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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALI VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E CULTURA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TURISMO E HOTELARIA - PPGTH CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM TURISMO E HOTELARIA LUIZ MESSIAS RIBEIRO BATISTA CONTRIBUIÇÃO DO SIG APLICADAS AO TURISMO: mapeamento e potencialização do Centro Histórico de São Luís-MA como subsídio à atividade turística Balneário Camboriú 2016

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E CULTURA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TURISMO E HOTELARIA - PPGTH CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM TURISMO E HOTELARIA

LUIZ MESSIAS RIBEIRO BATISTA

CONTRIBUIÇÃO DO SIG APLICADAS AO TURISMO: mapeamento e

potencialização do Centro Histórico de São Luís-MA como subsídio à

atividade turística

Balneário Camboriú

2016

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E CULTURA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TURISMO E HOTELARIA - PPGTH

CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM TURISMO E HOTELARIA

LUIZ MESSIAS RIBEIRO BATISTA

CONTRIBUIÇÃO DO SIG APLICADAS AO TURISMO: mapeamento e

potencialização do Centro Histórico de São Luís-MA como subsídio à

atividade turística

Dissertação apresentada ao colegiado do PPGTH, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Turismo e Hotelaria. Área de concentração: Planejamento e Gestão do Turismo e da Hotelaria Orientador: Prof. Dr. Paulo dos Santos Pires

Balneário Camboriú

2016

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

Vice-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria – PPGTH

Curso de Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

LUIZ MESSIAS RIBEIRO BATISTA

CONTRIBUIÇÃO DO SIG APLICADAS AO TURISMO: mapeamento e

potencialização do Centro Histórico de São Luís-MA como subsídio à

atividade turística

Dissertação apresentada ao colegiado do PPGTH, como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Turismo e Hotelaria. – área de concentração: Planejamento e Gestão do Turismo e da Hotelaria – (Linha de Pesquisa: Planejamento do Destino Turístico)

Balneário Camboriú (SC), 01 de março de 2016.

Membros da Comissão:

Presidente: _____________________________________________

PROF. DR. PAULO DOS SANTOS PIRES (UNIVALI)

Membro Externo: __________________________________________

PROFA. DRA. RAFAELA VIEIRA (FURB/SC)

Membro Interno: __________________________________________

PROFA. DRA. DIVA DE MELLO ROSSINI (UNIVALI)

Membro Interno: ____________________________________________

PROF. DR. LUCIANO TORRES TRICÁRICO (UNIVALI)

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“Nascer, morrer, renascer ainda e

progredir sempre - tal é a Lei”.

Alan Kardec

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AGRADECIMENTOS

É com alegria e com meu coração aberto, que a cada nome aqui mencionado,

vou pedir uma bênção, pela parte em que cabe nesta trajetória...

Em primeiro lugar, a Deus “... a inteligência suprema causa primária de todas

as coisas".

Aos meus pais, Getúlio Castelo Branco Batista (in memoriam) e Carmen

Ribeiro Batista, que me criaram em meio à adversidade de minha saúde, e não

mediram esforços para que mesmo com uma deficiência física eu evoluísse na vida,

através dos estudos, e com honestidade; sou eternamente grato.

Aos meus dois irmãos, Zilene Ribeiro Batista e Benedito Ribeiro Batista, pelo

apoio e companheirismo da vida juntos na família.

Aos meus tios, sobrinho, primos e cunhadas, com quem sempre posso contar

em todos os momentos da vida.

À Maria do Socorro Pereira Silva Batista, minha esposa; e Luís Augusto Silva

Batista, meu filho, que convivemos em uma vida familiar com amor, carinho e

dedicação, e sem eles eu não conseguiria ir além de minhas forças.

Ao Prof. Dr. Paulo dos Santos Pires, desde suas aulas ministradas, ainda na

etapa de créditos e, em seguida, quando aceitou fazer a orientação de minha

pesquisa, em um momento de atribulação, mas que depositou sua confiança em

mim e assina este trabalho comigo. O que mais me faz feliz é que vejo no Prof.

Paulo Pires um amigo, e ainda deponho que ele é uma unanimidade entre os

mestrandos, uma pessoa impoluta no Programa e na UNIVALI. Obrigado, professor,

e que o Senhor Deus o proteja, junto a sua família, como sempre o Fez!

Aos Professores e Funcionários do Programa de Mestrado, e em nome de

todos, profiro nome, como representante, do Coordenador do Programa, Prof. Dr.

Francisco Antonio dos Anjos, que sempre esteve próximo a nós em todas as etapas

do MINTER. Pela afinidade no primeiro momento, à Profa. Dra. Rafaela Vieira,

quando a mim recepcionou no início dos trabalhos, e por obra do acaso não pude

mais contar como orientadora, reconheço sua competência.

Ao IFMA – Pró-reitoria de Pesquisa Pós-graduação e Inovação – PRPGI, que

oportunizou uma capacitação de mestrado conveniada com a UNIVALI – Programa

de Turismo e Hotelaria, que tem notório prestígio no território nacional e exterior, e

reconheço o acolhimento dessa briosa Instituição ao nosso grupo de mestrado.

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A todos os Professores e Funcionários do Campus São Luís Cento Histórico,

em especial, ao Prof. Dr. Carlos Alexandre Amaral Araújo (Diretor-geral); ao

Doutorando Rodrigo Lago, de início e, em seguida, à Ms. Aline Rodrigues Mendes

Vieira Araújo, na Coordenação do MINTER, pelo empenho para a realização do

mestrado. Agradeço as colaborações. Especialmente, gostaria de agradecer a

amizade, a presteza, a simplicidade e a competência, do mais alto nível, da Profa.

Dra. Terezinha de Jesus Campos de Lima, que me ensinou um pouco de sua vasta

sabedoria; do Doutorando Samuel Benison da Costa Campos, pelas suas falas de

incentivos, sugestões e capa; e a outros, com quem sempre posso contar no

Campus: Profa. Dra. Adriana Barbosa Araújo; Profa. Rosália Muniz Macedo;

Doutoranda Luciene Amorim Antonio; Prof. Dr. Paulo Batalha Gonçalves; Ms.

Nataniel Mendes da Silva; Ms. Alidia Clícia Silva Sodré e a Profa. Elizabeth Correa

da Silva. E finalizo este parágrafo para mencionar com orgulho o nome da pessoa

mais extraordinária que conheço, o doutorando Vilton Soares de Souza, como amigo

pessoal e de trabalho, que tenho a convicção de ser uma pessoa do bem e da paz,

que muito fez por mim nas dificuldades e nas alegrias.

O Doutorando Mauricio Eduardo Salgado Rangel, meu melhor amigo, dedico-

lhe e congratulo pela contínua prontidão em me ajudar; assim como o Ms. Márcio

Brito Bonifácio, Ricardo Sousa Almeida, Ms. Ulisses Denache Vieira Souza, Vitor

Raffael de Carvalho; e a Doutoranda Luiza de Marilac Veras Uchôa, por suas

sugestões, pelas colaborações no material de pesquisa e profissionalismo, não

medindo esforços para ajudar.

A todos os colegas do MINTER, em especial, aos companheiros do Campus

São Luís Centro Histórico: Ms. Ana Patrícia Silva de Freitas Choairy, Ms. Thayara

Ferreira Coimbra, Ms. Rebeca Reis Carvalho e a Mestranda Ivanilde Cordeiro

Pacheco, com quem dividi os desafios do mestrado e o cotidiano de docência, na

busca por dias melhores aos educandos, a quem chegará com mais qualidade os

resultados de nossa eloquente capacitação em prol de um país mais justo e um

mundo melhor.

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RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo principal a realização de uma reflexão acerca dos estudos do Sistema de Informação Geográfica como uma ferramenta que contribui com o turismo, a fim de perceber o quanto essa relação pode incrementar o setor turístico e seus segmentos, mostrando, de forma a ponderar a concepção das geotecnologias e a aplicabilidade ao setor. Abalizado em uma pesquisa bibliográfica que aceita estabelecer visão holística do espaço geográfico com notação científica acerca de mapeamentos e potencialidades do Centro Histórico de São Luís, a questão central da pesquisa traz a espacialização da área com as nuanças do patrimônio histórico e cultural, e o impacto da informação turística organizada através do Sistema de Informação Geográfica – SIG. Nesse contexto, à luz do pensamento sistêmico da Teoria Geral dos Sistemas e do Sistema Turístico que norteou a fundamentação teórica da pesquisa, para considerar o modelo criado por Mário Beni, o SISTUR, a coluna dorsal da investigação, pois se passou a admitir que esse estudos trouxeram uma perspectiva sistêmica à pesquisa, cujos objetivos foram caracterizar, sistematizar, descrever e apontar a oferta turística do Centro Histórico de São Luis-MA e sua relação com o Turismo Cultural e Patrimonial, associado aos dados geoespaciais. Portanto, esta pesquisa buscou gerar uma discussão sobre o impacto da informação turística organizada através do SIG, para visualização de mapas e elementos do espaço turístico. Os resultados dessas reflexões são reunidos em forma de mapas confeccionados, que permitem a visualização de elementos do espaço turístico, com os principais componentes da oferta turística, cartograficamente representados por mapas temáticos, segundo sua natureza de envolvimento na atividade turística. Palavras-chave: Turismo; SIG; Centro Histórico de São Luis-MA.

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ABSTRACT

The main objective of this research is to offer a reflection on the studies related to the Geographical Information System, as a tool that contributes to tourism, in order to perceive how this relationship can increase the tourism sector and its segments, showing how to reflect on the concept of geotechnologies and their applicability to the sector. Supported by a bibliographic review that establishes a holistic vision of the geographical space with scientific representation on mappings and potentialities of the Historical Center of São Luís, the central research question addresses the spatialization of the area, with the nuances of the historical and cultural patrimony and the impact of tourism information, organized through the Geographical Information System [Sistema de Informação Geográfica – SIG]. In this context, in light of the systemic thinking of General Systems Theory and of the Tourism System that provided the theoretical background to this research, it considers the model created by Mário Beni – SISTUR, which provides the backbone of the investigation, as it is accepted that these studies brought a systemic perspective to the research, with the aims of characterizing, systematizing, describing and pointing out the tourism offer of the Historical Center of São Luis - MA and its relationship with Cultural and Patrimonial Tourism, associated with the geospatial data. Therefore, this research seeks to generate discussion on the impact of tourism information organized through the SIG, for the visualization of maps and elements of the tourism space. The results of these reflections are gathered in the form of created maps that enable the visualization of elements of the tourism space, as the main components of the tourism offer, cartographically represented by thematic maps, according to their nature of involvement in tourism activity. Keywords: Tourism; SIG; Historical Center of São Luis - MA.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Interdisciplinaridade do turismo........................................................ 24

Figura 2 - Proposta de estudo interdisciplinar do Turismo............................... 27

Figura 3 - Sistema turístico de Raymundo Cuervo........................................... 30

Figura 4 - Modelo referencial turístico oferta-demanda.................................... 32

Figura 5 - Sistema de Turismo (SISTUR) de Beni............................................ 35

Figura 6 - Cadeia produtiva do turismo cultural................................................ 45

Figura 7 - Modelo referencial do SISTUR......................................................... 54

Figura 8 - Percurso metodológico..................................................................... 55

Figura 9 - Mapa de localização da Ilha do Maranhão....................................... 58

Figura 10 - Mapa do Centro Histórico de São Luís – Zoneamento.................... 59

Figura 11 - Exemplo de interpolação de dados de segurança no Centro Histórico de São Luís-MA.................................................................

62

Figura 12 - Oferta turística.................................................................................. 63

Figura 13 - Uso e ocupação de um recorte do Centro Histórico de São Luís...................................................................................................

65

Figura 14 - Identidade visual do Plano Maior do Turismo 2010......................... 67

Figura 15 - Identidade visual do Plano Maior do Turismo 2020......................... 69

Figura 16 - Classificação dos polos turísticos conforme Plano Maior do Turismo 2010...................................................................................

69

Figura 17 - Localização do Centro Histórico da cidade de São Luís-MA........... 71

Figura 18 - Localização do Centro Histórico da cidade de São Luís-MA....................................................................................................

72

Figura 19 - Estilos: art nouveau (Teatro) neocolonial (Palácio), art déco (Refesa) e popular............................................................................

73

Figura 20 - Maranhão (cidade de São Luís) Vista da Ponta de São Francisco – litografia.........................................................................................

75

Figura 21 - Aspectos da primeira intervenção da primeira etapa (Projeto Reviver - 1988/89) na praça do bairro Praia Grande, Centro Histórico de São Luís-MA.................................................................

77

Figura 22 - Rua Portugal antes e depois, com proibição de trânsito veicular e efeito do novo sistema de iluminação..............................................

77

Figura 23 - Totens publicitários.......................................................................... 78

Figura 24 - São Luís do Maranhão nasceu do mar e possui o caráter marcante de uma cidade colonial portuária.....................................

79

Figura 25 - Revitalização do Centro Histórico de São Luís-MA: um novo 79

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cenário, articulação entre a tradição e a modernidade....................

Figura 26 - Traçado de São Luís (1615), do Centro Histórico de São Luís de traçado ortogonal.............................................................................

80

Figura 27 - Foto 360° do Centro Histórico de São Luís-MA............................... 82

Figura 28 - Foto 360° do Centro Histórico de São Luís-MA............................... 82

Figura 29 - Modelo referencial do SISTUR redesenhado e incorporando o SIG...................................................................................................

85

Figura 30 - Base cartográfica de atrativos turísticos do Centro Histórico........... 88

Figura 31 - Carta imagem de atrativos turísticos do Centro Histórico................ 89

Figura 32 - Base cartográfica de equipamentos e serviços turísticos do Centro Histórico................................................................................

91

Figura 33 - Carta imagem de equipamentos e serviços turísticos do Centro Histórico...........................................................................................

92

Figura 34 - Base cartográfica de infraestrutura básica do Centro Histórico....... 94

Figura 35 - Carta imagem da infraestrutura básica do Centro Histórico............ 95

Figura 36 - Mapas em buffer do Centro Histórico de São Luís.......................... 97

Figura 37 - Áreas de influência da atividade turística......................................... 98

Figura 38 - Interligação de transporte para atender ao turismo......................... 99

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Perfil do turismo cultural brasileiro................................................ 46

Tabela 2 - Perfil do turismo cultural internacional no Brasil............................ 47

Tabela 3 - Diretrizes para o desenvolvimento do turismo cultural.................. 48

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 13

1.1 Delimitação do tema............................................................................ 13

1.2 Problemas de pesquisa....................................................................... 16

1.3 Objetivos.............................................................................................. 18

1.3.1 Objetivo geral..................................................................................... 18

1.3.2 Objetivos específicos........................................................................ 18

1.4 Justificativa da pesquisa...................................................................... 18

2 FUNDAMENTAÇÂO TEÓRICA.......................................................... 21

2.1 As relações interdisciplinares do turismo com as geociências............ 21

2.1.1 Os Sistemas de Informação Geográfica – SIGs.............................. 25

2.1.2 Evolução do pensamento sistêmico................................................ 25

2.1.3 Sistema Turístico: os modelos de Reymundo Cuervo e Boulón.................................................................................................

29

2.1.4 Modelo SISTUR de Beni.......................................................................... 34

2.1.5 Conjunto de relações ambientais: subsistemas ecológico, econômico, social e cultural..............................................................

35

2.1.6 Conjunto das relações estruturais.................................................... 36

2.1.7 Conjunto das ações operacionais..................................................... 37

2.2 Turismo cultural................................................................................... 38

2.2.1 Turismo, cultura e patrimônio: considerações acerca do turismo cultural.................................................................................

39

2.2.2 Turismo cultural: conceito, características, estruturação do produto e cadeia produtiva..............................................................

44

2.2.3 Turismo cultural na perspectiva sistêmica e o papel do planejamento......................................................................................

50

3 METODOLOGIA.................................................................................. 52

3.1 Tipologia e método da pesquisa.......................................................... 52

3.2 Procedimentos metodológicos............................................................. 54

3.3 Identificação e delimitação do objeto da pesquisa.............................. 57

3.4 Coleta e processamento de dados...................................................... 59

3.5 Análise de dados................................................................................. 60

3.5.1 Sistemas de Informações Geográficas (SIGs) aplicados ao Centro Histórico de São Luís: contribuições técnicas para o planejamento do turismo cultural....................................................

62

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3.5.2 Identificação e espacialização da oferta turística........................... 64

3.5.2.1 Mapas temáticos.................................................................................. 64

3.5.2.2 Mapas temáticos por aproximação (Buffer)......................................... 65

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................... 66

4.1 O turismo cultural no Estado do Maranhão......................................... 66

4.2 A cidade de São Luís e a localização do seu Centro Histórico e a caracterização da oferta turística.........................................................

70

4.2.1 Turismo, cultura e patrimônio: considerações acerca do turismo cultural..................................................................................

78

4.3 Sistema de Informações Geográficas (SIG) aplicado ao Centro Histórico de São Luís: contribuições técnicas para o planejamento do turismo cultural................................................................................

84

4.4 Identificação e espacialização da oferta turística................................ 87

4.4.1 Mapas temáticos por aproximação (Buffer).................................... 96

4.4.2 Avaliação e proposições para o planejamento do turismo cultural................................................................................................

98

CONCLUSÃO...................................................................................... 100

REFERÊNCIAS................................................................................... 104

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Delimitação do tema

Durante sua existência, a raça humana vem presenciando conflitos,

revoluções, surgimento das tecnologias, a conquista de espaços e territórios; e a

caminhada continua a ser trilhada, para proporcionar mais evolução e soluções na

jornada da humanidade. Hoje, a comunicação visual através de mapas nos permite

tirar conclusões sobre o planeta, facilitadas pelas imagens de satélite, não deixando

de ressaltar os pensadores da Grécia antiga, que deram contribuições importantes

para o desenvolvimento da Cartografia, como os primeiros mapas, em função de

suas experiências militares e de navegação, quando criaram o principal centro de

conhecimento geográfico do mundo ocidental, interessados em calcular valores

relacionados à esfericidade da Terra. As referências gregas para a época eram a

Biblioteca de Alexandria e pensadores como Eratóstenes que, mesmo com

limitações, fazia medições muito próximas dos números de hoje (SILVA, 2013).

De acordo com Rosa (2004), é somente na Idade Média que a Cartografia é

levada a um patamar científico, pois é nesse período que se abandona a ideia de

que a Terra era um disco, e a relação de esfericidade vira uma certeza entre os

navegadores, quando esses percebem, em suas viagens, o razoável afastamento da

Estrela Polar, além da projeção da sombra da Terra na Lua (eclipses).

Como nos informa Fitz (2008), com o passar dos tempos a Cartografia foi

experimentando uma gama de utilidades e aplicações; e os mapas,

consequentemente, ganharam importância, principalmente quando passaram a

servir como instrumentos de apoio aos colonizadores, no século XVII, que

aperfeiçoaram suas escalas, de forma proporcional às distâncias lineares.

Na opinião de Santos (2011), passamos de uma cartografia tradicional a um

produto cartográfico temático, para apresentar resultados analíticos, preocupado

com o planejamento, a execução e a impressão final, em plotagem, de mapas

temáticos e de precisão. Evolutivamente, a cartografia passou a experimentar a

tecnologia advinda da informática, que consagrou o uso dos sistemas de informação

geográfica, proporcionando a utilização do mapeamento automatizado e gerenciado,

que trabalha com o armazenamento de informações já processadas.

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Esta revolução tecnológica incrementou o surgimento dos sistemas

computacionais, como o Geographical Information Systems (SIG, do inglês GIS),

que possuem programas computacionais especiais para coleta, armazenamento,

processamento e análise digital de dados georreferenciados, objetivando a produção

de informações espaciais.

Para Alcântara (2011), existe uma diversidade de autores do arcabouço

científico que manifestam variadas definições para descrever os SIGs, em três

conceitos baseados em componentes essenciais e aplicação espacial, como

ferramentas, dados e estruturas organizacionais.

Fazem-se necessários, para o turismo, investimentos, para a adequação ao

tempo e à realidade cotidiana, de forma que aliar a essa atividade os incrementos

tecnológicos e as modernidades práticas são atitudes indispensáveis para o

aumento da atividade turística, buscando estabelecer uma relação entre a

cartografia digital e o turismo, e proporcionando um novo olhar sobre este

relacionamento de múltipla visão, que incorpora benefícios na organização e no

planejamento da prática do turismo.

