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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE UERN CAMPUS AVANÇADO “MARIA ELISA DE ALBUQUERQUE MAIA” - CAMEAM DEPARTAMENTO DE ECONOMIA - DEC LUCIANO DIAS DELFINO CONSIDERAÇÕES SOBRE O COMÉRCIO VAREJISTA EM PORTALEGRE/RN: PERFIL, REESTRUTURAÇÃO E TENDÊNCIAS PAU DOS FERROS/RN 2014

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN

CAMPUS AVANÇADO “MARIA ELISA DE ALBUQUERQUE MAIA” - CAMEAM DEPARTAMENTO DE ECONOMIA - DEC

LUCIANO DIAS DELFINO

CONSIDERAÇÕES SOBRE O COMÉRCIO VAREJISTA EM PORTALEGRE/RN: PERFIL, REESTRUTURAÇÃO E TENDÊNCIAS

PAU DOS FERROS/RN 2014

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LUCIANO DIAS DELFINO

CONSIDERAÇÕES SOBRE O COMÉRCIO VAREJISTA EM PORTALEGRE/RN:

PERFIL, REESTRUTURAÇÃO E TENDÊNCIAS

Monografia apresentada ao Departamento de Economia (DEC), do Campus Avançado “Profa. Maria Elisa de Albuquerque Maia” (CAMEAM), da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), como requisito para conclusão do Curso de Ciências Econômicas. Orientadora: Profa. Ma. Franciclézia de Sousa Barreto Silva

PAU DOS FERROS/RN 2014

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Delfino, Luciano Dias

Considerações Sobre O Comércio Varejista Em Portalegre / RN: Perfil, Reestruturação E Tendências / Luciano Dias Delfino– Pau dos Ferros, RN, 2014. 85 f. Orientador(a): Prof. Ma. Franciclézia de Sousa Barreto Silva Monografia (Bacharelado). Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Curso

Ciências Econômicas

1. Comércio Varejista - Monografia. 2. Reestruturação Produtiva. 3. Portalegre - RN. I. Silva, Franciclézia de Sousa Barreto. II. Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. III.Título. UERN/ BC CDD 330

Catalogação da Publicação na Fonte. Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.

Bibliotecário: Sebastião Lopes Galvão Neto – CRB - 15/486

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LUCIANO DIAS DELFINO

TERMO DE APROVAÇÃO

CONSIDERAÇÕES SOBRE O COMÉRCIO VAREJISTA EM PORTALEGRE/RN: PERFIL, REESTRUTURAÇÃO E TENDÊNCIAS

Monografia apresentada para apreciação da Banca Examinadora, composta pelos membros abaixo denominados, em 06 de março de 2014.

Profa. Ma. Franciclézia de Sousa Barreto Silva (DEC) Orientadora

Profa. Ma. Maria de Fátima Diógenes Fernandes (DEC) Membro da Banca

Prof. Me. Ronie Cléber de Souza (DEC) Membro da Banca

Luciano Dias Delfino Orientando

PAU DOS FERROS/RN

2014

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À minha família, peça fundamental em minha vida! Aos Amigos!

À Apolinário Pereira da Silva (in memoriam)

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AGRADECIMENTOS

A Deus! À minha família, pelo amor incondicional que regozija minha vida, pela eterna paciência que indaga minhas convicções, pelos reais valores que conformam minha índole e pelo eterno aprendizado que representa a existência das pessoas que mais amo. Aos meus Amigos que, mesmo estando longe (geograficamente), sempre estiveram presentes comigo. Aos meus amigos, colegas e professores do curso de graduação em Ciências Econômicas do Campus Avançado “Profa. Maria Eliza de Albuquerque Maia” (CAMEAM) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) que de modo valoroso me ensinaram e incentivaram nesta longa caminhada; À professora, Ma. Franciclézia de Souza Barreto (Clézia), de modo especial, pelo apoio, paciência, orientação e toda à atenção durante a realização deste trabalho, assim como meus sinceros agradecimentos ao aprendizado e à experiência de pesquisa desenvolvida sob sua orientação. Em especial, a minha mãe, Ozelita Dias, a quem devo minha razão de viver.

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DELFINO, Luciano Dias. Considerações sobre o comércio varejista em Portalegre/RN: perfil, reestruturação e tendências. Monografia (Bacharelado em Ciências Econômicas). Departamento de Economia. Campus Avançado “Profa. Maria Elisa de Albuquerque Maia” (CAMEAM), da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).

RESUMO

O comércio varejista um dos ramos mais tradicionais dos serviços, tem sido observado assumindo a nova lógica de acumulação pretendida pelo capital, mais dinâmica e flexível, oriundos do processo de reestruturação produtiva intensificado no Brasil desde o início dos anos de 1990. Buscou-se potencializar a acumulação nesse setor, por meio da introdução de tecnologias de comunicação, da automação comercial e da logística. Este trabalho pretende, portanto, estudar a problematização dos fenômenos que tem atingido o comércio desde fins do século XX, mais particularmente com fins a identificar os impactos do processo de reestruturação no comércio varejista, já que o mesmo tem sido observado em fase de importantes alterações em função de um processo de maior organização das atividades comerciais e de informatização, novos padrões de relacionamento com trabalhadores, fornecedores e consumidores, entre outras. Elegeu-se o comércio varejista formal da cidade de Portalegre/RN como lócus da pesquisa. Trata-se de uma pesquisa fundamentada em autores que discutem a temática fornecendo base teórica consistente para a análise da realidade local, caracterizando-se como exploratório-descritiva. Foi realizada também pesquisa de campo, cujo instrumento de coleta de dados foi à entrevista, aplicado aos comerciantes e trabalhadores do comércio varejista em Portalegre/RN, além de observação sistemática realizada inicialmente para fins de reconhecimento e de formação de banco fotográfico. O processo de transformações ocorridas neste setor, em particular, tem agregado valores a economia local, ao mesmo tempo em que melhora a vida daqueles que tiram o seu sustento desta atividade comercial, justificando a sua contribuição para a geração de emprego e renda, além de fazer girar a economia local. Constatou-se, a necessidade de certo nível de escolaridade, mas nas funções de atendimento direto ao público em, sua maioria, ocupada por mulheres. As relações de trabalho foram identificadas como complexas e precárias, a maioria dos trabalhadores trabalham informalmente, sem registro de carteira e, mesmo aqueles que tem carteira assinada foram observados em condições de trabalho precárias, considerando a jornada de trabalho e o acúmulo de funções. A partir dos levantamentos e procedimentos utilizados em campo, a pesquisa permite concluir que, apesar das mudanças ocorridas no setor comercial em Portalegre/RN, ainda podemos perceber um comércio tecnologicamente atrasado e carente de maiores investimentos por parte dos empresários, desafio frente a um mercado cada vez mais competitivo, seja em âmbito local ou intermunicipal. Esse trabalho pretende contribuir para o entendimento dos impactos do processo de reestruturação produtiva, bem como o comércio local da referida cidade.

Palavras chaves: Reestruturação Produtiva. Comércio Varejista. Portalegre.

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DELFINO, Luciano Dias. Considerações sobre o comércio varejista em Portalegre/RN: perfil, reestruturação e tendências. Monografia (Bacharelado em Ciências Econômicas). Departamento de Economia. Campus Avançado “Profa. Maria Elisa de Albuquerque Maia” (CAMEAM), da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).

ABSTRACT

Retail trade one of the most traditional branches of service, has been observed assuming the new logic desired by capital accumulation, more dynamic and flexible, arising from the restructuring process intensified in Brazil since the early 1990s. We attempted to enhance the accumulation in this sector, through the introduction of the business automation and logistics of communication technologies. This work intends, therefore, to study the problematic phenomena that have reached the trade since the late twentieth century, more particularly with the purpose to identify the impacts of the restructuring process in the retail trade, as the same has been observed in the process of major changes due to a process of greater organization of commercial activities and computerization, new patterns of relationships with employees, suppliers and consumers, among others. Was elected formal retail trade of the city of Portalegre/ RN as a locus of research. It is a reasoned authors who discuss the theme providing consistent theoretical basis for the analysis of the local reality characterized as exploratory and descriptive research. Field research was also carried out , the instrument of data collection was the interview , applied to traders and workers in retail trade in Portalegre/RN , and systematic observation originally made for recognition and training of photographic stock . The process of transformations occurring in this sector, in particular, has benefit to the local economy at the same time improving the lives of those who earn their livelihood from this commercial activity, justifying its contribution to the generation of employment and income, and turning the local economy. It was noted, the need for a certain level of education, but the functions of direct service to the public, mostly occupied by women. Working relationships were identified as complex and precarious, most workers work informally, without registration and portfolio, even those who have formal were observed in poor working conditions, considering the workload and accumulation functions. From the surveys and procedures used in the field, the research supports the conclusion that, despite the changes in the commercial sector in Portalegre/RN, we can still see a technologically backward and poor trade through increased investment by entrepreneurs, facing a challenging market increasingly competitive, whether in local or inter-municipal level. This work aims to contribute to the understanding of the impacts of the restructuring process, as well as local trade of that city.

Key words: Productive Restructuring. Retail. Portalegre.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01 - Descrição de um sistema simples de distribuição de mercadorias no

setor de comércio ..................................................................................................... 27

FIGURA 02 - Área de estudo – Comércio Central de Portalegre/RN ....................... 43

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LISTA DE FOTOGRAFIA

FOTOGRAFIAS 01, 02, 03 e 04 – Portalegre/RN: estrutura atual comércio varejista

central. ...................................................................................................................... 45

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 01 – Representatividade dos Segmentos do Varejo no Volume Total de

Vendas (%) – Brasil 2006 .......................................................................................... 22

GRÁFICO 02 – Supermercados (Top 10 por faturamento líquido) .......................... 30

GRÁFICO 03 – Transferência da Renda por regiões do Brasil, (em milhões de reais)

.................................................................................................................................. 33

GRÁFICO 04 – Índice de volume de vendas no comércio varejista ampliado (número

índice) nos estados mais dinâmicos de cada região (2003-2010, 2003=100) .......... 34

GRÁFICO 05 – Portalegre/RN: Área de atuação na geração de empregos formais

gerados no comércio varejista de Portalegre/RN no período de janeiro a dezembro de

2012 .......................................................................................................................... 46

GRÁFICO 06 – Portalegre/RN: Representatividade do comércio varejista, por

atividade econômica principal e data de formalização (CNPJ), junto à Receita Federal

do Brasil (RFB) ......................................................................................................... 47

GRÁFICO 07 – Portalegre/RN: Meios de Pagamento principal, utilizado pelos

estabelecimentos comerciais .................................................................................... 50

GRÁFICO 08 – Portalegre/RN: Receita anual dos estabelecimentos ...................... 51

GRÁFICO 09 – Portalegre/RN: Evolução populacional (1991 a 2010) .................... 53

GRÁFICO 10 – Portalegre/RN: Transferência de Renda Diretamente às Famílias em

Condição de Pobreza e Extrema Pobreza. 2004 à 2013 .......................................... 53

GRÁFICO 11 – Portalegre/RN: Contratação sob a ótica dos empresários no comércio

varejista .................................................................................................................... 55

GRÁFICO 12 – Portalegre/RN: Distribuição dos trabalhadores do comércio varejista

por faixa de idade . .................................................................................................... 56

GRÁFICO 13 – Portalegre/RN: Posição na ocupação dos trabalhadores do comércio

varejista .................................................................................................................... 58

GRÁFICO 14 – Portalegre/RN: Distribuição dos segmentos no comércio varejista . 59

GRÁFICO 15 – Portalegre/RN: Distribuição salarial no comércio varejista . ............ 60

GRÁFICO 16 – Portalegre/RN: Trabalhadores que possuem uma segunda atividade

laboral, além do comércio varejista . ......................................................................... 60

GRÁFICO 17 – Portalegre/RN: Contribuição do trabalhador na despesa familiar .... 61

GRÁFICO 18 – Portalegre/RN: Jornada de trabalho no comércio varejista. ............. 62

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 01 – Grandes transformações ocorridas no Brasil entre as décadas de 1980

e 1990 ...................................................................................................................... 20

QUADRO 02 – Configuração atual de movimentos de mercado .............................. 37

QUADRO 03 – Portalegre/RN: Inovações e mecanismos tecnológicos introduzidos no

comércio nos últimos 05 anos .................................................................................. 49

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LISTA DE TABELAS

TABELA 01 – Taxa de desemprego aberto (%) nas principais regiões metropolitanas

brasileiras (1981 à 1998) ........................................................................................... 24

TABELA 02 – Origem do capital das maiores empresas varejistas. Brasil – 1999 ... 31

TABELA 03 – Índice de Desempenho (%) do comércio varejista no Brasil em 2012

.................................................................................................................................. 39

TABELA 04 – Portalegre/RN: Escolaridade no comércio varejista central por gênero

.................................................................................................................................. 57

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LISTA DE SIGLAS

Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ)

Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE)

Consolidação das Leis Trabalhista (CLT)

Departamento Intersindical de Estatísticas Econômicas e Estudos Socioeconômicos

(DIEESE)

Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR)

Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI)

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS)

Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)

Organização Internacional do Trabalho (OIT)

Pesquisa Mensal do Comércio (PMC)

Receita Federal do Brasil (RFB)

Relação Anual de Informações Sociais (RAIS)

Rio Grande do Norte (RN)

Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Turismo de Portalegre (SEMATUR)

Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (SEBRAE)

Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (SUCAM)

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14

2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E OS

IMPACTOS NO SETOR COMERCIAL .................................................................... 18

3 A DINÂMICA DO COMÉRCIO VAREJISTA NO BRASIL: ESBOÇANDO ALGUNS

ASPECTOS .............................................................................................................. 26

4 O COMÉRCIO VAREJISTA CENTRAL DO MUNICÍPIO DE PORTALEGRE/RN:

REESTRUTURAÇÃO COMERCIAL E SEUS IMPACTOS ....................................... 42

4.1 APRESENTAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO E PROCEDIMENTOS

METODOLOGICOS DA PESQUISA DE CAMPO .................................................... 42

4.2 DESVELANDO ASPECTOS DO COMÉRCIO LOCAL: APRESENTAÇÃO DOS

RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO ............................................................ 44

4.2.1 Caracterização do comércio varejista em Portalegre/RN ................................ 44

4.2.2 O perfil dos trabalhadores do comércio varejista ............................................ 55

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 63

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 67

APÊNDICE A ............................................................................................................ 70

APÊNDICE B ............................................................................................................ 72

APÊNDICE C ............................................................................................................ 76

ANEXOS ................................................................................................................... 80

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1 INTRODUÇÃO

A crescente importância assumida pelos serviços na sociedade

contemporânea extrapola a dimensão econômica, articulando toda a dinâmica social.

O comércio varejista, em particular, um dos ramos mais tradicionais dos serviços, tem

passado por procedimentos de internacionalização, produzindo intensas ações de

acumulação, oriundas do processo de reestruturação produtiva intensificado no Brasil

desde o início dos anos de 1990. Tem ocorrido como prática evidente a centralização

de redes e grupos comerciais, impulsionados pela propulsão da concorrência

manifestada na tendência do mercado a oligopolização em alguns de seus

segmentos, tais como o de supermercados (ANTUNES, 2007).

O colapso do padrão fordista de acumulação, forçou muitas empresas

capitalistas a buscarem alternativas viáveis às suas sobrevivências. A introdução de

tecnologias de base microeletrônica veio somada às novas formas de organização do

processo de trabalho em detrimento das formas taylorista-fordistas. Incorporam a

lógica do capital no sentido de flexibilizar a produção; delas emergem o novo modelo

de acumulação capitalista indistintamente denominado por Harvey (2006) de

especialização flexível.

A reestruturação produtiva é aqui compreendida como o conjunto de

transformações processadas no interior das empresas capitalistas, no sentindo de

responder de maneira eficiente às exigências impostas pelo novo padrão de

acumulação, oriundo do movimento de valorização do capital em suas esferas de

produção e de circulação. Este processo de reestruturação também tem impactado

outros setores externos à produção, como por exemplo, os de serviços e, mais

particularmente, o comércio, que tem assumido a nova lógica de acumulação

pretendida, dinâmica e flexível. No comércio varejista, buscou-se potencializar a

acumulação por meio de três movimentos distintos, a saber: a introdução de

tecnologias de comunicação, a automação comercial e a logística. Movimentos esses,

que integram uma lógica de racionalidade econômica específica (ANTUNES, 2007).

É perceptível que ao longo dos anos têm ocorrido mudanças nas formas de

se fazer comércio, em que já não mais se observa um contato direto com o fornecedor.

