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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E CULTURA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TURISMO E HOTELARIA - PPGTH CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM TURISMO E HOTELARIA
LUIZ MESSIAS RIBEIRO BATISTA
CONTRIBUIÇÃO DO SIG APLICADAS AO TURISMO: mapeamento e
potencialização do Centro Histórico de São Luís-MA como subsídio à
atividade turística
Balneário Camboriú
2016
1
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E CULTURA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TURISMO E HOTELARIA - PPGTH
CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM TURISMO E HOTELARIA
LUIZ MESSIAS RIBEIRO BATISTA
CONTRIBUIÇÃO DO SIG APLICADAS AO TURISMO: mapeamento e
potencialização do Centro Histórico de São Luís-MA como subsídio à
atividade turística
Dissertação apresentada ao colegiado do PPGTH, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Turismo e Hotelaria. Área de concentração: Planejamento e Gestão do Turismo e da Hotelaria Orientador: Prof. Dr. Paulo dos Santos Pires
Balneário Camboriú
2016
2
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
Vice-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria – PPGTH
Curso de Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
LUIZ MESSIAS RIBEIRO BATISTA
CONTRIBUIÇÃO DO SIG APLICADAS AO TURISMO: mapeamento e
potencialização do Centro Histórico de São Luís-MA como subsídio à
atividade turística
Dissertação apresentada ao colegiado do PPGTH, como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Turismo e Hotelaria. – área de concentração: Planejamento e Gestão do Turismo e da Hotelaria – (Linha de Pesquisa: Planejamento do Destino Turístico)
Balneário Camboriú (SC), 01 de março de 2016.
Membros da Comissão:
Presidente: _____________________________________________
PROF. DR. PAULO DOS SANTOS PIRES (UNIVALI)
Membro Externo: __________________________________________
PROFA. DRA. RAFAELA VIEIRA (FURB/SC)
Membro Interno: __________________________________________
PROFA. DRA. DIVA DE MELLO ROSSINI (UNIVALI)
Membro Interno: ____________________________________________
PROF. DR. LUCIANO TORRES TRICÁRICO (UNIVALI)
3
“Nascer, morrer, renascer ainda e
progredir sempre - tal é a Lei”.
Alan Kardec
4
AGRADECIMENTOS
É com alegria e com meu coração aberto, que a cada nome aqui mencionado,
vou pedir uma bênção, pela parte em que cabe nesta trajetória...
Em primeiro lugar, a Deus “... a inteligência suprema causa primária de todas
as coisas".
Aos meus pais, Getúlio Castelo Branco Batista (in memoriam) e Carmen
Ribeiro Batista, que me criaram em meio à adversidade de minha saúde, e não
mediram esforços para que mesmo com uma deficiência física eu evoluísse na vida,
através dos estudos, e com honestidade; sou eternamente grato.
Aos meus dois irmãos, Zilene Ribeiro Batista e Benedito Ribeiro Batista, pelo
apoio e companheirismo da vida juntos na família.
Aos meus tios, sobrinho, primos e cunhadas, com quem sempre posso contar
em todos os momentos da vida.
À Maria do Socorro Pereira Silva Batista, minha esposa; e Luís Augusto Silva
Batista, meu filho, que convivemos em uma vida familiar com amor, carinho e
dedicação, e sem eles eu não conseguiria ir além de minhas forças.
Ao Prof. Dr. Paulo dos Santos Pires, desde suas aulas ministradas, ainda na
etapa de créditos e, em seguida, quando aceitou fazer a orientação de minha
pesquisa, em um momento de atribulação, mas que depositou sua confiança em
mim e assina este trabalho comigo. O que mais me faz feliz é que vejo no Prof.
Paulo Pires um amigo, e ainda deponho que ele é uma unanimidade entre os
mestrandos, uma pessoa impoluta no Programa e na UNIVALI. Obrigado, professor,
e que o Senhor Deus o proteja, junto a sua família, como sempre o Fez!
Aos Professores e Funcionários do Programa de Mestrado, e em nome de
todos, profiro nome, como representante, do Coordenador do Programa, Prof. Dr.
Francisco Antonio dos Anjos, que sempre esteve próximo a nós em todas as etapas
do MINTER. Pela afinidade no primeiro momento, à Profa. Dra. Rafaela Vieira,
quando a mim recepcionou no início dos trabalhos, e por obra do acaso não pude
mais contar como orientadora, reconheço sua competência.
Ao IFMA – Pró-reitoria de Pesquisa Pós-graduação e Inovação – PRPGI, que
oportunizou uma capacitação de mestrado conveniada com a UNIVALI – Programa
de Turismo e Hotelaria, que tem notório prestígio no território nacional e exterior, e
reconheço o acolhimento dessa briosa Instituição ao nosso grupo de mestrado.
5
A todos os Professores e Funcionários do Campus São Luís Cento Histórico,
em especial, ao Prof. Dr. Carlos Alexandre Amaral Araújo (Diretor-geral); ao
Doutorando Rodrigo Lago, de início e, em seguida, à Ms. Aline Rodrigues Mendes
Vieira Araújo, na Coordenação do MINTER, pelo empenho para a realização do
mestrado. Agradeço as colaborações. Especialmente, gostaria de agradecer a
amizade, a presteza, a simplicidade e a competência, do mais alto nível, da Profa.
Dra. Terezinha de Jesus Campos de Lima, que me ensinou um pouco de sua vasta
sabedoria; do Doutorando Samuel Benison da Costa Campos, pelas suas falas de
incentivos, sugestões e capa; e a outros, com quem sempre posso contar no
Campus: Profa. Dra. Adriana Barbosa Araújo; Profa. Rosália Muniz Macedo;
Doutoranda Luciene Amorim Antonio; Prof. Dr. Paulo Batalha Gonçalves; Ms.
Nataniel Mendes da Silva; Ms. Alidia Clícia Silva Sodré e a Profa. Elizabeth Correa
da Silva. E finalizo este parágrafo para mencionar com orgulho o nome da pessoa
mais extraordinária que conheço, o doutorando Vilton Soares de Souza, como amigo
pessoal e de trabalho, que tenho a convicção de ser uma pessoa do bem e da paz,
que muito fez por mim nas dificuldades e nas alegrias.
O Doutorando Mauricio Eduardo Salgado Rangel, meu melhor amigo, dedico-
lhe e congratulo pela contínua prontidão em me ajudar; assim como o Ms. Márcio
Brito Bonifácio, Ricardo Sousa Almeida, Ms. Ulisses Denache Vieira Souza, Vitor
Raffael de Carvalho; e a Doutoranda Luiza de Marilac Veras Uchôa, por suas
sugestões, pelas colaborações no material de pesquisa e profissionalismo, não
medindo esforços para ajudar.
A todos os colegas do MINTER, em especial, aos companheiros do Campus
São Luís Centro Histórico: Ms. Ana Patrícia Silva de Freitas Choairy, Ms. Thayara
Ferreira Coimbra, Ms. Rebeca Reis Carvalho e a Mestranda Ivanilde Cordeiro
Pacheco, com quem dividi os desafios do mestrado e o cotidiano de docência, na
busca por dias melhores aos educandos, a quem chegará com mais qualidade os
resultados de nossa eloquente capacitação em prol de um país mais justo e um
mundo melhor.
6
RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo principal a realização de uma reflexão acerca dos estudos do Sistema de Informação Geográfica como uma ferramenta que contribui com o turismo, a fim de perceber o quanto essa relação pode incrementar o setor turístico e seus segmentos, mostrando, de forma a ponderar a concepção das geotecnologias e a aplicabilidade ao setor. Abalizado em uma pesquisa bibliográfica que aceita estabelecer visão holística do espaço geográfico com notação científica acerca de mapeamentos e potencialidades do Centro Histórico de São Luís, a questão central da pesquisa traz a espacialização da área com as nuanças do patrimônio histórico e cultural, e o impacto da informação turística organizada através do Sistema de Informação Geográfica – SIG. Nesse contexto, à luz do pensamento sistêmico da Teoria Geral dos Sistemas e do Sistema Turístico que norteou a fundamentação teórica da pesquisa, para considerar o modelo criado por Mário Beni, o SISTUR, a coluna dorsal da investigação, pois se passou a admitir que esse estudos trouxeram uma perspectiva sistêmica à pesquisa, cujos objetivos foram caracterizar, sistematizar, descrever e apontar a oferta turística do Centro Histórico de São Luis-MA e sua relação com o Turismo Cultural e Patrimonial, associado aos dados geoespaciais. Portanto, esta pesquisa buscou gerar uma discussão sobre o impacto da informação turística organizada através do SIG, para visualização de mapas e elementos do espaço turístico. Os resultados dessas reflexões são reunidos em forma de mapas confeccionados, que permitem a visualização de elementos do espaço turístico, com os principais componentes da oferta turística, cartograficamente representados por mapas temáticos, segundo sua natureza de envolvimento na atividade turística. Palavras-chave: Turismo; SIG; Centro Histórico de São Luis-MA.
7
ABSTRACT
The main objective of this research is to offer a reflection on the studies related to the Geographical Information System, as a tool that contributes to tourism, in order to perceive how this relationship can increase the tourism sector and its segments, showing how to reflect on the concept of geotechnologies and their applicability to the sector. Supported by a bibliographic review that establishes a holistic vision of the geographical space with scientific representation on mappings and potentialities of the Historical Center of São Luís, the central research question addresses the spatialization of the area, with the nuances of the historical and cultural patrimony and the impact of tourism information, organized through the Geographical Information System [Sistema de Informação Geográfica – SIG]. In this context, in light of the systemic thinking of General Systems Theory and of the Tourism System that provided the theoretical background to this research, it considers the model created by Mário Beni – SISTUR, which provides the backbone of the investigation, as it is accepted that these studies brought a systemic perspective to the research, with the aims of characterizing, systematizing, describing and pointing out the tourism offer of the Historical Center of São Luis - MA and its relationship with Cultural and Patrimonial Tourism, associated with the geospatial data. Therefore, this research seeks to generate discussion on the impact of tourism information organized through the SIG, for the visualization of maps and elements of the tourism space. The results of these reflections are gathered in the form of created maps that enable the visualization of elements of the tourism space, as the main components of the tourism offer, cartographically represented by thematic maps, according to their nature of involvement in tourism activity. Keywords: Tourism; SIG; Historical Center of São Luis - MA.
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Interdisciplinaridade do turismo........................................................ 24
Figura 2 - Proposta de estudo interdisciplinar do Turismo............................... 27
Figura 3 - Sistema turístico de Raymundo Cuervo........................................... 30
Figura 4 - Modelo referencial turístico oferta-demanda.................................... 32
Figura 5 - Sistema de Turismo (SISTUR) de Beni............................................ 35
Figura 6 - Cadeia produtiva do turismo cultural................................................ 45
Figura 7 - Modelo referencial do SISTUR......................................................... 54
Figura 8 - Percurso metodológico..................................................................... 55
Figura 9 - Mapa de localização da Ilha do Maranhão....................................... 58
Figura 10 - Mapa do Centro Histórico de São Luís – Zoneamento.................... 59
Figura 11 - Exemplo de interpolação de dados de segurança no Centro Histórico de São Luís-MA.................................................................
62
Figura 12 - Oferta turística.................................................................................. 63
Figura 13 - Uso e ocupação de um recorte do Centro Histórico de São Luís...................................................................................................
65
Figura 14 - Identidade visual do Plano Maior do Turismo 2010......................... 67
Figura 15 - Identidade visual do Plano Maior do Turismo 2020......................... 69
Figura 16 - Classificação dos polos turísticos conforme Plano Maior do Turismo 2010...................................................................................
69
Figura 17 - Localização do Centro Histórico da cidade de São Luís-MA........... 71
Figura 18 - Localização do Centro Histórico da cidade de São Luís-MA....................................................................................................
72
Figura 19 - Estilos: art nouveau (Teatro) neocolonial (Palácio), art déco (Refesa) e popular............................................................................
73
Figura 20 - Maranhão (cidade de São Luís) Vista da Ponta de São Francisco – litografia.........................................................................................
75
Figura 21 - Aspectos da primeira intervenção da primeira etapa (Projeto Reviver - 1988/89) na praça do bairro Praia Grande, Centro Histórico de São Luís-MA.................................................................
77
Figura 22 - Rua Portugal antes e depois, com proibição de trânsito veicular e efeito do novo sistema de iluminação..............................................
77
Figura 23 - Totens publicitários.......................................................................... 78
Figura 24 - São Luís do Maranhão nasceu do mar e possui o caráter marcante de uma cidade colonial portuária.....................................
79
Figura 25 - Revitalização do Centro Histórico de São Luís-MA: um novo 79
9
cenário, articulação entre a tradição e a modernidade....................
Figura 26 - Traçado de São Luís (1615), do Centro Histórico de São Luís de traçado ortogonal.............................................................................
80
Figura 27 - Foto 360° do Centro Histórico de São Luís-MA............................... 82
Figura 28 - Foto 360° do Centro Histórico de São Luís-MA............................... 82
Figura 29 - Modelo referencial do SISTUR redesenhado e incorporando o SIG...................................................................................................
85
Figura 30 - Base cartográfica de atrativos turísticos do Centro Histórico........... 88
Figura 31 - Carta imagem de atrativos turísticos do Centro Histórico................ 89
Figura 32 - Base cartográfica de equipamentos e serviços turísticos do Centro Histórico................................................................................
91
Figura 33 - Carta imagem de equipamentos e serviços turísticos do Centro Histórico...........................................................................................
92
Figura 34 - Base cartográfica de infraestrutura básica do Centro Histórico....... 94
Figura 35 - Carta imagem da infraestrutura básica do Centro Histórico............ 95
Figura 36 - Mapas em buffer do Centro Histórico de São Luís.......................... 97
Figura 37 - Áreas de influência da atividade turística......................................... 98
Figura 38 - Interligação de transporte para atender ao turismo......................... 99
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Perfil do turismo cultural brasileiro................................................ 46
Tabela 2 - Perfil do turismo cultural internacional no Brasil............................ 47
Tabela 3 - Diretrizes para o desenvolvimento do turismo cultural.................. 48
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 13
1.1 Delimitação do tema............................................................................ 13
1.2 Problemas de pesquisa....................................................................... 16
1.3 Objetivos.............................................................................................. 18
1.3.1 Objetivo geral..................................................................................... 18
1.3.2 Objetivos específicos........................................................................ 18
1.4 Justificativa da pesquisa...................................................................... 18
2 FUNDAMENTAÇÂO TEÓRICA.......................................................... 21
2.1 As relações interdisciplinares do turismo com as geociências............ 21
2.1.1 Os Sistemas de Informação Geográfica – SIGs.............................. 25
2.1.2 Evolução do pensamento sistêmico................................................ 25
2.1.3 Sistema Turístico: os modelos de Reymundo Cuervo e Boulón.................................................................................................
29
2.1.4 Modelo SISTUR de Beni.......................................................................... 34
2.1.5 Conjunto de relações ambientais: subsistemas ecológico, econômico, social e cultural..............................................................
35
2.1.6 Conjunto das relações estruturais.................................................... 36
2.1.7 Conjunto das ações operacionais..................................................... 37
2.2 Turismo cultural................................................................................... 38
2.2.1 Turismo, cultura e patrimônio: considerações acerca do turismo cultural.................................................................................
39
2.2.2 Turismo cultural: conceito, características, estruturação do produto e cadeia produtiva..............................................................
44
2.2.3 Turismo cultural na perspectiva sistêmica e o papel do planejamento......................................................................................
50
3 METODOLOGIA.................................................................................. 52
3.1 Tipologia e método da pesquisa.......................................................... 52
3.2 Procedimentos metodológicos............................................................. 54
3.3 Identificação e delimitação do objeto da pesquisa.............................. 57
3.4 Coleta e processamento de dados...................................................... 59
3.5 Análise de dados................................................................................. 60
3.5.1 Sistemas de Informações Geográficas (SIGs) aplicados ao Centro Histórico de São Luís: contribuições técnicas para o planejamento do turismo cultural....................................................
62
12
3.5.2 Identificação e espacialização da oferta turística........................... 64
3.5.2.1 Mapas temáticos.................................................................................. 64
3.5.2.2 Mapas temáticos por aproximação (Buffer)......................................... 65
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................... 66
4.1 O turismo cultural no Estado do Maranhão......................................... 66
4.2 A cidade de São Luís e a localização do seu Centro Histórico e a caracterização da oferta turística.........................................................
70
4.2.1 Turismo, cultura e patrimônio: considerações acerca do turismo cultural..................................................................................
78
4.3 Sistema de Informações Geográficas (SIG) aplicado ao Centro Histórico de São Luís: contribuições técnicas para o planejamento do turismo cultural................................................................................
84
4.4 Identificação e espacialização da oferta turística................................ 87
4.4.1 Mapas temáticos por aproximação (Buffer).................................... 96
4.4.2 Avaliação e proposições para o planejamento do turismo cultural................................................................................................
98
CONCLUSÃO...................................................................................... 100
REFERÊNCIAS................................................................................... 104
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 Delimitação do tema
Durante sua existência, a raça humana vem presenciando conflitos,
revoluções, surgimento das tecnologias, a conquista de espaços e territórios; e a
caminhada continua a ser trilhada, para proporcionar mais evolução e soluções na
jornada da humanidade. Hoje, a comunicação visual através de mapas nos permite
tirar conclusões sobre o planeta, facilitadas pelas imagens de satélite, não deixando
de ressaltar os pensadores da Grécia antiga, que deram contribuições importantes
para o desenvolvimento da Cartografia, como os primeiros mapas, em função de
suas experiências militares e de navegação, quando criaram o principal centro de
conhecimento geográfico do mundo ocidental, interessados em calcular valores
relacionados à esfericidade da Terra. As referências gregas para a época eram a
Biblioteca de Alexandria e pensadores como Eratóstenes que, mesmo com
limitações, fazia medições muito próximas dos números de hoje (SILVA, 2013).
De acordo com Rosa (2004), é somente na Idade Média que a Cartografia é
levada a um patamar científico, pois é nesse período que se abandona a ideia de
que a Terra era um disco, e a relação de esfericidade vira uma certeza entre os
navegadores, quando esses percebem, em suas viagens, o razoável afastamento da
Estrela Polar, além da projeção da sombra da Terra na Lua (eclipses).
Como nos informa Fitz (2008), com o passar dos tempos a Cartografia foi
experimentando uma gama de utilidades e aplicações; e os mapas,
consequentemente, ganharam importância, principalmente quando passaram a
servir como instrumentos de apoio aos colonizadores, no século XVII, que
aperfeiçoaram suas escalas, de forma proporcional às distâncias lineares.
Na opinião de Santos (2011), passamos de uma cartografia tradicional a um
produto cartográfico temático, para apresentar resultados analíticos, preocupado
com o planejamento, a execução e a impressão final, em plotagem, de mapas
temáticos e de precisão. Evolutivamente, a cartografia passou a experimentar a
tecnologia advinda da informática, que consagrou o uso dos sistemas de informação
geográfica, proporcionando a utilização do mapeamento automatizado e gerenciado,
que trabalha com o armazenamento de informações já processadas.
14
Esta revolução tecnológica incrementou o surgimento dos sistemas
computacionais, como o Geographical Information Systems (SIG, do inglês GIS),
que possuem programas computacionais especiais para coleta, armazenamento,
processamento e análise digital de dados georreferenciados, objetivando a produção
de informações espaciais.
Para Alcântara (2011), existe uma diversidade de autores do arcabouço
científico que manifestam variadas definições para descrever os SIGs, em três
conceitos baseados em componentes essenciais e aplicação espacial, como
ferramentas, dados e estruturas organizacionais.
Fazem-se necessários, para o turismo, investimentos, para a adequação ao
tempo e à realidade cotidiana, de forma que aliar a essa atividade os incrementos
tecnológicos e as modernidades práticas são atitudes indispensáveis para o
aumento da atividade turística, buscando estabelecer uma relação entre a
cartografia digital e o turismo, e proporcionando um novo olhar sobre este
relacionamento de múltipla visão, que incorpora benefícios na organização e no
planejamento da prática do turismo.
