85
UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA GRAMS E NIKOLAS BONFIM DUTRA IMPLEMENTAÇÃO DE FILTRO SELETIVO DE RÁDIO FREQUÊNCIA COM CAVIDADE RESSONANTE: IMPLEMENTAÇÃO DE FILTRO AJUSTÁVEL SELETOR DE SINAL NAS SUBFAIXAS DE OPERADORAS DE TELEFONIA CELULAR 3G NO BRASIL. Palhoça 2018

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

DIEGO DA SILVA GRAMS

E

NIKOLAS BONFIM DUTRA

IMPLEMENTAÇÃO DE FILTRO SELETIVO DE RÁDIO FREQUÊNCIA COM

CAVIDADE RESSONANTE: IMPLEMENTAÇÃO DE FILTRO AJUSTÁVEL

SELETOR DE SINAL NAS SUBFAIXAS DE OPERADORAS DE TELEFONIA

CELULAR 3G NO BRASIL.

Palhoça

2018

Page 2: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

DIEGO DA SILVA GRAMS

E

NIKOLAS BONFIM DUTRA

IMPLEMENTAÇÃO DE FILTRO SELETIVO DE RÁDIO FREQUÊNCIA COM

CAVIDADE RESSONANTE: IMPLEMENTAÇÃO DE FILTRO AJUSTÁVEL

SELETOR DE SINAL NAS SUBFAIXAS DE OPERADORAS DE TELEFONIA

CELULAR 3G NO BRASIL.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Elétrica da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Engenheiro Eletricista.

Orientador: Prof. Glauco de Castro Ligeiro, Esp.

Palhoça

2018

Page 3: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

Dedicamos esse Trabalho final de curso a

nossas famílias que sempre nos apoiaram e

estiveram conosco durante a caminhada nesse

curso.

Page 4: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

AGRADECIMENTOS

Gostaríamos de agradecer primeiramente a Deus pela oportunidade de realizar este

trabalho. Após isso, também, gostaríamos de agradecer à empresa RV que após os cálculos,

construiu o filtro a partir do projeto gerado.

Também, é claro, gostaríamos de agradecer ao professor mentor do projeto, Glauco

Ligeiro, por ceder a ideia principal do projeto e os equipamentos para os testes de frequência

para tunning do equipamento.

Agradecemos à faculdade, pois grande parte dos testes foram desenvolvidos em

suas instalações, agradecemos, também, ao apoio de nossos pais e familiares que não nos

permitiram desistir deste projeto que se tornou um projeto mais ousado e mais difícil em

comparação com a ideia inicial.

Também agradecemos a paciência do professor Ivo na correção ortográfica de todo

este trabalho.

Por fim, mas não menos importante, agradecemos a todos que iniciam a leitura deste

projeto com o intuito de aperfeiçoar seu aprendizado sobre o assunto.

Page 5: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

“Um perito é alguém que cometeu todos os erros possíveis numa determinada área”

(Niels Bohr, 1931).

Page 6: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

RESUMO

Atualmente no Brasil, as faixas de 3G (WCDMA) são alocadas primariamente na Banda de

2100 MHz, definida pela Anatel. Essa faixa acima mencionada é ainda subdividida em bandas

de uplink e downlink, ou seja, a banda de envio de dados é separada da faixa de recebimento de

dados de uma forma imperceptível para o usuário final. Contudo, nem sempre a operadora

consegue entregar um sinal de qualidade e com potência desejável para o usuário, portanto nem

sempre possuir um aparelho que contemple a tecnologia WCDMA é sinônimo de qualidade no

envio e recebimento de dados. Seja pela distância da estação rádio base ou os obstáculos para

o sinal chegar ao destino final esses problemas podem ser solucionados com o uso de

repetidores celular. A proposta que será discorrida, a seguir, apresenta uma forma de filtrar o

sinal de uma única operadora no espectro e reinseri-lo no sistema repetidor, utilizando um filtro

de cavidades ressonantes e, assim, o sinal da operadora poderá ser processado ou retransmitido

sem interferência aos usuários e estações que recebiam o sinal com níveis baixos de qualidade.

Palavras-chave: WCDMA. Filtro. Cavidades Ressonantes.

Page 7: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

ABSTRACT

Currently in Brazil, 3G (WCDMA) bands are allocated primarily in the 2100 MHz band,

defined by Anatel. This band is further subdivided into uplink and downlink bands, that is, the

data transmission band is separated from the data reception range in an imperceptible way for

the end user. However, the operator is not always able to deliver a signal of quality and with

desirable power for the user, so not always have a device that includes WCDMA technology is

synonymous with quality in sending and receiving data. Either by the distance from the base

station or the obstacles to the signal reaching the final destination, these problems can be solved

with the use of cellular repeaters. The following proposal presents a way to filter the signal

from a single operator in the spectrum and reinsert it in the repeater system using a resonant

cavity filter and thus the operator signal can be processed or retransmitted without interference

to the users and stations that received the signal with low levels of quality

Keywords: WCDMA. Filter. Resonant Cavities.

Page 8: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Separação do espectro de uplink e downlink ........................................................ 15

Figura 2 - Desenho funcional inadequado ............................................................................ 16

Figura 3 - Design de valor agregado ..................................................................................... 17

Figura 4 - Distribuição Normal Padrão (perda por inserção: 1 dB máx) ................................ 21

Figura 5- Distribuição Normal Padrão (perda por inserção: 0,9 dB máx) .............................. 22

Figura 6 - Benefício de examinar o design de outros filtros .................................................. 24

Figura 7- Fontes de dados para revisão e seus benefícios ...................................................... 25

Figura 8 - Características do filtro passa baixa. .................................................................... 30

Figura 9 - Características do filtro passa alta. ....................................................................... 30

Figura 10 - Características do filtro passa faixa. ................................................................... 31

Figura 11 - Características do filtro rejeita banda. ................................................................ 32

Figura 12 - Ripple na banda passante. .................................................................................. 35

Figura 13 – Perda de inserção em filtros RF ......................................................................... 35

Figura 14 - Tensão refletida no filtro RF incompatível. ........................................................ 37

Figura 15 – frequência de corte de um filtro passa faixa. ...................................................... 38

Figura 16 - Características típicas do filtro passa baixa......................................................... 40

Figura 17 - Características típicas do filtro passa alta. .......................................................... 40

Figura 18 - Características típicas do filtro passa faixa. ........................................................ 41

Figura 19 - Características típicas do filtro rejeita banda. ..................................................... 41

Figura 20 - Ressonador de cavidade coaxial de microondas ................................................. 44

Figura 21 – Estrutura de um filtro combline sem placa de cobertura lateral .......................... 47

Figura 22 - Circuito equivalente do filtro combline. ............................................................. 48

Figura 23 – Estrutura do filtro Iris-coupled passa faixa sem placa de cobertura lateral. ........ 50

Figura 24– Estrutura esquematizada de um filtro combline ................................................... 52

Figura 25 – Chapa de cobertura. ........................................................................................... 53

Figura 27– demonstração da lacuna superior ........................................................................ 63

Figura 28 – ajuste do ressonador oco. ................................................................................... 63

Figura 29 – desenho esquemático em 2D e 3D, demonstrando as medidas dos furos da cavidade.

............................................................................................................................................ 64

Figura 30 – demonstração em 2D das medidas referentes à cavidade principal do filtro. ....... 65

Figura 31 – Demonstração das medidas do ressonador utilizado para o filtro........................ 65

Figura 32 – cavidade ressonante finalizada ........................................................................... 66

Page 9: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

Figura 33 – analisador de RF portátil utilizado para testes de funcionamento do filtro. ......... 67

Figura 34 – Filtro ressoando na faixa de 3GHz inicialmente. ................................................ 68

Figura 35 – ajuste na forma de onda e diminuição da perda .................................................. 68

Figura 36 – Atenuação fora da faixa de passagem lado esquerdo. ......................................... 69

Figura 37 – Atenuação fora da faixa de passagem lado direito. ............................................. 69

Figura 38 – Resultado do filtro após todos os ajustes principais feitos .................................. 70

Figura 39 - Atenuação fora da faixa de passagem lado esquerdo com zoom. ........................ 70

Figura 40 - Atenuação fora da faixa de passagem lado direito com zoom. ............................ 71

Figura 41 – análise do casamento de impedâncias. ............................................................... 71

Page 10: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Atividades de design e desenvolvimento.............................................................. 18

Tabela 2 - Perdas por inserção .............................................................................................. 20

Tabela 3 - Valores medidos de perdas por inserção após melhoria ........................................ 21

Tabela 4 - Especificação de um filtro de banda passante com limites iniciais e internos. ...... 23

Tabela 5 – Exemplo de requisitos para um filtro passa baixa com limites aleatórios. ............ 33

Tabela 6 – Exemplos de requisitos para um filtro passa alta com limites aleatórios. ............. 33

Tabela 7 – Exemplo de requisitos para um filtro passa faixa com limites aleatórios .............. 33

Tabela 8 – Exemplo de requisitos para um filtro rejeita faixa com limites aleatórios. ........... 33

Tabela 9 – Tabela de parâmetros iniciais para cálculo do filtro combline. ............................. 54

Tabela 10– Tabelas representando os resultados para AK, BK e GK. ................................... 58

Tabela 11 - Tabela de valores para o conjunto de equações 15. ............................................ 58

Tabela 12– Demonstração dos resultados da normalização da capacitância. ......................... 59

Tabela 13-Valores de capacitâncias entre ressonadores. .................................................. 60

Tabela 14– Tabela de valores para Sj,j+1/b retirados da figura 26. ........................................ 60

Tabela 15– Tabela de valores para Cfe0,1+1/ε retirados da figura 26. .................................. 61

Tabela 16 – Diâmetros calculados para os ressonadores. ...................................................... 61

Tabela 17– Valores de espaçamento calculado e reduzido. ................................................... 62

Tabela 18– valores finais para os cálculos de dimensionamento. .......................................... 64

Tabela 19 – Tabela comparativa dos valores projetados e construídos .................................. 72

Page 11: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 12

1.1 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................ 13

1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ................................................................................... 14

1.3 OBJETIVOS ............................................................................................................... 15

1.3.1 OBJETIVOS GERAIS ............................................................................................ 15

1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................. 15

1.4 METODOLOGIA CIENTÍFICA ................................................................................. 15

1.4.1 PLANEJANDO O FILTRO DE RF ....................................................................... 15

1.4.2 NECESSIDADE DO PLANEJAMENTO .............................................................. 16

1.4.2.1 BENEFÍCIOS DO DESING FUNCIONAL DE VALOR AGREDADO ................. 17

1.4.3 FASE DO PLANEJAMENTO ................................................................................ 18

1.4.4 COMPREENDENDO OS REQUISITOS .............................................................. 19

1.4.5 DEFINIR AS ESPECIFICAÇÕES INTERNAS .................................................... 19

1.4.5.1 MÉTODO ESTATÍSTICO DE DEFINIÇÕES INTERNAS ................................... 20

1.4.5.2 LIMITES RECOMENDADOS DE ESPECIFICAÇÃO INTERNA ........................ 22

1.4.6 CÁLCULOS DE PARÂMETROS DE FILTRO ................................................... 24

1.4.7 DESENHOS E SUA REVISÃO .............................................................................. 25

1.4.7.1 FONTES DE DADOS PARA REVISÃO ............................................................... 25

1.4.7.1.1 DADOS DE FALHA EM FILTROS DE RF SEMELHANTES ............................... 25

1.4.7.1.2 DISCUSSÕES INFORMAIS ................................................................................. 26

1.4.7.1.3 DESENHOS DE FABRICAÇÃO .......................................................................... 26

1.4.7.1.4 REVISÃO FORMAL DE DESENHOS DE PROJETO........................................... 26

1.4.8 TESTE INTERNO E VALIDAÇÃO ...................................................................... 27

1.5 DELIMITAÇÕES ........................................................................................................ 27

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................. 28

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................... 29

2.1 FILTROS DE RÁDIO FREQUÊNCIA ........................................................................ 29

2.1.1 TIPOS DE FILTRO ................................................................................................ 29

2.1.1.1 PASSA BAIXA ...................................................................................................... 29

2.1.1.2 PASSA ALTA........................................................................................................ 30

2.1.1.3 PASSA FAIXA ...................................................................................................... 31

2.1.1.4 REJEITA BANDA OU REJEITA FAIXA .............................................................. 31

Page 12: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

2.2 REQUISITOS DO FILTRO RF ................................................................................... 32

2.2.1 ESPECIFICAÇÕES ELÉTRICAS ........................................................................ 32

2.2.2 FAIXA DE PASSAGEM ......................................................................................... 34

2.2.3 ONDULAÇÃO DA FAIXA DE PASSAGEM ........................................................ 34

2.2.4 PERDAS POR INSERÇÃO .................................................................................... 35

2.2.5 PERDA DE RETORNO ......................................................................................... 37

2.2.6 FREQUÊNCIA DE CORTE ................................................................................... 38

2.2.7 REJEIÇÃO ............................................................................................................. 39

2.2.8 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA ............................................................................ 39

2.2.9 ESPECIFICAÇÕES MECÂNICAS ....................................................................... 42

2.2.9.1 DIMENSÕES E PESO ........................................................................................... 42

2.2.9.2 CONEXÕES DE ENTRADA E SAÍDA ................................................................. 42

2.2.9.3 ACABAMENTOS ................................................................................................. 42

2.3 FILTROS DE RF E DESIGN DE TECNOLOGIAS ..................................................... 43

2.3.1 TECNOLOGIAS ..................................................................................................... 43

2.3.2 FILTROS DE CAVIDADES RESSONANTES PARA MICROONDAS ............. 44

2.3.3 FILTROS COMBLINE PARA PASSA FAIXA ..................................................... 47

2.3.3.1 ESTRUTURA ........................................................................................................ 47

2.3.3.2 CIRCUITO EQUIVALENTE ................................................................................. 48

2.3.3.3 PERDAS POR INSERÇÃO ................................................................................... 49

2.3.4 FILTRO IRIS-COUPLED PASSA FAIXA ........................................................... 49

2.3.5 FILTRO DE CAVIDADE RESSONANTE COM RESSONADORES

DIELÉTRICOS.................................................................................................................. 51

3 DESENVOLVIMENTO ............................................................................................... 52

3.1 ESTRUTURA DE UM FILTRO DE CAVIDADES RESSONANTES ........................ 52

3.1.1 Bloco da cavidade .................................................................................................... 52

3.1.2 Ressonador .............................................................................................................. 53

3.1.3 Chapa de fechamento .............................................................................................. 53

3.1.4 Outros componentes do filtro ................................................................................. 54

3.2 CÁLCULO DA CAVIDADE RESSOANTE ............................................................... 54

3.3 PROJETO DA CAVIDADE ........................................................................................ 64

4 TESTES E CONFIGURAÇÃO DO FILTRO DE CAVIDADES RESSONANTE .... 67

4.1 MEDIÇÕES DO FILTRO PROJETADO .................................................................... 67

4.2 COMPARATIVO ENTRE MEDIÇÕES E PROJETO ................................................. 72

Page 13: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

5 CONCLUSÃO .............................................................................................................. 74

5.1 DISCUSSÃO E ANÁLISE CRÍTICA DOS RESULTADOS ....................................... 74

5.2 PERSPECTIVAS DE TRABALHOS FUTUROS ........................................................ 75

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 76

ANEXOS ............................................................................................................................ 79

ANEXO A – Portaria ANATEL 785 de 2017 .................................................................... 80

80

ANEXO B – Gráfico para retirada de valores físicos do filtro ressonante. ..................... 82

ANEXO C – Fotos do projeto finalizado ........................................................................... 83

Page 14: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

12

1 INTRODUÇÃO

Ultimamente, com o avanço da tecnologia, é quase impossível imaginar a vida sem

a tecnologia. A maior parte das conexões sem fio entre equipamentos são feitas por sinais de

comunicação via microondas, porém o espaço de propagação dessas ondas, além de limitado,

pode gerar perdas de acordo com a distância, potência ou até mesmo a frequência de

transmissão do sinal em questão. Outra propriedade desses sinais é que, para que eles sejam

tratados, eles primeiramente devem ser filtrados para que apenas a frequência desejada do

espectro receba o devido processamento, eliminando qualquer ruído que eventualmente tenha

sido adquirido pelo sinal.

