Upload
truongthu
View
214
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
I
UNIVERSIDADE DO PORTO
FACULDADE DE DESPORTO
EFEITO CADIOPROTETOR DO EXERCÍCIO FÍSICO REGULAR NO
FENÓTIPO MALADAPTATIVO DO VENTRÍCULO ESQUERDO, NUM
MODELO ANIMAL DE HIPERTENSÃO ARTERIAL PULMONAR INDUZIDA
PELA MONOCROTALINA.
Dissertação apresentada com vista à obtenção
do grau de mestre em Atividade Física e
Saúde, da Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto ao abrigo do Decreto de
Lei nº 74/2006 de 24 de Março, orientada pelo
Professor Doutor José Alberto Ramos Duarte e
co-orientada pelo Professor Doutor Daniel
Moreira Gonçalves.
José Antonio Franchi Bovolini
Porto, 2013
II
Bovolini, A. (2013). EFEITO CADIOPROTETOR DO EXERCÍCIO FÍSICO
REGULAR NO FENÓTIPO MALADAPTATIVO DO VENTRÍCULO
ESQUERDO, NUM MODELO ANIMAL DE HIPERTENSÃO ARTERIAL
PULMONAR INDUZIDA PELA MONOCROTALINA. Dissertação de Mestrado
em Atividade Física e Saúde. Faculdade de Desporto da Universidade do
Porto, Porto.
Palavras-Chaves: Exercício Físico Crónico; Cardioproteção; Hipertensão
Arterial Pulmonar; Disfunção Ventricular Esquerda.
III
Fonte de Financiamento
O estudo experimental incluído nesta tese foi apoiado por um projeto
financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia
(PTDC/DES/104567/2008).
Esta dissertação foi realizada no Centro de Investigação em Actividade
Física, Saúde e Lazer (CIAFEL), unidade de pesquisa alojada na Faculdade de
Desporto da Universidade do Porto, Portugal.
V
Aos meus pais
VII
Pai e Mãe…
… meus maiores modelos, meus heróis;
a vocês que deram a mim quem mais amo, meus irmãos;
Espero deixá-los orgulhosos…
…obrigado por tudo!
IX
Agradecimentos
Á minha família pelo apoio incondicional. Desculpas por ter partido e
deixado a saudade no meu lugar, espero poder dar outro motivo para as
lágrimas, o orgulho. Aos meus irmãos, Rafael e Rafaela, fizeram sempre muita
falta durante este percurso. Aos meus pais, Antonio e Lena Bovolini, as
melhores e mais honradas pessoas que conheci. Não é possível descrever o
orgulho e amor que sinto por vocês, mais uma vez, muito obrigado. Apesar de
estarmos a um oceano de distância, carreguei vocês sempre comigo e sempre
o farei…
Ao meu orientador, Prof. Doutor José Alberto Duarte. Obrigado por me
acolher no laboratório de bioquímica, pela oportunidade de crescimento e por
abrir as portas de um mundo novo. Do primeiro dia em sala de aula a
posteridade, o Senhor foi sempre o exemplo seguido nestes dois anos de
aprendizado intenso. Obrigado.
Ao meu coorientador, Prof. Doutor Daniel Moreira Gonçalves. Impossível
agradecer a amizade e o constante suporte dedicado. Pela paciência e
incontável aprendizado compartilhado, foi um prazer aprender contigo. És das
melhores pessoas que conheci neste breve jornada. Obrigado.
Á Cristine. Grande amizade! Tenho o orgulho de dividir este trabalho
contigo. Obrigado pelo apoio em todas as horas, pelos momentos bons, pelos
momentos ruins, pelas conversas partilhadas junto aos ratos e por estar
sempre ao meu lado. Que o destino se encarregue de manter esta amizade.
Obrigado por tudo “Gringa”!
À Morgana, Renata, Wagner e Valdir, o caminho não teria sido o mesmo
sem vocês. Obrigado pela amizade que sempre se fez companheira! Em
especial à Diana Ospina, por ter o maior coração que conhecí, muchas gracias
X
por todo! Ao César, pela amizade em boas e nem tão boas horas, meu irmão
longe de casa. Ao Nórton e a Ana, pelo companheirismo, irmandade e
conversas junto ao chimarrão; grandes amigos! Vocês fizeram do Porto minha
casa, obrigado a todos.
Ao Helder Fonseca e ao laboratório de bioquímica, Ana Carvalho,
Eduardo Teixeira, Gonçalo Castro, Daniel Girardi. A recém chegada Maria do
Amparo. A Dona Celeste Maria pela ajuda, ensinamentos e pela amizade. Em
especial a Teresa Baltazar. Tive a sorte de poder aprender e conviver com
quem gosto. Obrigados a todos pela ajuda, pelos bons momentos, pela
amizade e por dividirem comigo o orgulho desta terra. Carrego de cada um de
vocês um ensinamento.
A Susana Confortin, amizade de uma vida inteira! Aos amigos que
sempre me receberam com um sorriso ao voltar para casa, Roberta
Dalenogare, Nicolas Soares, Michele e Milene Menezes. E às amizades
contruídas aqui, Carol Reyes, Carol Pinho, ao casal Bruna e Júlio e a Rose
Autran. Á Dona Manuela e a todos do refeitório por me receberem com o
mesmo sorriso que os antigos amigos. Á Maria Domingues, um agradecimento
tão obrigatório quanto sentido. Muito obrigado.
O meu mais sincero agradecimento a todos.
XII
ÍNDICE GERAL
FONTE DE FINANCIAMANETO III
AGRADECIMENTOS IX
ÍNDICE XII
RESUMO XIV
ABSTRACT XVI
LISTA DE ABREVIATURAS XVIII
1. INTRODUÇÃO GERAL E ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO 1
1.1. Introdução Geral 3
1.2. Estrutura da Dissertação 5
1.3. Referências Bibliográficas 6
2. ESTADO DA ARTE 9
3. ARTIGO EXPERIMENTAL: “Efeito protetor do exercício físico regular
na remodelação ventricular esquerda secundária à hipertensão arterial
pulmonar induzida pela Monocrotalina”.
35
4. CONCLUSÃO 63
XIV
Resumo
A Hipertensão Arterial Pulmonar é uma doença altamente mortal, caracterizada
por um aumento progressivo das resistências vasculares pulmonares. O aumento
progressivo da pós-carga sobre o miocárdio devido à obliteração arterial pulmonar,
que acomete seletivamente o ventrículo direito (VD), inicia um conjunto de alterações
que convergem para a disfunção. Consequente à disfuncionalidade do VD, a
disfuncionalidade ventricular esquerda (DVE) também vem sendo descrita tanto em
modelos animais quanto em humanos acometidos pela HAP. As atuais evidências
associam a disfuncionalidade do ventrículo esquerdo (VE) a uma série de mecanismos
tais como a redução da massa ventricular, a ativação neuro-humoral e alterações da
matriz extracelular. Até ao momento, não existem terapias eficazes no tratamento da
HAP e da disfunção secundária a esta doença. Sabe-se hoje que o exercício físico
regular é capaz de modular as vias de sinalização ativadas na insuficiência cardíaca
esquerda, mecanismos esses que se encontram também ativados na HAP. Contudo,
desconhece-se se este efeito benéfico do exercício poderá também estar presente em
doentes com HAP. Assim sendo, o reconhecimento desse efeito protetor do exercício
bem como o desconhecimento do seu impacto sobre a DVE secundária à HAP,
estabeleceu a base para o desenvolvimento deste estudo. O nosso objetivo foi estudar
os possíveis efeitos cardioprotetores do exercício físico regular na função do VE num
modelo animal de HAP induzida por monocrotalina (MCT). Para tal, desenvolvemos
um estudo experimental com ratos Wistar machos aleatoriamente separados nos
seguintes grupos: i) sedentários ou exercitados tratados com MCT (SED+MCT e
EX+MCT, respectivamente; 60mg/kg), e ii) sedentários ou exercitados tratados com
solução veículo (SED+V e EX+V, respectivamente; 1mL/kg de solução salina). Após a
administração de MCT ou V, os animais do grupo EX+MCT e EX+V foram submetidos
a um protocolo de treino (corrida sobre tapete rolante a motor, 5 dias/semana, 60
min/dia a 25m/min durante 4 semanas) enquanto os animais do grupo SED+MCT e
SED+V permaneceram com movimentação confinada ao espaço da gaiola durante 4
semanas. Foram efetuadas as seguintes avaliações: tolerância ao esforço, avaliação
ecocardiográfica e hemodinâmica do VE, avaliação histológica e molecular do VE, e
estudo da sobrevida. Em condições basais foi observada disfunção sistólica e
diastólica no grupo SED+MCT, sendo essas alterações prevenidas pelo exercício no
grupo EX+MCT. Em resposta à oclusão da artéria aorta ascendente, enquanto o grupo
SED+MCT apresentou alterações apenas nos parâmetros diastólicos, o grupo
XV
EX+MCT respondeu positivamente, sem apresentar indícios de disfunção. EX+MCT
também apresentou reversão da atrofia miocitária e da fibrose intersticial encontrados
em SED+MCT, assim como a normalização do nível ventricular de ET-1.
Contrariamente aos animais SED+MCT, os animais do grupo EX+MCT apresentaram
melhoria do desempenho no teste de esforço bem como melhoria da sobrevida. Estes
resultados suportam a nossa hipótese de que o treinamento físico tem um papel
protetor e terapêutico na modulação da resposta ventricular esquerda na HAP.
Palavras chave: Exercício Físico Crónico; Cardioproteção; Hipertensão Arterial
Pulmonar; Disfunção Ventricular Esquerda.
XVI
Abstract
Pulmonary Arterial Hypertension is a deadly disease, characterized by a
progressive increase in pulmonary artery resistances. The progressive increase in
afterload to the myocardium due to the obliteration of the pulmonary artery selectively
overloads the right ventricle (RV), triggering several adaptations that culminate in
dysfunction. Consequently to RV dysfunction, left ventricular dysfunction was also
observed in both human and animals with HAP. Current evidences suggest that LV
dysfunction may result from different mechanisms such as reduced ventricular mass,
increased neuro-humoral activation and extracellular matrix remodeling. Until now,
there are no effective therapies for the treatment of PAH or the resultant cardiac
dysfunction. It is known that regular physical exercise can modulate several signaling
pathways that are activated in left heart failure, and these mechanisms are also
present in patients with PAH. Thus, the recognition of this protective effect together
with the lack of knowledge regarding the impact of exercise training in LV dysfunction
secondary to PAH, established the rationale to perform this study. Our aim was to
study the possible cardioprotective effects of exercise training in LV function in animals
with monocrotaline (MCT)-induced PAH. For that purpose we performed an experiment
with male Wistar rats, randomly divided in the following groups: i) sedentary or
exercised treated with MCT (SED+MCT and EX+MCT), respectively; 60mg/kg, ip), and
ii) sedentary or exercised treated with vehicle solution (SED+V e EX+V respectively;
1ml/kg saline). After administration of MCT or V, the animals of the group EX+MCT and
EX+V were submitted to a training protocol (running on treadmill motor, 5 days/week,
60 min/day to 25m/min for 4 weeks) while the animals of group SED+MCT and SED+V
remained confined with restricted movements to the space of the cage for 4 weeks.
The following evaluations were performed: exercise tolerance, LV hemodynamic and
echocardiographic evaluation, LV histological and molecular evaluation, and study of
survival. At baseline conditions it was observed systolic and diastolic dysfunction, being
these changes prevented by exercise in the EX+MCT group. In response to the
occlusion of the ascending aorta, while the SED+MCT group showed only changes in
diastolic parameters, the EX+MCT group responded positively, without presenting
evidence of dysfunction. EX+MCT also showed reversion of cardiomyocyte atrophy
and interstitial fibrosis found in SED+MCT, as well as the normalization of ventricular
level of ET-1. Contrary to animals SED+MCT, the animals from the EX+MCT group
showed an improved performance on the exercise tolerance test as well as improved
XVII
survival. These results support our hypothesis that physical training has a protective
and therapeutic role in the modulation of left ventricular response in PAH.
Key words: Chronic Physical Exercise; Cardioprotection; Pulmonary Arterial
Hypertension; Left Ventricular Dysfunction.
XVIII
Lista de Abreviaturas
•NO: oxido nítrico
ADP: adenosina difosfato
Ang II: angiotensina II
ATP: adenosina trifosfato
Ca2+: cálcio
CAM: molécula de adesão intercellular
dP/dtmáx: velocidade de elevação de pressão
dP/dtmín: velocidade de queda de pressão
DVE: disfunção ventricular esquerda
EROs: espécies reativas ao oxigénio
ET-1: endotelina-1
ETA: receptor de endotelina tipo A
FC: frequência cardíaca
HAP: hipertensão arterial pulmonar
HAPA: hipertensão arterial pulmonar associada a doenças cardíacas
HP: hipertensão pulmonary
IC: insuficiência cardiaca
IL: interleucina
iNOS: óxido nitrico sintase induzida
KATP: canal de potássio
MC: massa corporal
MCP: miosina de cadeia pesada
XIX
MCT: monocrotalina
MCTP: monocrotalina pirrole
MEC: matriz extra cellular
MnSOD: manganês superóxido dismutase
NADPH: nicotinamida adenina dinucleótido fosfato
NF-KB: factor de transcrição nuclear
PC/Tíbia: peso do coração/tíbia
PC: peso do coração
PGast: peso dos gastrocnêmios
PLN: fosfolamban
PVEmax: pressão sistólica máxima
SERCA2a: bomba de cálcio do reticulo endoplasmático
SOD: superóxido dismutase
tau: velocidade de relaxamento
TF: treinamento físico
TGF-β: fator transformador de crescimento beta
TNF: fator de necrose tumoral
VCAM: molécula de adesão vascular
VD: ventrículo direito
VE/T: ventrículo esquerdo/tíbia
VE: ventriculo esquerdo
VE+S: ventrículo esquerdo + sépto
1
Secção 1
Introdução Geral e Estrutura da Dissertação
2
3
1.1. Introdução Geral
O atual decréscimo no gasto de energia para realizar atividades diárias
como trabalhar e atividades domésticas rotineiras, gerou uma verdadeira
epidemia no aumento de factores de risco para a ocorrência de
cardiovasculares (1). O exercício regular é comprovadamente fundamental
para a prevenção e modulação de fatores de risco de doenças, morbidade e
mortalidade induzidas pelo decréscimo das exigências funcionais (15),
possuindo uma relação inversamente associada aos fatores de risco em
condições de inactividade física em modo de dose-resposta, especialmente em
doenças cardiovasculares (8, 9). Entre os factores nos quais o exercício age
como modulador, pode-se citar as alterações do metabolismo glicolítico e
insulínico, obesidade abdominal, dislipidemia e hipertensão arterial,
importantes contributos patológicos para o desenvolvimento de cardiopatias
(4).
A fisiologia do sistema cardiovascular humano evoluiu devido à
necessidade de quantidades prodigiosas de despêndio energético através do
esforço físco, exigido pelo ambiente, para desempenhar atividades básicas de
sobrevivencia (2). Esta relação estabelecida entre atividade física, produção e
despêndio energético e o desenvolvimento do sistema cardiorespiratório,
tornou a aptidão cardiorrespiratória um importante indicador de risco de doença
cardiovascular e demonstra claramente a correlação entre níveis de atividade
física e cardioproteção (10). Particularmente, o estudo dos efeitos protetores do
exercício regular sobre as doenças cardiovasculares tem-se intensificado
desde meados década de 50, onde extensos dados epidemiológicos e
4
experimentais vêm sendo acumulados, permitindo o estabelecimento de uma
relação de causalidade entre altos níveis de trabalho físico e cardioproteção
(16).
De facto, a capacidade do exercício físico em desenvolver um fenótipo
cardioprotetor é largamente aceito e fundamentado contra diversos factores de
risco e diferentes insultos cardíacos como infarto agudo do miocárdio (3),
diferentes agentes cardiotóxicos (7, 17, 18) e alterações hemodinâmicas de
carga e pressão impostas ao coração (13). A hipertensão arterial pulmonar
(HAP) e seu aumento progressivo da pós-carga ao miocárdio, característica
patológica da obliteração vascular pulmonar, acomete diretamente o ventrículo
direito (VD) tornando-o disfuncional (14). Consequente à hipertrofia prolongada
com disfuncionalidade do VD, a disfuncionalidade ventricular esquerda (DVE)
também tem sido descrita, tanto em humanos acometidos pela HAP, quanto
em modelos animais (5). Embora ainda pouco esclarecidos e compreendidos,
as evidências atuais relacionam a disfuncionalidade do VE a uma série de
mecanismos maladaptativos adotados pelo miocárdio, tais como a atrofia
ventricular (6), a remodelação deletéria da matriz extra celular (19) e a
activação dos mediadores neuro-humorais (12), especialmente a endotelina
(ET-1) (11).
Os benefícios cardioprotetores do exercício físico regular são bem
estabelecidos na população em geral contra diversas cardiopatias e factores de
risco. Contrariamente, os efeitos protetivos e os exatos mecanismos de
atuação dentro da DVE induzida pela HAP ainda permanecem por esclarecer
e, de facto, o VE tem sido de menor importância dentro da investigação no
cenário da HAP. Desta maneira, objetivamos com este estudo analisar o
5
possível efeito cardioprotetor do exercício físico regular e seus mecanismos de
atuação através de um programa de treino em um modelo de HAP induzida por
monocrotalina (MCT).
1.2. Estrutura da Dissertação
Esta dissertação é apresentada de acordo com o modelo escandinavo,
sendo dividida em quatro seções:
Secção 1: Este capítulo constitui a introdução geral sobre o tema, destacando
a relevância do estudo e seus objetivos.
Secção 2: Este capítulo, constitui uma revisão bibliográfica referente aos
potenciais mecanismos da cardioproteção induzida pelo exercício físico regular
na remodelação e disfuncionalidade ventricular esquerda.
