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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA A MEMORIA DAS FUMANTES: um estudo comparativo entre memória verbal e numérica de mulheres universitárias fumantes e não fumantes. MARCIO FLAVIO COLLI Itajaí, (SC) 2009

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE PSICOLOGIA

A MEMORIA DAS FUMANTES: um estudo comparativo entre

memória verbal e numérica de mulheres universitária s fumantes

e não fumantes.

MARCIO FLAVIO COLLI

Itajaí, (SC) 2009

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MARCIO FLAVIO COLLI

A MEMORIA DAS FUMANTES: um estudo comparativo entre

memória verbal e numérica de mulheres universitária s fumantes

e não fumantes.

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí Orientador: Prof. Dr. Eduardo José Legal.

Itajaí SC, 2009

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AGRADECIMENTOS

Agradeço esse trabalho acima de tudo ao meu pai orixá Ogum, agradeço também

aos meus pais biológicos e de criação neste mundo material e emocional por me

proporcionarem a oportunidade de fazer e concluir um curso superior, quando na minha

família não tenho ninguém alem de uma prima com esse titulo. Agradeço a todos os meus

familiares por me apoiarem, elogiarem e me criticarem ao longo de minha vida

universitária.

Cursei durante 6 meses esse mesmo curso na UNIMAR (Universidade de Marília –

SP), cursei também 1 ano e meio na UNIP (Universidade Paulista - campus Assis – SP) e

me mudei para a região onde esta instalada na UNIVALI (Universidade do Vale do Itajaí –

SC), onde eu concluo um curso que eu tenho amor e pertence.

Gostaria de agradecer também a todos os meus amigos que me apoiaram ao

longo de minha jornada, todos os que se fizeram presentes quando eu mais precisei,

tanto me elogiando como me criticando é com grande honra que chego nesse momento

final do curso e só tenho agradecimentos, a todos os professores que tive ao longo do

curso e em especial ao professor Eduardo José Legal que aceitou o tema de meu

trabalho mesmo já tendo orientado outro trabalho com o tema parecido.

Citando o cantor e compositor Marcelo Nova em uma versão da canção de Frank

Sinatra (My way): “embora os choros, eu tenho alguns, mas mesmo assim, são muito

poucos, sorri, chorei e me entreguei ao meu trabalho e agora que o fim esta próximo eu

encaro esse momento...I did it my way”

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SUMARIO

RESUMO ................................................................................................................ 4

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 5

2 EMBASAMENTO TEÓRICO ................................................................................7

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS .......................................................................14

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................. 20

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................24

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................31

8 APÊNDICES ...................................................................................................... 37

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A MEMORIA DAS FUMANTES: um estudo comparativo entre memória verbal e numérica de

mulheres universitárias fumantes e não fumantes.

Orientador: Eduardo José Legal. Defesa: novembro de 2009

Resumo: A nicotina presente no tabaco pode atuar não diretamente na memória, mas sim em seu processo anterior, ou seja, a atenção, melhorando-a. Estudos apontam que a nicotina tem significativo efeito sobre a melhora no desempenho de testes de memória. Por outro lado, pesquisas epidemiológicas demonstram que quanto maior o grau de escolaridade de mulheres, maior também é o índice de fumantes. Mulheres também é a maioria nas universidades e a taxa de entrada e término é maior do que homens. Estudos enfatizam que mulheres experimentam maior intensidade emocional e ensaiam memórias mais frequentemente, porem, outros estudos não encontraram diferenças significativas. A nicotina pode facilitar nas universitárias fumantes os processos de memória, lhes conferindo a curto prazo uma vantagem no mundo acadêmico. Diante disso esta pesquisa teve por objetivo, investigar através dos testes de memória verbal e numérica, as relações entre fumar substâncias derivadas do tabaco e desempenho em tarefas de memória verbal de curto, longo prazo e numérica em mulheres, para tal, foram aplicados os testes: Rey Auditory Verbal Learning Test (RAVLT), Span de Dígitos e Teste da história. Houve desempenho melhor, sendo quase significativo no grupo de fumantes na primeira seqüência do RAVLT, melhora significativa foi encontrado no escore de acertos total do mesmo teste, bem como na seqüência de 6 do Spam de dígitos, e melhora quase significativa na sequencia de 7 digitos, os números indicam que mulheres universitárias fumantes tem melhor desempenho nas tarefas de memória quando comparadas a não fumantes. Palavras-chave: NICOTINA; MEMÓRIA; MULHERES Sub-Área de concentração (CNPq): 7.07.02.03-9 - PROCESSOS COGNITIVOS E ATENCIONAIS

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Membros da Banca

________________________________ Prof. Dr. Telmo José Mezadri

_______________________________ Profa. Dra. Márcia Ghisi Mezadri

_______________________________ Eduardo Jose Legal Professor Orientador

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1 INTRODUÇÃO

Segundo dados do INCA (2008), o cigarro é um fator de risco para seis das

oito principais causas de morte no mundo e mata uma pessoa a cada seis

segundos. O habito de fumar mata de um terço a metade de seus usuários. Hoje,

o consumo de cigarro causa mais de cinco milhões de falecimentos ao ano e a

previsão para 2030 é de que esse índice subirá para mais de oito milhões.

No Brasil, 80 a 100 mil pessoas morrem anualmente por doenças

relacionadas ao fumo. No mundo, aproximadamente 3,7 milhões de pessoas

perdem suas vidas, um terço delas, nos países em desenvolvimento. Apesar da

divulgação dos prejuízos relacionados a saúde causados pelo tabaco, países em

desenvolvimento apresentam estatísticas crescentes quanto à população usuária

(MARQUES, 2001).

Vários estudos demonstram a relação entre tabagismo e diversas doenças,

entre elas o câncer, infarto do miocárdio, derrame cerebral e até mesmo

comorbidades psiquiátricas, como depressão e esquizofrenia (MARQUES, 2001).

Mesmo que apresente efeitos deletérios para a saúde, o tabaco possui

substâncias que podem melhorar o desempenho cognitivo. Estudos têm apontado

que a nicotina (seja ela consumida na forma injetável, transdérmica, ou através do

tabaco) tem significativo efeito sobre a melhora no desempenho de testes de

memória. Evidências demonstram que a nicotina presente no cigarro pode ter

efeitos positivos sobre o desempenho cognitivo e melhora do estado subjetivo.