Para a filtragem dos sinais mencionados acima, uma série de circuitos são possíveis,

desde circuitos eletrônicos até equipamentos mecânicos que são o objeto de estudo deste

trabalho. No estudo, a seguir, será apresentada a modelagem e projeto de um filtro para sinais

de microondas, que pode ser usado para seletividade no espectro brasileiro, levando em

consideração que as operadoras brasileiras usam a faixa de 1900 MHz e 2100 MHz para essa

finalidade.

O filtro a ser projetado utilizará cavidades ressonantes e será do modelo Combline,

para separar a faixa desejada e gerar um ganho nesse sinal de forma que possa ser retransmitido

ou processado posteriormente.

Ao fim do projeto, será implementado na prática um filtro passa banda, seletivo que

poderá ser usado para sinais que estejam dentro das normas da Anatel. Para que o filtro tenha

funcionalidade em um sistema prático, o sinal que entra em cada filtro (devem ser dois filtros

em um sistema prático). Deve ser separado em downlink e uplink. Com isso, a faixa, em questão,

será amplificada, e assim, o sinal poderá ser direcionado para uma antena, após passar por um

duplexador, combinando o sinal de downlink com o sinal de uplink, ambos amplificados, com

isso, o sinal da saída do sistema terá um ganho para os usuários WCDMA de uma região

determinada.

Page 15: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

13

1.1 JUSTIFICATIVA

O uso de filtros em sistemas de telecomunicações via rádio é essencial para a

qualidade final do serviço no ponto de vista do usuário e para a integridade das redes no quesito

ruído e interferência.

Equipamentos de transmissão via rádio frequência obrigatoriamente utilizam filtros

para confinar o sinal transmitido (amplificado) dentro da faixa de frequências de operação e da

aplicação propriamente dita.

Na telefonia celular, muitos equipamentos reforçadores de sinal possuem filtros que

permitem a passagem de toda uma faixa de frequência (i.e. 1920 – 1980 MHz para uplink e

2110 – 2170 MHz para downlink), que compreende as frequências de todas as operadoras de

telefonia móvel presentes em uma dada faixa de frequências. Esses equipamentos reforçadores

são usados para amplificar bidirecionalmente o sinal da rede celular externa para ambientes

internos, carentes de cobertura celular. Eles podem ser instalados para melhoria de cobertura

indoor por terceiros, que não o detentor da outorga daquela frequência, por se tratar de

equipamentos com potência e alcance reduzidos e sinal amplificado confinado a ambientes

internos.

No entanto, algumas situações em que se pode se aplicar solução de melhoria indoor

com reforçador celular requer maior seletividade dos filtros passa faixa. Há limitações de

projeto que tornam inviável o uso de reforçadores que amplificam toda uma faixa de frequência

(todas as operadoras de telefonia).

Para isso, é necessário separar os sinais de uplink e downlink e programar, em cada

via, as frequências da operadora que se deseja promover a melhoria de sinal. A funcionalidade

de permitir a configuração da faixa de frequências desejada é importante para que este filtro

possa ser aplicado em amplificações, qualquer que seja a operadora de telefonia.

O desenvolvimento de um elemento de filtragem com controle e configuração e que

possa ser acoplado a equipamentos disponíveis no mercado tornará mais eficiente e seguro o

uso de reforçadores celulares. Eficiente, uma vez que permitirá que toda a potência do

amplificador seja aplicada somente à porção de sinal (faixa de frequência) desejada. Seguro,

pois irá prevenir problemas de interferência de uplink em estações rádio base próximas ao local

onde os reforçadores serão instalados.

Page 16: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

14

1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

O uso de ondas eletromagnéticas nas comunicações é comum e teve um enorme

crescimento nos últimos anos, porém, mesmo com o aumento da demanda para diversas

aplicações, não há aumento no espectro de frequências em que esses sinais podem trabalhar.

Os filtros são uma parte essencial dos sistemas de telecomunicações e radar, uma

vez que têm uma grande influência no desempenho e no custo de tais sistemas, especialmente

no espectro cada vez mais congestionado. Os filtros são projetados para atenuar os sinais

transmitidos ou recebidos em bandas de frequências indesejadas e permitir a sua passagem na

banda desejada com perdas mínimas. Nas últimas décadas, houve um crescimento

particularmente acentuado na área de comunicações sem fio. Isso contribuiu para especificações

de desempenho muito exigentes para filtros e pressões comerciais de baixo custo e fácil

fabricação, para produzir um grande volume e garantir uma entrega rápida e miniaturização,

por exemplo, para produzir telefones celulares menores e mais leves.

Em sintonia com estes requisitos, no ano de 2017, na Portaria 785, publicada pela

Anatel (presente nos anexos deste trabalho), foi expressamente indicado que os amplificadores

de qualquer subfaixa do SMP (serviço móvel pessoal) devem ter seletividade para uma

determinada subfaixa de downlink e uplink, de forma a não interferir no sinal de outras

operadoras.

Em posse dessas situações apresentadas, os problemas a serem tratados durante o

desenvolvimento do estudo são:

- Os equipamentos existentes no mercado, em sua grande maioria, não são seletivos

em uplink e downlink de cada operadora.

- Para o consumidor final, não existem equipamentos que ofereçam essas

características por um preço acessível.

- O desenvolvimento de um estudo em um determinado assunto pouco explorado

no curso, porém que possui várias aplicações e benefícios em seu uso.

Page 17: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

15

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 OBJETIVOS GERAIS

A pesquisa tem por objetivo geral desenvolver de um filtro para sinais de

microondas em faixas específicas para telefonia móvel.

1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Implementação de um filtro que trate os sinais recebidos por meio de cavidades

ressonantes;

O filtro em questão será seletivo para todas as faixas do WCDMA;

O filtro apenas funcionar;

O filtro para demonstração ao final do trabalho será configurado para a faixa de

downlink da empresa Vivo.

Figura 1 - Separação do espectro de uplink e downlink

Fonte: Teleco (2014).

1.4 METODOLOGIA CIENTÍFICA

1.4.1 PLANEJANDO O FILTRO DE RF

A criação de filtros de RF que apenas satisfazem os requisitos especificados é

denominada como design funcional de filtros. O design funcional é a tarefa central do projeto,

mas, por si só, não é adequado no ambiente industrial. Os filtros devem ser projetados para

repetibilidade, reprodutibilidade, capacidade de produção e confiabilidade, além de atender aos

requisitos de design funcional. Tal projeto é denominado como design funcional de valor

agregado. Os benefícios do design de valor agregado, as atividades técnicas para a realização

Page 18: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

16

de design funcional de valor agregado e os métodos de integração das quatro habilidades com

o design funcional são explicados em detalhes com exemplos práticos.

1.4.2 NECESSIDADE DO PLANEJAMENTO

O projeto e o desenvolvimento de filtros de RF devem garantir que os requisitos

especificados (elétricos, mecânicos e ambientais) sejam satisfatoriamente atendidos e que a

conformidade com os requisitos seja demonstrada. Tal projeto que apenas satisfaz os requisitos

especificados é denominado como design funcional de filtros. O design funcional de um filtro

é, definitivamente, a tarefa principal do projeto, mas, por si só, não é adequada. O desenho

funcional inadequado é mostrado na Figura 2. Os filtros de RF devem ser projetados para

requisitos de repetibilidade, reprodutibilidade, produtividade e confiabilidade, além de atender

aos requisitos de design funcional.

Figura 2 - Desenho funcional inadequado

Fonte: Natarajan (2013).

Explicações simples poderiam ser dadas para as quatro habilidades.

1. Repetibilidade refere-se à verificação da conformidade do desempenho elétrico

dos filtros por muitos, (cinco ou mais) vezes por um operador.

2. A reprodutibilidade refere-se à verificação da conformidade do desempenho

elétrico dos filtros por muitos (cinco ou mais) operadores.

3. Produtividade refere-se à facilidade de fabricação dos filtros.

4. Confiabilidade refere-se ao desempenho satisfatório durante a vida útil dos

equipamentos nos quais os filtros são usados.

As quatro habilidades adicionam valores ao design funcional e o conceito de design

de valor agregado que é mostrado na Figura 3.

Page 19: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

17

Figura 3 - Design de valor agregado

Fonte: Natarajan (2013).

1.4.2.1 BENEFÍCIOS DO DESING FUNCIONAL DE VALOR AGREDADO

As quatro habilidades definitivamente adicionam valores de negócios ao design

funcional dos filtros de RF e o valor agregado é:

1. Repetibilidade e reprodutibilidade garantem a aceitação de filtros durante a

fabricação e inspeção de entrada nas instalações do cliente, fornecendo confiança.

2. O aumento da produtividade juntamente com a facilidade de controle de

qualidade durante a fabricação.

3. O projeto de confiabilidade assegura a conformidade com o desempenho elétrico

durante os testes ambientais e a degradação aceitável do desempenho elétrico de filtros durante

a vida útil de equipamentos nos quais os filtros são montados.

A integração das quatro habilidades com o design funcional deve formar os

objetivos totais do design do filtro de RF. A integração das habilidades com o design de filtros

de RF é relativamente mais fácil e eficaz em comparação com equipamentos eletrônicos

complexos. Planejar as tarefas, durante a fase de design dos filtros, é a chave para a integração

bem-sucedida das quatro habilidades com o design funcional dos filtros.

Page 20: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

18

1.4.3 FASE DO PLANEJAMENTO

Planejamento é o processo de listar o que precisa ser feito e como deve ser feito

para a realização de um objetivo. O planejamento permite alcançar o objetivo com conforto. As

tarefas técnicas e gerenciais no planejamento estão listadas abaixo e a tarefa técnica é explicada

em detalhes.

Tarefa técnica:

1. Listar as atividades necessárias de design e desenvolvimento para atingir o

objetivo desejado

Tarefas gerenciais:

2. Identificar os recursos gerenciais / materiais necessários para as atividades

3. Atribuir um cronograma apropriado para as atividades.

Pode haver variações na identificação das atividades que seriam necessárias para

atingir o objetivo do projeto do filtro de RF. No entanto, o mínimo de atividades que são

aceitáveis para a fase de projeto dos filtros de RF é mostrado na Tabela 1.

Tabela 1 - Atividades de design e desenvolvimento

Atividades de design e desenvolvimento

1 Entendendo os requisitos

2 Definir especificações internas

3 Cálculos de parâmetros de filtro

4 Desenhos de projeto e sua revisão

5 Organizando amostras de filtros de RF Fonte: Própria.

As atividades listadas acima podem ser facilmente aplicadas durante a fase de

projeto dos filtros de RF. Por exemplo, as atividades podem ser planejadas e concluídas dentro

de duas a três semanas para o filtro passa-faixa da cavidade ressonante de microondas,

assumindo que 50% do tempo é necessário para a fabricação de amostras do filtro. As atividades

de projeto e desenvolvimento são explicadas com suas ligações com a repetibilidade,

reprodutibilidade, produtividade e confiabilidade.

Page 21: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

19

1.4.4 COMPREENDENDO OS REQUISITOS

As especificações formam as entradas básicas de design. As especificações devem

ser entendidas com clareza pelos projetistas de filtros. Ambiguidades, se qualquer, devem ser

resolvidas e o mesmo deve ser registrado pelos projetistas, mesmo que eles sejam classificados

verbalmente. Por exemplo, suponha que se tenha omitido a espessura da placa de circuito

impresso (PCB) na qual os filtros são montados na superfície. A espessura da PCB é obtida

para que os terminais para a montagem na superfície dos filtros sejam posicionados

adequadamente a partir da base do filtro. Pode haver erros inadvertidos também nas

especificações. Habitando o mesmo exemplo de filtros de montagem em superfície, o projetista

teria especificado dimensões dos terminais da guia arbitrariamente para montagem em

superfície. É difícil conectar os filtros com terminação de abas ao analisador de rede para

sintonizar ou para inspeção. Portanto, os conectores coaxiais especialmente projetados são

montados temporariamente nos terminais das guias para fins de ajuste e inspeção. Tais

conectores são chamados de conectores coaxiais substituíveis em campo. Para facilitar a

montagem dos conectores, as dimensões das terminações das guias devem ser alinhadas com

as dimensões da interface dos conectores coaxiais substituíveis em campo. O uso dos conectores

substituíveis em campo melhora a capacidade de produção dos filtros de RF e eliminam

estresses mecânicos e térmicos desnecessários nos terminais, evitando degradação da

confiabilidade dos filtros durante a inspeção. Compreender os requisitos do projeto a ser feito

é, geralmente, fruto do desenvolvimento profissional do projetista e do compartilhamento de

conhecimento entre as partes.

1.4.5 DEFINIR AS ESPECIFICAÇÕES INTERNAS

O design de filtros de RF é um processo. Os filtros de RF que apenas satisfazem os

requisitos de desempenho elétrico especificados são considerados como capacidade 3σ filtros.

Os filtros de RF com capacidade 3σ estão propensos a falhar devido a variações menores ou

inerentes que ocorreriam durante a fabricação ou no final do usuário. Variações causadas por

operadores e equipamentos de teste são exemplos de variações inerentes. Portanto, há uma

necessidade de evoluir a especificação elétrica interna de requisitos especificados.

Definir as especificações elétricas internas melhor do que os requisitos

especificados para filtros de RF eleva a capacidade dos filtros em direção à melhoria do projeto

e aumenta, significativamente, a repetibilidade, a reprodutibilidade, a produtividade e a

Page 22: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

20

confiabilidade dos filtros de RF. O quantum de melhorias ou margens que pode ser definido

para a especificação elétrica interna sobre os requisitos especificados depende principalmente

das capacidades da equipe de projeto e disponibilidade de tempo de ciclo de projeto. A

especificação interna em evolução é explicada pela característica de perda de inserção dos

filtros de RF e é aplicável a todas as características.