As novas formas de se fazer comércio têm priorizado a liberdade de escolha e de

melhor adequação e comodidade para o consumidor, entre outras coisas. As

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inserções de implementos tecnológicos, bem como o surgimento de junções

comerciais tem proporcionado uma melhor dinâmica e melhores oportunidades na

compra das mercadorias (ANTUNES, 2007).

Diante do exposto, este trabalho, pretende identificar os impactos do processo

de reestruturação no comércio varejista em Portalegre/RN, já que o mesmo tem sido

passado por uma fase de importantes mudanças em função do processo de

organização das atividades comerciais e de informatização, novos padrões de

relacionamento com trabalhadores, fornecedores e consumidores, entre outras.

Elegeu-se o comércio varejista formal1 da cidade de Portalegre/RN como lócus da

pesquisa, trata-se da sede de um município situado no Alto Oeste Potiguar, com uma

população residente de 7.320 habitantes, conforme dados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE, 2010). O estudo foi delimitado à área central, em lojas

que atuam nos seguintes ramos: vendas de peças e acessórios para motos e

motonetas, mercadorias em geral (predominância de gêneros alimentícios –

minimercados, mercearias e armazéns), combustíveis para veículos automotores,

materiais de construção, móveis, artigos de cama, mesa e banho, artigos de papelaria,

artigos de óptica, produtos farmacêuticos, sem manipulação de fórmulas e artigos de

vestuários e acessórios.

Considerando o objetivo proposto será possível identificar, por exemplo: como

o emprego é gerado no comércio varejista em Portalegre/RN e as formas de

contratação existentes; qual o nível de qualificação exigido dos trabalhadores por

parte dos comerciantes; quais sistemas operacionais são utilizados e a capacidade

dos comerciantes em lidar com os mesmos e, por fim, como são estabelecidas as

relações de trabalho nesse ramo de atividade. Feito isto, será possível apresentar

mesmo que sucintamente a dinâmica do comércio varejista formal em Portalegre/RN,

desvelando as relações de trabalho que reproduzem naquele espaço.

Hoje, as atividades comerciais da cidade em referência, principalmente a partir

de 2000, se veem intensificadas e com novo perfil, considerando o desenvolvimento

da atividade turística de forma tal, que a cidade tem ganhado destaque no calendário

1 Trataremos como comércio formal, o comércio legalmente constituído junto à Receita Federal do Brasil, ou seja, aquele que possui o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ).

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de eventos culturais do estado do Rio Grande do Norte, dinamizando assim, o

comércio local e atraindo consumidores de diversas cidades e estados vizinhos.

Trata-se de uma pesquisa fundamentada em autores que discutem a temática

fornecendo base teórica consistente para a análise da realidade local, entre os quais

podemos citar: Antunes (2007), Castro (2001), Fernandes (2008), entre outros. Na

afirmativa de Gil (2009, p.17) a pesquisa é um “[...] procedimento racional e

sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são

propostos”, portanto, o ponto de partida deste trabalho foi uma pesquisa bibliográfica

sobre o tema.

Considera-se também a pesquisa, como sendo descritiva e exploratória. Tal

escolha se justifica no fato de tal pesquisa “[...] proporcionar maior familiaridade com

problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou construir hipóteses” (GIL, 2009, p.

41). É possível com isso, descrever características de determinada população,

estabelecendo relações entre variáveis, principalmente se considerarmos o fato que

se realizamos um estudo de campo, cujo instrumento de coleta de dados foi à

entrevista, aplicada aos comerciantes e trabalhadores, além de observação

sistemática realizada inicialmente para fins de reconhecimento e de formação de

banco fotográfico. A pesquisa de campo é considerada ferramenta de grande

importância para conhecimento da realidade local, tal qual a delimitamos e melhor

descreveremos no tópico dos procedimentos metodológicos.

O trabalho está estruturado da seguinte maneira: introdução, que consta a

apresentação da temática abordada, objetivos, metodologia do trabalho e estrutura;

três capítulos temáticos e considerações finais, que aborda os principais

resultados/conclusões da investigação realizada.

No primeiro capítulo temático, abordamos algumas considerações acerca do

processo de reestruturação produtiva ocorrida no Brasil a partir de fins da década de

1980, processo esse que provocou profundas transformações nos setores produtivos,

com fortes impactos sobre o mercado de trabalho e as forças sindicais daí originadas.

Essas transformações trouxeram, entre outras coisas, exigências para o operariado,

tornando-o polivalente e um melhor aproveitamento do mercado consumidor.

Em seguida, a discussão se direciona mais particularmente à dinâmica do

comércio varejista brasileiro, apresentando sua importância, no que tange a

arrecadação de impostos, ao dinamismo da economia e sua evolução com o passar

do tempo. De modo geral, analisamos as atividades envolvidas neste ramo e as

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ramificações surgidas. Trata-se, de uma atividade de grande relevância para a

economia, pois além de ser uma fonte geradora de emprego e renda, também

contribui para a arrecadação de impostos. É parte imprescindível a reprodução do

capital.

No último capítulo, apresentamos os procedimentos metodológicos da

pesquisa de campo e os resultados da mesma realizada no comércio varejista em

Portalegre/RN. Foi feita uma abordagem inicial acerca do município e da área

estudada. Em seguida, ocorre à exposição das informações obtidas, o que permitiu

visualizar a dinâmica do comércio varejista. Evidenciamos, também, o processo de

expansão turística no Município, considerado principal motivador de implementação

de um sistema de modernização do centro comercial.

Por fim, detemo-nos as considerações finais do trabalho, que faz exposição dos

pontos de maior relevância a respeito da problemática proposta, os resultados

alcançados. Pretende-se com isso, contribuir para o entendimento das implicações

espaciais do processo de reestruturação produtiva que atinge a seu modo, o comércio

local. A relevância se revela em meio a dinâmica do comércio na cidade de

Portalegre/RN, não somente para os que lá moram, mas a todos que queiram

compreender esse processo de transformações nessa localidade, em particular, as

pessoas das cidades circunvizinhas e/ou mesmo turistas que ali visitam, formando

assim subsídio para estudos posteriores que possam vim há ocorrer.

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2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E OS

IMPACTOS NO SETOR COMERCIAL

A partir da década de 1980, ocorreram profundas transformações nos setores

produtivos, com fortes impactos sobre o mercado de trabalho e as forças sindicais daí

originadas. Foram transformações que proporcionaram grandes avanços nos ramos

tecnológicos, da automação, robótica e microeletrônica, adentrando no ramo fabril, o

que permitiu um ganho espacial no âmbito do mercado e desenvolveu relações de

trabalho diferenciadas. Essa nova “forma de produzir” substituiu o fordismo2, e de

forma mais “flexível” encurtou as fronteiras entre os países, quando se modernizou as

relações comerciais entre estes e entre as próprias empresas locais.

Emerge, portanto, um mercado mais maleável, com adequações no processo

de produção e novas relações de trabalho, na busca de maior rapidez de produção,

melhor qualidade dos produtos e, principalmente, eliminação do desperdício no âmbito

da produção. Ganha importância, igualmente, a dinamização do processo de

distribuição das mercadorias, evitando desperdícios e facilitando a chegada do

produto nas mãos do consumidor (ANTUNES, 2007). Na contemporaneidade a lógica

de reprodução do capital, diferencia-se pelo modo como ela se manifesta e pelo seu

caráter, evidenciado, pela dimensão ampla com que se materializa mundialmente, ao

atingir o campo da produção, da circulação, da distribuição e do consumo.

Para França Júnior (2007, p. 88),

O comércio está no centro do processo de circulação das mercadorias, estágio fundamental das vendas ou realização das mercadorias. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), através da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), divide o setor de comércio em três grandes categorias: 1) comércio atacadista, 2) comércio varejista, e 3) comércio de veículos e motocicletas e comércio a varejo de combustíveis.

2 No Fordismo os elementos constitutivos básicos eram dados pela produção em massa, através da linha de montagem e de produtos mais homogêneos: através do controle dos tempos e movimentos pelo cronometro taylorista e da produção em série fordista; pela existência do trabalho parcelar e pela fragmentação das funções; pela separação entre elaboração e execução no processo de trabalho; pela existência de unidades fabris concentradas e verticalizadas e pela constituição/consolidação do operário/massa, do trabalhador coletivo fabril, entre outras dimensões. Menos do que um modelo de organização societal que abrangeria igualmente esferas ampliadas da sociedade, compreendemos o fordismo como o processo de trabalho que junto com o taylorismo predominou na grande indústria capitalista ao longo deste século (ANTUNES, 2005, p. 25).

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Na descrição de Pochmann (2007), essas transformações associaram-se as

novas exigências do mercado de trabalho, permitindo que os empresários passem a

exigir profissionais com funções polivalentes, a fim de obterem ganhos de

produtividade. No discurso oficial neoliberal, tais habilidades seriam de grande

relevância para ingresso e permanência no mercado de trabalho, e só seria alcançado

mediante a capacitação técnica profissional dos trabalhadores, o que, ao mesmo

tempo, além de qualificá-los, mantendo-os empregados, conteria o avanço do

desemprego nacional. Essa foi uma forma ideológica com fins a adquirir a adesão dos

trabalhadores e da população em geral as novas formas flexíveis de produção.

O fato é que a inserção de aparatos tecnológicos e as novas relações

estabelecidas no mercado de trabalho ao proporcionarem um melhor desenvolvimento

das atividades produtivas, só foram possíveis nos países em desenvolvimento à custa

do desemprego de inúmeras pessoas, tendo em vista ser uma lógica poupadora de

mão de obra. É notório, que esse processo de modernização tem diminuído a

quantidade de mão de obra para a realização das tarefas antes realizadas. O

trabalhador passa a ser um agente multifuncional, que deve desempenhar uma maior

quantidade de serviços pelo mesmo salário recebido. Muda-se a relação entre

empresários, trabalhadores e consumidores, devido às novas práticas comerciais

seguidas e das relações trabalhistas vigentes (HARVEY, 2012).

Segundo Fuentes (1997, p. 357), no início dos anos 1990 no Brasil intensificou-

se o processo de abertura comercial que gerou grandes dificuldades devido às leis,

as quais o país estava submetido. Tais leis tinham como objetivo a proteção da

economia interna ao mesmo tempo em que proporcionava competitividade às

empresas de origem brasileira em relação detrimentos as indústrias de origem

externa.

Uma das principais mudanças ocorridas neste período foi à entrada de capitais

externos, seja ela feita por forma de fusões entre empresas, compras de empresas

nacionais com capital advindo do setor externo, ou seja, através da facilidade de

captação de capitais por parte de empresas nacionais, que neste momento

começaram a entrar no mercado financeiro (DIEESE, 2008).

Uma pequena síntese do abordado e que envolve o processo de mudanças

ocorridas no Brasil no período de 1980 a 1990, pode ser visualizada no quadro 01

abaixo:

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QUADRO 01 – Grandes transformações ocorridas no Brasil entre as décadas de 1980 e 1990.

A ECONOMIA E AS EMPRESAS

DÉCADAS PRECEDENTES

OS ANOS 1990

A orientação estratégica da economia

O nacionalismo de fundo doutrinário: cultura, soberania e segurança como trinômio de sustentação. O protecionismo exacerbado. O modelo de substituição de importações. A nacionalização das cadeias de suprimentos. A preferência por exigíveis. O propósito estratégico de autossuficiência. A estatização. A ocupação pelo Estado dos “espaços vazios” na estrutura de produção.

O internacionalismo: a inserção do país na economia globalizada. A abertura: o fim das reservas de mercado. A internacionalização das cadeias de suprimentos intermediárias e finais. A preferência por ingressos autônomos. O propósito estratégico de integração. A desestatização: o desengajamento do Estado empresário. A abertura de novos espaços ao setor privado.

A postura estratégica e operacional das empresas

Cartorização: a proteção oficial de interesses privados. Cartelização: coalizões não competitivas. Gerenciamento de baixa eficiência, encoberto pela inflação e pela proteção. Verticalização de negócios: diversificações com baixa escala. A preservação das estruturas de concorrência. A empresa fechada: aversão a alianças, associações e fusões. Respostas à economia fechada: descaso por padrões de excelência e comprometimento da produtividade.

Desregulamentação: a quebra de privilégios cartoriais. Competição: o fator de sobrevivência e expansão. Eficiência gerencial: o fim dos ganhos não operacionais e especulativos. Focalização: a busca por economias crescentes de escala. A entrada de novos players: mudanças radicais nas estruturas de competição. A predisposição a alianças, associações, fusões e aquisições. Respostas à economia aberta: benchamarking e restauração da produtividade

Fonte: Silva (2011, p.32) apud Fusões, aquisições e parcerias. (2001, p.70).

Uma das alterações mais significativas envolveu aquisições e fusões, com

finalidades de consolidar a economia nacional, que se encontrava em crise, criando

assim um novo modelo de economia (BARROS, 2001).

Ao analisar o segmento dos supermercados Segre (2002) apud França Jr.

(2007, p. 89) externa sua preocupação quanto ao tratamento deferido aos

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trabalhadores: fusões, incorporações, adoção de novas tecnologias, enfoque

logístico, lançamento de marcas próprias e comércio eletrônico. Para o autor, não

passam de estratégias que podem garantir um aumento no faturamento e a elevação

dos lucros. Analisando o cenário contemporâneo, afirma, entretanto que:

[...] está claro qual o novo papel a ser desempenhado pelo trabalhador e qual o benefício que o mesmo terá direito. (...) De uma forma geral, a maior desvantagem no processo de automação comercial é a diminuição de postos de trabalho. (...) Isto é devido, em grande parte, ao aumento de produtividade dos caixas automatizados e à otimização de operações realizadas pela retaguarda da loja, conjugada com a terceirização de processos e operações que têm implicado corte de pessoal de apoio. A implementação de novas tecnologias em conjunto com novos processos organizacionais como: a terceirização, a saída dos atendentes dos setores de açougue, padaria, frios e hortifrutigranjeiros do centro da loja para a retaguarda ocasionam uma diminuição do número total de funcionários nas lojas (França Jr., 2007, p. 89).

Essa nova metodologia de disposição de espaços e contratação, vem operar

na organização e dinamismo do mercado, alocando em seus setores as demandas

existentes e uma mão de obra mais qualificada e dinâmica, proporcionando, assim,

um melhor aproveitamento dos espaços e dos trabalhadores, além de ganhos devido

à organização e multifuncionalidades dos empregados. Essa automação comercial

pode ser percebida no setor comercial varejista, como uma nova forma de dinamizar

este setor e favorecer a sua manutenção no cenário econômico.

Basicamente o setor comercial varejista se caracteriza pela venda e revenda

de mercadorias ao consumidor final, normalmente, um elevado número de

estabelecimentos de pequeno porte em sua grande maioria, servindo de mediador na

interlocução e aquisição de mercadoria. É um setor que vem ganhando dinamismo e

competitividade, com a inserção de aparatos tecnológicos, o que vem a facilitar a sua

diversidade e competitividade, mesmo com atraso, quando se comparado com o setor

industrial (FRANÇA JR. 2007).

No Brasil, em se tratando do comércio varejista, mais especificamente, o maior

volume de receitas aparece como sendo o de veículos e supermercados (DELOITTE,

2009). Estas características, por serem de mais proximidade com o consumidor final

e por fazerem parte do dia a dia dos cidadãos favorecem a sua disseminação e sua

maior proximidade com o cliente. Devido as suas similaridades existentes no comércio

estas divisões nem sempre são percebidas ou assimiladas pelo consumidor comum,

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os quais não conseguem fazer a diferença de sua classificação e proximidade com a

sua realidade.

Diante desse cenário e para melhor compreensão da atuação da

representatividade dos setores comerciais varejistas no Brasil, faz-se necessário à

apresentação do Gráfico 01, este que faz referência a representação dos segmentos

que compõem o varejo brasileiro e seu volume de vendas, evidenciando, assim, uma

melhor abrangência que expressa este setor.

GRÁFICO 01 - Representatividade dos Segmentos do Varejo no Volume Total de Vendas (%) – Brasil 2006.

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2006). Pesquisa Anual de Comércio, 2006. Receita operacional líquida3.

Observa-se, portanto, a diversificação dos produtos comercializados e o

surgimento de novos empreendimentos voltados a suprir as necessidades dos

consumidores. O varejo, cada dia mais está presente, engloba e diversifica as suas

estratégias comerciais voltadas a disseminação da logística atual, surgindo em forma

de cadeias e grupos, integrando e maximizando os lucros e minimizando os custos.