Estudos que compararam o desempenho de fumantes e não fumantes em

diferentes tarefas de memória, demonstraram vantagem significativa na

recuperação de conteúdos aprendidos (COLRAIN et al., 1992; MANGAN, 1983;

MANGAN e GOLDING, 1983; RUSTED e TRAWLEY, 2006; WEST e HACK,

1991), no nível de material evocado e também na manutenção da atenção focada

ao conteúdo a ser fixado (PEEKE e PEEKE, 1984). Em consonância com estes

resultados, Ramalho (2008) encontrou um melhor desempenho em três testes de

memória em um grupo de estudantes universitários fumantes quando comparado

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ao grupo de não fumantes (também universitários), porém a diferença entre os

grupos não obteve significância estatística.

Temple University (2009) aponta que uma em cada cinco jovens

mulheres (de 18 a 24 anos) é fumante – e a maioria dessas continuam fumando

com freqüência por medo de ganhar peso, caso largue o hábito. Várias mulheres

universitárias declararam fumar para manter seu peso baixo. Possivelmente, o

ganho de peso justifique, em parte, a maior taxa de recaídas entre as mulheres.

Embora tenha ocorrido ganho de peso em ambos os sexos, sabemos que entre as

mulheres essa preocupação é evidentemente maior, talvez justificando a maior

taxa de sucesso entre os homens observados também em algumas publicações

(GRITZ, 1996 apud ISSA, 1998).

Atualmente não se sabe o número exato de tabagistas no Brasil, porém,

um estudo realizado em 1999 pelo CEBRID (Centro Brasileiro de Informações

sobre Drogas Psicotrópicas) em domicílios do estado de São Paulo, revelou que

9,3% dos entrevistados são dependentes de tabaco.

No que diz respeito ao consumo de cigarros em jovens, Boeira (2000)

revela que o tabagismo diminui entre os rapazes e homens na medida em que há

mais escolaridade, enquanto entre garotas e mulheres aumenta, justamente entre

as que têm mais estudos. Estes dados indicam que mesmo informados sobre os

riscos e danos causados pelo consumo de nicotina os jovem continuam

consumindo a droga. Então chega-se a conclução de que estar informado sobre

os malefícios do tabagismo não é suficiente para um jovem não fumar. Fatores

contextuais e sociais, como a universidade, bares, danceterias, entre outros,

podem ser muito mais influentes na manutenção do comportamento de fumar do

que a própria dependência química.

Este trabalho tem por objetivo investigar através de testes de memória

verbal e numérica, as relações entre fumar substâncias derivadas do tabaco e

desempenho em tarefas de memória verbal de curto, longo prazo e numérica em

mulheres universitárias.

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2 EMBASAMENTO TEÓRICO

Memória é uma palavra que origina do nome da deusa grega Mnemosine

que era a deusa da memória, suas filhas inspiravam os poetas colocando idéias

em seus pensamentos, como se a memória fosse colocada na mente dos seres

humanos (SÉ; LASCA, 2005).

A memória e o aprendizado são de extrema importância para a experiência

humana. A perda da memória leva a perda de si mesmo, da história de uma vida e

das interações com outros seres (SACKS, 1988). Parte do que sabemos sobre

nós e sobre o mundo, como por exemplo, o rosto de um amigo ou inimigo, as

expressões numéricas, lugares em que passamos, enfim, não é uma capacidade

inata, é adquirida por meio da experiência, e isso é armazenado e recuperado pela

memória (EISENKRAEMER, 2006).

Aprender consiste em agregar dados à memória. Estes dados podem ser

explícitos (conscientes) ou implícitos (não conscientes) e podem durar de

segundos até toda uma vida (GODOY, 2005).

Segundo Izquierdo (2002), memória pode ser entendida como a aquisição,

armazenamento e evocação de informações. A aquisição pode ser compreendida

como o próprio processo de aprendizagem. Também pode ser chamada de fase

de registro da informação (SIMS, 2001). O armazenamento relaciona-se com as

formas de codificação da informação. A evocação é também chamada de

recordação, lembrança e/ou recuperação (IZQUIERDO, 2002). Pode ser dividida

em relação a forma de lembrar: recordar ou reconhecer (MYERS, 1999).

Podemos afirmar que somos aquilo que recordamos, literalmente. Não

podemos fazer aquilo que não sabemos como fazer, nem comunicar nada que

desconhecemos, isto é, nada que não esteja na nossa memória (IZQUIERDO,

2002).

A palavra memória quer dizer algo diferente em cada caso, porque os

mecanismos de sua aquisição, armazenamento e evocação são diferentes

(IZQUIERDO, 2002). Desta forma, ainda em Izquierdo (2002), há muitas

classificações de memórias, de acordo com a sua função, com o tempo que duram

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e com o seu conteúdo. Pensando em sua função, há basicamente dois tipos de

memórias: uma muito breve e fugaz, que serve para gerenciar a realidade e

determinar o contexto em que diversos fatos, acontecimentos ou outros tipos de

informação ocorrem, e se vale a pena ou não fazer uma nova memória disso ou se

esse tipo de informação já consta dos arquivos (chamada de memória de

trabalho).

A classificação dos diversos tipos de memória é feita de forma qualitativa e

quantitativa. A nomenclatura referente as mesmas difere entre os teóricos das

áreas das neurociências e da psicologia cognitiva, porém o significado e suas

funções são as mesmas. De modo geral, podemos dividir a memória de acordo

com sua função e seu conteúdo (KOLB; WISHAW, 2002).

Em relação a sua função, podemos destacar a memória de trabalho, que

diferencia-se das outras (memória de curto prazo e longo prazo) pois não deixa

traços e não produz registros. Dura de segundos a poucos minutos, e mantém a

informação que está sendo processada no momento. A área cerebral responsável

pelo seu controle é o córtex pré-frontal, e depende da atividade elétrica dos

neurônios dessa região (IZQUIERDO, 2002).

Segundo Del Nero (1997), os elementos que devem estar relacionados à

memória são os moduladores de ação sináptica. Da mesma forma que algumas

drogas apagam ou prejudicam a memória, também algumas substancias internas

podem amplificá-la e gerar eventos que colaborem nas alterações de estrutura

que subjazem a ela.

A nicotina é uma droga que melhora a atenção, fazendo com que alguns

dados sejam fortemente discriminados e as informações relevantes sejam

armazenadas na memória (RAMALHO, 2008). O mesmo autor observa que ao

ativar os receptores colinérgicos, a nicotina modula processos associados à

sinalização neural fazendo com que a substância influencie também a atividade de

neurônios que usam o neurotransmissor GABA nos centros de aprendizagem e

memória.