1.4.5.1 MÉTODO ESTATÍSTICO DE DEFINIÇÕES INTERNAS

Seja o limite de especificação para a perda de inserção do filtro RF de 1 dB no

máximo. Os valores medidos de perda de inserção em dez filtros são mostrados na Tabela 2.

Os valores medidos estão dentro do limite especificado de 1 dB no máximo. Para análise

estatística, 25 ou mais observações seriam necessárias, mas é limitado a dez observações para

explicar o conceito.

Tabela 2 - Perdas por inserção

Perdas por inserção(dB)

1 0,97

2 0,91

3 0,91

4 0,97

5 0,94

6 0,95

7 0,93

8 0,94

9 0,94

10 0,91 Fonte: Própria.

Limite de especificação: 1 dB no máximo

Assumindo que os dados de perda de inserção observados são normalmente

distribuídos, a porcentagem de filtros que devem falhar na perda de inserção pode ser estimada.

A variável padronizada, (x − μ) / σ, é calculada primeiro e, em seguida, a área sob

a distribuição Normal Padrão é obtida a partir de dados da tabela estatística. Da área, a rejeição

esperada, pode ser estimada (Chatfield, 1983).

Referindo-se à tabela estatística, espera-se que aproximadamente 0,21% (a área à

direita de 2,86σ) dos filtros falhe, embora os valores medidos sejam dentro do limite

Page 23: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

21

especificado pelo cliente de 1 dB máximo. A distribuição Normal Padrão indicando a ordenada

(2,86a) para a rejeição de 0,21% é mostrada na Figura 4.

Figura 4 - Distribuição Normal Padrão (perda por inserção: 1 dB máx)

Fonte: Chatfield (1983).

É visível, na Figura 4, que são necessários esforços adicionais no design do filtro

para minimizar as falhas esperadas na perda de inserção para um nível aceitável. Assuma uma

margem de 10% sobre o limite especificado de 1 dB no máximo e o limite de especificação

interna para que a perda de inserção se torne no máximo de 0,9 dB.

Após a melhoria citada é possível que as medidas sejam próximas as medidas com

a Tabela 3.

Tabela 3 - Valores medidos de perdas por inserção após melhoria

Perda por inserção(DB)

1 0,88

2 0,90

3 0,88

4 0,85

5 0,89

6 0,85

7 0,86

8 0,90

9 0,88

10 0,85 Fonte: Chatfield (1983).

Limite de especificação: 1 dB no máximo

Limite de especificação interna: 0,9 dB no máximo

Page 24: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

22

����(µ) = 0,874�� (1.1)

������ ���ã�(�) = 0,019 �� (1.2)

Os valores medidos satisfazem apenas o limite de especificação interna de 0,9 dB

máximo e estão bem dentro do limite de especificação de 1 dB máximo. A rejeição esperada é

estimada em relação ao limite de especificação do cliente.

x = Limite de especificação = 1 dB no máximo

(1.3)

Considerando as variações inerentes, espera-se que apenas três filtros por milhão

de filtros (p3 ppm), falhem e isso é aceitável. A distribuição normal padrão, indicando a

ordenada (6.6) é mostrada na Figura 5. O exemplo confirma que há necessidade de evoluir

especificações elétricas internas dos requisitos especificados.

Figura 5- Distribuição Normal Padrão (perda por inserção: 0,9 dB máx)

Fonte: Chatfield (1983).

1.4.5.2 LIMITES RECOMENDADOS DE ESPECIFICAÇÃO INTERNA

Um mínimo de 10% de margem é adequado para as características de perda de

inserção e perda de retorno dos filtros de RF. As margens exigidas nas especificações internas

das características de perda de inserção e perda de retorno são obtidas durante o ajuste dos

filtros e não são usadas no cálculo dos parâmetros de filtro.

Page 25: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

23

Para banda de passagem, a margem de design é decidida com base nas frequências

de borda da banda de passagem. Por exemplo, se a banda de passagem especificada for (10–30)

MHz para o filtro de baixa frequência, a especificação interna poderia ser fixada como (10–32)

MHz. No entanto, 30 MHz é usado para calcular os parâmetros de projeto e as margens são

realizadas durante o ajuste do filtro. Para características de rejeição, recomendam-se margens

de 10 a 15 dB para o cálculo dos parâmetros do projeto, mas a margem de 5 a 10% seria

adequada durante o ajuste dos filtros. No projeto de filtros de RF, é mais fácil controlar o desvio

padrão de características elétricas do que alcançar maior nível de margem para as

características. Um exemplo de filtro passa-faixa é mostrado na Tabela 4 com o cliente e limites

de especificação interna.

Tabela 4 - Especificação de um filtro de banda passante com limites iniciais e internos.

Parâmetro Limite Inicial Limite Interno

Frequência central da Banda de passagem, f0 1 GHz 1 GHz

Largura de banda

80 MHz 85 MHz

Perdas por inserção 2 dB max 1,8 dB max

Perdas por retorno 20 dB min 22 dB min

Rejeição em (f0 ± 100) MHz 60 dB min 65 dB min

Ripple de banda passante 0,4 dB max 0,2 dB max

Temperatura de operação 0-50ºC 0-50ºC

Conectores de Input/Output SMA (f) SMA (f) Fonte: Própria.

A definição de margens internas não precisa ser limitada apenas a características

elétricas. Por exemplo, se a profundidade dos furos cegos roscados para montagem for

especificada como 4 mm, inicialmente, pode ser especificado como 5 mm, no mínimo, nos

desenhos internos da máquina. A maioria dos projetos não especificam o teste de vibração.

Contudo, teste de vibração de transporte está incluído nas especificações ambientais internas

para garantir que o ajuste dos filtros não seja perturbado durante o transporte de filtros. Os

padrões de teste ambiental de telecomunicações ou militares podem ser encaminhados para

obter as condições de teste para o teste de vibração. As especificações internas finalizadas para

filtros de RF estão documentadas e as especificações formam as entradas reais para o projeto

dos filtros.

Page 26: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

24

1.4.6 CÁLCULOS DE PARÂMETROS DE FILTRO

Para filtros Lumped/semi-lumped, os parâmetros do filtro são os valores de

indutores e capacitores. Para filtros de cavidade de micro-ondas, os parâmetros de design são

dimensões mecânicas do bloco de cavidades, ressonadores e outras dimensões relevantes. O

cálculo dos parâmetros do filtro é explicado em metodologias. Antes de prosseguir com o

cálculo dos parâmetros do filtro, arquivos de projetos anteriores em filtros de RF com

características de desempenho similares são examinados e informações de projeto relevantes

são extraídas para possível aplicação ao novo design de filtros. As informações nos arquivos de

design anteriores podem ser informatizadas para a rápida recuperação de informações

relevantes. Examinar os arquivos de design anteriores tem excelentes benefícios e os benefícios

são explicados. O resumo dos benefícios é apresentado na Figura 6

Figura 6 - Benefício de examinar o design de outros filtros

Fonte: Natarajan (2013).

1. Os esforços de remontagem do design podem não ser necessários para o novo

filtro. Por exemplo, os requisitos de desempenho do novo filtro podem ser atendidos por

alterações nos filtros projetados anteriormente ou pelo reajuste.

2. Se novos esforços de design não forem necessários, o tempo de design disponível

poderá ser usado para aplicar novas ideias e técnicas de projeto no projeto anteriormente

projetado para melhorar as margens de desempenho elétrico, aumentando, assim, a vantagem

competitiva.

Page 27: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

25

3. Examinando a perda de inserção/largura de banda dos filtros de cavidade de

microondas projetados anteriormente, o tamanho aproximado da cavidade de microondas pode

ser decidida por novos filtros.

1.4.7 DESENHOS E SUA REVISÃO

Desenhos de projeto são preparados usando os parâmetros de filtro calculados. Um

mínimo de duas categorias de desenhos é preparado, um para as peças do filtro e o outro para a

montagem do filtro, usando as partes da peça. Os desenhos de peças mecânicas representam o

design das partes da peça de um filtro para usinagem. Os desenhos de projeto são revisados

para melhorar a capacidade de produção e a confiabilidade dos filtros de RF.

1.4.7.1 FONTES DE DADOS PARA REVISÃO

Inovação e criatividade são aplicadas no design das peças da peça para alcançar a

produtividade e a confiabilidade dos filtros pelo design. Dados de fabricação em Filtros de RF

semelhantes são analisados para apoiar os esforços criativos na preparação dos desenhos de

projeto. As fontes dos dados sobre filtros de RF similares e os benefícios são mostrados na

Figura 7 e os mesmos são explicados com exemplos.

Figura 7- Fontes de dados para revisão e seus benefícios

Fonte: Natarajan (2013).

1.4.7.1.1 DADOS DE FALHA EM FILTROS DE RF SEMELHANTES

Page 28: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

26

As causas das falhas observadas durante a fabricação e aquelas relatadas nos filtros

de RF similares devem ser eliminadas no projeto de novos filtros, impedindo a ocorrência de

falhas nos novos filtros. Por exemplo, se os registros de fabricação de um filtro indicarem essa

variação inaceitável na perda de inserção foi causada por contato de RF pobre entre os

ressonadores e o bloco de cavidade do filtro, o projeto de montagem de ressonadores pode ser

o acabamento melhorado ou superficial das superfícies de montagem pode ser especificado nos

desenhos das peças dos novos filtros.

1.4.7.1.2 DISCUSSÕES INFORMAIS

Discussões informais são realizadas com os operadores nas áreas de fabricação.

Mais informações são obtidas através de discussões informais, em vez de envolvê-los em

revisões formais de design. Utilizando as informações dos operadores, as viabilidades de

melhorar o layout de componentes reativos em novos filtros poderiam ser exploradas para

eliminar a dificuldade observada na operação pós-limpeza da peça montada.

1.4.7.1.3 DESENHOS DE FABRICAÇÃO

Desenhos de fabricação de filtros de RF similares são examinados com o objetivo

de garantir a padronização das peças em novos filtros. Padronização é controlando a

proliferação das partes da peça. Por exemplo, esforços de design são feitos para usar as partes

de peças de filtros de RF projetados anteriormente em novos filtros. As peças examinadas são

placas de circuito impresso, capacitores, caixas metálicas, ressonadores e elementos de

fixação/montagem. Padronização das peças dos filtros minimizam a carga desnecessária nos

processos de compra e armazenamento, contribuindo diretamente para a capacidade de

produção e qualidade das partes.

1.4.7.1.4 REVISÃO FORMAL DE DESENHOS DE PROJETO

Depois de incorporar as informações relevantes dos dados de fabricação de filtros

de RF semelhantes para os novos filtros, os desenhos de projeto dos filtros são revistos

formalmente, envolvendo os chefes de vários departamentos na fabricação. As sugestões de

revisão de design são registradas. Eles são analisados e decisões apropriadas são tomadas para

incorporá-las no novo design dos filtros.

Page 29: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

27

1.4.8 TESTE INTERNO E VALIDAÇÃO

Amostras de filtros de RF são organizadas para testes internos e validação. As peças

são fabricadas ou adquiridas conforme os desenhos de projeto. As partes são então montadas

usando desenhos de montagem de filtro. No primeiro momento de validação os filtros são

ajustados para os testes. As amostras de filtros de RF são ajustadas e testadas de acordo com as

especificações internas dos filtros. O teste interno também é conhecido como teste de

verificação de projeto. Os relatórios de teste, se enviados aos clientes, devem indicar os

requisitos especificados, comparando o projetado com o fabricado. A validação consiste em

verificar a conformidade com os requisitos e o uso funcional dos filtros, montando-os em

equipamentos. As falhas observadas durante o teste de verificação interna e aquelas relatadas

pelos técnicos de bancada e durante os testes de validação são registradas. Após análise de

causa, ações corretivas adequadas são implementadas nos desenhos de projeto do filtro com

controle de revisão. Se necessário, os testes de verificação e validação são repetidos para

confirmar a eficácia das ações corretivas. Após a conclusão satisfatória dos testes internos e

testes de validação, os desenhos são liberados para a fabricação de filtros. O conjunto de

desenhos do filtro RF é a saída do projeto.

1.5 DELIMITAÇÕES

O projeto, a seguir, irá abranger os conteúdos de duas das grandes áreas da

engenharia, são elas:

a) Eletromagnetismo

b) Telecomunicações

O projeto irá desenvolver conhecimentos ligados a filtros, microondas e

comunicações móveis. A Principal ideia é criar um filtro ressonante que possa ser seletivo entre

algumas frequências do espectro. Porém a seletividade não será implementada de forma

sistemática no projeto relatado neste trabalho, deixando uma opção para que, em trabalhos

futuros, as mudanças de canais no filtro desenvolvido possam ser estudadas com maior riqueza

de detalhes.

Page 30: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

28

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho em questão possui três grandes divisões em seu desenvolvimento cuja

dependência é fundamental para o funcionamento correto do projeto que irá resultar em um

equipamento físico capaz de selecionar bandas na faixa do 3G brasileiro. Primeiramente é

necessário um levantamento de dados com riqueza de detalhes sobre as características desejadas

do filtro, por exemplo, frequência, banda passante, atenuação entre outros dados.

Após esse levantamento, será desenvolvido um memorial de cálculos com a

finalidade de calcular, partindo das diretrizes iniciais, todas as medidas do filtro. Juntamente,

com esses cálculos mencionados anteriormente, será desenvolvido um estudo para selecionar o

material que melhor se adaptará ao funcionamento da cavidade. Após pronta essa segunda

etapa, será confeccionado um filtro com as medidas e os materiais planejados.

A última etapa será a mais desafiadora, pois com a cavidade ressonante finalizada,

será necessário fazer a aferição do equipamento, ou seja, será preciso adequar o equipamento

para a frequência desejada. O equipamento em questão será calculado para um espectro de

frequência desejado, porém, para sintonizá-lo, será preciso ligá-lo em um gerador de sinal, que

fará o papel de uma antena, captando toda gama de sinal possível, e um analisador de sinais em

sua saída para que seja possível modificar o aparelho, buscando alcançar a frequência desejada.

Por fim, todos os testes serão apresentados no desenvolvimento do trabalho.

Page 31: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

29

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 FILTROS DE RÁDIO FREQUÊNCIA

Um filtro é um circuito desejavelmente linear invariante no tempo cuja finalidade

principal é transmitir as frequências desejadas e rejeitar as restantes.

Nos sistemas de rádio, a resposta de frequência de banda passante dos filtros afeta

o sinal desejado e, por isso, é essencial considerar a atenuação do sinal em relação ao ruído e

amplitude do sinal e distorção de fase em relação ao linear. Além disso, a característica de

atenuação dos filtros é necessária para as duas funções essenciais de redução de largura de

banda de ruído e supressão de sinais indesejados (Hunter et al. 2007).

Idealmente um filtro deveria ter atenuação infinita na transmissão na banda de

rejeição e transmissão perfeita na região de passa-banda, isto é, atenuação nula na transmissão.

No entanto, no caso prático dos filtros de microondas ou qualquer outra gama de frequências,

essas características ideais não são possíveis de obter, visto que existe um limite de alta

frequência para qualquer estrutura prática do filtro acima do qual as suas características se

deterioram devido a efeitos de junção, ressonâncias entre elementos, entre outros fatores.