De acordo com o DIEESE (2008, p. 02), o comércio varejista é integrado por 1,3

milhão de micro e pequenas empresas:

3 Análise Setorial do Varejo: Um setor em grandes transformações. Deloitte Touche Tohmatsu. 2009.

26,0

19,5

18,7

7,6

6,5

6,2

4,8

1,8

1,1

5,6

2,2

Veículos, motos e autopeças

Hiper e supermercados

Combustíveis e lubrificantes

Tecidos, vestuários e calçados

Móveis e eletrodomésticos

Material de construção

Medicamentos, cosméticos e higiene pessoal

Informática e comunicação

Livros, jornais, revistas e papelaria

Outros artigos

Alimentos, bebidas e fumo

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O comércio tem sido um dos setores com maior expansão no atual cenário econômico brasileiro. No Brasil, segundo últimos dados disponíveis existem, aproximadamente, 1.584 mil empresas comerciais que geram uma receita operacional líquida anual de R$ 1,1 trilhão. Essas empresas ocupam cerca de 7.600 mil trabalhadores e pagam, em conjunto, R$ 61,6 bilhões em salários.

O que se percebe com base nessa afirmação, é que esse conjunto de

transformações vem impondo ao setor do comércio grandes mudanças e constantes

oscilações em seu percurso de desenvolvimento, o que afeta toda a sua dinâmica,

seja ela contratual e/ou empregatícia. Refere-se a um setor que tem passado por

dificuldades, algumas envolvendo endividamentos, com fins a adequação aos novos

ditames mundiais de produção e circulação de mercadorias, dinâmicas interligadas e

interdependentes. Atualmente se modifica para atender uma lógica de alta rotatividade

de mão de obra e de flexibilidade. Sua evolução proporciona uma melhor oferta de

produtos, com melhorias na qualidade, na estrutura, no grau de profissionalização,

nas relações existentes entre os diversos setores em que se processa a efetivação da

negociação final. No entanto, impõe o desafio de entender as novas relações de

trabalho que se originam desse processo (DELOOITTE, 2009).

Para Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2010), na economia

brasileira, houve recessões, redução na renda, competividade, desemprego, aumento

da jornada de trabalho em que se deparam com instabilidades no emprego e jornada

de trabalho intensificada, fazendo assim, crescer substancialmente o número de

pessoas que ingressam na informalidade. Evidencia-se, dessa forma, um

distanciamento da economia brasileira, se comparada às economias avançadas, uma

vez que vem a buscar uma inserção no mercado industrial de desenvolvimento sem

dispor de insumos básicos para o seu desenvolvimento e mão de obra qualificada.

Diante da realidade econômica considerada, essas metamorfoses e mudanças que

tem afetado a classe trabalhadora, faz necessária a percepção de que precisamos

enfrentar esses desafios presenciados e que ainda estão visíveis em nosso contexto

(FRANÇA JR. 2007).

Esse processo de modernização proporcionou um aumento dos grandes

investimentos no setor comercial, mas também causou o fim de muitos empresários

de pequeno porte, atingindo também a classe operária, que veio a entrar no processo

de informalidade, um dos principais problemas desse setor, consequências estas,

advindas do processo de modernização e estruturação deste setor da economia, além

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do próprio fato do comércio se expandir para absorver parte de mão de obra

desempregada pela indústria (FRANÇA JR. 2007).

Na tabela 01 abaixo, pode-se ver a expressividade do desemprego ocorrido

nas principais regiões metropolitanas do Brasil durante a década de 1980 e 1990.

TABELA 01 – Taxa de desemprego aberto (%) nas principais regiões metropolitanas brasileiras (1981 à 1998)

Anos Rio de Janeiro

São Paulo Belo Horizonte

Porto Alegre

Recife Salvador

1981 8,6 7,3 9,0 5,8 8,6 9,0

1982 6,5 6,0 7,0 5,3 7,5 6,3

1983 6,2 6,8 7,8 6,7 8,0 5,6

1984 6,8 6,8 8,3 7,0 9,0 7,7

1985 4,9 5,0 5,7 5,4 7,2 6,0

1986 3,5 3,3 3,7 3,9 4,4 4,5

1987 3,2 3,8 3,9 3,9 5,2 4,1

1988 3,1 4,0 4,0 3,6 5,6 4,6

1989 2,8 3,4 3,4 2,6 5,3 4,4

1990 3,5 4,5 4,1 3,7 5,7 5,4

1991 3,6 5,5 4,1 4,4 5,9 5,9

1992 4,0 6,5 4,8 5,5 8,6 6,8

1993 4,1 5,7 4,5 4,0 8,9 6,6

1994 4,1 5,4 4,3 4,1 6,8 7,1

1995 3,4 5,2 3,8 4,5 5,5 6,7

1996 3,7 6,3 4,6 5,9 5,7 6,8

1997 3,7 6,6 5,1 5,5 5,9 7,7

1998 5,4 8,6 7,2 7,3 8,7 9,3

Média Déc. 80

5,1 5,2 5,9 4,9 6,7 5,8

Média Déc. 90

3,9 6,0 4,7 5,0 6,8 6,9

Média 1981-1998

4,5 5,6 5,3 4,9 6,8 6,4

Fonte: (SCHLINDWEIN & SHIKIDA apud CONJUNTURA ECONÔMICA, 2001).

Diante dos dados expostos, percebe-se um aumento nas taxas de desemprego

relativas à década de 1990. Quando se comprada à década de 1980, observa-se que

o foco de maior concentração é a região metropolitana de Recife, média de 6,8%,

região mais afetada pelo desemprego neste período.

É bem verdade, que as mudanças ocorridas no âmbito da circulação

proporcionaram melhor localização e facilidade de acesso da população. No entanto,

também veio ocasionar o desemprego, pois passaram a exigir melhor qualificação e

uma menor quantidade de profissionais para exercerem as funções que outrora

dispendia maior quantidade de mão de obra, apesar das inúmeras facilidades

oferecidas e do processo de modernização ocorrido no comércio varejista brasileiro,

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Schlindwein e Shikida (S.D). Esses estudiosos em suas análises o considera ainda

um setor atrasado quando comparados com o de outros países.

Na análise de Pochmann (2007) essas mudanças vêm evidenciar as

fragilidades ocorridas na primeira metade dos anos 1990, tal como ocorreu nos anos

1980. Os anos 1990, configuram-se como sendo a “segunda década perdida”, que

ficou conhecida pela crescente onda de desemprego, aumento maciço no

endividamento, seja ele no âmbito local, quanto externo e pela ausência do

crescimento sustentado. O setor de serviços absorve mais postos de trabalhos, sem

compensar, no entretanto, a distribuição dos empregos verificada tanto no campo

como na indústria. Conforme Pochmann (2007, p. 60):

[...] o aumento do desemprego aberto reflete justamente a incapacidade da economia brasileira de gerar expressivamente postos de trabalhos, não obstante o setor de serviços continuar absorvendo uma parte dos trabalhadores que anualmente ingressam no mercado de trabalho ou que são demitidos dos setores industrial e agropecuário.

Considerando a literatura estudada, percebe-se que no âmbito desse processo

de transformação da conjuntura econômica, pós 1990 principalmente, as

transformações no âmbito da empresa são inerentes ao empresário, exigindo dele a

sua recolocação no mercado, adotando constantes mudanças no relacionamento e

comercialização dos seus produtos. Essas renovações intensas que se materializam

tanto na diversificação da oferta de mercadorias como na seleção do consumidor final,

acabam por atingir tanto o empregador, quanto o cliente, já que também têm se

intensificado os incentivos a entrada destes no mercado de consumo, seja por meio

de propagandas ou da oferta sempre constante de crédito, entre outros.

No capítulo seguinte, procede-se de forma mais focalizada a análise da

dinâmica do comércio varejista no Brasil esboçando alguns de seus aspectos diante

das transformações que se delineou nesse primeiro momento.

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3 A DINÂMICA DO COMÉRCIO VAREJISTA NO BRASIL: ESBOÇANDO ALGUNS

ASPECTOS

Ao se estudar o comércio, tem-se a possibilidade de verificar a existência ou

não de mudanças na sociedade, à estrutura, formação, manutenção do ramo

comercial, evolução e as possíveis alterações ocorridas neste cenário urbano. Ele é

um proporcionador de necessidades, desejos, anseios, veiculação de informações,

inovações e de convívio em sociedade ou, simplesmente, uma zona de consumismo

indisciplinado (DELOITTE, 2009).

O sistema de trabalho no mercado varejista se apresenta expressando a lógica

capitalista, como ocorre em qualquer outro setor da economia, realizando os serviços

de modo a garantir a inserção e manutenção no ramo ao qual está implantado. Para

Pereira e Lamoso (2005), por ser dinâmico, o setor de compras e vendas está dividido

em duas ramificações: comércio atacadista e comércio varejista, podendo, ainda, em

sua subdivisão contar ainda com 05 (cinco) ramificações, que segue: lojas de

departamentos tradicionais, de departamento de descontos, de eletrodomésticos, de

vestuários e varejos de alimentos.

O setor de varejo é um local de grande importância no que tange também a

arrecadação de impostos, fazendo circular a economia, seja ela em âmbito local,

regional ou nacional. Esse exerce, portanto, papel motriz da economia, um fator de

destaque nas relações de troca cotidianas de um município, estado ou nação. Sendo

assim, o comércio varejista reside no setor terciário da economia sendo conhecido

como “[...] a atividade comercial responsável por providenciar mercadorias e serviços

desejados pelos consumidores” (SEBRAE, 2004, p. 8).

De modo geral, quando as atividades envolvidas no sistema varejista e as

ramificações surgidas são analisadas, evidencia-se o papel dinamizador que essas

atividades desempenham na economia, sendo fonte geradora de emprego e renda

principalmente, de arrecadação de impostos. Esse processo organizacional de

distribuição pode ser mais bem visualizado, na descrição abaixo proposta.

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FIGURA 01 - Descrição de um sistema simples de distribuição de mercadorias no setor de comércio.

Fonte: SEBRAE (2004)

Este esquema simples mostra a relação existente entre as empresas

fabricantes, dentro e fora do país, e os agentes de importações, suas relações diretas

e indiretas na aquisição de produtos e serviços ofertados no comércio atacadista e

varejista, chegando ao consumidor final. As relações aqui existentes seguem a lógica

e dinâmica do mercado, não podendo haver interferência de um setor para outro, para

assim manter a harmonia do negócio. As transações também são importantes

ligações e formadoras de comunicação entre as categorias: produtores/fabricantes,

atacadistas e comprador final, tendo nesse último, a sua realização e o seu foco

(SEBRAE, 2004, p. 9).

Por sua vez, o comércio varejista reside no ramo lojista, na venda direta ao

consumidor final, uma transação direta com finalidades determinadas e a públicos

determinados, fazendo a intermediação entre o varejo e o atacado. Seu objeto

principal é a satisfação do consumidor. Um local comercial onde a aquisição de

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peças/mercadorias se dá em menor quantidade, distinguindo-se do comércio

atacadista, inexiste a relação direta com o consumidor final4 (SEBRAE, 2004).

Este comportamento, de relação direta, vem cada dia mais ganhando novos

adeptos, seja comércio formal ou comércio informal. O processo de modernização

proporcionou ao trabalhador a passibilidade de fazer comércio, ir diretamente ao

consumidor final, sendo ele o tomador de suas decisões e empregado de si mesmo.

Na descrição de Lessa (2002) apud França Jr. (2007, p.86), podemos evidenciar o

novo papel que o empregado, agora, passa a se subordinar,

[...] ao converter o trabalhador em proprietário da máquina, parte do capital constante é agora fornecido pelo próprio trabalhador. Ao transformar o trabalhador em proprietário da máquina na qual ele e sua família trabalham, faz do antigo operário o capataz de si e de sua família.

O comércio informal surge daqueles que antes eram empregados e veem no

comércio varejista a possibilidade de uma ascensão comercial, em que passa a ser

atravessador de mercadorias, ou seja, de funcionário transformar-se em dono do seu

próprio negócio, de modo a garantir sua sustentabilidade (LESSA, 2002).

Com o passar do tempo, o varejo vem ganhando novas formas e adeptos, sua

estrutura comercial se vê modificada, necessitando de uma atenção a nova classe

consumidora, conforme dados do Boletim do Varejo (SEBRAE, 2011), novos perfis de

consumidores surgem e são descritos no estudo como sendo a nova classe “C”, cita-

se aqui: a população homossexual, por meio do aumento da demanda de

necessidades de consumo adicionais e direcionadas as suas escolhas; a população

jovem; a maior participação e atuação da mulher no mercado de trabalho e a

longevidade, cada vez mais presente no Brasil.

A nova classe “C” vem mostrando um crescimento significativo com o seu novo

poder de compra, que passou a ter maior influência no mercado através dos

programas de transferência de renda e a política de valorização do salário mínimo,

entre outros incentivos de ordem governamental. Essa tem consumido produtos antes

não existentes em seu cotidiano e suprindo necessidades antes não financiadas

(SEBRAE, 2011).

4 Aqui reside à venda em grande quantidade seja de um específico produto ou de produtos similares, geralmente tendo fins de revenda, um intermediar neste processo de compra e venda.

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A população jovem, por exemplo, tem movimentando quantias avassaladoras

em um ano de consumo, gastos em sua maioria, voltados a produtos de origem

eletrônica. Nesse mercado aparece também a figura da mulher, com um consumo

mais cauteloso e persuasivo na tomada de decisões, sua maior participação no

mercado vem atrelada a sua melhor atuação no mundo do trabalho, com melhores

níveis de escolaridades, embora se registre que no âmbito da empresa o seu patamar

tenha menor participação financeira ao fim do mês de atividade (SEBRAE, 2011).

Mesmo em menor proporção salarial, a mulher, vem ganhando cada vez mais espaço

nos negócios, o que lhe garante uma maior autonomia financeira e tomada de

decisões, sendo uma consumidora cautelosa, certa do quer.

A população da terceira idade, contribui também de forma significativa no

aumento do consumo, graças a longevidade alcançada pela população brasileira,

revelando um acréscimo na população idosa de mais de 4 milhões na última década

(SEBRAE, 2011). Em conformidade com o estudo desenvolvido pela Deloitte (2009,

p. 4),

De forma geral, o varejo se constitui de atividades com sazonalidade significativa de demanda e alto nível de giro, além de forte suscetibilidade às políticas econômicas que afetam a conjuntura macroeconômica e os indicadores de renda e emprego. Portanto, o aumento da população brasileira e a estabilidade econômica são fatores preponderantes para o crescimento da atividade de supermercados e hipermercados, como também das demais atividades de varejo.

Todas essas informações atraem à atenção do empresário, pois surge um novo

consumidor, cada vez mais exigente e sabedor do que se pretende ter. Esses novos

usuários são mais ativos, são pessoas que desejam, procura e quer ser incluídos

nesse mercado consumista. Suas preferências ao longo dos anos, fez com que as

novas formas de comércio e novas modalidades surgissem. Um exemplo disso, é a

junção de pequenas e médias empresas como forma de ganhar espaço e manter-se

no mercado, proporcionando novos lucros, poupando tempo e otimizando a vida da

nova empresa (GIMENEZ; SANTOS, 2002, p. 13).

Referimo-nos a expansão da formação de redes comerciais, das junções de

pequenos comerciantes e supermercados, formando redes, unindo-se no sentido de

agregar mais valor econômico ao estabelecimento, proporcionado melhor otimização

do tempo, como também uma melhor diversificação dos produtos ofertados ao cliente.

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Nesse sentido, podemos pontuar que as principais inovações advêm do setor

de supermercados. O Pão-de-Açúcar, o Carrefour e a Wal-Mart são exemplo claros

disso, juntos dominam mais de 40% do faturamento do varejo alimentar na atualidade,

são os maiores responsáveis pelo processo de fusão e aquisição, verificado no varejo

do Brasil (SEBRAE, 2004).

Este processo evolutivo de fusões e aquisições pode ser mais bem descrito

pelo gráfico 02, a seguir:

GRÁFICO 02 - Supermercados (Top 10 por faturamento líquido)

Fonte: Balanço Anual da Gazeta Mercantil – 2008. Faturamento Líquido em 2007

Significativamente, observa-se 03 (três) grandes grupos atuantes no mercado

nacional, aparecendo em 1º lugar em domínio de mercado brasileiro o Carrefour

(25%), em segundo a Rede Wal-Mart (19%) e, em terceiro, o Grupo Pão de Açúcar

com 13%, somando a estas três Redes, temos 57%, a maior expressividade em

termos de domínio do mercado brasileiro. Concentrando em três marcas, o maior

domínio em termos de faturamento líquido anual. Na tabela 02 abaixo verifica-se

melhor as informações envolvendo a posição, faturamento e origem de entrada de

capitais.

