados das simulações, utilizando moléculas em forma de

“L” com tamanhos diferentes (Tmol) e sentido aleatório de adsorção na fase sólida. Notamos o

mesmo comportamento das simulações com as moléculas lineares, isto é, aumento do

tamanho das moléculas (Tmol), com diminuição da quantidade de moléculas adsorvidas (q).

Comparando entre as simulações utilizando moléculas lineares Fig. (5.2 e 5.3) com as

moléculas utilizandas em forma de “L” Fig. (5.4), observamos que as simulações com

moléculas lineares tiveram maior quantidade de moléculas adsorvidas (q). Em todas as

comparações foram usadas concentrações iniciais na fase líquida iguais a 35.000 (trinta e

cinco mil) moléculas.

Figura 5.4 – Resultados da simulação com moléculas em forma de “L” com sentido aleatório.

A Fig. (5.5) apresenta os resultados das simulações utilizando moléculas em forma de

“L” com tamanhos diferentes (Tmol) e sentido pré-definido de adsorção na fase sólida.

Page 55: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

45

Observamos o mesmo comportamento das simulações com moléculas lineares, isto é,

aumentando o tamanho das moléculas (Tmol), diminuiu a quantidade de moléculas adsorvidas

(q) e a modelagem estocástica multi-moléculas em superfícies representadas por modelos de

rede conseguiu representar o comportamento das isotermas de adsorção do tipo Langmuir.

Pode-se observar também que não houve alteração na quantidade de moléculas

adsorvidas (q), com a variação do sentido pré-definido de adsorção na fase sólida.

Comparando, entre as simulações utilizando sentido aleatório Fig. (5.4) e sentido pré-

definido Fig. (5.5), variando a concentração de moléculas na fase líquida no instante t=0,

Ci0=1000, Ci0=500 e Ci0=250 respectivamente, ambas as moléculas em forma de “L”,

notamos que as simulações com moléculas em forma de “L” com sentido aleatório tiveram

maior quantidade de moléculas adsorvidas (q). Em todas as comparações foram usadas

concentrações iniciais na fase líquida iguais a 35.000 (trinta e cinco mil) moléculas.

Figura 5.5 – Resultados da simulação com moléculas em forma de “L” Fig. (3.4) - moléculas: C, D, E e F.

Na Fig. (5.6) vemos o resultado das simulações, utilizando moléculas quadradas de

tamanhos diferentes (Tmol) com sentido aleatório. Observamos o mesmo comportamento das

simulações com moléculas lineares, isto é, aumentando o tamanho das moléculas (Tmol),

diminuiu a quantidade de moléculas adsorvidas (q) e a modelagem estocástica multi-

moléculas em superfícies representadas por modelos de rede conseguiu representar o

comportamento das isotermas de adsorção do tipo Langmuir.

Page 56: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

46

Figura 5.6 – Resultados da simulação com moléculas quadradas com sentido aleatório.

Como já era esperado, a concentração de adsorção limitada à direção horizontal é a

mesma que à direção vertical, devido ao modelo de rede quadrado. Ou seja, como as

dimensões da superfície são iguais, as condições de adsorção são as mesmas em todos os

sentidos. Assim também ocorre com as moléculas em forma de “L”, a concentração é a

mesma para os quatro sentidos pré-definidos Fig. (3.11) - moléculas: C, D, E e F, como

vemos na Fig. (5.7) mais abaixo.

Apesar de uma variação pequena, tanto para as moléculas lineares quanto em forma de

“L”, a concentração é maior para o sentido aleatório, pois as moléculas podem se “arranjar”

com maior facilidade na superfície. Esta diferença entre o sentido aleatório e os restritos

aumenta para (Tmol) maiores, apesar de que à medida que (Tmol) cresce a concentração

diminui. Tal fato é esperado, uma vez que a seletividade à adsorção aumenta com o tamanho

molecular.

De modo geral, as moléculas lineares em relação às do tipo “L” obtiveram maiores

concentrações (q). Devemos atentar ao fato de que uma molécula em “L” é, na verdade, duas

moléculas lineares ortogonais, o que dobra a sua área e que reduz à metade a sua

probabilidade de encontrar um sítio vazio se comparadas com uma linear.

Page 57: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

47

Figura 5.7 – Resultados da simulação com moléculas em forma de “L”.

A Fig. (5.8) mostra as concentrações (q) em função de (Tmol) das simulações com

moléculas quadradas. Para este tipo, não faz sentido falar de sentido de adsorção, já que se

observa uma simetria na molécula.

Como nos casos anteriores, há uma redução significativa de (q) com o aumento do

tamanho das moléculas e a modelagem estocástica multi-moléculas em superfícies

representadas por modelos de rede conseguiu representar o comportamento das isotermas de

adsorção do tipo Langmuir.

As concentrações do tipo “L” são bem maiores se comparadas com as do tipo

quadrado, devido à grande área das moléculas quadradas. Estas são moléculas que pela sua

forma encontram mais dificuldade de se ajustar em sítios vazios na superfície.

Figura 5.9 – Resultados da simulação com moléculas quadradas.

Page 58: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

48

5.1.1.1 – Análise da distribuição espacial das moléculas adsorvidas

Além dos resultados numéricos apresentados acima, nosso simulador (Compaq Visual

Fortran Version 6.6) permite a visualização da saturação da superfície de adsorção.

A Fig. (5.10) exibe superfícies de adsorção com moléculas lineares de tamanho “10”,

sentido horizontal Fig. (5.10 A) e aleatório Fig. (5.10 B). A concentração inicial (Ci0) usada é

de 300 (trezentas) moléculas.

(A) (B)

Figura 5.10 – Superfície de adsorção com moléculas lineares em sentido horizontal (A) e aleatório (B).

Na Fig. (5.11) vemos superfícies com moléculas em forma de “L” adsorvidas com

sentido pré-definido Fig. (5.11 A) e aleatório Fig. (5.11 B) de tamanho “10”. A concentração

inicial (Ci0) usada é de 300 (trezentas) moléculas.

Page 59: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

49

(A) (B)

Figura 5.11 – Superfície de adsorção com moléculas em “L” com sentido pré-definido (A) e aleatório (B).