Secção 3: Este capítulo constitui-se de um artigo experimental intitulado “Efeito
protetor do exercício físico regular na remodelação ventricular esquerda
secundária à hipertensão arterial pulmonar induzida pela Monocrotalina”.
Contém a parte experimental da dissertação, apresentando os materias e
métodos utilizados assim como os resultados obtidos e sua discussão.
Secção 4: Neste capítulo são apresentadas as principais conclusões da
dissertação.
6
1.3. Referencial Bibliográfico
1. Archer E, and Blair SN. Physical Activity and the Prevention of Cardiovascular Disease:From Evolution to Epidemiology. Progress in Cardiovascular Diseases 53: 387-396, 2011. 2. Bramble DM, and Lieberman DE. Endurance running and the evolution of Homo.Nature 432: 345-352, 2004. 3. Giallauria F, Acampa W, Ricci F, Vitelli A, Torella G, Lucci R, Del Prete G, Zampella E,Assante R, and Rengo G. Exercise training early after acute myocardial infarction reduces stress-induced hypoperfusion and improves left ventricular function. European journal of nuclear medicine and molecular imaging 40: 315-324, 2013. 4. Grundy SM, Cleeman JI, Daniels SR, Donato KA, Eckel RH, Franklin BA, Gordon DJ,Krauss RM, Savage PJ, and Smith Jr SC. Diagnosis and management of the metabolic syndrome: an American Heart Association/National Heart, Lung, and Blood Institute scientific statement. Current opinion in cardiology 21: 1, 2006. 5. Hardziyenka M, Campian ME, Reesink HJ, Surie S, Bouma BJ, Groenink M, KlemensCA, Beekman L, Remme CA, and Bresser P. Right Ventricular Failure Following Chronic Pressure Overload Is Associated With Reduction in Left Ventricular MassEvidence for Atrophic Remodeling. Journal of the American College of Cardiology 57: 921-928, 2011. 6. Hardziyenka M, Campian ME, Reesink HJ, Surie S, Bouma BJ, Groenink M, KlemensCA, Beekman L, Remme CA, Bresser P, and Tan HL. Right Ventricular Failure Following Chronic Pressure Overload Is Associated With Reduction in Left Ventricular Mass: Evidence for Atrophic Remodeling. Journal of the American College of Cardiology 57: 921-928, 2011. 7. Hydock DS, Lien C-Y, Jensen BT, Parry TL, Schneider CM, and Hayward R.Rehabilitative exercise in a rat model of doxorubicin cardiotoxicity. Experimental Biology and Medicine 237: 1483-1492, 2012. 8. Kohl 3rd H. Physical activity and cardiovascular disease: evidence for a dose response.Medicine and Science in Sports and Exercise 33: S472, 2001. 9. Laaksonen DE, Lakka HM, Salonen JT, Niskanen LK, Rauramaa R, and Lakka TA. Lowlevels of leisure-time physical activity and cardiorespiratory fitness predict development of the metabolic syndrome. Diabetes care 25: 1612-1618, 2002. 10. Lee D, Sui X, Ortega F, Kim Y, Church T, Winett R, Ekelund U, Katzmarzyk P, and BlairS. Comparisons of leisure-time physical activity and cardiorespiratory fitness as predictors of all-cause mortality in men and women. British Journal of Sports Medicine 45: 504-510, 2011. 11. Lisy O, Redfield MM, Jovanovic S, Jougasaki M, Jovanovic A, Leskinen H, Terzic A, andBurnett Jr JC. Mechanical unloading versus neurohumoral stimulation on myocardial structure and endocrine function in vivo. Circulation 102: 338-343, 2000. 12. Lourenço AP, Roncon-Albuquerque R, Brás-Silva C, Faria B, Wieland J, Henriques-Coelho T, Correia-Pinto J, and Leite-Moreira AF. Myocardial dysfunction and neurohumoral activation without remodeling in left ventricle of monocrotaline-induced pulmonary hypertensive rats. American Journal of Physiology-Heart and Circulatory Physiology 291: H1587-H1594, 2006. 13. Moreira-Gonçalves D, Henriques-Coelho T, Fonseca H, Ferreira RM, Amado F, Leite-Moreira A, and Duarte JA. Moderate exercise training provides left ventricular tolerance to acute pressure overload. American Journal of Physiology-Heart and Circulatory Physiology 300: H1044-H1052, 2011. 14. Noordegraaf AV, and Galie N. The role of the right ventricle in pulmonary arterialhypertension. European Respiratory Review 20: 243-253, 2011. 15. Powell KE, Thompson PD, Caspersen CJ, and Kendrick JS. Physical activity and theincidence of coronary heart disease. Annu Rev Public Health 8: 253-287, 1987.
7
16. Powell KE, Thompson PD, Caspersen CJ, and Kendrick JS. Physical activity and theincidence of coronary heart disease. Annual review of public health 8: 253-287, 1987. 17. Riezzo I, De Carlo D, Neri M, Nieddu A, Turillazzi E, and Fineschi V. Heart diseaseinduced by AAS abuse, using experimental mice/rats models and the role of exercise-induced cardiotoxicity. Mini Reviews in Medicinal Chemistry 11: 409-424, 2011. 18. Scott JM, Lakoski S, Mackey JR, Douglas PS, Haykowsky MJ, and Jones LW. Thepotential role of aerobic exercise to modulate cardiotoxicity of molecularly targeted cancer therapeutics. The Oncologist 18: 221-231, 2013. 19. Takano H, Hasegawa H, Nagai T, and Komuro I. Implication of cardiac remodeling inheart failure: mechanisms and therapeutic strategies. Internal medicine (Tokyo, Japan) 42: 465, 2003.
8
9
Secção 2
Estado da Arte
10
11
1. Introdução
A Hipertensão Arterial Pulmonar é caracterizada pela redução gradativa
da capacidade funcional e da qualidade de vida dos pacientes [1]. A
remodelação obliterativa do endotélio vascular pulmonar, decorrente da
doença, e o aumento progressivo da pós-carga imposta ao ventrículo direito
culmina com a falência ventricular direita [2], podendo também o ventrículo
esquerdo ser afetado secundariamente, e manifestar disfunção ventricular
esquerda [3]. A DVE possui diferentes implicações, tanto centrais quanto
periféricas, e sua associação com a HAP exacerba o mau prognóstico do
doente [4]. Apesar dos progressos terapêuticos realizados nos últimos anos,
com melhoria clínica no prognóstico, pacientes com HAP continuam a reportar
intensa intolerância ao exercício físico agudo [5]. No entanto, a reabilitação
com exercício físico regular tem sido apontada como benéfica para estes
doentes e parece tornar-se um padrão terapêutico mais frequente em pacientes
com insuficiência cardíaca (IC) e doenças pulmonares obstrutivas [6, 7], sendo
extensamente aceito como ferramenta na promoção de um fenótipo
cardioprotetor [8-10]. Reconhecer a capacidade profilática e terapêutica do
exercício crónico contra diferentes doenças pulmonares obstrutivas [11] e nas
patologias cardiovasculares subsequentes [12], torna tentador a utilização do
treino como terapia coadjuvante para a HAP e suas consequências cardíacas.
De facto, nos últimos anos, têm surgido alguns estudos que suportam a
implementação de protocolos de exercício físico nestes doentes (153, 154).
Os mecanismos exatos responsáveis pela ação cardioprotetora do
exercício ainda permanecem parcialmente desconhecidos, assim como os
mecanismos responsáveis pela disfuncionalidade e falência ventricular
esquerda induzida pela HAP. Esta revisão bibliográfica foi estruturada para
sintetizar: i) informação relativa aos mecanismos subjacentes à DVE
secundária à HAP; ii) o potencial da aplicação do exercício físico enquanto
medida terapêutica coadjuvante e iii) refletir sobre os potenciais mediadores de
cardioproteção no contexto da DVE secundária à HAP, assim como de
compreender os mecanismos indutores da cardioproteção motivados pelo
exercício crónico.
12
2. Hipertensão Arterial Pulmonar
2.1. Etiologia
Hipertensão Pulmonar (HP) é a designação genérica que define o aumento
nos valores médios em repouso da pressão arterial pulmonar e engloba cinco
diferentes subgrupos etiológicos [13], com diferente gravidade dos sintomas e
de intolerância à atividade física [14]. A Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP),
um dos subgrupos da HP, é definida como um aumento da pressão arterial
pulmonar em repouso superior a 25mmHg com uma pressão capilar pulmonar
inferior a 15mmHg [13]. Acomete patologicamente as pequenas artérias e
arteríolas pulmonares, motivada por um desequilíbrio entre proliferação e morte
celular, provocando a remodelação das células endoteliais e musculares lisas
vasculares, diminuindo o lúmen arterial e aumentando progressivamente a
resistência da vasculatura pulmonar [15, 16]. A remodelação obliterativa
arteriolar restringe gradualmente o fluxo sanguíneo através da circulação
pulmonar com a progressão da doença, e a manutenção da perfusão
sanguínea através destes vasos implica que ocorra aumento da pressão
arterial, caracterizando a hipertensão [17].
Da população doente diagnosticada, 80% são do sexo feminino, com idade
média de diagnóstico da doença de aproximadamente 50 anos [18]. Em 50%
da totalidade diagnosticada, a causa é idiopática, embora indícios recentes
apontem para uma forte componente genética no desenvolvimento da
patologia, mais evidente quando a HAP ocorre em contexto familiar onde as
mutações do gene BMPRII, membro da sinalização do fator de crescimento β,
responsável pela proliferação celular, são detectadas em aproximadamente
70% dos casos consanguíneos [19]. A etiologia da HAP dá-se também para
além da origem idiopática e genética, embora estas pareçam ser as derivações
mais significativas da génese da doença. A HAP pode também estar associada
(HAPA) a um número significativo de condições de riscos e ou doenças
secundárias, tais como doenças do tecido conjuntivo, doenças hepáticas, como
a hipertensão portal, infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV),
exposição a toxinas e medicamentos, incluindo os supressores de apetite [20] e
também associadas a doenças cardíacas congénitas [21].
13
A HAPA é um importante subgrupo da HAP e responde por
aproximadamente 11% de todos os pacientes diagnosticados com HAP [22]. A
cada 1.000 nascimentos, 1 é diagnosticado com HAPA, sendo este grupo
possuidor do pior prognóstico clínico dos doentes acometidos por HP [23]. Os
registos europeus sugerem uma prevalência de HAPA em cerca de 4-10% dos
adultos portadores de doenças cardíacas congénitas (CHD) [22, 24]. O
subgrupo CHD-HAPA possui fisiopatologia geralmente idêntica a HAP
idiopática [7], embora apresente uma tolerância ao esforço bastante reduzida e
baixa qualidade de vida [25]. A HAPA a patologias cardíacas acarreta também
uma menor capacidade de exercício em comparação com outras formas de HP
[25], assim como mortalidade 2 vezes mais elevada se comparada a pacientes
sem doenças cardíacas associadas [26]. De facto, as características
patológicas tornam a HAP uma doença altamente mortal e que padece de
terapêuticas eficazes [4].
2.2. Fisiopatologia da IC secundária à HAP
De patologia multifatorial, a IC subsequente à HAP é resultado do contínuo
e crescente aumento da resistência vascular pulmonar imposta ao músculo
cardíaco [27]. A exposição prolongada, especificamente do VD, à sobrecarga
mecânica, resulta em remodelação cardíaca que progride para a disfunção e
insuficiência cardíaca [28]. De facto, a circulação pulmonar é um dos principais
determinantes da pós-carga ventricular direita e, portanto, influencia
diretamente o débito cardíaco do VD [29]. O aumento na resistência oferecida
pela remodelação obstrutiva que ocorre nos vasos pulmunares provoca
sobrecarga mecânica e desencadeia o processo hipertrófico no VD, permitindo
compensatoriamente o desenvolvimento de mais força pelo miocárdio [2, 30].
Inicialmente eficaz, o aumento progressivo e continuo da pós-carga segue-se
até o VD ser incapaz de compensar a resistência pulmonar e a hipertrofia
prolongada acaba por resultar em disfunção mecânica, remodelação
(dilatando-se, da forma elipsoide a esférica), disfuncionalidade e insuficiencia
[28, 31]. A vasoconstrição progressiva e a disfuncionalidade ventricular direita
parecem ser as causas centrais da IC secundária à HAP, embora sua
fisiopatologia esteja também relacionada com a disfuncionalidade e ou
14
expressão anormal dos canais de potássio (KATP) e disfunção endotelial [15]. A
disfunção endotelial, fundamentalmente, vem sendo associada à diminuição da
produção e libertação de substâncias vasodilatadoras, tais como o óxido nítrico
e as prostaciclinas, juntamente com expressão significativamente aumentada
de vasoconstritores, tais como a endotelina ET-1 [32].
2.3. Patofisiologia da DVE secundária à HAP
A sobrecarga crónica de pressão, característica da HAP, seguida da
falência ventricular direita, parecem ser os maiores contributos patológicos
para DVE e são responsáveis por desencadear uma série de maladaptações
miocárdicas [33]. Alguns estudos vem descrevendo o desenvolvimento de
insuficiência ventricular esquerda em pacientes diagnosticados com HAP [34].
A disfuncionalidade ventricular esquerda parece ser a progressão patológica
sequencial do miocárdio em virtude da interdependência funcional entre o VE e
o VD [35]. A adoção de mecanismos fisiopatológicos de adaptação ao
enchimento ventricular, prejudicado pela diminuição da fração e do volume de
ejeção do VD disfuncional [36], parece ser também um dos mecanismos que
afeta o VE e vem sendo proposto para explicar a disfuncionalidade e a
remodelação ventricular esquerda secundária a HAP.
Os mecanismos responsáveis pela consequente disfuncionalidade do VE
em resposta a HAP não são totalmente compreendidos. Alguns, como a atrofia
ventricular [4, 37], a ativação neuro-humoral [38], a inflamação e o
remodelação da matriz extracelular [39] vêm sendo propostos como peças
chaves na tentativa de explicar o declínio funcional e recorrente falência do VE.
Vital importância assume também a interdependência funcional interventricular
dentro do multifacetado cenário dos possíveis mecanismos que tem sido
propostos para explicar a disfuncionalidade do VE [40], visto que as alterações
hemodinâmicas e, especificamente, o enchimento prejudicado do VE, parece
ser a chave das maladaptações ventriculares desencadeadas [36]. De facto,
compreender estes mecanismos e suas interações, é de fundamental
importância no desenvolvimento de intervenções terapêuticas eficazes e
15
seguras para a IC secundária a HAP e parece ganhar importância no campo
científico.
2.3.1. Interdependência ventricular
A diminuição do volume de enchimento no ventrículo esquerdo está
associada às alterações funcionais e estruturais em ambos os ventrículos,
nomeadamente a alteração geométrica da cavidade ventricular esquerda. Esta
alteração estrutural parece resultar da redução do espaço da cavidade
ventricular ocasionado pelo deslocamento do septo em direção à parede do
VE, devido à hipertrofia e consequente dilatação do VD como resposta à
prolongada sobrecarga de pressão imposta pela HAP [41, 42]. A hipertrofia do
septo, somada à dilatação do VD, comprime a cavidade ventricular esquerda,
distorcendo a sua geometria, podendo assim comprometer o enchimento do VE
[43]. O enchimento ventricular esquerdo prejudicado, impõe ao miocárdio
novas exigências funcionais e a diminuição do trabalho mecânico conduz a
remodelação maladaptativa adotada pelo VE [36].
2.3.2. Atrofia ventricular esquerda
O trabalho mecânico parece desempenhar um papel fundamental na
determinação da massa cardíaca e, desta maneira, as alterações
hemodinâmicas impostas ao VE pelo seu enchimento prejudicado estão
diretamente ligados à ocorrência de atrofia do VE [44, 45]. A diminuição de
massa apresentada pelo VE secundária à HAP, pode ser explicada pela atrofia
miocitária [4, 44]. As alterações hemodinâmicas, mecânicas e as novas
exigências energéticas induzem o VE a adoptar um perfil de controle
energético e a expressar genes fetais [46]. Embora a atrofia dos cardiomiócitos
pareça ser o principal mecanismo para explicar a diminuição da massa
ventricular esquerda ao unloading, algumas vias de morte celular vêm
ganhando força como importantes mecanismos coadjuvantes na perda de
cardiomiócitos e na progressão do declínio da função ventricular esquerda [47,
48]. Três principais vias de degradação celular vêm sendo destacadas como
16
mecanismos auxiliares responsáveis pela resposta atrófica do VE ao
enchimento prejudicado: 1) o sistema de calpaínas dependente de cálcio, 2) a
autofagia e 3) o sistema ubiquitina-proteassoma [49]. Apesar das evidências,
as vias responsáveis pela degradação proteica no tecido cardíaco ainda não
são totalmente claras e estudá-las é fundamental no entendimento da
remodelação atrófica do VE como resposta ao enchimento prejudicado.
2.3.3. Ativação neuro-humoral
A sobrecarga de pressão e as alterações hemodinâmicas são factores
fundamentais para a perturbação da homeostasia bioquímica e fisiologia dos
cardiomiócitos e da função miocárdica [50]. Logo, a estimulação neuro-humoral
e as concentrações elevadas de mediadores neuro-endócrinos encontrados no
VE, no VD e nos pulmões, podem contribuir para explicar a disfunção cardíaca
[38]. A ativação neuro-humoral parece ser de responsabilidade de uma série de
fatores, como a interdependência e a influência ventricular direita [40], a
estimulação do sistema nervoso simpático [51] e dos mediadores neuro-
endócrinos, como o aumento na produção de angiotensina [52], ambos
indutores da estimulação neuro-humoral e da expressão gênica de ET-1 no
miocárdio.