Portanto, um dos objetivos no projeto de um filtro é aproximar-se aos requisitos ideais dentro

de uma tolerância aceitável.

2.1.1 TIPOS DE FILTRO

A faixa de passagem de um filtro é definida como o espectro (faixa) de componentes

de frequência que passam pelo filtro com atenuação mínima ou perda de inserção. O

posicionamento da banda de passagem decide o tipo de filtro. A banda de passagem pode ser

posicionada de quatro maneiras e, portanto, existem quatro tipos principais de filtros de RF.

São eles o filtro Passa Baixa, o filtro Passa Alta, o filtro Passa Faixa e o filtro Rejeita Banda

são esses os quatro tipos existentes, projetados para várias aplicações industriais. As

características básicas de cada um desses filtros serão determinadas abaixo.

2.1.1.1 PASSA BAIXA

Nesse modelo de filtro, a banda de passagem é de DC para a frequência desejada.

Os sinais de banda de passagem são permitidos com perda mínima e as frequências acima da

Page 32: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

30

frequência desejada são atenuadas. Uma característica típica de um filtro de passa baixa é

mostrada na Fig. 1, a frequência de borda superior desejada da banda de passagem. A banda de

frequência acima da frequência da desejada é conhecida como banda de rejeição. A frequência

de partida é mostrada como 10 MHz na Figura 8 em vez de DC e é aceitável para filtros de

baixa passagem.

Filtros passa baixa são usados em sistemas de comunicação para suprimir modos

espúrios em osciladores e vazamentos em misturadores (Hettak et al. 2005).

Figura 8 - Características do filtro passa baixa.

Fonte:Matias (2011).

2.1.1.2 PASSA ALTA

No filtro de passa alta, a banda de passagem é da frequência desejada e acima da

mesma. Os sinais de banda de passagem são permitidos com perda mínima e as frequências

abaixo da frequência desejada é atenuada. Uma característica típica de um filtro de passa alta é

mostrada na Figura 9, a frequência de borda inferior desejada da banda de passagem. A faixa

de frequência, abaixo da frequência, é a faixa de parada.

Figura 9 - Características do filtro passa alta.

Fonte:Matias(2011) .

Page 33: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

31

2.1.1.3 PASSA FAIXA

A banda de passagem dos filtros passa faixa é definida pelas frequências limitantes

inferior e superior. Esses filtros permitem sinais dentro da faixa de passagem com perda

mínima, porém rejeitam frequências fora da faixa de passagem com atenuação máxima. Uma

característica típica de um filtro passa-faixa é mostrada na Figura 10, com frequências

limitantes superiores e inferiores, respectivamente. As bandas de frequência abaixo e acima das

frequências limitantes são as bandas de parada. Os filtros de passa faixa tem uma banda de

passagem e duas bandas de parada.

Os filtros de passagem de banda são usados nos transmissores da estação base.

Filtros de passagem de faixa de banda ultra larga (UWB) com largura de banda de 7,5 GHz

para o espectro não licenciado de 3,1 à 10,6 GHz, são utilizados para muitas aplicações, como

sistemas de comunicação de alta taxa de dados de curto alcance e redes wireless (Hao Et Al.

2010, Stark Et Al. 2010).

Figura 10 - Características do filtro passa faixa.

Fonte: Matias (2011).

2.1.1.4 REJEITA BANDA OU REJEITA FAIXA

Os filtros conhecidos como rejeita faixa são usados para atenuar uma faixa de

frequência desejada, definida pelas frequências limitantes inferior e superior. Filtros rejeita

banda rejeitam frequências dentro da banda desejada com atenuação máxima. Os filtros

permitem sinais fora da banda desejada com perda mínima. Filtros rejeita banda tem uma faixa

de rejeição e duas bandas de passagem (ao contrário do anterior). Uma banda de passagem está

abaixo da frequência limite inferior e a outra banda de passagem está acima da frequência limite

Page 34: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

32

superior. Os filtros que rejeitam a banda são projetados para atenuar uma faixa de frequência

estreita com alta atenuação e são chamados de filtros Notch. Uma característica típica de um

filtro rejeita banda é mostrado na Figura 11, com frequências de limite inferior e superior.

Figura 11 - Características do filtro rejeita banda.

Fonte: Matias (2011).

2.2 REQUISITOS DO FILTRO RF

As características dos filtros de RF são: banda de passagem, ripple de banda de

passagem, perda de Inserção, perda de retorno, frequência de corte e rejeição. As características

são explicadas para os filtros, usando as especificações elétricas com limites aleatórios e usando

as exibições do analisador de rede. As especificações mecânicas do filtro também formam parte

das especificações do filtro no ambiente industrial e são discutidas em detalhes posteriormente.

Requisitos dos filtros de RF surgem durante o projeto de equipamentos para

suprimir a faixa de frequências indesejadas. Como os filtros precisam interagir

satisfatoriamente com os circuitos de equipamentos, os requisitos de interface elétrica,

mecânica e ambiental dos filtros de RF são gerados pelos projetistas de equipamentos na forma

das especificações. As especificações fornecidas pelos projetistas de equipamentos são as

entradas básicas para os fornecedores para projetar filtros de RF.

2.2.1 ESPECIFICAÇÕES ELÉTRICAS

As especificações elétricas de amostragem para filtros passa-baixa, passa-alta,

passa-faixa e de rejeita faixa são mostradas nas Tabelas 5 até 8, respectivamente, com dados de

limitação aleatórios para as características. Os valores aleatórios auxiliam no melhor

entendimento das características dos filtros.

Page 35: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

33

Tabela 5 – Exemplo de requisitos para um filtro passa baixa com limites aleatórios.

Filtro passa baixa

parâmetros Limites

banda passante (10-45) MHz

perda por inserção 1,5 dB max

perda por retorno 20 dB min

Rejeição 60 dB min Fonte: Própria.

Tabela 6 – Exemplos de requisitos para um filtro passa alta com limites aleatórios.

Filtro passa alta

parâmetros Limites

banda passante (35-90) MHz

perda por inserção 1 dB max

perda por retorno 20 dB min

Rejeição 60 dB min Fonte: Própria.

Tabela 7 – Exemplo de requisitos para um filtro passa faixa com limites aleatórios

Filtro passa banda

parâmetros Limites

frequência central fo 1,5 Ghz

banda passante fo ± 40 MHz

perda por inserção 1 dB max

perda por retorno 20 dB min

ripple de banda passante 0,4 dB max.

Rejeição p/ fo ± 100 MHz 60 dB min Fonte: Própria.

Tabela 8 – Exemplo de requisitos para um filtro rejeita faixa com limites aleatórios.

Filtro rejeita faixa

parâmetros Limites

frequência central fo 2 Ghz

banda passante alta 1,2-1,4 GHz

banda passante baixa 1,6-1,8 GHz

perda por inserção 1 dB max

perda por retorno 20 dB min

Rejeição p/ fo ± 50 MHz 60 dB min Fonte: Própria.

Page 36: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

34

2.2.2 FAIXA DE PASSAGEM

A faixa de passagem de um filtro é definida como o espectro de frequência que

passa pelo filtro com perda aceitável ou especificada. É caracterizado por uma banda de

frequências em KHz ou MHz ou GHz, conforme aplicável para cada situação. Para filtros passa

baixa, a banda de passagem é de DC para a frequência especificada, conforme a banda de

passagem do filtro mostrado, na Tabela 5, é (10–45) MHz. Para filtros de alta frequência, a

banda de passagem começa a partir da frequência especificada. Idealmente, a faixa de passagem

deve alongar até o infinito, teoricamente. No entanto, custo e tecnologia limitam a frequência

superior de um filtro de alta frequência. A banda de passagem do filtro passa alta é apresentada,

na Tabela 6, é (35–90) MHz.

Para filtros passa-faixa, a banda de passagem está entre as frequências inferior e

superior especificadas, conforme exemplo da banda de passagem do filtro passa faixa, na

Tabela 7, é (960–1040) MHz. Os filtros de rejeita banda têm duas bandas de passagem. Uma

banda de passagem está abaixo da frequência da banda de parada inferior especificada e a outra

está acima da frequência de banda de parada superior. As duas bandas de passagem do filtro de

rejeita banda estão especificadas, na Tabela 8, são (1.2–1.4) e (1.6–1.8) GHz.

2.2.3 ONDULAÇÃO DA FAIXA DE PASSAGEM

Certas aplicações de filtros passa-faixa requerem o controle da variação da perda

de inserção na banda de passagem dos filtros passa-faixa, embora todos os valores observados

de perda de inserção se mantenham dentro do limite. A variação, na perda de inserção, é

definida como ripple da banda de passagem. Matematicamente, a ondulação da banda de

passagem é a diferença entre os valores máximos e mínimos observados de perda de inserção.

A ondulação excessiva da banda de passagem gera ruído nos circuitos de RF.

Para o filtro passa faixa, na Tabela 7, o limite de perda de inserção é de 1 dB máx.

e o limite de ondulação da banda de passagem é 0,4 dB máx. Assumindo que os valores de

perda de inserção, observada do filtro, são 0,6, 0,3, 0,2, 0,8 e 0,5 dB na banda de passagem. Os

valores observados estão dentro da perda especificada e são mostrados na Figura 12 com escala

expandida para a banda de passagem. A ondulação da banda de passagem é (0,8-0,2) dB, isto

é, 0,6 dB, que excede o limite, 0,4 dB max.

Page 37: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

35

Figura 12 - Ripple na banda passante.

Fonte: Lathi (2000).

2.2.4 PERDAS POR INSERÇÃO

A energia de RF é preciosa e precisa ser gerenciada eficientemente. A adição de um

componente de RF em um circuito de processamento de sinal atenua a energia que normalmente

chegaria na saída do circuito. Portanto, é necessário caracterizar a perda de todos os

componentes de RF que são inseridos nos circuitos de RF.

A Figura 13 mostra um circuito de filtro RF simples, terminado com impedância de

carga. A impedância da fonte e a impedância da carga são assumidas como sendo de 50 Ω. Pi

é a potência na entrada do filtro. Também é assumido que a impedância de entrada e saída do

filtro é ajustada para 50 Ω.

Figura 13 – Perda de inserção em filtros RF

Fonte: Própria.

Sem o filtro RF no circuito, a potência na impedância da carga seria Pi. Com o filtro

no circuito, uma fração da potência, Pi, é dissipada no filtro e a potência de equilíbrio, Po, atinge

Page 38: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

36

a impedância da carga. A potência dissipada é conhecida como a perda de inserção do filtro,

apresentada na fórmula 2 a seguir. Perda de inserção de um filtro RF é definida como a

atenuação adicional ou perda causada pelo filtro na banda de passagem. Como a perda de

inserção resulta em perda de transmissão, é um parâmetro de transmissão. A perda de inserção

é expressa na equação 2.1 em dB.

����� ��� �����çã�(��) = 10����� − 10����� = 10log (�� ÷ ��) (2.1)

Como Pi > Po, a perda de inserção calculada pela expressão tem um valor positivo.

Por exemplo, suponha que Pi seja 10 mW e apenas 9 mW alcancem a carga devido à perda de

filtro.

����� ��� �����çã�(��) = 10���10 − 10���9 = 10 log(10 ÷ 9) = 0,46�� (2.2)

O analisador de rede é usado para medir a perda de inserção de filtros. Exibe a perda

de inserção com um sinal negativo. Tem fonte de precisão e portas de detecção (carga). O

dispositivo em teste é conectado entre as portas e o nível de potência na porta do detector é

medido em dB. Inicialmente, a potência, Pi, é, primeiramente, aplicado diretamente à porta do

detector e o nível de potência em dB, isto é, 10 log (Pi) é ajustado para zero por conveniência.

Se um filtro ou qualquer outro componente RF é inserido entre as duas portas, exibe a redução

no nível de potência causada pelo componente de RF em dB a partir do nível de potência de

referência inicial. A redução no nível de potência é a perda de inserção do componente e é

exibida em dB com um sinal negativo. Por exemplo, se Pi = 10 dB (10 mW) for aplicado para

a porta do detector, ele é definido como zero subtraindo 10 dB. Com um filtro conectado entre

as portas, o nível de potência na porta do detector é de 9,54 dB (9 mW), mas é exibido como

(9,54÷10) dB, ou seja, −0,46 dB, que é a inserção do filtro.

Os requisitos de perda de inserção devem ser atendidos em toda a banda de

passagem. A perda de inserção dos filtros não é apenas potência dissipada. Os filtros não podem

ser sintonizados para 50 Ω exatamente e eles só poderiam ser ajustados perto de 50 Ω. Portanto,

os filtros causam alguma perda de descasamento de impedância, que é adicionada à perda de

inserção.

Page 39: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

37

2.2.5 PERDA DE RETORNO

A Figura 14 mostra um circuito de filtro RF simples, terminado com impedância de

carga. A impedância da fonte e a impedância da carga são assumidas como sendo de 50 Ω. Vin

é a tensão na entrada do filtro. Assume-se que a impedância de entrada e saída do filtro não está

ajustada para 50 Ω. Ignorando o descasamento causada pelo Fonte de RF e a carga, a principal

fonte de incompatibilidade é o filtro RF no circuito. Assim, uma voltagem, Vref, é refletida

pelo filtro em direção à fonte por descasamento de impedâncias.

Figura 14 - Tensão refletida no filtro RF incompatível.

Fonte: Própria.

Coeficiente de reflexão (K) pode ser representado por ����.

���

(2.3)

Os filtros são ajustados para o VSWR mais baixo na banda de passagem para

minimizar a perda de descasamento, que de outra forma aumentaria a perda de inserção dos

filtros. Tipicamente, um VSWR de 1,22 máximo é aceitável para filtros na maioria das

aplicações.

O Analisador de Redes é usado para ajustar o filtro para atender aos requisitos

especificados. O ajuste é realizado com frequência em eixo x e atenuação em dB no eixo y na

exibição do Analisador de Sinal para que todas as características de um filtro possam ser

visualizadas simultaneamente. Todos as características de um filtro são expressas em dB exceto

VSWR, que não possui unidades. Assim, o VSWR é convertido em outro parâmetro conhecido

como, perda de retorno, que é expressa em dB. Essa perda está relacionada ao VSWR pela

expressão 2.4 dada em dB.

Page 40: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

38

(2.4)

VSWR de 1,22 corresponde a uma perda de retorno de aproximadamente 20 dB. A

perda de retorno é especificada como máximo de -20 dB ou mínimo de 20 dB. Perda de retorno

deve ser cumprido em toda a faixa de passagem dos filtros. Como a perda de retorno resulta em

perdas de reflexão, é classificada como um parâmetro de reflexão. Salvo indicação em contrário

especificado pelos clientes, a perda de retorno é garantida apenas na entrada de filtros. A entrada

e a saída dos filtros são identificadas como "IN" e "OUT" por fabricantes de filtros.