As geociências passaram a se configurar como importantes aliadas ao
turismo, em virtude de sua capacidade em gerar, de forma rápida e precisa, dados
incorporados aos fatores de localização geográfica para a atividade turística; trata-se
de um arcabouço significativo, quando se pensa em planejamento, potencialidades,
gestão e estratégias turísticas. As geotecnologias utilizadas como instrumento de
recurso de gestão permitem um melhor aproveitamento na capacidade da atividade
do setor turístico, bastando serem vistas como uma ferramenta sistêmica para
incremento do setor.
Nodari (2006) ressalta a importância do uso das geotecnologias no turismo,
notadamente nos recursos oferecidos pelo Sistema de Informações Geográficas
(SIG), como uma ferramenta ímpar para apoiar e subsidiar a atividade turística com
informações geoespaciais precisas e rápidas.
Consoante Moran e Batistela (2008) revelam que as geotecnologias são
reconhecidamente utilizadas, no âmbito do turismo, em roteiros, exposição,
comunicação através de mapas, guias, sites e aplicativos, pois na busca por
destinos, o turista se apropria de conteúdos prévios de informações das localidades.
O espaço geográfico se caracteriza pela produção antrópica, para daí ser
considerado lugar de morada e/ou destino turístico. Um dos destinos turísticos
15
brasileiros da região Nordeste é a cidade de São Luís, capital do Estado do
Maranhão. A cidade completou recentemente 403 anos, e conserva em seu
patrimônio o título que obteve por recomendação, em 1997, sob o argumento de um
conjunto arquitetônico único, formado por um acervo de construções designado para
moradias e destinado à população civil, conhecido como “Centro Histórico”, tombado
pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura –
UNESCO, como Patrimônio Cultural da Humanidade (SOARES, 2015).
Outra particularidade como atrativo turístico é que essa cidade é a capital
brasileira fundada por franceses, além de ser uma das três capitais insulares do
Brasil. Ao se considerar o turismo como uma das mais importantes atividades
econômicas do mundo moderno, é relevante ponderar, nos termos de Ruschmann
(2004), que esse pode ser uma opção ao desenvolvimento das comunidades e das
pessoas. No entanto, é necessário ser planejado com rigor para ser bem-sucedido.
Isso significa, portanto, levar também em consideração que o turismo é um agente
transformador e de (re)ordenamento de territórios, consumindo o espaço no qual se
projeta (CRUZ, 2002).
Nesse contexto, cabe pensar o Centro Histórico de São Luís como um
representativo conjunto colonial arquitetônico peculiar. Através de elementos
atrativos, como as mostras culturais e o repertório material, isso tudo para os turistas
que chegam à cidade, buscando, dentre outras motivações, reportar-se ao passado
colonial de uma sociedade testemunhada por casarões seculares, azulejos
portugueses pintados à mão, ladeiras trabalhadas em pedra de ladrilhos, mirantes1.
Enfim, encantos, mas também “desencantos” proporcionados pela falta de
infraestrutura básica, tais como saneamento básico, que sucumbiu ao declínio
econômico e ao consequente arruinamento do ambiente e das construções, por
abandono dos proprietários, somado ao fator tempo e intempéries, que tornaram o
meio ambiente colonial sem capacidade de proporcionar conforto e segurança a
quem o visita, vislumbra, mora e/ou trabalha.
1 Mirantes: cômodos construídos na parte mais alta das casas com o objetivo de demonstrar poder,
dar privacidade a determinados hóspedes; desses espaços se pode visualizar o mar e a paisagem dos telhados coloniais do entorno.
16
1.2 Problemas de pesquisa
Remetendo à comemoração da fundação da cidade, quatro centenários,
depara-se com uma cidade moderna, para padrões da época. São Luís se
consolidou como uma cidade planejada para suas origens, e hoje sofre os mesmos
males dos grandes centros urbanos, em que seu projeto inicial sucumbiu ao inchaço
urbano, somando ao seu núcleo original uma periferia de ocupação irregular.
Defende-se, aqui, que o caso de São Luís é tanto de difícil como de fácil
solução, pois o Centro Histórico é o grande destaque, quando se trata da referência
em diversos âmbitos de interesse, uma vez que o Patrimônio instalado, segundo
Rios (2001), é dotado do maior conjunto imobiliário colonial da América Latina, com
um revestimento azulejar peculiar, reconhecidamente de relevância cultural e
turística.
Nesse contexto, uma das atividades mais prejudicadas por ser interativo é o
turismo, que se desenvolve em meio a estratégias logísticas exauridas, quando a
localidade tem potencial a ser explorado, mas o descaso, a falta de planejamento, a
ausência do poder público e a falta de uma consciência patrimonial fazem este
conjunto colonial ser comparado a um território abandonado e desprovido.
No Centro Historico de São Luís-MA, o passado que nos é revelado retrata e
abriga em suas antigas edificações, muitas das quais abandonadas, representantes
da cultura material, e que se bem direcionados, poderiam revitalizar o espaço e o
ambiente.
Ramos (2005) comenta que apesar de maior acessibilidade à tecnologia, para
criação de mapas, os conteúdos analógicos ainda dividem a atenção de elementos
de multimídia e digitais.
É notório que há um reconhecimento por parte dos estudiosos, assim como
do próprio mercado (trade turístico), sobre a utilização da ferramenta SIG – Sistema
de Informação Geográfica – para potencializar o turismo, mas isso ocorre de modo
limitado.
Nota-se, ainda, que as geotecnologias, como instrumento para diagnóstico e
análise do espaço turístico, estão em fase de desenvolvimento, sendo que a aliança
do SIG ao turismo poderá potencializar esta atividade, transformando o turista em
um usuário virtual, conectado com a tecnologia.
17
Para tanto, os SIGs precisam ser aperfeiçoados e utilizados como uma
ferramenta para a atividade turística, sob dois aspectos: primeiro, na cooperação
junto à gestão e ao planejamento; segundo, aproveitando a disponibilidade da web
para disponibilidade em informar aos usuários com informações confiáveis.
Inovações tecnológicas têm contribuído para melhoria das atividades e da
qualidade de vida da sociedade, servindo para aperfeiçoar e aproveitar aquilo que o
espaço geográfico oferta. É fato que cada vez mais estamos dependentes da
informatização, internet, multimídia, e todo o amparo digital. Também é muito
simples encontrar, no universo multimídia, imagens de satélite, dados e informações
geoespaciais, assim como Sistema de Informações Geográficas, o que não significa
facilidade em lidar e extrair resultados, devido aos objetivos de utilização. O que se
tem percebido é que nas ultimas décadas o uso dos SIGs, em diversas áreas, vem
se ampliando no planejamento e gerenciamento do espaço.
Assim sendo, o problema central desta pesquisa é: como utilizar a ferramenta
SIG para analisar o Centro Histórico de São Luís-MA, contribuindo com o plano de
desenvolvimento do turismo cultural?
Nesse sentido, compreender a cidade de São Luís como um destino turístico
e, mais precisamente, o seu Centro Histórico, como um signo desta composição,
com olhar de quem mora e trabalha na localidade, remete a outras questões que
derivam do problema supracitado:
Em que medida a ferramenta de geoprocessamento (para tratamento de
dados geográficos) e sensoriamento remoto (com aquisição de
informações), poderia ser reconhecida e utilizada como instrumento de
auxílio no planejamento do turismo no espaço do Centro Histórico de São
Luís pela Prefeitura Municipal?
Quais produtos podem ser gerados para subsidiar planos para o
desenvolvimento da atividade turística no Centro Histórico de São Luís-
MA, com base em um banco de dados geoespacial?
18
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo geral
Analisar como as geotecnologias e o SIG podem contribuir como ferramenta
para o planejamento do Turismo Cultural do Centro Histórico de São Luís-MA, e seu
aporte para o inventário do patrimônio histórico local.
Como desdobramento, têm-se os seguintes objetivos específicos:
1.3.2 Objetivos específicos
Caracterizar a oferta turística no Centro Histórico de São Luís-MA, em seu
contexto localizacional e histórico;
Sistematizar o conhecimento sobre a utilização do SIG no turismo;
Descrever a aplicabilidade das geotecnologias enquanto ferramentas para
o turismo cultural (ou planejamento do turismo), com ênfase no Centro
Histórico de São Luís-MA;
Assinalar os dados espaciais obtidos por meio da ferramenta, com o uso
do SIG no inventário do Centro Histórico de São Luís-MA, e sugerir a
aplicação dentro na atividade turística como um todo.
1.4 Justificativa da pesquisa
Incentivar o turismo cultural predispõe a apropriação de todos os
conhecimentos e recursos, em uma espécie de profusão de ideias, em que as
geotecnologias têm importância como ferramenta de planejamento turístico,
essencial importância tanto para as matérias básicas de identidade do potencial
turístico quanto para a preparação de material cartográfico, concepção e atualização
de um banco de dados de elementos turísticos e, principalmente, para a visualização
dos dados pelos usuários, propiciando assim uma maior celeridade e facilidade na
tomada de decisões, antes e durante as atividades.
Com o subsídio das geotecnologias, pode-se, por exemplo, transformar um
inventário turístico em um produto capaz de fornecer informações confiáveis e de
grande acessibilidade para o planejamento e a comunicação de um dado destino. O
19
acesso às informações especializadas do turismo e disponibilizadas na internet é de
grande utilidade para o turista, que poderá conhecer melhor os diversos elementos
que compõem a oferta turística de uma localidade – atrativos turísticos, serviços
públicos, equipamentos de apoio, meios de hospedagem – e, ainda, formatar o seu
próprio roteiro ou experimentar virtualmente os itinerários oferecidos pelas
operadoras e agências de viagem. Com o avanço e o aperfeiçoamento das técnicas
de processamento de dados em formato digital, torna-se possível vislumbrar a
experimentação dos serviços/produtos turísticos virtualmente, o que se configura
como uma importante estratégia de comunicação de destinações, podendo
influenciar de maneira efetiva na escolha dos destinos, uma vez que essa
experimentação virtual tende a tornar os produtos turísticos mais tangíveis.
Segundo Scalco (2006), a cartografia digital tem se tornado obrigatória para
os estudos das paisagens e dos ambientes turísticos, pois possibilita a automação
dos métodos manuais, armazenamento e visualização de dados espaciais assistidos
por computador.
Nesse contexto, relata Nogueira (2009), que mesmo sabendo das
potencialidades e do alcance, as geotecnologias ainda encontram “barreiras” para se
associarem à orbe econômica e, consequentemente, ao mundo da atividade
turística, pois frequentemente se encontra certa resistência técnica, quando
expostos aos termos como “Sistema de Informações Geográficas – SIG”, banco de
dados e cartografia digital.
Na opinião de Santos (2014), é importante salientar que para o setor de
turismo, um aspecto de grande importância é a necessidade de interligar um banco
de dados com a localização espacial dos atrativos turísticos ou de interesse turístico.
Assim, a implantação de um Sistema de Informações Geográficas (SIG) em uma
região de potencial turístico, subsidiaria o gerenciamento e a disponibilização de
informações rápidas e precisas para comunidades e visitantes; sobretudo para
formatação de novos produtos turísticos, assim como uma aproximação da
comunidade local com o seu patrimônio.
Essas observações vão ao encontro da constatação de Beni (2003) sobre a
importância do mapeamento turístico como possibilidade de visualização da
quantidade e distribuição geográfica do patrimônio turístico de uma região,
aplicáveis à realidade em questão.
20
Nesse sentido, a atuação da Subprefeitura da área do Centro Histórico
deixaria o cidadão mais próximo dos órgãos municipais que atuam na região,
melhorando a prestação de serviços à comunidade e ao visitante. No âmbito de tal
proposta, as geotecnologias seriam uma ferramenta de diagnóstico que facilitaria um
inventário, identificando categorias e possibilitando uma cartografia social da área,
deixando claro o potencial de cada setor, com destaque para as zonas de interesses
mercadológicos naquilo considerado como trade turístico local.
Destacam Souza, Tricarico, Oliveira e Rossine (2014), que o trade turístico do
Centro Histórico é promovido e avaliado pelos ludovisenses de forma positiva, por
materiais de divulgação impressos, e que faz leitura do patrimônio e promove o
destino São Luís-MA.
21
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Preliminarmente, serão abordadas, nesta fundamentação teórica, as
premissas da pesquisa, no que concerne ao entendimento da temática e aos
objetivos a alcançar, para reforçar o quanto é importante e necessário o uso das
geotecnologias, especificamente os SIGs, próximas ao turismo.
Por fim, discute-se o Turismo Cultural, levando em considerações suas
definições e sua relação com o Patrimônio, visto numa abordagem sistêmica,
buscando-se consolidar a relação das Geotecnologias, em especial o SIG, com o
Turismo, bem como sua contribuição.
2.1 As relações interdisciplinares do turismo com as geociências
O geoprocessamento se configura como um importante instrumento de
gestão, pois utiliza as geotecnologias para o processamento de informações, com
ênfase na localização geográfica, elemento indispensável para o planejamento, a
ordenação e o manejo do turismo (zoneamento turístico, levantamento de
potencialidades turísticas, identificação de fragilidades dos recursos naturais,
estimativa de capacidade de carga, inventários, etc.).
A International Cartographic Association (ICA) decidiu celebrar o Ano
Internacional do Mapa, entre os anos de 2015 a 2016, fazendo jus a um instrumento
de comunicação que a sociedade humana utiliza muito antes da escrita. Nas
palavras de Oliveira (1977 apud MAIO; GONÇALVES, 1977, p. 87), “o mapa é a
chance de trazer o mundo até nós”.
Vinculada a esta celebração, está organizada a I Olimpíada Brasileira de
Cartografia (ABRAC), a ser realizada como certame nacional periódico, com apoio
de Instituições públicas e privadas, identificadas com a proposta de discutir a
cartografia para estimular conhecimentos e estudos na temática, propondo aos
participantes um desafio construtivo para o estudo da geografia, especialmente o
conteúdo de cartografia. A ABRAC será realizada, em primeira etapa, nos estados
federados, e finalizada no Estado do Rio de Janeiro, onde acontece a culminância
do projeto. Portanto, existe um caráter valorativo e institucionalizado para gerar um
ambiente multidisciplinar entre as áreas do conhecimento, colocando lado a lado os
saberes para conferir importância do todo.
22
Evidente que há uma conformidade do tema, por ser mais próximo da
Geografia, da Cartografia e das Geotecnologias, incluindo-se o Sistema de
Informações Geográficas e o Geoprocessamento, que ao se relacionarem com o
turismo, geram conhecimentos capazes de creditar a atividade turística.
O fenômeno turístico se ampara originalmente nas ciências geográficas e
cartográficas, bem como na ciência da informação, pela capacidade de transformar
o modo de se comunicar e planejar o turismo, tanto para as comunidades nativas,
quanto para os turistas.
Nodari (2006, p. 217) observa a importância do uso das geotecnologias no
turismo, especialmente nos recursos proporcionados pelo Sistema de Informações
Geográficas (SIG):
A quantidade e o tipo de dados do setor turístico demandam uma ferramenta de gerenciamento que se defronta com as carências de um instrumento que otimize o armazenamento, análise e manipulação desses dados. Para o setor, um aspecto de grande importância é a necessidade de interligar um banco de dados com a localização espacial dos pontos turísticos ou de interesse turístico. Assim, a implantação de um Sistema de Informações Geográficas (SIG), em uma região de potencial turístico, subsidiaria o gerenciamento e a disponibilização de informações rápidas e precisas para comunidades e órgãos afins.
Rodrigues (1997, p. 41) relata que entre as ciências que passam a abordar o
turismo, encontra-se a geografia:
Tendências científicas recentes que enfatizam o tratamento holístico dos fenômenos, procurando eliminar as fronteiras rígidas entre os ramos do conhecimento, tornam cada vez mais delicada a tarefa do geógrafo, quando preocupado com a delimitação do campo abrangido por um determinado fenômeno, tendo em vista a sistematização do conhecimento científico.
Isso foi observado por Bertalanffy (1997), que não imaginava que a Geografia
fosse abraçar os pressupostos da Teoria Geral do Sistema, fato esse, lembrado pelo
grande número de pesquisas, nas quais o geossistema e a paisagem são as
categorias de análise mais usadas nos estudos sistêmicos, considerando sempre a
TGS, mesmo que não a discutindo profundamente. Competiria à Geografia conhecer
as inter-relações entre fenômenos de qualidades distintas que interagem numa
determinada porção do espaço terrestre.
Para Martinelli (1991, p. 35), o pensamento moderno tem uma mudança de
paradigmas e, logicamente, a cartografia é responsável pela reprodução espacial
dos dados:
23
[...] a cartografia não é simplesmente uma técnica, indiferente ao conteúdo que está sendo veiculado. Se ela pretende representar e investigar conteúdos espaciais... não poderá fazê-lo sem o conhecimento da essência dos fenômenos que estão sendo representados, nem sem o suporte das ciências que os estudam.
Importante ao turismo foi se aliar à geoinformação quando, a partir desse
acolhimento, as geotecnologias passaram a municiar a atividade turística com um
arsenal de informações processadas com evidência à localização, ao planejamento
e ao manejo turístico. Intensamente, a cartografia temática relataria com precisão
confiável levantamentos de demanda turística ou zoneamentos, e tudo aquilo que
fosse capaz de ser georreferenciado.
Passou o setor turístico a utilizar as geotecnologias de forma automática,
somente se lembrando do passado da cartografia clássica e se voltando a uma
dinâmica mais prática e acessível, em que as respostas à globalização são quase
que imediatas, conforme também mudou o mundo de analógico para digital.
Na prática, estamos lidando com um ambiente de transversalidade dos
aspectos sistematizados com uma visão mais ampla que remete ao conhecimento
interdisciplinar, na reforma dos procedimentos acadêmicos, tornando necessário
investir na temática da transdisciplinaridade. Talvez o turismo, por sua abordagem,
seja uma das ciências que mais investe nesse conceito, pois seu objeto requer
sempre uma busca de novos valores, outros olhares, novos conhecimentos,
diferentes conceitos, e se associar com a geografia, a cartografia e as geociências.
Como demonstra a figura 2, partindo de uma figura geométrica convergindo seus
vértices a outro de mesmo ângulo que contém conceitos próximos e usa também o
complemento conceitual adjacente para formar uma única cadeia de saberes em
que a ideia do geral é a soma de partes.
24
Figura 1 - Interdisciplinaridade do turismo
TURISMO
GEOGRAFIA GEOCIÊNCIA
CARTOGRAFIA
Fonte: Elaborado pelo autor (2015).
As geotecnologias passaram a compor a estratégia do turismo como uma
ferramenta de gestão e planejamento, em conformidade ao mundo web, que
conferiu abrangência aos mapas e seus derivados (roteiros, guias, visitas virtuais,
etc.), exercendo formidável influência na escolha dos destinos. Os melhores
exemplos dessa integração são: cartografia digital, sistema de informações
geográficas (SIG), global position system (GPS) e banco de dados geográficos.
Segundo Scalco (2006), a cartografia digital tem se tornado obrigatória nos
estudos das paisagens e dos ambientes turísticos, pois possibilita a automação dos
métodos manuais, armazenamento e visualização de dados espaciais assistidos por
computador.
Recurso ou outras linguagens são sinônimos dos novos aliados do turismo,
em se tratando de geotecnologias que colaboram no desenvolvimento de um
planejamento turístico que leva em conta o olhar multidisciplinar com possibilidade
de agregar mais e indicando soluções às questões que envolvem o espaço
territorial. As novas tecnologias aliadas são entendidas como facilitadoras da
comunicação para promoção do bem-estar de quem busca o que quer conhecer e
daqueles que apresentam o que querem servir.
Em uma visão neologista, estamos convivendo com a realidade do novo
turista: o i-turist@, que já traz consigo a aquisição prévia do produto turístico (oferta
e demanda online), que são observadas e julgadas de imediato dentro do potencial
turístico e, no mesmo tempo, expõe-se como do visitante. Passa a ser uma via de
25
mão dupla o conhecimento precedente das partes, que se possam provar a
capacidade de cada um em se relacionar como visado e visitante.
Este novo perfil de usuários trouxe mais autonomia aos envolvidos, pela
possibilidade de detalhar melhor em um ambiente (web) competitivo, aberto, amplo
que para a promoção do turismo dá um poder midiático e estímulo ao consumo de
destinos turísticos. Eis o que pode ser pensado como algo multidisciplinar, em que é
absorvido o mundo plural que cada área abstrai e filosofa.