Os mediadores neuro-endócrinos tem sido implicados não apenas na
fisiopatologia da IC e na gravidade clínica da HAP [53], como também na
funcionalidade cardíaca [54, 55]. Particularmente a ET-1 vem sendo estudada
como principal contribuinte neuro-humoral para as alterações cardiopulmonares
em HAP induzida pela monocrotalina (MCT) [56]. Aumentos significativos na
circulação de ET-1 têm sido observados em modelos experimentais de
insuficiência cardíaca, incluindo o modelo de HAP [57]. Produzida e liberada
localmente (mas não só) pelos cardiomiócitos quando sobreacarregados [58], a
ET-1 possui importantes efeitos cardíacos e parece estar envolvido na
regulação da contractilidade e do relaxamento no miocárdio [59]. A ET-1
influencia o movimento e a concentração iónica intracelular de Ca2+ e também
vem sendo implicada na modificação miofibrilar das isoformas de miosina de
cadeia pesada [60-62]. Estas isoformas condicionam o tempo dos ciclos
17
cardíacos sistólicos e diastólicos, através da velocidade no estabelecimento
das pontes cruzadas com os filamentos de actina no miocárdio [62]. O
favorecimento na expressão da cadeia β parece ser um importante contributo
na disfuncionalidade ventricular esquerda, visto que está atrelada a ciclos mais
lentos de contractilidade das fibras musculares cardíacas [62].
2.3.4. Remodelação da matriz extracelular
A matriz extracelular (MEC) é fundamental na manutenção estrutural e
geométrica do coração [63, 64]. O fibroblasto é responsável pela síntese da
MEC e a interação fibroblasto / MEC parece ser regulada por múltiplas vias,
incluindo as integrinas e canais iónicos [65, 66]. As alterações hemodinâmicas,
a estimulação dos factores neuro-humorais e o aumento das citocinas, do
stress oxidativo e mecânico parecem ser os principais mecanismos que
desencadeiam o processo de adaptação e de remodelação da MEC no coração
[67]. O processo de remodelação maladaptativa do músculo cardíaco está
associado ao aumento da deposição de colagénio e fibrose. Factores neuro-
humorais como a ET-1, a angiotensina e a aldosterona podem também estar
vinculadas ao processo de aumento de fibrose ventricular [68, 69]. De facto, a
ET-1, através dos receptores ETA, ativa a expressão do factor de crescimento
TGF-β (principal ativador dos fibroblastos) [69]. Durante a resposta inflamatória,
mediadorores como NF-kB também são ativados, participando da estimulação
fibroblástica [70]. O aumento nos níveis circulantes destas citocinas
inflamatórias também tem sido relacionados diretamente com a queda de
desempenho cardíaco [71, 72]. A morte celular, especificamente a
apoptose/necrose miocitária, vem sendo documentada em quadros de IC
avançada [73], factor sabidamente contribuidor para o aumento na deposição
fibrótica da MEC. O aumento da fibrose na MEC afeta diretamente a
funcionalidade cardíaca através do aumento na rigidez ventricular esquerda [9,
38, 69] com disfunção diastólica [74]. Embora os exactos mecanismos
moleculares subjacentes à disfunção diastólica sejam mal compreendidos, a
fibrose é apontada como um importante contributo para a sua progressão.
Notadamente, o aumento da atividade de citocinas inflamatórias e acúmulo de
18
proteínas na MEC parecem ser as principais características da maioria das
doenças fibróticas [75]. Desta maneira, o factor de crescimento TGF-β, uma
citocina pró-fibrotica, atua sinergeticamente com factor de crescimento do
tecido conjuntivo (CTGF), promovendo a proliferação de fibroblastos e a
deposição de colagénio e de fibronectina [76].
2.4. DVE induzida pela monocrotalina
A MCT é uma fitotoxina alcalóide derivada de plantas do género
Crotalaria Spectabilis [77] sendo largamente utilizada na indução de HAP em
modelos animais, incluindo em ratos [78]. Apesar de não ser totalmente
compreendido, sabe-se que a metabolização do alcalóide bruto é feita pelo
fígado, sendo convertido no electrófilo ativo, monocrotalina pirrole (MCTP) [79].
O mecanismo de ativação da MCTP é altamente dependente dos citocromos
hepáticos e acontece especificamente no citocromo P-450 [80, 81]. Este
derivado electrofílico é caracterizado pela alta reatividade patológica e por ter
um tempo de semi-vida muito curto, de aproximadamente 3 a 4 segundos se
em ambientes aquosos e com pH próximos da neutralidade [82, 83]. A sua
seletividade de ação pelos pulmões, finalidade de sua utilização em modelos
de indução de HAP, pode ser explicada pela combinação da curta semi-vida
deste derivado e pela proximidade circulatória entre o fígado e árvore vascular
dos pulmões [84]. Seu transporte na corrente sanguínea está associada aos
eritrócitos que estabilizam a alta reatividade molecular e facilitam o transporte
até ao local alvo [85] que, no contexto da HP, é o endotélio pulmonar.
Apesar da sua seletividade pelo endotélio pulmonar, sabe-se que que a
MCT também possui efeito neurotóxico [86] e hepatotóxico [87]. De notar que a
forma mais agressiva de hipertensão pulmonar em modelos animais é
provocada pela administração via injeção do alcalóide bruto ou ativo, e
modelos estabelecidos na indução de HAP incluem aplicação subcutânea ou
intraperitoneal de MCT ou MCTP [88, 89]. Logo após sua administração,
seguem-se alterações progressivas na estrutura das paredes dos vasos
pulmonares que incluem espessamento da camada média dos vasos por
hiperplasia das células do músculo liso e por aumento na matriz extracelular
19
vascular [78]. A lesão endotelial da vasculatura pulmonar, com subsequente
remodelação obliterativa arteriolar provoca o aumento progressivo da pressão
intrapulmonar [90], hipertrofia ventricular direita devido a sobrecarga mecânica
e posterior falência [91]. De facto, diferentes trabalhos também vêm
comprovando que o modelo de HAP induzida por MCT conduz a remodelação
e disfuncionalidade ventricular esquerda [3, 92, 93] e apesar de nenhum
modelo experimental ser capaz de reproduzir completamente as alterações
histopatológicas da HAP em humanos [94], o modelo de HAP induzido por
MCT parece ser o que mais se aproxima das alterações induzidas pela HP,
principalmente em relação a insuficiência cardíaca humana [95]. Baseando-se
nas atuais evidências sobre cardioproteção e exercício, o modelo parece ser a
opção adequada para compreender a interação entre exercício e IC direita,
seus benefícios, malefícios e limitações, notadamente na disfuncionalidade
ventricular esquerda acompanhada de remodelação [67], atrofia [4] e
alterações do equilíbrio neuro-humoral [96]. Embora amplamente utilizado, o
modelo sofre algumas criticas devido à toxicidade hepática e nervosa. Os
baixos custos, a facilidade de execução e de reprodutibilidade assim como a
pouca invasividade [77], tornam o modelo animal de HAP induzido por MCT
uma excelente ferramenta para desenvolver novas e coadjuvantes estratégias
terapêuticas para insuficiência cardíaca direita e a disfuncionalidade ventricular
esquerda.
3. Exercício físico regular e cardioproteção
A capacidade do exercício físico regular em proteger o miocárdio contra
diferentes patologias cardiovasculares é amplamente aceite e possui
sustentação em inúmeros estudos [9, 10, 97, 98]. Embora seja evidente a
capacidade do exercício em promover um fenótipo cardioprotetor, os
mecanismos exatos para explicar o fenótipo induzido pelo exercício
permanecem em parte desconhecidos. As atuais evidências deixam claro que o
exercício físico regular reduz os danos oxidativos e melhora a funcionalidade
como demonstram diferentes modelos de insultos cardíacos como o de
isquemia-reperfusão do miocárdio [99].
20
3.1. Cardioproteção e exercício físico regular: potenciais
mecanismos
De facto, potenciais mecanismos para explicar os efeitos crónicos
cardioprotetores do exercício físico regular têm sido destacados e recebido
maior atenção na tentativa de compreender o complexo fenótipo cardioprotetor.
Apesar desta rede intrincada de mecanismos ser desconhecida, a atuação anti-
inflamatória [100], anti-fibrótica [101] e anti-oxidante [102] vem ganhando
destaque dentro das principais contribuições crónicas do exercício, assim como
a modulação neuro-humoral [103] e a melhoria da contratilidade miocárdica
[104]. Estes e outros mecanismos estão sendo desvendados, podendo possuir
importantes papéis no processo cardioprotetor induzido pelo exercício.
Compreender com exatidão a base molecular destes mecanismos
cardioprotetores é fundamental para a utilização do exercício como ferramenta
terapêutica complementar ou como terapia alternativa aos tratamentos
farmacológicos de cardiopatias.
3.1.1. Efeito antioxidante do exercício físico regular
Entre os diferentes mecanismos responsáveis pela cardioproteção
induzida pelo treino físico (TF), a redução do stress oxidativo miocárdico [102,
105] tem sido apontada entre os mais importantes. Esta redução pode resultar
do aumento de expressão e funcionalidade das defesas antioxidantes e/ou
através da redução da produção de compostos pro-oxidantes pela fosforilação
oxidativa [106, 107]. Estas espécies reactivas, em especial as de oxigénio,
podem interagir com qualquer tipo de molécula orgânica, modificando a sua
estrutura e comprometendo a sua funcionalidade [106]. Numerosos estudos
indicam que tanto a curto prazo (dias) quanto a longo prazo (semanas a
meses) o TF promove um acréscimo da capacidade antioxidante do miocárdio
[109], através do aumento de importantes enzimas antioxidantes como a
superóxido dismutase de manganês (MnSOD) [102, 105, 110], glutationa
peroxidase [109, 111], e catalase [109, 111].
21
3.1.2. Efeito anti-inflamatório do exercício físico regular
A resposta inflamatória é reconhecida como um importante fator da
fisiopatologia da IC [112]. Elevados níveis de citocinas pró-inflamatórias
circulantes, principalmente o factor de necrose tumoral (TNF-α) e a interleucina
(IL-6) [100, 113], são encontrados na IC. A ativação de citocinas inflamatórias
pode ter uma influência negativa na funcionalidade miocárdica, principalmente
na contratilidade do miocárdio, induzindo ativação de óxido nítrico sintase
induzida (iNOS), aumentando o stresse oxidativo celular e tecidual, inibindo a
liberação sarcoplasmática de Ca2+ e a expressão de fosfolambam (PLN),
promovendo a apoptose dos miócitos e a remodelação maladaptativa cardíaca
[114, 115]. O aumento da produção de citocinas circulantes pode também
conduzir a disfunção endotelial através do aumento da produção de espécies
reativas de oxigénio, seguindo-se da apoptose das células endoteliais [116].
Níveis elevados de citocinas pró-inflamatórias também possuem um efeito
prejudicial sobre o metabolismo e a contratilidade do músculo esquelético,
promovendo o stress oxidativo e apoptose celular esquelética e
comprometimento do metabolismo aeróbico [117, 118]. Níveis continuamente
elevados de citocinas circulantes podem potencializar e induzir o catabolismo
muscular esquelético e possível emagrecimento [119]. O efeito anti-inflamatório
do TF consiste principalmente em aumentar os níveis plasmáticos da citocina
anti-inflamatória IL-10 [120] e atuando sobre o sistema imunitário, influenciando
a função de macrófagos e linfócitos [121]. Em humanos, o TF intenso pode
reduzir os níveis plasmáticos de citocinas inflamatórias e marcadores
periféricos da disfunção endotelial como as moléculas de adesão intercelular
(CAM’s) e vascular (VCAM) [122]. O TF também reduz a expressão de
citocinas pró-inflamatórias e iNOS no músculo esquelético, com o aumento da
atividade do citocromo c e melhoria do metabolismo oxidativo muscular [123].
Portanto, O TF pode, ser considerado como uma relevante estratégia
terapêutica anti-inflamatória para os pacientes com IC.
22
3.1.3. Efeito anti-neuro-humoral do exercício físico regular
Diferentes modelos experimentais de IC vêm demonstrando que o TF
reduz os níveis plasmáticos de Angiotensina II assim como atenua a atividade
simpática e normaliza o barorreflexo [124, 125], importantes mecanismos
autonómicos presentes na IC. O exercício regular também exerce efeitos
benéficos no sistema nervoso central, incluindo uma redução da concentração
de receptores de Angiotensina II [124], redução de expressão de NADPH e
supra-regulação de expressão de superóxido dismutase [126]. O treinamento
físico é associado com a reversão da disfunção autonómica em pacientes com
IC, induzindo uma importante mudança da atividade simpática [127]. De facto,
diferentes protocolos de TF parecem estar associados a redução da atividade
simpática, como mostrado pela redução na atividade nervosa simpática
muscular em modelos experimentais [128]. O TF em pacientes com IC é
responsável pelo aumento do tónus parassimpático, como demonstrado por um
aumento na oscilação da frequência cardíaca em alguns estudos [129, 130],
podendo também reduzir os níveis locais e circulantes de neuro-hormônios,
incluindo Angiotensina II, aldosterona, vasopressina e peptídeos natriuréticos
[103, 131]. As atuais evidências sustentam o efeito anti-neuro-humoral do TF,
modulando os efeitos deletérios da ativação neuro-humoral prolongada em
pacientes com IC, resultando em melhora da função cardíaca, redução da
vasoconstrição com melhoria da perfusão sanguínea periférica e esquelética e,
consequentemente, melhoria da tolerância ao exercício. Estes resultados
demonstram que o treinamento físico pode reduzir cronicamente a excitação
simpática através da modulação de mecanismos centrais e periféricos com seu
efeito anti-neuro-humoral, importante fisiopatologia da IC [132].
3.1.4. Melhoria funcional miocárdica induzida pelo
exercício físico regular
A tolerância ao exercício é um dos mais importantes indicadores de
funcionalidade cardiovascular, visto que reflete a capacidade do coração em
corresponder ao aumento periférico de exigência de oxigênio [133]. De facto,
não se sabe exatamente quais os mecanismos moleculares adaptativos
23
responsáveis pelo aumento funcional do miocárdio mas sabe-se que os canais
de potássio sensível ao ATP (KATP) são os maiores responsáveis pelo reajuste
excitatório da membrana cardíaca em resposta a alterações dos níveis de ADP
e ATP [134-136]. Ativado pela redução dos níveis de ATP e pelo aumento da
concentração de ADP devido o aumento da demanda metabólica celular, o
KATP reduz a amplitude dos potenciais de ação cardíacos [134, 137] através do
fluxo celular de potássio e sódio, reduzindo os requisitos de energia para a
contração e prolongando também o intervalo diastólico, necessário para
reestabelecer os recursos energéticos do miocárdio [104, 134, 138, 139].
Desta maneira, os canais KATP cardíacos parecem desempenhar um
fundamental papel na cardioproteção em resposta a patologias indutoras de
disfuncionalidade miocárdica e, de facto, tem-se comprovado a capacidade do
exercício em aumentar a expressão de canais de KATP melhorando a
velocidade de encurtamento muscular cardíaco e optimizando o consumo de
energia sob condições de maior exigência funcional. Baseado nas evidencias,
a expressão aumentada de canais de KATP induzido pelo exercício torna este
mecanismo essencial no contexto da cardioproteção [140] visto que a abertura
de apenas 1 % de canais KATP é suficiente para causar significativa alteração
no ciclo cardíaco [134, 141].
4. Treino físico e HAP
A interação positiva entre exercício físico e a HAP começa a ser
descoberta e entendida. Sabidamente, pacientes acometidos com HAP
possuem graves limitações ao exercício agudo [142] e entender os
mecanismos de atuação parece ser o caminho para desenvolver uma
terapêutica adequada e eficiente através do exercício. A limitação ao esforço
físico tem sido caracterizada principalmente por dois importantes sintomas
clínicos, a dispneia e a fadiga, e parece acometer estes pacientes mesmo com
cargas bastante baixas de trabalho [142, 143]. Os mecanismos propostos para
explicar tais sintomas baseiam-se principalmente na hipoperfusão sanguínea e
debilidade muscular periférica, característica dos pacientes com hipertensão
pulmonar [143, 144]. Vários estudos têm demonstrado alterações morfológicas
24
e funcionais significativas na musculatura esquelética, parecendo estar
relacionadas com a diminuição do transporte de oxigênio [144-146] e com a
presença de citocinas pro-inflamatórias [155]. Alterações como a atrofia
muscular, redução de enzimas oxidativas e aumento da proporção de fibras
musculares do tipo II parecem favorecer o aparecimento precoce da acidose
láctica e reduzir a capacidade aeróbia [11, 145]. A contribuição da patologia
muscular esquelética no agravamento clínico destes pacientes justificou então
o papel do exercício físico na HAP [147].
A utilização terapêutica do exercício físico regular na hipertensão arterial
pulmonar parece seguir uma tendência semelhante à usada na reabilitação da
insuficiência cardíaca congestiva em meados dos anos 80. Naquela época, os
pacientes com IC foram excluídos de qualquer forma de exercício físico, uma
vez que se acreditava ser prejudicial para a sua condição clínica [148]. A
mudança de paradigma aconteceu juntamente com as novas evidências
científicas e o treinamento físico agora vem estabelecendo-se como importante
ferramenta terapêutica e ganhando importância no cenário científico. De facto,
atualmente sabe-se que o exercício físico regular atua beneficamente na HAP
modulando positivamente os seus principais mecanismos fisiopatológicos, não
contribuindo para o agravamento da remodelação vascular pulmonar e para a
insuficiência cardíaca direita, antigo temor na prescrição de exercícios,
melhorando a capacidade cardiorespiratória e funcional, bem como a qualidade
de vida destes pacientes [11, 149-152], todos significativamente afetados pela
HAP. Atualmente, a Sociedade Torácica Britânica (British Thoracic Society) e a
Sociedade Europeia de Cardiologia recomendam que pacientes com HAP
devem permanecer tão ativos quanto seus sintomas permitirem, sendo
aceitável uma leve falta de ar [6, 7], ratificando de facto a mudança de
paradigma na terapia da HAP.