As geociências passaram a se configurar como importantes aliadas ao

turismo, em virtude de sua capacidade em gerar, de forma rápida e precisa, dados

incorporados aos fatores de localização geográfica para a atividade turística; trata-se

de um arcabouço significativo, quando se pensa em planejamento, potencialidades,

gestão e estratégias turísticas. As geotecnologias utilizadas como instrumento de

recurso de gestão permitem um melhor aproveitamento na capacidade da atividade

do setor turístico, bastando serem vistas como uma ferramenta sistêmica para

incremento do setor.

Nodari (2006) ressalta a importância do uso das geotecnologias no turismo,

notadamente nos recursos oferecidos pelo Sistema de Informações Geográficas

(SIG), como uma ferramenta ímpar para apoiar e subsidiar a atividade turística com

informações geoespaciais precisas e rápidas.

Consoante Moran e Batistela (2008) revelam que as geotecnologias são

reconhecidamente utilizadas, no âmbito do turismo, em roteiros, exposição,

comunicação através de mapas, guias, sites e aplicativos, pois na busca por

destinos, o turista se apropria de conteúdos prévios de informações das localidades.

O espaço geográfico se caracteriza pela produção antrópica, para daí ser

considerado lugar de morada e/ou destino turístico. Um dos destinos turísticos

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brasileiros da região Nordeste é a cidade de São Luís, capital do Estado do

Maranhão. A cidade completou recentemente 403 anos, e conserva em seu

patrimônio o título que obteve por recomendação, em 1997, sob o argumento de um

conjunto arquitetônico único, formado por um acervo de construções designado para

moradias e destinado à população civil, conhecido como “Centro Histórico”, tombado

pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura –

UNESCO, como Patrimônio Cultural da Humanidade (SOARES, 2015).

Outra particularidade como atrativo turístico é que essa cidade é a capital

brasileira fundada por franceses, além de ser uma das três capitais insulares do

Brasil. Ao se considerar o turismo como uma das mais importantes atividades

econômicas do mundo moderno, é relevante ponderar, nos termos de Ruschmann

(2004), que esse pode ser uma opção ao desenvolvimento das comunidades e das

pessoas. No entanto, é necessário ser planejado com rigor para ser bem-sucedido.

Isso significa, portanto, levar também em consideração que o turismo é um agente

transformador e de (re)ordenamento de territórios, consumindo o espaço no qual se

projeta (CRUZ, 2002).

Nesse contexto, cabe pensar o Centro Histórico de São Luís como um

representativo conjunto colonial arquitetônico peculiar. Através de elementos

atrativos, como as mostras culturais e o repertório material, isso tudo para os turistas

que chegam à cidade, buscando, dentre outras motivações, reportar-se ao passado

colonial de uma sociedade testemunhada por casarões seculares, azulejos

portugueses pintados à mão, ladeiras trabalhadas em pedra de ladrilhos, mirantes1.

Enfim, encantos, mas também “desencantos” proporcionados pela falta de

infraestrutura básica, tais como saneamento básico, que sucumbiu ao declínio

econômico e ao consequente arruinamento do ambiente e das construções, por

abandono dos proprietários, somado ao fator tempo e intempéries, que tornaram o

meio ambiente colonial sem capacidade de proporcionar conforto e segurança a

quem o visita, vislumbra, mora e/ou trabalha.

1 Mirantes: cômodos construídos na parte mais alta das casas com o objetivo de demonstrar poder,

dar privacidade a determinados hóspedes; desses espaços se pode visualizar o mar e a paisagem dos telhados coloniais do entorno.

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1.2 Problemas de pesquisa

Remetendo à comemoração da fundação da cidade, quatro centenários,

depara-se com uma cidade moderna, para padrões da época. São Luís se

consolidou como uma cidade planejada para suas origens, e hoje sofre os mesmos

males dos grandes centros urbanos, em que seu projeto inicial sucumbiu ao inchaço

urbano, somando ao seu núcleo original uma periferia de ocupação irregular.

Defende-se, aqui, que o caso de São Luís é tanto de difícil como de fácil

solução, pois o Centro Histórico é o grande destaque, quando se trata da referência

em diversos âmbitos de interesse, uma vez que o Patrimônio instalado, segundo

Rios (2001), é dotado do maior conjunto imobiliário colonial da América Latina, com

um revestimento azulejar peculiar, reconhecidamente de relevância cultural e

turística.

Nesse contexto, uma das atividades mais prejudicadas por ser interativo é o

turismo, que se desenvolve em meio a estratégias logísticas exauridas, quando a

localidade tem potencial a ser explorado, mas o descaso, a falta de planejamento, a

ausência do poder público e a falta de uma consciência patrimonial fazem este

conjunto colonial ser comparado a um território abandonado e desprovido.

No Centro Historico de São Luís-MA, o passado que nos é revelado retrata e

abriga em suas antigas edificações, muitas das quais abandonadas, representantes

da cultura material, e que se bem direcionados, poderiam revitalizar o espaço e o

ambiente.

Ramos (2005) comenta que apesar de maior acessibilidade à tecnologia, para

criação de mapas, os conteúdos analógicos ainda dividem a atenção de elementos

de multimídia e digitais.

É notório que há um reconhecimento por parte dos estudiosos, assim como

do próprio mercado (trade turístico), sobre a utilização da ferramenta SIG – Sistema

de Informação Geográfica – para potencializar o turismo, mas isso ocorre de modo

limitado.

Nota-se, ainda, que as geotecnologias, como instrumento para diagnóstico e

análise do espaço turístico, estão em fase de desenvolvimento, sendo que a aliança

do SIG ao turismo poderá potencializar esta atividade, transformando o turista em

um usuário virtual, conectado com a tecnologia.

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Para tanto, os SIGs precisam ser aperfeiçoados e utilizados como uma

ferramenta para a atividade turística, sob dois aspectos: primeiro, na cooperação

junto à gestão e ao planejamento; segundo, aproveitando a disponibilidade da web

para disponibilidade em informar aos usuários com informações confiáveis.

Inovações tecnológicas têm contribuído para melhoria das atividades e da

qualidade de vida da sociedade, servindo para aperfeiçoar e aproveitar aquilo que o

espaço geográfico oferta. É fato que cada vez mais estamos dependentes da

informatização, internet, multimídia, e todo o amparo digital. Também é muito

simples encontrar, no universo multimídia, imagens de satélite, dados e informações

geoespaciais, assim como Sistema de Informações Geográficas, o que não significa

facilidade em lidar e extrair resultados, devido aos objetivos de utilização. O que se

tem percebido é que nas ultimas décadas o uso dos SIGs, em diversas áreas, vem

se ampliando no planejamento e gerenciamento do espaço.

Assim sendo, o problema central desta pesquisa é: como utilizar a ferramenta

SIG para analisar o Centro Histórico de São Luís-MA, contribuindo com o plano de

desenvolvimento do turismo cultural?

Nesse sentido, compreender a cidade de São Luís como um destino turístico

e, mais precisamente, o seu Centro Histórico, como um signo desta composição,

com olhar de quem mora e trabalha na localidade, remete a outras questões que

derivam do problema supracitado:

Em que medida a ferramenta de geoprocessamento (para tratamento de

dados geográficos) e sensoriamento remoto (com aquisição de

informações), poderia ser reconhecida e utilizada como instrumento de

auxílio no planejamento do turismo no espaço do Centro Histórico de São

Luís pela Prefeitura Municipal?

Quais produtos podem ser gerados para subsidiar planos para o

desenvolvimento da atividade turística no Centro Histórico de São Luís-

MA, com base em um banco de dados geoespacial?

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1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo geral

Analisar como as geotecnologias e o SIG podem contribuir como ferramenta

para o planejamento do Turismo Cultural do Centro Histórico de São Luís-MA, e seu

aporte para o inventário do patrimônio histórico local.

Como desdobramento, têm-se os seguintes objetivos específicos:

1.3.2 Objetivos específicos

Caracterizar a oferta turística no Centro Histórico de São Luís-MA, em seu

contexto localizacional e histórico;

Sistematizar o conhecimento sobre a utilização do SIG no turismo;

Descrever a aplicabilidade das geotecnologias enquanto ferramentas para

o turismo cultural (ou planejamento do turismo), com ênfase no Centro

Histórico de São Luís-MA;

Assinalar os dados espaciais obtidos por meio da ferramenta, com o uso

do SIG no inventário do Centro Histórico de São Luís-MA, e sugerir a

aplicação dentro na atividade turística como um todo.

1.4 Justificativa da pesquisa

Incentivar o turismo cultural predispõe a apropriação de todos os

conhecimentos e recursos, em uma espécie de profusão de ideias, em que as

geotecnologias têm importância como ferramenta de planejamento turístico,

essencial importância tanto para as matérias básicas de identidade do potencial

turístico quanto para a preparação de material cartográfico, concepção e atualização

de um banco de dados de elementos turísticos e, principalmente, para a visualização

dos dados pelos usuários, propiciando assim uma maior celeridade e facilidade na

tomada de decisões, antes e durante as atividades.

Com o subsídio das geotecnologias, pode-se, por exemplo, transformar um

inventário turístico em um produto capaz de fornecer informações confiáveis e de

grande acessibilidade para o planejamento e a comunicação de um dado destino. O

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acesso às informações especializadas do turismo e disponibilizadas na internet é de

grande utilidade para o turista, que poderá conhecer melhor os diversos elementos

que compõem a oferta turística de uma localidade – atrativos turísticos, serviços

públicos, equipamentos de apoio, meios de hospedagem – e, ainda, formatar o seu

próprio roteiro ou experimentar virtualmente os itinerários oferecidos pelas

operadoras e agências de viagem. Com o avanço e o aperfeiçoamento das técnicas

de processamento de dados em formato digital, torna-se possível vislumbrar a

experimentação dos serviços/produtos turísticos virtualmente, o que se configura

como uma importante estratégia de comunicação de destinações, podendo

influenciar de maneira efetiva na escolha dos destinos, uma vez que essa

experimentação virtual tende a tornar os produtos turísticos mais tangíveis.

Segundo Scalco (2006), a cartografia digital tem se tornado obrigatória para

os estudos das paisagens e dos ambientes turísticos, pois possibilita a automação

dos métodos manuais, armazenamento e visualização de dados espaciais assistidos

por computador.

Nesse contexto, relata Nogueira (2009), que mesmo sabendo das

potencialidades e do alcance, as geotecnologias ainda encontram “barreiras” para se

associarem à orbe econômica e, consequentemente, ao mundo da atividade

turística, pois frequentemente se encontra certa resistência técnica, quando

expostos aos termos como “Sistema de Informações Geográficas – SIG”, banco de

dados e cartografia digital.

Na opinião de Santos (2014), é importante salientar que para o setor de

turismo, um aspecto de grande importância é a necessidade de interligar um banco

de dados com a localização espacial dos atrativos turísticos ou de interesse turístico.

Assim, a implantação de um Sistema de Informações Geográficas (SIG) em uma

região de potencial turístico, subsidiaria o gerenciamento e a disponibilização de

informações rápidas e precisas para comunidades e visitantes; sobretudo para

formatação de novos produtos turísticos, assim como uma aproximação da

comunidade local com o seu patrimônio.

Essas observações vão ao encontro da constatação de Beni (2003) sobre a

importância do mapeamento turístico como possibilidade de visualização da

quantidade e distribuição geográfica do patrimônio turístico de uma região,

aplicáveis à realidade em questão.

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Nesse sentido, a atuação da Subprefeitura da área do Centro Histórico

deixaria o cidadão mais próximo dos órgãos municipais que atuam na região,

melhorando a prestação de serviços à comunidade e ao visitante. No âmbito de tal

proposta, as geotecnologias seriam uma ferramenta de diagnóstico que facilitaria um

inventário, identificando categorias e possibilitando uma cartografia social da área,

deixando claro o potencial de cada setor, com destaque para as zonas de interesses

mercadológicos naquilo considerado como trade turístico local.

Destacam Souza, Tricarico, Oliveira e Rossine (2014), que o trade turístico do

Centro Histórico é promovido e avaliado pelos ludovisenses de forma positiva, por

materiais de divulgação impressos, e que faz leitura do patrimônio e promove o

destino São Luís-MA.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Preliminarmente, serão abordadas, nesta fundamentação teórica, as

premissas da pesquisa, no que concerne ao entendimento da temática e aos

objetivos a alcançar, para reforçar o quanto é importante e necessário o uso das

geotecnologias, especificamente os SIGs, próximas ao turismo.

Por fim, discute-se o Turismo Cultural, levando em considerações suas

definições e sua relação com o Patrimônio, visto numa abordagem sistêmica,

buscando-se consolidar a relação das Geotecnologias, em especial o SIG, com o

Turismo, bem como sua contribuição.

2.1 As relações interdisciplinares do turismo com as geociências

O geoprocessamento se configura como um importante instrumento de

gestão, pois utiliza as geotecnologias para o processamento de informações, com

ênfase na localização geográfica, elemento indispensável para o planejamento, a

ordenação e o manejo do turismo (zoneamento turístico, levantamento de

potencialidades turísticas, identificação de fragilidades dos recursos naturais,

estimativa de capacidade de carga, inventários, etc.).

A International Cartographic Association (ICA) decidiu celebrar o Ano

Internacional do Mapa, entre os anos de 2015 a 2016, fazendo jus a um instrumento

de comunicação que a sociedade humana utiliza muito antes da escrita. Nas

palavras de Oliveira (1977 apud MAIO; GONÇALVES, 1977, p. 87), “o mapa é a

chance de trazer o mundo até nós”.

Vinculada a esta celebração, está organizada a I Olimpíada Brasileira de

Cartografia (ABRAC), a ser realizada como certame nacional periódico, com apoio

de Instituições públicas e privadas, identificadas com a proposta de discutir a

cartografia para estimular conhecimentos e estudos na temática, propondo aos

participantes um desafio construtivo para o estudo da geografia, especialmente o

conteúdo de cartografia. A ABRAC será realizada, em primeira etapa, nos estados

federados, e finalizada no Estado do Rio de Janeiro, onde acontece a culminância

do projeto. Portanto, existe um caráter valorativo e institucionalizado para gerar um

ambiente multidisciplinar entre as áreas do conhecimento, colocando lado a lado os

saberes para conferir importância do todo.

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Evidente que há uma conformidade do tema, por ser mais próximo da

Geografia, da Cartografia e das Geotecnologias, incluindo-se o Sistema de

Informações Geográficas e o Geoprocessamento, que ao se relacionarem com o

turismo, geram conhecimentos capazes de creditar a atividade turística.

O fenômeno turístico se ampara originalmente nas ciências geográficas e

cartográficas, bem como na ciência da informação, pela capacidade de transformar

o modo de se comunicar e planejar o turismo, tanto para as comunidades nativas,

quanto para os turistas.

Nodari (2006, p. 217) observa a importância do uso das geotecnologias no

turismo, especialmente nos recursos proporcionados pelo Sistema de Informações

Geográficas (SIG):

A quantidade e o tipo de dados do setor turístico demandam uma ferramenta de gerenciamento que se defronta com as carências de um instrumento que otimize o armazenamento, análise e manipulação desses dados. Para o setor, um aspecto de grande importância é a necessidade de interligar um banco de dados com a localização espacial dos pontos turísticos ou de interesse turístico. Assim, a implantação de um Sistema de Informações Geográficas (SIG), em uma região de potencial turístico, subsidiaria o gerenciamento e a disponibilização de informações rápidas e precisas para comunidades e órgãos afins.

Rodrigues (1997, p. 41) relata que entre as ciências que passam a abordar o

turismo, encontra-se a geografia:

Tendências científicas recentes que enfatizam o tratamento holístico dos fenômenos, procurando eliminar as fronteiras rígidas entre os ramos do conhecimento, tornam cada vez mais delicada a tarefa do geógrafo, quando preocupado com a delimitação do campo abrangido por um determinado fenômeno, tendo em vista a sistematização do conhecimento científico.

Isso foi observado por Bertalanffy (1997), que não imaginava que a Geografia

fosse abraçar os pressupostos da Teoria Geral do Sistema, fato esse, lembrado pelo

grande número de pesquisas, nas quais o geossistema e a paisagem são as

categorias de análise mais usadas nos estudos sistêmicos, considerando sempre a

TGS, mesmo que não a discutindo profundamente. Competiria à Geografia conhecer

as inter-relações entre fenômenos de qualidades distintas que interagem numa

determinada porção do espaço terrestre.

Para Martinelli (1991, p. 35), o pensamento moderno tem uma mudança de

paradigmas e, logicamente, a cartografia é responsável pela reprodução espacial

dos dados:

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[...] a cartografia não é simplesmente uma técnica, indiferente ao conteúdo que está sendo veiculado. Se ela pretende representar e investigar conteúdos espaciais... não poderá fazê-lo sem o conhecimento da essência dos fenômenos que estão sendo representados, nem sem o suporte das ciências que os estudam.

Importante ao turismo foi se aliar à geoinformação quando, a partir desse

acolhimento, as geotecnologias passaram a municiar a atividade turística com um

arsenal de informações processadas com evidência à localização, ao planejamento

e ao manejo turístico. Intensamente, a cartografia temática relataria com precisão

confiável levantamentos de demanda turística ou zoneamentos, e tudo aquilo que

fosse capaz de ser georreferenciado.

Passou o setor turístico a utilizar as geotecnologias de forma automática,

somente se lembrando do passado da cartografia clássica e se voltando a uma

dinâmica mais prática e acessível, em que as respostas à globalização são quase

que imediatas, conforme também mudou o mundo de analógico para digital.

Na prática, estamos lidando com um ambiente de transversalidade dos

aspectos sistematizados com uma visão mais ampla que remete ao conhecimento

interdisciplinar, na reforma dos procedimentos acadêmicos, tornando necessário

investir na temática da transdisciplinaridade. Talvez o turismo, por sua abordagem,

seja uma das ciências que mais investe nesse conceito, pois seu objeto requer

sempre uma busca de novos valores, outros olhares, novos conhecimentos,

diferentes conceitos, e se associar com a geografia, a cartografia e as geociências.

Como demonstra a figura 2, partindo de uma figura geométrica convergindo seus

vértices a outro de mesmo ângulo que contém conceitos próximos e usa também o

complemento conceitual adjacente para formar uma única cadeia de saberes em

que a ideia do geral é a soma de partes.

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Figura 1 - Interdisciplinaridade do turismo

TURISMO

GEOGRAFIA GEOCIÊNCIA

CARTOGRAFIA

Fonte: Elaborado pelo autor (2015).

As geotecnologias passaram a compor a estratégia do turismo como uma

ferramenta de gestão e planejamento, em conformidade ao mundo web, que

conferiu abrangência aos mapas e seus derivados (roteiros, guias, visitas virtuais,

etc.), exercendo formidável influência na escolha dos destinos. Os melhores

exemplos dessa integração são: cartografia digital, sistema de informações

geográficas (SIG), global position system (GPS) e banco de dados geográficos.

Segundo Scalco (2006), a cartografia digital tem se tornado obrigatória nos

estudos das paisagens e dos ambientes turísticos, pois possibilita a automação dos

métodos manuais, armazenamento e visualização de dados espaciais assistidos por

computador.

Recurso ou outras linguagens são sinônimos dos novos aliados do turismo,

em se tratando de geotecnologias que colaboram no desenvolvimento de um

planejamento turístico que leva em conta o olhar multidisciplinar com possibilidade

de agregar mais e indicando soluções às questões que envolvem o espaço

territorial. As novas tecnologias aliadas são entendidas como facilitadoras da

comunicação para promoção do bem-estar de quem busca o que quer conhecer e

daqueles que apresentam o que querem servir.

Em uma visão neologista, estamos convivendo com a realidade do novo

turista: o i-turist@, que já traz consigo a aquisição prévia do produto turístico (oferta

e demanda online), que são observadas e julgadas de imediato dentro do potencial

turístico e, no mesmo tempo, expõe-se como do visitante. Passa a ser uma via de

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mão dupla o conhecimento precedente das partes, que se possam provar a

capacidade de cada um em se relacionar como visado e visitante.

