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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E CULTURA - PROPPEC CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM GESTÃO DE POLÍTICA PÚBLICAS - PMGPP IMPLICAÇÕES DO PROGRAMA BRASILEIRO DE QUALIDADE E PRODUTIVIDADE DO HABITAT (PBQP-H) NAS HABITAÇÕES CONTRATADAS NA PLANTA PELO PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA MICHEL CHIOCHETTA ITAJAÍ (SC) 2011

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IMPLICAÇÕES DO PROGRAMA BRASILEIRO DE QUALIDADE E

PRODUTIVIDADE DO HABITAT (PBQP-H) NAS HABITAÇÕES CO NTRATADAS

NA PLANTA PELO PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA

MICHEL CHIOCHETTA

ITAJAÍ (SC) 2011

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E CULTURA - PROPPEC CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM GESTÃO D E POLÍTICA PÚBLICAS - PMGPP

IMPLICAÇÕES DO PROGRAMA BRASILEIRO DE QUALIDADE E

PRODUTIVIDADE DO HABITAT (PBQP-H) NAS HABITAÇÕES CO NTRATADAS

NA PLANTA PELO PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA

MICHEL CHIOCHETTA

Dissertação apresentada à Banca Examinadora no Mestrado Profissional em Gestão de Políticas Públicas da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, sob a orientação da Professora Dra. Adriana Marques Rossetto, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Gestão de Políticas Públicas.

ITAJAÍ (SC) - 2011

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FOLHA DE APROVAÇÃO

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha esposa Sabrina e

minha filha Antonella, que com amor e carinho

sempre estiveram ao meu lado nesta caminhada e

pacientemente abdicaram de nosso tempo juntos

para permitir que eu concluísse este trabalho.

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SUMÁRIO

LISTA DE QUADROS ................................................................................................. 6

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... 8

LISTA DE GRÁFICOS ................................................................................................. 9

LISTA DE SIGLAS .................................................................................................... 11

RESUMO................................................................................................................... 12

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 14

1.1. JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 16

1.2. OJETIVOS GERAIS ................................................................................... 18

1.2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................... 18

1.3. METODOLOGIA ......................................................................................... 18

2. REFERENCIAL TEÓRICO: ................................................................................. 20

2.1. POLÍTICA HABITACIONAL BRASILEIRA .................................................. 20

2.2. PROJETO MORADIA ................................................................................. 22

2.3. POLÍTICA NACIONAL DA HABITAÇÃO E O PLANO NACIONAL DA

HABITAÇÃO ............................................................................................... 24

2.4. PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA.................................................. 34

2.5. A CONSTRUÇÃO CIVIL ............................................................................. 39

2.6. PBQP-H, QUALIDADE E PRODUTIVIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL ... 46

2.7. POLÍTICA HABITACIONAL E QUALIDADE DO ESPAÇO URBANO: OS

PROGRAMAS MINHA CASA MINHA VIDA E O PBQP-H. ........................ 55

3. PBQP-H E MINHA CASA MINHA VIDA, UM PANORAMA DA REGIÃO DE

ABRANGÊNCIA DA SUPERINTENDÊNCIA NORTE GAÚCHO DA CAIXA. ...... 59

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DA PESQUISA EMPÍRICA ................................ 66

4.1. APRESENTAÇÃO DA PESQUISA ............................................................. 66

4.2. ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................................. 77

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 81

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 83

ANEXO 1 - QUESTIONÁRIO .................................................................................... 86

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Variáveis adotadas no cálculo do déficit habitacional na metodologia

da Fundação João Pinheiro e do Observatório de Políticas Urbanas

e Gestão Municipal do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano

e Regional – IPPUR. ................................................................................ 27

Quadro 2. Variáveis adotadas no cálculo dos domicílios inadequados na

metodologia da Fundação João Pinheiro e do Observatório de

Políticas Urbanas e Gestão Municipal do Instituto de Pesquisa e

Planejamento Urbano e Regional – IPPUR. ............................................. 27

Quadro 3. Déficit Habitacional Total, Urbano e Rural - 2005 .................................... 31

Quadro 4. Distribuição dos componentes do déficit habitacional urbano e rural -

% – 2005 .................................................................................................. 31

Quadro 5. Distribuição percentual do déficit habitacional segundo faixa de

renda familiar mensal – 2005 ................................................................... 32

Quadro 6. Domicílios segundo tipos de carência de infra-estrutura – 2005 .............. 32

Quadro 7. Projeções populacionais – 2000 a 2020 ................................................... 32

Quadro 8. Déficit Habitacional e fluxos qüinqüenais de domicílios a acrescentar

ao estoque habitacional por demanda demográfica – 2005 a 2020 ......... 33

Quadro 9. Projeção de Demanda Habitacional por Faixas de Renda Familiar -

2007-2003 - Regiões Naturais .................................................................. 33

Quadro 10. Total Subsídios Programa Minha Casa Minha Vida (R$ bilhões) ........... 34

Quadro 11. Subsídios Máximos - Programa Minha Casa Minha Vida. ...................... 36

Quadro 12. Valor Máximo do Imóvel – Programa Minha Casa Minha Vida 1. .......... 36

Quadro 13. Valor Máximo do Imóvel – Programa Minha Casa Minha Vida 2. .......... 38

Quadro 14. Número de Estabelecimentos na Construção Civil: 2002-2010 ............. 41

Quadro 15. Número de Estabelecimentos e Tamanho por Empregados Ativos

na Construção Civil 2010. ........................................................................ 42

Quadro 16. Estoque de Trabalhadores na Construção Civil: 2002-2010. ................. 44

Quadro 17. Domicílios vagos em aglomerados subnormais - 2005 .......................... 45

Quadro 18. Dimensionamento mínimo de auditores para auditoria do SiAC -

Execução de Obras, Níveis B e C. ........................................................... 50

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Quadro 19. Dimensionamento mínimo de auditores para auditoria do SiAC -

Execução de Obras, Nível A. ................................................................... 51

Quadro 20. Número de canteiro de obras a serem auditados ................................... 51

Quadro 21. Número de Empresas Avaliadas no PBQP-H por Validade da

Avaliação. ................................................................................................. 52

Quadro 22. Quadro comparativo SR Passo Fundo, RS e Brasil ............................... 60

Quadro 23. Levantamento inadequação habitacional SR Passo Fundo e RS. ......... 61

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Organograma Política Habitacional Brasileira 22

Figura 2. Especificação do tipo de inadequação por infra-estrutura e a condição de

cada domicílio 29

Figura 3. Organograma Processos Minha Casa Minha Vida - Imóvel na Planta 37

Figura 5. Etapas de implementação PBQP-H 47

Figura 6. Níveis de certificação PBQP-H 49

Figura 7. Interdependência diferentes esferas. 58

Figura 8. Mapa Região de Abrangência SR Passo Fundo. 59

Figura 9. Agências Caixa 62

Figura 10. Localização das Empresas Credenciadas para Venda na Planta 63

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Proporção de Estabelecimentos por Porte - 2010. ................................... 43

Gráfico 2. Estoque Trabalhadores na construção no RS: 2002-2010. ...................... 44

Gráfico 3. Estoque de Trabalhadores na construção no Brasil: 2002-2010. ............. 44

Gráfico 4. Crescimento acumulado dos Trabalhadores Ativos e dos

Estabelecimentos na Construção Civil (em %) ......................................... 45

Gráfico 5. Número de Empresas Avaliadas no PBQP-H por Validade da

Avaliação. ................................................................................................. 53

Gráfico 6. Porcentagem de Empresas por Nível - Total. ........................................... 53

Gráfico 7. Porcentagem de Empresas com Prazo Vencido por Nível. ..................... 53

Gráfico 8. Porcentagem de empresas em Situação Vigente por tipo de

Avaliação. ................................................................................................. 54

Gráfico 9. Empresas por Nível de Certificação no PBQP-H. ..................................... 64

Gráfico 10. Empresas por Validade de Certificação no PBQP-H. ............................. 64

Gráfico 11. Empresas em situação de Prazo Vencido no PBQP-H por Nível. .......... 65

Gráfico 12. Empresas em situação Vigente no PBQP-H por Nível. .......................... 65

Gráfico 13. Quanto ao Número de Funcionários no Escritório. ................................. 67

Gráfico 14. Quanto ao número de Profissionais Técnicos. ....................................... 67

Gráfico 15. Soma de estagiários + profissionais no corpo técnico das empresas. .... 68

Gráfico 16. Média de técnicos por empreendimento. ................................................ 68

Gráfico 17. Número total de Funcionários nas Obras. .............................................. 69

Gráfico 18. Número de obras das empresas do grupo 1. .......................................... 70

Gráfico 19. Porcentagem das obras pelo Programa Minha Casa Minha Vida. ......... 70

Gráfico 20. Quanto aos valores limite do Programa Minha Casa Minha Vida. .......... 71

Gráfico 21. Quanto ao Nível atual no PBQP-H.......................................................... 72

Gráfico 22. Quanto à Vigência da Certificação.......................................................... 73

Gráfico 23. Quantos aos benefícios nos processos da empresa. ............................. 74

Gráfico 24. Quanto à necessidade de expansão do corpo técnico em função do

PBQP-H. ................................................................................................... 74

Gráfico 25. Quanto à existência de um Sistema de Gestão previamente a

adesão ao PBQP-H. ................................................................................. 75

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Gráfico 26. Quanto ao custo-benefício do PBQP-H. ................................................. 75

Gráfico 27. Quanto à contribuição do PBQP-H para a Qualidade das Obras. .......... 76

Gráfico 28. Quanto à contribuição do PBQP-H para a Produtividades das

Obras. ....................................................................................................... 76

Gráfico 29. Quanto ao aumento do preço final dos imóveis em função dos

custos do PBQP-H. .................................................................................. 77

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LISTA DE SIGLAS

ANTAC – Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído

BNH – Banco Nacional da Habitação

CBIC – Câmara Brasileira da Indústria da Construção

CGCRE/INMETRO – Coordenação Geral de Credenciamento do Instituto Nacional

de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

CGHNHIS – Conselho Gestor do Fundo Nacional da Habitação de Interesse Social

CTECH – Comitê Nacional de Desenvolvimento Tecnológico da Habitação

FEE – Fundação de Economia e Estatística

FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

FJP – Fundação João Pinheiro

FNHIS – Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social

IAP – Instituto de Aposentadorias e Pensões

IPPUR – Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional

IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano

O.C.C. – Organismo de Certificação Credenciado

PAC – Programa de Aceleração do Crescimento

PBQP-H – Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade

PIB – Produto Interno Bruto

PlanHab – Plano Nacional da Habitação

PMCMV – Programa Minha Casa Minha Vida

PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PNHU – Programa Nacional de Habitação Urbana

SBPE – Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos

SFH – Sistema Financeiro de Habitação

SiAC – Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras

da Construção Civil

SNHIS – Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social

SR Passo Fundo – Superintendência Norte Gaúcho da Caixa

UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina

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RESUMO

Com a instituição do Programa Minha Casa Minha Vida, em 7 de julho de 2009, o

Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade – PBQP-H aumentou sua

relevância no cenário nacional, por ser exigido pela Caixa para contratações para

venda de imóvel na planta por construtoras e incorporadoras. Este estudo busca

identificar e analisar como as empresas de pequeno porte estão implantado o

programa e que estratégias utilizam para absorver os custos gerados por ambos os

programas e se estes estão repassando os custos para o preço de venda do imóvel,

com foco na região de abrangência da Superintendência Norte Gaúcho da Caixa,

onde foi utilizado como principal fonte de informação entrevistas junto às

construtoras e incorporadoras credenciadas na Caixa para venda de imóvel na

planta. Estas, apesar de apontar problemas e reclamar de custos, não negam a

viabilidade de ambos os programas, tanto para as empresas quanto para o

consumidor final, afirmando não aumentar o preço final dos imóveis em função dos

custos gerados pelos programas.

Palavras-chave: Gestão da Qualidade; Política Habitacional; Política Urbana.

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ABSTRACT

With the institution of the Program “Minha Casa Minha Vida” (My Home, My Life), on

July 7, 2009, the Brazilian Program of Quality and Productivity – PBQP-H, increased

its relevance in the national scenario, and came to be used by the Caixa for off-plan

sales by construction companies and real estate developers. This study seeks to

identify and analyze how small companies are implanting the program, the strategies

they are using to absorb the costs generated by both programs, and whether these

costs are reflected in the sale price of the real estate. It focuses on the region

covered by the Superintendência Norte Gaúcho da Caixa (Caixa Northern Rio

Grande do Sul Office) using, as the main source of information, interviews with

construction companies and real estate developers accredited with Caixa for off-plan

real estate sales. Despite pointing out the problems and complaining about the costs,

the developers do not deny the feasibility of both programs, both for companies and

for the final consumer, affirming that they do not raise the final price of the real estate

based on the costs generated by the programs.

Keywords: Quality management; Housing Politics; Urban Politics.

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INTRODUÇÃO

O alto índice de urbanização da população no século XX trouxe consigo

problemas complexos para a cidade e exigiu soluções emergenciais para o

problema da moradia. Com o crescimento populacional urbano, seria apenas uma

questão de tempo até os problemas aparecerem, uma vez que o crescimento

desordenado predominava nas maiores cidades do país, que pecavam em políticas

que garantissem o direito constitucional à moradia, que, por sua vez, implica

também no direito à infra-estrutura corretamente dimensionada, em locais projetados

e inseridos em uma política urbana.

Os planos habitacionais brasileiros, historicamente, tiveram maior sucesso

como propulsor da economia através do fortalecimento da construção civil do que

propriamente pela produção habitacional satisfatória, sendo que, do ponto de vista

urbanístico, foram verdadeiros desastres, pela sua desconsideração com as

necessidades do usuário, a falta de qualidade do espaço construído e a

padronização de soluções, criando problemas com difícil solução. (BONDUKI, 2010)

A partir da Constituição de 1988, quando começavam os estudos referentes à

política urbana que após 13 anos viriam a se tornar o Estatuto da Cidade, também

se desenhavam traços de uma política habitacional que viesse a evitar equívocos

praticados pelas políticas anteriores. Então, baseado nas premissas do Projeto

Moradia, elaborado pelo Instituto Cidadania, surgiram as novas regras para o

programa habitacional nacional, e inserido neste o Programa Minha Casa Minha

Vida, lançado em julho de 2009, com o objetivo de aumentar a oferta de imóveis

para a população de 0 a 10 salários mínimos com subsídios proporcionais a cada

faixa de renda, descontos de tributos e emolumentos e facilidade de pagamento com

uma taxa de juro subsidiada.

Paralelamente, e com implantação anterior, outro programa da Política

Nacional da Habitação foca seus esforços na melhoria da qualidade e da

produtividade do setor. O Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do

Habitat – PBQP-H, é uma ferramenta de garantia de processos de qualidade e

controle de produção e exigência de todos os agentes do Sistema Financeiro de

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Habitação. Baseado na norma internacional da ISO9001 (a certificação em Nível A

equivale a certificação ISO9001) e fruto de um compromisso brasileiro firmado na

Conferência de Habitat II, de 1996, através da Carta de Istambul, tem como objetivo

promover a “melhoria da qualidade do habitat e a modernização produtiva”, e como

expectativa aumentar a competitividade no setor, melhorar a qualidade de produtos

e serviços, reduzir custos e otimizar o uso dos recursos públicos, focado

principalmente para habitações de interesse social. (MINISTÉRIO DAS CIDADES)

O PBQP-H teve sua importância ampliada com a criação do Programa Minha

Casa Minha Vida, instituído em 7 de julho de 2009, pela Lei Nº 11.977, com a meta

de construir 1 milhão de moradias até o final de 2010, e na segunda fase a

construção de 2 milhões de moradias até o final de 2014.(SECOM, 2011)

Com o boom da construção civil nos últimos anos muitas empresas foram

obrigadas a implantar o PBQP-H para usufruir da quantidade de recursos

disponíveis no mercado, no entanto, a pressa em cumprir etapas e utilizar mais

rapidamente estes recursos não estaria acarretando numa implantação do programa

simplesmente a fim da obtenção do certificado e não incorporando as orientações do

programa em seus sistemas construtivo e administrativo.

Com todos os custos gerados para a implantação do PBQP-H tanto no

canteiro de obras quanto nos escritórios das construtoras e incorporadoras,

sobretudo em empresas de pequeno porte e com um número reduzido de

empreendimentos em carteira, não estaria o programa aumentando os custos, ou

ainda, diminuindo a qualidade dos imóveis contratados pelo Programa Minha Casa

Minha Vida, modalidade Imóvel na Planta?

Através desta pesquisa, procura-se identificar na prática de implantação do

Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) juntamente

ao Programa Minha Casa Minha Vida e seus processos de implantação, as inter-

relações que se estabelecem, analisando principalmente as consequências físicas e

financeiras para as construtoras e incorporadoras que contratam seus recursos,

assim como as consequências para o preço de vendas dos imóveis contratados

através do programa.

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No capítulo 1 será exposto a justificativa do trabalho, que ressalta sua

importância frente ao momento atual da economia brasileira, os objetivos da

pesquisa e a metodologia definida para atingi-los.

No capítulo 2 encontra-se o referencial teórico, que aborda diversos textos e

autores relevantes para o assunto, assim como a legislação nacional, distribuídos

em sete subcapítulos: política habitacional brasileira; projeto moradia; política

nacional da habitação e o plano nacional da habitação; programa minha casa minha

vida; a construção civil; PBQP-H, qualidade e produtividade na construção civil;

política habitacional e qualidade do espaço urbano: os programas minha casa minha

vida e o PBQP-H.

No capítulo 3 estuda-se a região de abrangência através de estatísticas

habitacionais e empresarias.

No capítulo 4 apresenta-se a pesquisa textualmente e na forma de gráficos

assim como a análise de seus resultados.

No capítulo 5 fazem-se as considerações finais da pesquisa.

1.1. JUSTIFICATIVA

O problema habitacional brasileiro tem adquirido novas proporções nos

últimos anos com a retomada do apoio governamental, tornando viável o

financiamento de grandes empreendimentos com pacotes de benefícios tanto para

mutuários quanto para construtoras e incorporadoras.

A ampliação mais acentuada da política habitacional brasileira se deu a partir

de 2009, com o lançamento do Programa Minha Casa Minha Vida, com grande

aporte de subsídios governamentais e meta para construção de 1 milhão de

moradias até final do ano de 2010, ou seja, um espaço de tempo de 1,5 anos. Este

foi renovado, em dezembro de 2010, pelo lançamento do Programa Minha Casa

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Minha Vida 2, que ampliou a meta para 2 milhões de moradias até o final de 2014,

ou seja, 4 anos. (SECOM, 2011)

Com a expansão da quantidade de canteiros de obras pelo país, faz-se de

grande importância a existência de ferramentas de controle da produção e de

controle dos materiais e sua qualidade.

O Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat - PBQP-H,

apesar de ter apelo de sustentabilidade1, gera um custo de implantação para as

construtoras e incorporadoras, pois necessita de pessoas capacitadas para criar (ou

adquirir) e gerenciar um sistema com troca de informações constantes com as obras,

além do pagamento anual da certificação. Isso pode acarretar, em uma empresa de

menor porte, um aumento de custos inesperado, levando a compensá-los de outras

maneiras, que podem ser desde a redução do tamanho dos imóveis e o aumento do

preço, até a utilização de materiais de menor qualidade.

Esta pesquisa se justifica pela importância de averiguar in loco as estratégias

de aplicação do PBQP-H pelas construtoras e incorporadoras da região de

abrangência da Superintendência (SR) Norte Gaúcho da Caixa, a maneira como o

programa é implantado pelas empresas e exigido pelo Sistema Financeiro

Habitacional (SFH).

Portanto, considera-se oportuno aprofundar as pesquisas sobre esse tema

pela sua relevância e aplicabilidade em larga escala. O PBQP-H é estruturado da

mesma maneira em todo o país, e o estudo poderia trazer conhecimento e

compreensão sobre as implicações entre os dois Programas. Com isto, cria-se a

possibilidade de fomentar a formulação de políticas públicas efetivas permitindo que

a exigência de ferramentas de controle de qualidade não acrescente custos ao preço

final do imóvel e/ou prejudique o resultado do produto.

1 Impõe diversas ferramentas de controle, diminuindo o desperdício de materiais nos canteiros de obras.

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1.2. OJETIVOS GERAIS

Analisar a implantação do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade

do Habitat (PBQP-H) no Programa Minha Casa Minha Vida – Imóvel na Planta, e

suas conseqüências para as construtoras e incorporadoras, no estado do Rio

Grande do Sul, com foco na região de abrangência da Superintendência (SR) Norte

Gaúcho da CAIXA.

1.2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

� Identificar e analisar os principais conceitos e etapas de implantação dos

dois programas em foco;

� Investigar como os programas estão sendo implantados pelas empresas de

pequeno porte, utilizando como recorte as vinculadas ao Programa Minha Casa

Minha Vida contratadas pela SR Norte Gaúcho da Caixa;

� Identificar as estratégias utilizadas pelas empresas de pequeno porte para

absorver os custos do programa.

� Investigar se os custos gerados pelos programas estão sendo repassados

para o preço de venda do imóvel.

1.3. METODOLOGIA

A fim de enriquecer o texto produzido nesta dissertação foi utilizado uma linha

de raciocínio em que o leitor possa entender o contexto da criação do PBQP-H a

partir de um histórico da criação dos programas habitacionais nacionais, e mais

especificamente o contexto da construção do Programa Minha Casa Minha Vida,

que veio a ser o maior responsável pelo crescimento do número de empresas

aderidas ao PBQP-H. Assim, procurou-se deixar bem claro a normativa e as leis que

regem cada programa, como também o contexto em que estão inseridos e suas

implicações, o que foi atingido através de leituras em livros, artigos, periódicos,

dissertações, legislação vigente e regimentos específicos.

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Depois de realizada a pesquisa teórica, foi iniciada a busca por documentos e

dados no campo prático que pudessem definir o universo de pesquisa e a

delimitação do mesmo. Isto foi realizado através de solicitações presenciais e

digitais junto a Superintendência Norte Gaúcho da Caixa, que contribuiu para

delimitar a pesquisa aos 215 municípios e 35 agências vinculados a mesma, sendo

que nestes possuem 72 construtoras e incorporadoras credenciadas para a

construção e venda de imóvel na planta, distribuídos em 21 cidades, definindo assim

o universo da pesquisa.

Uma nova pesquisa teórica foi realizada após definido o universo de pesquisa

a fim de contextualizar então a região abordada.

Partiu-se, assim, para a pesquisa de campo diretamente com as construtoras

e incorporadoras, às quais foram enviados questionários digitais para 67 empresas e

em 5 empresas foram realizadas entrevistas pessoalmente. Das 72 empresas

credencias, foram obtidas 18 respostas (total de empresas consideradas) sendo que

destas, 5 responderam ao questionário mas não possuem obras através do

Programa Minha Casa Minha Vida e 13, incluindo as entrevistas pessoalmente,

possuem obras pelo programa e estão certificadas no PBQP-H. Foram

desconsideradas 9 empresas ás quais os dados cadastrados para contato na Caixa

não estavam corretos e 5 que responderam o email sem as respostas, além das

empresas que não responderam ao questionário. Os resultados referentes às

diferentes realidades são analisados e detalhadas no Capítulo 4.

Finalmente, com toda a documentação reunida, foi confeccionado o texto em

questão, sempre procurando deixar claras as informações declaradas com a ajuda

de gráficos e tabelas.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO:

2.1. POLÍTICA HABITACIONAL BRASILEIRA

Até a década de 1940, a política habitacional brasileira consistia na aquisição

da casa própria através de oferta de crédito pelas Caixas Econômicas, Institutos de

Aposentadorias e Pensões (IAPS) e bancos imobiliários. Somente a partir do

governo do General Eurico Gaspar Dutra, com a criação da Fundação da Casa

Popular, em 1946, o país teve uma política habitacional centralizada, mas apenas

com a criação do Banco Nacional da Habitação (BNH) e do Sistema Financeiro de

Habitação (SFH), após o Golpe Militar de 1964, a habitação popular foi colocada em

novo patamar de importância e prioridade nacional, com o objetivo de “estimular a

construção de habitações de interesse social e o financiamento da aquisição da

casa própria, especialmente pelas classes da população de menor renda" (BRASIL,

1964)

Com aporte de 1 bilhão de cruzeiros, equivalente em novembro de 2010 à

aproximadamente 22 milhões de reais, mais 1% das folhas de pagamento sujeitos à

Consolidação das Leis Trabalhistas e a partir de 1967 com a gestão do Fundo de

Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o Sistema Brasileiro de Poupança e

Empréstimos (SBPE), o BNH passou a ostentar o segundo lugar na hierarquia

bancária, atrás somente do Banco do Brasil evidenciando a importância da questão

habitacional naquele momento histórico (BOTEGA, 2010). De acordo com Bonduki

(2008), “Malgrado as críticas ao BNH e ao sistema por ele preconizado, sua

importância é indiscutível, pois este período (1964-86) foi o único em que o país

teve, de fato, uma Política Nacional de Habitação.”

Dentre as criticas feitas ao modelo a primeira, e central quanto à atuação do BNH, foi a incapacidade em atender à população de mais baixa renda, objetivo principal que havia justificado a sua criação. Outro ponto importante era o modelo institucional adotado, com forte grau de centralização e uniformização das soluções no território nacional. A desarticulação entre as ações dos órgãos responsáveis pela construção das casas populares e os encarregados dos serviços urbanos também era apontada, bem como a construção de grandes conjuntos como forma de baratear o custo das moradias, geralmente feitos em locais distantes e sem

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infra-estrutura e, por último, o seu modelo financeiro que se revelou

inadequado em uma economia com processo inflacionário. (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2004, p.9.)

O BNH/SFH financiou 4,3 milhões de unidades novas em vinte dois anos de

existência, o que quantitativamente é bastante expressivo, no entanto este número

equivale a pouco mais de 60% da demanda criada neste mesmo período, ou seja, o

déficit habitacional brasileiro teve um aumento de quase 40% (BOLAFFI, 1982, apud

BOTEGA, 2010), resultado muito decepcionante frente aos objetivos da instituição. A

população urbana brasileira cresceu de 31 milhões em 1960 para 80 milhões em

1980 (IBGE, 2007). Outro fator agravante para o fracasso e a extinção do BNH foi a

inadimplência, gerada pela crise inflacionária que levou a uma queda do poder de

compra do salário, que chegou a atingir em 1984, 54,6% dos financiamentos ativos

(SANTOS, 199, apud BOTEGA, 2010).

Com o fim do BNH, perdeu-se uma estrutura de caráter nacional que, mal ou bem, tinha acumulado enorme experiência na área, formado técnicos e financiado a maior produção habitacional da história do país. A política habitacional do regime militar podia ser equivocada, como já ressaltamos, mas era articulada e coerente. Na redemocratização, ao invés de uma transformação, ocorreu um esvaziamento e pode-se dizer que deixou propriamente de existir uma política nacional de habitação. Entre a extinção do BNH (1986) e a criação do Ministério das Cidades (2003), o setor do governo federal responsável pela gestão da política habitacional esteve subordinado a sete ministérios ou estruturas administrativas diferentes, caracterizando descontinuidade e ausência de estratégia para enfrentar o problema (BONDUKI, 2008, p. 75.).

Após a fragmentação da política do BNH, vários programas foram criados e

extintos em âmbito nacional, estadual e municipal, porém nenhum com relevância ou

potencial de atingir uma parcela considerável da população. O de maior destaque

quantitativo do período é o financiamento de material de construção para famílias de

baixa renda auto-empreendedoras, o que veio a criar novos problemas urbanos e de

habitabilidade, visto a produção informal da habitação e a ausência de assessoria

técnica.

Somente em 2001 com a aprovação do Estatuto da Cidade, e em 2003, com

a criação do Ministério das Cidades, o país entra no processo de criação de uma

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nova política habitacional2, que será implementada com o nome “Minha Casa Minha

Vida”, baseada nos estudos, debates e seminários do Projeto Moradia.

Figura 1. Organograma Política Habitacional Brasile ira

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de SR Norte Gaúcho, 2011.

2.2. PROJETO MORADIA

O Projeto Moradia, implantado em 2000, foi uma iniciativa do Instituto

Cidadania, que organizou uma proposta detalhada baseada em conclusões e

pressupostos definidos através de reuniões técnicas e seminários com os diversos

segmentos da sociedade ligados ao tema da habitação e da moradia. A principal

meta do projeto era, se adotada suas propostas, “a superação do déficit habitacional

em 15 anos” (INSTITUTO CIDADANIA, 2000), e especificava precisamente a

maneira de como fazê-lo.

Entre as principais propostas do Projeto Moradia estavam a continuidade do

uso de FGTS como principal fonte de recurso, já que este traria embutida uma taxa

2 Considera-se aqui que os programas habitacionais brasileiros, constituem e já constituíram, de fato, uma política habitacional nacional, uma vez que não é relevante para esta pesquisa esta discussão.

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de juro subsidiada, com capacidade de fornecer 4,5 bilhões de reais por ano apenas

como retorno de aplicações; ainda as aplicações de recursos que a união, estados e

municípios já destinavam à habitação deveriam ser utilizados como um subsídio, o

que viria a viabilizar a moradia à população de baixa renda; a articulação do governo

num sistema único é ponto importante, uma vez que criaria unidade nacional, e

canalizaria recursos; a habilitação de outros agentes financeiros, desonerando a

Caixa Federal, único agente habilitado do mercado, e incapaz de atender a forte

demanda deste sem um razoável acréscimo de custos operacionais; os conselhos

de habitação deveriam exercer o papel de controle social; e para fins de gestão,

deveria ser criado o Ministério das Cidades, que coordenaria política urbana e

habitacional no país.

A Política Habitacional nacional atual segue as premissas do Projeto Moradia

e, conforme Bonduki (2008):

A lógica do Projeto Moradia estava baseada na aproximação ou redução da diferença entre valores de financiamento e a capacidade de pagamento da população, visando a diminuir o investimento global, a fim de equacionar problemas e recursos orçamentários para atender a população mais pobre (...) o Projeto Moradia partiu da premissa que a moradia não podia ser desvinculada de sua inserção urbana, ou seja, definiu que a questão da moradia significava garantir o direito à cidade, envolvendo o acesso à infra-estrutura e aos serviços urbanos (BONDUKI, 2008, p. 9.5).

Em 2003, com a criação do Ministério das Cidades, este passa a ser o

principal órgão nacional, desde a extinção do BNH em 1986, a ser responsável pela

questão da moradia. O Projeto Moradia, que apesar de não apresentar resultados

diretos, foi a principal fonte de conhecimentos para a criação dos Programas

Habitacionais atuais, assim como o principal e de maior abrangência, ao menos do

ponto de vista quantitativo, o Programa Minha Casa Minha Vida, lançado em 2007,

pela Casa Civil, como parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e

instituído em junho de 2009.

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2.3. POLÍTICA NACIONAL DA HABITAÇÃO E O PLANO NACIO NAL DA HABITAÇÃO

A Política Nacional da Habitação, elaborada em 2004, integra um conjunto de

publicações do Ministério das Cidades, denominados Cadernos MCidades, com o

propósito de “promover o debate das políticas e propostas formuladas”

(MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2004, p. 4.). Juntamente com os cadernos da

Habitação, foram publicados os seguintes títulos: Política Nacional de

Desenvolvimento Urbano; Participação e Controle Social; Programas Urbanos;

Saneamento; Transporte e Mobilidade Urbana; Trânsito; Capacitação e Informação

(MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2004, p. 4.), assim dando sequência nas ações

iniciadas com o Estatuto da Cidade, e reafirmando o momento como marco no

planejamento urbano nacional.

A Política Nacional da Habitação estabelece as diretrizes para a formulação

das leis habitacionais brasileiras e tem como principal meta “garantir à população,

especialmente a de baixa renda, o acesso à habitação digna, e considera

fundamental para atingir seus objetivos a integração entre a política habitacional e a

política nacional de desenvolvimento urbano,” (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2004,

p. 29) e é regida pelos princípios de que o “direito à moradia é um direito humano,

individual e coletivo; a moradia digna é vetor de inclusão social garantindo padrão

mínimo de habitabilidade e infra-estrutura urbana e ambiental; a função social da

propriedade urbana deverá buscar a implementação de instrumentos de reforma

urbana” (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2004, p. 30.).

Os objetivos principais da Política são:

• Universalizar o acesso à moradia digna; • Promover a urbanização, regularização e inserção dos assentamentos

precários à cidade; • Fortalecer o papel do Estado na gestão da Política e na regulação dos

agentes privados; • Democratizar o acesso à terra urbanizada e ao mercado secundário de

imóveis; • Ampliar a produtividade e melhorar a qualidade na produção

habitacional;

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• Incentivar a geração de empregos e renda, dinamizando a economia, apoiando-se na capacidade que a indústria da construção apresenta em mobilizar mão-de-obra, utilizar insumos nacionais sem a necessidade de importação de materiais e equipamentos e contribuir com parcela significativa do Produto Interno Bruto (PIB) (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2004, p. 31.).

No que se refere à qualidade e produtividade da produção habitacional a

política estabelece as seguintes diretrizes:

• Melhoria da qualidade nas diversas modalidades da cadeia produtiva da construção, visando a maior durabilidade e confiabilidade das edificações, reduzindo assim os riscos do investimento na construção habitacional;

• Apoio a mecanismos que privilegiem ações que induzam à conformidade da produção e à melhoria da qualidade dos sistemas de gestão do setor da construção civil por meio do exercício do poder de compra do setor público e sua capacidade de concessão de crédito;

• Estímulo à modernização e à criação de um ambiente tecnológico e de gestão que oriente as ações dos agentes da cadeia produtiva do setor habitacional;

• Elevação da qualificação da mão-de-obra do setor formal da construção civil da autoconstrução e da indústria fornecedora de insumos, por meio da educação básica e treinamento;

• Implementação de ações voltadas à sustentabilidade do ambiente construído, englobando as fases de elaboração de projeto e execução da obra, objetivando a redução do desperdício, aumento da vida útil das construções e aproveitamento dos resíduos gerados (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2004, p. 33.).

Determinada a Política Nacional da Habitação, começar-se-ia então a traçar-

se o Plano Nacional da Habitação, definido na lei 11.124, de 16 de junho de 2005,

que institui o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social – SNHIS, cria o

Fundo Nacional da Habitação de Interesse Social – FNHIS e atribui ao Ministério das

Cidades a elaboração e definição do Plano acompanhado de perto pelo Conselho

das Cidades e pelo Conselho Gestor do Fundo Nacional da Habitação de Interesse

Social – CGFNHIS. O Plano Nacional da Habitação – PlanHab pretende definir as

regras da Política Habitacional brasileira em um espaço de tempo de 15 anos: 2009-

2023. Para tal, foi realizado um diagnóstico atual e uma projeção econômica, social

e habitacional da situação do país, a fim de compor uma meta para o plano. Assim,

no que se refere ao Produto Interno Bruto – PIB brasileiro, estabeleceu uma

referência de crescimento, no relatório de Contextualização do Plano Nacional de

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Habitação baseado em estudos e projeções de organizações, instituições e

entidades, plausível com a realidade dos próximos 15 anos. Como conclusão a

respeito do PIB, o relatório chegou ao seguinte:

(...)pode-se trabalhar, preliminarmente, com a hipótese de crescimento médio do PIB de 4% ao ano para estabelecer as principais dimensões do Plano (metas, volume de recursos, volume dos subsídios, etc.). (...)pode-se tomar o crescimento médio de 2,5% como patamar para avaliar os efeitos de condições macroeconômicas adversas sobre o Plano (SECRETARIA NACIONAL DA HABITAÇÃO, 2007, p. 8.).

Definido o crescimento referencial da economia, foi formulada uma estimativa

das necessidades habitacionais brasileiras. As pesquisas utilizadas como referência

pelo PlanHab são originadas da metodologia criada pela Fundação João Pinheiro

(FJP) desde a década de 1990, divulgados em três principais publicações (1995,

2001 e 2006), e buscam refletir o status habitacional nacional de uma maneira mais

precisa, como o próprio relatório coloca:

Não é exagero falar no “desafio de mensurar as necessidades habitacionais do país” considerando as limitações existentes nas pesquisas censitárias e amostrais de abrangência nacional, como os Censos Demográficos e as Pesquisas Nacionais por Amostras Domiciliares (PNAD), produzidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essas limitações dizem respeito, principalmente, a lacunas e problemas conceituais na definição das variáveis pesquisadas (SECRETARIA NACIONAL DA HABITAÇÃO, 2007, p. 8.).

A metodologia da Fundação João Pinheiro não se detém a analisar somente o

déficit habitacional, fazendo uma análise com grande aprofundamento qualitativo, e

aumentando o número de variáveis analisadas conforme cada novo estudo. Como

essa dissertação se propõe a analisar o Programa Brasileiro de Qualidade e

Produtividade do Habitat – PBQP-H junto ao Programa Minha Casa Minha Vida,

principal programa habitacional brasileiro atual, faz-se importante detalhar esta

metodologia, principal fonte de informação para fins de quantificação do déficit

habitacional brasileiro. Para definição do déficit e da inadequação habitacional na

região de abrangência da pesquisa são utilizados dados divulgados pela Fundação

de Economia e Estatística do RS (FEE) que segue a metodologia do Observatório

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de Políticas Urbanas e Gestão Municipal do Instituto de Pesquisa e Planejamento

Urbano e Regional (IPPUR), conforme segue comparativo nos quadros abaixo:

Quadro 1. Variáveis adotadas no cálculo do déficit habitacional na metodologia da Fundação João Pinheiro e do Observatório de Políticas Urbana s e Gestão Municipal do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional – IPPUR.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir da SECRETARIA NACIONAL DA HABITAÇÃO, PlanHab, 2007; IPPUR, 2003.

Quadro 2. Variáveis adotadas no cálculo dos domicíl ios inadequados na metodologia da Fundação João Pinheiro e do Observatório de Polític as Urbanas e Gestão Municipal do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regio nal – IPPUR.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir da SECRETARIA NACIONAL DA HABITAÇÃO, PlanHab, 2007; IPPUR, 2003.

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Fazem parte da composição do Déficit Habitacional da FEE/IPPUR:

• Domicílios improvisados;

• Coabitação Familiar;

• Cômodo cedido ou alugado

O Déficit Habitacional, como definido acima, é utilizado como referência de

necessidade de novas habitações por apresentar elementos exclusivos entre si que

possuem definição clara e objetiva e podem ser somados para obtenção de um valor

absoluto.

Na metodologia da FJP, diferente do Observatório do IPPUR, acrescenta-se a

estes itens Domicílios Rústicos e Ônus Excessivo com aluguel. Isso se faz de

grande importância, uma vez que os dados coletados referente ao déficit e a

inadequação habitacional utiliza a metodologia da FJP para dados nacionais e a

metodologia do IPPUR para dados locais.

Quanto a Inadequação Habitacional, igual para FJP e IPPUR, pode-se dizer

que são classificadas assim aquelas que “necessitam de melhoramentos para que

alcancem um padrão mínimo de habitabilidade, definido a partir de critérios de

qualidade de infra-estrutura de serviços, relacionados ao ambiente em que a

moradia está inserida”, e “podem ter problemas relacionados ao acesso à infra-

estrutura ou ao adensamento excessivo”

Os critérios para definição da Inadequação Habitacional não são de

ocorrência exclusiva, ou seja, não podem ser somados para obter um total, portanto,

os valores totais não fazem dupla contagem. Estes podem ser assim subdivididos:

• Adensamento Excessivo

• Carência Habitacional por infra-estrutura

o Carência de água;

o Carência de iluminação elétrica;

o Carência de instalação sanitária;

o Carência no destino do lixo urbano;

o Carência no destino do lixo rural.

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• Deficiência Habitacional por infra-estrutura

o Deficiência de água;

o Deficiência de instalação sanitária;

o Deficiência no destino do lixo urbano;

o Deficiência no destino do lixo rural.

A Figura 2 ilustra as inadequações por infra-estrutura.

Figura 2. Especificação do tipo de inadequação por infra-estrutura e a condição de cada domicílio

Fonte: IPPUR, 2001.

Uma vez que este capítulo trata do Plano Nacional da Habitação, os dados a

seguir focam nas publicações da FJP cuja principal referência para a elaboração do

PlanHab foi o terceiro estudo, publicado em 2006, sendo que as definições das

variáveis do déficit e da inadequação habitacional são as seguintes:

• Domicílios rústicos : domicílios que não apresentam paredes de alvenaria ou madeira aparelhada, construídas com materiais inapropriados como, por exemplo: paredes de taipa não revestida, madeira aproveitada e material de vasilhame; piso de terra, madeira aproveitada, tijolo de barro cozido ou de adobe; cobertura de madeira aproveitada, palha, sapé ou material de vasilhame. Trata-se de domicílios que apresentam desconforto para seus ocupantes, além de riscos de desmoronamento e contaminação por doenças em decorrência de suas precárias condições de salubridade.

• Domicílios improvisados : domicílios instalados em locais construídos para fins não residenciais que, no momento em que foi realizada a

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pesquisa, serviam de moradia como, por exemplo, lojas, fábricas, embarcações, carroças, vagões de trens, tendas e grutas.

• Domicílios com coabitação familiar : compreende a soma das famílias conviventes secundárias com as famílias que viviam em cômodos cedidos ou alugados (considerados como domicílios com coabitação disfarçada). As famílias conviventes secundárias são famílias constituídas por, no mínimo, duas pessoas que residem em um mesmo domicílio junto com outra família denominada principal. Cômodos são compartimentos usados como moradia localizados, por exemplo, em cortiços, cabeças–de–porco, entre outros.

• Domicílios cujos moradores possuem ônus excessivo c om aluguel: domicílios com famílias que recebem até três salários mínimos e tem 30% da sua renda familiar comprometida com aluguel. Foi utilizado parâmetro do antigo Banco Nacional de Habitação (BNH) e da Caixa Econômica Federal (CEF) que considera tal porcentagem o máximo tolerável de gasto direto com habitação. No caso de domicílios com famílias conviventes, a FJP considerou apenas a renda da família principal.

• Domicílios com adensamento interno excessivo : domicílios com mais de três pessoas por dormitório definido como o cômodo utilizado, com exceção do banheiro, para essa finalidade em caráter permanente por morador do domicílio na data de referência da pesquisa.

• Domicílios com carência de serviços de infra-estrut ura : foram considerados como inadequados os domicílios que não possuem um ou mais serviços básicos de distribuição de água e de energia elétrica, coleta de lixo e de esgoto.

• Domicílios com inadequação fundiária urbana : domicílios com moradores que declararam não ter a propriedade do terreno e sim apenas da construção. A ilegalidade fundiária urbana passou a ser considerada como caso de inadequação, por causa da insegurança na permanência dos moradores na habitação.

• Domicílios sem unidade sanitária interna : O terceiro estudo da FJP, o mais recente, baseou-se na PNAD 2005. Essa pesquisa permite desagregação dos dados para as 27 Unidades da Federação (UF) e para as Regiões Metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Vale lembrar que a metodologia da FJP não permite a soma dos domicílios computados no déficit habitacional com aqueles caracterizados como inadequados. Tampouco se pode somar os domicílios incluídos nas diferentes categorias de inadequação habitacional. Estas somatórias incorrem em dupla contagem (SECRETARIA NACIONAL DA HABITAÇÃO, 2007, p. 110, 111.).

O aprofundamento qualitativo das pesquisas da Fundação João Pinheiro,

levaram a pensar a política habitacional de maneira diferente, oferecendo uma

quantidade maior de produtos habitacionais e linhas de crédito, conforme a

necessidade de cada família e local, fugindo de soluções padronizadas, como coloca

o relatório:

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Ao lado dos programas voltados à produção de unidades novas, que predominaram durante o período do regime militar, baseado nas concepções do Banco Nacional da Habitação (BNH), tornou-se consensual a visão de que é preciso investir na melhoria das moradias precárias, tanto no que se refere à regularização e urbanização de assentamentos ilegais e carentes de infra-estrutura, quanto na aquisição e requalificação de edificações deterioradas e vagas baseadas em melhorias baseadas na reforma, ampliação e conclusão de construções inacabadas e adequação de moradias excessivamente adensadas. Neste sentido, pode-se dizer que a própria metodologia de cálculo das necessidades habitacionais significou uma mudança da base conceitual sobre como enfrentar o problema da habitação de interesse social, permitindo tratar a questão de uma forma mais diversificada e apropriada e, portanto, com mais eficácia (SECRETARIA NACIONAL DA HABITAÇÃO, 2007, p. 112.).

Para fins de determinação das metas do PlanHab, foram utilizados como

principal fonte de informação a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios –

PNAD, de 2005, conforme os Quadros 3, 4, 5 e 6:

Quadro 3. Déficit Habitacional Total, Urbano e Rura l - 2005

Quadro 4. Distribuição dos componentes do déficit h abitacional urbano e rural - % – 2005

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Quadro 5. Distribuição percentual do déficit habita cional segundo faixa de renda familiar mensal – 2005

Quadro 6. Domicílios segundo tipos de carência de i nfra-estrutura – 2005

Acrescentando-se ao diagnóstico do déficit habitacional, o PlanHab faz

também um análise da projeção de população brasileira até o ano de 2020,

conforme Quadro 7:

Quadro 7. Projeções populacionais – 2000 a 2020

À projeção populacional soma-se outras análises a fim de obter um

diagnóstico mais preciso do déficit habitacional futuro, como os saldos migratórios

por região, a projeção populacional por faixa etária, a taxa de fecundidade total e a

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projeção da esperança de vida ao nascer, chegando-se aos Quadros 8 e 9 como

diagnóstico final da projeção de déficit habitacional até o ano de 2020.

Quadro 8. Déficit Habitacional e fluxos qüinqüenais de domicílios a acrescentar ao estoque habitacional por demanda demográfica – 2005 a 2020

Quadro 9. Projeção de Demanda Habitacional por Faix as de Renda Familiar - 2007-2003 - Regiões Naturais

Fonte: PlanHab, 2007.

O desafio de qualquer política habitacional, além de preencher o vácuo

deixado por anos de ausência de programas habitacionais e um crescimento

acentuado do déficit habitacional, é também atender à demanda gerada pelo

crescimento demográfico, de modo a não agravar as condições de vida da

população. Assim, é necessário pensar em uma política nacional duradoura que

gere habitações de qualidade e atenda a público alvo adequado, conforme

necessidades e capacidade de pagamento.

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2.4. PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA

Instituído pela Lei Nº 11.977 de 7 de julho de 2009, e lançado juntamente ao

Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Programa Minha Casa Minha

Vida veio com o objetivo de “subsidiar a produção e a aquisição de imóvel para os

segmentos populacionais com renda familiar mensal de até 6 (seis) salários

mínimos” (BRASIL, 2009), através do Programa Nacional de Habitação Urbana

(PNHU) e “estimular a compra com redução dos custos de seguro e acesso ao

Fundo Garantidor” (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2010) para famílias com renda

mensal de 6 (seis) a 10 (dez) salários mínimos. E como meta principal a construção

de 1(um) milhão de moradias até o final de 2010.

As principais estratégias para viabilização da compra e compatibilização da

prestação do imóvel com a capacidade de pagamento das famílias, adicional ao

subsídio direto detalhado adiante, são:

• Pagamento da 1ª prestação 30 dias após a entrega do imóvel;

• Pagamento opcional de entrada;

• Fundo Garantidor;

• Barateamento do seguro, conforme cada caso;

• Desoneração fiscal e de custos cartoriais (MINISTÉRIO DAS

CIDADES, 2010).

O Quadro 10 demonstra o aporte financeiro disponibilizado pelo governo para

garantir o sucesso do Programa.num total de R$ 34 bilhões.

Quadro 10. Total Subsídios Programa Minha Casa Minh a Vida (R$ bilhões)

Fonte: MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2009.

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O Programa Minha Casa Minha Vida divide-se em três categorias, no que se

refere a concessão de subsídio e ferramentas de estímulo de compra.

Renda familiar até 3 salários mínimos:

Para estas famílias, o programa oferece a possibilidade de pagamento de até

10% da renda, por um período de 10 anos, com o restante do custo subsidiado pelo

governo, em projetos em parceria das construtoras com municípios e cooperativas,

onde o imóvel é adquirido pela Caixa junto a Construtora e repassado ao mutuário

de acordo com projeto social e cadastro na Secretaria de Assistência Social do

município. (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2010). Por apresentar subsídio bastante

elevado, os imóveis normalmente são afastados dos centros urbanos, uma vez que

o preço e o tamanho são definidos pela Caixa e não pelo empreendedor, e a planta

possui dimensões e padrões construtivos padronizados pela cartilha do PMCMV.

Renda familiar de 3 a 6 salários mínimos:

Nesta faixa de renda também se enquadram as famílias com renda inferior a

3 salários mínimos, uma vez que possuem mais opções de imóveis e localização.

Para estas famílias, o programa oferece subsídios progressivos conforme a

renda, com os subsídios máximos conforme Quadro 11, e Valor máximo do imóvel

conforme Quadros 12 e 13. Es

Renda familiar de 6 a 10 salários mínimos:

As famílias nesta faixa de renda não são beneficiadas com subsídios diretos,

mas apenas com o Fundo Garantidor, que garante o refinanciamento de 12 a 24

prestações em caso de perda de renda, e a diminuição do custo do seguro de morte,

invalidez e danos físicos, o que gera um abatimento da parcela mensal

(MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2010).

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Quadro 11. Subsídios Máximos - Programa Minha Casa Minha Vida.

SUBSÍDIOS MÁXIMOS - PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA

Regiões PMCMV 1 e 2

RMs de SP, RJ e DF 23.000,00

Cidades com mais de 100 mil

17.000,00 hab, capitais e RMs

Cidades com 50 a 100 mil hab 13.000,00

Cidades menores de 50 mil hab 9.000,00

Fonte: MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2009; SECOM, 2011.

Quadro 12. Valor Máximo do Imóvel – Programa Minha Casa Minha Vida.

VALOR DO IMÓVEL - PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA

REGIÃO VALOR

RMs de SP, RJ e DF 130.000,00

Cidades com mais de 100 mil

100.000,00 hab, capitais e RMs

Cidades com 50 a 100 mil hab 80.000,00

Cidades menores de 50 mil hab 80.000,00

Fonte: MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2009.

Após o enquadramento, o mutuário tem 3 maneiras diferenciadas de adquirir

o imóvel. A primeira opção serve unicamente às famílias com renda de até 3 salários

mínimos, com a aquisição através de cadastro no poder público e avaliação social,

onde se enquadra na faixa de maior subsídio e o imóvel é construído por

cooperativas credenciadas pelo agente financeiro, a Caixa. A segunda opção seria

por meio de aquisição do terreno e construção de uma residência unifamiliar,

assumindo os riscos da obra. E a terceira opção, e foco desta pesquisa, é a

aquisição através de construtora e incorporadora credenciadas pelo agente

financeiro e autorizadas a vender imóveis na planta.

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Figura 3. Organograma Processos Minha Casa Minha Vi da - Imóvel na Planta

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de SR Norte Gaúcho, 2011.

Até a contratação, a construtora e incorporadora passa por análises jurídicas,

financeiras e técnicas, devendo se enquadrar ao padrão mínimo exigido para cada

empreendimento. Após o projeto liberado pelo departamento de engenharia e os

imóveis avaliados por técnicos externos e escolhidos aleatoriamente, a empresa e o

empreendimento são analisados. E, por fim, são exigidos o Seguro de Risco de

Engenharia, que garante problemas durante a obra, e Seguro Garantia de Obra, que

garante que outra empresa assumirá a obra no caso da empresa contratante

apresentar problemas de qualquer natureza.

Paralelamente a estas etapas, é necessário para a contratação do

empreendimento que a empresa esteja certificada pelo PBQP-H em qualquer nível,

desde que esteja evoluindo continuamente.

Com o empreendimento aprovado em todas as etapas a empresa ainda

possui, caso não tenha obtido venda mínima para cobrir o custo do

empreendimento, uma linha de financiamento para complementação do custo da

obra, possibilitando o lançamento de novos empreendimentos sem necessariamente

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possuir dinheiro em caixa para tal, ou no caso de vendas acima do custo, o valor

referente ao terreno é pago no ato para a incorporadora.

O Programa Minha Casa Minha Vida beneficia tanto o mutuário quanto as

construtoras, no que se refere à emolumentos e custos cartoriais com a redução de

75% até 90% para o empreendedor e de 80% até 100% para o mutuário. Além de

diminuir o prazo legal de processos como Registro de Incorporação Imobiliária,

Licenciamento Ambiental e Regularização Fundiária (MINISTÉRIO DAS CIDADES,

2010).

Conforme balaço divulgado pela Caixa o Programa Minha Casa Minha Vida,

lançado em 2009, a meta estipulada pelo governo foi superada, atingindo um total

1.005.028 unidades habitacionais contratadas, sendo que destas, 59% destinadas a

famílias com renda de até seis salários mínimos, principal objetivo do programa por

concentrar o maior déficit habitacional (SECOM, 2011).

A partir de janeiro de 2011, dá-se início uma nova fase do programa, lançada

juntamente com o Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2) denominada

Minha Casa Minha Vida 2, que ampliou a meta para 2(dois) milhões de moradias até

2014, sendo 1,2 milhão para famílias com renda de até 3(três) salários mínimos. A

principal mudança em relação à primeira etapa do programa é a atualização dos

limites do valor do imóvel para até R$ 170.000,00 nas principais capitais. Por outro

lado, deixa de permitir a construção em áreas sem pavimentação e não dotadas de

infra-estrutura básica. (SECOM, 2011).

Quadro 13. Valor Máximo do Imóvel – Programa Minha Casa Minha Vida 2.

VALOR DO IMÓVEL - PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA 2

REGIÃO VALOR

RMs de SP, RJ e DF 170.000,00

Capitais 150.000,00

Cidades com mais de 250 mil hab

130.000,00 e RMs

Cidades com mais de 50 mil hab 100.000,00

Cidades menores de 50 mil hab 80.000,00

Fonte: SECOM, 2011.

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Com o aumento do teto do valor dos imóveis, item fundamental para que o

Programa continue apresentando números relevantes tanto em níveis habitacionais,

quanto econômicos e políticos, quem apresenta maior ganho é a construção civil

quem mantém uma fonte de financiamento permanente e atualiza os valores de

venda dos imóveis financiados pelo Programa Minha Casa Minha Vida, oficialmente

“congelados” por dois anos em um contexto de boom econômico.

2.5. A CONSTRUÇÃO CIVIL

Assim como aconteceu na época do BNH (1964 a 1986), quando apesar do

forte aporte de capital na política habitacional, o maior efeito não foi o da resolução

do problema habitacional, e sim o fortalecimento do setor da construção civil, que

teve um alavancamento histórico da produção com linhas de financiamento estáveis

em um mercado aquecido de demanda acentuada, também se especula sobre os

verdadeiros efeitos da política atual de habitação. Por um lado, Bonduki coloca que:

A ampliação da produção de mercado é estratégica para o enfrentamento sustentável do déficit habitacional, pois se o setor privado não produzir moradias para as faixas de renda média e média baixa, este segmento, que tem mais capacidade de pagamento, acaba por se apropriar das habitações produzidas para a população de baixa renda. No entanto, se ocorrer um boom imobiliário sem que haja uma adequada regulação do mercado de terras e sem que a cadeia produtiva da construção civil esteja em condições de fornecer os insumos necessários, existe forte risco de se gerar efeitos negativos, sobretudo para a produção de habitação de interesse social. Nas atuais condições, não está descartada uma forte elevação dos valores da terra e dos insumos da construção que terão como desdobramento uma maior dificuldade de atender aos setores que dependem da produção de habitação social (BONDUKI, 2008, p. 103.).

No entanto, é inegável a contribuição para a economia brasileira dos efeitos

gerados pela alta demanda de imóveis e uma grande atividade do setor, conforme

colocação do Projeto Moradia:

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Investimentos maciços na construção de moradias, simultaneamente à reconstrução das cidades, seriam, além de tudo, um poderoso instrumento para auxiliar a romper o quadro de estagnação, desemprego e miserabilidade que predomina no Brasil. Os efeitos multiplicadores sobre a economia e a questão social são facilmente mensuráveis, diante da importância do setor de construção dentro do quadro econômico nacional. O “Construbusiness 99” (divulgado pela Comissão da Indústria da Construção da FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - e pela Trevisan) oferece os dados essenciais. Responsável por 60% do investimento bruto brasileiro, contra 25% do setor de máquinas e equipamentos, ele tem uma participação de 15% no PIB (Produto Interno Bruto), com uma contribuição anual de 130 bilhões de reais e investe 115 bilhões de reais por ano. É responsável por um total de 13,5 milhões de empregos, dos quais 3,5 milhões diretos, 2,2 milhões indiretos e 7,8 milhões induzidos, estes últimos resultantes em grande parte da compra de 48 bilhões de reais em insumos, junto a outros setores da economia. O setor apresenta outra vantagem ímpar, no quadro atual da economia brasileira, carente de dólares e necessitando de superávits na balança comercial: ele não depende de importações, que têm um índice extremamente reduzido, no seu caso. Finalmente, a indústria de construção tem peso decisivo na geração de recursos para o poder público, respondendo por uma fatia de 8,5% na arrecadação da Previdência e contribuições sociais, além de nada menos de 15% do total de impostos (INSTITUTO CIDADANIA, 2000, p.16.).

A indústria da construção civil busca sempre as melhores oportunidades,

procurando aliar viabilidade econômica na aquisição de terrenos com a viabilidade

comercial de venda de unidades habitacionais, com o forte aquecimento da

economia e a baixa regulamentação de terras, deixando espaço livre para a

especulação, existe uma tendência dos empreendimentos ficarem cada vez mais

afastados dos centros das cidades e distantes dos empregos, gerando cada vez

mais problemas urbanos, seja pela necessidade de extensão da rede de infra-

estrutura seja pelo cada vez mais problemático problema do trânsito. Com a

dificuldade de investimento em terrenos em locais urbanizados e a falta de

incentivos para reforma e requalificação de imóveis localizados em áreas centrais, é

cada vez maior a tendência de expansão do perímetro urbano, conforme afirma

Maricato:

Há de fato uma tendência à ampliação do mercado com a oferta de produtos mais baratos, mas ela é menos forte do que seria necessário portanto, se o mercado oferecia produtos acessíveis a 20% da população, hoje atinge por volta de 40%. Há uma dificuldade muito grande do mercado

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trabalhar com produtos que não sejam as torres em grandes terrenos que se tornam quase clubes ou o loteamento extensivo, periférico ou rural, fechado. O mercado não enxerga e não se interessa pela diversidade de oportunidades colocadas pela reforma de edifícios em áreas centrais. Há portanto um espraiamento da verticalização e da ocupação horizontal (MARICATO, 2008).

Com o aquecimento rápido do setor, este enfrenta um momento de grande

escassez de mão-de-obra qualificada, aumentando ainda mais os custos de

produção dos imóveis, já agravadas pela baixa oferta de terra e a alta demanda por

imóveis.

Como mostra o Quadro 13, o número de estabelecimentos na Construção

Civil3 aumentou de 102.039 em 2002 para 172.703 empresas em 2010, isso

representa um crescimento de 69,25% em um espaço de tempo de apenas 8 anos,

se considerarmos o período de maior crescimento (2005-2010) esse índice chega a

78,66, o que evidencia o momento de expansão da construção civil no país.

Quadro 14. Número de Estabelecimentos na Construção Civil: 2002-2010

Fonte: CBIC (RAIS 2010 – MTE)

3 O número total de estabelecimentos na construção é obtido através da soma de dezesseis

atividades econômicas específicas conforme Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE registradas no Ministério do Trabalho e Emprego.

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As principais instituições nacionais utilizam três maneiras para qualificar

esses estabelecimentos conforme o porte:

• Conforme o número de empregados (SEBRAE4, FUNCEX5)

• Conforme a Receita Operacional Bruta Anual (BNDES6, BDMG7);

• Conforme Faturamento Bruto Anual (Banco do Brasil, Simples).

Para esta pesquisa adotar-se-á a definição utilizada pela Câmara Brasileira

da Indústria da Construção, CBIC, que define o porte das empresas da construção

civil pelo número de trabalhadores ativos, conforme segue:

• Até 19 empregados – Microempresa

• De 20 a 99 empregados – Pequena Empresa;

• De 100 a 499 empregados – Média Empresa;

• 500 ou mais empregados – Grande Empresa.

Quadro 15. Número de Estabelecimentos e Tamanho por Empregados Ativos na Construção Civil 2010.

Tamanho do estabelecimento por empregados ativos

Construção Civil

Regiões Geográficas

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste TOTAL

0 empregados 1.541 6.308 18.105 9.996 4.081 40.031

MICRO Até 4 empregados 2.369 9.615 32.181 18.329 6.124 68.618

De 5 a 9 empregados 1.043 3.707 11.485 5.970 2.272 24.477

De 10 a 19 empregados 728 2.800 8.222 3.680 1.548 16.978

De 20 a 49 empregados 672 2.525 6.351 2.453 1.191 13.192 PEQUENA

De 50 a 99 empregados 268 1.158 2.369 740 435 4.970

De 100 a 249 empregados 192 809 1.410 336 259 3.006 MÉDIA

De 250 a 499 empregados 70 241 466 80 58 915

De 500 a 999 empregados 26 89 158 25 30 328 GRANDE

1.000 ou mais vínculos ativos 7 48 106 12 15 188

TOTAL BRASIL 6.916 27.300 80.853 41.621 16.013 172.703 Fonte: Elaborado pelo autor a partir de CBIC (RAIS 2010 – MTE)

4 Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. 5 Fundação do Comércio Exterior. 6 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. 7 Banco de Desenvolvimento do estado de Minas Gerais.

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Gráfico 1. Proporção de Estabelecimentos por Porte - 2010.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de CBIC (RAIS 2010 – MTE)

Importante observar que dos 172.703 estabelecimentos existentes em 2010,

168.266 são micro e pequenas empresas, o que responde por 97,43% de todo o

setor. Infelizmente, o faturamento e a quantidade de moradias construídas pelas

empresas de menor porte, versus as de maior porte não foram divulgados ou não

foram pesquisados, o que seria muito importante para o direcionamento correto das

políticas públicas voltadas para a habitação ou para a construção civil.

Juntamente com o número de estabelecimentos, e de grande importância

para a economia nacional, o número de empregados nestas empresas apresentou

um crescimento ainda maior no período (Figura 7), chegando 91,07% no Rio Grande

do Sul e a 138,05% no Brasil. Isto representa não somente um aumento no número

de estabelecimentos, mas também que os já existentes estavam contratando mais

funcionários. Esses números são referentes apenas aos empregos diretos na

construção civil. De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção –

CBIC (2002), “para cada um milhão de reais a mais aplicados na produção do setor,

29 novos postos de trabalho são gerados diretamente. E para cada 100 empregos

diretos são criados 21 novos empregos indiretos e 47 novos empregos induzidos”.

Assim

Segundo PASTORE (1998) apud CBIC (2002), p. 1.:

“... estimativas do Banco Mundial indicam que para cada 1% de crescimento na infra-estrutura corresponde, em média, um crescimento de 1% do PIB. E para cada 1% de crescimento do PIB corresponde um crescimento de cerca de 0,5% do emprego. Portanto, uma expansão de 1% na infra-estrutura faz o emprego crescer 0,5%”.

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De acordo com a última divulgação da CBIC, o Brasil apresentava em 2010

2.633.674 trabalhadores ativos no grupo econômico “construção civil” e o Rio

Grande do Sul 132.072 trabalhadores. Isto representa um crescimento acumulado

no período 2002-2010 de 138,05% no Brasil e de 91,07% no Rio Grande do Sul. O

Quadro 16 especifica a quantidade de trabalhadores em número absoluto e os

Gráficos 2 e 3 ilustram a curva de crescimento no Brasil e no Rio Grande do Sul e o

Gráfico 4 compara o crescimento dos estabelecimentos e do número de

trabalhadores.

Quadro 16. Estoque de Trabalhadores na Construção C ivil: 2002-2010.

Fonte: CBIC (RAIS 2010 – MTE)

Gráfico 2. Estoque Trabalhadores na construção no RS: 2002-2010.

Fonte: CBIC (RAIS 2010 – MTE)

Gráfico 3. Estoque de Trabalhadores na construção no Brasil: 2002-2010.

Fonte: CBIC (RAIS 2010 – MTE)

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Gráfico 4. Crescimento acumulado dos Trabalhadores Ativos e dos Estabelecimentos na Construção Civil (em %)

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de CBIC (RAIS 2010 – MTE)

Mesmo com o crescimento acentuado tanto de trabalhadores quanto de

estabelecimento, a reutilização e reforma de imóveis vagos em áreas urbanas

dotadas de infra-estrutura nunca adquiriu proporções relevantes de utilização, seja

pela falta de incentivos, seja pela baixa procura do mercado, que vê nos imóveis

novos investimentos mais interessantes.

Uma vez que o Programa Minha Casa Minha Vida é um programa não

exclusivamente habitacional, mas um programa de incentivo à economia nacional,

também há um interesse menor por parte do governo em criar produtos de menor

abrangência econômica, como financiamento de imóveis usados, que por sua vez

não gera empregos diretos, nem atividade econômica, e a reforma de imóveis e

construção própria, que acaba por gerar ainda mais problemas, já que incentiva a

produção informal, usualmente ausente de assistência técnica em famílias de renda

mais baixa. O Quadro 17 demonstra a grande quantidade de imóveis vagos

existentes em cada região brasileira.

Quadro 17. Domicílios vagos em aglomerados subnorma is - 2005

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A reutilização de imóveis vagos, apesar de possuir apelo forte para a

diminuição do déficit habitacional, apresenta fatores que dificultam sua expansão,

como o efeito diminuído na economia, dificuldade de diagnóstico técnico da situação

do imóvel, custo de difícil avaliação das reformas, assim como dificulta a avaliação

dos processos de qualidade e produtividade dos canteiros de obras.

2.6. PBQP-H, QUALIDADE E PRODUTIVIDADE NA CONSTRUÇÃ O CIVIL

Com a forte demanda imobiliária, o acesso ao crédito e os subsídios

financeiros destinados às famílias de baixa renda, as empresas da indústria da

construção civil procuram lançar o maior número de unidade habitacionais possíveis,

no menor espaço de tempo possível.

Para evitar que o financiamento habitacional com recursos do Fundo de

Garantia por Tempo de Serviço – FGTS, do Sistema Brasileiro de Poupança e

Empréstimos – SBPE e de grande aporte de subsídios governamentais acabe por

financiar empreendimentos de qualidade duvidosos, o Programa Brasileiro de

Qualidade e Produtividade do Habitat – PBQP-H veio para padronizar

procedimentos construtivos e aumentar a quantidade de controle no canteiro de

obras. Requisito básico para as empresas que buscam financiamento público ou

venda de imóvel na planta, o PBQP-H teve sua abrangência ampliada nos últimos

anos.

Longe de atingir uma linha de produção que possa ser comparadas às

grandes indústrias, como a automobilística, que possui procedimentos específicos

de qualidade para os mais variados processos, e tem facilidade de implementação

de novos processos em virtude da produção em escala de um mesmo produto, a

construção civil tem como seu maior obstáculo para a industrialização e ganho de

produtividade e qualidade, as especificidades e as diferentes soluções de cada

empreendimento, dificultando a implantação de técnicas de ampla abrangência.

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O Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat, PBQP-H,

vinculado a Secretaria Nacional de Habitação, do Ministério das Cidades, é de

adesão voluntária e possui a meta de organizar o setor da construção civil no que se

refere a duas principais questões: a melhoria da qualidade do habitat e a

modernização produtiva.

O PBQP-H veio com a finalidade de “ampliar o acesso á moradia de qualidade para a população de menor renda, por meio da elevação dos patamares de qualidade e produtividade da industria da construção civil, com o uso de procedimentos ambiental, social e economicamente sustentáveis.” (WEBER, 2008)

A implementação do Programa em um plano nacional ocorre em 3 etapas,

conforme Figura 5:

Figura 4. Etapas de implementação PBQP-H

Fonte: Ministério das Cidades

Atualmente, mais de 2300 empresas estão ativas no PBQP-H, sendo mais de

1400 no nível A (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2010). Se considerarmos o total de

172.035 estabelecimentos existentes no Brasil em 2010 (CBIC, 2010), o número de

empresas habilitadas no PBQP-H é pouco expressivo, uma vez que representa

apenas 1,34% do total, e leva a crer que somente as empresas com convênio

firmado com instituições financeiras encontram-se em processo de avaliação e

certificação.

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O programa conta com quatro sub-programas principais, sendo dois para

construtoras e dois para fornecedores, cada um atuando com sua maneira

específica de atuação.

• Sistema de Avaliação de Conformidade de Empresas de Serviços e Obras – SiAC: Direcionado às construtoras, atua na fase construtiva e tem como principais objetivos a modernização gerencial, diferenciação empresarial, redução do desperdício, maior durabilidade e vida útil das construções e aumento da produtividade e redução de custos. As empresas certificadas com o nível A, obtém o Certificado de Qualidade ISO 9001.

• Sistema Nacional de Capacitação e Certificação Profissional – SICAP: Direcionado às construtoras, atua na formação e aperfeiçoamento da cadeia produtiva e tem como principais objetivos o aumento da produtividade e redução dos custos das habitações e preços médios de mercado, promoção do desenvolvimento tecnológico do setor e evolução dos métodos de gestão, redução do desperdício e profissionalização da mão-de-obra do setor.

• Sistema de Qualificação de Materiais, Componentes e Sistemas Construtivos – SiMAC: Direcionado aos fornecedores da construção civil, atua na produção de materiais e componentes da construção através dos Programas Setoriais de Qualidade – PSQ, cujo o objetivo principal é o combate à não-conformidade intencional às normas técnicas de produtos, praticada por produtores responsáveis pelo fornecimento de materiais e componentes de construção civil. Atualmente existem 26 Programas Setoriais de Qualidade monitorados.

• Sistema Nacional de Avaliação Técnica – SINAT: Direcionado á cadeia de fornecedores, atua no desenvolvimento de novas tecnologias construtivas, com o objetivo de estimulo à inovação tecnológica e a ampliação da oferta de tecnologias, visando a redução de custos e aumento de produtividade (WEBER, 2008).

Como esta pesquisa se propõe a analisar as empresas construtoras e

incorporadoras, o subprograma relevante neste momento é o SiAC, com suas

especificidades e subdivisões.

De acordo com o Regimento Geral do Sistema de Avaliação da Conformidade

de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil – SiAC (2005), este

subdivide-se em 5 especialidades técnicas, são elas:

• Execução de obras;

• Serviços especializados de execução de obras;

• Gerenciamento de obras e de empreendimentos;

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• Elaboração de projetos;

• Outras especialidades técnicas. (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2010)

As empresas construtoras e incorporadoras devem se enquadrar na

especialidade técnica Execução de Obras a fim de contratar uma obra para venda

de imóvel na planta junto aos agentes do Sistema Financeiro Habitacional, no caso

desta pesquisa, a Caixa Econômica Federal. Para cada especialidade técnica existe

um regimento específico que determina os aspectos regimentais particulares,

paralelamente ao Regimento Geral.

Para Execução de Obras, existem 4 subsetores passíveis de certificação pelo

SiAC:

• Obras de Edificações;

• Obras de Saneamento Básico;

• Obras Viárias e Obras de Artes Especiais;

• Outros subsetores (apreciados conforme a situação pelo Comitê

Nacional de Desenvolvimento Tecnológico da Habitação – CTECH.

(MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2010)

O PBQP-H estabelece 4 níveis diferentes de avaliação (Figura 6), começando

pelo Nível “D”, até o Nível “A”, equivalente à Certificação ISO9001.

Figura 5. Níveis de certificação PBQP-H

Fonte: Ministério das Cidades, 2011.

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Para a inserção no Programa no Nível “D”, é necessário uma Declaração de

Adesão e de Conformidade ao Referencial Normativo, que é realizado pela empresa

e encaminhado à Comissão Nacional juntamente com os documentos que atestem a

conformidade do sistema de gestão da qualidade da empresa. Esta Declaração tem

validade de 6 meses, prorrogáveis por mais 6 meses, momento a partir do qual

deverá ser realizada um auditoria no canteiro de obras, a fim de obter a Certificação

referente ao Nível “C”. Esta, por sua vez, é feita por Organismo de Certificação

Credenciado (O.C.C.), credenciado pela Coordenação Geral de Credenciamento do

Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

(CGCRE/INMETRO). (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2010). As O.C.C. são entidades

credenciadas com base nos princípios e políticas adotados no âmbito do Sistema

Brasileiro de Conformidade (SBC) e tem a função de conduzir e conceder a

certificação de conformidade. Para o PBQP-H as normativas são baseadas nas

normas da ABNT e da ISO9001. (INMETRO, 2011)

A fim de padronizar os critérios das auditorias de certificação, o Regimento

Específico do SiAC, especialidade técnica Execução de Obras, estabelece que para

os níveis “C” e “B” a quantidade mínima de auditores conforme Quadro 18:

Quadro 18. Dimensionamento mínimo de auditores para auditoria do SiAC - Execução de Obras, Níveis B e C.

Fonte: Ministério das Cidades, 2010.

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E para certificação no Nível “A”, conforme Quadro 19:

Quadro 19. Dimensionamento mínimo de auditores para auditoria do SiAC - Execução de Obras, Nível A.

Fonte: Ministério das Cidades, 2010.

No que se refere a quantidade de canteiros de obras auditados, o regimento

também estabelece proporcionalidade ao número de obras em andamento da

empresa, conforme Quadro 20, sendo que a escolha de qual canteiro fique a critério

de cada O.C.C.

Quadro 20. Número de canteiro de obras a serem audi tados

Fonte: Ministério das Cidades, 2010.

O Manual da Qualidade, exigido desde a Declaração de Adesão ao

Programa, é o regente do processo de melhoria de qualidade e deve descrever os

procedimentos e processos determinados para o Sistema de Gestão da Qualidade.

O Manual deve prever também o aumento na quantidade de materiais controlados e

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de serviços de execução controlados, conforme cada nível, sendo que o mínimo é

de 25 serviços, com 15% controlados no Nível “C”, 40% no Nível “B” e 100% no

Nível “A”, e de 20 para materiais controlado com 20% no Nível “C”, 50% no Nível “B”

e 100% no Nível “A”. Os números de serviços ou materiais podem variar conforme o

sistema construtivo da empresa. A certificação do PBQP-H Nível “A”, se equivale à

certificação ISO9001 uma vez que os requisitos exigidos por ambos são

equivalentes, podendo ser obtidos as duas certificações em auditorias simultâneas.

(MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2010) Os serviços e materiais controlados são

baseados em regras de utilização e padronização de execução no qual as obras

devem seguir a risca o que foi definido pelos procedimentos técnicos a fim de obter

o certificado de conformidade. Também o escritório é auditado já que possui

diferentes procedimentos de controle e avaliação da empresa, clientes e

colaboradores.

No total 7070 empresas já fizeram a Declaração de Adesão ou foram

Certificadas pelo SiAC (Quadro 21 e Gráfico 5), sendo que destas 2647 (34,45%)

apenas Aderiram ao Nível D e 4423 (65,55%) tiveram pelo menos um auditoria para

certificação.

Quadro 21. Número de Empresas Avaliadas no PBQP-H p or Validade da Avaliação.

EMPRESAS AVALIADAS PBQP-H POR NÍVEL

A B C D Totais

SiAC

Vigente 1787 45 205 633 2670

Prazo Vencido 2041 109 236 2014 4400

Total 3828 154 441 2647 7070 Fonte: Ministério das Cidades, 2011.

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Gráfico 5. Número de Empresas Avaliadas no PBQP-H p or Validade da Avaliação.

Fonte: Ministério das Cidades, 2011.

Gráfico 6. Porcentagem de Empresas por Nível - Total.

Fonte: Ministério das Cidades, 2011. Elaboração: O autor

Gráfico 7. Porcentagem de Empresas com Prazo Vencido por Nível.

Fonte: Ministério das Cidades, 2011. Elaboração: O autor

Percebe-se nos Gráficos 6 e 7 que a porcentagem de empresas desistentes

ou com certificação em atraso é consideravelmente maior no Nível D, chegando a

76,09% das empresas de Aderiram ao Programa.

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Gráfico 8. Porcentagem de empresas em Situação Vige nte por tipo de Avaliação.

Fonte: Ministério das Cidades, 2011. Elaboração: O autor

Pode-se notar, conforme ilustra o Gráfico 8, que a tendência a permanecer no

programa aumenta razoavelmente após a primeira cerificação, com índice ainda

maior de permanência após a qualificação no Nível A, com 46,68% do total das

empresas que já atingiram o Nível A. O que indica uma boa aceitação das

aplicações práticas e técnicas do programa.

Em uma parceria entre a Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente

Construído – ANTAC, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, e a

Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, o PBQP-H ganhou uma base de

dados de apoio tecnológico e operacional, denominado Coleção Habitare, elaborada

em meio acadêmico com textos e projetos avaliando normas, processos

construtivos, gestão da qualidade, produção de materiais, ações administrativas,

estratégicas e sustentáveis, todos avalizados por um corpo técnico qualificado. Além

de contribuir para as obras tecnicamente, a Coleção também contempla estudos

sobre os Planos Diretores, política urbana e inserção urbana e social.

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2.7. POLÍTICA HABITACIONAL E QUALIDADE DO ESPAÇO UR BANO: OS PROGRAMAS MINHA CASA MINHA VIDA E O PBQP-H.

Numa primeira reflexão, a moradia comparece em nossa mente como um abrigo que nos protege e da privacidade. Para o homem da caverna talvez a habitação fosse apenas isso mesmo. Já para o homem medieval, entretanto, a habitação era mais que isso, pois, pelo menos no caso do homem urbano, era também seu local de trabalho (VILLAÇA, 1986, p.38)

As funções da moradia tem se modificado com o passar do tempo. No início

do século XX, a vida em uma moradia urbana era intensa: serviçais produziam

produtos para o consumo doméstico, roupas era feitas, lavadas e passadas,

criavam-se galinhas, cultivavam-se frutas e legumes, e até mesmo festas e

cerimônias eram conduzidos em casa. Hoje, estas famílias compram ou alugam

praticamente tudo que utilizam ou usufruem. (VILLAÇA, 1986)

Sob essas transformações, a forma, tamanho e funções da moradia alteram-se profundamente. A casa tende cada vez mais e para crescentes parcelas da população, a se reduzir a local de repouso. É o local onde pra-ticamente só se passam as noites. Em cidades como São Paulo e Rio, é enorme o número de pessoas que só usam a casa para dormir. Todo restante da vida transcorre fora da casa. Onde? Na cidade. (...) Com o desenvolvimento do capitalismo monopolista de Estado e o crescimento urbano, essa separação virá a ser a base da estrutura interna da cidade capitalista. Através da formação de suas áreas industriais, comerciais e residenciais e com a expulsão dos trabalhadores para a periferia das cidades, aquela separação virá a ser uma das causas de uma das maiores torturas a que eles ficaram submetidos nas metrópoles do Terceiro Mundo: a ida e volta do trabalho. (VILLAÇA, 1986, p.39)

Seguindo estas afirmações de Villaça, já em 1986, chegamos ao maior

problema urbano do século XXI, até então, e fator fundamental de infra-estrutura

urbana: o trânsito, agravado pelo aumento constante de veículos e pelas distâncias

cada vez maiores a serem percorridas.

O Programa Minha Casa Minha Vida em sua primeira etapa não possuía

restrições quanto à localização dos imóveis contratados, desconsiderando a

qualidade do espaço urbano como fator relevante para a ocupação da habitação.

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Vale lembrar que esta primeira etapa do Programa foi lançada em época de crise

mundial e destinou grande parte dos seus recursos para a expansão da economia

através da construção civil. Na segunda etapa do programa – já num cenário

econômico diferenciado, onde se especula, inclusive, sobre uma bolha na

construção civil em função da quantidade de canteiros de obras no país – novas

regras anunciam que a política urbana passa a ser inserida nas análises de novos

empreendimentos, sendo que unidades novas somente são contratadas se o terreno

possuir infra-estrutura urbana executada, incluindo vias de acesso.

No que se refere a qualidade do espaço urbano utilizado pelas habitações,

Nakuo Nakano, Arquiteto e Urbanista do Instituto Polis:

Em qualquer lugar do mundo, a produção habitacional é um dos principais motores que impulsiona a urbanização do território. Dependendo das condições em que aquelas habitações são produzidas, essa urbanização ocorre com ou sem a geração de cidade. O urbano não é a mesma coisa que cidade. O urbano é uma forma de ocupar e transformar os espaços físicos. A cidade constitui-se a partir de combinações entre boas condições de vida e criações de realidades sociais que potencializam o desenvolvimento das capacidades humanas. O mérito do pacote habitacional do Governo Federal é atender parte das necessidades habitacionais dos mais pobres. Mas precisa fazer isso produzindo moradias dignas com cidade (NAKANO, 2009).

De acordo com Maricato, 2009, política urbana e política habitacional operam

em esferas diferentes:

(...)Não há fórmula mágica para mudar o rumo trágico das cidades brasileiras. A competência constitucional para formular e operar a política urbana é municipal. O foco das críticas e pressões deve ser dirigido à Câmara e executivos municipais, marcados, crescentemente, pela prática clientelista ou pela lógica dos financiamentos de campanha. Do Governo Federal devemos cobrar que o pacote não privilegie a classe média (como sempre!) em vez da baixa renda (0 a 3 SM) responsável por 84% do déficit habitacional (MARICATO, 2009).

De qualquer maneira, as tratativas acerca do desenvolvimento urbano e o

Estatuto da Cidade precederam em vários anos o início do Programa Minha Casa

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Minha Vida, colocando a disposição dos governos municipais ferramentas para os

mais variados problemas das cidades, entre elas, o IPTU progressivo, principal

ferramenta inibidora da especulação fundiária:

Os governos municipais não estão se esforçando o quanto deveriam

para fazer uma política urbana (fundiária e imobiliária) para, com a aplicação dos instrumentos do Estatuto da Cidade, ampliar a oferta de terras para moradia social e elaborar políticas municipais para habitação social. Portanto há oferta de crédito, mas os demais gargalos para democratizar o acesso à moradia (incluindo a desburocratização da aprovação dos processos) não estão sendo enfrentados. O pior resultado dessa falta de gestão urbana é o aumento do preço da terra, o espraiamento horizontal da cidade ou o adensamento de áreas sem infra-estrutura. O centro expandido, que concentra 65% dos empregos em São Paulo, por exemplo, continua a perder população como acontece em todas as metrópoles brasileiras (MARICATO, 2008).

Para Bonduki, 2008, o problema da expansão horizontal é ainda mais sério:

A existência de um número tão significativo de imóveis vagos gera,

além de deterioração do edifício e do entorno, um grave problema urbano, com o despovoamento de áreas bem servidas de equipamentos e empregos, enquanto a população vai se abrigar em regiões desprovidas e distantes, multiplicando as necessidades de investimentos públicos (BONDUKI, 2008).

Desde o Projeto Moradia já se coloca o Estatuto da Cidade como premissa

básica para facilitação do acesso á terra e combate a especulação fundiária e aos

imóveis ociosos. No entanto, mesmo com o Estatuto transformado em lei, suas

ferramentas não foram implantadas com a abrangência necessária para diminuir a

especulação imobiliária no país, principalmente em época de crescimento

econômico acentuado, levando, muitas vezes novos empreendimentos a se

distanciarem dos centros urbanos a fim de aproveitar as oportunidades geradas pela

demanda habitacional e concentrar um número muito grande unidades dentro de

cada conjunto, desconsiderando o bem estar e os interesses dos moradores.

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A disputa que se trava em torno da produção do “longe” e “perto” é mais vital do que aquela que se trava em torno do acesso à rede de água, de esgoto ou de iluminação pública. Esses melhoramentos podem ser (e tendem a ser, embora muito a longo prazo) implantados por toda a cidade. Nos países ricos, por exemplo, eles existem em todos os locais das cidades e mesmo do campo. (VILLAÇA, 1986, p.40)

As questões de distância dos centros urbanos e dos locais de trabalho são

importantes para a produção habitacional, sendo que os locais com mais difícil

acesso tendem a sofrer uma deterioração maior, desvalorizando os imóveis, e estas

famílias que hoje o ocupam possa se deslocar para imóveis com melhor localização

quando a oportunidade for oportuna, pois, como coloca Villaça (1986, p.47)

“deterioração é efeito e não causa do abandono”.

Figura 6. Interdependência diferentes esferas.

Desta maneira, o sucesso de um programa habitacional passa pela qualidade

da gestão do espaço urbano e pela gestão da qualidade das empresas, assim como

uma política urbana de sucesso passa pela gestão da indústria da construção civil,

criando um ciclo interdependente, sendo que o sucesso de um reforça o sucesso de

outro. Como os programas habitacionais são administrados pelo governo federal, a

política urbana pelos governos municipais e a construção civil é responsabilidade da

iniciativa privada, cria-se uma situação de difícil negociação, principalmente porque

envolve interesses diferentes em cada esfera. Assim como o PBQP-H é

administrado por uma secretaria nacional, mas as certificações são feitas por

organismos da iniciativa privada.

Programa Habitacional

Política Urbana

Construção Civil

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3. PBQP-H E MINHA CASA MINHA VIDA, UM PANORAMA DA R EGIÃO DE ABRANGÊNCIA DA SUPERINTENDÊNCIA NORTE GAÚCHO DA CAI XA.

A Superintendência (SR) Norte Gaúcho é responsável por 215 municípios do

estado do Rio Grande do Sul (Figura 7) que juntos somam uma população total de

1.960.248 pessoas, sendo que destas 1.407.452 pessoas vivem em território urbano

e 552.796 pessoas vivem em território rural, o equivalente à 71,8% da população

vivendo em situação urbana, abaixo da média nacional de 84,35% (IBGE, 2010).

Estas cidades somam um Produto Interno Bruto (PIB) total de R$ 34.181 milhões,

equivalente a 17,65% do PIB do estado, que é de R$ 199.499 milhões (FEE, 2008).

Figura 7. Mapa Região de Abrangência SR Passo Fundo .

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de SR Passo Fundo, 2011 e IBGE, 2009.

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Quadro 22. Quadro comparativo SR Passo Fundo, RS e Brasil SR Passo Fundo RS Brasil

População Total 1.960.248 10.695.532 190.732.694

População Urbana 1.407.452 9.102.241 160.879.708

Área Territorial (km²) 66.618,969 281.748,538 8.514.876,599

PIB (R$ milhões) 34.181 199.149 2.889.719

Déficit Habitacional 40.690 193.852 6.272.645

Inadequação

Habitacional

229.757 1.212.094 15.307.406

Domicílios Vagos 414.863 7.051.262

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de IBGE, 2010, para População Total, População Urbana, e Área Terreitorial; IBGE, 2008, para PIB; Ministério das Cidades, 2007, para Déficit Habitacional Brasil; FEE, 2000, para Déficit Habitacional RS e SR Passo Fundo; FEE, 2000 para Inadequação Habitacional; e Ministério das Cidades, 2007, para Domicílios Vagos.

O Quadro 22 mostra a dimensão da região que está sendo pesquisada e suas

variáveis econômicas, demográficas e habitacionais. Pode-se notar a dimensão

tanto do déficit habitacional, equivalente a 6,11% do total de domicílios8, quanto do

número de moradias em situação de inadequação, equivalente 37,38% do total.

Expandindo a análise sobre a quantidade de imóveis em situação de

inadequação habitacional – consideradas assim pela Fundação de Economia e

Estatística, em estudo sobre o dimensionamento das necessidades habitacionais

nos municípios do Rio Grande do Sul, como unidades habitacionais necessitando de

melhorias para alcançar um padrão mínimo de habitabilidade (FEE, 2000) – tem-se

o Quadro 23 com as diferentes variáveis de carência e deficiência

8 O total de domicílios da região é de 614.559 unidades. (FEE, 2000)

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Quadro 23. Levantamento inadequação habitacional SR Passo Fundo e RS. SR Passo Fundo RS

Domicílios improvisados9 2.896 10.670

Cômodo cedido ou alugado10 1.144 7.020

Coabitação Familiar11 36.650 176.162

Adensamento excessivo12 16.598 116.392

Carência de água13 41.883 108.497

Carência de iluminação14 22.798 67.173

Carência de instalação sanitária15 64.784 226.663

Carência na destinação do lixo urbano16 22.480 64.639

Carência na destinação de lixo rural17 143.283 340.453

Deficiência de água 1.164 6.560

Deficiência de instalação sanitária 224.548 457.743

Deficiência no destino do lixo urbano 5.593 39.034

Deficiência no destino do lixo rural 24.985 54.572

Domicílios particulares sem sanitário 17.046 65.346

Domicílios em terreno não próprio 43.785 302.087

Total de domicílios carentes18 210.649 589.976

Total de domicílios deficientes19 229.757 505.729

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de FEE, 2000. Obs: Nos totais de domicílios carentes e deficientes não incorrem dupla contagem.

Uma vez que os dados referentes à inadequação e ao déficit não são

complementares, não se pode simplesmente somar os números para obter um total,

pois estaria se fazendo dupla contagem, o que as metodologias das pesquisas que

publicaram tais dados deixam bem claro não fazer. Como se nota no Quadro 23, a

9 Construções para fins não residenciais, mas que estavam servindo de moradia por ocasião do Censo. 10 Tipos de domicílios com um ou mais aposentos localizados em casa de cômodos, cortiço, cabeça-de-porco, etc. e que se encontravam na condição de alugados ou cedidos por empregador e/ou de outra forma. 11 Representado pelo total de famílias conviventes no mesmo domicílio ou indicando o aluguel de quartos ou cômodos para moradia de outras famílias 12 Considerado como adensamento excessivo suportável quando ultrapassar 3 moradores por dormitório. 13 Sem abastecimento de água por rede, poço ou nascente. 14 Sem rede de energia elétrica, medidor ou relógio. 15 Domicílio com instalação sanitária ausente ou escoedor inadequado. 16 Destino do lixo urbano diferente de coleta direta 17 Destino do lixo rural diferente de coleta direta 18 Domicílios com qualquer acepção de carência por infra-estrutura, sem incorrer dupla contagem. 19 Domicílios com qualquer acepção de deficiência por infra-estrutura, sem incorrer dupla contagem.

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maior parte das carências e deficiências que compõe a Inadequação Habitacional

são de caráter infra-estrutural e não habitacional. Assim, é sempre utilizado como

referência os dados referentes ao déficit habitacional.

Para atender a demanda e suprir o déficit habitacional dos 215 municípios da

região Norte do Rio Grande do Sul, vinculados à Superintendência Norte Gaúcho da

Caixa, esta possui sede na cidade de Passo Fundo, a maior da região e outras 35

agências de atendimento em cidades referências regionais, além de postos de

atendimento em todos os municípios. A Figura 8 mostra a localização das agências.

Figura 8. Agências Caixa

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de SR Norte Gaúcho, 2011 e IBGE, 2009.

A SR Norte Gaúcho somou até dezembro de 2010 o total de 12.918 unidades

habitacionais contratadas nas diversas modalidades de financiamento habitacional,

sendo que destas 990 unidades foram contratadas através de empreendimentos

vendidos na planta por construtoras e incorporadoras, dentro dos limites do

Programa Minha Casa Minha Vida. A unidade tem, nesta data, 2.817 unidades em

51 empreendimentos em fase de contratação, num volume de recursos de

aproximadamente R$ 210 milhões de reais. (SR NORTE GAÚCHO, 2011).

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Qualquer empresa interessada em contratar com a Caixa pode se habilitar e

encaminhar a documentação para análise de risco, sendo que no momento desta

pesquisa haviam 72 construtoras e incorporadoras credenciadas para contratar

obras com a Caixa Federal (Figura 9).

Figura 9. Localização das Empresas Credenciadas par a Venda na Planta

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de SR Norte Gaúcho, 2011 e IBGE, 2009.

Destas, 8 empresas estavam no Nível A (11%), 1 empresa no Nível B (1%),

14 empresas no Nível C (20%) e 24 empresas no Nível D (33%), outras 25

empresas (35%) estão credenciadas mas não aderiram ao PBQP-H. O Gráfico 9

ilustra esta situação, e mostra que 68% das empresas não aderiram ou ainda estão

no Nível D, o qual não exige certificação, ou seja, não possuem qualquer melhoria

comprovada seja em qualidade ou produtividade em função do programa.

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Gráfico 9. Empresas por Nível de Certificação no PB QP-H.

Fonte: Ministério das Cidades, 2011.

Como as certificações do PBQP-H têm validade de um ano, é necessário que

a cada 12 meses a empresa solicite uma nova auditoria e avance um nível, ou

mantenha o nível atual, caso esteja no Nível A. Na possibilidade de vencer o prazo,

a empresa mantém o nível da última certificação, no entanto irá apresentar situação

de Cerificação com prazo vencido, podendo solicitar uma nova auditoria a qualquer

momento para um nível acima do atual. Das empresas credenciadas, além das 25

(35%) que não apresentaram a Declaração de Adesão, outras 27 (37%) estão com a

certificação com prazo vencido e somente 20 (28%) empresas estão qualificadas

neste momento para contratação de uma obra com a Caixa para venda de Imóvel na

Planta, conforme ilustra o Gráfico 10.

Gráfico 10. Empresas por Validade de Certificação n o PBQP-H.

Fonte: Ministério das Cidades, 2011.

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Das 27 empresas com prazo vencido 18 (67%) estavam no Nível D quando

venceu o prazo e, portanto, não apresentaram em nenhum momento uma auditoria

por um Organismo de Certificação Credenciado (O.C.C.). Outras 5 (18%) empresas

apresentaram certificação para o Nível C e 4 (15%) estavam certificadas no Nível A,

conforme demonstra o Gráfico 11.

Gráfico 11. Empresas em situação de Prazo Vencido n o PBQP-H por Nível.

Fonte: Ministério das Cidades, 2011.

Das 20 empresas em situação vigente 6 (30%) estão no Nível D (sem

auditoria), 9 (45%) estão certificadas no Nível C, 1 (5%) no Nível B e 4 (20%)

empresas estão certificadas no Nível A, equivalente a qualificação ISO9001,

conforme demonstra o Gráfico 12.

Gráfico 12. Empresas em situação Vigente no PBQP-H por Nível.

Fonte: Ministério das Cidades, 2011.

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4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DA PESQUISA EMPÍRICA

4.1. APRESENTAÇÃO DA PESQUISA

Com o propósito de encontrar possíveis discrepâncias nas informações

prestadas pelas empresas, a pesquisa procurou fazer uma análise empresarial de

cada construtora, iniciando pela composição do corpo técnico e mão-de-obra,

podendo assim, chegar a um porte de referência da empresa. As análises foram

obtidas através de pesquisa semi-estruturada nas empresas credenciadas para

venda de imóvel na planta da região de abrangência da Superintendência Norte

Gaúcho da Caixa e consideram separadamente as empresas com empreendimentos

pelo Programa Minha Casa Minha Vida, sendo que de um total de 18 empresas

entrevistadas, 13 possuem obras pelo programa e 5 não possuem. Os gráficos a

seguir serão apresentados isoladamente para cada grupo de empresa, sendo que os

gráficos com diversas cores pertencem ao grupo de empresas com

empreendimentos pelo PMCMV (Grupo 1) e os gráficos com tonalidades de uma

mesma cor pertencem ao grupo de empresas sem empreendimento pelo PMCMV

(Grupo 2). Embora o objetivo da pesquisa seja analisar as empresas dentro do

Programa Minha Casa Minha Vida, é importante caracterizar as empresas

credenciadas para venda na planta que não possuem tais empreendimentos. Estas

em algum momento tiveram a intenção de construir pelo programa e pararam ou

desistiram de fazê-lo, isto pode ser verificado em 2 das 5 empresas entrevistadas.

Já no grupo 1, todas as empresas continuam ativas no programa.

Primeiramente, a fim de avaliar a estrutura empresarial das empresas e a

capacidade técnica para executar as obras e os controles do PQBP-H, as perguntas

iniciais solicitavam informações quanto ao número de funcionários trabalhando no

escritório (Figura 22), quanto ao número de profissionais técnicos no escritório

(Figura 23) e quanto ao número de estagiários.

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Gráfico 13. Quanto ao Número de Funcionários no Esc ritório.

Gráfico 14. Quanto ao número de Profissionais Técni cos.

Numa análise inicial podemos identificar que as empresas optantes por

construir no PMCMV parecem ser de menor porte ou com menor capacidade

financeira, já que em média possuem 2,77 profissionais técnicos no corpo técnico

enquanto que as empresas no grupo 2 possuem em média 5 profissionais técnicos.

Uma vez que os estagiários são os responsáveis pela aplicação do programa

nas obras e no escritório, estes têm sua importância elevada e assumem papel de

técnico. É referente aos estagiários um dos relatos mais recorrentes nas entrevistas:

a descontinuidade da implantação dos procedimentos em função da rotatividade de

funcionários. Somando o número de estagiário e o número de profissionais no corpo

técnico das empresas (Gráfico 15) temos em média 3,84 técnicos no grupo 1 e 6,4

técnicos no grupo 2.

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Gráfico 15. Soma de estagiários + profissionais no corpo técnico das empresas.

Assume-se aqui que o estagiário seja remunerado, uma vez que a lei assim

obriga, e, portanto, apesar de não permanecer no corpo técnico da empresa por um

longo tempo, permaneça o tempo suficiente para ter a capacidade de acompanhar

as obras sem a presença de um profissional em tempo integral, serviço bastante

facilitado pelas fichas de verificação e inspeção do PBQP-H. Assim, conforme o

Gráfico 16, temos no grupo 1, que 62% das empresas possui em média até um

técnico por obra em andamento, enquanto que no grupo 2, 60% possui em média

mais de 2 técnicos por empreendimento. Isto leva a crer que as empresas do grupo

2 estão mais preparadas tecnicamente para gerir seus empreendimentos, obtendo

ganhos tanto em qualidade como em produtividade nas obras independente da

implantação do programa, não considerando aqui os custos de manutenção do

corpo técnico, ou o preço final dos imóveis, que será abordado adiante.

Gráfico 16. Média de técnicos por empreendimento.

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Ainda referente ao número de técnicos nas obras, várias empresas

declararam manter um profissional na obra em tempo integral, o que, em alguns

casos, ficava evidente não ser verdade, uma vez que a mesma empresa também

declarava só possuir um profissional no corpo técnico.

Apesar de possuir um número menor de técnicos, as empresas do grupo 1

também apresentam um número menor de funcionários, com maior concentração na

faixa até 49 funcionários e 92% considerada, quanto ao porte, como micro ou

pequena empresa. O grupo 2 apresenta 40% das empresas consideradas como

médio porte e 60% como micro ou pequena empresa, conforme classificação do

SEBRAE detalhado na página 41. As empresas do grupo 2 também parecem ser

empresas consolidadas no mercado, há mais tempo em operação, e, por isso, mais

estruturadas, enquanto as empresas do grupo 1 apresentaram, tanto em suas

estruturas físicas como na dificuldade para se efetuar uma entrevista, um certo

improviso, típico de empresas há pouco tempo no mercado ou com baixa

capacidade técnica para atender a demanda do mercado aquecido. Isto é reforçado

pelo aumento acentuado no número de estabelecimento na construção civil na

última década, conforme divulgação do CBIC, 2010, relatado na página 40.

Gráfico 17. Número total de Funcionários nas Obras.

Identificado o porte médio das empresas e sua capacidade técnica de

gerenciar as obras aliadas aos conceitos do PBQP-H e as exigências da Caixa,

parte-se para uma análise destas empresas referentes ao Programa Minha Casa

Minha Vida, sendo que as empresas do grupo 1 possuem em média 3,31

empreendimentos em andamento sendo que destes, em média, 2,08

empreendimentos são contratados pelo PMCMV. Assim, chegamos a 66,03% das

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obras em andamento das empresas do grupo 1 pelo PMCMV, conforme ilustra em

número totais de obras o Gráfico 18. É importante mencionar o tempo entre a

decisão pela construção e o início efetivo da obra, principalmente quando

contratados através da Caixa, em função da quantidade de análises e

documentações necessárias, na maioria com vencimento entre 30 e 60 dias, sendo

que não depende somente das empresas esta busca, mas também de reunir a

documentação de todos os mutuários, devendo fechar tudo em um único processo

para assinatura conjunta, Isto, na tendência dos empreendimentos atuais, pode ser

um grande número de pessoas, já que, conforme afirma Maricato, 2008, “há uma

dificuldade muito grande do mercado trabalhar com produtos que não sejam as

torres em grandes terrenos”.

Gráfico 18. Número de obras das empresas do grupo 1 .

Gráfico 19. Porcentagem das obras pelo Programa Min ha Casa Minha Vida.

Conforme ilustra o Gráfico 19, 23,08% das empresas possuem sua totalidade

de obras pelo Programa Minha Casa Minha Vida, enquanto 38,46% possui mais de

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50% das obras em andamento pelo programa e 38,46% menos de 50% dos

empreendimentos.

Gráfico 20. Quanto aos valores limite do Programa M inha Casa Minha Vida.

Quando perguntados sobre os valores limites para a contratação pelo

Programa Minha Casa Minha Vida (Gráfico 20), 92% das empresas do grupo 1

acham razoável ou bom, e apenas 8% acham os valores muito baixos, o que muda

consideravelmente no grupo 2, onde apenas 20% acreditam ser razoáveis os

valores de venda e 80% acreditam ser ruim ou péssimo, evidenciando um dos

motivos para a desistência de construir pelo programa. Importante notar que a

pesquisa foi realizada 2 meses após a atualização dos valores limites do programa,

que passou de R$ 80.000,00 para R$ 100.000,00 nas cidades com mais de 50.000

habitantes.

Uma questão abordada pelas empresas foi referente aos “efeitos colaterais”

do Programa Minha Casa Minha Vida, que contribuiu para o aumento dos preços

dos terrenos e dos materiais, uma vez que os fornecedores também têm dificuldade

em atender à demanda. E, conforme demonstra a Figura 3, na página 36, e assim

colocado por uma empresa, “os contratos com Caixa não são reajustados, ficando o

orçamento defasado desde sua aprovação junto à Caixa até o final da obra, que

somados burocracia, comercialização e obra, podem passar de 3 anos.”

Após definido o contexto em que as empresas atuam, partiu-se para uma

linha de pesquisa direta sobre o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade –

PBQP-H. Conforme Eduardo Vendruscolo da MV Engenharia e Consultoria,

empresa que presta assessoria para as empresas no processo de implantação do

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PBQP-H, em torno de 70% das construtoras atendidas pela empresa estão

construindo pelo Programa Minha Casa Minha Vida e tem como grande motivador

para implantação a exigência da Caixa.

Primeiramente, quanto ao Nível atual, todas as empresas confirmaram a

informação disponibilizada no site do Ministério das Cidades, validando o

levantamento através do site. O gráfico 21 ilustra o Nível das empresas

entrevistadas. Enquanto no grupo 1 todas as empresas estão aderidas ao programa,

o grupo 2 segue um padrão mais próximo do restante das empresas credenciadas

para venda na planta (Gráfico 9).

Gráfico 21. Quanto ao Nível atual no PBQP-H.

A Caixa exige que as empresas estejam inicialmente no Nível D, para a

contratação, no entanto é necessário avançar um Nível ou estar com a certificação

com prazo vigente para a liberação da última parcela. Como só é possível

permanecer no Nível D por um ano, é grande a probabilidade das empresas que se

encontram neste nível com prazo vigente ainda estejam em processo de análise ou

de contratação do primeiro empreendimento.

Para as empresas com mais de 500 unidades habitacionais, somados todas

as contratações, a Caixa exige no mínimo o Nível C, entre 500 e 1000 unidades

habitacionais, o Nível B e para mais de 1000 unidades habitacionais, o Nível A.

Não é necessário permanecer com a certificação ativa em todo o processo,

uma vez que somente é exigido a validade da certificação na contratação de novos

empreendimentos e na liberação da última parcela, o que explica o fato de 31% das

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empresas do grupo 1 estarem com o prazo vencido da certificação, conforme gráfico

22. As empresas do grupo 2 por apresentarem adesão voluntária, ou seja, sem a

imposição da Caixa, estão sujeitas à decisão da diretoria, uma vez que não

dependem do programa para a continuidade de seus empreendimentos, conforme

colocado por uma empresa entrevistada, “o PBQP-H não é diferencial para

contratação de obras fora do PMCMV, por ser talvez pouco conhecido.” Outra

empresa coloca da seguinte maneira: “ano a ano pode-se perceber uma evolução

nos canteiros de obra, mas como toda mudança é difícil de ser implantada, pois

precisamos tirar as pessoas da zona de conforto e do “sempre fiz assim e deu certo”,

e como poucas empresas aderiram ao programa, ainda encontramos dificuldades

para que os serviços sejam executados nos padrões da norma, mas o que se

consegue monitorar e implantar, só vem acrescentando benefícios para a empresa,

com menos re-trabalho, menor custo e produto de qualidade.”

Gráfico 22. Quanto à Vigência da Certificação.

Ainda quanto à vigência da certificação (Gráfico 22) os grupos seguem

padrões opostos, enquanto 69% do grupo 1 está em situação Vigente, 80% do grupo

2 está com o prazo vencido, incluindo neste item as empresas que não aderiram ao

programa. Importante salientar que o fato da empresa estar com o prazo vencido

não significa, necessariamente, que tenha abandonado o programa, mas sim que

ainda não realizou uma auditoria para a troca de nível ou para a manutenção do

nível atual.

Quanto perguntados se a empresa obteve benefícios imediatos nos

processos da empresa (gráfico 23) e referente a necessidade de expansão do corpo

técnico para manter os controles do PBQP-H (gráfico 24), ambos os grupos dividem

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opinião similar com 60% e 62%, respectivamente, acreditando em benefícios

imediatos e 38% e 40% não confirmando benefícios a curto prazo, mas acreditando

na possibilidade a médio e longo prazo, e com 80% e 85%, respectivamente,

afirmando a necessidade de expansão do corpo técnico.

Gráfico 23. Quantos aos benefícios nos processos da empresa.

Gráfico 24. Quanto à necessidade de expansão do cor po técnico em função do PBQP-H.

Quanto à existência de um sistema de gestão anterior à adesão ao PBQP-H

(gráfico 25), 77% das empresas do grupo 1 responderam que não possuíam um

sistema de gestão, enquanto 80% das empresas do grupo 2 já possuíam.

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Gráfico 25. Quanto à existência de um Sistema de Ge stão previamente a adesão ao PBQP-H.

Um dos itens que mais necessitou de reflexão pelos entrevistados foi

referente ao custo-benefício do PBQP-H, que no geral apresentou resultado similar

com 62% no grupo 1 e 80% no grupo 2 (Gráfico 26) concluindo que os custos do

programa não compensam os benefícios gerados pelo mesmo. Os principais pontos

mencionados foram as despesas com os Organismos de Certificação Credenciados

– O.C.C., e com o deslocamento e hospedagem dos auditores uma vez por ano e as

despesas com cópias para manter registros “desnecessários”.

Gráfico 26. Quanto ao custo-benefício do PBQP-H.

Nas questões sobre a contribuição do PBQP-H para a empresa, as empresas

de ambos dos grupos 1 e 2 possuem opiniões similares, concordando que o

programa agrega Qualidade nas Obras (Gráfico 27), com 92% e 60%

respectivamente,

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Gráfico 27. Quanto à contribuição do PBQP-H para a Qualidade das Obras.

Quanto a contribuição para a Produtividade das Obras (Gráfico 28), com 69%

e 60% das empresas, respectivamente, acreditam que o programa tem efetuado

melhorias, no entanto, um índice de 31% e 40% que afirmam que o programa não

contribui para a produtividade das obras não pode ser ignorado. Para exemplificar foi

citada por uma empresa a seguinte situação: para executar argamassa de

revestimento é habitual a utilização de pás para definição do traço, o que pode levar

a pequenas variações no traço conforme a quantidade de areia por pá, no entanto

isso não é aceitável como padronização, portanto é necessário o uso de padiolas ou

latas o que necessita uma pessoa a mais para executar o serviço e aumenta o

tempo de execução do mesmo.

Gráfico 28. Quanto à contribuição do PBQP-H para a Produtividades das Obras.

Finalmente, colocado o contexto em que se inserem as empresas no PBQP-

H, foi solicitado aos entrevistados se estes estavam repassando os custos gerados

pelo programa no preço final dos imóveis (Gráfico 29), sendo que no grupo 1 – das

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empresas com empreendimentos pelo PMCMV - 69% não aumentaram os preços e

no grupo 2, 80% das empresas aumentaram os preços. O que deixa claro a

motivação de cada grupo de empresas pela implantação do PBQP-H.

Gráfico 29. Quanto ao aumento do preço final dos im óveis em função dos custos do PBQP-H.

No grupo 1 os preços não foram elevados, uma vez que estas empresas

possuem limites de preço de venda por unidade e precisam fornecer um produto

mínimo aceitável pelo mercado, enquanto que no grupo 2, as empresas praticam o

preço que considerarem interessante, e portanto, utilizando-se da certificação dentro

do PBQP-H para agregar valor aos imóveis.

4.2. ANÁLISE DOS RESULTADOS

“ampliar o acesso à moradia de qualidade para a população de menor renda, por meio da elevação dos patamares de qualidade e produtividade da indústria da construção civil, com o uso de procedimentos ambiental, social e economicamente sustentáveis.” (WEBER, 2008)

“Moradia para as famílias Renda para os trabalhadores Desenvolvimento para o Brasil.” (MINISTÉRIOS DAS CIDADES, 2009)

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É com o objetivo do PBQP-H e com o slogan do Programa Minha Casa Minha

Vida que se vincula aqui os programas e se discute seus resultados na região da

Superintendência Norte Gaúcho da Caixa, considerando a partir de agora somente

as empresas com empreendimentos pelo Programa Minha Casa Minha Vida.

Com a exigência dos operadores do Sistema Financeiro Habitacional da

adesão das empresas que vendem na planta através dos programas habitacionais

nacionais ao PBQP-H, este aumentou sua importância em termos de programa de

qualidade e também em número de adesões. Assim, para analisarmos os resultados

do programa precisamos analisar também, superficialmente, o Programa Minha

Casa Minha Vida para chegarmos a um ponto comum.

Na região estudada, se mostrou uma insatisfação maior referente à

burocracia da Caixa para as operações do PMCMV do que propriamente com o

sistema do PBQP-H, que aparentou gerar dúvidas quanto à sua eficácia, mas com

conclusões favoráveis ao programa.

As empresas, na maior parte pequenas ou micro, atuando pelo Programa

Minha Casa Minha Vida possuem empreendimentos de tamanho médio com um

número administrável de unidades, não seguindo os empreendimentos existentes

nas grandes cidades brasileiras, com centenas de unidades, assim, com um número

menor de funcionários nas obras, fica facilitada a implantação do PBQP-H.

Conforme aponta Maricato, (2008) “há uma dificuldade muito grande do mercado

trabalhar com produtos que não sejam as torres em grandes terrenos que se tornam

quase clubes ou o loteamento extensivo, periférico ou rural, fechado.”

Com o aumento recente dos valores limites para o Programa Minha Casa

Minha Vida para R$ 100.000,00 em algumas cidades da região (SECOM, 2011), as

empresas se mostraram satisfeitas com os valores de venda, conseguindo oferecer

produtos com boa aceitação no mercado dentro dos limites do programa. Apesar da

satisfação com os valores de venda, os custos para aquisição de terrenos e

materiais continuam aumentando, e a mão-de-obra cada vez mais escassa, o que

por sua vez leva ao aumento dos custos com mão-de-obra ou à inclusão de pessoal

não qualificado nas obras, isso é um fator agravante já que os contratos com a

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Caixa não são reajustados durante o decorrer do empreendimento, podendo defasar

a avaliação das unidades em torno de 24%20.

“se ocorrer um boom imobiliário sem que haja uma adequada regulação do mercado de terras e sem que a cadeia produtiva da construção civil esteja em condições de fornecer os insumos necessários, existe forte risco de se gerar efeitos negativos, sobretudo para a produção de habitação de interesse social.” (BONDUKI, 2008, p. 103.).

Para atender a um volume maior de obras, com mão-de-obra pouco

qualificada e escassa o PBQP-H impõe ferramentas que, quando corretamente

implantadas, são capazes de obter um controle eficaz. Para administrar estes

controles, as empresas estão optando por contratar estagiários, supervisionados por

um profissional, normalmente já no corpo técnico da empresa.

A contratação de novos profissionais técnicos ou estagiários por si só eleva

os custos fixos das empresas, assim, com a expansão do corpo técnico é também

necessário aumentar os controles e procedimentos internos, que também envolve

custos, e por sua vez demandam treinamentos e consultorias, assim, mais custos.

Formando então um ciclo vicioso, para cobrir os custos gerados pela expansão do

corpo técnico é necessário maior número de obras, que irão gerar uma nova

necessidade de profissionais..

No que se refere aos custos de implantação e manutenção do PBQP-H,

verificou-se uma insatisfação quanto à quantidade de registros físicos que é

necessário armazenar para gerar evidências nas auditorias. Também foram

elencados os custos excessivos para cada certificação ou manutenção da

certificação, já que as empresas ficam sujeitas à boa vontade do auditor, e se

sentindo obrigadas a provê-los de regalias para evitar danos à avaliação. Isto porque

o diagnóstico do auditor é final, normalmente não permitindo que a empresa possa

sanar possíveis não-conformidades.

Verificou-se também que as empresas estão atrasando as certificações

sempre que possível, ou sempre que a Caixa exige – na contratação e na liberação

20 INCC-M acumulado de janeiro de 2008 a dezembro de 2010. Considerando 3 anos como prazo médio entre início das análise da engenharia e avaliação das unidades até a entrega da obra.

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da última parcela de cada obra – a fim de atrasar o desembolso do custo da

auditoria. Explicando assim o fato de possuir um grande número de empresas com o

prazo vencido.

Mesmo apontando problemas, dificuldades e custos excessivos nenhuma das

empresas manteve uma posição radical negando a validade do PBQP-H, ainda que

tendo certa dificuldade em avaliar a viabilidade do mesmo, é reconhecido o mérito

de algumas ações, principalmente no que se refere à qualidade e aos procedimentos

criados para as empresas, facilitando a execução dos serviços. Sendo que a

dificuldade maior apontada está na produtividade das obras, que fica comprometida

pela recorrente descontinuidade da mão-de-obra.

A viabilidade em construir pelo Programa Minha Casa Minha Vida e, assim,

colaborar para o sucesso do programa, passa pela fonte de financiamento dos

empreendimentos, que é o principal fator facilitador e motivador às empresas em

seguir as regras ditadas pela Caixa, uma vez que, como o financiamento ao

mutuário é facilitado e a venda dos imóveis é praticamente garantida antes do início

da obra, as empresas consigam manter um fluxo de caixa totalmente favorável,

sendo que só necessitam desembolsar o valor do terreno, projetos e licenças para o

início da obra, e o terreno é pago para a empresa na assinatura do contrato,

iniciando a obra com um fluxo de caixa positivo.

Acrescentando a isto, como os mutuários têm subsídio por parte do governo,

empresas, corretores e a própria Caixa usam do subsídio como se este fosse um

desconto disponibilizado pela empresa ou pela instituição, e não um apoio

governamental. Assim, utilizam deste argumento para vender os imóveis ou cobrar

valores adicionais, aumentando o preço final dos imóveis, apesar de declararem não

o fazer.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisou-se até aqui o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do

Habitat – PBQP-H vinculado ao Programa Minha Casa Minha Vida – PMCMV, pelo

fato de o primeiro obter maior adesão em função do segundo, que é um programa

habitacional e também social e econômico, já que não visa somente resultados

habitacionais. O PBQP-H, por outro lado, é um programa com propósito único de

garantir a qualidade e a produtividade das construções com o uso de procedimentos

sustentáveis.

Assim como o PMCMV passa pela aprovação das construtoras e

incorporadoras, o sucesso do PBQP-H passa por uma adesão em massa das

empresas construtoras e incorporadoras.

Uma possibilidade para diminuição dos custos das empresas gerados por

certificações, auditorias e consultorias seria a expansão do PBQP-H junto a um

maior numero de empresas e, assim, realmente atingir ganhos em qualidade e

produtividade na indústria da construção civil com maior abrangência para os

padrões construtivos nacionais.

Enquanto isso não acontece, o PBQP-H mantém custos altos e recorrentes,

por vezes até criando hábitos nas empresas que vão contra a sustentabilidade

ambiental – por exemplo, a quantidade de documentos que precisam ser impressos

somente para os auditores verem que a empresa o está fazendo – e é encarado

como um obstáculo para o Programa Minha Casa Minha Vida, ou mais um custo

gerado pelo programa, já carregado de tantos custos como seguro risco engenharia,

seguro garantia de obra, seguro pessoal dos mutuários, análises de risco,

engenharia, social e jurídica, medições durante a obra, além é claro da mudança nas

regras que acontece sem aviso nem discussão e, assim, por muitas vezes anulando

os subsídios disponibilizados pelo mesmo.

A fim de diminuir os custos de implantação as empresas procuram se manter

o máximo de tempo possível com a certificação no Nível C, que é o nível mais baixo

possível após o 1º ano, e o de custo mais baixo das certificações assim como um

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número inferior de controles, procedimentos e treinamentos que os Níveis B e A,

onde praticamente todos os serviços e materiais são controlados e o custo das

certificações é consideravelmente elevado.

Como as empresas que constroem pelo Programa Minha Casa Minha Vida

não usufruem do ganho em imagem gerado pela titulação de Nível A ou ISO9001, e

o preço máximo de imóvel é limitado, estas tendem a lançar empreendimentos

afastados dos centros urbanos e/ou unidades com tamanho reduzido para se

enquadrar nas regras do programa.

Finalmente, o peso recai sobre as micro e pequenas empresas,

predominantes na região que, com um número menor de obras, precisam fazer

investimentos em infra-estrutura e pessoal qualificado para atender as normativas de

ambos os programas, levando necessariamente a um aumento dos preços por metro

quadrado dos imóveis vendidos através do Programa Minha Casa Minha Vida.

Os custos, tanto quanto os benefícios, decorrentes da implantação do PBQP-

H são de difícil mensuração e até mesmo percepção, principalmente em empresas

que já vem habituada à uma cultura de escassa organização, controle e

procedimentos, na maioria das vezes sem uma base de referência para

comparações com os resultados posteriores a implantação do programa. Isto ficou

claro nas empresas pesquisados, uma vez que todas tiveram bastante dificuldade

em avaliar o PBQP-H em termos de custo-benefício.

Fica como sugestão para futuros trabalhos nesta linha de pesquisa um

aprofundamento sobre os custos diretos e indiretos gerados pelo programa, assim

como estudo de casos em empresas de pequeno e médio porte com o programa em

implantação, a fim de obter uma avaliação mais precisa da viabilidade do programa

nestas empresas assim como a viabilidade dentro do Programa Minha Casa Minha

Vida.

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REFERÊNCIAS

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ANEXO 1 - QUESTIONÁRIO

Este questionário faz parte de uma pesquisa de dissertação de mestrado da

Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI do mestrando Michel Chiochetta com orientação

da Prof. Dra. Adriana Marques Rossetto. A pesquisa em questão é intitulada:

“IMPLICAÇÕES DO PROGRAMA BRASILEIRO DE QUALIDADE E PRODUTIVIDADE DO

HABITAT (PBQP-H) NAS HABITAÇÕES CONTRATADAS PELO PROGRAMA MINHA

CASA MINHA VIDA – IMÓVEL NA PLANTA – ESTUDO NA REGIÃO DE ABRANGÊNCIA

DA SUPERINTENDÊNCIA (SR) DA CAIXA PASSO FUNDO”.

1. Quantos funcionários a empresa possui no escritório (incluindo diretoria)? ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) Mais de 6 Quantos? ____ 2. Desses, quantos são profissionais técnicos? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) Mais de 5 Quantos? ____ 3. Quantos são estagiários? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) Mais de 5 Quantos? ____ 4. Quantos funcionários nas obras? ( ) Até 9 ( ) 10 a 19 ( ) 20 a 49 ( ) 50 a 99 ( ) Mais de 100 Quantos? ____ 5. A empresa possui profissionais em tempo integral nas obras? ( ) Sim ( ) Não 6. Quantos empreendimentos a empresa possui em andamento? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) Mais de 5 Quantos? ____ 7. Quantos destes contratados através do Programa Minha Casa Minha Vida? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) Mais de 5 Quantos? ____ 8. Qual sua avaliação dos valores limites para venda de imóveis pelo Programa Minha

Casa Minha Vida? ( ) Ótimo/Bom ( ) Razoável

( ) Ruim ( ) Péssimo 9. Na sua avaliação, os terrenos aumentaram de valor em função do Programa Minha Casa

Minha Vida? ( ) Sim ( ) Não 10. Na sua avaliação, os materiais aumentaram de valor em função do Programa Minha

Casa Minha Vida? ( ) Sim ( ) Não 11. De maneira geral, você acredita que os empreendimentos custam mais caro se vendidos

na planta através do Programa Minha Casa Minha Vida? ( ) Sim ( ) Não

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12. A sua empresa está em que nível do PBQP-H? ( ) A ( ) B ( ) C ( ) D ( ) Ainda não aderiu 13. Se você respondeu não aderiu, por favor selecione uma das opções abaixo: ( ) Esperando para uma data próxima de contratar uma obra com o PMCMV? ( ) Desistiu de aderir ao Programa ( ) Outro: ________________________________________ 14. Você acredita que a inclusão da empresa no PBQP-H trouxe benefícios imediatos para

os processos da empresa? ( ) Sim ( ) Não 15. A empresa segue rigorosamente em todos os canteiros de obras os preceitos do PBQP-

H? ( ) Sim ( ) Não

16. Foi necessária a expansão do corpo técnico da empresa em função dos controles do

PBQP-H? ( ) Sim ( ) Não 17. A empresa já possuía um Sistema de Gestão previamente a inserção no PBQP-H? ( ) Sim ( ) Não 18. Você acredita que os custos gerados pelo PBQP-H foram compensados pelos benefícios

gerados pelo mesmo? ( ) Sim ( ) Não 19. A empresa aumentou o preço dos imóveis em função dos custos gerados pelo PBQP-H? ( ) Sim ( ) Não 20. Você acha que o PBQP-H contribui para a Qualidade das obras? ( ) Sim ( ) Não 21. Você acha que o PBQP-H contribui para a Produtividade dos canteiros de obras? ( ) Sim ( ) Não

Observações:

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