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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
BEATRIZ DE SOUZA PEREIRA
COMPARAÇÃO ENTRE O SISTEMA DE HIDRANTES E O SISTEMA DE
MANGOTINHOS:
CONFORME EXIGÊNCIAS DA IN 007/2017 – CBMSC PARA USO EM
EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS PRIVATIVAS MULTIFAMILIARES
Palhoça
2019
BEATRIZ DE SOUZA PEREIRA
COMPARAÇÃO ENTRE O SISTEMA DE HIDRANTTES E O SISTEMA DE
MANGOTINHOS:
CONFORME EXIGÊNCIAS DA IN 007/2017 – CBMSC PARA USO EM
EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS PRIVATIVAS MULTIFAMILIARES.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Engenheira Civil.
Orientador: Roberto de Melo Rodrigues
Palhoça
2019
À minha família, pоr sua capacidade dе
acreditar еm mіm е investir еm mim, que
cоm muito carinho е apoio, nãо mediram
esforços para qυе еυ chegasse аté esta
etapa dе minha vida. Ao Curso de
Engenharia Civil dа Universidade do Sul de
Santa Catarina, е às pessoas com quem
convivi nesses espaços ао longo desses
anos.
AGRADECIMENTOS
A todos os professores, que compartilharam seus conhecimentos comigo,
meu muito obrigada. Não posso deixar de agradecer em especial o meu orientador,
Roberto de Melo Rodrigues, pelo emprenho dedicado à elaboração deste trabalho,
por todo apoio e paciência. A banca examinadora, composta pelo Professor Antônio
Victorino Ávila, Msc e pela Engenheira Civil Marina Fiori, obrigada por disponibilizarem
o tempo de vocês e por participarem de um momento com tamanha importância.
Agradeço à minha mãe Eloiza de Souza, heroína que me deu a vida e
batalhou muito para me oferecer uma educação de qualidade. Obrigada por seu amor
infinito! Ao meu pai, Vânio Vilmar Pereira, que sempre acreditou no meu potencial e
me ensinou valores importantes que contribuíram com a minha educação. Ao meu
irmão, Vinícius Fernandes de Souza Pereira, apesar dos conflitos sei que sempre
torce por mim.
Meu muito obrigada aos meus avós, Sandra Maria Fernandes de Souza e
Osni de Souza, responsáveis por tornar tudo possível, que em muitos momentos
foram meus pais. Cuidaram de mim com todo o carinho e me deram amor
incondicional. Sem vocês nada seria possível!
Aos meus bisavôs, Celina Albano Fernandes e João Fernandes (in
memoriam), que por muito cuidaram de mim com todo o amor e me ensinaram valores
e virtudes os quais contribuíram para a constituição do meu caráter. Vocês fazem
parte de mim e sempre serão lembrados.
A minha tia, Giani Fernandes de Souza Silva, por sempre ter se preocupado
comigo e com a minha educação. Por muitos momentos me tratou como filha e me
proporcionou muitas coisas até aqui. Muito obrigada!
Ao meu namorado, Mateus Rosa Tabalipa, por estar ao meu lado durante
toda a minha graduação e durante toda a elaboração deste trabalho. Obrigada por
toda atenção, cuidado, amor e carinho. Por sempre me dar suporte nos momentos
difíceis, por me ouvir e me compreender. Obrigada por ser meu companheiro de vida!
Sem você, tudo seria mais difícil.
A todos os meus familiares, que nоs momentos dе minha ausência
dedicados ао estudo, sеmprе fizeram entender qυе о futuro é feito а partir dа
constante dedicação nо presente. Todos vocês fazem parte de mim e moram no meu
coração!
RESUMO
A pesquisa realizada neste trabalho pretende elaborar um comparativo entre os
sistemas hidráulicos de combate a incêndio por hidrantes e por mangotinhos. Para
embasar a pesquisa foi elaborada uma caracterização acerca dos conceitos
relacionados ao fogo, bem como os critérios normativos a respeito dos sistemas
abordados. Para a composição do comparativo referente ao dimensionamento dos
dois sistemas, todas as bibliografias, equações e parâmetros pré-estabelecidos foram
devidamente apresentados. A elaboração do dimensionamento dos sistemas teve em
vista constatar a eficiência de ambos no combate ao incêndio, por meio dos valores
encontrados para as vazões e pressões, assim como a altura do reservatório elevado
e o volume da reserva técnica de incêndio. Findado os cálculos, pode-se constatar
notáveis diferenças entre os dois sistemas. A pressão nos mangotinhos é
consideravelmente mais alta do que nos hidrantes, assim como a vazão nos hidrantes
é maior que nos mangotinhos. Houve uma diferença considerável no volume da
reserva técnica de incêndio dos sistemas e ocorreu a necessidade de utilização de
uma bomba de incêndio no sistema de mangotinhos. Dessa forma, foi possível apontar
as vantagens e desvantagens em ambos. Por fim, constatou que os dois sistemas são
vantajosos, dependendo do ponto de vista observado.
Palavras-chave: Sistema hidráulico preventivo. Hidrantes. Mangotinhos.
ABSTRACT
The research carried out in this work intends to elaborate a comparison between the
systems hydraulics of fire fighting by hydrants and by hose reel. To support the
research, a characterization was elaborated about the concepts related to fire, as well
as the normative criteria regarding the systems approached. For the composition of
the comparative referring to the sizing of both systems, all pre-established
bibliographies, equations and parameters were duly presented. The elaboration of the
sizing of the systems had in view to verify the efficiency of both in the fight against the
fire, through the values found for the flows rate and pressures, as well as the height of
the reservoir and the volume of the fire technical reserve. Once the calculations have
been completed, there are notable differences between the two systems. The pressure
in the hose reel is considerably higher than in the hydrants, just as the flow rate in the
hydrants is greater than in the hose reel. There was a considerable difference in the
volume of the fire technical reserve of the systems and there was a need to use a fire
pump in the hose reel system. In this way, it was possible to point out the advantages
and disadvantages in both. Finally, found that the two systems are advantageous,
depending on the observed point of view.
Keywords: Preventive hydraulics. Hydrant. Hose reel.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Triângulo do fogo e quadrado do fogo ...................................................... 19
Figura 2 - Propagação do fogo por convecção.......................................................... 21
Figura 3 - Propagação do fogo por irradiação ........................................................... 21
Figura 4 - Classes de incêndio .................................................................................. 23
Figura 5 - Extintores portáteis ................................................................................... 26
Figura 6 - Extintores sobre rodas .............................................................................. 27
Figura 7 – Hidrante para o sistema tipo I, com porta do abrigo em vidro temperado 39
Figura 8 – Hidrante para o sistema tipo I, com porta do abrigo na cor vermelha. ..... 40
Figura 9 – Hidrante de recalque aparente. ................................................................ 41
Figura 10 – Hidrante de recalque embutido. ............................................................. 42
Figura 11 – Hidrante de recalque dentro de abrigo. .................................................. 42
Figura 12 – Abrigo horizontal de mangueiras para mangotinhos .............................. 48
Figura 13 – Abrigo vertical de mangueiras para mangotinhos .................................. 49
Figura 14 – Esquema hidrantes em funcionamento simultâneo. ............................... 56
Figura 15 – Altura entre o fundo do reservatório e o hidrante hidraulicamente mais
desfavorável. ............................................................................................................. 58
Figura 16 – Volume da RTI para o sistema de hidrantes. ......................................... 59
Figura 17 – Esquema vertical do sistema hidráulico preventivo por hidrantes. ......... 60
Figura 18 – Esquema mangotinhos em funcionamento simultâneo. ......................... 61
Figura 19 – Volume da RTI para o sistema de mangotinhos. ................................... 64
Figura 20 – Motobomba ME-AL/BR 23100V. ............................................................ 65
Figura 21 – RTI sistema de mangotinhos com bomba e sistema by pass. ............... 66
Figura 22 – Esquema vertical do sistema hidráulico preventivo por mangotinhos. ... 67
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Seleção do agente extintor segundo a classificação do fogo ................... 26
Tabela 2 – Tipos de sistema ..................................................................................... 30
Tabela 3 – Tipos de mangueira ................................................................................. 32
Tabela 4 – Volume mínimo da RTI ............................................................................ 34
Tabela 5 – Linhas de mangueira para hidrante ......................................................... 38
Tabela 6 – Coeficiente de rugosidade ....................................................................... 44
Tabela 7 – Fator de vazão “K”. .................................................................................. 51
Tabela 8 – Pressão de vapor da água para determinadas temperaturas .................. 55
Tabela 9 – Determinação das pressões e vazões para hidrantes. ............................ 57
Tabela 10 – Volume total da RTI. .............................................................................. 59
Tabela 11 – Determinação das pressões e vazões para mangotinhos. .................... 62
Tabela 12 - Determinação das pressões e vazões para mangotinhos. ..................... 63
Tabela 13 – Especificações da bomba escolhida. ..................................................... 64
Tabela 14 – Pressões e vazões dos hidrantes. ............ Erro! Indicador não definido.
Tabela 15 – Pressões e vazões dos mangotinhos. ...... Erro! Indicador não definido.
Tabela 16 – RTI. ........................................................... Erro! Indicador não definido.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................ 11
1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA DE PESQUISA ........................................................ 12
1.3 FORMULAÇÃO DA QUESTÃO DO ESTUDO ................................................... 12
1.4 OBJETIVOS ...................................................................................................... 13
1.4.1 Objetivo geral ................................................................................................ 13
1.4.2 Objetivos específicos ................................................................................... 14
1.5 JUSTIFICATIVA................................................................................................. 14
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................ 15
1.7 METODOLOGIA .................................................................................................. 15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................... 18
2.1 FOGO ................................................................................................................ 18
2.1.1 Triângulo do fogo e quadrado do fogo ....................................................... 18
2.1.2 Temperatura dos combustíveis ................................................................... 20
2.1.3 Propagação do fogo ...................................................................................... 20
2.1.4 Fumaça do incêndio ...................................................................................... 22
2.2 CLASSES DE INCÊNDIO .................................................................................. 22
2.3 CAUSAS DO INCÊNDIO ................................................................................... 23
2.4 MÉTODOS DE EXTINÇÃO DO INCÊNDIO ...................................................... 23
2.5 AGENTES EXTINTORES .................................................................................. 24
2.5.1 Sistema de proteção por extintores ............................................................ 25
2.5.2 Sistemas automáticos .................................................................................. 27
2.5.3 Sistemas sob comando ................................................................................ 27
3 SISTEMA HIDRÁULICO PREVETIVO - SHP ...................................................... 29
3.1 ESCOLHA DO TIPO DE SISTEMA HIDRÁULICO PREVENTIVO .................... 29
3.2 SISTEMA HIDRÁULICO PREVENTIVO ............................................................ 30
3.2.1 Tubulações .................................................................................................... 30
3.2.2 Válvulas .......................................................................................................... 31
3.2.3 Mangueiras .................................................................................................... 31
3.2.4 Abrigo de mangueiras .................................................................................. 32
3.2.5 Localização e sinalização dos hidrantes ou mangotinhos ........................ 32
3.2.6 Quantidade de hidrantes ou mangotinhos ................................................. 33
3.2.7 Dimensionamento do sistema hidráulico preventivo ................................ 33
3.2.8 Reserva técnica de incêndio (RTI) ............................................................... 34
3.2.9 Reservatórios ................................................................................................ 34
3.2.9.1 Reservatório elevado .................................................................................... 35
3.2.9.2 Reservatório inferior e fonte natural de água ................................................ 35
3.2.10 Bombas de incêndio ..................................................................................... 36
3.3 SISTEMA HIDRÁULICO PREVENTIVO POR HIDRANTES ............................. 37
3.3.1 Hidrantes ........................................................................................................ 37
3.3.2 Mangueiras .................................................................................................... 37
3.3.3 Abrigo de mangueiras para hidrantes ......................................................... 38
3.3.4 Hidrante de recalque ..................................................................................... 40
3.3.5 Procedimento de cálculo .............................................................................. 43
3.3.5.1 Critério de dimensionamento da reserva técnica de incêndio....................... 46
3.4 SISTEMA HIDRÁULICO PREVENTIVO POR MANGOTINHOS ....................... 47
3.4.1 Mangotinhos .................................................................................................. 47
3.4.2 Mangueiras .................................................................................................... 47
3.4.3 Abrigo de mangueiras para mangotinhos .................................................. 48
3.4.4 Procedimento de cálculo .............................................................................. 49
3.4.4.1 Dimensionamento das bombas de incêndio ................................................. 53
4 ESTUDO DE CASO – SISTEMA HIDRÁULICO PRVENTIVO ............................ 56
4.1 SISTEMA HIDRÁULICO PREVENTIVO POR HIDRANTES ............................. 56
4.2 SISTEMA HIDRÁULICO PREVENTIVO POR MANGOTINHOS ....................... 61
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .............................................................. 73
5.1 CONCLUSÕES.................................................................................................. 73
5.2 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ...................................... 73
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 77
11
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Os acidentes envolvendo fogo em edificações são um problema recorrente
historicamente. Em épocas passadas os edifícios não eram projetados com a
adequada prevenção para o combate a incêndios, e quando um desastre ocorria eles
eram dizimados em pouco tempo de incêndio, acarretando numerosas vítimas e
prejuízos materiais.
Na década de 70, em virtude de grandes tragédias que ocorreram no Brasil
e vitimaram centenas de pessoas, as atividades de prevenção e combate a incêndios
tiveram grande desenvolvimento e a atitude passiva de que as tragédias que ocorriam
eram fatalidades não foi mais admissível. Ficou evidente que se os incêndios e as
tragédias podiam ser evitados através de medidas preventivas, essas medidas
deveriam ser cobradas e fiscalizadas pelo Corpo de Bombeiros, ONO (2008).