25%

19%

13%

3%

2%

2%

2%

2%

1%

1%

30%

Carrefour

Wal-Mart

Pão de Açúcar

Sendas

G Barbosa

Zaffari

Epa

Bretas

Angeloni

Lider

Demais

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TABELA 02 – Origem do capital das maiores empresas varejistas. Brasil – 1999 Posição no Ranking Nacional (em 1999)

Empresa Faturamento 1999 (R$ bi)

Origem do Capital

1 Carrefour 7,94 Francês

2 Pão de Açúcar 7,76 Brasileiro/Francês

3 Sonae 2,85 Português

4 Bompreço 2,64 Holandês

5 Sendas 2,38 Brasileiro

6 Wal-Mart 0,96 Americano

7 Sé Supermercados 0,71 Português Fonte: Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS, 1999).

O processo de fusões, ocorrido principalmente em empresas do ramo

alimentício, e as novas tendências tecnológicas vem aumentando o poder de

estabilização das empresas e de manutenção no mercado por maior período de

tempo. Concomitantemente, a atividade de venda de produtos e serviços cresce a

partir da necessidade pessoal do consumidor final, através das parcerias formadas

para a sua disseminação e manutenção no mercado, garantindo uma melhor forma

de concorrência, uma melhor estabilização e oferta de produtos e serviços que antes

não tinha como ser ofertado (FRANÇA JR., 2007).

O segmento conta com uma diversificada e competitiva rede de

supermercados. Por ser um setor dinâmico e competitivo, favorece a observação das

preferências dos consumidores agindo onde mais se ver a necessidade de supri-las.

Os novos supermercados vêm investindo na diversificação da oferta de produtos e

nos meios de pagamentos, buscando formas de tornarem-se mais competitivos com

aqueles que ainda trabalham de forma isolada, não agregada em uma rede (FRANÇA

JR., 2007).

O surgimento de grandes empresas, por meio de fusões, principalmente de

grandes mercados, viabilizaram, para poucos empresários, a possibilidade de

produção e difusão de uma nova onda de inovação. De modo comum, o setor vem se

mostrando dinâmico e disposto a se adaptar a este processo de reestruturação e

formação de redes/fusões, agindo desta maneira como forma de tentar não perder

espaço, quando comparado com o processo de modernização existente na indústria.

As mudanças ocorridas na apresentação visual e no incremento de equipamentos,

voltados para a atualização e ampliação dos meios comerciais vêm apresentando no

comércio varejista como uma nova forma de se comercializar, de buscar melhorias na

qualidade do atendimento e de investimentos em equipamentos que venham se tornar

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poupadores de tempo e retentores de gastos. Tem permitido também, controlar o

gerenciamento e o processo de trabalho com a implementação destes novos

equipamentos, proporcionando alterações em menor período de tempo e de maneira

mais significativa no cenário comercial varejista (SEBRAE, 2004).

Conforme Segre (2002) ao tempo em que as fusões, incorporações e adoção

de novas tecnologias vieram a favorecer o consumidor final, a modernização veio para

o trabalhador como um divisor, um mecanismo que para o novo trabalhador manter-

se empregado tem de se especializar, se qualificar. Com este processo de

modificação nas relações de trabalho, muda-se também a diversificação nos meios

de pagamento que passa a agregar o uso de cartões de crédito, favorecendo uma

melhor garantia de pagamento das dívidas contraídas pelos clientes em determinados

estabelecimentos. Estas novas formas (mais atrativas e convidativas de novos

créditos e de se fazer comércio) vêm cada dia mais facilitando o relacionamento e a

aproximação entre comércio e cliente. Nessa perspectiva é possível perceber que os

investimentos feitos, vêm tornando o setor mais competitivo, seus constantes

investimentos estão possibilitando transfigurações nessa área, afetando diretamente

os níveis de emprego, renda e salários (SEBRAE, 2004).

Com este novo poder de compra, pode-se perceber a inclusão de uma nova

classe no setor de consumo, a chamada classe “C”, que ascendeu e hoje disfruta de

novos bens de consumo. Abriram-se, assim, as portas para a expansão do crédito,

pois agora, com um poder aquisitivo mais elevado, pode adquirir o que antes não se

podia através das fontes de recursos advindos da confiança creditícia (DELOITTE,

2009).

O comércio varejista, desde 2004, vem apresentando uma contribuição

ascendente, influenciado de forma intensa pelos Programas de Transferências de

Renda oriundas do Governo Federal. Programas que tem possibilitado poder

aquisitivo para a população mais carente, de baixa renda. Sua maior expressividade,

em termos de distribuição, apresenta-se na região Nordeste do país (DELOITTE,

2009), como se pode observar no gráfico 03 abaixo.

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33

GRÁFICO 03 – Transferência da Renda por regiões do Brasil, (em milhões de reais).

Fonte: Research – Deloitte (a partir da consolidação de dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome). Nota: Transferência através do Programa de Combate à Fome.

Os recursos dos Programas de Distribuição de Renda afetam diretamente a

vida e renda desta população, pois através deles pode-se manter o consumo e uma

melhor qualidade de vida. Colares (apud Sena e Silva, 2006, p. 28) destacam que os

Programas de Transferência de Renda no Brasil:

São marcados, por grandes inovações: a implementação descentralizada desses Programas; a transferência monetária direta para os beneficiários; a admissão da Família enquanto unidade de atenção social; a unificação dos programas; a proposta e articulação de políticas compensatórias com políticas estruturantes e a obrigatoriedade do cumprimento de condicionalidades por parte dos beneficiários, o que imprimiu ao Sistema Brasileiro de proteção Social novo padrão, novo conteúdo, nova dinâmica, mas também novos desafios.

Ao impactar positivamente na vida das famílias esses programas têm

contribuído para a dinâmica do varejo, o que garante retornos mais expressivos aos

comerciantes, dinamiza o comércio nas regiões. Esse novo consumidor que surge

com novo poder de compra, adentra no comércio com um novo olhar, uma nova forma

de consumir, o que faz com que o empresário repense suas estratégias de oferta do

produto.

1.288

6.104

2.671

535862

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

7.000

Norte Nordeste Sudeste Centro-Oeste Sul

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34

Um fato relevante para análise da dinâmica do comércio em nível nacional na

contemporaneidade é o crescimento das vendas no comércio varejista nas regiões

mais pobres. Na observação da distribuição geográfica comercial brasileira, observa-

se o ganho de representatividade em termos nacionais, de regiões como a Nordeste

que em virtude da ampliação dos programas de transferencia de renda, aumento do

salário mínimo, estímulo ao crédito, entre outros incentivos governamentais tem

dinamizado o comércio, principalmente na compra de bens duráveis. No gráfico 04

observa-se o índice de volume de vendas no comercio varejista ampliado (número

índice) nos estados mais dinâmicos de cada região entre 2003 e 2010, verifica-se,

portanto, a dinâmica relatada.

GRÁFICO 04 - Índice de volume de vendas no comércio varejista ampliado (número índice) nos estados mais dinâmicos de cada região (2003-2010, 2003=100)

Fonte: Pesquisa Mensal de Comercio/IBGE (apud ARAÚJO, 2013).

Diante dos dados apresentados, constata-se que o novo padrão de crescimento

focado na produção e no consumo em massa dos governos pós-neoliberais (Lula e

Dilma), tem favorecido o crescimento do comércio varejista no período considerado,

deixando evidente o impacto positivo das medidas de estímulo aos consumo da classe

de baixa renda, dos mais pobres do país. Na descrição de Araújo (2013) o impacto

regional diferencial de políticas que afetaram a renda das famílias e, cocomitante,

repercutiu no resultado positivo para a dinâmica comercial de estados do Nordeste

esteve associado a diversos fatores, como ela cita:

575,76

480,37

372,88 368,94351,89

275,32 274,72252,37

235,73 223,5

0

100

200

300

400

500

600

700

Acre Rondônia Alagoas Maranhão EspíritoSanto

MatoGrosso do

Sul

Goiás SantaCatarina

MinasGerais

Paraná

234,94

Estados mais dinâmicos de cada região Brasil

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35

O aumento real do salário-mínimo, por exemplo, teve impacto mais forte no Nordeste, onde 45% dos ocupados recebem até 1 salario - mínimo – bem acima da média brasileira que e de 26% –, do que no Sudeste, onde esse percentual e de apenas 17,6%, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE). Essa mesma pesquisa mostra que, entre 2003 e 2009, o valor do rendimento médio das famílias residentes no Nordeste cresceu 5,4% ao ano, quando a média nacional foi de 3,5%, e no Sudeste essa taxa foi de apenas 2,9% (ARAÚJO, 2013, p. 162).

A pesquisa realizada pela Deloitte (2009) já revelava a distribuição do comércio

brasileiro e o destaque do Nordeste como responsável por 18% do total da

arrecadação de recursos de Programa de Transferência de Renda, apresentando-se

como a 2ª região de maior importância de participação. A Região Centro-Oeste, com

8% de área comercial, aparece em 4º lugar, mesmo com baixa expressividade

comercial no ano de 2008, elevou sua participação quando comparado com o ano de

2007, aumento este verificado a partir da venda de veículos, motos e autopeças e de

material de construção. A Região Sul, em 3º lugar destaca-se devido à expressividade

de vendas no setor de hiper e supermercados e de móveis e eletrodomésticos e, em

1º lugar a Região Sudeste, com o maior índice comercial do país, 52% de área

comercial, configurando a maior expressividade de vendas no comércio varejista,

podendo ser respaldado pela crescente venda nos segmentos de hiper e

supermercados e moveis e eletrodomésticos. Por fim, a Região Norte, em 5º lugar

com 5% de abrangência comercial, demonstrando resultados favoráveis, amparados,

principalmente, pelo desempenho da indústria e exportações de commodities5

metálicas, ambos no mesmo período estudado, três primeiro trimestres de 2008

(DELOITTE, 2009).

As informações apresentadas pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) (2013),

confirmam também o bom desempenho alcançado pelo comércio na região Nordeste,

com destaque o estado do Rio Grande do Norte (9,1%), Maranhão (5,9%) e Piauí

(5,7%), se comparados à média nacional (Brasil 3,8%). Na descrição do economista

FREIRE (2012),

Em 2011 o comércio varejista do RN cresceu 7,05% em relação ao ano anterior. No conceito de comércio varejista ampliado (que inclui

5 Commodities pode ser definido como mercadorias, principalmente minérios e gêneros agrícolas, que são produzidos em larga escala e comercializados em nível mundial. As commodities são negociadas em bolsas mercadorias, portanto seus preços são definidos em nível global, pelo mercado internacional (http://ppiggrupo.wordpress.com/).

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também as vendas de veículos e peças e o setor de material de construção) e desempenho foi de 5,53%. Em termos comparativo o comércio varejista “restrito” do estado cresceu acima da média brasileira, que teve um crescimento de 6,7%. Por outro lado, o comércio varejista ampliado apresentou desempenho abaixo da média nacional, cujo crescimento foi de 6,6%. Comparado ao ano de 2010 ocorreu, de forma similar ao que se passou com a economia brasileira, uma desaceleração do crescimento das vendas no estado. Em 2010 o varejo do estado cresceu 9,36% e o varejo ampliado registrou crescimento de 9,90%. O desempenho mais fraco do comércio varejista pode ser atribuído a uma queda na venda de automóveis no estado em 2011 e também a uma redução no ritmo de lançamentos do mercado imobiliário. O menor ritmo desses dois segmentos, por sua vez, foi afetado pelas políticas de aumento dos juros e contenção do crédito adotado pelo governo federal em fins de 2009 e início de 2010. O que afetou também foi uma redução no ritmo de expansão de crédito no estado e um aumento da inadimplência do consumidor local. Outro fator importante foi o desempenho do mercado de trabalho local, cuja queda do volume de emprego formal gerado no ano registrou queda de mais de 50% quando comparado a 2010 e colocou o estado na lanterna da geração de emprego no Brasil.

Em suas análises, Freire faz um comparativo do comércio varejista no RN

referente aos anos de 2009 a 2011, em que se percebe um desempenho favorável do

comércio varejista norte-rio-grandense. Um comércio em ascensão e que vem

apontando constantes índices de crescimento ao longo do período estudado, tendo

crescimento negativo, mas não influenciando tão significativamente a economia

estadual. O estado vem mostrando uma maior proporcionalidade no tocante a geração

de empregos formais, favorecendo os índices econômicos da região e agregando

valores à economia nacional.

Estes novos rumos que segue o comércio, foi o caminho alcançado para

garantir a sua competitividade e ganhos pelo dinamismo e facilidade de suprir as

necessidades do consumidor, os quais tendo suas necessidades supridas garantem

a manutenção das vendas e expansão dos lucros. Sua reorganização vem ao

encontro da necessidade de melhorias na qualidade da oferta de produtos e de mão

de obra especializada ou multifuncional (DELOITTE, 2009).

Como forma de sintetizar o estudo das transformações ocorridas no âmbito

comercial como um todo, das movimentações na organização do mercado, das novas

configurações e maneiras diversificadas de manter-se no mercado frente à

concorrência, a pesquisa da Deloitte (2009) apresenta no quadro abaixo a

configuração atual do movimento de mercado, que segue:

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QUADRO 02 – Configuração atual de movimentos de mercado

Foco na Gestão Aprimoramento da governança através da utilização de tecnologias de informação (TI).

Foco na Eficiência Operacional e

Financeira

Busca por maior rentabilidade operacional; Ganho de escala (redução de custos, aumento da eficiência e produtividade).

Foco na Cadeia Produtiva

Introdução de marcas próprias concorrentes.

Foco em Clientes

Expansão e disseminação de marcas próprias; Multicanais de vendas; Diversificação do mix de produtos vendidos (incremento dos não-alimentos, tais como eletroeletrônicos, informática e livros).

Foco na Concorrência

Atendimento diferenciado Expansão da base e novos formatos de lojas. Serviços adicionais Drogarias, postos de combustíveis, agências de turismo, etc. Serviços especiais Entregas em domicílio, cartões preferenciais, etc. Ganho de escala Preparação para expansão de vendas. Ampliação do foco de atuação e busca de mercados regionais Centrais de negócios Alianças estratégicas entre pequenos e médios varejistas. Fusões e aquisições Aquisição de outras redes, inclusive de porte médio, e de supermercados populares localizados na periferia, com opções de pontos comerciais e presença de grande número de pequenos varejistas. Utilização de bandeiras diferentes, visando atingir públicos específicos.

Fonte: Deloitte (2009). Elaboração do autor.

A diversificação, comodidade, observância nas expectativas do mercado e de

escolhas dos consumidores e melhorias com vistas ao atendimento ao cliente, para

as empresas que adentraram no ramo da modernização, vem cada vez mais

ganhando espaço e conquistando uma clientela cada vez mais informada, decidida e

formadora de opinião. As empresas já não devem mais se preocupar apenas com o

que vender, mas também com o que se vender e a quem vender (SEBRAE, 2004).

A organização do comércio está basicamente distribuída em dois ramos: os

setores administrativos, que detém a organização e funcionamento do comércio,

normalmente, representado por uma pessoa ligada à família ou até mesmo o próprio

dono do estabelecimento comercial; e a parte operacional, responsáveis pelo caixa,

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38

reposição de estoques, entregadores e limpezas, os quais não possuem funções

específicas alternando-as em momentos de necessidade em outros setores

(SEBRAE, 2004).

A operacionalização, através da implantação de produtos de informática, dá-se

de forma mais ágil e tácita, facilitado à realização das transações comerciais nestes

estabelecimentos onde houve a inserção de algum mecanismo tecnológico no seu

método de comercializar. A inserção de equipamentos de informática, como softwares

destinados a tal finalidade, permite uma visão dos produtos mais buscados e onde se

deve repor, integrando o balconista ao estoquista com vista a agilizar o processo de

reposição, funções estas não tão claras nestes setores estudados (DELOITTE, 2009).

As tarefas desenvolvidas nesses setores são praticamente realizadas pela

parte operacional, não havendo uma divisão correlata das atividades ali

desenvolvidas. As fragmentações ocorridas no varejo, estudado pela Deloitte,

mostram a polivalência dos seus empregados, em que cada um desenvolve ações

muito além do que lhe são conferidas pelo cargo que ocupa, refletindo a grande

quantidade de atividades desenvolvidas e concentradas em uma única pessoa

(DELOITTE, 2009).

Para Santos (2007, p. 21), ao introduzirmos essas novas formas de produção,

somos motivados pela “[...] ideologia do crescimento, no nível de nação e de Estado,

e a ideologia do consumo, no nível dos indivíduos”. Surgindo assim, novas inserções

no processo produtivo, adentrando nas formas de comercializar que afetam os

padrões de consumo das pessoas. O uso da tecnologia vem proporcionando uma

melhor qualificação dos seus empregados, ocorrendo a introdução de mecanismos

com vistas a melhoria da qualidade do trabalho, indispensável a um ramo que

emprega uma grande quantidade de sujeitos.