Nos últimos anos, diferentes estudos sobre treinamento físico em
populações com HAP tem sido desenvolvidos [11, 153, 154]. Nos estudos
reportados, foram recrutados indivíduos com HAP idiopática ou hipertensão
pulmonar tromboembólica crónica, clinicamente estabilizados com tratamento
médico. O regime de exercício físico nestes estudos variaram em termos da
frequência semanal (3 a 7 dia/semana), de duração (7 a 15 semanas) e
25
modalidades de exercício. Os tipos de exercícios realizados incluíram bicicleta
ergométrica, caminhada, treinamento muscular periférico, exercícios de
respiração, exercícios para os membros superiores, yoga e condicionamento
mental. Todos os três estudos demonstraram melhorias significativas na
tolerância ao exercício físico, medida através do aumento na distância de
caminhada de 6 minutos (6MWT) [153] ou no tempo de resistência em bicicleta
ergométrica [11]. De notar que, apesar da grande variedade de modalidades
utilizada, eventos adversos não foram relatados em qualquer dos estudos,
sendo reportada melhoria na qualidade de vida destes indivíduos [153]. Estes
resultados juntam-se a um corpo crescente de evidências que vem sendo
produzido que estabelecem os efeitos benéficos do exercício nesta população
e que, apesar dos recentes avanços nas terapias farmacológicas, os mesmos
resultados não são apresentados por muitos pacientes que estão estabilizados
apenas com terapia farmacológica, que continuam a apresentar significativa
limitação ao exercício, baixa qualidade de vida e altos índices de mortalidade
[5], tornando a contribuição do exercício físico regular ainda mais significativa
na busca de terapias para a HAP.
5. Conclusão
Apesar dos mecanismos responsáveis pelo fenótipo cardioprotetor não
serem claros e completamente conhecidos, o reconhecimento que o exercício
físico regular é capaz de fornecer tal benefício é amplamente aceito e
comprovado contra diferentes insultos cardíacos. Seu benefícios no contexto
da IC induzida pela HAP ainda necessitam maior investigação, visto que sua
interação com exercício pode variar de acordo a intensidade, volume e tipo de
protocolo de treino proposto. Adicionalmente, do ponto de vista estrutural e
funcional cardíaco, ainda pouco se sabe sobre o impacto do exercício físico,
quer sobre o VD quer sobre o VE, tendo sido nesse contexto que surgiu o
interesse na realização do presente estudo.
26
6. Referencial Bibliográfico
1. Zafrir, B., Exercise Training and Rehabilitation in Pulmonary Arterial Hypertension: RATIONALE AND CURRENT DATA EVALUATION. Journal of Cardiopulmonary Rehabilitation & Prevention, 2013. 33(5): p. 263-273.
2. Bogaard, H.J., et al., The right ventricle under pressurecellular and molecular mechanisms of right-heart failure in pulmonary hypertension. CHEST Journal, 2009. 135(3): p. 794-804.
3. Georgiopoulou, V.V., et al., Left Ventricular Dysfunction With Pulmonary Hypertension Part 1: Epidemiology, Pathophysiology, and Definitions. Circulation: Heart Failure, 2013. 6(2): p. 344-354.
4. Hardziyenka, M., et al., Right Ventricular Failure Following Chronic Pressure Overload Is Associated With Reduction in Left Ventricular Mass: Evidence for Atrophic Remodeling. Journal of the American College of Cardiology, 2011. 57(8): p. 921-928.
5. Becker-Grünig, T., et al., Efficacy of exercise training in pulmonary arterial hypertension associated with congenital heart disease. International journal of cardiology, 2012.
6. MACP, F., Consensus statement on the management of pulmonary hypertension in clinical practice in the UK and Ireland. Heart, 2008. 94: p. i1-i41.
7. Galiè, N., et al., Guidelines for the diagnosis and treatment of pulmonary hypertension The Task Force for the Diagnosis and Treatment of Pulmonary Hypertension of the European Society of Cardiology (ESC) and the European Respiratory Society (ERS), endorsed by the International Society of Heart and Lung Transplantation (ISHLT). European heart journal, 2009. 30(20): p. 2493-2537.
8. Ascensão, A., R. Ferreira, and J. Magalhães, Exercise-induced cardioprotection — biochemical, morphological and functional evidence in whole tissue and isolated mitochondria. International Journal of Cardiology, 2007. 117(1): p. 16-30.
9. Chicco, A.J., et al., Low-intensity exercise training during doxorubicin treatment protects against cardiotoxicity. Journal of Applied Physiology, 2006. 100(2): p. 519-527.
10. Quindry, J.C., et al., Exercise-induced HSP-72 elevation and cardioprotection against infarct and apoptosis. Journal of Applied Physiology, 2007. 103(3): p. 1056-1062.
11. De Man, F., et al., Effects of exercise training in patients with idiopathic pulmonary arterial hypertension. European Respiratory Journal, 2009. 34(3): p. 669.
12. Pollock, M.L., et al., Resistance exercise in individuals with and without cardiovascular disease: benefits, rationale, safety, and prescriptionan advisory from the committee on exercise, rehabilitation, and prevention, council on clinical cardiology, american heart association. Circulation, 2000. 101(7): p. 828-833.
13. Simonneau, G., et al., Updated clinical classification of pulmonary hypertension. Journal of the American College of Cardiology, 2009. 54(1s1): p. S43-S54.
14. Barst, R.J., et al., Diagnosis and differential assessment of pulmonary arterial hypertension. Journal of the American College of Cardiology, 2004. 43(12s1): p. S40-S47.
15. Humbert, M., O. Sitbon, and G. Simonneau, Treatment of pulmonary arterial hypertension. New England Journal of Medicine, 2004. 351(14): p. 1425-1436.
16. Archer, S. and S. Rich, Primary pulmonary hypertension a vascular biology and translational research “work in progress”. Circulation, 2000. 102(22): p. 2781-2791.
17. Desai, S.A. and R.N. Channick, Exercise in patients with pulmonary arterial hypertension. Journal of cardiopulmonary rehabilitation and prevention, 2008. 28(1): p. 12-16.
18. Rubin, L.J., IntroductionDiagnosis and Management of Pulmonary Arterial Hypertension: ACCP Evidence-Based Clinical Practice Guidelines. CHEST Journal, 2004. 126(1_suppl): p. 7S-10S.
27
19. Aldred, M.A., et al., BMPR2 gene rearrangements account for a significant proportionof mutations in familial and idiopathic pulmonary arterial hypertension. Humanmutation, 2006. 27(2): p. 212-213.
20. Simonneau, G., et al., Clinical classification of pulmonary hypertension. Journal of theAmerican College of Cardiology, 2004. 43(12s1): p. S5-S12.
21. Rose, M.L., et al., Congenital heart disease-associated pulmonary arterial hypertension:preliminary results from a novel registry. Internal Medicine Journal, 2012. 42(8): p.874-879.
22. Humbert, M., et al., Pulmonary arterial hypertension in France: results from a nationalregistry. American journal of respiratory and critical care medicine, 2006. 173(9): p.1023-1030.
23. Kaemmerer, H. and J. Hess, [Congenital heart disease. Transition from adolescence toadulthood]. Der Internist, 2009. 50(10): p. 1221-2, 1224-7.
24. Engelfriet, P.M., et al., Pulmonary arterial hypertension in adults born with a heartseptal defect: the Euro Heart Survey on adult congenital heart disease. Heart, 2007.93(6): p. 682-687.
25. Müller, J., J. Hess, and A. Hager, Exercise performance and quality of life is moreimpaired in Eisenmenger syndrome than in complex cyanotic congenital heart diseasewith pulmonary stenosis. International journal of cardiology, 2011. 150(2): p. 177-181.
26. Lowe, B.S., et al., Diagnosis of pulmonary hypertension in the congenital heart diseaseadult population impact on outcomes. Journal of the American College of Cardiology(JACC), 2011. 58(5): p. 538-546.
27. Usui, S.-i., et al., Upregulated neurohumoral factors are associated with left ventricularremodeling and poor prognosis in rats with monocrotaline-induced pulmonary arterialhypertension. Circulation Journal, 2006. 70(9): p. 1208.
28. Matura, L.A., Pulmonary arterial hypertension: An overview. British Journal of CardiacNursing, 2011. 6(6): p. 268-277.
29. Moraes, D.L., W.S. Colucci, and M.M. Givertz, Secondary Pulmonary Hypertension inChronic Heart Failure The Role of the Endothelium in Pathophysiology andManagement. Circulation, 2000. 102(14): p. 1718-1723.
30. Huang, H., R.D. Kamm, and R.T. Lee, Cell mechanics and mechanotransduction:pathways, probes, and physiology. American Journal of Physiology-Cell Physiology,2004. 287(1): p. C1-C11.
31. Fuster, V., et al., Hurst's the Heart, 2-Vol Set. 2000: McGraw-Hill ProfessionalPublishing.
32. Humbert, M., et al., Cellular and molecular pathobiology of pulmonary arterialhypertension. Journal of the American College of Cardiology, 2004. 43(12s1): p. S13-S24.
33. Bogaard, H.J., et al., Chronic pulmonary artery pressure elevation is insufficient toexplain right heart failure. Circulation, 2009. 120(20): p. 1951-1960.
34. Gurudevan, S.V., et al., Abnormal Left Ventricular Diastolic Filling in ChronicThromboembolic Pulmonary HypertensionTrue Diastolic Dysfunction or Left VentricularUnderfilling? Journal of the American College of Cardiology, 2007. 49(12): p. 1334-1339.
35. Santamore, W.P. and L.A. Gray Jr, Left ventricular contributions to right ventricularsystolic function during LVAD support. The Annals of thoracic surgery, 1996. 61(1): p.350-356.
36. Lazar, J.M., et al., Effects of chronic right ventricular pressure overload on leftventricular diastolic function. The American journal of cardiology, 1993. 72(15): p.1179-1182.
28
37. Schwoerer, A.P., et al., Unloaded rat hearts in vivo express a hypertrophic phenotype ofcardiac repolarization. Journal of Molecular and Cellular Cardiology, 2008. 45(5): p.633-641.
38. Lisy, O., et al., Mechanical unloading versus neurohumoral stimulation on myocardialstructure and endocrine function in vivo. Circulation, 2000. 102(3): p. 338-343.
39. Mansoor, A.M., et al., Endothelin-induced collagen remodeling in experimentalpulmonary hypertension. Biochemical and biophysical research communications, 1995.215(3): p. 981-986.
40. Santamore, W.P. and L.J. Dell'Italia, Ventricular interdependence: significant leftventricular contributions to right ventricular systolic function. Progress incardiovascular diseases, 1998. 40(4): p. 289-308.
41. Tyson, G., et al., Pericardial influences on ventricular filling in the conscious dog. Ananalysis based on pericardial pressure. Circulation research, 1984. 54(2): p. 173-184.
42. Mahmud, E., et al., Correlation of left ventricular diastolic filling characteristics withright ventricular overload and pulmonary artery pressure in chronic thromboembolicpulmonary hypertension. Journal of the American College of Cardiology, 2002. 40(2): p.318-324.
43. Feneley, M., et al., Effect of acutely increased right ventricular afterload on workoutput from the left ventricle in conscious dogs. Systolic ventricular interaction.Circulation research, 1989. 65(1): p. 135-145.
44. Klein, I., et al., Hemodynamic regulation of myosin heavy chain gene expression.Studies in the transplanted rat heart. Journal of Clinical Investigation, 1992. 89(1): p.68.
45. Sadoshima, J. and S. Izumo, The cellular and molecular response of cardiac myocytes tomechanical stress. Annual review of physiology, 1997. 59(1): p. 551-571.
46. Depre, C., P.J. Davies, and H. Taegtmeyer, Transcriptional adaptation of the heart tomechanical unloading. The American journal of cardiology, 1999. 83(12): p. 58-63.
47. Narula, J., et al., Apoptosis in heart failure: release of cytochrome c from mitochondriaand activation of caspase-3 in human cardiomyopathy. Proceedings of the NationalAcademy of Sciences, 1999. 96(14): p. 8144-8149.
48. Schena, S., et al., Effects of ventricular unloading on apoptosis and atrophy of cardiacmyocytes< sup> 1</sup>. Journal of Surgical Research, 2004. 120(1): p. 119-126.
49. Baskin, K.K. and H. Taegtmeyer, Taking pressure off the heart: the ins and outs ofatrophic remodelling. Cardiovascular research, 2011. 90(2): p. 243-250.
50. Leite-Moreira, A.F., J. Correia-Pinto, and T.C. Gillebert, Afterload induced changes inmyocardial relaxation a mechanism for diastolic dysfunction. Cardiovascular research,1999. 43(2): p. 344-353.
51. Leineweber, K., et al., Ventricular hypertrophy plus neurohumoral activation isnecessary to alter the cardiac β-adrenoceptor system in experimental heart failure.Circulation research, 2002. 91(11): p. 1056-1062.
52. Fujisaki, H., et al., Natriuretic peptides inhibit angiotensin II-induced proliferation of ratcardiac fibroblasts by blocking endothelin-1 gene expression. Journal of ClinicalInvestigation, 1995. 96(2): p. 1059.
53. Nootens, M., et al., Neurohormonal activation in patients with right ventricular failurefrom pulmonary hypertension: relation to hemodynamic variables and endothelinlevels. Journal of the American College of Cardiology, 1995. 26(7): p. 1581-1585.
54. Brunner, F., et al., Cardiovascular endothelins: essential regulators of cardiovascularhomeostasis. Pharmacology & Therapeutics, 2006. 111(2): p. 508-531.
55. Moravec, C.S., et al., Inotropic effects of angiotensin II on human cardiac muscle invitro. Circulation, 1990. 82(6): p. 1973-1984.
29
56. Miyauchi, T., et al., Contribution of endogenous endothelin-1 to the progression ofcardiopulmonary alterations in rats with monocrotaline-induced pulmonaryhypertension. Circulation research, 1993. 73(5): p. 887-897.
57. Wei, C.-M., et al., Endothelin in human congestive heart failure. Circulation, 1994.89(4): p. 1580-1586.
58. Ito, H., et al., Endothelin-1 is an autocrine/paracrine factor in the mechanism ofangiotensin II-induced hypertrophy in cultured rat cardiomyocytes. Journal of ClinicalInvestigation, 1993. 92(1): p. 398.
59. Pieske, B., et al., Functional effects of endothelin and regulation of endothelinreceptors in isolated human nonfailing and failing myocardium. Circulation, 1999.99(14): p. 1802-1809.
60. BRÁS-SILVA, C. and A.F. LEITE-MOREIRA, Efeitos Miocárdicos da Endotelina-1 [68]. RevPort Cardiol, 2008. 27(7-8): p. 925-951.
61. Rothermund, L., et al., Cardiac endothelin system impairs left ventricular function inrenin-dependent hypertension via decreased sarcoplasmic reticulum Ca2+ uptake.Circulation, 2000. 102(13): p. 1582-1588.
62. Dorn, G., et al., Myosin heavy chain regulation and myocyte contractile depressionafter LV hypertrophy in aortic-banded mice. American Journal of Physiology-Heart andCirculatory Physiology, 1994. 267(1): p. H400-H405.
63. Weber, K.T., et al., Remodeling and reparation of the cardiovascular system. Journal ofthe American College of Cardiology, 1992. 20(1): p. 3-16.
64. Heeneman, S., et al., The dynamic extracellular matrix: intervention strategies duringheart failure and atherosclerosis. The Journal of pathology, 2003. 200(4): p. 516-525.
65. Goldsmith, E.C. and T.K. Borg, The dynamic interaction of the extracellular matrix incardiac remodeling. Journal of cardiac failure, 2002. 8(6): p. S314-S318.
66. Camelliti, P., T.K. Borg, and P. Kohl, Structural and functional characterisation ofcardiac fibroblasts. Cardiovascular research, 2005. 65(1): p. 40-51.
67. Takano, H., et al., Implication of cardiac remodeling in heart failure: mechanisms andtherapeutic strategies. Internal medicine (Tokyo, Japan), 2003. 42(6): p. 465.
68. Schnee, J.M. and W.A. Hsueh, Angiotensin II, adhesion, and cardiac fibrosis.Cardiovascular Research, 2000. 46(2): p. 264-268.
69. Ammarguellat, F.Z., et al., Fibrosis, matrix metalloproteinases, and inflammation in theheart of DOCA-salt hypertensive rats: role of ETA receptors. Hypertension, 2002. 39(2):p. 679-684.
70. Morishita, R., et al., Application of transcription factor “decoy” strategy as means ofgene therapy and study of gene expression in cardiovascular disease. Circulationresearch, 1998. 82(10): p. 1023-1028.
71. van Kimmenade, R.R. and J.L. Januzzi, Emerging biomarkers in heart failure. Clinicalchemistry, 2012. 58(1): p. 127-138.
72. Sánchez-Lázaro, I.J., et al., Inflammatory markers in stable heart failure and theirrelationship with functional class. International journal of cardiology, 2008. 129(3): p.388-393.
73. Hayden, M.R., Matrix metalloproteinase in left ventricular remodeling and heartfailure. Current cardiology reports, 2003. 5(3): p. 200-204.
74. Kong, E.K., et al., A novel anti-fibrotic agent, baicalein, for the treatment of myocardialfibrosis in spontaneously hypertensive rats. European journal of pharmacology, 2011.658(2): p. 175-181.
75. Leask, A., TGFβ, cardiac fibroblasts, and the fibrotic response. Cardiovascular research,2007. 74(2): p. 207-212.
76. Lim, H. and Y. Zhu, Role of transforming growth factor-β in the progression of heartfailure. Cellular and Molecular Life Sciences CMLS, 2006. 63(22): p. 2584-2596.
30
77. Gomez-Arroyo, J.G., et al., The monocrotaline model of pulmonary hypertension inperspective. American Journal of Physiology-Lung Cellular and Molecular Physiology,2012. 302(4): p. L363-L369.
78. Pan, L., D. Wilson, and H. Segall, Strain differences in the response of Fischer 344 andSprague-Dawley rats to monocrotaline induced pulmonary vascular disease.Toxicology, 1993. 79(1): p. 21-35.
79. Cooper, R.A. and R.J. Huxtable. The relationship between reactivity of metabolites ofpyrrolizidine alkaloids and extrahepatic toxicity. in Proceedings of the WesternPharmacology Society. 1999. Seattle, Wash.: The Society.