Com o tempo o cuidado em relação a segurança e bem-estar das pessoas,
do patrimônio material e as vezes até cultural, aumentou, como também cresceu a
vigilância das prefeituras municipais e do Corpo de Bombeiros Militar de cada Estado
sobre os projetos de novos edifícios.
Segundo MAUS (1999), as atividades de prevenção e combate a incêndios
no Estado de Santa Catarina iniciaram-se com a criação do Corpo de Bombeiros, em
26 de setembro de 1926. As atividades desenvolvidas pela corporação eram em
função dos incêndios que ocorriam na época com maior ou menor grau de intensidade
dos mesmos. Tem-se documentado que o primeiro processo com registro no Corpo
de Bombeiros, sob o protocolo n. 01 é do edifício Jaime Linhares, localizado na Rua
Vidal Ramos, esquina com a Rua Jerônimo Coelho, no Centro de Florianópolis. O
projeto preventivo original previa apenas o Sistema Preventivo por Extintores (SPE) e
o Sistema Hidráulico Preventivo por Hidrantes (SHP).
O sistema preventivo de combate a incêndio é de suma importância para
garantir a segurança das pessoas que habitam, de forma temporária ou permanente,
ambientes expostos ao risco de propagação do fogo.
O sistema hidráulico preventivo é um dos componentes do sistema
preventivo de combate a incêndio, ou seja, é crucial que tenha um bom desempenho
12
quando demandado. Conforme a norma brasileira ele está dividido em sistema
hidráulico por hidrantes e por mangotinhos, sendo os dois dependentes da ação
humana para entrar em funcionamento. (NBR 13714, 2000).
Ainda que possuam o mesmo objetivo, minimizar os danos ocasionados
por um eventual incêndio, muitas são as diferenças entre os dois tipos de sistema. As
questões divergentes vão desde o manuseio dos equipamentos, passando por
questões técnicas como a diferença da pressão nos dois tipos de mangueira e vão até
a diferença do custo dos materiais empregados em cada sistema.
Pretende-se com o desenvolvimento deste trabalho fazer a verificação das
principais vantagens e desvantagens dos sistemas de combate a incêndio sob
comando por hidrantes e por mangotinhos, visando estabelecer qual contém o melhor
custo-benefício para a edificação escolhida neste estudo e para a segurança das
pessoas que manejarão o equipamento em caso de fogo.
1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA DE PESQUISA
Em Santa Catarina ocorreram várias alterações e revisões na Instrução
Normativa 007 do Corpo de Bombeiros Militar de SC, destacando-se atualmente a
possibilidade de escolha entre o sistema por hidrantes ou o sistema por mangotinhos
para as edificações de até 15 pavimentos com risco de incêndio leve. Para as
edificações de risco leve com mais de 15 pavimentos o sistema por mangotinhos
tornou-se obrigatório.
Considerando a recente mudança e a possibilidade de escolher entre dois
tipos de sistemas, este trabalho abordará as principais vantagens e desvantagens
existentes entre os tipos de sistemas de combate ao fogo disponíveis para uso em
edificações de risco leve de incêndio que tenham até 15 pavimentos. Serão
dimensionados os dois sistemas, explicitando-se a diferença obtida pelos valores
calculados em ambos para a edificação multifamiliar escolhida para estudo.
1.3 FORMULAÇÃO DA QUESTÃO DO ESTUDO
No Brasil dispomos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),
órgão responsável pela normatização técnica no país por meio das Normas Brasileiras
(NBR). Essas normas não são leis, porém tem força de lei e recomenda-se que sejam
13
seguidas, visto que apresentam parâmetros confiáveis e garantem ao profissional que
projeta este tipo de instalação sua segurança frente a responsabilidade técnica
perante a lei caso seja acionado.
No caso do sistema preventivo contra incêndio, os estados brasileiros
contêm suas próprias instruções normativas por meio do Corpo de Bombeiros Militar.
Essas instruções normativas apresentam as especificações levadas em conta pelo
corpo de bombeiros para a aprovação dos projetos preventivos contra incêndio junto
as prefeituras.
Em muitos estados a utilização de mangotinhos no sistema hidráulico
preventivo não é uma novidade nas instruções normativas. Em Santa Catarina, com
a revisão dessas instruções normativas do Corpo de Bombeiros Militar a pouco tempo,
os projetistas agora têm a opção de optar entre o sistema de hidrantes e o sistema de
mangotinhos para edificações de risco leve com até 15 pavimentos, como já
mencionado.
Por ainda gerar muitas dúvidas aos projetistas com relação a escolha entre
os dois sistemas disponíveis para edificações residenciais privativas multifamiliares
de risco leve de incêndio, este TCC procura responder qual é o melhor sistema a ser
usado e o de menor custo, considerando-se que o estudo de caso será para uma
edificação residencial de 13 pavimentos tipos. Este estudo tem como intuito facilitar a
escolha dos responsáveis técnicos entre o sistema preventivo por hidrantes e o
sistema preventivo por mangotinhos.
1.4 OBJETIVOS
1.4.1 Objetivo geral
Comparar o sistema de hidrantes e o sistema de mangotinhos, conforme
exigências da atual IN 007/2017 – CBMSC para uso em edificações residenciais
privativas multifamiliares, a fim de definir qual apresenta mais vantagens e propicia
maior segurança para a edificação multifamiliar estudada.
14
1.4.2 Objetivos específicos
a) Análise comparativa de um sistema hidráulico preventivo por hidrantes
e um sistema hidráulico preventivo por mangotinhos;
b) Apresentar os esquemas de cálculo dos sistemas hidráulicos
preventivos por hidrantes e por mangotinhos;
c) Ponderar questões técnicas e de manejo dos equipamentos do sistema
hidráulico preventivo por hidrantes e por mangotinhos;
d) Apresentar o resultado das pressões e das vazões nas mangueiras dos
hidrantes e dos mangotinhos.
1.5 JUSTIFICATIVA
Para WAGNER (2008), a introdução de novas tecnologias no ambiente
construído, que acontece no setor das edificações no Brasil, exige cada vez mais o
conhecimento específico para a concepção de projetos de segurança contra
incêndios. Segundo outro autor:
O projeto pode ser definido como um grupo de atividades que devem ser executadas em uma sequência lógica, para alcançar objetivos determinados pelo cliente. O projeto tem ligação com a qualidade da edificação, pois segundo estudos realizados em países europeus 42% a 50% dos problemas tem origem na sua má execução (PICCHI, 1993).
Para PICCHI (1993), a técnica de projetar pode ser descrita como uma
forma de programar em detalhes cada uma das etapas de um empreendimento
desenhando e descrevendo o maior número possível de ações. No caso do projeto de
proteção contra incêndio muitas e diversas variáveis são levadas em consideração: a
característica do material empregado, a distância percorrida pelos usuários, a
quantidade de habitantes, o uso da edificação, sua carga de fogo e risco de incêndio,
entre outros. Além disso, este tipo de projeto tem relação com a segurança, patrimônio
e a vida dos ocupantes. A partir deste cenário percebe-se a importância da realização
de um estudo envolvendo as instalações prediais de proteção e de combate a
incêndios voltadas para o estudo mais detalhado entre o sistema hidráulico preventivo
por hidrantes e por mangotinhos.
15
Por isso neste trabalho será feito um comparativo entre os dois sistemas
com o intuito de elucidar essas dúvidas e determinar qual dos sistemas é o mais
adequado para atender o tipo de edificação escolhida neste trabalho, contribuindo
assim para a segurança da população.
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO
Este trabalho é dividido em cinco partes. No capítulo um serão
apresentadas as considerações iniciais, delimitação do tema da pesquisa, formulação
da questão de estudo, os objetivos, a justificativa e a metodologia para a realização
do estudo proposto.
No capítulo dois será apresentada a fundamentação teórica. Serão
abordados conceitos sobre o fogo, propagação do fogo, classes e causas dos
incêndios, métodos de extinção do incêndio e agentes.
Já o capítulo três trata dos sistemas hidráulicos preventivos, explicando
desde como realizar a escolha do tipo de sistema conforme as normativas pertinentes
até o tipo que se deve utilizar de tubulações, válvulas, mangueira e abrigo de
mangueira. Enfim, neste capítulo explicou-se em detalhes tudo que se deve saber
sobre o sistema hidráulico preventivo por hidrantes e por mangotinhos, segundo a
Instrução Normativa 007 de 2017 do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina.
No capítulo quatro realiza-se o estudo de caso em questão. O esquema de
cálculo dos sistemas é apresentado, assim como detalhes do dimensionamento e
parâmetros pré-estabelecidos.
No capítulo cinco serão apresentadas as conclusões e recomendações
para estudos futuros, discutindo a importância do projeto de prevenção e combate a
incêndio estudados e as vantagens e desvantagens dos dois sistemas.
1.7 METODOLOGIA
Este é um trabalho com natureza da pesquisa aplicada, visto que pretende
criar um conhecimento para utilidade prática dirigido à solução de um problema
específico. Tendo como referência os objetivos, a pesquisa é categorizada como
exploratória, segundo Motta e outros (2013), a pesquisa exploratória possibilita maior
16
familiaridade com o objeto estudado, já que é realizado um processo de investigação
até apontar as características das variáveis que se deseja estudar.
No ponto de vista dos procedimentos técnicos, pode-se identificar essa
pesquisa como sendo experimental, em conformidade com Rudio (1999, p. 72), ela
“[...] está interessada em verificar a relação de causalidade que se estabelece entre
as variáveis, isto é, em saber se a variável X (independente) determina a variável Y
(dependente)”. Para isso será realizado um estudo de caso, que para Gil (2008, p. 57)
“é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de
maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado [...]”.
Relativo ao método, aplicou-se o método dedutivo. Em concordância com
Gil (2008, p. 9), “[...] É o método proposto pelos racionalistas (Descartes, Spinoza,
Leibniz), segundo os quais só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro,
que decorre de princípios a priori evidentes e irrecusáveis”. Gil (2008, p. 9) ainda
completa dizendo que “o protótipo do raciocínio dedutivo é o silogismo, que consiste
numa construção lógica que, a partir de duas preposições chamadas premissas, retira
uma terceira, nelas logicamente implicadas, denominada conclusão”.
Para a elaboração deste trabalho foram efetuadas pesquisas sobre
conceitos relacionados ao fogo, a como um foco de incêndio alastra-se, a prevenção
e ao combate a incêndios.
Para isso foram efetuados estudos direcionados a legislação, as normas
brasileiras e as instruções normativas do Corpo de Bombeiros Militar de Santa
Catarina, onde encontra-se os parâmetros básicos para o sistema hidráulico
preventivo e apresenta os preceitos necessários para a aprovação de um projeto
deste tipo pelo estado, assim como citou-se as vantagens e desvantagens dos
sistemas.
Iniciando o estudo de caso calculou-se o sistema hidráulico preventivo por
hidrantes e o sistema hidráulico preventivo por mangotinhos, em uma pesquisa
quantitativa.
Diante dessa metodologia optada para o desenvolvimento do trabalho, a
proposta geral de etapas será:
a) Fundamentação teórica geral do assunto, para melhor compreensão do
tema abordado no desenvolvimento deste trabalho;
b) Conceituação geral do sistema hidráulico preventivo por hidrantes e do
sistema hidráulico preventivo por mangotinhos;
17
c) Estudar o caso com o sistema hidráulico preventivo por hidrantes e com
o sistema hidráulico preventivo por mangotinhos e apresentar resultados e
comparativos;
d) Conclusões e recomendações.
18
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 FOGO
O fogo é utilizado pelo ser humano a milhares de anos e sempre foi
imprescindível para a sobrevivência da espécie, principalmente do homem pré-
histórico.
Com o desenvolvimento das cidades e da humanidade como um todo, o
fogo passou a mostrar-se útil em inúmeras funções, como nas indústrias, construção
civil, geração de energia, modelagem de metais e vidro, até as funções mais primitivas
como o aquecimento, cozimento dos alimentos e iluminação, entre tantas outras
aplicações.
Contudo, o fogo é um elemento químico muito perigoso e personagem
principal de muitos incêndios históricos e acidentes graves, por isso é essencial
dominar o conhecimento a respeito de sua ignição, propagação e extinção.
De acordo com Batista e Camillo Jr (2012, p. 15):
O fogo é um processo químico de transformação, também chamado combustão, dos materiais combustíveis e inflamáveis, que, se forem sólidos ou líquidos, serão primeiramente transformados em gases, para se combinarem com o comburente (geralmente o oxigênio), e, ativados por uma fonte de calor, iniciarem a transformação química, gerando mais calor e desenvolvendo uma reação em cadeia.
2.1.1 Triângulo do fogo e quadrado do fogo
Segundo Brentano (2005), para a geração de uma reação química em
cadeira, há uma transferência de calor de molécula para molécula do material
combustível, entrando em sequentes combustões, dando-se assim a propagação do
fogo.
Para a melhor visualização e compreensão dos elementos componentes
do fogo é usual a utilização do triângulo do fogo ou do quadrado do fogo, conforme
apresentado na Figura 1.
No triângulo do fogo temos três elementos compondo o fogo: combustível,
comburente e calor.
19
Figura 1 - Triângulo do fogo e quadrado do fogo
Fonte: Elaboração do autor, 2018.
Com o aperfeiçoamento desde triângulo constituiu-se o quadrado do fogo,
onde foi adicionada a reação em cadeia, principal motivo do alastramento do fogo em
incêndios.
Conforme Brentano (2005), o comburente, geralmente o oxigênio, quando
ativado por uma fonte de calor e combinado com um material combustível, produz
mais calor e assim uma reação química em cadeia.