2.2.6 FREQUÊNCIA DE CORTE

Após a banda de passagem, a perda de inserção dos filtros aumenta. A frequência

em que a perda se torna 3 dB maior é chamada de frequência de corte. É utilizado a frequência

de corte, especificando largura de banda de 3 dB. Um exemplo poderia ser dado para um filtro

de passagem de banda:

- fo, frequência central: 1000MHz ( 1GHz )

- Banda passante: fo ± 40 MHz

- 3dB largura de banda 250MHz min.

As frequências de corte do filtro de passa faixa são calculadas e são mostradas na

Figura 15, expandindo a banda de passagem do filtro.

Figura 15 – frequência de corte de um filtro passa faixa.

Fonte: Malvino (2016).

Page 41: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

39

(2.5)

(2.6)

A faixa de passagem precisa ser estendida para satisfazer a largura de banda de 3

dB. A extensão da largura de banda melhora a perda de inserção na banda de passagem, mas

esforços adicionais são necessários para cumprir os requisitos de rejeição.

2.2.7 REJEIÇÃO

A Rejeição característica de um filtro é definida como a capacidade de um filtro

para atenuar a banda indesejada de frequências e é expressa em dB. A Rejeição característica

pode ser considerada semelhante à perda de inserção de um filtro, no sentido de que o filtro

oferece uma perda de inserção muito alta para as frequências na faixa de rejeição. Por exemplo,

a rejeição do filtro de passagem de banda, é especificada como 60 dB min. em (fs ± 100) MHz.

Poderia ser interpretado como a perda de inserção do filtro passa-faixa é de 60 dB min. nas

frequências (fo + 100) e (fo - 100) MHz.

Referindo-se à Figura 15, a potência, Po, através da carga é 60 dB abaixo da

potência de entrada, Pi, nas frequências de rejeição, ou seja, o filtro praticamente atenuou ou

rejeitou essas frequências de chegar à carga. Como a perda de inserção, a rejeição também é

especificada com sinal positivo ou sinal negativo. Por exemplo, pode ser especificado como 60

dB min. ou −60 dB máx. O Analisador de rede exibe rejeição com um sinal negativo.

2.2.8 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

As características elétricas dos filtros de RF são apresentadas graficamente usando

as características típicas aceitáveis. Os gráficos de desempenho para os quatro tipos de filtros

nas Tabelas 5 até a 8 são mostrados nas Figuras 15 até a 18. Os gráficos são na verdade as

exibições do analisador de rede, mostrando todo o desempenho característico dos filtros

sintonizados. A frequência está no eixo X e a atenuação está no eixo Y. 0 dB é a referência para

atenuação utilizada nessas figuras.

Page 42: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

40

Figura 16 - Características típicas do filtro passa baixa.

Fonte: Natarajan (2013).

Figura 17 - Características típicas do filtro passa alta.

Fonte: Natarajan (2013).

Page 43: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

41

Figura 18 - Características típicas do filtro passa faixa.

Fonte: Natarajan (2013).

Figura 19 - Características típicas do filtro rejeita banda.

Fonte: Natarajan (2013).

Page 44: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

42

2.2.9 ESPECIFICAÇÕES MECÂNICAS

As especificações mecânicas geralmente incluem dimensões (contorno), peso,

conexões de entrada / saída e o acabamento externo dos filtros. Mais Informações sobre as

especificações mecânicas são fornecida abaixo.

2.2.9.1 DIMENSÕES E PESO

Dimensões e peso são geralmente flexíveis para novos designs de filtros de RF e

não são especificados para a maioria dos filtros. Designers de filtros indicam essas

características no final do desenvolvimento dos filtros.

Dimensões se referem ao comprimento total, largura e altura, excluindo as conexões

de entrada / saída e a projeção de ajuste e acoplamento dos parafusos, se houver. Os projetistas

de filtro geralmente limitam a projeção dos parafusos de afinação, aproximadamente, duas a

três vezes a espessura das porcas de segurança nos filtros de cavidade de micro-ondas.

Normalmente, furos cegos são usados para montar filtros em equipamentos. A localização e o

tamanho dos furos cegos para a montagem de filtros também fazem parte de dimensões

(contorno).

2.2.9.2 CONEXÕES DE ENTRADA E SAÍDA

Conectores coaxiais de RF ou terminações de guias cilíndricas são usados para

conectar a entrada / saída de filtros. Os conectores coaxiais DIN 7/16, N, SMA, BNC e TNC

são geralmente preferidos. As terminações de guias cilíndricas são usadas para a montagem de

filtros na superfície e são mais baratas em comparação com os conectores coaxiais.

Informações adicionais de design sobre as terminações da guia são explicadas no

planejamento do design do filtro de RF. Dimensões de entrada / saída dos conectores coaxiais

não precisam ser mostrados. Se as dimensões dos conectores coaxiais precisarem ser mostradas,

elas devem ser governadas pelos padrões internacionais aplicáveis à série de conectores.

2.2.9.3 ACABAMENTOS

Caixas metálicas são geralmente usadas para filtros. A conversão condutiva do

cromato ou o revestimento de prata são feitos externamente para os gabinetes, dependendo da

frequência de aplicação de filtros. O acabamento adicional adequado, como pintura ou

Page 45: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

43

revestimento com verniz, também pode ser especificado para a superfície externa do

revestimento.

2.3 FILTROS DE RF E DESIGN DE TECNOLOGIAS

O projeto de filtros de RF é complexo em comparação com o projeto de filtros de

baixa frequência (de energia elétrica) usados na saída de circuitos retificadores para suavizar

ondulações componentes. Muitas tecnologias estão disponíveis, considerando frequência,

desempenho, tamanho, manuseio de energia e custo de filtros de RF. As configurações do

circuito L-C para filtros de RF são apresentadas como também o funcionamento dos circuitos.

O conceito de ressonância em cavidade de micro-ondas coaxial, combline e filtros de cavidade

acoplados à íris são tecnologias que serão explicadas em detalhes. Informações relativas à

capacidade de movimentação de energia, circuitos equivalentes e fatores para minimizar a perda

de inserção de filtros de cavidade são fornecidos.

2.3.1 TECNOLOGIAS

A função básica do filtro de RF é passar a banda de frequências necessária com

perda mínima e atenuar os componentes de frequência indesejados até o nível desejado. Os

filtros mais simples são aqueles usados na saída de circuitos retificadores de meia onda ou de

onda completa para passar à tensão de saída CC suave, filtrando o ripple dos componentes AC.

Os filtros de frequência de energia usam indutores de grande tamanho e capacitores

eletrolíticos na forma de seções L ou Π e são projetados, usando gráfico padrão para limitar a

tensão de ondulação ao nível desejado (Landee et al. 1957).

À medida que a frequência aumenta, o design dos filtros de RF torna-se bastante

complexo, e existem muitas tecnologias disponíveis para projetar os filtros para variadas

necessidades e aplicações. Frequência, desempenho, tamanho, manuseio de energia e custo

decidem a tecnologia apropriada para projetar filtros de RF.

A aplicação de filtros pode enfatizar uma característica particular. Algumas

aplicações requerem mais características de banda de passagem plana com banda de passagem

mínima das frequências excluídas e tais filtros são classificados como tipo maximamente plano

ou tipo Butterworth. Algumas aplicações exigem queda acentuada da frequência limite de

banda de passagem para realizar a elevada rejeição característica e tais filtros são classificados

como tipo Tchebyscheff (MATTHEI et al. 1980).

Page 46: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

44

Três tecnologias estão disponíveis para projetar filtros de RF, são elas:

1) Filtros RF Lumped e Semi-lumped;

2) Filtros de cavidade de microondas;

3) Filtros Microstrip e Stripline.

Como nosso trabalho foca em filtros de cavidade de micro-ondas, explicaremos em

detalhes essa tecnologia.

2.3.2 FILTROS DE CAVIDADES RESSONANTES PARA MICROONDAS

Uma cavidade coaxial de microondas é um invólucro metálico na forma de um

cilindro com um ressonador, um elemento cilíndrico, montado da mesma forma ao cabo coaxial

no invólucro. Uma extremidade do ressonador é montada na cavidade com e a outra

extremidade do ressonador é livre. O arranjo mecânico de uma cavidade coaxial de microondas

é mostrado na Figura 20:

Figura 20 - Ressonador de cavidade coaxial de microondas

Fonte: Natarajan (2013).

Cavidades com secção transversal retangular ou quadrada também podem ser

usadas. A capacitância distribuída é desenvolvida na extremidade livre do ressonador. A

indutância do ressonador e a capacitância distribuída ressoam em uma frequência decidida pelas

dimensões mecânicas da cavidade e do ressonador. A seção ressonante é uma seção de shunt.

A cavidade coaxial de microondas com ressonador é a seção ressonante básica em filtros de

cavidade de microondas. Os números de seções ressonantes nos filtros são decididos pelas

Page 47: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

45

especificações elétricas dos filtros. A propagação de ondas eletromagnéticas em filtros de

cavidades é o modo TEM. O acoplamento indutivo existe entre seções de cavidades ressonantes

adjacentes. As seções da cavidade ressonante final são acopladas a conectores coaxiais de

entrada / saída. Combinar os filtros de cavidade de micro-ondas acoplados à íris (estrutura

central de vibração do filtro) são bastante populares em aplicações industriais. Filtros combline

usam ressonadores λ / 8 e filtros acoplados à íris usam λ / 4 na frequência de ressonância.

2.3.2.2 FILTROS DE CAVIDADE COMBLINE E IRIS-COUPLED

Nos filtros de cavidade de microondas, o ar é o meio dielétrico de transmissão e os

filtros não requerem nenhum suporte dielétrico. Os filtros são caracterizados por baixa perda

de inserção com alta rejeição, tornando-os adequados para aplicações de alta potência. Uma

largura de cavidade de 30 mm poderia facilmente lidar com 100 W de potência de RF.

A tecnologia de filtro de cavidade de microondas é explicada pelos dois tipos mais

usados de filtros de passagem de banda:

1) Filtro Combline passa banda;

2) Filtro Iris-coupled passa banda;

A tecnologia de cavidade combline é aplicada para projetar filtros de passagem de

banda de microondas com uma largura de banda de até 15% de fo, freqüência central (Matthaei

et al. 1980).

A tecnologia Iris-coupled de cavidade é aplicada para projetar filtros de passa banda

de microondas com uma largura de banda estreita de menos de 1% de fo, freqüência central

(Matthaei et al. 1980).

Os filtros de microondas Combline são usados extensivamente em sistemas de

comunicações móveis e por satélite, nos últimos anos, devido ao seu tamanho compacto, baixo

custo, ampla faixa de sintonização, perda relativamente baixa e boa resposta espúria (Borji et

al. 2002, Yaot et al. 1997, Arndt & Brandt, 2002).

Filtros de passagem de banda Iris-Coupled são amplamente utilizados em estações

base sem fio (Borji et al. 2002).

Filtros de passagem de banda que são projetados com estrutura de cavidade

combline têm várias vantagens, como:

1) os filtros Combline de cavidade são muito compactos;

2) é mais fácil perceber alta rejeição para as bandas de parada;

Page 48: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

46

3) o fresamento do bloco de cavidade combline é relativamente muito mais rápido

e mais barato em comparação com os filtros de passagem de banda de cavidade acoplados à

íris;

4) os filtros combline são relativamente mais fáceis de montar, garantindo uma

produção mais rápida.

O filtro Iris-coupled passa-banda tem a vantagem de alcançar largura de faixa

estreita e menor perda de inserção, embora a operação de fresamento de cavidades seja caro em

comparação com cavidades combline.

2.3.2.3 CAPACIDADE DE MANIPULAÇÃO DE POTÊNCIA

A capacidade de manipulação de potência dos filtros de RF precisa ser estabelecida

quando os filtros são usados em transmissores de alta potência ou em condições de alta altitude.

A quebra por múltiplas partes pode ocorrer em filtros usados em condições de alta altitude. O

efeito de manipulação é uma descarga de elétrons devido à baixa pressão que é associado a altas

altitudes. Guias de onda são pressurizados de acordo com as necessidades de grandes altitudes

para superar o colapso.

A distância de deslocamento entre os elementos filtrantes precisa ser examinada

para os filtros usados em aplicações de alta potência. A quebra da ionização pode ocorrer se a

distância do isolamento é marginal no nível de potência em que os filtros são usados. A

frequência de operação também deve ser considerada na decisão da distância de isolamento

entre vários elementos de filtro.

A distorção de intermodulação ocorre em filtros de RF usados em aplicações de alta

potência. Produtos de intermodulação são devidos à má ou variação nas resistências de contato

entre as peças do filtro. Por exemplo, o mau contato entre os conectores coaxiais de entrada /

saída e o bloco de cavidade do filtro resulta em distorção de intermodulação. O projeto

mecânico apropriado para a montagem de peças de filtro é necessário para evitar a geração de

produtos de intermodulação. Solda de partes, quando viável, minimiza consideravelmente a

distorção de intermodulação.

Os filtros de RF dissipam a energia de RF em todas as aplicações, mas a potência

dissipada pode se tornar significativa para os filtros usados em aplicações de alta potência. A

potência dissipada faz com que a temperatura da superfície dos filtros de RF aumente. Um

aumento de 15 a 20°C acima da temperatura ambiente é aceitável. Superior a isso o aumento

da temperatura afeta o desempenho elétrico dos filtros e causa a degradação do material

Page 49: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

47

dielétrico nos filtros de substrato. Considerações adicionais são necessários para filtros de alta

potência usados em condições de alta altitude (Yu, 2007).

2.3.3 FILTROS COMBLINE PARA PASSA FAIXA

2.3.3.1 ESTRUTURA

A estrutura do filtro de cavidade combline passa faixa, com sua placa de cobertura

lateral removida, pode ser observada na figura 21.

Figura 21 – Estrutura de um filtro combline sem placa de cobertura lateral

Fonte: Natarajan (2013).

O filtro possui três peças importantes, ou seja, bloco de cavidade, linha ressonante

ou simplesmente conhecido como ressonadores e placa de cobertura. Embora o bloco de

cavidade é fisicamente uma cavidade, deve ser considerada como uma série de cavidades

acopladas, cada uma tendo um ressonador. Na figura 21, existem três cavidades seccionais e

cada cavidade seccional tem um ressonador de latão. Os ressonadores são montados na cavidade

com uma extremidade ligada à terra, isto é, curto-circuitados na cavidade. Capacitância

distribuída com ar como dielétrico é desenvolvido na extremidade livre dos ressonadores. O

valor da capacitância distribuída é ajustado com parafusos. A capa da placa é montada no bloco

de cavidades para formar cavidades seccionais fechadas.

Page 50: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

48

Os ressonadores são λ / 8 de comprimento na frequência central (fo) do filtro passa-

faixa, mas comprimentos mais curtos também podem ser usados. Os ressonadores são montados

perpendiculares ao comprimento do bloco de cavidade com espaçamento projetado e eles são

centralizados na largura da cavidade. Cada cavidade seccional está sintonizada à frequência

central, fo, do filtro de passagem de banda, usando seu ressonador e capacitância distribuída.

Dois parafusos de acoplamento são mostrados na figura 19 para o filtro combline de três seções.