Na Fig. (5.12) podemos visualizar moléculas quadradas adsorvidas em uma superfície

de adsorção. Tanto na Fig. (5.12) quanto na Fig. (5.11) foram usadas concentrações iniciais

(Ci0) iguais a 300 (trezentas) moléculas e tamanho de moléculas igual a “10”.

Figura 5.12 – Superfície de adsorção com moléculas em quadradas.

A concentração inicial é fator determinante para a saturação da superfície de adsorção.

Com o aumento da mesma, mais moléculas se adsorvem na superfície. Chegando até um

Page 60: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

50

limite, onde fica praticamente impossível qualquer adsorção. Diz-se então que a superfície se

saturou.

Nas Figuras (5.13) e (5.14) percebemos visualmente a variação da superfície com o

aumento da concentração inicial. Foram usadas moléculas em forma de “L” com tamanho

igual a “3” e sentido aleatório de adsorção. As concentrações iniciais são 100 (cem) moléculas

Fig. (5.13 A), 500 (quinhentas) moléculas Fig. (5.13 B), 1.000 (mil) moléculas Fig. (5.14 B) e

35.000 (trinta e cinco mil) moléculas Fig. (5.14 B).

(A) (B)

Figura 5.13 – Superfície de adsorção com concentrações iniciais (Ci0) iguais a 100 (A) e 500 (B).

(A) (B)

Figura 5.14 – Superfície de adsorção com concentrações iniciais (Ci0) iguais a 1.000 (A) e 35.000 (B).

Page 61: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

51

A Fig. (5.15) a seguir apresenta os resultados das simulações Fig. (5.15 A) relativa à

modelagem de isotermas de adsorção, utilizando um modelo de rede quadrado, sendo estes

comparados com os obtidos experimentalmente no trabalho de Silva, 2004 Fig. (5.15 B).

Pode-se observar que os resultados das simulações, mediante fenômenos estocásticos de

adsorção envolvendo uma superfície, são representativos daqueles obtidos experimentalmente

através da clássica isoterma de Langmuir. Estes resultados mostram que a fenomenologia

estatística é determinante no comportamento de equilíbrio de sistemas envolvendo multi-

moléculas, em que o resultado global é governado pelo somatório das ações individuais de

cada componente.

(A) (B)

Figura 5.15 – Resultados da simulação estocástica (A) e experimentais (B) de Silva, 2004.

5.1.2 – Probabilidade de adsorção mediante entropia

Na Tabela 5.2 vemos um resumo dos resultados para as moléculas do tipo linear e

direção aleatória. Os valores representam a quantidade de clusters e o tamanho desses

clusters, isto é, a quantidade de moléculas que compõe esse cluster. As simulações foram

usadas concentrações iniciais na fase líquida (Ci0) iguais a 50 (cinqüenta) moléculas.

Tabela 5.2 – Resumo dos resultados.

Qtd. de clusters Tamanho do cluster

46 1

02 2

Page 62: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

52

Na Fig. (5.16) é apresentado graficamente o comportamento da simulação da Tabela

5.2. Nela vemos a freqüência dos clusters percolados em função do tamanho dos mesmos.

Figura 5.16 – Resultado das simulações com moléculas lineares de sentido aleatório e Ci0 igual a 50.

Na Tabela 5.3 vemos um resumo dos resultados para as moléculas do tipo linear e

direção randômicas. Os valores representam a quantidade de clusters e o tamanho desses

clusters, isto é, a quantidade de moléculas que compõe esse cluster. As simulações foram

usadas concentrações iniciais na fase líquida (Ci0) iguais a 100 (cem) moléculas.

Tabela 5.3 – Resumo dos resultados.

Qtd. de clusters Tamanho do cluster

94 1

03 2

A Fig. (5.17) apresenta graficamente o comportamento da simulação da Tabela 5.3.

Nela vemos a freqüência dos clusters percolados em função do tamanho dos mesmos.

Page 63: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

53

Figura 5.17 – Resultado das simulações com moléculas lineares de sentido aleatório e Ci0 igual a 100.

Na Tabela 5.4 vemos um resumo dos resultados para as moléculas do tipo linear e

direção randômicas. Os valores representam a quantidade de clusters e o tamanho desses

clusters, isto é, a quantidade de moléculas que compõe esse cluster. As simulações foram

usadas concentrações iniciais na fase líquida (Ci0) iguais a 500 (quinhentas) moléculas.

Tabela 5.4 – Resumo dos resultados.

Qtd. de clusters Tamanho do cluster

315 1

61 2

14 3

4 4

1 5

A Fig. (5.18) apresenta graficamente o comportamento da simulação da Tabela 5.4.

Nela vemos a freqüência dos clusters percolados em função do tamanho dos mesmos.

Page 64: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

54

Figura 5.18 – Resultado das simulações com moléculas lineares de sentido aleatório e Ci0 igual a 500.

Na Tabela 5.5 vemos um resumo dos resultados para as moléculas do tipo linear e

direção randômicas. Os valores representam a quantidade de clusters e o tamanho desses

clusters, isto é, a quantidade de moléculas que compõe esse cluster. As simulações foram

usadas concentrações iniciais na fase líquida (Ci0) iguais a 1.000 (mil) moléculas.

Tabela 5.5 – Resumo dos resultados.

Qtd. de clusters Tamanho do cluster

467 1

119 2

42 3

25 4

7 5

2 6

2 7

1 8

A Fig. (5.19) apresenta graficamente o comportamento da simulação da Tabela 5.5.

Nela vemos a freqüência dos clusters percolados em função do tamanho dos mesmos.

Page 65: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

55

Figura 5.19 – Resultado das simulações com moléculas lineares de sentido aleatório e Ci0 igual a 1.000.

5.1.2.1 - Análise da distribuição espacial das moléculas adsorvidas

Além dos resultados numéricos apresentados acima, nosso simulador (Compaq Visual

Fortran Version 6.6) permite a visualização do comportamento da probabilidade de ocupação

(Poc) delimitado pelo modelo de rede.