A reestruturação tecnológica vem ocorrendo de forma significativa, conforme

França Jr. (2007, p. 85),

Sofisticados mecanismos de gestão e controle do processo produtivo

e da força de trabalho, como a utilização da informática no controle do

processo produtivo, o uso de técnicas modernas de gerenciamento e

a utilização de novos equipamentos, e mesmo a ampliação do

processo de terceirização, têm sido algumas das medidas adotadas

por empresas do setor, cujos reflexos recaem diretamente sobre as

relações de trabalho, sinalizando novos desafios para a classe-que-

vive-do-trabalho.

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Esses novos mecanismos de gestão e controle, visam uma melhor utilização

dos recursos existentes no mercado, aproveitando a mão de obra e sendo poupador

e otimizador de tempo, bem como fortalecendo as atividades inseridas neste ramo.

Sobre o processo de modernização tecnologia, inserido no mercado de

trabalho, Couto (2011, p. 99), analisa:

A introdução de inovações tecnológicas, organizacionais e gerenciais nas atividades terciárias gerou um maior número de trabalhadores intelectuais, isto é, associados a funções técnicas e administrativas, com maior qualificação profissional.

As modificações oriundas do processo de reestruturação produtiva no decorrer

dos anos ganha espaço e atinge importantes setores do comércio varejista brasileiro,

embora se mantendo como maior apontador de visibilidade o setor de supermercados

e hipermercados, pelo seu dinamismo e maior tempo de existência no ramo.

Recente estudo realizado pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB, 2012), com

base em dados do IBGE, o comércio varejista brasileiro é apresentado sofrendo fortes

influências das medidas de intervenção governamental que proporcionaram um maior

estímulo à demanda, como já se descreveu anteriormente. Pode-se, evidenciar, com

maior amplitude este processo de desempenho, na tabela que se segue:

TABELA 03 – Índice de Desempenho (%) do comércio varejista no Brasil em 2012.

Grupo de atividades

Índice de desempenho (%)

Comentários

Varejista Restrito -0,8 8,2 9,0 7,3 -

Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo

0,1 9,0 9,3 6,1 Com crescimento acumulado de 9,3% em 2012, o grupo continua a exercer o principal impacto na composição da taxa global de varejo (55,7%), impulsionado pelo aumento do poder de compra da população e do Dia das Mães.

Móveis e eletrodomésticos

-3,1 9,3 13,8 14,9 Com crescimento acumulado de 13,8% em 2012 e o segundo maior impacto positivo na composição da taxa mensal de varejo (24,8%), esse desempenho se justifica, especificamente, pelo incentivo do governo ao consumo, mediante redução de alíquotas do IPI para a linha branca.

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Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria

0,0 10,9 10,5 9,9 Com crescimento acumulado de 10,5% em 2012 e o terceiro maior impacto positivo na composição da taxa mensal de varejo ampliado (9,4%), o desempenho do grupo em patamar acima da média do grupo é explicado, especificamente, pelo caráter essencial e diversificação de seus produtos.

Outros artigos de uso pessoal e doméstico

-0,2 8,1 7,6 4,2 Com crescimento acumulado de 7,6% e o quarto maior impacto na composição da taxa mensal de varejo (9,4%), esse grupo de atividades, composto por lojas de departamentos, ótica, joalheira, artigos esportivos, brinquedos etc., foi bastante favorecido em maio pelo Dia das Mães.

Combustíveis e lubrificantes

-0,8 7,4 4,4 2,1 Com crescimento acumulado de 4,4% e a quinta maior contribuição na composição da taxa global de varejo (8,7%), o desempenho do grupo acima da média global deveu-se à queda de 4,4% dos preços dos combustíveis nos últimos 12 meses, segundo o IPCA.

Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação

3,5 17,3 28,1 26,4 Com crescimento acumulado de 28,1% e o sexto maior impacto na composição da taxa global de varejo (4,7%), o desempenho se deveu, especificamente, à ampliação de programas de inserção digital, à queda de 8,6% dos preços dos microcomputadores nos últimos 12 meses, segundo o IPCA, e à crescente importância dos produtos de informática e comunicação nos hábitos de consumo das famílias.

Tecidos, vestuário e calçados

0,3 3,8 1,2 1,6 Com desempenho acumulado de 1,2% e a sétima contribuição na composição da taxa global de varejo (4,4%), os resultados abaixo da média se explicam pelo aumento dos preços do setor de 6,2% nos últimos 12 meses, segundo o IPCA.

Livros, jornais, revistas e papelaria

1,6 -3,6 2,3 3,1 Com índice de crescimento acumulado de 2,3% e impacto negativo (-0,2%) na composição da taxa global de varejo, o desempenho reflete, em boa parte, a sazonalidade na compra dos produtos.

Varejista Ampliado -0,7 4,2 5,8 5,3 -

Material de construção

-11,3 3,6 11,1 8,7 Com desempenho acumulado de 11,1% e a sétima maior contribuição na composição da taxa global de varejo (4,7%), o desempenho abaixo da média refletiu as incertezas do mercado e expectativas de redução das taxas de juros, que geram adiamento de investimentos.

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Veículos, motocicletas, partes e peças

1,5 -2,5 -0,8 1,2 Com resultado negativo acumulado de -0,8% e a menor contribuição na composição da taxa global de varejo (-21,2%), o desempenho desse grupo não refletiu ainda as medidas de redução do IPI adotadas pelo governo, além das cautelas dos vendedores diante do crescimento da inadimplência.

Fonte: BNB (2012): Equipe do BNB/ETENE, com base em IBGE (2012), LCA (2012). 1) Índices de desempenho (com base no volume de vendas): A) Índice Mês/Mês – maio./abr. 2012, série com ajuste sazonal; B) Índice Mensal – maio 2012/2011; C) Índice Acumulado em 2012; D) Índice Acumulado nos últimos 12 meses.

Este crescimento foi resultado da estabilidade da economia, que proporcionou

crescente poder de compra da população, permanência por mais período de tempo e

uma atividade laboral, por incentivos advindos do governo federal que aumentou a

busca por produtos como eletrodomésticos (novembro de 2011), móveis (março de

2012) e automóveis (maio 2012), mediante a redução do Imposto Sobre Produtos

Industrializados (IPI). Tais procedimentos e medidas adotadas não vieram a sanar

todas as expectativas do governo, posto que atrelado aos incentivos tem ocorrido

consequente endividamento de uma parcela destes novos consumidores,

comprometendo, assim, o seu poder de compra e rendimentos financeiros (LCA,

2012).

Diante do abordado, parte-se para o próximo capítulo em que se discutem os

resultados da pesquisa realizada na cidade de Portalegre/RN, com fins a desvelar a

dinâmica do comércio varejista e as implicações do processo de reestruturação

capitalista nessa localidade.

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42

4 O COMÉRCIO VAREJISTA CENTRAL DO MUNICÍPIO DE PORTALEGRE/RN:

REESTRUTURAÇÃO COMERCIAL E SEUS IMPACTOS

4.1 APRESENTAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO E PROCEDIMENTOS

METODOLOGICOS DA PESQUISA DE CAMPO

Com já anunciado na introdução a pesquisa de campo foi realizada na área

central de Portalegre/RN mas, particularmente, no comércio varejista formal local. O

comércio central urbano localizado na zona urbana do município é composto por 20

(vinte) pontos de negócios. Trata-se de um município que se situa no Alto Oeste,

microrregião serrana do estado do Rio Grande do Norte, há uma distância da Capital,

Natal de 366 km pela BR 304. De acordo com o IBGE (2010), o município conta com

uma população de 7.297 habitantes, sendo que 52,60% residem na zona urbana.

A pesquisa ocorreu numa sequência de etapas, iniciadas por meio de uma

observação sistemática, considerada importante para o presente estudo na medida

em que segundo Vergara (2009, p. 73) esta implica notar e metodologicamente

registrar “[...] eventos, condições físicas, comportamentos não verbais e

comportamento linguístico” de determinado fenômeno no dia-a-dia. Essa primeira

observação permitiu visualizar que a atuação do comércio vem suprindo as

necessidades dos munícipes e incorporando o atendimento a outras demandas,

oriundas de cidades circunvizinhas como Viçosa/RN, Francisco Dantas e Riacho da

Cruz/RN. Percebe-se, que esse setor tem modificado novas formas de comercializar,

haja vista que surgiram novos elementos e novas estruturas, mais dinâmicas,

poupadoras de tempo e de melhor comunicação com o cliente.

Na figura abaixo podemos visualizar a delimitação dada ao estudo: a área de

central de Portalegre/RN.

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43

FIGURA 02 – Portalegre/RN: Área de estudo – Comércio Central.

Fonte: Google Earth (2013)

A pesquisa compreendeu também a aplicação de entrevistas semiestruturadas

junto aos responsáveis pelos pontos comerciais e aos trabalhadores do comércio

local, foram perguntas fechadas e abertas. Considerando a listagem dos pontos

comerciais realizadas durante o período de observação sistemática realizada no mês

de dezembro/2013, identificou-se 20 (vinte) pontos comerciais na cidade. Considerou-

se para a pesquisa o universo dos pontos comerciais, no entanto, diante da recusa de

01 (um) dos comerciantes, somente 19 (dezenove) foram efetivamente entrevistados.

Foram incluídas empresas do ramo varejista atuantes no comércio central de

Portalegre, os quais envolveram empresas voltadas para a venda de peças e

acessórios para motos e motonetas, postos de combustíveis, materiais de construção,

móveis, artigos de cama, mesa e banho, artigos de papelaria, artigos de óptica,

produtos farmacêuticos, e artigos de vestuários e acessórios.

Quanto aos trabalhadores, identificou-se 31 (trinta e um) e as entrevistas

ocorreram como todo o universo6. Portanto, apresentaremos os resultados e

informações daqueles que efetivamente foram entrevistados, que se dispuseram a

responder: 19 comerciantes e 31 trabalhadores.

6 Ressalta-se que foram esclarecidos todos os pontos acerca da entrevista e do trabalho em desenvolvimento, principalmente no que se refere ao anonimato dos entrevistados, que o trabalho destina-se a fins acadêmicos e científicos, como também por se tratar de uma entrevista voluntária.

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44

Os dados coletados foram apresentados na parte dos resultados, tanto em

forma de tabela/gráficos, como por meio de textos argumentativos, os quais venham

a proporcionar um melhor entendimento das relações de trabalho entre empregador e

trabalhador e, da lógica que move esse complexo mundo do trabalho.

A investigação pretende com isso contribuir para o entendimento das relações

de trabalho no espaço escolhido para análise, bem como revelar a dinâmica do

comércio na cidade de Portalegre/RN. A rigor, procurou-se mostrar a dinâmica do

comércio varejista central da referida cidade, sua atuação e enquadramento no âmbito

de uma lógica empresarial que não se limita apenas a esse município, mas se estende

a dinâmica brasileira e capitalista, salvo as particularidades de cada localidade.

4.2 DESVELANDO ASPECTOS DO COMÉRCIO LOCAL: APRESENTAÇÃO DOS

RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO

4.2.1 Caracterização do comércio varejista em Portalegre/RN

A atividade comercial varejista de Portalegre/RN conta hoje com uma estrutura

de lojas voltadas para a comercialização de material de construção; artigos de

papelaria; de óptica; comércio de móveis; produtos farmacêuticos; artigos de cama,

mesa e banho; de vestuários e acessórios; venda de peças e acessórios para motos

e motonetas; mercadorias em geral, com predominância de alimentícios, combustíveis

e lubrificantes. Nas fotografias que seguem podemos visualizar alguns dos segmentos

citados.

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45

FOTOGRAFIAS 01, 02, 03 e 04 – Portalegre/RN: estrutura atual comércio varejista central.

Fonte: Pesquisa de campo (dez./2013). As fotografias apresentam os segmentos do comércio estudado: Gêneros alimentícios, móveis, artigos de vestuários e complementos e material de construção.

A estrutura física do comércio varejista central local, passou por diversas

modificações ao longo dos anos, as quais buscavam um melhor aproveitamento do

espaço existente e melhor dinamismo das atividades comerciais. Modificou-se para

atrair o cliente, considerando a localização, produtos ofertados e o atendimento

direcionado aos clientes. Durante o ano de 2012, o segmento que mais empregou no

comércio varejista, foi o de mercados e supermercados, representando 36% da mão

de obra formal contrata no período de janeiro a dezembro de 2012 (RAIS, 2013).

Conforme gráfico abaixo:

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46

GRÁFICO 05 – Portalegre/RN: Área de atuação na geração de empregos formais gerados no comércio varejista de Portalegre/RN no período de janeiro a dezembro de 2012.

Fonte: RAIS (2013). Elaboração do autor.

Diante do exposto, identifica-se que há predominância do comércio de

mercadorias em geral, mercados, minimercados e supermercados, em que o mesmo

possui a sua maior diversidade e opções de compras.

Apesar do comércio na área central da cidade de Portalegre/RN ser

referenciado por alguns autores, a exemplo de Monteiro (2010), como atividade

antiga, o registro junto ao Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica revela a composição

atual como sendo relativamente nova, são empresas que se formalizaram

principalmente depois de 2000, embora ainda se verifique pontos comerciais que

datam de 1968. O fato é que o comércio se caracteriza pela junção do “velho” e do

“novo”, de comércios formais e informais, considerou-se aqui o registro federal

(cadastro do CNPJ). Diante disso, observa-se 14 empresas com média de 13 anos de

formalização, embora consideradas recém-formalizadas diante do cadastro, atuam no

centro da cidade a bem mais tempo. No gráfico abaixo se apresenta a

representatividade do comércio varejista em Portalegre/RN formalmente legalizado

junto à Receita Federal7.

7 45.41-2-05 – Comércio a varejo de peças e acessórios para motocicletas e motonetas; 47.12-1-00 – Comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios - minimercados, mercearias e armazéns; 47.31-8-00 – Comércio varejista de combustíveis para veículos automotores;

Combustíveis; 18%

Merc. Geral, c/ pred. Prod. Alim.;36%Outros produtos alimentícios ; 11%

Artigos do vestuário e complementos; 3%

Produtos farmacêuticos, artigos médicos e

ortopédicos, de perfumaria e cosméticos; 7%

Móveis, artigos de iluminação e outros

artigos para residência; …

Material de construção, ferragens e ferramentas manuais; 7%

Outros produtos não especificados anteriormente; …

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47

GRÁFICO 06 – Portalegre/RN: Representatividade do comércio varejista, por atividade econômica principal e data de formalização (CNPJ), junto à Receita Federal do Brasil (RFB).

Fonte: Receita Federal do Brasil (2013). Tabulação do próprio autor.

Com base no gráfico, percebe-se que a composição do atacado nesse

município é diversificado, possuindo em sua totalidade uma atividade primária e,

alguns deles no mesmo segmento embora seja o mesmo ramo, com segmentos

distintos, seriam as atividades secundárias. São 63,15% dos comércios exercendo

atividade secundária, conforme se pode observar no quadro, “Representatividade dos

segmentos do comércio varejista, central, do município de Portalegre/RN, por

atividade econômica principal, secundária e natureza jurídica, conforme Cadastro

Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ)”, localizado nos anexos desse trabalho.

A opção por uma atividade secundária em uma empresa favorece uma maior

diversificação dos seus serviços, vindo a colocar a empresa em uma situação

favorável na distribuição dos novos produtos/serviços oferecidos, suprindo a

necessidade da oferta de um serviço/produto não especificado anteriormente,

47.44-0-05 – Comércio varejista de materiais de construção não especificados anteriormente; 47.44-0-99 – Comércio varejista de materiais de construção em geral; 47.54-7-01 – Comércio varejista de móveis; 47.55-5-03 – Comercio varejista de artigos de cama, mesa e banho; 47.61-0-03 – Comércio varejista de artigos de papelaria; 47.71-7-01 – Comércio varejista de produtos farmacêuticos, sem manipulação de fórmulas; 47.74-1-00 – Comércio varejista de artigos de óptica; 47.81-4-00 – Comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios.

19681977

19871996

199920002001200120022002

200520072008200820092009200920102011

1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020

47.12-1-0047.12-1-0047.54-7-0147.71-7-0147.81-4-0047.12-1-0047.31-8-0047.81-4-0047.44-0-0547.81-4-0047.44-0-9945.41-2-0547.31-8-0047.61-0-0347.12-1-0047.55-5-0347.74-1-0045.41-2-0547.44-0-99

dig

o d

a A

tivid

ad

e E

co

mic

a P

rin

cip

al

Ano de Abertura

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48

possibilitando à empresa a diversidade de sua atuação, dentro do mesmo

estabelecimento.

