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SP cria alternativa para tratamento contra a lipodistrofia Farmácia satélite agiliza atendimento e diminui custos O perigo das propagandas para vender medicamentos Uma publicação da Saber Viver Comunicação para profissionais envolvidos na distribuição de anti-retrovirais | Ano 3 | Maio/Junho de 2006 Acesse a publicação em www.saberviver.org.br PASSANDO A LIMPO COMPROMISSO EM DESTAQUE 2 4 3 R enata Macedo, de 30 anos, não po- dia ser mais criativa. Responsável pela Farmácia do Programa DST/ Aids/Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte-MG, ela inventou um jeito especial de incentivar a adesão: uma maratona do conhecimento. Sob o título “Eu conheço meu tratamen- to”, os seis encontros são abertos a to- dos os pacientes cadastrados na uni- dade. A idéia da mara- tona surgiu de uma pre- ocupação da farmacêu- tica: ela via que os usu- ários, muitas vezes, nem sabiam por que precisa- vam tomar um medica- mento e isso interferia na adesão. “Para aderir, ele precisa saber o por- quê”, acredita Renata. A maratona, composta de seis encontros, começou no dia 13 de junho. Neste dia, o Brasil jogava pela pri- meira vez nesta Copa do Mundo. Re- nata contratou um pipoqueiro e pro- videnciou um telão para assistir à par- tida com os pacientes. Ajudada por Fábio Henrique Moreira, farmacêuti- co da equipe, ela apresentou o proje- to da maratona e aplicou uma avali- ação com perguntas relacionadas à doença. A mesma avaliação será apli- cada no último dia, como forma de observar o aproveitamento dos parti- cipantes. Nos próximos encontros, Re- Conhecer para aderir Em Contagem (MG), “maratona do conhecimento” faz com que pacientes aprendam, por meio de jogos, estratégias para aderir ao tratamento nata e Fábio vão dar aulas sobre o tratamento. Para completar, have- rá jogos valendo pontos. O “gran- de vencedor” levará uma televisão de 20 polegadas! Na invenção das brincadeiras, Renata conta com a ajuda da equipe da farmácia. Na “amareli- nha”, por exemplo, a pessoa só vai pular de uma casa para outra se souber responder a determinadas pergun- tas. Em outro jogo, o “sobe e desce”, quem ti- ver deixado de tomar o remédio desce dez pon- tos. Além da televisão como primeiro prêmio, Renata pensa em dar um brinde para todos os participantes. “Tal- vez um relógio para não esquecerem a hora de tomar o remédio”, imagina. A Farmácia do Programa DST/ Aids/Contagem tem em torno de 400 pacientes em uso de anti-re- troviral. Talvez pelo fato de os en- contros serem no meio da tarde, inscreveram-se na maratona ape- nas 49. Porém, já estão nos planos da farmácia novos eventos em ho- rários alternativos. Com várias brincadeiras e jogos, é claro! SAIBA + E-mail da farmacêutica Renata Macedo [email protected] Foto 1: Pacientes assistem, no Programa de DST/Aids, à estréia do Brasil na Copa Foto 2: Equipe da farmácia Foto 3: O farmacêutico Fábio dá aula sobre história da epidemia Os usuários, muitas vezes, nem sabiam por que precisavam tomar um medicamento e isso interferia na adesão.

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SP cria alternativapara tratamentocontra a lipodistrofia

Farmácia satéliteagiliza atendimentoe diminui custos

O perigo daspropagandas paravender medicamentos

Uma publicação da Saber Viver Comunicação para profissionais envolvidos na distribuição de anti-retrovirais | Ano 3 | Maio/Junho de 2006

Acesse a publicação emwww.saberviver.org.br

PASSANDO A LIMPO COMPROMISSOEM DESTAQUE

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Renata Macedo, de 30 anos, não po-dia ser mais criativa. Responsávelpela Farmácia do Programa DST/

Aids/Contagem, na região metropolitanade Belo Horizonte-MG, ela inventou umjeito especial de incentivar a adesão:uma maratona do conhecimento. Sobo título “Eu conheço meu tratamen-to”, os seis encontros são abertos a to-dos os pacientes cadastrados na uni-dade. A idéia da mara-tona surgiu de uma pre-ocupação da farmacêu-tica: ela via que os usu-ários, muitas vezes, nemsabiam por que precisa-vam tomar um medica-mento e isso interferiana adesão. “Para aderir,ele precisa saber o por-quê”, acredita Renata. Amaratona, composta deseis encontros, começou no dia 13 dejunho.