80. Reid, M., et al., Involvement of cytochrome P450 3A in the metabolism and covalentbinding of 14C‐monocrotaline in rat liver microsomes. Journal of biochemical andmolecular toxicology, 1998. 12(3): p. 157-166.
81. Wilson, D., et al., Mechanisms and pathology of monocrotaline pulmonary toxicity. CRCCritical Reviews in Toxicology, 1992. 22(5-6): p. 307-325.
82. Huxtable, R., et al., Physicochemical and metabolic basis for the differing neurotoxicityof the pyrrolizidine alkaloids, trichodesmine and monocrotaline. Neurochemicalresearch, 1996. 21(2): p. 141-146.
83. Mattocks, A., R. Legg, and R. Jukes, Trapping of short-lived electrophilic metabolites ofpyrrolizidine alkaloids escaping from perfused rat liver. Toxicology letters, 1990. 54(1):p. 93-99.
84. Chazova, I., et al., Pulmonary artery adventitial changes and venous involvement inprimary pulmonary hypertension. The American journal of pathology, 1995. 146(2): p.389.
85. Dumitrascu, R., et al., Characterization of a murine model of monocrotaline pyrrole-induced acute lung injury. BMC pulmonary medicine, 2008. 8(1): p. 25.
86. Pitanga, B.P., et al., Assessment of neurotoxicity of monocrotaline, an alkaloidextracted from< i> Crotalaria retusa</i> in astrocyte/neuron co-culture system.Neurotoxicology, 2011. 32(6): p. 776-784.
87. Abdel-Bakky, M.S., et al., Developing and characterizing a mouse model ofhepatotoxicity using oral pyrrolizidine alkaloid (monocrotaline) administration, withpotentiation of the liver injury by co-administration of LPS. Natural productcommunications, 2010. 5(9): p. 1457-1462.
88. Todorovich-Hunter, L., et al., Altered elastin and collagen synthesis associated withprogressive pulmonary hypertension induced by monocrotaline. A biochemical andultrastructural study. Laboratory investigation; a journal of technical methods andpathology, 1988. 58(2): p. 184.
89. Huxtable, R.J., Activation and pulmonary toxicity of pyrrolizidine alkaloids.Pharmacology & therapeutics, 1990. 47(3): p. 371-389.
90. Rosenberg, H.C. and M. Rabinovitch, Endothelial injury and vascular reactivity inmonocrotaline pulmonary hypertension. American Journal of Physiology-Heart andCirculatory Physiology, 1988. 255(6): p. H1484-H1491.
91. Molteni, A., et al. Monocrotaline-induced cardiopulmonary damage in rats:amelioration by the angiotensin-converting enzyme inhibitor CL242817. in Proceedingsof the Society for Experimental Biology and Medicine. Society for Experimental Biologyand Medicine (New York, NY). 1986. Royal Society of Medicine.
92. Hardziyenka, M., et al., Electrophysiologic remodeling of the left ventricle in pressureoverload-induced right ventricular failure. Journal of the American College ofCardiology, 2012. 59(24): p. 2193-2202.
93. Wilson, S.R., et al., Pulmonary hypertension and right ventricular dysfunction in leftheart disease (group 2 pulmonary hypertension). Progress in cardiovascular diseases,2012. 55(2): p. 104-118.
31
94. Robbins, I.M., Advancing therapy for pulmonary arterial hypertension: Can animalmodels help? American journal of respiratory and critical care medicine, 2004. 169(1):p. 5-6.
95. Brunner, F., Cardiac endothelin and big endothelin in right-heart hypertrophy due tomonocrotaline-induced pulmonary hypertension in rat. Cardiovascular research, 1999.44(1): p. 197-206.
96. Lourenço, A.P., et al., Myocardial dysfunction and neurohumoral activation withoutremodeling in left ventricle of monocrotaline-induced pulmonary hypertensive rats.American Journal of Physiology-Heart and Circulatory Physiology, 2006. 291(4): p.H1587-H1594.
97. Bowles, D., R. Farrar, and J. Starnes, Exercise training improves cardiac function afterischemia in the isolated, working rat heart. American Journal of Physiology-Heart andCirculatory Physiology, 1992. 263(3): p. H804-H809.
98. Hamilton, K.L., et al., MnSOD antisense treatment and exercise-induced protectionagainst arrhythmias. Free Radical Biology and Medicine, 2004. 37(9): p. 1360-1368.
99. Powers, S.K., et al., Exercise and cardioprotection. Current opinion in cardiology, 2002.17(5): p. 495-502.
100. Torre-Amione, G., et al., Proinflammatory cytokine levels in patients with depressedleft ventricular ejection fraction: a report from the Studies of Left VentricularDysfunction (SOLVD). Journal of the American College of Cardiology, 1996. 27(5): p.1201-1206.
101. Xu, X., et al., Exercise training combined with angiotensin II receptor blockade limitspost-infarct ventricular remodelling in rats. Cardiovascular research, 2008. 78(3): p.523-532.
102. Powers, S.K., et al., Rigorous exercise training increases superoxide dismutase activityin ventricular myocardium. American Journal of Physiology-Heart and CirculatoryPhysiology, 1993. 265(6): p. H2094-H2098.
103. Braith, R.W., et al., Neuroendocrine activation in heart failure is modified by enduranceexercise training. Journal of the American College of Cardiology, 1999. 34(4): p. 1170-1175.
104. Zingman, L.V., et al., ATP-sensitive potassium channels: metabolic sensing and cardioprotection. Journal of Applied Physiology, 2007. 103(5): p. 1888-1893.
105. Hamilton, K.L., et al., Exercise, antioxidants, and HSP72: protection against myocardial ischemia/reperfusion. Free Radical Biology and Medicine, 2003. 34(7): p. 800-809.
106. STULAK, J.M., et al., Renal vascular function in hypercholesterolemia is preserved by chronic antioxidant supplementation. Journal of the American Society of Nephrology, 2001. 12(9): p. 1882-1891.
107. Frederico, M.J., et al., Exercise training provides cardioprotection via a reduction in reactive oxygen species in rats submitted to myocardial infarction induced by isoproterenol. Free radical research, 2009. 43(10): p. 957-964.
108. Gutteridge, J., The role of superoxide and hydroxyl radicals in phospholipid peroxidation catalysed by iron salts. FEBS letters, 1982. 150(2): p. 454-458.
109. Ascensão, A., R. Ferreira, and J. Magalhães, Exercise-induced cardioprotection—biochemical, morphological and functional evidence in whole tissue and isolated mitochondria. International journal of cardiology, 2007. 117(1): p. 16-30.
110. Lennon, S.L., et al., Elevated MnSOD is not required for exercise-induced cardioprotection against myocardial stunning. American Journal of Physiology-Heart and Circulatory Physiology, 2004. 287(2): p. H975-H980.
111. Kanter, M., et al., Effect of exercise training on antioxidant enzymes and cardiotoxicity of doxorubicin. Journal of Applied Physiology, 1985. 59(4): p. 1298-1303.
112. Blum, A. and H. Miller, Pathophysiological role of cytokines in congestive heart failure. Annual review of medicine, 2001. 52(1): p. 15-27.
32
113. Tsutamoto, T., et al., Interleukin-6 spillover in the peripheral circulation increases with the severity of heart failure, and the high plasma level of interleukin-6 is an important prognostic predictor in patients with congestive heart failure. Journal of the American College of Cardiology, 1998. 31(2): p. 391-398.
114. Bozkurt, B., et al., Pathophysiologically relevant concentrations of tumor necrosis factor-α promote progressive left ventricular dysfunction and remodeling in rats. Circulation, 1998. 97(14): p. 1382-1391.
115. Ferdinandy, P., et al., Peroxynitrite is a major contributor to cytokine-induced myocardial contractile failure. Circulation research, 2000. 87(3): p. 241-247.
116. Clapp, B.R., et al., Inflammation-induced endothelial dysfunction involves reduced nitric oxide bioavailability and increased oxidant stress. Cardiovascular research, 2004. 64(1): p. 172-178.
117. Hambrecht, R., et al., Exercise intolerance in patients with chronic heart failure and increased expression of inducible nitric oxide synthase in the skeletal muscle. Journal of the American College of Cardiology, 1999. 33(1): p. 174-179.
118. Hambrecht, R., et al., Correction of endothelial dysfunction in chronic heart failure: additional effects of exercise training and oral L-arginine supplementation. Journal of the American College of Cardiology, 2000. 35(3): p. 706-713.
119. Anker, S., et al., Cytokines and neurohormones relating to body composition alterations in the wasting syndrome of chronic heart failure. European Heart Journal, 1999. 20(9): p. 683-693.
120. Nunes, R.B., et al., Physical exercise improves plasmatic levels of IL-10, left ventricular end-diastolic pressure, and muscle lipid peroxidation in chronic heart failure rats. Journal of Applied Physiology, 2008. 104(6): p. 1641-1647.
121. Batista, M., et al., Endurance training modulates lymphocyte function in rats with post-MI CHF. Medicine and science in sports and exercise, 2008. 40(3): p. 549.
122. LeMaitre, J.P., et al., Change in circulating cytokines after 2 forms of exercise training in chronic stable heart failure. American heart journal, 2004. 147(1): p. 100-105.
123. Damy, T., et al., Increased neuronal nitric oxide synthase-derived NO production in the failing human heart. The lancet, 2004. 363(9418): p. 1365-1367.
124. Liu, J.-L., et al., Chronic Exercise Reduces Sympathetic Nerve Activity in Rabbits With Pacing-Induced Heart Failure A Role for Angiotensin II. Circulation, 2000. 102(15): p. 1854-1862.
125. Mousa, T.M., et al., Exercise training enhances baroreflex sensitivity by an angiotensin II-dependent mechanism in chronic heart failure. Journal of Applied Physiology, 2008. 104(3): p. 616-624.
126. Gao, L., et al., Exercise training normalizes sympathetic outflow by central antioxidant mechanisms in rabbits with pacing-induced chronic heart failure. Circulation, 2007. 115(24): p. 3095-3102.
127. Gademan, M.G., et al., Effect of exercise training on autonomic derangement and neurohumoral activation in chronic heart failure. Journal of cardiac failure, 2007. 13(4): p. 294-303.
128. Roveda, F., et al., The effects of exercise training on sympathetic neural activation in advanced heart failurea randomized controlled trial. Journal of the American College of Cardiology, 2003. 42(5): p. 854-860.
129. Killavuori, K., et al., Reversal of autonomic derangements by physical training in chronic heart failure assessed by heart rate variability. European heart journal, 1995. 16(4): p. 490-495.
130. Coats, A., et al., Controlled trial of physical training in chronic heart failure. Exercise performance, hemodynamics, ventilation, and autonomic function. Circulation, 1992. 85(6): p. 2119-2131.
33
131. Passino, C., et al., Aerobic training decreases B-type natriuretic peptide expression and adrenergic activation in patients with heart failure. Journal of the American College of Cardiology, 2006. 47(9): p. 1835-1839.
132. Crimi, E., et al., Mechanisms by which exercise training benefits patients with heart failure. Nature Reviews Cardiology, 2009. 6(4): p. 292-300.
133. Guyton, A.C., Textbook of medical physiology. The American Journal of the Medical Sciences, 1961. 242(2): p. 136.
134. Flagg, T.P., et al., Muscle KATP channels: recent insights to energy sensing and myoprotection. Physiological reviews, 2010. 90(3): p. 799-829.
135. Aguilar-Bryan, L. and J. Bryan, Molecular biology of adenosine triphosphate-sensitive potassium channels. Endocrine reviews, 1999. 20(2): p. 101-135.
136. Seino, S. and T. Miki, Physiological and pathophysiological roles of ATP-sensitive K< sup>+</sup> channels. Progress in biophysics and molecular biology, 2003. 81(2): p. 133-176.
137. Noma, A., ATP-regulated K+ channels in cardiac muscle. 1983. 138. Moore, R.L., Myocardial KATP channels are critical to Ca2+ homeostasis in the
metabolically stressed heart in vivo. American Journal of Physiology-Heart and Circulatory Physiology, 2007. 292(4): p. H1692-H1693.
139. Yamada, S., et al., Protection conferred by myocardial ATP‐sensitive K+ channels in pressure overload‐induced congestive heart failure revealed in KCNJ11 Kir6. 2‐null mutant. The Journal of physiology, 2006. 577(3): p. 1053-1065.
140. Zingman, L.V., et al., Exercise-induced expression of cardiac ATP-sensitive potassium channels promotes action potential shortening and energy conservation. Journal of molecular and cellular cardiology, 2011. 51(1): p. 72-81.
141. Lederer, W. and C. Nichols, Nucleotide modulation of the activity of rat heart ATP-sensitive K+ channels in isolated membrane patches. The Journal of Physiology, 1989. 419(1): p. 193-211.
142. Diller, G.-P. and M.A. Gatzoulis, Pulmonary vascular disease in adults with congenital heart disease. Circulation, 2007. 115(8): p. 1039-1050.
143. Sun, X.-G., et al., Exercise pathophysiology in patients with primary pulmonary hypertension. Circulation, 2001. 104(4): p. 429-435.
144. Bauer, R., et al., Skeletal muscle dysfunction in patients with idiopathic pulmonary arterial hypertension. Respiratory medicine, 2007. 101(11): p. 2366-2369.
145. Mainguy, V., et al., Peripheral muscle dysfunction in idiopathic pulmonary arterial hypertension. Thorax, 2010. 65(2): p. 113-117.
146. Meyer, F., et al., Respiratory muscle dysfunction in idiopathic pulmonary arterial hypertension. European Respiratory Journal, 2005. 25(1): p. 125-130.
147. Babu, A.S., et al., Effects of combined early in-patient cardiac rehabilitation and structured home-based program on function among patients with congestive heart failure: a randomized controlled trial. Heart views: the official journal of the Gulf Heart Association, 2011. 12(3): p. 99.
148. Aleshin, I., Outpatient rehabilitation of postinfarct heart failure]. Kardiologiia, 1983. 23(1): p. 79.
149. Arena, R., Exercise testing and training in chronic lung disease and pulmonary arterial hypertension. Progress in cardiovascular diseases, 2011. 53(6): p. 454-463.
150. Babu, A.S., R. Padmakumar, and A.G. Maiya, A review of ongoing trials in exercise based rehabilitation for pulmonary arterial hypertension. The Indian journal of medical research, 2013. 137(5): p. 900.
151. Chan, L., et al., Benefits of intensive treadmill exercise training on cardiorespiratory function and quality of life in patients with pulmonary hypertension. CHEST, 2013. 143(2): p. 333-343.
34
152. Lumens, J. and T. Delhaas, Cardiovascular modeling in pulmonary arterial hypertension: focus on mechanisms and treatment of right heart failure using the CircAdapt model. The American Journal of Cardiology, 2012. 110(6): p. S39-S48.
153. Mereles, D., et al., Exercise and respiratory training improve exercise capacity and quality of life in patients with severe chronic pulmonary hypertension. Circulation, 2006. 114(14): p. 1482-1489.
154. Uchi, M., T. Saji, and T. Harada, Feasibility of cardiopulmonary rehabilitation in patients with idiopathic pulmonary arterial hypertension treated with intravenous prostacyclin infusion therapy]. Journal of cardiology, 2005. 46(5): p. 183.
155. Van Tassell, B.W., et al., Enhanced Interleukin-1 Activity Contributes to Exercise Intolerance in Patients with Systolic Heart Failure. Plos One, 2012. 7(3).
35
Secção 3
Artigo Experimental
37
Efeito protetor do exercício físico regular na remodelação
ventricular esquerda secundária à hipertensão arterial
pulmonar induzida pela Monocrotalina
Resumo
Introdução: O exercício físico é uma ferramenta terapêutica amplamente aceite e implementada nos protocolos de reabilitação cardíaca de doentes com insuficiência cardíaca (IC) esquerda de diferentes etiologias. Contudo, pouco ou nada se sabe sobre o impacto do exercicio físico na função ventricular esquerda de doentes com Hipertensão Pulmonar Arterial (HPA). Para além de sobrecarregar seletivamente o ventrículo direito (VD), existem evidencias de que as consequências deletéreas da HPA também se estendem ao ventrículo esquerdo (VE), estando estas ainda pouco esclarecidas. Assim sendo, o objetivo deste estudo foi avaliar o possível impacto protetor do exercício físico crónico (EFC) na disfunção do VE secundária àHAP induzida pela Monocrotalina (MCT). Material e Métodos: O estudo foi dividido em três fases. Na primeira fase, 60 ratos machos Wistar foram aleatoriamente separados nos seguintes grupos: i) sedentários ou exercitados tratados com MCT (SED+MCT (n=25) e EX+MCT (n=15), respectivamente; 60mg/kg), e ii) sedentários ou exercitados tratados com solução veículo (SED+V e EX+V, respectivamente; n=10/grupo; 1mL/kg de solução salina). Após a administração de MCT ou V, os animais do grupo EX+MCT e EX+V foram submetidos a um protocolo de treino (corrida sobre tapete rolante, 5 dias/semana, 60 min/dia a 25m/min, durante 4 semanas) enquanto os animais do grupo SED+MCT e SED+V permaneceram com movimentação confinada ao espaço da gaiola durante 4 semanas. Após terminarem os respectivos protocolos, os animais foram preparados para avaliação hemodinâmica em condições basais e isovolumétricas. De seguida foram sacrificados e amostras de VE foram colhidas e preparadas para análise de microscopia de luz (área da seção transversal dos cardiomiócitos e deposição de colágeno) e biologia molecular (mRNA de endotelina-1). A segunda fase consistiu na avaliação ecocardiográfica e da tolerância ao exercício, para o qual foram incluidos mais 15 animais, divididos pelo grupo SED+V (n=5), SED+MCT (n=5) e EX+MCT (n=5). A terceira fase do estudo consistiu avaliação da taxa de sobrevivência, com 40 animais a serem submetidos aos respectivos protocolos experimentais (SED+V, n=5; SED+MCT, n=15; EX+V, n=5; EX+MCT, n=15). Resultados: Em condições basais foi observada disfunção sistólica (diminuição da pressão sistólica máxima e dp/dt máx) e diastólica (diminuição do dp/dt min e aumento do Tau) no grupo SED+MCT (P<0.05), sendo essas alterações prevenidas pelo exercício no grupo EX+MCT. Em resposta à oclusão da artéria aorta, enquanto o grupo SED+MCT apresentou alterações apenas nos parametros diastólicos (P<0.05), o grupo EX+MCT respondeu positivamente, sem apresentar indícios de disfunção. EX+MCT também apresentou reversão da atrofia miocitária e da fibrose intersticial encontrados em SED+MCT, assim como a normalização do nível ventricular de ET-1 (P<0.05). Contrariamente aos animais SED+MCT, os animais do grupo EX+MCT apresentaram melhoria da performance no teste de esforço bem como melhoria da sobrevida. Conclusão: Estes resultados suportam a hipótese de que o treino físico pode ter um papel protetor e terapêutico fundamental na modulação da resposta ventricular esquerda secundária à HPA.