Este novo perfil de usuários trouxe mais autonomia aos envolvidos, pela

possibilidade de detalhar melhor em um ambiente (web) competitivo, aberto, amplo

que para a promoção do turismo dá um poder midiático e estímulo ao consumo de

destinos turísticos. Eis o que pode ser pensado como algo multidisciplinar, em que é

absorvido o mundo plural que cada área abstrai e filosofa.

2.1.1 Os Sistemas de Informação Geográfica – SIGs

Para Câmara (1993), SIGs são sistemas cujas principais características são

integrar, numa única base de dados, informações espaciais provenientes de dados

cartográficos, dados de censo e de cadastro urbano e rural, imagens de satélite,

redes e modelos numéricos de terreno. Servem para combinar as várias

informações, através de algoritmos de manipulação, para gerar mapeamentos

derivados, e consultar, recuperar, visualizar e plotar o conteúdo da base de dados

geocodificados.

Teixeira e Christofoletti (1992) afirmam que os SIGs são constituídos por uma

série de programas e processos de análise, cuja característica principal é focalizar o

relacionamento de determinado fenômeno da realidade, com sua localização. Eles

utilizam uma base de dados computadorizada que contém informação espacial,

sobre a qual atuam uma série de operadores espaciais (rotinas de software) e se

baseiam numa tecnologia de armazenamento, análise e tratamento de dados não

espaciais e temporais, e na geração de informações correlatas.

2.1.2 Evolução do pensamento sistêmico

A Teoria Geral dos Sistemas – TGS foi elaborada pelo biólogo austríaco

Ludwig Von Bertalanffy, e trouxe um olhar sistêmico ao mundo das ciências quando,

em 1968, forneceu um modelo conceitual para ser usado em variados campos do

conhecimento, projetando uma cadeia de informações em que a reciprocidade dos

saberes criaria uma conectividade mútua. A importância não estaria ligada a uma

parte e, sim, a um todo, pois o todo é a soma das partes.

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A teoria sistêmica parte da vivência de modelos, princípios e leis que se

aplicam de maneira generalizada aos múltiplos campos da ciência, porque afirma

haver equivalência entre princípios gerais que governam o comportamento de

entidades que são intrinsecamente inseparáveis. Dessa forma, procura

generalizações, admitindo especializações que seriam exigidas para o

desenvolvimento de etapas e fases de trabalhos.

O turismo do início do século XXI, para Trigo (2003), permite a ampliação dos

campos de entretenimento, gastronomia, lazer, esportes, erotismo e deslocamentos

pelo planeta em breves orbitais, que para os dias de hoje já é algo real.

A partir da sistematização proposta pela TGS, o mundo científico passou a ter

uma integração entre as ciências naturais e sociais, com a clara proposta

pedagógica de uma educação científica com princípios de unificação, e na

formulação de métodos e postulados que fariam com que a ciência tivesse valores

éticos profissionais.

Os pressupostos teóricos de Bertalanffy (1968) seriam um instrumento útil

capaz de fornecer modelos a serem utilizados em diferentes campos do

conhecimento e transmitidos de uns para os outros, salvaguardando-os do perigo

das relações superficiais. Para ele, as ciências estavam se isolando umas das

outras, então, propôs um paradigma entre o estruturalismo e o sistemismo.

Um dos maiores desafios do autor da TGS era negar que sua formação de

origem na área de biologia era tendenciosa, pois, para a época, era extremamente

difícil compreender que o olhar de exatidão da ciência poderia ser influenciado pela

visão das ciências sociais – uma visão holística.

Bertalanffy (1968 apud DAVIDSON, 1983, p. 23) afirmou:

[...] se as leis dos sistemas biológicos – que regem os processos como crescimento e adaptação – podem ser aplicadas às áreas, além da biologia; e se a lei da gravidade é igualmente aplicável às maçãs e aos planetas; e se a lei da probabilidade se aplica igualmente à genética e aos seguros de vida, então, as leis dos sistemas biológicos bem poderiam ser aplicáveis à psique humana, às instituições sociais, e ao conjunto global da ecosfera.

O modelo conceitual de Bertalanffy (1968) é comparativo ao organismo vivo

como um sistema aberto, uma entidade em contínua interação com o ambiente.

Dessa forma, tal modelo continha implicações revolucionárias para a ciência social e

comportamental.

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Bertalanffy foi o precursor do pensamento interdisciplinar em sua teoria,

aplicável a fenômenos em diversos domínios. Sendo o turismo uma ciência social,

foi absorvido e inserido nesse contexto, por se relacionar a ciências como geografia,

administração, economia, sociologia, entre outras, que emprestam seus

conhecimentos para explicar o desenvolvimento atribuído à atividade turística por

seus conceitos. A figura 1, mostrada a seguir, representa essa conexão. Percebe-se

que partindo do centro da imagem para as extremidades, em uma lógica reversa, há

um incremento maior de saberes, que se multiplicam à medida que são agregadas

novas competências.

Figura 2 - Proposta de estudo interdisciplinar do Turismo

Fonte: Adaptado de Panosso Netto (2005).

O debate do caráter sistêmico interdisciplinar foi se encorpando para um

discurso de ascensão do pensamento sistêmico, contextualizando-o na história da

evolução da ciência. O professor Christofolett (1979), por exemplo, sua área de

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atuação é marcada por estudos ligados à geomorfologia, e emprestou para a

geografia a contemporização da lógica dos sistemas e interveio a ideia de que o

sistema é um conjunto dos elementos e das relações entre eles próprios e seus

predicados. “Definem o sistema como conjunto de objetos ou atributos de suas

relações, que se encontram organizado para executar uma função particular”

(CHRISTOFOLETT, 1979, p. 91).

Dessa forma, dentro desse conceito, o sistema é um operador que em uma

determinada distração de tempo recebe a entrada (input) e o transforma em saída

(output). Para Capra (1996, p. 31):

A ideia de um padrão de organização – uma configuração de relações características de um sistema em particular, tornou-se o foco explícito do pensamento sistêmico. O estudo do padrão tem importância fundamental para a compreensão dos sistemas, porque as propriedades sistêmicas surgem de uma configuração de padrões ordenados. Propriedades sistêmicas são características de um padrão.

Outros pensadores passaram a adotar a Teoria Geral dos Sistemas como

ponto de apoio ao pensamento de erudição, como é o caso de Beni (2001) que

oferece uma definição mais explicativa sobre sistema; apresentando-o como:

Conjunto de partes que interagem de modo a atingir determinado fim, de acordo com um plano ou princípio; ou conjunto de procedimentos, doutrinas, ideias ou princípios, logicamente ordenados e coesos, com intenção de descrever, explicar ou dirigir o funcionamento de um todo (BENI, 2001, p. 23).

A contextualização partiu para entendimento com um olhar adjacente ao meio

ambiente, aos elementos ou unidades e suas relações ou atributos em que se

pesem as entradas e saídas e com a preocupação de retroalimentação e modelo.

Panosso Netto (2005) relativiza com um olhar valorizado que remete à ideia

de reduzir a complexidade das coisas e ideias quando ficam mais fáceis de serem

compreendidas, analisadas e gerenciadas. Nas palavras do autor, “a estratégia para

alcançar êxito é separar um todo (coisa ou ideia) em seus elementos, para ver como

eles estão conectados” (PANOSSO NETTO, 2005, p. 62).

Uma das críticas mais severas e comentadas em relação à abordagem

sistêmica é feita por Woodward (1977), e se refere à cientificidade excessiva no

tratamento dos problemas da organização, pois pela formação do autor, a Teoria

apresenta semelhanças com um sistema biológico, e as que ocorrem na natureza

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(mutualismo, simbiose, parasitismo). O autor comenta que excessos de paralelismo

podem levar a considerar analogias com outros sistemas cujo funcionamento é tão

previsível quanto o dos biológicos. Outro aspecto também contestado por diversos

autores está na ênfase desproporcional no ambiente em que se aplicam.

Posteriormente, tivemos uma espécie de elaboração de outros métodos para

aperfeiçoar os postulados da Teoria Geral dos Sistemas, como foi o caso da

Abordagem Contingencial (Joan Woodward (1977); Alfred Chandler (1962); Tom

Burns (1962); G. M. Staler (1961)); que após várias pesquisas, chegaram à

conclusão geral de que os resultados eram diferentes, porque as situações eram

diferentes. Daí o nome contingencial, ou seja, baseado no conceito da incerteza de

que algo pode ou não ocorrer. A questão passava então a ser qual método aplicar e

em quais situações, para obter os melhores resultados possíveis. Isso só serviu para

assegurar mais a Teoria Geral dos Sistemas, já que defende a importância das inter-

relações entre as partes de uma organização que busca complementar o

conhecimento do assunto, propondo analisar a natureza dessas relações.

A atividade turística inserida no setor da economia, com capacidade de

crescimento, faz o uso rotineiro da análise e compreensão do enfoque da Teoria

Geral dos Sistemas, pois o setor observa uma cadeia produtiva diversificada, que se

serve do uso de sistemas produtivos distintos.

Para Pinho (2013), a integração da cadeia produtiva do turismo passa a ser

vista não apenas pela dependência entre as partes, mas pela visão sistêmica de que

o todo é maior que a soma das partes.

2.1.3 Sistema Turístico: os modelos de Reymundo Cuervo e Boulón

Constitui-se um desafio para a prática turística preparar seu caráter inovador

e articular com vários segmentos de convívio uma linguagem organizacional que se

consolide em estabelecer valores epistemológicos, com um ar organizacional que

gere confiança às partes envolvidas na atividade.

Ganhou notoriedade a Teoria Geral dos Sistemas para o estudo do turismo,

como uma opção não única, porém, essencial, pois contribui para o aperfeiçoamento

de entender o quão plural é o turismo.

Outras discussões fizeram parte da fase teórica para debater o turismo, tanto

no caráter da crença e do conhecimento na busca da análise do fenômeno turístico,

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como exercício de reflexão. Para Panosso Netto (2005), a epistemologia aplicada ao

turismo exige a necessidade de um conhecimento muito mais que superficial, onde

deve o assunto ser tratado com fundamentos filosóficos da ciência, para daí apenas

começar um debate que têm alguns seguidores e seus ideais como: Raymundo

Cuervo, Abdel Wahab e Roberto Bullón.

Raymundo Cuervo se mostrou como um dos pioneiros a utilizar um modelo

referencial da Teoria Geral de Sistemas com aplicabilidade ao turismo, quando

escreveu que “o conceito de sistema permite o estudo científico dos mais variados

estados operacionais e de múltiplas estruturações simples e compostas, fáceis ou

complexas, do que resulta sua utilidade teórica prática” (CUERVO apud PANOSSO

NETTO, 2005, p. 57).

Cuervo organizou o sistema de turismo a partir de progressos

computacionais, utilizando álgebra booleana da teoria de conjuntos. Para ele, o

turismo é um grande conjunto, cuja função é a comunicação que se representa nas

relações, serviços e instalações, provocados pelos deslocamentos humanos. A

figura 3 esquematiza a ideia de Cuervo, observando uma subdivisão do conjunto

turístico representado por ”S” em subconjuntos, que também se subdividem em

todos os segmentos do turismo.

Figura 1 - Sistema turístico de Raymundo Cuervo

Fonte: Adaptado de Panosso Neto (2015).

Cuervo ressalta que o Conjunto S se refere unicamente aos deslocamentos

humanos essencialmente reversíveis, em que o sujeito retorna ao lugar de

residência fixa, ou seja, oportunizando o aparecimento de um subconjunto de

interseção (A n B), que é o meio socioeconômico e cultural onde a atividade se

processa, através dos transportes, comércio, entre outras demandas. O formato

matemático de Cuervo de sistematizar o turismo foi visto quase somente de forma

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acadêmica, pois utilizava uma análise operacional aceita como um olhar de

engenharia de sistemas, dificultando seu entendimento.

Wahab (1991) construiu um conceito inovador para a época, pois dava

importância relativa ao ser humano, como o cerne do turismo. Ele comenta que “a

anatomia do fenômeno turístico seria basicamente composta de três elementos: o

homem, o espaço e o tempo” (WAHAB, 1991, p. 3).

Boullón (2002, p. 15) destaca que:

O turismo alcançou a importância que tem atualmente, não como produto de um trabalho de pesquisa sistemática, mas como resultado de uma série de estudos e ensaios individuais que ainda não conseguiram constituir um corpo teórico e propõe uma investida sobre o tema, apontando para um sistema básico chamado de modelo de oferta e demanda.

Sobre o produto turístico, Beni (1998, p.145) o define como sendo

diferenciado e homogêneo, e único dentro do mercado, pois não existem duas

destinações que oferecem atrativos e/ou produtos idênticos. Já Boullón (1990,

p.164) comenta que o produto turístico “é um termo que se usa para qualificar a

classe de serviços que formam a oferta turística”.

O produto turístico é a representação do conjunto de atrativos, equipamentos,

serviços e infraestrutura de apoio em todas as suas interações e inter-relações;

portanto, Boullón e Beni propõem entender esse produto, tanto como forma e

concepção antropológico-social quanto turismo industrial.

É na visão de oferta e demanda que ele mais se destaca, como mostra a

figura 4, a relação sistêmica que permite uma interpretação de hierarquia de fluxo

(setas) horizontal, vertical e transversal, onde o ambiente turístico é representado

pelas atividades produtivas que envolvem os atrativos.

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Figura 2 - Modelo referencial turístico oferta-demanda

Fonte: Boullón (2002).

Destaca Boullón (2002), que não existe uma única versão explicativa do

sistema turístico, o que não significa que haja muitos sistemas; ele o analisa em três

modelos: oferta-demanda, antropológico-social e turismo industrial, que estariam

articulados na demanda e na oferta de seus produtos.

A demanda se caracteriza pelo número de turistas que seguem em direção a

uma região. Pode ser descrita a partir de destinos definidos, distinguindo, assim, de

forma mais detalhada, o tipo de atrativo que mais chama a atenção do turista. A

demanda pode ser trabalhada como demanda real, que é a quantidade de turistas

em um dado momento; ou como demanda histórica, ou seja, levantamento

estatístico das demandas reais ocorridas no anterior, tendo como um dos objetivos

definir a linha histórica da conduta turística e sua evolução. A partir da linha

histórica, é admissível calcular, com certa precisão, a demanda futura, que é a

quantidade de turistas em um tempo futuro.

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A oferta turística é deliberada pela quantidade e pela variedade de produtos e

serviços apresentados ao mercado por um tempo determinado. Para que um serviço

turístico se transforme em oferta turística, é muito importante que o consumidor

saiba de sua existência, pois não tem como visitar um local, se não é divulgado e

ninguém o conhece. Informa a SETUR (2014), que é positivo, mas com potencial de

melhoras, a oferta de serviços de São Luís-MA.

A SECTUR (2014), em seus relatórios, por exemplo, aponta que turistas, em

sua grande maioria, não utilizam os serviços turísticos, equipamentos turísticos e

atrativos turísticos existentes nessa cidade, por fatores econômicos ligados ao poder

aquisitivo, assim como: agência de viagens e receptivo (90,34%), locadoras de

veículos (91,91%), lojas de artesanato (63,31%), meios de hospedagens (44,38%),

informações turísticas (67,46%), monumentos históricos (68,05%), patrimônio

histórico (57,59%) e praias/roteiros ecológicos (53,45%); portanto, a oferta merece

ser mais bem planejada.

Dada à transitoriedade dos serviços e considerando que a demanda é igualmente transitória (pois, passado o período médio de estada, o lugar que cada turista deixa deve ser ocupado por outro), para que um serviço turístico se transforme em oferta turística, é imprescindível que o consumidor potencial conheça sua existência (BOULLÓN, op. cit, p. 42).

Beni (2001) também relaciona os elementos que um sistema contém: em

meio ambiente, elementos ou unidades, relações, atributos, entrada e saída,

retroalimentação e modelos.

Visto sob um prisma de um sistema turístico, o destino Centro Histórico de

São Luís-MA apresenta grande potencial histórico e paisagístico, especialmente a

área tombada pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade, com uma

composição da paisagem turística bastante complexa, pois há vários aspectos

positivos que podem ser explorados, como é o caso do conjunto arquitetônico

colonial; e outros desinteressantes, pelo péssimo estado de conservação,

assinalando, assim, o fator negativo.

Além do mais, o mesmo espaço é tratado como palco das manifestações

culturais e um dos portões de entrada do turismo da cidade, que estabelece

calendários. O Observatório de Turismo da Cidade de São Luís, órgão ligado à

Secretaria Municipal, em pesquisa com mais de 5.059 entrevistas diretas durante os

anos de 2013 e 2014, registrou na localidade que janeiro e julho são considerados

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períodos de alta estação, coligado às festas juninas (São João) e à baixa estação

(meses de maio e novembro).

2.1.4 Modelo SISTUR de Beni

A atividade turística, por ser complexa requer de seus elementos, no mínimo,

um aparelhamento capaz de saber lidar com a globalização e as tecnologias

inovadoras que surgem e se potencializam na velocidade da atual comunicação, ou

seja, sob os efeitos tecnológicos do mundo virtual. Por demais, o fenômeno turístico,

em sua grandiosidade em ser adjacente, implica em seu entendimento na definição

de sistema que prefaciam e acolhem o que precisa ser entendido sob a ótica de um

formato geral.

Na tentativa em nortear e dar uma visão mais propícia ao estudo do turismo,

de forma sistemática em estabelecer uma passagem de fase empírica a uma

abordagem cientificista, conveniente é estabelecer uma analogia com

pressuposições acadêmicas.

Para abordar a temática da pesquisa enquanto modelo, buscar-se-á a teoria

de Beni (2001), criador do Sistema de Turismo denominado SISTUR. Entendeu-se

ser essa a proposição mais adequada a interesse desta pesquisa, em virtude de

possuir enfoque multidisciplinar capaz de valorizar as relações ambientais

(ecológico/econômicas - sociais/culturais), mas também avaliar as relações

operacionais que motivam o mercado turístico (produção/distribuição/consumo),

assim como verificar a superestrutura arranjada pelas entidades públicas e pela

ordenação jurídico administrativa e, ainda, a infraestrutura, como o sistema de

segurança, transportes, comunicações e outros serviços prestados à comunidade,

conforme se expõe a seguir.

A figura 5 exibe, em seu entendimento macro em destaque, os campos dos

conjuntos e subsistemas que organizam células que se individualizam e, ao mesmo

tempo, proporcionam ligações verticalizadas e horizontais entre si. As relações entre

todos os elementos, indicando que qualquer alteração em um subsistema irá afetar a

funcionalidade do Sistema de Turismo como um todo. O modelo gráfico é perfeito

para fazer o enquadramento do Centro Histórico de São Luís-MA, pois se observará,

na dinâmica das relações ambientais, organização estrutural e ações operacionais,

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fazendo a contextualização perfeita que explica o Centro Histórico ludovicense e

vendo o cenário como uma cadeia produtiva, tendo como base a atividade turística.

Figura 3 - Sistema de Turismo (SISTUR) de Beni

Fonte: Adaptado de Panosso Netto (2005).

O SISTUR do professor Beni é fundamentado e desenvolvido a partir de três

grupos de elementos: Relações Ambientais, Organização Estrutural e Ações

Operacionais.

2.1.5 Conjunto de relações ambientais: subsistemas ecológico, econômico, social e cultural

Subsistema econômico: promover o crescimento econômico é o maior

objetivo de grande parte dos interessados em desenvolver o turismo numa

localidade.

Subsistema ecológico: conforme teoriza Beni (2001), dentro do subsistema

ambiental são analisados os seguintes fatores: espaço turístico natural e urbano e

seu patrimônio territorial, atrativos.

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Subsistema sociocultural: o turismo é, especialmente, um fenômeno social,

que envolve contatos, conflitos, estranhamento e aproximação entre os sujeitos. A

esfera sociocultural abrange os intercâmbios e as diferentes condutas de visitantes e

da população local.

Para Beni (1998), há três principais modelos de desenvolvimento turístico:

a) Desenvolvimento autóctone: resultando na cooperação e no

esforço empreendedor nativo;

b) Colonização aristocrática: nesse modelo, o desenvolvimento é

impulsionado a partir de projetos de incentivo e valorização,

por parte de autoridades políticas ou financeiras;

c) Colonização democrática: o desenvolvimento surge a partir da

abertura de pequenas comunidades para investidores

interessados no turismo local. Assemelha-se ao caso do

Centro Histórico de São Luís-MA.