Os parafusos de acoplamento ajustam o acoplamento capacitivo entre os ressonadores de

cavidade seccionais. Os conectores coaxiais de entrada e saída são acoplados ao final de

ressonadores usando sondas de acoplamento ou tags. O número de seções de filtro, ou seja, os

números de ressonadores são aumentados para aumentar a capacidade de rejeição dos filtros,

mas também aumenta a perda de inserção.

2.3.3.2 CIRCUITO EQUIVALENTE

Segundo Hoffman (1975), o circuito equivalente de um filtro passa-faixa combline

com três ressonadores é mostrado na figura 22. A indutância do ressonador e a distribuição

capacitância formam as seções de shunt do filtro de passagem de banda.

Figura 22 - Circuito equivalente do filtro combline.

Fonte: Hoffman (1975).

Embora os acoplamentos indutivos e de capacitâncias existam entre as seções do

ressonador, apenas uma indutância é mostrada entre as seções de shunt como o acoplamento

predominante entre as seções do ressonador é indutivo (BORJI et al. 2002).

O acoplamento indutivo é máximo no final curto-circuitado dos ressonadores e o

acoplamento capacitivo é máximo na extremidade livre dos ressonadores. A natureza do

acoplamento entre as seções do ressonador é expressa na equação 2.6.

Page 51: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

49

(2.7)

Com o avanço dos parafusos de acoplamento na cavidade, o acoplamento

capacitivo diminui, causando o aumento do acoplamento entre as seções do ressonador.

Aumentar o acoplamento entre as seções do ressonador aumenta a largura de banda do filtro

combline.

2.3.3.3 PERDAS POR INSERÇÃO

Esforços de projeto são feitos para minimizar a perda de inserção de filtros

combline, maximizando a descarga do fator Q dos ressonadores, que representa o fator de

qualidade em que os ressonadores são classificados. A descarga do fator Q de um ressonador é

análogo ao fator-Q de um indutor discreto.

Os tipos de transmissão e reflexão das medições poderiam ser usados para

determinar a descarga do fator Q de ressonadores (SCHONLINNER et al. 2010, LEON et al.

2002).

O fator Q depende do material e do acabamento dos ressonadores. O revestimento

de prata do bloco de cavidades e ressonadores melhora o Fator Q dos filtros.

Os filtros de cavidade são projetados para uma impedância de 70 Ω, pois fornece o

melhor valor de Q para os filtros (KEMPPINEN et al. 1987). Aumentando o tamanho da

cavidade do filtro e também reduzindo a perda de inserção de filtros.

O design do filtro combline envolve o cálculo do número de ressonadores, da

capacitância dos ressonadores e das dimensões mecânicas do bloco da cavidade, ressonadores,

espaçamento entre ressonadores, parafusos de ajuste e acoplamento para a frequência central

especificada, largura de banda e requisitos de rejeição do filtro. O projeto do filtro de passagem

de faixa combline, tipo Tchebyscheff, é explicado em forma de tutorial, ilustrado com os dados

do filtro no desenvolvimento deste trabalho.

2.3.4 FILTRO IRIS-COUPLED PASSA FAIXA

A estrutura do filtro Iris-coupled passa-faixa com a sua tampa superior removida é

mostrada na figura 23, a visão da imagem é a visão superior do filtro.

Page 52: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

50

Figura 23 – Estrutura do filtro Iris-coupled passa faixa sem placa de cobertura lateral.

Fonte: Natarajan (2013).

O filtro Iris-coupled também possui bloco de cavidade, ressonadores de latão, placa

de cobertura, parafusos de ajuste e parafusos de acoplamento. Ao contrário do filtro combline,

cada ressonador tem uma cavidade circular ou quadrada coaxial claramente definida com cantos

arredondados. Cada cavidade é acoplada à sua cavidade adjacente através de uma pequena

abertura retangular chamada íris. O filtro mostrado na figura 23 tem três cavidades circulares e

duas írises de acoplamento. Os ressonadores têm geralmente λ / 4 na frequência central (fo) do

filtro passa-faixa. Os ressonadores são montados na cavidade com uma extremidade ligada à

terra, isto é, curto-circuitados na cavidade. Capacitância Distribuída com ar como dielétrico é

desenvolvido na extremidade livre dos ressonadores. O valor da capacitância distribuída é

ajustado com parafusos de ajuste. Cada cavidade é sintonizada na frequência central, fo, do

filtro passa-faixa acoplado à íris, usando seu ressonador e capacitância distribuída. O

acoplamento entre as cavidades é ajustado, usando parafusos de acoplamento, que avançam

para as írises. Os conectores coaxiais de entrada e saída são acoplados ao final dos ressonadores,

usando sondas de acoplamento.

O circuito equivalente, os princípios de acoplamento entre as seções da cavidade e

minimização das perdas de inserção do filtro Iris-coupled, são similares àqueles explicados para

o filtro combline. O design do filtro combline envolve o cálculo do número de seções do

ressonador, a capacitância de ajuste para ressonadores e as dimensões mecânicas do bloco de

cavidades, ressonadores, as dimensões das íris, sintonia e parafusos de acoplamento para a

frequência central especificada, largura de banda e requisitos de rejeição do filtro.

Page 53: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

51

2.3.5 FILTRO DE CAVIDADE RESSONANTE COM RESSONADORES

DIELÉTRICOS

Os filtros de cavidade de microondas também podem ser projetados com

ressonadores dielétricos, substituindo ressonadores de latão para melhorar o desempenho de

perda de inserção dos filtros. O fator Q dos ressonadores dielétricos é muito alto comparado

aos ressonadores de latão. Ressonadores dielétricos com descargas de fator Q de mais de 50.000

a 18 GHz estão disponíveis. O tamanho dos filtros aumenta com o aumento dos valores Q dos

ressonadores dielétricos, semelhantes aos ressonadores metálicos. Para a mesma faixa de

frequência de operação, a perda de inserção dos filtros ressonantes dielétricos é menor que a

dos filtros ressonadores de latão, mas os tamanhos dos filtros são maiores.

Filtros com ressonadores dielétricos têm desempenho elétrico estável em uma faixa

de temperatura operacional mais ampla e tornaram-se populares em estações base para

aplicações móveis e manuais (WANG & ZAKI, 2007).

Page 54: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

52

3 DESENVOLVIMENTO

3.1 ESTRUTURA DE UM FILTRO DE CAVIDADES RESSONANTES

O projeto de um filtro de cavidades ressonantes é o processo que converte as

especificações elétricas dos filtros nas dimensões mecânicas da cavidade, ressonadores, usando

equações especificas chamadas de equações de design. As equações de projeto e gráficos

variam entre os tipos de filtro desejados, lembrando alguns tipos de filtros de cavidades: os

filtros combline o os filtros iris-coupled. Para a montagem do filtro combline, que será

demonstrado a seguir, serão usadas as seguintes ferramentas: Cálculo com polinômios, que são

montados ao desenhar gráficos usando a técnica de interpolação de Lagrange, Ferramenta de

software e Excel.

A estrutura de um filtro combline pode ser resumida esquematicamente pela figura

24.

Figura 24– Estrutura esquematizada de um filtro combline

Fonte: Natarajan (2013).

3.1.1 Bloco da cavidade

A estrutura principal da cavidade é feita a partir de um bloco sólido de alumínio

com abertura para um dos lados, no caso o lado de cima. Os cantos dessa estrutura são

arredondados, a altura interna é dada por “h” e o comprimento interno é dado por “l”, essas

medidas ficam claras ao observar a figura 24. A espessura da parede é projetada entre 4 mm e

6 mm, levando em consideração o conector coaxial a ser colocado no equipamento. Para o caso,

em questão, a espessura será de 5 mm.

Page 55: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

53

3.1.2 Ressonador

O ressonador é a parte mais importante do filtro de cavidades e pode ser composto

de uma estrutura em barra, composta por uma seção transversal retangular com largura “w” e

espessura denominada como “t”. O ressonador também pode ter formato cilíndrico com

diâmetro “d”, esses são os mais escolhidos para esse tipo de utilização visto que sua estrutura é

mais propensa a gerar filtros ressonantes.

Uma das extremidades do ressonador é projetada para fixação no bloco de

cavidades, enquanto a outra é desenvolvida para gerar capacitância distribuída, conforme os

cálculos que serão apresentados a fim de sintonizar o filtro na frequência desejada. Para isso,

devem ser calculadas todas as medidas do ressonador e também as quantidades de ressonadores

que o projeto deve comportar para filtragem na frequência desejada.

3.1.3 Chapa de fechamento

O bloco de cavidades é projetado com uma abertura em sua parte superior, como

mencionado anteriormente, para o fechamento desse bloco, é projetada uma chapa que irá ser

instalada paralela aos ressonadores. A chapa deve possuir de 4 a 5 mm, no projeto descrito neste

trabalho, a medida projetada foi de 5mm, essa placa leva ao todo oito parafusos em suas

extremidades para que possa ser fixada no filtro.

É importante lembrar que o mau contato entre a placa de cobertura, ou chapa de

fechamento, pode resultar em perdas indesejáveis para o filtro, por ser uma quebra ou

descontinuidade no trajeto que a onda eletromagnética irá fazer dentro da cavidade. Para

garantir que esse trajeto não seja dificultado por nenhum elemento externo, a fixação da chapa

deve ser feita com parafusos espaçados por mais de 15 mm de distância. A chapa de cobertura

está esquematizada na figura 25.

Figura 25 – Chapa de cobertura.

Fonte: Natarajan (2013).

Page 56: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

54

3.1.4 Outros componentes do filtro

Conectores coaxiais de entrada e saída são necessários para a entrada e a saída do

sinal. Esses conectores podem ser SMA, TNC ou N, para o projeto, em questão, foi utilizado o

conector SMA fêmea de 50 ohms para a entrada e saída do equipamento, respeitando sempre

as medidas de espessura projetadas.

Os parafusos de ajuste, que fazem o tuning do filtro são projetados com 0,5 mm de

passo para que o ajuste feito de forma manual, posteriormente, seja o mais perfeito possível.

Uma vez fixado o parafuso, é preciso utilizar porcas para que a vibração emitida das ondas

eletromagnéticas não venha a tirar a posição de tuning do parafuso.

Os materiais de finalização também são muito importantes para que o desempenho

do RF seja satisfatório, em geral, para o bloco de cavidade é utilizado alumínio do tipo duro

para evitar falha nas roscas dos parafusos de ajuste. O bloco de cavidades e sua placa de

cobertura em geral são prateados, assim como os parafusos, ressonadores e porcas de fixação.

Os ressonadores são de latão, e os fixadores da placa de fechamento são feitos de aço inoxidável

para que não haja interferência no sinal ressoante.

3.2 CÁLCULO DA CAVIDADE RESSOANTE

Para o início dos cálculos, existem algumas diretrizes que devem ser especificadas

no projeto, elas serão utilizadas para que sejam calculadas todas as medidas do equipamento a

partir de suas características desejadas, todas apresentadas na tabela 9.

Tabela 9 – Tabela de parâmetros iniciais para cálculo do filtro combline.

Parâmetro medida banda

banda passante down 2,155 GHz até 2,17GHz 0,015 GHz

Fo down 2,1625 GHz Banda passante up 1,965 GHz até 1,98GHz 0,015GHz

Fo up 1,9725GHz perda por inserção 0,5000 perda de retorno 17,0000 ripple banda passante 1,0000 rejeição 50,0000 pot max de entrada 200 mW

Page 57: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

55

Os valores acima mencionados serão utilizados para calcular os seguintes

parâmetros do filtro:

1) b que será a largura da cavidade;

2) l que será o comprimento interno da cavidade;

3) h que será a altura da cavidade;

4) W que será o diâmetro do ressonador;

5) t que será a espessura do ressonador;

6) s que será o espaçamento entre os ressonadores.

Primeiramente, é necessário fazer o cálculo do ω para a frequência central:

(3.1)

(3.2)

Após isso, é possível calcular o fator de transformação ( ω�/ω1′):

(3.3)

(3.4)

Então, é calculado o termo ε, no qual:

(3.5)

(3.6)

Após calcular ε, é preciso calcular as seções do filtro que será chamado de n, para

isso é preciso utilizar a rejeição na frequência superior, LA:.

(3.7)

Page 58: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

56

(3.8)

A quantidade de seções do filtro deve ser arredonda sempre para o próximo inteiro

mais alto:

� = 6 (3.9)

O comprimento de um ressonador de um filtro combline são normalmente

projetados em λo/8, para isso, essa medida será calculada da forma representada nas

equações 3.10, 3.11 e 3.12:

(3.10)

(3.11)

(3.12)

Para o projeto do filtro, existem algumas constantes definidas, por exemplo, o θo

que representa o comprimento elétrico dos radianos ressonantes, no qual o valor calculado é

representado na equação 3.13:

(3.13)

Para garantir o alto descarregamento do fator Q, a linha de ressonância deve ser

escolhida conforme a equação 3.14:

��� =�

��٠(3.14)

A admitância da linha de ressonância normalizada, Yaj/YA, é calculada seguindo

o conjunto de equações 3.15 até a 3.17:

(3.15)

(3.16)

λo

8=

360

8= 45° = 0,786 ���

Page 59: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

57

(3.17)

Após isso, é necessário fazer o cálculo de “g”. O número dos valores g que precisam

ser calculados está relacionado ao número de ressonadores. Para n ressonadores, g0 à gn+1

valores são calculados. Para n = 6, os valores calculados vão de g0 à g7. Os valores do fator g

estão diretamente ligados ao ripple do sinal de saída, porém os valores calculados nesse

momento não resultam em medidas do filtro, entretanto são valores que irão basear o cálculo

de algumas medidas posteriormente:

�� = 1 (3.18)

Para outros valores g, os valores intermediários, β, γ, ak e bk, são calculados

conforme o conjunto de equações:

(3.19)

(3.20)

(3.21)

(3.22)

(3.23)

(3.24)

(3.25)

(3.26)

Esses cálculos representados acima irão gerar valores diferentes para cada valor de

k, lembrando que a constante k representa a quantidade de ressonadores do filtro, esses valores

estão demonstrados no conjunto de tabelas 10:

Page 60: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

58

Tabela 10– Tabelas representando os resultados para AK, BK e GK.