Palavras-chave: cardioproteção, treino físico, disfunção ventricular esquerda, hipertensão arterial pulmonar, colagénio, endotelina-1.
38
Introdução
A hipertensão arterial pulmonar (HAP) é uma doença de fisiopatologia
bastante complexa e de rápida progressão, associada a uma elevada taxa de
mortalidade atribuida ao desenvolvimento de insuficiência cardíaca direita (ICD)
(39). Evidencias experimentais têm mostrado que abordagens terapeuticas
direcionadas especificamente para o VD tem um impacto positivo na melhoria
da função cardíaca, na prevenção da remodelação maladaptativa e na
sobrevida (15, 16, 23, 24, 37, 48). Curiosamente, foi demonstrado em humanos
bem como em animais, que a função ventricular esquerda também sofre
alterações secundária à HAP, contribuindo assim, também, para aumentar a
complexidade desta doença (21). Apesar de menos compreendido do que o
VD, alguns estudos sugerem que a interdependência ventricular seja o principal
mecanismo das adaptações deletérias observadas no VE (12, 53). Mais
recentemente, outras alterações, nomeadamente a activação neuro-humoral
(29), a atrofia ventricular (12), a remodelação da matriz extracelular (53) e
alterações intrínsecas aos cardiomiócitos (10, 38), têm sido implicadas na
etiologia da disfunção ventricular esquerda secundária à HAP (36). Assim
sendo, e dada a diversidade de mecanismos envolvidos, é fundamental
encontrar uma opção terapeutica capaz de modelar múltiplos alvos
terapeuticos, simultaneamente.
Neste contexto, o exercício físico crónico (EXC) assume-se como um
forte candidato. Possui benefícios que são amplamente reconhecidos devido
ao seu efeito modulador do risco cardiovascular, prevenindo o desenvolvimento
de doenças cardíacas e proporcionando um fenótipo cardioprotetor (46, 54). O
EXC tornou-se um aliado eficaz e seguro não apenas na prevenção, mas
também enquanto ferramenta terapêupica de cardiopatias, incluindo as que
culminam com a disfunção e a decorrente insufuciência cardíaca (IC),
melhorando o prognóstico e a qualidade de vida destes doentes (29). No
contexto da HAP, contrariamente ao que se pensava (18), hoje sabe-se que o
exercicio físico pode ter um efeito benéfico, não agravando a remodelação
arterial pulmonar ou a insufuciência cardíca direita, melhorando a capacidade
39
cardiorespiratória e funcional, bem como a qualidade de vida destes pacientes
(2, 3, 9, 11, 40). Apesar de ainda pouco esclarecido, este efeito protetor do
exercício tem sido relacionado com a sua ação anti-inflamatória (35, 42), anti-
neurohumoral (7, 43) e anti-oxidante (20, 45), como mecanismos de vital
importância na cardioproteção. Considerando que estas vias estão presentes
na HAP, é possível que o exercício fisico exerça um efeito modulador sobre as
mesmas, podendo então culminar com melhorias ao nível funcional, estrutural
e molecular.
Tendo em conta este racional, o objectivo do presente estudo foi o de
analisar os possíveis efeitos protectores do treino no VE no desenvolvimento
da IC no modelo animal de HAP induzida por MCT.
Material e métodos
O presente trabalho foi realizado em 3 fases que serão apresentadas
separadamente de modo a facilitar a compreensão do desenho experimental
do estudo.
Fase 1
Modelo animal e desenho experimental
Os procedimentos experimentais envolvendo cuidados com os animais e
seu sacrifício foram realizadas de acordo com a lei Portuguesa de bem-estar e
especificações do Instituto Nacional de Saúde (INS) Guia para o Cuidado e
Uso de Animais de Laboratório, aprovado pelo comitê de ética local,
(Universidade do Porto). Depois de uma semana de quarentena, 50 ratos
Wistar machos (4 semanas de idade, Charles River Laboratories, Barcelona),
foram alojados em grupos de 5 ratos por gaiola, mantidos num ciclo de luz /
escuro de 12h invertido, num ambiente controlado com temperatura de 22° C,
com livre acesso a comida. Logo após, foram aleatoriamente separados nos
seguintes grupos: i) sedentários ou exercitados tratados com monocrotalina
40
(SED+MCT (n=25) e EX+MCT (n=15), respectivamente; 60mg/kg, sc.; Sigma),
e ii) sedentários ou exercitados tratados com solução veículo (SED+V e EX+V,
respectivamente; n=10/grupo; 1mL/kg de solução salina). Após a administração
de MCT ou solução veículo, os animais dos grupos EX foram submetidos a um
protocolo de treino de corrida durante 4 semanas, enquanto que os animais
dos grupos SED permaneceram sedentários durante esse mesmo período de
tempo.
Protocolo de treino: Inicialmente, os animais foram aclimatados ao
tapete durante uma semana, onde a velocidade e a duração do exercício foram
gradualmente aumentando até os animais atingirem 60 min/sessão, à
velocidade de 25 metros/minuto, correspondendo a uma taxa de consumo
máximo de oxigénio estimada de 70% (33). Apó a aclimatação, os animais
treinaram durante 4 semanas, 5 dias por semana, 60 minutos/dia, a 25
metros/minuto.
Avaliação hemodinâmica
Procedimento: Após cumprirem as 4 semanas de protocolo (28º- 29º dia
após adminstração de MCT ou solução veículo), os animais foram preparados
para avaliação hemodinâmica ventricular esquerda. Os animais foram
anestesiados por inalação de uma mistura de 4% de sevoflurano com oxigénio,
entubados para ventilação mecânica (frequência respiratória de 100 ciclos/min
e volume de ar corrente de 1 mL/100 gr; Harvard VentilatorModel Small Animal
683) e colocados sobre uma placa de aquecimento para manter a temperatura
coporal nos 37ºC. A anestesia foi mantida com sevoflurano de 2,5-3%, ajustado
de acordo com reflexo no dedo do pé. A veia jugular direita foi canulada para
administração de fluido pré-aquecido (NaCl a 0,9%), para compensar as perdas
de fluido peri-operatórios. Foi realizada esternotomia mediana para expor o
coração e o pericárdio foi removido. Um cateter de pressão-volume (SPR-838,
Millar Instruments) foi inserido por punção apical no interior da cavidade do VE
e colocado ao longo do seu eixo longitudinal. O cateter foi conectado com o
sistema de condutancia MVP-300 (Millar Instruments), acoplado ao conversor
PowerLab 16/30 (AD Instruments) e a um computador para aquisição de
41
dados. Após a conclusão da preparação experimental, os animais foram
deixados a estabilizar durante 15 min. Os registos hemodinâmicos foram feitos
com a ventilação suspensa no final da expiração, em condições basais ou em
condições de stress hemodinamico induzido pela oclusão abrupta da artéria
aorta acendente (ciclos isovolumetricos). Os parâmetros obtidos pelo cateter de
condutância foram gravados à velocidade de 1000 Hz, a fim de captar os dados
provenientes dos ciclos cardíacos mais rápidos. Por fim, os dados foram
armazenados e analisados com software de aquisição e análise de dados de
condutância Millar (PVAN3.5).
Parâmetros hemodinâmicos avaliados: Foram avaliados os seguintes
parâmetros hemodinamicos: frequência cardíaca (FC), pressão sistólica
máxima (PVEmáx), velocidade máxima de elevação (dP/dtmax) e queda (dP/dt
min) de pressão e velocidade de relaxamento determinada pela constante de
tempo Tau.
Sacrifício dos animais e recolha tecidual
Imediatamente após a avaliação hemodinâmica, os animais foram
eutanaziados por exsanguinamento, sendo o coração excisado e pesado.
Procedeu-se à separação do ventrículo esquerdo juntamente com o septo
(VE+S) e respetiva pesagem. Tanto o peso do coração quanto do VE+S foram
normalizados com o comprimento da tíbia (VE+S/T) e o peso corporal
(VE+S/PC). Sequencialmente, o VE foi separado do septo e seccionado em
amostras para análise, por microscopia de óptica (MO), da área de secção
transversa dos cardiomiócitos (AST) e da deposição de colagénio intersticial.
Amostras de VE foram também imediatamente congeladas a -80ºC para
posterior quantificação de mRNA de ET-1 por RT-PCR de acordo com
procedimentos que serão descritos posteriormente. O músculo gastrocnémio
direito foi colhido e pesado.
42
Análise histológica
O vértice do ventrículo esquerdo foi fixado com paraformaldeído 4%,
PBS 0,1 M, pH 7,2-7,4, com 2,5% de sacarose e glutaraldeído 0,1%, durante
24 horas, posteriormente desidratado em etanol, fixadas com xilol e embebidos
em parafina de acordo com procedimentos histológicos habituais. Após
embebição em parafina, seções destes tecidos processados foram cortados em
peças de aproximadamente 5 μm de espessura (Leica Microsystems, modelo
M2125) e montados em lâminas com revestimento de silano (Sigma, S4651-
72EA). Em seguida, foram colocadas durante aproximadamente 48 horas em
estufa com temperatura média de 35ºC para promover maior adesão do tecido
à lâmina. Após desparafinação em xilol e hidratação com etanol, as lâminas
foram coradas com hematoxilina e eosina seguindo os procedimentos
habituais. Para a quantificação do colagénio total utilizou-se um protocolo de
coloração com Sirius Red (0,5g/500ml de solução aquosa saturada de ácido
pícrico). Após contacto com solução de Sirius Red por aproximadamente duas
horas as lâminas foram lavadas em duas mudanças de água acidificada (5%
ácido acético) e posteriormente removido o excesso de água por agitação
vigorosa da lâmina. Logo após, os tecidos foram desidratados em três
mudanças de etanol a 100% e posteriormente colocados em xilol e, finalmente,
preparados em lamelas com DPX. Para análise morfológica dos cortes
transversais dos ventrículos, as lâminas coradas com hematoxilina e eosina ou
com Sirius Red foram fotografadas em microscópio óptico (Carl Zeiss) com a
objetiva de 40x. As fotografias foram digitalizadas e analisadas com o software
NIH ImageJ (Image Processing and Analysis in Java, USA). Foram
contabilizadas para área de secção transversa apenas cardiomiócitos
arredondados com núcleo centralmente localizado. Para cada grupo foram
contabilizadas as áreas de aproximadamente 968 cardiomiócitos. Para
quantificação do colagénio total foi utilizado o software Image Pro Plus 6. Para
cada coração processado foram contabilizados 10 fotografias, totalizando
aproximadamente 50 fotografias por grupo. A percentagem da área total
ocupada por colagênio foi mensurada através da quantificação da cores
designadas no software para a diferenciação entre colagénio, espaço
intersticial e fibra muscular.
43
Quantificação relativa de mRNA da endotelina-1
O mRNA total foi extraído de amostras do VE e procedeu-se à sua
quantificação relativa por transcrição reversa e reação em cadeia da
polimerase em tempo–real (Real-Time RT-PCR; Lightcycler-II, Roche) como
descrito previamente (10, 24, 25). O GAPDH foi usado como controlo interno e
os resultados são relativos às médias obtidas no grupo SED+V normalizadas
para o GAPDH, apresentados como número de vezes acima ou abaixo do
SED+V. Os pares de sondas (Tabela 1) foram concebidos com software
(DNAstarTM).
Fase 2
Para a realização do teste de tolerância ao esforço e avaliação
ecocardiográfica, um grupo adicional de 15 animais foi distribuido pelos grupos
SED+V (n=5), SED+MCT (n=5) e EX+MCT (n=5) e submetido aos respectivos
protocolos experimentais, anteriormente descritos.
Ecocardiograma
Quatro semanas após a injeção de MCT, os animais foram preparados
para avaliação ecocardiografica. A ecocardiografia transtorácica modo M,
bidimensional e Doppler foi realizada com um aparelho de ultrassom
(SequoiaAccuson C512), com um transdutor linear cardíaco de 15MHz. Os
ratos foram anestesiados por inalação de uma mistura de 4% de sevoflurano
com oxigénio, entubados para ventilação mecânica (frequência respiratória de
100 ciclos/min e volume de ar corrente de 1 mL/100 gr; Harvard
VentilatorModel Small Animal 683) e colocados sobre uma placa de
aquecimento para manter a temperatura coporal nos 37ºC. No plano
paraesternal foram obtidas imagens em modo M ao nível dos músculos
papilares para medições do septo interventricular (IVS), do diâmetro interno do
ventrículo esquerdo (LVID) e da parede livre do ventrículo esquerdo (LVFW)
em diástole (d) e emsístole (s). A massa ventricular esquerda (MVE) foi
44
determinada de acordo com a American Society ofEchocardiography guidelines
0.8{1.04[([LVIDd + IVSd+LVFWd]3 - LVIDd3)]} + 0.6. O índice de
excentricidade do ventrículo esquerdo foi definido como a razão entre o
comprimento de dois diâmetros perpendiculares do eixo menor, um dos quais
perpendicular ao septo interventricular, obtido no final da diástole (não medido
em sístole tal como já é conhecido que estamos a lidar com um modelo de
sobrecarga de pressão). O débito cardíaco foi obtido multiplicando o volume
sistólico pela frequência cardíaca/1000. O integral tempo da velocidade do
fluxo do trato de saída do VE (LVOT VTI) calculado no plano apical 5 câmaras
a nível do anel aortico. Para o cálculo do volume sistólico foi usada a seguinte
fórmula: π *(LVOTdiameter)2]/4)*LVOT VTI (58, 59).
Teste de tolerância ao esforço
Quarenta e oito horas após a avaliação ecocardiográfica, os animais
foram submetidos a um teste de tolerância ao esforço. O teste consistiu numa
corrida em tapete rolante a 20 m/min, sem inclinação, até à exaustão. A
exaustão foi definida como o momento a partir do qual os animais se
recusavam a correr, mesmo após receberem três choques elétricos
consecutivos.
Fase 3
Estudo da sobrevivência
Para efeitos do estudo da sobrevida, adicionalmente, 40 animais foram
divididos em SED+V (n=5), EX+V (n=5), SED+MCT (n=15), EX+MCT (n=15) e
submetidos aos respectivos protocolos experimentais anteriormente descritos.
Após terminarem as 4 semanas do protocolo, todos os animais permaneceram
sedentários, com movimentação restrita ao espaço da gaiola, durante mais 3
semanas (42º dia após administração de MCT), o qual foi considerado como
45
endpoint, sendo registrado o dia e o número de mortes para construção da
curva de sobrevivência.
Análise estatística
O teste Shapiro-Wilk foi utilizado para avaliar a normalidade dos dados.
Para os dados que não apresentaram normalidade em sua distribuição, foi
utilizado o teste de Kruskal-Wallis seguido pelo teste de Dunns. Os dados com
distribuição normal foram tratados com ANOVA II, seguido pelo Student Keuls
como post hoc. Os dados são apresentados em média ± desvio padrão. Para
análise da sobrevivência, foram efetuadas curvas de Kaplan-Meier e utilizado o
teste de Gehan-Breslow. O método de Holm-Sidak foi utilizado para
comparações múltiplas. A análise estatística foi efectuada com o programa
Graph Pad Prism (versão 6). Os resultados foram considerados
estatisticamente significativos quando P<0.05.
Resultados
Análise morfomética
A tabela 2 sumariza todos os parâmetros morfométricos analisados. Os
animais apresentaram uma diminuição no peso corporal de aproximadamente
20% no grupo SED+MCT e 6% no grupo EX+MCT em relação ao grupo
SED+V (P<0.05). Observou-se também uma redução do peso do músculo
gastrocnémius nos animais sedentários administrados com MCT (P<0.05 vs.
SED+V), também atenuado pelo exercício (P<0.05 vs. SED+MCT). Os
resultados referentes ao peso do VE sugerem que a MCT induziu atrofia da
parede ventricular nos animais do grupo SED+MCT (P<0.05 vs. SED+V)
enquanto os animais treinados, grupo EX+MCT, apresentaram atenução desta
perda de massa cardíaca (P<0.05 vs. SED+MCT). Estas diferenças não
atingiram significancia quando o VE+S foi normalizado para o comprimento da
tíbia.
46
Parâmetros hemodinâmicos em condições basais
Tal como mostra a tabela 3, a HAP induzida pela MCT comprometeu
significativamente a função cardíaca do VE nos animais sedentários. O grupo
SED+MCT apresentou diminuição significativa da FC (P<0.05 vs. SED+V)
sugerindo disfunção beta-adrenérgica. Foram observadas também alterações
marcadas em diversos parâmetros da função sistólica no grupo SED+MCT, tais
como redução do débito cardíaco (figura 3-C), da Pmax (±20%) e do dP/dtmax
(±30%; P<0.05 vs. SED+V). Os animais do grupo SED+MCT apresentaram
ainda uma diminuição significativa do dP/dtmín (±40%; P<0.05 vs. SED+V) bem
como da velocidade de relaxamento avaliada pela constante de tempo Tau
(aumentou em cerca de 30%; P<0.05 vs. SED+MCT). De notar que no grupo
EX+MCT todas estas alterações foram prevenidas (P<0.05 vs. SED+MCT).
Parâmetros hemodinâmicos em condições de stress
Em condições de sobrecarga aguda de pressão, induzida pela oclusão
abrupta da artéria aorta ascendente, o grupo SED+MCT apresentou um
importante comprometimeno da função diastólica. Especificamente, apresentou
uma redução de 30% no dP/dtmín (P<0.05 vs. SED+V) e aumento significativo
da constante de relaxamento Tau, de aproximadamente 45% (P<0.05 vs.
SED+V), sendo este revertido pelo treino físico (P<0.05 vs. SED+MCT). Os
resultados são apresentados na tabela 3.
Parâmetros histológicos e bioquímicos
A análise histologica do VE mostrou uma atrofia significativa nos
cardiomiócitos do grupo SED+MCT (P<0.05 vs. SED+V) verificado pela
diminuição da AST apresentada na figura 1. Nos animais exercitados foi
observada uma hipertrofia dos cardiomiócitos no grupo EX+MCT (P<0.05 vs.
SED+MCT). A atrofia foi acompanhada por um aumento da deposição de
colagénio no grupo SED+MCT em comparação a todos os restantes grupos
(P<0.05; figura 2). Por sua vez, nos animais do grupo EX+MCT, observou-se
47
que o treino atenuou a deposição de colagénio. Seguindo este padrão de
resposta, foi observado que os níveis de expressão génica do pepitídeo ET-1
no VE aumentaram significativamente no grupo SED+MCT (P<0.05 vs.
SED+V). Os grupos exercitados apresentam níveis normalizados (figura 3),
demonstrando que treinamento físico modula significativamente a expressão de
ET-1 (P<0.05 vs. SED+MCT).
Parâmetros ecocardiográficos
Como pode ser observado na figura 4, os animais do grupo SED+MCT
apresentaram uma severa alteração da geometria ventricular esquerda. Tal
como ilustram as imagens obtidas no eixo curto paraesternal (em tele-diastole),
os animais do grupo SED+MCT apresentam dilatação do VD, com o septo
interventricular a perder a sua convexidade e a abaular para o interior do VE. O
VE assume uma cavidade em forma de “D” e as suas dimensões encontram-se
reduzidas. Por sua vez, os animais EX+MCT apresentam atenuação destas
alterações.
Teste de tolerância ao esforço
Verificou-se uma significativa diminuição no tempo de corrida dos
animais do grupo SED+MCT (P<0.05 vs SED+V e EX+MCT), demonstrando
intolerância ao esforço. O grupo exercitado apresentou melhorias nos tempos
de corrida até a exaustão, com todos os animais a atingirem o tempo máximo
de corrida estabelecido de 110 minutos (figura 5).
Taxa de sobrevida dos animais com HPA
Durante o período de tempo em análise, não houve mortes no grupo
controle (SED+V). Após o 42º dia da administração de MCT, 73% dos animais
do grupo EX+MCT sobreviveram, sendo verificado uma melhoria significativa
48
na taxa de sobrevida comparativamente ao grupo SED+MCT (P<0.05). A
percentagem de sobrevivência apresentada pelos animais sedentários
administrados com MCT foi de apenas 13%, demonstrando a efetividade do
exercício físico em melhorar a taxa de sobrevivência (figura 6).
Discussão
Os resultados do presente estudo sugerem que o treino físico exerce um
efeito cardioprotetor em ratos com HAP induzida por MCT. Para além de
prevenir a disfunção cardíaca e normalizar o débito cardíaco, o treino físico
teve um impacto positivo na remodelação maladaptativa do VE atenuando a
atrofia dos cardiomiócitos, a deposição de colagénio e a activação neuro-
humoral. Verificámos também que o treino induziu uma melhoria da tolerância
ao esforço e aumentou a sobrevida dos animais.
A HPA é uma doença altamente mortal, que padece de terapeuticas
eficazes, e que apesar de sobrecarrregar seletivamente o VD, afeta também o
VE (21). Considerando a capacidade profilática e terapêutica que o exercício
físico exerce sobre inúmeras doenças crónicas, nomeadamente as
cardiovasculares, quisemos verificar qual o seu impacto ao nível da função
cardíaca esquerda em animais com HPA induzida pela MCT. Este modelo
experimental é um modelo amplamente usado para estudar as alterações
biventriculares e pulmonares da HPA (10, 21, 24, 25, 30, 38, 52). Até há bem
pouco tempo, o exercício físico era contra-indicado nos doentes acometidos
pela HPA, principalmente devido ao receio de comprometimento da função
cardiaca direita, já por si fragilizada e, consequentemente, aumentar o risco de
morte súbita (17). Contrariamente a esta ideia, estudos recentes realizados em
humanos e em ratos mostram que o exercício físico não agrava a remodelação
das artérias pulmonares ou a disfunção cardíaca do VD, melhora a capacidade
funcional, a função cardiorespiratória e a qualidade de vida (2, 3, 9, 11, 40). O
nosso trabalho experimental corrobora estes resultados, sugerindo igualmente
que a prática de exercício físico foi benéfica para os animais tratados com
49
MCT. Tal como previamente descrito (10, 38), os animais do grupo SED+MCT
apresentaram alterações do débito cardíaco, bem como de vários parâmetros
de contratilidade e relaxamento do VE. As alterações hemodinâmicas foram
observadas não só em condições basais mas também em condições de stress
induzidas pela elevação aguda e abrupta da pós-carga do VE. Por sua vez, nos
animais do grupo EX+MCT as alterações acima descritas foram prevenidas.
Os mecanismos subjacentes à disfunção do VE na HPA permanecem
por esclarecer, sendo a interdependencia ventricular uma das explicações mais
unanimes, onde as alterações geométricas das cavidades ventriculares
conjuntamente com a redução do enchimento do VE (unloading) acabam por
ter repercussões hemodinamicas nefastas sobre o VE (34, 50). Os nossos
resultados corroboram esta interpretação na medida em que apenas os
animais SED+MCT (que apresentaram disfunção do VE) possuiam um
aumento do índice de excentricidade e indícios de unloading, indiretamemte
aferido pela observação de redução da massa cardíaca e da atrofia dos
cardiomiócitos do VE. De notar que, no grupo EX+MCT, estas modificações
foram prevenidas. Para além de ser uma resposta expectável ao unloading, a
remodelação atrófica do VE tem sido por si só implicada com o
desenvolvimento de disfunção sistólica e diastólica do VE em doentes com
HPA (21). Apesar de alguma morte celular poder também ocorrer (41, 51), as
evidências mais fortes sugerem mesmo a atrofia dos cardiomiócitos (21, 31)
acompanhada pela reduzida síntese de proteinas estruturais, como as
miosinas de cadeia pesada (6), como sendo o principal factor responsável pela
diminuição da massa ventricular. Assim sendo, a prevenção das alterações
geométricas das cavidades ventriculares bem como da atrofia que observámos
nos animais do grupo EX+MCT poderão explicar, parcialmente, a melhor
funcionalidade cardíaca apresentada.
Evidências crescentes sugerem também que as alterações da
composição da matriz extracelular possam estar envolvidas na disfunção do VE
secundária à HPA severa (1, 10, 56). No nosso estudo encontrámos níveis
elevados de fibrose no VE dos animais SED+MCT. Aparentemente, esta
alteração não teve repercussões ao nível hemodinâmico uma vez que as
pressões telediastólicas basais e em condições isovolumétricas permaneceram
50
inalteradas, tal como anteriormente descrito (10, 37). Contudo, Lourenço et al.
(37), utilizando o mesmo modelo de HPA, descreveram alterações na relação
pressão-volume telediastólica, o qual é um parâmetro mais sensível para
avaliar a rigidez do micárdio. Para além de poder afetar a rigidez do miocárdio,
a fibrose favorece o aparecimento de arrítmias e prejudica a difusão do
oxigénio até aos cardiomiócitos, podendo assim aumentar a susceptibilidade
para o desenvolvimento da insuficiencia cardíaca. (5, 13, 22) Nos animais
EX+MCT, por sua vez, observámos que o treino foi capaz de prevenir o
aumento de fibrose, o que poderá ser explicado em parte pelo seu efeito anti-
neurohumoral (7) e anti-inflamatório (42). De facto, no nosso estudo, os
animais EX+MCT apresentaram baixos níveis de expressão de ET-1
comparativamente os SED+MCT, sugerindo então que o exercício físico
modulou a activação neurohumoal. Para além do seu potencial em favorecer a
ativação dos fibroblastos e consequente formação de fibrose (53), a ET-1
parece também exercer um efeito deletério direto na função cardíaca (26, 38,
44). Esta relação direta foi previamente demonstrada em modelos de HP, com
a administração de antagonistas de ET-1 a resultarem numa melhoria na
funcionalidade ventricular esquerda e na inibição da ET-1 produzida localmente
nos miócitos do VE (27, 38). O efeito na contractilidade e relaxamento do
miocárdio acima descritos parecem ser mediados por disturbios da
homeostasia do Ca2+ (8) bem como pelo favorecimento da expressão da
isoforma beta das cadeias pesadas de miosina (MHC-beta) (14). De notar que
já se demonstrou noutros modelos de insuficiencia cardíaca esquerda que o
exercício físico consegue normalizar estas duas alterações (28, 47, 49).
A diminuição de tolerância ao esforço representa um dos fatores de valor
prognóstico mais relevante para a morte ou internamento em doentes com
disfunção cardíaca secundária à hipertensão pulmonar ou doença cardíaca
congénita (19). No presente estudo, demostrámos também claramente que o
treino aeróbio aumentou a tolerância ao esforço bem como a sobrevida. O
fenótipo cardíaco observado nos animais treinados poderá ter sido um dos
principais factores a considerar para a melhoria da sobrevida. O aumento da
performance no teste de esforço poderá resultar, para além das melhorias
centrais, de importantes alterações periféricas, nomeadamente ao nível
51
muscular. Especula-se que baixos níveis de atividade dos músculos
esqueléticos juntamente com uma diminuição do débito cardíaco secundária à
doença (21), contribuam para uma redução no aporte de oxigénio para os
músculos esqueléticos e conduzam a alterações fisiopatológicas nefastas tais
como a atrofia muscular esquelética e a redução de sua capacidade oxidativa
(4, 57). Contrariamente aos animais EX+MCT, os animais SED+MCT
apresentaram atrofia muscular esquelética, constatada pelo peso dos
gastrocnêmios, e dimininuição do débito cardíaco. Estudos em doentes com
HPA bem como portadores de IC de outra etiologia sugerem que os efeitos
benéficos do exercício físico regular se devem também à melhoria da eficiência
múscular esquelética, ao aumento da densidade capilar e a melhoria na
actividade enzimática oxidativa (11, 32, 55).
Conclusão
Os resultados do presente estudo sugerem que a realização de exercício
físico regular durante o desenvolvimento da HPA poderá previnir a disfunção
cardíaca do VE secundária à HPA induzida pela MCT, aumentar a tolerância ao
esforço e melhorar a sobrevida. As melhorias observadas poderão dever-se à
prevenção da deformação da geometria das cavidades vetriculares, da atrofia,
da acumulação de fibrose e da ativação neurohumoral.
Agradecimentos
Este estudo foi financiado pela Fundação para a Ciência e a
Tecnologia através do projeto PTDC/DES/104567/2008.
52
Referencial Bibliográfico
1. Akhavein F, St.-Michel EJ, Seifert E, and Rohlicek CV. Decreased left ventricularfunction, myocarditis, and coronary arteriolar medial thickening following monocrotaline administration in adult rats. Journal of Applied Physiology 103: 287-295, 2007. 2. Arena R. Exercise testing and training in chronic lung disease and pulmonary arterialhypertension. Progress in cardiovascular diseases 53: 454-463, 2011. 3. Babu AS, Padmakumar R, and Maiya AG. A review of ongoing trials in exercise basedrehabilitation for pulmonary arterial hypertension. Indian Journal of Medical Research 137: 900-906, 2013. 4. Barmeyer A, Müllerleile K, Mortensen K, and Meinertz T. Diastolic dysfunction inexercise and its role for exercise capacity. Heart failure reviews 14: 125-134, 2009. 5. Bernardo BC, Weeks KL, Pretorius L, and McMullen JR. Molecular distinction betweenphysiological and pathological cardiac hypertrophy: experimental findings and therapeutic strategies. Pharmacology & therapeutics 128: 191, 2010. 6. Bogaard HJ, Abe K, Noordegraaf AV, and Voelkel NF. The right ventricle underpressurecellular and molecular mechanisms of right-heart failure in pulmonary hypertension. CHEST Journal 135: 794-804, 2009. 7. Braith RW, Welsch MA, Feigenbaum MS, Kluess HA, and Pepine CJ. Neuroendocrineactivation in heart failure is modified by endurance exercise training. Journal of the American College of Cardiology 34: 1170-1175, 1999. 8. BRÁS-SILVA C, and LEITE-MOREIRA AF. Efeitos Miocárdicos da Endotelina-1 [68]. RevPort Cardiol 27: 925-951, 2008. 9. Chan L, Kennedy M, Woolstenhulme JG, Nathan SD, Weinstein AA, Connors G, WeirNA, Drinkard B, Lamberti J, and Keyser RE. Benefits of intensive treadmill exercise training on cardiorespiratory function and quality of life in patients with pulmonary hypertension. CHEST 143: 333-343, 2013. 10. Correia-Pinto J, Henriques-Coelho T, Roncon-Albuquerque R, Lourenço A, Melo-Rocha G, Vasques-Nóvoa F, Gillebert T, and Leite-Moreira A. Time course and mechanisms of left ventricular systolic and diastolic dysfunction in monocrotaline-induced pulmonary hypertension. Basic Research in Cardiology 104: 535-545, 2009. 11. De Man F, Handoko M, Groepenhoff H, van't Hul A, Abbink J, Koppers R, GrotjohanH, Twisk J, Bogaard H, and Boonstra A. Effects of exercise training in patients with idiopathic pulmonary arterial hypertension. European Respiratory Journal 34: 669, 2009. 12. Depre C, Davies PJ, and Taegtmeyer H. Transcriptional adaptation of the heart tomechanical unloading. The American journal of cardiology 83: 58-63, 1999. 13. Dhesi P, Tehrani F, Fuess J, and Schwarz ER. How does the heart (not) die? The role ofautophagy in cardiomyocyte homeostasis and cell death. Heart failure reviews 15: 15-21, 2010. 14. Dorn G, Robbins J, Ball N, and Walsh RA. Myosin heavy chain regulation and myocytecontractile depression after LV hypertrophy in aortic-banded mice. American Journal of Physiology-Heart and Circulatory Physiology 267: H400-H405, 1994. 15. Drake JI, Bogaard HJ, Mizuno S, Clifton B, Xie B, Gao Y, Dumur CI, Fawcett P, VoelkelNF, and Natarajan R. Molecular Signature of a Right Heart Failure Program in Chronic Severe Pulmonary Hypertension. Am J Respir Cell Mol Biol 2010-0412OC, 2011. 16. Falcao-Pires I, Goncalves N, Henriques-Coelho T, Moreira-Goncalves D, Roncon-Albuquerque R, Jr., and Leite-Moreira AF. Apelin decreases myocardial injury and improves right ventricular function in monocrotaline-induced pulmonary hypertension. Am J Physiol Heart Circ Physiol 296: H2007-2014, 2009. 17. Gaine SP, and Rubin LJ. Primary pulmonary hypertension. Lancet 352: 719, 1998.
53
18. Galiè N, Hoeper MM, Humbert M, Torbicki A, Vachiery J-L, Barbera JA, Beghetti M,Corris P, Gaine S, and Gibbs JS. Guidelines for the diagnosis and treatment of pulmonary hypertension The Task Force for the Diagnosis and Treatment of Pulmonary Hypertension of the European Society of Cardiology (ESC) and the European Respiratory Society (ERS), endorsed by the International Society of Heart and Lung Transplantation (ISHLT). European heart journal 30: 2493-2537, 2009. 19. Haddad F, Doyle R, Murphy DJ, and Hunt SA. Right ventricular function incardiovascular disease, part II: pathophysiology, clinical importance, and management of right ventricular failure. Circulation 117: 1717-1731, 2008. 20. Hamilton KL, Staib JL, Phillips T, Hess A, Lennon SL, and Powers SK. Exercise,antioxidants, and HSP72: protection against myocardial ischemia/reperfusion. Free Radical Biology and Medicine 34: 800-809, 2003. 21. Hardziyenka M, Campian ME, Reesink HJ, Surie S, Bouma BJ, Groenink M, KlemensCA, Beekman L, Remme CA, and Bresser P. Right Ventricular Failure Following Chronic Pressure Overload Is Associated With Reduction in Left Ventricular MassEvidence for Atrophic Remodeling. Journal of the American College of Cardiology 57: 921-928, 2011. 22. Harvey PA, and Leinwand LA. The cell biology of disease: cellular mechanisms ofcardiomyopathy. J Cell Biol 194: 355-365, 2011. 23. Henriques-Coelho T, Correia-Pinto J, Roncon-Albuquerque R, Baptista MJ, Louren√ßoAP, Oliveira SlM, Brand√£o-Nogueira A, Teles An, Fortunato JM, and Leite-Moreira AF. Endogenous production of ghrelin and beneficial effects of its exogenous administration in monocrotaline-induced pulmonary hypertension. American Journal of Physiology - Heart and Circulatory Physiology 287: H2885-H2890, 2004. 24. Henriques-Coelho T, Oliveira SM, Moura RS, Roncon-Albuquerque R, Jr., Neves AL,Santos M, Nogueira-Silva C, La Fuente Carvalho F, Brandao-Nogueira A, Correia-Pinto J, and Leite-Moreira AF. Thymulin Inhibits Monocrotaline-Induced Pulmonary Hypertension Modulating Interleukin-6 Expression and Suppressing p38 Pathway. Endocrinology 149: 4367-4373, 2008. 25. Henriques-Coelho T, Roncon-Albuquerque Junior R, Lourenco AP, Baptista MJ,Oliveira SM, Brandao-Nogueira A, Correia-Pinto J, and Leite-Moreira AF. Ghrelin reverses molecular, structural and hemodynamic alterations of the right ventricle in pulmonary hypertension. Rev Port Cardiol 25: 55-63, 2006. 26. Ito H, Hirata Y, Adachi S, Tanaka M, Tsujino M, Koike A, Nogami A, Murumo F, andHiroe M. Endothelin-1 is an autocrine/paracrine factor in the mechanism of angiotensin II-induced hypertrophy in cultured rat cardiomyocytes. Journal of Clinical Investigation 92: 398, 1993. 27. Jasmin J-F, Lucas M, Cernacek P, and Dupuis J. Effectiveness of a nonselective ETA/Band a selective ETA antagonist in rats with monocrotaline-induced pulmonary hypertension. Circulation 103: 314-318, 2001. 28. Jin H, Yang R, Li W, Lu H, Ryan AM, Ogasawara AK, Van Peborgh J, and Paoni NF.Effects of exercise training on cardiac function, gene expression, and apoptosis in rats. American Journal of Physiology - Heart and Circulatory Physiology 279: H2994-H3002, 2000. 29. Jónsdóttir S, Andersen KK, Sigurðsson AF, and Sigurðsson SB. The effect of physicaltraining in chronic heart failure. European journal of heart failure 8: 97-101, 2006. 30. Kasahara Y, Kiyatake K, Tatsumi K, Sugito K, Kakusaka I, Yamagata S-i, Ohmori S,Kitada M, and Kuriyama T. Bioactivation of Monocrotaline by P-450 3A in Rat Liver. Journal of Cardiovascular Pharmacology 30: 124-129, 1997. 31. Klein I, Ojamaa K, Samarel AM, Welikson R, and Hong C. Hemodynamic regulation ofmyosin heavy chain gene expression. Studies in the transplanted rat heart. Journal of Clinical Investigation 89: 68, 1992.
54
32. Lampert E, Mettauer B, Hoppeler H, Charloux A, Charpentier A, and Lonsdorfer J.Skeletal muscle response to short endurance training in heart transplant recipients. Journal of the American College of Cardiology 32: 420-426, 1998. 33. Lawler JM, Powers SK, Hammeren J, and Martin AD. Oxygen cost of treadmill runningin 24-month-old Fischer-344 rats. Medicine and science in sports and exercise 25: 1259-1264, 1993. 34. Lazar JM, Flores AR, Grandis DJ, Orie JE, and Schulman DS. Effects of chronic rightventricular pressure overload on left ventricular diastolic function. The American journal of cardiology 72: 1179-1182, 1993. 35. LeMaitre JP, Harris S, Fox KA, and Denvir M. Change in circulating cytokines after 2forms of exercise training in chronic stable heart failure. American heart journal 147: 100-105, 2004. 36. Lisy O, Redfield MM, Jovanovic S, Jougasaki M, Jovanovic A, Leskinen H, Terzic A, andBurnett Jr JC. Mechanical unloading versus neurohumoral stimulation on myocardial structure and endocrine function in vivo. Circulation 102: 338-343, 2000. 37. Lourenço A, Vasques-Nóvoa F, Oliveira-Pinto J, Fontoura D, Roncon-Albuquerque R,Jr., and Leite-Moreira A. Haemodynamic and neuroendocrine effects of tezosentan in chronic experimental pulmonary hypertension. Intensive Care Med 38: 1050-1060, 2012. 38. Lourenço AP, Roncon-Albuquerque R, Brás-Silva C, Faria B, Wieland J, Henriques-Coelho T, Correia-Pinto J, and Leite-Moreira AF. Myocardial dysfunction and neurohumoral activation without remodeling in left ventricle of monocrotaline-induced pulmonary hypertensive rats. American Journal of Physiology-Heart and Circulatory Physiology 291: H1587-H1594, 2006. 39. Lumens J, and Delhaas T. Cardiovascular modeling in pulmonary arterial hypertension:focus on mechanisms and treatment of right heart failure using the CircAdapt model. The American Journal of Cardiology 110: S39-S48, 2012. 40. Mereles D, Ehlken N, Kreuscher S, Ghofrani S, Hoeper MM, Halank M, Meyer FJ,Karger G, Buss J, and Juenger J. Exercise and respiratory training improve exercise capacity and quality of life in patients with severe chronic pulmonary hypertension. Circulation 114: 1482-1489, 2006. 41. Narula J, Pandey P, Arbustini E, Haider N, Narula N, Kolodgie FD, Dal Bello B,Semigran MJ, Bielsa-Masdeu A, and Dec GW. Apoptosis in heart failure: release of cytochrome c from mitochondria and activation of caspase-3 in human cardiomyopathy. Proceedings of the National Academy of Sciences 96: 8144-8149, 1999. 42. Nunes RB, Tonetto M, Machado N, Chazan M, Heck TG, Veiga ABG, and Dall'Ago P.Physical exercise improves plasmatic levels of IL-10, left ventricular end-diastolic pressure, and muscle lipid peroxidation in chronic heart failure rats. Journal of Applied Physiology 104: 1641-1647, 2008. 43. Passino C, Severino S, Poletti R, Piepoli MF, Mammini C, Clerico A, Gabutti A, Nassi G,and Emdin M. Aerobic training decreases B-type natriuretic peptide expression and adrenergic activation in patients with heart failure. Journal of the American College of Cardiology 47: 1835-1839, 2006. 44. Pieske B, Beyermann B, Breu V, Löffler BM, Schlotthauer K, Maier LS, Schmidt-Schweda S, Just H, and Hasenfuss G. Functional effects of endothelin and regulation of endothelin receptors in isolated human nonfailing and failing myocardium. Circulation 99: 1802-1809, 1999. 45. Powers SK, Criswell D, Lawler J, Martin D, Lieu F, Ji L, and Herb RA. Rigorous exercisetraining increases superoxide dismutase activity in ventricular myocardium. American Journal of Physiology-Heart and Circulatory Physiology 265: H2094-H2098, 1993. 46. Powers SK, Lennon SL, Quindry J, and Mehta JL. Exercise and cardioprotection.Current opinion in cardiology 17: 495-502, 2002.
55
47. Rafalski K, Abdourahman A, and Edwards JG. Early adaptations to training:upregulation of alpha-myosin heavy chain gene expression. Medicine & Science in Sports & Exercise 39: 75-82, 2007. 48. Redout EM, van der Toorn A, Zuidwijk MJ, van de Kolk CW, van Echteld CJ, MustersRJ, van Hardeveld C, Paulus WJ, and Simonides WS. Antioxidant treatment attenuates pulmonary arterial hypertension-induced heart failure. Am J Physiol Heart Circ Physiol 298: H1038-1047, 2010. 49. Rolim NP, Medeiros A, Rosa KT, Mattos KC, Irigoyen MC, Krieger EM, Krieger JE,Negrão CE, and Brum PC. Exercise training improves the net balance of cardiac Ca2+ handling protein expression in heart failure. Physiological genomics 29: 246-252, 2007. 50. Santamore WP, and Dell'Italia LJ. Ventricular interdependence: significant leftventricular contributions to right ventricular systolic function. Progress in cardiovascular diseases 40: 289-308, 1998. 51. Schena S, Kurimoto Y, Fukada J, Tack I, Ruiz P, Pang M, Striker LJ, Aitouche A, andPham SM. Effects of ventricular unloading on apoptosis and atrophy of cardiac myocytes< sup> 1</sup>. Journal of Surgical Research 120: 119-126, 2004. 52. Schultze AE, and Roth RA. Chronic pulmonary hypertension-the monocrotaline modeland involvement of the hemostatic system. Journal of Toxicology and Environmental Health, Part B: Critical Reviews 1: 271 - 346, 1998. 53. Seccia TM, Belloni AS, Kreutz R, Paul M, Nussdorfer GG, Pessina AC, and Rossi GP.Cardiac fibrosis occurs early and involves endothelin and AT-1 receptors in hypertension due to endogenous angiotensin II. Journal of the American College of Cardiology 41: 666-673, 2003. 54. Tanasescu M, Leitzmann MF, Rimm EB, Willett WC, Stampfer MJ, and Hu FB. Exercisetype and intensity in relation to coronary heart disease in men. JAMA: the journal of the American Medical Association 288: 1994-2000, 2002. 55. Ventura-Clapier R, Mettauer B, and Bigard X. Beneficial effects of endurance trainingon cardiac and skeletal muscle energy metabolism in heart failure. Cardiovascular research 73: 10-18, 2007. 56. Visner MS, Arentzen CE, Crumbley AJ, Larson EV, O'Connor MJ, and Anderson RW.The effects of pressure-induced right ventricular hypertrophy on left ventricular diastolic properties and dynamic geometry in the conscious dog. Circulation 74: 410-419, 1986. 57. Yasunobu Y, Oudiz RJ, Sun X-G, Hansen JE, and Wasserman K. End-tidal PCO2abnormality and exercise limitation in patients with primary pulmonary hypertension. CHEST Journal 127: 1637-1646, 2005.
58. Ryan T, Petrovic O, Dillon JC, Feigenbaum H, Conley MJ, and Armstrong WF. AnEchocardiographic Index for Separation of Right Ventricular Volume and Pressure Overload. Journal of the American College of Cardiology 5: 918-924, 1985. 59. Sahn DJ, Demaria A, Kisslo J, and Weyman A. Recommendations RegardingQuantitation in M-Mode Echocardiography - Results of a Survey of Echocardiographic Measurements. Circulation 58: 1072-1083, 1978.
56
Legenda das Figuras:
Figura 1: Fotografias de microscopia ótica (coloração com hematoxilina-eosina) e resultados
da área de secção transversal dos cardiomiócitos do VE nos grupos sedentário com veículo
(SED+V), sedentário com monocrotalina (SED+MCT), exercitado com veículo (EX+V) e
exercitado com monocrotalina (EX+MCT). Os dados são apresentados como média±desvio
padrão. *P<0.05 vs. SED+V; †P<0.05 vs. SED+MCT; ‡P<0.05 vs. EX+V.
Figura 2: Fotografias de microscopia ótica (coloração com Sirius Red) e resultados da
quantificação do colagénio intersticial (% da área) nos grupos sedentário com veículo (SED+V),
sedentário com monocrotalina (SED+MCT), exercitado com veículo (EX+V) e exercitado com
monocrotalina (EX+MCT). Os dados são apresentados como média±desvio padrão. *P<0.05
vs. SED+V; †P<0.05 vs. SED+MCT; ‡P<0.05 vs. EX+V.
Figura 3: Resultados da relação de mRNA da endotelina-1 (ET-1) e da gliceraldeído 3-
fosfato desidrogenase (GAPDH) nos grupos sedentário com veículo (SED+V), sedentário com
monocrotalina (SED+MCT), exercitado com veículo (EX+V) e exercitado com monocrotalina
(EX+MCT). Os dados são apresentados como média±desvio padrão. *P<0.05 vs. SED+V;
†P<0.05 vs. SED+MCT; ‡P<0.05 vs. EX+V.
Figura 4: Fotografias da avaliação ecocardiográfica (A) e resultados do índice de
excentricidade (B) e do débito cardíaco (C) nos grupos sedentário com veículo (SED+V),
sedentário com monocrotalina (SED+MCT) e exercitado com monocrotalina (EX+MCT). Os
dados são apresentados como média±desvio padrão.*P<0.05 vs. SED+V; †P<0.05 vs.
SED+MCT; ‡P<0.05 vs. EX+V.
Figura 5: Resultados do teste de tolerância ao esforço nos grupos sedentário com veículo
(SED+V), sedentário com monocrotalina (SED+MCT) e exercitado com monocrotalina
(EX+MCT). Os dados são apresentados como média±desvio padrão. *P<0.05 vs. SED+V;
†P<0.05 vs. SED+MCT; ‡P<0.05 vs. EX+V.
Figura 6: Resultados da taxa de sobrevida nos grupos sedentário com veículo (SED+V),
sedentário com monocrotalina (SED+MCT) e exercitado com monocrotalina (EX+MCT). Os
dados são apresentados como média±desvio padrão*P<0.05 vs. SED+V; †P<0.05 vs.
SED+MCT; ‡P<0.05 vs. EX+V.
57
Tabela 1: Sondas utilizados na quantificação de mRNA em tempo-real por RT-PCR
Gene Sequência 5’→ 3’
GAPDH fw: TGG CCT TCC GTG TTC CTA CCC
rev: CCG CCT GCT TCA CCA CCT TCT
ET-1 fw: CGG GGC TCT GTA GTC AAT GTG
rev: CCA TGC AGA AAG GCG TAA AAG
GAPDH: gliceraldeído 3-fosfato desidrogenase; ET-1: endotelina 1; fw: forward; rev:
reverse
Tabela 2: Parâmetros morfométricos (média±desvio padrão) avaliados nos grupos sedentário
com veículo (SED+V), sedentário com monocrotalina (SED+MCT), exercitado com veículo
(EX+V) e exercitado com monocrotalina (EX+MCT).
SED+V EX+V SED+MCT EX+MCT
MC (g) 343±0,013 323±0,025 275±0,020* 320±0,020†
PC (g) 0.8345±0.098 0,9309±0.069 0,9895±0,085* 1,053±0,104*‡
PGast (g) 2,131±0,1627 2,068±0,1994 1,795±0,1319* 2,084±0,1630†
PC/Tíbia (g/cm) 0,2249±0,011 0,2439±0,019 0,2643±0,024 0,2301±0,104
VE+S (g) 0,6166±0,049 0,6162±0,046† 0,5588±0,036* 0,6203±0,60†
VE/T (g/cm) 0,1588±0,012 0,1603±0,012 0,1492±0.010 0,1601±0,015
MC: massa corporal; PC: peso do coração; PC/Tíbia: peso do coração/tíbia; VE+S: ventrículo esquerdo+sépto; VE/T: ventrículo esquerdo/tíbia; PGast: peso dos gastrocnêmios; *P<0.05 vs SED+V; †P<0.05 vs SED+MCT; ‡P<0.05 vs EX+V.
58
Tabela 3: Parâmetros hemodinâmicos (média±desvio padrão) avaliados nos grupos
sedentário com veículo (SED+V), sedentário com monocrotalina (SED+MCT), exercitado com
veículo (EX+V) e exercitado com monocrotalina (EX+MCT), em condições basais e
isovolumétricas.
SED+V EX+V SED+MCT EX+MCT
Condições Basais
FC (bpm) 399,6±26,5 389,0±32,2 330,1±54,2* 376,2±50,7†
PVEmax(mmHg) 114,2±15,4 121,4±18,1 92,74±19,2* 101,7±13,4‡
dP/dtmax(mmHg/s) 7765±1678 7228±1233 5633±2078* 6204±1162
dP/dtmín(mmHg/s) -8925±2069 -8613±940 -5315±2692* -7059±1800
tau(ms) 8,75±0,9 10,59±2,3 12,33±3,1* 10,22±1,4†
Condições Isovolumétricas
PVEmax(mmHg) 169,7±9,4 164,7±10,4 151,0±22,8 188,7±17,5†‡
dP/dtmax(mmHg/s) 7260±946,6 7971±3079 5364±1769 7043±1198
dP/dtmín(mmHg/s) -7002±2465 -6718±2600 -4425±1852* -5654±1047
tau(ms) 9,5±0,9 13,1±1,7 16,9±4,3* 11,3±1,8†
FC: frequência cardíaca; PVEmax: pressão sistólica máxima; dP/dtmáx: velocidade de elevação de pressão; dP/dtmín: velocidade de queda de pressão; tau: velocidade de relaxamento; *P<0.05 vs. SED+V; †P<0.05 vs. SED+MCT; ‡P<0.05 vs. EX+V.
59
Figura 1
Figura 2
60
Figura 3
Figura 4
S E D + V E X + V S E D + M C T E X + M C T
0
2
4
6
8
1 0
VE
ET
-1/G
AP
DH
mR
NA
(u
.a)
*
†
61
Figura 5
Figura 6
0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0
0
2 0
4 0
6 0
8 0
1 0 0
E X + M C T
S E D + M C T
S E D + C o n tro l
*
†
†
D ia s a p ó s a d m in is tra ç ã o d a M C T
Pe
rce
ntu
al
de
so
bre
viv
ên
cia
0 5 0 1 0 0 1 5 0
EX
+M
CT
SE
D+
MC
TS
ED
+V
T e m p o a té e x a u s tã o (m in )
*
†Te
ste
de
Es
forç
o
63
Secção 4
Conclusões Gerais
65
Baseados na revisão da literatura efetuada e nos resultados encontrados no
nosso estudo, podemos ressaltar as seguintes conclusões:
1. A atual literatura, de facto, demonstra a mudança de paradgma na
utilização terapêutica de diferentes tipos de programas de teino na HAP
e nas cardiopatias subsequentes, reconhecendo que o exercício físico
regular é capaz de induzir um efeito protetor a estes pacientes, embora
maiores pesquisas sejam necessárias para prescrição adequada e
segura do exercício.
2. O programa de treino físico não exerceu um impacto negativo na
progressão e agravamento da HAP;
3. O programa de treino físico modulou as alterações estruturais (indice de
exentricidade), a atrofia ventricular esquerda, assim como a deposição
de colagénio e a ativação neuro-humoral, nomeadamente os níveis
locais de ET-1;
4. Os parâmetros hemodinâmicos sistólicos e diastólicos foram
melhorados pelo programa de treino físico, demonstrando a atuação
positiva na disfuncionalidade do VE;
5. O programa de treino físico reverteu a intolerância ao exercício e
aumentou significativamente a sobrevida dos animais;
As conclusões do presente estudo corroboram com as atuais evidências de
que o exercício físico não é prejudicial na HAP. Adicionalmente, podemos
concluir que as principais alterações no VE decorrentes da doença podem ser
moduladas positivamente pelo exercício físico regular.