Nas Figuras (5.20) e (5.21) percebemos visualmente a variação da probabilidade de

ocupação (Poc) com o aumento dos sítios ocupados (q). Foram usadas moléculas de forma

linear com tamanho igual a “1” e sentido aleatório de adsorção. As concentrações iniciais

(Ci0) são: 1.000 (mil) moléculas Fig. (5.20 A), 2.000 (dois mil) moléculas Fig. (5.20 B), 4.000

(quatro mil) moléculas Fig. (5.21 A) e 6.000 (seis mil) moléculas Fig. (5.21 B). Foram

calculados através da fórmula (3.4) acima, a probabilidade de ocupação (Poc), observando

uma diminuição na probabilidade de ocupação (Poc) a cada etapa de tempo, esse resultado já

era esperado, pois aumentando a quantidade de moléculas adsorvidas (q), diminui a entropia,

significando que o sistema está tendendo cada vez mais à organização.

Page 66: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

56

(A) (B)

Figura 5.20 – Superfície de adsorção com probabilidade de ocupação (poc) 0,800400 (A) e 0,673500 (B).

(A) (B)

Figura 5.21 – Superfície de adsorção com probabilidade de ocupação (poc) 0,581700 (A) e 0,567200 (B).

5.1.3 – Cálculo do limiar de percolação dos clusters

A Tabela 5.6 vemos um resumo dos resultados para os diferentes tipos de moléculas e

direções apresentados para os diferentes tamanhos (Tmol). Os valores representam a

probabilidade de ocupação (Poc) relacionadas com a concentração adsorvida na fase

Page 67: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

57

adsorvente (q). Em todas as simulações foram usadas concentrações iniciais na fase líquida

(Ci0) iguais a 35.000 (trinta e cinco mil) moléculas.

Tabela 5.6 – Resumo dos resultados.

Tmol Linear Formato "L"

Quadrado Aleatório Vertical Horizontal Aleatório Sentido C Sentido D Sentido E Sentido F

1 0,998900 *** *** *** *** *** *** *** ***

2 0,458500 0,431000 0,431000 *** *** *** *** *** 0,185800

3 0,271400 0,272800 0,272800 0,138000 0,114200 0,114200 0,114200 0,114200 0,074600

5 0,144300 0,156400 0,156400 0,059900 0,051100 0,051100 0,051100 0,051100 0,024600

10 0,064900 0,074700 0,074700 0,021000 0,018300 0,018300 0,018300 0,018300 0,005600

5.1.3.1 – Análise da distribuição espacial das moléculas adsorvidas

Além dos resultados numéricos apresentados acima, nosso simulador (Compaq Visual

Fortran Version 6.6) permite a visualização do comportamento da probabilidade de ocupação

(Poc) delimitado pelo modelo de rede.

Nas Figuras (5.22) e (5.23) percebemos visualmente a variação da probabilidade de

ocupação (Poc) com o aumento dos sítios ocupados (q). Foram usadas moléculas de forma

linear com tamanho igual a “1” e sentido aleatório de adsorção. A quantidade de sítios

ocupados (q) são: 50 (cinqüenta) Fig. (5.22 A), 1.000 (mil) Fig. (5.22 B), 2.000 (dois mil) Fig.

(5.23 A) e 5.000 (cinco mil) Fig. (5.23 B). Foram calculados através da fórmula (3.2) acima, a

probabilidade de ocupação (Poc), observando um aumento tendendo a 1, onde o sistema tende

a formar clusters de tamanho “infinito” com a formação de poucos e pequenos buracos.

Page 68: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

58

(A) (B)

Figura 5.22 – Superfície de adsorção com probabilidade de ocupação (poc) iguais a 0,01 (A) e 0,1 (B).

(A) (B)

Figura 5.23 – Superfície de adsorção com probabilidade de ocupação (Poc) 0,2 (A) e 0,5 (B).

A Fig. (5.24) apresenta em forma de gráfico os dados da Tabela 5.6 para os diferentes

tipos de moléculas com tamanho (Tmol) iguais a “10”. Nela vemos a quantidade de moléculas

adsorvidas (q) em função dos tipos de moléculas.

Como já era esperado, a percolação limitada à direção horizontal é a mesma que à

direção vertical, devido ao modelo de rede quadrado. Ou seja, como as dimensões da

Page 69: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

59

superfície são iguais, as condições de percolação são as mesmas em todos os sentidos. Assim

também ocorre com as moléculas em forma de “L”, a quantidade de moléculas adsorvidas (q)

é a mesma para os quatro sentidos pré-definidos (C, D, E e F), como vemos na Fig. (5.24)

mais abaixo.

Observamos que as moléculas em forma de “L” com sentido aleatório, percolam com

uma quantidade menor de moléculas, isto é, percolam mais rápido. Devemos atentar ao fato

de que uma molécula em “L” é, na verdade, duas moléculas lineares ortogonais, o que dobra a

sua área e que aumenta em dobro a sua probabilidade de encontrar um sítio vizinho ocupado

(q).

Ainda na Fig. (5.24), notamos também que as moléculas quadradas não percolaram,

devido à grande área dessas moléculas. Estas são moléculas que pela sua forma encontram

mais dificuldade de se ajustar na rede com o aumento de seu tamanho, formando clusters

isolados.

Figura 5.24 – Resultados das simulações com diferentes tipos de moléculas com tamanho iguais a “10”.

Nas figuras (5.26), (5.27) e (5.28) é apresentado em forma de gráfico os resultados das

simulações, utilizando moléculas lineares de tamanho igual a “10” (Tmol) com sentido de

adsorção aleatório. Em todas as simulações foram usadas concentrações iniciais na fase

líquida iguais a 1.500 (mil e quinhentas) moléculas. Podemos observar a diminuição do

número dos clusters menores, a cada etapa de tempo, com a formação de um cluster de

tamanho maior Fig. (5.25). Esse resultado já era esperado devido o sistema tender a forma um

cluster de tamanho “infinito” com a formação de poucos e pequenos buracos, com o passar do

tempo.

Page 70: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

60

Figura 5.25 – Resultado das simulações com moléculas lineares de sentido aleatório variando o tempo (t).