A droga nicotina é um alcalóide extraído das folhas dessecadas da erva

nicotiana tabacaum. Nicotiana vem de Nicot (Francês), diplomata francês que teria

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introduzido o tabaco na Europa; tabacum é um nome dado pelos povos indígenas

ao cachimbo ou tubo usado para fumá-lo (ROBBERS et al., 1997). A planta é uma

erva anual, nativa da America do Sul. A nicotina é o princípio ativo de ação central

da planta Nicotiniana tabacum e está presente na classificação de drogas

estimulantes do sistema nervoso central (SNC), pois aumenta a atividade do

mesmo (QUADROS; SANCHEZ, 2005).

A nicotina é um agonista dos receptores colinérgicos ganglionares, com

ações farmacológicas complexas, entre as quais estão os efeitos mediados pela

ligação dos receptores da medula do córtex supra-renal, das junções

neuromusculares e do encéfalo (ROBBERS et al., 1997).

De acordo com Ramalho (2008), as ações da nicotina no SNC são diversas,

e os mecanismos dos efeitos dessa substância nos comportamentos são

complexos. O hipocampo, o córtex frontal e o núcleo dopaminérgico

mesencefálico, são áreas reconhecidas como importantes sítios de ação da

nicotina relacionados com a função da memória (BRASILEIRO, 2003). Outras

áreas também relacionadas a funções cognitivas e que apresentam receptores

nicotínicos são os núcleos basais magnocelular e de Meynert.

De modo geral, testes de memória aplicados a pessoas fumantes e não

fumantes mostram que os fumantes cometem mais erros nas tarefas de memória,

mas retém a lembrança da tarefa por mais tempo que não fumantes

(ANDERSSON, 1975). Dado semelhante foi encontrado por Tait et al. (2000),

mostrando que não existem diferenças no desempenho de ambos os grupos nas

tarefas de memória quando a quantidade de treino foi controlada. Sakurai e

Kanazawa (2002) também não encontraram diferenças entre indivíduos que

realizaram tarefas de memória, antes e depois de fumar um e dois cigarros. Esta

pequena quantidade de nicotina absorvida não causou diferenças de desempenho

entre os fumantes e outro grupo testado de modo igual (no tempo, mas sem

cigarros).

Turkington (1996 apud PEDRON, 2003) demonstrou que fumantes de 20 ou

mais cigarros por dia tiveram dificuldades em lembrar-se de faces e nomes de

pessoas em teste de memória visual e verbal, quando comparados com indivíduos

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não fumantes Também existem evidências de que a nicotina presente no cigarro

pode ter efeitos positivos sobre o desempenho cognitivo e melhora do estado

subjetivo. Estudos comparando o desempenho de fumantes e não fumantes em

diferentes tarefas de memória demonstraram vantagem significativa na

recuperação de conteúdos aprendidos (COLRAIN et al., 1992; MANGAN, 1983;

MANGAN; GOLDING, 1983; RUSTED; TRAWLEY, 2006; WEST; HACK, 1991),

nos potenciais evocados (HOULIHAN; PRITCHARD; ROBINSON, 2001; PINEDA

et al., 1998) e em relação a manutenção de atenção focada (PEEKE; PEEKE,

1984). Nicotina administrada a não fumantes também provoca melhoras no

desempenho em tarefas de memória (FOULDS et al., 1996). Contudo, os

resultados sobre memória podem ser interpretados como melhora na capacidade

de atenção.

Gauer (2005) salienta que nas investigações sobre diferenças de gênero na

atribuição de qualidades fenomenais, a recordação de eventos pessoais tem

apresentado resultados controversos. Enquanto alguns estudos enfatizam que

mulheres experimentam maior intensidade emocional e ensaiam memórias mais

freqüentemente, outros estudos não encontram diferenças significativas. Em uma

investigação com 66 universitários, pareados por sexo e idade, mostrou-se que

mulheres tiveram escores mais altos em todos os testes, no entanto, imaginação

visual e ensaio manifesto foram as únicas variáveis cujas diferenças foram

estatisticamente significativas (GAUER, 2005). Estes resultados concordam com a

literatura que tem encontrado pequenas diferenças de sexo, não-significativas, na

atribuição de qualidades fenomenais à memórias autobiográficas.

Segundo o INCA (2004), muitas doenças e muitos óbitos prematuros em

todo mundo estão associados ao tabagismo, que é a maior causa evitável de

morte por doenças crônicas não-transmissíveis. Apesar dessa informação, o

consumo de tabaco tem aumentado no mundo e se concentrado cada vez mais

em países em desenvolvimento. Dos cerca de 1,3 bilhões de fumantes que

existem atualmente no mundo, 80% vivem em países em desenvolvimento. A

cada dia, cerca de 100 mil jovens começam a fumar no mundo e 80% deles vivem

em países em desenvolvimento (idem).

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Durante o século XX ocorreram 100 milhões de mortes atribuíveis ao uso

do tabaco, a maior parte delas em países desenvolvidos e nas economias

socialistas. Caso perdurem os padrões atuais de consumo, o número de mortes

anuais associadas ao tabaco deverá elevar-se para 10 milhões até 2030. O século

XXI provavelmente deverá registrar um bilhão de óbitos ligados ao tabagismo, a

maior parte delas ocorrendo em países de baixa renda (IGLESIAS et al., 2007)

O uso do tabaco gera ainda preocupações que estão relacionadas com a

questão do desenvolvimento. As evidências disponíveis demonstram que os

indivíduos mais pobres tendem a fumar mais. Para estes, o dinheiro gasto com

tabaco representa um alto custo de oportunidade: esse dinheiro não é investido

em bens cruciais, como alimento para a família, educação e saúde. Além disso, o

tabaco contribui para a pobreza dos indivíduos e de suas famílias. Considerando-

se que os seus usuários provavelmente irão sofrer de enfermidades, haverá perda

de produtividade e de renda, incorrendo em maiores despesas médicas e morte. O

tabaco e a pobreza formam um círculo vicioso, do qual é difícil escapar, a menos

que os usuários do tabaco sejam encorajados e que recebam o apoio necessário

para a cessação (IGLESIAS et al., 2007)

O Brasil, apesar de ser um país em desenvolvimento e de ser um grande

produtor de tabaco, tem investido esforços para a articulação de um Programa

Nacional de Controle do Tabagismo intersetorial e abrangente, e tem alcançado

resultados positivos. Um deles é a queda de 32% no consumo anual per capita de

cigarros entre 1989 e 2002, e outro é a redução da prevalência de fumantes em

todas as regiões do país. No município do Rio de Janeiro, por exemplo, este

índice era de 30% em 1989, caindo para 21%, em 2001, e para 17%, em 2003.

Estes dados animadores vivenciam a eficiência dos caminhos escolhidos, apesar

dos grandes desafios que ainda persistem (INCA, 2004).

Ainda com informações do Inca, O tabagismo é considerado pela

Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal causa de morte evitável em todo

o mundo. A OMS estima que um terço da população mundial adulta, isto é, 1

bilhão e 200 milhões de pessoas (entre as quais 200 milhões de mulheres), sejam

fumantes. Pesquisas comprovam que aproximadamente 47% de toda a população

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masculina e 12% da população feminina no mundo fumam. Enquanto nos países

em desenvolvimento os fumantes constituem 48% da população masculina e 7%

da população feminina, nos países desenvolvidos a participação das mulheres

mais do que triplica: 42% dos homens e 24% das mulheres têm o comportamento

de fumar.

Com a participação cada vez maior da mulher no mercado de trabalho seu

papel social também foi se alterando rapidamente. A mulher passou a ter mais

poder, tanto aquisitivo, quanto de decisão, dentro da própria sociedade, na qual já

exercia um papel fundamental de modelo de comportamento para seus filhos

(INCA, 2009).

De acordo com o INCA (2009), em decorrência de todas essas mudanças,

a mulher tornou-se um dos alvos prediletos da publicidade da indústria do tabaco,

que passou a divulgar o cigarro como símbolo de emancipação e independência.

Isto fez, e continua fazendo, com que o número de fumantes, principalmente entre

o sexo feminino, aumente na América Latina.

Ainda segundo dados do mesmo instituto, no Brasil, estudo realizado em

1997 entre estudantes de 10 capitais brasileiras, mostrou que, em pelo menos

sete capitais, as meninas vêm experimentando cigarros em maior proporção que

os meninos. A participação das mulheres no número de fumantes vem

aumentando, sobretudo nas faixas etárias mais jovens. Estima-se que,

aproximadamente, um terço da população adulta fume, sendo em média 11

milhões de mulheres e 16 milhões de homens, e o maior número de fumantes está

na faixa dos 20 aos 49 anos (INCA, 2003 apud PLANETA e CRUZ, 2005).

Straub (2005, p. 272) define o abuso de drogas como sendo “o uso de

qualquer substância química em um nível que atrapalhe o bem-estar do usuário

nos vários domínios da saúde: biológico, psicológico ou social.”

O cigarro comum (tabaco) contém grande número de substâncias, entre as

quais destacam-se a nicotina, o alcatrão e o monóxido de carbono. De todas

essas substâncias, apenas a nicotina é capaz de provocar a dependência (NOTO

et al., 2003). A nicotina é o princípio ativo de ação central da planta Nicotiana

tabacum e como foi relatado anteriormente, ela está presente na classificação de

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drogas estimulantes do sistema nervoso central (SNC), pois aumenta a atividade

do mesmo (QUADROS; SANCHEZ, 2005).

A nicotina produz ampla variedade de efeitos psicológicos e

comportamentais, tais como produção de efeito ansiolítico, melhoria no humor e

no desempenho de tarefas cognitivas e diminuição do consumo alimentar

[(CHANGEUX et al., 1998) (COSTA et al., 2001) (SHOAIB et al., 2002) apud

BRASILEIRO, 2003].

As ações da nicotina no SNC são diversas, existem evidências de que a

nicotina presente no cigarro pode ter efeitos positivos sobre o desempenho

cognitivo e melhora do estado subjetivo. Estudos comparando o desempenho de

fumantes e não fumantes em diferentes tarefas de memória demonstraram

vantagem significativa na recuperação de conteúdos aprendidos (COLRAIN et al.,

1992; MANGAN, 1983; MANGAN; GOLDING, 1983; RUSTED; TRAWLEY, 2006;

WEST; HACK, 1991), nos potenciais evocados (HOULIHAN; PRITCHARD;

ROBINSON, 2001; PINEDA et al., 1998) e em relação à manutenção de atenção

focada (PEEKE; PEEKE, 1984). Nicotina administrada a não fumantes também

provoca melhoras no desempenho em tarefas de memória (FOULDS et al., 1996).

Um fumante possui, normalmente, uma densidade muito maior de

receptores nicotínicos comparando a um não fumante, porém ainda não se sabe

se eles se duplicam ou se os fumantes têm um número maior desses receptores.

A dificuldade em descobrir essa resposta reside na metodologia empregada até o

momento: estudos post mortem (MICÓ et al., 2000 apud GUERRA, 2004).

A nicotina não influência apenas o sistema colinérgico, há pesquisas

demonstrando que a substância interage com outros sistemas de

neurotransmissores tais como, dopaminérgico, norepinefrinégico, serotoninérgico,

glutamatérgico e gabaérgico para modular o comportamento e as funções

cognitivas (BRASILEIRO, 2003).

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3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

3.1 Amostra/ Sujeitos/ Participantes da pesquisa

A pesquisa foi realizada com 20 alunas da UNIVALI, os quais foram

divididos em dois grupos de 10 participantes, sendo um experimental (fumantes),

e outro controle (não fumantes). Todas as participantes foram voluntárias. O fator

idade foi controlado, fazendo com que cada grupo apresente número semelhante

de características e de componentes.

Critérios:

- Ser mulher;

- Ser fumante a mais de um ano;

- Fumar pelo menos 10 cigarros/dia;

- Não fazer uso de medicamentos com efeitos psicotrópicos;

- Não ter histórico de traumatismo crânio encefálico recente, diagnosticado

3.2 Instrumento

3.2.1 Rey Auditory Verbal Learning Test (RAVLT)

O teste RAVLT foi elaborado por Rey em 1964 e consiste em um teste de

aprendizagem e memória de 15 palavras não relacionadas apresentadas

oralmente. O teste de Rey é mundialmente reconhecido na literatura

neuropsicológica (MADER, 2001; SÁNCHEZ e GONZÁLEZ, 2007; COSTA et al.,

2004), pois sua metodologia é simples e consiste na repetida exposição ao

material a ser recordado, fazendo com que o teste seja mais sensível para

detectar prejuízos de memória (COSTA et al., 2004).

Segundo Malloy-Diniz et al., (2005), a adaptação brasileira do teste de

aprendizagem auditivo-verbal de Rey é adequada e aplicável para avaliação da

memória em sujeitos brasileiros de mesmo nível educacional.

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A versão utilizada do teste foi desenvolvida por Costa et al.(2004) e Noffs et

al., (2002), com uma lista de substantivos concretos e de alta freqüência no idioma

português praticado no Brasil.

O RAVLT permite obter uma curva de aprendizagem, avaliar a memória de

curto prazo e longo prazo, e também avaliar o armazenamento depois de uma

atividade de interferência (MADER, 2001; NOFFS et al., 2002; SÁNCHEZ e

GONZÁLEZ, 2007).

3.2.2 Aplicação do RAVLT

Foi lida para o sujeito uma lista de 15 palavras (Lista A), pausadamente, por

cinco vezes. O sujeito teve que repetir as palavras, não importando a ordem, após

cada apresentação. Em seguida, foi apresentado outra lista (Lista B), que teve

também que ser repetida imediatamente pelo sujeito, tendo como objetivo servir

de interferência no processo de aprendizado da lista A. A lista A foi então

novamente evocada após esta interferência e após 30 minutos (NOFFS et al.,

2002).

Foram contabilizados a soma dos acertos das 5 tentativas (escore total de

aprendizagem), o escore de aprendizagem (Lista A5 – Lista A1), evocação após

estímulo distrativo (Lista A6 – Lista A5) e evocação tardia (Lista A7 – Lista A5)

(MADER, 2001; FICHMANN, 2003; NOFFS et al., 2002; COSTA et al., 2004).

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Figura 1. Rey Auditory Verbal Learning Test (COSTA et al., 2004).

3.2.3 Span de Dígitos

A repetição de seqüências de dígitos faz parte do subteste da escala de

inteligência e memória de Wechsler (HANDAN; BUENO, 2005; GIL, 2002).

Trata-se de um teste de análise de memória auditiva de curto prazo, que

também é utilizado para avaliação da atenção e integridade de processos

fonológicos. Em sua versão completa o teste consta de recordação de seqüências

diretas e inversas (SÁNCHEZ; GONZÁLEZ, 2007; MIRANDA-Sá Jr, 2001;

MIRANDA, 2000; HANDAN; BUENO, 2005).

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3.2.4 Aplicação do Span de dígitos

Foi apresentado ao sujeito seqüências de dígitos (tabela 1), e logo após, foi

solicitado que o mesmo recordasse a seqüência que acabou de ouvir. A

recordação da seqüência numérica deveria ser feita de forma direta, ou seja, na

ordem em que os dígitos foram apresentados (SÁNCHEZ; GONZÁLEZ, 2007;

MIRANDA, 2000; HANDAN; BUENO, 2005).

Quadro 1. Span de dígitos (adaptado de SÁNCHEZ; GONZÁLEZ, 2007)

4-2-7-3-1

7-5-8-3-6

5 dígitos

6-1-9-4-7-3

3-9-2-4-8-7

6 dígitos

5-9-1-7-4-2-3

4-1-7-9-3-8-3

7 dígitos

5-8-1-9-2-6-4-7

3-8-2-9-5-1-7-4

8 dígitos

Os dados foram contabilizados da seguinte forma: pontuação de 2 para

acertos nas duas seqüências de cada grupo de dígitos, 1 para o acerto de apenas

uma seqüência, e 0 para o erro nas duas seqüências de cada grupo de dígitos.

3.2.5 Teste da estória

O teste de recordação de uma estória proporciona ao investigador

importantes dados sobre como está a memória episódica lógico-textual do sujeito,

podendo a critério do pesquisador ou do clínico, avaliar déficits das memórias de

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curto e longo prazo (LEVY; OLIVEIRA, 2003; DALGALARRONDO, 2000).

3.2.6 Aplicação do teste da estória

Foi contada ao sujeito uma estória simples com quinze itens distintos. Logo

em seguida foi solicitada a reprodução da estória completa, não importando a

ordem dos itens recordados.

A estória a ser recordada foi a seguinte: “Pedro de 23 anos, ajudante de

mecânico, morador de Balneário Camboriú, foi ao cinema com sua namorada. Na

saída da sessão viu um assalto. Dois homens fortes com revólveres na mão,

disseram a uma velha que entregasse a bolsa. Ela ficou nervosa, caiu no chão,

bateu a cabeça e foi levada para o hospital.” (adaptado de DALGALARRONDO,

2000).

Os quinze itens da estória serão disponibilizados da seguinte forma:

1(Pedro), 2(de 23 anos), 3(ajudante de mecânico), 4(morador de Balneário

Camboriú), 5(foi ao cinema) 6(com sua namorada). 7(Na saída da sessão) 8(viu

um assalto). 9(Dois homens fortes) 10(com revólveres na mão), 11(disseram a

uma velha) 12(que entregasse a bolsa). 13(Ela ficou nervosa, caiu no chão),

14(bateu a cabeça) e 15(foi levada para o hospital).

Foram contabilizados a soma total dos acertos, e, segundo Dalgalarrondo

(2000) de modo geral, o indivíduo normal consegue lembrar-se de pelo menos

cinco ou seis segmentos narrativos.

3.2.6 Questionário

Foi aplicado a todos os participantes um questionário confeccionado pelo

autor para obter dados como: idade, sexo, uso de medicamentos psicotrópicos,

qualidade de sono e referente a comportamentos tabagistas, como quantidade de

cigarros consumidos e freqüência.

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3.3 Coleta dos Dados

A aplicação dos testes de memória foi realizada em ambientes aos quais

não possuíam distratores. Esse cuidado foi tomado para que estímulos externos

não pudessem vir a desviar ou prejudicar a atenção dos voluntários, podendo

assim resultar em dados não confiáveis.

Os testes foram aplicados de forma individual, com os devidos cuidados a

distancia entre o pesquisador e o testando, para que esse último não pudesse ter

contato visual com as informações pertencentes aos testes, e também para não

monitorar as anotações do pesquisador.

Além do autor desse estudo, outras duas colaboradoras (estudantes de

Psicologia), devidamente treinadas, também aplicaram os testes e coletaram os

dados.

3.4 Análise dos Dados

Os escores de acertos e erros nos testes dos dois grupos (fumantes e não

fumantes) foram comparados através de análise de variância não paramétrica

(método Mann-Whitney) para dois grupos independentes (SIEGEL, 1976). Os

dados do questionário foram correlacionados com os escores dos testes a fim de

se analisar possíveis relações entre estas variáveis. Para tanto, utilizamos a

análise de correlação bivariada pelo método de Spearman, para dados não

paramétricos (idem).

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4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O valor dos testes aplicados nas estudantes voluntaria foram divididos em

dois grupos: fumantes e não fumantes. Assim, foi comparado o desempenho nas

tarefas de memória verbal e numerica.

Aqui serão demonstrados os resultados obtidos nas comparações dos

testes Rey Auditory-Verbal Learning Test (RAVLT), Span de dígitos e o Teste da

história. Seguindo essa mesma ordem.

Ao final será apresentada uma análise das participantes mediante suas

respostas ao questionário sobre histórico de uso de cigarros, condição de sono e

saúde geral.

4.1 Desempenho de fumantes e não fumantes no teste RAVL T

Como explicitado na sessão aplicação do teste RAVLT, o desempenho da

memória de curto prazo é mensurado nas primeiras cinco repetições às quais

RAVLT 1 consiste na primeira apresentação da lista ao sujeito, e RAVLT 5 a

ultima. Na etapa de RAVLT 5-1, é contabilizado o escore de aprendizagem,

verificando se após as 5 primeiras etapas, o sujeito teve aumento de dados

recordados entre a RAVLT 1 e RAVLT 5.

Na etapa de RAVLT 6-5, verificou-se o grau de interferência que uma nova

lista produziria no processo de memorização, avaliando assim, o número de

palavras perdidas após a exposição da nova lista com palavras diferentes

foneticamente e semanticamente.

Já na etapa RAVLT 7-5, foi avaliada a recordação da primeira lista, após 30

minutos transcorridos da ultima exposição, ou seja, após a RAVLT 5. Logo, foi

solicitado ao sujeito que repetisse as palavras que ainda podia recordar.

O RAVLT total avaliou o total de palavras recordadas pelo sujeito nas 5

primeiras etapas, ou seja, a soma das etapas RAVLT 1, RAVLT 2, RAVLT 3,

RAVLT 4 e RAVLT 5. Essa variável corresponde ao total da aprendizagem.

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Os escores médios (e seus respectivos desvios padrões) obtidos pelos dois

grupos são demonstrados na tabela 1.

Tabela 1 . Comparação das médias e desvios padrões obtidos nas etapas de aplicação do RAVLT entre fumantes (n=10) e não fumantes (n=10).

Etapas do RAVLT

Condição

Fumantes Não Fumantes

X dp X dp

RAVLT 1 7,5QS 1,43 6,4 0,86

RAVLT 5 14,3 0,82 12,3 2,11

RAVLT 5-1 6,8 1,62 5,9 1,73

RAVLT 6-5 -2,2 1,14 -1,6 2,22

RAVLT 7-5 -3,3 1,06 -3,6 2,32

RAVLT Total 56,4* 4,88 49,9 3,96

* p<0,01 QS = quase significante (p = 0,051)

Como pode ser observado na tabela 1, de modo geral, os escores médios

das fumantes foram maiores que os das não fumantes em relação ao número de

palavras lembradas em cada seqüência. Contudo, em relação às perdas de

lembrança nas tentativas posteriores (RAVLT 6-5 e RAVLT 7-5) houve maior

perda entre as tentativas 6 e 5 para os fumantes, mas não houve qualquer

diferença entre os grupos quando comparadas as tentativas. Estes escores foram

comparados entre os grupos por meio da análise de variância para amostras

independentes (teste t), mostrando diferença significativa para o escore de acertos

total (t= 3,27, p = 0,004). Já para os acertos na primeira tentativa do RAVLT os

fumantes apresentaram uma média quase significante maior que a das não

fumantes (t=2,09, p = 0,051).

Esses números seguem um padrão similar aqueles encontrados no trabalho

de Ramalho (2008), apesar das diferenças (naquele estudo) não terem sido

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significantes entre os dois grupos em relação ao número de palavras lembradas

em cada seqüência, bem como foram menores as perdas de lembrança nas

tentativas posteriores (RAVLT 6-5 e RAVLT 7-5). Tais diferenças podem ser

devidas a heterogeneidade da amostra no caso de Ramalho. No caso específico

deste trabalho, a amostra foi apenas feminina.

4.2 Desempenho de fumantes e não fumantes no teste Span de Dígitos

O cálculo de análise para o teste Span de dígitos consistiu na soma dos

acertos totais de cada grupo, divididos pelo número máximo os quais cada grupo

poderia atingir.

Os pontos para cada seqüência foram disponibilizados da seguinte forma:

pontuação de 2 para acertos nas duas seqüências de cada grupo de dígitos, 1

para o acerto de apenas uma seqüência, e 0 para o erro nas duas seqüências de

cada grupo de dígitos.

Sendo assim, o grupo de fumantes (n=10), poderia atingir o escore máximo

de 20 para todas as seqüências numéricas; o mesmo acontece com o grupo de

não-fumantes (n=10), o máximo seria de 20.

A porcentagem de acertos dos participantes fumantes e não fumantes em

cada seqüência numérica é demonstrado na figura 1.

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Figura 1 . Porcentagem de acertos de fumantes e não fumantes nas seqüências do teste Span de Dígitos.

(* p=0,002; QS = quase significante)

Como no teste RAVLT, os escores de acerto das seqüências dos

participantes fumantes foi, visualmente maior, aos dos não fumantes,

principalmente nas seqüências com 5, 6 e 7 dígitos. Para a seqüência de 8 dígitos

a diferença se inverteu, sendo favorável para as não-fumantes. Submetidos ao

teste t para amostras independentes, foi obtida diferença significante para a

seqüência de 6 dígitos. Ou seja, os fumantes tiveram mais acertos que os não

fumantes (t=3,58; p<0,01). Na seqüência de 7 dígitos o grupo de fumantes obteve

uma diferença quase significante em relação ao grupo de não-fumantes,

denotando uma vantagem favorável nos acertos para o primeiro grupo (t=1,88;

p=0,077).

Em relação ao span de dígitos, Ramalho (2008), comenta que os acertos

das seqüências dos participantes fumantes foram, visualmente, superiores aos

dos não fumantes, principalmente na seqüência de sete dígitos (34,61% e 18,8%,

respectivamente). No entanto, submetidos ao teste não-paramétrico para

amostras independentes de Mann-Whitney, não houve diferença significativa entre

os grupos, diferenciando-se assim deste trabalho que apresentou melhora

*

QS

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significativa a favor das fumantes no teste de 6 dígitos e chegando a diferença

quase significativa no que tange ao teste de 7 dígitos, como no outro trabalho feito

por Ramalho (2008).

4.3 Desempenho de fumantes e não fumantes no teste da história

O teste da história consistiu na exposição oral para o sujeito de uma história

simples, contendo 15 itens. Os itens foram validados quando o sujeito relatou o

item por completo, ou então, a idéia principal contida no mesmo.

O cálculo para o teste da história foi feito com base na soma dos acertos

totais de cada grupo, divididos pelo máximo de acertos que os grupos como um

todo poderia alcançar.

Na figura 2, podemos ver uma diferença em lembranças de itens maior no

grupo de fumantes, porém, essa diferença não foi significante. Dados semelhantes

foram encontrados em Ramalho (2008).

Figura 2 . Média e desvio padrão dos acertos de fumantes e não fumantes no teste da história.

0,88

2,02

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4.4 Perfil dos participantes deste estudo

As participantes tinham a idade entre 19 a 27 anos, chegando a uma média

geral de 23,5 anos, porém, o grupo de não fumantes apresentou a média de idade

de 21 anos e no grupo de fumantes, a média foi de 24 anos.

Quadro 1.

Variáveis Freqüência

Fumantes Não fumantes

Fuma a:

2 a 5 anos

5 a 10 anos

10 anos

3

3

4

X

X

X

Freqüência de fumar:

1 vez p/ semana

2 a 4 vezes p/ semana

Todos os dias

0

0

10

X

X

X

Cigarros consumidos:

1 a 5 cigarros

5 a 10 cigarros

10 a 20 cigarros

Mais de 20 cigarros

0

4

5

1

X

X

X

X

Familiares diretos fumantes

Pais

Irmãos

Não

1

2

7

0

0

10

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Uso de medicação psicotrópica:

Ansiolítico

Antidepressivo

Hipnótico

Outros

0

0

0

0

0

1

0

0

Impacto na cabeça:

Sim

Não

0

10

0

10

Sonolência diurna:

Maior parte do dia

Metade dele

Ao término dele

Não

2

1

0

7

2

3

3

5

Qualidade do sono:

Ótimo

Bom

Regular

Ruim

Péssimo

2

3

1

1

3

2

2

3

3

0

Horas de sono por dia:

Menos de 6 horas/dia

Entre 6 e 8 horas/dia

Mais de 8 horas/dia

6

2

2

4

4

2

Os dados demonstraram que mulheres universitárias fumantes fumam

todos os dias, a maioria de 10 a 20 cigarros por dia, não possui familiares diretos

tabagistas, a maioria das fumantes não sente sonolência diurno. Contudo, mais

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fumantes consideraram seu sono péssimo e dormem menos do que mulheres não

fumantes.

Na amostra de Ramalho (2008), o grupo dos fumantes teve o seguinte

perfil: Fumam de 2 a 10 anos (92,3%), todos os dias (84,6%), de 5 à 20 cigarros

(76,9%). Ambos os pais, ou pelo menos um deles sendo fumantes (53,8%). Não

usavam medicamentos com efeitos psicotrópicos e não sofreram impacto na

cabeça (100%). Sentem sono na metade do dia (46,2%) e qualificaram seu sono

como ótimo ou bom (69,2%), dormindo entre 6 e 8 horas por dia (76,9%).

O grupo de não fumantes teve o seguinte perfil: não se consideravam

tabagistas passivos, não possuem familiares diretos tabagistas, não usam

medicamentos com efeito psicotrópico e não sofreram impacto na cabeça. Sentem

sono na maior parte do dia e ao termino dele com 20% em cada categoria, metade

do dia e não sentem sono durante o dia, com 30% em cada categoria; do grupo

das não fumantes, as mesmas qualificaram seu sono como regular ou ruim,

dormindo menos de 6 horas por dia e de 6 a 8 horas com 40% em cada categoria.

Em comparação com o trabalho de Ramalho, o grupo de não fumantes teve

o seguinte perfil: Consideravam-se tabagistas passivos (62,5%), não possuem

familiares direto tabagistas (50%), não usam medicamentos com efeito

psicotrópico (93,75%) e não sofreram impacto na cabeça (100%). Sentem sono na

metade do dia (37,5%) e qualificaram seu sono como ótimo ou bom (56,25%),

dormindo entre 6 e 8 horas por dia (62,5%).

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diferentemente de outros trabalhos com estudantes universitários,

especialmente o de Ramalho (2008), que serviu de base para este estudo,

diferenças significantes nos escores dos instrumentos entre fumantes e não

fumantes foram salientes, no que tange a especificidade da amostra. Neste caso

específico, mulheres estudantes fumantes.

Conforme a literatura demonstra e com a análise dos resultados, pode se

concluir que a nicotina presente no cigarro tem efeitos positivos sobre o

desempenho cognitivo e melhora do estado subjetivo. Esses números estão de

acordo com Colrain et al. (1992), Mangan (1983), Mangan e Golding (1983),

Rusted E Trawley (2006), West e Hack (1991), que compararam o desempenho

de fumantes e não fumantes em diferentes tarefas de memória, demonstrando

vantagem significativa na recuperação de conteúdos aprendidos.

Os números demonstram que o perfil de mulheres universitárias fumantes

fuma há mais de 10 anos, todos os dias e de 5 a 10 cigarros por dia, dormindo

menos de 6 horas por dia. Isto pode indicar que a nicotina é um estimulante que

pode auxiliar no processo de memória.

Muito mais há de se fazer no contexto entre memória e nicotina, mulheres

e cigarro, e também correlação com o ciclo menstrual, bem como ampliar o tema

para universitários em geral, bem como adultos não universitários.

Como relatado acima, existem evidências de que a nicotina realmente

possa melhorar a memória, no entanto, Andersson (1975 apud RAMALHO, 2008),

diz que a nicotina pode atuar não diretamente na memória, mas sim em seu

processo anterior, ou seja, na atenção.

A questão levantada por Andersson (1975 apud RAMALHO 2008) sugere

um problema no que diz respeito a esses fenômenos, bem como aos testes para a

avaliação dos mesmos, isso porque, isolar cada um desses fenômenos (memória

e atenção) para estudar a ação da nicotina, se torna extremamente difícil. Isso se

deve ao fato da atenção ser indispensável no processo da memória, ou seja,

avaliando a memória, nós estaremos também avaliando a atenção.

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Levando em consideração a melhora não diretamente na memória, mas sim

na atenção, motivo esse que talvez possa justificar melhoras quase significativas

na primeira tentativa do RAVLT e também na seqüência de 7 dígitos, e melhora

significativa no span de 6 dígitos, bem como na somatória total do teste RAVLT.

No entanto, esses números não devem servir para justificar o vicio do

cigarro e da nicotina em si, levando em consideração todos os malefícios que

estas substâncias proporcionam.

Sugere-se mais trabalhos abordando temas como memória e nicotina

ampliando o leque de testagens para além da memória verbal e numérica,

questões de gênero, ampliação da amostra e possíveis estratégias de estudo

utilizadas pelos participantes, que podem levar ao melhor desempenho em testes

como os realizados neste estudo.

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8 ANEXOS

8.1 FOLHA DE REGISTRO Nome: ____________________________________________ Idade: _______ Data: ___/___/ 2007 Fumante: Sim ( ) Não ( ) Rey Auditory Learning Teste - RAVLT LISTA A 1 2 3 4 5 LISTA B 1 LISTA A 6 7

TAMBOR ESCRIVANINHA TAMBOR

CORTINA GUARDA CORTINA

SINO PÁSSARO SINO

CAFÉ SAPATO CAFÉ

ESCOLA FOGAO ESCOLA

PAI MONTANHA PAI

LUA VIDRO LUA

JARDIM TOALHA JARDIM

CHAPÉU NUVEM CHAPÉU

FAZENDEIRO BARCO FAZENDEIRO

NARIZ OVELHA NARIZ

PERU ARMA PERU

COR LÁPIS COR

CASA IGREJA CASA

RIO PEIXE RIO

PONTOS

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8.2 Span de Dígitos Apresentação e Recordação imediata de cada lista Leitura: 4-2-7-3-1 Recordação __________________________ Leitura: 7-5-8-3-6 Recordação __________________________ Leitura: 6-1-9-4-7-3 Recordação __________________________ Leitura: 3-9-2-4-8-7 Recordação __________________________ Leitura: 5-9-1-7-4-2-3 Recordação __________________________ Leitura: 4-1-7-9-3-8-3 Recordação __________________________ Leitura: 5-8-1-9-2-6-4-7 Recordação __________________________ Leitura: 3-8-2-9-5-1-7-4 Recordação __________________________

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8.3 Teste da História Leitura da História:

“Pedro de 23 anos, ajudante de mecânico, morador de Balneário Camboriú, foi ao

cinema com sua namorada. Na saída da sessão viu um assalto. Dois homens

fortes com revólveres na mão, disseram a uma velha que entregasse a bolsa. Ela

ficou nervosa, caiu no chão, bateu a cabeça e foi levada para o hospital.”

Recordação (assinalar as seqüências recordadas pelo sujeito):

1 (Pedro),

2 (de 23 anos),

3 (ajudante de mecânico),

4 (morador de Balneário Camboriú),

5 (foi ao cinema)

6 (com sua namorada).

7 (Na saída da sessão)

8 (viu um assalto).

9 (Dois homens fortes)

10 (com revólveres na mão),

11 (disseram a uma velha)

12 (que entregasse a bolsa).

13 (Ela ficou nervosa, caiu no chão),

14 (bateu a cabeça) e

15 (foi levada para o hospital).

Total de seqüências recordadas:

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9 APÊNDICES 9.4 QUESTIONÁRIO Nome: _____________________________________________ ________

2. Qual a sua idade? ___________

3. Você é fumante?

( ) sim ( ) não

* Se respondeu a questão anterior (3) de forma nega tiva , pule para a questão 7. 4. Há quanto tempo fuma? ( ) menos de 1 ano ( ) de 1 à 2 anos ( ) de 2 anos à 5 anos ( ) de 5 anos à 10 anos ( ) mais de 10 anos 5. Qual é a frequência que você fuma semanalmente? ( ) uma vez por semana ( ) duas à quatro vezes por semana ( ) todos os dias da semana 6. Quantos cigarros consome nos dias em que fuma? ( ) de 1 à 5 cigarros ( ) de 5 à 10 cigarros ( ) de 10 à 20 cigarros ( ) mais de um maço (+ de 20) 7. Já que não é uma fumante ativa, você se consider a uma fumante passivo? ( ) sim ( ) não 8. Possui familiares direto fumantes? ( ) Sim, ambos ou algum dos pais ( ) Sim, irmãos ( ) Não tenho familiares diretos tabagistas 9. Faz uso de medicamentos com efeitos psicotrópico s? ( ) Sim, ansiolítico, calmantes ( ) Sim, hipnótico – tratamento para insônia ( ) Sim, antidepressivo - tratamento de depressão, pânico ( ) Sim, outros. Quais? ____________________________ ( ) Não 10. Sofreu recentemente algum impacto moderado ou f orte na cabeça? ( ) Sim, na região frontal (ex: na testa, ou acima dela) ( ) Sim, na região lateral (ex: perto do ouvido) ( ) Sim, posterior (na nuca ou acima dela) ( ) Sim, e foi diagnosticado como traumatismo crânio encefálico

( ) Não sofri impacto recentemente

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11. Sente sono durante o dia? ( ) Sim, a maior parte dele ( ) Sim, metade dele

( ) Sim, porém somente ao término dele ( ) Não 12. Como avalia sua qualidade de sono? ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo 13. Quantas horas normamente dorme durante a noite? ( ) menos de 6 horas ( ) de 6 à 8 horas ( ) mais de 8 horas

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9.5 TERMO DE CONSENTIMENTO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nome:__________________________________________________________________

__________________,

idade:_________ anos, foi esclarecido sobre o trabalho intitulado: “A MEMÓRIA

DAS FUMANTES: Um estudo comparativo entre a memória verbal e numérica

de fumantes e não fumantes”.

Da autoria de Marcio Flavio Colli e sob a orientação do professor Eduardo José Legal.

Estou ciente que para participar deste estudo terei de responder aos testes de memória

propostos (lembrança de números e palavras), e também a um questionário contendo perguntas

relacionadas a hábitos diários relacionados ou não ao comportamento do tabagista.

Estou ciente também de que, terei acesso, se desejar, aos meus resultados pessoais ou

para qualquer outra informação relacionada a esta pesquisa, bastando entrar em contato com os

pesquisadores através de telefone ou e-mail.

Estou ciente também de que os resultados individuais são sigilosos e minha identidade

será preservada em anonimato, sendo apenas utilizada para os pesquisadores entrarem em

contato. Os resultados divulgados serão apenas aqueles referentes aos grupos de fumantes e não

fumantes.

Poderei, a qualquer momento durante a realização deste trabalho, retirar meu

consentimento sem qualquer prejuízo para minha pessoa.

Sendo minha participação totalmente voluntária, estou ciente de que não terei direito a

remuneração.

Itajaí, ____ de ______________ de 2009.

Assinatura (de acordo): ___________________________

Prof. Dr. Eduardo J. Legal Rua Uruguai, 458 – CCS- UNIVALI F. 341-7542 – E-mails: [email protected] Acadêmico Marcio F. Colli F. 9959 3405 [email protected]