2.1.6 Conjunto das relações estruturais

Engloba os subsistemas da superestrutura e da infraestrutura.

Superestrutura é o conjunto de normas, regras e leis que regulam o funcionamento

da atividade turística.

No caso do Brasil, esta superestrutura viabiliza as ações públicas (Política

Nacional do Turismo - Plano Nacional de Turismo/PNT) e privadas (Produção e

venda de diferentes serviços do SISTUR).

A orientação do PNT respalda as ações que condicionam os nortes do

turismo firmados nos aspectos culturais e socioeconômicos para promover ação de

defesa e preservação do patrimônio natural e cultural, e incluem também um amparo

de legislação aos órgãos com criação de leis e normas.

No setor público, hierarquicamente, no Brasil, temos: Ministério do Turismo,

EMBRATUR, Secretarias de Estado, Secretarias Municipais; enquanto o setor

privado é ordenado pela livre iniciativa do mercado, que condiciona o trade turístico

a alcançar seus objetivos econômicos, seguindo o PNT e projetando o país ao

cenário internacional, de forma a ampliar a atividade turística a garantir seus

objetivos e benefícios aos agentes envolvidos, primando pela legalidade e pela ética.

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Também de livre iniciativa da atividade turística, a figura dos clusters vem

garantindo e assegurando a ajuda na gestão dos polos turísticos no tocante ao

desenvolvimento entre os agentes econômicos, políticos e socioculturais de

determinadas regiões.

Infraestrutura - é composta pela infraestrutura de acesso, a infraestrutura

urbana, e outros serviços básicos, como o abastecimento de água. Notadamente

que há reconhecimento tanto para superestrutura como para infraestrutura no

ambiente de discussão

2.1.7 Conjunto das ações operacionais

Compreende a oferta e a demanda, o consumo e a distribuição de produtos

turísticos que, sob o ponto de vista do Centro Histórico da capital maranhense, são

matéria-prima da atividade turística, quando estão relacionados aos subsistemas

estabelecidos por Beni (2001) em oferta e demanda.

Nesse caso, contabiliza as atrações originais e agregadas que o ambiente

disponibiliza, pois a combinação dos atrativos, superestrutura e infraestrutura é

presente no dito destino. Logicamente, há uma tentativa de planejamento e

gerenciamento para enaltecer o produto turístico da destinação que compete a um

arranjo econômico, uma vez que o conjunto arquitetônico considerado a grande

vedete do Centro Histórico passa por um processo de arruinamento em decorrência

do descaso público e privado. Mesmo assim, opera de maneira satisfatória como

mercado-alvo da experiência turística.

Vale observar, então, que os serviços turísticos, no momento em que são

consumidos, transformam-se em produto turístico. Antes disso, eles não o são outra

coisa, além de oferta.

De acordo com o Ministério do Turismo (BRASIL, 2006, p. 48), município

turístico é “aquele que possui atrativo turístico, infraestrutura, produtos e serviços

adequados que atendam ao fluxo existente”. Observa-se que tal definição aborda a

oferta turística não só do ponto de vista da quantidade, mas também da qualidade

dos serviços oferecidos no núcleo receptor.

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2.2 Turismo cultural

O Turismo cultural é um dos segmentos turísticos que se mantém pungente.

Segundo Barretto (1998), as viagens com cunho educacional/cultural têm se mostrado

em ascensão, contrastando com um tipo de turismo mais descompromissado e ligado

ao lazer – tradicionalmente identificado ao turismo de sol e praia.

A Organização Mundial do Turismo (OMT) definiu, em 1985, o turismo cultural

como movimento de pessoas essencialmente com motivações culturais, como

“viagens de estudo; artes dramáticas ou viagens culturais; viagens para festivais e

outros eventos culturais; visitas a sítios e monumentos; e viagens para estudar a

natureza, o folclore e/ou as migrações” (OMT, 1985 apud COSTA, 2009, p. 41).

O turismo cultural faz ativar algo mais do que o produto de consumo,

evitando, assim, a perda da cultura original, patrocinando a preservação do meio

ambiente, pois a grande diversidade de recursos faz do país um dos maiores recantos

do mundo, dessa forma de turismo (SAAB, 1999).

Segundo Beni (1998), o turista leva em conta, em seu processo de decisão, a

escolha de um serviço e localidade, sendo essencial serem conhecidas ao se elaborar

um mapa direcionado ao turismo. É exatamente essa a possibilidade encontrada pelo

turismo cultural, pois se enquadra como pré-escolha de um conjunto de produtos

oferecidos e que corresponda às expectativas do consumidor, onde são levadas em

conta suas características pessoais e socioeconômicas.

Sob um olhar holístico de uma reflexão do turista, este tipo de experiência é

um momento de acumular conhecimentos através de uma vivência prazerosa. No que

tange aos equipamentos culturais, o turismo cultural tem sido uma atividade que

contribui para sua conservação e revitalização.

Souza (2015) define o turismo cultural como a “oferta” e, particularmente, a

oferta cultural pagante, ligada ao patrimônio histórico edificado de um lugar. Nesse

contexto, a cidade adquire preponderante papel e se integra no segmento do turismo

cultural. O turismo cultural dá maior visibilidade ao patrimônio, já que levanta a

riqueza de detalhes, os elementos plurais presentes nos espaços urbanos.

Para Lazzarotti (2011), o tombamento de um lugar como patrimônio faz uma

espécie de guarda de sua singularidade, para ter valorizado o seu solo e a história

única do lugar, dada sua importância.

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O turismo cultural tem como estratégia recriar, por meio de roteiros, produtos

e eventos culturais, as histórias e as identidades dos lugares, revalorizando

manifestações culturais e estabelecendo uma nova narrativa sobre o centro antigo

para os seus residentes, em direção à maior visibilidade do patrimônio cultural.

Para Carvalho (2012), os centros históricos podem ser compreendidos como

construções materiais e simbólicas, mutáveis e dinâmicas, compostos por diferentes

temporalidades, vozes, histórias e memórias, podendo ser observados elementos de

continuidade e descontinuidade. Na contemporaneidade, torna-se reconhecida a

importância do patrimônio cultural urbano na promoção do desenvolvimento

socioeconômico em diversas regiões, por intermédio do seu agenciamento pela

atividade turística.

2.2.1 Turismo, cultura e patrimônio: considerações acerca do turismo cultural

O turismo incide no deslocamento de pessoas que, por diversas motivações,

deixam provisoriamente seu lugar de residência, visitando outros lugares,

aproveitando uma série de equipamentos e serviços especialmente implementados

para esse tipo de visitação. Para Santos e Alves (2012), surgiram novas motivações

para o turismo, onde a demanda industrial dos grandes centros urbanos incitavam

as pessoas a buscarem um lugar para recuperar as forças perdidas durante o labor;

viajar para conhecer novas culturas passou a ser algo obrigatório para a população

do mundo.

A expressão “Turismo Cultural” remete a diversos entendimentos,

interpretações e conceitos que, dependendo da visão, podem gerar um impasse

pela forma de abordagem, quanto ao enquadramento de seus objetivos e

influências.

O Turismo Cultural, de acordo com o Ministério do Turismo (2010),

compreende as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de

elementos significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais,

valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura.

Sendo assim, conforme aborda Costa (2009), o Turismo Cultural é ainda

imprecisamente definido, com foco direcionado especialmente para o objeto de

atenção da visita, o que embora seja uma de suas características mais

fundamentais, é somente uma parte do fenômeno.

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O Turismo cultural sendo indisciplinar, vários são os estudos focados em

áreas diversas, tornando-o um rico campo de pesquisa de temas das Ciências

Sociais. Descreve Barreto (2003) que os estudos de Antropologia estão, na

atualidade, preocupados com os impactos de certas formas de turismo,

especialmente o cultural e o étnico, e com a descaracterização e comercialização

das culturas que esses provocam. Não menos importantes são as contribuições que

a Sociologia empresta ao turismo, com seus conceitos e seus autores e publicações

que tratam o turismo como objeto de estudo, remetendo aos pensamentos críticos

da ciência, no sentido amplo da palavra, e os impactos causados pela atividade

turística.

O turismo tem, na cultura e no patrimônio, elementos fundamentais de

interesse, pois muitos dos atrativos que dinamizam e caracterizam destinos como

turísticos no mundo inteiro são de natureza cultural, a partir dos bens patrimoniais

materiais e imateriais, ou seja, “a diversidade de interesses presente na atividade

turística permitiu que essa identificasse os bens culturais como determinantes para o

seu desenvolvimento [...]” (PRENTICE, 1997 apud MATHIESON; WALL, 2006). É

pertinente afirmar que uma boa parte do turismo atual decorre em contexto de

indústria cultural, onde produtos e experiências culturais são promovidos como

atrações turísticas (PRENTICE, 1997 apud MATHIESON; WALL, 2006, p. 194) e

valorizados, enquanto diferenciais dos programas turísticos, pois oferecem uma

gama de experiências únicas de aprendizagem e lazer2.

Nesse sentido, vale destacar que a força da cultura e do patrimônio como

atrativos geradores de motivação turística fundamentam a concepção do chamado

Turismo Cultural. A afinidade do turismo com outras áreas é incontestável e

extremamente debatida, por ser um fenômeno que tem o campo de abrangência

integrador em diversos setores da sociedade, sendo visto como meio atrativo para

diversos segmentos econômicos públicos e privados.

Nessa perspectiva, a relação da atividade turística com a cultura e com o

patrimônio ganhou uma ligação muito ampla, mas que também está sujeita a

críticas, porém, indiscutivelmente, resultou em parcerias em que as vantagens são

salutares, quando se reconhece o potencial do conjunto, assim como as forças das

partes.

2 MAIA, Sara Vidal. Turismo cultural no contexto urbano: rotas museológicas – os casos de Aveiro e Ílhavo (Portugal), 2013.

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Raymond Willians (1976) distingue três maneiras de entender e utilizar o

conceito de cultura: antropológica, sociológica e estética. A perspectiva

antropológica de cultura a entende como modo de vida, isto é, o modo como os

seres humanos pensam, dizem, fazem e fabricam. Por sua vez, do ponto de vista

sociológico a cultura é percebida como um campo de conhecimento dos grupos

humanos. Esta noção sociológica de cultura traz como foco a produção e o consumo

de atividades culturais, daí a sua ligação com as políticas da cultura. Sob o olhar da

estética, a cultura envolve atividades intelectuais e artísticas como, por exemplo, a

música, a literatura, o teatro, o cinema, a pintura, a escultura, a arquitetura, entre

tantas outras.

A ideia de cultura é, assim, muito ampla; por conseguinte, não se fará aqui um

fórum deste debate, entendendo que o foco deve ser dado a sua relação com o

turismo e, desse modo, há de se lançar o peso da conceituação que a palavra por si

só carrega, quando remetida à atividade turística.

Na visão de Pires (2004), o conceito de cultura remete a toda espécie de

manifestações e costumes relacionados ao espaço, ao folclore, ao exotismo, etc.,

assim como reconhece as particularidades dessas expressões. Não obstante a

origem do turismo dissociada da cultura, nomeadamente no que concerne à prática

por grupos sociais específicos, é fato que as interações entre eles são cada vez

mais claras e consistentes. Esta convergência entre turismo e cultura se deve a

“aculturação da sociedade” e a “aculturação das práticas turísticas”, fenômenos que

conjugados deram origem à “cultura do turismo”.

Na opinião de Pereiro (2009), ainda que a natureza cultural do turismo seja

antiga, a ligação entre turismo e cultura é relativamente recente e muito mais o

conceito de “turismo cultural”. Os profissionais da cultura tendiam, até há pouco

tempo, a menos valorar o turismo porque o entendiam como uma atividade banal,

superficial, aculturada e com pouco interesse pela cultura visitada. Isso mudou muito

nas últimas décadas, com a criação de pontes entre um campo e outro. As

definições de turismo cultural a partir da demanda, que fazem uso de técnicas de

pesquisa de perfil mais antropológico ou sociológico, são absolutamente

indispensáveis para se ter uma compreensão mais rica do presente e do futuro

desse segmento de mercado, pois mostra como o turismo se articula a outras

dimensões da realidade, como crescimento do tempo de lazer, elevação da

escolarização, tolerância maior com o praticante, entre outras.

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O outro elemento importante e de destaque na atividade turística é o

patrimônio, que estaria para o turismo na mesma proporcionalidade da cultura, de

forma a se complementarem e gerarem suporte para o turismo.

De acordo com Silva (2000), o conceito de patrimônio se refere ao legado que

herdamos do passado e que transmitimos a gerações futuras. Ainda que essa

definição não tenha perdido validade, não podemos entender o patrimônio apenas

como os vestígios tangíveis do processo histórico. Todas as manifestações materiais

da cultura criadas pelo homem têm uma existência física num espaço e num

determinado período de tempo. Algumas dessas manifestações se destroem e

desaparecem, esgotadas na sua funcionalidade e significado. Outras sobrevivem

aos seus criadores, acumulando-se a outras expressões materiais. Através da

própria dinâmica da existência, esses objetos do passado alimentam, pela sua

permanência no tempo, a criatividade e novas gerações e produtos de objetos, que

acrescentam elementos às gerações posteriores.

Carvalho e Simões (2012) observam que na contemporaneidade o conceito

de patrimônio se torna polissêmico, sendo definido de acordo com o lugar social que

os indivíduos ocupam em um determinado momento ou contexto histórico. Aos

valores de excepcionalidade e monumentalidade presentes nas práticas iniciais de

preservação dos bens culturais emergem novos parâmetros que consideram as

relações, o contexto e a representatividade que o patrimônio adquire para os

membros de uma sociedade, como enunciador de memórias individuais e coletivas,

e provocador do sentimento de pertença.

Ainda afirmam os autores que o patrimônio funcionou, inicialmente, como um

mecanismo de construção simbólica de afirmação de uma identidade local que não

revelava a pluralidade cultural, configurando-se em recurso para criar uma ideia

unilateral de unidade coletiva. Dessa forma, o patrimônio cultural de São Luís, por

exemplo, vem sendo reconfigurado por intermédio do aproveitamento turístico dos

casarões coloniais, da formatação de roteiros, da promoção de eventos no entorno

do conjunto patrimonial e na implantação de equipamentos turísticos, de lazer e

entretenimento para turistas e comunidade local.

Bahi e Souza (2013) consideram que o patrimônio está permeado pelos usos

dos simbólicos que diferentes grupos sociais fazem desse e qual valor atribuem a

ele, pois o patrimônio de uma determinada sociedade é único e remete à sua

cultura, identidade e memória.

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É inegável a relação entre a cultura, o patrimônio e o turismo, consolidando

políticas e programas de incentivo e apoio, principalmente as que promovem a

preservação e a difusão do patrimônio cultural, e o incentivo aos eventos culturais

que promovem a diversidade dos arranjos locais, aspectos que vão ao encontro da

estruturação de produtos para o Turismo Cultural.

Compreende-se, dessa forma, que o turismo, a cultura e o patrimônio são

conceitos de três áreas que podem ser entendidas particularmente, mas fortemente

ligadas e que, quando juntas, concebem um fator fundamental e de grande

importância no incremento econômico-social de qualquer país, distrito e município.

Na visão de Macena (2006), é importante destacar que não existe a intenção

de tipificar expressões de cultura como forma rígida de se buscar um gênero que

consolide a identidade da nação, mas, sim, utilizar-se a diferença como um ponto de

apoio para se entender a diversidade plural dos diversos segmentos da cultura, na

busca de diálogos e ações afirmativas para as culturas populares, pois, de fato,

“toda cultura é multicultural”.

Ampliando a reflexão, pode-se remeter à cultura como fator eficaz da prática e

na mediação sobre o turismo, e esse com o papel mais nobre na busca de um novo

paradigma para a atividade turística; como uma nova forma de ser praticado, com a

possibilidade de ser intermediário na contribuição com a cidadania, ou seja, como se

encontra no esclarecimento de Gastal (2006, p. 56):

A cidadania, se associada ao turismo, encaminharia outras possibilidades de construção do sujeito histórico, aquele em condições de se expressar e de se apropriar das suas circunstâncias espaciais e temporais, seja como sujeito histórico urbano, seja como sujeito histórico planetário.

Outros ensinamentos de Ulhôa e Dias (2013) revelam que a necessidade de

procurar entender a cultura e sua importância social e política, indissociáveis da

transmissão de conhecimento e de experiências de pensamento nas relações

sociais, deve considerar que a cidade é lugar de apropriação, onde agem forças

sociais diferenciadas no constructo das significações e dos bens simbólicos,

revelando patrimônios que consistiram apenas das possibilidades de transformação

da realidade, pois a definição de patrimônio “passou a ser pautada pelos referenciais

culturais dos povos, pela percepção dos bens culturais nas dimensões testemunhais

do cotidiano e das realizações intangíveis” (PELLEGRINI; FUNARI, 2009, p. 32).

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Ainda revelam as mesmas autoras (op. cit., p. 70), que a cidade, a cultura, o

patrimônio e o turismo não podem ser vistos, muito menos entendidos,

independentemente, quando se tenta dimensionar o uso dos lugares para a

atividade turística. Ainda que os termos carreguem um substrato político individual,

eles devem ser vistos, para a apropriação do tempo livre, na dinâmica das relações

que existem entre os lugares e suas necessidades materiais, imateriais,

econômicas, sociais e culturais.

2.2.2 Turismo cultural: conceito, características, estruturação do produto e cadeia produtiva

O conceito técnico de Turismo Cultural apresentado pela European

Association for Tourism and Leisure Education (ATLAS), “situa-o como toda

movimentação de pessoas em torno de atrações culturais específicas, tais como

sítios históricos e manifestações artísticas e culturais, fora de seu lugar próprio de

residência” (RICHARDS, 1997, p. 24). Tal abordagem aponta para o consumo

turístico de elementos antecipadamente rotulados como culturais.

Em outra vertente analítica, Durand e Köhler (2008) distinguem dois pontos

básicos relevantes nas definições sobre turismo cultural. O primeiro define turismo

cultural a partir da demanda (motivos, percepções e experiências de viagem);

enquanto o segundo foca aspectos da oferta (consumo de atrações previamente

classificadas como culturais).

Marino e Castillo (2011) introduzem o conceito de cadeia produtiva no

turismo, que pressupõe a existência de um produto ou de um atrativo turístico o

qual, em um determinado território, atua como elemento indutor para gerar um

movimento integrador entre as diferentes atividades que compõem o setor. A cadeia

produtiva do Turismo Cultural funciona como uma rede integrada, como ilustra a

figura 6, a seguir:

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Figura 6 - Cadeia produtiva do turismo cultural

Fonte: Ministério do Turismo (2014).

A figura 6 expõe uma grande rede encabeçada pelo cliente, que é o turista

cultural, que se comunica em canais de distribuição de mercado, promovendo a

fluidez da atividade e obedecendo às leis de mercado, com comercialização para

ampliar a oferta turística. Os produtos dessa relação comercial são diversificados,

sobretudo nas manifestações culturais do arranjo local. O processo envolve as

infraestruturas e as superestruturas que já foram amplamente explicadas na

fundamentação teórica desta pesquisa, pois se constituem os intermediários do

Turismo Cultural, estabelecendo a transitoriedade entre a oferta e a demanda, e

desempenho do setor.

O poder público possui um papel importante dentro deste segmento,

promovendo infraestrutura básica e da sua conservação; nas ações de

planejamento, regulamentação e fiscalização; nas políticas de incentivo ao

segmento, como alternativa para a valorização e preservação do Patrimônio

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Cultural, além de promover o envolvimento comunitário, auxiliando na geração de

emprego e renda.

A comunidade oferta a hospitalidade ao turista cultural, integra-se como

fornecedora de atividades e serviços turísticos e potencializa na empregabilidade em

todos os níveis. Ao mercado compete impor regras, estimulando a competitividade e

parcerias em todos os segmentos da produção. As manifestações e representações

culturais são de extrema importância para o turismo cultural, por despertarem o

potencial turístico do destino, de forma a contribuir em todos os segmentos da

economia local.

Sem uma proposição conclusiva que identifique o perfil do turista cultural, a

própria OMT argumenta a falta de um estudo que o identifique, há apenas dois tipos:

aqueles com interesse específico na cultura (motivação principal); e/ou os com

interesse ocasional na cultura (motivação secundária ou complementar), o que faz a

promoção dos produtos ser diferenciada; esses mais atentos ao lazer; enquanto

aqueles exigem um produto trabalhado na existência cultural.

Para Cortizas Leira (2012), o percentual de 27% dos visitantes brasileiros

identificados com o Turismo Cultural verifica o quanto é praticado em detrimento a

outros, como demonstrado na tabela 1, perante aqueles que ostentam maior

interesse e o torna insipiente em face da grandiosidade a ser explorada.

Tabela 1 - Perfil do turismo cultural brasileiro

PERFIL %

Perfil religioso, espiritual, místico 52

Perfil acadêmico 21

Perfil do turismo cultural 27

Fonte: Cortizas Leira (2012).

Em 2013, a EMBRATUR, em parceria com a UNESCO, divulgou dados do

Turismo Cultural internacional no Brasil, e os resultados apontaram para a imagem

cultural que o turista desse segmento tem sobre o Brasil, conforme demonstrado na

Tabela 2 abaixo.

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47

Tabela 2 - Perfil do turismo cultural internacional no Brasil

IMAGEM CULTURAL %

A musicalidade, as danças e a hospitalidade foram destacadas como as características mais expressivas.

42

Manifestações populares 37 Artesanato e gastronomia 21

Fonte: EMTRATUR/UNESCO (2013).

O reconhecimento da importância do Turismo Cultural pode significar o

entendimento dos benefícios decorrentes do consumo de fascínios culturais sobre

determinadas localidades, sobretudo quando se constata o valor do patrimônio

cultural. Reconhecendo o perfil do turista cultural, consegue-se estabelecer uma

conexão entre a demanda e a oferta, tal como analisam que, na visão de Fontan e

Durand (2008), para quem os turistas culturais são observadores e intencionais, e

tendem a ser mais velhos; enquanto que os turistas culturais fortuitos e orientados

para surpresas tendem a ser mais novos. Tais parâmetros abrem perspectivas de

avaliar a oferta e a formatação de produtos para o Turismo Cultural.

Quando Brenner (2005) assegura que o Turismo Cultural tanto reafirma

identidades locais como impulsiona a evolução do sistema cultural local, isso faz

acreditar que os pilares do turismo cultural sustentam as relações entre as culturas e

o espaço onde é vivenciada. Brenner diz ainda que a sustentação desse segmento

do turismo faz da cultura o motivo principal da diversidade se manifestar no

patrimônio cultural que tem características de uma localidade, contribuindo para

consolidar sua identidade.

Gomes (2008), colaborando com Brenner, diz que a relação entre patrimônios

culturais e turismo deve se fundamentar em dois pilares: tanto na existência de

pessoas motivadas em conhecer culturas diversas, quanto na possibilidade de que o

turismo sirva como um instrumento de valorização da identidade cultural, através da

preservação e conservação do patrimônio em questão.

Essas reflexões remetem ao papel que o Turismo Cultural tem para com o

Centro Histórico de São Luís, assegurando seus fundamentos, que já estão

consolidados pela caracterização da área e do perfil de seus visitantes, que o

visitam ao longo do ano, sem grandes variações de fluxo, sendo uma alternativa

para a redução da sazonalidade nos destinos, e ainda conta com os calendários das

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festas populares e eventos culturais, que funcionam muito bem, de acordo com a

oferta turística.

Exemplos como o de São Luís e seu Centro Histórico como atrativo estão

espalhados pelo Brasil, com classificação de sítios do Patrimônio Cultural da

Humanidade, que têm a chancela da UNESCO e são divulgados pelo Ministério do

Turismo/2014:

• Cidade Histórica de Ouro Preto (1980);

• Centro Histórico de Olinda (1982);

• Missões Jesuíticas Guarani, em São Miguel das Missões (1983);

• Centro Histórico de Salvador (1985);

• Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo (1985);

• Parque Nacional do Iguaçu, em Foz do Iguaçu (1986);

• O Plano Piloto de Brasília (1987);

• Parque Nacional Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato (1991);

• Centro Histórico de São Luís do Maranhão (1997);

• Centro Histórico de Diamantina (1999);

• Reservas de Mata Atlântica do Sudeste (1999);

• Reservas de Mata Atlântica da Costa do Descobrimento (1999);

• Parque Nacional do Jaú (2000);

O legado que a atividade turística deixa para uma região vai ser considerado

positivo se a mesma conseguir uma forma de aproveitar sua cultura para o

desenvolvimento econômico, social e ambiental, com a participação da comunidade,

e promover sustentabilidade para futuras gerações.

Para o Ministério do Turismo, o desenvolvimento turístico cultural sustentável

perpassa por um conjunto de diretrizes e ações, as quais estão explicitadas na

Tabela 3 abaixo, que servem de orientação para esse segmento da atividade em

todo o país.

Tabela 3 - Diretrizes para o desenvolvimento do turismo cultural

DIRETRIZES AÇÕES

1 - Ordenamento

• Identificação e divulgação dos aspectos legais específicos; • Elaboração de estudos e adequação de marcos técnicos e legais; •Apoio e incentivo aos estudos, à determinação e à aplicação da capacidade de suporte do patrimônio histórico e cultural.

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2 - Informação e comunicação

• Mapeamento do Turismo Cultural no país; • Realização de pesquisa de mercado e perfil da demanda do segmento; • Apoio a iniciativas de valorização e fortalecimento do segmento; • Criação de mecanismos de disponibilização e experiências em Turismo Cultural; • Produção, promoção e distribuição de instrumentos de orientação para atuação em Turismo Cultural.

3 - Articulação

• Integração do Turismo Cultural com outros segmentos turísticos; • Realização de parcerias interinstitucionais e intersetoriais; • Apoio à criação e à atuação de entidades interessadas no Turismo Cultural; • Fomento às manifestações culturais para sua integração ao turismo; • Integração e cooperação técnica internacional.

4 - Incentivo

• Levantamento, criação e divulgação de fontes de captação de recursos e de incentivos; • Estabelecimento de critérios para incentivos financeiros a projetos de Turismo Cultural; • Fomento à criação e fortalecimento de negócios nas comunidades locais; • Simplificação de mecanismos de concessão e negociação de crédito diferenciado.

5 - Capacitação

• Identificação e análise das necessidades de qualificação; • Apoio, estímulo e promoção da capacitação em Turismo Cultural e áreas afins; • Capacitação para a interpretação patrimonial; • Estímulo a encontros e debates voltados para a atualização do segmento.

6 - Envolvimento das comunidades

• Criar mecanismos de valorização, resgate da cultura pela comunidade local e intercâmbio de experiências; • Planejamento e gestão participativa integrada; • Promoção e incentivo a iniciativas de sensibilização e mobilização para o segmento.

7 - Infraestrutura

• Fomento e apoio à identificação, implantação e expansão de infraestrutura necessária para o segmento; • Fomento à implementação da comunicação interpretativa dos bens culturais; • Apoio à criação e à adequação de condições de acessibilidade para as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.

8 - Promoção e comercialização

• Planejamento estratégico de instrumentos promocionais do segmento • Fomento à integração e à articulação com o mercado turístico para a comercialização; • Promoção de produtos e roteiros de Turismo Cultural; • Promoção da diversidade cultural brasileira.

Fonte: Ministério do Turismo (2007).

Amplamente debatido na Fundamentação Teórica e, especificamente, para o

segmento do Turismo Cultural e seu planejamento, a visão sistêmica proposta por

Mario Beni (2000) se configura como o resultado de inúmeras variáveis que

interagem entre si e entre o meio físico e social no qual essa se desenvolve.

Assegura Carvalho (2010), que nesse caso o planejamento do turismo está

inserido dentro de uma perspectiva sistêmica, cujo resultado incide na consolidação

de um planejamento turístico integrado, com procedimentos metodológicos capazes

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de ampliar significantemente a participação de segmentos da sociedade civil no

processo de implantação e encadeamento turísticos racionais, a partir da

distribuição de tarefas e fomento a iniciativas empreendedoras, objetivando

dinamizar o turismo e o desenvolvimento socioeconômico local.

2.2.3 Turismo cultural na perspectiva sistêmica e o papel do planejamento

Ao estabelecer uma reflexão sobre o planejamento do turismo cultural,

buscou-se amparo na abordagem sistêmica na visão do SISTUR de Beni (1998).

Assim, “compreende-se a articulação entre o sistema turismo e o sistema cultura,

surgindo o que pode ser identificado como sistema turístico-cultural” (MAIA, 2013, p.

194).

Lembrando que a teorização sistêmica desenvolvida por Mario Beni faz

alusão a processo de concepção e distribuição do valor turístico que perpassa pela

análise de demanda e oferta e suas entrelinhas condicionantes (fatores de influência

nos conjuntos de relações ambientais, organizações estruturais e ações

operacionais) já abordados nesta pesquisa.

Para Sousa (2010), o turismo cultural é um turismo com identidade,

merecendo, assim, um olhar diferenciado e sistêmico. Ele observa ainda, no

SISTUR, um modelo referencial teórico para o melhor entendimento desse

segmento de atividade turística.

A lógica do SISTUR é:

Organizar o plano de estudo da atividade de turismo, levando em consideração a necessidade há muito demonstrada em obras teóricas e pesquisas publicadas em diversos países, de fundamentar hipóteses de trabalho, justificar posturas e princípios científicos, aperfeiçoar e padronizar conceitos e definições, e consolidar condutas de investigação para instrumentar análises e ampliar a pesquisa, com a consequente descoberta e desenvolvimento de novas áreas de conhecimento em turismo (SOUSA, 2010, p. 45).

O SISTUR é o aporte teórico de subsídio que contribui para melhorar o

planejamento da oferta e, consequentemente, aumentando a demanda e a

distribuição do produto. Nessa perspectiva, o produto turístico é visto como um

conjunto das relações operacionais que se inter-relacionam no mercado, isto é,

observando o macroambiente onde a atividade se desenvolve, e buscando equilíbrio

entre os subsistemas.

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Na visão sistêmica, afirma Fernandes (2009) que, no Brasil, ainda é difícil

essa percepção por parte dos empreendedores, que buscam o retorno financeiro

imediato, quando investem seus recursos em algum empreendimento turístico. O

mesmo autor ainda complementa que o planejamento sistêmico do turismo aparece,

então, como alternativa capaz de incluir todos os subsistemas e atores no

desenvolvimento da atividade turística.

Corrobora Barretto (2005), que tal planejamento pode advir nos ambientes

públicos e privados, e “não pode acontecer de forma isolada – ele precisa estar

acompanhado do planejamento de outros sistemas, que devem estar integrados

num todo que, por sua vez, recebe influências externas” (BARRETO, 2005, p. 19).

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3 METODOLOGIA

Esta seção apresenta, primeiramente, o enquadramento epistemológico da

pesquisa, particularmente quanto à sua tipologia e ao método de referência para, em

seguida, expor os procedimentos metodológicos a serem adotados para a coleta, o

tratamento e a análise dos dados, na relação com a empiria.

3.1 Tipologia e método da pesquisa

Pela sua natureza, segundo Gil (2010), esta investigação possui um caráter

qualitativo, pois buscar entender o fenômeno turístico, levando-o a um nível

exploratório e descritivo, que se evidencia na lógica dos autores mencionados, em

que serão coletados dados sobre o Centro Histórico de São Luís-MA, com o intuito

de identificar sua espacialização em base cartográfica, para daí, então, estabelecer

uma conjugação com a atividade turística exercida na localidade.

Quanto aos fins, esta pesquisa possui caráter exploratório e descritivo, pois o

tema das geotecnologias é interdisciplinar e agrega ao turismo(VERGARA, 2013).

Especificamente, é inovador e carece de aprofundamentos e debates no que trata,

notadamente, do planejamento e da promoção da atividade turística.

Na visão de Gil (2010), consiste num estudo com o propósito de proporcionar

maior familiaridade com problemas, com vistas a torná-los mais explícitos ou

construir hipóteses. Exige planejamento flexível, coleta de dados que vão desde

levantamentos bibliográficos, entrevistas e análise, assuntos que rotulem a

pesquisa, proporcionando a justaposição do tema e o descobrimento do assunto, e

facilitando o maior contato com o objeto de estudo.

Quanto aos meios, esta pesquisa é bibliográfica, pois utiliza amplo referencial

teórico sobre o tema, incluindo referências e base de dados nacional e internacional.

Gil (2010) ressalta que a pesquisa bibliográfica utiliza materiais já construídos,

especialmente livros e artigos científicos e, no caso desta pesquisa, os geodados,

que permitem ao pesquisador, através da leitura interpretativa, a cobertura de

fenômenos sociais maiores, em que o turismo se insere. Trata-se de um caráter

documental, pois seu foco é a possibilidade da análise espacial no âmbito da

geoinformação do Centro Histórico de São Luís-MA como destino turístico.

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Como método de referência para a análise dos dados, o Sistema de Turismo

(SISTUR), adota-se o de Beni (1998), pois esse tem conceitos gerais e princípios

baseados da Teoria Geral de Sistemas (TGS) (BERTALANFFY, 1968) que sugerem

diferentes componentes e inter-relações que fazem parte de um todo, algo que o

turismo já o faz.

Para a sistematização e utilização dos dados e dos documentos relacionados

às geoinformações, que dizem respeito ao material de conhecimento do Centro

Histórico, na contextualização de viés turístico, buscar-se-á uma interconexão com o

Sistema de Turístico – SISTUR (BENI, 1968), pela abrangência que esse modelo

alcança, sendo útil em auxiliar na relação entre as geotecnologias e o turismo, tema

desta pesquisa.

Focando no Modelo Referencial do SISTUR (figura 14), consegue-se

perceber que ações de geoinformação podem ser vistas nas entrelinhas das

atuações operacionais e nas linhas de fluxos que fazem ligações entre

superestruturas/infraestruturas, oferta/demanda, em um meio ambiente em que

venha a ser pragmático o uso das geotecnologias.

Nesse sentido, o indicativo de rumo ou sentido de fluxos (flechas vermelhas)

perderiam a função de linearidade e passariam a ter a função de simultaneidade no

SISTUR, invocando, assim, retroalimentações ou "feedback" de controle de entradas

e saídas de informações dentro do Sistema, melhorando a capacidade de rever suas

próprias rotinas.

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Figura 7 - Modelo referencial do SISTUR

Fonte: Adaptado pelo autor, a partir de Beni (1998).

Em outro momento deste capítulo se encontra o modelo referencial do

SISTUR, com uma figura redesenhada e relacionada ao SIG, com elementos de

conexão com o campo empírico da pesquisa, em que se fará a descrição pelo uso

do modelo sistêmico do turismo, combinado ao Sistema de Informação Geográfico.

Apresentado na fundamentação teórica desta pesquisa, o SISTUR dá a

sustentação epistemológica ao objetivo deste trabalho e ao uso das ferramentas de

geoprocessamento utilizadas no desenvolvimento do mesmo, pois tanto as

geotecnologias quanto o Sistema de Turismo convivem em uma atmosfera de

padrão sistêmico.

3.2 Procedimentos metodológicos

O percurso metodológico pode ser simplificado nas seguintes etapas de

trabalho, apresentadas na Figura 8, abaixo:

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Figura 4 - Percurso metodológico

Fonte: Elaborada pelo autor (2016).

a) Revisão e pesquisa bibliográfica virtual, com busca realizada nas bases Ebsco,

Sielo sobre as novas relações das geotecnologias e o turismo, procura utilizada na

inquirição da produção acadêmica sobre a temática, com base na apreciação de

trabalhos de autores que se voltaram a estudar o assunto;

As maiores referências nessa área são Bahaire e Frasari, que desenvolveram

as potencialidades do SIG relacionadas ao turismo. Para Costa (2007), eles são os

expoentes da ligação entre o SIG e o Turismo, pois o primeiro, no final da década de

noventa, fez observar que a falta de conhecimento, capacidade, compreensão e

consensos pode ser resolvido com a utilização do SIG; enquanto que o italiano

Frasari, em 2003, sistematizou o uso do SIG na área de turismo e lazer, com

objetivos de inventariar, planejamento, localização, monitoramento, marketing,

divulgação na web, simulação e análise de impactos, análise do turismo no tempo e

espaço, e envolvimento comunitário.

Há, ainda, vários outros autores que dialogam sobre o emprego do SIG

voltado para a área do turismo, como Holm-Pedersen (1994), Boyd e Butler (1996),

Elliot-White e Finn (1998), Breternitz (2001), Rosa (2005), Chen (2007), Finisterra

(2007), Lang (2009), entre outros, que a partir da influência contagiante das

tecnologias vinculadas à informática, e a perspectiva do potencial da ferramenta,

voltam-se para uma visão particular, com a finalidade de sistematizar o uso dessa

ferramenta na perspectiva do desenvolvimento do turismo.

b) Levantamento dos dados organizados na pesquisa na área do Centro Histórico de

São Luís-MA, dados esses relacionados a produzir aplicações na atividade turística,

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para confronto entre o potencial das geotecnologias e as necessidades de

planejamento e gestão do turismo local;

c) Assimilação das vantagens e das desvantagens das técnicas e ferramentas de

análise e representação dos dados espaciais. Análise da aplicação na área de

estudo;

Nessa lógica, os SIGs, como já exposto, têm a capacidade de unificar,

armazenar, administrar, avaliar e visualizar dados. Segundo Costa (2007), passa a

ser o SIG a mais valiosa ferramenta para o planejamento do turismo.

Por esse ângulo, uma das vantagens dos SIG é a aquisição de informação

por meio do alinhamento de layers (camadas) temáticas, visando a análises de

efeitos conjuntos dos diferentes dados envolvidos nos processos em estudo,

permitindo o cruzamento e a elaboração de produtos que podem ser usados em

diferentes conjunturas, além de ser levado em conta o fator econômico de agregar,

em um único ambiente (BD), vários estudos, que podem interagir entre si, com

redução de custo e acesso facilitado na área de interesse geograficamente ligada.

Como enfatiza Matias (2002), as desvantagens residem na resistência, por

uma simples recusa baseada numa crítica superficial ao seu status epistemológico

de sustentação positivista dos estudos recentes da geografia, quando se confundiu o

uso das técnicas quantitativas com a adoção de um método de interpretação

quantitativa. Outra inconveniência se revela pela submissão operacional à conexão

de rede, assim como à capacidade computacional (hardware), quando se trata de

cartografia digital, em que o desempenho pode não ser ágil, face às operações de

processamento de dados complexos em ambiente web.

Por se tratar de dados geoespacializados, suas análises têm uma rotina de

procedimento com base em critério de distância ou contiguidade, onde a matriz de

vizinhança é alimentada via parâmetros em software (SPRING 4.2 E ARC GIS 10.1).

Hubner e Oliveira (2008) ressaltam que a distinção básica entre dado

geoespacial e informação geoespacial reside na capacidade de transformação, pois

há relação lógica entre os termos. O acréscimo de significado e contexto para um

dado geoespacial, através do processamento e da análise desses dados, gera

informação geoespacial, que comunicada, interpretada e aplicada para uma

determinada finalidade, resulta na construção de conhecimento. Os termos

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“Informação Geográfica”, ”Informação Geoespacial” e ”Geoinformação” são

sinônimos e resultam do processamento e análise de dados geoespaciais.

d) Subsidiar a pergunta norteadora, buscando responder se houve mudança de

visão e/ou de técnica na análise espacial destinada ao turismo.

O Centro Histórico de São Luís reúne um acervo de caráter documental, com

material de textos, imagens, mapas e dados analógicos e digitais que não fazem

parte de uma base comum. Nesse contexto, as geotecnologias seriam capazes de

fazer a compilação desses dados e incrementar a procura e a oferta turísticas. A

interatividade entre o Sistema de Informação Geográfica e a atividade do turismo, no

recorte do Centro Histórico, representaria um fator de ligação ambicioso e

proveitoso, no tripé entre técnica, interesse e ambiente.

3.3 Identificação e delimitação do objeto da pesquisa

A cidade de São Luís, capital do Estado do Maranhão, está localizada em

uma Ilha (Ilha do Maranhão) de 1.410,015 km², com mais três municípios (Paço do

Lumiar, Raposa e São José de Ribamar), conforme mostra a figura 15.

Contida no quadrante de coordenadas geográficas 2° 31’ 00”S de latitude e

44° 16’ 00”W de longitude, permanecendo a uma altitude de 24m acima do nível do

mar, com temperaturas elevadas durante o ano todo, pela proximidade da linha do

Equador. O município de São Luís tem uma área de 834,785km², detendo 57% do

território da Ilha, e se situa na face ocidental da mesma, com suas sedes

administrativas (Estadual e Municipal) no Centro Histórico, situado na porção

noroeste da Ilha, na zona costeira, marco inicial da cidade, e delimitado por uma via

chamada de Anel Viário, com 8 km de extensão, onde abriga em seu interior o

núcleo primitivo da cidade do século XVII, fundada em 1612.

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Figura 9 - Mapa de localização da Ilha do Maranhão

Fonte: Organização do autor, a partir da LABGEO/UEMA (2002).

Fixar-se-á, como recorte espacial da pesquisa, o Centro Histórico de São Luís

do Maranhão, com destaque especial para a área inscrita, em 1997, como

Patrimônio Cultural da Humanidade, pela UNESCO, no intuito de observar o

potencial turístico com as lentes das geotecnologias.

A delimitação da área específica da pesquisa pode ser observada na figura

16, na qual se percebem os indicativos distintos de cada zona, assim como a

espacialização extensa que o Centro Histórico de São Luís ocupa – são 388

hectares, com 11 bairros (Apicum, Desterro, Centro, Codozinho, Coreia, Goiabal,

Lira, Madre Deus, Praia Grande e Vila Passos). Segundo o IPHAN-MA, a área

possui mais de cinco mil imóveis cadastrados como pertencentes ao Patrimônio

Histórico, tornando-se um cenário de paradoxo entre a beleza e o abandono.

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Figura 10 - Mapa do Centro Histórico de São Luís – Zoneamento

Fonte: Organizada pelo autor, a partir da INCID (2012).

Observa-se que a zona de preservação histórica (destacada em azul claro) é

mais extensa. Ela compreende a maior parte do CH, abrangendo os bairros do

Desterro, Praia Grande e Centro, e coincidindo com o tombamento estadual (linha

azul). Também se nota que a zona de tombamento Federal (linha vermelha) e o

tombamento da UNESCO estão inseridos nessa zona, constituindo-se em grandes

áreas de apelo turístico.

É importante que as questões sociais também fossem contempladas, pois a

zona de interesse social (cor marrom) ficou destacada pelas iniciativas públicas

como relevante, dada a proximidade do núcleo geográfico e administrativo com o

cerne histórico.

.

3.4 Coleta e processamento de dados

Para utilização de dados, esta pesquisa fez a coleta, a verificação e a análise

dos dados, correlacionando o enfoque das geotecnologias ao turismo.

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A Lei de Zoneamento, Parcelamento e Uso do Solo – Lei 3.253/92, o Anuário

Estatístico do Perfil do Turista; Relatório da demanda turística nacional e

internacional para a cidade de São Luís; Pesquisa de turismo receptivo – alta

estação de São Luís; Relatório: pesquisa de turismo receptivo 2014; publicações,

imagens, mapas digitais e analógicos, dados da Secretaria Municipal de Turismo;

Secretaria Estadual de Turismo; Instituto da Cidade, Pesquisa e Planejamento

Urbano e Rural – INCID; Observatório do Turismo da Cidade de São Luís e

IPHAN/MA, além de órgãos correlatos, ao disponibilizarem dados, farão parte dessa

pesquisa.

A utilização do Sistema de Informações Geográficas permitirá, com técnicas

de geoprocessamento digital de imagens, utilizando o programa “IMPIMA”, a criação

de Banco de Dados (Centro Histórico de São Luís) em software livre (SPRING 5.3 -

INPE), a aquisição de imagens de satélite da área, o georreferenciamento, a

alimentação de dados, a manipulação do BD e output para editar em módulo

“SCARTA”, gerando arquivo para impressão e permitindo a apresentação na forma

de um documento cartográfico, sendo reeditado em Corel Draw.

Paralelamente, foram utilizados procedimentos com software ArcGis versão

10.1 da ESIRI para mapear, no intuito de comparar as bases de dados

georreferenciadas no SPRING 5.3-INPE, a fim de corrigir distorções e fazer

classificação e espacialização de dados.

Trabalhadas, as informações obtidas auxiliarão no estudo da área de

geoprocessamento voltada ao turismo, para gerar resultados com metadados,

colaborando, assim, com a capacidade que o turismo tem em se integrar.

3.5 Análise de dados

Os instrumentos de coleta e análise de dados diferenciados para cada etapa,

em seu conjunto compõem ferramentas metodológicas que passam a fornecer

claramente e com segurança, as respostas aos problemas e alcance de objetivos.

As técnicas de análise de dados, onde se abre mão dos métodos

convencionais e se adota a análise de dados georreferenciados, utilizam-se

subsídios no formato vetorial, valendo-se da toponímia de pontos, linhas e polígonos

para tentar representar as características físico-geográficas da área de estudos, que

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possibilitam ao investigador consolidar uma relação entre o levantamento

bibliográfico e a pesquisa de campo.

Após esses procedimentos, inicia-se a elaboração dos gráficos, tabelas e

mapas que farão parte da exposição das análises de implicações, observando-se

sempre, resultados para cada item e a natureza da pesquisa. Para Bardin (1977, p.

38), “a análise de conteúdo aparece como um conjunto de técnicas de análise das

comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do

conteúdo das mensagens”.

Em uma das etapas da pesquisa, a análise de conteúdos será importante, por

se tratar de um demonstrativo técnico, que embora seus resultados e discussões

venham a ser apresentados em formato de mapas cartográficos, possuem também

equivalências estatísticas, quando é considerado o contexto social, que é associado

às práticas do turismo sob as quais são produzidas as interpretações.

A título de exemplo, a Figura 11 traz buffers (circulares) em que dados de

segurança pública (Delegacia de Policia Civil – peça cor azul e Batalhão da Polícia

Militar de apoio aos turistas – circulo cor laranja) são plotados em uma base

(imagem de satélite), usando-se o centroide (lat/log) e estabelecendo um parâmetro

de 500 metros de raio de ação para observar a zona de interseção, assim como a

observância de extensões descobertas pelo Sistema Público de Segurança, no

espaço do Centro Histórico, delimitado pelo Anel Viário (linha cor vermelha).

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Figura 11 - Exemplo de interpolação de dados de segurança no Centro Histórico de São Luís-MA

Fonte: Organizada pelo autor, a partir da INCID (2012).

Com isso, a pesquisa acompanha um percurso sistemático, no que diz

respeito à coleta de dados, montagem de banco de dados, tratamento de dados,

cartografia, com técnicas para construção de material cartográfico, respondendo à

pergunta da dissertação.

3.5.1 Sistemas de Informações Geográficas (SIGs) aplicados ao Centro Histórico de São Luís: contribuições técnicas para o planejamento do turismo cultural

Nesta seção, pretende-se focar na identificação e na espacialização da oferta

turística do Centro Histórico pelos mapas: atrativos (patrimônio material - bens

patrimoniais edificados: casario, casas de cultura, teatros, palácios, praças, entre

outros), reunidos a equipamentos e serviços turísticos (agências, secretarias,

restaurantes, bares e similares, entretenimento, artesanato, hotéis e pousadas,

postos de informações turísticas, casas de câmbio, casas de eventos,

representações consulares, etc) aliados à infraestrutura de apoio (delegacias,

correios, postos de saúde, hospitais, comunicações, transporte urbano, etc).

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Os principais componentes da oferta turística (os atrativos turísticos, os

equipamentos e serviços turísticos e a infraestrutura básica) serão cartograficamente

representados por mapas temáticos, segundo sua natureza de envolvimento na

atividade turística, seguindo os critérios abaixo relacionados, expostos na Figura 12.

Figura 12 - Oferta turística

Fonte: Beni (2007).

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3.5.2 Identificação e espacialização da oferta turística

3.5.2.1 Mapas temáticos

Será produzido, nesta fase, material cartográfico que situe e torne acessível

um produto chamado mapa temático turístico, que vai trazer um complemento de

leitura do tema principal, que se volta para a cartografia digital.

Segundo Delazari (2004), um mapa eletrônico deve contar com a

interatividade e alcançar um grande número de pessoas. Isso pode ocorrer através

de mídias digitais, do ambiente da Internet, entre outros. A autora assegura que

existem 3 tipos de mapas: eletrônicos “só para ver”, são formas eletrônicas do atlas

analógico, porém, permitem o acesso de forma aleatória. Esses têm menor custo e

maior divulgação, pois são em CD-rom; eletrônicos interativos, o usuário tem acesso

à manipulação de dados, podendo, no ambiente interativo, modificar cores, o

número de classes, e outros; e os eletrônicos analíticos, levam a uma exploração

mais aprofundada do ambiente digital.

Uma demonstração bastante ilustrativa de mapa temático do Centro Histórico

de São Luis (Figura 28) foi apresentada por Gonçalves (2006), quando a autora

discute, em um recorte do Centro Histórico, a temática habitacional de ocupação do

imobiliário, no que se refere ao emprego residencial. Há de se destacar que a autora

conseguiu produzir mapas temáticos analógicos destacando, através de legendas,

suas conclusões de forma satisfatória na identidade visual, com potencial para ser

trabalhado como input na vertente da cartografia digital.

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Figura 13 - Uso e ocupação de um recorte do Centro Histórico de São Luís

Fonte: Gonçalves (2006).

Nesta pesquisa, objetiva-se espacializar, em base cartográfica, os dados

obtidos na coleta, de tal sorte a elaborar alguns mapas temáticos, seguindo o quadro

acima de oferta turística, conforme enfatiza o Beni (2007), quando faz sua análise

estrutural do turismo, em que incida com as aplicações do SIG como um sistema de

base de dados cuja função é indexá-los espacialmente, no qual um conjunto de

processos é indicado, a partir de perguntas que são feitas sobre as entidades

espaciais na base de dados.

3.5.2.2 Mapas temáticos por aproximação (Buffer)

Constituem-se em tipo específico de representação cartográfica, por estarem

relacionados ao objetivo temático deste trabalho, constrói-se, em seu entorno, uma

demonstração de abrangência ou aproximação geográfica. Neles serão

representados os componentes do Atrativo Turístico, conforme Beni (2007).

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 O turismo cultural no Estado do Maranhão

De acordo com o Atlas do Maranhão (2002), o Estado está localizado no

litoral norte do Brasil e possui uma área de 333.365,6 Km², limitando-se ao norte

com o Oceano Atlântico. Destaca-se a sua faixa litorânea, de 640 km, sendo a

segunda maior, em extensão, do nordeste. O clima predominante do Estado é o

tropical, e seu relevo apresenta duas regiões distintas que incluem a planície

litorânea e o planalto tabular. A planície litorânea é formada por baixadas

alagadiças, tabuleiros e extensas praias, destacando-se as grandes extensões de

dunas e o litoral recortados, especialmente onde se formam as baías de São Marcos

e de São José.

Hoje, a população do Estado do Maranhão, que para o IBGE (2015), tem um

tempo médio para aumento, por habitante, no intervalo de 10’ 6” minutos, é na

ordem de 6.900.872 habitantes, distribuídos entre os 217 municípios.

Para o Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos –

IMESC, no ano de 2011, que fez a composição setorial das fontes de crescimento

da economia maranhense, a maior contribuição para o seu dinamismo vem do

segmento primário. O segundo setor de maior importância isolada são os gastos

púbicos, sobretudo os relacionados à educação, que tiveram destaque, face ao

excepcional desempenho das transferências via FUNDEB. O terceiro segmento de

grande expressão são as atividades de comércio, refletindo a expansão da renda

disponível no Estado, relacionada ao bom desempenho do mercado urbano, mas,

também, fruto da expansão dos financiamentos ao consumidor, em suas várias

modalidades. Por fim, as atividades industriais responsáveis pela quarta parcela de

contribuição do PIB maranhense.

Rico em belezas naturais e culturais, o Estado do Maranhão, pelo seu

potencial turístico, tem perspectivas que contemplam a atividade turística, que vão

desde o crescimento da economia, até o desenvolvimento amplo de todos os

setores interligados, públicos ou privados. Foi buscando ampliar esta visão do

turismo no Estado que o governo lançou, em 1999, o Plano Maior 2010 – Estratégico

de Turismo do Estado do Maranhão, visando a lançar o destino turístico do Estado

no cenário brasileiro. A ideia era integrada a uma estratégia de marketing que, a

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partir do slogan “Maranhão Único” (Figura 19), construiu etapas para promover a

atividade, com a participação de todos os segmentos (agentes sociais, gestão

pública, trade turístico e a sociedade como um todo) para, em médio prazo,

consolidar o turismo no Estado.

Figura 14 - Identidade visual do Plano Maior do Turismo 2010

Fonte: Disponível em <www.antaq.gov.br/portal/pdf/palestras/>. Acesso em: 21 jul. 2015.

De acordo com Muniz e Santos (2007), o plano maior está dividido em três

etapas: fase I (diagnóstico e estratégia de desenvolvimento - maio a outubro de

1999), fase II (plano operacional - outubro de 1999 até janeiro de 2000), e fase III

(implantação - a partir de janeiro de 2000). O prazo para o término do cronograma

de ações, projetos, programas do plano, estava previsto para o ano de 2010.

Do ponto de vista de Santos e Teixeira (2009), as três etapas mencionadas

foram assim trabalhadas:

a) Fase I - Teve por objetivo obter uma radiografia geral dos atrativos turísticos

do Estado do Maranhão, envolvendo agências e operadoras existentes no Brasil.

Nessa fase, foi realizado um inventário dos atrativos e foram constituídas comissões

consultivas com todos os setores envolvidos com o trade do turismo no estado. Dos

pontos fortes, destacaram-se os recursos naturais (ecossistemas) preservados e

culturais, como a gastronomia e as manifestações artísticas regionais, novos

aeroportos (apesar de poucas ofertas de voos), a tradição do transporte marítimo e

fluvial, e o potencial de geração de emprego e facilidade de investimentos que

poderiam ser gerados pela política de gestão de polos, e a facilidade de conexão

com o sul do Brasil. Como pontos fracos, identificaram-se a inexistência de uma

estratégia integrada entre a gestão dos polos e as políticas públicas locais, a falta de

políticas que integrem o Nordeste com a Região Amazônica, o abandono do

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patrimônio histórico, a precária infraestrutura para o turismo, a falta de consciência

da importância do turismo, e o desconhecimento sobre o Estado.

O emprego de geotecnologias, nessa Fase, iria promover uma sistematização

nas ações, por empregar técnicas de mapeamento e cruzamento de informações

capazes de identificar diferentes áreas de relevância.

b) Fase II - É a fase do plano operacional, dividido em macroprogramas:

desenvolvimento, marketing, maior qualidade, sensibilização da sociedade e

comunicação.

Pela sua abrangência, o macroprograma de desenvolvimento é o que mais

interessa a esta pesquisa e, por isso, tornou-se necessário seu enquadramento

teórico-empírico, sem desprezar a importância dos outros macroprogramas. O

referido macroprograma é constituído por cinco programas que cobrem os setores

de: I. infraestrutura (saneamento básico, acessibilidade, telefonia, energia e

cenografia urbana); II. planejamento (plano diretor, regulamentação ambiental,

desenvolvimento de projeto e pesquisa); III. formação; IV. reestruturação de

produtos (equipamentos, serviços e recursos turísticos); V. estruturação de novos

produtos (equipamentos, serviços e recursos turísticos).

Para a aplicação das ações do respectivo macroprograma, foi necessário criar

polos de interesse, e se fossem desenvolvidos em SIG, o produto seria mapas

dinâmicos dos seguintes Polos, como estabelece o Plano:

I. Polo da Floresta dos Guarás, a APA das Reentrâncias Maranhenses;

II. Polo dos Lençóis Maranhenses, o Parque Nacional dos Lençóis

Maranhenses;

III. Polo da Chapada das Mesas, o Parque Nacional da Chapada das Mesas;

IV. Polo do Delta das Américas, o Delta do Parnaíba;

V. Polo de São Luís, os municípios de Alcântara, Paço do Lumiar, Raposa, São

José de Ribamar, e a própria cidade de São Luís.

c) Fase III - Essa fase foi implantada a partir de janeiro do ano 2000, e seu

cronograma de ações, projetos e programas do Plano Maior, foi concluída em 2010.

Conforme destacam Muniz e Araújo (2014), tendo em vista que as metas e os

prazos não haviam sido alcançados em 2011, os Planos de Turismo foram

reconfigurados ao Plano Maior 2020, com uma nova identidade visual (Figura 20),

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novos produtos turísticos e ampliação, de cinco para dez, dos polos turísticos, como

estratégia de desenvolvimento de novos atrativos, a fim de proporcionar ajuste a

novos públicos.

Figura 15 - Identidade visual do Plano Maior do Turismo 2020

Fonte: Disponível em <www.antaq.gov.br/portal/pdf/palestras/>. Acesso em: 21 jul. 2015.

Entre os polos turísticos, fazem parte os chamados indutores, compostos por

três regiões (cor verde na figura 21, abaixo), dentre as quais está o município de

São Luís, capital do Estado, com seu Centro Histórico (área desta pesquisa - elipse

vermelha), que tem competência de grande rendimento; os polos estratégicos,

formados por quatro áreas (em amarelo), considerados importantes para a

variedade da oferta turística; e, por fim, os polos de desenvolvimento, que juntam

três áreas (vermelho), que ainda precisam de investimentos elevados.

Figura 16 - Classificação dos polos turísticos conforme Plano Maior do Turismo 2010

Fonte: disponível em <www.antaq.gov.br/portal/pdf/palestras/>. Acesso em: 21 jul. 2015.

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Com o redimensionamento do Plano Maior e a ampliação dos prazos de

execução de etapas, há uma impressão de um aspecto mais profissional, que

objetiva “vender” o Maranhão como destino turístico mais fortalecido e integrado aos

parceiros estados vizinhos, aumentando a parceria com o trade, investimento nas

campanhas publicitárias e no planejamento de marketing, sem excluir os avanços da

versão anterior. Percebe-se, na figura anterior, a presença logo do “Maranhão

Único”, referenciando evoluções e ajustes a serem realizados no desenvolvimento

do turismo no Estado.

O Plano Maior preconiza que o Estado pode, através de suas políticas,

arquitetar táticas e estratégias que envolvam o processo de resgate da lógica de

projetos e ações planejadas, o que assinalaria com bom aproveitamento a utilização

de um SIG, facilitando a espacialização dos dados espaciais, o processo de

planejamento, a implementação e o controle de ações de desenvolvimento do

turismo.

4.2 A cidade de São Luís e a localização do seu Centro Histórico e a caracterização da oferta turística

São Luís, capital do Maranhão, está localizada na face ocidental da ilha do

Maranhão, possuindo uma área de 831,7 km². A cidade divide o espaço da Ilha com

os municípios de São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa, que formam a

Região Metropolitana de São Luís, que engloba, ainda, o município de Alcântara,

situado no continente.

O município de São Luís ocupa mais da metade (57%) da Ilha do Maranhão,

pertencendo-lhe, ainda, politicamente, o arquipélago das ilhas de Tauá-Mirim, Tauá-

Redondo, do Medo, Duas Irmãs, Guarapirá e das Pombinhas.

A área está localizada no quadrante entre as coordenadas S 02º 28’ 12” e 02º

48’ 09”, e W 44º 10’ 18" e 44º 35’ 37". Apresenta altitude de 24 metros e fuso horário

3hs GMT. O município de São Luís apresenta os seguintes limites:

Norte - Oceano Atlântico;

Leste - município de São José de Ribamar;

Sul - municípios de Rosário e de Bacabeira e

Oeste - municípios de Cajapió e de Alcântara.

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O Centro Histórico do município de São Luís está localizado na faixa costeira

noroeste do município, na confluência dos rios Anil e Bacanga (Figura 23). Segundo

Gonçalves (2006), a área de abrangência desse centro compreende o núcleo

primitivo da cidade, no platô fronteiriço à foz dos rios mencionados, datado do século

XVII, bem como os espaços adjacentes da expansão urbana ocorrida nos séculos

XVIII, XIX e início do século XX.

Figura 17 - Localização do Centro Histórico da cidade de São Luís-MA

Fonte: Mapa Turístico distribuído pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo; organização do autor, outubro de 2015.

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Esse Centro, atualmente é circundado por uma via arterial primária de cerca

de 7,650 km de extensão, denominada Anel Viário de São Luís, o qual se insere em

um polígono de 404,72 ha, calculado no escopo desta pesquisa; equivale a

aproximadamente 5% da área do município, espaço análogo a 80 estádios de

futebol.

As duas zonas evidenciadas na paleta amarela da figura 24, foram afetadas

pelos tombamentos federal e estadual. Com cerca de 220 hectares, situam-se na

porção oeste da ponta formada pela confluência dos rios Bacanga e Anil, limitada

pelo Anel Viário (poligonal da linha vermelha).

Figura 18 - Localização do Centro Histórico da cidade de São Luís-MA

Fonte: Andrès (1998).

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Predomina, na área preservada, a ocupação residencial unifamiliar e

institucional, embora existam muitos imóveis desocupados, que sofrem a ação do

tempo e da falta de manutenção, transformando-se em ruínas.

Na área de tombamento federal se destacam as construções históricas, como

demonstradas em imagens da figura 25, exemplos em estilo tradicional português. A

de tombo estadual, por sua vez, é marcada pelas correntes modernas e ecléticas, e

pelos estilos arquitetônicos neocolonial, art déco e art nouveau, bem como o estilo

popular, proveniente dos sistemas construtivos informais, que se apropriaram da

imagem tradicional da arquitetura ao longo do tempo.

Figura 19 - Estilos: art nouveau (Teatro) neocolonial (Palácio), art déco (Refesa) e popular

Fonte: disponível em: <https://pt-br.facebook.com/MinhaVelhaSaoLuis>. Acesso em: 07 set. 2015.

O Centro Histórico ainda conta, em seus limites, com órgãos como a

Fundação Municipal de Patrimônio Histórico – FUMPH, o Instituto do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, além das instalações da Universidade

Federal do Maranhão – UFMA, Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, e do

Campus Centro Histórico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do

Maranhão, organismos que representam a mão jurídica do estado de direito,

fazendo perceber o quão valoroso e proposital é o turismo.

Pode-se dizer, que a preocupação com o turismo em São Luís é recente, para

uma cidade com mais de quatro séculos, com um espaço com vocação natural para

o turismo, em meio a manifestações culturais e folclóricas tidas como potencial

turístico do Maranhão, e apontado como recurso estratégico para a promoção do

desenvolvimento econômico, mas que [...] “durante muitos anos, nenhuma ação

consistente, com base num planejamento sério e aprofundado nas nossas reais

possibilidades de exploração do turismo, foi objeto de metas prioritárias do Governo”

(MARANHÃO, 2000, p. 3).

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Em 1997, o Centro Histórico da capital maranhense foi reconhecido como

Patrimônio Cultural da Humanidade, pelo Comitê Intergovernamental para a

Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural da UNESCO. Em 2015, a cidade

completou 403 anos de fundação. O Centro Histórico de São Luís apresenta uma

demanda considerável construída, por valor histórico-cultural, que segundo dados da

Secretaria Municipal de Turismo (2014), indicam de maneira positiva a visitação,

uma vez que é de 96,24% o índice percentual de turistas que desejam retornar a

São Luís.

Por ser a capital do Estado e estar inserida em um dos polos atrativos do

Plano Maior, incide sobre São Luís uma expectativa maior em relação ao turismo.

Contribui para essa afirmação, também, o fato de a cidade concentrar produtos

turísticos de excelentes atrações como, por exemplo, o turismo cultural, tendo como

pano de fundo o conjunto colonial arquitetônico de Centro Histórico.

Afirma Souza (2012), que a cidade é dotada de um patrimônio histórico dos

mais ricos e representativos da arquitetura colonial portuguesa. São Luís recebe

várias denominações, dentre essas, o título de “Cidade dos azulejos”. Isso se

justifica pelo fato de a cidade possuir uma rica história de revestimento azulejar.

Azulejos esses, feitos manualmente, oriundos da colonização lusitana. Já foram

catalogados 309 diferentes padrões de azulejos originários de Portugal, da França,

da Alemanha, da Inglaterra, da Espanha e da Holanda, no Centro Histórico de São

Luís.

Aliado ao sitio arquitetônico, o Turismo Cultural é o segmento do mercado

turístico local mais importante, por focar nos produtos culturais (patrimônios material

e imaterial). Atrai para as cidades turistas culturais que se caracterizam pela

peculiaridade de apreciadores abrangentes e que gostam de colecionar viagens.

Esses encontram em São Luís um destino “único”, com valor agregado de ter a

integração entre a comunidade local e o visitante, redefinindo o uso do patrimônio de

memórias e tradições.

Desta forma, o Centro Histórico da cidade de São Luís, com seus elementos

integrantes do acervo arquitetônico (edificações, logradouros, etc.) e manifestações

socioculturais, proporciona uma ascendente ampliação da percepção da cidade sob

o olhar do turismo.

Para Carvalho e Simões (2012), a cidade se constitui em um sistema

integrado e complexo de rupturas e continuidades, mudanças e transformações,

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adquirindo relevo no segmento do turismo cultural. No âmbito do mercado de

consumo turístico, o centro histórico de São Luís e seus elementos constituintes se

transformam em espaços de interação entre a comunidade local e os visitantes. A

atividade turística local redefine o uso do patrimônio, agenciando histórias, memórias

e tradições, e oportunizando o conhecimento sobre a diversidade de formas de

expressão cultural dessa localidade.

O que é também significante em São Luís é o imaginário do contraditório,

visto que a fundação da cidade incita um debate entre historiadores, dividindo

opiniões entre uma possível autoria francesa ou portuguesa. A Upaon-açu, assim

chamada pelos índios Tupinambás, os primeiros habitantes desta terra, também foi

invadida e disputada por holandeses. Este olhar de conflito e realidade está

representado com técnica gravada em pedra (litografia) expressa na figura 22, um

olhar na paisagem da cidade do século XIX.

Figura 20 - Maranhão (cidade de São Luís) Vista da Ponta de São Francisco – litografia

Fonte: Adaptado pelo autor, de Manoel Ricardo Canto (1864).

Em se tratando de visualizar uma expectativa panorâmica para o turismo

cultural em São Luís, a perspectiva remonta ao Plano Maior, lançado em 1999, e

que teve suas metas redimensionadas para 2020. Em torno de sua

institucionalização, residia a possibilidade de uma gestão compartilhada, por meio

de discussões sobre temáticas relacionadas ao desenvolvimento sustentável do

espaço urbano e à preservação do patrimônio local. O que resta, entretanto, são as

dúvidas e perguntas, em meio às turbulências e às instabilidades econômicas pelas

quais passa o país, afetando a atividade turística. Há, apesar disso, a certeza que o

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centro histórico de São Luís já resistiu ao tempo de quatrocentos anos e, hoje, é o

palco perfeito das realizações do Turismo Cultural para estrear o futuro.

Levando-se em consideração a importância do espaço do Centro Histórico da

cidade, sob os aspectos históricos, desde a fundação materializada pelas

construções com ampla carga cultural, esse espaço é considerado como o mais

importante para o turismo em São Luís, pois o que há de apelo para a atividade

turística é extraordinariamente fantástico, quando se trata de patrimônio material e

imaterial, aliado também à preservação dos aspectos sociais e ambientais.

Conscientes da importância deste sítio, Carvalho e Simões (2011) consideram

que o Projeto Reviver, no Centro Histórico, implantado em 1989, promoveu ações de

manutenção do uso residencial, fomentou a geração de emprego e renda, com

incentivo às manifestações culturais, estimulando as melhorias na infraestrutura da

área, além de preservar o patrimônio arquitetônico ambiental urbano, reintegrando-o

à dinâmica social e econômica da cidade, e devolvendo à urbe a importância que o

espaço merece.

A atividade turística, daqui por diante, consolidou-se principalmente quando a

cultura e o patrimônio passaram a exercer o papel principal, na oferta turística, como

atrativo, exigindo equipamentos, serviços turísticos e infraestrutura para, em

seguida, serem solicitados e avaliados por turistas em seus níveis de satisfação.

A estratégia da revitalização resultou na melhoria econômica do comércio

varejista, especialmente de gêneros alimentícios regionais e artesanato, e das

atividades relacionadas ao turismo cultural. As imagens expressas na figura 6

registram exatamente esses momentos históricos. Foram as primeiras tentativas de

organização do caos, de propiciar um novo uso ao espaço urbano, concedendo-lhe

uma organização associada à dinâmica da convivência e interação sociocultural.

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Figura 21 - Aspectos da primeira intervenção da primeira etapa (Projeto Reviver - 1988/89) na praça do bairro Praia Grande, Centro Histórico de São Luís-MA

Fonte: Andrés (1998).

Além disso, a nova organização do espaço estruturou a cidade privilegiando a

estética das ruas, a despoluição visual, e assegurou ainda a retirada de veículos

desses espaços, permitindo que os mesmos sejam vistos como objetos para a

contemplação, como se percebe na figura 7. Essa nova configuração dos

equipamentos urbanos acabou privilegiando o Centro Antigo de São Luís para o uso

dos transeuntes, proporcionando maior integração de moradores e visitantes com o

patrimônio material e imaterial da cidade.

Figura 22 - Rua Portugal antes e depois, com proibição de trânsito veicular e efeito do novo sistema de iluminação

Fonte: Andrés (1998).

O Centro Histórico de São Luís parece então transpirar o turismo cultural,

quando comparado a outros nesse enfoque, como Salvador-BA, Ouro Preto-MG,

São Miguel das Missões-RS, entre tantos. Valoriza-se pela importância de ser

núcleo de gênese da capital maranhense. A cidade também conhecida, nos jargões

populares, como “Aldeia Tupinambá”, “Upau-açu” (Ilha Grande), “Athenas brasileira”,

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“Cidade de Porcelana” (La petite ville aux palais de porcelaine – cidadezinha dos

pequenos palácios de porcelana), “França Equinocial”, “Cidade dos Azulejos”, “Ilha

do bumba-boi”, “Ilha Magnética”, “Ilha do amor”, “Ilha rebelde”, “Terra do poeta

Gonçalves Dias”, “Terra das palmeiras onde canta o sabiá”, “Terra do Tambor de

Criola”, “A Liverpool brasileira”, “Jamaica brasileira”, “Capital brasileira do Reggae”

ou, simplesmente, “São Luís, Patrimônio Cultural da Humanidade”, portanto,

configura-se no ângulo do turismo cultural, por seu rico patrimônio cultural, material

e imaterial. Tais denominações vêm sendo exploradas, atualmente, pela Prefeitura

de São Luís, através da divulgação de totens distribuídos em pontos estratégicos, e

caracterizam as diversas formas de olhar a cidade, seus monumentos e,

principalmente, sua diversidade cultural (figura 8).

Figura 23 - Totens publicitários

Fonte: www.agenciasaoluis.com.br. Acesso em: 25 jan. 2016.

4.2.1 Turismo, cultura e patrimônio: considerações acerca do turismo cultural

Percebendo no Centro Histórico de São Luís a incumbência de ser um ícone,

citam Soares e Tricárico (2013), que o traçado de linhas e pontos constantes das

ruas e a localização das praças nos largos e das escadarias e edificações alinhadas

colaboraram para que a cidade fosse inscrita pela UNESCO ao título de Patrimônio

Mundial.

O cenário arquitetônico colonial de origem de São Luís observado na figura 9,

que traz em primeiro plano o Palácio dos Leões, sede oficial do governo do Estado,

é um bom exemplo daquilo que descrevem os autores acima, onde a topografia de

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colinas litorânea tem sua ocupação marcada por elevação em ruas de ladeiras e

escadarias peculiares desse lugar.

Figura 24 - São Luís do Maranhão nasceu do mar e possui o caráter marcante de uma cidade colonial portuária

Fonte: adaptado pelo autor, a partir de Andrés (2015).

Ainda afirmam Carvalho e Simões (2012), que na cidade de São Luís as

campanhas de patrimonialização destacam o passado como símbolo de uma

memória capaz de sustentar a identidade local. Esses esforços se dão como um

processo de revitalização, notados na comparação de imagem na figura 10,

entendido como mecanismo de preservação do patrimônio de cidades históricas e

incluem a produção de novos cenários, de novas paisagens, com a articulação entre

a tradição e a modernidade, como via de construção da cidade-imagem, signo

central em um mundo global.

Figura 25 - Revitalização do Centro Histórico de São Luís-MA: um novo cenário, articulação entre a tradição e a modernidade

Fonte: adaptado pelo autor de Andrés (2015).

Segundo Dias (2005), os principais componentes da oferta turística são os

recursos turísticos – que podem ser naturais ou culturais. Incluem-se nesta categoria

o clima, a paisagem, os parques naturais e temáticos, manifestações folclóricas e

todo o patrimônio natural e cultural, passando, assim, a ser o enquadramento

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perfeito para o Centro Histórico de São Luís, pela forte tendência ao Turismo

Cultural, face ao patrimônio material e imaterial que a cidade tem e produz.

Um dos destaques do CH em atrativos turísticos é a cultura material do

acervo arquitetônico local, com edificações feitas à base de pedras e argamassa

com cal, cascas de sarnambi e óleo de baleia. Suas paredes possuem mais de um

metro de espessura, o que, para a época, representava uma tecnologia

antiterremoto, pois em 1755, Lisboa tinha sido acometida por uma catástrofe, e os

portugueses aqui estabelecidos trataram de se precaver, erguendo as edificações do

Centro Histórico de São Luís com garantias de sustentação, embelezando as

fachadas coloniais com azulejos pintados à mão, com a função também de manter a

temperatura mais amena no interior das casas, já que o revestimento azulejar faz

refletir a incidência da radiação solar, bastante presente na região.

De acordo com Costa, Figueiredo e Varum (2011), quanto ao traçado de ruas,

praças e, por conseguinte, quadras, foram considerados os alinhamento dos imóveis

nos limites frontais e laterais do lote, voltados para uma única área livre no meio da

quadra, dispostas em um traçado quadriculado ortogonal, obedecendo a projeto

oriundo de arquitetura militar de traçado de autoria do engenheiro militar português

Francisco Frias de Mesquita, favorecendo, portanto, a adaptação da tipologia

pombalina (Figura 26).

Figura 26 - Traçado de São Luís (1615), do Centro Histórico de São Luís de traçado ortogonal

Fonte: Arquivo da Superintendência do Patrimônio Cultural do Estado.

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A Prefeitura Municipal de São Luís, através da Fundação Municipal de

Patrimônio Histórico (FUMPH), mantém um projeto chamado “Caminhos da

Memória", para a valorização do patrimônio cultural da cidade, conforme delimita a

gestão do patrimônio histórico municipal, contribuindo para o reconhecimento, a

divulgação, a manutenção, a conservação e a valorização do Patrimônio Cultural,

bem como para a promoção do desenvolvimento social, econômico e ambiental

sustentável do Centro Antigo.

A importância do Centro Histórico remete à relevância histórica, social e

cultural, promovendo, assim, um maior conhecimento sobre o processo de

ocupação, expansão e formação de outros núcleos urbanos de São Luís. Para tanto,

o CH foi dividido em roteiros escolhidos que compreendem os marcos do processo

de ocupação e expansão do núcleo central de São Luís e os sítios históricos que

representam parte da história da cidade (Roteiro Histórico-Cultural, Roteiro dos

Museus, Roteiro Atenas Maranhense, Roteiro Igrejas de São Luís e Roteiro de Sítios

Históricos).

Ainda por diante, quanto se fala em Centro Histórico de São Luís, também é

quase obrigatório mencionar as lendas (A Serpente Encantada das Galerias

Subterrâneas; A carruagem de Ana Jansen; O Milagre de Guaxenduba e a Aparição

de Nossa Senhora da Vitória; O Palácio das Lágrimas, entre tantas outras).

O Centro Histórico de São Luís é lugar de origens de etnias indígenas (os

Tupinambás), de mistérios que são guardados no imaginário popular e de

religiosidades afro-brasileiras, com seus terreiros, que remetem ao respeito pelo

sincretismo, abençoado pelo toque dos tambores e festejado nas rodas populares do

Divino Espírito Santo, Tambor de Crioula, Bumba meu Boi, e outras manifestações

que consideram o Centro Histórico a sua “Meca de encontros”, constituindo-se em

forte apelo ao turismo cultural.

Nesta perspectiva conceitual, ao visitar o Centro Histórico de São Luís, a

expressão turismo cultural faz sentido, pelo ângulo da visibilidade do patrimônio,

reforçando as singularidades dos elementos que integram os espaços urbanos –

monumentos, edificações históricas, logradouros, práticas e manifestações

socioculturais. Tem-se, então, a contemplação (associação) da oferta cultural da

área – CH, nas conceituações desta tipologia turística onde está instalada, segundo

o IPHAN-MA, o maior conjunto arquitetônico colonial da América Latinas, com 5.500

edificações em 250 hectares

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O conjunto histórico e arquitetônico de São Luís (Figuras 11 e 12) foi tombado

pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, e reconhecido

pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura-

UNESCO, que concedeu à cidade o título de Patrimônio Cultural da Humanidade.

A visão panorâmica da aérea da figura 11, em ângulo consecutivo com uma

lente expandida, mostra a grandiosidade adjacente da parte noroeste do Centro

Histórico, enquanto que a figura 12 revela detalhe da edificação colonial, com típicas

calçadas em pedras de cantaria e pavimentação das ruas em paralelepípedo no

Largo da Praia Grande, bairro núcleo de fundação da cidade.

Figura 27 - Foto 360° do Centro Histórico de São Luís-MA

Fonte: www.9d.com.br (2012).

Figura 28 - Foto 360° do Centro Histórico de São Luís-MA

Fonte: www.9d.com.br (2012).

Para Muniz e Santos (2008), todo este acervo arquitetônico se tornou o

principal produto turístico da cidade de São Luís, destinando seu foco para o turismo

histórico e cultural. O Centro Histórico é o principal produto que o macroprograma de

comunicação de São Luís tem, para divulgar e mostrar para o mercado.

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Comentam Carvalho, Diniz, e Simões (2008), sobre o resultado do processo

de valorização turística, o espaço urbano do Centro Histórico de São Luís vem

sofrendo um processo de enobrecimento de determinadas áreas, as quais se tornam

atrativas, notadamente para estrangeiros de alto poder aquisitivo, visando à sua

inserção na lógica de consumo do mercado turístico globalizado. Os autores

afirmam que na atualidade, os casarões coloniais se tornaram sedes de órgãos das

administrações públicas estaduais e municipais, ou foram refuncionalizados,

passando a abrigar equipamentos relacionados ao turismo, tais como agências de

viagens, casas de cultura e museus, bares, restaurantes e lojas de artesanato e

souvenir.

Ainda complementam que o patrimônio cultural de São Luís vem sendo

reconfigurado, por intermédio do aproveitamento turístico dos casarões coloniais, da

formatação de roteiros, da promoção de eventos no entorno do conjunto patrimonial

e na implantação de equipamentos turísticos, de lazer e entretenimento para turistas

e comunidade local. Acrescem-se a essa reconstrução material as ações de

marketing turístico que elevam o centro antigo à condição de ícone representativo da

cultura local.

Como descrevem Santos e Ribeiro (2009), o Plano Maior do Turismo no

Maranhão sugestiona um olhar estratégico de planejamento, que é viabilizado em

fases: diagnóstico e estratégia de desenvolvimento, formulando um plano

operacional que visa à implantação de cronograma de ações, projetos e programas,

o que constitui uma abordagem sistêmica do produto turístico que o Estado dispõe.

O Macroprograma de Desenvolvimento criou polos de interesses turísticos no

estado, entre eles o de São Luís, pelo título de Patrimônio Cultural da Humanidade

pela UNESCO. Por conseguinte, o Centro Histórico passou a ser referência, com os

novos paradigmas do turismo, face ao título que a cidade recebeu.

O reflexo no Centro Histórico da abordagem sistêmica não é percebido, em

face da distância entre o trade, planejamento governamental, clientes e Academia.

Como resultado, tem-se um Centro Histórico que vive um paradoxo entre o

imaginário e o real, permitindo acreditar na capacidade de desenvolvimento do

turismo na localidade.

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4.3 Sistema de Informações Geográficas (SIG) aplicado ao Centro Histórico de São Luís: contribuições técnicas para o planejamento do turismo cultural

Foi através da construção de um modelo do SISTUR com uma interface com

o Sistema de Informações Geográficas que, no âmbito desta pesquisa, permitiu a

percepção da relação com o contexto turístico, que será utilizado para estabelecer

um processo de diálogo com os diferentes ambientes apontados do Modelo

Referencial e no SIG.

Entre os dois sistemas podem ser observados inter-relacionamentos que

conferem uma grande quantidade de valor mútuo, pois o SISTUR elabora uma

grande sucessão de matrizes de elementos analisados ao detalhamento minucioso

de cada um dos integrantes dos sistemas turísticos, possibilitando, assim, ampliar

essa visão, com a utilização de rotinas do Sistema de Informação Geográfica, visto

que esse se enquadra como uma ferramenta de aprimoramento que amplia a

capacidade de análise.

Ao redesenhar (Figura 29) o modelo de Beni (1998), que tem como forma

original o processo turístico como um todo, em forma de diagrama de fluxo, seja no

nível dos ambientes como dos influxos, pode ser inserido o SIG como contribuição

na operacionalização e na aplicação empírica, que possibilite fazer análises

temporais com avaliação de períodos que são importantes na atividade turística,

quando essa não é o posicionamento do SISTUR, mas que pode ampliar os

conhecimentos, os saberes, a cultura sobre o ciclo do turismo e relacioná-los com a

análise do processo.

O modelo do SISTUR é baseado em elementos teóricos e conceituais que

fornecem uma representação da realidade turística, sem indicar uma dinâmica da

atividade, enquanto que o SIG colabora com a operacionalização, a partir de

indicadores como temática turística cartográfica apresentada em mapas,

disponibilidade de banco de dados com cadastro multifinalitário, avaliação de infra e

superestrutura, e dinâmica de cruzamento de dados que podem agregar valor ao

Modelo Referencial.

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Figura 29 - Modelo referencial do SISTUR redesenhado e incorporando o SIG

Fonte: Adaptado pelo autor, a partir de Beni (1998).

Como demonstra a figura acima, a relação sistêmica entre o SISTUR e o SIG

é complexa, processual, e composta por elementos que se encaixam e estão

relacionados entre si. Portanto, a integração entre os sistemas necessita de rotina e

tomada de decisão, apresentando uma sequência de trabalhos, de forma analítica,

em que se caracterizam as prioridades de operações organizacionais envolvidas no

processo, de forma a conseguir resultados.

Na peça sextavada da figura 18, observam-se elementos construtivos que

dão indícios de fluxogramas administrativos, que servem de orientação à tomada de

decisão. Essa propõe o uso de rotinas que estabelecem uma base de arquitetura de

banco de dados apontados na figura com “BD”, com a capacidade de armazenar

grande volume de conceitos e suas especificidades que conversam entre si para, em

seguida, servirem às etapas de layers temáticos.

Ressalta-se que os dois elementos fundamentais para discutir a interação

entre os sistemas são a capacitação técnica de pessoas habilitadas para

operacionalização (na figura, peça triangular) e o ambiente computacional, software

e hardware (peça retangular e pano de fundo em formato retangular). Eles ficam

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associados e vão interagir com dados, processando e elaborando resultados

dinâmicos representados na demonstração por layers temáticos. Como resultados

tivemos:

Subsistema econômico: promover o crescimento econômico é o maior

objetivo de grande parte dos interessados em desenvolver o turismo numa

localidade. Os indicadores socioeconômicos expostos no Anuário Estatístico do

Município de São Luís, revelam que o turismo é uma das atividades que mais vêm

crescendo, sendo considerada uma atividade econômica propulsora do crescimento

local, com resultados de indicadores relevantes, como é o caso dos Boletins de

Ocupação Hoteleira contabilizados dos 89 meios de hospedagem que geram

informações ao trade turístico e municiando os órgãos públicos na tomada de

decisão, fortalecendo, assim, o desenvolvimento do setor.

Subsistema ecológico: conforme teoriza Beni (2001), dentro do subsistema

ambiental são analisados os seguintes fatores: espaço turístico natural e urbano e

seu patrimônio territorial, atrativos turísticos. É assim que é reconhecido o Centro

Histórico de São Luís-MA, pois o mesmo absorve esta indicação na feição

humanizada e nos aspectos de paisagem natural de contato, inserido em uma

região, segundo o IBGE, de península de litoral e estuarina no aspecto construído,

vias, edificações, praças e monumentos.

Conforme Rios (2001), o Centro Histórico é dotado do maior conjunto predial

colonial da América Latina, com mais de cinco mil habitações. Tal estruturação é

intrinsecamente ligada à teoria de Beni (2001), que menciona a consequência do

turismo sobre o ambiente, influenciando a estruturação física e ambiental do produto

turístico, com estrita relação de cuidados para mitigar alguns danos que a atividade

pode levar ao meio.

Infraestrutura: sendo o que foi percebido durante esta pesquisa. O trade

turístico faz observância a posturas de mercado que, por sua vez, são validadas

com ações que remetem às normas que regulamentam o desempenho turístico

dentro do Centro Histórico. É notória a presença institucionalizada de Secretarias de

Turismo do Estado e do Município e que, a partir da data de 16 de janeiro de 2015, a

Prefeitura Municipal criou a Subprefeitura do Centro Histórico, fato impar, pois é a

primeira subprefeitura instalada em todo o Estado.

No caso do Centro Histórico de São Luís-MA, essa pluralidade dos espaços

urbanos é notória na medida em que o visitante se depara com um sítio edificado

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único, formado por monumentos, edificações históricas e um traçado urbano original

dos séculos XVIII e XIX, no arcabouço material, além de diversificadas manifestações

socioculturais; elementos que asseguraram à cidade o título de Patrimônio Mundial,

desde 1996, bem como colocou a cidade, especificamente, na rota do turismo cultural

de acordo com o Plano estratégico de Turismo do Maranhão (Plano Maior 2020).

4.4 Identificação e espacialização da oferta turística

De forma a estabelecer uma amostra da espacialização e possível

visualização da cidade, sobretudo o seu Centro Histórico, as Figuras (30 e 31)

abaixo ilustram, disponibilizadas em duas formas (base cartográfica e carta

imagem), os atrativos turísticos e sua área de abrangência onde é notório a

homogeneidade dentro do perímetro e em meio ao adjacente paisagístico que

harmonizam bem os conceitos do turismo cultural.

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Figura 30 - Base Cartográfica de Atrativos Turísticos do Centro Histórico

Fonte: Elaborada pelo autor (2016).

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Figura 31 - Carta imagem de atrativos turísticos do Centro Histórico

Fonte: Elaborada pelo autor (2016).

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Para Beni (1999), os atrativos turísticos são os aspectos característicos do

local e seus respectivos diferenciais turísticos, e todas as atividades desenvolvidas,

em função deles. Na área, em se considerando sua importância, observamos nas

figuras acima que o repertório dos atrativos turístico é bastante homogêneo em meio

ao espaço, e facilmente identificado, assumindo papel de importância valorosa no

cenário do turismo.

Não se pode estabelecer a mesma relação espacial para Equipamento e

Serviços na área do Centro Histórico, como observado nas Figuras (32 e 33) abaixo,

pois há uma concentração significativa e bem consolidada, gerando um incremento

na atividade turística no quadrante noroeste, enquanto nos demais a inexistência é

factual.

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Figura 32 - Base cartográfica de equipamentos e serviços turísticos do Centro Histórico

Fonte: Elaborada pelo autor (2016).

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Figura 33 - Carta imagem de equipamentos e serviços turísticos do Centro Histórico

Fonte: Elaborada pelo autor (2016).

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Baseando-se no que demonstram os mapas prévios, a distribuição dos

Equipamentos e Serviços Turísticos não prioriza a qualificação da oferta turística de

forma ampla para área do Centro Histórico, com notória desproporção e nulidade de

aparelhamentos.

As Figuras 34 e 35 revelam uma rotina do próprio espaço, que tenta se

aproximar da modernidade e garantir a vida cotidiana, que com certeza vai

influenciar na atividade turística da área, sob aspectos como mobilidade, conforto e

forma produtiva. Nesse sentido, a infraestrutura há de sempre ser repensada em

meio às questões econômicas, sociais e ambientais.

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Figura 34 - Base cartográfica de infraestrutura básica do Centro Histórico

Fonte: Elaborada pelo autor (2016).

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Figura 35 - Carta imagem da infraestrutura básica do Centro Histórico

Fonte: Elaborada pelo autor (2016).

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A infraestrutura é considerada de fundamental importância para o

desenvolvimento do turismo, quando é evidenciado que o turista urbano é

particularmente exigente em garantias de transporte, comunicação, serviços

bancários, entre outros. Nesse ínterim, pelo que demonstram as figuras, há uma

espacialização dos mesmos pela área do Centro Histórico, não evidenciando, assim,

nenhuma entropia para o desenvolvimento da atividade turística na área, no que se

pese aos requisitos básicos.

4.4.1 Mapas temáticos por aproximação (Buffer)

Foi encontrado, no trabalho desenvolvido por Babosa et al. (2014), um claro

exemplo de aplicação de buffer no arranjo do Zoneamento e parcelamento de uso e

ocupação do solo urbano de São Luís, através de temas estratégicos para

desenvolvimento do município, dividiu a cidade em setores, agrupados por zonas de

ordenamento físico do território. No caso da área da pesquisa, observa-se, no

detalhe (Figura 36), que o Centro Histórico tem três zonas: Zona de Preservação

Histórica – ZPH, Zona de Reserva Florestal – ZRF, e Zona de Interesse Social – ZIS.

Essas zonas possuem elementos com apego de preservação naturais e

históricos, que concebem para a população um referencial de identidade, em um

conjunto de ambiência e diversidade de valores. São arranjos de bairros

caracterizados por densa urbanização, infraestrutura estabilizada, polarização de

empregos e serviços, equipamentos culturais e urbanos, e de transporte coletivo,

oferecendo diversidade de uso, agrupamento das atividades comerciais,

administrativas e empresariais da Cidade.

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Figura 36 - Mapas em buffer do Centro Histórico de São Luís

Fonte: Barbosa (2014).

Relevante para esta pesquisa é reconhecer que o uso dos buffes tem

empregabilidade no turismo, pois no zoneamento da cidade há uma predisposição

em mapear áreas turísticas do município, em que pese a identidade da atividade.

Considerando que São Luís é uma cidade com potencial, por possuir atrativos

naturais e históricos, como praias, Centro Histórico e manifestações culturais,

fazendo com que as zonas turísticas indicadas pela poligonal da figura 37 sejam

ampliadas e impulsionem novas atividades atrativas do turismo nessas áreas.

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Figura 37 - Áreas de influência da atividade turística

Fonte: INSCID (2015).

Uma proposta que demonstra ser exequível é atrelar a essas Zonas a

integração, influência e proximidade a outras já consolidadas, pois, assim, oferece

ao planejamento e gestão elementos de aprimoramento, visando ao crescimento da

atividade turística como um todo.

4.4.2 Avaliação e proposições para o planejamento do turismo cultural

Um modelo de utilização de SIG que contemple o turismo é a iminente

utilização do setor de planejamento de transporte, segundo Ferreira (2010), criar um

elo dos pontos fortes do turismo local, e o que o autor chama de estações de

intercâmbio regional de passageiros no Centro Histórico, interligando terminais e

outras áreas como as chamadas Zonas Turísticas, conforme mostra a figura 38.

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Figura 38 - Interligação de transporte para atender ao turismo

Fonte: Ferreira (2010).

Nesse caso, é claramente observado que o autor empresta a percepção de

uma ligação entre a área do Centro Histórico e aquelas áreas tratadas na seção

Mapas Temáticas por Aproximação (Buffer), onde na Figura 31 se observa a

proximidade entre o Centro Histórico (linha tracejada vermelha) e outras zonas de

interesse turístico (detalhe elipse na cor amarela), estabelecendo um fluxo de

ligação representado pela linha lilás.

.

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CONCLUSÃO

Neste trabalho, foi destacado como as geotecnologias e suas derivações,

suas ferramentas e sua interdisciplinaridade vêm proporcionando um olhar holístico

sobre a relação entre a humanidade e o espaço, em uma perspectiva interativa. A

intenção de contribuir com tal debate estabeleceu a base para a constituição do

objeto de estudo, buscando-se dar visibilidade ao uso das geotecnologias em um

contexto específico: a análise do uso da geotecnologia SIG - Sistemas de

Informação Geográfica como ferramenta para o planejamento do Turismo Cultural

de São Luís-MA.

Partiu-se da compreensão de que para o Turismo e seus processos de

tomada de decisão, a adoção dos SIG e suas aplicações favorece o

acompanhamento do planejamento e desenvolvimento da atividade, aspectos que

apresentam complexidade, na medida em que os arranjos produtivos e as

comunidades passam por desafios na busca pela sustentabilidade, como é o caso

de São Luís.

Dada a importância do Centro Histórico de São Luís, como destaque para o

chamado Turismo Cultural e Patrimonial para a cidade e o Estado, é consensual que

essa afinidade esteja assegurada, de forma a se completarem, no mesmo espaço

geográfico. Porém, no que tange ao planejamento e em que pese a utilização, a

capacidade e o uso das geotecnologias, foi possível observar, a partir das buscas

por informações e disponibilização de dados junto aos órgãos públicos, que se trata

de um recurso ainda de limitado aproveitamento e/ou inexistente na produção de

materiais úteis para a divulgação turística local.

Compreende-se que acessar instrumentos de geotecnologias pode implicar,

por exemplo, em informações corretas expressas em mapas turísticos institucionais,

evitando-se que pontos de notoriedade turística estejam equivocados, causando

desorientação a quem consulte. Um mapa deve demonstrar objetividade e efeitos

técnicos, cumprindo a missão de informar. Um mapa deve assumir um papel de

ferramenta de concepção da realidade, sem distorcer fatos.

No contexto da ontologia, o mapa com informações turísticas goza de uma

riqueza interior, de um fluxo continuado e livre, de uma imagem que remete ao seu

ledor a imaginação e a representação de elementos de adorno de um patrimônio

material e, de um formato mais excepcional, ao imaterial, pois projetam, em uma

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base cartográfica, cenas de um cotidiano carregado de símbolos culturais capazes

de fazer a imagem reproduzir a realidade, permitindo ao usuário conceituar o espaço

geográfico como legítimo e apto à prática da atividade turística.

Com base neste entendimento e em consonância com os objetivos propostos,

pode-se sistematizar informações acerca da utilização do Sistema de Informação

Geográfica – SIG no Turismo, a partir do referencial teórico levantado, sendo

possível reconhecer sua contribuição para o contexto do planejamento da atividade

turística em destinos receptores.

No que se refere a São Luís e, mais especificamente, ao seu Centro Histórico,

o estudo apresentou um quadro geral de caracterização geográfica, histórica e

sociocultural, dando relevo aos principais componentes da oferta turística local. Sob

tal encaminhamento, buscou-se trazer esta discussão à luz do turismo cultural que,

neste contexto, configura-se como um segmento fundamentado no patrimônio

material e imaterial da cidade, constituindo seu principal produto turístico. Tal

enfoque foi relevante para o estabelecimento da base de discussão dos objetivos

focados na descrição da aplicabilidade das geotecnologias, enquanto ferramentas

para planejamento do turismo, com ênfase no Centro Histórico ludovicente e na

proposição de se assinalar os dados espaciais, via uso do SIG.

Diante disso, encontrou-se, ante a discussão acerca da aplicabilidade das

geotecnologias para a atividade turística no Centro Histórico de São Luís, dois

aspectos: o primeiro é que não há, por parte da gestão pública e nem do trade

turístico, registro de emprego de SIG, pois não se encontrou nenhum Banco de

Dados (BD) estruturado, quando foram feitas visitas, que reunisse as informações

geradas em pesquisas e relatórios, assegurando o ordenamento do território.

A segunda é que pela quantidade de dados secundários, assim como pela

disponibilidade de recurso em geotecnologias, cabe, para a área do Centro

Histórico, que seja montado, por quem se interessar, a arquitetura e o planejamento

de um BD. Isso permitiria a elaboração de um inventário do patrimônio histórico

local, pois os elementos e atributos são perceptíveis, tanto pelo campo visual por

fotointerpretação, através de imagens, quanto em dados existentes, facilitando um

levantamento sistemático dos recursos culturais da área, fundamental para o

desenvolvimento da atividade turística, pela possibilidade de gerar a identificação de

recursos disponíveis e capacidades das localidades em criar novos produtos e

serviços.

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No modelo sistêmico seguido nesta investigação, um SIG para a área do

Centro Histórico pode interagir com as bases de informações, produzindo maior

quantidade de recursos e, consequentemente, auxiliando a execução de um maior

número de tarefas voltadas à potencialização e otimização da atividade turística

como um mercado-alvo, de maneira integrada, dando suporte à tomada de decisões

e planejamento na solução de problemas do espaço.

Nesse sentido, e em consonância com o escopo da pesquisa, apresentou-se,

como uma espécie de exercício de demonstração, um Banco de Dados intitulado

“PROJETO CENTRO HISTÓRICO”, realizado em ambiente computacional no

Programa Arc Gis versão 10.1, para demonstrar melhor o quadro da oferta turística

da área. Isso significou trabalhar a espacialização de alguns dados secundários e

outros obtidos em fotointerpretação, com base na imagem da área e, em seguida,

proceder à elaboração de alguns mapas temáticos, quais sejam: Atrativos Turísticos,

Equipamentos e Serviços Turísticos e Infraestrutura Básica, além da possibilidade

de uma dinâmica grande de cruzamentos de informações, buffs, recortes, dentre

outros.

A utilização destas técnicas geoespaciais, como é o caso do SIG, foi proposta

como proveitosa para o planejamento do uso e ocupação do solo em sistemas de

redes, para o aproveitamento dos espaços públicos das diferentes áreas de

relevância turística neste sítio histórico.

Como já enfatizado, os Sistemas de Informações Geográficas podem auxiliar

na dinâmica do turismo do Centro Histórico de diferentes maneiras: descrição

espacial da conjuntura de eventos turísticos, identificação das áreas de maior

potencialidade, avaliação de padrões ou diversidades nas situações dessa atividade

em distintos níveis de agregação, identificação de ocorrências de agravo,

oportunidades de novos negócios no ramo-alvo, apoio e avaliação constantes, com

monitoramento da atividade turística, servindo, ainda, como subsídio na geração e

avaliação de hipóteses de pesquisa, entre outras aplicações. A elaboração dos

mapas temáticos já citados e apresentados neste estudo se coloca como uma

contribuição para esta dinâmica.

Reafirma-se que sob o olhar do Sistema de Informação Geográfica, na

ambiguidade do que pretende ser uma informação, mesmo que seja uma imagem do

real, ou imaginária, caberia inferir que tais produtos (mapas temáticos), elaborados a

partir da aplicação de geoprocessamento e sensoriamento remoto, poderiam ser

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relevantes em adição a metadados coletados e de natureza pública, a exemplo da

Lei de Zoneamento, Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (Lei Municipal nº

3.253/92), instrumento que se encontra em fase de revisão da legislação urbanística

da cidade de São Luís, pelo Instituto da Cidade de Pesquisa e Planejamento Urbano

e Rural. Ou seja, constituiria um aporte tecnológico capaz de conferir à Lei,

confiabilidade e excelência, aos quais as ferramentas GIS são naturalmente capazes

de oferecer – o que facilitaria ao enquadramento do Mapa Turístico uma

confiabilidade inimputável.

Como outros desdobramentos, destaca-se que os meios tecnológicos e uma

cartografia digital com base em SIG para a área do Centro Histórico de São Luís

seria de grande valia para o turismo na geração de outros produtos como, por

exemplo, um “Guia turístico do Centro Histórico em ambiente SIG”, com divulgação

de estudo de toponímia e fidedignidade das informações sobre a área, fortalecendo

o contexto, que inspirou o título de São Luís Patrimônio Cultural da Humanidade e o

Turismo Cultural.

Partindo do que foi exposto no decorrer deste trabalho, percebeu-se a

necessidade do avanço de estudos acadêmicos que possam trazer mais

contribuições ao tema aqui discutido, focando o cenário do Centro Histórico de São

Luís em relação ao desenvolvimento da atividade turística com mais qualidade. Em

suma, cabe frisar que as discussões aqui encaminhadas visaram contribuir para dar

relevo ao tema, fomentar o debate, contribuir com futuras pesquisas e expressar o

esforço do exercício de pesquisar.

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