Figura 5.26 – Resultado das simulações com moléculas lineares de sentido aleatório e tempo (t) igual a 1.000.

Page 71: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

61

Figura 5.27 – Resultado das simulações com moléculas lineares de sentido aleatório e tempo (t) igual a 2.000.

Figura 5.28 – Resultado das simulações com moléculas lineares de sentido aleatório e tempo (t) igual a 4.000. 5.1.3.2 – Análise da distribuição espacial das moléculas percoladas

Além dos resultados numéricos apresentados acima, nosso simulador (Compaq Visual

Fortran Version 6.6) permite a visualização do comportamento da percolação na superfície

delimitado pelo modelo de rede.

Nas Figuras (5.29) e (5.30) percebemos visualmente a variação da percolação com o

aumento da concentração inicial (Ci0). Foram usadas moléculas de forma linear com tamanho

igual a “3” e sentido aleatório de adsorção. As concentrações iniciais (Ci0) são 1.209 (mil

Page 72: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

62

duzentas e nove) moléculas Fig. (5.29 A), 1.500 (mil e quinhentas) moléculas Fig. (5.29 B),

2.000 (dois mil) moléculas Fig. (5.30 A) e 2.500 (dois mil e quinhentas) moléculas Fig. (5.30

B).

(A) (B)

Figura 5.29 – Superfície da percolação com concentração inicial (Ci0) igual a 1.209 (A) e 1.500 (B).

(A) (B)

Figura 5.30 – Superfície da percolação com concentração inicial (Ci0) igual a 2.000 (A) e 2.500 (B).

Nas Figuras (5.31) e (5.32) vemos moléculas de forma linear com tamanho igual a “3”

e sentido horizontal de adsorção. As concentrações iniciais (Ci0) são 1.409 (mil quatrocentas e

Page 73: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

63

nove) moléculas Fig. (5.31 A), 1.500 (mil e quinhentas) moléculas Fig. (5.31 B), 2.000 (dois

mil) moléculas Fig. (5.32 A) e 2.500 (dois mil e quinhentas) moléculas Fig. (5.32 B).

(A) (B)

Figura 5.31 – Superfície da percolação com concentração inicial (Ci0) igual a 1.409 (A) e 1.500 (B).

(A) (B)

Figura 5.32 – Superfície da percolação com concentração inicial (Ci0) igual a 2.000 (A) e 2.500 (B).

As Figuras (5.33) e (5.34) exibem superfícies de percolação com moléculas de forma

de “L” de tamanho “5”, sentido aleatório. As concentrações iniciais (Ci0) são 356 (trezentas e

Page 74: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

64

cinqüenta e seis) moléculas Fig. (5.33 A), 500 (quinhentas) moléculas Fig. (5.33 B), 1.000

(um mil) moléculas Fig. (5.34 A) e 2.000 (dois mil) moléculas Fig. (5.34 B).

(A) (B)

Figura 5.33 – Superfície da percolação com concentração inicial (Ci0) igual a 356 (A) e 500 (B).

(A) (B)

Figura 5.34 – Superfície da percolação com concentração inicial (Ci0) igual a 1.000 (A) e 2.000 (B).

Nas Figuras (5.35) e (5.36) vemos moléculas de forma de “L’ com tamanho igual a

”5” e sentido pré-definido Fig. (3.4) - molécula C de adsorção. As concentrações iniciais (Ci0)

Page 75: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

65

são 372 (trezentas e setenta e dois) moléculas Fig. (5.35 A), 500 (quinhentas) moléculas Fig.

(5.35 B), 1.000 (um mil) moléculas Fig. (5.36 A) e 2.000 (dois mil) moléculas Fig. (5.36 B).

(A) (B)

Figura 5.35 – Superfície da percolação com concentração inicial (Ci0) igual a 372 (A) e 500 (B).

(A) (B)

Figura 5.36 – Superfície da percolação com concentração inicial (Ci0) igual a 1.000 (A) e 2.000 (B).

Page 76: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

66

Nas Figuras (5.37) e (5.38 A) percebemos visualmente a variação da percolação com o

aumento da concentração inicial (Ci0). Foram usadas moléculas de forma quadrada com

tamanho igual a “5” e sentido aleatório de adsorção. As concentrações iniciais (Ci0) são 299

(duzentas e noventa e nove) moléculas Fig. (5.37 A), 1.500 (mil e quinhentas) moléculas Fig.

(5.37 B), 2.000 (dois mil) moléculas Fig. (5.38 A). Na Fig. (5.38 B) foram usadas moléculas

de forma quadrada com tamanho igual a “10” e 10.000 (dez mil) moléculas. Observamos que

estas são moléculas que pela sua forma encontram mais dificuldade de se ajustar em sítios

vazios na superfície.

(A) (B)

Figura 5.37 – Superfície da percolação com concentração inicial (Ci0) igual a 299 (A) e 1.500 (B).

(A) (B)

Figura 5.38 – Superfície da percolação com concentração inicial (Ci0) igual a 2.000 (A) e 10.000 (B).

Page 77: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

67

5.2 – Estudos dos fenômenos de difusão

Além dos resultados numéricos, nosso simulador (Compaq Visual Fortran Version

6.6) permite a visualização do comportamento da percolação na superfície delimitado pelo

modelo de rede.

As Figs. (5.39, 5.40 e 5.41) mostram a evolução da percolação em rede quadrada e

cúbica em diferentes mecanismos de deslocamento. Na Fig. (5.39) estão representadas

percolações em malhas quadradas de 50/50 com tempo igual a 2.000 (dois mil), em 4 (quatro)

sentidos, e probabilidades de ocupação (poc) iguais a “1” Fig. (5.39 A) e “0,7” Fig. (5.39 B).

(A) (B)

Figura 5.39 – Percolação em rede quadrada com poc = 1 (A) e poc = 0,7 (B) em 4 sentidos.

Na Fig. (5.40) são apresentados resultados nas mesmas condições da Fig. (5.39),

porém utilizando o mecanismo de dispersão axial e radial, que corresponde ao mecanismo de

deslocamento em “3” (três) sentidos. Nesta pode-se constatar uma tendência maior de difusão

no sentido axial.