AK BK Gk k aK k bk k gk

1,0000 0,2588 1,0000 0,3071 0,0000 2,6678

2,0000 0,7071 2,0000 0,8071 1,0000 2,1659

3,0000 0,9659 3,0000 1,0571 2,0000 1,1005

4,0000 0,9659 4,0000 0,8071 3,0000 3,0757

5,0000 0,7071 5,0000 0,3071 4,0000 1,1478

6,0000 0,2588 6,0000 0,0571 5,0000 2,9490

6,0000 0,8083

7,0000 2,6678

Dando sequência aos cálculos, é preciso fazer a computação dos fatores GT/YA e

também dos fatores Ji/YA. Para que isso seja possível, serão usadas as fórmulas 3.27, 3.28 e

3.29:

(3.27)

(3.28)

(3.29)

Para esses cálculos foi considerado que ω’1 é um parâmetro de protótipo

normalizado em radianos =1, e como escrito anteriormente ω=0,0069. Abaixo está a tabela com

os valores necessários dos cálculos mencionados acima:

Tabela 11 - Tabela de valores para o conjunto de equações 15.

b1/YA= 0,9180

GT1/Ya= 0,0029

j1,2/Ya 0,0041

j2,3/Ya 0,0034

j3,4/Ya 0,0034

j4,5/Ya 0,0034

j5,6/Ya 0,0041

j6,7/Ya 0,0043

GT7/YA 0,0267

Page 61: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

59

Após chegar nesses valores, o próximo passo é calcular a capacitância normalizada

pelo comprimento da unidade entre linha e terra. Para o cálculo de capacitâncias normalizadas

por unidade de comprimento entre os ressonadores e a terra, dois ressonadores finais adicionais

precisam ser assumidos. Para o filtro combline com n = 6, os ressonadores finais adicionais são

o Resonator-0 e o Resonator-7.

(3.30)

(3.31)

Para essa função, �� é a constante dielétrica do ar e tem valor de 1, dessa forma, os

valores de �� �⁄ será dado pela tabela 12:

Tabela 12– Demonstração dos resultados da normalização da capacitância.

Cx/ε C0/ε 7,1266

C1/ε 4,9630

C2/ε 5,3212

C3/ε 5,3311

C4/ε 5,3192

C5/ε 5,3273

C6/ε 5,3062

C7/ε 3,8379

As capacitâncias normalizadas por unidade de comprimento são calculadas entre

ressonadores adjacentes. C01 é a capacitância entre os ressonadores 0 e 1. C12 é a capacitância

entre ressonadores 1 e 2 e assim sucessivamente. O conjunto de equações para o cálculo é

representado detalhadamente pelas equações 3.32, 3.33 e 3.34:

(3.32)

(3.33)

Page 62: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

60

(3.34)

Os valores calculados de (Cj, j + 1/ε) são mostrados na Tabela 13, para esse

cálculo o ressonador considerado é do ressonador 0 até o ressonador 7 para n=6 como

explicado anteriormente:

Tabela 13-Valores de capacitâncias entre ressonadores.

Cj,j+/ε C0,1/ε 0,4074

C1,2/ε 0,0309

C2,3/ε 0,0259

C3,4/ε 0,0254

C4,5/ε 0,0259

C5,6/ε 0,0309

C6,7/ε 0,0325

Os próximos dois parâmetros a serem medidos estão no gráfico do Anexo B. Os

valores de (s/b) e ( ) são obtidos dos gráficos de projeto. O eixo x do gráfico

representa (s/b) e os valores da relação faixa de 0 a 1,5. O eixo y do gráfico representa

dois parâmetros de capacitância, (ΔC/ε) e ( ), e os valores de capacitância variam de

0,01 à 10 pF. A figura contém dois conjuntos de gráficos, ou seja, (ΔC/ε) vs (s/b) e ( )

vs (s/b). Cada conjunto possui seis gráficos para seis valores diferentes de (t / b), que

varia de 0,0 a 0,8.

Após retirada dos valores do gráfico do Anexo B, é possível obter a seguinte tabela:

Tabela 14– Tabela de valores para Sj,j+1/b retirados da figura 26.

t/b= 0,2000 Cj,j+/ε Sj,j+1/b C0,1/ε = 0,4074 s0,1/b= 0,8000

C1,2/ε = 0,0309 s1,2/b= 0,6000

C2,3/ε = 0,0259 s2,3/b= 0,0250

C3,4/ε = 0,0253 s3,4/b= 0,0250

C4,5/ε = 0,0259 s4,5/b= 0,0250

C5,6/ε = 0,0309 s5,6/b= 0,6000

C6,7/ε = 0,0324 s6,7/b= 0,2000

Outros valores retirados do mesmo gráfico (Figura 26) são os valores de Sj,j+/ε:

Page 63: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

61

Tabela 15– Tabela de valores para Cfe0,1+1/ε retirados da figura 26.

s0,1/b= 0,8 Cfe0,1+1/ε = 0,8000

s1,2/b= 0,6 Cfe1,2+1/ε= 0,8000

s2,3/b= 0,025 Cfe2,3+1/ε= 0,7500

s3,4/b= 0,025 Cfe3,4+1/ε= 0,5500

s4,5/b= 0,025 Cfe4,5+1/ε= 0,5500

s5,6/b= 0,6 Cfe5,6+1/ε= 0,5500

s6,7/b= 0,2 Cfe6,7+1/ε= 0,5100

A largura da cavidade de um filtro combline tem suas implicações na perda de

inserção e no tamanho do filtro. Maior largura resulta em filtro de tamanho grande com menor

perda de inserção. Usar dados de projeto anteriores é importante para decidir o diâmetro da

cavidade. Considerando dados de tamanho e design em filtros de cavidades similares, largura

(b) de 14 mm é assumida. As bibliotecas que trazem referência sobre dimensões de cavidades

ligadas às características dos filtros são desenvolvidas e atualizadas ao longo de um período de

tempo.

A espessura dos ressonadores retangulares será de 2,8 mm. Os ressonadores

retangulares são aproximados aos ressonadores cilíndricos para aumentar a capacidade de

produção dos ressonadores. Igualando a circunferência dos ressonadores perturbam

minimamente os valores de capacitância distribuída calculados em comparação com a equação

da área de superfície dos ressonadores. Igualando a circunferência de ambos os tipos de

ressonadores, os diâmetros dos ressonadores cilíndricos são calculados, usando a

expressão acima e eles são mostrados na Tabela 16.

Tabela 16 – Diâmetros calculados para os ressonadores.

n Wj/b para j=1 wj para j=1

1,0000 0,3526 4,9363

2,0000 0,4442 6,2194

3,0000 0,5462 7,6471

4,0000 0,6238 8,7338

5,0000 0,6255 8,7563

6,0000 0,6372 8,9212

Outra aproximação é feita pela média dos diâmetros para ter ressonadores

simétricos no filtro combline e não afeta o cumprimento às especificações elétricas do filtro

combline. No projeto em questão, essa aproximação será d=6,9 mm.

Espaçamento entre ressonadores = (sj, j + 1/b) × b. Espaçamento entre o ressonador-

1 e o ressonador-2 = 0,58 × 14 = 8,12 mm. Os valores calculados de espaçamento entre os

Page 64: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

62

ressonadores são mostrados na Tabela 17. Recomenda-se reduzir os valores calculados do

espaçamento entre ressonadores em 5% para minimizar os esforços de "cuting and try". Não

leva a nenhum erro como o filtro poderia ser ajustado para atingir o desempenho especificado.

O espaçamento final entre os ressonadores é mostrado na Tabela 17, na tabela esquerda, são

apresentados os valores calculados e, na tabela direita, são apresentados os valores reduzidos:

Tabela 17– Valores de espaçamento calculado e reduzido.

n sj,s+1/b sj,j+1 para j = 1 n sj,j+1 para j = 1

1,0000 0,6000 8,4000 1,0000 7,9800

2,0000 0,0250 0,3500 2,0000 0,3325

3,0000 0,0250 0,3500 3,0000 0,3325

4,0000 0,0250 0,3500 4,0000 0,3325

5,0000 0,6000 8,4000 5,0000 7,9800

6,0000 0,2000 2,8000 6,0000 2,6600

O comprimento da cavidade é calculado a partir do diâmetro dos ressonadores e do

espaçamento entre os ressonadores. Além disso, é necessário um espaço de 5 mm para acoplar

os ressonadores finais (Resonator-1 e Resonator-6) para os conectores coaxiais de entrada /

saída.

Comprimento da cavidade = 2 × folga final + 7 × diâmetro do ressonador + soma

do espaçamento.

Soma do espaçamento ressonante = 7,7 + 8,8 + 9,0 + 9,0 + 8,8 + 7,7 = 51,0 mm.

Comprimento da cavidade = 2 × 5 + 7 × 6,2 + 51,0 = 104,4 mm.

Cada ressonador é sintonizado para ressoar na frequência central da banda de

passagem usando o capacitor distribuído, desenvolvido na extremidade livre do ressonador. A

capacitância distribuída para o ajuste dos ressonadores é calculada, usando a expressão:

Equação 1 – Valor da capacitância distribuída.

(3.35)

A altura de um filtro combline é decidida pelo comprimento do ressonador e pelo

entreferro para realizar a capacitância distribuída, a expressão fundamental para capacitância é

usada para calcular a altura. Para o ressonador com ± 6,2 mm, um intervalo de 0,12 mm fornece

o necessário = 2,27 e é mostrado na Figura 27. No entanto, mantendo uma lacuna tão estreita

entre os ressonadores e a parede do bloco de cavidades afeta tanto a capacidade de produção

quanto a confiabilidade do filtro. É praticamente impossível ajustar os ressonadores com o

��� �

� −1 ��é 7= 1 50⁄ ∗ 0,714 ∗ �

���45

0,0062832 ∗ 1012� = 2,27��

Page 65: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

63

intervalo de ar de 0,12 mm. Além disso, o desempenho do filtro é degradado na faixa de

temperatura operacional especificada e na vibração de transporte poderia causar desafinação do

filtro. Assim, uma lacuna de 1 mm entre os ressonadores e a parede do bloco de cavidades é

assumida:

Figura 26– demonstração da lacuna superior

��� É criado, usando ressonador oco e parafuso de ajuste, como mostrado na Figura

28. O ressonador oco tem um furo cego perfurado na extremidade livre. Um parafuso de ajuste

é rosca do bloco de cavidade na extremidade oca do ressonador. Existe capacitância distribuída

entre o parafuso de ajuste e a extremidade livre ressonador. ��� é calculado, usando a expressão

para a capacitância da linha coaxial.

Figura 27 – ajuste do ressonador oco.

Suponha que um furo cego de ± 5 mm seja perfurado na extremidade livre do

ressonador, ± 6,2 mm. parafuso, 4 mm, com curso até uma profundidade de 10 mm no

ressonador desenvolve aproximadamente 2.5 pF, ignorando as variações causadas pelas roscas

do parafuso de ajuste. A profundidade de percurso é finalizada em 12 mm com uma margem

de 2 mm. O parafuso de acoplamento, 4 mm, é decidido, considerando a padronização dos

fixadores. O comprimento inicial dos parafusos de ajuste e acoplamento é assumido como sendo

Page 66: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

64

15 mm para o projeto do filtro e o valor exato é decidido no final do ajuste. As dimensões do

projeto mecânico para satisfazer as especificações do filtro combline estão resumidas na Tabela

18:

Tabela 18– valores finais para os cálculos de dimensionamento.

Parâmetro de design mecânico Valor

projetado em mm

b, largura da cavidade 14

l, comprimento da cavidade 172,9

h, altura da cavidade 18,4

L, comprimento do ressonador cilíndrico 17,4

d, diâmetro do ressonador cilíndrico 7,0

N, número de ressonadores 6

s, espaço entre ressonadores

18,6

19,4

19,6

19,4

18,6

18,4

3.3 PROJETO DA CAVIDADE

Após o desenvolvimento dos cálculos demonstrados anteriormente, foi gerada a

tabela 18. Com as medidas, utilizou-se o programa SolidWorks® para desenhar o filtro de forma

computacional, assim, foi gerado o desenho em 3D e 2D para confecção do equipamento,

conforme as figuras a seguir:

Figura 28 – desenho esquemático em 2D e 3D, demonstrando as medidas dos furos da cavidade.

Page 67: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

65

Figura 29 – demonstração em 2D das medidas referentes à cavidade principal do filtro.

Além das medidas da cavidade principal, foram calculados os comprimentos dos

ressonadores, cuja posição é interna à cavidade principal, sendo fixado por meio de parafusos

na carcaça do filtro. Essas peças são demonstradas na figura 31, lembrando que os ressonadores

serão sempre feitos com a mesmas medidas apenas a distância entre si que é diferente, é

importante deixar claro também que essas distancias não são simétricas.

Figura 30 – Demonstração das medidas do ressonador utilizado para o filtro.

Além da cavidade principal e dos ressonadores, foi projetada uma tampa para cobertura

do filtro que contém as mesmas medidas da cavidade, portanto, não será demonstrada.

Quanto aos materiais do filtro, os ressonadores foram feitos de latão e a cavidade foi

construída com alumínio polido, os ressonadores foram fixados com parafusos de aço, os

Page 68: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

66

conectores de entrada e saída são do modelo SMA e também fixados com parafusos de aço. É

importante lembrar que, ao instalar os conectores, os mesmos devem ser soldados no ressonador

mais próximo para garantir a propagação do sinal, sendo feito com solda de estanho comum.

Ao fim de todo o processo de planejamento e desenvolvimento, o filtro de cavidades

ressonantes cujo protótipo resultante é mostrado na figura 32.

Figura 31 – cavidade ressonante finalizada

Após a finalização da fase de projeto e posteriormente da fase de fabricação do

equipamento, foram feitos os testes para fazer o tunning ou calibração do equipamento.

Page 69: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

67

4 TESTES E CONFIGURAÇÃO DO FILTRO DE CAVIDADES RESSONANTE

4.1 MEDIÇÕES DO FILTRO PROJETADO

Para medição do filtro de microondas projetado foi utilizado o analisador de rede

modelo N9912A do fabricante Keysight. O equipamento foi cedido pelo orientador do projeto

para os experimentos. Esse equipamento é capaz de gerar sinais de entrada com espectro de

frequências podendo variar de 100 KHz até 4 GHz para serem transmitidos via cabo coaxial.

Além disso é possível fazer a conexão de mais um cabo coaxial para analisar o sinal de saída

de um determinado aparelho, no caso o filtro. O analisador de espectro pode ser observado na

imagem abaixo:

Figura 32 – analisador de RF portátil utilizado para testes de funcionamento do filtro.

Para o primeiro momento do teste a calibração do analisador foi verificada injetando

sinais de 10 dBm e 0 dBm, assim foi possível observar a precisão do equipamento que se

demonstrou satisfatória. Após isso foram feitos testes de continuidade e de perdas nos cabos e

adaptadores para retirar qualquer possibilidade de alteração nos dados obtidos do filtro

projetado. É importante observar que durante as checagens iniciais de continuidade nenhum

problema foi notado e as perdas foram desprezadas por serem muito baixas.

Na sequência foram abertos todos os parafusos de tuning do filtro para começar os

testes e os ajustes. Na entrada do filtro foi inserido um sinal de 0 dBm composto de frequências

que variavam de 1GHz até 4 GHz, com o filtro recebendo esse sinal foi obtido uma filtragem

na faixa de 3 GHz como pode ser visto na imagem abaixo:

Page 70: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

68

Figura 33 – Filtro ressoando na faixa de 3GHz inicialmente.

Como pode ser observado na figura 34, o filtro ficou fora da faixa projetada, 2,1625

GHz, e com uma grande perda de inserção levando o sinal de saída à potência de -19,63 dBm.