Identificou-se a existência de empresas que não mantêm uma atividade

secundária, essas se limitam a comercialização dos produtos/ramo inscrito junto a

Fazenda Municipal, Estadual e Federal. No entanto, algumas irregularidades foram

constatadas no momento da observação sistemática, na medida em que se podem

observar algumas empresas comercializando além do registrado, apresentam alguma

situação de informalidade, em alguma medida, trabalham as margens da ilegalidade,

sonegando parte dos impostos, passíveis de sanções previstas em Lei e em

Regulamentos Próprios.

Nota-se, também, como ponto comum, quanto à natureza jurídica, que em sua

maioria, as empresas aparecem com empresário individual e enquadrados como

Micro Empresários8. Foi identificado também a existência de filiais, as quais viram no

comércio portalegrense uma oportunidade de comercializar e manter-se no mercado

competitivo e, consequentemente, expandir seu mercado varejista.

O dinamismo de alguns pontos comerciais demonstraram alguns movimentos

que sinalizam modernização, porém é válido evidenciar que ainda persiste o comércio

voltado para o atendimento direto ao cliente, de balcão, embora em menor proporção.

Foram notificados 03 (três) comércios dessa natureza, que pertencem ao segmento

de mercadorias em geral e optaram pelo “atendimento de balcão”, não implementando

nenhum tipo de equipamento tecnológico, continuam utilizando as “velhas

cadernetas”. Esses comerciantes alegaram que não necessitam modernizar-se para

manter-se no comércio, na concepção dos mesmos, não perderão o contato direto

com os seus fregueses. Observou-se ainda, que 2 (dois) destes são os mais antigos

na atividade, que atuam desde 1968 e 1977.

Verifica-se que nas empresas em que se modernizaram ou estão em processo

de modernização, o objetivo envolveu: uma melhor busca pelo atendimento ao cliente

e uma melhor comodidade do mesmo; gerenciamento adequado da entrada e saída

de mercadorias; o controle de estoque; facilitação do sistema de emissão de

documentos de ordem fiscal; contato com os fornecedores e clientes; gerenciamento

de gestão de pessoas; gestão de recursos e gestão de finanças. Conclui-se, nesse

sentido, que a satisfação do cliente foi o motivador das alterações.

8 Comprovante de Inscrição e Situação Cadastral obtido junto ao site da Receita Federal do Brasil.

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49

Dentre os mecanismos tecnológicos mais utilizados pelos empresários,

destaca-se, o uso de computadores por 12 estabelecimentos, seguido pela

implementação de máquinas de cartões de crédito (8 estabelecimentos), seja de

bandeira própria ou de terceiros. Em apenas um estabelecimento se viu máquinas

específicas de carregar celular (PDV) e investimento em sistema de vigilância em

apenas 05 estabelecimentos, seja ela eletrônica ou contratação de pessoa física.

QUADRO 03 – Portalegre/RN: Inovações e mecanismos tecnológicos introduzidos no comércio nos últimos 05 anos.

Ramo da Atividade Principal

Co

mp

uta

do

r

qu

ina d

e

Ca

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Cré

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S

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Vig

ilâ

ncia

PD

V

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ca

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celu

lar)

N

ão

nec

es

sid

ad

e

Comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios

X

Comércio a varejo de peças e acessórios para motocicletas e motonetas

X

Comércio varejista de mercadorias em geral X

Comércio varejista de mercadorias em geral X X X

Comércio varejista de mercadorias em geral X X

Comércio varejista de mercadorias em geral X

Comércio varejista de combustíveis para veículos automotores

X

Comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios

X X X

Comercio varejista de artigos de cama, mesa e banho

X X

Comércio varejista de artigos de óptica X X

Comércio varejista de artigos de papelaria X X

Comércio varejista de móveis X

Comércio varejista de materiais de construção em geral

X

Comércio varejista de produtos farmacêuticos X X X

Comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios

X

Comércio varejista de materiais de construção não especificados anteriormente

X

Comércio varejista de materiais de construção X

Comércio a varejo de peças e acessórios para motocicletas e motonetas

X

Comércio varejista de combustíveis para veículos automotores

X X

Fonte: Pesquisa de campo (dez./2013).

Entre as formas de pagamento mais utilizadas nos estabelecimentos, segundo

o relato dos entrevistados, encontra-se o pagamento à vista (35%), seguido pelo

pagamento à prazo que ficam registrados em fichas (29%) e cartão de crédito (17%).

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50

Percebe-se com isso, a predominância ainda de formas de pagamento mais antigas,

como o à vista e para o fim do mês, embora o percentual do uso do cartão de crédito

se mostra significativo.

GRÁFICO 07 – Portalegre/RN: Meios de Pagamento principal, utilizado pelos estabelecimentos comerciais9.

Fonte: Pesquisa de campo (dez./2013).

O uso de máquinas de cartão de crédito, que predominantemente conjuga as

principais bandeiras, uma única máquina, tem garantido os recebimentos das vendas

realizadas. Hoje, 14 empresas fazem uso de algum tipo ferramenta moderna, o que

veio a proporcionar uma redução no índice de inadimplência. Segundo o {Entrevistado

nº 18}, a adoção do cartão de crédito “tem uma garantia melhor de recebimento e por

estarem segurados com contratos junto às empresas de cartão de crédito, e não

deixando de vender por não dispor deste mecanismo de transação comercial”. Alguns

outros até relatam a importância do uso da máquina, no entanto, alegam a não adoção

considerando o alto custo na manutenção, o que lhe fazem permanecer com

recebimento em espécie. Além das máquinas comuns que recebem bandeiras

variadas, identificou-se também a emissão, por parte de uma rede de supermercados,

de cartão próprio, com incentivos do programa de fidelidade à rede, além de

recebimento de voucher10.

9 O gráfico apresenta o meio de pagamento principal, sendo apontado pelo entrevistado os mais utilizados no seu comércio. 10 Voucher é um título, recibo ou documento que comprova o pagamento e o direito a um serviço ou a um produto, e é um termo de origem inglesa. Voucher é um comprovante, uma declaração de que um

35%

29%

17%

11%

2% 2% 2% 2%

PAGAMENTO À VISTA

PAGAMENTO AO FIM DO MÊS (FICHA

CARTÃO DE CRÉDITO

CHEQUE NOTA PROMISSÓRIA

CARTÃO DE CRÉDITO

(CREDIÁRIO PRÓPRIO)

BOLETO OUTROS (VOUCHER)

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51

As empresas que optaram por melhorias na sua estrutura e modernização,

possuem um quadro funcional mais organizado, com serviços direcionados e cargos

definidos, mas também seguidos pela polivalência, servindo de aliado para a

complementação dos serviços prestados. O sistema de gestão de mercadorias veio

como um aliado, um poupador de tempo e gerador de renda, pois através do mesmo,

pode se ter um controle do que se tem em estoque, vende-se e a necessidade de qual

mercadoria repor para garantir a manutenção do comércio.

O empresário ao atualizar-se, também ao ofertar mais de um meio de

pagamento ao cliente, tem garantido com isso a clientela e, consequentemente, uma

melhor arrecadação de impostos. Não se pode provar a relação direta entre inovação

e faturamento, no entanto, algumas empresas afirmaram que ao investirem em

melhores condições de oferta de mercadorias, diversificando os seus meios de

pagamento, deixando o consumidor livre para escolher os seus produtos/serviços, foi

possível melhor competir e o faturamento melhorou. Abaixo se pode visualizar a

receita anual dos estabelecimentos em Portalegre/RN.

GRÁFICO 08 – Portalegre/RN: Receita anual dos estabelecimentos11.

Fonte: Pesquisa de campo (dez./2013).

Como se pode visualizar, o gráfico 08 apresenta diversos faturamentos anuais

que variam de R$ 80.000,00 à R$ 1.200.000,00, fatores como tamanho do

serviço foi realizado ou que uma despesa foi feita, mas também pode ser um tipo de lançamento contábil. (WWW.SIGNIFICADOS.COM.BR)

11 Das 19 empresas entrevistadas, apenas 11 informaram a sua receita anual.

R$800.000,00

R$1.200.000,00

R$700.000,00

R$100.000,00

R$540.000,00

R$200.000,00

R$80.000,00

R$250.000,00

R$100.000,00

R$360.000,00

R$90.000,00

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

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52

empreendimento ou mesmo a introdução de inovação tecnológica podem está

influenciando o faturamento destas empresas, como mesmo relatou vários dos nossos

entrevistados. Como se previa a rede de supermercados se destaca com o maior

faturamento, de R$ 1.200.000,00. O uso do computador foi relatado como de suma

importância para o comércio por servir de organizador e dinamizador das informações

presentes no cotidiano, na organização das tarefas diárias e no gerenciamento de

informações, através de plataformas próprias/programas próprios que alinham toda a

“vida empresarial e financeira”, softwares destinados ao gerenciamento da empresa

e/ou apenas como forma de gerenciamento dos livros caixa que permitem um sistema

de gestão própria. O uso da inserção de tecnologia no comércio, como por exemplo,

o cartão de crédito, garante o recebimento das contas e a organização das vendas.

Segundo os entrevistados a dinâmica do comércio atual, tem sido proveniente

do aumento da população residente, da dimensão assumida pelos programas de

transferência de renda, que acompanha a dimensão nacional do programa, e as novas

contratações públicas, que tem feito aumentar o PIB per capita. O turismo, também

foi referenciado proporcionando maior dinamismo à cidade de Portalegre/RN nos

últimos anos, tem feito aumentar o nível da demanda quando se observa uma clientela

cada vez mais diversificada e exigente.

Observa-se através dos últimos Censos Demográficos, nos anos de 1996, 2000

e 2010 realizadas pelo IBGE, que há uma evolução populacional ocorrida no município

de Portalegre/RN. Esse crescimento vem proporcionar uma maior circulação

financeira no comércio local, aquecendo assim, a economia local. Essa evolução

ocorrida ao longo dos anos propicia uma maior circulação financeira no comércio,

fazendo girar a economia, demanda que advêm da busca pelo suprimento das

necessidades diárias daqueles que lá residem, como também das cidades

circunvizinhas. O gráfico que se segue, evidencia o aumento populacional, apontado

como um dos fatores de crescimento do comércio varejista local.

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53

GRÁFICO 09 – Portalegre/RN: Evolução populacional (1991 a 2010)

Fonte: IBGE: Censo Demográfico 1991, 2000, 2010. Elaboração do autor.

Os Programas de Transferências de Renda, mais precisamente, o Programa

Bolsa Família vem injetando valores consideráveis na economia local, em 2013,

compreendeu R$ 1.544.110,00 (PORTAL DA TRANSPARÊNCIA, 2013) ganha

destaque também na fala dos entrevistados, já que o dinheiro colocado nas mãos das

famílias de baixa renda é revertido quase à totalidade para consumo e, em sua

maioria, é gasto na própria cidade. No gráfico abaixo podemos perceber a constante

evolução na entrada de renda dos Programas de transferência de renda do Governo

Federal do Brasil no município.

GRÁFICO 10 – Portalegre/RN: Transferência de Renda Diretamente às Famílias em Condição de Pobreza e Extrema Pobreza. 2004 à 2013.

Fonte: Portal da Transparência do Governo Federal (2013). Elaboração do autor.

6.357

6.746

7.320

5.800

6.000

6.200

6.400

6.600

6.800

7.000

7.200

7.400

1991 2000 2010

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

852.5

23,0

0

825.1

81,0

0

902.8

10,5

0

900.4

05,0

0

1.0

36.1

56,0

0

1.1

29.0

46,0

0

1.2

96.4

41,0

0

1.4

29.0

29,0

0

1.5

87.5

48,0

0

1.5

44.1

10,0

0

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

Ano

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54

As informações confirmam com a descrição feita por Araújo (2013) em capítulo

anterior, que a dimensão assumida pelo Programa tem dinamizado o comércio

varejista no Nordeste, Portalegre/RN se inclui na tendência apresentada. O Programa

Bolsa Família apontado como impulsionador do comércio, tanto por alguns

empresários como pelos trabalhadores do comércio, vem proporcionando uma melhor

distribuição de renda e aquisição pelas famílias de bens antes não consumidos,

oportunizando melhorias nas condições de vida da população carente. Ao aumentar

o poder de compra das famílias, as mesmas passam a dispor de condições de

aquisição de novos produtos e serviços antes não obtidos. Faz com que busquem

novos produtos e serviços, entrando em um novo patamar de consumo. A

implementação da atividade turística, intensificada a partir de 2002 no Município que

vem ganhando dinamismo, novos empreendimento e os eventos que também foi

citado como dinamizador do comércio local.

Durante a aplicação das entrevistas, pontos negativos também foram

elencados pelos entrevistados (comerciantes e trabalhadores): ambos citam o

exagero no número de empréstimos consignados ofertados aos aposentados e

funcionários públicos municipais. Na análise dos mesmos, tais empréstimos retiram

parte da renda que poderia ser destinada ao comércio local, minimizando a circulação

de dinheiro no município, já que parte desta é comprometida, segundo eles, com a

compra de bens duráveis muitas vezes adquiridos em outros comércios, em cidades

próximas como Pau dos Ferros, que oferece maior variedade de produtos, além

daqueles que revertem parte dos empréstimos para reformas e/ou compras de casas,

via Programa Minha Casa e Minha Vida.

O município dispõe de uma Lotérica da Caixa Econômica Federal, que funciona

apenas com dinheiro que circula somente nessa localidade, não tendo abastecimento

de fonte externa para a sua manutenção; um Posto de Atendimento do Bradesco

(P.A.), que diante da inconstância do abastecimento, dificulta o atendimento aos

munícipes, e, por último, o Banco Postal, funcionando juntamente com os Correios,

servindo como principal fonte de pagamento do município, pois ali reside o pagamento

dos aposentados e funcionários públicos estaduais e federais residentes naquele

município. No entanto, a inexistência da Sede de um Banco no Município foi levantada

como fator negativo, a tendência é que em sendo os maiores salários sacados em

bancos na cidade de Pau dos Ferros, a circulação do dinheiro comece e se dê

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55

preponderantemente nessa cidade, no seu comércio, onde os mesmos fazem suas

compras.

Embasados nos resultados da pesquisa, verifica-se que as mudanças advindas

do processo de reestruturação ocorreram, principalmente a partir do ano de 2000, em

que várias empresas passaram a dinamizar o setor e a gerir da melhor forma possível

o seu empreendimento. Em Portalegre/RN a dinâmica se ver modificada, mesmo que

lentamente, devido à implementação do turismo e de outros fatores, vindo a atrair um

público maior ao comércio, surgindo clientes mais exigentes, dispostos a consumir,

dinamizando assim, a sua cultura e fazendo a economia local desenvolver e ganhar

novos rumos.

4.2.2 O perfil dos trabalhadores do comércio varejista

A dinâmica do comércio de Portalegre/RN também atingiu o trabalhador e as

relações de trabalho estabelecidas. Foi identificada certa estabilidade empregatícia já

que, os empresários, 47% dos mesmos, afirmaram que mantiveram constantes as

suas contratações nos últimos 05 (cinco) anos, não empregaram, nem demitiram. Em

contrapartida, 26%, afirmaram ter contratado no mesmo período. Conforme gráfico

abaixo:

GRÁFICO 11 – Portalegre/RN: Contratação sob a ótica dos empresários no comércio varejista.

Fonte: Pesquisa de campo (dez./2013).

26%

16%47%

11%

Aumentou Diminuiu Estabilizado Não respondeu

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56

Dos trabalhadores pesquisados 58%, estão na condição de solteiros e 42%,

são casados. São trabalhadores na faixa de 18 à 39 anos de idade, representando

mais de 90% dos ocupados no setor comercial, uma mão de obra

preponderantemente jovem. Não foram identificados trabalhadores nas faixas de 14 a

17 anos e acima de 60 anos, conforme se observa no gráfico abaixo.

GRÁFICO 12 – Portalegre/RN: Distribuição dos trabalhadores do comércio varejista por faixa de idade.

Fonte: Pesquisa de campo (dez./2013).