Page 78: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

68

(A) (B)

Figura 5.40 – Percolação em rede quadrada com poc = 1 (A) e poc = 0,7 (B) em 3 sentidos.

Um esquema da evolução da percolação em “3” (três) dimensões é apresentado na Fig.

(5.41) para dois mecanismos de movimento.

(A) (B)

Figura 5.41 – Representações de percolação em redes cúbica em 6 (A) e 5 (B) sentidos.

As Figs (5.42 e 5.43) a seguir apresentam os resultados de distância percorrida (dp)

com o tempo em escalas logarítmicas. Nesta escala, a lei de potência representada pela Eq.

(5.1) torna-se:

log(dp) = log(c) + k.log(t) (5.1)

Podendo-se então obter o expoente (k), que corresponde ao coeficiente angular da

expressão acima. O expoente (k) é importante, pois a difusividade molecular tem uma relação

Page 79: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

69

com o tempo nesta potência, sendo este um parâmetro fundamental frente à relação estreita e

sensível entre estas grandezas.

A partir das Figs. (5.42 e 5.43) pode-se observar que a difusão, cuja grandeza tem

relação com (dp), tem uma ligação direta com a lei de potência estabelecida pela Eq. (5.1),

uma vez que o modelo levou a uma boa correlação com os dados simulados de percolação em

rede quadrada 2D e cúbica 3D. Estes resultados apresentaram coeficientes de correlação altos,

o que indica um bom ajuste da lei de potência. As duas situações de rede regular com Poc=1,

para 2D Fig. (5.42 A) e para 3D Fig. (5.43 A), apresentaram percolações ideais com

expoentes (k) universais iguais a “0,5014” e “0,4987”, respectivamente. Neste dois casos,

devido aos sistemas serem regulares, com Poc=1 e movimento em todas as direções, o

coeficiente de correlação foi igual a “1” (R2=1).

y = 0,5014x - 0,0541

R2 = 1

y = 0,39x - 0,0564

R2 = 0,9999

0

0,5

1

0,8 1,1 1,4 1,7 2

Log(t)

Log

(dp

)

Poc=1

Poc=0.7

y = 0,901x - 0,2816R2 = 0,9994

y = 0,6231x - 0,1963R2 = 0,9998

0

0,5

1

1,5

0,8 1,1 1,4 1,7 2

Log(t)

Lo

g(d

p)

Poc=1

Poc=0.7

(A) (B)

Figura 5.42 – Rede 2D em 4 (A) e 3 (B) sentidos de movimento.

Observa-se nas situações de dispersão axial e radial, representadas pelas Figs. (5.42 B

e 5.43 B), um aumento significativo do expoente (k) se comparado às condições de difusão

em todas as direções, mostrando, portanto, que a difusão é aumentada nestes casos. Como

exemplo, podemos observar as Figs. (5.42 A para 5.42 B) (com Poc=1), em que o expoente (k)

teve um aumento de 79,7%.

Quanto ao efeito da porosidade (ε), que tem relação com a probabilidade de ocupação

(Poc), observou-se que a diminuição de (Poc=1) para (Poc=0,7) teve um efeito mais

significativo nos expoentes (k) nas redes 2D do que nas 3D. Esse efeito pode ser observado

pela inclinação mais acentuada da Fig. (5.42). Desta forma, a diminuição da porosidade levou

a uma diminuição mais significativa da difusão na rede 2D, através de menores expoentes (k).

No caso da rede 3D, por ter um limiar de percolação menor que a rede 2D, esta apresenta uma

Page 80: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

70

estrutura com um maior número de possíveis caminhos de percolação, o que possibilita ao

“random walk” percorrer distâncias maiores, levando a maiores valores de expoentes (k) se

comparado à rede 2D com o mesmo valor de (Poc < 1).

y = 0,4987x - 0,033

R2 = 1

y = 0,4632x - 0,1003

R2 = 0,9998

0

0,5

1

0,8 1,1 1,4 1,7 2Log(t)

Lo

g(d

p)

Poc=1

Poc=0.7

y = 0,7831x - 0,2521

R2 = 0,9982

y = 0,6896x - 0,2934

R2 = 0,9969

0

0,5

1

1,5

0,8 1,1 1,4 1,7 2

Log(t)

Lo

g(d

p)

Poc=1

Poc=0.7

(A) (B)

Figura 5.43 – Rede 3D em 6 (A) e 5 (B) sentidos de movimento.

A análise da lei de potência referente à Eq. (5.1), não em termos da distância

percorrida (dp), mas em termos da área (Ap) e do volume (Vp), levou a resultados equivalentes

aos anteriores, mostrando um bom ajuste dos dados com o modelo de potência assumido. A

Tabela 5.7 apresenta os valores dos expoentes (k) com os respectivos coeficientes de

correlação. Os valores de (Ap) e (Vp) foram obtidos em unidades de sítio percolado, sendo

estas grandezas, respectivamente, relacionadas com as redes 2D e 3D. Como nos casos

anteriores de (dp), foi observada uma diminuição dos expoentes (k) para as situações de

dispersão axial e radial (3 e 5 sentidos), mostrando também uma diminuição mais

significativa de (k) na redução da porosidade para as redes 2D.

Tabela 5.7 – Expoentes (k) da lei de potência relacionada com (Ap) (2D) e Vp (3D).

2D 3D

4 sentidos 3 sentidos 6 sentidos 5 sentidos

Poc = 1 0,7706

(R2=0,9986) 0,929

(R2=0,9997) 0,8951

(R2=0,9997) 0,9304

(R2=0,9997)

Poc = 0,7 0,636

(R2=0,9996) 0,6413

(R2=0,9998) 0,8201

(R2=0,9993) 0,8449

(R2=0,9991)

Page 81: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

71

CAPÍTULO 6 6 – Conclusões e trabalhos futuros 6.1 – Conclusões

A modelagem estocástica multi-moléculas em superfícies representadas por modelos

de rede conseguiu representar o comportamento das isotermas de adsorção do tipo Langmuir.