Fazendo um reaperto nos parafusos do filtro foi possível baixar esse valor para -16,53dBm,

utilizando os parafusos de tuning foi possível fazer uma grande abertura na faixa de passagem

e na faixa de atenuação como pode ser visto na figura 35. Essa melhora demonstra que os

cálculos feitos para gerar uma grande capacidade de ajuste, para o filtro, através das cavidades

internas dos ressonadores foram mais efetivos do que o esperado.

Figura 34 – ajuste na forma de onda e diminuição da perda

Page 71: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

69

O reaperto dos parafusos da tampa, deixou claro que o filtro construído estava com

um grande vazamento de sinal pela própria tampa cavidade.

A figura 36 apresenta claramente a atenuação que o filtro gera fora da faixa de

passagem do lado esquerdo, nesse caso nível de sinal obtido para a faixa de rejeição foi de

aproximadamente -60 dBm.

Figura 35 – Atenuação fora da faixa de passagem lado esquerdo.

Figura 36 – Atenuação fora da faixa de passagem lado direito.

Page 72: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

70

Na figura 37 é visível a atenuação do lado direito da faixa de passagem que também

obteve valores próximos a -60 dB assim como a atenuação do lado esquerdo. É importante

salientar que o resultado projetado para as rejeições tanto da figura 36 quanto da figura 37 foram

de -50 db, ou seja, o filtro nesse quesito superou as expectativas projetadas.

Após isso foi executado um zoom na onda para que fosse possível ajusta-la

minuciosamente e deixar a faixa de passagem dentro dos parâmetros projetados. O processo foi

finalizado com sucesso utilizando os parafusos de tuning, o resultado pode ser observado na

figura 38. O ripple alcançado pelo filtro de cavidade ressonante variou na faixa de -2 dBm o

que ficou acima dos parâmetros de projeto (-1 dBm). A banda passante projetada de 0,015 GHz

para cada lado foi respeitada pelo filtro.

Figura 37 – Resultado do filtro após todos os ajustes principais feitos

Figura 38 - Atenuação fora da faixa de passagem lado esquerdo com zoom.

Page 73: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

71

A figura 39 utiliza a função zoom do equipamento de análise citado anteriormente para

mostrar a atenuação do lado esquerdo da banda passante na faixa dos -60 dBm.

A figura 40 mostra o valor da faixa de rejeição obtida de -60 dBm que superou o

necessário que era de 50 dBm, mostrando o grande potencial de rejeição dos filtros de cavidade

ressonante.

Figura 39 - Atenuação fora da faixa de passagem lado direito com zoom.

Após todos os ajustes de perdas serem concluídos a última etapa consistiu em fazer

uma análise do casamento de impedâncias do filtro como mostra a figura 41.

Figura 40 – análise do casamento de impedâncias.

Page 74: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

72

O VSWR do filtro não foi o ideal como pode ser visto na figura 41 ficando na faixa

de 2,822:1, considerando que o ideal seria na faixa de 1,22:1 como mostrado na seção 2.2.5.

Um VSWR de 1,22:1 indica uma perda de retorno na casa de 20 dB enquanto 2,822:1 indica

uma perda de retorno de 6,435 dB, bem abaixo do esperado de 16 dB do projeto, isso indica um

coeficiente de reflexão na casa de 0,47, ou seja aproximadamente 23% da potência do sinal de

entrada está sendo refletida.

Analisando esse contexto é possível afirmar que o casamento de impedâncias foi

uma das situações que mais colaborou para as grandes perdas do filtro. As perdas de retorno

ficaram na casa de 9,56 dB acima do que deveria, o que se mostra bastante alto em comparação

com limites estabelecidos de projeto e a maior causa das perdas do filtro.

4.2 COMPARATIVO ENTRE MEDIÇÕES E PROJETO

Como foi demonstrado através dos cálculos, o filtro apesar de ser bastante robusto

e com uma boa margem de erro ainda assim apresentou alguns problemas. Nessa seção serão

apresentadas todas as diferenças de tamanho comparando as peças projetadas e construídas para

traçar um comparativo e analisar os possíveis problemas no projeto, sejam de cálculo ou de

fabricação. Primeiramente é importante observar a tabela 19 que demonstra as discrepâncias

existentes entre os valores projetados e construídos:

Tabela 19 – Tabela comparativa dos valores projetados e construídos

Parâmetro de design mecânico Valor

projetado em mm

Valores construídos

b, largura da cavidade 14 13,8

l, comprimento da cavidade 172,9 174,0

h, altura da cavidade 18,4 18,4

L, comprimento do ressonador cilíndrico 17,4 17,7

d, diâmetro do ressonador cilíndrico 7,0 7,0

N, número de ressonadores 6 6

s, espaço entre ressonadores

18,6 17,8

19,4 18,4

19,6 18,5

19,4 19,7

18,6 19,6

18,4 18,5

Page 75: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

73

Além das diferenças entre projeto e construção demonstradas na tabela 19 um outro

problema detectado foi referente as cavidades internas dos ressonadores, que não possuíam

isolação entre o furo dos parafusos de fixação do ressonador e os parafusos de tuning conforme

foi especificado no projeto da figura 31. De acordo com a literatura sobre os filtros de cavidade

ressonante, essa isolação deveria ser feita, caso contrário pode trazer resultados indesejados ao

funcionamento do equipamento.

Page 76: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

74

5 CONCLUSÃO

5.1 DISCUSSÃO E ANÁLISE CRÍTICA DOS RESULTADOS

Neste trabalho desenvolveu-se um filtro passa-faixa banda larga, para aplicações

em sistemas UWB (Ultra-Wideband). O objetivo principal é atender a grande demanda

existente por filtros com essas características que tenham baixa perda por inserção, tamanho

reduzido, baixo custo e grande durabilidade exposto ao meio em que serão instalados. Para isso

foi construído esse filtro como um protótipo para testes, os resultados demonstram que o

protótipo atingiu quase todos os resultados especificados no projeto, falhando apenas com a

frequência central e a perda de inserção.

Os cálculos se mostraram bons na prática, porém, o vazamento de sinal e a diferença

que milímetros fariam em cada uma das especificações foram subestimados. A maior

dificuldade e o que foi o motivo de maior orgulho desse trabalho foi o fato de desenvolver todos

os cálculos e o projeto sem nunca sequer ter tido a chance de observar um desses filtros, além

disso, infelizmente não foi possível achar um software livre para simular os cálculos

desenvolvidos nesse trabalho antes da fabricação do equipamento. Outro problema foi o fato de

não ser possível de fazer um segundo protótipo com melhorias devido ao curto tempo e a

dificuldade de encontrar usinagem de precisão micrométrica para fazer as peças do trabalho de

acordo com os detalhes exigidos.

É visível que boa parte dos resultados desejados foram obtidos, a faixa de passagem

e a rejeição tiveram valores muito satisfatórios comparando-os com os valores projetados, o

ripple ficou um pouco acima do nominal. Infelizmente a frequência central não obedeceu ao

valor que foi especificado e as perdas por inserção muito elevadas provavelmente ocorreram

devido a erros mecânicos de fabricação (analisado na seção 4.2).

Filtros de cavidade de microondas que são fabricados com base nos cálculos feitos

nesse trabalho são ajustados para atender aos requisitos especificados. Se as condições iniciais

dadas não puderam ser atendidas, os filtros exigem algum retrabalho para atender às

necessidades do seu uso e desempenho. O método de retrabalho é conhecido como "cortar e

experimentar". Exemplos de retrabalho são mudanças na largura da cavidade, no espaçamento

entre ressonadores ou em seu diâmetro. No método encontrado na literatura para desenvolver

filtros de RF, os esforços de "cortar e tentar" não podem ser eliminados, mas poderiam ser

minimizados com a experiência. Os retrabalhos citados poderiam ser minimizados nos filtros

de cavidade modificando marginalmente os parâmetros de filtro que são calculados:

Page 77: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

75

1. Reduzindo o espaçamento entre ressonadores em 5%

2. Aumentando os diâmetros dos ressonadores em 5%

3. Projetar filtros com placa de cobertura lateral para facilitar o fresamento do

bloco de cavidades para reduzir a largura da cavidade.

Inovação e criatividade são essenciais no projeto das partes mecânicas dos filtros.

O design mecânico inovador contribui significativamente para a produtividade, confiabilidade

e desempenho dos mesmos. Aterramento de RF satisfatório em todas as interfaces mecânicas

do equipamento e projeto de fixadores para ajuste / travamento de filtros são exemplos que

podem exigir um design mecânico inovador. O conhecimento e o estudo desse design também

são necessários para ajustar tolerâncias referentes as dimensões das peças e evitar que as

medidas se tornem conflitantes nos desenhos das partes de cada peça. Engenheiros eletricistas

devem desenvolver o projeto mecânico e a especialização necessária na montagem dos filtros

de RF para que assim o projeto seja feito de forma a minimizar o tempo e o custo.

Outro ponto crítico que deve ser corrigido é a obtenção um programa de simulação

para auxilio e desenvolvimento de uma melhor visibilidade da resposta que filtros projetados

irão possuir na prática antes de monta-los.

5.2 PERSPECTIVAS DE TRABALHOS FUTUROS

Este trabalho abre portas para o desenvolvimento de filtros de microondas. Tentou-

se ser o mais detalhado possível em toda a sua execução para chegar a um filtro funcional. Com

o primeiro protótipo já funcional várias portas se abriram para melhorias.

Como trabalho futuro propõe-se refazer esse filtro com as correções de medidas

necessárias para chegar a frequência central do projeto inicial, como também, aumentar em 0,5

cm o tamanho do ressonador para diminuir o ripple de onda passante e utilizar micro antenas

para fazer o acoplamento dos conectores nos ressonadores em tentativa de ajustar as grandes

perdas de casamento de impedância. Ainda nesse próximo trabalho adicionar parafusos de

ajuste de impedância entre os já existentes para aumentar ainda mais a capacidade de ajuste do

filtro.

O uso de um software de simulação de filtros de cavidade ressonante permitirá

estudos de caso de cada um dos ajustes do filtro para ganhar maior conhecimento e confiança

nas modificações feitas no projeto. Programas como o AADE Filter Design and Analysis ou

Advanced Design System seriam de grande valor no desenvolvimento das correções das

dimensões e capacidade de controle dos parafusos de ajuste.

Page 78: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

76

REFERÊNCIAS

HUNTER I, Ranson R, Guyette A, Abunjaileh A (2007) Microwave filter design from a systems perspective. IEEE Microw Mag 8:71–77

HAO, ZC, HONG JS (2010) Ultrawideband filter technologies. IEEE Microw Mag 11:56–68

STARK A, Friesicke C, Muller J, Jacob AF (2010) A packaged ultrawideband filter with high stopband rejection. IEEE Microw Mag 11:110–117

HETTAK K, Stubbs MG, Elgaid K, Thayne IG (2005) A compact, high performance, semi-umped, low-pass filter fabricated with a standard air bridge process, MW conference, 2005 European, pp 4–7

NATARAJAN Dhanasekharan (2013), A pratical Design of Lumped filter

MATTHEI GL, Young L, Jones EMT (1980) Microwave filters, impedance-matching networks, and coupling structures. Artech House

LANDEE RW, Davis DC, Albrecht AP (1957) Electronic designers handbook. McGraw-Hill, NY

B.P. Lathi Sinais e Sistemas lineares

Pertence Junior Antonio, Amplificadores Operacionais e Filtros Ativos

BORJI A, Busuioc D, Safavi-Naeini S, Chaudhuri SK (2002) ANN and EM based models for fast and accurate modeling of excitation loops in combline-type filters, microwave symposium digest, 2105–2108

ARNDT F, Brandt J (2002) MM/FE CAD and optimization of rectangular combline filters, microwave conference, pp 1–4

YAOT H-W, ZakiS KA, Atiat AE, Dolantt T (1997) Improvement of spurious performance of combline filters, microwave symposium digest, 1099–1103

YU M (2007) Power handling capability for RF filters. IEEE Microwave Mag 8:88–97

HOFFMAN GR (1975) Resonated combline band pass filters, microwave conference, pp 54–58

SCHOENLINNER B, Prechtel U, Schumacher H (2010) Miniaturized ku–band filters in LTCC technology, evanescent mode versus. Standard cavity filters, Proceedings of the 40th european microwave conference, France pp 5–8

LEON K, Mazierska J, Jacob MV, Ledenyov D (2002) Comparing unloaded q-factor of a high-q dielectric resonator measured using the transmission mode and reflection mode methods involving s-parameter circle fitting IEEE MTT-S Digest, 1665–1668

Page 79: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

77

KEMPPINEN E, Hulkko J, Leppavuori S (1987) Realization of integrated miniature ceramic filters for 900 MHz cellular mobile radio application, MW conference, 175– 180

WANG C, Zaki KA (2007) Dielectric resonators and filters. IEEE Microwave Mag 8:115–127

CHATFIELD C (1983) Statistics for technology, a course for applied statistics. Chapman and Hall, London

HOFT M. Burger S Magath O. (2006) Compact Combline filter with improved cross coupling assembly and temperature compensation Em: pacific microwave conference

THOMAS B (2003) Cross-coupling in coaxial cavity filters, a overview tutorial. IEEE Trans Microwave Theor Tech

MARTHEI GI, Young I, Jones EMT(1980) Microwave filters, impedance-matching networks, and coupling structures. Artech House, MA

GUOHUA S. (2002) Novel ressonator structures for comblin filters applications. Microwave conference, 32 European

RAJARAMAN V( 1985) Computer oriented numerical techniques, Pretice Hall, Englewood

JOHN D (1965) Ryder, Network, lines and fields. Pratice-Hall, INC., New Jercy

AMIR BORJI, DAN BUSUIOC, SAFAVI-Naeini S, CHAUDHURI SK (2002) ANN and EM Based models for fast accurate modeling of execiation loops im combline type filter - IEEE MTT-S

LANDEE RW, DAVIS DC ALBRECHT aP(1957) Eletronic designers handbook. McGraw-Hill, NY

CHATFIELD C (1983), Statistics for technology, a course for applied statistics. Chapmann and Hall, London

ARNDT F. (2002) MM/FE CAD and aptimizations of retangular filters, microwave conference

YU M (2007) power handling capability for RF filters, IEEE microwave

HOFFMAN GR (1975) Resonated combline band pass filters microwave conference

MANSOUR R.R. (2004) Filter Technologies for wireless base stations, IEEE Microwave

MANSOUR R.R. (2009) High-q tunable dieletric resonators filters, IEE Microwave

WANG C. Zaki (2007) dieletric resonators and filters IEEE Micriwave

SHIN S. Kanamalaru (2007) Diplexer desing using em. and circuit simulation techniques, IEEE Micriwave

Malvino, Eletrônica A 8 º edição 2016

Page 80: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

78

Matias, Projeto de filtros de microondas e ondas milimétricas, 2011 defesa de mestrado instuto técnico de Lisboa

Page 81: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

79

ANEXOS

Page 82: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

80

ANEXO A – Portaria ANATEL 785 de 2017

Page 83: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

81

Page 84: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

82

ANEXO B – Gráfico para retirada de valores físicos do filtro ressonante.

Page 85: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO DA SILVA …

83

ANEXO C – Fotos do projeto finalizado