Em se tratando da atuação da mão de obra, percebe-se a predominância de

mulheres (55%), ocupadas em sua maioria no atendimento ao cliente. Elas foram

referenciadas pela facilidade no dinamismo e contato com o cliente. Apreende-se que

a sua inserção no mercado de trabalho tem aumentado, seja por necessidades de

uma ocupação e/ou saída da ociosidade, para fins de complementação do orçamento

familiar. O fato é que tem alterado um fator cultural que em outrora prevalecia na

cidade, o que não se trata de uma realidade limitada ao local, exprime uma realidade

manifestada em nível nacional. Conforme dados do Instituto de Pesquisa Econômica

Aplicada (2007), a mulher vem aumentando a sua participação no mercado de

trabalho. Segundo o IPEA,

0

32%

36%

26%

3% 3%

0

14 A 17 18 A 24 25 A 29 30 A 39 40 A 49 50 A 59 ACIMA DE 60 ANOS

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57

[...] a evolução da taxa de participação no mercado de trabalho apresentou tendências diferentes na desagregação por gênero. Enquanto a taxa de participação dos homens declinou de forma praticamente contínua, acumulando uma queda de aproximadamente 4 pontos percentuais – de 75,0% em 1992 para 71,3% em 2005 –, a taxa de participação feminina apresentou aumento, também de modo paulatino, de cerca de 7 p.p. no mesmo período, partindo de 42,4% em 1992 e atingindo 49,1% em 2005. (IPEA, 2007, p. 21)

Esse processo evolutivo da participação da mulher na economia mostra o seu

poder de luta, em prol de realização profissional e/ou pessoal, bem como a sua busca

por transformações na ordem cultural, social e política de uma sociedade, que ver no

homem o papel de centralizador e executor de ações de liderança. Já a ocupação

masculina neste setor tem sido em atividades cujo esforço físico é exigido, como por

exemplo: carga e descarga, entregador, repositor, embalador entre outros,

respondendo por 45% da mão de obra empregada. A mulher também apresenta um

maior nível de escolaridade quando se compara a escolaridade masculina, como se

pode observar nos dados do quadro abaixo:

TABELA 04 – Portalegre/RN: Escolaridade no comércio varejista central por gênero.

Gênero

Nível de Escolaridade

Superior Incompleto

Ensino Médio Completo

Ensino Médio Incompleto

Ensino Fundamental

Completo

Masculino 0 7 4 3

Feminino 1 12 2 2 Fonte: Pesquisa de campo (dez./2013).

Como se pode observar na tabela, no que se refere ao Ensino Médio completo,

o número de mulheres quase que dobra aos dos homens e nos níveis menores como

Ensino Médio incompleto e fundamental completo os homens lideram as faixas de

escolaridade. Não se pode negar que munida de melhor escolaridade a mulher amplia

sua visão do mundo e maior foco no direcionamento das decisões a serem tomadas

na ocupação, garante também melhor condição de competição no mercado de

trabalho.

No comércio de Portalegre/RN a atuação das mulheres está centralizada no

atendimento ao público, enquanto os serviços desenvolvidos pelos homens, nesse

setor, direcionam-se a uma atividade mais árdua, que envolve força, como: carga e

descarga de mercadorias, reposição de estoques, entregadores, vigilantes e, serviços

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58

de motorista, sendo também atribuídas outras funções em momentos de ociosidade,

o que reflete no acúmulo de funções na mesma ocupação.

Quanto se direciona a análise para a posição na ocupação, verifica-se a

predominância de uma categoria desassistida, formada por profissionais que

trabalham sem carteira de trabalho assinada, não possuindo os direitos garantidos

pela legislação trabalhista, apesar de todas as empresas entrevistadas serem

formalizadas junto à receita. Conforme gráfico abaixo apresenta.

GRÁFICO 13 – Portalegre/RN: Posição na ocupação dos trabalhadores do comércio varejista.

Fonte: Pesquisa de campo (dez./2013).

O processo de contratação neste setor carece de um agente fiscalizador e

regulamentador das condições trabalhistas, considerando o grau de relações

informais de trabalho acima identificadas no gráfico de posição na ocupação. As

empresas se formalizam, pagam os seus impostos e/ou às taxas e tributos referentes

à mercadoria, no entanto, não se preocupam em regulamentar a contratação da mão

de obra, quando 61% da mão de obra ocupada têm sido verificadas atuando

informalmente, persistindo a falta de proteção trabalhista. Não foi identificado também

em nenhuma categoria conhecimento/assistência de um órgão regulador, sindicato

referente à atividade em que atuam.

Os trabalhadores atuam principalmente no comércio varejista de gêneros

alimentícios, na medida em que 48% do total estão ocupados neste segmento. Pode-

se destacar também, o desenvolvimento de atividades nos segmentos de materiais

de construção (13%) e artigos do vestuário e acessórios que responde por 10% da

39%

61%

Carteira Assinada

Sem Carteira Assinada

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mão de obra contratada. Ressalta-se que o segmento de construção ocupa a segunda

posição em termos de contratação de funcionários, já que este é aquecido em virtude

dos incentivos do Governo Federal para fins de construção de casa própria, serviços

de pavimentação, construção de cisternas, dentre outras. A distribuição dos

segmentos pode ser visualizada no gráfico abaixo:

GRÁFICO 14 – Portalegre/RN: Distribuição dos segmentos no comércio varejista.

Fonte: Pesquisa de campo (dez./2013).

Em se tratando da faixa de renda, percebe-se uma mão de obra remunerada

abaixo do salário mínimo 55%. Considerando os dados de posição na ocupação em

que 61% dos ocupados trabalham sem carteira assinada, já se espera baixos

rendimentos advindos da ocupação. Ademais como se verifica, quase 90% dos

ocupados recebem até um salário mínimo. Os trabalhadores que ganham salário

comercial são aqueles ocupados no segmento de mercado e supermercado.

Conforme gráfico abaixo apresenta.

3%

48%

3%

13%

7%

7%

3%

6%

10%

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Peças e acessórios para motocicletas e motonetas

Mercadorias em geral

Combustíveis para veículos automotores

Materiais de construção

Móveis

Artigos de papelaria

Produtos farmacêuticos

Artigos de óptica

Artigos do vestuário e acessórios

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GRÁFICO 15 – Portalegre/RN: Distribuição salarial no comércio varejista.

Fonte: Pesquisa de campo (dez./2013).

Quando se questionou sobre a existência de uma segunda renda, 10% dos

trabalhadores informaram possuir, alegando servir de complemento à renda mensal

do comércio, esta que advém, principalmente, da agricultura de subsistência. A

atividade complementar vem suprindo a necessidade orçamentária não suprida pelo

seu vínculo empregatício principal. Estes dados podem ser mais bem observados no

gráfico, que segue:

GRÁFICO 16 – Portalegre/RN: Trabalhadores que possuem uma segunda atividade laboral, além do comércio varejista.

Fonte: Pesquisa de campo (dez./2013).

32%

13%

55%

Salário Mínimo R$ 678,00

Salário Comercial R$ 710,00

Menos de Salário Mínimo

10%

84%

6%

Sim

Não

Não respondeu

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Referente à participação da renda recebida do seu vínculo empregatício, 36%

dos entrevistados informaram usar mais de 50% dos seus vencimentos para contribuir

nas despesas da família, trabalhando com carteira de trabalho assinada ou não. Isso

possibilita uma melhoria na sua qualidade de vida e na aquisição de bens e produtos

que antes não possuíam. Pode-se perceber no gráfico, que se segue a sua

expressividade referente a participação na renda familiar.

GRÁFICO 17 – Portalegre/RN: Contribuição do trabalhador na despesa familiar.

Fonte: Pesquisa de campo (dez./2013).

Com base nos dados coletados, evidencia-se que mesmo trabalhadores em

situações formais de contratação recebem algum tipo de benefício social, neste caso,

o Bolsa Família. Os 35% dos recebedores desse recurso, afirmaram usá-lo em

benefício a educação dos filhos e na manutenção dos gastos domésticos, fazendo

deste uma melhor forma de aquisição de produtos antes não disponíveis a sua faixa

remunerativa. Essas informações corroboram com as análises realizadas no capítulo

anterior, que afirmam a importância dos programas de transferência de renda para

possibilitar a aquisição de determinados bens e serviços demandados pela família. Os

65% que não recebem tem a sua renda superior ao permitido pelo programa e o

número de familiares do domicílio não lhe permite ingressar no mesmo. O Programa

Bolsa família se apresenta como um auxílio, um complemento de renda as famílias de

baixa renda. Os trabalhadores do comércio varejista de Portalegre/RN que recebem

alegam possuírem, no mesmo domicílio, um número de pessoas que lhe permite o

recebimento desta benfeitoria e se enquadrar no condicionamento do Programa.

16%

10%

16%

19%

36%

3%Nenhuma

Entre 10% e 20%

Entre 20% e 30%

Entre 30% e 50 %

Acima de 50%

Não Informou

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Referente a jornada de trabalho, 65% dos trabalhadores trabalham com jornada

de 8h diárias, o que expressa as suas condições legais de trabalho e que a Lei lhe

garante. Apesar disso, ainda se visualiza quantidade de trabalhadores que

ultrapassam as horas legais estabelecidas, quando 22% afirmam exercerem suas

funções acima de 10horas diárias, dado que expressa a existência de condições de

trabalho precárias no comércio varejista em Portalegre/RN. A distribuição da jornada

de trabalho pode ser mais bem visualizada no gráfico, que segue:

GRÁFICO 18 – Portalegre/RN: Jornada de trabalho no comércio varejista.

Fonte: Pesquisa de campo (dez./2013).

Estas horas excessivas de trabalho, além das que regem o trabalhador no

Brasil (Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT), precarizam o seu desempenho e

estimulam a sua saída em busca de um novo setor para inserir-se, buscando melhores

condições e remuneração. No entanto, 68% dos entrevistados não tem pretensão de

sair, não manifestaram esse desejo, alguns afirmam que querem permanecer no

setor, outros, no entanto, afirmam que não a outra atividade em vista, por isso

permanece.

13%

0

65%

16%

6%

4H 6H 8H 10H ACIMA DE 10H

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer deste trabalho monográfico, buscou-se compreender o complexo

processo de transformações provenientes da reestruturação produtiva ocorrida no

Brasil desde fins do século XX e que impactaram o setor comercial, não se restringindo

ao campo da produção, redimensionando assim, o mundo do trabalho. A

reestruturação veio como impulsionador de uma dinâmica moderna, incorporando

uma nova estrutura de produção, novas modalidades de contratação e relações de

trabalho, aprimorando também novos meios de arrecadação de impostos

governamentais. Um atual processo de alterações ocorridas nas empresas e

indústrias, flexibilizou a realização das atividades, tornando o empregado polivalente,

dinâmico, fonte de exploração adicional.

No âmbito dessas modificações impulsionadas, mais recentemente, pelo

redimensionamento das políticas dos governos pós-neoliberais, uma nova classe

consumidora surge, mais exigente, com novo estilo de vida e os padrões de consumo

variados, com mais poder de compra, ocasionado pela valorização do salário mínimo,

ampliação do crédito e dos programas de transferência de renda. Como já se

destacava, o comércio varejista ganha dinamicidade, principalmente pelo consumo

das classes mais baixas, que movimenta a economia de importantes estados do

Nordeste.

No campo varejista, destaca-se como maior influência a fusão/junções de

pequenos mercados ou grandes mercados formando redes de supermercados com

vistas a suprir as exigências que antes não podiam atender de forma individual e

delimitada. Ao unirem-se em redes, estes novos empreendimentos abastecem as

necessidades e desejos de consumo de diversas classes. Esse processo de fusões

aparece como dinamizador do comércio, gerador de emprego e renda, e arrecadador

de impostos sejam em escala municipal, estadual ou federal, conforme foi verificado

na pesquisa de campo. Trouxe também modificações nas relações de trabalho, pois

o empregado/trabalhador, tornou-se polivalente, tendo sido induzido a conhecer e

desenvolver inúmeras habilidades e técnicas. A forma de contratação mudou, quando

a legislação trabalhista permitiu a contratação temporária, denominada aqui neste

trabalho como “precarização regulamentada”.

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Diante do exposto, o comércio varejista de Portalegre/RN foi observado em

início de um processo de reestruturação, ainda lento, através da informatização de

alguns empreendimentos e do aparecimento de redes de supermercados. Tais

mudanças ocorrem a partir da introdução turística no município, no ano 2000, período

em que as empresas aos poucos passou a aderir à modernização, a necessidade do

uso de recursos tecnológicos, e principalmente, a implantação de máquinas de cartão

de crédito, que é evidenciada, diante da nova clientela, sob a figura do turista.

O uso do computador, nesses locais comerciais, veio como instrumento de

organização e manutenção dos serviços antes existentes em fichas, o que vinha a

causar perda de tempo e de contas. Houve relatos de perdas de fichas em virtudes

de serem guardadas em locais inadequados, não tendo como comprovar a compra

e/ou os valores devidos. Foi possível identificar também, uma melhoria que vai desde

a fachada à finalização das compras naquelas empresas que optaram, por não

modernizar-se por completo, mas em parte, fazendo uso de algum método poupador

de tempo e de liberdade do consumidor em seu estabelecimento.

A necessidade da utilização de alguns recursos modernos no âmbito das

atividades comerciais foi confirmada pelas entrevistas, o uso das máquinas de cartão

de crédito foi o mais citado, embora se observe que a utilização efetiva das mesmas

ainda de limita a uma pequena minoria. Veio como uma forma de suprir as

necessidades não necessariamente dos clientes da cidade, isso ficou claro, mas dos

visitantes, pois os mesmos alegavam que deixavam de comprar no comércio local,

em virtude do mesmo não aceitar tal forma de pagamento, tornando-se hoje, um forte

aliado na venda direcionada aos visitantes e passando a fazer parte do hábito por

parte dos munícipes. O fato é que há sim a necessidade desse aparato tecnológico,

alguns comerciantes perderam clientes pela falta do mesmo, principalmente os

oriundos de outras cidades, os turistas de forma mais expressiva.

Embora o comércio tenha sido observado progredindo em alguns aspectos ao

introduzir determinados aparatos tecnológicos, principalmente os mercados e

minimercados, como a atuação de duas redes de supermercado, agora existentes na

cidade, ainda é preciso evoluir, e expandir essas práticas aos demais. Importante

ressaltar: o surgimento das “Redes” veio com a necessidade de expansão comercial,

para manter-se no mercado concorrendo de forma mais efetiva; para fins de melhorias

na qualidade de oferta dos produtos/serviços, como também formar vínculos com

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outras empresas fomentando a aquisição de mercadorias e melhor distribuição das

mesmas no comércio onde se atua. Trata-se de mudanças necessárias à dinâmica do

processo de distribuição das mercadorias, necessário a atual acumulação capitalista

que busca eliminar desperdícios e destinar mais rapidamente a mercadoria ao

consumidor final.

No entanto, ainda é forte a presença de pequenos mercados, bares e

restaurantes, alguns formalizados, outros não. A existência de comércio “de balcão”

se caracteriza por um comércio onde perdura o ato do cliente solicitar a mercadoria e

ter um despachante que a entregue, não vendo, o empresário, a necessidade de

mudanças, preferindo manter-se em seu formato tradicional de comercializar, onde

tem seus clientes fiéis e de anos de confiança.

Foi apontado, ainda, segundo os entrevistados, como ponto negativo, a grande

quantidade de empréstimos consignados ofertados, principalmente para aposentados

que empregam uma quantidade considerável dos seus vencimentos em empréstimos,

reduzindo a renda destinada ao comércio local. Foi observada também em função de

endividamentos a rotatividade dos clientes de um mercado para outro, mediante a

impossibilidade de honrar seus compromissos.

Outro fato que também foi levantado foi à falta de uma Unidade Bancária Oficial,

onde os funcionários públicos residentes no município não precisassem se deslocar

para efetuarem seus saques, e por lá mesmo gastarem seus vencimentos.

Considerando tratar-se de cargos com renda fixa acaba prejudicando o comércio e a

economia local.

Apesar desses pontos negativos, passíveis de superação, a dinâmica comercial

foi observada movimentando a economia local e impulsiona os empreendimentos de

pequeno porte como é o caso dos existentes na cidade de Portalegre/RN. Estes são

responsáveis por boa parte da geração de emprego e renda, resultando em melhorias

nas condições de vida da população local. Além do mais, para muitos munícipes e

cidades circunvizinhas, a exemplo de Viçosa/RN e Riacho da Cruz/RN, o comércio de

Portalegre/RN continua sendo opção única e viável para efetuarem suas compras,

pela localização, tradição, entre outros motivos. Verificou-se, portanto, que a parcela

do mercado informal tem suprido as exigências desses demandantes.