Estas ferramentas podem ser utilizadas na compreensão dos mecanismos de adsorção em

superfícies, levando ao melhoramento dos materiais porosos adsorventes.

Evidenciamos diferentes comportamentos das isotermas de adsorção de acordo com o

tipo e tamanho de molécula adsorvida. Sendo observada uma forte dependência das isotermas,

principalmente, com o tamanho da molécula, uma vez que a seletividade à adsorção aumenta

com o tamanho da molecula. Vemos também que as maiores concentrações de saturação

ocorrem quando não se restringe a posição de adsorção.

Através das simulações foi calculada a probabilidade de ocupação relacionada com a

concentração, observando um aumento tendendo a um, onde o sistema tende a formar clusters

de tamanho “infinito” com a formação de poucos e pequenos buracos.

Foram calculados também a probabilidade de ocupação relacionada com a entropia,

observando uma diminuição na probabilidade de ocupação a cada etapa de tempo, esse

resultado já era esperado, pois aumentando a quantidade de moléculas adsorvidas, diminui a

entropia, significando que o sistema está tendendo cada vez mais a organização.

As simulações do limiar de percolação dos clusters, possibilitou visualização do

comportamento dos sítios ocupados, assim como a formação e tamanho dos clusters. Notamos

que as moléculas em forma de “L” com sentido de adsorção aleatório percolam mais rápidas.

Devemos atentar ao fato de que uma molécula em “L” são, na verdade, duas moléculas

lineares ortogonais, o que dobra a sua área e que reduz à metade a sua probabilidade de

encontrar um sítio vazio se comparadas com uma linear. As moléculas quadradas

apresentaram maiores dificuldades para percolar. Estas são moléculas que pela sua forma

encontram mais dificuldade de se ajustar na rede com o aumento de seu tamanho, formando

clusters isolados.

A modelagem dos fenômenos de difusão através de “random walks” ou passeadores

aleatórios em redes 2D e 3D apresentou resultados que obedecem a leis de potência com

expoentes universais bem definidos; estes últimos relacionados com coeficientes difusivos.

Page 82: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

72

Foram constatadas leis de potência através da distância (dp), área (Ap) e volume percorrido

(Vp), apresentando estas grandezas relação com fenômenos de difusão. Mecanismos de

dispersão axial e radial também apresentaram-se como modelos de potência, sendo observado

tal comportamento na variação da porosidade (ε) através da probabilidade de ocupação (poc).

6.2 – Trabalhos futuros

Dando continuidade a este trabalho de pesquisa, propõe-se:

• Aplicação de outros modelos termodinâmicos na fenomenologia de adsorção;

• Correlação das modelagens diretas com dados experimentais de adsorção, aplicando

problemas inversos na estrutura de parâmetros;

• Estudos na aplicação de fenômenos de difusão superficiais;

• Utilização de redes não estruturadas.

Page 83: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

73

CAPÍTULO 7 7 - Referências Bibliográficas

ANDRADE Jr., J. S., MACGREAVY, C e RAJAGOPAL, K., Chromatography in Pore

Networks II – The Role of Structure and Adsorption in the band Broadening,

Chromatography, Vol. 32, pp. 345-351, 1991a.

ANDRADE Jr., J. S. e RAJAGOPAL, K., Percolation Disorder in Chromatography

System, J. Phys. A: Math Gen., Vol. 24, pp. 1379-1384, 1991b.

ANDRADE Jr. et al., A Network for Diffusion and Adsorption in Compacted Pellets of

Bidisperse Grains, Chem. Eng. Science, Vol. 50, pp. 1943-1951.

BIASSE, A. D., FONSECA, E.X., CÂMARA, L.D.T. e SILVA NETO, A.J., Difusão e

Adsorção em Meios Porosos Mediante Percolação e Redes Bidimensionais e

Tridimensionais, X Encontro de Modelagem Computacional, Instituto Politécnico/UERJ,

Nova Friburgo, 2007.

BIASSE, A. D., OLIVEIRA, G. P., CÂMARA, L.D.T. e SILVA NETO, A.J., Influência de

Tipos Moleculares no Comportamento de Isotermas de Adsorção em Superfícies

Modeladas por Redes Bidimensionais, XI Encontro de Modelagem Computacional,

Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica/UFF, Volta Redonda, 2008.

BIASSE, A. D., FONSECA, E.X., CÂMARA, L.D.T. e SILVA NETO, A.J., Power-Laws of

Diffusion Phenomena in Chromatographic Columns, Journal Advances and

Applications in Mathematical Sciences, 2009.

BIASSE, A. D., CÂMARA, L.D.T. e SILVA NETO, A.J., Percolation Parameters of

Biomolecules Adsorption on Two-dimensional Network Surfaces, 20th International

Congress of Mechanical Engineering, 2009.

Page 84: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

74

BOLTZMANN, Ludwig E. On certain question of theory of gases, Nature, vol. 51 n°

1322,p. 413-415, 1895.

BROADBEND, S. R. e HAMMERSLEY, J. M., Percolation Process – I. Crystals and

Mazes, Proc. Camb. Phil. Soc., Vol. 53, pp. 629-641, 1957.

BRYNTESSON, L. M., Pore Network Modeling of the Behavior of a Solute in

Chromatography Media: Transient and Steady-State Diffusion Properties, Journal of

Chromatography A, Vol. 945, pp. 103-115, 2002.

BRUNAUER, S., DEMING, L. S., DEMING, W. E. e TELLER, E., On a Theory of the Van

der Waals Adsorption of Gases , J. Amer. Chem. Soc., 62, 1723, 1940.

BUARQUE, H. L. B., CAVALCANTE JR, C. L., CHIAVONE FILHO, O. e SILVA, N. M.;

Termodinâmica da Adsorção Multicomponente: Revisão dos Conceitos e Modelos

Fundamentais, In. 2o Encontro Brasileiro sobre Adsorção, 1998, Florianópolis, Santa

Catarina, Brasil.

CABRAL, V. F., TAVARES, F.W. e CASTIER, M., 2003, Monte Carlo Simulation of

Adsorption Using 2-D Models of Heterogeneous Solids, AlChe Journal, Vol. 49, No. 3,

pp 753-763, 2003.