Neste dia, o Brasil jogava pela pri-meira vez nesta Copa do Mundo. Re-nata contratou um pipoqueiro e pro-videnciou um telão para assistir à par-tida com os pacientes. Ajudada porFábio Henrique Moreira, farmacêuti-co da equipe, ela apresentou o proje-to da maratona e aplicou uma avali-ação com perguntas relacionadas àdoença. A mesma avaliação será apli-cada no último dia, como forma deobservar o aproveitamento dos parti-cipantes. Nos próximos encontros, Re-

Conhecer para aderirEm Contagem (MG), “maratona do conhecimento” faz com que pacientes aprendam,

por meio de jogos, estratégias para aderir ao tratamento

nata e Fábio vão dar aulas sobre otratamento. Para completar, have-rá jogos valendo pontos. O “gran-de vencedor” levará uma televisãode 20 polegadas!

Na invenção das brincadeiras,Renata conta com a a juda daequipe da farmácia. Na “amareli-nha”, por exemplo, a pessoa só vaipular de uma casa para outra se

souber responder adeterminadas pergun-tas. Em outro jogo, o“sobe e desce”, quem ti-ver deixado de tomar oremédio desce dez pon-tos. Além da televisãocomo primeiro prêmio,Renata pensa em darum brinde para todosos participantes. “Tal-vez um relógio para

não esquecerem a hora de tomar oremédio”, imagina.

A Farmácia do Programa DST/Aids/Contagem tem em torno de400 pacientes em uso de anti-re-troviral. Talvez pelo fato de os en-contros serem no meio da tarde,inscreveram-se na maratona ape-nas 49. Porém, já estão nos planosda farmácia novos eventos em ho-rár ios alternativos . Com váriasbrincadeiras e jogos, é claro!

SAIBA +E-mail da farmacêutica Renata [email protected]

Foto 1: Pacientes assistem, no Programade DST/Aids, à estréia do Brasil na CopaFoto 2: Equipe da farmáciaFoto 3: O farmacêutico Fábio dá aulasobre história da epidemia

Os usuários,muitas vezes,

nem sabiam porque precisavam

tomar ummedicamento

e isso interferiana adesão.

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PASSANDO A LIMPO

Amistura de publicidade e medi-camentos tem preocupado osprofissionais de saúde. Segun-

do dados divulgados pela Agência Na-cional de Vigilância Sanitária (Anvi-sa), o consumo sem critério de medi-camentos causa um impacto nos in-dicadores de Saúde Pública. A inges-tão excessiva ou indevida e as reaçõesadversas aos medicamentos lideram oranking nacional de intoxicação hásete anos. E o problema não se limitaao Brasil. A Organização Mundial deSaúde (OMS) empreende hoje umacampanha para combater esse des-controle no acessoaos medica-

Propaganda irracionalMovimento quer proibir propaganda de medicamentos

mentos, verificado em diversos países.Aparentando informar, esse tipo depropaganda acaba induzindo o mal-uso dos produtos.

Em torno desse pro-blema, a Fenafar (Fe-deração Nacional dosFarmacêuticos), a Fe-nam (Federação Naci-onal dos Médicos), e aAnvisa promovem umasérie de eventos cha-mada Seminário Pro-paganda e Uso Racio-nal de Medicamentos.

Depois das conferênci-as destinadas a farma-cêuticos e médicos das

cinco regiões do país, oencerramento da sér ie

acontece em Brasília, entre osdias 31 de agosto e 2 de setem-

bro. A presiden-te da Fenafar,Maria EugênciaCury, conta que

o Seminário temcomo pr inc ipa l

objetivo a sensibiliza-ção dos profissionais sobre

o seu papel na promoção do uso

racional de medicamentos. Para ela,farmacêuticos e médicos devem con-trapor-se à investida da propaganda.

Esta tem levado, na opi-nião de Maria Eugênia,ao uso irracional de re-médios. “A propagandade medicamentos preci-sa de muito mais con-tro le a inda” , d iz e la .“Aliás, a Fenafar e a Fe-nam apóiam uma açãomais radicalizada: que-remos aprovar uma lei

que proíba esse tipo de promoção”.Se a propaganda é uma estratégiaque visa à venda do produto, tendea valorizar (e até exagerar) seus be-nefícios, ao mesmo tempo em queminimiza (ou até camufla) os efeitosindesejáveis. “É fundamental cons-cientizar a população de que o me-dicamento não é um produto qual-quer e que se deve evitar o uso dequalquer medicação sem a prescri-ção médica”, preocupa-se.

SAIBA +Anvisa - www.anvisa.gov.brFenafar - www.fenafar.org.brFenam - www.fenam.org.br

O Programa Municipal de DST/Aids do Rio de Janeiro reuniucerca de 70 profissionais de saú-

de, em maio, para discutir a adesão aotratamento da aids. O evento, chama-do Oficina de Adesão, contou com aapresentação de cinco palestrantes. Naabertura, o assessor técnico da Unida-de de Assistência e Tratamento do Pro-grama Nacional de DST/Aids, RonaldoHallal, falou sobre as estratégias do Mi-nistério da Saúde para garantir umaboa adesão aos anti-retrovirais. Em se-guida, a psicóloga do projeto PraçaOnze, da Universidade Federal do Rio

de Janeiro (UFRJ), Ana Lúcia Weinstein,desafiou os participantes a refletiremsobre a vulnerabilidade do paciente comoum dos obstáculos à adesão. Gisela Car-doso, psicóloga do Programa de Aids eServiço de DIP do Hospital UniversitárioClementino Fraga Filho (UFRJ), apresen-tou sua Dissertação de Mestrado, quetrata das representações sociais da so-ropositividade e sua relação com a ade-são ao tratamento anti-retroviral. Oprofessor da Universidade Estadual doRio de Janeiro, Antônio Marcos TosoliGomes, falou sobre o cotidiano da fa-mília que tem em casa uma criança com

Novas formas de pensar adesãoHIV/aids. Para encerrar o evento, NardaNery Tebet, psicóloga e presidente doGrupo pela Vidda Niterói, apresentou asestratégias do projeto Nit-Buddy na pro-moção da adesão. O projeto cadastra vo-luntários dispostos a auxiliar pessoas comHIV/aids em seus domicílios.

Sérgio Aquino, responsável pela Logís-tica de Medicamentos do Rio, criou oevento a fim de promover, entre os pro-fissionais de saúde em geral, uma refle-xão mais ampla sobre o processo de ade-são ao tratamento contra a aids. “Preci-samos desvendar as diversas formas depensar em adesão”, disse.

NOTAS

A ingestão excessivaou indevida e asreações adversas

aos medicamentoslideram o ranking

nacional deintoxicação há

sete anos.

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EM DESTAQUE

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Acesse os fascículosdo SOLUÇÃO em

www.saberviver.org.br

NA PRATELEIRA

DIDANOSINA/ddI/Videx ECInibidor da TranscriptaseReversa Análogo deNucleosídeoArmazenamentoTemperatura ambiente, entre 15 a30ºC. Proteger da luz e umidade.

ApresentaçãoComprimidos de 25mg e 100mg.Cápsulas de 250mg e 400mg.Em comprimidos mastigáveisou dissolvíveis em água ou aindana forma de comprimidode proteção entérica (EC).

Como tomarQualquer formulação destemedicamento requer jejum de 90minutos antes e uma hora depois.

Principais EsquemasTerapêuticosAZT + DDI + NevirapinaVidex EC + 3TC + EfavirenzDDI + Abacavir + Lopinavir/r +Nevirapina (resgate)Videx + 3TC + Atazanavir

Possíveis efeitos adversosNáuseas, diarréia, pancreatite, dorabdominal, neuropatia periféricae vômitos.

Observações importantesAs pessoas que pesam menosde 60 kg devem tomar a medicaçãoem doses menores que o habitual.Esta indicação deve ser feitapelo infectologista. Beba somente água. A didanosinanão pode, de modo algum, seringerida com bebida alcoólica,porque é necessário preservar o

período de jejum que estemedicamento requer.

Saiba mais sobreos anti-retrovirais

Interessada em implementar o serviçode farmácia satélite no Hospital-Diado Instituto de Pesquisa Clínica da Fi-

ocruz (IPEC/FIOCRUZ), Núbia Vieira deAssis dedicou sua monografia de conclu-são do curso de farmácia ao projeto. Com25 anos e formada há um ano pela Uni-granrio, no Rio de Janeiro, ela continuatrabalhando no IPEC e mostra-se satis-feita com a mudança.

O que mudou exatamente?A dispensação do Hospital-Dia do IPEC

era totalmente subordinada à farmáciacentral. Antes de mim, não havia um far-macêutico específico do Hospital-Dia. Adescentralização do serviço possibilitouuma resposta mais rápida ao paciente ea redução do custo, tanto de medicamen-to quanto de material.

Você continua nessa função?Agora estou dividida entre a dispen-

sação de dose unitária para pacientesinternados no IPEC e a dispensação noHospital-Dia.

Qual a função do Hospital-Dia?Ele foi criado em 1994 com o objetivo

de reduzir o número de internações. Astransformações no comportamento clí-nico das pessoas com aids já eram cons-tantes e cresciam as infecções oportu-nistas, como as decorrentes por citome-galovirus (CMV), com manifestação gás-

As vantagens dafarmácia satélite

Descentralização dafarmácia de uma unidadepode agilizar serviço

trica, cerebral ou ocular. Até hoje, o prin-cipal sintoma que leva os pacientes atélá é a dificuldade de visão. Eles precisamdo ganciclovir por via intra-venosa, per-manecendo conosco de uma a cinco ho-ras. A freqüência é de dez a quinze paci-entes por dia e cada um comparece deuma a três vezes por semana, dependendoda carga viral.

Por que você escolheu esse temapara a monografia?

No Brasil, a maioria dos hospitais ado-tam o sistema centralizado de distribui-ção de medicamentos e materiais, masalguns setores precisariam de uma dis-pensação própria. Por isso pensei em rela-tar minha experiência no IPEC e acabeime surpreendendo com a falta de litera-tura nessa área. Não encontrei estudossobre farmácias satélites, nem dados arespeito desse tipo de serviço no país.

Na sua opinião, qual foi o principalganho do serviço com a implantaçãoda farmácia satélite?

O maior ganho foi a integração dosmembros da equipe, entre si e, também,com os pacientes e familiares. A farmá-cia satélite possibilita um atendimentomais individualizado e, claro, o efetivo usoracional dos medicamentos.

SAIBA MAIS:www.fiocruz.br

Núbia dedicou sua monografia ao serviço de farmácia satélite

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DESTAQUE POR DENTRO

Solução é uma publicação da Saber Viver Comunicação (21 2544 5345) | Rua 13 de Maio, 13, sala 1417 - Centro, Rio de Janeiro/RJCep: 20031-901 | Coordenação, edição e reportagem: Adriana Gomez e Silvia ChalubReportagem: Ana Letícia Leal | Secretária de redação: Alessandra Lírio | Consultoria lingüística: Leonor WerneckFoto: Alex Ferro, agência Pedra Viva | Projeto gráfico: Estúdio Metara (21 22427609) | Conselho editorial: Sérgio Aquino, José LiporageTeixeira, Estevão Portela | Impressão: MCE | Tiragem: 5 mil

COMPROMISSO

Ano 3 | Nº13 | Maio/Junho de 2006

Mande Sugestõ[email protected]

GUIAS PARA TRATAMENTOANTI-RETROVIRAL

Recomendações para terapiaanti-retroviral em adultose adolescentes do Ministérioda SaúdeNeste documento, que o Programa Nacionalde DST/Aids do Ministério da Saúde acaba deatualizar, é possível encontrar detalhes sobreo tratamento anti-retroviral.Versão disponível na Internet:www.aids.gov.br, link “Documentos ePublicações”.

Hopkins HIV GuideEste serviço, oferecido pela universidadeamericana Johns Hopkins, proporciona umaconsulta on-line das interaçõesmedicamentosas dos anti-retrovirais comoutras drogas. Em inglês.www.hopkins-hivguide.org

CURSOSCurso de Especialização em DST/Aids da Universidade FederalFluminense (UFF)O curso de especialização é gratuito eoferecido pelo Setor de Doenças SexualmenteTransmissíveis da Universidade FederalFluminense a todos os profissionais da área dasaúde. As inscrições podem ser feitas, até 10de julho, na Coordenação da Pós-Graduação,Campus do Valonguinho, Centro- Niterói – RJ.As aulas começam em agosto. Informações:(21) 2629 2495/ 2629 2505 e 2629 2507www.uff.br/dst/especializacao.htm

EVENTOSII Congresso Brasileiro de AidsO evento acontece junto ao VI Congresso daSociedade Brasileira de Doenças SexualmenteTransmissíveis (SBD), entre os dias 17 a 20 desetembro, em Santos (SP).Informações: www.dstsaopaulo.org.br

SITESFórum Científico da SociedadeViva CazuzaOferece a oportunidade de esclarecimentosde dúvidas e discussão de casos com outros

profissionais de saúde.www.hiv.org.br

Somente nas unidadesmunicipais da capital,cerca de 150 pacientes járealizaram o procedimentode preenchimento facial

Asíndrome lipodistrófica tem afe-tado indivíduos HIV positivos quefazem uso de anti-retrovirais.

Além de alterações metabólicas, a síndro-me caracteriza-se por alterações anatô-micas tão específicas que, por causa de-las, voltou-se a falar em “cara da aids”. Aexpressão está mais claramente relacio-nada à lipoatrofia na região da face (perdada gordura facial), mas também refere-se à perda da gordura dos membros su-periores e inferiores, à perda da gorduradas nádegas, bem como ao acúmulo degordura na região do abdômen, na regiãocervical posterior (giba) e nas mamas.

O Ministério da Saúde lançou uma por-taria, em 2005, prevendo a realização des-te procedimento em todo o Brasil, atra-vés do SUS. Entretanto, até agora, os trei-namentos dos profissionais de saúde nãoforam concluídos. Mas São Paulo saiu nafrente. O município, por exemplo, está re-alizando o procedimento desde outubrode 2005. “Adquirimos o polimetilmetacri-lato (PMMA) – substância que é injetadana face para preencher os locais onde agordura foi perdida – com a verba do in-centivo “Fundo a Fundo”, de repasse fe-deral”, empolga-se Élcio Gagizi, respon-sável pelo setor de logística de medica-mentos do Programa Municipal de DST/Aids. Farmacêutico, ele é um defensor dainiciativa porque sabe o quanto as altera-ções corporais afetam a adesão ao trata-mento e a qualidade de vida das pessoas.

São Paulo se unecontra a lipodistrofia

Enquanto o município faz a sua parte, oPrograma Estadual de DST/Aids efetuou umacompra do PMMA para outros municípios.

Os três dermatologistas e o cirurgiãoplástico que receberam a capacitação doPrograma Nacional de DST/Aids atuamregularmente em quatro serviços da ca-pital: Serviço de Assistência Especializadado Ipiranga; Serviço de Assistência Espe-cializada do Jardim Mitsutani; Ambula-tório de Especialidades Dr. Alexandre KalilYazbek e Serviço de Assistência Especializa-da Campos Elíseos. Para ser beneficiadopelo preenchimento, o paciente deve serencaminhado por uma das unidades deDST/aids da cidade. “Temos atendido de15 a 20 pessoas por mês, mas pretende-mos chegar a 50”, anuncia Elcio. “O pre-enchimento facial não é uma cirurgia, éum procedimento ambulatorial simples”,diz. Ele frisa que, agora, o desafio do Pro-grama Municipal é prevenir.

Com este fim, firmou uma parceria comas Grupo de Incentivo à Vida (GIV) e Insti-tuto Vida Nova (com o Projeto Malhação VidaNova), que atendem usuários encaminha-dos pelos Serviços Especializados em DST/Aidspara atividades de prevenção secundária –exercícios físicos, oficinas temáticas, incentivoà adesão aos medicamentos anti-retrovirais,orientação nutricional e apoio psicológico.