Concluímos, dessa forma, que temos um novo comércio, com predisposição ao

crescimento, pois atinge não só a cidade de Portalegre/RN, mas as cidades de Viçosa

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e Riacho da Cruz, além de ser uma cidade turística e com grandes potencialidades de

crescimento sejam turísticos e/ou comercial.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICE A

Estrutura atual comércio varejista central de Portalegre/RN

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APÊNDICE B

ROTEIRO PARA A ENTREVISTA DIRECIONADO AO TRABALHADOR DO COMÉRCIO VAREJISTA DE PORTALEGRE/RN Esta é uma entrevista semiestruturada que tem como objetivo coletar informações que possibilitem desvelar a estrutura e a dinâmica do comércio varejista em Portalegre/RN, com fins a desvelar as relações de trabalho que se reproduzem nesta atividade. Trata-se de um trabalho acadêmico e destina-se a fins científicos, daí a garantia de anonimato das pessoas que emitirem suas opiniões. O sucesso deste trabalho depende da cooperação do entrevistado. Agradecemos a colaboração voluntária. Entrevistado nº ________ CARACTERIZAÇÃO DO TRABALHADOR 1. Sexo 1.1 ( ) Masculino 1.2 ( ) Feminino 2. Qual sua idade? 2.1( ) 14 a 17 2.2 ( ) 18 a 24 2.3( ) 25 a 29 2.4( ) 30 a 39 2.5 ( ) 40 a 49 2.6( ) 50 a 59 2.7 ( ) acima de 60 anos 3. Qual a sua escolaridade? 3.1( ) Ensino fundamental incompleto 3.2( ) Ensino Fundamental completo 3.3( ) Ensino médio incompleto 3.4( ) Ensino médio completo 3.5( ) Superior incompleto 3.6( ) Superior completo 4. Qual o seu estado civil? 4.1( ) Solteiro (a) 4.2( ) Casado (a) 4.3( ) Divorciado (a) 4.4( ) Viúvo (a) 4.5( ) Outros. ________________________________ 5. A residência onde mora é:

5.1 ( ) própria 5.2 ( ) alugada 5.3 ( ) Outra

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INFORMAÇÕES DA ATIVIDADE 1. Essa loja se direciona a venda de que produtos (natureza)? ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 2. Há quanto tempo trabalha nesta empresa? _______________________________ 3. Sempre trabalhou no comércio? (se não, especificar ocupação anterior e o motivo da saída)? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 4. Nas questões relacionadas à sua ocupação/função, na hora de tomada de decisões por parte da empresa, qual a sua participação? 4.1( ) É consultado 4.2( ) Nunca é consultado 4.3( ) Apenas é informado das decisões tomadas 5. Em seu tempo de “casa”, a empresa ofereceu algum treinamento para aperfeiçoamento de suas funções? 5.1( ) Sim. Qual? _________________________________________ 5.2( ) Não 6. Já teve ou tem iniciativa de procurar por conta própria cursos de qualificação/capacitação que permitam melhorar o seu desempenho na empresa em que atua? 6.1 ( ) Sim. Qual? 6.2 ( ) Não 7. Nessa atividade, qual o salário? 7.1 ( ) Salário mínimo (R$ 678,00) 7.2 ( ) Salário Comercial (R$ 710,00) 7.3 ( ) outro. ________________________ * Valores referente ao período do estudo – Dezembro de 2013. 8. Fora este rendimento, você recebe outros? Tem outra atividade remunerada atualmente (emprego)? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 9. Qual a sua participação na renda domiciliar? 9.1( ) Nenhuma 9.2( ) Entre 10% e 20% da renda recebida no serviço 9.3( ) Entre 20% e 30% da renda recebida no serviço

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9.4( ) Entre 30% e 50 % da renda recebida no serviço 9.5( ) Acima de 50% da renda recebida no serviço 10. Em que costuma mais aplicar os rendimentos recebidos? 10.1 ( ) Feira para casa 10.2 ( ) Roupas, calçados e acessórios 10.3 ( ) Poupança. Quanto aplica? 10.4 ( ) Outros: ____________________________________ 11. A família recebe algum tipo de benefício social? [Ex.: Bolsa Família, cesta básica ou outro]. 11.1 ( ) Não. 11.2 ( ) Sim. Valor R$ (mensal): _________________ 12. Qual sua posição na ocupação (Você é trabalhador)?

12.1 ( ) Carteira assinada 12.2( ) Sem carteira 12.3 ( )Outro: _____________________________________ 13. Qual a sua carga horária de trabalho diária? 13.1( ) 4 horas diárias 13.2( ) 6 horas diárias 13.3( ) 8 horas diárias 13.4( ) 10 horas diárias 13.5( ) Acima de 10 horas diárias 14. Caso exceda a carga horária de 8 horas diárias trabalhadas, recebe hora extra pelo tempo excedente trabalhado? 14.1( ) Sim 14.2( ) Não 15.Tem pretensão de permanecer neste trabalho por mais tempo? 15.1( ) Sim 15.2( ) Não Justificar____________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 16. Há alguma fiscalização por parte de algum órgão regulador de suas funções laborais (Sindicato, Ministério do Trabalho, etc)? 16.1( ) Sim 16.2( ) Não 16.3( ) Não tenho conhecimento 17. Você vê mudanças na dinâmica, estrutura do comércio ao longo do tempo em que exerce a atividade? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________

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18. Quais as principais dificuldades encontradas na atividade? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 19. Quais os motivos que o levaram a ingressar nesse tipo de ocupação? ___________________________________________________________________ 20. Quantos dias por semana você trabalha? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 21. Que outras atividades você exerceu antes desta? ______________________________________________________________________________________________________________________________________

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APÊNDICE C ENTREVISTA DIRECIONADA AO EMPRESÁRIO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE

PORTALEGRE/RN Esta entrevista semiestruturada tem como objetivo coletar informações que possibilitem desvelar a estrutura e a dinâmica do comércio varejista em Portalegre/RN, com fins a desvelar as relações de trabalho que se reproduzem nesta atividade. Trata-se de um trabalho acadêmico e destina-se a fins científicos, o sucesso deste trabalho depende da cooperação do entrevistado. Agradecemos a colaboração voluntária. Entrevistado nº ________ 1. Tipo de produto comercializado:___________________________________ 2. A sede comercial é própria ou não? ______________________________ 3. Quantidade de funcionários:__________________________ Homens______________Mulheres ____________________ 4. Ano de fundação/abertura da empresa: ________________ 5. Faz parte de uma rede comercial ou é um comercio individual? ___________________________________________________________________ 6. Qual o nível de escolaridade, mínima, exigida para contratação nesta empresa? 6.1 ( ) Ensino fundamental incompleto 6.2 ( ) Ensino Fundamental completo 6.3 ( ) Ensino médio completo 6.4 ( ) Ensino Superior completo 6.5 ( ) Não importa a escolaridade, pois os trabalhos são de fácil assimilação 7. Quantas e quais funções você tem na empresa? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 8. Seus funcionários são multifuncionais (exercem mais de uma função)? 8.1( ) Sim 8.2( ) Não 9. Existe algum cargo que necessite de formação escolar específica? 9.1( ) Sim 9.2( ) Não 9.3( ) Se sim, qual? Especificar____________________________________________ 10. Existe algum cargo que necessite de qualificação técnica específica? 10.1( ) Sim 10.2 ( ) Não 10.3( ) Se sim, qual? Especificar____________________________________________ [se não passar para a questão 12].

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11. É exigido à qualificação deste cargo no ato da contratação, ou o funcionário é treinado no próprio trabalho? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 12. Qual a forma de contratação? 12.1 ( ) Indicação de terceiros 12.2 ( ) Currículo 12.3 ( ) Outros _________________________ 13. O estabelecimento utiliza algum aparato tecnológico em seu dia-a-dia? 13.1 ( ) Sim 13.2 ( ) Não Se sim, quais e para que? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Se não, o que levou a não investir na modernização do estabelecimento? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 14. Qual o meio de pagamento mais utilizada em seu estabelecimento? (Elencar por ordem de prioridade). 14.1 ( ) Pagamento à vista 14.2 ( ) Pagamento ao fim do mês (ficha) 14.3 ( ) Cartão de crédito 14.4 ( ) Cheque 14.5 ( ) Nota Promissória 14.6 ( ) Cartão de Crédito (crediário próprio) 14.7 ( ) Boleto 14.8 ( ) Outros. Especificar. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 15. Quanto há mudanças no sistema de trabalho, as decisões pertencem unicamente a empresa, ou o funcionário é consultado? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 16. Qual o tipo de contrato hoje dos funcionários? 16.1 ( ) Com carteira de trabalho assinada 16.2 ( ) Sem carteira de trabalho assinada 16.3 ( ) Outra. 16.4 ( ) As duas modalidades. Especificar a quantidade de trabalhadores nas modalidades existentes _______________________________________

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17. A remuneração básica, bruta, se seus trabalhadores é expressa em salário mínimo ou salário comercial? ( ) Salário mínimo (R$ 678,00*) ( ) Salário comercial (R$ 710,00* ?) * Valores referente ao período do estudo – Dezembro de 2013. 18. Você considera justa a sua remuneração paga aos seus empregados pelo trabalho/função que exercem? 18.1 ( ) Sim 18.2 ( ) Não Explicar: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 19. Caso seu empregado exceda a carga horária de 8 horas diárias trabalhada, a empresa paga hora extra pelo tempo excedente trabalhado? 19.1 ( ) Sim 19.2 ( ) Não 20. Em que momentos têm ocorrido à necessidade de hora extra? 20.1 Em sua opinião, porque há uma procura dos clientes pelo seu estabelecimento? 20.2 ( ) Proximidade da residência 20.3 ( ) Bom atendimento 20.4 ( ) Diversidade de produtos 20.5 ( ) Entrega em domicílio 20.6 ( ) Preço acessível 20.7 ( ) Outros. Especificar. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 21. Que estratégias a empresa utiliza para manter-se no mercado e para vencer a concorrência? ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 22. Já fez alguma mudança na estrutura física do estabelecimento? Se sim, responder quando e por que. ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 23. Como é estabelecida a relação com o consumidor? Quais estratégias de atração do consumidor? Enumerar por ordem de importância. ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 24. Em média de quanto é o faturamento anual da empresa? Na média dos últimos cinco anos têm ocorrido aumento do faturamento? Foi em função de quê? ______________________________________________________________________________________________________________________________________

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25. Como você avalia a dinâmica do comércio varejista em Portalegre? Tem crescido ou não? Justificar a resposta.

___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 26. O número de funcionários nos últimos anos tem aumentado ou diminuído? Justificar. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________

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ANEXOS

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ATRATIVOS TURÍSTICOS DO MUNICÍPIO DE PORTALEGRE.

TIPOS DE TURISMO ATRATIVOS

ATRATIVOS NATURAIS

Trilha do Varelo; Fonte do Brejo; Trilha Portalegre/Martins/Portalegre; Ponta da Serra; Torres; Fonte da Bica; Cova da Índia; Cachoeira do Pinga; Cachoeira da Chã de Vila; O Clima; Trilhas rurais;

ATRATIVOS HISTÓRICO-CULTURAIS

A Pedra do “R”; Igreja Matriz; Prédio da Antiga Cadeia Pública; Casas ou Engenhos de Farinha de Mandioca; Engenhos de Cana-de-açúcar; Dança de São Gonçalo; Remanescentes de quilombo; Sítio Arqueológico “Pedra do Letreiro”; Sítio Arqueológico “Furna do Pelado”;

EVENTOS

Festa da Padroeira; Festejos do São João; Jogos esportivos municipais e intermunicipais; Emancipação Política, Caju agrofest.

Fonte: Magalhães (2001), SEMATUR (2001), Fernandes (2008)

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MAPA TURÍSTICO DO MUNICÍPIO DE PORTALEGRE/RN

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REPRESENTATIVIDADE DOS SEGMENTOS DO COMÉRCIO VAREJISTA, CENTRAL, DO MUNICÍPIO DE PORTALEGRE/RN, POR ATIVIDADE ECONÔMICA PRINCIPAL, SECUNDÁRIA E NATUREZA JURÍDICA, CONFORME CONSTANTE

NO CADASTRO NACIONAL DE PESSOA JURÍDICA (CNPJ). Código e Descrição da

Atividade Econômica Principal (CNAE)

Código e Descrição da Atividade Econômica Secundária (CNAE)

Código e Descrição da Natureza Jurídica

45.41-2-05 - Comércio a varejo de peças e acessórios para motocicletas e motonetas.

47.63-6-03 - Comércio varejista de bicicletas e triciclos; peças e acessórios.

213-5 - EMPRESARIO (INDIVIDUAL)

45.41-2-05 - Comércio a varejo de peças e acessórios para motocicletas e motonetas.

47.63-6-03 - Comércio varejista de bicicletas e triciclos; peças e acessórios.

213-5 - EMPRESARIO (INDIVIDUAL)

47.12-1-00 - Comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios - minimercados, mercearias e armazéns.

- 213-5 - EMPRESARIO

(INDIVIDUAL)

47.12-1-00 - Comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios - minimercados, mercearias e armazéns.

- 213-5 - EMPRESARIO

(INDIVIDUAL)

47.12-1-00 - Comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios - minimercados, mercearias e armazéns,

47.55-5-03 - Comércio varejista de artigos de cama, mesa e banho; 47.23-7-00 - Comércio varejista de bebidas.

206-2 - SOCIEDADE EMPRESARIA

LIMITADA

47.12-1-00 - Comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios - minimercados, mercearias e armazéns.

- 213-5 - EMPRESARIO

(INDIVIDUAL)

47.31-8-00 - Comércio varejista de combustíveis para veículos automotores.

45.20-0-05 - Serviços de lavagem, lubrificação e polimento de veículos automotores; 45.20-0-06 - Serviços de borracharia para veículos automotores; 49.30-2-02 - Transporte rodoviário de carga, exceto produtos perigosos e mudanças, intermunicipal; interestadual e internacional 49.30-2-03 - Transporte rodoviário de produtos perigosos.

206-2 - SOCIEDADE EMPRESARIA

LIMITADA

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47.31-8-00 - Comércio varejista de combustíveis para veículos automotores.

47.84-9-00 - Comércio varejista de gás liquefeito de petróleo (GLP); 49.30-2-03 - Transporte rodoviário de produtos perigosos.

213-5 - EMPRESARIO (INDIVIDUAL)

47.44-0-05 - Comércio varejista de materiais de construção não especificados anteriormente.

- 213-5 - EMPRESARIO

(INDIVIDUAL)

47.44-0-99 - Comércio varejista de materiais de construção em geral.

47.42-3-00 - Comércio varejista de material elétrico; 47.44-0-01 - Comércio varejista de ferragens e ferramentas.

213-5 - EMPRESARIO (INDIVIDUAL)

47.44-0-99 - Comércio varejista de materiais de construção em geral.

47.44-0-04 - Comércio varejista de cal, areia, pedra britada, tijolos e telhas; 47.44-0-02 - Comércio varejista de madeira e artefatos; 49.30-2-02 - Transporte rodoviário de carga, exceto produtos perigosos e mudanças, intermunicipal, interestadual e internacional.

213-5 - EMPRESARIO (INDIVIDUAL)

47.54-7-01 - Comércio varejista de móveis.

47.51-2-01 - Comércio varejista especializado de equipamentos e suprimentos de informática; 47.54-7-02 - Comércio varejista de artigos de colchoaria; 47.53-9-00 - Comércio varejista especializado de eletrodomésticos e equipamentos de áudio e vídeo; 47.44-0-99 - Comércio varejista de materiais de construção em geral; 47.44-0-03 - Comércio varejista de materiais hidráulicos.

213-5 - EMPRESARIO (INDIVIDUAL)

47.55-5-03 - Comércio varejista de artigos de cama, mesa e banho.

47.55-5-02 - Comércio varejista de artigos de armarinho; 47.72-5-00 - Comércio varejista de cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal.

213-5 - EMPRESARIO (INDIVIDUAL)

47.61-0-03 - Comércio varejista de artigos de papelaria.

95.11-8-00 - Reparação e manutenção de computadores e de equipamentos periféricos; 47.63-6-01 - Comércio varejista de brinquedos e artigos recreativos; 47.52-1-00 - Comércio varejista especializado de equipamentos de telefonia e comunicação.

213-5 - EMPRESARIO (INDIVIDUAL)

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47.71-7-01 - Comércio varejista de produtos farmacêuticos, sem manipulação de fórmulas.

- 213-5 - EMPRESARIO

(INDIVIDUAL)

47.74-1-00 - Comércio varejista de artigos de óptica.

86.50-0-99 - Atividades de profissionais da área de saúde não especificadas anteriormente; 47.83-1-02 - Comércio varejista de artigos de relojoaria; 47.83-1-01 - Comércio varejista de artigos de joalheria.

213-5 - EMPRESARIO (INDIVIDUAL)

47.81-4-00 - Comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios.

47.82-2-01 - Comércio varejista de calçados.

213-5 - EMPRESARIO (INDIVIDUAL)

47.81-4-00 - Comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios.

- 213-5 - EMPRESARIO

(INDIVIDUAL)

47.81-4-00 - Comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios.

- 213-5 - EMPRESARIO

(INDIVIDUAL)

Fonte: Receita Federal do Brasil (dez./2013), com tabulação do próprio autor.