CÂMARA, L. D. T., CERQUEIRA, H. S., ARANDA, D. A. G. e RAJAGOPAL, H.,

Application of a Three-dimensional Network Model to the Coke Formation in FAU,

MFI and BEA zeolites, Catalysis Today, Vol. 98, pp. 309-315, 2004.

CAVALCANTE Jr., C. L., EIC, M., RUTHVEN, D. M. e OCELLI, M. L., Diffusion of n-

Parafins in Offretite-Erionite Type Zeolites Zeolites, 15 (4) 293-307, 1995.

CRUZ, J. M., Adsorção de Insulina em Resina Trocadora de Íon Utilizando Leitos Fixos

e Fluidizados, Dissertação de Mestre em Engenharia Química, Faculdade de Engenharia

Química/UNICAMP, Campinas, 1997.

Page 85: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

75

CHIANG, A. S. T., LEE, C. K. e WU, F. Y., Theory of Adsorbed Solutions: Analysis of

One-Dimensional Systems J. Am. Chem. Eng., 42 (8), 2155-2161, 1996.

CHOUDHARY, V. R. e MANTRI, K., Adsorption of Aromatic Hydrocarbons on Highly

Siliceous MCM-41 Langmuir, 16, 7031-7037, 2000.

DODSON, G., Insulin and Diabetes, National Institute for Medical Research, Disponível

em: <http://www.nimr.mrc.ac.uk/millhillessays/1998/diabetes.htm, Acesso em: 18 dez.

2008.

DODSON, G., Insulin and Diabetes. Crimes na era digital. Net, Rio de Janeiro, Nov. 1998.

Seção Ponto de Vista. Disponível em:

<http://www.brazilnet.com.br/contexts/brasilrevistas.htm> Acesso em : 28 nov. 1998.

DUNCAN, W., The Measurement and Modelling of the Intracrystalline Diffusion of

Cyclohexane in ZSM-5 Using Zero Length Column Chromatography, Thesis of

Doctor of Philosophy, University of Cape Town, 2001.

FISCHER, M. E. e ESSAM, J. W., Some Cluster Size and Percolation Problems, J. Math.

Phys, 2 609, 1961.

FLORY, P. J., Molecular Size Distribution in Three Dimensional Polymers, J. Amer.

Chem. Soc, Vol. 63, pp. 3083-3100, 1941.

FRANCOTTE, E., RICHERT, J. e MAZZOTTI, M., J. Chromatography A, Vol. 796, pp.

239-248, 1998.

FURUSAWA, T., SUZUKI, M. e SMITH, J. M, Rate Parameters in Heterogeneous

Catalysis by Pulse Techniques. Catal. Rev. Sci. Eng., Vol. 13, 43-76, 1976.

FUJIKATA, Y., MASUDA, T., IKEDA, H. e HASHIMOTO, K., Measurement of the

Diffusivities Within MFI- and Y-Type Zeolite Cataly sts in Adsorption and

Desorption Processes Microporous and Mesoporous Materials, 21, 679-686, 1998.

Page 86: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

76

GENG, A. e LOH, K. C., Effects of Adsorption Kinetics and Surface Heterogeneity on

Band Spreading in Perfusion Chromatography: A Network Model Analysis,

Chemical Engineering Science, Vol. 59, pp. 2447-2456, 2004.

GRIMES, B. A., MEYERS, J. J. e LIAPIS, A. I., Determination of the Intraparticle

Electroosmotic Volumetric Flow-Rate, Velocity and Peclet Number in Capillary

Electrochromatography from Pore Network Theory, Journal of Chromatography, Vol.

890, pp. 61-72, 2000,

GRABOWSKI, K., PATRYKIEJEW, A. e SOKOLOWSKI, S., Monte Carlo Simulation of

Adsorption on Preadsorbed Layers, Surface Science, Vol. 506, pp. 47-65, 2002.

GIOCHON, G., SHIRAZI, S. G. e KATT, A. M., Fundamentals of Preparative and

Nonlinear Chromatography, Academic Press, Boston, 1994.

GONÇALVES, C. V., Difusão em Fase Líquida de Hidrocarbonetos em Zeolito Tipo Y,

Dissertação de Mestrado, UFC – Universidade Federal do Ceará, 2001.

GUISNET, M., MAGNOUX, P. e MARTIN D., Roles of Acidity and Pore Structure in the

Deactivation of Zeolites bye Carbonaceous Deposits, Stud. Surf. Sci. Catal, Vol. 111,

pp. 1-18, 1997.

GUO, G. Q., CHEN, H. e LONG, Y. C., Separation of p-Xylene from C8 Aromatics on

Binder-Free Hydrophobic Adsorbent of MFI Zeolite. I. Studies on Static

Equilibrium Microporous and Mesoporous Materials, 39 (1-2), 149-161, 2000.

HU, X. e DO, D. D., Multicomponent Adsorption Kinetics of Hydrocarbons onto

Activated Carbon: Effect of Adsorption Equilibrium Equations Chem. Eng. Sci., 47

(7), 1715-1725, 1992.

JUZA, M., MAZZOTTI, M. e MORBIDELLE, M., Trends Biotechnology, Vol. 18, pp. 108-

118, 2000.

Page 87: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

77

LANGMUIR I., The Adsorption of Gases on Plane Surfaces of Glass, Mica, and

Platinum J. Amer. Chem. Soc., 40, 1361-1403, 1918.

LOH, K. C. e WANG, D. I. C., Characterization of Pore Size Distribution of Packing

Material Used in Perfusion Chromatography Using Network Model , Journal of

Chromatography A, Vol. 718, pp. 239-255, 1995.

LOH, K. C. e GENG, A., Hydrodynamic Dispersion in Perfusion Chromatography: A

Network Model Analysis, Chemical Engineering Science, Vol. 58, pp. 3429-3451, 2003.

MASUDA, T., FUKADA, K., FUJIKATA, Y., IKEDA, H. e HASHIMOTO, K.,

Measurement and Prediction of the Diffusivity of Y-Type Zeolite Chem. Eng. Sci., 51

10, 1879-1888, 1996.