O combustível é qualquer material que combinado com um comburente
formará uma substância inflamável, é a alavanca para a propagação do fogo, o
caminho pelo qual o incêndio crescerá. Há combustíveis em três formas: sólido, liquido
e gasoso.
Os sólidos e líquidos precisam ser aquecidos até atingir seu ponto de fulgor
para iniciar a liberação de gases, fazendo com que esses gases formem reações com
o oxigênio. O ponto de fulgor é a temperatura mínima necessária para que os materiais
comecem a soltar gases, e cada material tem sua própria temperatura.
O comburente é o elemento que reage com os gases liberados pelo
combustível, formando as chamas. O oxigênio é o comburente mais comum, mas
podem exercer a mesma função elementos como os fertilizantes e a pólvora.
Para Batista e Camillo Jr (2012, p. 19), o calor é o “elemento que dá início
ao fogo; é ele que faz o fogo se propagar pelo combustível. ” Ou seja, ele inicia e
mantém o fogo.
A reação em cadeia nada mais é do que a passagem de calor de uma
molécula para outra, fazendo com que ocorram inúmeras reações químicas. As
reações descritas anteriormente entre combustível, comburente e calor deslocam-se
devido ao processo de condução entre as moléculas.
20
2.1.2 Temperatura dos combustíveis
Para a melhor percepção de como inicia-se a queima dos materiais
combustíveis precisamos entender a diferença entre o ponto de fulgor, ponto de
combustão e temperatura de ignição.
O ponto de fulgor nada mais é do que a temperatura mínima necessária
para que haja o início da liberação de gases inflamáveis, que combinados com
oxigênio e alguma chama provocam algum tipo de lampejo, como disse Batista e
Camillo Jr (2012). Neste ponto ainda não há calor em quantidade suficiente para início
da queima do material, com a retirada da chama o lampejo se apagará.
O ponto de combustão é a continuação do ponto de fulgor, nele o calor e a
quantidade de gases inflamáveis já aumentaram a ponto de conseguirem manter a
queima de um material. Mesmo com a retirada da chama o fogo continua.
Já na temperatura de ignição há uma diferença importante, nela não existe
a presença de alguma chama para o material combustível entrar em combustão. A
uma determinada temperatura o material entra em ignição espontânea, e cada
material detém sua temperatura de ignição.
2.1.3 Propagação do fogo
A energia térmica presente no fogo fica em constante movimento,
passando do material de maior temperatura para o de menor temperatura. Essa
transferência de calor acontece de três maneiras: condução, convecção e irradiação.
A condução é a transferência de calor por contato, através de um mesmo
material ou de um material para o outro. É a propagação de calor presente nos metais,
por exemplo. O aquecimento começa em uma extremidade da peça a vai sendo
conduzido por toda a extensão da peça, passando também por condução para outros
materiais que estejam em contato com esse metal.
A convecção, para Brentano (2005, p. 41), ocorre “pelo meio circulante
gasoso, como os gases e o ar quentes produzidos pelo fogo, que sobem entrando em
contato com outros materiais que são aquecidos, até atingir seu ponto de combustão”,
isto é, o fogo se alastra pela massa de ar formada pelas chamas. Nas edificações os
poços de escadas, poços de elevadores e dutos passando por diversos andares, são
um espeço muito perigoso de propagação do incêndio, uma vez que viabilizam a
21
passagem dessa massa de ar aquecida para lugares distantes do foco do incêndio.
Pode-se verificar a convecção em poços de elevadores na Figura 2.
Figura 2 - Propagação do fogo por convecção
Fonte: Prevenção Online, 2018.
A irradiação é a transmissão de calor por meio de raios ou ondas. Fica fácil
entender quando pensamos no sol, ele irradia calor em todas as direções e esse calor
chega até nos através dos raios solares. A luz também emite calor por irradiação, e
pode ser a causa de um incêndio se emitir calor durante um determinado período de
tempo até um material inflamável, fazendo com que ele entre em combustão.
É comum a ocorrência de incêndios secundários nas edificações vizinhas
as edificações onde ocorreu o foco do incêndio, isso devido a irradiação, como
ilustrado na Figura 3.
Figura 3 - Propagação do fogo por irradiação
Fonte: Segurança do trabalho, 2018.
22
2.1.4 Fumaça do incêndio
Conforme Seito e outros (2008), os gases, vapores e partículas sólidas que
se misturam para a formação da fumaça, fazem dela uma composição química
extremamente complexa. Durante o abandono da edificação, a fumaça é o efeito do
incêndio que mais afeta as pessoas.
Ao perceber um incêndio, as pessoas presentes no local entram em pânico,
provocando aumento da palpitação. A visibilidade no ambiente enfumaçado fica
bastante comprometida, isso pode se agravar dependendo do tamanho das partículas
sólidas e da densidade da fumaça, por exemplo, além de dificultar a visibilidade das
rotas de fuga e provocar lacrimejamento, tosse e sufocação.
Outro grande prejuízo da fumaça para as pessoas é sua toxicidade, devido
a composição química dos materiais em combustão, oxigenação e nível de energia
no processo. O gás causa asfixia, com a consequente falta de oxigenação do cérebro.
Esse é um estado reversível, porem lento.
É relevante salientar que uma das maiores causas de mortes em incêndios
é a fumaça. Devido à asfixia, as pessoas, muitas vezes, não conseguem sair do local
com concentração de gases e acabam vindo a óbito.
2.2 CLASSES DE INCÊNDIO
As classes de incêndio são a divisão dos tipos de incêndios de acordo com
os materiais combustíveis presentes. A divisão é determinada em cinco classes: A, B,
C, D e K. De acordo com Batista e Camillo Jr. (2012), pode-se defini-las como:
a) Classe A: é a queima dos materiais mais comuns, como madeira, papel,
tecidos, borracha, etc. Esse tipo de queima deixa resíduos, ocorrendo
na superfície e em profundidade. É combatido com o resfriamento das
superfícies, principalmente pela água;
b) Classe B: não deixa resíduos, uma vez que a queima ocorre somente
na superfície. É a queima que se dá em líquidos infláveis ou
combustíveis, como gasolina e gás natural, sendo extinta pelo
abafamento, a fim de interromper a reação em cadeia da reação;
c) Classe C: é o fogo em equipamentos elétricos energizados e o método
de extinção não pode ser um material condutor de eletricidade;
23
d) Classe D: alguns autores consideram-na como sendo fogo em metais
pirofóricos, outros consideram como fogo em produtos químicos, e
outros ainda consideram como incêndios especiais (veículos, aviões,
material radioativo, etc);
e) Classe K: incêndios que tem início em óleos e gorduras de cozinhas. É
a causa da maioria dos acidentes domésticos.
Basicamente, pode-se resumir as classes de incêndio conforme a Figura 4.
Figura 4 - Classes de incêndio
Fonte: Equitec Extintores, 2018.
2.3 CAUSAS DO INCÊNDIO
Para Gomes (1998), as causas de incêndio mais comuns são:
a) Causas fortuitas: englobam acontecimentos ao acaso como ponta de
cigarro largada em lata de lixo, tomada elétrica sobrecarregada, panos
encharcados com líquidos inflamáveis guardados sem cuidado, fio
elétrico sem isolamento, em contato com materiais combustíveis e
equipamentos elétricos apresentando elevadas temperaturas;
b) Causas acidentais: como curto circuito, combustão espontânea,
eletricidade estática, concentração de gás inflamável em área confinada
e vazamento de líquido inflamável em área confinada.
2.4 MÉTODOS DE EXTINÇÃO DO INCÊNDIO
De acordo com Brentano (2005), possuindo conhecimento dos elementos
componentes do fogo, deve-se neutralizar pelo menos um deles para a sua extinção.
Os métodos de extinção do fogo são divididos conforme o elemento que se deseja
anular.
24
A extinção por isolamento (retirada do material) é possível em alguns tipos
de incêndio, quando as chamas ocorrem em líquidos combustíveis, onde as chamas
permanecem na superfície, e é possível efetuar a retirada do líquido, por exemplo.
A extinção por abafamento (retirada do comburente) nada mais é do que
impedir a chegada de mais oxigênio na combustão. Conseguimos isso com o
isolamento do local, abafamento do fogo por espuma aquosa ou uso de gases inertes
mais pesados do que o ar, como o CO2.
A extinção por resfriamento (retirada do calor) é a forma de extinção do
fogo mais comum, tendo como principal exemplo a água. Nesse caso o agente extintor
absorve o calor, resfriando o material em combustão, fazendo com que ele não solte
mais gases em quantidade suficiente para misturar-se ao oxigênio e continuar a
reação química em cadeia.
2.5 AGENTES EXTINTORES
Conforme Batista e Camillo Junior (2012), os agentes extintores são as
substâncias químicas utilizadas para extinguir um incêndio, sendo encontradas em
forma sólida, líquida ou gasosa. Essas substâncias estão dispostas em aparelhos
como extintores, hidrantes e aparelhos especiais.
É importante salientar que o agente extintor será escolhido de acordo com
o tipo de materiais presentes em cada local, com o intuito de facilitar a extinção do
fogo e de minimizar os prejuízos as pessoas, ao conteúdo presente e a própria
edificação.
O principal agente extintor é a água, segundo Brentano (2005), isso se
explicar pelo fato de ser o recurso mais difundido na natureza e por ser a melhor forma
de combate ao fogo. No estado líquido ela pode ser usada na forma de jato compacto,
agindo por resfriamento, ou por neblina, agindo por abafamento e resfriamento. No
estado gasoso ela age por abafamento na forma de vapor, forma muito utilizada em
industrias.
Outro agente extintor é a espuma, sendo encontrada nas formas aquosa
ou mecânica. Ela age por abafamento e resfriamento, devido a água presente. Sua
maior utilização é em líquidos inflamáveis, principalmente em industrias onde essa
espuma é liberada por chuveiros automáticos. Por ser mais leve que o ar, posiciona-
se sobre os líquidos inflamáveis e impede o contato do ar com esses líquidos.
25
Os gases inertes têm como principal exemplo o gás carbônico (CO2), essa
solução é empregada quando os ambientes contêm aparelhos elétricos energizados,
uma vez que ele age por abafamento com a diminuição da concentração de oxigênio.
Os pós químicos secos podem servir de solução para fogo em líquidos
inflamáveis e como alternativa ao CO2 em equipamentos eletrônicos, apesar de não
ser o método mais aconselhado, já que o pó danifica esses aparelhos. Com sua
principal base de bicarbonatos, o pó químico seco age pelo rompimento da reação em
cadeia, abafamento e resfriamento.
2.5.1 Sistema de proteção por extintores
A NBR 12693 (1993), preconiza as condições necessárias para a
elaboração do projeto e instalação de sistemas de proteção por extintores portáteis
e/ou sobre rodas, bem como alguns estados possuem suas próprias regras sobre o
assunto.
No estado de Santa Catarina, o Corpo de Bombeiros Militar disponibiliza a
Instrução Normativa 006 (2017) com o propósito de indicar e padronizar os processos
analisados e fiscalizados sobre projeto e dimensionamento do sistema preventivo por
extintores (SPE).
Conforme Batista e Camillo Jr (2012), para cada classe de incêndio deve
ser empregado o extintor com a classificação adequada, sendo que os extintores
possuem etiquetas identificando para qual classe de incêndio devem ser utilizados.
Os extintores de incêndios mais conhecidos são: de água com jato compacto, espuma
química ou mecânica, pós químicos e gás carbônico.
Para a NBR 12693 (1993), o sistema de proteção por extintores deve ser
projetado conforme as seguintes condições:
a) A área da classe de risco a ser protegida;
b) A natureza do fogo a ser extinto;
c) O agente extintor a ser utilizado;
d) A capacidade extintora do extintor;
e) A distância máxima a ser percorrida.
Para melhor compreensão do agente extintor adequado para cada caso
pode-se observar a Tabela 1.
26
Tabela 1 - Seleção do agente extintor segundo a classificação do fogo
Classe
De
Fogo
Agente extintor
Água Espuma química(3)
Espuma mecânica
Gás carbônico (CO2)
Pó
B/C
Pó
A/B/C
Hidrocarbonetos halogenados
A (A) (A) (A) (NR) (NR) (A) (A)
B (P) (A) (A) (A) (A) (A) (A)
C (P) (P) (P) (A) (A) (A) (A)
D Deve ser verificada a compatibilidade entre o metal combustível e o agente extintor.
Nota: (A) adequado à classe de fogo. (NR) não recomendado à classe de fogo. (P) proibido à classe de fogo.
Fonte: NBR 12693, 1993, p. 4.
Visto isso, a norma ainda cita que no mínimo 50% do número total de
extintores exigidos para cada risco devem ser extintores portáteis.
Para Batista e Camillo Jr. (2012), os extintores portáteis são aparelhos
indicados para vencer princípios de incêndio com a operação de somente uma
pessoa, em um tempo de aproximadamente um minuto. Na Figura 5 estão
apresentados os principais tipos de extintores portáteis.
Figura 5 - Extintores portáteis
Agente extintor: Água Agente extintor: CO2 Agente extintor: Pó químico Fonte: Zeus do Brasil, 2018.
Ainda em concordância com Batista e Camillo Jr. (2012), os extintores
sobre rodas ou de carretas tem como principal função o deslocamento e manejo de
extintores de grandes volumes. Esses extintores substituem o número de extintores
correspondentes a sua capacidade, sendo assim cobrem maiores áreas de risco e
27
podem ser deslocados a maiores distâncias. A seguir estão representados alguns
tipos de extintores sobre rodas na Figura 6.
Figura 6 - Extintores sobre rodas
Agente extintor: Água Agente extintor: Pó químico Agente extintor: Pó químico 20kg 50kg
Fonte: Zeus do Brasil, 2018.
2.5.2 Sistemas automáticos
Segundo Brentano (2005), são sistemas acionados pelo calor do fogo que
funcionam automaticamente, podendo ser divididos em:
a) Sistemas de chuveiros automáticos: fazem a aspersão da água sobre o
foco do incêndio, em determinada área de cobertura e densidade, em
função da pressão, do tipo de dispositivo e do diâmetro do orifício de
passagem da água;
b) Sistemas de projetores ou bicos nebulizadores de média e alta pressão:
a água é usada em forma de uma neblina muito fina, necessitando
assim de uma pressão mais elevada que a dos chuveiros automáticos.
Esse sistema é muito utilizado em transformadores, estufas de
secagem, óleos e outros líquidos inflamáveis.
2.5.3 Sistemas sob comando
Conforme Gomes (1998, p. 33), o sistema sob comando é “[...] um conjunto
de equipamentos, instrumentos e tubulações que possibilitam usar a água como
agente extintor, manipulando-a sobre um foco de fogo [...]”.
Para Brentano (2005), sistemas sob comando são os que dependem da
ação do homem, geralmente os ocupantes da edificação, para entrar em
28
funcionamento. Para transportar a água da fonte de abastecimento até o fogo existe
uma rede de canalizações fixas.
Existem dois tipos de sistemas sob comando e estão divididos pela NBR
13714/2000 em sistema de hidrantes e sistema de mangotinhos. Esses dois sistemas
serão objetos de estudo deste trabalho.
29
3 SISTEMA HIDRÁULICO PREVETIVO - SHP
3.1 ESCOLHA DO TIPO DE SISTEMA HIDRÁULICO PREVENTIVO
Conforme a Instrução Normativa 007 (IN 007) do Corpo de Bombeiros
Militar de Santa Catarina, podem ser utilizados dois tipos de sistema hidráulico
preventivo nos projetos de prevenção a incêndios, os hidrantes e os mangotinhos. A
definição de qual tipo de sistema será utilizado vem por meio da classificação do risco
de incêndio do imóvel. (SANTA CATARINA, 2017).
O sistema de hidrantes ou de mangotinhos tem como finalidade o combate
a incêndio por reserva de incêndio, bombas de incêndio caso necessário, rede de
tubulação, hidrantes ou mangotinhos, entre outros equipamentos necessários. (ABNT,
2000).
A Instrução Normativa 003 (IN 003), compreende por risco leve os imóveis
com carga de incêndio ideal menor do que 60kg/m², risco médio os imóveis com carga
de incêndio ideal entre 60 e 120Kg/m² e risco elevado os imóveis com carga de
incêndio ideal maior do que 120Kg/m². Ainda conforme a normativa, dentro da
classificação do risco de incêndio, quando possível, as ocupações dos imóveis serão
distribuídas da seguinte forma:
a) Risco leve: para ocupação residencial privativa multifamiliar, residencial
coletiva, comercial (exceto supermercados ou galerias comerciais),
pública, escolar geral, escolar diferenciada, reunião de público com
concentração, reunião de público sem concentração, hospitalar sem
internação e sem restrição de mobilidade, parques aquáticos, atividades
agropastoris (exceto silos), riscos diferenciados e mista (para duas ou
mais ocupações previstas neste inciso, desde que exista
compartimentação entre as diferentes ocupações e com saídas de
emergência independentes);
b) Risco médio: para ocupação tipo residencial transitória, garagens, mista
(quando não houver compartimentação entre as diferentes ocupações
ou com sobreposição de fluxo nas saídas de emergência), industrial,
comercial (apenas supermercados ou galerias comerciais), shopping
center, hospitalar com internação ou com restrição de mobilidade,
postos de revenda de GLP, locais com restrição de liberdade, depósitos,
30
atividades agropastoris (apenas silos), túneis, galerias e minas e
edificações especiais (apenas para oficinas de consertos de veículos
automotores, caldeiras ou vasos sob pressão);
c) Risco elevado: para ocupação de postos para reabastecimentos de
combustíveis e edificações especiais (apenas para depósito de
combustíveis, inflamáveis, explosivos ou munições). (SANTA
CATARINA, 2014).
Visto isso, volta-se a IN 007, observa-se em seu art. 3° a definição de que
“é obrigatória a instalação de mangotinhos em substituição aos hidrantes, apenas para
as edificações com risco de incêndio leve com mais de 15 pavimentos”. (SANTA
CATARINA, 2017, p. 03).
Tabela 2 – Tipos de sistema
Fonte: SANTA CATARINA, 2017, p. 09.
Para edificações com até 15 pavimentos, com classificação de risco de
incêndio leve, a instalação de mangotinhos ou de hidrantes fica a critério do projetista.
(SANTA CATARINA, 2017).
3.2 SISTEMA HIDRÁULICO PREVENTIVO
3.2.1 Tubulações
As tubulações do sistema hidráulico preventivo tratam-se de um conjunto
de tubos, conexões e outros acessórios designados a conduzir a água da RTI até os
hidrantes ou mangotinhos. (ABNT, 2000).
De acordo com a IN 007, a tubulação do sistema hidráulico preventivo deve
ser metálica e com diâmetro mínimo de 65 mm (21/2"). Para tubulações de cobre pode-
31
se admitir diâmetro mínimo de 50 mm (2"). Há a possibilidade do uso de materiais
termoplásticos, desde que estejam fora da planta da edificação e enterrados a uma
profundidade mínima de 60cm, proporcionando proteção mecânica e ao fogo.
Também deve existir um nicho com dimensões mínimas de 25 x 30 cm para inspeção
da conexão dos tubos metálicos de materiais diferentes. Esses nichos devem estar
posicionados nos pontos de encontro dos tubos de materiais termoplásticos com os
tubos metálicos, acompanhados por uma tampa metálica pintada na cor vermelha. Da
mesma forma, devem ser pintadas na cor vermelha as tubulações, conexões e
válvulas aparentes do sistema hidráulico preventivo. (SANTA CATARINA, 2017).
É importante assegurar-se que, independentemente do tipo de material, a
resistência mínima seja de 150 m.c.a (15 kgf/cm²), para a tubulação do sistema
hidráulico preventivo. (SANTA CATARINA, 2017).
3.2.2 Válvulas
Para os hidrantes devem ser utilizadas válvulas do tipo angulares com
diâmetro de 65 mm (21/2”). Podem ser empregadas válvulas com diâmetro de 40 mm
(11/2”), para mangueiras com diâmetro de 40 mm, contanto que seu desempenho seja
comprovado. (ABNT, 2000).
Já para os mangotinhos a válvula usada deve ser do tipo abertura rápida,
de passagem plena e diâmetro mínimo de 25 mm (1”). (ABNT, 2000).
3.2.3 Mangueiras
Em conformidade com a IN 007, para a escolha do tipo de mangueira
utilizada, leva-se em consideração seu local de uso e a condição de aplicação,
conforme a Tabela 2.
32
Tabela 3 – Tipos de mangueira
Fonte: SANTA CATARINA, 2017, p. 05.
3.2.4 Abrigo de mangueiras
Em concordância com a Instrução Normativa 007, “o abrigo de mangueiras
deve ter dimensões adequadas ao acondicionamento e manuseio das mangueiras,
esguicho, chave de mangueira, hidrante e/ou mangotinho”. (SANTA CATARINA,
2017, p. 06).
A porta do abrigo deve ser na cor vermelha, com o letreiro “INCÊNDIO”,
quando for feita de material metálico ou de madeira, ou então pode ser de vidro
temperado liso, transparente, incolor e sem película. Ela deve possuir abertura para
ventilação e permitir a retirada rápida das mangueiras, liberando fácil acesso, sem
tranca ou cadeado. (SANTA CATARINA, 2017).
3.2.5 Localização e sinalização dos hidrantes ou mangotinhos
A localização dos hidrantes ou mangotinhos deve ser na área de circulação
ou na área comum da edificação, em um local com boa visibilidade e fácil acesso e
em localidade que evite seu bloqueio em caso de incêndio. É proibido instalar hidrante
ou mangotinho em rampas, escadas, antecâmaras e seus patamares, assim como
também é proibido depositar materiais que possam dificultar o uso do hidrante ou
mangotinho. (SANTA CATARINA, 2017).
Para áreas de garagens ou de depósitos, independentemente do tipo de
ocupação do imóvel, os hidrantes ou mangotinhos devem ser sinalizados no piso com
33
a pintura de um quadrado na cor vermelha, com 100 cm de lado e com as bordas
pintadas na cor amarela com 10 cm de espessura. (SANTA CATARINA, 2017).
3.2.6 Quantidade de hidrantes ou mangotinhos
De acordo com a IN 007, cada edificação verticalizada deve contar com, no
mínimo, um hidrante ou mangotinho por pavimento. Essa quantidade de hidrantes ou
de mangotinhos também deve levar em conta a cobertura proporcionada pelas
mangueiras, uma vez que qualquer ponto da área a ser protegida seja alcançado pelo
esguicho, considerando-se o comprimento da mangueira e seu trajeto real e
desconsiderando-se o alcance do jato d’água. (SANATA CATARINA, 2017).
3.2.7 Dimensionamento do sistema hidráulico preventivo
A vazão medida na saída do esguicho do hidrante ou do mangotinho
hidraulicamente menos favorável não pode ser inferior ao previsto na Tabela 2.
O dimensionamento do sistema hidráulico preventivo é feito em função da
classe de risco de incêndio, fornecendo assim a vazão requerida na Tabela 2, com o
funcionamento simultâneo de:
a) Um hidrante ou mangotinho, quando instalado um hidrante ou um
mangotinho;
b) Dois hidrantes ou mangotinhos, quando instalados dois, três ou quatro
hidrantes ou mangotinhos;
c) Dois hidrantes ou mangotinhos, quando instalados dois, três ou quatro
hidrantes ou mangotinhos;
d) Quatro hidrantes ou mangotinho, quando instalados sete ou mais
hidrantes ou mangotinhos.
A pressão máxima de trabalho, ao ser dimensionado o sistema hidráulico
preventivo, em qualquer um dos pontos do sistema deve ser de 100 m.c.a. (10 kgf/m²),
sendo que o sistema deve possuir dispositivos de redução de pressão quando a
mesma ultrapassar esse valor. (SANTA CATARINA, 2017).
34
3.2.8 Reserva técnica de incêndio (RTI)
Levando em consideração a classificação de risco de incêndio e a área total
construída da edificação, pode-se estabelecer o volume d’água da RTI, conforme a
Tabela 4.
Tabela 4 – Volume mínimo da RTI
Fonte: SANTA CATARINA, 2017, p. 10.
3.2.9 Reservatórios
A água para consumo da edificação e a água da reserva técnica de incêndio
devem estar no mesmo reservatório, a não ser que sejam usadas fontes naturais de
água perene como reservatório do sistema hidráulico preventivo. Para garantir a RTI,
o reservatório deve dispor de uma tubulação de saída lateral para o consumo predial.
(SANTA CATARINA, 2017).
Para propiciar a limpeza e manutenção do reservatório, ele pode ser
dividido em duas ou mais células, efetuando-se a limpeza e manutenção de uma
célula enquanto a outra célula supre de água a edificação e o sistema hidráulico
preventivo. Nesse caso, as células do reservatório devem ser interligadas por uma
tubulação com diâmetro, no mínimo, igual ao do sistema hidráulico preventivo. Os
reservatórios também devem dispor de dispositivos para acesso à vistoria interna.
(SANTA CATARINA, 2017).
A tubulação de saída do reservatório para abastecimento do sistema
hidráulico preventivo deve ser provida de registro de esfera ou registro de gaveta,
proporcionando assim a manutenção do sistema, e de válvula de retenção para
bloqueio do recalque, ambas devem possuir o mesmo diâmetro da tubulação. O
registro de gaveta ou registro de esfera e a válvula de retenção devem ser instalados
em locais com pé direito de no mínimo 1,20 m, facilitando o acesso, o exame visual e
a manutenção. (SANTA CATARINA, 2017).
35
Em caso de instalados em ambientes não protegidos contra o fogo, a
tubulação e o registro para limpeza dos reservatórios devem ser de material metálico.
Já o reservatório deve garantir proteção ao fogo de no mínimo duas horas e deve ser
em concreto armado, material metálico, fibra, policloreto de vinil (PVC) ou outros
materiais. A porta do reservatório deve ser em material metálico, sem elemento
vazado, ou tipo P-30. (SANTA CATARINA, 2017).
É dispensada a proteção ao fogo do reservatório quando este tiver
afastamento da edificação de 6 m e as paredes frontais da edificação para o
reservatório não possuírem aberturas ou quando o afastamento foi de 12 m e as
paredes frontais da edificação para o reservatório possuírem aberturas. (SANTA
CATARINA, 2017).
3.2.9.1 Reservatório elevado
O abastecimento do sistema hidráulico preventivo é realizado pela ação da
gravidade quando o reservatório é do tipo elevado, sendo superior ou castelo d’água.
Esse reservatório deve estar à altura suficiente para proporcionar a vazão mínima
citada na Tabela 2. Sendo assim, a RTI deve ser considerada a partir do fundo do
reservatório, quando a adução for na parte inferior do reservatório, até 1,00 m acima
do nível do piso do hidrante ou mangotinho menos favorável hidraulicamente, ou então
deve-se considerar a altura da face inferior do tubo de adução, quando o reservatório
for de fibra ou policloreto de vinil (PVC) e a adução for feita na parede lateral do
reservatório, até 1,00 m acima do nível do piso do hidrante ou mangotinho menos
favorável hidraulicamente. (SANTA CATARINA, 2017).
Caso a altura do reservatório elevado não seja suficiente para abastecer a
vazão mínima requisitada para o sistema, a solução é utilizar duas bombas de
incêndio para reforço, em um sistema by pass. (SANTA CATARINA, 2017).
3.2.9.2 Reservatório inferior e fonte natural de água
Quando o reservatório é do tipo inferior, ele pode ser ao nível do solo,
térreo, semienterrado, subterrâneo ou cisterna e o abastecimento do sistema
hidráulico preventivo é realizado através de duas bombas de incêndio. Da mesma
forma, podem ser utilizadas como reservatório inferior para abastecimento do sistema
36
hidráulico preventivo as fontes naturais de água perene, como lagos, lagoas, rios ou
açudes. (SANTA CATARINA, 2017).
3.2.10 Bombas de incêndio
As bombas de incêndio, a serem instaladas, devem ser as bombas
afogadas. Elas são as bombas instaladas em condição de sucção positiva, ou seja, a
linha do eixo da bomba está abaixo do nível superior d’água da reserva técnica de
incêndio. Como já mencionado, devem ser previstas sempre duas bombas de incêndio
para o abastecimento ou reforço da vazão do sistema hidráulico preventivo. (SANTA
CATARINA, 2017).
A bomba principal deve ser elétrica e ligada a rede elétrica da
concessionária local e a bomba reserva deve ser a combustão ou outra bomba elétrica
ligada a um gerador de emergência ou a um grupo de baterias. Em caso de
funcionamento à plena carga, as bombas de incêndio devem deter uma autonomia
mínima de duas horas para risco de incêndio leve. (SANTA CATARINA, 2017).
As bombas de incêndio, principal e reserva, devem dispor de partida
automática com a simples abertura de qualquer hidrante ou mangotinho, já seu
desligamento deve ser manual por meio do painel de comando localizado na casa de
bombas. As tomadas de admissão, ou sucção, das bombas de incêndio devem ser
independentes. (SANTA CATARINA, 2017).
Para a manutenção das bombas, em sua saída é obrigatória a colocação
de registro de gaveta ou de esfera e para o bloqueio de recalque é obrigatória a
colocação de válvula de retenção. (SANTA CATARINA, 2017).
Em caso de utilização de fontes naturais como reservatório inferior, as
bombas de incêndio devem possuir, junto à válvula de pé com crivo, de um sistema
de filtros e ralos, evitando assim danos às bombas de incêndio por meio de detritos.
(SANTA CATARINA, 2017).
Com a intenção de um compartimento próprio para as bombas de incêndio
elas devem ser instaladas em casas de bombas. Essas casas necessitam de pé direito
com no mínimo 1,20 metros, espaço interno para a manobra e manutenção das
bombas e têm que permitir fácil acesso às bombas. Para garantir o funcionamento de
duas horas das bombas à plena carga, a casa de bombas deve oferecer resistência
ao fogo por duas horas, no mínimo, assim como conter porta de acesso metálica (sem
37
elemento vazado) ou tipo P-30, contar com escapamento do motor a combustão
direcionado para o exterior da edificação, caso necessário e dispor de dispositivo para
acionamento e desarme manual das bombas de incêndio. (SANTA CATARINA, 2017).
3.3 SISTEMA HIDRÁULICO PREVENTIVO POR HIDRANTES
3.3.1 Hidrantes
Consoante a IN 004, o hidrante é o “ponto de tomada de água onde há uma
ou mais duas saídas contendo válvulas globo angulares com seus respectivos
adaptadores, mangueiras de incêndio, esguichos e demais acessórios para combate
a incêndio”. (SANTA CATARINA, 2014, p. 21).
No sistema preventivo por hidrantes, contamos com válvula para abertura
do hidrante do tipo globo angular, de diâmetro mínimo 65mm (21/2"). Porém quando
a tubulação do hidrante for de cobre e conter diâmetro de 50mm (2"), aceita-se válvula
para hidrante com diâmetro mínimo de 50 mm (2") também. (SANTA CATARINA,
2017).
Quanto ao centro geométrico da tomada d’água, o hidrante deve possuir
variação entre as cotas de 100 cm a 150 cm, tendo como referencial o piso. Para os
adaptadores rosca x stors, o hidrante deve apresenta-lo com saída de 40 mm (2") para
imóveis com classe de risco de incêndio leve ou médio. (SANTA CATARINA, 2017).
3.3.2 Mangueiras
As mangueiras do sistema hidráulico preventivo por hidrantes, conforme a
IN 007, devem ser acomodadas dentro de um abrigo em zigue-zague ou aduchadas,
possibilitando sua utilização com rapidez e facilidade quando necessitada. A
mangueira deve estar conectada ao hidrante e ao esguicho, quando a linha de
mangueira for em lance único. Já quando a linha de mangueira for composta por dois
ou mais lances de mangueira, elas não devem estar ligadas ao hidrante ou ao
esguicho, bem como as mangueiras não devem estar conectadas entre si. (SANTA
CATARINA, 2017).
O esguicho, para a IN 004, é o “dispositivo adaptado na extremidade da
mangueira ou mangotinho, destinado a dar forma, direção e controle ao jato d’água
38
para combate a incêndio, podendo ser do tipo jato regulável ou de jato compacto”.
(SANTA CATARINA, 2014, p. 17).
Nos imóveis com classe de risco de incêndio leve ou médio, o diâmetro da
mangueira deve ser de 40 mm (11/2"). Já nos imóveis com classe de risco de incêndio
elevado pode-se admitir mangueira com diâmetro de 65 mm (21/2"). (SANTA
CATARINA, 2017).
Os hidrantes devem possuir mangueiras flexíveis, com linhas compostas
por lances e com junta de união do tipo rosca x storz, que são juntas adaptadoras para
conexões de engate rápido. (SANTA CATARINA, 2017).
Tabela 5 – Linhas de mangueira para hidrante
Fonte: SANTA CATARINA, 2017, p. 06.
3.3.3 Abrigo de mangueiras para hidrantes
Consoante a IN 007, no interior do abrigo de mangueiras para hidrantes, as
mangueiras devem ser armazenadas juntamente com a chave de mangueira, o
esguicho e o hidrante. O hidrante pode estar fixado fora do abrigo de mangueiras,
desde que o abrigo não esteja a mais de 3 m de distância do hidrante. (SANTA
CATARINA, 2017).
As figuras seguintes apresentam exemplos de abrigos de mangueiras para
hidrantes para o sistema tipo I, o qual destina-se a edifícios de ocupação residencial.
Observa-se a presença da mangueira flexível, de borracha, com um reforço têxtil, já
conectada ao hidrante e ao esguicho. Essa mangueira deve possuir diâmetro de 40
mm (11/2") e pressão de trabalho de 100 m.c.a. (SANTA CATARINA, 2017).
39
Figura 7 – Hidrante para o sistema tipo I, com porta do abrigo em vidro temperado
Fonte: SANTA CATARINA, 2017, p. 15.
40
Figura 8 – Hidrante para o sistema tipo I, com porta do abrigo na cor vermelha.
Fonte: SANTA CATARINA, 2017, p. 15.
3.3.4 Hidrante de recalque
Segundo a IN 004, hidrante de recalque é o “dispositivo para uso do Corpo
de Bombeiros, que permite o abastecimento de água do caminhão para o sistema de
combate a incêndio e vice-versa” e o hidrante de coluna é o “dispositivo instalado
sobre o piso de passeios públicos, com corpo cilíndrico e três saídas, utilizado para
combate ao incêndio”. (SANTA CATARINA, 2014, p.21).
Visto isso vamos para a IN 007, que pede a utilização de um hidrante de
recalque, do tipo coluna no sistema hidráulico preventivo. Esse hidrante de recalque
do tipo coluna deve conter uma válvula globo angular para abertura, com adaptador
rosca x storz soldado à válvula, evitando assim o furto do adaptador, com saída de 65
mm (21/2") para a mangueira. Conjuntamente a isso, é necessário um engate para
mangueira voltada para baixo em ângulo de 45° e um tampão cego 21/2" storz com
corrente e tampão opcional. O centro geométrico de tomada d’água deve variar entre
as cotas de 60 cm a 150 cm, tendo como referencial o piso. (SANTA CATARINA,
2017).
41
Não é permitido o uso de válvula de retenção impedindo a retirada d’água
do sistema hidráulico preventivo, através do hidrante de recalque. E é permitida a
interligação de duas ou mais colunas, ou reservatórios, para abastecimento de um
único hidrante de recalque, porém os reservatórios elevados devem estar na mesma
cota. (SANTA CATARINA, 2017).
A instalação do hidrante de recalque deve ser feita sempre junto à entrada
principal do imóvel, no muro da divisa da edificação com a rua, na parede externa da
fachada principal da edificação ou na área externa da circulação do imóvel. (SANTA
CATARINA, 2017).
O propósito o hidrante de recalque é sua utilização pelo Corpo de
Bombeiros, então sua localização deve permitir o livre acesso e a aproximação do
caminhão de combate a incêndio, a partir do logradouro público, sem existir qualquer
obstáculo que dificulte o seu uso e a sua localização. (SANTA CATARINA, 2017).
Podem ser utilizados três modelos para hidrante de recalque, conforme
pode-se verificar nas figuras abaixo listadas:
Figura 9 – Hidrante de recalque aparente.
Fonte: SANTA CATARINA, 2017, p. 19.
A única exigência para o hidrante de recalque aparente é que ele seja
pintado na cor vermelha. Para o hidrante de recalque embutido em muro ou parede,
deve haver sinalização na parede ou no muro, composta por um retângulo vermelho
42
nas dimensões de 30 cm x 40 cm, com a inscrição “INCÊNDIO” na cor branca.
(SANTA CATARINA, 2017).
Figura 10 – Hidrante de recalque embutido.
Fonte: SANTA CATARINA, 2017, p. 19.
Figura 11 – Hidrante de recalque dentro de abrigo.
Fonte: SANTA CATARINA, 2017, p. 19.
Para o hidrante de recalque dentro de abrigo deve-se atentar para as
dimensões adequadas ao seu uso. A porta do abrigo deve ser fácil de abrir, sem tranca
ou cadeado, também deve permitir o manuseio fácil de mangueiras, possuir abertura
43
para ventilação e ser de material em vidro temperado liso, transparente, incolor e sem
película ou em material metálico ou de madeira na cor vermelha, com a inscrição
“INCÊNDIO”. (SANTA CATARINA, 2017).
3.3.5 Procedimento de cálculo
O dimensionamento do sistema hidráulico preventivo por hidrates baseia-
se na definição do diâmetro e caminhamento das tubulações. Em consequência disso
deve-se determinar os acessórios necessários para o sistema, a perda de carga na
tubulação, a pressão dinâmica mínima, a vazão demandada, assim como escolher as
conexões e mangueiras adequadas para o sistema. Todo esse conjunto deve garantir
o funcionamento do sistema de acordo com as prerrogativas da Instrução Normativa
007, do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina. (SANTA CATARINA, 2014).
Visto isso, pode-se afirmar que todo sistema hidráulico preventivo por
hidrante terá um hidrante hidraulicamente menos favorável e ele sempre estará no
local que proporciona menor pressão dinâmica no esguicho. (SANTA CATARINA,
2014).
A pressão mínima dinâmica, medida no esguicho, não deverá ser inferior
a 0,45 kgf/cm² (4,5 m.c.a.) para edificações de risco leve, garantindo assim a vazão
mínima no esguicho estabelecida pela Tabela 3. (SANTA CATARINA, 2017).
As vazões e pressões mínimas necessárias são calculadas para o
dimensionamento de um sistema hidráulico preventivo por hidrantes de acordo com a
classe de risco de incêndio e o número de hidrantes em funcionamento, conforme
estabelecido para:
a) 1 hidrante: quando um hidrante instalado;
b) 2 hidrantes: quando de dois a quatro hidrantes instalados;
c) 3 hidrantes: quando de cinco ou seis hidrantes instalados;
d) 4 hidrantes: quando de sete ou mais hidrantes instalados. (SANTA
CATARINA, 2014).
Para o cálculo da vazão adota-se o coeficiente de descarga (Cd) igual a
0,98 e a seguinte equação:
Q = 0,2046 x d2x √H (1)
44
Sendo que a vazão (Q) é medida em litro por minuto (l/min), o diâmetro (d)
do requinte do esguicho é medido em milímetros (mm) e a pressão dinâmica mínima
(H) é medida em metro de coluna d’água (m.c.a). (SANTA CATARINA, 2014).
A perda de carga também ocorre no esguicho e para seu cálculo deve
utilizar a equação:
Je = 0,0396 x H (2)
Onde a perda de carga no esguicho (Je) e a pressão dinâmica (H) são
medidas em metro de coluna d’água (m.c.a.). No entanto, essa equação deve ser
aplicada somente quando o requinte possuir diâmetro entre 13 mm e 25 mm (13 mm
≤ diâmetro ≤ 25 mm). (SANTA CATARINA, 2014).
A perda de carga presente nas tubulações e mangueiras recebe o nome de
perda de carga unitária e para realização do cálculo utiliza-se a fórmula de Hanzen-
Willians:
J = 10,65 x Q1,852
C1,852 x D4,87 (3)
Dado que a perda de carga unitária da tubulação (J) é medida em metro
por metro (m/m), a vazão (Q) é medida em metro cúbico por segundo (m³/s), o
diâmetro nominal (D), que nada mais é do que o diâmetro interno do tubo, é medido
em metro (m) e o coeficiente de rugosidade de Hanzen-Willians (“C”) é adimensional.
(SANTA CATARINA, 2014).
O coeficiente de rugosidade de Hanzen-Willians é referente as paredes
internas das tubulações e mangueiras, sendo que seu valor depende do tipo de
tubulação e é tabelado.
Tabela 6 – Coeficiente de rugosidade
Tipo de tubulação Coeficiente de rugosidade
Ferro fundido e aço preto 100
Aço galvanizado 120
Mangueiras de incêndio (borracha) 140
Cobre e PVC 150 Fonte: SANTA CATARINA, 2014, p. 16
45
Uma vez que o material de que são feitas as tubulações influenciam
diretamente na perda de carga unitária, pode-se utilizar algumas equações reduzidas
para o cálculo da parda de carga unitária nas tubulações levando-se em conta seu
diâmetro. Para o aço galvanizado:
221"(63 mm) ⇨ Jt = 1065,88 x Q1,85 (4)
3" (75 mm) ⇨ Jt = 455,98 x Q1,85 (5)
4" (100 mm) ⇨ Jt = 112,33 x Q1,85 (6)
5" (125 mm) ⇨ Jt = 37,80 x Q1,85 (7)
Na qual a perda de carga unitária da tubulação (Jt) é medida em metro por
metro (m/m) e a vazão (Q) é medida em metro cúbico por segundo (m³/s). (SANTA
CATARINA, 2014).
Já para o cálculo das tubulações de cobre ou PVC se tem as seguintes
fórmulas:
221"(63 mm) ⇨ Jt = 705,38 x Q1,85 (8)
3" (75 mm) ⇨ Jt = 301,76 x Q1,85 (9)
4" (100 mm) ⇨ Jt = 74,34 x Q1,85 (10)
5" (125 mm) ⇨ Jt = 25,08 x Q1,85 (11)
Em que a perda de carga unitária da tubulação (Jt) é medida em metro por
metro (m/m) e a vazão (Q) é medida em metro cúbico por segundo (m³/s). (SANTA
CATARINA, 2014).
As mangueiras também têm a perda de carga unitária e, nesse caso, ela
pode ser calculada pelas seguintes fórmulas reduzidas:
121"(38 mm) ⇨ Jt = 9399,38 x Q1,85 (12)
221"(63 mm) ⇨ Jt = 801,41 x Q1,85 (13)
Onde a perda de carga unitária da tubulação (Jt) é medida em metro por
metro (m/m) e a vazão (Q) é medida em metro cúbico por segundo (m³/s). (SANTA
CATARINA, 2014).
46
Visto isso, pode-se chegar ao valor da perda de carga total na tubulação
por meio da seguinte fórmula:
HPtub. = J x (L + Lv) (14)
Essa perda de carga total (∆hf) é medida em metro de coluna d’água
(m.c.a.), o comprimento (L) é medido em metro (m), o comprimento virtual da
tubulação (Lv) é medido em metro (m) e a perda de carga unitária da tubulação (J) é
medida em metro por metro (m/m). (SANTA CATARINA, 2014).
3.3.5.1 Critério de dimensionamento da reserva técnica de incêndio
A reserva técnica de incêndio (RTI) deverá ser dimensionada de modo a
assegurar um fornecimento ao sistema de uma autonomia de, no mínimo, trinta
minutos. Nesse dimensionamento deve-se considerar que as edificações de risco leve
de incêndio necessitam de uma reserva técnica de incêndio mínima de 5.000 litros e
a vazão no hidrante mais favorável, acrescida de dois minutos por hidrante excedente
a quatro:
a) 1 hidrante, quando instalado um hidrante;
b) 2 hidrantes, quando instalados de dois a quatro hidrantes;
c) 3 hidrantes, quando instalados cinco ou seis hidrantes;
d) 4 hidrantes, quando instalados sete ou mais hidrantes; e acrescer dois
minutos por hidrantes excedente a quatro. (SANTA CATARINA, 2014).
O desmembramento da RTI em reservatório elevado é permitido, desde
que as células sejam separadas em unidade equivalentes e interligadas em colar ou
barrilete e abasteçam o mesmo sistema. Caso os blocos de edificações sejam
alimentados por prumadas de um único reservatório elevado (superior ou castelo
d’água), esse reservatório precisará comportas as reservas técnicas de incêndio para
cada um dos blocos. (SANTA CATARINA, 2014).
Em caso de reservatório subterrâneo, a RTI deverá ser dimensionada para
o dobro da previsão feita para reservatório elevado, em todas as classes de incêndio.
E caso o reservatório inferior seja em células separadas, estas serão desmembradas
em unidades equivalentes. (SANTA CATARINA, 2014).
47
3.4 SISTEMA HIDRÁULICO PREVENTIVO POR MANGOTINHOS
3.4.1 Mangotinhos
O sistema de mangotinhos é composto por tomadas de incêndio e para
garantir sua rapidez e facilidade de utilização, conta com saída de água dispondo de
uma válvula de abertura rápida, acoplada a uma mangueira semirrígida
permanentemente e com um esguicho regulável conectado na extremidade. Como já
mencionado, o esguicho tem a função de propiciar direção e controle ao jato d’água
para combate a incêndio. (SANTA CATARINA, 2017).
Para Brentano (2005, p.47):
É um sistema constituído por tomadas de incêndio, que são estrategicamente distribuídas em locais da edificação, nas quais há uma (simples) saída, contendo válvula de abertura rápida, de passagem plena, permanentemente acoplada nela uma mangueira semirrígida, com diâmetro nominal de 25 ou 32 mm em cuja extremidade tem um esguicho regulável acoplado.
Para ABNT (2000, p. 3) é o “ponto de tomada de água onde há uma
(simples) saída contendo válvula de abertura rápida, adaptador (se necessário),
mangueira semirrígida, esguicho regulável e demais acessórios”.
O centro geométrico da tomada ou entrada d’água do mangotinho deve
variar entre as cotas de 100 cm a 150 cm, utilizando o piso como referencial, como
pode-se utilizar na Figura 9. Já a válvula para mangotinho deve ser do tipo esfera, de
abertura rápida, com passagem plena e com diâmetro mínimo de 25 mm (1"). (SANTA
CATARINA, 2017).
Pensando na necessidade de uso do Corpo de Bombeiros em caso de
incêndio, deve-se deixar instalada uma válvula, globo angular, com adaptador rosca
x storz para mangueira de 40 mm (11/2"). Neste caso, o centro geométrico da tomada
d’água da válvula globo angular pode variar entre as cotas de 60 cm a 150 cm, tendo
como referencial o piso. (SANTA CATARINA, 2017).
3.4.2 Mangueiras
Para os mangotinhos, a mangueira deve ser de lance único, de material
semirrígido com diâmetro de 25 mm (1") e com comprimento máximo de 30 m. Além
48
disso, a mangueira deve ser acomodada enrolada dentro de um abrigo, em carretel
fixo ou móvel, que permita sua utilização com rapidez e facilidade. (SANTA
CATARINA, 2017).
3.4.3 Abrigo de mangueiras para mangotinhos
No interior do abrigo de mangueiras para mangotinho, as mangueiras
devem ser acondicionadas juntamente com o esguicho. Nas imagens seguintes
observa-se dois exemplos de abrigo de mangueiras para mangotinhos, com a
presença do carretel fixo ou móvel para acomodação da mangueira semirrígida com
diâmetro de 25 mm (1"), já encaixada no esguicho regulável. (SANTA CATARINA,
2017).
Figura 12 – Abrigo horizontal de mangueiras para mangotinhos
Fonte: SANTA CATARINA, 2017, p. 16.
49
Figura 13 – Abrigo vertical de mangueiras para mangotinhos
Fonte: SANTA CATARINA, 2017, p. 16.
3.4.4 Procedimento de cálculo
O procedimento de cálculo do sistema hidráulico preventivo por
mangotinhos é semelhante ao procedimento de cálculo do sistema hidráulico
preventivo por hidrantes. A IN 007 do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina
e a NBR 13.714 implementam muitas diretrizes que englobam os dois tipos de
sistemas, mas nenhum deles traz uma proposta de memória de cálculo acerca do
assunto. Visto isso, utilizou-se como bibliografia para delinear o procedimento de
cálculo o método proposto pela QiSat, uma empresa que promove cursos na área de
engenharia e arquitetura.
O primeiro fator a definir-se é vazão medida na saída do esguicho do
mangotinho hidraulicamente menos favorável, a qual não pode ser inferior a 80 l/min,
em um esguicho do tipo jato regulável, conforme o exibido na Tabela 3.
50
O sistema preventivo por mangotinhos deve ser dimensionado em função
da sua classe de risco de incêndio, fornecendo assim a vazão requerida na Tabela 3,
com o funcionamento simultâneo de:
a) Um mangotinho, quando instalado um mangotinho;
b) Dois mangotinhos, quando instalados dois, três ou quatro mangotinhos;
c) Três mangotinhos, quando instalados cinco ou seis mangotinhos;
d) Quatro mangotinhos, quando instalados sete ou mais mangotinhos.
(SANTA CATARINA, 2017).
Para início da definição dos dados do esguicho regulável deve-se calcular
a velocidade na ponta do esguicho pela seguinte fórmula:
Vesg = √2 x g x Pmín (15)
Onde a velocidade da água na saída do esguicho (Vesg) é calculada em
metros por segundo (m/s), para a aceleração da gravidade (g) pode-se adotar o valor
de 9,81 metros por segundo ao quadrado (m/s²) e a pressão mínima nominal (Pmín)
deve ser utilizada na unidade de metro por coluna d’água (m.c.a.). (QISAT, 2019).
Com o valor da velocidade na ponta do esguicho é possível obter a vazão
na ponta do esguicho por meio de:
Qesg = Aesg x Vesg (16)
Para tanto a área do esguicho (Aesg) deve ser calculada em metros
quadrados (m²) para a obtenção da vazão no esguicho (Qesg) em metros cúbicos por
segundo (m³/s). (QISAT, 2019).
A pressão na entrada do esguicho (Pesg) é alcançada através da divisão da
vazão no esguicho (Qesg) pelo fator de vazão “K” do esguicho, medido em litro por
minuto por metro de coluna d’água ao quadrado (l/min/m.c.a.1/2).
Pesg = Qesg2
Kesg2 (17)
51
Tabela 7 – Fator de vazão “K”.
Fonte: QiSat, 2019.
O último dado necessário para o esguicho regulável é a perda de carga
(HPesg):
HPesg = Pesg - Pmín (18)
Para a mangueira duas informações devem ser encontradas, a perda de
carga unitária (Jmang.) e a perda de carga total (HPmang.):
Jmang. = 10,65 x Q1,852
C1,852 x D4,87 (3)
HPmang. = Jmang. x Lmang. (19)
No qual a perda de carga unitária na mangueira (Jmang.) é encontrada em
metro por metro (m/m) e a perda de carga total na mangueira (HPmang.) em m.c.a. A
variável “C” é o coeficiente de rugosidade, indicado na Tabela 6. (QISAT, 2019).
Na válvula esfera os dados obtidos devem ser a velocidade (Vválvula), a
pressão (Pválvula) e a perda de carga na válvula esfera (HPválvula). Neste caso, a pressão
é obtida de outra forma:
Pválvula = HPmang. + HPesg. + Pmín (20)
Todos os dados desta equação devem ser utilizados em m.c.a. (QISAT,
2019).
Já na velocidade, deve-se aplicar a variável vazão do mangotinho (Q) em
m³/s e a variável área da válvula (Aválvula) em m². (QISAT, 2019).
52
Vválvula = Q
Aválvula (21)
A perda de carga na válvula esfera depende da fixação do coeficiente de
singularidade da válvula esfera (Kválvula) para substituição na equação:
HPválvula = Kválvula x Vválvula
2 x g (22)
Advindo ao primeiro sub-ramal do mangotinho, para a tubulação, calcula-
se a velocidade (Vtub.), perda de carga unitária (Jtub.) e perda de carga total para a
tubulação (HPtub.). (QISAT, 2019).
A HPtub. deve ser alcançada através da equação:
HPtub. = J x (L + Lv) (14)
Onde (L) é o comprimento real da tubulação e (Lv) é o comprimento virtual.
Dessa maneira, pode-se conhecer a perda de carga do sub-ramal, ou seja, do ponto
até o mangotinho hidraulicamente mais desfavorável, e a pressão neste mesmo ponto.
(QISAT, 2019).
HPP-M = ∑ HP’s (23)
Pponto = Pmín + HPP-M (24)
É preciso realizar a definição do fator de vazão “K” em cada ponto, para o
posterior cálculo da vazão dos mangotinhos sequentes:
K = Q
√P (25)
Q = K x √P (26)
Nos quais o fator de vazão “K” é atingido em l/min/m.c.a.1/2, a vazão é
utilizada em litro por minuto (l/min) e a pressão em m.c.a. A partir desde momento
53
realiza-se o dimensionamento de todos os outros sub-ramais para posterior definição
da reserva técnica de incêndio adotada. Caso necessário será adotada uma bomba
de incêndio, no intuito de proporcionar a vazão e pressão requerida pelo sistema.
(QISAT, 2019).
3.4.4.1 Dimensionamento das bombas de incêndio
O responsável técnico pelo projeto preventivo contra incêndio também será
o responsável pelo cálculo da vazão, pressão e potência das bombas de incêndio
quando requeridas. Para isso deve-se iniciar os cálculos pela altura manométrica
levando-se em consideração os valores como os das perdas de carga total na sucção
e no recalque, com a subsequente equação:
Hman = Hg + hfs + hfr + P (27)
Para isso a altura manométrica (Hman), altura geométrica (Hg), perda de
carga total na sucção (hfs), perda de carga total no recalque (hfr) e a pressão requerida
no hidrante menos favorável (P) devem ser medidas em metro de coluna d’água
(m.c.a.). (SANTA CATARINA, 2014).
Desse modo, deve-se efetuar os cálculos das variáveis supracitadas para
resolução do problema. A perda de carga total na tubulação de sucção é determinada
pela equação:
HPs = Js (Ls + Lvs) (14)
Onde a perda de carga total na tubulação de sucção (hfs) é medida em
metro de coluna d’água (m.c.a.), o comprimento real da tubulação de sucção (Ls) e o
comprimento virtual da tubulação de sucção (Lvs) são medidos em metro (m) e a perda
de carga unitária da tubulação de sucção (Js) é medida em metro por metro (m/m).
(SANTA CATARINA, 2014).
Já a perda de carga na tubulação de recalque é determinada através da
equação:
HPr = Jr (Lr + Lvr) (14)
54
Nesse caso, a perda de carga total na tubulação de recalque (hfr) é medida
em metro de coluna d’água (m.c.a.), o comprimento real da tubulação de recalque (Lr)
e o comprimento virtual da tubulação de recalque (Lvr) são medidos em metro (m) e a
perda de carga unitária da tubulação de recalque é medida em metro por metro (m/m).
(SANTA CATARINA, 2014).
Com a determinação da altura manométrica e da vazão, pode-se
estabelecer a potência da bomba por meio da equação:
Pb = 0,37 x Q x Hman
n (28)
Para isso mede-se a potência da bomba (Pb) em cavalos (cv), a vazão da
bomba (Q) em metro cúbico por hora (m³/h), a altura manométrica continua sendo
medida em (m.c.a.), o rendimento do conjunto moto-bomba (𝑛) é medido em
porcentagem (%) e 0,37 é uma constante para adequação das unidades e do peso
específico da água. (SANTA CATARINA, 2014).
A fim de evitar a formação de vórtices na tubulação de sucção da bomba e
a entrada de ar, a válvula de pé e crivo deverá estar submergida a uma altura mínima
dada pela fórmula:
hmín = 2,5 d + 0,10 (29)
Sendo (d) o diâmetro interno da tubulação de sucção e (hmin) a altura
mínima entre o nível de água da fonte de abastecimento e a parte superior da válvula
de pé e crivo, ambos medidos em metro (m). (SANTA CATARINA, 2014).
Uma ocorrência corriqueira nas bombas de incêndio é a cavitação.
Segundo Brentano (2005), p. 281, é um “fenômeno que ocorre no interior da bomba e
que provoca a queda do rendimento, vibração, trepidação, marcha irregular, ruído
desgaste e remoção de pedaços do rotor e da canalização junto à entrada da bomba”.
Isso ocorre devido a uma queda de pressão causada pela velocidade do rotor da
bomba, fazendo com que a pressão em seu interior fique menor que a pressão
atmosférica. Em consequência disso a água é deslocada para o interior da
canalização de sucção até atingir o rotor no interior da bomba.
55
Com o propósito de evitar a cavitação é necessário que se tenha uma
quantidade de energia mínima de aspiração na entrada da bomba, dada pela
diferença entre a pressão de vapor e a pressão absoluta da água. Esse acontecimento
é conhecido por Net Positive Suction Head (NPSH) ou altura positiva líquida de
sucção. (BRENTANO, 2005).
Logo, NPSH disponível > (NPSH requerido pela bomba + 0,3).
NPSHd = Patm − hfs − Pv ± Hs (30)
Tendo em vista que a pressão atmosférica (Patm) é medida em metro de
coluna d’água (m.c.a.) e calculada pela equação:
Patm = 10,33 − 0,0011 x altitude local (31)
A perda de carga total na sucção (hfs), a pressão de vapor (Pv) e a altura
de sucção (Hs) são medidas em metro de coluna d’água (m.c.a.) também e com isso
encontra-se NPSH disponível em (m.c.a.). (SANTA CATARINA, 2014).
Os valores da pressão de vapor d’água em função da sua temperatura local
são dados pela Tabela 8:
Tabela 8 – Pressão de vapor da água para determinadas temperaturas
Temperatura da água em (°C)
0
4
10
20
30
40
50
60
80
100
Pressão de vapor d’água (m.c.a.)
0,06
0,08
0,13
0,24
0,43
0,75
1,26
2,31
4,83
10,33
Fonte: SANTA CATARINA, 2014, p. 19
56
4 ESTUDO DE CASO – SISTEMA HIDRÁULICO PRVENTIVO
4.1 SISTEMA HIDRÁULICO PREVENTIVO POR HIDRANTES
O edifício em questão é um residencial privativo multifamiliar com treze
pavimentos, sendo assim, é classificado como risco leve de incêndio. O número de
pavimentos será igual ao número de hidrantes, ou seja, o prédio possuirá treze
hidrantes. De modo que a edificação dispõe de sete ou mais hidrantes, para o
dimensionamento leva-se em conta a utilização simultânea de apenas quatro
hidrantes, os quais estão apontados na Figura 14. Esses hidrantes estão dispostos de
cima para baixo, contado com o abastecimento por gravidade de um reservatório
superior.
Figura 14 – Esquema hidrantes em funcionamento simultâneo.
Fonte: Elaboração da autora, 2019.
Para início do dimensionamento do sistema de hidrantes adotou-se os
seguintes dados de projeto:
a) Número de pavimentos: 13;
b) Tipo de ocupação: residencial;
c) Grau de risco: leve;
d) Carga de fogo ≤ 60 kg/m²;
e) Número de hidrantes: 13;
f) Número de hidrantes em funcionamento simultâneo: 4;
g) Diâmetro da mangueira: 40 mm (1"1/2");
h) Comprimento da mangueira: 30 m;
57
i) Diâmetro da tubulação: 65 mm (2"1/2") e 100 mm (4”);
j) Diâmetro de requinte: 12,7 mm (1/2");
k) Pressão mínima no hidrante mais desfavorável: 0,45 kg/cm² = 4,5
m.c.a.;
l) Constante de rugosidade: 120 para canalizações em aço galvanizado e
140 para mangueiras com revestimento interno de borracha.
Efetuou-se o dimensionamento do sistema de hidrantes de acordo com a
IN 007 de 2014 do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina e com a substituição
de todos os dados pré-estabelecidos para o projeto em suas devidas equações, pôde-
se chegar aos resultados das pressões em cada ponto e das vazões em cada hidrante.
Tabela 9 – Determinação das pressões e vazões para hidrantes.
Fonte: Elaboração da autora, 2019.
Os valores obtidos atendem aos preceitos estabelecidos pelo Corpo de
Bombeiros Militar de Santa Catarina, na IN 007, onde fica definida uma pressão
máxima de trabalho em qualquer ponto do sistema de 100 m.c.a. (SANTA CATARINA,
2017).
Os resultados encontrados também estão adequados a NBR 13.714,
conforme abaixo:
O sistema deve ser dimensionado de modo que as pressões dinâmicas nas entradas dos esguichos não ultrapassem o dobro daquela obtida no esguicho mais desfavorável hidraulicamente. Pode-se utilizar quaisquer dispositivos para redução de pressão, desde que comprovadas as suas adequações técnicas. (ABNT, 2000, p. 07).
58
O valor destacado na Tabela 9, em amarelo, refere-se à altura (H) entre o
fundo do reservatório e o hidrante hidraulicamente mais desfavorável. Tendo em vista
a facilidade na execução adotou-se para H um valor redondo ligeiramente acima do
calculado, como ilustrado na Figura 15.
Figura 15 – Altura entre o fundo do reservatório e o hidrante hidraulicamente mais
desfavorável.
Fonte: Triches Engenharia e Consultoria, 2017. Com adaptações.
Por meio da altura total entre o fundo do reservatório e o hidrante
hidraulicamente mais desfavorável calculou-se a vazão para o hidrante QH13, valor
apresentado na Tabela 11. Levando-se em conta uma autonomia para o sistema de
30 minutos mais dois minutos por hidrante excedente a quatro, conforme previsto pela
IN 007 de 2014, chegou-se ao volume da reserva técnica de incêndio adequada.
(SANTA CATARINA, 2014).
59
Tabela 10 – Volume total da RTI.
RTI
H fundo do reservatório até o hidrante mais favorável [m]
42,50
Tempo de funcionamento [min]
48,00
Vazão total (QH13) [l/m] 215,13
Volume total RTI [litros] 10326,40 Fonte: Elaboração da autora, 2019.
A reserva técnica de incêndio ficará dividida em duas células, permitindo a
limpeza e manutenção individual. Também será instalada uma tubulação com
diâmetro igual à do sistema preventivo por hidrantes, interligando as duas células e
atenderá todos os parâmetros da IN 007. O reservatório ainda contará com proteção
ao fogo por quatro horas.
Figura 16 – Volume da RTI para o sistema de hidrantes.
Fonte: Triches Engenharia e Consultoria, 2017. Com adaptações.
Pode-se verificar o esquema vertical final do sistema hidráulico preventivo
por hidrantes na Figura 17.
60
Figura 17 – Esquema vertical do sistema hidráulico preventivo por hidrantes.
Fonte: Elaboração da autora, 2019.
61
4.2 SISTEMA HIDRÁULICO PREVENTIVO POR MANGOTINHOS
Efetuou-se o dimensionamento do sistema hidráulico preventivo por
mangotinhos para a mesma edificação privativa multifamiliar supracitada. Um edifício
residencial com treze pavimentos, classificado como risco leve de incêndio. O número
de pavimentos será igual ao número de mangotinhos, ou seja, o prédio possuirá treze
mangotinhos. De modo que a edificação dispõe de sete ou mais mangotinhos, para o
dimensionamento leva-se em conta a utilização simultânea de apenas quatro
mangotinhos, os quais estão apontados na Figura 18. Ordenou-se os mangotinhos de
cima para baixo e não se sabe como será realizado o abastecimento de água, se por
gravidade ou por com bomba de incêndio, essa questão se solucionará no decorrer
do dimensionamento.
Figura 18 – Esquema mangotinhos em funcionamento simultâneo.
Fonte: Elaboração da autora, 2019.
Para o princípio dos cálculos determinou-se os parâmetros iniciais do
sistema, os quais são:
a) Número de pavimentos: 13;
b) Tipo de ocupação: residencial;
c) Grau de risco: leve;
d) Carga de fogo ≤ 60 kg/m²;
e) Número de mangotinhos: 13;
f) Número de mangotinhos em funcionamento simultâneo: 4;
g) Número de tomadas d’água: uma por mangotinho;
h) Tipo de adução: reservatório elevado;
62
i) Tipo de esguicho: jato regulável;
j) Diâmetro do esguicho: 25 mm (1"1/2") e 9,5 mm real;
k) Kesg: 11,7 l/min/mca¹/2;
l) Vazão mínima na ponta do esguicho: 80 l/min;
m) Diâmetro da mangueira: 25 mm (1"1/2");
n) Comprimento da mangueira: 30 m;
o) Diâmetro da tubulação: 65 mm (2"1/2");
p) Pressão mínima no hidrante mais desfavorável: 0,45 kg/cm² = 4,5
m.c.a.;
q) Constante de rugosidade: 120 para canalizações em aço galvanizado.
A partir do supradito seguiu-se um modelo de cálculo proposto pela
empresa QiSat e elaborou-se uma planilha para obtenção dos resultados
apresentados na Tabela 12 e na Tabela 13.
Tabela 11 – Determinação das pressões e vazões para mangotinhos.
Fonte: Elaboração da autora, 2019.
63
Tabela 12 - Determinação das pressões e vazões para mangotinhos.
Fonte: Elaboração da autora, 2019.
Pode-se verificar a determinação dos dados para os pontos “A”, “B”, “C” e
“D”, com o encontro dos valos das perdas de carga, pressões e vazões nos
mangotinhos. Deve-se lembrar que foi considerado o uso simultâneo de quatro
mangotinhos, conforme orientação da IN 007 de 2017. (SANATA CATARINA, 2017).
Para o cálculo da reserva técnica de incêndio, nesse caso, adotou-se um
tempo de funcionamento mínimo para os quatro mangotinhos em uso simultâneo de
60 minutos. (ABNT, 2000).
Levou-se em conta o tempo de autonomia do sistema e a soma das vazões
dos quatro mangotinhos em funcionamento simultâneo, chegou-se ao volume da
reserva técnica de incêndio, como observado na Figura 19. Para a altura entre o fundo
do reservatório e o mangotinho mais desfavorável, se empregou o mesmo desnível
encontrado no cálculo do sistema de hidrantes, 5,80 metros, já que aqui essa altura
deve ser arbitrada.
64
Figura 19 – Volume da RTI para o sistema de mangotinhos.
Fonte: Triches Engenharia e Consultoria, 2017. Com adaptações.
Calculou-se uma pressão no ponto “A” de 60,75 m.c.a., o que é
considerado um alto valor, sendo assim, com o propósito de pressurizar o sistema se
principiou o processo para a escolha de uma bomba de incêndio. O primeiro passo é
determinar a altura manométrica e a vazão do sistema. Atingiu-se o valor dos dois
parâmetros de acordo com o método proposto pela QiSat, assim fez-se a pesquisa da
bomba ideal em uma Tabela Para Seleção de Bombas e Motobombas da Schneider
Motobombas. De acordo com o dimensionamento realizado julgou-se como melhor
modelo de bomba a ME-AL/BR 23100V e suas principais especificações são
apresentadas na Tabela 13.
Tabela 13 – Especificações da bomba escolhida.
Fonte: Schneider motobombas, 2016.
Segundo o fabricante, é uma motobomba centrífuga multiestágios ideal
para “abastecimento predial, irrigação, lavação de ambientes, veículos e máquinas,
65
alimentação de caldeiras, transporte de água a longa distância, nebulização em
aviários e estufas, motobomba jockey para prevenção e combate a incêndio”.
(SCHNEIDER MOTOBOMBAS, 2016).
Figura 20 – Motobomba ME-AL/BR 23100V.
Fonte: Schneider motobombas, 2016.
A recomendação da IN 007 é para a instalação de duas bombas de
incêndio, uma principal e uma reserva, com autonomia mínima de duas horas. As duas
bombas devem ser do modelo ME-AL/BR 23100V e serão instaladas junto a um
sistema by pass, conforme a Figura 21, garantindo assim que possam funcionar
separado ou simultaneamente. (SANTA CATARINA, 2017).
66
Figura 21 – RTI sistema de mangotinhos com bomba e sistema by pass.
Fonte: Triches Engenharia e Consultoria, 2017. Com adaptações.
Essas bombas abasteceram somente o sistema de incêndio e serão
instaladas de modo que liguem de forma automática ao abrir-se o registro do
mangotinho e sejam desligadas apenas manualmente no painel elétrico. Um
acionador manual deve ficar à disposição em local seguro e de fácil acesso. Já no
caso das válvulas da rede de incêndio, pode-se garantir que elas estejam sempre
operantes com o travamento com cadeados. (ABNT, 2000).
As bombas de incêndio devem ser posicionadas em compartimento próprio,
a casa de bombas, com pé direito mínimo de 1,20 m e espaço suficiente para manobra
e manutenção dela. Também deve oferecer proteção ao fogo por, no mínimo, duas
horas e ser alimentada por uma rede elétrica independente vinda direto da ligação
pública. (SANTA CATARINA, 2017).
Por fim, pode-se observar o esquema vertical do sistema hidráulico
preventivo por mangotinhos com seus respectivos diâmetros na Figura 22.
67
Figura 22 – Esquema vertical do sistema hidráulico preventivo por mangotinhos.
Fonte: Elaboração da autora, 2019.
68
4.3 RESULTADOS
Segundo os cálculos realizados é possível afirmar que, tanto os hidrantes
quanto os mangotinhos, contêm condições suficientes para atender a edificação em
questão com segurança em caso de incêndio, de acordo com as condições mínimas
exigidas pelo Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina e pela NBR 13.714.
No caso do sistema hidráulico preventivo por hidrantes, já houve uma IN
007 do CBMSC, do ano de 2014, que fornecia todos os parâmetros e demonstrava os
cálculos necessários para o dimensionamento do sistema. Esse dimensionamento era
realizado pelo responsável técnico e submetido a análise de projetos do CBMSC, o
qual atribuía o parecer de deferido ou indeferido ao projeto. Com isso pode-se
perceber que esse cálculo era bem delimitado e restrito. Realizou-se o
dimensionamento do sistema proposto neste trabalho de acordo com esses preceitos
anteriormente cobrados, sendo assim não se verificou nenhuma grande dificuldade
na obtenção das pressões, vazões e determinação da RTI do sistema de hidrantes
abastecido por gravidade.
Já para o sistema hidráulico preventivo de mangotinhos notou-se como
primeira dificuldade a ausência de uma instrução normativa do CBMSC acerca dos
cálculos necessários para o dimensionamento do sistema. A nova IN 007 de 2017
trouxe a novidade da opção pelo sistema de mangotinhos, porém só determinou
alguns parâmetros mínimos necessários, assim sendo, o responsável técnico pode
escolher a bibliografia que julga ser a mais adequada para o dimensionamento do
sistema. Hoje o CBMSC avalia se a RTI adotada atende a edificação, não observado
toda a memória de cálculo para o deferimento do projeto.
Realizou-se o dimensionamento do sistema hidráulico preventivo por
mangotinhos de acordo com a memória de cálculo proposta pela empresa QiSat,
dessa maneira se obteve os valores de pressões em todas os pontos, vazões em
todos os mangotinhos, volume da reserva técnica de incêndio e descobriu-se a bomba
de incêndio ideal para o sistema. Apesar de haver uma memória de cálculo, alguns
dados foram utilizados pelo autor sem elucidação, o que tornou o dimensionamento
do sistema um desafio maior se comparado ao dimensionamento do sistema de
hidrantes.
O esquema vertical dos sistemas é praticamente idêntico. A diferença é que
no esquema vertical do sistema por mangotinhos, abaixo do reservatório superior, é
69
instalada a bomba de incêndio e a casa de bombas. No caso dos hidrantes a bomba
é dispensada, uma vez que a água é distribuída do reservatório superior até os
hidrantes por gravidade. Além disso, todo o encaminhamento da tubulação é o mesmo
e o material utilizado é o aço galvanizado. Para o sistema hidráulico preventivo por
mangotinhos utilizou-se o diâmetro de 65 mm para toda a tubulação e para o sistema
hidráulico preventivo por hidrantes utilizou-se o diâmetro de 100 mm para o trecho
entre o fundo do reservatório e o hidrante hidraulicamente mais desfavorável e o
diâmetro de 65 mm para o restante da tubulação.
O hidrante conta com um sistema que contém um registro de globo, que
transfere a água da tubulação para a mangueira, uma mangueira de fibra revestida
internamente por borracha, um adaptador, um esguicho regulável e uma chave de
mangueira. Encontra-se todos esses elementos separados dentro do abrigo para
hidrantes e eles devem ser montados. Em uma explicação resumida para a montagem
do sistema pode-se dizer que a mangueira deve ser completamente desenrolada, logo
depois ela deve ser conectada ao registro de globo, sem demora o esguicho regulável
pode ser plugado a ponta da mangueira e o registro aberto para a liberação da água.
Isso quer dizer que a mangueira de hidrante não é um equipamento de fácil manuseio,
ela requer treinamento prático antes do uso, ocasionando uma grande desvantagem
para os usuários do sistema. Outra questão importante acerca da mangueira do
hidrante está relacionada a alta vazão e ao diâmetro de 40 mm, pois a soma desses
dois elementos gera uma mangueira pesada, dificultando o manejo por uma única
pessoa.
No quesito manipulação os mangotinhos são mais simples do que os
hidrantes. Dentro do abrigo para mangotinhos há um carretel aonde a mangueira
semirrígida de diâmetro 25 mm permanece enrolada e o esguicho regulável já fica
acoplado a ponta da mangueira. Para acionar o sistema basta puxar a mangueira,
desenrolando-a, e girar a válvula de abertura rápida para desbloquear a água.
Dimensionou-se os dois sistemas contando com a utilização de mangueiras de 30
metros de comprimento.
Quanto as vazões, verifica-se que as encontradas nos hidrantes são bem
superiores as vazões encontradas nos mangotinhos, apesar de a vazão mínima
requerida para o hidrante ser de 70 l/min e para o mangotinho ser de 80l/min. Isso
ocorre porque os diâmetros utilizados no sistema de hidrantes são maiores do que os
empregados no sistema de mangotinhos.
70
Tabela 14 – Pressões e vazões dos hidrantes.
Fonte: Elaboração da autora, 2019.
Acerca das pressões obtidas em cada ponto dos sistemas, pode-se
observar na Tabela 14 que os valores encontrados para o sistema hidráulico
preventivo por hidrantes são bem inferiores aos valores descobertos para o sistema
hidráulico preventivo por mangotinhos, apontados na Tabela 15. Isso se deve aos
diâmetros menores adotados para os mangotinhos, que acabam sobrecarregando o
sistema com mais pressão.
Tabela 15 – Pressões e vazões dos mangotinhos.
Fonte: Elaboração da autora, 2019.
Pode-se verificar uma diferença considerável nos volumes das reservas
técnicas de incêndio dos dois sistemas, conforme exibido na Tabela 16. Isso se deve
ao fato de que as reservas técnicas de incêndio são calculadas de modos diferentes.
No caso dos hidrantes, considera-se a vazão no hidrante mais favorável
(QH13) e o tempo de autonomia do sistema, 48 minutos para este caso.
Tabela 16 – RTI.
Fonte: Elaboração da autora, 2019.
71
Já para os mangotinhos, calcula-se a reserva técnica de incêndio a partir
da soma das vazões dos quatro mangotinhos em funcionamento simultâneo e do
tempo de autonomia do sistema, 60 minutos neste contexto.
Para se fazer um breve comparativo entre os preços dos sistemas levou-
se em consideração a parte da caixa de hidrante ou mangotinho até a ponta da
mangueira e para o caso dos mangotinhos as motobombas utilizadas também foram
contabilizadas. Não se julgou necessário levantar os preços da tubulação vertical, pois
em ambos os casos têm o mesmo comprimento e são do mesmo material, aço
galvanizado, o que muda são os diâmetros, contudo os preços das tubulações são
bem próximos. Dessa forma, realizou-se uma breve pesquisa de preços acerca do
apontado e constatou-se que o sistema hidráulico preventivo por mangotinhos é
aproximadamente 110,36% mais caro que o sistema hidráulico preventivo por
hidrantes. A diferença é notável, basicamente, em razão das bombas de incêndio e
do carretel móvel com mangotinho de 30 metros. Os dois itens citados apresentam
um valor unitário elevado. Optou-se por não levar em conta nesse percentual a
considerável diferença na RTI dos sistemas, pois seria necessário contabilizar a
quantidade de material extra utilizado para a construção do reservatório e o intuito
deste trabalho não é realizar um orçamento detalhado a respeito dos sistemas.
Diante do exposto, consegue-se listar as vantagens desvantagens de cada
sistema.
Vantagens do sistema hidráulico preventivo por hidrantes:
a) Facilidade no dimensionamento;
b) Reserva técnica de incêndio menor, se comparada ao sistema de
mangotinhos (ocupa menos espaço);
c) Baixo custo.
Desvantagens do sistema hidráulico preventivo por hidrantes:
a) As peças encontram-se desmontadas dentro do abrigo para hidrantes;
b) A montagem de todas as peças requer tempo e conhecimento acerca
do sistema;
c) Dificuldade de manuseio da mangueira;
Vantagens do sistema hidráulico preventivo por mangotinhos:
a) As peças do sistema ficam montadas dentro do abrigo para
mangotinhos, prontas para o uso;
b) Facilidade de manuseio da mangueira;
72
Desvantagens do sistema hidráulico preventivo por mangotinhos:
a) Reserva técnica de incêndio maior, se comparada ao sistema de
hidrantes (ocupa mais espaço);
b) Alto custo.
Visto isso, é possível concluir que pelo ponto de vista da segurança, o
sistema por mangotinhos é o mais vantajoso. Principalmente quando se considera a
utilização do sistema por uma pessoa leiga no momento do incêndio, cada segundo
perdido na montagem da mangueira no sistema por hidrantes é precioso.
Porém, se for considerado o ponto de visto econômico, o sistema por
hidrantes é o mais vantajoso. Como a bomba de incêndio é dispensada, ocorre um
significativo barateamento do sistema. O conjunto composto pela caixa metálica para
mangueira, as mangueiras, chave storz, válvula angular, adaptador e esguicho sai
consideravelmente mais em conta do que o conjunto para os mangotinhos constituído
pela caixa metálica para o mangotinho, carretel móvel com mangotinho e válvula de
abertura rápida.
73
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1 CONCLUSÃO
Neste trabalho de conclusão de curso se estudou sobre o sistema
hidráulico preventivo sob comando, ou seja, o sistema por hidrantes e o sistema por
mangotinhos em edificações privativas multifamiliares. A pesquisa realizada foi de
suma importância para a área do estudo, visto que durante o desenvolvimento do
trabalho pode-se constatar a importância de um bom sistema preventivo contra
incêndio, já que na hora do fogo, cada segundo é decisivo e um sistema eficiente
propicia a ação rápida e eficaz do Corpo de Bombeiros Militar, bem como auxilia no
salvamento de vidas.
Então, no desenvolvimento deste estudo foi elaborada uma análise
comparativa de um sistema hidráulico preventivo por hidrantes e um sistema
hidráulico preventivo por mangotinhos, foram apresentados os esquemas de cálculo
dos sistemas, bem como foram ponderadas questões técnicas e de manejo dos
equipamentos dos sistemas e, por fim, apresentou-se o resultado das pressões e das
vazões nas mangueiras dos hidrantes e dos mangotinhos, atendendo assim todos os
objetivos propostos no início deste trabalho.
Conforme o exposto, foram constatadas disparidades entre os dois tipos de
sistema sob comando. Além das diferenças de vazão e pressão, atestou-se
disparidade no manuseio dos sistemas e também dos valores para compra dos
dispositivos necessários. Atualmente, há uma notável preocupação com o custo das
obras e os orçamentos tendem a ser enxutos o máximo possível. Isso faz com que a
parte financeira pese mais do que a segurança, uma vez que o sistema mais barato
não é o sistema mais fácil de ser manuseado pelos usuários. Contudo, os dois
sistemas mostraram-se seguros para a edificação estudada, sendo assim fica com o
responsável técnico o compromisso com a escolha do sistema a ser utilizado.
5.2 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Seguramente há nesta área de trabalho um campo de pesquisa vasto, onde
novas tipologias para o sistema hidráulico preventivo residencial multifamiliar podem
74
ser pesquisadas, uma vez que se constatou sérias desvantagens nos dois sistemas
abordados neste trabalho.
Como dito anteriormente, o cálculo para o dimensionamento do sistema
hidráulico preventivo por mangotinhos foi uma difícil etapa neste estudo. A bibliografia
utilizada não demonstrou a procedência de alguns dados utilizados nos cálculos, o
que deixa uma fresta para a pesquisa de novas metodologias de cálculo e para nova
comparação de resultados, até mesmo uma comparação entre duas metodologias de
cálculo acerca do sistema hidráulico preventivo por mangotinhos.
75
ANEXO A - Comprimento equivalente a perdas localizadas nas conexões de ferro
galvanizado [m]
Fonte: Schneider motobombas, 2016.
76
ANEXO B - Comprimento equivalente a perdas localizadas nas conexões de ferro
galvanizado [m]
Fonte: QiSat, 2019.
77
REFERÊNCIAS
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78
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79