2.1.1 Os Sistemas de Informação Geográfica – SIGs
Para Câmara (1993), SIGs são sistemas cujas principais características são
integrar, numa única base de dados, informações espaciais provenientes de dados
cartográficos, dados de censo e de cadastro urbano e rural, imagens de satélite,
redes e modelos numéricos de terreno. Servem para combinar as várias
informações, através de algoritmos de manipulação, para gerar mapeamentos
derivados, e consultar, recuperar, visualizar e plotar o conteúdo da base de dados
geocodificados.
Teixeira e Christofoletti (1992) afirmam que os SIGs são constituídos por uma
série de programas e processos de análise, cuja característica principal é focalizar o
relacionamento de determinado fenômeno da realidade, com sua localização. Eles
utilizam uma base de dados computadorizada que contém informação espacial,
sobre a qual atuam uma série de operadores espaciais (rotinas de software) e se
baseiam numa tecnologia de armazenamento, análise e tratamento de dados não
espaciais e temporais, e na geração de informações correlatas.
2.1.2 Evolução do pensamento sistêmico
A Teoria Geral dos Sistemas – TGS foi elaborada pelo biólogo austríaco
Ludwig Von Bertalanffy, e trouxe um olhar sistêmico ao mundo das ciências quando,
em 1968, forneceu um modelo conceitual para ser usado em variados campos do
conhecimento, projetando uma cadeia de informações em que a reciprocidade dos
saberes criaria uma conectividade mútua. A importância não estaria ligada a uma
parte e, sim, a um todo, pois o todo é a soma das partes.
26
A teoria sistêmica parte da vivência de modelos, princípios e leis que se
aplicam de maneira generalizada aos múltiplos campos da ciência, porque afirma
haver equivalência entre princípios gerais que governam o comportamento de
entidades que são intrinsecamente inseparáveis. Dessa forma, procura
generalizações, admitindo especializações que seriam exigidas para o
desenvolvimento de etapas e fases de trabalhos.
O turismo do início do século XXI, para Trigo (2003), permite a ampliação dos
campos de entretenimento, gastronomia, lazer, esportes, erotismo e deslocamentos
pelo planeta em breves orbitais, que para os dias de hoje já é algo real.
A partir da sistematização proposta pela TGS, o mundo científico passou a ter
uma integração entre as ciências naturais e sociais, com a clara proposta
pedagógica de uma educação científica com princípios de unificação, e na
formulação de métodos e postulados que fariam com que a ciência tivesse valores
éticos profissionais.
Os pressupostos teóricos de Bertalanffy (1968) seriam um instrumento útil
capaz de fornecer modelos a serem utilizados em diferentes campos do
conhecimento e transmitidos de uns para os outros, salvaguardando-os do perigo
das relações superficiais. Para ele, as ciências estavam se isolando umas das
outras, então, propôs um paradigma entre o estruturalismo e o sistemismo.
Um dos maiores desafios do autor da TGS era negar que sua formação de
origem na área de biologia era tendenciosa, pois, para a época, era extremamente
difícil compreender que o olhar de exatidão da ciência poderia ser influenciado pela
visão das ciências sociais – uma visão holística.
Bertalanffy (1968 apud DAVIDSON, 1983, p. 23) afirmou:
[...] se as leis dos sistemas biológicos – que regem os processos como crescimento e adaptação – podem ser aplicadas às áreas, além da biologia; e se a lei da gravidade é igualmente aplicável às maçãs e aos planetas; e se a lei da probabilidade se aplica igualmente à genética e aos seguros de vida, então, as leis dos sistemas biológicos bem poderiam ser aplicáveis à psique humana, às instituições sociais, e ao conjunto global da ecosfera.
O modelo conceitual de Bertalanffy (1968) é comparativo ao organismo vivo
como um sistema aberto, uma entidade em contínua interação com o ambiente.
Dessa forma, tal modelo continha implicações revolucionárias para a ciência social e
comportamental.
27
Bertalanffy foi o precursor do pensamento interdisciplinar em sua teoria,
aplicável a fenômenos em diversos domínios. Sendo o turismo uma ciência social,
foi absorvido e inserido nesse contexto, por se relacionar a ciências como geografia,
administração, economia, sociologia, entre outras, que emprestam seus
conhecimentos para explicar o desenvolvimento atribuído à atividade turística por
seus conceitos. A figura 1, mostrada a seguir, representa essa conexão. Percebe-se
que partindo do centro da imagem para as extremidades, em uma lógica reversa, há
um incremento maior de saberes, que se multiplicam à medida que são agregadas
novas competências.
Figura 2 - Proposta de estudo interdisciplinar do Turismo
Fonte: Adaptado de Panosso Netto (2005).
O debate do caráter sistêmico interdisciplinar foi se encorpando para um
discurso de ascensão do pensamento sistêmico, contextualizando-o na história da
evolução da ciência. O professor Christofolett (1979), por exemplo, sua área de
28
atuação é marcada por estudos ligados à geomorfologia, e emprestou para a
geografia a contemporização da lógica dos sistemas e interveio a ideia de que o
sistema é um conjunto dos elementos e das relações entre eles próprios e seus
predicados. “Definem o sistema como conjunto de objetos ou atributos de suas
relações, que se encontram organizado para executar uma função particular”
(CHRISTOFOLETT, 1979, p. 91).
Dessa forma, dentro desse conceito, o sistema é um operador que em uma
determinada distração de tempo recebe a entrada (input) e o transforma em saída
(output). Para Capra (1996, p. 31):
A ideia de um padrão de organização – uma configuração de relações características de um sistema em particular, tornou-se o foco explícito do pensamento sistêmico. O estudo do padrão tem importância fundamental para a compreensão dos sistemas, porque as propriedades sistêmicas surgem de uma configuração de padrões ordenados. Propriedades sistêmicas são características de um padrão.
Outros pensadores passaram a adotar a Teoria Geral dos Sistemas como
ponto de apoio ao pensamento de erudição, como é o caso de Beni (2001) que
oferece uma definição mais explicativa sobre sistema; apresentando-o como:
Conjunto de partes que interagem de modo a atingir determinado fim, de acordo com um plano ou princípio; ou conjunto de procedimentos, doutrinas, ideias ou princípios, logicamente ordenados e coesos, com intenção de descrever, explicar ou dirigir o funcionamento de um todo (BENI, 2001, p. 23).
A contextualização partiu para entendimento com um olhar adjacente ao meio
ambiente, aos elementos ou unidades e suas relações ou atributos em que se
pesem as entradas e saídas e com a preocupação de retroalimentação e modelo.
Panosso Netto (2005) relativiza com um olhar valorizado que remete à ideia
de reduzir a complexidade das coisas e ideias quando ficam mais fáceis de serem
compreendidas, analisadas e gerenciadas. Nas palavras do autor, “a estratégia para
alcançar êxito é separar um todo (coisa ou ideia) em seus elementos, para ver como
eles estão conectados” (PANOSSO NETTO, 2005, p. 62).
Uma das críticas mais severas e comentadas em relação à abordagem
sistêmica é feita por Woodward (1977), e se refere à cientificidade excessiva no
tratamento dos problemas da organização, pois pela formação do autor, a Teoria
apresenta semelhanças com um sistema biológico, e as que ocorrem na natureza
29
(mutualismo, simbiose, parasitismo). O autor comenta que excessos de paralelismo
podem levar a considerar analogias com outros sistemas cujo funcionamento é tão
previsível quanto o dos biológicos. Outro aspecto também contestado por diversos
autores está na ênfase desproporcional no ambiente em que se aplicam.
Posteriormente, tivemos uma espécie de elaboração de outros métodos para
aperfeiçoar os postulados da Teoria Geral dos Sistemas, como foi o caso da
Abordagem Contingencial (Joan Woodward (1977); Alfred Chandler (1962); Tom
Burns (1962); G. M. Staler (1961)); que após várias pesquisas, chegaram à
conclusão geral de que os resultados eram diferentes, porque as situações eram
diferentes. Daí o nome contingencial, ou seja, baseado no conceito da incerteza de
que algo pode ou não ocorrer. A questão passava então a ser qual método aplicar e
em quais situações, para obter os melhores resultados possíveis. Isso só serviu para
assegurar mais a Teoria Geral dos Sistemas, já que defende a importância das inter-
relações entre as partes de uma organização que busca complementar o
conhecimento do assunto, propondo analisar a natureza dessas relações.
A atividade turística inserida no setor da economia, com capacidade de
crescimento, faz o uso rotineiro da análise e compreensão do enfoque da Teoria
Geral dos Sistemas, pois o setor observa uma cadeia produtiva diversificada, que se
serve do uso de sistemas produtivos distintos.
Para Pinho (2013), a integração da cadeia produtiva do turismo passa a ser
vista não apenas pela dependência entre as partes, mas pela visão sistêmica de que
o todo é maior que a soma das partes.
2.1.3 Sistema Turístico: os modelos de Reymundo Cuervo e Boulón
Constitui-se um desafio para a prática turística preparar seu caráter inovador
e articular com vários segmentos de convívio uma linguagem organizacional que se
consolide em estabelecer valores epistemológicos, com um ar organizacional que
gere confiança às partes envolvidas na atividade.
Ganhou notoriedade a Teoria Geral dos Sistemas para o estudo do turismo,
como uma opção não única, porém, essencial, pois contribui para o aperfeiçoamento
de entender o quão plural é o turismo.
Outras discussões fizeram parte da fase teórica para debater o turismo, tanto
no caráter da crença e do conhecimento na busca da análise do fenômeno turístico,
30
como exercício de reflexão. Para Panosso Netto (2005), a epistemologia aplicada ao
turismo exige a necessidade de um conhecimento muito mais que superficial, onde
deve o assunto ser tratado com fundamentos filosóficos da ciência, para daí apenas
começar um debate que têm alguns seguidores e seus ideais como: Raymundo
Cuervo, Abdel Wahab e Roberto Bullón.
Raymundo Cuervo se mostrou como um dos pioneiros a utilizar um modelo
referencial da Teoria Geral de Sistemas com aplicabilidade ao turismo, quando
escreveu que “o conceito de sistema permite o estudo científico dos mais variados
estados operacionais e de múltiplas estruturações simples e compostas, fáceis ou
complexas, do que resulta sua utilidade teórica prática” (CUERVO apud PANOSSO
NETTO, 2005, p. 57).
Cuervo organizou o sistema de turismo a partir de progressos
computacionais, utilizando álgebra booleana da teoria de conjuntos. Para ele, o
turismo é um grande conjunto, cuja função é a comunicação que se representa nas
relações, serviços e instalações, provocados pelos deslocamentos humanos. A
figura 3 esquematiza a ideia de Cuervo, observando uma subdivisão do conjunto
turístico representado por ”S” em subconjuntos, que também se subdividem em
todos os segmentos do turismo.
Figura 1 - Sistema turístico de Raymundo Cuervo
Fonte: Adaptado de Panosso Neto (2015).
Cuervo ressalta que o Conjunto S se refere unicamente aos deslocamentos
humanos essencialmente reversíveis, em que o sujeito retorna ao lugar de
residência fixa, ou seja, oportunizando o aparecimento de um subconjunto de
interseção (A n B), que é o meio socioeconômico e cultural onde a atividade se
processa, através dos transportes, comércio, entre outras demandas. O formato
matemático de Cuervo de sistematizar o turismo foi visto quase somente de forma
31
acadêmica, pois utilizava uma análise operacional aceita como um olhar de
engenharia de sistemas, dificultando seu entendimento.
Wahab (1991) construiu um conceito inovador para a época, pois dava
importância relativa ao ser humano, como o cerne do turismo. Ele comenta que “a
anatomia do fenômeno turístico seria basicamente composta de três elementos: o
homem, o espaço e o tempo” (WAHAB, 1991, p. 3).
Boullón (2002, p. 15) destaca que:
O turismo alcançou a importância que tem atualmente, não como produto de um trabalho de pesquisa sistemática, mas como resultado de uma série de estudos e ensaios individuais que ainda não conseguiram constituir um corpo teórico e propõe uma investida sobre o tema, apontando para um sistema básico chamado de modelo de oferta e demanda.
Sobre o produto turístico, Beni (1998, p.145) o define como sendo
diferenciado e homogêneo, e único dentro do mercado, pois não existem duas
destinações que oferecem atrativos e/ou produtos idênticos. Já Boullón (1990,
p.164) comenta que o produto turístico “é um termo que se usa para qualificar a
classe de serviços que formam a oferta turística”.
O produto turístico é a representação do conjunto de atrativos, equipamentos,
serviços e infraestrutura de apoio em todas as suas interações e inter-relações;
portanto, Boullón e Beni propõem entender esse produto, tanto como forma e
concepção antropológico-social quanto turismo industrial.
É na visão de oferta e demanda que ele mais se destaca, como mostra a
figura 4, a relação sistêmica que permite uma interpretação de hierarquia de fluxo
(setas) horizontal, vertical e transversal, onde o ambiente turístico é representado
pelas atividades produtivas que envolvem os atrativos.
32
Figura 2 - Modelo referencial turístico oferta-demanda
Fonte: Boullón (2002).
Destaca Boullón (2002), que não existe uma única versão explicativa do
sistema turístico, o que não significa que haja muitos sistemas; ele o analisa em três
modelos: oferta-demanda, antropológico-social e turismo industrial, que estariam
articulados na demanda e na oferta de seus produtos.
A demanda se caracteriza pelo número de turistas que seguem em direção a
uma região. Pode ser descrita a partir de destinos definidos, distinguindo, assim, de
forma mais detalhada, o tipo de atrativo que mais chama a atenção do turista. A
demanda pode ser trabalhada como demanda real, que é a quantidade de turistas
em um dado momento; ou como demanda histórica, ou seja, levantamento
estatístico das demandas reais ocorridas no anterior, tendo como um dos objetivos
definir a linha histórica da conduta turística e sua evolução. A partir da linha
histórica, é admissível calcular, com certa precisão, a demanda futura, que é a
quantidade de turistas em um tempo futuro.
33
A oferta turística é deliberada pela quantidade e pela variedade de produtos e
serviços apresentados ao mercado por um tempo determinado. Para que um serviço
turístico se transforme em oferta turística, é muito importante que o consumidor
saiba de sua existência, pois não tem como visitar um local, se não é divulgado e
ninguém o conhece. Informa a SETUR (2014), que é positivo, mas com potencial de
melhoras, a oferta de serviços de São Luís-MA.
A SECTUR (2014), em seus relatórios, por exemplo, aponta que turistas, em
sua grande maioria, não utilizam os serviços turísticos, equipamentos turísticos e
atrativos turísticos existentes nessa cidade, por fatores econômicos ligados ao poder
aquisitivo, assim como: agência de viagens e receptivo (90,34%), locadoras de
veículos (91,91%), lojas de artesanato (63,31%), meios de hospedagens (44,38%),
informações turísticas (67,46%), monumentos históricos (68,05%), patrimônio
histórico (57,59%) e praias/roteiros ecológicos (53,45%); portanto, a oferta merece
ser mais bem planejada.
Dada à transitoriedade dos serviços e considerando que a demanda é igualmente transitória (pois, passado o período médio de estada, o lugar que cada turista deixa deve ser ocupado por outro), para que um serviço turístico se transforme em oferta turística, é imprescindível que o consumidor potencial conheça sua existência (BOULLÓN, op. cit, p. 42).
Beni (2001) também relaciona os elementos que um sistema contém: em
meio ambiente, elementos ou unidades, relações, atributos, entrada e saída,
retroalimentação e modelos.
Visto sob um prisma de um sistema turístico, o destino Centro Histórico de
São Luís-MA apresenta grande potencial histórico e paisagístico, especialmente a
área tombada pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade, com uma
composição da paisagem turística bastante complexa, pois há vários aspectos
positivos que podem ser explorados, como é o caso do conjunto arquitetônico
colonial; e outros desinteressantes, pelo péssimo estado de conservação,
assinalando, assim, o fator negativo.
Além do mais, o mesmo espaço é tratado como palco das manifestações
culturais e um dos portões de entrada do turismo da cidade, que estabelece
calendários. O Observatório de Turismo da Cidade de São Luís, órgão ligado à
Secretaria Municipal, em pesquisa com mais de 5.059 entrevistas diretas durante os
anos de 2013 e 2014, registrou na localidade que janeiro e julho são considerados
34
períodos de alta estação, coligado às festas juninas (São João) e à baixa estação
(meses de maio e novembro).
2.1.4 Modelo SISTUR de Beni
A atividade turística, por ser complexa requer de seus elementos, no mínimo,
um aparelhamento capaz de saber lidar com a globalização e as tecnologias
inovadoras que surgem e se potencializam na velocidade da atual comunicação, ou
seja, sob os efeitos tecnológicos do mundo virtual. Por demais, o fenômeno turístico,
em sua grandiosidade em ser adjacente, implica em seu entendimento na definição
de sistema que prefaciam e acolhem o que precisa ser entendido sob a ótica de um
formato geral.
Na tentativa em nortear e dar uma visão mais propícia ao estudo do turismo,
de forma sistemática em estabelecer uma passagem de fase empírica a uma
abordagem cientificista, conveniente é estabelecer uma analogia com
pressuposições acadêmicas.
Para abordar a temática da pesquisa enquanto modelo, buscar-se-á a teoria
de Beni (2001), criador do Sistema de Turismo denominado SISTUR. Entendeu-se
ser essa a proposição mais adequada a interesse desta pesquisa, em virtude de
possuir enfoque multidisciplinar capaz de valorizar as relações ambientais
(ecológico/econômicas - sociais/culturais), mas também avaliar as relações
operacionais que motivam o mercado turístico (produção/distribuição/consumo),
assim como verificar a superestrutura arranjada pelas entidades públicas e pela
ordenação jurídico administrativa e, ainda, a infraestrutura, como o sistema de
segurança, transportes, comunicações e outros serviços prestados à comunidade,
conforme se expõe a seguir.
A figura 5 exibe, em seu entendimento macro em destaque, os campos dos
conjuntos e subsistemas que organizam células que se individualizam e, ao mesmo
tempo, proporcionam ligações verticalizadas e horizontais entre si. As relações entre
todos os elementos, indicando que qualquer alteração em um subsistema irá afetar a
funcionalidade do Sistema de Turismo como um todo. O modelo gráfico é perfeito
para fazer o enquadramento do Centro Histórico de São Luís-MA, pois se observará,
na dinâmica das relações ambientais, organização estrutural e ações operacionais,
35
fazendo a contextualização perfeita que explica o Centro Histórico ludovicense e
vendo o cenário como uma cadeia produtiva, tendo como base a atividade turística.
Figura 3 - Sistema de Turismo (SISTUR) de Beni
Fonte: Adaptado de Panosso Netto (2005).
O SISTUR do professor Beni é fundamentado e desenvolvido a partir de três
grupos de elementos: Relações Ambientais, Organização Estrutural e Ações
Operacionais.
2.1.5 Conjunto de relações ambientais: subsistemas ecológico, econômico, social e cultural
Subsistema econômico: promover o crescimento econômico é o maior
objetivo de grande parte dos interessados em desenvolver o turismo numa
localidade.
Subsistema ecológico: conforme teoriza Beni (2001), dentro do subsistema
ambiental são analisados os seguintes fatores: espaço turístico natural e urbano e
seu patrimônio territorial, atrativos.
36
Subsistema sociocultural: o turismo é, especialmente, um fenômeno social,
que envolve contatos, conflitos, estranhamento e aproximação entre os sujeitos. A
esfera sociocultural abrange os intercâmbios e as diferentes condutas de visitantes e
da população local.
Para Beni (1998), há três principais modelos de desenvolvimento turístico:
a) Desenvolvimento autóctone: resultando na cooperação e no
esforço empreendedor nativo;
b) Colonização aristocrática: nesse modelo, o desenvolvimento é
impulsionado a partir de projetos de incentivo e valorização,
por parte de autoridades políticas ou financeiras;
c) Colonização democrática: o desenvolvimento surge a partir da
abertura de pequenas comunidades para investidores
interessados no turismo local. Assemelha-se ao caso do
Centro Histórico de São Luís-MA.
2.1.6 Conjunto das relações estruturais
Engloba os subsistemas da superestrutura e da infraestrutura.
Superestrutura é o conjunto de normas, regras e leis que regulam o funcionamento
da atividade turística.
No caso do Brasil, esta superestrutura viabiliza as ações públicas (Política
Nacional do Turismo - Plano Nacional de Turismo/PNT) e privadas (Produção e
venda de diferentes serviços do SISTUR).
A orientação do PNT respalda as ações que condicionam os nortes do
turismo firmados nos aspectos culturais e socioeconômicos para promover ação de
defesa e preservação do patrimônio natural e cultural, e incluem também um amparo
de legislação aos órgãos com criação de leis e normas.
No setor público, hierarquicamente, no Brasil, temos: Ministério do Turismo,
EMBRATUR, Secretarias de Estado, Secretarias Municipais; enquanto o setor
privado é ordenado pela livre iniciativa do mercado, que condiciona o trade turístico
a alcançar seus objetivos econômicos, seguindo o PNT e projetando o país ao
cenário internacional, de forma a ampliar a atividade turística a garantir seus
objetivos e benefícios aos agentes envolvidos, primando pela legalidade e pela ética.
37
Também de livre iniciativa da atividade turística, a figura dos clusters vem
garantindo e assegurando a ajuda na gestão dos polos turísticos no tocante ao
desenvolvimento entre os agentes econômicos, políticos e socioculturais de
determinadas regiões.
Infraestrutura - é composta pela infraestrutura de acesso, a infraestrutura
urbana, e outros serviços básicos, como o abastecimento de água. Notadamente
que há reconhecimento tanto para superestrutura como para infraestrutura no
ambiente de discussão
2.1.7 Conjunto das ações operacionais
Compreende a oferta e a demanda, o consumo e a distribuição de produtos
turísticos que, sob o ponto de vista do Centro Histórico da capital maranhense, são
matéria-prima da atividade turística, quando estão relacionados aos subsistemas
estabelecidos por Beni (2001) em oferta e demanda.
Nesse caso, contabiliza as atrações originais e agregadas que o ambiente
disponibiliza, pois a combinação dos atrativos, superestrutura e infraestrutura é
presente no dito destino. Logicamente, há uma tentativa de planejamento e
gerenciamento para enaltecer o produto turístico da destinação que compete a um
arranjo econômico, uma vez que o conjunto arquitetônico considerado a grande
vedete do Centro Histórico passa por um processo de arruinamento em decorrência
do descaso público e privado. Mesmo assim, opera de maneira satisfatória como
mercado-alvo da experiência turística.
Vale observar, então, que os serviços turísticos, no momento em que são
consumidos, transformam-se em produto turístico. Antes disso, eles não o são outra
coisa, além de oferta.
De acordo com o Ministério do Turismo (BRASIL, 2006, p. 48), município
turístico é “aquele que possui atrativo turístico, infraestrutura, produtos e serviços
adequados que atendam ao fluxo existente”. Observa-se que tal definição aborda a
oferta turística não só do ponto de vista da quantidade, mas também da qualidade
dos serviços oferecidos no núcleo receptor.
38
2.2 Turismo cultural
O Turismo cultural é um dos segmentos turísticos que se mantém pungente.
Segundo Barretto (1998), as viagens com cunho educacional/cultural têm se mostrado
em ascensão, contrastando com um tipo de turismo mais descompromissado e ligado
ao lazer – tradicionalmente identificado ao turismo de sol e praia.
A Organização Mundial do Turismo (OMT) definiu, em 1985, o turismo cultural
como movimento de pessoas essencialmente com motivações culturais, como
“viagens de estudo; artes dramáticas ou viagens culturais; viagens para festivais e
outros eventos culturais; visitas a sítios e monumentos; e viagens para estudar a
natureza, o folclore e/ou as migrações” (OMT, 1985 apud COSTA, 2009, p. 41).
O turismo cultural faz ativar algo mais do que o produto de consumo,
evitando, assim, a perda da cultura original, patrocinando a preservação do meio
ambiente, pois a grande diversidade de recursos faz do país um dos maiores recantos
do mundo, dessa forma de turismo (SAAB, 1999).
Segundo Beni (1998), o turista leva em conta, em seu processo de decisão, a
escolha de um serviço e localidade, sendo essencial serem conhecidas ao se elaborar
um mapa direcionado ao turismo. É exatamente essa a possibilidade encontrada pelo
turismo cultural, pois se enquadra como pré-escolha de um conjunto de produtos
oferecidos e que corresponda às expectativas do consumidor, onde são levadas em
conta suas características pessoais e socioeconômicas.
Sob um olhar holístico de uma reflexão do turista, este tipo de experiência é
um momento de acumular conhecimentos através de uma vivência prazerosa. No que
tange aos equipamentos culturais, o turismo cultural tem sido uma atividade que
contribui para sua conservação e revitalização.
Souza (2015) define o turismo cultural como a “oferta” e, particularmente, a
oferta cultural pagante, ligada ao patrimônio histórico edificado de um lugar. Nesse
contexto, a cidade adquire preponderante papel e se integra no segmento do turismo
cultural. O turismo cultural dá maior visibilidade ao patrimônio, já que levanta a
riqueza de detalhes, os elementos plurais presentes nos espaços urbanos.
Para Lazzarotti (2011), o tombamento de um lugar como patrimônio faz uma
espécie de guarda de sua singularidade, para ter valorizado o seu solo e a história
única do lugar, dada sua importância.
39
O turismo cultural tem como estratégia recriar, por meio de roteiros, produtos
e eventos culturais, as histórias e as identidades dos lugares, revalorizando
manifestações culturais e estabelecendo uma nova narrativa sobre o centro antigo
para os seus residentes, em direção à maior visibilidade do patrimônio cultural.
Para Carvalho (2012), os centros históricos podem ser compreendidos como
construções materiais e simbólicas, mutáveis e dinâmicas, compostos por diferentes
temporalidades, vozes, histórias e memórias, podendo ser observados elementos de
continuidade e descontinuidade. Na contemporaneidade, torna-se reconhecida a
importância do patrimônio cultural urbano na promoção do desenvolvimento
socioeconômico em diversas regiões, por intermédio do seu agenciamento pela
atividade turística.
2.2.1 Turismo, cultura e patrimônio: considerações acerca do turismo cultural
O turismo incide no deslocamento de pessoas que, por diversas motivações,
deixam provisoriamente seu lugar de residência, visitando outros lugares,
aproveitando uma série de equipamentos e serviços especialmente implementados
para esse tipo de visitação. Para Santos e Alves (2012), surgiram novas motivações
para o turismo, onde a demanda industrial dos grandes centros urbanos incitavam
as pessoas a buscarem um lugar para recuperar as forças perdidas durante o labor;
viajar para conhecer novas culturas passou a ser algo obrigatório para a população
do mundo.
A expressão “Turismo Cultural” remete a diversos entendimentos,
interpretações e conceitos que, dependendo da visão, podem gerar um impasse
pela forma de abordagem, quanto ao enquadramento de seus objetivos e
influências.
O Turismo Cultural, de acordo com o Ministério do Turismo (2010),
compreende as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de
elementos significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais,
valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura.
Sendo assim, conforme aborda Costa (2009), o Turismo Cultural é ainda
imprecisamente definido, com foco direcionado especialmente para o objeto de
atenção da visita, o que embora seja uma de suas características mais
fundamentais, é somente uma parte do fenômeno.
40
O Turismo cultural sendo indisciplinar, vários são os estudos focados em
áreas diversas, tornando-o um rico campo de pesquisa de temas das Ciências
Sociais. Descreve Barreto (2003) que os estudos de Antropologia estão, na
atualidade, preocupados com os impactos de certas formas de turismo,
especialmente o cultural e o étnico, e com a descaracterização e comercialização
das culturas que esses provocam. Não menos importantes são as contribuições que
a Sociologia empresta ao turismo, com seus conceitos e seus autores e publicações
que tratam o turismo como objeto de estudo, remetendo aos pensamentos críticos
da ciência, no sentido amplo da palavra, e os impactos causados pela atividade
turística.
O turismo tem, na cultura e no patrimônio, elementos fundamentais de
interesse, pois muitos dos atrativos que dinamizam e caracterizam destinos como
turísticos no mundo inteiro são de natureza cultural, a partir dos bens patrimoniais
materiais e imateriais, ou seja, “a diversidade de interesses presente na atividade
turística permitiu que essa identificasse os bens culturais como determinantes para o
seu desenvolvimento [...]” (PRENTICE, 1997 apud MATHIESON; WALL, 2006). É
pertinente afirmar que uma boa parte do turismo atual decorre em contexto de
indústria cultural, onde produtos e experiências culturais são promovidos como
atrações turísticas (PRENTICE, 1997 apud MATHIESON; WALL, 2006, p. 194) e
valorizados, enquanto diferenciais dos programas turísticos, pois oferecem uma
gama de experiências únicas de aprendizagem e lazer2.
Nesse sentido, vale destacar que a força da cultura e do patrimônio como
atrativos geradores de motivação turística fundamentam a concepção do chamado
Turismo Cultural. A afinidade do turismo com outras áreas é incontestável e
extremamente debatida, por ser um fenômeno que tem o campo de abrangência
integrador em diversos setores da sociedade, sendo visto como meio atrativo para
diversos segmentos econômicos públicos e privados.
Nessa perspectiva, a relação da atividade turística com a cultura e com o
patrimônio ganhou uma ligação muito ampla, mas que também está sujeita a
críticas, porém, indiscutivelmente, resultou em parcerias em que as vantagens são
salutares, quando se reconhece o potencial do conjunto, assim como as forças das
partes.
2 MAIA, Sara Vidal. Turismo cultural no contexto urbano: rotas museológicas – os casos de Aveiro e Ílhavo (Portugal), 2013.
41
Raymond Willians (1976) distingue três maneiras de entender e utilizar o
conceito de cultura: antropológica, sociológica e estética. A perspectiva
antropológica de cultura a entende como modo de vida, isto é, o modo como os
seres humanos pensam, dizem, fazem e fabricam. Por sua vez, do ponto de vista
sociológico a cultura é percebida como um campo de conhecimento dos grupos
humanos. Esta noção sociológica de cultura traz como foco a produção e o consumo
de atividades culturais, daí a sua ligação com as políticas da cultura. Sob o olhar da
estética, a cultura envolve atividades intelectuais e artísticas como, por exemplo, a
música, a literatura, o teatro, o cinema, a pintura, a escultura, a arquitetura, entre
tantas outras.
A ideia de cultura é, assim, muito ampla; por conseguinte, não se fará aqui um
fórum deste debate, entendendo que o foco deve ser dado a sua relação com o
turismo e, desse modo, há de se lançar o peso da conceituação que a palavra por si
só carrega, quando remetida à atividade turística.
Na visão de Pires (2004), o conceito de cultura remete a toda espécie de
manifestações e costumes relacionados ao espaço, ao folclore, ao exotismo, etc.,
assim como reconhece as particularidades dessas expressões. Não obstante a
origem do turismo dissociada da cultura, nomeadamente no que concerne à prática
por grupos sociais específicos, é fato que as interações entre eles são cada vez
mais claras e consistentes. Esta convergência entre turismo e cultura se deve a
“aculturação da sociedade” e a “aculturação das práticas turísticas”, fenômenos que
conjugados deram origem à “cultura do turismo”.
Na opinião de Pereiro (2009), ainda que a natureza cultural do turismo seja
antiga, a ligação entre turismo e cultura é relativamente recente e muito mais o
conceito de “turismo cultural”. Os profissionais da cultura tendiam, até há pouco
tempo, a menos valorar o turismo porque o entendiam como uma atividade banal,
superficial, aculturada e com pouco interesse pela cultura visitada. Isso mudou muito
nas últimas décadas, com a criação de pontes entre um campo e outro. As
definições de turismo cultural a partir da demanda, que fazem uso de técnicas de
pesquisa de perfil mais antropológico ou sociológico, são absolutamente
indispensáveis para se ter uma compreensão mais rica do presente e do futuro
desse segmento de mercado, pois mostra como o turismo se articula a outras
dimensões da realidade, como crescimento do tempo de lazer, elevação da
escolarização, tolerância maior com o praticante, entre outras.
42
O outro elemento importante e de destaque na atividade turística é o
patrimônio, que estaria para o turismo na mesma proporcionalidade da cultura, de
forma a se complementarem e gerarem suporte para o turismo.
De acordo com Silva (2000), o conceito de patrimônio se refere ao legado que
herdamos do passado e que transmitimos a gerações futuras. Ainda que essa
definição não tenha perdido validade, não podemos entender o patrimônio apenas
como os vestígios tangíveis do processo histórico. Todas as manifestações materiais
da cultura criadas pelo homem têm uma existência física num espaço e num
determinado período de tempo. Algumas dessas manifestações se destroem e
desaparecem, esgotadas na sua funcionalidade e significado. Outras sobrevivem
aos seus criadores, acumulando-se a outras expressões materiais. Através da
própria dinâmica da existência, esses objetos do passado alimentam, pela sua
permanência no tempo, a criatividade e novas gerações e produtos de objetos, que
acrescentam elementos às gerações posteriores.
Carvalho e Simões (2012) observam que na contemporaneidade o conceito
de patrimônio se torna polissêmico, sendo definido de acordo com o lugar social que
os indivíduos ocupam em um determinado momento ou contexto histórico. Aos
valores de excepcionalidade e monumentalidade presentes nas práticas iniciais de
preservação dos bens culturais emergem novos parâmetros que consideram as
relações, o contexto e a representatividade que o patrimônio adquire para os
membros de uma sociedade, como enunciador de memórias individuais e coletivas,
e provocador do sentimento de pertença.
Ainda afirmam os autores que o patrimônio funcionou, inicialmente, como um
mecanismo de construção simbólica de afirmação de uma identidade local que não
revelava a pluralidade cultural, configurando-se em recurso para criar uma ideia
unilateral de unidade coletiva. Dessa forma, o patrimônio cultural de São Luís, por
exemplo, vem sendo reconfigurado por intermédio do aproveitamento turístico dos
casarões coloniais, da formatação de roteiros, da promoção de eventos no entorno
do conjunto patrimonial e na implantação de equipamentos turísticos, de lazer e
entretenimento para turistas e comunidade local.
Bahi e Souza (2013) consideram que o patrimônio está permeado pelos usos
dos simbólicos que diferentes grupos sociais fazem desse e qual valor atribuem a
ele, pois o patrimônio de uma determinada sociedade é único e remete à sua
cultura, identidade e memória.
43
É inegável a relação entre a cultura, o patrimônio e o turismo, consolidando
políticas e programas de incentivo e apoio, principalmente as que promovem a
preservação e a difusão do patrimônio cultural, e o incentivo aos eventos culturais
que promovem a diversidade dos arranjos locais, aspectos que vão ao encontro da
estruturação de produtos para o Turismo Cultural.
Compreende-se, dessa forma, que o turismo, a cultura e o patrimônio são
conceitos de três áreas que podem ser entendidas particularmente, mas fortemente
ligadas e que, quando juntas, concebem um fator fundamental e de grande
importância no incremento econômico-social de qualquer país, distrito e município.
Na visão de Macena (2006), é importante destacar que não existe a intenção
de tipificar expressões de cultura como forma rígida de se buscar um gênero que
consolide a identidade da nação, mas, sim, utilizar-se a diferença como um ponto de
apoio para se entender a diversidade plural dos diversos segmentos da cultura, na
busca de diálogos e ações afirmativas para as culturas populares, pois, de fato,
“toda cultura é multicultural”.
Ampliando a reflexão, pode-se remeter à cultura como fator eficaz da prática e
na mediação sobre o turismo, e esse com o papel mais nobre na busca de um novo
paradigma para a atividade turística; como uma nova forma de ser praticado, com a
possibilidade de ser intermediário na contribuição com a cidadania, ou seja, como se
encontra no esclarecimento de Gastal (2006, p. 56):
A cidadania, se associada ao turismo, encaminharia outras possibilidades de construção do sujeito histórico, aquele em condições de se expressar e de se apropriar das suas circunstâncias espaciais e temporais, seja como sujeito histórico urbano, seja como sujeito histórico planetário.
Outros ensinamentos de Ulhôa e Dias (2013) revelam que a necessidade de
procurar entender a cultura e sua importância social e política, indissociáveis da
transmissão de conhecimento e de experiências de pensamento nas relações
sociais, deve considerar que a cidade é lugar de apropriação, onde agem forças
sociais diferenciadas no constructo das significações e dos bens simbólicos,
revelando patrimônios que consistiram apenas das possibilidades de transformação
da realidade, pois a definição de patrimônio “passou a ser pautada pelos referenciais
culturais dos povos, pela percepção dos bens culturais nas dimensões testemunhais
do cotidiano e das realizações intangíveis” (PELLEGRINI; FUNARI, 2009, p. 32).
44
Ainda revelam as mesmas autoras (op. cit., p. 70), que a cidade, a cultura, o
patrimônio e o turismo não podem ser vistos, muito menos entendidos,
independentemente, quando se tenta dimensionar o uso dos lugares para a
atividade turística. Ainda que os termos carreguem um substrato político individual,
eles devem ser vistos, para a apropriação do tempo livre, na dinâmica das relações
que existem entre os lugares e suas necessidades materiais, imateriais,
econômicas, sociais e culturais.
2.2.2 Turismo cultural: conceito, características, estruturação do produto e cadeia produtiva
O conceito técnico de Turismo Cultural apresentado pela European
Association for Tourism and Leisure Education (ATLAS), “situa-o como toda
movimentação de pessoas em torno de atrações culturais específicas, tais como
sítios históricos e manifestações artísticas e culturais, fora de seu lugar próprio de
residência” (RICHARDS, 1997, p. 24). Tal abordagem aponta para o consumo
turístico de elementos antecipadamente rotulados como culturais.
Em outra vertente analítica, Durand e Köhler (2008) distinguem dois pontos
básicos relevantes nas definições sobre turismo cultural. O primeiro define turismo
cultural a partir da demanda (motivos, percepções e experiências de viagem);
enquanto o segundo foca aspectos da oferta (consumo de atrações previamente
classificadas como culturais).
Marino e Castillo (2011) introduzem o conceito de cadeia produtiva no
turismo, que pressupõe a existência de um produto ou de um atrativo turístico o
qual, em um determinado território, atua como elemento indutor para gerar um
movimento integrador entre as diferentes atividades que compõem o setor. A cadeia
produtiva do Turismo Cultural funciona como uma rede integrada, como ilustra a
figura 6, a seguir:
45
Figura 6 - Cadeia produtiva do turismo cultural
Fonte: Ministério do Turismo (2014).
A figura 6 expõe uma grande rede encabeçada pelo cliente, que é o turista
cultural, que se comunica em canais de distribuição de mercado, promovendo a
fluidez da atividade e obedecendo às leis de mercado, com comercialização para
ampliar a oferta turística. Os produtos dessa relação comercial são diversificados,
sobretudo nas manifestações culturais do arranjo local. O processo envolve as
infraestruturas e as superestruturas que já foram amplamente explicadas na
fundamentação teórica desta pesquisa, pois se constituem os intermediários do
Turismo Cultural, estabelecendo a transitoriedade entre a oferta e a demanda, e
desempenho do setor.
O poder público possui um papel importante dentro deste segmento,
promovendo infraestrutura básica e da sua conservação; nas ações de
planejamento, regulamentação e fiscalização; nas políticas de incentivo ao
segmento, como alternativa para a valorização e preservação do Patrimônio
46
Cultural, além de promover o envolvimento comunitário, auxiliando na geração de
emprego e renda.
A comunidade oferta a hospitalidade ao turista cultural, integra-se como
fornecedora de atividades e serviços turísticos e potencializa na empregabilidade em
todos os níveis. Ao mercado compete impor regras, estimulando a competitividade e
parcerias em todos os segmentos da produção. As manifestações e representações
culturais são de extrema importância para o turismo cultural, por despertarem o
potencial turístico do destino, de forma a contribuir em todos os segmentos da
economia local.
Sem uma proposição conclusiva que identifique o perfil do turista cultural, a
própria OMT argumenta a falta de um estudo que o identifique, há apenas dois tipos:
aqueles com interesse específico na cultura (motivação principal); e/ou os com
interesse ocasional na cultura (motivação secundária ou complementar), o que faz a
promoção dos produtos ser diferenciada; esses mais atentos ao lazer; enquanto
aqueles exigem um produto trabalhado na existência cultural.
Para Cortizas Leira (2012), o percentual de 27% dos visitantes brasileiros
identificados com o Turismo Cultural verifica o quanto é praticado em detrimento a
outros, como demonstrado na tabela 1, perante aqueles que ostentam maior
interesse e o torna insipiente em face da grandiosidade a ser explorada.
Tabela 1 - Perfil do turismo cultural brasileiro
PERFIL %
Perfil religioso, espiritual, místico 52
Perfil acadêmico 21
Perfil do turismo cultural 27
Fonte: Cortizas Leira (2012).
Em 2013, a EMBRATUR, em parceria com a UNESCO, divulgou dados do
Turismo Cultural internacional no Brasil, e os resultados apontaram para a imagem
cultural que o turista desse segmento tem sobre o Brasil, conforme demonstrado na
Tabela 2 abaixo.
47
Tabela 2 - Perfil do turismo cultural internacional no Brasil
IMAGEM CULTURAL %
A musicalidade, as danças e a hospitalidade foram destacadas como as características mais expressivas.
42
Manifestações populares 37 Artesanato e gastronomia 21
Fonte: EMTRATUR/UNESCO (2013).
O reconhecimento da importância do Turismo Cultural pode significar o
entendimento dos benefícios decorrentes do consumo de fascínios culturais sobre
determinadas localidades, sobretudo quando se constata o valor do patrimônio
cultural. Reconhecendo o perfil do turista cultural, consegue-se estabelecer uma
conexão entre a demanda e a oferta, tal como analisam que, na visão de Fontan e
Durand (2008), para quem os turistas culturais são observadores e intencionais, e
tendem a ser mais velhos; enquanto que os turistas culturais fortuitos e orientados
para surpresas tendem a ser mais novos. Tais parâmetros abrem perspectivas de
avaliar a oferta e a formatação de produtos para o Turismo Cultural.
Quando Brenner (2005) assegura que o Turismo Cultural tanto reafirma
identidades locais como impulsiona a evolução do sistema cultural local, isso faz
acreditar que os pilares do turismo cultural sustentam as relações entre as culturas e
o espaço onde é vivenciada. Brenner diz ainda que a sustentação desse segmento
do turismo faz da cultura o motivo principal da diversidade se manifestar no
patrimônio cultural que tem características de uma localidade, contribuindo para
consolidar sua identidade.
Gomes (2008), colaborando com Brenner, diz que a relação entre patrimônios
culturais e turismo deve se fundamentar em dois pilares: tanto na existência de
pessoas motivadas em conhecer culturas diversas, quanto na possibilidade de que o
turismo sirva como um instrumento de valorização da identidade cultural, através da
preservação e conservação do patrimônio em questão.
Essas reflexões remetem ao papel que o Turismo Cultural tem para com o
Centro Histórico de São Luís, assegurando seus fundamentos, que já estão
consolidados pela caracterização da área e do perfil de seus visitantes, que o
visitam ao longo do ano, sem grandes variações de fluxo, sendo uma alternativa
para a redução da sazonalidade nos destinos, e ainda conta com os calendários das
48
festas populares e eventos culturais, que funcionam muito bem, de acordo com a
oferta turística.
Exemplos como o de São Luís e seu Centro Histórico como atrativo estão
espalhados pelo Brasil, com classificação de sítios do Patrimônio Cultural da
Humanidade, que têm a chancela da UNESCO e são divulgados pelo Ministério do
Turismo/2014:
• Cidade Histórica de Ouro Preto (1980);
• Centro Histórico de Olinda (1982);
• Missões Jesuíticas Guarani, em São Miguel das Missões (1983);
• Centro Histórico de Salvador (1985);
• Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo (1985);
• Parque Nacional do Iguaçu, em Foz do Iguaçu (1986);
• O Plano Piloto de Brasília (1987);
• Parque Nacional Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato (1991);
• Centro Histórico de São Luís do Maranhão (1997);
• Centro Histórico de Diamantina (1999);
• Reservas de Mata Atlântica do Sudeste (1999);
• Reservas de Mata Atlântica da Costa do Descobrimento (1999);
• Parque Nacional do Jaú (2000);
O legado que a atividade turística deixa para uma região vai ser considerado
positivo se a mesma conseguir uma forma de aproveitar sua cultura para o
desenvolvimento econômico, social e ambiental, com a participação da comunidade,
e promover sustentabilidade para futuras gerações.
Para o Ministério do Turismo, o desenvolvimento turístico cultural sustentável
perpassa por um conjunto de diretrizes e ações, as quais estão explicitadas na
Tabela 3 abaixo, que servem de orientação para esse segmento da atividade em
todo o país.
Tabela 3 - Diretrizes para o desenvolvimento do turismo cultural
DIRETRIZES AÇÕES
1 - Ordenamento
• Identificação e divulgação dos aspectos legais específicos; • Elaboração de estudos e adequação de marcos técnicos e legais; •Apoio e incentivo aos estudos, à determinação e à aplicação da capacidade de suporte do patrimônio histórico e cultural.
49
2 - Informação e comunicação
• Mapeamento do Turismo Cultural no país; • Realização de pesquisa de mercado e perfil da demanda do segmento; • Apoio a iniciativas de valorização e fortalecimento do segmento; • Criação de mecanismos de disponibilização e experiências em Turismo Cultural; • Produção, promoção e distribuição de instrumentos de orientação para atuação em Turismo Cultural.
3 - Articulação
• Integração do Turismo Cultural com outros segmentos turísticos; • Realização de parcerias interinstitucionais e intersetoriais; • Apoio à criação e à atuação de entidades interessadas no Turismo Cultural; • Fomento às manifestações culturais para sua integração ao turismo; • Integração e cooperação técnica internacional.
4 - Incentivo
• Levantamento, criação e divulgação de fontes de captação de recursos e de incentivos; • Estabelecimento de critérios para incentivos financeiros a projetos de Turismo Cultural; • Fomento à criação e fortalecimento de negócios nas comunidades locais; • Simplificação de mecanismos de concessão e negociação de crédito diferenciado.
5 - Capacitação
• Identificação e análise das necessidades de qualificação; • Apoio, estímulo e promoção da capacitação em Turismo Cultural e áreas afins; • Capacitação para a interpretação patrimonial; • Estímulo a encontros e debates voltados para a atualização do segmento.
6 - Envolvimento das comunidades
• Criar mecanismos de valorização, resgate da cultura pela comunidade local e intercâmbio de experiências; • Planejamento e gestão participativa integrada; • Promoção e incentivo a iniciativas de sensibilização e mobilização para o segmento.
7 - Infraestrutura
• Fomento e apoio à identificação, implantação e expansão de infraestrutura necessária para o segmento; • Fomento à implementação da comunicação interpretativa dos bens culturais; • Apoio à criação e à adequação de condições de acessibilidade para as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.
8 - Promoção e comercialização
• Planejamento estratégico de instrumentos promocionais do segmento • Fomento à integração e à articulação com o mercado turístico para a comercialização; • Promoção de produtos e roteiros de Turismo Cultural; • Promoção da diversidade cultural brasileira.
Fonte: Ministério do Turismo (2007).
Amplamente debatido na Fundamentação Teórica e, especificamente, para o
segmento do Turismo Cultural e seu planejamento, a visão sistêmica proposta por
Mario Beni (2000) se configura como o resultado de inúmeras variáveis que
interagem entre si e entre o meio físico e social no qual essa se desenvolve.
Assegura Carvalho (2010), que nesse caso o planejamento do turismo está
inserido dentro de uma perspectiva sistêmica, cujo resultado incide na consolidação
de um planejamento turístico integrado, com procedimentos metodológicos capazes
50
de ampliar significantemente a participação de segmentos da sociedade civil no
processo de implantação e encadeamento turísticos racionais, a partir da
distribuição de tarefas e fomento a iniciativas empreendedoras, objetivando
dinamizar o turismo e o desenvolvimento socioeconômico local.
2.2.3 Turismo cultural na perspectiva sistêmica e o papel do planejamento
Ao estabelecer uma reflexão sobre o planejamento do turismo cultural,
buscou-se amparo na abordagem sistêmica na visão do SISTUR de Beni (1998).
Assim, “compreende-se a articulação entre o sistema turismo e o sistema cultura,
surgindo o que pode ser identificado como sistema turístico-cultural” (MAIA, 2013, p.
194).
Lembrando que a teorização sistêmica desenvolvida por Mario Beni faz
alusão a processo de concepção e distribuição do valor turístico que perpassa pela
análise de demanda e oferta e suas entrelinhas condicionantes (fatores de influência
nos conjuntos de relações ambientais, organizações estruturais e ações
operacionais) já abordados nesta pesquisa.
Para Sousa (2010), o turismo cultural é um turismo com identidade,
merecendo, assim, um olhar diferenciado e sistêmico. Ele observa ainda, no
SISTUR, um modelo referencial teórico para o melhor entendimento desse
segmento de atividade turística.
A lógica do SISTUR é:
Organizar o plano de estudo da atividade de turismo, levando em consideração a necessidade há muito demonstrada em obras teóricas e pesquisas publicadas em diversos países, de fundamentar hipóteses de trabalho, justificar posturas e princípios científicos, aperfeiçoar e padronizar conceitos e definições, e consolidar condutas de investigação para instrumentar análises e ampliar a pesquisa, com a consequente descoberta e desenvolvimento de novas áreas de conhecimento em turismo (SOUSA, 2010, p. 45).
O SISTUR é o aporte teórico de subsídio que contribui para melhorar o
planejamento da oferta e, consequentemente, aumentando a demanda e a
distribuição do produto. Nessa perspectiva, o produto turístico é visto como um
conjunto das relações operacionais que se inter-relacionam no mercado, isto é,
observando o macroambiente onde a atividade se desenvolve, e buscando equilíbrio
entre os subsistemas.
51
Na visão sistêmica, afirma Fernandes (2009) que, no Brasil, ainda é difícil
essa percepção por parte dos empreendedores, que buscam o retorno financeiro
imediato, quando investem seus recursos em algum empreendimento turístico. O
mesmo autor ainda complementa que o planejamento sistêmico do turismo aparece,
então, como alternativa capaz de incluir todos os subsistemas e atores no
desenvolvimento da atividade turística.
Corrobora Barretto (2005), que tal planejamento pode advir nos ambientes
públicos e privados, e “não pode acontecer de forma isolada – ele precisa estar
acompanhado do planejamento de outros sistemas, que devem estar integrados
num todo que, por sua vez, recebe influências externas” (BARRETO, 2005, p. 19).
52
3 METODOLOGIA
Esta seção apresenta, primeiramente, o enquadramento epistemológico da
pesquisa, particularmente quanto à sua tipologia e ao método de referência para, em
seguida, expor os procedimentos metodológicos a serem adotados para a coleta, o
tratamento e a análise dos dados, na relação com a empiria.
3.1 Tipologia e método da pesquisa
Pela sua natureza, segundo Gil (2010), esta investigação possui um caráter
qualitativo, pois buscar entender o fenômeno turístico, levando-o a um nível
exploratório e descritivo, que se evidencia na lógica dos autores mencionados, em
que serão coletados dados sobre o Centro Histórico de São Luís-MA, com o intuito
de identificar sua espacialização em base cartográfica, para daí, então, estabelecer
uma conjugação com a atividade turística exercida na localidade.
Quanto aos fins, esta pesquisa possui caráter exploratório e descritivo, pois o
tema das geotecnologias é interdisciplinar e agrega ao turismo(VERGARA, 2013).
Especificamente, é inovador e carece de aprofundamentos e debates no que trata,
notadamente, do planejamento e da promoção da atividade turística.
Na visão de Gil (2010), consiste num estudo com o propósito de proporcionar
maior familiaridade com problemas, com vistas a torná-los mais explícitos ou
construir hipóteses. Exige planejamento flexível, coleta de dados que vão desde
levantamentos bibliográficos, entrevistas e análise, assuntos que rotulem a
pesquisa, proporcionando a justaposição do tema e o descobrimento do assunto, e
facilitando o maior contato com o objeto de estudo.
Quanto aos meios, esta pesquisa é bibliográfica, pois utiliza amplo referencial
teórico sobre o tema, incluindo referências e base de dados nacional e internacional.
Gil (2010) ressalta que a pesquisa bibliográfica utiliza materiais já construídos,
especialmente livros e artigos científicos e, no caso desta pesquisa, os geodados,
que permitem ao pesquisador, através da leitura interpretativa, a cobertura de
fenômenos sociais maiores, em que o turismo se insere. Trata-se de um caráter
documental, pois seu foco é a possibilidade da análise espacial no âmbito da
geoinformação do Centro Histórico de São Luís-MA como destino turístico.
53
Como método de referência para a análise dos dados, o Sistema de Turismo
(SISTUR), adota-se o de Beni (1998), pois esse tem conceitos gerais e princípios
baseados da Teoria Geral de Sistemas (TGS) (BERTALANFFY, 1968) que sugerem
diferentes componentes e inter-relações que fazem parte de um todo, algo que o
turismo já o faz.
Para a sistematização e utilização dos dados e dos documentos relacionados
às geoinformações, que dizem respeito ao material de conhecimento do Centro
Histórico, na contextualização de viés turístico, buscar-se-á uma interconexão com o
Sistema de Turístico – SISTUR (BENI, 1968), pela abrangência que esse modelo
alcança, sendo útil em auxiliar na relação entre as geotecnologias e o turismo, tema
desta pesquisa.
Focando no Modelo Referencial do SISTUR (figura 14), consegue-se
perceber que ações de geoinformação podem ser vistas nas entrelinhas das
atuações operacionais e nas linhas de fluxos que fazem ligações entre
superestruturas/infraestruturas, oferta/demanda, em um meio ambiente em que
venha a ser pragmático o uso das geotecnologias.
Nesse sentido, o indicativo de rumo ou sentido de fluxos (flechas vermelhas)
perderiam a função de linearidade e passariam a ter a função de simultaneidade no
SISTUR, invocando, assim, retroalimentações ou "feedback" de controle de entradas
e saídas de informações dentro do Sistema, melhorando a capacidade de rever suas
próprias rotinas.
54
Figura 7 - Modelo referencial do SISTUR
Fonte: Adaptado pelo autor, a partir de Beni (1998).
Em outro momento deste capítulo se encontra o modelo referencial do
SISTUR, com uma figura redesenhada e relacionada ao SIG, com elementos de
conexão com o campo empírico da pesquisa, em que se fará a descrição pelo uso
do modelo sistêmico do turismo, combinado ao Sistema de Informação Geográfico.
Apresentado na fundamentação teórica desta pesquisa, o SISTUR dá a
sustentação epistemológica ao objetivo deste trabalho e ao uso das ferramentas de
geoprocessamento utilizadas no desenvolvimento do mesmo, pois tanto as
geotecnologias quanto o Sistema de Turismo convivem em uma atmosfera de
padrão sistêmico.
3.2 Procedimentos metodológicos
O percurso metodológico pode ser simplificado nas seguintes etapas de
trabalho, apresentadas na Figura 8, abaixo:
55
Figura 4 - Percurso metodológico
Fonte: Elaborada pelo autor (2016).
a) Revisão e pesquisa bibliográfica virtual, com busca realizada nas bases Ebsco,
Sielo sobre as novas relações das geotecnologias e o turismo, procura utilizada na
inquirição da produção acadêmica sobre a temática, com base na apreciação de
trabalhos de autores que se voltaram a estudar o assunto;
As maiores referências nessa área são Bahaire e Frasari, que desenvolveram
as potencialidades do SIG relacionadas ao turismo. Para Costa (2007), eles são os
expoentes da ligação entre o SIG e o Turismo, pois o primeiro, no final da década de
noventa, fez observar que a falta de conhecimento, capacidade, compreensão e
consensos pode ser resolvido com a utilização do SIG; enquanto que o italiano
Frasari, em 2003, sistematizou o uso do SIG na área de turismo e lazer, com
objetivos de inventariar, planejamento, localização, monitoramento, marketing,
divulgação na web, simulação e análise de impactos, análise do turismo no tempo e
espaço, e envolvimento comunitário.
Há, ainda, vários outros autores que dialogam sobre o emprego do SIG
voltado para a área do turismo, como Holm-Pedersen (1994), Boyd e Butler (1996),
Elliot-White e Finn (1998), Breternitz (2001), Rosa (2005), Chen (2007), Finisterra
(2007), Lang (2009), entre outros, que a partir da influência contagiante das
tecnologias vinculadas à informática, e a perspectiva do potencial da ferramenta,
voltam-se para uma visão particular, com a finalidade de sistematizar o uso dessa
ferramenta na perspectiva do desenvolvimento do turismo.
b) Levantamento dos dados organizados na pesquisa na área do Centro Histórico de
São Luís-MA, dados esses relacionados a produzir aplicações na atividade turística,
56
para confronto entre o potencial das geotecnologias e as necessidades de
planejamento e gestão do turismo local;
c) Assimilação das vantagens e das desvantagens das técnicas e ferramentas de
análise e representação dos dados espaciais. Análise da aplicação na área de
estudo;
Nessa lógica, os SIGs, como já exposto, têm a capacidade de unificar,
armazenar, administrar, avaliar e visualizar dados. Segundo Costa (2007), passa a
ser o SIG a mais valiosa ferramenta para o planejamento do turismo.
Por esse ângulo, uma das vantagens dos SIG é a aquisição de informação
por meio do alinhamento de layers (camadas) temáticas, visando a análises de
efeitos conjuntos dos diferentes dados envolvidos nos processos em estudo,
permitindo o cruzamento e a elaboração de produtos que podem ser usados em
diferentes conjunturas, além de ser levado em conta o fator econômico de agregar,
em um único ambiente (BD), vários estudos, que podem interagir entre si, com
redução de custo e acesso facilitado na área de interesse geograficamente ligada.
Como enfatiza Matias (2002), as desvantagens residem na resistência, por
uma simples recusa baseada numa crítica superficial ao seu status epistemológico
de sustentação positivista dos estudos recentes da geografia, quando se confundiu o
uso das técnicas quantitativas com a adoção de um método de interpretação
quantitativa. Outra inconveniência se revela pela submissão operacional à conexão
de rede, assim como à capacidade computacional (hardware), quando se trata de
cartografia digital, em que o desempenho pode não ser ágil, face às operações de
processamento de dados complexos em ambiente web.
Por se tratar de dados geoespacializados, suas análises têm uma rotina de
procedimento com base em critério de distância ou contiguidade, onde a matriz de
vizinhança é alimentada via parâmetros em software (SPRING 4.2 E ARC GIS 10.1).
Hubner e Oliveira (2008) ressaltam que a distinção básica entre dado
geoespacial e informação geoespacial reside na capacidade de transformação, pois
há relação lógica entre os termos. O acréscimo de significado e contexto para um
dado geoespacial, através do processamento e da análise desses dados, gera
informação geoespacial, que comunicada, interpretada e aplicada para uma
determinada finalidade, resulta na construção de conhecimento. Os termos
57
“Informação Geográfica”, ”Informação Geoespacial” e ”Geoinformação” são
sinônimos e resultam do processamento e análise de dados geoespaciais.
d) Subsidiar a pergunta norteadora, buscando responder se houve mudança de
visão e/ou de técnica na análise espacial destinada ao turismo.
O Centro Histórico de São Luís reúne um acervo de caráter documental, com
material de textos, imagens, mapas e dados analógicos e digitais que não fazem
parte de uma base comum. Nesse contexto, as geotecnologias seriam capazes de
fazer a compilação desses dados e incrementar a procura e a oferta turísticas. A
interatividade entre o Sistema de Informação Geográfica e a atividade do turismo, no
recorte do Centro Histórico, representaria um fator de ligação ambicioso e
proveitoso, no tripé entre técnica, interesse e ambiente.
3.3 Identificação e delimitação do objeto da pesquisa
A cidade de São Luís, capital do Estado do Maranhão, está localizada em
uma Ilha (Ilha do Maranhão) de 1.410,015 km², com mais três municípios (Paço do
Lumiar, Raposa e São José de Ribamar), conforme mostra a figura 15.
Contida no quadrante de coordenadas geográficas 2° 31’ 00”S de latitude e
44° 16’ 00”W de longitude, permanecendo a uma altitude de 24m acima do nível do
mar, com temperaturas elevadas durante o ano todo, pela proximidade da linha do
Equador. O município de São Luís tem uma área de 834,785km², detendo 57% do
território da Ilha, e se situa na face ocidental da mesma, com suas sedes
administrativas (Estadual e Municipal) no Centro Histórico, situado na porção
noroeste da Ilha, na zona costeira, marco inicial da cidade, e delimitado por uma via
chamada de Anel Viário, com 8 km de extensão, onde abriga em seu interior o
núcleo primitivo da cidade do século XVII, fundada em 1612.
58
Figura 9 - Mapa de localização da Ilha do Maranhão
Fonte: Organização do autor, a partir da LABGEO/UEMA (2002).
Fixar-se-á, como recorte espacial da pesquisa, o Centro Histórico de São Luís
do Maranhão, com destaque especial para a área inscrita, em 1997, como
Patrimônio Cultural da Humanidade, pela UNESCO, no intuito de observar o
potencial turístico com as lentes das geotecnologias.
A delimitação da área específica da pesquisa pode ser observada na figura
16, na qual se percebem os indicativos distintos de cada zona, assim como a
espacialização extensa que o Centro Histórico de São Luís ocupa – são 388
hectares, com 11 bairros (Apicum, Desterro, Centro, Codozinho, Coreia, Goiabal,
Lira, Madre Deus, Praia Grande e Vila Passos). Segundo o IPHAN-MA, a área
possui mais de cinco mil imóveis cadastrados como pertencentes ao Patrimônio
Histórico, tornando-se um cenário de paradoxo entre a beleza e o abandono.
59
Figura 10 - Mapa do Centro Histórico de São Luís – Zoneamento
Fonte: Organizada pelo autor, a partir da INCID (2012).
Observa-se que a zona de preservação histórica (destacada em azul claro) é
mais extensa. Ela compreende a maior parte do CH, abrangendo os bairros do
Desterro, Praia Grande e Centro, e coincidindo com o tombamento estadual (linha
azul). Também se nota que a zona de tombamento Federal (linha vermelha) e o
tombamento da UNESCO estão inseridos nessa zona, constituindo-se em grandes
áreas de apelo turístico.
É importante que as questões sociais também fossem contempladas, pois a
zona de interesse social (cor marrom) ficou destacada pelas iniciativas públicas
como relevante, dada a proximidade do núcleo geográfico e administrativo com o
cerne histórico.
.
3.4 Coleta e processamento de dados
Para utilização de dados, esta pesquisa fez a coleta, a verificação e a análise
dos dados, correlacionando o enfoque das geotecnologias ao turismo.
60
A Lei de Zoneamento, Parcelamento e Uso do Solo – Lei 3.253/92, o Anuário
Estatístico do Perfil do Turista; Relatório da demanda turística nacional e
internacional para a cidade de São Luís; Pesquisa de turismo receptivo – alta
estação de São Luís; Relatório: pesquisa de turismo receptivo 2014; publicações,
imagens, mapas digitais e analógicos, dados da Secretaria Municipal de Turismo;
Secretaria Estadual de Turismo; Instituto da Cidade, Pesquisa e Planejamento
Urbano e Rural – INCID; Observatório do Turismo da Cidade de São Luís e
IPHAN/MA, além de órgãos correlatos, ao disponibilizarem dados, farão parte dessa
pesquisa.
A utilização do Sistema de Informações Geográficas permitirá, com técnicas
de geoprocessamento digital de imagens, utilizando o programa “IMPIMA”, a criação
de Banco de Dados (Centro Histórico de São Luís) em software livre (SPRING 5.3 -
INPE), a aquisição de imagens de satélite da área, o georreferenciamento, a
alimentação de dados, a manipulação do BD e output para editar em módulo
“SCARTA”, gerando arquivo para impressão e permitindo a apresentação na forma
de um documento cartográfico, sendo reeditado em Corel Draw.
Paralelamente, foram utilizados procedimentos com software ArcGis versão
10.1 da ESIRI para mapear, no intuito de comparar as bases de dados
georreferenciadas no SPRING 5.3-INPE, a fim de corrigir distorções e fazer
classificação e espacialização de dados.
Trabalhadas, as informações obtidas auxiliarão no estudo da área de
geoprocessamento voltada ao turismo, para gerar resultados com metadados,
colaborando, assim, com a capacidade que o turismo tem em se integrar.
3.5 Análise de dados
Os instrumentos de coleta e análise de dados diferenciados para cada etapa,
em seu conjunto compõem ferramentas metodológicas que passam a fornecer
claramente e com segurança, as respostas aos problemas e alcance de objetivos.
As técnicas de análise de dados, onde se abre mão dos métodos
convencionais e se adota a análise de dados georreferenciados, utilizam-se
subsídios no formato vetorial, valendo-se da toponímia de pontos, linhas e polígonos
para tentar representar as características físico-geográficas da área de estudos, que
61
possibilitam ao investigador consolidar uma relação entre o levantamento
bibliográfico e a pesquisa de campo.
Após esses procedimentos, inicia-se a elaboração dos gráficos, tabelas e
mapas que farão parte da exposição das análises de implicações, observando-se
sempre, resultados para cada item e a natureza da pesquisa. Para Bardin (1977, p.
38), “a análise de conteúdo aparece como um conjunto de técnicas de análise das
comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do
conteúdo das mensagens”.
Em uma das etapas da pesquisa, a análise de conteúdos será importante, por
se tratar de um demonstrativo técnico, que embora seus resultados e discussões
venham a ser apresentados em formato de mapas cartográficos, possuem também
equivalências estatísticas, quando é considerado o contexto social, que é associado
às práticas do turismo sob as quais são produzidas as interpretações.
A título de exemplo, a Figura 11 traz buffers (circulares) em que dados de
segurança pública (Delegacia de Policia Civil – peça cor azul e Batalhão da Polícia
Militar de apoio aos turistas – circulo cor laranja) são plotados em uma base
(imagem de satélite), usando-se o centroide (lat/log) e estabelecendo um parâmetro
de 500 metros de raio de ação para observar a zona de interseção, assim como a
observância de extensões descobertas pelo Sistema Público de Segurança, no
espaço do Centro Histórico, delimitado pelo Anel Viário (linha cor vermelha).
62
Figura 11 - Exemplo de interpolação de dados de segurança no Centro Histórico de São Luís-MA
Fonte: Organizada pelo autor, a partir da INCID (2012).
Com isso, a pesquisa acompanha um percurso sistemático, no que diz
respeito à coleta de dados, montagem de banco de dados, tratamento de dados,
cartografia, com técnicas para construção de material cartográfico, respondendo à
pergunta da dissertação.
3.5.1 Sistemas de Informações Geográficas (SIGs) aplicados ao Centro Histórico de São Luís: contribuições técnicas para o planejamento do turismo cultural
Nesta seção, pretende-se focar na identificação e na espacialização da oferta
turística do Centro Histórico pelos mapas: atrativos (patrimônio material - bens
patrimoniais edificados: casario, casas de cultura, teatros, palácios, praças, entre
outros), reunidos a equipamentos e serviços turísticos (agências, secretarias,
restaurantes, bares e similares, entretenimento, artesanato, hotéis e pousadas,
postos de informações turísticas, casas de câmbio, casas de eventos,
representações consulares, etc) aliados à infraestrutura de apoio (delegacias,
correios, postos de saúde, hospitais, comunicações, transporte urbano, etc).
63
Os principais componentes da oferta turística (os atrativos turísticos, os
equipamentos e serviços turísticos e a infraestrutura básica) serão cartograficamente
representados por mapas temáticos, segundo sua natureza de envolvimento na
atividade turística, seguindo os critérios abaixo relacionados, expostos na Figura 12.
Figura 12 - Oferta turística
Fonte: Beni (2007).
64
3.5.2 Identificação e espacialização da oferta turística
3.5.2.1 Mapas temáticos
Será produzido, nesta fase, material cartográfico que situe e torne acessível
um produto chamado mapa temático turístico, que vai trazer um complemento de
leitura do tema principal, que se volta para a cartografia digital.
Segundo Delazari (2004), um mapa eletrônico deve contar com a
interatividade e alcançar um grande número de pessoas. Isso pode ocorrer através
de mídias digitais, do ambiente da Internet, entre outros. A autora assegura que
existem 3 tipos de mapas: eletrônicos “só para ver”, são formas eletrônicas do atlas
analógico, porém, permitem o acesso de forma aleatória. Esses têm menor custo e
maior divulgação, pois são em CD-rom; eletrônicos interativos, o usuário tem acesso
à manipulação de dados, podendo, no ambiente interativo, modificar cores, o
número de classes, e outros; e os eletrônicos analíticos, levam a uma exploração
mais aprofundada do ambiente digital.
Uma demonstração bastante ilustrativa de mapa temático do Centro Histórico
de São Luis (Figura 28) foi apresentada por Gonçalves (2006), quando a autora
discute, em um recorte do Centro Histórico, a temática habitacional de ocupação do
imobiliário, no que se refere ao emprego residencial. Há de se destacar que a autora
conseguiu produzir mapas temáticos analógicos destacando, através de legendas,
suas conclusões de forma satisfatória na identidade visual, com potencial para ser
trabalhado como input na vertente da cartografia digital.
65
Figura 13 - Uso e ocupação de um recorte do Centro Histórico de São Luís
Fonte: Gonçalves (2006).
Nesta pesquisa, objetiva-se espacializar, em base cartográfica, os dados
obtidos na coleta, de tal sorte a elaborar alguns mapas temáticos, seguindo o quadro
acima de oferta turística, conforme enfatiza o Beni (2007), quando faz sua análise
estrutural do turismo, em que incida com as aplicações do SIG como um sistema de
base de dados cuja função é indexá-los espacialmente, no qual um conjunto de
processos é indicado, a partir de perguntas que são feitas sobre as entidades
espaciais na base de dados.
3.5.2.2 Mapas temáticos por aproximação (Buffer)
Constituem-se em tipo específico de representação cartográfica, por estarem
relacionados ao objetivo temático deste trabalho, constrói-se, em seu entorno, uma
demonstração de abrangência ou aproximação geográfica. Neles serão
representados os componentes do Atrativo Turístico, conforme Beni (2007).
66
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 O turismo cultural no Estado do Maranhão
De acordo com o Atlas do Maranhão (2002), o Estado está localizado no
litoral norte do Brasil e possui uma área de 333.365,6 Km², limitando-se ao norte
com o Oceano Atlântico. Destaca-se a sua faixa litorânea, de 640 km, sendo a
segunda maior, em extensão, do nordeste. O clima predominante do Estado é o
tropical, e seu relevo apresenta duas regiões distintas que incluem a planície
litorânea e o planalto tabular. A planície litorânea é formada por baixadas
alagadiças, tabuleiros e extensas praias, destacando-se as grandes extensões de
dunas e o litoral recortados, especialmente onde se formam as baías de São Marcos
e de São José.
Hoje, a população do Estado do Maranhão, que para o IBGE (2015), tem um
tempo médio para aumento, por habitante, no intervalo de 10’ 6” minutos, é na
ordem de 6.900.872 habitantes, distribuídos entre os 217 municípios.
Para o Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos –
IMESC, no ano de 2011, que fez a composição setorial das fontes de crescimento
da economia maranhense, a maior contribuição para o seu dinamismo vem do
segmento primário. O segundo setor de maior importância isolada são os gastos
púbicos, sobretudo os relacionados à educação, que tiveram destaque, face ao
excepcional desempenho das transferências via FUNDEB. O terceiro segmento de
grande expressão são as atividades de comércio, refletindo a expansão da renda
disponível no Estado, relacionada ao bom desempenho do mercado urbano, mas,
também, fruto da expansão dos financiamentos ao consumidor, em suas várias
modalidades. Por fim, as atividades industriais responsáveis pela quarta parcela de
contribuição do PIB maranhense.
Rico em belezas naturais e culturais, o Estado do Maranhão, pelo seu
potencial turístico, tem perspectivas que contemplam a atividade turística, que vão
desde o crescimento da economia, até o desenvolvimento amplo de todos os
setores interligados, públicos ou privados. Foi buscando ampliar esta visão do
turismo no Estado que o governo lançou, em 1999, o Plano Maior 2010 – Estratégico
de Turismo do Estado do Maranhão, visando a lançar o destino turístico do Estado
no cenário brasileiro. A ideia era integrada a uma estratégia de marketing que, a
67
partir do slogan “Maranhão Único” (Figura 19), construiu etapas para promover a
atividade, com a participação de todos os segmentos (agentes sociais, gestão
pública, trade turístico e a sociedade como um todo) para, em médio prazo,
consolidar o turismo no Estado.
Figura 14 - Identidade visual do Plano Maior do Turismo 2010
Fonte: Disponível em <www.antaq.gov.br/portal/pdf/palestras/>. Acesso em: 21 jul. 2015.
De acordo com Muniz e Santos (2007), o plano maior está dividido em três
etapas: fase I (diagnóstico e estratégia de desenvolvimento - maio a outubro de
1999), fase II (plano operacional - outubro de 1999 até janeiro de 2000), e fase III
(implantação - a partir de janeiro de 2000). O prazo para o término do cronograma
de ações, projetos, programas do plano, estava previsto para o ano de 2010.
Do ponto de vista de Santos e Teixeira (2009), as três etapas mencionadas
foram assim trabalhadas:
a) Fase I - Teve por objetivo obter uma radiografia geral dos atrativos turísticos
do Estado do Maranhão, envolvendo agências e operadoras existentes no Brasil.
Nessa fase, foi realizado um inventário dos atrativos e foram constituídas comissões
consultivas com todos os setores envolvidos com o trade do turismo no estado. Dos
pontos fortes, destacaram-se os recursos naturais (ecossistemas) preservados e
culturais, como a gastronomia e as manifestações artísticas regionais, novos
aeroportos (apesar de poucas ofertas de voos), a tradição do transporte marítimo e
fluvial, e o potencial de geração de emprego e facilidade de investimentos que
poderiam ser gerados pela política de gestão de polos, e a facilidade de conexão
com o sul do Brasil. Como pontos fracos, identificaram-se a inexistência de uma
estratégia integrada entre a gestão dos polos e as políticas públicas locais, a falta de
políticas que integrem o Nordeste com a Região Amazônica, o abandono do
68
patrimônio histórico, a precária infraestrutura para o turismo, a falta de consciência
da importância do turismo, e o desconhecimento sobre o Estado.
O emprego de geotecnologias, nessa Fase, iria promover uma sistematização
nas ações, por empregar técnicas de mapeamento e cruzamento de informações
capazes de identificar diferentes áreas de relevância.
b) Fase II - É a fase do plano operacional, dividido em macroprogramas:
desenvolvimento, marketing, maior qualidade, sensibilização da sociedade e
comunicação.
Pela sua abrangência, o macroprograma de desenvolvimento é o que mais
interessa a esta pesquisa e, por isso, tornou-se necessário seu enquadramento
teórico-empírico, sem desprezar a importância dos outros macroprogramas. O
referido macroprograma é constituído por cinco programas que cobrem os setores
de: I. infraestrutura (saneamento básico, acessibilidade, telefonia, energia e
cenografia urbana); II. planejamento (plano diretor, regulamentação ambiental,
desenvolvimento de projeto e pesquisa); III. formação; IV. reestruturação de
produtos (equipamentos, serviços e recursos turísticos); V. estruturação de novos
produtos (equipamentos, serviços e recursos turísticos).
Para a aplicação das ações do respectivo macroprograma, foi necessário criar
polos de interesse, e se fossem desenvolvidos em SIG, o produto seria mapas
dinâmicos dos seguintes Polos, como estabelece o Plano:
I. Polo da Floresta dos Guarás, a APA das Reentrâncias Maranhenses;
II. Polo dos Lençóis Maranhenses, o Parque Nacional dos Lençóis
Maranhenses;
III. Polo da Chapada das Mesas, o Parque Nacional da Chapada das Mesas;
IV. Polo do Delta das Américas, o Delta do Parnaíba;
V. Polo de São Luís, os municípios de Alcântara, Paço do Lumiar, Raposa, São
José de Ribamar, e a própria cidade de São Luís.
c) Fase III - Essa fase foi implantada a partir de janeiro do ano 2000, e seu
cronograma de ações, projetos e programas do Plano Maior, foi concluída em 2010.
Conforme destacam Muniz e Araújo (2014), tendo em vista que as metas e os
prazos não haviam sido alcançados em 2011, os Planos de Turismo foram
reconfigurados ao Plano Maior 2020, com uma nova identidade visual (Figura 20),
69
novos produtos turísticos e ampliação, de cinco para dez, dos polos turísticos, como
estratégia de desenvolvimento de novos atrativos, a fim de proporcionar ajuste a
novos públicos.
Figura 15 - Identidade visual do Plano Maior do Turismo 2020
Fonte: Disponível em <www.antaq.gov.br/portal/pdf/palestras/>. Acesso em: 21 jul. 2015.
Entre os polos turísticos, fazem parte os chamados indutores, compostos por
três regiões (cor verde na figura 21, abaixo), dentre as quais está o município de
São Luís, capital do Estado, com seu Centro Histórico (área desta pesquisa - elipse
vermelha), que tem competência de grande rendimento; os polos estratégicos,
formados por quatro áreas (em amarelo), considerados importantes para a
variedade da oferta turística; e, por fim, os polos de desenvolvimento, que juntam
três áreas (vermelho), que ainda precisam de investimentos elevados.
Figura 16 - Classificação dos polos turísticos conforme Plano Maior do Turismo 2010
Fonte: disponível em <www.antaq.gov.br/portal/pdf/palestras/>. Acesso em: 21 jul. 2015.
70
Com o redimensionamento do Plano Maior e a ampliação dos prazos de
execução de etapas, há uma impressão de um aspecto mais profissional, que
objetiva “vender” o Maranhão como destino turístico mais fortalecido e integrado aos
parceiros estados vizinhos, aumentando a parceria com o trade, investimento nas
campanhas publicitárias e no planejamento de marketing, sem excluir os avanços da
versão anterior. Percebe-se, na figura anterior, a presença logo do “Maranhão
Único”, referenciando evoluções e ajustes a serem realizados no desenvolvimento
do turismo no Estado.
O Plano Maior preconiza que o Estado pode, através de suas políticas,
arquitetar táticas e estratégias que envolvam o processo de resgate da lógica de
projetos e ações planejadas, o que assinalaria com bom aproveitamento a utilização
de um SIG, facilitando a espacialização dos dados espaciais, o processo de
planejamento, a implementação e o controle de ações de desenvolvimento do
turismo.
4.2 A cidade de São Luís e a localização do seu Centro Histórico e a caracterização da oferta turística
São Luís, capital do Maranhão, está localizada na face ocidental da ilha do
Maranhão, possuindo uma área de 831,7 km². A cidade divide o espaço da Ilha com
os municípios de São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa, que formam a
Região Metropolitana de São Luís, que engloba, ainda, o município de Alcântara,
situado no continente.
O município de São Luís ocupa mais da metade (57%) da Ilha do Maranhão,
pertencendo-lhe, ainda, politicamente, o arquipélago das ilhas de Tauá-Mirim, Tauá-
Redondo, do Medo, Duas Irmãs, Guarapirá e das Pombinhas.
A área está localizada no quadrante entre as coordenadas S 02º 28’ 12” e 02º
48’ 09”, e W 44º 10’ 18" e 44º 35’ 37". Apresenta altitude de 24 metros e fuso horário
3hs GMT. O município de São Luís apresenta os seguintes limites:
Norte - Oceano Atlântico;
Leste - município de São José de Ribamar;
Sul - municípios de Rosário e de Bacabeira e
Oeste - municípios de Cajapió e de Alcântara.
71
O Centro Histórico do município de São Luís está localizado na faixa costeira
noroeste do município, na confluência dos rios Anil e Bacanga (Figura 23). Segundo
Gonçalves (2006), a área de abrangência desse centro compreende o núcleo
primitivo da cidade, no platô fronteiriço à foz dos rios mencionados, datado do século
XVII, bem como os espaços adjacentes da expansão urbana ocorrida nos séculos
XVIII, XIX e início do século XX.
Figura 17 - Localização do Centro Histórico da cidade de São Luís-MA
Fonte: Mapa Turístico distribuído pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo; organização do autor, outubro de 2015.
72
Esse Centro, atualmente é circundado por uma via arterial primária de cerca
de 7,650 km de extensão, denominada Anel Viário de São Luís, o qual se insere em
um polígono de 404,72 ha, calculado no escopo desta pesquisa; equivale a
aproximadamente 5% da área do município, espaço análogo a 80 estádios de
futebol.
As duas zonas evidenciadas na paleta amarela da figura 24, foram afetadas
pelos tombamentos federal e estadual. Com cerca de 220 hectares, situam-se na
porção oeste da ponta formada pela confluência dos rios Bacanga e Anil, limitada
pelo Anel Viário (poligonal da linha vermelha).
Figura 18 - Localização do Centro Histórico da cidade de São Luís-MA
Fonte: Andrès (1998).
73
Predomina, na área preservada, a ocupação residencial unifamiliar e
institucional, embora existam muitos imóveis desocupados, que sofrem a ação do
tempo e da falta de manutenção, transformando-se em ruínas.
Na área de tombamento federal se destacam as construções históricas, como
demonstradas em imagens da figura 25, exemplos em estilo tradicional português. A
de tombo estadual, por sua vez, é marcada pelas correntes modernas e ecléticas, e
pelos estilos arquitetônicos neocolonial, art déco e art nouveau, bem como o estilo
popular, proveniente dos sistemas construtivos informais, que se apropriaram da
imagem tradicional da arquitetura ao longo do tempo.
Figura 19 - Estilos: art nouveau (Teatro) neocolonial (Palácio), art déco (Refesa) e popular
Fonte: disponível em: <https://pt-br.facebook.com/MinhaVelhaSaoLuis>. Acesso em: 07 set. 2015.
O Centro Histórico ainda conta, em seus limites, com órgãos como a
Fundação Municipal de Patrimônio Histórico – FUMPH, o Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, além das instalações da Universidade
Federal do Maranhão – UFMA, Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, e do
Campus Centro Histórico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Maranhão, organismos que representam a mão jurídica do estado de direito,
fazendo perceber o quão valoroso e proposital é o turismo.
Pode-se dizer, que a preocupação com o turismo em São Luís é recente, para
uma cidade com mais de quatro séculos, com um espaço com vocação natural para
o turismo, em meio a manifestações culturais e folclóricas tidas como potencial
turístico do Maranhão, e apontado como recurso estratégico para a promoção do
desenvolvimento econômico, mas que [...] “durante muitos anos, nenhuma ação
consistente, com base num planejamento sério e aprofundado nas nossas reais
possibilidades de exploração do turismo, foi objeto de metas prioritárias do Governo”
(MARANHÃO, 2000, p. 3).
74
Em 1997, o Centro Histórico da capital maranhense foi reconhecido como
Patrimônio Cultural da Humanidade, pelo Comitê Intergovernamental para a
Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural da UNESCO. Em 2015, a cidade
completou 403 anos de fundação. O Centro Histórico de São Luís apresenta uma
demanda considerável construída, por valor histórico-cultural, que segundo dados da
Secretaria Municipal de Turismo (2014), indicam de maneira positiva a visitação,
uma vez que é de 96,24% o índice percentual de turistas que desejam retornar a
São Luís.
Por ser a capital do Estado e estar inserida em um dos polos atrativos do
Plano Maior, incide sobre São Luís uma expectativa maior em relação ao turismo.
Contribui para essa afirmação, também, o fato de a cidade concentrar produtos
turísticos de excelentes atrações como, por exemplo, o turismo cultural, tendo como
pano de fundo o conjunto colonial arquitetônico de Centro Histórico.
Afirma Souza (2012), que a cidade é dotada de um patrimônio histórico dos
mais ricos e representativos da arquitetura colonial portuguesa. São Luís recebe
várias denominações, dentre essas, o título de “Cidade dos azulejos”. Isso se
justifica pelo fato de a cidade possuir uma rica história de revestimento azulejar.
Azulejos esses, feitos manualmente, oriundos da colonização lusitana. Já foram
catalogados 309 diferentes padrões de azulejos originários de Portugal, da França,
da Alemanha, da Inglaterra, da Espanha e da Holanda, no Centro Histórico de São
Luís.
Aliado ao sitio arquitetônico, o Turismo Cultural é o segmento do mercado
turístico local mais importante, por focar nos produtos culturais (patrimônios material
e imaterial). Atrai para as cidades turistas culturais que se caracterizam pela
peculiaridade de apreciadores abrangentes e que gostam de colecionar viagens.
Esses encontram em São Luís um destino “único”, com valor agregado de ter a
integração entre a comunidade local e o visitante, redefinindo o uso do patrimônio de
memórias e tradições.
Desta forma, o Centro Histórico da cidade de São Luís, com seus elementos
integrantes do acervo arquitetônico (edificações, logradouros, etc.) e manifestações
socioculturais, proporciona uma ascendente ampliação da percepção da cidade sob
o olhar do turismo.
Para Carvalho e Simões (2012), a cidade se constitui em um sistema
integrado e complexo de rupturas e continuidades, mudanças e transformações,
75
adquirindo relevo no segmento do turismo cultural. No âmbito do mercado de
consumo turístico, o centro histórico de São Luís e seus elementos constituintes se
transformam em espaços de interação entre a comunidade local e os visitantes. A
atividade turística local redefine o uso do patrimônio, agenciando histórias, memórias
e tradições, e oportunizando o conhecimento sobre a diversidade de formas de
expressão cultural dessa localidade.
O que é também significante em São Luís é o imaginário do contraditório,
visto que a fundação da cidade incita um debate entre historiadores, dividindo
opiniões entre uma possível autoria francesa ou portuguesa. A Upaon-açu, assim
chamada pelos índios Tupinambás, os primeiros habitantes desta terra, também foi
invadida e disputada por holandeses. Este olhar de conflito e realidade está
representado com técnica gravada em pedra (litografia) expressa na figura 22, um
olhar na paisagem da cidade do século XIX.
Figura 20 - Maranhão (cidade de São Luís) Vista da Ponta de São Francisco – litografia
Fonte: Adaptado pelo autor, de Manoel Ricardo Canto (1864).
Em se tratando de visualizar uma expectativa panorâmica para o turismo
cultural em São Luís, a perspectiva remonta ao Plano Maior, lançado em 1999, e
que teve suas metas redimensionadas para 2020. Em torno de sua
institucionalização, residia a possibilidade de uma gestão compartilhada, por meio
de discussões sobre temáticas relacionadas ao desenvolvimento sustentável do
espaço urbano e à preservação do patrimônio local. O que resta, entretanto, são as
dúvidas e perguntas, em meio às turbulências e às instabilidades econômicas pelas
quais passa o país, afetando a atividade turística. Há, apesar disso, a certeza que o
76
centro histórico de São Luís já resistiu ao tempo de quatrocentos anos e, hoje, é o
palco perfeito das realizações do Turismo Cultural para estrear o futuro.
Levando-se em consideração a importância do espaço do Centro Histórico da
cidade, sob os aspectos históricos, desde a fundação materializada pelas
construções com ampla carga cultural, esse espaço é considerado como o mais
importante para o turismo em São Luís, pois o que há de apelo para a atividade
turística é extraordinariamente fantástico, quando se trata de patrimônio material e
imaterial, aliado também à preservação dos aspectos sociais e ambientais.
Conscientes da importância deste sítio, Carvalho e Simões (2011) consideram
que o Projeto Reviver, no Centro Histórico, implantado em 1989, promoveu ações de
manutenção do uso residencial, fomentou a geração de emprego e renda, com
incentivo às manifestações culturais, estimulando as melhorias na infraestrutura da
área, além de preservar o patrimônio arquitetônico ambiental urbano, reintegrando-o
à dinâmica social e econômica da cidade, e devolvendo à urbe a importância que o
espaço merece.
A atividade turística, daqui por diante, consolidou-se principalmente quando a
cultura e o patrimônio passaram a exercer o papel principal, na oferta turística, como
atrativo, exigindo equipamentos, serviços turísticos e infraestrutura para, em
seguida, serem solicitados e avaliados por turistas em seus níveis de satisfação.
A estratégia da revitalização resultou na melhoria econômica do comércio
varejista, especialmente de gêneros alimentícios regionais e artesanato, e das
atividades relacionadas ao turismo cultural. As imagens expressas na figura 6
registram exatamente esses momentos históricos. Foram as primeiras tentativas de
organização do caos, de propiciar um novo uso ao espaço urbano, concedendo-lhe
uma organização associada à dinâmica da convivência e interação sociocultural.
77
Figura 21 - Aspectos da primeira intervenção da primeira etapa (Projeto Reviver - 1988/89) na praça do bairro Praia Grande, Centro Histórico de São Luís-MA
Fonte: Andrés (1998).
Além disso, a nova organização do espaço estruturou a cidade privilegiando a
estética das ruas, a despoluição visual, e assegurou ainda a retirada de veículos
desses espaços, permitindo que os mesmos sejam vistos como objetos para a
contemplação, como se percebe na figura 7. Essa nova configuração dos
equipamentos urbanos acabou privilegiando o Centro Antigo de São Luís para o uso
dos transeuntes, proporcionando maior integração de moradores e visitantes com o
patrimônio material e imaterial da cidade.
Figura 22 - Rua Portugal antes e depois, com proibição de trânsito veicular e efeito do novo sistema de iluminação
Fonte: Andrés (1998).
O Centro Histórico de São Luís parece então transpirar o turismo cultural,
quando comparado a outros nesse enfoque, como Salvador-BA, Ouro Preto-MG,
São Miguel das Missões-RS, entre tantos. Valoriza-se pela importância de ser
núcleo de gênese da capital maranhense. A cidade também conhecida, nos jargões
populares, como “Aldeia Tupinambá”, “Upau-açu” (Ilha Grande), “Athenas brasileira”,
78
“Cidade de Porcelana” (La petite ville aux palais de porcelaine – cidadezinha dos
pequenos palácios de porcelana), “França Equinocial”, “Cidade dos Azulejos”, “Ilha
do bumba-boi”, “Ilha Magnética”, “Ilha do amor”, “Ilha rebelde”, “Terra do poeta
Gonçalves Dias”, “Terra das palmeiras onde canta o sabiá”, “Terra do Tambor de
Criola”, “A Liverpool brasileira”, “Jamaica brasileira”, “Capital brasileira do Reggae”
ou, simplesmente, “São Luís, Patrimônio Cultural da Humanidade”, portanto,
configura-se no ângulo do turismo cultural, por seu rico patrimônio cultural, material
e imaterial. Tais denominações vêm sendo exploradas, atualmente, pela Prefeitura
de São Luís, através da divulgação de totens distribuídos em pontos estratégicos, e
caracterizam as diversas formas de olhar a cidade, seus monumentos e,
principalmente, sua diversidade cultural (figura 8).
Figura 23 - Totens publicitários
Fonte: www.agenciasaoluis.com.br. Acesso em: 25 jan. 2016.
4.2.1 Turismo, cultura e patrimônio: considerações acerca do turismo cultural
Percebendo no Centro Histórico de São Luís a incumbência de ser um ícone,
citam Soares e Tricárico (2013), que o traçado de linhas e pontos constantes das
ruas e a localização das praças nos largos e das escadarias e edificações alinhadas
colaboraram para que a cidade fosse inscrita pela UNESCO ao título de Patrimônio
Mundial.
O cenário arquitetônico colonial de origem de São Luís observado na figura 9,
que traz em primeiro plano o Palácio dos Leões, sede oficial do governo do Estado,
é um bom exemplo daquilo que descrevem os autores acima, onde a topografia de
79
colinas litorânea tem sua ocupação marcada por elevação em ruas de ladeiras e
escadarias peculiares desse lugar.
Figura 24 - São Luís do Maranhão nasceu do mar e possui o caráter marcante de uma cidade colonial portuária
Fonte: adaptado pelo autor, a partir de Andrés (2015).
Ainda afirmam Carvalho e Simões (2012), que na cidade de São Luís as
campanhas de patrimonialização destacam o passado como símbolo de uma
memória capaz de sustentar a identidade local. Esses esforços se dão como um
processo de revitalização, notados na comparação de imagem na figura 10,
entendido como mecanismo de preservação do patrimônio de cidades históricas e
incluem a produção de novos cenários, de novas paisagens, com a articulação entre
a tradição e a modernidade, como via de construção da cidade-imagem, signo
central em um mundo global.
Figura 25 - Revitalização do Centro Histórico de São Luís-MA: um novo cenário, articulação entre a tradição e a modernidade
Fonte: adaptado pelo autor de Andrés (2015).
Segundo Dias (2005), os principais componentes da oferta turística são os
recursos turísticos – que podem ser naturais ou culturais. Incluem-se nesta categoria
o clima, a paisagem, os parques naturais e temáticos, manifestações folclóricas e
todo o patrimônio natural e cultural, passando, assim, a ser o enquadramento
80
perfeito para o Centro Histórico de São Luís, pela forte tendência ao Turismo
Cultural, face ao patrimônio material e imaterial que a cidade tem e produz.
Um dos destaques do CH em atrativos turísticos é a cultura material do
acervo arquitetônico local, com edificações feitas à base de pedras e argamassa
com cal, cascas de sarnambi e óleo de baleia. Suas paredes possuem mais de um
metro de espessura, o que, para a época, representava uma tecnologia
antiterremoto, pois em 1755, Lisboa tinha sido acometida por uma catástrofe, e os
portugueses aqui estabelecidos trataram de se precaver, erguendo as edificações do
Centro Histórico de São Luís com garantias de sustentação, embelezando as
fachadas coloniais com azulejos pintados à mão, com a função também de manter a
temperatura mais amena no interior das casas, já que o revestimento azulejar faz
refletir a incidência da radiação solar, bastante presente na região.
De acordo com Costa, Figueiredo e Varum (2011), quanto ao traçado de ruas,
praças e, por conseguinte, quadras, foram considerados os alinhamento dos imóveis
nos limites frontais e laterais do lote, voltados para uma única área livre no meio da
quadra, dispostas em um traçado quadriculado ortogonal, obedecendo a projeto
oriundo de arquitetura militar de traçado de autoria do engenheiro militar português
Francisco Frias de Mesquita, favorecendo, portanto, a adaptação da tipologia
pombalina (Figura 26).
Figura 26 - Traçado de São Luís (1615), do Centro Histórico de São Luís de traçado ortogonal
Fonte: Arquivo da Superintendência do Patrimônio Cultural do Estado.
81
A Prefeitura Municipal de São Luís, através da Fundação Municipal de
Patrimônio Histórico (FUMPH), mantém um projeto chamado “Caminhos da
Memória", para a valorização do patrimônio cultural da cidade, conforme delimita a
gestão do patrimônio histórico municipal, contribuindo para o reconhecimento, a
divulgação, a manutenção, a conservação e a valorização do Patrimônio Cultural,
bem como para a promoção do desenvolvimento social, econômico e ambiental
sustentável do Centro Antigo.
A importância do Centro Histórico remete à relevância histórica, social e
cultural, promovendo, assim, um maior conhecimento sobre o processo de
ocupação, expansão e formação de outros núcleos urbanos de São Luís. Para tanto,
o CH foi dividido em roteiros escolhidos que compreendem os marcos do processo
de ocupação e expansão do núcleo central de São Luís e os sítios históricos que
representam parte da história da cidade (Roteiro Histórico-Cultural, Roteiro dos
Museus, Roteiro Atenas Maranhense, Roteiro Igrejas de São Luís e Roteiro de Sítios
Históricos).
Ainda por diante, quanto se fala em Centro Histórico de São Luís, também é
quase obrigatório mencionar as lendas (A Serpente Encantada das Galerias
Subterrâneas; A carruagem de Ana Jansen; O Milagre de Guaxenduba e a Aparição
de Nossa Senhora da Vitória; O Palácio das Lágrimas, entre tantas outras).
O Centro Histórico de São Luís é lugar de origens de etnias indígenas (os
Tupinambás), de mistérios que são guardados no imaginário popular e de
religiosidades afro-brasileiras, com seus terreiros, que remetem ao respeito pelo
sincretismo, abençoado pelo toque dos tambores e festejado nas rodas populares do
Divino Espírito Santo, Tambor de Crioula, Bumba meu Boi, e outras manifestações
que consideram o Centro Histórico a sua “Meca de encontros”, constituindo-se em
forte apelo ao turismo cultural.
Nesta perspectiva conceitual, ao visitar o Centro Histórico de São Luís, a
expressão turismo cultural faz sentido, pelo ângulo da visibilidade do patrimônio,
reforçando as singularidades dos elementos que integram os espaços urbanos –
monumentos, edificações históricas, logradouros, práticas e manifestações
socioculturais. Tem-se, então, a contemplação (associação) da oferta cultural da
área – CH, nas conceituações desta tipologia turística onde está instalada, segundo
o IPHAN-MA, o maior conjunto arquitetônico colonial da América Latinas, com 5.500
edificações em 250 hectares
82
O conjunto histórico e arquitetônico de São Luís (Figuras 11 e 12) foi tombado
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, e reconhecido
pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura-
UNESCO, que concedeu à cidade o título de Patrimônio Cultural da Humanidade.
A visão panorâmica da aérea da figura 11, em ângulo consecutivo com uma
lente expandida, mostra a grandiosidade adjacente da parte noroeste do Centro
Histórico, enquanto que a figura 12 revela detalhe da edificação colonial, com típicas
calçadas em pedras de cantaria e pavimentação das ruas em paralelepípedo no
Largo da Praia Grande, bairro núcleo de fundação da cidade.
Figura 27 - Foto 360° do Centro Histórico de São Luís-MA
Fonte: www.9d.com.br (2012).
Figura 28 - Foto 360° do Centro Histórico de São Luís-MA
Fonte: www.9d.com.br (2012).
Para Muniz e Santos (2008), todo este acervo arquitetônico se tornou o
principal produto turístico da cidade de São Luís, destinando seu foco para o turismo
histórico e cultural. O Centro Histórico é o principal produto que o macroprograma de
comunicação de São Luís tem, para divulgar e mostrar para o mercado.
83
Comentam Carvalho, Diniz, e Simões (2008), sobre o resultado do processo
de valorização turística, o espaço urbano do Centro Histórico de São Luís vem
sofrendo um processo de enobrecimento de determinadas áreas, as quais se tornam
atrativas, notadamente para estrangeiros de alto poder aquisitivo, visando à sua
inserção na lógica de consumo do mercado turístico globalizado. Os autores
afirmam que na atualidade, os casarões coloniais se tornaram sedes de órgãos das
administrações públicas estaduais e municipais, ou foram refuncionalizados,
passando a abrigar equipamentos relacionados ao turismo, tais como agências de
viagens, casas de cultura e museus, bares, restaurantes e lojas de artesanato e
souvenir.
Ainda complementam que o patrimônio cultural de São Luís vem sendo
reconfigurado, por intermédio do aproveitamento turístico dos casarões coloniais, da
formatação de roteiros, da promoção de eventos no entorno do conjunto patrimonial
e na implantação de equipamentos turísticos, de lazer e entretenimento para turistas
e comunidade local. Acrescem-se a essa reconstrução material as ações de
marketing turístico que elevam o centro antigo à condição de ícone representativo da
cultura local.
Como descrevem Santos e Ribeiro (2009), o Plano Maior do Turismo no
Maranhão sugestiona um olhar estratégico de planejamento, que é viabilizado em
fases: diagnóstico e estratégia de desenvolvimento, formulando um plano
operacional que visa à implantação de cronograma de ações, projetos e programas,
o que constitui uma abordagem sistêmica do produto turístico que o Estado dispõe.
O Macroprograma de Desenvolvimento criou polos de interesses turísticos no
estado, entre eles o de São Luís, pelo título de Patrimônio Cultural da Humanidade
pela UNESCO. Por conseguinte, o Centro Histórico passou a ser referência, com os
novos paradigmas do turismo, face ao título que a cidade recebeu.
O reflexo no Centro Histórico da abordagem sistêmica não é percebido, em
face da distância entre o trade, planejamento governamental, clientes e Academia.
Como resultado, tem-se um Centro Histórico que vive um paradoxo entre o
imaginário e o real, permitindo acreditar na capacidade de desenvolvimento do
turismo na localidade.
84
4.3 Sistema de Informações Geográficas (SIG) aplicado ao Centro Histórico de São Luís: contribuições técnicas para o planejamento do turismo cultural
Foi através da construção de um modelo do SISTUR com uma interface com
o Sistema de Informações Geográficas que, no âmbito desta pesquisa, permitiu a
percepção da relação com o contexto turístico, que será utilizado para estabelecer
um processo de diálogo com os diferentes ambientes apontados do Modelo
Referencial e no SIG.
Entre os dois sistemas podem ser observados inter-relacionamentos que
conferem uma grande quantidade de valor mútuo, pois o SISTUR elabora uma
grande sucessão de matrizes de elementos analisados ao detalhamento minucioso
de cada um dos integrantes dos sistemas turísticos, possibilitando, assim, ampliar
essa visão, com a utilização de rotinas do Sistema de Informação Geográfica, visto
que esse se enquadra como uma ferramenta de aprimoramento que amplia a
capacidade de análise.
Ao redesenhar (Figura 29) o modelo de Beni (1998), que tem como forma
original o processo turístico como um todo, em forma de diagrama de fluxo, seja no
nível dos ambientes como dos influxos, pode ser inserido o SIG como contribuição
na operacionalização e na aplicação empírica, que possibilite fazer análises
temporais com avaliação de períodos que são importantes na atividade turística,
quando essa não é o posicionamento do SISTUR, mas que pode ampliar os
conhecimentos, os saberes, a cultura sobre o ciclo do turismo e relacioná-los com a
análise do processo.
O modelo do SISTUR é baseado em elementos teóricos e conceituais que
fornecem uma representação da realidade turística, sem indicar uma dinâmica da
atividade, enquanto que o SIG colabora com a operacionalização, a partir de
indicadores como temática turística cartográfica apresentada em mapas,
disponibilidade de banco de dados com cadastro multifinalitário, avaliação de infra e
superestrutura, e dinâmica de cruzamento de dados que podem agregar valor ao
Modelo Referencial.
85
Figura 29 - Modelo referencial do SISTUR redesenhado e incorporando o SIG
Fonte: Adaptado pelo autor, a partir de Beni (1998).
Como demonstra a figura acima, a relação sistêmica entre o SISTUR e o SIG
é complexa, processual, e composta por elementos que se encaixam e estão
relacionados entre si. Portanto, a integração entre os sistemas necessita de rotina e
tomada de decisão, apresentando uma sequência de trabalhos, de forma analítica,
em que se caracterizam as prioridades de operações organizacionais envolvidas no
processo, de forma a conseguir resultados.
Na peça sextavada da figura 18, observam-se elementos construtivos que
dão indícios de fluxogramas administrativos, que servem de orientação à tomada de
decisão. Essa propõe o uso de rotinas que estabelecem uma base de arquitetura de
banco de dados apontados na figura com “BD”, com a capacidade de armazenar
grande volume de conceitos e suas especificidades que conversam entre si para, em
seguida, servirem às etapas de layers temáticos.
Ressalta-se que os dois elementos fundamentais para discutir a interação
entre os sistemas são a capacitação técnica de pessoas habilitadas para
operacionalização (na figura, peça triangular) e o ambiente computacional, software
e hardware (peça retangular e pano de fundo em formato retangular). Eles ficam
86
associados e vão interagir com dados, processando e elaborando resultados
dinâmicos representados na demonstração por layers temáticos. Como resultados
tivemos:
Subsistema econômico: promover o crescimento econômico é o maior
objetivo de grande parte dos interessados em desenvolver o turismo numa
localidade. Os indicadores socioeconômicos expostos no Anuário Estatístico do
Município de São Luís, revelam que o turismo é uma das atividades que mais vêm
crescendo, sendo considerada uma atividade econômica propulsora do crescimento
local, com resultados de indicadores relevantes, como é o caso dos Boletins de
Ocupação Hoteleira contabilizados dos 89 meios de hospedagem que geram
informações ao trade turístico e municiando os órgãos públicos na tomada de
decisão, fortalecendo, assim, o desenvolvimento do setor.
Subsistema ecológico: conforme teoriza Beni (2001), dentro do subsistema
ambiental são analisados os seguintes fatores: espaço turístico natural e urbano e
seu patrimônio territorial, atrativos turísticos. É assim que é reconhecido o Centro
Histórico de São Luís-MA, pois o mesmo absorve esta indicação na feição
humanizada e nos aspectos de paisagem natural de contato, inserido em uma
região, segundo o IBGE, de península de litoral e estuarina no aspecto construído,
vias, edificações, praças e monumentos.
Conforme Rios (2001), o Centro Histórico é dotado do maior conjunto predial
colonial da América Latina, com mais de cinco mil habitações. Tal estruturação é
intrinsecamente ligada à teoria de Beni (2001), que menciona a consequência do
turismo sobre o ambiente, influenciando a estruturação física e ambiental do produto
turístico, com estrita relação de cuidados para mitigar alguns danos que a atividade
pode levar ao meio.
Infraestrutura: sendo o que foi percebido durante esta pesquisa. O trade
turístico faz observância a posturas de mercado que, por sua vez, são validadas
com ações que remetem às normas que regulamentam o desempenho turístico
dentro do Centro Histórico. É notória a presença institucionalizada de Secretarias de
Turismo do Estado e do Município e que, a partir da data de 16 de janeiro de 2015, a
Prefeitura Municipal criou a Subprefeitura do Centro Histórico, fato impar, pois é a
primeira subprefeitura instalada em todo o Estado.
No caso do Centro Histórico de São Luís-MA, essa pluralidade dos espaços
urbanos é notória na medida em que o visitante se depara com um sítio edificado
87
único, formado por monumentos, edificações históricas e um traçado urbano original
dos séculos XVIII e XIX, no arcabouço material, além de diversificadas manifestações
socioculturais; elementos que asseguraram à cidade o título de Patrimônio Mundial,
desde 1996, bem como colocou a cidade, especificamente, na rota do turismo cultural
de acordo com o Plano estratégico de Turismo do Maranhão (Plano Maior 2020).
4.4 Identificação e espacialização da oferta turística
De forma a estabelecer uma amostra da espacialização e possível
visualização da cidade, sobretudo o seu Centro Histórico, as Figuras (30 e 31)
abaixo ilustram, disponibilizadas em duas formas (base cartográfica e carta
imagem), os atrativos turísticos e sua área de abrangência onde é notório a
homogeneidade dentro do perímetro e em meio ao adjacente paisagístico que
harmonizam bem os conceitos do turismo cultural.
88
Figura 30 - Base Cartográfica de Atrativos Turísticos do Centro Histórico
Fonte: Elaborada pelo autor (2016).
89
Figura 31 - Carta imagem de atrativos turísticos do Centro Histórico
Fonte: Elaborada pelo autor (2016).
90
Para Beni (1999), os atrativos turísticos são os aspectos característicos do
local e seus respectivos diferenciais turísticos, e todas as atividades desenvolvidas,
em função deles. Na área, em se considerando sua importância, observamos nas
figuras acima que o repertório dos atrativos turístico é bastante homogêneo em meio
ao espaço, e facilmente identificado, assumindo papel de importância valorosa no
cenário do turismo.
Não se pode estabelecer a mesma relação espacial para Equipamento e
Serviços na área do Centro Histórico, como observado nas Figuras (32 e 33) abaixo,
pois há uma concentração significativa e bem consolidada, gerando um incremento
na atividade turística no quadrante noroeste, enquanto nos demais a inexistência é
factual.
91
Figura 32 - Base cartográfica de equipamentos e serviços turísticos do Centro Histórico
Fonte: Elaborada pelo autor (2016).
92
Figura 33 - Carta imagem de equipamentos e serviços turísticos do Centro Histórico
Fonte: Elaborada pelo autor (2016).
93
Baseando-se no que demonstram os mapas prévios, a distribuição dos
Equipamentos e Serviços Turísticos não prioriza a qualificação da oferta turística de
forma ampla para área do Centro Histórico, com notória desproporção e nulidade de
aparelhamentos.
As Figuras 34 e 35 revelam uma rotina do próprio espaço, que tenta se
aproximar da modernidade e garantir a vida cotidiana, que com certeza vai
influenciar na atividade turística da área, sob aspectos como mobilidade, conforto e
forma produtiva. Nesse sentido, a infraestrutura há de sempre ser repensada em
meio às questões econômicas, sociais e ambientais.
94
Figura 34 - Base cartográfica de infraestrutura básica do Centro Histórico
Fonte: Elaborada pelo autor (2016).
95
Figura 35 - Carta imagem da infraestrutura básica do Centro Histórico
Fonte: Elaborada pelo autor (2016).
96
A infraestrutura é considerada de fundamental importância para o
desenvolvimento do turismo, quando é evidenciado que o turista urbano é
particularmente exigente em garantias de transporte, comunicação, serviços
bancários, entre outros. Nesse ínterim, pelo que demonstram as figuras, há uma
espacialização dos mesmos pela área do Centro Histórico, não evidenciando, assim,
nenhuma entropia para o desenvolvimento da atividade turística na área, no que se
pese aos requisitos básicos.
4.4.1 Mapas temáticos por aproximação (Buffer)
Foi encontrado, no trabalho desenvolvido por Babosa et al. (2014), um claro
exemplo de aplicação de buffer no arranjo do Zoneamento e parcelamento de uso e
ocupação do solo urbano de São Luís, através de temas estratégicos para
desenvolvimento do município, dividiu a cidade em setores, agrupados por zonas de
ordenamento físico do território. No caso da área da pesquisa, observa-se, no
detalhe (Figura 36), que o Centro Histórico tem três zonas: Zona de Preservação
Histórica – ZPH, Zona de Reserva Florestal – ZRF, e Zona de Interesse Social – ZIS.
Essas zonas possuem elementos com apego de preservação naturais e
históricos, que concebem para a população um referencial de identidade, em um
conjunto de ambiência e diversidade de valores. São arranjos de bairros
caracterizados por densa urbanização, infraestrutura estabilizada, polarização de
empregos e serviços, equipamentos culturais e urbanos, e de transporte coletivo,
oferecendo diversidade de uso, agrupamento das atividades comerciais,
administrativas e empresariais da Cidade.
97
Figura 36 - Mapas em buffer do Centro Histórico de São Luís
Fonte: Barbosa (2014).
Relevante para esta pesquisa é reconhecer que o uso dos buffes tem
empregabilidade no turismo, pois no zoneamento da cidade há uma predisposição
em mapear áreas turísticas do município, em que pese a identidade da atividade.
Considerando que São Luís é uma cidade com potencial, por possuir atrativos
naturais e históricos, como praias, Centro Histórico e manifestações culturais,
fazendo com que as zonas turísticas indicadas pela poligonal da figura 37 sejam
ampliadas e impulsionem novas atividades atrativas do turismo nessas áreas.
98
Figura 37 - Áreas de influência da atividade turística
Fonte: INSCID (2015).
Uma proposta que demonstra ser exequível é atrelar a essas Zonas a
integração, influência e proximidade a outras já consolidadas, pois, assim, oferece
ao planejamento e gestão elementos de aprimoramento, visando ao crescimento da
atividade turística como um todo.
4.4.2 Avaliação e proposições para o planejamento do turismo cultural
Um modelo de utilização de SIG que contemple o turismo é a iminente
utilização do setor de planejamento de transporte, segundo Ferreira (2010), criar um
elo dos pontos fortes do turismo local, e o que o autor chama de estações de
intercâmbio regional de passageiros no Centro Histórico, interligando terminais e
outras áreas como as chamadas Zonas Turísticas, conforme mostra a figura 38.
99
Figura 38 - Interligação de transporte para atender ao turismo
Fonte: Ferreira (2010).
Nesse caso, é claramente observado que o autor empresta a percepção de
uma ligação entre a área do Centro Histórico e aquelas áreas tratadas na seção
Mapas Temáticas por Aproximação (Buffer), onde na Figura 31 se observa a
proximidade entre o Centro Histórico (linha tracejada vermelha) e outras zonas de
interesse turístico (detalhe elipse na cor amarela), estabelecendo um fluxo de
ligação representado pela linha lilás.
.
100
CONCLUSÃO
Neste trabalho, foi destacado como as geotecnologias e suas derivações,
suas ferramentas e sua interdisciplinaridade vêm proporcionando um olhar holístico
sobre a relação entre a humanidade e o espaço, em uma perspectiva interativa. A
intenção de contribuir com tal debate estabeleceu a base para a constituição do
objeto de estudo, buscando-se dar visibilidade ao uso das geotecnologias em um
contexto específico: a análise do uso da geotecnologia SIG - Sistemas de
Informação Geográfica como ferramenta para o planejamento do Turismo Cultural
de São Luís-MA.
Partiu-se da compreensão de que para o Turismo e seus processos de
tomada de decisão, a adoção dos SIG e suas aplicações favorece o
acompanhamento do planejamento e desenvolvimento da atividade, aspectos que
apresentam complexidade, na medida em que os arranjos produtivos e as
comunidades passam por desafios na busca pela sustentabilidade, como é o caso
de São Luís.
Dada a importância do Centro Histórico de São Luís, como destaque para o
chamado Turismo Cultural e Patrimonial para a cidade e o Estado, é consensual que
essa afinidade esteja assegurada, de forma a se completarem, no mesmo espaço
geográfico. Porém, no que tange ao planejamento e em que pese a utilização, a
capacidade e o uso das geotecnologias, foi possível observar, a partir das buscas
por informações e disponibilização de dados junto aos órgãos públicos, que se trata
de um recurso ainda de limitado aproveitamento e/ou inexistente na produção de
materiais úteis para a divulgação turística local.
Compreende-se que acessar instrumentos de geotecnologias pode implicar,
por exemplo, em informações corretas expressas em mapas turísticos institucionais,
evitando-se que pontos de notoriedade turística estejam equivocados, causando
desorientação a quem consulte. Um mapa deve demonstrar objetividade e efeitos
técnicos, cumprindo a missão de informar. Um mapa deve assumir um papel de
ferramenta de concepção da realidade, sem distorcer fatos.
No contexto da ontologia, o mapa com informações turísticas goza de uma
riqueza interior, de um fluxo continuado e livre, de uma imagem que remete ao seu
ledor a imaginação e a representação de elementos de adorno de um patrimônio
material e, de um formato mais excepcional, ao imaterial, pois projetam, em uma
101
base cartográfica, cenas de um cotidiano carregado de símbolos culturais capazes
de fazer a imagem reproduzir a realidade, permitindo ao usuário conceituar o espaço
geográfico como legítimo e apto à prática da atividade turística.
Com base neste entendimento e em consonância com os objetivos propostos,
pode-se sistematizar informações acerca da utilização do Sistema de Informação
Geográfica – SIG no Turismo, a partir do referencial teórico levantado, sendo
possível reconhecer sua contribuição para o contexto do planejamento da atividade
turística em destinos receptores.
No que se refere a São Luís e, mais especificamente, ao seu Centro Histórico,
o estudo apresentou um quadro geral de caracterização geográfica, histórica e
sociocultural, dando relevo aos principais componentes da oferta turística local. Sob
tal encaminhamento, buscou-se trazer esta discussão à luz do turismo cultural que,
neste contexto, configura-se como um segmento fundamentado no patrimônio
material e imaterial da cidade, constituindo seu principal produto turístico. Tal
enfoque foi relevante para o estabelecimento da base de discussão dos objetivos
focados na descrição da aplicabilidade das geotecnologias, enquanto ferramentas
para planejamento do turismo, com ênfase no Centro Histórico ludovicente e na
proposição de se assinalar os dados espaciais, via uso do SIG.
Diante disso, encontrou-se, ante a discussão acerca da aplicabilidade das
geotecnologias para a atividade turística no Centro Histórico de São Luís, dois
aspectos: o primeiro é que não há, por parte da gestão pública e nem do trade
turístico, registro de emprego de SIG, pois não se encontrou nenhum Banco de
Dados (BD) estruturado, quando foram feitas visitas, que reunisse as informações
geradas em pesquisas e relatórios, assegurando o ordenamento do território.
A segunda é que pela quantidade de dados secundários, assim como pela
disponibilidade de recurso em geotecnologias, cabe, para a área do Centro
Histórico, que seja montado, por quem se interessar, a arquitetura e o planejamento
de um BD. Isso permitiria a elaboração de um inventário do patrimônio histórico
local, pois os elementos e atributos são perceptíveis, tanto pelo campo visual por
fotointerpretação, através de imagens, quanto em dados existentes, facilitando um
levantamento sistemático dos recursos culturais da área, fundamental para o
desenvolvimento da atividade turística, pela possibilidade de gerar a identificação de
recursos disponíveis e capacidades das localidades em criar novos produtos e
serviços.
102
No modelo sistêmico seguido nesta investigação, um SIG para a área do
Centro Histórico pode interagir com as bases de informações, produzindo maior
quantidade de recursos e, consequentemente, auxiliando a execução de um maior
número de tarefas voltadas à potencialização e otimização da atividade turística
como um mercado-alvo, de maneira integrada, dando suporte à tomada de decisões
e planejamento na solução de problemas do espaço.
Nesse sentido, e em consonância com o escopo da pesquisa, apresentou-se,
como uma espécie de exercício de demonstração, um Banco de Dados intitulado
“PROJETO CENTRO HISTÓRICO”, realizado em ambiente computacional no
Programa Arc Gis versão 10.1, para demonstrar melhor o quadro da oferta turística
da área. Isso significou trabalhar a espacialização de alguns dados secundários e
outros obtidos em fotointerpretação, com base na imagem da área e, em seguida,
proceder à elaboração de alguns mapas temáticos, quais sejam: Atrativos Turísticos,
Equipamentos e Serviços Turísticos e Infraestrutura Básica, além da possibilidade
de uma dinâmica grande de cruzamentos de informações, buffs, recortes, dentre
outros.
A utilização destas técnicas geoespaciais, como é o caso do SIG, foi proposta
como proveitosa para o planejamento do uso e ocupação do solo em sistemas de
redes, para o aproveitamento dos espaços públicos das diferentes áreas de
relevância turística neste sítio histórico.
Como já enfatizado, os Sistemas de Informações Geográficas podem auxiliar
na dinâmica do turismo do Centro Histórico de diferentes maneiras: descrição
espacial da conjuntura de eventos turísticos, identificação das áreas de maior
potencialidade, avaliação de padrões ou diversidades nas situações dessa atividade
em distintos níveis de agregação, identificação de ocorrências de agravo,
oportunidades de novos negócios no ramo-alvo, apoio e avaliação constantes, com
monitoramento da atividade turística, servindo, ainda, como subsídio na geração e
avaliação de hipóteses de pesquisa, entre outras aplicações. A elaboração dos
mapas temáticos já citados e apresentados neste estudo se coloca como uma
contribuição para esta dinâmica.
Reafirma-se que sob o olhar do Sistema de Informação Geográfica, na
ambiguidade do que pretende ser uma informação, mesmo que seja uma imagem do
real, ou imaginária, caberia inferir que tais produtos (mapas temáticos), elaborados a
partir da aplicação de geoprocessamento e sensoriamento remoto, poderiam ser
103
relevantes em adição a metadados coletados e de natureza pública, a exemplo da
Lei de Zoneamento, Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (Lei Municipal nº
3.253/92), instrumento que se encontra em fase de revisão da legislação urbanística
da cidade de São Luís, pelo Instituto da Cidade de Pesquisa e Planejamento Urbano
e Rural. Ou seja, constituiria um aporte tecnológico capaz de conferir à Lei,
confiabilidade e excelência, aos quais as ferramentas GIS são naturalmente capazes
de oferecer – o que facilitaria ao enquadramento do Mapa Turístico uma
confiabilidade inimputável.
Como outros desdobramentos, destaca-se que os meios tecnológicos e uma
cartografia digital com base em SIG para a área do Centro Histórico de São Luís
seria de grande valia para o turismo na geração de outros produtos como, por
exemplo, um “Guia turístico do Centro Histórico em ambiente SIG”, com divulgação
de estudo de toponímia e fidedignidade das informações sobre a área, fortalecendo
o contexto, que inspirou o título de São Luís Patrimônio Cultural da Humanidade e o
Turismo Cultural.
Partindo do que foi exposto no decorrer deste trabalho, percebeu-se a
necessidade do avanço de estudos acadêmicos que possam trazer mais
contribuições ao tema aqui discutido, focando o cenário do Centro Histórico de São
Luís em relação ao desenvolvimento da atividade turística com mais qualidade. Em
suma, cabe frisar que as discussões aqui encaminhadas visaram contribuir para dar
relevo ao tema, fomentar o debate, contribuir com futuras pesquisas e expressar o
esforço do exercício de pesquisar.
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