MEYER, J. J. e LIAPIS, A. I., Network Modeling of the Intraparticle Convection and

Diffusion of Molecules in Porous Particles Packed in a Chromatographic Column,

Journal of Chromatography A, Vol. 827, pp. 197-213, 1998.

MEYER, J. J. e LIAPIS, A. I., Network Modeling of the Convective Flow and Diffusion of

Molecules Adsorbing in Monoliths and in Porous Particles Packed in a

Chomatographic Column, Journal of Chromatography A, Vol. 852, pp. 3-23, 1999.

MEYER, J. J., CROSSER, O. K. e LIAPSI, A. I., Pore Network Modeling of Affinity

Chromatography: Determination of the Dynamic Profiles of the Pore Diffusivity of

β-Galactosidase varies with Time, Journal of Biochemical and Biophysical Methods,

Vol. 49, pp. 123-139, 2001a.

MEYER, J. J., NAHAR, S., LUDLOW, D. K. e LIAPIS, A. I., Determination of the Pore

Connectivity and Pore Size Distribution and Pore Spatial Distribution of Porous

Chromatographic Particles from Nitrogen Sorption Measurements and Pore

Network Modeling, Journal of Chromatography A, Vol. 907, pp. 57-71, 2001b.

MYERS, A. L. e PRAUSNITZ, J. M., Thermodynamics of Mixed-Gas Adsorption

A.I.Ch.E . J., 11 (1), 121-130, 1965.

Page 88: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

78

MONTEIRO, J. L. F., Introdução a Peneiras Moleculares, 2o Curso Iberoamericano

sobre Peneiras Moleculares, São Carlos, São Paulo, Brasil, 1-18, 1995.

MONTEAGUDO, J. E. P., SILVA, L. F. L. R. e LAGE, P. L. C., Scaling Laws for Network

Model Permeability: Application to Wellbore Oil Flow Simulation with Solid

Deposition, Chemical Engineering Science, Vol. 58, pp. 1815-1829, 2003.

NAMASIVAYAM C. e KAVITHA D, Removal of Congo Red from Water by Adsorption

onto Activated Carbon Prepared from Coir Pith, an Agricultural Solid Waste. Dyes

and Pigments, Vol. 54, Ed. 1, pp. 47-58, 2002.

NASSAR, M. M. e MAGDY, Y. H., Removal of Different Basic Dyes from Aqueous

Solutions by Adsorption on Palm-Fruit Bunch Particles Chem. Eng. Journal, 66, 223-

226, 1997.

NEVES, S. B., Modelagem de um Leito Fixo de Adsorção para Sistemas Líquido-Sólido,

Dissertação de Mestrado, UFBA – Universidade Federal da Bahia, 1995.

NICOUD, R. M, G. Subramanian (Ed.), Wiley-VCH, New York, 1998.

NGUYEN, C., SONWANE, C. G., BHATIA, S. K. e DO, D. D., Adsorption of Benzene and

Ethanol on MCM-41 Material Langmuir , 14, 4950-4952, 1998.

RUTHVEN, D. M., EIC, M. e RICHARD, E., Diffusion of C8 Aromatic Hydrocarbons in

Silicalite Zeolites, 11, 647-653, 1991.

RUTHVEN, D. M., FAROOQ, S. e KNAEBEL, K. S., Pressure Swing Adsorption, VCH

Publishers, New York, 1994.

RUTHVEN, D. M., Encyclopedia of Separation Technology, 1, Kirk-Othmer

Encyclopedia, 1st Ed., John Wiley & Sons, New York, 1997.

Page 89: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

79

SAHIMI, D. M., Applications of Percolation Theory, 1st ed. Taylor and Francis, London,

1994.

SAHIMI, D. M., Flow and Transport in Porous Media and Fractured Rock, 1st ed., New

York, VCH, 1995.

SILVA D., F. R. C., Estudos da Adsorção de Inulinases em Colunas com Resinas de

Troca Iônica: Parâmetros Experimentais e Modelagem, Tese de Doutorado em

Engenharia Química, Faculdade de Engenharia Química/UNICAMP, Campinas, 2000.

S. R. DAHMEN, A Obra de Ludwing E. Boltzmann em Física, Revista Brasileira de

Ensino de Física 28,3, 2006.

STAUFFER, D. e AHARONY, A., Introduction to Percolation Theory, Second Edition,

1992.

STOCKMAYER, W. H., Theory of Molecular Size Distribution and Gel Formation in

Branched Chain Polymers, J. Chem. Phys., Vol. 11, pp. 45-55, 1943.

SUZUKI, M., Adsorption Engineering – Chemical Engineering Monographs; Vol. 25,

Kodansha Ltd, Tokyo and Elsevier Science Publishers B. V., Amsterdam, 295pp., 1990.

KNACKSTEDT, M. A., SHEPPARD, A. P. e SAHIMI, M., Poro Network Modeling of

Two-phase Flow in Porous Rock: The Effect of Correlated Hereogeneity, Advances in

Water Resources, Vol. 24, pp. 256-277, 2001.

KIER, L. B, CHENG, C. K. e KARNES, H. T., A Cellular Automata Model of

Chromatography, Biomedical Chromatography, Vol. 14, pp. 530-534, 2000.

KÜNTZ, M., MIER, J. V. e LAVALLÉE, P., A Lattice Gas Automaton Simulation of the Nonlinear Diffusion Equation: A Model for Moisture Flow in Unsaturated Porous Media, Transport in Porous Media, Vol. 43, pp. 289-307, 2001.

Page 90: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

80

VAN WELL, W. J. M., JÄNCHEN, J., DE HAAN, J. W. e VAN SANTEN, R. A., Adsorption of Linear Alkanes in the α-Cages and γ-Cages of H-ZK-5 and K-ZK-51 J. Phys. Chem., 103, 1841-1853, 1999.

WEISZ, P. B., Zeolite – New Horizons in Catalysis Chem. Tech., 3, 498-505, 1973.

Page 91: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Page 92: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp109645.pdf · Que desce à orla de seus vestidos; Como o orvalho de Hermon, Que desce sobre os Montes de

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo